Hunan | Mais de 1,2 milhões de pessoas afectadas pelas fortes chuvas

As fortes chuvas que caíram na província de Hunan, no centro da China, afectaram mais de 1,2 milhões de habitantes desde a passada quinta-feira, altura em que o tufão Gaemi atingiu o país asiático.

As autoridades locais informaram ontem que a área das culturas danificadas pelo Gaemi atingiu 127.000 hectares e que um total de 96.500 pessoas foram retiradas para um local seguro.

O centro de emergência aérea da província enviou quatro helicópteros para participar nas operações de salvamento na cidade de Zixing, uma das zonas mais afectadas pelas chuvas, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Em Zixing, pelo menos quatro pessoas morreram no passado fim de semana e três estão ainda desaparecidas em consequência das fortes chuvas.

Entre sexta-feira e segunda-feira passadas, Zixing registou uma precipitação média de 410 milímetros, atingindo um máximo de 673,6 milímetros em algumas zonas e registando uma intensidade máxima de 132,2 milímetros por hora.

Na cidade de Yuelin, também em Hunan, 15 pessoas morreram no fim de semana passado num deslizamento de terras provocado pelas fortes chuvas. Actualmente, a província, que tem cerca de 66 milhões de habitantes, mantém uma resposta de emergência de nível II para as inundações e de nível III para as catástrofes geológicas.

Desde meados de Junho, Hunan tem registado as chuvas mais intensas do ano, com recordes históricos locais em algumas regiões.

Nos últimos Verões, as catástrofes meteorológicas causaram grandes estragos no país asiático: os meses de Verão de 2023 foram marcados por inundações em Pequim que causaram mais de 30 mortos, enquanto em 2022 várias ondas de calor extremas e secas atingiram o centro e o leste do país.

2 Ago 2024

Hamas | Pequim preocupada com assassinato de líder

O assassinato de Ismail Haniyeh, um dos líderes mais moderados do grupo palestiniano, representa um rude golpe nas difíceis negociações de paz no Médio Oriente

 

A China manifestou ontem “profunda preocupação” com o assassinato do líder político do grupo islamita palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, e advertiu que este acto “pode provocar novas turbulências na região”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que “um cessar-fogo completo e permanente em Gaza deve ser alcançado o mais rapidamente possível para evitar uma maior deterioração do conflito”.

Em resposta a uma pergunta sobre se a morte de Haniyeh poderia afectar a declaração assinada pelo Hamas, na semana passada, em Pequim, na qual se compromete com outras facções palestinianas a formar um governo, Lin Jian disse que “a China sempre apoiou a reconciliação palestiniana” e que a sua concretização “é um passo importante para resolver a questão palestiniana e alcançar a paz” na região.

O porta-voz afirmou que Pequim espera que as fações palestinianas “concretizem o estabelecimento de um Estado palestiniano independente com base na reconciliação interna”.

“A China sempre esteve empenhada em manter a paz e a estabilidade no Médio Oriente e opõe-se à interferência estrangeira”, disse o porta-voz, acrescentando que Pequim está “disposta a trabalhar com todas as partes envolvidas para fazer esforços no sentido de promover a estabilidade a longo prazo na região”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês expressou na quarta-feira a sua “oposição e condenação” após o “acto de assassinato” do líder da organização palestiniana.

Haniyeh “morreu em resultado de um ataque sionista traiçoeiro”, afirmou um comunicado do Hamas, que garantiu que Israel “não ficará impune”.

Compromisso de união

O líder político do Hamas, que vivia em auto-exílio no Qatar, estava de visita a Teerão para assistir à cerimónia de tomada de posse do reformista Masoud Pezeshkian como Presidente do Irão.

Na declaração assinada na semana passada em Pequim, o Hamas comprometeu-se com a formação laica da Fatah, com a qual está em conflito desde 2007, e com outras facções palestinianas a formar um “governo temporário de unidade nacional” com autoridade sobre todos os territórios palestinianos (Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental).

O representante do Hamas em Pequim para a assinatura deste acordo foi o líder sénior Moussa Abu Marzouk.

Os signatários, incluindo a Jihad Islâmica, a Frente Popular para a Libertação da Palestina e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina, comprometeram-se a manter a aplicação destes acordos “para acabar com a divisão” entre eles, que foram alcançados graças à mediação da China e de outros países como o Egipto, a Argélia e a Rússia.

A China reiterou várias vezes o seu apoio à “solução dos dois Estados”, mostrando a sua “consternação” perante os ataques israelitas contra civis em Gaza, e os seus funcionários realizaram várias reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as negociações de paz.

2 Ago 2024

DSAL | Agosto com mais de 1.500 vagas de emprego

Na segunda metade de Agosto, nos dias 14,15, 22, 25 e 27, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) organiza feiras de emprego onde serão disponibilizadas 1.551 vagas para trabalhar nas concessionárias de jogo. As inscrições para as seis sessões abrem hoje e os residentes interessados podem inscrever-se até 26 de Agosto, véspera da última sessão, no website da DSAL.

A iniciativa tem como objectivo atenuar a pressão sentida por parte das empresas na procura de recursos humanos e proporcionar postos de trabalho aos residentes de Macau, indica a DSAL.

As primeiras sessões de emparelhamento para as empresas decorrerão nos dias 14 de Agosto (SJM Resorts), 15 de Agosto (Galaxy Entertainment Group), 22 de Agosto (MGM e Wynn), 25 de Agosto (Melco Resorts & Entertainment), e 27 de Agosto (Sands China).

As vagas disponíveis são para cargos em “vários departamentos da linha de frente e de apoio de hotéis e estabelecimentos de restauração e bebidas”, sobretudo para “restauração”, “quartos e limpeza” e “operações da linha da frente”, representando mais de 80 por cento das vagas. Porém, serão também disponibilizadas vagas para postos de gestão e de trabalho técnico-profissional, “como gerente de estratégias e de análise, analista de nível avançado, gerente de desenvolvimento de clientes, director de promoção de relação com o cliente, gerente do departamento de tecnologia da informação, engenheiro e gerente da secção de gestão de instalações”.

2 Ago 2024

Jogo | Receitas com subida de 5,1 por cento

As receitas do jogo subiram 5,1 por cento em Julho, face ao mês anterior. Os números foram revelados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

No mês passado os casinos arrecadaram 18,59 mil milhões de patacas, face aos 17,69 mil milhões de patacas de Junho. Foi um crescimento na ordem dos cinco por cento.

Quando a comparação é feita com Julho de 2023, o crescimento é mais acentuado, na ordem dos 11,6 por cento. Em Julho de 2023, os casinos tinham registado receitas de 16,66 mil milhões de patacas.

Apesar das receitas estarem em crescimento, os 18,59 mil milhões de patacas ainda estão longe dos valores pré-pandemia. Em Julho de 2019, os casinos tinham arrecadado 24,45 mil milhões de patacas. A diferença significa que os valores de 2024 são apenas 76 por cento do que acontecia em 2019.

Em termos de receita bruta acumulada, os primeiros sete meses deste ano registaram um aumento de 36,7 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 132,348 mil milhões de patacas contra 96,798 mil milhões de patacas entre Janeiro e Julho de 2023.

Também no que concerne às receitas acumuladas, os valores estão longe dos níveis de 2019, o último ano em que não se sentiram os efeitos da pandemia. Em 2019, até Julho, as receitas acumuladas tinham atingido os 173,96 mil milhões de patacas. O valor do actual ano representa 76 por cento dos montantes registados em 2019.

Macau fechou o ano passado com receitas totais de 183 mil milhões de patacas, quatro vezes mais do que em 2022, depois de em Janeiro ter levantado todas as restrições à entrada de turistas, que vigoraram durante quase três anos, devido à pandemia da covid-19.

2 Ago 2024

MGM / Tailândia | Ponderado investimento através de Macau

A parceria entre a empresa americana e a filha de Stanley Ho pode conhecer um novo capítulo com a entrada no país do sudeste asiático. A expansão da MGM estará sempre dependente da legalização do jogo na Tailândia, mas Pansy e Bill Hornbuckle vão deslocar-se ao terreno no próximo mês

 

Caso o jogo seja legalizado na Tailândia, o grupo MGM Resorts International está interessado em abrir um casino, e o investimento deverá ser feito através do “braço” de Macau, a MGM China. A revelação foi feita ontem por Bill Hornbuckle, presidente do grupo norte-americano, durante a apresentação dos resultados do grupo do primeiro semestre.

Actualmente, no que diz respeito a investimentos no jogo, a gigante americana está presente nos Estados Unidos, principalmente em Las Vegas, onde opera de forma independente, e também em Macau, onde tem uma parceria com Pansy Ho, filha do falecido Stanley Ho, através da empresa MGM China. O grupo está ainda a investir em Osaka, no Japão, onde deverá começar a operar em 2030 e tem a esperança de abrir um casino nos Emirados Árabes Unidos.

No caso da gigante se expandir para a Tailândia, a opção passa por fazer o investimento através da parceria criada para Macau. “Estamos à procura de novos mercados. No próximo mês, eu e a Pansy Ho vamos estar na Tailândia a analisar novas oportunidades”, revelou Bill Hornbuckle. “É uma expansão em que estamos muito interessados, e se avançarmos com o investimento, vai ser feito através da MGM China Holdings”, admitiu.

História de amor

Em relação aos resultados dos primeiros seis meses do ano, a MGM China anunciou um EBITDA (valor antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado de 4,95 mil milhões de dólares de Hong Kong. É um aumento de 1,79 mil milhões de dólares face ao mesmo período de 2023, quando o EBITDA ajustado tinha sido de 3,16 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Em relação aos três meses entre Abril e Junho, o EBITDA ajustado foi de 2,44 mil milhões de dólares de Hong Kong, uma melhoria de 690 milhões de dólares de Hong Kong face ao segundo trimestre de 2023, quando o montante tinha sido de 1,75 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Na apresentação dos resultados, o presidente do Grupo MGM deixou ainda vários elogios à parceira de negócios, Pansy Ho, e à equipa responsável pelas operações em Macau, liderada por Hubert Wang e Kenneth Feng.

“Em Macau a nossa história continua a ser escrita, com um desempenho extraordinário, que começa pela nossa equipa”, afirmou o americano. “A Pansy apostou em vários aspectos que tiveram impacto nos nossos hotéis e fizeram crescer a nossa posição no mercado. Estamos muito gratos por isso”, acrescentou.

Bill Hornbuckle também afirmou que a MGM tem actualmente o casino que gera mais receitas na Península de Macau, o MGM Macau, onde compete com todas as outras operadoras à excepção da Melco. Por outro lado, o presidente do grupo revelou que a quota de mercado da empresa no segundo trimestre foi de 16 por cento.

2 Ago 2024

Burla | Mulher perdeu um milhão de patacas

Uma residente foi burlada em um milhão de patacas por pessoas que diziam pertencer às autoridades policiais da China.

Segundo o jornal Ou Mun, a vítima recebeu, a 10 de Junho, uma chamada de alguém afirmando pertencer à “Esquadra de Telecomunicações e Fraude Online de Xangai”, tendo-lhe sido dito que o número de telefone do interior da China estava ligado a inúmeros casos judiciais envolvendo fraude, jogo ilegal e ameaças.

A mulher negou estar envolvida nos crimes, mas começou a colaborar com o falso agente policial de Xangai nas alegadas investigações. Aí, foi pedido à mulher para se mudar para um hotel e ir divulgando o seu paradeiro.

A 12 de Junho, os membros da falsa entidade policial pediram-lhe para preencher dados da sua conta bancária e transferir 800 mil patacas para provar a inocência nos processos. Até ao dia 22 de Julho a mulher percebeu que todo o dinheiro que tinha na conta fora transferido, tendo o burlão dito à vítima para consultar os dados da Polícia Judiciária sobre os processos de investigação concluídos. Só nessa altura a mulher denunciou o caso às autoridades.

2 Ago 2024

Habitação Pública | Prédio no Iao Hon vai ter 250 apartamentos

De acordo com as propostas apresentadas, as obras da primeira fase vão ter um custo mínimo de 119,04 milhões de patacas. As propostas foram feitas apenas por convite, com a DSOP a justificar a opção de abdicar do concurso público com motivos de segurança

 

A futura habitação pública da Rua Oito do Bairro Iao Hon vai resultar em mais 250 fracções habitacionais e cerca de 100 lugares de estacionamento para automóveis e motociclos. A informação foi disponibilizada para a Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) no âmbito do concurso público para a construção das fundações e caves.

Segundo os pormenores do projecto, o edifício de habitação pública vai ter 30 andares de altura e inclui um estacionamento subterrâneo com três pisos. Também está prevista a instalação de lojas, restaurantes e espaços com fins sociais, como a instalação de centros de associações ou clínicas.

O projecto vai ser feito em duas fases. Num primeiro momento, que deverá demorar menos de dois anos, as obras visam a construção de fundações e caves. Concluídas as primeira obras, arrancam os trabalhos para erigir a superestrutura.

As obras da primeira fase vão ser atribuídas através de adjudicação após consulta, o que significa que algumas construtoras são convidadas pela DSOP para apresentar uma proposta. Sem proposta, as empresas não podem participar no procedimento de atribuição da obra.

A consulta é um método frequentemente criticado, principalmente quando as obras implicam um avultado investimento. No entanto, a DSOP justificou a escolha com a necessidade de garantir “uma elevada experiência e capacidade técnica do empreiteiro em escavação de fundações”.

A DSOP também explicou a opção com o facto de o local das obras ser “contíguo às edificações mais antigas na zona”, o “grau de dificuldade de execução”, as “exigências técnicas mais complexas” e ainda a “segurança do ambiente circundante mais exigente durante o período de construção”.

Mais de 100 milhões

Segundo os valores apresentados nas diferentes propostas, a primeira fase das obras deverá custar entre 119,04 milhões de patacas e 183,08 milhões de patacas. As propostas das construtoras convidadas foram abertas na quarta-feira pela DSOP.

A proposta com o preço mais baixo partiu da Companhia De Decoração San Kei Ip. Também na ordem dos 119 milhões de patacas, seguida pela Companhia de Construção & Engenharia Shing Lung, com um preço de 119,80 milhões de patacas.

Por sua vez, a proposta da Companhia de Construção Cheong Kong tem um valor de 132,45 milhões de patacas, enquanto a proposta da Companhia de Construção e Engenharia Kin Sun (Macau) apresentou um valor de 142,81 milhões de patacas. Por último, a Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau) teve a proposta mais cara, com um preço de 183,8 milhões de patacas.

No que diz respeito ao prazo de execução, todas as construtoras apresentaram um limite de 600 dias para a conclusão dos trabalhos.

2 Ago 2024

Fotografia | “Somos!” vai reavaliar imagens de concurso

A Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa vai avaliar novamente as fotografias submetidas ao concurso “Somos Imagens da Lusofonia 2023/24: Em cada rosto, um legado colectivo”, devido a um erro informático que “permitiu a pré-selecção, e consequente admissão a concurso, de fotografias que não cumpriam a totalidade dos requisitos estipulados no regulamento desta quinta edição”, é revelado em comunicado.

A associação acrescenta, assim, que será feita “uma rigorosa reavaliação de todos os resultados inicialmente divulgados”, sendo “verificada manualmente a data de cada uma das imagens para aferir as que respeitam na íntegra o regulamento do concurso”, pelo que “as fotografias que não cumpram as regras estabelecidas terão de ser excluídas”.

Recorde-se que uma das regras era a submissão de imagens captadas entre 1 de Janeiro de 2022 e 31 de Dezembro de 2023 em países e regiões como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Goa, Damão e Diu.

Os resultados serão anunciados “oportunamente”. A “Somos!” afirma “reservar-se ao direito de reavaliar os critérios e condições de admissão em cada uma das suas edições, os quais ficarão inequivocamente expostos no regulamento e que deverão ser estritamente cumpridos, sob pena de as imagens não serem admitidas a concurso”.

2 Ago 2024

Salários na construção civil caem 3,1 por cento

No espaço de um ano, o salário médio dos trabalhadores residentes da construção civil sofreu uma redução de 3,1 por cento, de acordo com os dados publicados ontem pela Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

No segundo trimestre de 2023, o salário médio diário dos residentes na construção civil era de 995 patacas, no entanto, no segundo trimestre do corrente ano baixou para 964 patacas por dia. É uma redução de 3,1 por cento ou de 31 patacas no espaço de um ano.

Quando a comparação é feita com os três primeiros meses deste ano, o salário médio dos residentes na construção registou uma quebra de 0,5 por cento.

Em relação aos trabalhadores não residentes, o salário médio passou a ser de 681 patacas por dia, de acordo com o número mais recente, no entanto, há um ano cifrava-se nas 696 patacas por dia. É uma diferença de 2,2 por cento, ou 15 patacas.

No comunicado emitido ontem, a DSEC indicou que o ordenado médio no segundo trimestre, considerando todos os trabalhadores do sector, teve uma redução de 1,2 por cento face ao primeiro trimestre, para uma média de 750 patacas por dia.

Materiais com variações

Quanto aos materiais de construção, no segundo trimestre de 2024 o preço médio do varão de aço com estrias de secção redonda teve uma redução de 0,7 por cento em termos trimestrais, para 5.468 patacas por tonelada. Quanto ao betão pronto, houve uma subida ligeira do preço para 1.086 patacas por metro cúbico.

Ainda no segundo trimestre o índice de preços dos materiais de construção dos edifícios de habitação (124,1) aumentou 0,4 por cento, o que significa que os materiais para construir casas ficaram mais caros.

Para este aumento, contribuíram os preços dos cabos eléctricos, areia e pedra britada, cujos índices registaram subidas de 9,8 por cento, 4,6 por cento e 1,3 por cento, respectivamente.

2 Ago 2024

Guangzhou | Consultas online para residentes de Macau

Os residentes de Macau e Hong Kong que moram em cidades da Grande Baía podem agora recorrer a cuidados médicos online através de um hospital em Guangzhou. Apesar das consultas serem à distância, o levantamento de medicamentos tem de ser presencial na unidade da capital de província

 

Na passada quarta-feira, entrou em funcionamento o Hospital da Internet Xinxing, que funciona a partir das instalações do Departamento da Saúde do Distrito de Nansha, em Guangzhou, para disponibilizar consultas online para residentes de Macau e Hong Kong que vivam nas cidades da Grande Baía. As consultas são feitas por médicos das regiões administrativas especiais, que podem prescrever medicação que apenas está disponível em Macau e Hong Kong. A unidade faculta ainda consultas presenciais.

Citado pela agência Xinhua, o subdirector do Departamento da Saúde do Distrito de Nansha, Xia Fuyu, explicou a forma como os medicamentos são levados de Macau e Hong Kong para Guangzhou. Funcionários do departamento responsáveis pela passagem fronteiriça dos medicamentos anexam a documentação necessário, nomeadamente prescrições médicas, licença de médico, identificação da farmácia que disponibilizou os produtos e declaração aduaneira.

Para já, os medicamentos são apenas entregues via correio rápido a residentes de Macau e Hong Kong que residam em Nansha, normalmente entre um e dois dias após a consulta. Os residentes que moram noutras cidades da Grande Baía terão de se deslocar a Nansha para levantar os medicamentos. Segundo a Xinhua, as autoridades do Interior asseguram que desta forma é garantida a segurança dos medicamentos.

A contratar

Por seu turno, o responsável do hospital, Lau Shun-tung, apontou que o serviço de entrega de medicamentos é mais apropriado para as pacientes com doenças crónicas que precisam de consultas de acompanhamento e medicação a longo prazo.

No entanto, Lau Shun-tung ressalvou que o serviço não inclui medicação para psiquiatria e anestesiologia.

Actualmente, o hospital tem nove unidades, incluindo medicina interna, ginecologia e psiquiatria, com nove médicos que prestam serviços de saúde presencialmente e online. As autoridades acrescentam que, neste momento, estão em curso procedimentos para contactar oito médicos.

O primeiro centro de serviços de saúde para residentes em Hong Kong e Macau foi inaugurado no Hospital Central Guangzhou Nansha no ano passado e foi também autorizado o uso de medicamentos e dispositivos médicos registados em Hong Kong para fins clínicos urgentes. Desde Fevereiro de 2023, foram consultadas mais de seis mil residentes das regiões administrativas especiais.

2 Ago 2024

Seventeen | Organização do concerto pagou um milhão em taxas

A empresa Live Nation, que organizou os concertos no Estádio do Centro Desportivo da banda de k-pop Seventeen, pagou um milhão, dez mil e cem patacas de taxa pela utilização do estádio entre 9 e 25 de Janeiro, segundo o regime de utilização das instalações desportivas afectas ao Instituto do Desporto.

A informação foi revelada numa resposta do Instituto do Desporto a um pedido de informação por escrito apresentado por Pereira Coutinho. Em declarações ao HM, o deputado indicou que muitos responsáveis de gestão e formação de futebol pretendem saber quais os passos legais e formalidades burocráticas necessárias para alugar o campo de futebol do estádio da Taipa. Além disso, acrescentou que “um milhão por duas semanas é um valor que muitas pessoas estariam dispostas a pagar” para organizar partidas internacionais de futebol nomeadamente convidando equipas dos países de língua portuguesa.

Recorde-se que os concertos dos Seventeen, que se realizaram dos dias 20 e 21 de Janeiro com assistências em cada dia de cerca de 40 mil espectadores, geraram polémica devido às muitas queixas de residentes que moram na zona. Além das ruas cheias de fãs da banda coreana e do trânsito e estacionamento num caos, a poluição sonora esteve na origem de muitas queixas.

Depois dos concertos, a polémica virou-se para os estragos que o evento provocou no relvado do estádio da Taipa. Os danos levaram as autoridades a exigir “aos organizadores dos concertos da popular banda de K-Pop Seventeen a reparação imediata dos danos no relvado e nas demais instalações provocados pelo concerto e, todos os custos relativos à reparação são da responsabilidade da entidade que utilizou as instalações”.

2 Ago 2024

Fronteiras | Isenção fiscal de bens alargada

Desde ontem, que a medida de isenção fiscal para os bens transportados por quem entra no Interior vindo de Macau foi aplicada a todos os postos fronteiriços. A isenção de impostos para os produtos transportados de Macau para o Interior foi aumentada em Maio para um máximo de 12 mil yuan, quando antes era de 5 mil yuan.

As alterações na isenção fiscal foram promovidas pelo Governo Central de forma a tornar Macau um destino mais atraente para compras, por parte dos turistas do Interior, face à concorrência da Ilha de Hainão, que beneficia de um regime de isenções fiscais semelhante.

Ontem, os Serviços de Alfândega (SA) emitiram um comunicado a sublinhar que após a nova medida reforçaram a vigilância perto das fronteiras, de forma a combater o comércio paralelo, e que detectaram dois casos.

“No primeiro mês da implementação da medida benéfica do Governo Central em Macau, os SA reforçaram a vigilância das zonas próximas do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco e ocasionalmente encontraram o recrutamento de pessoal de saída para ajudar no transporte de mercadorias de comércio paralelo”, foi garantido pelos SA.

“Em resposta a esta situação, os SA organizaram e implementaram os trabalhos de aplicação da lei, e encontraram recentemente dois casos ilegais na zona das Portas do Cerco, e efectuaram procedimentos sancionatórios em conformidade com a lei no sentido de reprimir severamente as actividades ilegais que afectam as medidas em benefício de Macau”, foi relatado.

2 Ago 2024

Exército | Ho no aniversário do “símbolo da soberania do Estado”

Na primeira aparição em público depois das férias, Ho Iat Seng discursou nas comemorações do aniversário do Exército de Libertação do Povo Chinês. O Chefe do Executivo enalteceu o aumento da lealdade das forças armadas sob a batuta de Xi Jinping e destacou a presença da guarnição militar em Macau como um alicerce do princípio “Um País, Dois Sistemas”

 

Ho Iat Seng voltou a aparecer ontem em público na recepção comemorativa do 97.º aniversário do estabelecimento do Exército de Libertação do Povo Chinês (ELPC), depois de um período alargado de férias onde recebeu tratamento médico, já com o processo para a eleição do próximo líder do Governo em curso.

No discurso proferido no quartel militar da Taipa, o Chefe do Executivo começou por enalteceu a “história gloriosa” e “conquistas indeléveis” ao longo dos noventa e setes anos do ELPC, destacando que desde o 18.º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, sob a liderança do Presidente Xi Jinping, se “constata um novo cenário com o aumento da lealdade política das forças armadas”. Além disso, o governante realçou o “fortalecimento militar através de reformas, da tecnologia e da formação de pessoal competente, e gestão militar de acordo com a lei, o que proporciona um forte respaldo estratégico em prol da materialização da grandiosa revitalização da nação chinesa”.

O governante agradeceu o “enorme apoio” prestado pela Guarnição em Macau ao Executivo “acções de combate a desastres e de socorro”. “A Guarnição em Macau, pelas suas acções práticas, é o reflexo de um exército poderoso e civilizado que merece a confiança do Governo Central e do Povo Chinês, bem como o respeito e o reconhecimento dos residentes de Macau”, acrescentou.

Símbolo de soberania

Ho Iat Seng afirmou também que desde 20 de Dezembro de 1999, “a Guarnição em Macau, símbolo da soberania do Estado, tem cumprido a missão sagrada da defesa da RAEM, observado escrupulosamente a Lei Básica”, prosseguindo “de forma abrangente e precisa os princípios de ‘Um País, Dois Sistemas’ e de ‘Macau governada pelas suas gentes’ com alto grau de autonomia”.

No plano prático, o Chefe do Executivo enalteceu as actividades de interesse público em que os militares da Guarnição em Macau participam, como doação de sangue e plantação de árvores, organização de palestras, a abertura ao público das instalações da Guarnição, o acampamento militar de Verão para jovens estudantes de Macau e o acampamento para experimentar a vida militar para estudantes do ensino superior de Macau. Actividades que Ho Iat Seng considera importantes para reforçar o conhecimento da população sobre “defesa nacional e consolidar os valores nucleares de patriotismo e de amor a Macau”.

2 Ago 2024

Eduardo Loureiro, advogado, sobre sector da aviação civil: “No início, o monopólio fez sentido”

O advogado Eduardo Loureiro foi o orador numa palestra sobre aviação civil de Macau, promovida esta semana pela Câmara de Comércio França-Macau. Em entrevista ao HM, defende que as licenças, no processo de liberalização do mercado, poderão ser de 10 anos e que a aprovação da lei não deve ser demorada sob pena de ficar desactualizada

 

A proposta de lei sobre a aviação civil está em análise na especialidade na Assembleia Legislativa. Há muito que o Governo pretende liberalizar o mercado. A demora deste processo tem prejudicado o mercado?

Não. Todas as liberalizações que aconteceram em vários países demoraram até mais tempo. É preciso ver que Macau é um mercado muito pequeno, tem uma situação delicada pois tem um aeroporto em competição com, pelo menos, cinco na vizinhança, e todos eles internacionais. No Japão, nos anos 50, houve um processo de liberalização que demorou algum tempo, e foram apenas permitidas três empresas. Houve o cuidado de estabelecer rotas e tarifas. O mercado de Macau não está a ser afectado [por esta espera] porque várias empresas vêm para o território. A proposta de lei tem de passar ainda pela fase da especialidade e aí pode haver muitas mudanças. Deram mais três anos de concessão à Air Macau e, pelo que li, nas notícias penso que se quis ver qual era o prazo para as futuras licenças. Actualmente é de 25 anos, e não sei se se pretende criar um prazo que seja parecido com o sector do jogo, que na nova versão legislativa é de 10 anos. Foram apenas três anos [de extensão da concessão à Air Macau], o que dá tempo para uma adaptação para que novas empresas se possam preparar caso queiram vir para Macau. Depois haverá a distribuição das licenças por concurso, embora também esteja prevista a figura do ajuste directo, mas penso que será aberto concurso. Terá então de ser analisado quantas licenças comporta o mercado.

E quantas pode comportar? Tendo em conta que o sector do jogo tem seis licenças, o mercado de aviação suporta mais ou menos?

Depende das rotas que essas empresas vão comprar, digamos assim. Pode-se dizer que o mercado está saturado porque as pessoas podem apanhar um avião através de Hong Kong. Mas há aeroportos que servem cidades de nível 1, em termos populacionais. Todas as que estão logo abaixo, de nível 2, não estão servidas directamente por um aeroporto. Muitas vezes esse mercado pode ser lucrativo para várias empresas, que em vez de concorrerem numa rota de Hong Kong para Londres, por exemplo, vão de Hong Kong para Manchester. Servem cidades que surgem logo a seguir em termos de fluxo de passageiros e de carga. É difícil dizer quantas empresas vão entrar no mercado. Algumas simplesmente vão aparecer porque outras decidiram entrar.

Há essa influência.

Sim, muitas empresas funcionam assim. Apostam num mercado depois de terem conhecimento que empresas concorrentes vão entrar. Não sabem o que é o mercado nem o que vai existir nele, mas olham para a empresa concorrente e pensam que deve haver alguma coisa de atractivo para ela fazer essa aposta, e tomam essa decisão. Fazem-se estudos de mercado sobre a população que existe perto de determinado aeroporto, analisa-se as principais actividades económicas e o fluxo de pessoas por aeroporto, e aí analisa-se a possibilidade de atrair uma parte desse fluxo. Tudo isto está ligado ao número de licenças a atribuir. O Governo [de Macau] pode fazer uma auscultação para tentar perceber quantas empresas estariam realmente interessadas e depois então determinar um número de licenças que dê para comportar. Ou então, pura e simplesmente, decide atribuir três ou seis, ou até cinco mais discricionariamente. Pode ser usado qualquer método.

Falando do período de atribuição das licenças. É melhor ser de 10 anos, ou de 25 anos?

Pode ser de 10 anos porque normalmente as previsões das empresas são feitas a cada cinco anos. Isso corresponde a dois períodos, uma década. As empresas querem sempre saber se querem utilizar um aeroporto como destino de passageiros ou onde possam recolhê-los e viajar para outros lados. Não vejo qualquer problema que se atribuam licenças de 10 anos porque nesta área há um grande desenvolvimento tecnológico e pode mesmo ser necessário reduzir os prazos das licenças. Está a decorrer uma grande transformação em todo o sector do transporte aéreo internacional e há novos tipos de equipamento aéreo mais rápido, mais ecológico e que permitem ligar cidades ou pontos mais pequenos. O tráfego, em vez de se fazer por terra, faz-se por ar. Isso vai acontecer, porque as pessoas saem dos carros e passam a deslocar-se no ar.

Há o potencial de Macau vir a ter o transporte por helicóptero mais desenvolvido, à semelhança do que acontece em São Paulo, por exemplo, nas deslocações para territórios vizinhos?

Sim. Aí a própria noção de aeroporto também se modifica, porque um aeroporto tem pistas de aterragem, e com as novas tecnologias que estão a ser desenvolvidas, com os chamados aparelhos de descolagem vertical, deixa-se de ser necessário construir aeroportos ou equipamentos tão grandes. Neste momento, há um número reduzido de pessoas que viaja de helicóptero, e até carga, mas no futuro pode haver mudanças. Com uma descolagem vertical não é necessário ter uma pista de aterragem. Esse é o resultado da ligação da tecnologia ligada ao espaço e ao ar. Os aviões, para terem mais velocidade, vão subir mais alto do que sobem agora, e falamos de velocidades vertiginosas, maiores do que aquelas que existem agora. O normal actualmente é de cerca de 900 quilómetros por hora, e pode ultrapassar três a cinco vezes mais essa velocidade, e essa tecnologia já existe. Mas não existem ainda os acordos necessários para isto se efectivar e ser aceite.

Tantos anos de monopólio da Air Macau tiveram impacto negativo no mercado local?

Não, porque este monopólio coincidiu com a entrada em funcionamento do aeroporto. Para se criar uma indústria é necessário haver um certo nível de protecção, porque o mercado de Macau é mais pequeno e está em competição com outros, e essa foi a solução de momento. É claro que agora já se pode avançar para um outro nível. Mas, no início, o monopólio fez sentido. Caso contrário era quase impossível existir uma companhia de bandeira de Macau, pois imediatamente teria o mercado tomado por outras empresas de fora ou uma extensão de outra empresa com base nos aeroportos que estão à volta. O monopólio foi a solução encontrada para criar rotas e trazer passageiros. Corria-se o risco de o aeroporto não ter, sequer, movimento.

Foi preciso criar mercado.

Sim. Neste caso pretendia-se trazer um novo tipo de actividade económica para Macau e nem todos os territórios deste tipo têm isso. Há territórios demasiado pequenos para terem aeroporto, como é o caso do Mónaco, que recorre ao aeroporto de Nice. Gibraltar tem um aeroporto que está no meio de uma estrada, que funciona como estrada e pista de aterragem.

Neste processo de liberalização haverá maior interesse de empresas chinesas ou do sudeste asiático?

As empresas chinesas têm já muitas ligações com Macau, mas poderá haver uma ou outra que tenha interesse em estabelecer-se no território, por incentivos fiscais ou através da criação de outras rotas. A novidade vai ser empresas que venham de mais longe, talvez do Médio Oriente, que podem fazer voos entre o Ocidente e o Extremo Oriente, aterrando em cidades que ainda não estão servidas de rotas directas. Esta será a primeira internacionalização que prevejo. Depois poderá haver ligações directas para a América do Norte e depois para a América do Sul, em que não há nenhuma ligação. Tendo em conta os fluxos de comércio que já existem, faz sentido existirem essas conexões.

Do que conhecemos da proposta de lei que está na Assembleia Legislativa, considera que tem um conteúdo inovador e equilibrado?

É bastante extensa, inovadora onde pode ser. A aviação civil é uma área em que a inovação é muito rápida e em termos legislativos não se consegue estar completamente ao mesmo nível. Na área dos drones, por exemplo, há um desenvolvimento muito maior do que a possibilidade de se legislar sobre o assunto. É uma proposta de lei que abrange mais áreas, que estabelece alguns princípios a fim de evitar conflitos de interesses entre a Administração, que faz a supervisão, e possíveis empresas que estejam em contacto com a realidade da aviação. A proposta de lei cobre uma série de áreas e está bem integrada com os tratados e acordos multilaterais que estão em vigor. É bastante mais extensa e melhor do que a anterior. Se demorarem muito tempo na análise na especialidade a proposta de lei entra rapidamente em desactualização, porque é assim nesta área. Não se pode demorar muito tempo, se não há o risco de ficar desactualizada antes de ser publicada. Mas tenho a dizer que há um aumento previsto do mercado de aviação, tendo em conta alguns estudos que vi da Airbus e Boeing, e outras, são todos coincidentes a concluir o aumento do tráfego aéreo, há essa expectativa. Sei que é mais de 10 por cento por ano, e isso sustenta a liberalização do mercado, só esse factor. Mas a própria liberalização traz um aumento de mercado, porque as pessoas quando têm mais possibilidades vão experimentar. Há necessidades de transporte de pessoas e de carga que neste momento demoram mais tempo porque têm de usar outros pontos. Se houver uma concentração em Macau, isso pode ser concorrencial. Macau pode ser mesmo concorrencial se utilizar mecanismos, e estão previstos alguns, de incentivos fiscais, custos mais baixos e um bom sistema de escoamento de carga e pessoas. Em Macau aplicam-se todos os tratados internacionais à excepção de um, e em Hong Kong a mesma coisa. Trata-se de um acordo que só se aplica no Interior da China, que é a Convenção da Cidade do Cabo, sobre o que se pode fazer em caso de insolvência das empresas de aviação para poder recuperar os aviões que ficam parados. Portanto, em matéria de tratados internacionais não existe qualquer problema, nem no facto de a legislação ter demorado cerca de 20 anos a ser revista. Houve países em que se demorou mais tempo.

2 Ago 2024

Diplomacia | Pequim critica declarações do Japão

O chefe do Departamento de Assuntos Asiáticos do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês manifestou ontem “grande preocupação” a um representante diplomático japonês na China, pelas declarações de funcionários japoneses numa reunião com homólogos norte-americanos.

Liu Jinsong sublinhou, durante uma reunião, que os “comentários negativos e falsas narrativas sobre a China” são “inconsistentes com os compromissos do Japão de promover uma relação estratégica mutuamente benéfica” entre Pequim e Tóquio, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado.

Liu instou o Japão a adoptar “uma perspectiva objectiva e racional em relação à China” e a evitar “intervir nos assuntos internos” chineses e “formar alianças exclusivas que promovam o confronto”.

O representante chinês sublinhou a necessidade de ambas as nações “trabalharem em conjunto para manter a base política das relações bilaterais” e “concretizarem efectivamente a relação estratégica mutuamente benéfica”, para manter “a estabilidade regional e global”.

O responsável japonês, Akira Yokochi, reafirmou que o Japão mantém a posição de “tratar a questão de Taiwan de forma adequada” e garantiu o empenho de Tóquio “no avanço de uma relação estratégica mutuamente benéfica” com a China.

Na segunda-feira, os chefes da diplomacia do Japão, dos Estados Unidos, da Índia e da Austrália, membros da parceria de segurança Quad, comprometeram-se a reforçar a cooperação em matéria de segurança marítima no Indo-Pacífico, face às tensões na região devido à crescente assertividade da China.

Yoko Kamikawa, Antony Blinken, Subrahmanyam Jaishankar e Penny Wong adoptaram uma declaração conjunta durante a reunião anual da aliança de segurança quadrilateral, realizada em Tóquio.

1 Ago 2024

Pequim e Qatar condenam assassínio do líder do Hamas no Irão

A China e o Qatar condenaram ontem o assassínio do líder político do grupo islamita palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, que foi morto num ataque em Teerão, no Irão, na terça-feira à noite.

“Estamos muito preocupados com esse incidente. Opomo-nos vigorosamente e condenamos este assassínio”, declarou um porta-voz da diplomacia chinesa, Lin Jian, durante uma conferência de imprensa. A China apoia a causa palestiniana há décadas.

Também o Qatar – um dos mediadores entre o Hamas e Israel na guerra na Faixa de Gaza – condenou ontem o “assassínio” do líder do Hamas, considerando-o um “crime hediondo” e alertando para uma “escalada perigosa” na região.

“O Qatar acolhe a liderança política do Hamas, na qual estava incluído Haniyeh, que medeia as negociações para uma trégua na Faixa de Gaza. Acreditámos que esse assassínio “poderá mergulhar a região no caos e comprometer as hipóteses de paz”, segundo um comunicado de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar.

O líder da ANP, Mahmud Abbas, e o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, condenaram a morte de Haniyeh.

Abbas, que governa partes da Cisjordânia ocupada, “condenou veementemente o assassínio do líder do Hamas e considerou-o um acto cobarde e um acontecimento perigoso”, informou a agência de notícias oficial palestiniana Wafa.

Além disso, “apelou às massas e às forças do povo palestiniano para a unidade, a paciência e a firmeza face à ocupação israelita”. Al-Sheikh, por seu lado, descreveu “o assassínio” de Haniyeh como “um acto cobarde”. “Obriga-nos a permanecer mais firmes diante da ocupação”, sublinhou nas redes sociais.

Laços apertados

Numa reacção, o Irão afirmou que a morte de Haniyeh vai servir para reforçar os laços entre o país e o povo palestiniano. Outros países já reagiram à morte do chefe do Hamas, com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Bogdanov, a denunciar um “inaceitável assassínio político”.

A Turquia condenou o “desprezível assassínio” de Haniyeh, um aliado próximo do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

1 Ago 2024

Gaza | EUA dizem que nada põe em causa a importância de um cessar-fogo

O secretário de Estado norte-americano defendeu ontem que “nada coloca em causa a importância de alcançar um cessar-fogo” em Gaza, após o assassínio do líder político do movimento islamita palestiniano Hamas.

“Vi a informação e o que posso dizer nesse momento é que nada coloca em causa a importância de se conseguir um cessar-fogo”, sublinhou Antony Blinken durante uma conferência na Universidade Nacional de Singapura, quando questionado sobre a morte de Ismail Haniyeh.

“Não vou especular sobre o impacto que qualquer acontecimento possa ter”, disse Blinken, acrescentando: “O que sei é que continuaremos a trabalhar todos os dias” no cessar-fogo e na “prevenção de uma escalada do conflito”.

A Guarda Revolucionária iraniana declarou ontem que o chefe da ala política do Hamas e um guarda-costas morreram durante um “ataque” à casa onde Haniyeh se encontrava em Teerão, na terça-feira à noite.

“A residência de Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político da resistência islâmica do Hamas, foi atacada em Teerão e, devido a este incidente, ele e um guarda-costas morreram”, refere o comunicado. Até ao momento, o ataque não foi reivindicado. As autoridades israelitas não confirmaram qualquer operação em Teerão.

O grupo islamista palestiniano Hamas confirmou ontem o assassinato do seu líder, Ismail Haniyeh, em Teerão, onde se encontrava em visita oficial, e responsabilizou Israel, alertando que tal acto “não ficará impune”.

“Estamos a trabalhar desde o primeiro dia para evitar uma escalada do conflito”, disse Blinken, insistindo que “uma das chaves para garantir que isso não aconteça é conseguir um cessar-fogo”.

O chefe da diplomacia norte-americana sublinhou a importância de “trazer de volta os reféns, aliviar o sofrimento dos palestinianos e colocar a situação num caminho melhor não só em Gaza, mas em toda a região”. “Trabalhamos todos os minutos de cada dia para que isso aconteça”, reiterou o chefe da diplomacia dos EUA.

Sentimento comum

Horas antes dos comentários de Blinken, que está em digressão pela Ásia, o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, defendeu, a partir das Filipinas, que a escalada do conflito no Médio Oriente “não é inevitável”, apesar da morte de Haniyeh.

“Mantenho que a guerra não é inevitável (…). Há espaço para a diplomacia”, disse Austin em declarações aos meios de comunicação social na baía filipina de Subic, a antiga maior base naval dos EUA no estrangeiro.

A Autoridade Palestiniana (ANP) e países como Irão, Turquia, Rússia, China, Qatar, entre outros, juntaram-se ao coro de vozes que condenaram a morte do líder do Hamas.

1 Ago 2024

Ondas de calor, sensação térmica e “wind chill”

É sabido que uma das consequências das alterações climáticas consiste no aumento da intensidade e frequência de ondas de calor, as quais são uma das principais causas de morte relacionadas com condições meteorológicas extremas. Por exemplo, um estudo1 referente ao período 1959–2013, mostrou que em algumas regiões da China as ondas de calor têm tido maior frequência e duração desde 1990. No caso particular de Macau, também se observa um aumento significativo na sua frequência, embora não se tenham detetado tendências positivas significativas na intensidade e duração, de acordo com um estudo elaborado por meteorologistas da Direção os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau2.

Também em Portugal, nas últimas três décadas, a tendência é de aumento da sua frequência. Apesar da ocorrência ser mais provável no verão, podem acontecer em qualquer estação, como se verificou este ano, em janeiro, no norte e centro do país.

O conceito de onda de calor é definido por critérios diferentes conforme as caraterísticas climáticas dos países. No caso de Portugal, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), considera-se que ocorre uma onda de calor quando num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos, a temperatura máxima diária é superior em 5 °C ao valor médio diário no período de referência.

De acordo com o Programa de Observação da Terra da União Europeia, 23 de julho de 2024 foi o dia mais quente desde 1940. O valor da temperatura média à escala global atingiu 17,16 °C3, ultrapassando o recorde anterior de 17,08 °C. Este facto serviu de base para mais um alerta do Secretário-Geral das Nações Unidas, que voltou a alertar para a ameaça crescente ao nosso bem-estar socioeconómico e ambiental. Segundo António Guterres, “… a Terra está a tornar-se mais quente e mais perigosa para todos, em todo o lado”, acrescentando “… milhares de milhões de pessoas enfrentam uma epidemia de calor extremo – definhando sob ondas de calor cada vez mais mortíferas, com temperaturas que ultrapassam os 50 graus Celsius…”.

Segundo um estudo4 divulgado na véspera do Dia Nacional da Conservação da Natureza (28 de julho), as consequências das alterações climáticas podem causar até 14,5 milhões de vítimas mortais até 2050, sendo atribuídas às ondas de calor 1,6 milhões.

Este texto vem a propósito da onda de calor que ocorreu recentemente no Dubai, em julho de 2024. De acordo com notícias divulgadas pelos meios de comunicação social, a sensação térmica neste Emirado atingiu cerca de 62 °C em 17 de julho. Na realidade, os termómetros não registaram mais do que 43 °C, mas o facto de valores altos de vários parâmetros meteorológicos se terem conjugado fez com que a sensação térmica fosse exageradamente alta.

Embora a sensação de calor não seja igual em todos os seres humanos, convencionou-se adotar um índice, designado por sensação térmica, para traduzir o grau de desconforto. Trata-se de uma temperatura aparente, que depende não só de fatores meteorológicos, mas também das características pessoais como, por exemplo, idade, índice de massa corporal, sedentarismo e hábitos alimentares. Uma pessoa com sobrepeso tem tendência a ser mais incomodada com o calor do que alguém com o peso ideal. É evidente que as fórmulas, com base nas quais se calcula a sensação térmica, não podem entrar em linha de conta com estes fatores. As mais utilizadas, para temperaturas altas, limitam-se a considerar a temperatura do ar e a humidade relativa.

Quando o ar é relativamente seco, o suor resultante da transpiração evapora facilmente. Para esse efeito o nosso corpo cede calor, o que provoca a sensação de frescura, o que já não acontece quando a humidade relativa é alta. Vejamos um exemplo extraído da tabela5 usada pelo Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos da América: à mesma temperatura de 30 °C, fazendo corresponder a humidade relativa de 40%, 50% e 90%, correspondem, respetivamente, sensações térmicas de 29 °C, 31 °C e 41 °C.

Ainda segundo esta tabela, são as seguintes as relações entre sensação térmica para diferentes intervalos de temperatura aparente e as consequências possíveis:

SENSAÇÃO TÉRMICA

CUIDADOS E CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS

Mais de 54 °C

Perigo extremo: insolação iminente

41-54 °C

Perigo: provável insolação, cólicas musculares e/ou exaustão pelo calor com exposição prolongada e/ou atividade física.

32-41 °C

Cuidado extremo: possível insolação, cólicas musculares e/ou exaustão pelo calor com exposição prolongada e/ou atividade física.

27-32 °C

Cuidado: possível fatiga com exposição prolongada e/ou atividade física.

Embora as tabelas para situações caracterizadas por temperaturas altas não entrem em consideração, em geral, com a velocidade do vento, este parâmetro tem também influência na sensação térmica. Os motociclistas conhecem bem este fenómeno, pois sentem um acréscimo da sensação térmica à medida que a velocidade do motociclo aumenta, em situações de grande calor.

Nos dias frios o fator mais determinante para a sensação térmica, além da temperatura, é a velocidade do vento. Por esta razão as tabelas para o cálculo da sensação térmica não entram em consideração, em geral, com a humidade relativa. Nos países de língua inglesa a sensação térmica é designada por “wind chill”. Por exemplo, à temperatura de -5 °C e vento de 40 km/h corresponde o valor de “wind chill” de -14  °C, conforme a tabela adotada pelo Serviço Meteorológico do Canadá.

Em situações de temperaturas baixas, embora a velocidade do vento seja o fator mais decisivo, a humidade relativa também tem importância para a sensação térmica. O frio é mais suportável quando o ar é seco. Por exemplo, uma situação meteorológica caracterizada por 7 °C em Lisboa é mais suportável do que a mesma temperatura em Macau, onde, em geral, o ar é muito mais húmido.

*Meteorologista

Referências:

“Heat Waves in China: Definitions, Leading Patterns, and Connections to Large-Scale Atmospheric Circulation and SSTs” (by Pinya Wang, Jianping Tang, Xuguang Sun, Shuyu Wang, Jian Wu, Xinning Dong, Juan Fang).

“Extreme rainfall and summer heat waves in Macau based on statistical theory of extreme

Values” (by Weiwen Wang, Wen Zhou, Soi Kun Fong, Ka Cheng Leong, Iu Man Tang, Sau Wa Chang, Weng Kun Leong).

Note-se que se trata da temperatura média diária e não da temperatura máxima diária. No que se refere a esta, o recorde mundial é de 56,7 °C, em 10 de julho de 1913 em Furnace Creek, Greenland Ranch (próximo do Death Valley, Estados Unidos da América), à altitude de 54 m abaixo do nível do mar.

“Avaliação do impacto das alterações climáticas na saúde humana” – estudo elaborado pela empresa de consultoria OIiver Wyman, em colaboração com o Fórum Económico Mundial (FEM).

1 Ago 2024

O Clube da Luta (II)

“Pezeshkian might be able to bring some social freedoms. But he will be a weak president because Khamenei and his allies are much more powerful than the president.”

Sohrab Hosseini

(continuação)

O império persa informal, tal como o império turco em reforma, e o Estado judaico dotado de uma poderosa diáspora entre as elites americanas pensam para além da escala clássica do Médio Oriente. Esta delimitação preguiçosa deixa muito a desejar. A Grande Guerra não conhece restrições geográficas. A sua dimensão é mundial porque está destinada a determinar a evolução das dezenas de conflitos maiores e menores que a distinguem.

A desamericanização e a desglobalização avançam a galope. É pouco provável que sejam invertidas pelo que resta do Ocidente. O antigo Grande Médio Oriente deve ser mantido sob observação especial. Não tanto pelo seu valor intrínseco, mas porque as ligações ou desconexões do triângulo Israel-Irão-Turquia com o triângulo Estados Unidos-China-Rússia, o vértice do jogo, serão decisivas. A visão geopolítica da República Islâmica resume-se na fórmula 4×3. Quatro pilares ideológicos, dois dos quais subversivos, o islamismo político de tradição khomeinista e pan-islâmica e o terceiro-mundismo adaptado ao clima do “Sul Global”, para além do nacional-imperialismo iraniano e do xiismo tradicional. Aplicado aos países estrangeiros vizinhos, à Ásia Ocidental e à esfera do “Sul Global”, suficientemente não especificada.

A experiência minoritária do xiismo nos círculos muçulmanos e a subtileza persa convidam a considerar qualquer táctica iraniana com o benefício do inventário. A ductilidade é a sua imagem de marca. A temperatura do Irão neo-imperial não deve ser medida tanto pelos factores étnicos e religiosos como pelos nós militares, logísticos, tecnológicos e económicos da sua extroversão de intensidade variável. O objectivo estratégico é afirmar-se de forma decisiva no arco que vai do Levante ao Afeganistão/Paquistão e ao sistema Hormuz-Bab el-Mandeb, chave de acesso ao Indo-Pacífico. Para isso, é necessário expulsar o Grande Satã dessa zona ou, pelo menos, induzi-lo a uma postura passiva. E acompanhar o Pequeno Satã até à sua extinção como “entidade sionista” incompatível com o ambiente islâmico em que surgiu é uma questão de tempo. O jogo final será disputado contra a Arábia Saudita e as oligarquias sunitas do Golfo.

O confronto regional com as petromonarquias árabes parece estar agora em segundo plano, atenuado pelas recentes aproximações de emergência entre sauditas e iranianos, estimuladas pela astenia de Washington que preocupa os seus antigos clientes do Golfo. A rivalidade a longo prazo não está, portanto, terminada. O “eixo de resistência” criado por Teerão com actores assimétricos como o Hezbollah libanês, o regime sírio, os palestinianos da Jihad islâmica e o Hamas é uma faca de dois gumes. Uma contra Israel, declarada e praticada. A outra, encoberta mas estratégica, contra a família saudita que se apoderou abusivamente dos “Lugares Santos”. Porque se a fundação da “entidade sionista” em solo muçulmano e a penetração americana são estranhas à “Casa do Islão”, portanto transplantes destinados a serem rejeitados, o desafio da hegemonia no campo islâmico é permanente. Os clientes do império de Teerão, exibidos como libertadores da Palestina, são e devem continuar a ser duplos.

Ao mesmo tempo que combatem Israel, têm de contrariar Riade e os seus associados. Por exemplo, o Hezbollah deve bloquear as vagas tentativas sauditas de atrair o Líbano para a sua esfera de influência. Quando o Estado sionista cair, porque está destinado a cair não deve acabar sob a casa saudita e/ou outros ramos sunitas do Golfo. O eixo de resistência é o crescente xiita invertido, o cavalo de batalha dos regimes árabes pró-ocidentais, ou supostamente. Desde os que mantêm uma paz fria com Israel (Egipto e Jordânia) até aos signatários dos “Acordos de Abraão”, à espera de descolar. Acordos bilaterais patrocinados em 2020 por Washington e oferecidos por Jerusalém aos Emirados Árabes Unidos e ao Bahrain, ou alargados a Marrocos e ao Sudão (que finge existir).

No pressuposto de que, mais cedo ou mais tarde, a cooperação secreta israelo-saudita, reduzida após o 7 de Outubro de 2023, encontrará uma sanção pragmática. O factor ordenador da geopolítica do Médio Oriente, segundo Teerão, não é o tão propalado confronto Israel-Irão. É a rivalidade entre iranianos e sauditas, complicada pelo emiratismo. A linha divisória em torno da qual oscilam os actores regionais divide o império persa e o Golfo, com grande peso saudita. Onde Abu Dhabi, com a força da enorme riqueza financeira posta ao serviço das miragens da família dirigente, joga sozinho, como um terceiro grande. Terá o Irão os meios para uma estratégia de grande potência? Uma pergunta tipicamente europeia, de quem sofre de economicismo crónico.

É claro que décadas de sanções, guerras, ineficácia e corrupção pesam sobre a saúde do aparelho produtivo iraniano, especialmente no sector crucial da energia. Mas a República Islâmica contorna a maior parte das restrições impostas por Washington, de tal forma que oferece aos russos tutoriais não gratuitos sobre como triangular e criar condutas financeiras e comerciais de emergência. Nascidas temporárias, estas manobras tecem redes alternativas à influência americana. Originalmente postos de primeiros socorros, transformam-se em hospitais de campanha e, amanhã, talvez, em alternativas permanentes à “ordem baseada em regras”, uma imagem de marca do Ocidente cheio de estrelas. Mais limitativo é o clima político interno, onde a transição das origens teocrático-territoriais para o regime actual é bastante instável. A incompatibilidade entre os jovens progressistas e as estruturas repressivas que respondem ao Pasdaran e ao Basiji, dotadas de vistosas agências de espionagem e de polícia, é chocante.

Será que a sucessão do Guia Supremo, que em breve atingirá a idade de Ali Khamenei, de 85 anos, será a faísca que incendiará o material inflamável acumulado dentro e à volta do regime? O confronto poderá ser desencadeado ainda mais cedo. O descontentamento em relação ao sistema (nezam) exprime-se na abstenção eleitoral galopante, na ausência de candidatos alternativos aos pré-seleccionados pelos apparatchiks. A eleição do sucessor do falecido Presidente Raisi, deu-no uma ideia mais clara. Até à eventual reforma ou mudança do sistema, a pergunta rainha permanecerá sem resposta. A estratégia do império persa ignora ou depende da ideologia do regime do momento? Kissinger perguntava-se em público se o Irão era uma nação ou uma causa. Traduzindo, um actor racional, portanto disposto a comprometer-se com a América, ou subversivo. Em privado, a resposta foi “uma nação com a sua própria causa, claro”. Talvez um elemento útil para a análise seja a relação entre o último Xá e o seu subversivo. Ambos muito mais pragmáticos do que pareciam.

O primeiro pró-ocidental, mas não o fantoche anglo-americano descrito pelos revolucionários marxistas-islamistas. O outro, mais nacional-imperial na sua teologia. Se os barões da inteligência sobrevivessem nalgum departamento de ciências políticas da Ivy League, ofereceriam a Mohammad Reza Pahlevi e a Ruhollah Khomeini diplomas honorários duplos ad memoriam na teoria do realismo aplicado. A estratégia de qualquer grande potência é manter-se nessa posição. O mesmo se aplica ao império persa, que se considera como tal, mesmo que não possua todos os seus atributos. Incluindo a bomba. O fio vermelho que liga o projecto atómico do Xá, lançado nos anos de 1950, ao da República Islâmica traça a continuidade estratégica entre dois regimes com uma genealogia imperial comum. Ambos se reclamam herdeiros da dinastia Aqueménida (cerca de 550-330 a.C.). O cilindro de Ciro entusiasma tanto o Xá como Khomeini e os seus sucessores.

O desenvolvimento da energia atómica desejado pelo Rei dos Reis fala em termos civis e pensa em termos militares. Os juristas xiitas que lideram a revolução insistem nesta ambiguidade. O líder supremo confirma a opção civil com fatwa ao mesmo tempo que aprova o programa secreto de enriquecimento de urânio, de modo a poder desenvolver um arsenal atómico associado a mísseis balísticos hipersónicos com um alcance de mais de 1500 quilómetros. Capazes de atingir Israel numa dúzia de minutos. Teerão será uma potência nuclear quando decidir fechar o círculo. Basta-lhe uma luz verde do Guia ou de quem quer que seja. Será conveniente para o Irão tirar a máscara e desafiar os dois Satãs? Não me parece que seja o caso. O regime de dormência nuclear permite a Teerão explorar as vantagens da dissuasão suprema sem se expor a retaliações israelitas e americanas.

1 Ago 2024

Instalação de mísseis norte-americanos nas Filipinas cria tensão na região, diz Pequim

A China afirmou ontem que a instalação do sistema de mísseis de médio alcance Typhon nas Filipinas “vai criar tensão e confronto na região”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse ontem, em conferência de imprensa, que a medida “contribui para a corrida ao armamento e é contrária à necessidade de paz e prosperidade na região”.

Lin Jian instou Manila e Washington a “ouvirem as exigências das nações da região” e a “corrigirem as suas acções erradas”, “retirando os sistemas de mísseis intermédios o mais rapidamente possível, em conformidade com os compromissos anteriormente assumidos”.

“A região precisa de estabilidade e desenvolvimento, não de mísseis e confrontos”, acrescentou o porta-voz, apelando a Manila para que “não continue no caminho errado”.

O sistema Typhon foi instalado na ilha de Luzon, no norte do país, em Abril passado, no âmbito de exercícios militares conjuntos entre EUA e Filipinas, o que suscitou protestos de Pequim, que o considerou uma “reminiscência da Guerra Fria” e exigiu a sua retirada imediata e o compromisso de nunca mais o trazer para a região.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, abordou recentemente a questão com o seu homólogo filipino, Enrique Manalo, em Vientiane, capital do Laos, durante a cimeira dos Ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Os altos e baixos entre Pequim e Manila nos últimos anos “mostram que não é fácil construir uma boa relação, mas é muito fácil destruí-la”, disse o chefe da diplomacia chinesa, que sublinhou que estas relações atravessam atualmente “sérias dificuldades e desafios”.

Wang responsabilizou Manila por esta situação: “As Filipinas violaram repetidamente os consensos entre as duas partes e os seus próprios compromissos, promoveram continuamente infrações marítimas e incitaram a opinião pública”.

Águas agitadas

Filipinas e China estão envolvidas numa disputa territorial no Mar do Sul da China, onde os confrontos entre navios de ambos os países aumentaram nos últimos meses.

Para além do atol Segundo Thomas, Manila e Pequim disputam a soberania do recife de Scarborough, perto da ilha filipina de Luzon, e de várias ilhas do arquipélago de Spratly, onde o Brunei, a Malásia, e Vietname também têm reivindicações.

As tensões entre China e Filipinas aumentaram desde a chegada ao poder de Ferdinand Marcos Jr., em 2022, que reforçou a sua aliança militar com os EUA e alargou o acesso das tropas americanas às suas bases, incluindo algumas com acesso estratégico ao Mar do Sul da China ou à ilha de Taiwan.

1 Ago 2024

Pequim / Díli | Relação com significado estratégico “maior do que nunca”

Os líderes chinês e timorense afirmaram ontem, numa declaração conjunta, que a relação entre os seus países tem um “significado estratégico maior do que nunca”, face à “aceleração da modernização da China” e “mudanças históricas no mundo”.

“Numa fase crítica de aceleração da modernização e de realização do rejuvenescimento [da China], ao mesmo tempo que ocorrem mudanças históricas no mundo, as relações entre China e Timor-Leste têm um significado estratégico maior do que nunca”, lê-se no documento assinado pelo Presidente timorense, José Ramos-Horta, e o homólogo chinês, Xi Jinping.

China e Timor-Leste elevaram, no ano passado, as relações bilaterais para uma “parceria estratégica abrangente”, o segundo nível mais alto no protocolo da diplomacia chinesa.

“As discussões que tiveram lugar esta semana são uma continuação das conversações realizadas em 2023 sobre o estabelecimento de uma Parceria Estratégica Abrangente que abriu um novo capítulo nas relações bilaterais”, afirmou, num despacho, a agência noticiosa oficial Xinhua.

Na declaração conjunta, após uma visita de três dias de Ramos-Horta a Pequim, Timor-Leste louvou os “resultados impressionantes alcançados pela China na primeira década da Nova Era”, após a ascensão de Xi Jinping ao poder, e disse acreditar que “a modernização chinesa apresenta um novo paradigma, que alarga os caminhos e as opções para os países em desenvolvimento alcançarem a modernização”, numa altura em que Pequim oferece o seu modelo de governação como alternativa à democracia liberal.

No bom caminho

Segundo o comunicado, “Timor-Leste acredita que o Partido Comunista da China vai liderar todo o povo chinês, de todos os grupos étnicos, num esforço concertado para concretizar o objectivo (…) de construir um grande país socialista moderno em todos os aspectos, e promover o rejuvenescimento da nação chinesa (…) através do caminho chinês para a modernização”.

Os dois líderes enfatizaram o apoio mútuo em questões relativas aos respectivos interesses centrais dois países, numa “demonstração do significado estratégico das relações”.

“Timor-Leste reiterou a sua firme e inequívoca adesão ao princípio ‘uma só China’, reconheceu que existe apenas uma China no mundo e que o Governo da República Popular da China é o único Governo legítimo que representa toda a China e que Taiwan é parte inalienável do território chinês”, lê-se no documento.

Dili comprometeu-se a não estabelecer “qualquer forma de relação diplomática” ou conduzir “qualquer forma de contactos oficiais” com Taiwan e frisou o seu apoio a “todos os esforços do Governo chinês para realizar a reunificação nacional”.

Dili disse ainda “apreciar muito a visão de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade (…) e a Iniciativa de Segurança Global”.

1 Ago 2024

FIMM | Mariza actua com Orquestra Chinesa em Novembro

Foi ontem apresentado o cartaz da 36.ª edição do Festival Internacional de Música de Macau que traz um espectáculo da fadista portuguesa Mariza com a Orquestra Chinesa de Macau para cantar alguns dos seus maiores êxitos. Este ano, o FIMM traz também a Macau o grande músico de jazz Herbie Hancock

 

A fadista Mariza vai actuar no 36.º Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) acompanhada pela Orquestra Chinesa de Macau (OCM), anunciou ontem a organização. O festival, que decorre entre 4 de Outubro 4 de Novembro, traz “a diva portuguesa do fado” ao território para uma “colaboração sublime” com a OCM, afirmou a presidente do Instituto Cultural (IC) durante a conferência de imprensa de apresentação do festival.

“Queremos destacar que Macau é um lugar onde existe uma combinação da cultura oriental e ocidental”, referiu Leong Wai Man, explicando por que razão “o fado tem vindo a colaborar” frequentemente com a Orquestra.

O concerto de Mariza está agendado para o dia 4 de Novembro, às 20h, no Londoner Theatre, tendo como destaques fados como “Primavera”, o célebre “Ó Gente da Minha Terra”, “Chuva”, “Melhor de Mim” ou “Quem Me Dera”, estando o programa sujeito a alterações.

No cartaz do festival, lê-se que “nas últimas duas décadas, Mariza passou rapidamente de fenómeno do fado de Lisboa a ícone global”, sendo descrita como a “verdadeira embaixadora da música portuguesa” e “a artista portuguesa viva mais consagrada em todo o mundo”, com um repertório “ancorado no fado clássico e contemporâneo”.

“Graciosamente acompanhada pela destreza do seu quinteto habitual, a cantora empresta a sua voz à Orquestra Chinesa de Macau, sob a batuta de Tsung Yeh, maestro de renome internacional, adornando a poesia ocidental com acordes chineses. Apresentando êxitos escolhidos de uma carreira de 20 anos intercalados por temas mais recentes, certamente que o concerto deixará pairar no público uma sensação de fascínio”, descreve o IC.

O génio de Herbie

Num festival com “diferentes programas de diferentes tipos de música para diferentes tipos de fãs”, a responsável destacou, entre os 12 programas, o espetáculo de abertura, “Tosca – Ópera em Três Actos de Giacomo Puccini”, que leva ao palco do Centro Cultural de Macau “o eminente Teatro Mariinsky da Rússia”.

Já o director de programação do festival, salientou o concerto de Herbie Hancock, de 84 anos, pianista norte-americano. “Quando falei com Hancock, ele disse que podia ser a última digressão mundial que ia fazer”, notou Lio Kuok Man, sublinhando a importância da vinda do músico, que, de acordo com a organização, tem uma “ilustre carreira coroada com 14 Grammys”.

Este espectáculo acontece no dia 3 de Novembro, às 20h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau, com bilhetes que variam entre as 200 e as 650 patacas.
No cartaz do FIMM, é descrito que, com 70 anos de carreira, “Herbie Hancock é um verdadeiro ícone contemporâneo” que “ao longo das suas explorações, transcendeu fronteiras e géneros, mantendo uma voz inconfundível”.

Hancock ganhou destaque pela primeira vez como membro do Quinteto Miles Davis, durante a década de 1960, e através das primeiras gravações a solo para a Blue Note Records. O seu trabalho nos anos 70 fundiu jazz eléctrico com funk. Ainda na música jazz, o trompetista dos EUA Wynton Marsalis e a Orquestra Jazz do Centro Lincoln estreiam-se na região chinesa “num concerto enérgico cheio de notas vibrantes”, decreve a organização.

Presente no festival, vai ainda estar o DoosTrio, “grupo de solistas conceituados e bons amigos que fundem as suas próprias tradições, dando nova vida aos ritmos fascinantes da antiga Pérsia, China e Índia”.

Um concerto que junta Kayhan Kalhor, mestre do ‘kamancheh’, instrumento iraniano de cordas, Wu Han, especialista chinesa da pipa, e Sandeep Das, que toca tabla, instrumento musical de percussão, muito usado na Índia.

O FIMM conta ainda com 16 actividades do Festival Extra, incluindo palestras e ‘masterclasses’, e tem este ano um orçamento de 33 milhões de patacas.

Filmes com música

A Cinemateca Paixão apresentará ainda a secção “Música na Tela”, com uma selecção especial de filmes associados ao FIMM. No dia 24 de Outubro será exibido “À Volta da Meia Noite”, do realizador Bertrand Tavernier.

Neste filme, o músico de jazz Dexter Gordon interpreta Dale Turner, um músico afro-americano, brilhante e autodestrutivo, que se muda para Paris na década de 1950 em busca de um público que apreciasse a sua arte e a sua cor de pele. Aí, uma jovem mulher relaciona-se com o talentoso músico, mas mesmo o seu amor pode não ser suficiente para salvar o saxofonista do alcoolismo, do vício em drogas e da depressão. A banda sonora deste filme foi composta precisamente por Herbie Hancock.

A 17 de Outubro, será exibido “Bolden”, filme biográfico de Dan Pritzker, que “imagina a jornada envolvente, poderosa e trágica de Buddy Bolden, o pouco conhecido herói americano, inventor do Jazz.

“Tendo Gary Carr no papel principal, com música original escrita, arranjada e interpretada por Wynton Marsalis, nascido em Nova Orleães, Bolden leva-nos de volta à icónica cidade do jazz no início do século XX. Uma história alimentada pela paixão, ganância e génio musical”, é ainda referido pelo IC.

1 Ago 2024

DSAL | Wynn com 32 vagas de emprego para restauração

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e a Wynn Macau anunciaram ontem o “Plano para Formandos de Gestão de Restauração e Culinária da Wynn”, que irá disponibilizar 32 vagas de emprego em regime de “primeiro contratação, depois formação”.

As inscrições para o plano podem ser submetidas no website da DSAL entre hoje e dia 9 de Agosto. O Governo indica que o programa tem como objectivo formar e permitir a “estrutura de carreira abrangente aos residentes de Macau que pretendam ingressar no sector dos serviços de lazer e turismo integrados”, e aumentar o conhecimento profissional sobre restauração formando quadros qualificados.

O Plano disponibiliza um total de 32 vagas de emprego: 16 para “formandos de gestão de restauração” e 16 para “formandos de gestão de culinária”. Os candidatos admitidos ao plano vão aceder a acções de formação e de prática em contexto de trabalho.

Aqueles que, após terem concluído a formação, que tem a duração de dois anos, “terão a oportunidade de progressão e ajustamento salarial, impulsionando-se, desta forma, o desenvolvimento da carreira profissional e a mobilidade ascendente dos residentes de Macau”.

1 Ago 2024

Casas-Museu | Aliança do Povo critica obras em época alta de turismo

Apesar de aplaudir a remodelação do piso nas imediações das Casas-Museu da Taipa, a Aliança do Povo considera inoportuna a altura para as obras, em plena época alta de turismo. A vice-presidente da associação sugere a melhoria do ambiente no local, incluindo medidas para combater mosquitos

 

A vice-presidente da associação Aliança de Povo de Instituição de Macau, Chan Peng Peng, concorda com as obras de remodelação do pavimento na zona das Casas-Museu da Taipa, onde parte da calçada foi removida para ser substituída por granito com o objectivo de melhorar a segurança dos peões. Porém, a número dois da associação liderada pelo deputado Nick Lei salienta que as obras não deveriam ser realizadas durante a época alta do turismo.

“As férias do Verão são altura de época alta para o turismo. Fazer as obras neste período do ano irá afectar a experiência dos visitantes e o encerramento ao trânsito não só prejudica a paisagem, como traz inconveniência aos residentes e turistas”, indicou Chan Peng Peng em declarações ao jornal do Cidadão.

A responsável recordou que a irregularidade do pavimento de seixos das Casas-Museu da Taipa originou sempre muitas queixas, nomeadamente por tornar muito complicada a circulação de pessoas em cadeiras de rodas e carrinhos de bebé. Assim sendo, Chan Peng Peng encara com bons olhos a remodelação. Contudo, lamenta a falta de comunicação e divulgação do Instituto para os Assuntos Municipais em relação às vantagens da remodelação do pavimento, que terá preocupado parte da população que teme a descaracterização da zona. Chan Peng Peng indica que para este problema só há uma solução: reforçar os mecanismos de comunicação antecipadamente, para que a população compreenda o objectivo e significado de obras.

Facilitar a vida

Além do piso, Chan Peng Peng indica que uma das queixas mais frequentes sobre o local são os mosquitos, devido à proximidade dos mangais do Cotai, sugerindo a instalação de dispositivos para eliminar mosquitos, como armadilhas eléctricas.

A responsável considera que a zona das Casas-Museu da Taipa também seria beneficiada com a instalação de sistemas de climatização com aspersores de água em névoa, para diminuir a temperatura. Além disso, defendeu que o espaço precisa de mais máquinas de venda automática de bebidas e snacks, assim como o alargamento do horário de funcionamento dos quiosques que vendem comidas e bebidas.

1 Ago 2024