Hoje Macau InternacionalPortugal | “Geringonça” é a Palavra do Ano 2016 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] votação “online” elegeu “geringonça” como a Palavra do Ano, arrecadando 35% dos cerca de 28 mil votos expressos. O vocábulo foi anunciado esta quarta-feira pela Porto Editora, numa cerimónia na Biblioteca Municipal de Loures. No 2.º lugar ficou “campeão” (29%, “brexit” em 3.º (8%), seguindo-se, ex-aequo, “parentalidade” e “presidente” (6%), depois “turismo”, “racismo” e “humanista” (4%) cada, “empoderamento” (3%), e, finalmente “microcefalia” (1%). “Geringonça” foi um termo que começou a ser usado para denominar os acordos à esquerda que levaram o PS ao Governo. A expressão é de Vasco Pulido Valente aquando das primárias do PS, ganhas por António Costa, em 2014, e Paulo Portas deu-lhe visibilidade, ao citá-la, no Parlamento. De acordo com os dicionários, o termo significa “coisa malfeita ou com pouca solidez”. Aquilo que podia ser encarado como crítica ou mesmo ofensa ganhou popularidade e foi assumida por muitos dos visados. “É geringonça, mas funciona”, disse mesmo o primeiro-ministro, António Costa. Da bola Quanto a “campeão”, a escolha está relacionada com a vitória de Portugal, pela primeira vez, no campeonato europeu de futebol, em Julho do ano passado, ao vencer a França, em Paris, na final da 15.ª edição do campeonato da UEFA. “Brexit” é uma palavra que surgiu associada à saída do Reino Unido da União Europeia, em resultado do referendo realizado naquele país, em Junho do ano passado. Nesta oitava edição participaram cerca de 28 mil cibernautas, ultrapassando os cerca de 20 mil votantes do ano passado. A escolha da Palavra do Ano iniciou-se em Maio do ano passado, acolhendo sugestões de cibernautas, num processo que passou sobretudo pelo estudo da frequência e distribuição do uso das palavras, da monitorização da comunicação social e das redes sociais e, ainda, dos acessos e consultas aos dicionários digitais da Porto Editora. As palavras eleitas nas edições anteriores foram “esmiuçar” (2009), “vuvuzela” (2010), “austeridade” (2011), “entroikado” (2012), “bombeiro” (2013), “corrupção” (2014) e “refugiado” (2015).
Hoje Macau SociedadeEmprego | Já há um esboço para salário mínimo universal O secretário para a Economia e Finanças disse que, em 2018, o salário mínimo vai ser para todos. Pelo andar da carruagem, a ideia deverá ser concretizada a tempo. Os Assuntos Laborais já têm um esboço do projecto [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] notícia foi avançada ao jornal Ou Mun pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL): já está concluída a elaboração do enquadramento da proposta do salário mínimo universal. Lionel Leong, o secretário para a Economia e Finanças, tinha prometido a implementação plena desta medida laboral no espaço de três anos após a entrada em vigor do salário mínimo para os trabalhadores da limpeza e da segurança dos prédios, o que aconteceu em Janeiro do ano passado. A DSAL explica que, agora, o próximo passo vai ser a apresentação do esboço feito ao Conselho Permanente de Concertação Social e a recolha de opiniões escritas. Além disso, o Governo vai lançar uma consulta pública sobre a matéria. É bem provável que esta seja a fase mais complicada do processo, pois o sector patronal deverá colocar alguns entraves à proposta. Em relação ao salário mínimo para os trabalhadores da limpeza e a segurança dos prédios, os Assuntos Laborais indicam que, até Novembro passado, foram iniciados oito processos de investigação que envolveram dez empregadores. As queixas principais estão relacionadas com salários e feriados obrigatórios. Dois destes processos estão ainda em fase de investigação, sendo que os restantes já foram concluídos. Ora, precisamente sobre o modo como tem estado a ser aplicado o salário mínimo, diz a Federação das Associações dos Operários de Macau que, neste ano de vigência, não recebeu qualquer queixa por parte de trabalhadores. A organização considera que a DSAL deve avançar com um mecanismo para que seja possível fazer actualizações do valor da remuneração obrigatória. A Associação de Administração de Propriedades de Macau também dá sinais de que não estão a ser detectados quaisquer problemas. O sector garante que não se opõe ao salário mínimo universal.
Hoje Macau SociedadeCEPA | Exportações de Macau para a China caíram A diminuição não é preocupante, mas indica que não há um dinamismo local em torno do acordo de cooperação com a China. Para valores mais elevados talvez seja necessário contar com o que vem de fora [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de mercadorias com isenção de taxas aduaneiras de Macau para o interior da China atingiram 97,18 milhões de patacas no ano passado, traduzindo uma ligeira diminuição, indicam dados oficiais. No cômputo de 2015, o valor das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros de Macau para a China atingiu 101,4 milhões de patacas. De acordo com dados publicados no portal do CEPA – Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau –, sob alçada da Direcção dos Serviços de Economia, Dezembro foi o melhor mês, com o registo de 12,3 milhões de patacas, enquanto Agosto o pior, com 4,7 milhões de patacas. No mês passado, aquando de uma visita a Lisboa, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, e três secretários de Estado do Governo português analisaram a possibilidade de entrada de produtos alimentares portugueses na China precisamente através do CEPA. O governo de Macau manifestou, por essa ocasião, o “desejo” de que “Portugal possa também ponderar a entrada, de modo semelhante ao CEPA, no mercado português, dos produtos da China interior, processados parcialmente em Macau”. O CEPA tem como objectivo “promover a prosperidade e o desenvolvimento comum do Interior da China e da Região Administrativa Especial e reforçar a cooperação mútua económica e comercial”, estabelecendo “um relacionamento semelhante a parceiros de comércio livre, num país com duas regiões aduaneiras autónomas”. Desde a entrada em vigor do acordo, em Janeiro de 2004, têm vindo a ser assinados vários suplementos, com vista ao alargamento das áreas, produtos e serviços. Até Dezembro último, o valor acumulado das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros atingiu 764,44 milhões de patacas. No plano do comércio de serviços, no mesmo período, foram emitidos 612 certificados de prestador de serviços de Macau, quase metade dos quais relativos a serviços de transporte (agenciamento de carga/ logística/ conservação/ armazenamento).
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Donald Tsang declara-se não culpado [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-chefe do Executivo da região vizinha rejeitou ontem em tribunal as acusações de má conduta e de ter beneficiado de favores O antigo líder do Governo de Hong Kong Donald Tsang declarou-se ontem não culpado em tribunal de todas as acusações relacionadas com o arrendamento de uma ‘penthouse’ de três andares na cidade vizinha de Shenzhen, na China. Donald Tsang, de 72 anos, chefe do Executivo da Região Administrativa Especial chinesa entre 2005 e 2012, é o ex-titular do mais alto cargo público a enfrentar um julgamento na história de Hong Kong. Tsang negou as três acusações – duas de má conduta em cargo público e uma de aceitar vantagens –, que se reportam ao período entre 2010 e 2012 e podem ser sancionadas, cada uma delas, com até sete anos de prisão. A primeira acusação alega que Tsang, enquanto chefe do Governo e presidente do Conselho Executivo, teve má conduta por não ter divulgado os planos de arrendar um apartamento em Shenzhen, detido por um investidor de uma estação de televisão que procurava obter uma licença por parte do Governo de Hong Kong. Bill Wong Cho-bau era o principal accionista da Wave Media, mais tarde renomeada de Digital Broadcasting Corp., ou DBC. Tsang alegadamente “aprovou em princípio e concedeu formalmente” as candidaturas da empresa de Wong para uma licença de radiodifusão digital, a entrega da sua licença de rádio AM e a nomeação do professor Arthur Li Kwok-cheung como director e presidente do conselho de administração da DBC sem revelar os seus negócios com Wong ao Conselho Executivo. A segunda acusação alega que Tsang recomendou o nome de Barrie Ho Chow-lai, ‘designer’ de interiores no referido apartamento, para um prémio atribuído pelo Governo. “Sir” Donald Tsang, cuja saída chegou a ser reivindicada a 15 dias do final do mandato, na sequência dos alegados favores a amigos empresários e acusações de despesismo em viagens oficiais, abandonou o cargo com a mais baixa taxa de aprovação na hora da saída desde a transferência da administração do território do Reino Unido para a China, em 1997. Trabalho de casa Tsang foi o escolhido por Pequim para substituir, a meio do mandato, Tung Chee-hwa, que, depois de uma sucessão de fracassos políticos e protestos, se demitiu em Julho de 2005 alegando problemas de saúde. Em 2007, Donald Tsang foi reconduzido para um segundo mandato, derrotando o candidato do campo democrata, Alan Leong. Com carreira feita na Administração Pública da antiga colónia britânica, ocupou o cargo de secretário das Finanças em 1995 e foi a partir de aí que começou a granjear admiradores com a recuperação da economia local e a baixa taxa de desemprego. Donald Tsang honrou compromissos de relevo como a implementação de um salário mínimo, o aumento da escolaridade gratuita para 12 anos e a aprovação de reformas políticas, mas a “década de ouro” que prometeu acabou por não dar sinais.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Actividade industrial sobe ao ritmo mais rápido desde 2013 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] actividade industrial chinesa expandiu ao ritmo mais rápido em quase quatro anos em Dezembro, no que é entendido como um sinal de saúde da segunda maior economia do mundo, indica um estudo da revista financeira Caixin. O Purchasing Managers’ Index (PMI) da Caixin, focado nas pequenas empresas, superou as expectativas com 51.9 em Dezembro, acima dos 50.9 no mês passado. Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do sector, pelo que abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção de actividade. O PMI é tido como um importante indicador mensal do desenvolvimento da segunda maior economia do mundo. Este foi o valor mais alto desde Janeiro de 2013, informou a revista financeira independente numa declaração conjunta com o agregador de dados IHS Markit. “A actividade industrial económica continuou a melhorar em Dezembro, com a maioria dos sub-índices a parecerem optimistas”, disse o analista da Caixin Zhong Zhengsheng em comunicado. No domingo, o PMI oficial, focado nas fábricas e minas de grande dimensão, atingiu 51.4 em Dezembro, abaixo dos 51.7 no mês anterior, que marcou o maior crescimento em dois anos. Ameaças de fora A estabilização da economia do país, no entanto, enfrenta riscos face à possibilidade de aplicação de taxas aduaneiras mais elevadas à China com a chegada à Casa Branca de Donald Trump. O crescimento da economia chinesa vai abrandar para 6,5% em 2017 e a moeda do país vai continuar a desvalorizar-se, face ao dólar norte-americano, previu no mês passado o principal instituto de pesquisa do país. A previsão surge depois de anunciados, no início de Dezembro, vários indicadores positivos para a China. Contudo, a economia “continua a sofrer uma cada vez maior pressão negativa”, afirmou a Academia Chinesa de Ciências Sociais (ACCS). A ACCS anunciou as previsões durante uma conferência de imprensa, realizada anualmente, três dias após os líderes chineses se terem reunido para debater a economia. Os líderes prometeram resolver problemas urgentes, sobretudo nos grupos estatais vistos como improdutivos e no sector imobiliário, afectado por uma ‘bolha’ especulativa. No último ano, o ACCS previu que a economia cresceria 6,7% em 2016. A previsão tem-se confirmado, com o crescimento económico a fixar-se em 6,7%, o mais baixo desde o pico da crise financeira, ao longo de três trimestres consecutivos. Para o próximo ano, o ACCS prevê o ritmo mais lento da meta de crescimento definida por Pequim para o período entre 2015 e 2020 – entre 6,5 e 7%. Seria também o ritmo mais lento desde 1990, quando a economia do país cresceu 3,9%. Pequim está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas “insustentável”, crescimento económico. O aumento do consumo interno deve abrandar de 10 para 9,5%, em 2017, refere o ACCS. O país enfrenta ainda vários desafios, como excesso de capacidade de produção em empresas estatais obsoletas e fuga de capital.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Navio militar russo visita Manila [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chegada a Manila do navio de guerra russo parece confirmar a aproximação das Filipinas à Rússia e o afastamento, anunciado por Duterte, dos Estados Unidos Um navio militar da Rússia atracou ontem em Manila numa invulgar visita para “promover a boa vontade”, num momento de aproximação de Manila a Moscovo e Pequim e de distanciamento em relação aos Estados Unidos. O Admiral Tributs vai permanecer nas águas das Filipinas até sábado para participar em cerimónias e actividades conjuntas entre as forças navais de ambos os países, informou a marinha filipina em comunicado. A visita do navio de guerra russo – a terceira na história e a primeira em quatro anos – “vai promover a boa vontade e contribuir para a amizade entre a marinha das Filipinas e da Rússia e vai melhorar a cooperação marítima através da diplomacia naval e camaradagem”, segundo o comunicado. Aliança em causa A chegada do navio russo é vista como uma confirmação da viragem na política externa e de defesa das Filipinas após a chegada ao poder, em Junho passado, do Presidente Rodrigo Duterte, que prometeu desfazer a tradicional aliança militar com os Estados Unidos. O Presidente filipino, de 71 anos, ameaçou anular um pacto bilateral de defesa em vigor desde 1999 e que contempla, entre outros pontos, o uso de bases filipinas por parte do exército norte-americano e a realização de exercícios militares conjuntos de forma regular. A tentativa de afastamento de Duterte em relação à Administração de Barack Obama – que poderá reverter-se com a chegada ao poder de Donald Trump – responde às críticas de Washington à sua “guerra contra as drogas”, que causou mais de 6.100 execuções extrajudiciais de alegados narcotraficantes e toxicodependentes nos últimos seis meses. O Presidente filipino limou as diferenças com Pequim, com cujo Governo mantém um contencioso sobre a soberania de várias ilhas no mar do Sul da China, e apostou em estreitar os laços diplomáticos e de defesa com Moscovo. Duterte, que criticou as políticas dos Estados Unidos e o Ocidente na sua primeira reunião bilateral com o Presidente russo, em Novembro no Peru, planeia visitar Moscovo em Abril ou Maio deste ano a convite de Vladimir Putin.
Hoje Macau SociedadeJogo | Analistas prevêem subida das receitas em Janeiro O ano novo lunar vem aí e, por isso, os casinos vão estar cheios. Os especialistas acreditam que Janeiro vai ser o melhor mês para o jogo desde que começou a recuperação do sector [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] tendência inverteu-se em Agosto de 2016, com as receitas a recuperarem das perdas dos anos anteriores, e este mês os casinos de Macau deverão regressar a números francamente encorajadores. A expectativa é da Union Gaming Securities Asia, citada pelo site GGRAsia. “Janeiro deve ser um mês com um crescimento grande”, apontou o analista Grant Govertsen. Para esta expectativa contribui o facto de o ano novo lunar se assinalar ainda durante o mês que agora começou. Os feriados são por norma aproveitados por muitos residentes da China Continental para virem a Macau jogar. “Apesar de o calendário de Janeiro não ser favorável, com menos uma sexta-feira e menos um sábado [do que Janeiro de 2016], estamos à espera que a taxa de crescimento seja a mais elevada desde que começou a recuperação”, acrescenta Govertsen. Também o Deutsche Bank Securities acredita num mês positivo para os casinos, com um crescimento das receitas brutas na ordem dos 12 por cento em termos anuais. “Como de costume, tendo em conta a volatilidade em torno do ano novo chinês, acreditamos que o melhor será analisar Janeiro e Fevereiro em termos agregados”, escreveram analistas da empresa numa nota divulgada esta semana. Menos, mas melhor Os casinos de Macau fecharam 2016 com receitas de 223,21 mil milhões de patacas, uma queda de 3,3 por cento face ao cômputo de 2015. Trata-se do terceiro ano consecutivo de quebra depois de uma diminuição de 34,3 por cento em 2015 e de 2,6 por cento em 2014. Apesar da contracção em 2016, os últimos meses do ano mostraram sinais de recuperação, com Dezembro a marcar o quinto mês consecutivo de subida das receitas em termos anuais homólogos, segundo os dados publicados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). No último mês do ano, as receitas dos casinos atingiram 19,815 mil milhões de patacas, ou seja, subiram oito por cento, depois de 14,4 por cento em Novembro. Em Agosto, terminaram 26 meses consecutivos de quedas anuais homólogas do sector. Arrastada pelo desempenho do seu principal motor, a economia de Macau entrou em queda no terceiro trimestre de 2014, ano em que, pela primeira vez desde a transferência, o Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu (menos 1,2 por cento, de acordo com os dados oficiais revistos). Em 2015, o PIB caiu 21,5 por cento. No primeiro e segundo trimestres de 2016 contraiu-se 12,4 por cento e sete por cento, respectivamente, em termos anuais homólogos. Ao fim de dois anos de contracção, a economia de Macau voltou a crescer, com o PIB a aumentar quatro por cento no terceiro trimestre terminado em Setembro.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan insta Pequim a diálogo “calmo e racional” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Presidente Tsai Ing-wen apela à racionalidade, mas assegura que não se deixará influenciar por manobras intimidatórias vindas de Pequim A Presidente de Taiwan instou no fim-de-semana a China a um diálogo “calmo e racional” e disse que não cederá a movimentações que visam “ameaçar e intimidar” a ilha. Tsai Ing-wen afirmou, numa conferência de imprensa, que Taipé e Pequim devem manter conversações com base em “atitudes flexíveis” para assegurarem a manutenção de relações pacíficas e estáveis. Por outro lado, garantiu que não cederá às pressões da China, que recuperou “velhas formas” de intimidação, depois de protestos de Pequim por o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ter falado por telefone com Tsai Ing-wen no início deste mês. Desde então, a China tem feito exercícios militares perto de Taiwan, numa aparente demonstração de força. O Ministério da Defesa chinês admitiu na quinta-feira que manobras realizadas no Pacífico pelo porta-aviões Liaoning, que passou por águas próximas de Taiwan, visaram “dissuadir as forças independentistas taiwanesas”. Pequim considera Taiwan uma província chinesa e ameaça com o “uso da força”, caso o território declare independência. A ilha, onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China. Taipé e Pequim dizem que existe uma só China. A chamada telefónica de Trump para Taipé pôs fim ao protocolo diplomático seguido há décadas por Washington, que privilegia as suas relações com Pequim. “As autoridades de Pequim estão a regressar às suas velhas formas de isolamento e supressão de Taiwan, e mesmo a ameaças e intimidação”, disse Tsai. “Esperamos que isto não seja uma decisão política de Pequim”, disse ainda acrescentando: “Não cederemos à pressão, mas também não regressaremos à velha atitude de confrontação”. A China suspendeu os contactos com Taiwan em julho, depois de Tsai ter tomado posse e ter recusado o “consenso 1992”. Trata-se de um entendimento tácito alcançado naquele ano entre a China e Taiwan, na altura com um Governo liderado pelo Kuomintang (nacionalistas), de que só existe uma China, deixando aos dois lados uma interpretação livre sobre o que isso significa. Viagem à América A Presidente de Twain vai passar pelos Estados Unidos em Janeiro, em trânsito para países da América central, mas não confirmou se terá algum encontro com a equipa ou representantes de Donald Trump. Na mesma conferência de imprensa, Tsai disse que as relações diplomáticas de Taiwan com as Honduras, Guatemala e El Salvador são “consideradas estáveis”. No dia 20 deste mês, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a República Popular da China. Seis dias depois, na segunda-feira, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com São Tomé. Neste momento, apenas 21 países no mundo, incluindo o Vaticano, reconhecem Taiwan e mantêm relações diplomáticas com a ilha.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim diz que Hong Kong não deve ser usada para subverter o país [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dirigente chinês advertiu Hong Kong de que a China não vai permitir que ninguém use a cidade para prejudicar a estabilidade do país, depois de nos últimos meses terem aumentado as tensões sobre o emergente movimento pró-independência. As tensões intensificaram-se na antiga colónia britânica depois de dois jovens pró-independência, durante os seus discursos de tomada de posse como deputados, terem usado palavras consideradas difamatórias para a China, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. Numa entrevista à televisão estatal CCTV no domingo, o director do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central em Hong Kong, Zhang Xiaoming, disse que controlar o movimento pró-independência na cidade requer o reforço da “consciência de fundo” entre a população. “Em relação a Hong Kong, ninguém é autorizado a envolver-se em qualquer tipo de actividade que prejudique a soberania e segurança nacional, ou que desafie a autoridade do governo central ou a Lei Básica de Hong Kong, ou usar Hong Kong para infiltrar e subverter a estabilidade social e política do interior da China”, disse Zhang. “Estas são as três linhas de fundo”, acrescentou. Sinal de alarme As autoridades do Partido Comunista chinês têm visto com alarme a emergência dos políticos pró-independência, apesar de apenas uma minoria dos residentes de Hong Kong apoiar tal movimento. Antiga colónia britânica, ocupada durante a Guerra do Ópio, em meados do século XIX, Hong Kong é desde Julho de 1997 uma Região Administrativa Especial da China. Segundo a fórmula “um país, dois sistemas”, adoptada também em Macau, as políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam no território e, excepto nas áreas da Defesa e Relações Externas, o território goza de “um alto grau de autonomia”. O desaparecimento no ano passado de cinco livreiros conhecidos por publicarem livros sobre a vida privada dos líderes políticos chineses gerou a condenação da comunidade internacional e aumentou os receios de muitos residentes de Hong Kong quando, meses mais tarde, os cidadãos desaparecidos apareceram presos no interior da China. Ao abrigo do actual sistema eleitoral, o líder do Governo de Hong Kong é seleccionado por um colégio eleitoral de 1.200 membros representativos dos vários sectores sociais. O impopular líder da cidade, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, e considerado por muitos dos seus críticos como um “fantoche” de Pequim, disse no mês passado que não voltaria a concorrer ao cargo de chefe do Executivo. Regina Ip, antiga secretária para a Segurança, e o juiz na reforma Woo Kwok-hing, são as duas candidaturas apresentadas ao cargo até à data.
Hoje Macau China / ÁsiaChina vai acabar com comércio de marfim até final de 2017 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China, o maior consumidor mundial de marfim, anunciou na sexta-feira que vai proibir todo o comércio e transformação deste material até ao final de 2017. “Para proteger melhor os elefantes e combater melhor o tráfico, [a China] vai parar progressivamente a venda e a transformação com fins comerciais do marfim e de objectos de marfim” até ao final de 2017, lê-se num comunicado do Conselho de Estado (o Executivo chinês). Até 31 de Março, deverão cessar as actividades de um primeiro grupo de ateliês e vendedores, segundo o mesmo texto. O marfim é muito procurado na China, onde o preço pode chegar a mais de mil euros por quilo. É um símbolo de estatuto social elevado e a procura alimenta anualmente o massacre de milhares de elefantes em África, asseguram organizações internacionais. Segundo associações ambientalistas, mais de 20 mil elefantes foram abatidos no ano passado por causa do marfim. O Fundo Mundial para a Natureza (World Wild Life) alerta que a população de elefantes no mundo está reduzida a 415 mil exemplares. Pequim é um dos signatários da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção), que abrange matérias e objectos considerados uma ameaça para os elefantes. No entanto, a China continua a ser o maior consumidor mundial de marfim de contrabando e nunca proibiu, por exemplo, a revenda de marfim comprado antes da proibição definida na CITES, em 1989. O WWF já se congratulou com a decisão de Pequim anunciada na sexta-feira, saudando “o calendário estabelecido pela China para salvar os elefantes da extinção”. E aqui ao lado ? As organizações internacionais esperam agora que Hong Kong, uma região chinesa com administração especial, gozando por isso de autonomia em relação a Pequim, acabe com o comércio de marfim até 2021. “Com o mercado chinês fechado, Hong Kong pode tornar-se no mercado preferido dos traficantes”, afirmou uma responsável da WWF, Cheryl Lo, citada pela agência de notícias AFP. Entre 800 e 900 negócios de contrabando ilegal de marfim são descobertos todos os anos na China, segundo dados oficiais. O segundo destino do marfim ilegal são os Estados Unidos, que em Junho anunciaram uma proibição quase total do comércio deste material oriundo de África. No entanto, mantém excepções, como as antiguidades. Também a China continuará a permitir a venda de antiguidades em marfim devidamente identificadas e oriundas de “fontes legítimas”, garantiu o Governo chinês.
Hoje Macau Manchete Sociedade VozesEspecial 2016 | Raimundo do Rosário é a personalidade do ano Personalidade do ano – Raimundo do Rosário [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Secretário para os Transportes e Obras Públicas chegou, viu e…convenceu. E porquê? Porque – vejam lá bem! – é capaz de tomar decisões, algo que há muito não se via pelas bandas do seu pelouro. Ao segundo ano da sua presença no Governo, as coisas parece que querem andar, ainda que emperradas pelas areias do costume. Ele diz que não sabe, não diz que não pode e não teme atirar o prazo das obras para as calendas, quando esse é o seu triste destino. É o caso do metro ligeiro, entre outras. Raimundo do Rosário conhece bem os interesses locais, demasiado bem para ser optimista. Mas, nesta RAEM do quanto-menos-te-mexes-melhor, foi uma lufada de racionalidade, desassombro e eficácia, bem necessária depois da Era Glacial que se seguiu ao incidente Ao Man Long e ao empata-obras que o substituiu. Ninguém espera que faça milagres ou que os milagres se façam por si, mas deverá manter a mesma postura e demonstrar a mesma vontade em defender o interesse público se quiser terminar o ano em 2019 a sua passagem pelos mais altos cargos do Governo da RAEM com uma nota extremamente positiva. Depois da sua presença em Lisboa, na delegação de Macau, será o final dourado de uma distinta carreira como servidor da coisa pública. Ralhete do ano – Li Keqiang A presença do primeiro-ministro expôs as fraquezas do Governo local, que, além de ser manso e garantir a mansidão popular,pouco efectuou no sentido de implementar os desígnios de Pequim. De tal modo que Li Keqiang não se coibiu de, em “édito-rei”, exigir as medidas que há muito deveriam estar longe do papel e das intenções. Os governantes coraram e a oligarquia encolheu os ombros, pois pouco disto lhe interessa. Todos disseram que sim e as cabeças ficaram a abanar até o pó da carruagem de Li assentar no fim da estrada. Depois, a partilha do bolo continua. A ver vamos se o discurso criativo do primeiro-ministro cai em saco roto ou não. Governante do ano – Lionel Leong O Secretário para a Economia e Finanças é o homem das “missões impossíveis”: uma, diversificar a economia de Macau; duas, convencer os empresários locais a dotarem-se de uma postura contemporânea e menos ambiciosa. Outro deixaria correr o marfim, mas Lionel Leong tem-se distinguido pelo modo como está por dentro dos dossiês e parece por isso levar a sério as suas hercúleas tarefas. A cadeira no Olimpo ainda está à vista. Revelação do ano – Wong Sio Chak Raramente a polícia é trampolim para mais altos voos, mas o ano de 2016 revelou um Wong Sio Chak, ex-director da judiciária e agora Secretário para a Segurança, de peito firme e asas abertas, angariando apoios ao supremo cargo na RAEM. Nesse sentido, é uma revelação. A prosseguir nessa heróica senda, faz tremer os liberais pela sua postura, um tanto ou quanto militarizada, e a visão, que partilha sem pudor, de uma sociedade securitária, talvez demasiado regrada, uma espécie de Singapura retardada e fora do tempo. Treme a Macau do laissez-faire, laissez-passer, um dos traços identitários mais fortes desta terra. Temem os que preferem um mundo de “amplas liberdades democráticas”, tal qual Álvaro Cunhal nos ensinou. Desilusões do ano Festival de Cinema – Pariu um rato. Mais uma vez o que poderia ter sido e até parecia que ia ser, não chegou a ser nem metade. Filmes premiados com salas vazias, e, sobretudo, uma irrelevância final, muito fruto da exclusão de Marco Muller, que chegou a ser confrangedora. Macau demonstrou não ter capacidade para aquilo que anunciou. O Governo, depois da casa desfeita, ainda quis pôr um freio na bizarra situação. Conseguiu mas o cavalo não chegou a sair da estrebaria. Prometeu muito. Pariu um rato. Porque a rolha foi roída pelo rei da Rússia. Hotel Estoril – Convidar e desconvidar Siza Vieira não lembra a ninguém. Ah..não..espera…aconteceu a Oese de Pecos, onde afinal nada parece haver de novo. A não ser os novos estudos, as novas consultas e os novos concursos. Evento do ano – Fórum Macau A presença de primeiros-ministros e outros figurões já seria suficiente para destacar este evento, cuja importância para a RAEM é, sobretudo, apreciada por quem o vê de fora. As medidas anunciadas por Li Keqiang foram muito bem recebidas por todos os países participantes, e, sobretudo, por quem ficou à porta a roer as unhas: São Tomé e Príncipe. De tal modo que, entretanto, a ilha já se divorciou da ilha e arranjou casório com o continente. O Fórum desempenha o seu papel… Instituição do ano – Centro do Bom Pastor A aprovação da lei da violência doméstica foi uma grande vitória para as organizações que por ela combateram e nenhuma esteve mais perto da linha da frente do que o Centro do Bom Pastor, dirigido pela irmã Juliana Devoy. Se esta lei foi aprovada e se hoje as pessoas gozam de protecção contra a violência como nos países civilizados, tal deve-se muito aos incessantes esforços desta instituição e da sua face mais conhecida. Artista do ano – Ivo M. Ferreira O filme “Cartas da Guerra”, baseado na obra epistolar de António Lobo Antunes, está a ter uma visibilidade única, se pensarmos que se trata de uma obra de um residente de Macau e que, além das críticas esfuziantes, foi pré-seleccionado para os Óscares. Ivo M. Ferreira mostra até que ponto é possível existirmos e que este céu cinzento da descrença local bem pode esperar. Ele vai ali, já volta. Figura Internacional do ano – António Guterres Avíssaras! O secretário-geral da ONU é português e os portugueses conhecem bem a sua capacidade para o diálogo e, de um modo geral, para a conversa, a conversinha e mesmo para a converseta. Este é, aliás, um traço comum ao puro lusitano. Pode ser que esta capacidade, aliada a um também lendário malabarismo numérico, façam de António Guterres o homem com o perfil certo para o cargo. O mundo parece pensar que sim. Vergonha do ano – Ho Chio Meng É muito aborrecido, para não dizer chato, saber que o antigo procurador da RAEM foi preso e acusado de 1500 e tal crimes. Não sei…é assim uma sensação desagradável pensar que o responsável máximo pela defesa dos interesses públicos andava a meter a mão em massa que não lhe pertencia nem era suposto pertencer. A sua detenção foi um golpe duro na credibilidade do sistema judiciário de Macau. E, se pensarmos que este senhor foi um dia putativo candidato ao cargo de Chefe do Executivo, colhendo apoios nas mais variadas paróquias, que isto nos sirva de lição para um futuro não muito longínquo. Livro do ano – Delta literário de Macau O livro do consagrado e respeitado professor Carlos Seabra Pereira, publicado pelo Instituto Politécnico de Macau, constitui um marco na crítica literária de Macau. Nele são referidos e apreciados os principais autores que escreveram ou escrevinharam por estas terras, num esforço que se reconhece praticamente exaustivo e titânico. Até hoje nada se tinha escrito assim. Exposição do ano – Ad Lib A craveira internacional de Konstantin Bessmertny é um dado de facto mas a sua arte, inquietação e reflexão não descansam à sombra dos louros justamente recolhidos. A exposição que apresentou no Museu de Arte de Macau é um exemplo maduro da sua capacidade artística e da imaginação critica a que nos habituou. Filme do ano – Sisterhood Ainda longe da exigência técnica e plástica de “Cartas da Guerra”, “Sisterhood” é um enunciado corajoso e desassombrado de Tracy Choi, luminosa crueza na sociedade morna, hipócrita e desenxabida de Macau. A realizadora mostra mão e um sentido próprio para o seu trabalho. espera-se mais. Prémios especiais O que mais me irá acontecer do ano – Helena de Senna Fernandes E de repente cai-lhe no colo um festival internacional de cinema, cujo director desapareceu misteriosamente, embora para parte certa. A directora dos Serviços de Turismo teve de assumir a cabeça do animal. Salvou-a ver extensamente filmes “nos aviões” e a persistência com que repete o seu filme favorito: “Música no Coração” O que vou fazer se me deixarem do ano – Alexis Tam O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura lançou uma mão-cheia de projectos mas, a cada um deles, praticamente sem excepções, foi contestado pelas auto-denominadas “forças vivas da população”. E Alexis Tam, sistematicamente, recuou e fez mais consultas, que é como quem diz, lavou daí as suas mãos. A sua pele deve estar seca. O pêndulo de Foucault do ano – Ho Iat Seng A eterna reserva moral da RAEM, enquanto presidente da Assembleia Legislativa, revelou-se um homem com uma desmedida tendência para a harmonia e o consenso. E também para a prudência quando tal é necessário. De tal modo que é capaz de embalar e fazer adormecer um frasco de anfetaminas. O vira disco e toca o mesmo do ano – Ng Kuok Cheong Os acontecimentos em Hong Kong retiram cada vez mais margem de manobra aos democratas locais. E Ng Kuok Cheong é um bom exemplo disso: este ano a sua criatividade levou-o a querer discutir o sufrágio universal na Assembleia Legislativa, como tem feito todos os anos. E, como em todos os anos, levou uma nega quase geral. O grande salto em frente do ano – Casinos Jogo a cair, receitas a baixar, e os casinos de Macau a investir como cães danados. No Cotai, se juntarmos os trapinhos recentes de todos eles, a coisa vai parar à módica quantia de 17 mil milhões de patacas. Isto quando as renovações das licenças estão em águas de bacalhau. É o que se chama uma aposta. O Auslander Raus! Do ano – Ella Lei e companhia Quando toda a gente sabe que Macau parava sem mão-de-obra estrangeira, a qual precisamos como de chao min para a boca, de gente qualificada e não só, a deputada Ella Lei e companhia continuam a defender que a causa das causas é expulsar os trabalhadores alienígenas. Isto numa cidade onde o desemprego não atinge os dois por cento. De facto o ridículo não mata e a perda de tempo também não. O centro é onde eu quiser do ano – Song Pek Kei O Governo quer uma biblioteca central no centro da cidade. Parece lógico. Pois. Mas nem para todos nasce esse sol. A deputada Song Pek Kei entende que a biblioteca central deve ser nos novos aterros. O problema é que deixa de ser central, capisce? Não? Pois… O a gente manda e mainada do ano – Táxis As multas não os demovem, os fiscais não lhes metem medo. Eles são os taxistas de Macau. Fazem o que querem e ao Governo mostram…pirilau. Por essas ruas acima, navegam como querem, cobram o que lhes apetece e nada de levantar a grimpa que ainda te partem o focinho. São a prova de que este é um Estado falhado.
Hoje Macau PolíticaFórum Macau com “atitude aberta” perante relações de São Tomé com China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) tem uma “atitude aberta” à entrada de São Tomé e Príncipe, que restabeleceu esta semana relações diplomáticas com Pequim. “São Tomé e Príncipe é um dos membros familiares da lusofonia, pelo que o secretariado permanente tem uma atitude aberta quanto à sua participação no Fórum Macau. Caso a parte santomense apresente o pedido, o secretariado permanente está disposto a submeter aos países participantes do Fórum para efeitos de discussão”, indicou à Lusa o Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau. No dia 20 deste mês, São Tomé e Príncipe cortou relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu a República Popular da China. Seis dias depois, na segunda-feira, a China anunciou o restabelecimento dos laços diplomáticos com o país. São Tomé e Príncipe encontrava-se, até agora, excluído do Fórum Macau devido às relações com Taiwan. Na V Conferência Ministerial, em Outubro, não esteve qualquer representante de São Tomé, apesar de o país ter participado como observador nas reuniões do Fórum e de, em 2013, ter enviado, pela primeira vez, um representante com a categoria de ministro. São Tomé e Príncipe suspendeu relações com Pequim em 1997, reconhecendo Taiwan. No entanto, o Presidente Manuel Pinto da Costa visitou a China em pelo menos duas ocasiões. Quando São Tomé decidiu reconhecer Taiwan, a ilha era um dos quatro “tigres asiáticos”, ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura. Apoiada numa pujante economia, Taiwan investia muito dinheiro na expansão do seu espaço político internacional. Mas os tempos mudaram e a República Popular da China tornou-se na segunda maior economia mundial, com as maiores reservas cambiais, no valor de 3,44 biliões de dólares.
Hoje Macau SociedadeJogo | Analistas acreditam em subida entre sete e 10 por cento em 2017 Depois de três anos de descidas consecutivas, o sentido vai mudar: os analistas da Bloomberg acreditam que 2017 vai ser um bom ano para os casinos. O mercado de massas ocupa o lugar deixado vago pelos grandes apostadores [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s contas são da Bloomberg, que ouviu vários especialistas na matéria: no ano que aí vem, as receitas dos casinos de Macau vão aumentar sete por cento, com o segmento de massas a garantir a subida. Em Novembro, o número de visitantes da Coreia do Sul, do Japão e dos Estados Unidos aumentou, repara a agência, ajudando a minimizar a quebra de turistas da China Continental. Por outras palavras, o cenário tem vindo a compor-se. A Morgan Stanley consegue ser ainda mais optimista: a previsão inicial de dois por cento foi revista em alta para um crescimento das receitas brutas de 10 por cento. A Bloomberg recorda que a indústria do jogo assistiu a uma recuperação no Verão, com a inauguração dos novos empreendimentos da Sands e da Wynn Resorts, mais virados para o turismo do que para os apostadores VIP. Além disso, o território tem conseguido defender-se da competição regional que surgiu com os casinos na Coreia do Sul e nas Filipinas. “Existem mais razões para visitar agora Macau do que há dois anos e é por isso que está a aumentar o número de noites passadas no território”, afirma o analista Richard Huang, da Nomura Holdings. Com a perspectiva de abertura de novos empreendimentos, existe a expectativa de que o mercado de massas continue a crescer. A 1 de Janeiro, o Governo deverá divulgar as receitas totais de 2016. Os 10 analistas consultados pela Bloomberg estimam um valor na ordem dos 222,8 mil milhões de patacas, o que significará uma diminuição de 3,5 por cento em relação a 2015 (ano em que caíram 34 por cento). “Sem dúvida que, nestes meses, Macau tem estado mais animado do que no último par de anos”, afirma Grant Govertsen, analista do Union Gaming Group. Mas o Governo tem ainda um longo caminho a percorrer para conseguir tornar-se menos dependente das receitas do jogo, apesar dos esforços para a diversificação económica. “É claro que o facto de haver uma Torre Eiffel em Macau traz mais pessoas para o mercado. Mas a actividade principal continua a ser o jogo”, vinca Govertsen. Acções a subir As acções das operadoras de Macau subiram este ano, numa antecipação à recuperação do sector, com a MGM China a valorizar 52 por cento e a Galaxy Entertainment a subir 36 por cento em Hong Kong. Ainda assim, o magnata da Galaxy, o milionário Lui Chee-woo, dizia há pouco mais de dois meses que ainda é cedo para se dizer que o pior já passou, preferindo esperar por um “crescimento mais sustentado”, alicerçado no segmento de massas e não no segmento VIP. Já Lawrence Ho mostra-se mais optimista: “Estamos em fase de recuperação. Não vai ser igual à que aconteceu depois da crise financeira mundial. Desta vez, vai ser uma recuperação mais natural”.
Hoje Macau China / ÁsiaInvestimento de quase meio bilião de euros na expansão da rede ferroviária [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai investir 3,5 biliões de yuan (482.000 milhões de euros) até 2020 no desenvolvimento da sua rede ferroviária, sobretudo na expansão da malha de alta velocidade, anunciou ontem o ministério chinês dos Transportes. O número foi avançado pelo vice-ministro Yang Yudong, durante a apresentação do Livro Branco dos Transportes, que serviu ainda para rever o desenvolvimento do sector nas últimas seis décadas e traçar os objectivos para os próximos anos. A rede ferroviária chinesa de alta velocidade atingiu este ano os 19.000 quilómetros – mais do que todos os outros países combinados. A primeira linha – 120 quilómetros entre Pequim e Tianjin – começou a funcionar em 2008, quando a capital chinesa organizou os Jogos Olímpicos. Os novos planos incluem a expansão da rede de alta velocidade em cerca de 11.000 quilómetros até 2020, detalhou Yang Yudong. Sempre a abrir Na quarta-feira, o país inaugurou a mais extensa linha de alta velocidade, entre o leste e o oeste do país – 2.252 quilómetros-, que liga as cidades de Xangai e Kunming. O responsável frisou ainda que a China vai continuar a impulsionar projectos do sector além-fronteiras, dentro da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, um plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda. A iniciativa, anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, inclui a construção de ligações ferroviárias de alta velocidade entre a Ásia e a Europa. Yang detalhou alguns planos já em marcha, como a construção de linhas, algumas de alta velocidade, no Laos, Indonésia, Sérvia, Paquistão e Etiópia. O livro branco reafirma ainda a meta, já prevista no Plano Quinquenal para a economia chinesa entre 2016 e 2020, de investir na construção de mais 30.000 quilómetros de malha ferroviária nos próximos anos. A rede ferroviária chinesa terá então 123.500 quilómetros de extensão. O plano prevê ainda aumentar as ligações dos comboios inter-cidades e suburbanos, visando reduzir o tempo de viagem entre as grandes metrópoles chinesas e os subúrbios. Destaque ainda para a construção de redes de transporte interurbano no delta do rio das Pérolas, num passo importante para a integração das regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong com a província de Guangdong.
Hoje Macau China / ÁsiaJustiça sul-coreana analisa “lista negra” de artistas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério Público da Coreia do Sul convocou ontem o embaixador do país em França devido a uma alegada “lista negra” com milhares de artistas, no âmbito da investigação do caso de corrupção que levou à destituição da Presidente. A equipa especial do Ministério Público quer questionar Mo Chul-min, secretário para a Educação e Cultura em 2013 e 2014, sobre uma alegada “lista negra” criada durante a sua administração que incluía nove mil artistas considerados hostis ao Governo da Presidente, Park Guen-hye, sendo-lhes por isso negado apoio estatal. Em 2014, os organizadores do Festival Internacional de Cinema de Busan entraram em confronto com o autarca local, que tentou bloquear um documentário sobre o naufrágio do ‘ferry’ Sewol, que fez mais de 300 mortos, um desastre parcialmente atribuído à incompetência do Governo e à corrupção. O autarca de Gwangju admitiu recentemente que foi pressionado pelo Governo para excluir uma pintura que satiriza Park da feira de arte bianual da cidade em 2014. A alegada lista negra inclui algumas das figuras culturais mais famosas do país, como o realizador de “Oldboy”, Park Chan-wook, e o poeta Ko Un. Ambos terão sido incluídos na suposta lista por comentários críticos ao Governo e por apoiarem candidatos da oposição em eleições presidenciais e autárquicas, segundo Do Jong-hwan, deputado da oposição que revelou a lista aos jornalistas. Alta pressão Grupos de artistas afirmam que os nomes na lista viram-lhes ser inexplicavelmente negado apoio de programas governamentais e interdito o acesso a instalações do Estado. O antigo ministro da Cultura Yoo Jinryong, que deixou o cargo em Julho de 2014, afirmou numa entrevista recente que a lista negra foi actualizada várias vezes antes de sair e entregue ao seu ministério pelo hoje embaixador em França ou por outros secretários presidenciais. Cho Yoonsun, a actual ministra da Cultura, que desempenhou o cargo de secretário para os assuntos políticos de Junho de 2014 a Maio de 2015, negou a acusação de Yoo de que esteve envolvida na elaboração da lista, garantindo que nunca a viu. O Ministério Público acusou Park de conluio com uma amiga para extorquir dinheiro e favores de algumas das maiores empresas do país e de permitir que essa amiga, Choi Soon-sil, manipulasse assuntos de Estado. O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 9 de Dezembro, decisão que terá de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva. O tribunal tem até seis meses para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo. A equipa especial do Ministério Público começou a investigar as alegações sobre a lista negra na sequência de uma queixa de um grupo de artistas. Os investigadores também convocaram Kim Jae-youl, chefe da unidade de ‘marketing’ do desporto do grupo Samsung, dado que olham ainda para as alegações de que o gigante sul-coreano patrocinou a amiga da Presidente Choi Soon-sil para receber favores do Governo.
Hoje Macau SociedadeJapão | Director da Sands China desvaloriza impacto da legalização do Jogo [dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ilfred Wong, presidente e director de operações da Sands China, disse, em declarações reproduzidas pelo canal chinês da Rádio Macau, que a liberalização do jogo no Japão não terá um impacto imediato no mercado de Macau, uma vez que o sector ainda precisa de se desenvolver, o que deverá demorar vários anos. “A origem dos clientes e turistas de Macau é principalmente do sul e da zona centro da China. Prevemos que os principais clientes dos casinos do Japão possam surgir do norte da China. Trabalhamos com zonas diferentes”, garantiu Wilfred Wong, que referiu ainda que os resorts já construídos em Macau se diferenciam do que será construído no Japão. Questionado sobre a possibilidade de a Sands China vir a operar licenças de jogo no Japão, o presidente e director de operações da concessionária referiu que ainda está a ser pensada essa possibilidade. Wilfred Wong admitiu, contudo, que já se deslocou ao Japão para uma avaliação do mercado. Falando do desempenho do Parisian, inaugurado em Setembro, Wilfred Wong referiu que está de acordo com as previsões, com um crescimento estável das receitas do mercado de massas, graças ao aumento do número de turistas. As receitas no período de férias natalícias deverão registar valores positivos, confirmou ainda o responsável.
Hoje Macau SociedadeJogo | Estimado aumento de receitas brutas entre quatro a seis por cento [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s casinos de Macau devem registar, este mês, uma subida nas receitas brutas entre quatro a seis por cento, quando comparando com Dezembro do ano passado. As estimativas são feitas por duas correctoras citadas pelo site GGRAsia. Em comunicado, a consultora Telsey Advisory Group LLC referiu que, de acordo com fontes na indústria, espera que nos primeiros 26 dias de Dezembro a subida das receitas brutas de jogo esteja entre os quatro e os seis por cento. Esta previsão compreende uma desaceleração dos estimados dez por cento que a consultora projectou na semana passada. A confirmarem-se as expectativas, são boas notícias para o sector que irá arrecadar este mês cerca de 18,6 mil milhões de dólares de Hong Kong, de acordo com os analistas David Katz e Brian Davis, ouvidos pelo GGRAsia. Também em declarações ao site, Christopher Jones, do Buckingham Research Group Inc, revela que nos oito dias que terminaram a 26 de Dezembro, a média diária de receitas chegou aos 570 milhões de dólares de Hong Kong. Noutras contas, perfaz um acumulado de 14,8 mil milhões de dólares de Hong Kong durante o mês, representando um ligeiro abrandamento em relação aos níveis de receita da semana passada de 600 milhões de dólares de Hong Kong. “Atribuímos esta moderação semanal à sazonalidade, assim como ao facto de termos mais um dia de trabalho esta semana. Olhando para o futuro, esperamos manter níveis de receitas de jogo brutas na casa dos quatro a seis por cento”, prevê Jones. O analista acrescenta ainda que estima uma recta final forte com o fim do ano ocidental. De acordo com o especialista, a Buckingham Research manterá as perspectivas de aumento de lucros na ordem dos nove por cento para o último trimestre de 2016. “As expectativas de crescimento no mercado de massas estão entre os 11 e 12 por cento, enquanto o sector VIP estará entre o zero e o menos um.” Jones salientou que estas estimativas tanto para o mercado de massas, com para o segmento VIP são alicerçadas nos números apresentados pelas próprias operadoras.
Hoje Macau Manchete SociedadeEstados Unidos | Residentes de Macau acusados de pirataria informática Na sequência de uma investigação do FBI, dois residentes de Macau e um chinês de Changsha foram acusados de investir com base em informação confidencial obtida através de pirataria informática. Um deles foi detido em Hong Kong [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com a Procuradoria de Nova Iorque, o trio agiu concertado para entrar nas redes de email de firmas de advogados que estariam a tratar de fusões e aquisições de empresas. O passo seguinte foi investir na bolsa, em consonância com a informação roubada. Investiram em cinco empresas cotadas em Wall Street, incluindo na Intel Corp e na Pitney Bowes Inc, num esquema que terá alegadamente rendido mais de quatro milhões de dólares. Os três suspeitos faziam-se passar por funcionários de correctoras que estariam a trabalhar para empresas de tecnologia, de acordo com a entidade americana que regula a segurança dos mercados de valores. Iat Hong, cidadão de Macau de 26 anos, foi preso no dia de Natal, quando estava em Hong Kong, e aguarda extradição para os Estados Unidos. Já Chin Hung, também de Macau, e Bo Zheng de Changsha (China) continuam a monte. Este foi mais um caso abuso de informação privilegiada acedida através de pirataria informática, o que levou as autoridades norte-americanas a lançar avisos a firmas de advogados que estejam a trabalhar em fusões e aquisições. Em conferência de imprensa, em Nova Iorque, o procurador Preet Bharara comentou que “este caso devia ser um toque de despertar para companhias de advocacia do mundo inteiro”. Acrescentou ainda que as sociedades de advogados “serão cada vez mais alvo de ataques de hackers, devido à informação valiosa que detém”. De acordo com a Reuters, os procuradores não quiseram identificar as firmas, mas uma delas parece a descrição fiel da Cravath, Swaine & Moore LLP, baseada em Nova Iorque, e que representou a Pitney Bowes durante a aquisição da Borderfree Inc no ano passado. Na acusação pode-se ler que os suspeitos usariam as credenciais de empregados da firma para instalar malware, e dessa forma aceder aos emails de advogados que estariam a trabalhar no negócio da Pitney. O trio estaria também ligado a uma start-up da área da robótica que se encontrava a desenvolver controladores de chips e soluções para sistemas de controlo. Foram também acusados de tentar aceder a informação confidencial de outras duas empresas de robótica.
Hoje Macau China / ÁsiaReligião | Abertura para diálogo com Vaticano [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está disposta a manter um diálogo construtivo com o Vaticano, mas os católicos chineses devem “erguer alto a bandeira do patriotismo” e adaptar-se aos “valores chineses”, disse o responsável do Governo de Pequim pelos assuntos religiosos. Wang Zuoan, director da Administração Estatal para os Assuntos Religiosos, falava durante a nona conferência dos católicos da China, que reúne em Pequim o clero da Associação Patriótica Chinesa, igreja católica aprovada pelo Estado e independente do Vaticano. Pequim insiste que a igreja oficial tem autoridade para ordenar os bispos chineses, um direito que a Santa Sé diz pertencer apenas ao Papa. O diferendo dura desde 1951, quando China e Vaticano romperam os laços diplomáticos, depois de Pio XII excomungar os bispos designados por Pequim. As manifestações católicas no país são apenas permitidas no âmbito da Associação Patriótica, mas muitos dos cerca de 12 milhões de católicos chineses continuam a celebrar a sua fé em igrejas “clandestinas”, que juram lealdade a Roma. O Governo chinês espera que o Vaticano adopte uma postura “flexível” e “pragmática” e medidas concretas que favoreçam a melhoria das relações, afirmou Wang, citado pela agência oficial Xinhua. O responsável não detalhou quais as medidas que Pequim espera do Vaticano. O Partido Comunista Chinês, que governa o país desde 1949, é adverso a grupos religiosos ou cívicos, vistos como potenciais ameaças à sua autoridade. Optimismo moderado Em Maio de 2015, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou aos religiosos do país para se adaptarem à sociedade chinesa. Na terça-feira, Wang reafirmou a importância da religião integrar o “patriotismo” e que se persista com a “assimilação de valores chineses pelo catolicismo”. O Papa Francisco disse no início deste ano que Pequim e o Vaticano formaram grupos de trabalho, para abordar a questão da nomeação dos bispos, e que está “optimista” de que será encontrada uma solução. Na semana passada, contudo, o Vaticano lamentou que a ordenação de dois bispos chineses tenha sido feita na presença de um bispo designado por Pequim e não reconhecido pelo Papa. A Santa Sé disse ainda que aguarda os resultados do encontro desta semana e que os católicos do país podem estar confiantes no diálogo entre ambos os lados.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Indignação em caso de alegada brutalidade policial [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhares de chineses pertencentes à emergente classe média do país participaram num abaixo assinado contra a decisão de uma procuradoria de Pequim de não acusar cinco polícias suspeitos da morte de um activista ambiental. Lei Yang tinha 29 anos quando foi detido a 7 de Maio e algemado ao oferecer resistência para entrar no veículo da polícia. Pouco depois morreu afogado no próprio vómito num hospital na capital chinesa. Segundo a decisão da procuradoria do distrito de Fengtai, emitida na sexta-feira, os cinco suspeitos, incluindo um subcomissário, “cometeram actos impróprios durante o seu trabalho que conduziram à morte de Lei e não pediram ajuda quando este se revelou doente”. Tal comportamento requer sanções disciplinares “graves” mas não precisa de ser levado a tribunal, diz a decisão. Num caso raro de demonstração pública de revolta da classe média chinesa contra as autoridades, dois baixos assinados foram iniciados ‘online’ por antigos estudantes universitários. “Quando algo tão nefasto, tão difícil de aceitar, ocorre na sociedade, é como se deflagrasse um fogo interior, que sentimos nos ossos”, contou à Associated Press Yu Li, uma funcionária do ramo informático, que assinou o baixo assinado. Os organizadores disseram não querer protestar nas ruas, por temer retaliações do Governo, mas o caso ilustra a crescente dificuldade do Partido Comunista Chinês em lidar com uma opinião pública cada vez mais exigente. Questões como a injustiça no sistema judicial, poluição, corrupção ou escândalos de saúde pública ameaçam minar a legitimidade do partido junto de um segmento influente da sociedade. O abaixo assinado reuniu mais de 2.400 assinaturas de antigos estudantes da Universidade Renmin, onde Liu se licenciou, e outras universidades chinesas de topo, como a Universidade Tsinghua e a Universidade de Pequim. Entre os signatários constam académicos prestigiados e o presidente executivo de uma empresa de produtos alimentares. Num país onde a brutalidade policial é “frequente”, o caso de Lei atraiu especial atenção devido ao seu perfil de jovem educado e activista ambiental que fazia parte de um centro de pesquisa do Estado. Ser tansversal Zhang Wen, um conhecido comentador chinês, disse à Associated Press que casos de injustiças contra camponeses ou trabalhadores migrantes são frequentes na China, “mas devido à sua classe social, os seus casos não geram oposição em massa ou consciencialização”. “O caso de Lei Yang, porém, quebrou com as barreiras geográficas ou até de classe”, afirmou. “Se pode acontecer com ele, pode acontecer com qualquer um de nós. Qualquer um de nós podia ser o Lei Yang”, disse. A Universidade Renmin, onde Lei se formou e cujo significado em português é Universidade do Povo, foi fundada pelo Partido Comunista, ainda antes da fundação da República Popular. A maioria dos economistas, académicos e historiadores da instituição costumam apoiar as decisões do Partido. Yu, que também assinou em protesto, disse que nunca se considerou activamente político, até que o caso de Lei o chocou. “Nós esperávamos que este caso fosse resolvido com transparência e de acordo com a lei”, afirmou Yu, que estudou na Universidade Renmin, em 1996. “Em vez disso, o que observamos é que o julgamento foi feito tendo em consta a estabilidade. Eles valorizaram mais a lealdade da polícia, do que as lamentações da população”, afirmou.
Hoje Macau SociedadeUrbanismo | Membro do CPU pede protecção do Porto Interior Manuel Pui Ferreira exige medidas de defesa ao espólio arquitectónico do centro histórico de Macau, um tesouro entalado entre o progresso económico e a identidade cultural [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cidade velha está repleta de pequenos tesouros urbanísticos que se degradam a olhos vistos. Uma das zonas mais problemáticas é o Porto Interior, com inúmeros edifícios em avançado estado de degradação. Tendo a protecção do património histórico em vista, Manuel Pui Ferreira, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), pretende que se faça um levantamento dos prédios a necessitar atenção dos serviços. Algo que tenha mais força do que a actual licença, concedida pela Obras Públicas, que habilita o proprietário a realizar obras. Em declarações prestadas ao Jornal do Cidadão, Manuel Pui Ferreira defendeu ainda que será necessária legislação para proteger o património arquitectónico do Porto Interior. Actualmente, quem comece obras sem a devida licença incorre apenas numa sanção administrativa. Uma penalização que, de acordo com o membro do CPU, não representa qualquer tipo de persuasão, “não surte efeito dissuasor suficiente”. Pui Ferreira sabe por experiência própria que houve edifícios que sofreram remodelações profundas que alterarem a génese histórica, sem terem sido apresentadas plantas de condições urbanas ao CPU. Nesse caso, o dirigente sugere um agravamento da punição para quem prevarique, nomeadamente através de acusação do foro penal. Na entrevista ao Jornal do Cidadão, Pui Ferreira lembrou um caso concreto do edifício Column On Lee, onde o proprietário simplesmente retirou a tabuleta que distinguia o imóvel como sendo de elevado valor arquitectónico. Na altura, o dono do prédio ignorou a licença de construção das Obras Públicas, e antecipou-se à sugestão do Governo, e do Instituto Cultural, para a manutenção da fachada. Para o dirigente da CPU este é um “caso que mostrou, mais uma vez, a falha de supervisão das Obras Públicas, e uma clara falta de comunicação entre os serviços”. Casos como este podem lançar um perigoso precedente, “encorajando os proprietários a começarem a obra antes de pedirem licença”, rematou à publicação de língua chinesa. Três ideias Este é um dos maiores perigos que o património arquitectónico de Macau sofre: protecção do seu espólio versus capitalização dos bens imóveis pelos seus proprietários. É por isso que a distinção de património de interesse cultural é, na maioria das vezes, mal recebida pelos donos. Tendo em conta um planeamento urbano equilibrado, que respeite o interesse histórico, Manuel Pui Ferreira sugere a adopção de três medidas. Em primeiro lugar, deve exigir-se às Obras Públicas o anúncio da lista de edifícios que apresentam problemas estruturais. Também se deve fazer uma avaliação completa ao Porto Interior a fim de verificar quais os imóveis com características a preservar, elaborando uma classificação de níveis de restauro, seguindo as práticas de cidades vizinhas. Finalmente, o conselheiro estabelece como meta fundamental a elaboração de um quadro legal que proteja a cidade inteira, permitindo a protecção dos traços arquitectónicos tão característicos de Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaManifestantes de aldeia democrática condenados à prisão A experiência democrática da pequena aldeia do sul da China resultou na condenação de nove aldeões acusados de perturbarem a ordem social e de efectuarem uma assembleia ilegal [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ove residentes da aldeia chinesa de Wukan, que em 2012 elegeu o comité de aldeia através de eleições por sufrágio directo, após uma rebelião popular, numa experiência inédita na China, foram presos por “perturbar a ordem social”. A vaga de detenções surge após em Setembro passado a aldeia ter sido palco de protestos violentos, motivados pela condenação do chefe local, Lin Zulian, por desvio de fundos públicos. Com 13.000 habitantes, aquela localidade costeira do sul da China tornou-se um símbolo de resistência popular em 2011, quando protagonizou uma das mais celebradas experiências democráticas do país. Protestos contra a expropriação ilegal de terras culminaram com a demissão dos líderes locais, acusados de corrupção, e a eleição de um novo comité de aldeia por sufrágio directo Em Setembro passado, a detenção de 13 residentes de Wukan intensificou os protestos, motivando confrontos com a polícia, que acabou por bloquear o acesso à aldeia. Nota de culpa Nove aldeãos foram agora condenados a penas de prisão, entre dois e dez anos, por realizarem uma “assembleia ilegal”, um desfile e manifestações que “perturbaram gravemente a ordem social”. Os réus foram também condenados por difundir informações falsas, perturbar a circulação de transportes públicos e interromper os serviços públicos, segundo um comunicado emitido na segunda-feira através do ‘site’ do Tribunal de Haifeng. “A situação foi tão grave, que fábricas e empresas tiveram de interromper a sua produção, tendo sofrido grandes perdas”, lê-se naquela nota. As manifestações foram suscitadas pela condenação de Lin Zulian, o chefe local da aldeia, que encabeçou os protestos, em 2011, antes de ser eleito por sufrágio directo. Liu foi condenado em Junho passado a três anos de prisão por corrupção, depois de confessar ter aceitado subornos no valor de 590.000 yuan. Os protestos de 2011, em Wukan, foram inicialmente vistos apenas como um levantamento popular, semelhante às dezenas de milhares que todos os anos ocorrem na China. A morte de um dos líderes dos protestos, sob custódia da polícia, contudo, levou os residentes a bloquear as estradas que davam acesso à aldeia, conseguindo expulsar as forças de segurança durante mais de uma semana. O Partido Comunista Chinês decidiu então recuar e fazer concepções raras, incluindo investigar as disputas de terra e permitir aos locais organizar eleições livres. Lin Zulian, 70 anos, foi então nomeado chefe local com 6.205 votos, num total de 6.812 eleitores, substituindo um homem de negócios que era acusado de roubar terras para as vender a promotores.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Arrancam trabalhos para aterrar sonda no lado mais afastado da lua e em Marte [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China reafirmou ontem o desejo de explorar o espaço, num livro branco em que confirma os planos para aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua e lançar a primeira sonda a Marte. “Explorar o vasto cosmos, desenvolver a indústria espacial e converter a China num poder espacial é um sonho que perseguimos incessantemente”, lê-se no livro branco divulgado por Pequim. O documento, que detalha os planos espaciais do país para os próximos cinco anos, refere que o programa espacial chinês tem fins pacíficos e visa garantir a segurança nacional e realizar pesquisas científicas. Pequim põe grande ênfase no desenvolvimento da sua indústria espacial, que considera um símbolo de desenvolvimento e afirmação no cenário internacional. O objectivo do país, ainda que não mencionado no documento, é enviar um astronauta à Lua. Corrida contra o tempo Enquanto a Rússia e os Estados Unidos têm mais experiência com viagens espaciais tripuladas, o programa chinês, suportado pelo exército do país, tem alcançado um rápido progresso. A China realizou a sua primeira missão espacial tripulada em 2003. Uma década depois aterrou uma sonda na Lua. No mês passado, dois astronautas chineses regressaram à Terra, após 30 dias no espaço, onde viveram e trabalharam no laboratório espacial Tiangong-2, na mais longa e sexta missão tripulada da China. Pequim quer pôr uma tripulação permanente no espaço até 2022, que está prevista operar ao longo de pelo menos uma década. O livro branco reitera os planos da China para colocar a sua primeira sonda em Marte, até 2020, visando explorar e trazer amostras do planeta Vermelho. A missão visa também explorar o sistema de Júpiter e “conduzir pesquisas em questões científicas importantes, como a origem e evolução do sistema solar, e procurar vida extraterrestre”. Em 2018, a China quer também tornar-se o primeiro país a aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua. O livro branco diz que aquela sonda, a “Chang’e-4”, visa obter conhecimento sobre a formação e evolução da Lua.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Mais medidas para prevenir mortes por excesso de trabalho [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo do Japão adoptou uma série de medidas de emergência para prevenir as mortes por excesso de trabalho, após a morte de dois funcionários da agência de publicidade Dentsu. As medidas, aprovadas na segunda-feira pelo Ministério do Trabalho e noticiadas ontem pelo jornal económico Nikkei, têm como objectivo aumentar a vigilância sobre as empresas para garantir que cumprem o regulamento das horas extraordinárias. As autoridades japonesas vão fazer inspecções surpresa às empresas e vão publicar os nomes daquelas onde se tenham registado mortes relacionadas com o excesso de trabalho, ou “karoshi”, bem como das empresas que obriguem os seus funcionários a trabalhar mais horas extraordinárias que as recomendadas por lei (80 por mês). No passado mês de Outubro, o Governo publicou um relatório em resposta a dois casos de “karoshi” que revelou que quase um quarto dos funcionários no Japão pode exceder esse limite. O pacote de medidas, que entrará em vigor em Janeiro, inclui algumas para aconselhar as empresas sobre as normas laborais e para promover a atenção médica e psicológica aos funcionários que precisem dela, por cansaço ou stress laboral. Do “karoshi” A preocupação com o excesso de trabalho no Japão reapareceu depois de, em Outubro, as autoridades terem classificado como “karoshi” o suicídio de uma funcionária de 24 anos da Dentsu, empresa líder do sector publicitário no país asiático. A jovem chegou a trabalhar até 105 horas extra por mês, apesar dos registos da Dentsu mostrarem um cômputo dentro do limite legal. A família denunciou que a empresa forçou a jovem a registar menos horas que as realmente cumpridas. A funcionária, que morreu em Dezembro do ano passado e tinha entrado sete meses antes para a empresa, deixou testemunho sobre as duras condições de trabalho na sua conta de Twitter, onde detalhava dias de 20 horas diárias. Dias depois da confirmação deste caso de “karoshi” foi estabelecido que a morte, em 2013, de outro trabalhador de 30 anos da mesma empresa aconteceu também devido ao excesso de trabalho. O Governo japonês aprovou em 2015 uma lei para travar a epidemia de excesso laboral, ainda que a falta de rigor no registo das horas extraordinárias por parte das empresas e a disponibilidade dos funcionários para alargar as suas jornadas para receber bónus dificulte o controlo sobre esta prática.