China | Crédite Agricole destaca dificuldades na transição económica

Analistas do Crédite Agricole Economic Research defendem que a economia chinesa está em “transição”, com maior foco na procura interna e no desenvolvimento dos sectores dos serviços. Mas o caminho que a China tem pela frente implica a superação das crises de crescimento e confiança, e a resolução dos problemas do sector imobiliário

 

 

Na mesma altura em que a Assembleia Popular Nacional (APN) reúne em Pequim para discutir novas medidas de estímulo à economia, como a descida das taxas de juro e levantamento de restrições à compra de casa, a unidade de pesquisa económica do grupo Crédite Agricole acaba de emitir uma análise sobre a economia chinesa e actual crise do sector imobiliário.

Respondendo à questão “Será que a crise do sector imobiliário vai enterrar os sonhos de prosperidade da China?”, a analista Sophie Wieviorka, do Crédite Agricole Economic Research, considera, com base na publicação periódica do grupo divulgada na quinta-feira, que “o modelo chinês está em transição”. Partindo do modelo de crescimento “baseado na produção industrial com mão de obra intensiva e na atracção de tecnologia estrangeira”, a China estará a passar para modelo assente na inovação. Trata-se de um modelo que busca o impulso “da procura interna e desenvolvimento de serviços, mas não é uma tarefa fácil”.

Para a analista do Crédite Agricole, “o que torna a transição ainda mais complicada é o facto de coincidir com uma crise de crescimento e de confiança”, pois, no passado, houve “excessos” na economia chinesa, nomeadamente “uma bolha de sobreinvestimento – nomeadamente no sector imobiliário – em vias de se esvaziar”.

Neste sentido, depois de um “forte ajuste dos volumes de transacções e novas construções”, verifica-se uma quebra de preços no sector imobiliário, lê-se no documento de análise periódica, que denota a existência de uma “espiral deflacionista” com “impacto negativo nas famílias, que em média tem 70 por cento do seu património investido no sector imobiliário”.

Neste sentido, a analista entende que as autoridades chinesas estão, nesta fase, a tentar “restabelecer a confiança na economia, incentivando os cidadãos a comprar imóveis em vez de poupar e pagar dívidas”.

Porém, o caminho para sair da crise do imobiliário, marcada pela queda da Evergrande, deverá ser “longo e penoso”, denota a analista, pois há que ter em conta “o processo de absorção do stock de imóveis construídos e não construídos, anos de construção excessiva e de excessos especulativos”.

Num cenário pós-covid-19, em que a economia chinesa sofreu, tal como o resto do mundo, é preciso “tranquilizar as famílias afectadas pela crise da covid-19 e pelo mercado de trabalho pouco dinâmico, nomeadamente para os jovens.

Algumas das medidas já anunciadas pelas autoridades pretendem, segundo a mesma análise, apoiar o sector imobiliário, nomeadamente “um novo fundo que permite às cidades comprar directamente as casas devolutas, proporcionar injecções de liquidez para apoiar os promotores e os bancos e reduzir as taxas de juro das actuais e novas hipotecas para restaurar algum poder de compra para as famílias”.

As dívidas locais

Ainda no que à crise do imobiliário diz respeito, Sophie Wieviorka recorda que em Julho deste ano, quando se realizou na capital chinesa a 3ª sessão plenária do 20º Comité Central do Partido Comunista Chinês, “não foram anunciadas quaisquer reformas de relevo”, mas a analista destaca uma: o facto de o IVA, imposto sobre o consumo, passar a ser cobrado directamente pelas províncias e autarquias, o que reflecte “duas mudanças estruturais” na economia.

Uma é a “redução substancial dos recursos próprios das autarquias locais” que procuravam obter lucros com a venda de terrenos. Assim, verifica-se “o fim de um modelo de tributação baseado na promoção imobiliária”, bem como uma “descentralização da política fiscal, com o Governo Central a comprometer-se a ser mais transparente e generoso com as províncias chinesas, que suportaram a maior parte do custo do investimento nas últimas duas décadas e que têm uma dívida enorme”.

Porém, a analista do Crédite Agricole recorda que “a carga fiscal é relativamente baixa na China e as reformas que estão a ser discutidas há anos, como, por exemplo, a introdução de um imposto sobre o património, ainda não avançaram”.

As reuniões da APN decorrem até sexta-feira, mas, para já, sabe-se que o Comité Permanente da APN analisou na segunda-feira um projecto de lei do Conselho de Estado (Executivo) que visa permitir o aumento dos limites de endividamento dos governos locais, para “substituir as dívidas ocultas existentes”.

“Os legisladores analisaram um projecto de lei do Conselho de Estado sobre o aumento dos limites de endividamento das administrações locais, para substituir as dívidas ocultas existentes”, afirmou a agência noticiosa oficial Xinhua, em comunicado, sem dar mais pormenores.

Um dos problemas económicos que o país enfrenta é a “dívida oculta” das administrações locais e regionais, que observadores estimam ultrapassar o equivalente a 9 biliões de dólares.

A polémica reforma

Sophie Wieviorka destaca também outra medida saída das sessões partidárias de Julho: a segunda reforma do sistema de pensões, pois o país enfrenta o envelhecimento da população.

Assim, a China “decidiu aumentar a idade legal de reforma”, mas apenas no próximo ano e de forma faseada durante 15 anos, para “evitar descontentamento social”. Assim, a reforma para as mulheres passa dos 60 para os 63 anos, enquanto nos homens vai dos 55 para os 58 anos. Para as mulheres com trabalhos manuais, a reforma deixa de acontecer aos 50 para ser uma realidade aos 55.

Para a analista, esta “reforma impopular” reflecte a política do filho único que vigorou durante anos na China, em que se verificou uma “gestão desastrosa da população”. O que se passou nos últimos anos é que as famílias procuraram poupar para a reforma, limitando o consumo. Isso “é o contrário do objectivo de passar para um regime de crescimento mais auto-sustentado”.

Proteccionismo preocupa

Se o “ambiente [económico] interno é pouco animador”, no estrangeiro a China depara-se com a “ameaça emergente do proteccionismo, nomeadamente dos Estados Unidos da América, Canadá ou União Europeia (UE), de que são exemplo o aumento das tarifas de importação de carros eléctricos chineses e restantes matérias-primas como aço ou alumínio.

Para o Crédite Agricole, “a China continua a depender, nesta fase, do comércio externo para apoiar a sua produção industrial”. “Aí reside o problema: quanto mais a economia chinesa abranda, menos produção interna o país absorve e mais precisa do resto do mundo como mercado de exportação para os seus excedentes de produção. Mas os parceiros e rivais comerciais já não estão dispostos a trocar empregos por produtos baratos. Presa nesta situação de círculo vicioso, a China não tem outra opção senão reformar radicalmente a sua economia, estando a lutar para o fazer”, pode ler-se na publicação.

Importa referir que na segunda-feira a China recorreu da decisão final da UE junto da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a aplicação de tarifas compensatórias sobre os veículos eléctricos chineses. Segundo a Xinhua, a China “opõe-se firmemente às medidas finais da UE de impor elevadas tarifas aos carros eléctricos chineses, apesar do grande número de objecções levantadas por ambas as partes, incluindo os Estados-membros da UE, a indústria e o público”.

6 Nov 2024

Fukushima | Encerrado reactor nuclear que voltou a funcionar após desastre

Um reactor nuclear japonês que voltou a funcionar na semana passada, pela primeira vez em mais de 13 anos, após o desastre de 2011 na central de Fukushima, foi ontem encerrado, anunciou o operador. O reator n.º 2 da central nuclear de Onagawa, na costa norte do Japão, foi reactivado a 29 de Outubro e esperava-se que começasse a produzir energia no início de Novembro.

No entanto, teve novamente de ser encerrado devido a uma falha ocorrida, no domingo, num dispositivo relacionado com os dados de neutrões no interior do reactor, indicou o operador da central, a Tohoku Electric Power Co.

A empresa indicou que se decidiu pelo encerramento para reexaminar o equipamento e responder às preocupações de segurança dos residentes. Não foi anunciada nova data para o reinício da actividade.

O reactor é um dos três existentes na central de Onagawa, que fica 100 quilómetros a norte da central de Fukushima Daiichi, onde três reactores derreteram na sequência de um sismo de magnitude 9 e de um tsunami em Março de 2011, libertando grandes quantidades de radiação.

A central de Onagawa foi atingida por um tsunami de 13 metros desencadeado pelo sismo, mas conseguiu manter os sistemas de arrefecimento cruciais a funcionar nos três reactores e proceder ao encerramento destes em segurança.

Após a catástrofe de Fukushima, todas as 54 centrais nucleares comerciais do Japão foram encerradas para serem submetidas a verificações e melhorias na segurança. O reactor n.º 2 foi o 13.º dos 33 ainda em utilização a arrancar.

No ano passado, o Governo japonês adoptou um plano para maximizar a utilização da energia nuclear e está a tentar acelerar o arranque dos reactores para garantir um fornecimento estável de energia e cumprir o compromisso de atingir a neutralidade carbónica até 2050.

5 Nov 2024

Consulado | Emolumentos pagos através de apps

O Consulado-geral de Portugal em Macau emitiu ontem uma nota onde dá conta de que os utentes podem agora recorrer a meios electrónicos para pagar os emolumentos consulares, mediante o pagamento da sobretaxa cobrada pela entidade emissora.

Assim, podem pagar com recurso a aplicações de telemóvel como a Alipay CN, ApplePay, BNU Pay, HuaweiPay, MIPay, SamsungPay, Simple Pay (BOCPay, ICBCPay, LusoPay, MPay, TaiFungPay), UePay e We Chat Pay. Continuam a poder ser utilizadas as opções em numerário ou pagamentos por cartões de crédito, como o American Express, Mastercard, UnionPay e Visa.

O consulado destaca ainda que se concretiza “no prazo indicado a medida anunciada pelo Cônsul-Geral na sua alocução do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas deste ano”, ficando a promessa de que a entidade “continuará a trabalhar sistematicamente para melhorar os serviços prestados aos utentes”.

5 Nov 2024

Pyongyang-Moscovo | Seul pede medidas contra cooperação militar

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, apelou ontem à adopção de medidas contra a “cooperação militar ilegal” entre a Coreia do Norte e a Rússia, que disse representar uma ameaça à segurança da Coreia do Sul.

“A recente situação da segurança internacional e a cooperação militar ilegal entre a Coreia do Norte e a Rússia representam uma ameaça significativa para a nossa segurança nacional”, afirmou Yoon, citado pela agência sul-coreana Yonhap.

Seul receia que Pyongyang possa receber tecnologia militar da Rússia em troca do destacamento de tropas e, assim, modernizar as suas forças armadas.

Num discurso no parlamento de Seul lido pelo primeiro-ministro, Han Duck-soo, Yoon comprometeu-se a reforçar a segurança e a defesa no contexto do envio de tropas norte-coreanas para a Rússia para apoiar a guerra na Ucrânia.

“Iremos analisar minuciosamente todos os cenários possíveis para preparar contramedidas”, afirmou, também citado pela agência espanhola Europa Press. Yoon disse que Seul reforçou a aliança com os Estados Unidos e a cooperação com o Japão, e referiu que continuará a aumentar a capacidades de defesa e a preparação para eventuais ataques da Coreia do Norte.

Comprometeu-se também a alargar o apoio aos desertores norte-coreanos e a aumentar a sensibilização internacional para as questões dos direitos humanos na Coreia do Norte.

“Trabalharemos para alargar a compreensão e o apoio da comunidade internacional à visão de uma Coreia livre e unificada”, afirmou, referindo-se a uma opção descartada pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. As duas Coreias estão divididas desde a guerra de 1950-1953.

Aposta nos reforços

As autoridades sul-coreanas calculam a Coreia do Norte já enviou 11.000 tropas para a Rússia para serem destacadas para a guerra contra a Ucrânia. Seul disse que Pyongyang pagava cerca de 2.000 dólares mensais a cada soldado e que a força estava a ser treinada na Rússia, dadas as diferenças técnicas entre os dois exércitos.

Fontes governamentais admitiram a possibilidade de alguns dos soldados serem destacados para zonas de combate com as forças ucranianas, embora isso não implique necessariamente uma entrada na Ucrânia e possa limitar-se à frente de Kursk, na Rússia.

O discurso lido pelo primeiro-ministro sul-coreano destinou-se a apresentar o orçamento para 2025, no valor de 677,4 biliões de wons, um aumento de 3,2 por cento em relação ao ano anterior.

Yoon disse que a proposta de orçamento se centra na agenda de reformas do Governo nos sectores da saúde, das pensões, do trabalho e da educação, para fazer face aos desafios colocados por uma baixa taxa de natalidade e pelo envelhecimento da população.

Foi a primeira vez em 11 anos que um Presidente em exercício optou por não apresentar pessoalmente o orçamento na Assembleia Nacional, uma decisão criticada pelo líder do parlamento.

“A recusa do Presidente em apresentar o discurso sobre o orçamento é uma violação dos direitos do povo. Na qualidade de líder da Assembleia Nacional, que representa o público, lamento profundamente”, afirmou o democrata Woo Won-sik, segundo a Yonhap.

Enquanto os antigos presidentes só faziam o discurso do orçamento no primeiro ano de mandato e delegavam no primeiro-ministro nos anos seguintes, a antiga presidente Park Geun-hye estabeleceu a prática de o fazer anualmente a partir de 2013.

A decisão de Yoon de não proferir o discurso a meio do mandato de cinco anos surge num contexto de agravamento dos conflitos políticos entre o Partido do Poder Popular, no poder, e o Partido Democrático, principal formação da oposição, segundo a Yonghap.

5 Nov 2024

Revogação da pena de morte

Na antiguidade, um criminoso só podia ser executado depois do Imperador o ordenar. O Imperador, enquanto “Filho Celestial”, administrava o seu povo em nome de Deus, incorporando o conceito tradicional do “direito divino dos monarcas.” Hoje em dia, esse conceito já não existe. Nos países que ainda aplicam a pena de morte, o poder de revogar a sentença de morte foi transferido para as autoridades judiciais e tem de ser exercido de acordo com o Código Penal.

O procedimento jurídico japonês obedece ao sistema de “três níveis e três tentativas”. Depois de o Supremo Tribunal deliberar, o réu tem o direito de requer novo julgamento se a sentença lhe desagradar. O Artigo 420, parágrafo 1, do Código Penal japonês estipula que o pedido de novo julgamento deve por regra assentar na apresentação de novos factos e novas provas que possam vir a inocentar o réu ou a reduzir a sua pena.

Recentemente, um prisioneiro japonês condenado à pena de morte consegui um novo julgamento ao fim de 48 anos e foi finalmente inocentado. Foi o prisioneiro que passou mais tempo com uma condenação à morte em todo o mundo. O seu nome é Hakama Tianyan e tem 88 anos. Em 1966, foi acusado de roubar e matar o dono de uma fábrica de miso e quatro pessoas da sua família. Nessa altura, Hakamada, um jogador de boxe profissional, foi preso porque tinha uma mão ferida e o pijama sujo de sangue. Nos 20 dias que se seguiram, foi interrogado pela polícia numa média de 12 horas por dia e finalmente confessou o crime.

Além disso, mais de um ano após o incidente, a polícia encontrou cinco peças de roupa manchadas de sangue nos barris de miso que estavam dentro da fábrica, que foram usadas como provas materiais do caso. Em Setembro de 1968, o Tribunal do Distrito de Jinggang considerou Hakamada culpado e condenou-o à morte. Em 1981, o Supremo Tribunal do Japão confirmou a sentença de morte.

Hakamada pediu repetidamente, desde 1981, um novo julgamento. Teve de esperar 23 anos até ser julgado de novo e, entretanto, ocorreram muitas peripécias. Como acima foi referido, no Parágrafo 1º do Art. 420 do Código Penal, a razão que justifica um novo julgamento é o surgimento de novas provas que possam inocentar o réu ou reduzir a sua pena. Por conseguinte, a defesa de Hakamada mergulhou peças de roupa sujas de sangue num barril de miso, comparou-as com as peças originais e apoiou-se nesta experiência para requer um novo julgamento.

Além disso, para apresentar novos factos, a defesa solicitou o acesso aos ficheiros para examinar as provas apresentadas pela acusação. No entanto, vale a pena salientar que no sistema de acusação japonês, as provas que não são utilizadas no processo não constam dos ficheiros. Este método beneficia sem dúvida os advogados de acusação porque podem escolher as provas mais incriminadoras e sonegar as outras. Por outro lado, a defesa do réu, como não tem acesso a todas as provas, não pode escolher as que lhe são mais favoráveis.

Depois de Hakamada submeter muitos pedidos, o delegado do ministério público permitiu finalmente que a defesa tivesse acesso a todas as provas. No passado dia 8 de Outubro, a acusação declarou que não iria recorrer da decisão do Tribunal e Hakamada tornou-se o quinto prisioneiro japonês do período pós-guerra a ser inocentado depois de um novo julgamento.

Em contrapartida, o sistema de investigação criminal de Hong Kong é mais transparente. Quando a polícia de Hong Kong investiga casos criminais, as provas que encontra, quer venham ou não a constar dos processos, são entregues à defesa para serem analisadas. Este método assegura que a defesa pode usar todas as provas a favor do réu. Claro que, desta forma, a acusação vê reduzidas as suas possibilidades de ser bem-sucedida, mas, ao abrigo do direito consuetudinário, o réu só pode ser condenado “para além de qualquer dúvida razoável”. A polícia entrega todas as provas à defesa antes do julgamento para garantir que o réu não seja condenado sem que se estabeleça que é culpado “para além de qualquer dúvida razoável”. Este método reduz também a possibilidade de virem a ocorrer julgamentos injustos. A possibilidade do caso de Hakamada ter acontecido em Hong Kong é extremamente baixa.

O caso de Hakamada foi sem dúvida para os japoneses condenados à pena de morte uma luz ao fundo do túnel, dando-lhes esperança que, através de novos julgamentos, possam vir um dia a ser exonerados e terem as penas comutadas. Mas também aumentou a pressão sobre os órgãos judiciais japoneses em relação a novos julgamentos.

Tudo tem seus prós e contras. Os novos julgamentos dão esperança aos condenados à morte de verem as suas penas exoneradas ou reduzidas, mas é um processo frequentemente muito longo e difícil. Para os condenados à morte, a longa espera e a incerteza sobre a decisão que será tomada no novo julgamento são simultaneamente um raio de esperança e uma forma de tortura. Este processo vale a pena? Isso vai depender das escolhas e da atitude de cada um destes prisioneiros.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

5 Nov 2024

CURB | Passeios de bicicleta revelam história de Macau

Decorre no próximo sábado, a partir das 10h e até às 16h, o evento “On The Move VI – Tracing the City Wall Creative Bicycle Rides”, promovido pelo CURB – Centro para a Arquitectura e Urbanismo, e que pretende revelar aos participantes as zonas antigas de Macau e o seu património através de passeios de bicicleta. Estes percursos têm orientação do arquitecto e fundador do CURB, Nuno Soares, revelando-se “uma nova perspectiva da cidade”. São fornecidos materiais informativos e também as bicicletas.

Assim, entre as 10h e as 11h, será possível fazer o percurso “North City Wall”, na zona norte da península, que se repete depois à tarde entre as 16h e as 17h. Mais tarde, realiza-se o passeio pelo Porto Interior, intitulado “Inner Harbour Boundary”, entre as 11h30 e as 12h30 e ainda entre as 14h30 e as 15h30.

Cada passeio terá um máximo de dez participantes.

“On The Move” é descrito como um “projecto único que combina passeios de bicicleta, produções artísticas e um compromisso para com a comunidade”. Desta vez, são seguidas “as pegadas da antiga muralha da cidade de Macau e explorarão a muralha que, apesar de quase desaparecida, tem um profundo impacto na rede de tecido urbano de Macau”.

O percurso “North City Wall” começa na Ponte 9, passando depois pela Fortaleza do Monte, a zona do Patane, o bairro de San Kio, com regresso depois à Ponte 9. Já o passeio pela zona do Porto Interior começa também na Ponte 9, seguindo-se depois pela Igreja de Santo António, Rua dos Mercadores, Rua da Alfândega, Praça de Ponte e Horta e regresso à Ponte 9.

5 Nov 2024

Cinema | “Grand Tour”, de Miguel Gomes, exibe-se em festival

“Grand Tour”, de Miguel Gomes, é um dos destaques do cartaz da nova edição do Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa que celebra o trabalho do realizador português. O evento, que decorre em várias salas do território entre 22 de Novembro e 13 de Dezembro, integra-se no 6.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa

 

Já são conhecidos os filmes que vão ser exibidos em mais uma edição de um festival de cinema que celebra não apenas o cinema chinês, mas lusófono, em mais um exemplo da multiculturalidade vivida em Macau.

Na nova edição do Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que decorre entre os dias 22 de Novembro e 13 de Dezembro, o tema é “Criar um Contraste Interessante”, apresentando-se 30 filmes, sessões de exibição ao ar livre, palestras e workshops. De frisar que este evento se insere no 6.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Esta edição do festival traz “Grand Tour”, do realizador português Miguel Gomes, um drama histórico com muitas ligações à Ásia, e que tem feito sensação em vários festivais de cinema pelo mundo. Miguel Gomes ganhou mesmo o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cannes deste ano.

A história de “Grand Tour” passa-se em Rangum, Birmânia, em 1918, quando Edward, um funcionário público do então Império Britânico, foge da noiva Molly no dia em que ela chega para o casamento. Nas suas viagens, porém, o pânico dá lugar à melancolia. Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly. Segundo a sinopse, desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste “Grand Tour” asiático, que também passou pela China.

Destaque ainda para o facto de, a 8 de Dezembro, decorrer uma sessão na Cinemateca Paixão sobre a obra do realizador português, intitulada “Diálogo: O Fabuloso — Miguel Gomes, Contador de Histórias”.

Este será o filme de encerramento do festival, cujo programa se divide por cinco módulos: “Alegria de Dupla Exibição I – Realizador em Foco: Guan Hu X. Miguel Gomes”; “Alegria de Dupla Exibição II – Uma história de duas cidades”, “Estreia de Filmes Chineses e Lusófonos”; “Curtas-Metragens Sino-Portuguesas” e ainda “Projecção ao Ar Livre – Novas Forças Visuais em Macau”.

Segundo um comunicado da organização, são apresentadas “novas e seleccionadas obras de realizadores chineses e lusófonos de renome, no sentido de proporcionar uma série de diálogos e intercâmbios emocionantes, fantásticos e divertidos”.

Ficção científica a abrir

Destaque para o filme de abertura, “Escape From the 21st Century”, uma comédia chinesa de ficção científica exibido nos cinemas Galaxy a 22 de Novembro.

Protagonizado pelas estrelas Zhang Ruoyun e Elane Zhong, “este fantástico filme combina o estilo de animação 2D com representações cénicas da China urbana e rural, dando aos espectadores um vislumbre da vibrante criatividade da nova geração de profissionais do cinema chineses”, destaca a organização.

As restantes exibições de filmes decorrem na Cinemateca Paixão entre os dias 23 de Novembro e 13 de Dezembro, nomeadamente “Tempo Emprestado” [Borrowed Time], de Choy Ji, que pode ser visto no sábado, numa única sessão às 19h30.

Este filme passou pelos festivais de cinema de Roterdão, Hong Kong e Busan, descrevendo a viagem de uma rapariga, Ting, que está prestes a casar-se, mas antes parte em busca do pai desaparecido há duas décadas.

No domingo, dia 24, é dia de ver “Espinha de Peixe”, filme chinês de Zhang Xuyu, que retrata a história de Li Qi, uma jovem de dezoito anos que não conseguiu entrar na universidade, mas que recusa voltar à escola secundária para cumprir mais um ano lectivo, desafiando a vontade da mãe.

Ainda no que toca aos filmes portugueses, o trabalho de Miguel Gomes volta a destacar-se com a exibição de “Aquele Querido Mês de Agosto”, apresentado na Cinemateca Paixão no dia 28 de Novembro. O cinema brasileiro está também representado com “Betânia”, de Marcelo Botta, exibido dia 6 de Dezembro na Cinemateca.

Fitas nos estaleiros

No dia 7 de Dezembro, é a vez de ver exibições ao ar livre de filmes nos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun, em Coloane, com a actividade “Projecção ao Ar Livre – Novas Forças Visuais em Macau”.

Apresentam-se, assim, quatro curtas-metragens de realizadores locais integradas no programa do Instituto Cultural “Macau – O Poder da Imagem”. As obras a ser exibidas incluem as curtas-metragens “Mão Mão”, de Jarvis Xin; “Menina com Amém”, de Teng Kun Hou; e “Antes da Chuva Torrencial”, de Mak Man Teng, bem como a curta-metragem de animação “Herança”, de Josie Ip.

A Cinemateca Paixão será também o lugar escolhido para a realização do “Workshop de Pintura de Azulejos Portugueses”, no dia 30 de Novembro. “Um orientador profissional apresentará os antecedentes históricos do tradicional azulejo português e orientará os participantes na apreciação de diferentes tipos de azulejos portugueses, na aprendizagem de diversas técnicas de pintura e na conclusão das suas próprias obras”.

Os bilhetes para as sessões na Cinemateca Paixão já estão à venda, sendo que as inscrições para as actividades paralelas podem ser feitas na plataforma “Conta Única de Macau” a partir do dia 8.

5 Nov 2024

Hong Kong | Três mortes ligadas a ‘droga zombie’

As autoridades de Hong Kong confirmaram na sexta-feira terem suspeitas de que pelo menos três mortes estão relacionadas com uma nova droga sintética conhecida como ‘petróleo espacial’. Este narcótico, que é normalmente apresentado em cápsulas para cigarros electrónicos, contém etomidato, um anestésico que só pode ser prescrito por profissionais de saúde.

Chong Yeow-kuan, consultor do Laboratório de Referência em Toxicologia do Centro de Controlo de Venenos de Hong Kong, disse numa conferência de imprensa que, na ausência de outras causas óbvias de morte, a detecção de etomidato nos corpos dos falecidos sugere uma ligação directa com o uso desta substância.

O aumento da preocupação das autoridades com o ‘petróleo espacial’ deve-se também à subida nas detenções relacionadas com este composto, que cresceram quase 10 vezes em comparação com o ano anterior.

Até ao final de Setembro, a polícia de Hong Kong tinha detido 98 pessoas em 60 processos, confiscando um total de 2.800 gramas e 510 ml do produto. Entre os detidos, 16 eram jovens com menos de 21 anos. Em todo o ano de 2023, apenas nove pessoas tinham sido detidas em ligação ao ‘petróleo espacial’.

Esta droga é conhecida em Hong Kong como ‘droga zombie’ porque pode causar graves danos físicos e mentais, incluindo dependência, perda de memória, convulsões, perda de consciência e até morte, de acordo com o Comité de Acção contra as Drogas do governo da região chinesa.

As autoridades decidiram tomar uma posição pública mais firme contra a utilização e o tráfico do ‘petróleo espacial’, sublinhando a urgência de atacar este problema de saúde pública.

De acordo com a imprensa local, a polícia desmantelou um laboratório que produzia esta droga, apreendendo cerca de 1,5 quilogramas de etomidato, e deteve um homem de 20 anos. A polícia descreveu o laboratório como rudimentar e perigoso, alertando que o consumo de ‘petróleo espacial’ poderia facilmente levar a overdoses fatais.

5 Nov 2024

França | Pequim pede empenho para eliminação das taxas europeias sobre eléctricos

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, pediu ontem à ministra do Comércio Externo francesa, Sophie Primas, que “desempenhe um papel activo” para que as taxas impostas pela Comissão Europeia sobre veículos eléctricos chineses sejam removidas.

Wang pediu à ministra que “mostre sinceridade” e procure uma “solução intermédia” com Pequim, durante uma reunião no domingo na megalópole oriental de Xangai, onde a sétima Exposição Internacional de Importação da China (CIIE) será inaugurada hoje, segundo um despacho da agência noticiosa oficial Xinhua.

A investigação levada a cabo pelas autoridades europeias “afectou seriamente” a cooperação entre a União Europeia (UE) e o sector automóvel chinês, disse o ministro, que reiterou o seu apelo ao “diálogo e consulta” para resolver as fricções comerciais.

Segundo a Xinhua, as equipas técnicas da UE e da China estão actualmente a realizar uma segunda ronda de consultas sobre as taxas alfandegárias aplicáveis sobre os automóveis eléctricos oriundos da China.

Wang assegurou que as investigações anunciadas pela China em retaliação contra estas taxas – sobre brandy, produtos lácteos e carne de porco da UE – “cumprem as regras da Organização Mundial do Comércio”, e reiterou a sua oferta à Comissão Europeia para “procurar uma solução a este respeito”.

De acordo com a Xinhua, Primas expressou a preocupação de Paris relativamente às investigações da China sobre o brandy e outros produtos, e garantiu que a França não quer que as tensões comerciais entre a China e a UE aumentem ainda mais.

A França é considerada uma das principais defensoras da imposição de taxas sobre veículos eléctricos chineses, que entraram em vigor a 30 de Outubro e que prevêem taxas adicionais até 35,3 por cento.

5 Nov 2024

China | Tripulação da estação espacial volta a casa após seis meses no espaço

Três astronautas chineses regressaram ontem à Terra após uma estadia de seis meses na estação espacial Tiangong, no âmbito dos esforços da China para liderar a próxima era de exploração espacial. Um paraquedas aparou a descida da cápsula até uma zona de aterragem remota na região autónoma da Mongólia Interior. A tripulação emergiu depois de aterrar à 01:24 da manhã.

Nos últimos anos, o programa espacial do país trouxe de volta rochas da Lua e colocou uma sonda em Marte. O próximo objectivo é pôr uma pessoa na Lua até 2030, o que faria da China a segunda nação a fazê-lo, depois dos Estados Unidos.

Os astronautas da estação espacial regressaram após terem recebido na semana passada uma nova equipa de três pessoas para a última missão de seis meses. A nova equipa, composta por uma mulher e dois homens, vai realizar experiências, fazer caminhadas espaciais e instalar equipamento para proteger a estação de detritos espaciais.

Um funcionário da agência espacial disse em Abril que a Tiangong teve que realizar várias manobras para evitar detritos e perdeu parcialmente a energia quando os cabos de energia da asa solar foram atingidos por detritos, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

A estação espacial Tiangong, que significa Palácio Celestial, foi concluída há dois anos e orbita a Terra.

Programa exclusivo

Até agora, apenas astronautas chineses foram para a estação espacial, mas um porta-voz da agência espacial disse na semana passada que a China está em discussões para seleccionar e treinar astronautas de outras nações para se juntarem às missões, informou a Xinhua.

Astronautas de várias nações já viajaram para a Estação Espacial Internacional, mas a China está impedida de participar nesse programa, principalmente por causa das preocupações dos EUA sobre o envolvimento do Exército chinês no programa espacial do país.

No mês passado, a China apresentou um plano ambicioso para se tornar líder na investigação científica espacial até 2050, em conjunto com os seus avanços na exploração espacial.

5 Nov 2024

China | Órgão legislativo reunido esta semana para abordar estímulos à economia

O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, está reunido em Pequim para fazer face ao abrandamento económico do país

 

 

Os principais líderes parlamentares chineses estão reunidos desde ontem para elaborar um plano de estímulos que, segundo os analistas, pode ser ainda mais ambicioso caso Donald Trump vença as eleições presidenciais norte-americanas esta semana.

Face ao abrandamento da segunda maior economia do mundo, Pequim anunciou várias medidas nas últimas semanas, incluindo a redução das taxas de juro e a flexibilização das restrições à compra de habitação. Mas o optimismo foi um pouco atenuado pelo facto de as promessas e as políticas anunciadas não terem sido consideradas suficientemente fortes pelos mercados, que esperavam um pacote de estímulos mais ambicioso.

Os analistas estão por isso atentos à reunião do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China, presidido por Zhao Leji. Este comité permanente deve examinar e aprovar toda a legislação, incluindo a relativa ao orçamento de Estado.

“Esperamos ver mais pormenores sobre as propostas que serão adoptadas”, escreveu Heron Lim, analista da Moody’s Analytics, destacando “a forma como um financiamento adicional será atribuído para resolver os problemas económicos a curto prazo”.

Os economistas da Nomura disseram esperar que os parlamentares aprovem esta semana um orçamento suplementar de cerca de um bilião de yuan, principalmente para as autoridades locais endividadas (ver caixa).

Os analistas antecipam também uma ajuda excepcional de um bilião de yuan de Pequim para os bancos, a fim de resolver o problema do crédito malparado dos últimos quatro anos. “Grande parte do dinheiro vai ser utilizada para cobrir perdas”, explicou Alicia Garcia Herrero, do banco de investimento Natixis. “Não se destinará, de facto, a estimular o crescimento”, acrescentou.

Espera-se que as potenciais medidas concretas sejam anunciadas no final da reunião, na sexta-feira. Nessa altura, já serão conhecidos os resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

“Pensamos que os resultados das eleições norte-americanas terão alguma influência na escala do plano de estímulo de Pequim”, afirmou Ting Lu, economista-chefe da Nomura para a China, numa nota. Ambos os candidatos prometeram continuar a pressionar Pequim. Donald Trump afirmou que ia impor taxas alfandegárias punitivas de 60 por cento sobre todos os produtos chineses que entram nos EUA.

“A escala das medidas de estímulo fiscal (…) poderá ser 10-20 por cento maior no caso de uma vitória de Trump”, escreveu Ting. Mas “os principais desafios para Pequim vêm de dentro da China e não do exterior”, sublinhou.

Pedras no caminho

A China está a enfrentar um débil consumo interno, uma crise imobiliária e uma dívida pública galopante. Todos estes factores ameaçam o objectivo de crescimento do PIB para 2024, fixado pelo Governo em “cerca de 5 por cento”.

O sector imobiliário tem sido, desde há muito, um dos principais motores de crescimento do país asiático, mas está agora a enfrentar uma grave crise de liquidez. O preço médio das casas novas aumentou ligeiramente no mês passado, segundo a China Index Academy, após vários anos de declínio.

Mas muitas propriedades ainda estão inacabadas ou por vender. De acordo com as estimativas do Natixis, a sua aquisição por Pequim poderá custar até 3,300 biliões de yuan.

A situação do sector imobiliário está a pesar na confiança das famílias. “O consumidor médio chinês com um empréstimo imobiliário não sente que o seu poder de compra esteja a aumentar”, salientou Heron Lim, da Moody’s Analytics.

A espinhosa questão da gestão da dívida das administrações locais também estará na ordem do dia na reunião desta semana. Mas os problemas económicos da China não se limitam às casas vazias e à redução do consumo.

“A economia no seu conjunto está a perder produtividade devido à má afectação dos dinheiros públicos”, observou Alicia Garcia Herrero, em particular no que se refere à política industrial e aos subsídios. “Tudo isto tem de ser alterado”, afirmou.

Contra “dívida oculta”

O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) da China analisou ontem um projecto de lei do Conselho de Estado (Executivo) que visa permitir o aumento dos limites de endividamento dos governos locais, para “substituir as dívidas ocultas existentes”.

“Os legisladores analisaram um projecto de lei do Conselho de Estado sobre o aumento dos limites de endividamento das administrações locais, para substituir as dívidas ocultas existentes”, afirmou a agência noticiosa oficial Xinhua, em comunicado, sem dar mais pormenores.

5 Nov 2024

Saúde | Novo caso de dengue importado do Interior

O território registou mais um caso de dengue importado no sábado, o 23.º desde o início do ano, de acordo com os Serviços de Saúde (SS). A infecção foi diagnosticada num homem com 65 anos, residente de Macau, há muito tempo a morar em Zhongshan, no Interior da China, indicaram as autoridades. Nas últimas semanas, a província vizinha de Guangdong tem atravessado um surto de infecções de dengue.

O homem apresentou os primeiros sintomas a 29 de Outubro, como febre, calafrios, dores de cabeça e fatiga. Nesse dia, veio para Macau procurar tratamento médico, e terá ido ao Hospital Kiang Wu. Sem sentir melhorias, no dia seguinte voltou ao hospital privado onde foi feita uma recolha de sangue.

A infecção foi confirmada no dia seguinte. “O doente encontra-se actualmente em estado estável”, comunicaram as autoridades. Uma familiar do paciente também foi infectada, mas foi diagnosticada em Zhongshan, de onde não saiu.

5 Nov 2024

AMCM | Depósitos de residentes cresceram 6,9%

Os depósitos dos residentes cresceram 6,9 por cento em Setembro face ao período homólogo, para 755,64 mil milhões de patacas, de acordo com dados divulgados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Em comparação com Agosto, os depósitos dos residentes tiveram um crescimento mais ligeiro de 0,7 por cento.

Em relação aos depósitos de não-residentes, houve uma redução de 7,4 por cento em comparação com o ano anterior, para 323,90 mil milhões de patacas. Face a Agosto, a redução foi de 0,6 por cento. No que diz respeito aos depósitos do sector público, comparando com o ano passado registou-se uma redução de 1,3 por cento, para 273,20 mil milhões de patacas.

No entanto, quando se compara Setembro com Agosto houve um aumento de 1,9 por cento. Os empréstimos internos ao sector privado caíram 1,1 por cento entre Agosto e Setembro, e uma diminuição de 5,6 por cento, face ao ano passado, para 519,08 mil milhões de patacas. Segundo a AMCM, os empréstimos concedidos ao sector do “comércio por grosso e a retalho” e dos “restaurantes, hotéis e similares” tiveram quebras de 18,5 por cento e 5,0 por cento, respectivamente.

5 Nov 2024

Jogo | Receitas de Outubro atingem valor mais alto desde pandemia

Com uma média diária de 671 milhões de patacas em receitas brutas, Outubro foi o melhor mês para os casinos desde o início da pandemia. O mercado de massas terá alcançado “as receitas mais elevadas de sempre”

 

Os casinos registaram em Outubro as receitas brutas mais elevadas desde o início da pandemia, ao atingirem os 20,79 mil milhões de patacas, de acordo com os dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). O montante fica abaixo do registado em Janeiro de 2020, quando as receitas brutas do jogo tinham atingido os 22,13 mil milhões de patacas.

Apesar da barreira dos 21 mil milhões de patacas não ter sido ultrapassada, como chegou a ser previsto pelo banco de investimento JP Morgan Securities (Asia Pacific), Outubro foi o melhor mês do ano para as concessionárias. Até agora, o melhor registo tinha sido Maio, quando as receitas foram de 20,19 mil milhões de patacas.

Para os resultados de Outubro contribuíram os feriados no Interior da China para celebrar a Semana Dourada, o que fez com que o início do mês fosse uma época alta para o turismo.

Em comparação com o período homólogo, Outubro representou um crescimento das receitas de 6,6 por cento, face às receitas de 19,50 mil milhões de patacas. Contudo, se a comparação for feita com 2019, em Outubro as receitas tinham chegado aos 26,44 mil milhões de patacas, o que representa uma diferença de 5,65 mil milhões de patacas, face aos níveis actuais.

Em termos agregados, as receitas nos primeiros dez meses do ano atingiram 190,14 mil milhões de patacas, um crescimento de 28,1 por cento, face ao período entre Janeiro e Outubro de 2023.

Massas entusiasmam

Após terem sido anunciados os resultados, um relatório do banco de investimento JP Morgan Securities (Asia Pacific), citado pelo portal GGR Asia, indica que Outubro terá registado “as receitas mais elevadas de sempre” ao nível do mercado de massas. “As receitas brutas de Outubro sugerem que a indústria gerou as receitas do segmento de massas – incluindo as slots – mais elevadas de sempre na história de Macau, recuperando para 113 por cento do recorde pré-covid”, foi apontado.

O relatório destacou também que as receitas foram as mais altas em quase cinco anos: “O mês de Outubro registou o maior volume de receitas em 57 meses”, pode ler-se no documento assinado pelos analistas DS Kim, Shi Mufan e Selina Li, da JP Morgan.

“As receitas brutas do jogo cresceram 7 por cento face ao período homólogo e 20 por cento em comparação com o mês anterior, para o máximo pós-pandemia de 20,8 mil milhões de patacas, ou 671 milhões de patacas por dia em Outubro, representando uma recuperação de 79 por cento em relação ao período pré-covid”, foi acrescentado.

5 Nov 2024

Veículos | Crescimento abaixo de 3%

Nos últimos cinco anos, a taxa de crescimento do número de veículos na RAEM ficou abaixo de 3 por cento. O número foi indicado na sexta-feira pelo director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, no programa Fórum da Ou Mun Tin Toi.

Além disso, Lam Hin San defendeu que 85 por cento das passadeiras do território foram melhoradas nos últimos anos, com a instalação de mais semáforos.

Na sexta-feira, esteve também presente no Fórum Macau a directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, Susana Wong, que revelou que entre Janeiro e Outubro deste ano, o número de passageiros a recorrer ao transporte marítimo transfronteiriço foi de oito milhões e que houve uma média de 220 ligações marítimas diárias a outros destinos, o que indicou ser uma recuperação de 70 por cento, face ao período pré-pandemia.

5 Nov 2024

Construção | Salário médio sobe 2,3%

No terceiro trimestre de 2024, o salário diário médio dos trabalhadores da construção foi de 767 patacas, mais 2,3 por cento, em relação ao trimestre anterior, indicaram os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Segundo a mesma fonte, “eliminado o efeito da inflação, o índice do salário real dos trabalhadores da construção aumentou 2,2 por cento, em termos trimestrais”.

No entanto, registaram-se quebras de rendimentos em vários sectores laborais, como os de operadores de máquina (828 patacas por dia), uma quebra salarial de 5,4 por cento, carpinteiros de cofragem (814 patacas por dia), uma redução de 3,1 por cento e os armadores de ferro (787 patacas por dia), que sofreram um decréscimo de 2,8 por cento nos pagamentos.

No pólo oposto, os montadores de equipamento de combate a incêndio (861 patacas por dia) tiveram um aumento de 7,8 por cento, assim como os canalizadores, com um aumento de 7,7 por cento. Quanto aos materiais de construção, no terceiro trimestre, registou-se uma redução de 0,2 por cento.

5 Nov 2024

Xangai | Macau promove produtos lusófonos em Xangai

A delegação é composta por 39 empresas de Macau e vai promover produtos locais e lusófonos na Exposição Internacional de Importação da China. Nos primeiros nove meses, as exportações dos países lusófonos para a China atingiram 109,1 mil milhões de dólares

 

Uma delegação de 39 empresas de Macau vai promover produtos locais e lusófonos na 7.ª edição da Exposição Internacional de Importação da China, em Xangai, entre hoje e domingo, anunciaram ontem as autoridades.

Com dois pavilhões temáticos, criados pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), as 39 empresas vão promover “produtos alimentares e bebidas produzidos em Macau, de marcas de Macau e dos países de língua portuguesa, bem como serviços profissionais no âmbito da tributação, tradução, consultoria de investimento”, entre outros, indicou em comunicado o IPIM.

Ao mesmo tempo, vai participar também uma delegação de cerca de 40 empresários, nas áreas de finanças, comércio electrónico, convenções e exposições, tecnologia, turismo, restauração, logística e lazer.

Subordinada ao tema “Nova Era, Futuro Compartilhado”, a sétima edição da Exposição Internacional de Importação da China vai juntar, em mais de 420 mil metros quadrados, cerca de 300 empresas de todo o mundo.

Exportações a subir

A promoção de produtos lusófonos vai ser realizada, após a revelação de que as exportações dos países lusófonos para China cresceram 2,4 por cento para o nível mais elevado do sempre.

As exportações atingiram 109,1 mil milhões de dólares, o valor mais elevado para o período entre Janeiro e Setembro desde que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) começou a apresentar este tipo de dados dos Serviços de Alfândega da China, em 2013.

Os dados divulgados na sexta-feira mostram que a subida se deveu sobretudo ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas cresceram 2,8 por cento, para 91,2 mil milhões de dólares, um novo máximo para os primeiros nove meses do ano.

As vendas de mercadorias de Angola para a China aumentaram 2,2 por cento para 13,5 mil milhões de dólares, enquanto as exportações de Portugal subiram 8,9 por cento para 2,33 mil milhões de dólares.

Na direcção oposta, os países lusófonos importaram mercadorias no valor de 65,1 mil milhões de dólares da China, um aumento anual de 17,9 por cento e um novo recorde para os primeiros nove meses do ano.

O Brasil foi o maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, com importações a atingirem 55,1 mil milhões de dólares, seguido de Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 4,64 mil milhões de dólares.

Ao todo, as trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 174,2 mil milhões de dólares entre Janeiro e Setembro, mais 7,8 por cento do que em igual período de 2023 e um novo máximo para os primeiros nove meses do ano.

5 Nov 2024

UPM | Coutinho denuncia horas extraordinárias não pagas

Pereira Coutinho afirmou ter recebido queixas de “um numeroso grupo de professores da Universidade Politécnica de Macau (UPM)” preocupados com “a exigência da reposição de aulas canceladas durante este semestre”, por motivos como “tufões ou feriados públicos, ou por motivos pessoais, incluindo ausências por motivos de doença”, sem direito a “compensação adicional”.

O deputado indicou, numa interpelação escrita, que a medida é arbitrária e “não foi abordada previamente com os docentes, que merecem ser tratados com dignidade e respeito”. Pereira Coutinho salienta que “todos os docentes cumprem rigorosamente o calendário académico estabelecido pela universidade, no qual as aulas que coincidem com feriados públicos são automaticamente canceladas conforme as directrizes internas”.

Além disso, argumenta que a falta de consideração pela dignificação e valorização do trabalho dos professores das universidades públicas pode ter implicações negativas, como “a desmotivação dos docentes, impacto na qualidade do ensino, erosão da autoridade académica, ambiente de trabalho tóxico, formação de profissionais menos qualificados, e introdução de desigualdades sociais, limitando oportunidades para as futuras gerações”.

Face a este cenário, Coutinho pergunta se o trabalho extraordinário será remunerado ou compensado de acordo com as leis da RAEM, através de remuneração ou descanso compensatório. O deputado questionou também se existe precedente legal para este tipo de actuação e se os docentes podem ser penalizados se não cumprirem as exigências da UPM.

5 Nov 2024

Atletismo | Falha administrativa trava recorde mundial em Macau

Lorna Loi fez a parte dela, mas a Associação Geral de Atletismo de Macau esqueceu-se de pedir aos árbitros internacionais para certificarem os resultados. Apesar do erro, o Chefe do Executivo vai agraciar a associação com a Medalha de Mérito Desportivo, pela “competência” mostrada ao longo dos anos

 

No ano passado, a atleta local Lorna Hoi Hong bateu o recorde mundial da meia-maratona para pessoas com deficiência auditiva. Contudo, o recorde não deverá ser reconhecido pelo Comité Internacional de Desporto para Surdos, porque a Associação Geral de Atletismo de Macau (AGAM) não recolheu as assinaturas dos árbitros na prova.

Segundo os resultados oficiais da meia maratona de Macau, Lorna percorreu a distância de 21,1 quilómetros em 1h24m34, tirando quase três minutos ao recorde actual de 1h27m25. Esta marca foi alcançada pela atleta alemã Nele Alder-Baerens, em Junho de 2016, na cidade de Stara Zagora, na Bulgária.

Após bater o recorde, a atleta enviou o registo para o Comité Internacional de Desporto para Surdos, que lhe pediu a confirmação do tempo, num documento oficial com a assinatura dos árbitros e emitido pela AGAM. A atleta pediu o documento à AGAM, esperou maias de meio ano e concluiu que não havia documento, porque a associação não tinha recolhido as assinaturas dos árbitros.

Para piorar a situação, o Comité Internacional modificou as regras, pelo que vai deixar de reconhecer recordes que não sejam comunicados, e comprovados com as assinaturas, no espaço de um mês.

A situação deixou a atleta numa situação de desespero e foi partilhada numa publicação nas redes sociais: “Até as oportunidades raras dos atletas de Macau baterem recordes mundiais são impedidas. Por isso, de que vale os atletas locais treinarem no duro e durante tanto tempo?”, questionou.

Trancas na porta

O facto de a situação se ter tornado pública, levou a que o Instituto do Desporto (ID) viesse a público prometer que vai fazer tudo para que a situação se resolva, e que o Comité Internacional de Desporto para Surdos reconheça a marca de Lorna Hoi.

“Neste momento, o trabalho mais importante é recolher todos os documentos. O Instituto do Desporto apoia a atleta na comunicação com o Comité Internacional e vamos explicar a situação”, afirmou Luís Gomes, presidente do ID. “Esperamos que o Comité Internacional possa ter em conta esses factores objectivos e aceite os resultados finais da nossa atleta. Vamos fazer todos os nossos esforços para lidar com este caso”, acrescentou.

Luís Gomes deixou também um recado para a AGAM, realçando que espera que a associação garanta os direitos e interesses dos atletas, de forma a poder emitir resultados certificados rapidamente.

Após a situação ter sido relatada em vários órgãos de comunicação social locais Lorna Hoi Hong fez mais uma publicação a afirmar que o ID não teve responsabilidade no não reconhecimento dos resultados. A atleta prometeu ainda tentar bater novamente o recorde no próximo mês, com a edição deste ano da Meia-Maratona Internacional de Macau.

Culpados premiados

Apesar de o ID ter indicado a Associação Geral de Atletismo de Macau (AGAM) como culpada pela situação, o facto não foi impeditivo para Ho Iat Seng anunciar ontem que vai agraciar a associação com a Medalha de Mérito Desportivo.

De acordo com a justificação para a medalha, a “Associação de Atletismo de Macau, desde a sua criação, tem vindo a promover activamente o desenvolvimento do desporto de Atletismo em Macau, trabalhando em estreita colaboração com o Governo da Região Administrativa Especial de Macau para apoiar a construção da Cidade dos Desportos”, foi explicado.

A mesmo fonte completou que a AGAM transformou a Maratona Internacional de Macau (quando também se corre a meia maratona) e a Corrida Internacional dos 10 quilómetros de Macau “em eventos desportivos de renome internacional” e que a associação “obteve excelentes resultados em vários eventos, demonstrando a competência de Macau no atletismo”.

5 Nov 2024

Chefe do Executivo | Criticado programa de Sam Hou Fai

O ex-deputado Ng Kuok Cheong classificou o programa político apresentado por Sam Hou Fai como “banal”, sem qualquer aspecto “especial”. Ao jornal All About Macau, Ng Kuok Cheong afirmou que esta é uma consequência do facto de Sam Hou Fai saber que não ia ter qualquer competição no processo para a escolha do Chefe do Executivo, e também de saber que, salvo qualquer evento imprevisível com um impacto enorme, a eleição estaria sempre assegurada.

O ex-deputado recordou também que Sam Hou Fai abordou inicialmente o problema económico da dependência do jogo, assim como o facto de esta actividade canalizar a maior parte dos recursos locais. Contudo, segundo Ng, Sam entrou numa fase de silêncio sobre estes assuntos, assim que obteve o número de apoios para participar na eleição do colégio eleitoral, sem avançar com qualquer solução para os problemas apontados.

No que diz respeito à diversificação industrial, o ex-deputado considerou que o programa político não apresenta qualquer plano para o desenvolvimento dos sectores das finanças, saúde, exposições e convenções e desporto.

Por sua vez, o deputado Ron Lam deseja que Sam Hou Fai concretize as promessas mencionadas no programa político, defendendo que Sam Hou Fai deve deixar os profissionais de cada sector actuarem sem grandes interferências.

Numa altura em que Sam Hou Fai se encontra a trabalhar na futura equipa do Governo, Ron Lam recordou as queixas recorrentes da população, sobre a necessidade de evitar a nomeação de pessoas sem experiência nas pastas que assumem.

5 Nov 2024

Governo | Ho Iat Seng dirige “felicitações calorosas” a Sam Hou Fai

O actual Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, endereçou “as suas calorosas felicitações” ao seu sucessor, Sam Hou Fai, pela nomeação oficial do Governo Popular Central para liderar o próximo Governo da RAEM, num comunicado divulgado na noite de sexta-feira.

Ho Iat Seng considerou que “o facto de Sam Hou Fai ter sido eleito como o Chefe do Executivo (…) com um elevado número de votos demonstra a aceitação geral e amplo apoio de que goza junto dos diversos sectores da sociedade”, e que o seu sucessor “certamente conseguirá liderar a nova administração unida com toda a sociedade”.

O “forte apoio” a Sam Hou Fai na organização da nova equipa governativa materializou-se num despacho assinado por Ho Iat Seng e publicado no Boletim Oficial, no qual o governante insta “os Gabinetes dos Secretários e os serviços e entidades públicas prestem todo o apoio à formação e aos trabalhos preparatórios do Sexto Governo da RAEM”.

Para tal, Ho Iat Seng pediu “a mobilização de recursos humanos, alocação de material e apoio logístico, com vista a assegurar a conclusão ordenada e com sucesso dos trabalhos de transição do Governo”.

5 Nov 2024

Pequim | Sam Hou Fai instruído a manter “Um País, Dois Sistemas”

Sam Hou Fai chegou de Pequim com instruções para a implementação “firme e inabalável” do princípio “Um País, Dois Sistemas”. O Chefe do Executivo eleito indicou que as leis de segurança nacional vão ser optimizadas, e que o tema é prioritário para o futuro Governo, a par da diversificação da economia e do bem-estar da população

 

O próximo líder do Governo da RAEM regressou de Pequim no sábado, onde recebeu na sexta-feira a nomeação do Governo Central e instruções do Presidente Xi Jinping. A cerimónia decorreu no salão de Fujian do Grande Palácio do Povo, na capital chinesa, com o primeiro-ministro Li Qiang a entregar a Sam Hou Fai o decreto do Conselho de Estado para nomeação como Chefe do Executivo do VI Governo da RAEM.

Na chegada a Macau, o Chefe do Executivo eleito fez um resumo dos dias em Pequim numa conferência de imprensa à chegada ao aeroporto de Macau, e revelou “sentir-se profundamente honrado e consciente da enorme responsabilidade que a nomeação do Governo Central implica, e manifestou-se extremamente grato pela confiança e o apoio do Governo Central”.

Na capital chinesa, Xi Jinping “reiterou que o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ vai ao encontro dos interesses e a base da população”, começou por dizer Sam Hou Fai, ressalvando que “a segurança nacional é fundamental e muito importante para o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’. Por isso, Sam Hou Fai afirmou que o seu Executivo irá “defender bem a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento do Estado”. Nesse sentido, o responsável garantiu que, “no futuro, os mecanismos legais da segurança nacional devem ser optimizados ainda mais, fazendo melhorias tendo em conta as mudanças e as diferentes situações, no sentido de consolidar a barreira da segurança nacional para evitar qualquer erro”.

“Vamos criar condições para gradualmente promover os respectivos trabalhos em prol do desenvolvimento económico, inclusivamente o posicionamento atribuído pelo nosso país ‘Um Centro, Uma Plataforma e Uma Base’. Temos de potenciar essas vantagens para maximizar as oportunidades”, continuou.

Sam Hou Fai salientou ainda a necessidade de privilegiar a qualidade da vida da população, ter em atenção a recuperação da economia, após a pandemia, com destaque para “grupos mais desfavorecidos” e pequenas e médias empresas.

Em busca dos cinco

Em relação aos membros do próximo Governo, Sam Hou Fai não desvendou nomes, nem se mantém ou reformula a equipa. Mas traçou um perfil dos elementos da próxima liderança, incluindo a necessidade de “serem fiéis à Região Administrativa Especial de Macau e à República Popular da China”.

Além do “amor à pátria e a Macau”, deve ser alguém que conheça “a conjuntura nacional”, “assuma um papel de servidor à população”, “tenha espírito de equipa” e seja “corajoso, para fazer face às dificuldades e desafios”, resumiu Sam, acrescentando ainda a integridade como uma característica que valoriza.

O futuro líder indicou também que irá ouvir mais opiniões durante o período de formação da equipa do seu Governo e que “prevê entregar a lista dos titulares dos principais cargos ao Governo Central, ainda em Novembro”.

Sam Hou Fai foi eleito, em 13 de Outubro, com 394 votos do colégio eleitoral de 400 membros e será o primeiro Chefe do Executivo a falar português.

Nascido em 1962 na cidade vizinha de Zhongshan, o magistrado completou a licenciatura em Direito pela Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente os cursos de Direito e de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Coimbra. O mandato do actual Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, termina em 19 de Dezembro, estando prevista a posse do novo líder em 20 de Dezembro, dia em que se assinala o 25.º aniversário da constituição da RAEM. Com Lusa

5 Nov 2024

Medalhas de mérito | Governo entrega distinções no final do mês

Leonel Alves, ex-deputado e advogado, e Miguel de Senna Fernandes, advogado e dramaturgo dos Dóci Papiaçám di Macau são os membros da comunidade macaense distinguidos este ano com medalhas de mérito. Destaque ainda para a nova distinção que será entregue à Santa Casa da Misericórdia de Macau

 

Prestes a deixar o Governo, Ho Iat Seng escolheu os novos medalhados de mérito da RAEM, numa lista divulgada ontem. Destaca-se, desde logo, o reconhecimento do trabalho feito por duas personalidades da comunidade macaense, o antigo deputado e advogado Leonel Alves, que obteve a Medalha de Honra Lótus de Ouro. Porém, esta não representa uma estreia de Alves no quadro de medalhados, pois em 2001 recebeu a Medalha de Mérito Profissional e em 2019 a Medalha de Lótus de Prata.

Formado em Direito pela Universidade de Lisboa, onde deu aulas, Leonel Alves tem feito uma longa e bem-sucedida carreira em advocacia, dedicando-se, ao longo de 40 anos, “a diversas actividades de interesse público”, destaca o Executivo numa nota justificativa sobre a medalha atribuída.

Leonel Alves desenvolveu ainda um intenso trabalho político, nomeadamente na qualidade de membro da Comissão Preparatória da RAEM ou como vice-presidente do Conselho Consultivo da Lei Básica. Além de ter sido deputado durante mais de três décadas, Leonel Alves é membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) desde 2005 e membro do Conselho Executivo da RAEM.

Destaque ainda para o seu contributo na produção de diversas leis em vigor, tal como o projecto de criação do Comissariado Contra a Corrupção e a revisão da Lei de Terras. Foi co-proponente do projecto de lei de alteração da lei sobre arrendamento, do projecto de alteração da lei sobre acesso à Justiça, “permitindo, de forma inovadora, que qualquer pessoa em Macau tenha direito à assistência jurídica de advogado em qualquer processo”.

O Governo destaca também a sua ligação a entidades associativas, tal como a presidência da assembleia-geral da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM), ou ainda o facto de ter sido membro fundador do movimento associativo macaense denominado “Macau Sempre”.

No caso de Miguel de Senna Fernandes, também advogado, a obtenção da medalha de mérito deve-se sobretudo ao seu trabalho na preservação da cultura macaense, por ser um “transmissor de manifestações do Património Cultural Imaterial Nacional”, tendo promovido “acções de salvaguarda” durante mais de 30 anos.

“Actualmente, está em curso o processo da recomendação da sua candidatura ao sexto Lote de Transmissores Representativos das Manifestações do Património Cultural Imaterial Nacional. É também compositor, arranjador e produtor musical, produzindo trabalhos desta área para o seu Grupo de Teatro”, lê-se ainda.

Ao HM, Miguel de Senna Fernandes diz-se “honrado” com a distinção, por se tratar “de um reconhecimento de um trabalho desenvolvido há vários anos”. “É sempre bom quando se desenvolve um certo tipo de trabalho e ele é reconhecido. Tenho pessoas ao meu lado, o grupo de teatro, e agradeço ao apoio dos Dóci também, e comungo esta medalha com eles. A minha actividade foca-se no teatro e área sociocomunitária e agradeço também à Associação dos Macaenses”, acrescentou.

Uma super irmandade

A SCMM obteve a Medalha de Honra de Lótus de Ouro, a mais elevada. A história da instituição remonta aos primórdios de Macau e ao estabelecimento dos portugueses no território. Para o Governo, a atribuição da mais alta medalha de mérito justifica-se pelo facto de ser uma “venerável instituição de caridade local com uma longa história, que presta uma vasta gama de serviços de assistência, amplamente reconhecidos, e que abrangem lar de idosos, creche e Centro de Reabilitação de Cegos”.

Trata-se de “uma instituição sem fins lucrativos dedicada à promoção da coexistência harmoniosa das comunidades chinesa e portuguesa e à transmissão da cultura e dos valores católicos da comunidade portuguesa de Macau”. A SCMM celebra este ano 455 anos de existência, continuando “a ter uma influência expressiva nas áreas de serviços sociais e de intercâmbio cultural”, com destaque para o Núcleo Museológico da Santa Casa.

Recorde-se que a SCMM foi galardoada pela RAEM com a Medalha de Mérito Altruístico em 2002. O Governo considera ainda que os serviços prestados pela entidade “são reconhecidos por todos os sectores sociais”, sendo “essenciais para a promoção do desenvolvimento harmonioso e estável da sociedade, e em particular, na consolidação da relação amigável entre a China e Portugal”.

Outra instituição pública ligada à saúde distinguida com uma medalha foi o Centro Hospitalar Conde de S. Januário dos Serviços de Saúde (CHSCJ), fundado em 1874. O Governo destaca a actual oferta em termos de cuidados de saúde, com mais de 1.000 camas hospitalares, 29 especialidades e 24 subespecialidades médicas, “oferecendo serviços abrangentes de consulta externa, emergência e internamento”. “Ao longo destes 150 anos, o CHSCJ tem dado grandes contributos para a protecção da saúde e da segurança dos residentes”, é ainda destacado.

Entre os galardoados deste ano, destaque também para a Associação de Hotéis de Macau, que recentemente foi presidida por Luís Herédia. Ao HM, Luís Herédia afirmou que a distinção traduz o desempenho da associação no “apoio determinante ao sector, mantendo uma qualidade elevada do padrão de serviços”.

“Os hotéis são uma parte do ciclo da experiência de cada turista, sendo crucial o acolhimento com segurança e conforto e ainda que haja uma qualidade alargada e diversificada da oferta de serviços e de produtos. Em conjunto, a associação oferece garantias dessa oferta aos vários mercados e segmentos”, acrescentou ainda Luís Herédia.

Lam, Pio e amigos

A Comissão de Designação de Medalhas e Títulos Honorífico decidiu atribuir a medalha Lótus de Ouro de Honra a Peter Lam Kam Seng, membro do Conselho Executivo, da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo e presidente do conselho de administração da Macau Renovação Urbana SA.

Para o Governo, Peter Lam destaca-se por ter “participado, ao longo destes anos, activamente nos assuntos públicos e sociais”, tendo “promovido o desenvolvimento educativo e económico em prol do bem-estar da população”. Salienta-se o trabalho de planeamento e concepção de novas zonas residenciais no bairro do Iao Hon e “o apoio à constituição de uma comissão de condomínio para o início da reconstrução do bairro”. É também referido o trabalho no projecto do Novo Bairro de Macau em Hengqin. Peter Lam também não é um estreante nesta distinção, tendo sido galardoado pela RAEM com a Medalha de Mérito Industrial e Comercial e a Medalha de Honra Lótus de Prata, em 2001 e 2009, respectivamente.

Frederico Ma Chi Ngai obteve a Medalha de Mérito Profissional. Frederico Ma é doutorado em Economia pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, pertence ao 14º Comité Nacional da CCPPC, e é membro do Conselho Executivo e da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo.

É referido pelas autoridades que “desde 2000 tem participado activamente nos assuntos sociais com funções nas várias associações principais, incluindo as de juventude”. “Tem-se esforçado para promover o desenvolvimento tecnológico de Macau e estimular a conjugação da investigação com a divulgação científica, para auxiliar na construção de Macau como cidade central do centro internacional de inovação tecnológica da Grande Baía”.

Frederico Ma recebeu, em 2011, a Medalha de Mérito Industrial e Comercial em 2011.

O deputado Iau Teng Pio obteve a Medalha de Mérito Educativo pelo trabalho enquanto sub-director da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. Iau Teng Pio tem feito também um destacado trabalho político ao ser membro do 14º Comité Nacional da CCPPC, membro do Conselho Executivo e da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo.

O deputado “tem estado profundamente empenhado no campo da educação há mais de 20 anos, ensinando principalmente Direito do Processo Penal, Direito Penal, Direito do Processo Civil e Direito do Processo Administrativo. É autor de várias obras jurídicas e artigos académicos. Foi docente em várias instituições no Interior da China, sendo repetidamente convidado para ministrar formação dos talentos sobre o Estado de Direito e abordar temas como o regime jurídico de Macau e o mecanismo de resolução de litígios comerciais de Macau”, é referido no comunicado divulgado ontem pelo Gabinete de Comunicação Social.

Para as autoridades, “os seus esforços não só melhoraram a qualidade do ensino jurídico, mas também promoveram a formação de talentos bilingues locais, contribuindo, por isso, para o desenvolvimento do ensino jurídico em Macau”.

As medalhas deste ano destacam também figuras e entidades do sector empresarial, nomeadamente Chan Chak Mo, deputado e presidente da Future Bright Holding, a quem foi atribuída a Medalha de Honra Lótus de Ouro; a Associação Industrial de Macau, com a Medalha de Honra Lótus de Prata, a par do Banco Luso Industrial.

No sector dos transportes foi dada uma medalha à Sociedade de Transportes Colectivos de Macau, S.A., concessionária de serviço público de autocarros e que pertence ao grupo da Nam Kwong desde 2010. A empresa “foi estruturada a partir da antiga Companhia de Transporte de Passageiros entre Macau e as Ilhas, que prestou aos residentes o serviço público de autocarro desde 1974”. Nos últimos anos, a TCM “tem feito inovações na renovação de veículos, através da introdução de novas tecnologias e de instalações sem barreiras”, além do esforço “na redução da emissão de gases poluentes”.

As medalhas são atribuídas “a individualidades e entidades que se notabilizaram por feitos pessoais, contributos para a sociedade ou serviços prestados à RAEM”, estando a cerimónia da sua atribuição agendada para 29 de Novembro, às 16h, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau.

Todos os medalhados

Lótus de Ouro

Irmandade da Santa Casa da Misericórdia

Centro Hospitalar Conde de São Januário dos Serviços de Saúde

Leonel Alberto Alves

Lam Kam Seng

Chan Chak Mo

Lótus de Prata

Associação Industrial de Macau

Banco Luso Internacional, S.A.

Medalha de Mérito Profissional

Kong Chio Fai

Ma Chi Ngai

Ieong Tou Hong

Zhang Zongzhen

Chao Weng Hou

Medalha de Mérito Industrial e Comercial

Sociedade de Transportes Colectivos de Macau, S.A.

Laboratórios Ashford, Lda

Boardware Sistema de Informação Limitada

Medalha de Mérito Turístico

Associação de Hotéis de Macau

Medalha de Mérito Educativo

Escola Secundária Pui Ching

Escola Tong Sin Tong

Iau Teng Pio

Mak Pui In

Medalha de Mérito Cultural

Henrique Miguel Rodrigues de Senna Fernandes

Medalha de Mérito Altruístico

Kong Su Kan

Lee Chong Cheng

Chan Ka Leong

Medalha de Mérito Desportivo

Associação de Atletismo de Macau

Medalha de Dedicação

Choi Sio Un

Medalha de Serviços Comunitários

Hoi Choi Han

Título Honorífico de Valor

Equipa de Astronomia da Escola Pui Tou

Xu Ziheng

Leong Pok Hei

Ung Man Kit

Wong Tsan Ying

5 Nov 2024

AstraZeneca | Chefe de filial chinesa sob investigação

O director da filial chinesa do gigante farmacêutico britânico AstraZeneca foi colocado sob investigação no país asiático, anunciou a empresa, após informações sobre alegada recolha ilegal de dados e importação de medicamentos não autorizados.

O presidente da AstraZeneca China, Leon Wang, está “a cooperar com as autoridades chinesas no âmbito de uma investigação em curso”, lê-se no comunicado emitido pelo grupo na quarta-feira. “As nossas actividades na China continuam sob a liderança do actual director-geral da AstraZeneca China”, acrescentou. “Caso seja solicitada, a AstraZeneca cooperará plenamente com a investigação”, lê-se na mesma nota.

A China é um mercado-chave para o grupo, que ganhou reconhecimento mundial durante a pandemia de covid-19 por ter desenvolvido uma das primeiras vacinas contra a doença.

Em Setembro, a empresa confirmou que vários funcionários estavam a ser investigados na China. Esta informação veio na sequência de notícias de que os funcionários estavam a ser questionados sobre uma possível recolha não autorizada de dados e importação ilegal de medicamentos.

As investigações levadas a cabo pelas autoridades de Shenzhen envolvem cinco pessoas de nacionalidade chinesa, algumas ainda empregadas pelo grupo e outras já não, segundo a agência de notícias financeiras Bloomberg.

Uma das investigações está relacionada com a recolha de dados de pacientes, que as autoridades acreditam ter violado as leis chinesas de protecção da privacidade, de acordo com a Bloomberg, que citou pessoas próximas do caso.

Outra investigação, envolve a importação de um medicamento contra o cancro do fígado que não foi aprovado na China continental, avançou a agência. A Astrazeneca, que tem sede em Cambridge, no Reino Unido, emprega 90 mil pessoas em todo o mundo.

1 Nov 2024