Hoje Macau China / ÁsiaXizang | Cientistas extraem maior núcleo de gelo do mundo Cientistas chineses anunciaram esta terça-feira que extraíram o maior núcleo de gelo do mundo nas latitudes médias e baixas da Terra. O núcleo foi extraído no glaciar Purog Kangri no condado de Tsonyi, Região Autónoma de Xizang, segundo informou a Xinhua. Com uns impressionantes 324 metros de comprimento, o núcleo de gelo supera o recorde anterior de um núcleo extraído da calota de gelo de Guliya na prefeitura de Ngari em Xizang, indica o Diário do Povo. O glaciar Purog Kangri é o glaciar mais espesso do planalto Qinghai-Tibete. Ao mergulhar na extensão gelada, os investigadores pretendem obter informações valiosas sobre a paisagem em mudança desta região significativa, acrescenta a publicação. Através de exames meticulosos de núcleos de gelo, os cientistas esperam desvendar as transformações que ocorrem dentro do glaciar e lançar luz sobre o impacto da mudança climática global nos glaciares em todo o mundo. O acontecimento representa um passo crucial na compreensão dos efeitos do aquecimento das temperaturas nestas formações naturais vitais.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | China “não aceita e não concorda com” taxas sobre veículos eléctricos A entrada em vigor de taxas europeias sobre os veículos eléctricos chineses, até 35,3 por cento, levou a uma resposta enérgica de Pequim A China afirmou ontem que “não aceita e não concorda com” a decisão da União Europeia (UE) de aplicar, desde ontem, tarifas alfandegárias de até 35,3 por cento sobre veículos eléctricos importados do país asiático. O Ministério do Comércio chinês recordou, em comunicado, que apresentou um recurso ao mecanismo de resolução de litígios da Organização Mundial do Comércio (OMC). “A China continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas de forma determinada”, disse Pequim. Em Agosto, as autoridades chinesas iniciaram um processo de resolução de litígios junto da OMC, afirmando que a iniciativa da UE “violava gravemente” as regras da organização e não tinha “qualquer base objectiva e jurídica”. Embora o porta-voz para o comércio tenha sublinhado ontem que a investigação anti-subvenções da UE constitui uma “manifestação de proteccionismo”, o responsável reiterou também a vontade de Pequim de continuar a negociar para “chegar a uma solução mutuamente aceitável o mais rapidamente possível”. “A China sempre se empenhou em resolver os diferendos comerciais através do diálogo e da consulta, e tem feito tudo o que está ao seu alcance neste domínio. Actualmente, as equipas técnicas das duas partes estão a realizar uma nova ronda de negociações”, lê-se na mesma nota. “Esperamos que a UE trabalhe de forma construtiva com a China, siga os princípios do pragmatismo e do equilíbrio, aborde as principais preocupações de cada uma das partes (…) e evite uma escalada das fricções comerciais”, insistiu o porta-voz. Taxas e mais taxas O executivo comunitário aplicou taxas punitivas de 35,3 por cento ao fabricante chinês SAIC (MG e Maxus, entre outras marcas), 18,8 por cento à Geely e 17 por cento à BYD, por um período máximo de cinco anos. A medida afectará também as empresas ocidentais que produzem na China, como a norte-americana Tesla, que ficará sujeita a uma taxa de 7,8 por cento, enquanto outras que tenham cooperado com a Comissão na investigação que esta desenvolveu antes de aprovar as taxas ficarão sujeitas a uma taxa de 20,7 por cento. A UE está a tomar esta medida depois de, apesar da divisão entre os 27, ter recebido apoio suficiente na votação dos governos da UE no início deste mês: cinco países opuseram-se às taxas, dez apoiaram-nas e doze abstiveram-se. A Comissão declarou que suspenderia os direitos aduaneiros em caso de acordo com a China durante os próximos cinco anos, mas não os cancelaria, a fim de ganhar tempo para os voltar a aplicar se Pequim não cumprisse o acordo. Em retaliação, a China anunciou nos últimos meses investigações sobre as importações de aguardente, produtos lácteos e carne de porco da UE.
Hoje Macau SociedadeDSEC | Transportes e Armazéns com mais trabalhadores No ano passado, o número de estabelecimentos de transportes e armazenagem sofreu uma redução, mas o número de empregados aumentou. Os dados foram publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) com os “resultados do inquérito ao sector dos transportes, armazenagem e comunicações referente a 2023”. Em 2023, havia 3.044 estabelecimentos de transportes e armazenagem, menos 214 face a 2022. No entanto, o pessoal contratado era de 18.785 pessoas, um aumento de 2.170 trabalhadores, o que foi justificado com a maior contratação pelas empresas para fazerem face à procura. “As receitas foram de 20,41 mil milhões de patacas, verificando-se um aumento homólogo de 112,9 por cento, impulsionado pela recuperação gradual quer da economia mundial quer das actividades sociais”, foi indicado pela DSEC. “As receitas provenientes dos serviços de transporte de passageiros (7,51 mil milhões de patacas) e dos serviços de transporte de mercadorias (3,26 mil milhões de patacas) cresceram 184,4 por cento e 49,3 por cento”, foi acrescentado. No mesmo período, existiam 29 estabelecimentos do ramo das comunicações, uma redução de seis face a 2022. Neste sector registou-se uma redução de 70 trabalhadores, para 2.294 pessoas. As receitas sofreram uma redução de 3,2 por cento nas comunicações, para 7,02 mil milhões de patacas, o que se deveu “principalmente às reduzidas vendas de equipamentos de telecomunicações”.
Hoje Macau SociedadeEnsino superior | UL assina memorando com a Universidade da Cidade de Macau Foi ontem assinado um novo memorando de cooperação entre a Universidade Cidade de Macau e a Universidade de Lisboa para que haja um intercâmbio de estudantes entre a capital portuguesa e a região. Luís Anjos Ferreira, reitor da UL, lembrou que a universidade está ainda ligada a outras escolas de educação superior na China, destacando a Universidade de Macau, a Universidade Politécnica do Macau e a Universidade de Xangai. O memorando foi assinado no âmbito do 3.º Fórum dos reitores das instituições do ensino superior da China e dos países de língua portuguesa, que termina hoje. Luís Ferreira lembrou que há cada vez mais pós-graduados chineses na UL e que isso significa que a formação em língua portuguesa na China é de qualidade. “São cada vez mais os estudantes chineses que vão fazer o mestrado e o doutoramento. Isso é um bom sinal, é sinal de que o seu grau de licenciatura já é de grande qualidade”, referiu aos jornalistas. Em 2022, 51 instituições de ensino superior ofereciam programas de língua portuguesa no interior da China, segundo uma compilação divulgada pelo académico da Universidade Politécnica de Macau, Manuel Duarte João Pires, nesse mesmo ano. No caso de Macau, são cinco universidades com programas de português.
Hoje Macau SociedadePIB | Fitch prevê crescimento de 15% este ano Apesar do ritmo mais moderado, a agência de rating Fitch estima que a economia de Macau continue sólida e em expansão ao longo deste e do próximo ano. Para este ano, a estimativa aponta para um crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) de 15 por cento, e para 2025 de 8 por cento. “Estes resultados vão ser baseados na contínua recuperação dos sectores do turismo e do jogo, na capacidade para acolher mais turistas, e nas políticas favoráveis”, é indicado no relatório da agência, divulgado na terça-feira e citado pelo portal GGR Asia. Entre as “políticas favoráveis” para o crescimento económico, os analistas mencionam as novas medidas de vistos, incluindo as entradas múltiplas de excursionistas entre Macau e Hengqin, e o alargamento da emissão de vistos individuais a 59 cidades chinesas. Recorde-se que na semana passada, o Fundo Monetário Internacional reviu em baixa o crescimento do PIB para este ano, de 13,9 por cento para 10,6 por cento. A instituição reviu também em baixa, de 9,6 para 7,3 por cento, a previsão para o crescimento da economia de Macau em 2025.
Hoje Macau PolíticaCalçada do Gaio | Presidente do IC diz que altura de prédio é legal A presidente do Instituto Cultural (IC), Deland Leong Wai Man, defende que a construção de uma arrecadação e outros equipamentos no edifício da Calçada do Gaio respeitam a altura máxima de 81,32 metros. As declarações da responsável pelo IC foram prestadas ontem, após a participação num programa matinal do canal chinês da Rádio Macau. A polémica sobre a altura do edifício situado nos números 18 a 20 da Calçada do Gaio surgiu na semana passada, depois de o deputado Ron Lam ter questionado a possibilidade do edifício com a arrecadação ultrapassar a altura máxima de 81,32 metros. Contudo, Deland Leong garantiu ontem que o limite está a ser respeitado: “O edifício mantém-se com a altura de 81,32 metros”, respondeu a responsável. “E a altura de que estamos a falar, é a altura da construção do edifício. Não vai haver mais altura do que essa, devido à arrecadação e aos equipamentos”, acrescentou. A presidente do IC destacou também que as decisões sobre o projecto têm sido tomadas no âmbito dos contactos mantidos com a Administração Nacional do Património Cultural da China e o Centro do Património Mundial da UNESCO. O projecto de construção na Calçada do Gaio foi suspenso em 2008, devido ao plano de protecção do corredor visual para a Colina da Guia e à classificação do Centro Histórico de Macau. No entanto, depois de vários anos em que as obras estiveram suspensas, e em que se debateu a possibilidade da altura do edifício ser reduzida, o Instituto Cultural permitiu que em 2022 as obras fossem terminadas e a altura de 81,32 metros mantida.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Israel não pode ignorar obrigações internacionais, diz Guterres O secretário-geral da ONU lembrou que “nenhuma legislação pode alterar” as obrigações internacionais de Israel, depois da aprovação de uma lei que ameaça o trabalho da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos. António Guterres disse, numa declaração divulgada na segunda-feira, que Israel tem “obrigações ao abrigo do direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário e aqueles que concedem privilégios e imunidades à ONU”. O português disse estar “profundamente preocupado” com a aprovação no parlamento israelita de uma lei que proíbe a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) de realizar “qualquer actividade” ou de prestar qualquer serviço dentro de Israel. Guterres anunciou que vai levar o assunto à Assembleia Geral da ONU, que em 1952 criou a UNRWA “para satisfazer as necessidades dos refugiados palestinianos”. O secretário-geral indicou que “não há alternativa à UNRWA”, pois é “o principal meio através do qual a ajuda essencial chega aos refugiados palestinianos nos territórios palestinianos ocupados”. A aplicação da lei “será prejudicial para a solução do conflito israelo-palestiniano e para a paz e segurança em toda a região”, alertou. A legislação, que não entra imediatamente em vigor, poderá destruir o processo de distribuição de assistência em Gaza, numa altura em que a crise humanitária no enclave se está a agravar e em que Israel se encontra sob crescente pressão dos Estados Unidos para reforçar a ajuda aos palestinianos. O parlamento israelita aprovou, além desta, uma segunda lei que corta os laços diplomáticos com a UNRWA. O Governo de Israel acusou funcionários da UNRWA de terem estado envolvidos no ataque do movimento islamita palestiniano Hamas contra o sul do país, a 7 de Outubro de 2023.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Alta diplomata visita Taiwan após críticas de Trump à ilha A representação dos Estados Unidos em Taiwan anunciou ontem a visita de uma diplomata de alto nível ao território, depois de o candidato presidencial republicano, Donald Trump, ter reiterado recentemente críticas a Taipé. Em comunicado, o American Institute in Taiwan (AIT) afirmou que Ingrid Larson, directora-geral do escritório do AIT em Washington, vai estar em Taiwan até 1 de Novembro, como parte do “forte compromisso dos EUA com Taiwan e para fazer avançar a crescente parceria EUA-Taiwan”. “Durante a sua visita a Taiwan, [Larson] discutirá a colaboração contínua entre os EUA e Taiwan em questões de interesse mútuo, como a segurança regional, o comércio e o investimento mutuamente benéficos e os laços educacionais, culturais e interpessoais”, indicou a agência. A visita surge depois de Trump ter reiterado ataques a Taiwan na sexta-feira, afirmando que a ilha roubou a indústria de semicondutores dos EUA e que deveria pagar a Washington pela sua defesa. “Taiwan roubou-nos a nossa indústria de ‘chips’. Querem protecção, mas não nos pagam para isso. A máfia faz-nos pagar dinheiro”, disse Trump, durante uma conversa com um conhecido apresentador norte-americano.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Tropas norte-coreanas enviadas para a frente de batalha, diz Seul O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul disse ontem ter indicações de que algumas tropas norte-coreanas podem estar já a deslocar-se para combater na Ucrânia. “As transferências de tropas entre a Coreia do Norte e a Rússia estão em curso e estamos a estudar a possibilidade de que algum pessoal, incluindo generais militares, passe para a frente de batalha”, disse o NIS. O exército da Rússia está a ensinar aos norte-coreanos uma centena de termos na língua russa para tentar prevenir “problemas de comunicação”, acrescentou, citado pela agência de notícias pública sul-coreana Yonhap. “Acreditamos que um importante responsável de segurança russo envolvido no envio de tropas norte-coreanas estava a bordo do avião especial do governo russo que viajou entre Moscovo e Pyongyang nos dias 23 e 24 de Outubro”, disse o NIS, indicando que o objectivo da viagem seria coordenar o envio de tropas. A cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang representa uma “ameaça significativa à segurança da comunidade internacional e pode representar um sério risco para a segurança” da Coreia do Sul, afirmou o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol. Na segunda-feira, o Departamento de Defesa norte-americano tinha anunciado que cerca de dez mil militares da Coreia do Norte foram enviados para treinar na Rússia e combater na Ucrânia nas próximas semanas. “Estamos cada vez mais preocupados com a intenção da Rússia de utilizar estes soldados em combate ou para apoiar operações de combate contra as forças ucranianas na região russa de Kursk”, disse a porta-voz do Pentágono aos jornalistas. Reverso da medalha Sabrina Singh lembrou que o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, já tinha avisado publicamente que, caso os soldados da Coreia do Norte fossem utilizados no campo de batalha, seriam considerados beligerantes e alvos legítimos, com sérias implicações para a segurança na região do Indo-Pacífico. Austin vai ter um encontro com os responsáveis da Defesa da Coreia do Sul no final desta semana no Pentágono, no qual se espera que seja discutido o uso de soldados norte-coreanos no conflito da Ucrânia. Também na segunda-feira, a NATO afirmou que algumas das tropas norte-coreanas já foram enviadas para a região fronteiriça de Kursk, onde a Rússia tem tentado repelir uma incursão ucraniana iniciada no Verão. Entretanto, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, partiu na segunda-feira para uma visita oficial à Rússia, disse a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA, sem adiantar o motivo da deslocação.
Hoje Macau EventosAntónio Cabrita distinguido com Prémio Armando Baptista-Bastos O romance “Se não quiseres amar agora no inverno, quando?”, de António Cabrita, venceu o Prémio Literário Armando Baptista-Bastos, anunciou ontem a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, de Lisboa, que promove o galardão. Sobre a obra vencedora, que será publicada em Portugal no próximo ano, o júri realçou “a qualidade exímia” com que expõe “memórias de Lisboa [e] da sua periferia”. O prémio tem o valor pecuniário de 3.500 euros. A esta segunda edição do Prémio Literário Armando Baptista-Bastos, apresentaram-se 40 candidatos, dois deles oriundos do Brasil. O júri foi presidido pelo editor literário Manuel Alberto Valente, e constituído pelos escritores Dulce Maria Cardoso, Maria João Cantinho, José Ferreira Fernandes e Ricardo Gonçalves Dias, também vogal da Junta de Freguesia. António Cabrita, a viver em Moçambique desde 2005, foi jornalista durante 23 anos, tendo trabalhado no semanário Expresso, de 1988 a 2004. Literariamente, estreou-se em 1979, com a publicação de um livro de poesia, linha muito presente na sua obra, que reuniu pela primeira vez na coletânea “Arte Negra” (2000), seguindo-se títulos como “Abysmos da mão”. Ofício da escrita António Cabrita é também autor de guiões e argumentos, alguns em parceria, para séries documentais como “Mar das Índias”, de Miguel Portas e Helena Torres, e de filmes como “Eu Vi a Luz Num País Perdido” (1993), de António Escudeiro, “Paraíso Perdido” (1995), de Alberto Seixas Santos, “Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra” (2005), de José Carlos Oliveira, e “O Búzio” (2005), de Sol de Carvalho. Com Maria Velho da Costa (1938-2020), escreveu “Inferno” (2001), sobre Camilo Castelo Branco, como um possível guião para filme, resultado de encomenda para uma trilogia cinematográfica, a desdobrar em série televisiva, que ficou por cumprir. A obra foi editada em livro pelas edições Íman. António Cabrita ensina dramaturgia e teoria prática de guiões em Moçambique e tem vindo a publicar ensaios, livros de contos, romances e volumes de poesia. Colaborou também com o Hoje Macau durante vários anos com crónicas semanais. Entre outros, é autor dos livros de poesia “Bagagem não Reclamada”, “Anatomia Comparada dos Animais Selvagens”, com o qual venceu o Prémio P.E.N. Clube, em 2018, “A Kodak faliu”, “Dick, o cão da minha infância”, e dos romances “A Maldição de Ondina” (2013), “Éter” (2015), “A Paixão segundo João de Deus” (2019) e “Fotografar Contra a Luz” (2020). “Trístia” e “Uma ostra questão”, de 2021, estão entre os seus mais recentes títulos. A obra “Tecto, para andar ao relento” (2022) reúne algumas das suas crónicas. Como tradutor, conta-se a antologia de poesia hispânica “As Causas Perdidas” (2020). No ano passado, na primeira edição do Prémio Literário Armando Baptista-Bastos, o vencedor foi o romance “Disfarça, que lá vem Sartre”, do autor brasileiro Álvaro Filho.
Hoje Macau China / ÁsiaEspionagem | China detém cidadão sul-coreano suspeito A China confirmou ontem a detenção de um cidadão sul-coreano por suspeita de espionagem. “O cidadão sul-coreano em questão foi detido pelas autoridades chinesas competentes por suspeita de espionagem”, confirmou Lin Jian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “Os serviços competentes (…) deixaram inteiramente a cargo dos representantes da embaixada [sul-coreana] o cumprimento da sua missão consular”, sublinhou. “A China é um Estado de direito. Investiga e trata as actividades ilegais e criminosas em conformidade com a lei, protegendo simultaneamente os direitos das partes envolvidas”, apontou. O porta-voz não deu pormenores sobre a identidade do indivíduo detido nem sobre as acusações de que é alvo. As autoridades chinesas têm detido o homem de 50 anos desde o final de 2023, informou na segunda-feira a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, citando fontes diplomáticas em Seul. Segundo a Yonhap, trata-se do primeiro cidadão sul-coreano a ser alvo da nova legislação contraespionagem da China. Na altura da sua detenção, o cidadão sul-coreano trabalhava para uma empresa de semicondutores na China e vivia na cidade de Hefei, no leste do país.
Hoje Macau China / ÁsiaProibição dos EUA de investimento em tecnológicas chinesas causa prejuízo global, diz CE de HK O líder do governo de Hong Kong disse ontem que a proibição de Washington de investir capital norte-americano em empresas tecnológicas chinesas vai ter impacto global, de acordo com a imprensa da região semiautónoma chinesa. “Mostra novamente que os políticos norte-americanos procuram os seus próprios interesses políticos, minando o investimento e o comércio normais, o mercado livre e a ordem económica. Isto irá prejudicar a cadeia de abastecimento global”, reagiu o chefe do Executivo, John Lee, citado pela emissora pública de Hong Kong RTHK. Em declarações antes da reunião do Conselho Executivo, Lee notou que a medida da administração de Joe Biden “prejudica os interesses de outros, bem como dos Estados Unidos enquanto nação, do seu povo e das suas empresas”, referiu. O governo de Hong Kong, continuou o responsável, “vai defender os próprios interesses e os interesses das empresas de Hong Kong”. “Trabalharemos igualmente com o país para proteger os interesses nacionais”, acrescentou. Segurança em primeiro A decisão dos Estados Unidos, anunciada na segunda-feira e que entra em vigor a 2 de Janeiro, proíbe o investimento em três sectores-chave da economia chinesa: semicondutores e microelectrónica, informação quântica e inteligência artificial. “A administração Biden-Harris está empenhada em proteger a segurança nacional dos Estados Unidos da América e em manter as tecnologias estratégicas avançadas fora das mãos daqueles que poderiam usá-las para ameaçar a nossa segurança nacional”, destacou o subsecretário do Tesouro, Paul Rosen, em comunicado. “A inteligência artificial, os semicondutores e as tecnologias quânticas são fundamentais para o desenvolvimento da próxima geração de aplicações militares, de vigilância, de inteligência e de certas aplicações de cibersegurança”, acrescentou. Rosen alertou, como forma de exemplo, que estas tecnologias poderiam ser utilizadas em sistemas informáticos avançados para quebra de código ou aeronaves de combate de nova geração.
Hoje Macau China / ÁsiaShenzhou-19 | Pequim apresenta nova tripulação A China revelou ontem as identidades dos membros da tripulação da missão Shenzhou-19, que parte amanhã para a estação espacial chinesa com a terceira mulher astronauta a bordo. Os três astronautas são Cai Xuzhe, Song Lingdong e Wang Haoze. Cai será o comandante, anunciou a Agência Espacial Chinesa para Missões Tripuladas, numa conferência de imprensa organizada no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste do país. Cai já participou na missão Shenzhou-14, em 2022. Para Song e Wang, ambos nascidos na década de 1990, vai ser uma estreia no espaço. Antes de ser seleccionado como astronauta, Song serviu como piloto na força aérea, enquanto Wang foi engenheira na Academia de Tecnologia de Propulsão Aeroespacial, de acordo com a agência. Wang seguirá os passos de Liu Yang, que se tornou a primeira astronauta chinesa a ir para o espaço em 2012, e Wang Yaping, que se tornou a segunda a fazê-lo, em 2013. A Shenzhou-19 vai descolar às 04:27 de amanhã, informou a agência. A nave espacial transportará os astronautas para a estação espacial Tiangong, onde realizarão experiências, incluindo investigação sobre a construção de habitats lunares utilizando tijolos feitos de material simulado do solo lunar. Cabeça na lua A China, até agora o único país a ter pousado no lado mais distante da Lua, planeia construir uma base de exploração científica juntamente com a Rússia e outros países no polo sul do satélite natural. Os membros da tripulação ontem revelados substituirão os três astronautas que chegaram à estação espacial chinesa a bordo da missão anterior, a Shenzhou-18, em Abril. A Tiangong funcionará durante cerca de dez anos e tornar-se-á a única estação espacial do mundo a partir de 2024, se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos à qual a China está impedida de aceder devido aos laços militares do seu programa espacial, for retirada este ano, como previsto. A China investiu fortemente no seu programa espacial e conseguiu aterrar com sucesso a sonda Chang’e 4 no lado mais distante da Lua e chegar a Marte pela primeira vez, tornando-se o terceiro país – depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética – a consegui-lo.
Hoje Macau SociedadeCPSP | Idosa de 80 anos detida por ficar com saco perdido Uma mulher com 80 anos foi detida pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), depois de ter ficado com um saco que encontrou na rua e que tinha no interior uma carteira com dinheiro e outros objectos pessoais. O caso foi relatado ontem pelo CPSP. Os bens encontrados foram avaliados em 2 mil patacas. As autoridades foram alertadas para o alegado crime a 18 de Outubro, quando um residente se queixou de ter perdido os bens no Toi San. O saco com os valores terá caído na rua quando estava a ser transportado num carrinho de compras. Quando se apercebeu de que tinha perdido os bens, o queixoso ainda voltou ao local, mas o saco já tinha desparecido. A CPSP recorreu ao sistema de videovigilância da cidade e identificou a suspeita que foi detida a 21 de Outubro, perto das Portas do Cerco. Os bens foram recuperados na casa da detida e o caso encaminhado para o Ministério Público. A mulher está indiciada pelo crime de apropriação ilegítima em caso de acessão ou de coisa achada, que prevê uma pena que pode chegar a um ano de prisão.
Hoje Macau SociedadeSão Januário | Centro de Endoscopia inaugurado ontem Foi ontem inaugurado o Centro de Endoscopia no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), após um trabalho de optimização da zona onde se realizava esse tratamento junto à porta do serviço de urgência. Segundo uma nota dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, director dos SS, declarou que a criação deste Centro constitui “um marco importante para o desenvolvimento do sistema de cuidados de saúde de Macau”, permitindo uma “integração de recursos, pois os exames endoscópios das diferentes especialidades são realizados no mesmo local”. É ainda disponibilizado um serviço “one-stop” de registo pré-exame, diagnóstico endoscópico, tratamento e recuperação pós-exame, “para que todos os utentes possam sentir que o serviço de cuidados de saúde se encontra sob o princípio de ‘ter por base a população'”, declarou Alvis Lo. Este Centro deverá vir a disponibilizar “novas técnicas de endoscopia e novos equipamentos”, como a “endoscopia por cápsula, manometria de motilidade gastrointestinal, tecnologia de diagnóstico de tumores por imagem óptica e ressecção endoscópica de tumores”. A ideia é que o novo Centro possa ser um serviço complementar ao Serviço de Urgência. “Em articulação com os recursos humanos e o apoio técnico do Serviço de Urgência, é aumentada a segurança do diagnóstico e terapêutica. A par disso, o Centro pode também facilitar o uso de equipamentos de raio-X, tomografia computadorizada e a sala de angiografia do Serviço de Urgência, entre outros, melhorando, de forma eficaz, a capacidade de diagnóstico e tratamento das especialidades médicas”, é referido.
Hoje Macau PolíticaGuizhou | Político recebido por Chui Sai On condenado à morte O ex-secretário do comité provincial de Guizhou do Partido Comunista Chinês (PCC), Sun Zhigang, foi condenado à morte, por recebido subornos durante vários anos, num valor superior a 800 milhões de renminbis. A pena fica suspensa durante o período durante dois anos, e passado esse período é transformada em prisão perpétua. Além disso, de acordo com a CCTV, o ex-dirigente de Guizhou fica privado dos direitos políticos para o resto da vida e vai ter os seus bens pessoas confiscados. Guizhou e Macau são regiões geminadas, e Sun Zhigang esteve em Macau em Maio de 2018, altura em que foi recebido por Fernando Chui Sai On, então Chefe do Executivo. Na comitiva recebida por Chui estava igualmente Zheng Xiaosong, então director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM.
Hoje Macau PolíticaFronteiras | Ma Io Fong quer melhor distribuição de visitantes O deputado Ma Io Fong defendeu, numa interpelação escrita submetida ao Governo, uma melhor distribuição dos visitantes em Macau, isto apesar de o Governo ter reforçado as acções de divulgação com as autoridades chinesas para que sejam usados outros postos fronteiriços além das Portas do Cerco. Segundo dados citados pelo deputado sobre a Semana Dourada, o volume de turistas que usaram o Posto Fronteiriço das Portas do Cerco nesse período festivo foi de 62 mil por dia, um aumento de 29,9 por cento em termos anuais, o que significa que a concentração de turistas nesse posto fronteiriço se mantém. Além disso, Ma Io Fong criticou o facto de os transportes públicos não terem capacidade de transportar todos os turistas na época alta, defendendo a criação de mais campanhas de sensibilização para que estes andem mais a pé. O deputado destacou o facto de o programa do Instituto para os Assuntos Municipais, “Uma Passeata pelas Ruas de Macau”, não ter sido actualizado. Ma Io Fong deseja ainda que seja reforçada a promoção, nas redes sociais, das pequenas e médias empresas de Macau.
Hoje Macau SociedadeSaúde | Coimbra e Macau lançam doutoramento nos próximos dois anos A Universidade de Coimbra e a Universidade de Macau esperam lançar, nos próximos dois anos, um doutoramento em co-tutela na área da Saúde, disse ontem à Lusa o vice-reitor para as Relações Externas da instituição de ensino portuguesa. “Espero que rapidamente se fechem as partes de pormenores mais científicos, académicos e burocráticos, para já em 2025, 2026 termos esse doutoramento conjunto, que acaba no fundo por reforçar, agora pelo lado de Saúde […] uma cooperação que é ancestral entre a Universidade de Coimbra e a Universidade de Macau e que era sobretudo realizada e continua a ser pela área do Direito”, disse à Lusa João Nuno Calvão da Silva, que se encontra em Macau para uma visita de quatro dias. O acordo para o estabelecimento deste doutoramento em co-tutela vai ser assinado na terça-feira. Há cerca de um ano, as duas instituições de ensino superior formalizaram a criação do Laboratório Conjunto em Envelhecimento Cognitivo e Ciências do Cérebro. Agora, “há que conciliar a investigação e o ensino”, notou o responsável. “Para essa parte da investigação andar é muito importante esta parte da transmissão do saber e da realização deste doutoramento dual ou em co-tutela, que passa por, de facto, a cooperação académica na formação de doutorandos, dos doutores, em áreas da Saúde e das nossas faculdades de Medicina e Ciências Médicas”. O acordo vai envolver “o intercâmbio de estudantes que acabarão por dar conteúdo a esse trabalho em conjunto na área da Saúde em geral e das Neurociências em especial”, notou. No doutoramento em regime de co-tutela, o estudante pode obter o grau de doutor simultaneamente em duas universidades onde existam programas doutorais, com ou sem parte lectiva, reconhecidos como congéneres pelas duas instituições, lê-se no portal da Universidade de Coimbra.
Hoje Macau PolíticaIp Sio Kai quer facilitar importação de produtos lusófonos O deputado Ip Sio Kai propôs ontem a criação por parte das autoridades locais de “uma via verde exclusiva” para facilitar a importação de produtos dos países de língua portuguesa para a China. O Governo de Macau pode criar, “em cooperação com o interior da China, uma via verde exclusiva para a importação de produtos dos países de língua portuguesa, simplificando as formalidades de importação e exportação, acelerando a entrada dos produtos de Macau no mercado do interior da China e elevando a competitividade das empresas” locais, defendeu Ip Sio Kai durante uma intervenção na Assembleia Legislativa (AL). O deputado lamentou que “muitas empresas” de Macau que querem importar produtos alimentares do bloco lusófono e vendê-las ao interior da China se deparem com limitações “devido à origem dos produtos e ao regime de inspecção sanitária”. E deu um exemplo: Pequim permite a importação “de carnes de Macau feitas com matérias-primas do interior da China, mas a carne de outros países de origem só pode ser transportada directamente do país exportador para o país importador, não podendo ser reexportada”. O deputado indicou que se as carnes “foram processadas em Macau antes de entrarem no interior da China”, os custos vão ser “demasiado elevados, não sendo possível obter benefícios em termos de escala”. “Estabelecendo-se uma comparação, os países de língua portuguesa possuem certificados de origem directos, podendo exportar produtos directamente para o interior da China sem ter que recorrer a Macau como plataforma intermediária, o que enfraquece o seu papel como plataforma comercial”, constatou Ip, acrescentado que o território “vai perder gradualmente” as “vantagens competitivas e potencialidades de desenvolvimento”. CEPA melhor O CEPA [Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau] foi criado em 2003 e estabelece um relacionamento semelhante a parceiros de comércio livre entre o interior da China e Macau. Nas últimas duas décadas, as autoridades emitiram 8.660 certificados de origem – documento que atesta a origem do produto – e cerca de 1,5 mil milhões de patacas de produtos foram exportados, o que ajudou as empresas a pouparem mais de 95 milhões de patacas em impostos aduaneiros, indicou Ip Sio Kai. “O CEPA contribui para o aprofundamento contínuo das negociações entre as duas partes e para o alargamento do conteúdo da liberalização, mas, na prática, as operações económicas e comerciais enfrentam uma série de obstáculos, especialmente no campo da importação de produtos alimentares”, lamentou. O deputado defendeu a “valorização plena das funções” do tratado, lembrando que, este mês, foi assinado um acordo sobre alterações ao comércio de serviços no âmbito do CEPA II, que entra em vigor em março de 2025, uma alteração que “visa reduzir os requisitos de acesso e facilitar a vida dos prestadores de serviços de Macau na exploração do mercado do interior da China”. Ip Sio Kai considerou ainda que Macau deve melhorar o regime de inspecção sanitária, reforçar a cooperação na fiscalização transfronteiriça e definir políticas de inspeção e quarentena “mais flexíveis e específicas”, especialmente para os bens alimentares. Ficou ainda a sugestão para a região definir políticas para “incentivar e apoiar as empresas a participarem no comércio” dos produtos dos países lusófonos, através de “benefícios fiscais, financiamentos, abonos logísticos”.
Hoje Macau China / ÁsiaPM japonês promete “reformas fundamentais” após perder maioria O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, prometeu ontem iniciar “reformas fundamentais” dentro do Partido Democrático Liberal (PDL, conservador de direita), que perdeu a maioria na Câmara Baixa do Parlamento após as eleições gerais de domingo. “Vou iniciar reformas fundamentais em matéria de financiamento e política”, declarou Ishiba à imprensa. O responsável pela campanha do PDL demitiu-se ontem, na sequência do desaire, confirmou um dirigente do partido à agência de notícias France-Presse. “Como funcionário eleitoral, apresentei a minha carta de demissão” ao primeiro-ministro e presidente do partido, Shigeru Ishiba, “para assumir a responsabilidade pelo resultado, e [a demissão] foi aceite”, disse Shinjiro Koizumi, citado pela televisão japonesa Fuji TV. Ishiba atribuiu o desaire eleitoral à “suspeita, desconfiança e raiva” entre os eleitores após o escândalo financeiro que abalou o PDL. “O maior factor é a suspeita, a desconfiança e a raiva que não desapareceram em relação ao problema do financiamento e da política”, disse o primeiro-ministro à imprensa. O escândalo financeiro, que já tinha contribuído para a impopularidade do anterior primeiro-ministro, Fumio Kishida, levou o PDL a punir várias dezenas de membros por não terem declarado o equivalente a vários milhões de euros, recolhidos através da venda de bilhetes para noites de angariação de fundos. Daqui não saio Shigeru Ishiba garantiu ontem que pretende manter-se no cargo apesar do desaire eleitoral, indicando que não pretende criar um “vácuo político”. “Quero cumprir o meu dever, que é proteger a vida das pessoas, proteger o Japão”, insistiu o primeiro-ministro. Horas antes, Ishiba já tinha reconhecido à emissora pública NHK que o partido recebeu um “duro julgamento” por parte dos eleitores. De acordo com projeções baseadas em sondagens à boca das urnas, a coligação do PDL com o aliado Komeito não deverá obter a maioria absoluta. No final de uma campanha em que sofreu com a elevada inflação no Japão e com as consequências de um escândalo financeiro, o PDL poderá ter conquistado entre 153 e 219 lugares, segundo as primeiras projeções. Este número é muito inferior à maioria absoluta de 233 lugares, num total de 465. Sem uma maioria absoluta com o seu parceiro de coligação, o PDL terá de procurar outros aliados ou formar um Governo minoritário precário, uma vez que a oposição continua demasiado fragmentada para propor uma alternativa. Este resultado será praticamente inédito na história do PDL, que conseguiu manter-se no poder quase ininterruptamente desde 1955. Ishiba, 67 anos, que se tornou primeiro-ministro em 01 de Outubro, tinha convocado as eleições antecipadas, prometendo aos eleitores “um novo Japão”, com um programa de reforço da segurança e da defesa, de aumento do apoio às famílias com baixos rendimentos e de revitalização do mundo rural japonês.
Hoje Macau China / ÁsiaMoeda | Promovidos acordos de recompra definitiva na China O banco central chinês anunciou ontem a incorporação de acordos de recompra a título definitivo como parte das suas operações monetárias, visando gerir os prazos e manter uma liquidez adequada no mercado interbancário. Em comunicado, o Banco Popular da China (PBOC) adiantou que estas operações vão ser realizadas mensalmente, com duração máxima de um ano, e envolverão os principais participantes no mercado. A operação de recompra definitiva consistirá na compra de títulos com o compromisso de os vender numa data futura. As garantias incluirão obrigações soberanas, dívida local e de empresas. O novo instrumento vem juntar-se aos instrumentos existentes, como os acordos de recompra a sete dias e o financiamento aos bancos através de facilidades de crédito a médio prazo, que oferecem prazos intermédios de três e seis meses. Com esta medida, o banco central procura optimizar a gestão da liquidez antes do vencimento de 1,45 biliões de yuan em empréstimos de médio prazo, em Novembro e Dezembro, minimizando a necessidade de ajustamentos em baixa das reservas obrigatórias dos bancos, segundo dados divulgados pela agência de notícias financeira Bloomberg. Esta iniciativa permitirá também que as obrigações utilizadas como garantia continuem a circular no mercado secundário, reforçando assim a segurança dos mutuantes e alinhando as práticas chinesas com as normas internacionais. Isto aumenta ainda a flexibilidade do sistema financeiro do país e facilita a entrada de investidores estrangeiros no mercado interbancário, segundo analistas do sector, citados pelo jornal local The Paper.
Hoje Macau China / ÁsiaMar de Bohai | Pequim anuncia exercícios com fogo real A China anunciou ontem que vai realizar exercícios militares com fogo real no mar de Bohai, entre o litoral chinês e a península coreana, nos dias 29 e 30 de Outubro. Os exercícios decorrem hoje, entre a 00:00 e as 18:00, enquanto no dia 30 de Outubro decorrerão entre a 00:00 e as 12:00, segundo um comunicado da Administração de Segurança Marítima da China. Durante este período, o acesso às zonas designadas vai ser restringido, de acordo com o comunicado publicado no portal oficial da autoridade na cidade de Dalian. As manobras fazem parte das medidas de rotina da China no âmbito da sua estratégia de defesa marítima, reforçando a vigilância numa região considerada sensível devido à sua proximidade com a península coreana. A zona do mar de Bohai é uma importante área para a realização de exercícios militares chineses, normalmente conduzidos pelas tropas do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular. Esta área registou alguns incidentes no passado, inclusive em 2020, quando Pequim apresentou uma queixa formal aos Estados Unidos devido ao sobrevoo de um avião U-2 numa zona de exclusão durante exercícios militares, considerando a acção provocatória e uma violação de acordos bilaterais.
Hoje Macau China / ÁsiaShenzhou-19 | Finalizados testes de lançamento da missão tripulada A China está a preparar o lançamento da missão tripulada Shenzhou-19, que vai transportar um grupo de astronautas para a estação espacial Tiangong, onde realizarão experiências sobre a construção de habitats na Lua. As autoridades realizaram este fim de semana um lançamento simulado que incluiu uma verificação do funcionamento da torre de lançamento, do foguetão e da nave espacial, num teste que incluiu desde os preparativos iniciais até à separação do foguetão e da nave espacial, informou o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste da China, em comunicado, no domingo. A tripulação da Shenzhou-19, cujas identidades ainda não foram reveladas, também realizou testes para verificar a comunicação e a coordenação entre a equipa de terra, a nave espacial e o foguetão. Uma componente inovadora da missão Shenzhou-19 será a entrega de tijolos feitos de material simulado do solo lunar, que serão transportados para a estação espacial chinesa na missão de carga Tianzhou-8, prevista para as próximas semanas. Uma vez recebidos os tijolos na estação espacial, os astronautas avaliarão o impacto das condições espaciais nos materiais de construção, numa tentativa de fazer avançar o desenvolvimento de estruturas habitáveis na superfície lunar, disse o especialista Kang Guohua, citado pelo jornal oficial Global Times. Kang disse que os testes representam um “avanço significativo” nos planos da China para futuras colónias espaciais e exploração do espaço profundo, num esforço para estabelecer uma presença duradoura na Lua. Construção lunar A China, o único país que até agora aterrou no lado mais distante da Lua, planeia construir uma base de exploração científica com a Rússia e outros países no polo sul da Lua. A Shenzhou-19 deve transportar a nova tripulação da Tiangong, que desde Abril inclui três astronautas que chegaram à estação no âmbito da missão anterior, a Shenzhou-18. A Tiangong vai funcionar durante cerca de dez anos e tornar-se-á a única estação espacial do mundo a partir de 2024, se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos à qual a China está impedida de aceder devido aos laços militares do seu programa espacial, for retirada este ano, como previsto. A China investiu fortemente no seu programa espacial e conseguiu aterrar a sonda Chang’e 4 no lado mais afastado da lua – a primeira vez que tal foi conseguido – e tornou-se o terceiro país, depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, a chegar a Marte.
Hoje Macau Via do MeioChina: Uma civilização sem mitos de criação? Por André Bueno Introdução Existiria alguma civilização que não teria se preocupado em criar e preservar suas narrativas míticas de origem? A pergunta parece insólita. Quaisquer coletâneas de narrativas religiosas nos mostram, após uma ampla e segura pesquisa, que praticamente todas as culturas antigas possuíram seus mitos criadores. (Eliade, 1978). De fato, tornou-se quase natural, para nós, acreditar que todas as sociedades têm um ou mais mitos fundadores. Isso se deve a alguns fatores fundamentais: as investigações no campo da História das Religiões nos mostram que a preocupação com tradições de cosmogênese são praticamente um padrão no pensamento humano, desde os tempos mais antigos. (Eliade, 1991) Dois elementos contribuiriam para reforçar essa preocupação: primeiramente, a Filosofia Grega, em busca das origens da natureza, dedicou-se a estudar o início de tudo (Arché ἀρχή), contrapondo-se aos mitos de origem, e defendendo, do modo geral, que o funcionamento do universo só poderia se dar por meio de uma única lógica fundamental; posteriormente, o Cristianismo defenderia também uma concepção monogônica, fundamentada na criação divina, que consolidava a ideia de uma fundação singular – e, ainda que essa concepção pudesse ser considerada como “mítica”, seu estabelecimento gradual, ao longo da história, tornou-a um ponto crucial em qualquer investigação científica até um período recente de nossa história. Assim, podemos dizer que o estudo das práticas religiosas de qualquer civilização, em seus amplos aspectos, pressupõe a existência de alguma crença de criação ou origem. E nesse caso específico, a China novamente nos apresenta problemas notáveis e de difícil solução. Desde o século 16, quando os missionários cristãos começaram a aportar na China, notaram nas documentações historiográficas e canônicas a ausência de mitos de criação. Algumas tradições, esparsas, estavam presentes no folclore e nas práticas do Daoísmo, sem que representassem uma crença realmente consolidada de origem mítica. Além disso, o rastreio desses mesmos mitos mostrava que eles eram bastante tardios em relação ao início histórico da civilização chinesa. A literatura intelectual, contudo, não abordava esse aspecto – considerado tão fundamental para o pensamento ocidental, mas pouco relevante para os chineses. Os letrados (Ru 儒), especialistas em história, filosofia e ciências, bocejavam quando questionados sobre essas tradições de origem, que eles mesmos consideravam irreais. De fato, as narrativas mais antigas, preservadas em documentos como o Yijing 易經 (Tratado das Mutações), o Shujing 書經 (Tratado dos Livros) e o Liji 禮記 (Memórias Culturais), que tratam das eras mais distantes da cronologia chinesa, repetem sempre uma descrição humanizada do passado chinês. O povo vivia em situação similar à que descrevemos como “pré-histórica”, sem qualquer referência a uma origem anterior. Quando demandados sobre isso, os acadêmicos chineses davam duas respostas distintas: uma de caráter prático, afirmava que nenhum ser humano estaria presente nessa origem, e por isso, não poderia saber como ela se deu; a outra, de cunho científico e especulativo, propunha não uma cosmogonia, mas sim uma cosmologia, para explicar as origens e a criação do universo. Isso nos lançaria diante de um caso único na humanidade: seria a cultura chinesa desprovida de mitos de criação? O problema se desdobra em vários âmbitos, quer sejam: a existência de uma exceção reveladora quanto à sistematização da história das religiões; uma quebra na insistência, essencialmente Ocidental, de ler o mundo apenas por seu prisma, de forma exclusiva; por outro lado, a constatação do pouco conhecimento que temos da história chinesa, e das próprias visões que os chineses têm sobre essa questão. O que examinaremos em nosso texto, portanto, é o debate, que ainda se desenvolve, sobre o problema da China ter ou não seus mitos de criação. Para isso, examinaremos brevemente os discursos sinológicos contra ou a favor dos mitos criadores na China antiga, e seus problemas; em seguida, analisaremos algumas passagens documentais chinesas, que ilustram esse debate; por fim, quais as considerações que os próprios chineses fazem sobre isso, através da análise de algumas produções históricas chinesas. Como contexto temporal, definiremos o período limite do século +3, quando teria surgido um primeiro mito de criação nas fontes chinesas, como veremos adiante. Uma definição conceitual Antes de começarmos nossa investigação, precisamos, porém, definir alguns termos básicos. Do que estamos a tratar quando falamos de mitos chineses? Podemos aceitar que os pensadores da China antiga lidavam com cosmogonias ou cosmologias? Esses dois conceitos são fundamentais, e a maneira – sutil – como eles são aplicados no contexto sinológico revelam, para nós, alguns dos problemas que precisaremos enfrentar. Tomo como ponto de partida as definições de cosmogonia e cosmologia de Abbagnano (2007, p.226). Cosmogonia (κοσμογονία) seria o “Mito ou doutrina referente à origem do mundo”, ou seja: uma proposta de compreensão acerca das origens calcada em tradições, orais ou escritas, cujo fundamento seria essencialmente religioso. Como característica básica da cosmogonia, o critério para sua aceitação era a fé no mito, ele próprio estruturador de sua lógica interna. Já a cosmologia (κοσμολογία) seria uma tentativa racional de compreender as origens e o funcionamento do universo, desligando-se (a princípio) da crença dogmática e religiosa. A cosmologia tentaria explicar o mundo pelo raciocínio baseado na observação dos fenômenos da natureza, buscando sistematizar suas leis e seus princípios. Isso implica dizer que a cosmologia pode negar as tradições míticas, se contesta as origens do universo; todavia, se o questionamento cosmológico se circunscreve a tentar compreender a ecologia da natureza (desligando-se da questão temporal), ela poderia aceitar a presença dos deuses na fundação do cosmo. Por fim, a abordagem cosmológica pode mesmo supor que os deuses existiriam, desde que submetidos a uma ordem natural, passível de uma explicação racional. No caso específico dos gregos pré-socráticos, a cosmologia teria sido a primeira abordagem contra as tradições míticas, construindo a perspectiva investigativa das ciências, e propondo sistemas de interpretação da natureza (Bornheim, 1998). E como essas definições se aplicariam ao caso chinês? Como veremos, a questão é que as narrativas que consideramos como cosmogônicas estão praticamente ausentes da antiga literatura chinesa, e as evidências materiais apresentam-nos os cultos primitivos, mas não mitos de origem. Por outro lado, o mais antigo texto chinês conhecido – o Yijing – é o primeiro tratado de ciências da China antiga, caracterizando um complexo sistema de cosmologia criativa. Nele, é proposto um sistema de interpretação da natureza, codificado em símbolos e esquemas matemáticos, cujas atribuições equivaleriam a propriedades elementais da natureza. Isso poderia qualificá-lo como um texto cosmológico; mas a relutância dos sinólogos, calcada em muito em preconceitos culturais e religiosos, costumeiramente classificou o livro como “místico”, atribuindo-lhe uma imagem cosmogônica. Essa visão era corroborada pelos próprios chineses, que vulgarmente usavam o livro como oráculo; por entender que ele explicava racionalmente a natureza, então, o desenrolar dos acontecimentos e das coisas poderia ser compreendido, em suas leis e dinâmica, pela consulta ao livro! Notemos, pois, que o uso das conotações “cosmogonia” e “cosmologia” pode receber caracteres pejorativos ou deturpados, se não houver cuidado com sua utilização. Utilizaremos esses termos, aqui, buscando aproximá-los o máximo possível da interpretação que os próprios chineses dariam aos seus textos, segundo suas tradições historiográficas. Isso implica, claro, na presença de controvérsias e debates acerca dessas mesmas interpretações: no entanto, veremos que as discussões sobre a mitologia e a cosmologia chinesa continuam a ser atravessados pelos mais diversos preconceitos ou projeções, dificultando uma compreensão mais ampla sobre as possibilidades do caso chinês. (continua) André Bueno escreve em Português do Brasil