Andreia Sofia Silva SociedadeRua da Felicidade | Aceites ajustes temporais na zona pedonal Os moradores e lojistas pediram, e o Governo acedeu. Os ajustes no tempo de duração da zona pedonal na Rua da Felicidade foram feitos mediante consenso e a devida comunicação com quem vive e trabalha na zona, garante o Instituto Cultural. Quanto à renovação de outras zonas antigas com os casinos, os trabalhos prosseguem “segundo o planeamento” Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural (IC) assegura que o consenso foi obtido nos ajustes ao plano de zona pedonal para a Rua da Felicidade, feitos após queixas apresentadas por moradores e comerciantes da zona de que os horários de funcionamento da zona sem carros estariam a prejudicar o negócio. Numa resposta à interpelação escrita do deputado Lei Leong Wong, a presidente destaca que sempre foi mantida “a comunicação e a troca de opiniões com as empresas de lazer, moradores, comerciantes e associações de moradores da zona”, e que o ajustamento do plano teve em consideração “as opiniões das partes interessadas apresentadas”. “Visando equilibrar ainda mais as diferentes opiniões dadas e necessidades dos interessados desta zona, em Outubro de 2024, este plano, depois de ter obtido o consenso de várias partes interessadas, foi optimizado ainda mais, com o ajustamento do âmbito e do tempo de execução da zona pedonal provisória. Esta optimização obteve o apoio e o reconhecimento da comunidade em geral”, disse ainda a dirigente. Para Leong Wai Man, o plano de criação de uma zona pedonal para a Rua da Felicidade, sem a passagem de trânsito, “tem surtido efeitos positivos na promoção do fluxo de pessoas para na zona histórica, na dinamização do ambiente do bairro comunitário e na atracção da chegada de novos comerciantes para na zona histórica”. Tendo em conta os restantes planos de revitalização de seis bairros antigos ou zonas históricas, feitos em parceria com operadoras de jogo, a presidente do IC diz que “estão a ser desenvolvidos de acordo com o planeamento”. Novidades nos estaleiros Um dos exemplos de projectos de revitalização em curso, acontece na povoação de Lai Chi Vun, que outrora albergou uma indústria de construção de juncos de madeira. A presidente do IC adianta que no início do próximo ano haverá novidades em relação a mais dois estaleiros. “A revitalização dos lotes X11-X15 e X5-X10 dos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun divide-se em duas fases. As empresas de lazer estão a proceder à optimização dos terrenos dos lotes X11-X15 da primeira fase, prevendo-se a sua abertura ao público ainda dentro do ano de 2024. Para os lotes X5-X10 da segunda fase, cabe ao IC dar início, em 2025, às obras de recuperação estrutural e da construção de infraestruturas.” No que diz respeito aos apoios financeiros por parte do Governo, a mesma resposta ao deputado assegura que a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) tem prestado apoio financeiro a associações e instituições na realização de actividades turísticas em bairros. Assim, até 30 de Setembro, “nos três planos de apoio financeiro de 2024, foram concretizadas 12 actividades realizadas nas zonas e áreas circundantes, que atraíram no total mais de 58.000 participantes e contaram com a participação de mais de 500 lojas”, é descrito.
João Luz Manchete PolíticaOrçamento | Receitas de jogo de 2025 estimadas em 240 mil milhões O Governo prevê que no próximo ano as receitas brutas do jogo cheguem a 240 mil milhões de patacas, mais 11 por cento face a este ano. Em termos de receitas fiscais, os casinos vão continuar a ser os maiores contribuintes, com quase 70 por cento das receitas. Em ano de mudança de Executivo, o orçamento mantém as medidas de apoio à população Segundo as estimativas do Executivo de Ho Iat Seng, a indústria do jogo irá amealhar no próximo ano 240 mil milhões de patacas em receitas brutas. A estimativa eleva a fasquia da previsão para 2024, que situava as receitas brutas dos casinos e 216 mil milhões de patacas, representando um aumento de 11,1 por cento. Face às receitas brutas do jogo em 2023, a estimativa para 2025 traduz-se num aumento de 31,1 por cento. As previsões constam da proposta de Lei do Orçamento de 2025, admitida ontem na Assembleia Legislativa (AL) e que será apresentada aos deputados por Ho Iat Seng na próxima terça-feira em sessão plenária. Na nota justificativa entregue à AL, o gabinete do Chefe do Executivo salienta que este ano “coincide com a mudança do mandato do Governo da RAEM” e que a “proposta de orçamento abrange as despesas necessárias ao normal funcionamento dos serviços e organismos do sector publico administrativo para o próximo ano económico”. Além disso, a proposta pretende satisfazer “compromissos entretanto assumidos, bem como outras despesas que se revelem indispensáveis”. O documento firma um compromisso com a continuidade de “medidas em prol do bem-estar da população e dos benefícios sociais, nomeadamente, da comparticipação pecuniária, repartição extraordinária de saldos orçamentais do regime de previdência central não obrigatório, saúde, educação, assistência social aos idosos, prestação de cuidados aos grupos em situação vulnerável”. Calculadora na mão No panorama geral, o Governo prevê para 2025 um saldo positivo do orçamento ordinário integrado num valor superior a 7,7 mil milhões de patacas, com receitas de quase 121,09 mil milhões de patacas e despesas de 113,384 mil milhões de patacas. Para o próximo ano, está previsto um excedente de 1,17 mil milhões de patacas, ponto de viragem depois de três anos de crise económica devido à pandemia da covid-19. No lado das receitas, o Executivo aponta para um acréscimo de cerca de 13 por cento em relação ao orçamento do ano anterior, com o imposto especial sobre o jogo a ser responsável por receitas de 84 mil milhões de patacas. As restantes “principais receitas” serão apuradas pelo imposto complementar de rendimentos (6,832 mil milhões de patacas), o imposto do selo sobre transmissão de bens (812 milhões de patacas), o imposto profissional (3 mil milhões de patacas) e as contribuições prediais (1,28 mil milhões de patacas). Feitas as contas, a estimativa apresentada pelo Governo prevê que o imposto especial sobre o jogo contribuía com cerca de 69,4 por cento de todas as receitas fiscais. Recorde-se que as operadoras de jogo pagam um imposto directo de 35 por cento sob as receitas dos casinos, mais 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social de Macau e ao desenvolvimento urbano e turístico e mais 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos. Do outro lado do espectro No lado das despesas, o Governo estima um acréscimo de cerca de 7 por cento no próximo ano económico em relação às despesas orçamentadas para 2024. A cerca de um mês do novo Executivo tomar posse, o Governo de Ho Iat Seng garante que será dada continuidade em 2025 às medidas para o bem-estar da população. Como tal, o plano de comparticipação pecuniária (que deverá manter os mesmos valores), a comparticipação de cuidados de saúde, a subvenção das tarifas de energia eléctrica para unidades habitacionais e o programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo vão totalizar despesas num valor que ultrapassa 8,564 mil milhões de patacas. Para pagar os subsídios de escolaridade gratuita, propinas a alunos residentes da RAEM que não sejam beneficiários da escolaridade gratuita, aquisição de manuais e material escolar, subsídio para docentes de escolas particulares, desenvolvimento profissional, subsídio para idosos e invalidez, pensões para idosos e invalidez e subsídios para famílias em situação vulnerável estão orçamentos quase 13,95 mil milhões de patacas. É também referido que, em virtude da situação das finanças públicas da RAEM, “estão satisfeitas as condições para a atribuição da verba” da repartição extraordinária de saldos orçamentais no valor de 7.000 patacas. A distribuição deste apoio tem um custo orçamentado superior a 3,27 mil milhões de patacas. O somatório de apoios pecuniários, subsídios, comparticipações e pensões acima referidos têm um custo orçamentado num valor superior a 25,782 mil milhões de patacas. Também vão continuar as isenções fiscais que têm vigorado nos anos anteriores, incluindo as isenções aprovadas no passado mês de Abril para impulsionar o mercado imobiliário. Em relação às despesas com o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), a proposta de orçamento para 2025 prevê um valor superior a 19,7 mil milhões de patacas. Estado das coisas O gabinete de Ho Iat Seng não esquece nesta proposta de orçamento o contexto de crise económica nascida da pandemia da covid-19 e destaca que, “sob o impulso do sector de turismo e lazer integrado, as receitas financeiras têm vindo, a partir de 2023, a aumentar gradualmente”. Como tal, tanto do lado das receitas como das despesas, o orçamento para 2025 espelha as perspectivas de que “no próximo ano, a economia da RAEM venha a recuperar ainda mais”. Virada a página, o Governo não esquece “os três anos severos” de pandemia e a reacção “determinada”, que obrigaram ao recurso à reserva financeira e “à contenção das despesas correntes”, para “sustentar as diversas medidas em prol do bem-estar da população e do apoio às empresas, bem como a colmatar as lacunas financeiras, superando as dificuldades em conjunto com a população.
Sérgio Fonseca Desporto71º Grande Prémio de Macau | Corrida da Guia Macau – Kumho FIA TCR World Tour Event of Macau A tradição ainda é o que era O conceito TCR que está prestes a comemorar uma década, mas os investimentos das marcas no mercado dos veículos eléctricos afastou-as das corridas de carros de Turismo a combustão. Contudo, o FIA TCR World Tour, que aos poucos se ergue após o trambolhão da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR no final de 2022, volta a reunir na Corrida da Guia os melhores da nata dos carros de Turismo internacionais. A Link & Co e a Hyundai trazem as suas equipas internacionais, às quais se juntam as suas equipas oficiais do TCR China. A Honda também se faz representar com a sua equipa privada do “mundial” e a homologa do Interior da China, enquanto a Audi foi buscar Rob Huff, um especialista no Circuito da Guia, para defender os seus interesses. Para além de Huff, há mais três pilotos que venceram nas ruas de Macau na grelha de partida: Norbert Michelisz, Ma Qing Hua e Jason Zhang. Com o título do FIA TCR World Tour em disputa, a estratégia das equipas poderá sobrepor-se aos interesses individuais dos pilotos, o que deverá moldar a dinâmica das corridas e que nos leva a acreditar que vamos ter duas corridas muito engraçado de seguir. A grande incógnita Quem sairá de Macau campeão? Norbert Michelisz lidera com 274 pontos ao volante do seu Hyundai Elantra N TCR, destacando-se pela consistência ao longo da temporada. Em segundo lugar, Esteban Guerrieri, com 264 pontos no seu Honda Civic Type R FL5 TCR, ao passo que Thed Björk, no terceiro lugar com 255 pontos e ao volante de um Lynk & Co 03 FL TCR, tem mostrado um desempenho sólido. Ainda com hipótese de ser campeão estão Yann Ehrlacher, também em Lynk & Co, segue em quarto com 251 pontos, Mikel Azcona, que fecha o top 5, com 247 pontos, no Hyundai Elantra N TCR. Com 70 pontos em cima da mesa, 10 deles a atribuir na qualificação, ainda muito pode acontecer. Facto Já não tínhamos uma Corrida da Guia sem um piloto de Macau desde 1991.
Sérgio Fonseca DesportoGrande Prémio de Macau – Taça do Mundo de FR da FIA A chegada da Fórmula Regional (FR) no lugar da Fórmula 3 abre um novo capítulo no Grande Prémio. Com carros idênticos para todos – o Tatuus F3 T-318, equipado com o motor Alfa Romeo turbo – vinte e sete “jovens lobos”, provenientes dos campeonatos de Fórmula Regional da Europa, Médio Oriente, Oceânia, Américas e Japão, bem como de outras categorias, vão tentar deixar o seu nome na galeria de vencedores da mítica prova de final de temporada. Na grelha de partida, repleta de talento, estão pilotos das academias da Red Bull (Oliver Goethe e Enzo Deligny), da Ferrari (Dino Beganovic e Tuukka Taponen), da McLaren (Alex Dunne e Ugo Ugochukwu) e da Toyota Gazoo Racing (Rikuto Kobayashi e Jin Nakamura). Estão também filhos de ex-vencedores da prova, como Rintaro Sato (filho de Takuma Sato), recém-coroados campeões de F4, como Freddie Slater e Mattia Colnaghi, e ex-campeões de F4, como Théophile Naël, Cooper Webster e Tiago Rodrigues. Obviamente, destaque para a presença do jovem piloto de Macau, que é o único piloto da RAEM nas quatro corridas principais do programa. Devido à sua pouca experiência neste carro, a fasquia não pode ser colocada injustamente alta para o campeão chinês de F4 de 2023 nesta sua primeira corrida com este monolugar. A grande incógnita Depois do desastre de comunicação que foi o anúncio da troca da F3 pela FR, em que a FIA esteve particularmente mal, agora a FR terá de convencer em pista que não se trata de uma despromoção para Macau, mas sim uma adaptação a uma nova realidade na pirâmide dos monolugares a nível mundial. Não há dúvidas de que a marca “F3” será difícil de igualar a curto prazo, mas um bom espectáculo na tarde de domingo poderá amenizar qualquer sentimento de frustração existente. Facto Num espaço de seis edições, a prova rainha do Grande Prémio recebe a terceira categoria monomarca diferente, após a F3 (2019, 2023) e a F4 (2020, 2021, 2022).
Sérgio Fonseca Desporto71º Grande Prémio | Tudo sobre a 56ª competição do Grande Prémio de Motos de Macau Suspeitos do costume Com apenas vinte inscritos, todos eles provenientes do continente europeu, a única prova de duas rodas do Grande Prémio reúne os “suspeitos do costume” e alguns estreantes. Vencedor no ano passado, Peter Hickman vai tentar obter a sua quinta vitória na mais prestigiada corrida de estrada do continente asiático, enquanto o seu companheiro de equipa na FHO Racing, o veterano Michael Rutter, lutará pelo décimo triunfo. O terceiro membro da FHO Racing, Davey Todd, vai tentar contrariar o domínio dos dois grandes favoritos na terceira BMW M1000RR da equipa, e diz-se que estará muito motivado com a possibilidade de os superar em pista. A concorrência é liderada pelo finlandês Erno Kostamo, vencedor da corrida em 2022, quando as estrelas anglófonas se recusaram a viajar para Macau. Aos comandos de uma BMW M1000RR, provavelmente a melhor moto de estrada da actualidade, o nórdico chega a Macau igualmente confiante, após de se impor ao ausente Michael Dunlop, em Imatra, em Julho passado. A grande incógnita Será que alguém é capaz de superar as motos da FHO Racing? Na teoria tudo indica que a equipa de Faye Ho vai ter um passeio no parque, a exemplo de 2023. Hickman, Rutter e Todd carregam todo o favoritismo nas suas motos. Se alguém os contrariar em pista, nem que seja por breves momentos, será elevado ao estatuto da “grande surpresa” da prova. Facto Esta é uma das grelhas de partida mais pequenas da história do Grande Prémio de Motos de Macau. Ameaça de Chuva A passagem nas proximidades de Macau do tufão Toraji traz um clima de incerteza acrescida à corrida deste ano. Sendo certo que em caso de chuva as motas não vão para o Circuito da Guia, existe o risco de a corrida sofrer alterações face ao horário programado ou não se chegar mesmo a realizar.
Sérgio Fonseca Desporto71º Grande Prémio | Taça GT – Corrida da Grande Baía GT dos pequeninos Depois de anos a ser o “patinho feio” do programa, a aposta nos carros GT4 e num Balance of Performance (BoP) da SRO Motorsports Group, deu à Taça GT – Corrida da Grande Baía outra credibilidade e outros motivos de interesse. Num pelotão com muitas caras conhecidas do automobilismo chinês, as marcas começam a fazer-se representar. A Porsche trouxe o jovem francês Alessandro Ghiretti para vencer, enquanto a Toyota confia na presença da “sua” Gazoo Racing China, com Han Lichao ao volante, e a Lotus entregou um Emira ao capaz jornalista-piloto Yan Chuang. A grelha de partida conta também ex-vencedores desta corrida, como são os casos de Alex Jiang (BMW M4), em 2022, e Kevin Tse (Mercedes AMG GT4), em 2019, e vencedores de outras corridas passadas disputadas no Circuito da Guia, como são o local Kelvin Leong (BMW M4), talvez o mais rápido do contingente de oito pilotos de Macau, ou Lo Ka Chun (BMW M4) de Hong Kong, o mais ornado de todos. A corrida é também um interessante espectáculo visual, tanto pela acção arrebatadora em pista quanto pela variedade de carros de marcas conhecidas e reconhecidas no automobilismo, como a Audi, a BMW, a Toyota, a Lotus, a McLaren, a Mercedes, a Porsche ou até a Ginetta. A grande incógnita Que corrida vamos ter? No ano passado, quando até estava animada, esta mesma corrida teve um final prematuro devido a uma bandeira vermelha. Com uma grelha de partida que é composta maioritariamente por pilotos amadores, embora alguns com profundo conhecimento do Circuito da Guia, a possibilidade de termos mais uma corrida estragada por bandeiras vermelhas e safety-cars é elevada. Facto Esta será corrida com a maior grelha de partida com carros GT4 no continente asiático no ano de 2024.
Sérgio Fonseca Desporto71º Grande Prémio | Macau Roadsport Challenge / Macau Roadsport – Taça do Estabelecimento da RAEM Espaço para os talentos locais Desde o primeiro Grande Prémio, em 1954, que a presença dos pilotos locais é levada muito a sério. Quando os grandes nomes internacionais começaram a preencher as grelhas de partida, houve sempre um especial cuidado para manter a “prata da casa” no evento. Muitos se perguntarão qual a diferença entre estas duas corridas com nomes semelhantes e a resposta é simples: nenhuma. Dado o número de inscritos e o entusiasmo em redor das corridas de apuramento para o Grande Prémio, este ano realizadas no circuito chinês de Zhuzhou, que obrigou a separar a grelha de partida em dois, a Associação Geral Automóvel Macau-China conseguiu arranjar forma de encaixar todos os concorrentes no evento do Circuito da Guia. Todos os pilotos competem em carros Toyota GR86 (ZN8) ou Subaru BRZ (ZD8), o que permite, na teoria, corridas bastantes animadas. As centralinas são sorteadas antes do evento, para evitar excessos de criatividade, e todos os carros são obrigados a utilizar pneus da marca Pirelli. São treze os concorrentes com licença desportiva da RAEM, quatro deles nomes bem conhecidos da comunidade lusófona – Rui Valente, Jerónimo Badaraco e Célio Alves Dias correm na Macau Roadsport Challenge e Sabino Osório Lei na Macau Roadsport – Taça do Estabelecimento da RAEM. A grande incógnita No ano passado, ano da estreia destes carros nas corridas de Turismos locais, houve um ascendente claro dos pilotos de Hong Kong. Um ano depois, e com muito mais quilómetros em cima, será que esta tendência se mantém? Os resultados das corridas realizadas em Zhuzhou dizem que sim, mas o Circuito da Guia é a verdadeira prova de fogo. Facto Apesar da igualdade dos carros, 20 pilotos escolheram os Subaru e 34 os Toyota.
Hoje Macau SociedadeGrande Prémio | Drones proibidos até segunda-feira A Autoridade de Aviação Civil de Macau publicou ontem um aviso no Boletim Oficial que determina a proibição de voo com aeronaves não tripuladas na península de Macau, entre hoje e domingo (no período de 24 horas), “a fim de garantir que a 71.ª edição do Grande Prémio de Macau se realize de forma tranquila e segura, evitando quaisquer riscos ou interferências potenciais”. Quem não respeitar a proibição arrisca uma multa que pode variar entre 2.000 e 20.000 patacas. As autoridades lançaram ainda um apelo “à colaboração dos cidadãos na criação de um ambiente seguro e ordenado para as corridas”. GPM | Ocupação hoteleira acima dos 90% A Direcção dos Serviços de Turismo (DST), nas palavras do seu vice-director, Cheng Wai Tong, apontou que a taxa de ocupação hoteleira já atingiu os 90 por cento, estando de acordo com as expectativas definidas para o sector tendo em conta a chegada do Grande Prémio de Macau (GPM). Em relação à competição deste fim-de-semana, o Instituto do Desporto confirmou também um bom panorama de venda de bilhetes, segundo palavras do vice-director da DST. De acordo com a imprensa chinesa, este disse que nos últimos anos o GPM tem atraído sobretudo visitantes estrangeiros e de Hong Kong, mas que o público da China tem vindo a aumentar. Assim, as autoridades procuram assegurar um equilíbrio no que toca às nacionalidades dos visitantes, graças à realização de mais campanhas publicitárias noutras regiões do mundo.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSJM | Anunciados lucros de 101 milhões Daisy Ho, presidente da SJM revelou que a capacidade do Grand Lisboa Palace vai ser aumentada em cerca de 10 por cento, no que se espera que gere um aumento do número de visitantes Com Lusa A concessionária do jogo SJM anunciou um lucro de 101 milhões de dólares de Hong Kong no terceiro trimestre do ano, no que representa uma melhoria dos resultados face ao período homólogo. Os resultados foram apresentados através de um comunicado à bolsa de Hong Kong e representam o segundo trimestre deste ano com números positivos. Em comparação com os números mais recentes, no terceiro trimestre do ano passado a empresa tinha apresentado um prejuízo de 410 milhões de dólares de Hong Kong. Este foi o segundo trimestre do ano corrente com resultados positivos para SJM, depois de ter atingido um lucro de 864 milhões de dólares de Hong Kong, entre Janeiro e Março. Quando se faz o balanço dos primeiros nove meses do ano, a SJM tem um resultado negativo de 61 milhões de dólares de Hong Kong, o que se explica devido às perdas durante o segundo trimestre. No entanto, este é ainda um valor abaixo do prejuízo de 1,67 mil milhões de dólares de Hong Kong sofrido pelo grupo nos primeiros nove meses de 2023, que acabou por ser o quarto ano consecutivo de perdas sem precedentes para a SJM. Tempos difíceis Na apresentação dos resultados, Daisy Ho, presidente da SJM, destacou o contributo do hotel-casino Grand Lisboa Palace para os resultados positivos: “É com prazer que anuncio que o potencial do Grand Lisboa Palace Resort começa a ser desvendado, o que está a conduzir a forte reviravolta da situação do grupo, com um crescimento renovado, depois de terem sido atravessados tempos difíceis” afirmou Ho, em comunicado. De acordo com a presidente do grupo, a estratégia para os próximos meses passa por fazer subir o número de clientes, ao aumentar em 10 por cento a capacidade do Grand Lisboa Palace e diversificar a oferta do hotel. “Nos próximos trimestres, a SJM irá lançar uma série de medidas chave para aumentar o número de visitantes e melhorar estrategicamente a nossa oferta, incluindo um conjunto diversificado de opções de restauração, o aumento da capacidade de convenções e exposições no Grand Lisboa Palace e uma expansão de 10 por cento na capacidade hoteleira do Grand Lisboa”, revelou. “Com o contínuo crescimento trimestral e anual das receitas brutas do jogo, estou confiante que os investimentos na nossa equipa e nos nossos resorts vão levar a um aumento do nosso valor a longo prazo”, acrescentou. No terceiro trimestre do ano, os casinos da SJM arrecadaram 18,9 mil milhões de dólares de Hong Kong, mais 41 por cento do que entre Janeiro e Setembro de 2023, enquanto as receitas não jogo subiram 25,5 por cento, para 1,41 mil milhões de dólares de Hong Kong.
Hoje Macau SociedadeZhuhai | Autoridades sem informação de vítimas de Macau Até ontem as autoridades locais não tinham qualquer informação sobre a existências de vítimas de Macau no âmbito do ataque em Zhuhai que causou pelo menos 35 mortos e 43 feridos. Ao jornal Ou Mun, a polícia explicou que estava em comunicação com as congéneres do Interior, que ainda estavam a tentar determinar as identidades de todas as vítimas. Se houvesse residentes de Macau entre os feridos ou mortos, a polícia de Macau prometeu divulgar a informação. De acordo com a mesma publicação, também a Direcção de Serviços de Turismo não recebeu qualquer pedido de auxílio de residentes em Zhuhai, ou de familiares destes, e também não foram pedidas informações sobre este caso. De acordo com a agência AFP, as autoridades de Zhuhai impediram ontem que residentes e familiares das vítimas demonstrassem o luto junto ao Centro Desportivo Xiangzhou. Segundo a agência, foram várias as pessoas que tentaram deixar flores junto aos portões do local onde aconteceu o acidente mortal. No entanto, depois de deixaram flores e outros objectos para expressarem o luto, estes eram imediatamente recolhidos pelas autoridades e levados para o interior do estádio. “O que aconteceu não foi um pequeno incidente”, disse à AFP uma mulher de cerca de 50 anos, que pediu o anonimato para proteger a sua privacidade. “Devíamos lembrar-nos que houve pessoas a morrer e não sermos tão frios. Acho que mais pessoas em Zhuhai deveriam vir aqui e colocar algumas flores em memória das vítimas”, acrescentou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCentaline | Pedido mais apoio ao mercado imobiliário O director da Centaline, Roy Ho, espera que o futuro Governo de Sam Hou Fai siga as políticas nacionais, com maior apoio ao mercado imobiliário, para que o número de transacções deixe de cair O director da Centaline Macau, Zhuhai e Hengqin, Roy Ho, espera que o futuro Governo de Sam Hou Fai siga o exemplo do Interior e adopte várias medidas para relançar o mercado imobiliário. Em entrevista ao jornal Exmoo, o director da imobiliária afirmou que nesta fase o mercado está numa fase de expectativa, para tentar perceber que medidas vão ser promovidas pelo futuro Chefe do Executivo e perceber qual a direcção do desenvolvimento das políticas de habitação. No entanto, Roy Ho confessou que existe a esperança entre as imobiliárias que Macau siga o exemplo do Governo Central no Interior, onde nos últimos meses foram adoptadas medidas para promover a procura e reduzir o excesso de oferta. Entre as medidas, incluem-se a compra de terrenos para construção pelos governos provinciais, moratórias no crédito à habitação para as famílias com mais dificuldades ou maior disponibilização de crédito pelos bancos às construtoras. “A política nacional consiste em travar o declínio e estabilizar o mercado imobiliário, de modo a que o excesso de oferta possa ser um pouco controlado”, começou por indicar Ho. “Se em Macau também estamos a falar em travar o declínio e estabilizar o mercado imobiliário, mas os preços continuam a ser reduzidos, então não estamos a cumprir o objectivo nacional”, acrescentou. Nas declarações prestadas, Roy Ho sublinhou, porém, que o “mais importante para o mercado imobiliário de Macau” é haver um “desenvolvimento saudável, gradual” que junte diferentes aspectos como a oferta de habitação económica, integre a política de importação de estrangeiros e tenha em conta a cooperação com Hengqin. “Se fizermos tudo isto, estamos a seguir uma boa direcção”, indicou. Mercado cauteloso O director da Centaline Macau, Zhuhai e Hengqin abordou também a redução de 3,6 por cento do Índice Geral de Preços Mercado Imobiliário no terceiro trimestre, em conjunto com a redução para níveis históricos do número de transacções. Para Roy Ho estes indicadores não são uma surpresa, porque os potenciais compradores de habitação, antes de entrarem no mercado, têm estado na expectativa a aguardar pela redução das taxas de juros da Reserve Federal Americana. Esta descida, confirmada na semana passada, também faz com que indirectamente os juros cobrados no crédito em Macau fiquem mais baratos. Apesar do novo normal do mercado da habitação e de considerar que são necessárias medidas para apoiar a procura, o director da Centaline Macau, Zhuhai e Hengqin afirmou que a salvação pode passar pela importação dos quadros qualificados, que o Governo pretende trazer para Macau, para diversificar a economia. “É preciso atrair mais pessoas, e se atrairmos essas pessoas, elas vão querer comprar habitação”, indicou.
Hoje Macau SociedadeEmprego | Três feiras com 638 vagas nos dias 20, 21 e 25 de Novembro A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) irá organizar três feiras de emprego, disponibilizando um total de 638 vagas, nos dias 20, 21 e 25 de Novembro, para os sectores transportes para turismo e hotelaria. Segundo um comunicado divulgado ontem pela DSAL, as inscrições para as três sessões abrem hoje e os interessados podem inscrever-se no website da DSAL até ao meio-dia de 19 de Novembro. A primeira sessão está marcada para a manhã de 20 de Novembro, com a oferta de 20 vagas para transportes para turismo, para encarregado de estação e condutor, e irá decorrer na sede da DSAL na Avenida Dr. Francisco Vieira Machado, nº 221 a 279. No dia seguinte será a vez do sector da hotelaria, com 434 ofertas de emprego para gerente assistente de restaurante, subchefe de cozinha, supervisor de restauração, chefe do serviço de atendimento ao cliente, embaixador de serviços de restauração, cozinheiro de culinária chinesa e ocidental, técnico de arte floral e empregado de rouparia. Esta sessão terá no lugar no International Convention Center. No dia 25 de Novembro, no Hotel Grand Lisboa Palace Macau, serão disponibilizadas 184 vagas para gerente de restaurante, supervisor de serviços de restauração, chefe de cozinha, cozinheiros de diversas gastronomias, agente de serviços de restauração, barista e guarda de segurança.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDireitos laborais | Deputada quer que Governo assuma mais custos Numa interpelação escrita, Wong Kit Cheng defende que as pequenas e médias empresas não têm condições para suportar os custos das políticas laborais implementadas para aumentar a taxa de natalidade Wong Kit Cheng defende que o Governo da RAEM tem de assumir uma fatia maior dos custos das políticas de promoção do aumento da natalidade, apontado como exemplo as licenças de maternidade e paternidade no sector privado. A opinião faz parte de uma interpelação escrita da deputada ligada à Associação das Mulheres. Actualmente, as empresas privadas suportam praticamente todos os custos dos direitos laborais dos trabalhadores ligados à natalidade, ficando responsáveis pelo pagamento integral dos cinco dias de licença de paternidade, e dos 70 dias da licença de maternidade. Devido a um regime que foi apresentado como temporário, aquando do aumento da licença de maternidade de 56 para 70 dias, o Governo, através do Instituto de Acção Social, assume o pagamento dos restantes 14 dias. A medida foi prolongada recentemente até ao final do próximo ano. No entanto, os custos dos direitos laborais, explica Wong Kit Cheng, são uma das razões que levam pequenas e médias empresas a oporem-se frequentemente à melhoria dos direitos laborais dos trabalhadores, no que a deputada vê como um conflito com a política social do Governo. “O incentivo à natalidade tornou-se uma questão urgente e de interesse geral da comunidade, mas, ao mesmo tempo, face ao ambiente empresarial insatisfatório de muitas pequenas e médias empresas (PME), o Governo da RAEM tem de desempenhar um papel mais proactivo e de liderança nesta matéria”, escreve a deputada. Chegar-se à frente Wong Kit Cheng pretende que o Governo se mostre disponível para estender a outros apoios o modelo aplicado ao aumento da licença de maternidade, com os cofres da RAEM a assumirem uma maior parte dos custos dos direitos laborais. “Em resposta ao declínio da taxa de natalidade em Macau, e tendo em conta as dificuldades operacionais das pequenas e médias empresas, o Governo tem intenção de seguir o regime de compensação da entidade patronal na licença de maternidade e adoptar regulamentos administrativos para fornecer mais incentivos?”, perguntou Wong. “O conceito de ‘partilha de custos’ ajudará a apoiar as empresas a implementar medidas mais favoráveis à família e é uma referência digna de Macau, de modo a criar uma atmosfera social em que ‘o Governo, o sector empresarial e a população’ apoiam conjuntamente o incentivo à natalidade”, acrescentou A deputada das Mulheres indicou ainda que o modelo deve ser adoptado a outros tipos de apoio à gravidez, como o aumento da licença da paternidade, estabelecimento de pausas mais frequentes para amamentação e adopção de horários flexíveis para as trabalhadoras que foram mães recentemente.
Hoje Macau SociedadeBNU | Crédito malparado sobe nos primeiros nove meses do ano O Banco Nacional Ultramarino (BNU) registou, nos primeiros nove meses deste ano, imparidades sobre créditos e investimentos financeiros no valor de 20,9 milhões de patacas, o que constitui um aumento de 4,6 milhões de patacas relativamente ao período anterior. Os dados constam num comunicado emitido ontem pelo banco, que declara que apesar do “prudente provisionamento, a qualidade dos activos do BNU continua forte, com os rácios de crédito malparado a continuarem a comparar-se favoravelmente com os padrões de referência do mercado”. O BNU acrescenta ainda que “mantém o seu quadro de gestão de risco de crédito robusto, garantindo uma cobertura suficiente das provisões contra potenciais incertezas no contexto de mercado”. Em termos gerais, o BNU teve um resultado líquido não auditado, depois de impostos, de 444,2 milhões de patacas nos primeiros nove meses deste ano, uma diminuição de 15,7 milhões de patacas ou 3,4 por cento face ao período homólogo em 2023.
Hoje Macau PolíticaParques Industriais | Chan Hon Sang eleito presidente Chan Hon Sang foi nomeado em comissão de serviço presidente do Conselho de Administração da Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial. O documento surge assinado por Ho Iat Seng. No documento, consta também a exoneração do actual presidente Lo Ioi Weng, com efeitos a partir de 19 de Novembro, embora não surja qualquer justificação para a dispensa. De acordo com o portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos, o presidente da empresa tem uma remuneração anual de 1,18 milhões de patacas. Dado que Chan Hon Sang já integrava o conselho de administração da empresa com capitais públicas, Leong Wa Fong foi nomeado como novo membro do conselho.
Hoje Macau PolíticaHabitação económica | Publicados resultados de concurso O Instituto de Habitação (IH) publicou ontem a lista dos candidatos admitidos e rejeitados no concurso de habitação económica de 2023, referentes às habitações que serão em cinco lotes (B5, B7, B8, B11 e B12) da Zona A dos novos aterros, num total de 5.415 apartamentos. O IH revelou ontem ter admitido 5.076 candidaturas e rejeitado 1.486 candidaturas. Os candidatos podem consultar a situação da sua candidatura no website do IH, ou consultar as listas que vão estar afixadas até 28 de Novembro no exterior Edifício Cheng Chong, na Rua do Laboratório e na Travessa do Laboratório, na península de Macau. A partir de hoje, até 28 de Novembro, podem ser apresentadas reclamações na delegação do IH na mesma morada.
João Luz Manchete PolíticaFundação Macau | Wu Zhiliang descarta ida para o Governo Há mais de 35 anos na Fundação Macau, Wu Zhiliang sente-se em casa e quer levar o organismo para uma nova fase de apoio a associações e à população. O responsável afasta a hipótese de integrar o elenco do Executivo de Sam Hou Fai, mas espera que o novo Governo corresponda às necessidades e expectativas dos cidadãos O presidente do Conselho de Administração da Fundação Macau, Wu Zhiliang, afastou ontem a possibilidade de integrar o próximo Governo, que será liderado por Sam Hou Fai. Em declarações à TDM – Rádio Macau, o responsável garantiu que após mais de três décadas e meia nos quadros da Fundação Macau está satisfeito com o cargo que ocupa. “Estou na fundação há 36 anos. Estou bem na fundação, quero continuar e levar a fundação para uma nova fase de desenvolvimento. Queremos continuar a apoiar bem as associações e as necessidades da população”, referiu Wu Zhiliang aos microfones da emissora pública. Em relação ao próximo Governo, o líder da Fundação Macau está confiante que lance políticas que respondam às necessidades da sociedade. Sobre o trabalho da fundação, Wu Zhiliang realçou que em 2023 foram atribuídos 933 milhões de patacas em subsídios, total que representou um aumento de quase dois terços em relação ao valor distribuído no ano anterior, ou seja, 572 milhões de patacas. Quanto às razões para o aumento do valor total dos subsídios atribuídos em 2023, Wu Zhiliang indicou as mudanças dos prazos na atribuição dos apoios, mas também o aumento dos pedidos de financiamento, que cresceram mais de 10 por cento entre 2022 e 2023, para um total de 2.162 pedidos. Vigilância apertada Em relação ao Plano de Apoio Financeiro Amor por Macau e Hengqin, desde o seu lançamento, a Fundação Macau financiou 47 associações num valor que, no segundo trimestre deste ano, já ultrapassava os 7 milhões de patacas. No total, as excursões financiadas levaram cerca de 68 mil residentes à Ilha da Montanha. Recorde-se que as agências de viagem escolhidas para organizar estas excursões vieram de associações ligadas ao turismo, com todas as agências escolhidas a serem propriedade ou lideradas pelos próprios dirigentes associativos ouvidos pelo Governo. Apesar disso, o chefe do departamento de apoio financeiro da Fundação Macau, King Wong, realçou ontem no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, que o organismo é exigente na supervisão aos apoios concedidos. “A Fundação Macau tem um regime rigoroso que supervisiona a gestão de subsídios, para garantir que as actividades subsidiadas são lançadas segundo os planos. Ao longo deste ano, foram realizadas 544 inspecções em locais onde decorriam eventos financiados pela fundação, e fizemos 280 advertências por escrito a associações que não entregaram o relatório de actividade dentro do prazo ou não cumpriram completamente as suas obrigações”, indicou King Wong. Em quase uma centena de casos de entrega tardia do relatório de actividades, a Fundação Macau sancionou as entidades financiadas com um corte de 5 por cento do subsídio.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteUrbanismo | Livro conta intersecção da história de Macau com a arquitectura Depois do primeiro lançamento em Portugal, “Macau. Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia” será lançado hoje na Creative Macau. O mais recente projecto editorial da BABEL – Associação Cultural revela a forma como a história de Macau foi moldando a sua arquitectura e a forma de organização urbanística desde os primórdios do século XX Imagem_Nuno Cera É hoje lançado na Creative Macau, a partir das 18h30, o novo projecto editorial da BABEL – Associação Cultural, que traz visões de vários autores sobre o tecido urbano de Macau e a história do território. “Macau. Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia” é o nome do livro fruto de uma bolsa de investigação académica concedida a Tiago Quadros, arquitecto e co-fundador da BABEL, em 2020. Tiago Quadros, coordenador da obra, declarou ao HM que o estudo procurou “identificar as influências que determinados textos fundamentais, escritos ao longo do século XX, tiveram na arquitectura de Macau e na forma como os arquitectos foram desempenhando a sua actividade”. Há, assim, três grandes momentos contados no livro: as primeiras décadas do século XX, sobretudo no período da revolução republicana na China, em 1911; depois, o movimento “12,3”, expressão da Revolução Cultural chinesa em Macau, que decorreu entre 15 de Novembro de 1966 e Fevereiro de 1967; e depois o período mais contemporâneo até à transição, em que, segundo Tiago Quadros, “o itinerário pós-modernista do território resultou fundamentalmente do pensamento e da actividade de Manuel Vicente”. “Nestes e noutros processos, e momentos, Macau foi sempre seguindo as tendências internacionais, ainda que com as adequações naturais e decorrentes das condições climatéricas do território, das condicionantes resultantes do ambiente cultural local e do facto de o território estar na periferia dos debates centrados nos novos programas, tecnológicos e sociais.” Desta forma, acrescentou Tiago Quadros, o livro “reflecte algum do trabalho realizado ao abrigo da bolsa de investigação académica, mas a partir de uma estrutura de natureza mais antológica”. “No processo de construção do livro pareceu-me importante que essa dimensão antológica prevalecesse, por forma a que o livro pudesse constituir-se também como fonte de consulta, mas sobretudo, e isso é o mais importante, como ponto de partida para outros estudos, para outras investigações sobre o território e a arquitectura de Macau”, frisou. Mudanças estruturais À partida, poder-se-á pensar que movimentos políticos ou revolucionários nada têm a ver com a forma de construir e planear uma cidade. Porém, não foi isso que a história de Macau mostrou. Nesta antologia encontram-se textos de autores como os arquitectos José Maneiras ou Mário Duarte Duque, Manuel Graça Dias, Fernando Távora ou Álvaro Siza. Incluem-se ainda “escritos – seleccionados, compilados e organizados – por arquitectos, professores, investigadores, bem como jornalistas, viajantes e exploradores, provenientes da Ásia, mas também da Europa, América do Norte e Oceania”. Segundo Tiago Quadros, os três períodos temporais que servem de enquadramento a todo o conteúdo “são históricos e não estão directamente relacionados com a arquitectura ou urbanismo, mas, na sua essência, vão directamente trazer consequências na forma como a cidade passa a ser pensada, desenhada e construída”. No caso do período de instauração da República na China, e também em Portugal, mas dois anos antes, em 1910, “o que acontece em Macau é a adopção de medidas urbanísticas, como a adopção de planos para a melhoria das vias e a nível de higiene, procurando dotar-se a cidade de uma melhor qualidade de vida e saneamento básico”. Assim, ocorre “uma pequena revolução na cidade que procura que alguns bairros passem a ter uma melhor qualidade de vida das pessoas”, destacando-se a grande mudança trazida com a abertura da Avenida Almeida Ribeiro. O projecto, segundo Tiago Quadros, obrigou a “grande coragem política, e que teve grande resistência”, pois implicou a ligação da cidade chinesa com a parte cristã da cidade, onde residiam os portugueses e macaenses na sua grande maioria. Para esse processo se realizar, ocorreram várias expropriações de terrenos. Mas, em termos gerais, “foi concluído com sucesso”, o que faz com que as primeiras décadas do século XX em Macau tenha sido marcado “pela realização de grandes obras públicas, nomeadamente a melhoria do Porto Interior, pois era importante que Macau tivesse um porto que fosse viável, em comparação com os recursos que existiam em Hong Kong”. Depois, em meados dos anos 60, o “12,3” trouxe, para Tiago Quadros, “a mudança mais interessante no panorama do século XX em Macau, pois coincide com a vinda para o território de uma geração muito jovem de arquitectos, como José Maneiras, Natália Gomes ou Manuel Vicente”. Estes chegam bastante influenciados profissionalmente “pelos estudos que tinham feito na Europa e por todos os movimentos que surgiam nos Estados Unidos da América e na Europa, como o Maio de 68”. Assim, estes arquitectos chegam a Macau “muito preocupados e atentos à questão da matriz social da arquitectura e a importância que esta poderia ter na vida de uma comunidade e cidade”. No caso de Manuel Vicente, que chegou a Macau pela primeira vez no início dos anos 60, vem integrado de uma geração que trabalhou em Lisboa com “planos de expansão, urbanísticos e edifícios públicos que eram desenhados em Lisboa e depois enviados para serem construídos em vários destinos diferentes”. Encontram, à época, “um espaço muito afastado da metrópole [Portugal] que escapava às regras e normas vigentes [em Lisboa], onde havia um espaço relativamente novo, o que lhes permitiu iniciar a sua actividade num espaço de maior liberdade e grande responsabilidade”. Foi a época dos planos do ZAPE [Zona Aterros do Porto Exterior], por exemplo, ou outros que “do ponto de vista político exigiram decisões importantes não muito bem aceites pela comunidade chinesa”. Além disso, “o facto de, até 25 de Abril de 1974, Macau ser governada com grande distanciamento por parte do Governo português, com uma Administração reduzida, dificultou o planeamento da cidade”, mas também “permitiu a arquitectos uma liberdade de acção, sobretudo no que diz respeito a processos de maior experimentalismo”. A época da liberalização Já na era próxima da transição, em 1999, a decisão de liberalizar o jogo e o crescimento do número de turistas chineses trouxe profundas mudanças em toda a sociedade, com impactos urbanísticos. “A parte mais visível dessa mudança é a zona do Cotai, mas antes deste ser construído a mudança começou a sentir-se na península, com a construção dos primeiros casinos”, nomeadamente o Sands em 2004. Deu-se, então, “a grande transformação ao nível da arquitectura, com impacto na cidade e na forma como as pessoas começam a viver a partir daí”, pois deu-se o aumento dos valores das rendas, além de que a própria população aumentou. “Este terceiro momento tem também uma questão relacionada com o impacto que este mercado vai ter nos escritórios de arquitectura de pequena e média escala”, defende Tiago Quadros, chamando a atenção para os ateliers de matriz portuguesa. Estes passam a “sentir dificuldades porque os casinos entram no mercado e trazem consigo as grandes multinacionais ligadas à arquitectura e design de interiores, ocupando um espaço que não existia e que os ateliers pequenos não conseguem ocupar”. Acima de tudo, esta obra “não pretende ser uma história da arquitectura e urbanismo”, refere Tiago Quadros que destaca os textos escritos por viajantes, jornalistas ou sinólogos na primeira metade do século XX, pois os textos mais académicos só surgem depois dos anos 60. “São olhares com importâncias e relevâncias diferentes e isso nota-se quando se lê o livro, mas estas diferenças, quer na origem dos textos, quer nos suportes onde foram originalmente colocados, dá-nos a ideia do que é Macau, um espaço de grandes incoerências, de muita informalidade”. A obra é editada pela Circo de Ideias e trata-se de uma iniciativa da BABEL – Associação Cultural, criada por Tiago Quadros e Margarida Saraiva em Macau, em 2013. A BABEL estabeleceu-se em 2020 em Alcobaça. A apresentação de hoje estará a cargo do arquitecto Diogo Burnay. Tiago Quadros recorda ainda as palavras do arquitecto Jorge Figueira na primeira apresentação da obra, no Porto. Este “disse, de forma muito generosa, que este livro é um contributo para que se volte a olhar para Macau”. “Ficarei muito feliz se o livro for, de facto, um estímulo para que outros investigadores se interessem por Macau, pela sua arquitectura e urbanismo”, rematou.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | UM organiza exposição sobre Angola e Moçambique No contexto de uma viagem de intercâmbio do Centro de Estudos Jurídicos e Judiciais da Universidade de Macau a Angola e Moçambique, o advogado e docente Miguel Quental retratou o dia-a-dia das populações destes países. As imagens podem agora ser vistas na UM até Dezembro numa mostra promovida pela própria instituição de ensino Retratar a simplicidade e uma realidade bem diferente daquela que se vive em Macau. São estas as ideias transmitidas pelas fotografias tiradas por Miguel Quental, advogado e docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (FDUM), em Angola e Moçambique, e que podem agora ser vistas pelo grande público numa mostra promovida pelo Centro de Estudos Jurídicos e Judiciais da FDUM. Ao HM, o causídico, que apenas faz fotografia em lazer, disse ter aceitado o repto do Centro para mostrar estas imagens que fez no contexto de uma visita de intercâmbio e cooperação às Faculdades de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique, e Agostinho Neto, em Angola. “Como gosto de fazer fotografia fui tirando algumas imagens durante essas viagens. Este é um Centro que se dedica ao estudo comparativo do Direito e às publicações que se fazem em língua portuguesa na sua relação com a China, e pensei que fosse interessante dar a conhecer a cultura e a forma de viver de Angola e Moçambique para os alunos da faculdade que nunca tiveram acesso a essa realidade.” Para Miguel Quental, a ideia é também “levar pessoas à universidade, que é também um espaço de cultura”. E até se pode dizer que a mostra tem tido sucesso, pois logo no primeiro dia cerca de 50 pessoas visitaram o espaço. Na exposição, inaugurada no passado dia 28 de Outubro e patente na entrada da FDUM, podem ver-se “fotografias com cenas de rua, miúdos a brincar na praia, vendilhões com o comércio tradicional, paisagens com barcos, a ria, o mar, a cidade e o campo”. “Procurei fazer esse contraste, pois a realidade, em relação a Macau, é bastante diferente a todos os níveis, desde a alimentação, o tipo de comércio e a forma de vender os bens”, realçou. Boa cooperação Na inauguração, Miguel Quental destacou “estar longe” de ser fotógrafo, considerando-se apenas “um coleccionador de imagens que reflectem momentos de vida, uns bons, maus e outros mais felizes”. “Procuro fotografar a vida e a nossa forma de viver, e fotografo o momento na esperança de o tornar eterno, pelo menos um pouco mais eterno. Quantas vezes olhamos e não vemos, ou vemos e não reparamos num pequeno pormenor, numa pequena forma, algo simples ou uma bonita cor”, disse. Miguel Quental já tinha estado em Moçambique, mas, no tocante a Angola, esta foi a primeira vez. “Sempre tive o fascínio de ir a Luanda. Tive um sentimento misto, pois gostei de lá estar, mas senti muita tristeza, e pensei que talvez as pessoas não sejam realmente muito felizes. Procurei retratar um pouco disso e penso que consegui captar os miúdos na sua essência, a brincar na praia.” Para o autor das imagens, foram captados “pequenos momentos” bem como a “tristeza” sentida em tantos rostos. Sobre o resultado da presença do Centro de Estudos na FDUM nestes países, Miguel Quental destacou que “há muito trabalho a fazer” nestas universidades, tendo sido “muito importante” a visita da FDUM. “Assinámos um protocolo com a Universidade Agostinho Neto e nos próximos anos vamos receber alunos e professores na UM. Vamos dar continuidade ao protocolo que mantemos há 25 anos com Moçambique. Cientificamente foram duas visitas que valeram a pena e procurei, com estas imagens, aliar a parte cultural à parte científica”, rematou.
João Luz SociedadeReciclagem | Macau tem mais de 4.000 postos de recolha Estão espalhados pelo território de Macau mais de 4.000 postos de reciclagem, indicou Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), em jeito de balanço. Passados 15 anos da criação da DSPA, o seu director recordou, em declarações ao jornal Ou Mun, que o Programa de Pontos Verdes foi criado em 2011, começando a recolha selectiva de materiais para reciclagem. Apesar das inúmeras críticas à eficácia dos programas de reciclagem do Governo, que antes da existência da DSPA era gerida pelo equivalente ao Instituto para os Assuntos Municipais, Raymond Tam salienta que a redução de desperdício na fonte e a recuperação de recursos são prioridades políticas do Governo. O responsável salientou que em 2019, a DSPA introduziu as máquinas de recolha de garrafas de plástico e em 2021, estes equipamentos foram actualizados para também recolher latas de alumínio. O peso das coisas Em relação à contabilidade actual, Raymond Tam afirmou que este ano, até ao final de Julho, foram recolhidos dos postos de reciclagem espalhados pela cidade, das máquinas de recolha e das escolas quase 3,42 mil toneladas de papel, quase 1,1 mil de toneladas de resíduos de plástico e 13,4 milhões de latas. Em relação à reciclagem de resíduos alimentares, o responsável realçou o programa de recolha que, desde 2012, tem alargado a sua rede de entidades e empresas participantes. Neste aspecto, Raymond Tam salienta que nos primeiros sete meses deste ano, as autoridades receberam mais de 1,2 toneladas de resíduos alimentares, provenientes de 220 restaurantes. A recolha e tratamento deste tipo de desperdício foi reforçado pela entrada em funcionamento dos centros ambientais Alegria, subordinados à DSPA, que começaram a receber resíduos alimentares em Abril de 2021. O líder da DSPA realçou no balanço dos trabalhos de protecção ambiental, o progresso conseguido no tratamento de equipamentos electrónicos, pilhas e baterias usadas. Entre o início de 2020 até Julho deste ano, foram recebidos cerca de 805 mil equipamentos electrónicos e eléctricos, e entre o fim de 2016 e Julho deste ano, foram recolhidas cerca de 332 toneladas de pilhas e baterias usadas.
Hoje Macau China / ÁsiaNova Deli | Registado primeiro pico de poluição da estação A poluição atmosférica atingiu ontem o primeiro pico da estação em Nova Deli, com concentrações de partículas nocivas até 50 vezes superiores ao nível considerado tolerável pelas autoridades sanitárias indianas. A megalópole de cerca de 30 milhões de habitantes regista todos os anos grandes picos de poluição com a aproximação do Inverno. Nesta altura do ano, os fumos diários produzidos pela indústria e pelos veículos combinam-se com os das queimadas agrícolas para criar uma nuvem que as temperaturas mais frias e os ventos mais fracos colocam sobre a cidade. Ontem de manhã (hora local), o índice de qualidade do ar ultrapassou a marca simbólica dos 1.000 pontos em várias zonas de Nova Deli, sendo que um nível acima de 300 é considerado perigoso para os seres humanos. As concentrações de partículas PM2.5 – as mais perigosas porque se difundem na corrente sanguínea – eram até 50 vezes mais elevadas nas primeiras horas da manhã do que o limiar considerado tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O Rajpath, a célebre esplanada rodeada pela Porta da Índia, um arco triunfal dedicado à memória dos indianos mortos em guerras, foi coberto ao amanhecer por um fumo particularmente denso. Um estudo publicado em Junho concluiu que a poluição atmosférica era responsável por 11,5 por cento das mortes em Deli, ou seja, 12.000 mortes por ano.
Hoje Macau China / ÁsiaRússia | Seul reitera acusação sobre presença de tropas de Pyongyang Os serviços de informações da Coreia do Sul afirmaram ontem que há militares norte-coreanos na região russa de Kursk, depois de os Estados Unidos terem indicado o envolvimento de Pyongyang na guerra da Rússia contra a Ucrânia. “As tropas norte-coreanas enviadas para a Rússia deslocaram-se para a região de Kursk nas últimas duas semanas”, refere um comunicado do Serviço de Informações de Seul. O mesmo documento difundido ontem em Seul menciona o alegado destacamento das forças da Coreia do Norte no “campo de batalha”. “(Os militares de Pyongyang) já estão envolvidos em operações de combate”, afirmou ainda a mesma fonte. Entretanto, o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken referiu-se a uma resposta “firme” face ao envolvimento da Coreia do Norte, ao lado da Rússia, na guerra na Ucrânia, e apelou aos países europeus para que façam mais para acelerar a ajuda a Kiev. Antony Blinken está de visita a Bruxelas, numa deslocação considerada urgente e num contexto de preocupações por parte da Ucrânia e de várias capitais europeias sobre a continuidade do apoio a Kiev após a reeleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. “As forças norte-coreanas estão envolvidas em combate e agora literalmente em combate: este novo elemento exige uma resposta firme e ela será dada”, disse o chefe da diplomacia norte-americana ao jornalista numa conferência de imprensa em que participou o secretário-geral da NATO, Mark Rutte. “Trata-se de um desenvolvimento profundo e perigoso”, acrescentou Blinken, sem especificar como os Estados Unidos e os aliados tencionam reagir.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | Nomeado ‘guru’ financeiro para gabinete de ligação Pequim anunciou ontem a nomeação de Qi Bin, vice-presidente do fundo soberano da China, para o cargo de adjunto do gabinete de ligação do governo central em Hong Kong, cuja posição como centro financeiro internacional está fragilizada. Qi, de 57 anos, é vice-presidente e director-adjunto de investimentos da China Investment Corporation (CIC), um dos maiores fundos soberanos do mundo, com mais de 1,3 biliões de dólares de activos sob gestão. Qi deve assumir a responsabilidade pelos assuntos económicos no gabinete de ligação, desempenhando um papel vital na coordenação das políticas económicas e financeiras entre a China continental e Hong Kong, segundo fontes citadas pelo South China Morning Post. Doutorado em econometria pela Universidade de Tsinghua, em Pequim, trabalhou em grandes empresas de Wall Street, incluindo no banco de investimento Goldman Sachs, entre 1996 e 2000, antes de ingressar na Comissão de Regulação dos Valores Mobiliários da China (CSRC), onde trabalhou nos 16 anos seguintes. Em 2016, entrou para a CIC como vice-presidente executivo, assumindo responsabilidade pelo planeamento estratégico e pelas operações de investimento do fundo soberano. Também supervisionou o departamento de investigação para diversificar ainda mais a estratégia de investimento em activos. Durante o seu mandato, ajudou a liderar algumas medidas importantes de abertura do mercado, incluindo os programas de ligação entre praças financeiras Xangai – Hong Kong e Shenzhen – Hong Kong, destinados a integrar os mercados de acções do continente chinês com a Bolsa de Valores de Hong Kong.
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesPensar em termos estratégicos “Strategic thinkers don’t just make decisions; they assess and communicate their broader potential effects.” Brenda Steinberg & Michael D. Watkins A América perdeu o talento intelectual para pensar em termos estratégicos. Já não consegue gerir uma política externa coerente. Se continuar a descer esta encosta, será a guerra. Uma coligação para controlar a Eurásia. A incapacidade dos Estados Unidos de fornecer uma modesta assistência militar e financeira à Ucrânia é uma vergonha moral e estratégica. A América está envolvida numa luta amarga pelo controlo da Eurásia, que terminará com um vencedor. Os lados são claros e os Estados Unidos com os seus parceiros insulares ou peninsulares, os europeus, Israel, algumas potências árabes e Estados ao longo do litoral asiático contra uma coligação frouxa de potências revisionistas continentais, nomeadamente a China, o Irão e a Rússia. O resultado desta disputa definirá a história mundial para o resto do século. É por demais evidente que os Estados Unidos têm de competir em todas as regiões da Eurásia. Pensar em dar prioridade estratégica a uma ou a outra não só carece de substância como é perigoso. Tais argumentos criam divisões nebulosas, fictícias e principalmente retóricas, quando a natureza da Eurásia está, pelo contrário, profundamente interligada económica e militarmente. O “centro de gravidade económica mundial” pode muito bem ter-se “deslocado para a Ásia” em termos puramente de PIB. Mas a produção asiática depende de recursos, capital e tecnologias de muito mais longe, como a China bem sabe e como a Rússia aprendeu à sua custa após a invasão da Ucrânia. Os laços euro-asiáticos implicam que o que acontece num extremo da massa bicontinental repercute-se no outro. Israel e o Irão estariam a enfrentar-se mesmo sem a guerra na Ucrânia, mas a agressão de 7 de Outubro de 2023 e as crises subsequentes não se teriam desenrolado como se desenvolveram sem a erosão da credibilidade estratégica americana e a insistência israelita numa relação com a Rússia. O mesmo acontecerá quando a guerra se estender à Ásia, o que muito provavelmente acontecerá. Temos de ultrapassar a nossa perplexidade perante a ideia de um conflito euro-asiático e aceitar os desafios que temos pela frente. Caso contrário, a causa da civilização terá ainda mais dificuldades em sobreviver. As más escolhas estratégicas dos Estados Unidos contribuíram para esta situação. Não é intenção diminuir o papel dos outros actores. Os países europeus não conseguiram, mais ou menos, alimentar adequadamente as suas defesas desde a queda da União Soviética, facto que limitou grandemente a coerência da sua resposta ao expansionismo russo na Ucrânia ou a sua capacidade de agir independentemente da assistência estratégica americana. É claro que as potências revisionistas também contam muito e uma justifica a agressão aos seus vizinhos com base na crença bizarra de que a semelhança linguística exige unidade política; outra conduz subversões híbridas no Médio Oriente; outra ainda pressiona os parceiros asiáticos dos Estados Unidos. No entanto, o factor-chave é o fracasso da política externa americana, uma vez que só os Estados Unidos têm a perspectiva estratégica para lidar com os problemas daquilo a que se poderia chamar a coligação da Orla Eurasiática. O Reino Unido e a França podem ter armas nucleares; o Japão, a Austrália, a Alemanha e a Itália podem ser economias prósperas e ter capacidades militares não negligenciáveis. Mas só os Estados Unidos têm os meios, os aliados e os interesses ao longo de todo o arco da Eurásia. Há já algum tempo que Washington saiu da tutela estratégica britânica, que durou grande parte da Guerra Fria, durante a qual o Reino Unido, ainda com a sensação de ser um império com alcance euro-asiático, podia dar conselhos coerentes aos decisores americanos. Actualmente, os Estados Unidos estão sozinhos. Nenhum dos seus aliados cultiva uma perspectiva propriamente euro-asiática necessária para liderar uma coligação num desafio pela supremacia. O fracasso não está de modo algum escrito. A política externa europeia cometeu certamente erros mesmo durante a Guerra Fria. Entre eles, a bofetada de Eisenhower na cara de Paris e de Londres na crise do Suez, a retirada do Vietname e a cedência de Cuba a Moscovo. Mas, de um modo geral, a Europa foi liderada por estadistas lúcidos e eficazes. Mesmo a presidência de Carter, justificadamente criticada, deu uma viragem a partir de 1979, lançando as bases para a expansão militar da era Reagan que acabou por levar os soviéticos à exaustão. Kennedy permitiu a crise de Cuba, mas geriu-a bem para evitar uma catástrofe. A administração Nixon perdeu o Vietname do Sul, mas conseguiu uma política hábil para o Médio Oriente que transformou a região e fez de Israel o ponto central de uma estratégia coerente a longo prazo. Estes êxitos resultaram, em parte, do próprio Presidente dos Estados Unidos. Mas o processo burocrático é imensamente complicado. Longe vão os tempos em que um pequeno grupo de conselheiros, os ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, as altas patentes das Forças Armadas e funcionários civis seleccionados podiam tomar decisões com a confiança de que seriam implementadas de forma coerente nos vários ramos administrativos. Actualmente, o Estado é uma máquina burocrática que se rege por práticas rigorosas e estruturadas de recolha, tratamento, análise e divulgação de informações que facilitam a tomada de decisões. Ao longo do último século, o tipo de personalidade necessária no topo mudou. Uma figura como Henry Kissinger, algures entre um burocrata e um académico, continuaria a ser desejável, mas teria de combinar sensibilidade histórica e bom senso com qualidades de gestão e políticas. Figuras como ele são excepcionalmente difíceis de encontrar e cultivar em qualquer sistema educativo. O melhor que se pode aspirar é a burocratas experientes, alguns bons em gestão, outros bons em análise, outros bons em estratégia. Esta é a principal diferença entre o establishment da política externa de ontem e o de hoje. Uma diferença que explica os muitos erros recentes. Qualquer estudante sério de história estratégica compreende imediatamente que as teorias da “gestão de conflitos” aplicadas à Ucrânia são meros exercícios pseudo-intelectuais. No entanto, ideias como estas tornam-se populares precisamente porque a actual elite burocrática foi educada num pequeno círculo de universidades como Harvard ou Yale, por vezes com um diploma adicional de Oxford, onde os mesmos mandarins do acaso ensinam. Pessoas agarradas a concepções convencionais e obsoletas, que inculcam nos seus alunos uma profunda aversão ao confronto. Aqueles que podem discordar da interpretação ortodoxa de uma crise como a de Cuba ou estão mortos como Bill Rood e Donald Kagan ou estão fora do circuito como Doug Feith por razões de temperamento e de auto-selecção profissional. Quando, por outro lado, frequentamos os arquivos diplomáticos do fim da Guerra Fria e do período imediatamente a seguir, ficamos impressionados com a presciência de certas pessoas, como Dick Cheney, na altura Secretário da Defesa, que pouco se importava com o mal-estar russo face à expansão da NATO. E que reconheceram que, mesmo depois da era soviética, Moscovo representaria uma ameaça tal que mesmo os cenários mais calmos exigiriam décadas de contenção. Mesmo os seus opositores, como o muito elogiado Brent Scowcroft, operavam a um nível de sofisticação sem paralelo nos decisores e formadores de opinião actuais. Resumindo, os Estados Unidos e os seus aliados estão numa má situação porque a América e os seus parceiros, consequentemente perderam o talento intelectual para pensar em termos estratégicos. Isto levanta duas questões para os países europeus que têm interesse em manter a actual ordem euro-asiática. Um interesse que diz respeito a todos os actores do continente, da Ucrânia a Portugal, incluindo o húngaro Orban, o eslovaco Fico e o sérvio Vucic, porque a realidade é que mesmo os chamados soberanistas só sobrevivem porque são mantidos pela União Europeia e pela segurança proporcionada pelo sistema UE-NATO. A primeira questão é se estamos a assistir a um declínio da América. A resposta é um sim categórico. Não há outra maneira de explicar quinze anos de uma política externa cada vez mais inconsistente. Em todas as áreas, a situação era sempre recuperável, como a administração de George W. Bush ironicamente demonstrou ao recapturar o desastre iraquiano com o surto, um facto sempre ignorado por um revisionismo intelectual motivado mais pela ignorância e antipatia ideológica do que por uma análise aprofundada dos factos. Depois, porém, a administração Obama abandonou o Iraque, reduziu as despesas militares, procurou um desanuviamento quimérico com a Rússia e a China, apoiou tacitamente a expansão do Irão em detrimento de Israel e dos países do Golfo. A presidência de Trump fez algumas correcções substanciais, com uma postura mais agressiva em relação ao Irão e a prestação de ajuda militar à Ucrânia; mas nunca considerou um aumento concreto das despesas de guerra, dando antes prioridade às despesas sociais numa altura em que os Estados Unidos estavam a entrar numa fase de turbulência internacional. A administração Biden continuou na mesma linha, achatando efectivamente o orçamento do Pentágono em termos reais, enquanto abandonava o Afeganistão, procurava outro acordo com o Irão e se recusava a articular uma verdadeira estratégia para a Ucrânia, permitindo que a guerra se arrastasse, a um preço cada vez maior em termos de vidas. Este é um retrato de declínio manifesto. Significa que os aparelhos burocráticos foram totalmente incapazes de enfrentar os desafios actuais, por razões intelectuais, morais e políticas. A continuar a trajectória actual, não só se acabaria numa grande guerra euro-asiática, como provavelmente se perderia. Ou talvez fosse possível ganhar, mas com imensos custos humanos e económicos. É claro que há uma ressalva. Nunca enfrentámos as condições de hoje, mas já defrontámos condições igualmente adversas e recuperámos. Antes da II Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham decisores mais prudentes, apesar de um clima popular muito contrário ao envolvimento na Eurásia. No entanto, embora possuíssem um enorme poder industrial, não tinham qualquer acesso diplomático ou estratégico às potências euro-asiáticas; consequentemente, organizar o envio de forças de combate para o estrangeiro era uma tarefa formidável, muito mais do que a retrospectiva nos diria. Além disso, no passado, um grande choque estratégico despertou normalmente no povo americano uma consciência nacional mais profunda que ajudou a colocar os Estados Unidos na direcção certa. Actualmente, outro choque deste tipo poderá ter o mesmo efeito, especialmente se incluir um custo em termos de vidas americanas. A segunda questão é ainda mais importante, pois face ao declínio americano, o que é que os países europeus devem fazer? A resposta mais fundamentada, e difícil, é que devem passar por uma transformação intelectual para produzir uma verdadeira estratégia a longo prazo para a Eurásia. Só assim a Europa, poderá sobreviver sem os Estados Unidos. Uma Europa unida, uma evolução da actual União Europeia, pode ser parte da solução, mas não é a solução. O obstáculo é intelectual. Se os Estados Unidos têm falta de burocratas capazes de conduzir um verdadeiro sistema político, os europeus têm um défice ainda maior neste domínio. Existem indivíduos talentosos, não faltam instituições académicas, bem como alguns políticos, advogados e analistas competentes. Mas não há infra-estruturas para uma verdadeira abordagem de síntese que cultive sistematicamente a capacidade de pensar e desenvolver uma estratégia para a Eurásia. Este tipo de capacidade só pode vir de governos nacionais que se interessem seriamente por certas secções da massa bicontinental. Neste domínio, a Europa pode desempenhar um papel central. Kissinger observou que a sua política externa consiste em encontros sorridentes com importantes estadistas; muito correctos, dada a necessidade de fazer malabarismos com uma política interna sempre frágil. Todos os países da Europa Ocidental, estão subdimensionados e não estão optimizados para o combate sustentado. No entanto, dispõem de unidades rapidamente destacáveis, forças especiais de elevada qualidade (especialmente anfíbias) e vários veículos sofisticados. O centro da abordagem da Europa deve ser o apoio público e coberto à Ucrânia e especialmente a Israel, dado o papel central de Jerusalém no Médio Oriente sistémico mas estratégico e dada a importância deste quadrante para a segurança europeia. Depois, a Europa seria prudente se continuasse a sua abordagem musculada à China e se integrasse com alguns países da cintura Intermarium, incluindo a Ucrânia. O que precede não substitui a liderança americana. Os Estados Unidos continuam a ser indispensáveis até um certo ponto. A coligação Rimland não existiria sem a liderança americana e os seus meios para facilitar as operações de ponta a ponta na Eurásia. No entanto, a vantagem desta coligação é a possibilidade de os seus membros individuais darem impulsos decisivos, desde que estejam rodeados por um ambiente que lhes proporcione enquadramento, prudência, conhecimentos especializados e uma visão comum do mundo. A República Checa é um exemplo disso, pois Praga forçou recentemente o braço de Berlim, reforçou a nova proactividade da França, obrigou Macron a aceitar a aquisição de munições não europeias e forneceu um apoio indispensável às capacidades de defesa ucranianas. A ameaça na Eurásia não diminuiria se a América regressasse a casa. Só aumentaria. A Rússia, a China e o Irão continuariam a exercer pressão sobre um Ocidente distorcido. Serão necessários nervos, habilidade e, acima de tudo, inteligência para conduzir os europeus na direcção certa.