Macau Jockey Club | O fim esperado e as preocupações com os cavalos

Marcado há muito por sucessivas perdas financeiras, o Macau Jockey Club tentava aguentar-se há vários anos até que esta segunda-feira foi anunciada a rescisão do contrato de concessão. Especialistas jurídicos na área do jogo falam num desfecho há muito esperado, enquanto a ANIMA promete estar atenta ao bem-estar dos cavalos

 

Macau vai deixar de ter apostas em corridas de cavalos ao fim de 40 anos de actividade em virtude da rescisão do contrato de concessão deste tipo de jogo ao Macau Jockey Club, anunciada esta segunda-feira. Há muito que o burburinho negativo em torno da situação financeira da empresa se fazia sentir na comunicação social tendo em conta a quebra sucessiva das receitas.

O fim destas apostas tradicionais é agora uma realidade, e segundo o docente universitário, e especialista em Direito do jogo, Jorge Godinho, já nada havia a fazer por parte do Governo e entidade reguladora para salvar a empresa.

“A procura [pelas apostas] foi diminuindo ao longo dos anos, uma tendência com cerca de 20 anos, e neste momento [o encerramento] era completamente previsível. Os reguladores, em algumas jurisdições, decidem encerrar o negócio, que foi o que aconteceu, ou salvar a operação, juntando uma tipologia de jogo altamente lucrativa a uma tipologia de jogo já moribunda. Mas penso que estas manipulações de salvamento não salvam nada. Em termos racionais o Governo fez a única coisa que era possível”, defendeu ao HM.

O docente universitário entende que “é uma parte da história [de Macau] que se apaga”, embora seja necessário encarar o assunto “de forma filosófica”. “Onde não há procura não há nada que se possa fazer. O sector do jogo é um pouco dinâmico e as preferências vão mudando, além de que surgiram as novas tecnologias. No caso das corridas de cães [no Canídromo] houve mesmo uma oposição frontal”, recordou.

Jorge Godinho deu o exemplo da Pelota Basca, que funcionava no casino Jai Alai, “que teve interesse nos primeiros anos e em que depois as pessoas se foram desinteressando”.

Com história

As apostas em corridas de cavalos começaram a realizar-se em Macau em 1842. Contudo, só em 1927, com a inauguração do Hipódromo no bairro da Areia Preta é que começaram a organizar-se corridas de maior dimensão, tendo a concessão sido entregue à empresa “Club Internacional de Recreio e Corridas de Macau, Limitada”.

Em 1989, a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau passou a estar ligada às apostas em corridas de cavalos, “que sempre foram influenciadas pela tradição inglesa”, tendo de competir “ao lado das grandes corridas de cavalo como as de Hong Kong, uma das maiores operações de jogo do mundo”.

Na hora de rescindir o contrato, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, referiu que desde 2002 que o Macau Jockey Club, liderado pela deputada Angela Leong, registava perdas financeiras, não tendo conseguido encontrar “uma solução para a operação”, sobretudo durante os três anos da pandemia de covid-19, altura em que “as apostas desceram muito”, sublinhou.

De acordo com dados oficiais, citados pela Lusa, nos primeiros nove meses de 2023, as apostas em corridas de cavalos atingiram 32 milhões de patacas. Em 2019, antes do início da pandemia, as apostas fixaram-se em 98 milhões de patacas. O Macau Jockey Club detinha o monopólio das corridas de cavalos até Agosto de 2042, depois de se ter comprometido em 2018 a fazer investimentos até 3,4 mil milhões de patacas.

Que destino?

Estava previsto construir, até 2026, no extenso terreno concessionado à empresa no centro da Taipa, um projecto turístico com, pelo menos, dois hotéis, zonas verdes, áreas desportivas, restaurantes, lojas, um museu e uma escola de equitação. Agora, tudo cai por terra, questionando-se qual será o destino do terreno.

Jorge Godinho gostaria que o espaço fosse entregue à expansão do ensino superior.

“Trata-se de um espaço enorme, bem localizado, com bons transportes públicos. É possível fazer variadíssimas coisas e imagino que o destino do terreno não seja um só, criando-se um espaço com várias valências. Vejo ali um terreno para expandir o sector da educação, pois sem boas instalações não podem existir universidades, que precisam de um espaço que não seja completamente urbano. Poderá haver alguma componente turística. Deveria haver consultas públicas e debates” sobre o tema, apontou.

O advogado Carlos Coelho entende que “será muito interessante ver os futuros planos para este espaço prime no centro da Taipa”, que deveria ser usado “como espaço de lazer e recreativo para a população”.

“O nosso Governo estará a olhar para o que se passou muito recentemente em Singapura, quando o Governo da cidade-Estado decidiu terminar com as apostas em corridas de cavalos a partir deste ano. O propósito assumido foi o de desenvolver o terreno do hipódromo para finalidades habitacionais, incluindo de construção de habitação pública, estando a ser também considerados propósitos de lazer e recreacionais”, lembrou.

Desinteresse geral

Carlos Coelho considera que este é um “desfecho há muito antecipado e que faz sentido”, tendo em conta que “a operação das corridas de cavalos era deficitária há muito tempo, existindo um claro desinteresse do público nesta modalidade de apostas e uma concorrência muito feroz do Hong Kong Jockey Club”.

Carlos Coelho disse ainda ao HM que a própria concessionária parecia ter algum “desinteresse em reavivar esta operação”.

“O plano de investimentos extremamente ambicioso apresentado pela concessionária em 2018, quando foi renovada a concessão por mais 24 anos, implicava que determinados projectos imobiliários com uma escala relevante estivessem desenvolvidos a partir do final do presente ano, como a construção de bancadas públicas ou restaurantes, seguindo-se a construção de dois hotéis, dois blocos de apart-hotéis e campo de ténis até final de 2026.”

O advogado entende que “se a exploração comercial das corridas já era deficitária, o cumprimento de tais obrigações contratuais poderia colocar a concessionária numa situação líquida ainda mais difícil”, pelo que “a concessionária tomou a decisão comercial que lhe fazia mais sentido ao apresentar voluntariamente um pedido de rescisão do contrato de concessão”.

Aguenta os cavalos

Contactada pelo HM, Zoe Tang, presidente da ANIMA, considera ser importante dar agora atenção ao destino que será dado aos cavalos de corrida. “Estamos muito contentes [com a rescisão do contrato], pois segundo a ANIMA há muito tempo que não fazia sentido manter esta concessão. Foi uma boa decisão para a comunidade e para os cavalos, que estavam em condições muito más, sobretudo os cavalos reformados” das pistas.

Zoe Tang acredita que o próximo encerramento deve ser o do Matadouro de Macau, a funcionar na zona da Ilha Verde e “uma actividade sem sentido”, lembrando também o processo do fecho do Canídromo.

“O encerramento [do Macau Jockey Club] é obviamente mais adequado em relação ao tratamento dado aos galgos aquando do encerramento do Canídromo em 2018, pois há um ano para tratar dos processos de exportação dos cavalos. No entanto, estamos mais preocupados com o consenso que se irá gerar entre os donos dos animais e o Macau Jockey Club, sobretudo quanto ao risco de os cavalos reformados e feridos poderem ser eutanasiados.”

Zoe Tang questiona se um ano será suficiente para exportar 289 cavalos, que sempre foram tratados por veterinários profissionais que fazem uma avaliação regular de saúde aos animais. Cabe ao Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) dar uma segunda opinião no caso da morte de cavalos, existindo um protocolo que define a presença de veterinários da empresa e do IAM para a eutanásia destes animais.

“Acredito que os cavalos saudáveis não serão submetidos a eutanásia”, declarou Zoe Tang, que também chamou a atenção para a existência de centenas de gatos vadios no terreno do Jockey Club. Estes animais não são esterilizados, existindo o risco de reprodução.

“Tanto quanto sabemos, nos últimos anos os funcionários do Macau Jockey Club têm alimentado regularmente estes gatos vadios. A ANIMA irá contactá-los rapidamente para tentar ajudar a resolver os problemas relacionados com esta questão”, disse.

Segundo informações disponíveis no website da empresa, o Macau Jockey Club tem cerca de 800 empregados, mais de 300 pessoas a tempo parcial. O ano de corridas começa em Setembro e termina em Agosto, com duas corridas por semana.

Para Carlos Coelho, com o fim das corridas de cavalos e galgos, seria interessante se as autoridades “se focassem no apoio ao desenvolvimento das operações das restantes concessionárias que não aquelas de jogos de fortuna ou azar”. O causídico destaca os casos da Macau SLOT, que opera as lotarias desportivas, com “uma operação lucrativa e que emprega centenas de residentes”. A ideia é que “se mantenha alguma variedade nas modalidades de jogo oferecidas em Macau”.

Sugerido parque temático no terreno

Lei Chun Kwok, vice-presidente da Associação Económica de Macau, sugeriu a criação de um parque temático no terreno actualmente destinado ao Macau Jockey Club, que esta segunda-feira firmou a rescisão do contrato de concessão das apostas em corridas de cavalos com o Governo. O terreno será revertido para a Administração no dia 1 de Abril e, segundo o jornal Ou Mun, o dirigente da associação destaca o Plano Director para o território, que refere o terreno em causa como pertencendo à zona Taipa Central – 1, destinada a ser uma zona turística e de diversões. Tal significa que grande parte dos projectos a desenvolver na zona devem estar ligados às áreas do turismo, entretenimento e restauração.

Lei Chun Kwok entende que a edificação de um parque temático no terreno é a melhor opção tendo em conta que naquela zona da Taipa já existem muitas instalações desportivas, como o estádio ou uma piscina municipal. O vice-presidente da associação considera que o futuro parque temático pode ser mais um exemplo da presença lusófona em Macau e uma ponte cultural entre a China e o Ocidente.

17 Jan 2024

Jogo | Receitas do jogo VIP quadruplicaram em 2023

As receitas provenientes do jogo VIP em Macau mais do que quadruplicaram em 2023, mas representam somente um terço dos níveis registados antes da pandemia de covid-19, segundo dados oficiais ontem divulgados.

Os casinos arrecadaram 45,2 mil milhões de patacas no ano passado, no chamado jogo bacará VIP, um aumento de 445 por cento em comparação com 2022, revelou a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

O segmento das grandes apostas terminou 2023 com receitas de 12,7 mil milhões de patacas entre Outubro e Dezembro, o valor mais elevado para qualquer trimestre desde 2019.

Ainda assim, jogo VIP permanece longe do nível registado em 2019, ano em que este segmento registou apostas no valor de 135,2 mil milhões de patacas e representava 46,2 por cento das receitas dos casinos. As grandes apostas, que se ficaram por uma fatia de 23,5 por cento no último trimestre de 2023, foram afectadas pela detenção de Alvin Chau, antigo CEO do já extinto grupo Suncity, um dos maiores na área dos junkets.

O bacará no segmento de massas representou 60,4 por cento do total das receitas do jogo em Macau em 2023, quatro vezes mais do que no ano anterior, atingindo 110,5 mil milhões de patacas. Os dados oficiais revelam ainda que as apostas em corridas de cavalos atingiram 199 milhões de patacas no ano passado, mais 3,1 por cento do que em 2022, mas apenas 40,5 por cento do registado antes da pandemia.

16 Jan 2024

Filme “Oppenheimer” domina noite dos Critics Choice Awards

“Oppenheimer” saiu triunfante da 29ª edição dos Critics Choice Awards na madrugada de terça-feira em Los Angeles, recebendo a estatueta de Melhor Filme num total de oito prémios entregues pela Associação dos Críticos. O ‘blockbuster’ da Universal Pictures bateu “Barbie” nas vitórias, apesar de o filme de Greta Gerwig ter recebido um recorde de 18 nomeações.

“Esta é uma tremenda honra”, disse o realizador Christopher Nolan, ao receber o prémio de Melhor Realizador e agradecendo o apoio dos críticos. “Vocês convenceram as audiências de que um filme sobre física quântica e o apocalipse valia a pena”, acrescentou.

Robert Downey Jr., que bateu Ryan Gosling e Robert De Niro ao ser considerado Melhor Actor Secundário, fez um discurso divertido no qual disse que “adora críticos” e leu algumas das críticas mais terríveis que foram escritas sobre ele, tal como “ele parece o Pee-wee Herman a emergir de um coma”. A distinção pelo papel de Lewis Strauss, disse o actor, também se deveu ao trabalho de equipa da “santíssima trindade” composta por Christopher Nolan, a produtora Emma Thomas e o protagonista Cillian Murphy.

Todos tiveram a oportunidade de subirem juntos ao palco, incluindo a nomeada Emily Blunt, quando “Oppenheimer” levou a estatueta de Melhor Elenco. O compositor Ludwig Göransson viu o seu trabalho premiado com a vitória em Melhor Banda Sonora e o filme venceu também categorias técnicas — Melhor Fotografia, Melhor Edição e Melhores Efeitos Visuais.

Mas as estatuetas de Melhor Actriz e Melhor Actor foram para outros filmes. Emma Stone conquistou o prémio mais cobiçado pela interpretação de Bella Baxter em “Pobres Criaturas”, o filme de Yorgos Lanthimos que inclui uma interpretação da fadista Carminho, e mostrou-se surpreendida pela vitória, dizendo que não tinha nada preparado.

Já o prémio de Melhor Actor foi entregue a Paul Giamatti pelo papel em “Os Excluídos”, de Alexander Payne, batendo o favorito Cillian Murphy e outros pesos-pesados como Leonardo DiCaprio e Bradley Cooper. “Os Excluídos” também deu a Da’Vine Joy Randolph o prémio de Melhor Actriz Secundária e a Dominic Sessa o de Melhor Jovem Actor.

“Barbie” distinguido

“Barbie”, que chegou à cerimónia como o filme mais nomeado, arrecadou várias estatuetas importantes, das quais se destacam Melhor Filme de Comédia, Melhor Argumento Original para Greta Gerwig e Noah Baumbach e Melhor Canção Original para “I’m Just Ken”. O filme mais visto do ano foi também o vencedor de Melhor Design de Produção, Melhor Guarda-Roupa e Melhor Caracterização, num total de seis. “Anatomia de uma Queda” foi o Melhor Filme Estrangeiro e “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” a Melhor Animação. “American Fiction” venceu Melhor Argumento Adaptado.

Nas categorias de televisão, destaque para “Succession”, que ganhou Melhor Série Dramática e consagrou Sarah Snook como Melhor Atriz e Kieran Culkin como Melhor Actor. “The Bear” foi a Melhor Série de Comédia, com Jeremy Allen White a ganhar o prémio de Melhor Actor, Ayo Edebiri o de Melhor Actriz e Ebon Moss-Bachrach o de Melhor Ator Secundário. “Rixa” foi a Melhor Minissérie, dando também a Ali Wong e Steven Yeun as estatuetas nesta categoria.

16 Jan 2024

Emmy’s | “Succession”, “The Bear” e “Rixa” levam maiores prémios

Decorreu na madrugada desta terça-feira em Los Angeles, EUA, mais uma noite dos Emmy’s, os grandes prémios de produções televisivas, tendo saído vencedores a série “Succession”, transmitida na HBO, bem como “The Bear” e “Rixa”

 

A série “Succession”, transmitida na HBO, foi a grande vencedora da 75ª edição dos Emmy’s, principais prémios da indústria televisiva e de streaming, que decorreu na madrugada desta terça-feira em Los Angeles, nos EUA. A série da HBO tinha 27 nomeações e venceu seis das principais categorias de drama, incluindo Melhor Série, Melhor Actriz para Sarah Snook, Melhor Actor para Kieran Culkin, Melhor Actor Secundário para Matthew Macfadyen, Melhor Realização para Mark Mylod e Melhor Escrita para Jesse Armstrong.

“Esta é uma série sobre família e também sobre o que acontece quanto política partidária e cobertura noticiosa se misturam com política divisionista de direita”, disse o criador Jesse Armstrong. “Depois de quatro anos de sátira, este é um problema que creio que resolvemos”, ironizou.

“Rixa”, da plataforma rival Netflix, foi outra das grandes vencedoras da noite. Levou quase tudo o que importava na categoria de Minissérie ou Série de Antologia: Melhor Série, Melhor Actriz para Ali Wong, Melhor Actor para Steven Yeun, Melhor Realização e Melhor Escrita para Lee Sung Jin.

“Quando me mudei para LA, a minha conta bancária ficou negativa em 63 cêntimos e tive de depositar um dólar para evitar ficar a descoberto”, contou Lee Sung Jin, lembrando que o sucesso que conquistou não estava garantido. Quando voltou a subir ao palco, agradeceu aos fãs que partilharam com ele histórias pessoais, inspirados pela série que criou.

“Vivemos num mundo desenhado para nos manter separados”, afirmou. “Quando vivemos num mundo assim, alguns de nós começam a pensar que não há maneira de alguém nos entender, gostar de nós, ou sermos amados”, continuou. “A maior alegria de fazer ‘Rixa’ foi trabalhar com estas pessoas que amaram tão incondicionalmente”.

O urso da comédia

Foi também de amor e família que falaram os protagonistas de “The Bear”, a série que varreu múltiplos prémios na categoria de comédia. Foi a Melhor Série, deu a Jeremy Allen White o prémio de Melhor Actor, rendeu a Ayo Edebiri a Melhor Actriz Secundária e a Ebon Moss-Bachrach Melhor Actor Secundário.

Chris Storer também foi distinguido pelo trabalho na série da FX com Melhor Escrita e Melhor Realização, elevando para seis os Emmys atribuídos esta noite. “Esta é uma série sobre a família que se encontra e também a família real”, disse Ayo Edebiri, agradecendo a presença dos pais na cerimónia. “Obrigada por me amarem e me deixarem sentir linda e negra e tudo isso”.

Apesar do domínio destas três séries, houve prémios individuais que distinguiram os trabalhos noutros títulos. Ainda em comédia, Quinta Brunson quebrou a espiral de vitória de “The Bear” ao vencer o Emmy de Melhor Actriz, pelo papel em “Abbott Elementary”.

Em drama, Jennifer Coolidge foi a Melhor Actriz Secundária por “The White Lotus”, uma vitória consecutiva para o papel de Tanya McQuoid. “Eu tinha um sonho na minha pequena cidade que todos me disseram ser impraticável”, disse Coolidge no discurso de aceitação. “Mas aconteceu, por isso não desistam dos vossos sonhos”.

Na categoria de minissérie ou antologia, foi Niecy Nash-Betts quem levou o Emmy de Melhor Actriz Secundária, pelo papel na série “Monstro: A história de Jeffrey Dahmer”, da Netflix. “Quero agradecer a mim própria por acreditar em mim e fazer o que disseram que eu não podia fazer”, afirmou Nash-Betts num discurso de aceitação entusiasmado, em que gritou “Sou uma vencedora, baby!”.

Também nesta categoria, Paul Walter Hauser venceu o seu primeiro Emmy ao ser distinguido como Melhor Actor Secundário por “Black Bird”, da Apple TV+. A 75.ª cerimónia de entrega dos prémios Emmy pela Academia de Televisão decorreu no Peacock Theater, em Los Angeles. Tinha sido adiada em Setembro passado devido às greves dos argumentistas e actores.

16 Jan 2024

Acidentes de aviação

O voo 516 da Japan Airlines colidiu com um avião da Guarda Costeira quando se preparava para aterrar no Aeroporto Haneda, em Tóquio, durante a tarde do passado dia 2 de Janeiro. As 379 pessoas que seguiam a bordo da aeronave da JAL escaparam com vida, mas dos 6 ocupantes do avião da Guarda Costeira apenas o comandante sobreviveu.

A comunicação social divulgou o registo das conversas entre os dois pilotos e a torre de controlo, pelo que se pôde perceber que o avião da Guarda Costeira teve autorização para descolar. O Governo japonês declarou ter recuperado a caixa negra deste último e a Polícia Metropolitana de Tóquio destacou uma equipa para levar a cabo uma investigação, existindo a suspeita de negligência empresarial.

Quando ocorreu o acidente, o avião pegou fogo e o trem de aterragem desabou, fazendo com que o nariz do avião da JAL ficasse virado para baixo e a cauda para cima. Os passageiros foram evacuados por duas saídas da parte da frente e por uma outra da parte de trás, para as quais tiveram de escalar no meio de fumo espesso. Devido à intensidade do fogo, apenas estas três saídas estavam acessíveis. Apesar de todas as dificuldades, a tripulação do avião da JAL conseguiu evacuar todos os passageiros em apenas 90 segundos. A rapidez da resposta foi surpreendente. Claro que o facto de as pessoas não se terem preocupado em recuperar as bagagens também ajudou à rápida evacuação. Não admira que Ed Galea, professor e director do Centro de Engenharia de Segurança contra Incêndios da Universidade de Greenwich, no Reino Unido, tenha dito que a evacuação da JAL foi um “milagre”.

Graham Braithwaite, professor de segurança e investigação de acidentes na Universidade de Cranfield, no Reino Unido, disse que foi um desastre ocorrido há quase 40 anos que tornou a JAL uma companhia aérea altamente segura.

A 12 de Agosto de 1985, o voo 123 da JAL caiu enquanto ia de Tóquio para Osaka, tendo morrido 520 pessoas das 524 que se encontravam a bordo. O acidente aconteceu porque os mecânicos da Boeing, não os da JAL, não tinham reparado devidamente a cauda do avião depois de este ter sofrido uma colisão muitos anos antes. Por este motivo, o desgaste mecânico deu origem a uma explosão que danificou uma das asas e o sistema hidráulico. O avião acabou por perder o controlo e despenhou-se a cerca de 100 quilómetros de Tóquio, 44 minutos depois de ter descolado. Foi o desastre aéreo mais mortal da história da aviação.

Os japoneses fazem questão de aprender com os erros e de assegurar que estes não se repitam. Em 2005, a JAL dedicou uma zona das suas instalações para que fossem expostos os destroços do avião e onde se explicava em detalhe as causas do acidente.

Embora os aviões sejam um dos meios de transporte mais seguros, os acidentes ainda podem acontecer. Dados do U.S. National Transportation Safety Board (Conselho Nacional de Segurança de Transporte dos EUA) demonstram que, desde que os passageiros tomem as medidas correctas, continua a existir uma percentagem de 76,6 por cento de hipóteses de sobrevivência mesmo em casos de acidentes graves. As medidas de segurança são as seguintes:

Em primeiro lugar, quando se compra um bilhete, é preferível escolher um lugar nas cinco filas a seguir à saída de emergência. Se acontecer um acidente, os passageiros que estão mais perto da saída de emergência saem imediatamente.

Em segundo lugar, a maior parte dos acidentes ocorrem nos 3 minutos a seguir à descolagem e nos 8 minutos que antecedem a aterragem. Nestes períodos, os passageiros devem estar acordados, usar sapatos rasos, não sapatos com saltos, não devem tomar bebidas alcoólicas e devem apertar sempre os cintos de segurança.

Em terceiro lugar, 90 segundos após o acidente, as chamas vão queimar a fuselagem da aeronave. Por isso, é preferível que os passageiros fujam durante os 90 segundos que precedem o incêndio, abandonando a bagagem para evitar adiar a evacuação.

Muitas pessoas viajam no Ano Novo. Os turistas devem viajar com amigos para tomarem conta uns dos outros. Também devem comunicar aos familiares em que avião viajam e qual o itinerário para que possam entrar em contacto e receber apoio se for caso disso. Devemos prestar mais atenção às medidas de segurança quando viajamos de avião. Claro que também é indispensável adquirir um seguro que inclua assistência médica para garantir que podemos ter cuidados de saúde na eventualidade de um acidente. Estas são as regras para viagens felizes e devemos obedecer-lhes.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

16 Jan 2024

Pyongyang confirma lançamento de míssil balístico

A Coreia do Norte anunciou ontem que lançou um míssil balístico de alcance intermédio com combustível sólido, confirmando as declarações avançadas no domingo por Seul e Tóquio. O lançamento ocorre alguns dias após Pyongyang ter realizado exercícios de artilharia com munições reais.

O disparo do míssil no domingo, que Pyongyang disse estar equipado com uma ogiva hipersónica, destinava-se a “verificar as capacidades de deslocação e de manobrabilidade”, bem como “a fiabilidade do novo motor de combustível sólido”, explicou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse no domingo, em comunicado, que o Norte “disparou um míssil balístico não identificado em direcção ao Mar do Leste”, referindo-se a uma área também conhecida como Mar do Japão.

O Ministério da Defesa do Japão disse ter detectado um possível lançamento de um míssil balístico de curto alcance, que terá caído fora da zona económica especial do país. Este é o primeiro lançamento de um míssil por parte de Pyongyang desde que testou o míssil balístico intercontinental de combustível sólido Hwasong-18, a arma mais avançada do Norte, em 18 de Dezembro.

O Hwasong-18 foi projectado para atacar o território continental dos Estados Unidos. Após Pyongyang realizar, na semana passada, exercícios de artilharia em torno da fronteira marítima ocidental com o Sul durante três dias, Seul realizou exercícios de tiro semelhantes na mesma área.

A subir de tom

Nos últimos dias, a Coreia do Norte tem intensificado a retórica bélica. Na semana passada, o líder Kim Jong-un descreveu o Sul como o “principal inimigo” e ameaçou aniquilar o país vizinho se fosse provocado.

Especialistas dizem que Kim provavelmente aumentará ainda mais a tensão ao testar novos mísseis para tentar influenciar os resultados das eleições parlamentares da Coreia do Sul, em Abril, e das eleições presidenciais dos EUA em Novembro.

Numa importante reunião do partido único norte-coreano, no final de dezembro, Kim prometeu expandir o arsenal nuclear de Pyongyang e lançar satélites espiões adicionais para fazer face ao que chamou de movimentos de confronto liderados pelos EUA.

16 Jan 2024

Coreia do Norte | Ministra faz visita de três dias à Rússia

Choe Son-hui vai estar três dias em Moscovo numa visita que, embora não tenham sido adiantados detalhes, pressupõe dar seguimento à cooperação militar acordada entre os dois países aquando do encontro entre Putin e Kim Jong-un em Setembro passado

 

A ministra dos Negócios Estrangeiros norte-coreana partiu no domingo para uma visita de três dias à Rússia, numa altura em que a comunidade internacional condena a transferência de armas de Pyongyang para Moscovo utilizar na Ucrânia.

“Uma delegação governamental da República Popular Democrática da Coreia [nome oficial do país], liderada pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, partiu no domingo para uma visita oficial à Federação Russa a convite do ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov”, informou ontem a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.

Embora o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e a agência de notícias russaTASS tenham confirmado a visita de Choe entre 15 e 17 de Janeiro, não forneceram mais detalhes. Lavrov visitou a Coreia do Norte em Outubro, por ocasião do 75.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países.

A visita de Choe surge depois de terem sido reveladas novas provas de que a Coreia do Norte e a Rússia concordaram em cooperar militarmente durante uma cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, em Setembro, e que inclui a transferência de armas de Pyongyang para Moscovo, em violação das sanções impostas pela ONU ao país asiático.

Últimos disparos

Na semana passada, a Casa Branca disse que a Rússia disparou recentemente mísseis balísticos norte-coreanos contra a Ucrânia, somando-se aos já utilizados nos ataques de 30 de Dezembro e 02 de Janeiro. Mas Pyongyang e Moscovo negam esta transferência de armamento.

Em troca, acredita-se que o regime de Kim Jong-un recebeu assistência técnica russa no lançamento do primeiro satélite de reconhecimento militar em novembro passado. A Coreia do Sul estima que o número de contentores – carregados com mísseis balísticos, lançadores e centenas de milhares de munições de artilharia – transferidos desde o Verão pela Coreia do Norte para a Rússia ultrapassa agora os 5.000.

16 Jan 2024

Israel | Egipto e China apelam a cessar-fogo e à criação do Estado da Palestina

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Egipto e da China apelaram domingo conjuntamente a um cessar-fogo no centésimo dia da guerra em Gaza e à criação de um “Estado da Palestina” que seja membro de pleno direito da ONU.

Numa conferência de imprensa conjunta, no início de uma viagem a África, Wang Yi afirmou que, tal como o homólogo egípcio, Sameh Choukri, são a favor de “um Estado da Palestina independente e soberano dentro das fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital”.

Já num comunicado conjunto, os dois chefes da diplomacia apelaram também para o “fim da violência e dos combates” e ainda à realização de “uma cimeira internacional de paz para encontrar uma solução justa, global e duradoura para a questão palestiniana”.

Para tal, acrescentaram, deve pôr-se termo à “ocupação” israelita e criar-se um Estado da Palestina “independente e com continuidade territorial”, apesar de os palestinianos viverem atualmente sob dois governos rivais e paralelos.

A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), do Presidente Mahmoud Abbas, detém partes da Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, enquanto o Hamas – em guerra com Israel desde o seu ataque a solo israelita a 07 de Outubro de 2023 – controla a Faixa de Gaza. A China mantém boas relações com Israel, mas apoia a causa palestiniana há várias décadas e considera que a Palestina é um Estado. Pequim tem defendido tradicionalmente a solução de dois Estados.

16 Jan 2024

Taiwan | Pequim condena encontro de William Lai com antigos funcionários dos EUA

A China condenou ontem o encontro entre o líder eleito de Taiwan, William Lai, com uma delegação de antigos funcionários norte-americanos que visitaram a ilha após as eleições de sábado passado.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, afirmou em conferência de imprensa que as eleições em Taiwan “são um assunto interno da China” e que o Governo chinês “se opõe firmemente a qualquer contacto oficial entre os Estados Unidos e Taiwan”, bem como a “qualquer interferência dos EUA” nos assuntos da ilha. Mao exortou os EUA a reconhecerem “a complexidade e a sensibilidade” da questão de Taiwan e a “respeitarem fielmente o princípio ‘Uma só China’”.

A porta-voz pediu ainda a Washington que actue com “prudência e cautela” nas questões relacionadas com Taiwan, “para não prejudicar de forma alguma o princípio ‘Uma só China’” e “para não enviar quaisquer sinais errados às forças separatistas” de Taiwan.

Lai, também líder do Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, reuniu-se com o antigo conselheiro de segurança nacional Stephen Hadley (2001-2009) e o antigo vice-secretário de Estado James Steinberg (2009-2017) na sede do partido, informou ontem a agência oficial da ilha, CNA.

16 Jan 2024

Acidente | Sobe para 13 número de mortos em explosão numa mina

O número de mortos na sequência da explosão de uma mina de carvão ocorrida na sexta-feira na província de Henan, no centro da China, subiu para 13, informou ontem a imprensa local. O número de mortos aumentou em três relativamente ao número anterior, que era de dez.

A explosão ocorreu numa mina na cidade de Pingdingshan devido à concentração de gás e carvão numa conduta de ventilação, de acordo com a investigação preliminar.

Na altura do incidente, 425 pessoas trabalhavam na mina. As equipas de busca continuam a trabalhar para resgatar os trabalhadores ainda presos no local, informou a agência de notícias oficial Xinhua. As autoridades abriram um inquérito e detiveram os responsáveis pela mina, propriedade da Pingdingshan Tianan Coal Mining.

Em Dezembro passado, um acidente numa mina de carvão na cidade de Jixi, na província de Heilongjiang, no nordeste da China, matou 12 pessoas. No final de Novembro do ano passado, um total de onze trabalhadores morreram num acidente numa mina de carvão também em Heilongjiang.

As minas de carvão – o material a partir do qual a China produz cerca de 60 por cento da sua energia – continuam a registar uma elevada taxa de acidentes no país asiático, embora o número de acidentes mortais tenha diminuído significativamente nos últimos anos.

16 Jan 2024

Pequim “aprecia” a decisão de Nauru de cortar laços com Taiwan

A China manifestou ontem o seu “apreço” pela decisão do governo de Nauru, uma pequena nação insular do Pacífico Sul, de cortar relações diplomáticas com Taiwan e reconhecer a República Popular da China.

“Como país soberano e independente, Nauru declarou o seu reconhecimento do princípio ‘Uma só China’, cortou as suas chamadas relações diplomáticas com as autoridades de Taiwan e manifestou a sua disponibilidade para retomar as relações diplomáticas com a China”, afirmou o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. “A China aprecia e saúda a decisão do governo de Nauru”, acrescentou o comunicado do ministério.

O Governo chinês disse estar pronto para “abrir um novo capítulo” nas relações entre os dois países, agora que Nauru se tornou a mais recente nação da Oceânia a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.

O Governo de Nauru sublinhou ontem, numa breve declaração, que o país reconhece o princípio de ‘Uma só China’ e pretende reatar relações diplomáticas plenas com Pequim. A nação insular argumentou que a mudança de política é um primeiro passo para “promover o desenvolvimento” da pequena república oceânica.

16 Jan 2024

Corrupção | Ex-director executivo do gigante bancário chinês Everbright detido

A campanha anti-corrupção, contra ‘tigres’ (altos quadros) e ‘moscas’ (funcionários públicos) lançada por Xi Jinping aquando da sua chegada ao poder, em 2012, continua a fazer vítimas

 

Um antigo chefe do gigante bancário estatal chinês Everbright foi formalmente colocado sob prisão por suspeitas de corrupção, informaram ontem as autoridades. Após a conclusão de uma investigação preliminar, a Procuradoria Popular Suprema anunciou, em comunicado, que ordenou a detenção de Tang Shuangning, antigo presidente do conselho de administração do grupo, “nos últimos dias”.

A agência anti-corrupção do Partido Comunista Chinês (PCC) já tinha anunciado a sua expulsão do partido no início de Janeiro, acusando-o de uma longa lista de irregularidades, incluindo a importação de livros políticos não autorizados para a China. A agência acusou-o também de “abandonar as suas funções”, de se aproveitar do cargo para promover as suas obras de caligrafia, de utilizar fundos públicos para viajar e de aceitar vários presentes e subornos.

Acusado de “se entregar a uma vida de prazer e conforto”, Tang Shuangning também “falhou na prevenção e resolução de riscos financeiros, violando assim a linha organizacional do PCC”, afirmou a mesma fonte. O sucessor de Tang como director do Grupo Everbright, Li Xiaopeng, foi detido no mês passado por acusações de corrupção.

Sem tréguas

Desde que chegou ao poder em 2012, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma vasta campanha anti-corrupção contra funcionários públicos (“moscas”) e gestores de empresas estatais (“tigres”). O sector financeiro está cada vez mais na mira da agência nacional anti-corrupção e dos tribunais.

No mês passado, um antigo director do banco central chinês, Sun Guofeng, foi condenado a mais de 16 anos de prisão e acusado de divulgar informações em troca de subornos de 21 milhões de yuan.

Em Novembro, Sun Deshun, antigo presidente de um dos principais bancos estatais chineses, o Citic Bank, foi condenado a prisão perpétua por ter recebido ilegalmente bens num valor estimado em 980 milhões de yuan, durante um período de 16 anos. Também em Novembro, o PCC anunciou a abertura de uma investigação por corrupção contra Zhang Hongli, um antigo alto funcionário de um dos maiores bancos do país, o ICBC (Banco Industrial e Comercial da China).

16 Jan 2024

Segredos da seda (14) – Eclosão dos ovos e apuramento da linhagem

O principal trabalho do Instituto Langzhong Can Zhong Chang é a produção de ovos da Bombix mori e como centro de pesquisa manter sobre vigilância apertada uma descendência feita de gerações provenientes da investigação e selecção, concluído nos cruzamentos entre crisálidas fêmeas e machos de diferentes origens geográficas. Já nos finais da Dinastia Ming, o cientista Song Ying Xing escreveu Exploração das Obras da Natureza, a tratar sobre a técnica de cruzamento de diferentes bichos-da-seda.

A postura dos ovos feita na Primavera é uma parte guardada para a continuação da linhagem do ano seguinte e com a restante criam-se gerações para alimentar de casulos as fábricas durante todo o ano. No Instituto Langzhong Can Zhong Chang a cada óvulo é colocado um único espermatozoide e daí nasce um ser, obtendo-se melhorias pela genética na qualidade do animal e do fio. Serve também de conselheiro científico aos produtores que com amoreirais lhe compram ovos, sendo as lagartas entregues uma semana depois de nascerem.

Visitámos as estufas com resmas de páginas cheias de ovos guardadas e constantemente analisadas para triagem, qual estabelecimento de sementeira onde os ovos do bicho-da-seda são vendidos, como lembra Victor Caruso no Manual Prático do Sericicultor [Edições Melhoramentos, São Paulo, Brasil, 1947], mas logo adverte: “Nenhuma conveniência há em serem produzidos pelos próprios criadores…” pois, “sem os devidos conhecimentos e desprovidos de aparelhagem adequada, a começar pelo microscópio para o exame das mariposas, os criadores incorreriam no risco de criar ovos provenientes de mariposas atacadas de pebrina”. [Percebe-se estar o animal com essa doença quando o corpo aparece ‘sarapintado’ com manchas do que parece ser pimenta numa pele arroxeada.] “Os ovos são vendidos já prontos para a eclosão.

O criador não precisa ter outro trabalho a não ser, na posse da caixinha em que se encontram, distribuí-los numa superfície lisa em lugar arejado, sem raios directos do Sol e ao abrigo de formigas e outros insectos”. “Decorridos poucos dias, às vezes dois ou três, se dá o nascimento, ou como se diz na linguagem sericícola – a eclosão. Em casos excepcionais, muitas vezes devido à baixa temperatura, a eclosão demora oito ou dez dias, facto que não deve alarmar ninguém”.

E continuando com Victor Caruso, “se tudo correu bem, os ovos esparramados, cuja cor vai clareando progressivamente, começam a picar, sempre pela manhã. No primeiro dia nasce um número muito reduzido de bichinhos, que são chamados espias. Já no segundo dia, com o romper do sol, há o que se chama o grande nascimento. A superfície da caixa parece uma grande mancha escura que se movimenta e as cabecinhas muito negras e luzentes das larvas dão uma nota característica. Na terceira manhã o nascimento continua, menor, todavia” e mesmo depois ainda há eclosão, “que se costuma desprezar.

Vejamos como deve proceder o sericicultor, com referência ao nascimento verificado nos três dias. A diferença de um ou dois dias, nesse caso quer dizer muito. O período da vida de larva dura 24 a 30 dias; e o espaço de 24 ou 48 horas de atraso não permite que seu crescimento seja igual, uniforme, como convém, sob muitos pontos de vista. Para corrigir esse inconveniente, o sericicultor tem os devidos meios: dá-lhes mais calor e aumenta-lhes o alimento. O processo é este: Os bichinhos que nasceram na primeira manhã serão colocados no lugar mais abaixo do castelo [armação para os tabuleiros feitos por tiras de bambu entrelaçada onde sobre uma cama de tenras folhas ficam as larvas]; os que apareceram no segundo dia ficarão no tabuleiro imediatamente superior e os nascidos em último lugar vão para o tabuleiro mais alto. Isto porque, quanto mais elevado, tanto mais quente é o tabuleiro.

Quanto ao alimento, deve-se agir reforçando a ração de folhas às larvas colocadas nos dois tabuleiros mais altos. Ordinariamente, daremos cinco rações às larvas que não vão ser igualadas [as nascidas no primeiro dia expostas no tabuleiro mais baixo]; mas daremos sete às nascidas no segundo dia e nove às nascidas no terceiro dia. A temperatura mais favorável, por ser mais alta e o aumento das folhas de amoreiras, farão com que o desenvolvimento das larvas seja favorecido”. A eclosão dá-se de manhã e as minúsculas larvas com um a dois milímetros de comprimento logo na manhã seguinte começam vorazmente a comer e rapidamente crescem.

DIVIDIR EM GRUPOS

De uma onça [25 a 30 gramas] de sementes nascem cerca de 40 mil lagartas (sirgos) que necessitam de folhas de dez amoreiras para se alimentar e produzem 50 kg de casulos, mas se ao mesmo tempo se fizer uma produção de quatro ou cinco onças, a produção de casulos baixa para 25 kg por onça. Daí, melhor fazer a separação em várias criações.

Para se conseguir uma maior produção e de melhor qualidade é preferível dividir cem ovos em grupos de dez, do que os criar todos juntos. Isto tem a ver com o facto de a eclosão não ser simultânea, a provocar grandes dificuldades, só colmatadas pela utilização de incubadoras.

Antes da existência destas, em Portugal usava-se colocar à noite os ovos na cama, por baixo dos cobertores, aquecidos pelo calor do corpo dos sericicultores. Durante o dia, os ovos eram transferidos para junto à lareira, num local onde o calor fosse brando.

Em Chacim, Trás-os-Montes, “às mulheres eram distribuídas bolsas de camurça onde se guardava os ovos do sirgo, que chocavam ao calor dos seios. Eclodidos passavam à “casuleira”, casa onde se penduravam ramos de amoreira, e onde o sirgo crescia e começava a tecer o casulo.” (História Breve de Chacim e dos Paços da Seda de António Menezes Cordeiro, artigo publicado na revista “Caminhos”, 1997, Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros.)

O brasileiro Victor Caruso volta a advertir os sericicultores: “Quando se verificar essa demora, não cometa o criador o disparate, como fazem alguns principiantes, de lhes dar calor para apressar o nascimento. Em alguns lugares da Europa havia, e ainda talvez haja, o péssimo costume de provocar a eclosão colocando os ovos entre os colchões, no seio e nas axilas o que, sem dúvida, priva de ar e predispõe a doenças as larvinhas prestes a sair do ovo. Essas práticas devem ser inteiramente abolidas, aguardando-se o nascimento espontâneo”.

Ao sétimo dia, quando a cabeça do embrião se começa a ver através do ovo, o lugar deve ser colocado sem luz entre dois a três dias.
A eclosão dos ovos deve corresponder ao período da existência de verdes escuras folhas tenras nas amoreiras.

LANGZHONG, UM MUSEU VIVO

Para despedir de Langzhong, chegamos à torre pagode Zhongtian e subindo ao andar superior, a vista expande-se por uma área de 1,5 km² sobre a cidade antiga. A maior parte das casas são térreas, algumas de pedra e tijolo do início da dinastia Qing com pátios interiores e os compartimentos para aí virados. Outras de dois andares feitas em madeira colocadas encostadas umas às outras e ocupadas ao nível da rua maioritariamente por lojas. Muitos dos telhados são encimados por uma composição em sobreposição de telhas a criar desenhos com formas geométricas variadas.

No tecto da base da torre Zhongtian encontra-se uma enorme bússola usada no Feng-Shui, a marcar o centro da cidade e de onde partem nas quatro direcções as ruas que levavam às portas da muralha, agora destruída. Sabemos terem os actuais governantes o sonho de reconstruir a muralha a envolver a cidade, parecendo as obras junto ao rio ser um começo no preparar as estruturas, para conseguido o dinheiro a fazer renascer. No primeiro andar encontramos a estátua de Fu Xi segurando nas mãos o bagua por si criado. Daí vamos ao Templo de Zhang Fei construído há 1700 anos e como relíquia cultural está desde 1996 sobre protecção do Estado.

O general Zhang Fei aqui viveu os últimos sete anos como comandante da guarnição e no ano da sua morte em 221, Liu Bei declarou-se Imperador Han do reino de Shu (221-263) com o nome de Zhao Lie Di (221-223), fazendo a capital em Chengdu. A Zhang Fei, depois de morrer foi dado o título de Grande Marquês (Huanhou). Passados mais de mil e quinhentos anos, já durante a dinastia Qing, um governador da província de Sichuan começou a compilar as histórias deste grande general e reportou-as ao Imperador Jiajing (1796-1820) que, percebendo ali estar uma grande personagem da História, lhe conferiu a título póstumo de Imperador Huanhou. Foi-lhe erigido uma estátua, mas no momento de colocar os atributos apareceu um problema. Se Zhang Fei fora ministro do Imperador Liu Bei, não poderia ser ao mesmo tempo imperador e ministro e, por isso, a estátua do Imperador Huanhou segura nas mãos a placa de jade levada pelo ministro quando ia resolver assuntos do Estado com o Imperador.

Resolvido o problema, Zhang Fei tornou-se em espírito Imperador no coração do povo e, por outro lado, um leal ministro, e isto caracteriza a população de Langzhong. Ao fundo do templo está o mausoléu com o corpo, mas a cabeça de Zhang Fei encontra-se enterrada em Yunyang, na municipalidade de Chongqing, no terceiro templo dedicado a este herói do Período dos Três Reinos.

Ao contrário de outras cidades turísticas, esta ainda tem a população a viver na zona antiga permitindo aos visitantes usufruir do quotidiano familiar ao passear pelas ruas pedonais, onde apenas veículos de duas rodas podem circular. Mulheres sentadas ao sol conversam, enquanto as crianças brincam na rua, ou tomam o pequeno-almoço de sopa de arroz e rissóis cozidos a vapor.

Percorrendo a cidade antiga, vejo Langzhong como um museu vivo, relembrando outro paraíso, Hangzhou, capital da província de Zhejiang, com o maior número de museus temáticos da China e onde no Museu da Seda ocorreu o nosso primeiro contacto com o ciclo do bicho-da-seda. Retornávamos à zona da origem dessa fibra.

16 Jan 2024

AIPIM | Conferência sobre gestão dos media dia 20

A AIPIM – Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau promove no próximo dia 20, sábado, às 16h, a palestra “Gestão dos Media na Actualidade – as Indústrias Criativas como mais-valia”, que decorre na Creative Macau. A abertura da palestra estará a cargo do presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), José Luís de Sales Marques, sendo os oradores convidados Paulo Faustino, professor da Universidade do Porto, e Margarida Saraiva, fundadora e directora da Babel – Cultural Organization.

“Gestão dos Media na Actualidade – as Indústrias Criativas como mais-valia” é uma iniciativa contará com moderação do jornalista Paulo Barbosa e realiza-se com o apoio de entidades como a Creative Macau – Centro de Indústrias Criativas, o departamento de Comunicação e Media da Universidade de São José, a IMMAA – Associação Internacional Académica de Gestão de Media e a BABEL – Organização Cultural.

A ideia, com esta conferência, é “analisar o actual panorama dos media a nível global, em especial na RAEM, no que respeita aos modelos de gestão em vigor ou por adoptar”. Assim, “os oradores irão destacar a importância das indústrias criativas para o sector da comunicação social, enquanto geradoras de mais-valias para os media em termos de oferta de conteúdos, novas fontes receitas e, no caso de Macau, como agente diversificador da economia”.

16 Jan 2024

IIM | “Retratos de Luso-Asiáticos na Índia” lançado quinta-feira

Será lançado esta quinta-feira o livro, com a chancela do Instituto Internacional de Macau (IIM), “Retratos de Luso-Asiáticos da Índia”, da autoria do arquitecto João Palla Martins. O livro inclui textos da professora emérita do departamento de Antropologia do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Rosa Maria Perez, e de Delfim Correia da Silva, director do Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões em Goa.

A obra reúne cerca de 100 imagens de rostos captados pelo autor junto das comunidades de luso-descendentes da Índia, contando com apoios do Núcleo de Animação Cultural de Goa, Damão e Diu, o Instituto Camões e a Fundação Oriente. Este é o quinto número da colecção de Retratos de Luso-Asiáticos, depois do álbum relativo a Macau publicado em 2020, do Myanmar e do Sri Lanka em 2021, e da Malásia em 2022.

Duas exposições sobre o tema foram igualmente realizadas em 2019, nomeadamente na galeria da Universidade de Aveiro, integrada no II Congresso Internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China” e, em seguida, na galeria da Universidade de Macau. Desde 2017 que o arquitecto João Palla Martins percorre vários países, fotografando os rostos das comunidades Luso-Asiáticas com o objectivo de oferecer um olhar sobre estas fisionomias tão peculiares. As fotografias são acompanhadas de ensaios teóricos ou científicos por autores convidados a reflectirem sobre temas como identidade, miscigenação e memória. A sessão de quinta-feira tem início às 18h30 contando com a moderação de Jorge Rangel, presidente do IIM.

16 Jan 2024

CONTEMPO | Primeira edição do festival japonês entre Fevereiro e Março

A primeira edição do CONTEMPO – Festival da Primavera do Japão de Macau decorre entre os dias 1 de Fevereiro e 30 de Março com diversas iniciativas culturais, que passam por uma aposta na música, arte e gastronomia. Apoiado pelas autoridades locais e de Quioto, e organizado por diversas empresas, este festival pretende criar uma nova dinâmica de intercâmbio cultural

 

Celebrar as várias valências da cultura japonesa em Macau é aquilo a que se propõe o CONTEMPO – Festival da Primavera do Japão de Macau, que terá a primeira edição a decorrer entre os dias 1 de Fevereiro e 30 de Março em vários locais e salas de espectáculos. A ideia, segundo um comunicado, é que este novo evento de cariz anual possa “combinar turismo e cultura para criar uma nova plataforma de intercâmbio cultural”.

O CONTEMPO é organizado pela empresa Silk Entertainment Limited e por diversas empresas locais, nomeadamente a Macau Beer ou a Air Macau, recebendo não só apoio da Direcção dos Serviços de Turismo e da Sands China como também das próprias autoridades da cidade de Quioto, no Japão. O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) está também envolvido no evento.

Pretende-se que este seja “um grande evento anual durante a época da Primavera”, celebrando “a uma escala sem precedentes o turismo e a cultura japonesa”, construindo-se, assim, “uma ponte cultural entre Macau e o Japão, mostrando ao mundo o rico património cultural, as tendências, a moda, a música, as artes culinárias e o património cultural” japonês.

O cartaz do CONTEMPO promete incluir “famosos grupos de ídolos japoneses, colecções únicas de arte contemporânea de galerias de renome e experiências gastronómicas”, revelando-se ainda “o cativante património cultural de Quioto”, cidade conhecida pelas tradicionais gueixas e pelas árvores em flor que desabrocham precisamente na Primavera.

Serão, assim, convidados vários representantes de “marcas japonesas bem conhecidas, bem como empresas, coleccionadores e investidores para virem a Macau”, existindo o objectivo de “atrair muitos turistas japoneses para experienciarem esta festa cultural”.

Música no Londoner

O programa do CONTEMPO arranca logo no dia 1 de Fevereiro com a cerimónia de abertura a ser marcada pelo espectáculo “CONTEMPO Volume 1”, com o grupo musical Takane No Nadeshiko, formado em Agosto de 2022 e que fez a sua estreia no Festival Toky Idol 2022. Durante todo o festival irá decorrer uma exposição com peças de arte contemporânea seleccionadas pela galeria UG5, apresentada na Sands Gallery.

Entre os dias 24 e 25 de Fevereiro, o grupo musical Karen Na Ivory irá actual no Londoner Theatre, seguindo-se uma experiência gastronómica no restaurante HIRO, no Venetian, comissariada pelo proprietário e chefe do Hyotei1, um restaurante em Quioto com mais de 400 anos de existência e detentor de estrelas Michelin.

Também no Venetian, acontece uma outra actividade entre os dias 15 e 30 de Março que mistura arte, moda, cultura e artes culinárias de Quioto, apresentando-se os mais característicos quimonos e a cultura muito própria das gueixas. Entre os dias 22 e 24 de Março decorre o evento “Art Japan @ Macao 2024” com a presença do embaixador da Agência de Turismo do Japão e diversas personalidades japonesas.

Finalmente, o cartaz encerra com o concerto “CONTEMPO Volume 2”, com dois espectáculos entre os dias 23 e 24 de Março no Venetian Theatre, novamente com os Takane No Nadeshiko, tendo em conta a “sua ascensão astronómica no Japão”, potenciada pela nova editora discográfica, a HMV/Victor Entertainment.

Citada pelo comunicado sobre o evento, Helena de Senna Fernandes, directora da Direcção dos Serviços de Turismo, considerou que o Japão “é um destino turístico popular em todo o mundo”, além de que o festival “irá atrair os residentes locais e os turistas que gostam da cultura japonesa”.

Tendo em conta que a DST pretende divulgar o turismo de Macau além-fronteiras, este festival “irá promover o intercâmbio e a compreensão mútua dos recursos turísticos do Japão e de Macau, o que poderá reforçar a publicidade e a promoção no futuro, fomentar o intercâmbio de fontes turísticas e optimizar a estrutura diversificada de visitantes”, rematou.

Adrian Ngan, co-presidente e director-executivo da Silk Entertainment, disse que o CONTEMPO foi criado “para unir a cultura cativante do Japão com o palco global de Macau, encantando os visitantes de todo o mundo”.

16 Jan 2024

Galerias Lafayette | Espaço em Macau a partir de dia 26

Serão inauguradas, no próximo dia 26, as Galerias Lafayette em Macau, à semelhança do conhecido empreendimento comercial de retalho, com marcas de luxo, existente em Paris.

Segundo um comunicado, a aposta em mais um empreendimento dedicado ao segmento de luxo, que abre portas ao YOHO Treasure Island, junto ao lago Nam Van, é do grupo Forward Fashion (International) Holdings Company Limited. Trata-se da primeira vez que as Galerias Lafayette estão de portas abertas em Macau e Hong Kong, proporcionando “uma diversidade de compras e experiências que irão cativar os consumidores internacionais e locais”, fazendo com que Macau seja uma mistura entre “a vibração urbana e o fascínio pela moda”.

Naquele que promete ser um grande espaço dedicado ao consumo, com mais de 30 mil pés quadrados, espera-se a representação de mais de 100 marcas internacionais, incluindo dez marcas do segmento “First-in-Macau” e ainda na área “EDIT by Galeries Lafayette”, com a aposta em moda, produtos de beleza, cosmética e perfumaria. Será ainda apresentada no interior das galerias uma réplica da Torre Eiffel com sete metros de altura. Promete-se, com este novo empreendimento comercial, “transportar todos para o coração de Paris, o epicentro global da moda, criando uma experiência encantadora que transcende o espaço e o tempo”.

16 Jan 2024

Crime | Vítima de burla lança fogo a instalações do MP e da PJ

Descontente com o desfecho de um caso judicial em que perdeu mais de 800 mil dólares de Hong Kong, o residente local, de 70 anos, decidiu vingar-se tentando incendiar as sedes das autoridades

 

As autoridades anunciaram a detenção de um homem com 70 anos que tentou incendiar as instalações do Ministério Público (MP) e da Polícia Judiciária (PJ), como forma de vingança. Os detalhes do caso foram apresentados ontem em conferência de imprensa. Segundo as declarações do suspeito, citadas pelos agentes da PJ, os ataques foram motivados pela insatisfação face à forma como o MP e a PJ conduziram as investigações e a acusação, assim como o desfecho, de um caso de burla.

O resultado do caso da polémica não foi revelado, de acordo com a informação citada pelo Jornal Ou Mun, mas foi o motivo apontado para que o homem optasse por se vingar. Em causa, está a perda de mais de 800 mil dólares de Hong Kong, num alegado esquema de burlas que prometia retorno alto para investimentos.

O primeiro acto de vingança aconteceu pelas 14h25 de domingo, quando o idoso se deslocou à sede da Polícia Judiciária, incendiou um papel e tentou utilizá-lo para pegar fogo a uma viatura.

Posteriormente, por volta das 15h06, foi às instalações do Ministério Público e tentou incendiar o edifício, deixando material a arder junto à grade da porta. Segundo a PJ, os dois incêndios foram detectados a tempo, o que permitiu extinguir as chamas rapidamente. Contudo, foram recolhidas provas contra o homem, nos locais atacados, como jornais, papéis queimados e toalhas com líquido inflamável.

Detenção na fronteira

Com recurso às imagens de videovigilância, as autoridades conseguiram identificar o homem e proceder à detenção cerca de uma hora e 20 minutos depois dos alegados crimes. A detenção aconteceu no Terminal de Autocarros das Portas do Cerco. O homem tinha consigo um isqueiro e líquido inflamável.

Questionado sobre o crime, o indivíduo confessou ter planeado incendiar os locais e escolhido o domingo para praticar o acto por considerar que a possibilidade da segurança dos edifícios estar alerta seria menor.

O indivíduo de 70 anos também reconheceu que apesar de apenas ter lançado fogo à sede da PJ e do MP, o plano original era mais ambicioso e visava igualmente outros departamentos governamentais, como a sede do Governo, as instalações dos Serviços de Alfândega e o posto número 2 do Corpo de Polícia de Segurança Pública.

De acordo com o perfil traçado pelas autoridades, o homem está actualmente desempregado. O caso foi encaminhado para o MP. O homem está indiciado pela prática do crime de “incêndios, explosões e outras condutas especialmente perigosas”, que implica uma pena que varia entre os 3 e 10 anos de prisão.

16 Jan 2024

Salários | Galaxy e MGM anunciam aumentos

A concessionária Galaxy anunciou que a partir de 1 de Abril cerca de 98 por cento dos trabalhadores vão ser aumentados. A informação foi divulgada através de uma nota de imprensa.

Segundo a informação divulgada, os trabalhadores que tiverem começado os contratos de trabalho antes de 1 de Janeiro deste ano e receberem um salário base de 16 mil patacas por mês, incluindo gorjetas, ou inferior vão ter direito a um aumento de 600 patacas. Os trabalhadores que receberem um salário básico por mês superior a 16 mil patacas, incluindo as gorjetas, têm direito a um aumento de cerca de 2,5 por cento.

“O Grupo Galaxy quer agradecer a todos os seus membros pelo esforço e contribuição ao longo do último ano, e está ansioso para trabalhar em conjunto com eles para atingir novos sucessos”, foi declarado, em comunicado.

No mesmo sentido, também a MGM anunciou aumentos, que entram em vigor a partir de 25 de Março. Os aumentos são de 600 patacas para os trabalhadores com um salário “padrão” igual ou inferior a 16 mil patacas, e de 2,5 por cento para quem recebe mais de 16 mil patacas.

Os aumentos na MGM abrangem 99 por cento dos trabalhadores, e, segundo a informação divulgada, variam entre 2,5 por cento e 6,5 por cento. “A MGM aprecia com todo o seu coração a nossa equipa que tem feito todos os esforços, sem cessar, para aumentar a qualidade dos nossos produtos e serviços”, afirmou Pansy Ho, presidente, em comunicado. “A empresa está mais do que feliz por poder partilhar com os trabalhadores os frutos da recuperação económica”, vincou.

16 Jan 2024

Estudo | PIB recuperou 80 por cento face aos níveis de 2019

A Associação Económica de Macau acredita que o Produto Interno Bruto de 2023 já registou uma recuperação em cerca de 80 por cento para níveis pré-pandemia. As previsões falam num cenário de estabilidade económica para o primeiro trimestre deste ano

 

O mais recente Índice de Prosperidade da Associação Económica de Macau entende que o Produto Interno Bruto (PIB) relativo ao ano de 2023 já registou uma recuperação de cerca de 80 por cento para níveis pré-pandemia. Além disso, tendo em conta que Macau continua a ser o principal destino turístico para os visitantes do interior da China, a associação estima ainda que o primeiro trimestre deste ano será marcado por um cenário de estabilidade económica.

No Índice ontem divulgado, e tendo em conta cálculos preliminares, a associação apontou que o PIB do último trimestre de 2023 terá rondado as 98,9 mil milhões de patacas, um aumento de 88 por cento face ao último trimestre de 2022. Por sua vez, em comparação com o quarto trimestre de 2019, o PIB de 2023 terá atingido 87 por cento do PIB registado nesse período pré-pandemia.

Desta forma, a associação acredita que o PIB do ano passado seja de 350 mil milhões de patacas, mais 80 por cento em relação a 2022, e também cerca de 80 por cento do PIB registado em todo o ano de 2019.

Relativamente ao jogo, a associação destacou o facto de as receitas brutas do sector terem sido melhores em Dezembro face a Novembro, com cerca de 600 milhões de patacas de receitas brutas diárias, o que constituem números bastante positivos para o final de 2023.

Quanto ao sector turístico e hoteleiro, as previsões apontam para o facto de o mercado de consumo do interior da China, principal fonte de visitantes de Macau, bem como os investidores internacionais, não registar ainda sinais de estabilidade. As previsões recordam que o índice de confiança do consumidor no interior da China e os valores das acções das operadoras de jogo em bolsa estão ainda num nível baixo.

Tendo em conta este cenário, a associação atribuiu 6,1 pontos, de zero a dez, ao índice de prosperidade de Macau em Novembro, enquanto o índice de Dezembro ficou-se pelos 6,2 pontos, estando numa situação considerada “estável”.

A entidade considera ser possível que Macau continue a ser o destino principal de visitas para os turistas do interior da China este ano, prevendo que o Índice de Prosperidade no primeiro trimestre deste ano seja de 6,3 pontos em Janeiro, 6,4 para Fevereiro e ainda 6,5 pontos para Março, atingindo um nível de “estabilidade”.

Alerta mundial

As previsões da associação completam-se ainda com as influências da economia global, tendo em conta as “imensas incertezas que podem impedir a sua evolução”, nomeadamente o conflito israelo-palestiniano que tem levado ao aumento dos custos de transporte e dos preços.

Foi também referido o exemplo da Reserva Federal (FED) dos EUA que se tem mostrado prudente quanto à redução das taxas de juro, o que faz com que estas se mantenham mais tempo elevadas do que o previsto inicialmente. Segundo a associação, a FED poderá descer as suas taxas de juro apenas no segundo trimestre deste ano.

Mesmo com todas estas incertezas económicas a nível mundial, a associação entende que os dados económicos de Macau revelam um cenário de estabilidade e evolução positivas, sem esquecer que o Governo tem explorado os mercados internacionais de turistas e promovido a diversificação do sector.

16 Jan 2024

Imposto de selo | Novas regras com retroactivos

Entra hoje em vigor a medida de isenção do imposto de selo para a compra de segunda casa destinada a habitação, depois do Governo ter decidido alterar a lei que vigorava desde 2018 para “atenuar a carga fiscal e melhorar o ambiente habitacional” no território.

Assim, quem comprar uma segunda casa para fins habitacionais não terá de pagar o imposto de selo de cinco por cento sobre o preço da casa, mantendo-se o imposto de selo no valor de dez por cento na compra de uma segunda ou demais habitações. As autoridades decidiram criar um sistema retroactivo para quem comprou a segunda habitação entre os dias 1 e 15 de Janeiro, passando a devolver o imposto de selo no valor de cinco por cento aos compradores e investidores.

16 Jan 2024

Junkets | Diploma sobre crédito é “prego no caixão” para sector

O advogado Rui Pinto Proença entende que o regime jurídico da concessão de crédito para jogos de fortuna ou azar em casino, em análise no hemiciclo, constitui “o último prego no caixão” para o sector dos junkets. O causídico participou ontem num debate na Fundação Rui Cunha sobre o primeiro ano das novas concessões de jogo

 

O novo regime jurídico da concessão de crédito para jogos de fortuna ou azar em casino, actualmente em análise pelos deputados da segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL), constitui “o último prego no caixão” para o sector os junkets em Macau. A ideia é defendida pelo advogado Rui Pinto Proença, que foi um dos oradores na conferência de ontem promovida pela Fundação Rui Cunha (FRC) a propósito do balanço do primeiro ano após a entrada em vigor das novas concessões de jogo às seis operadoras.

“A grande questão que se coloca relativamente à lei sobre o crédito ao jogo é saber se os junkets serão proibidos de conceder crédito ao jogo. Esta questão não constava da proposta de lei original apresentada à Assembleia, mas sabemos que está a ser considerada. Na minha opinião, este é o último prego no caixão da indústria de junkets, mas provavelmente não terá um grande impacto no que diz respeito às receitas dos operadores”, destacou.

O advogado destacou ainda, quanto aos diplomas em processo legislativo este ano, a lei do jogo ilegal, que não foi ainda admitida na AL. “O objectivo [do Governo] parece ser o de criminalizar certos tipos de actividades ou comportamentos associados ao desaparecimento dos junkets, como as apostas paralelas e a exploração de jogos em linha, bem como permitir que as forças policiais tenham poderes de investigação reforçados e impor sanções mais pesadas. A grande questão que se coloca é se a actividade de troca não autorizada de dinheiro por jogos de azar será criminalizada, tal como indicado pelo secretário da Segurança em Setembro do ano passado”, frisou.

Virar de página

Sobre o primeiro ano passado sobre as novas concessões, Rui Pinto Proença destacou que estão a ser atingidos “os objectivos de política pública que foram definidos”, percorrendo-se “o caminho em prol de uma indústria mais limpa e sustentável, o que contribui para a diversificação da economia”.

Além disso, relativamente à aplicação das disposições da nova lei e dos contratos, o advogado entende que tanto o Governo como as concessionárias “ainda estão a aprender e a encontrar um equilíbrio entre o que é a letra da lei e dos contratos, bem como a realidade da sua aplicação no dia a dia”.

Olhando para o passado da indústria, Rui Pedro Proença destaca que “podemos discordar da forma como as coisas foram feitas ou de algumas decisões tomadas, mas não podemos negar que agora o caminho é mais claro”.

“Todas as partes interessadas sabem qual a direcção que a indústria deve seguir e o quadro em que operam. Assim, o sector do jogo virou uma esquina, mas é apenas o começo”, rematou.

Sobre a vontade do Governo em diversificar as fontes de turistas além da China continental, o responsável pensa que está na hora de se apostar numa “estratégia de longo prazo” e que Macau tem de “competir na cena mundial com muitos outros destinos turísticos”.

“As operadoras já estão a investir recursos significativos para atrair jogadores de outros mercados, mas a concorrência é feroz. Acredito que aqui o Governo deveria fazer mais. Claro que há infra-estruturas, transportes ou vistos de trabalho, e tudo leva o seu tempo, exigindo-se alguns investimentos substanciais. Mas há também outras medidas que o Governo poderia facilmente adoptar e que apenas requerem papel e caneta”, concluiu.

A conferência na FRC, moderada pelo jornalista José Carlos Matias e também promovida pela revista Macau Business, contou com as participações de Davis Fong, ex-deputado e académico especialista em jogo, o analista Niall Murray e o economista José I. Duarte.

16 Jan 2024

Macau Jockey Club | Companhia define encerramento como decisão “difícil”

Uma decisão “difícil”, foi desta forma que a Companhia de Corridas de Cavalos de Macau, S.A. reagiu à decisão de resolver o contrato com o Governo, numa declaração lida pelo director da empresa, Rui Cunha, na tarde de ontem. Apesar de ter convidado os jornalistas para uma conferência de imprensa, a empresa não permitiu qualquer tipo de questões após ter sido lido um comunicado.

“A Companhia de Corridas de Cavalos de Macau teve prejuízos desde sempre e tem um prejuízo acumulado superior a 2,5 mil milhões de patacas”, afirmou Rui Cunha. “No entanto, o espaço para o desenvolvimento das actividades de corridas de cavalos em Macau tem vindo a reduzir-se continuadamente, ao que se acrescenta a influência de três anos de pandemia, o que faz com que a companhia permaneça numa situação de prejuízo”, vincou.

Neste cenário, o dirigente da empresa considerou que não havia alternativa que não passasse pelo encerramento. “Tornou-se impossível para a companhia continuar com a sua actividade. O Conselho de Administração não teve outra opção se não tornar esta decisão muito difícil”, foi acrescentado.

Fim a 1 de Abril

A Companhia de Corridas de Cavalos de Macau confirmou a informação avançada na manhã pelo Governo, que as corridas de cavalos vão terminar a 1 de Abril este ano. No entanto, as instalações vão manter-se disponíveis para a utilização pelos membros do clube.

Quanto aos despedimentos, a empresa prometeu pagar as “compensações devidas nos termos da Lei das Relações de Trabalho” e ainda realizar palestras para esclarecer os trabalhadores sobre os seus direitos. No mesmo sentido, a companhia comprometeu-se a encontrar “novas oportunidades de emprego” para os trabalhadores.

Sobre o período de 40 anos, desde 1991, quando a empresa começou a desempenhar esta actividade, Rui Cunha destacou que a companhia “sempre se pautou pelo princípio da diversificação do jogo e pelo espírito de ‘seguir em frente’, de modo a apoiar o desenvolvimento contínuo do turismo e da economia de Macau”.

16 Jan 2024

Jockey Club | Governo e empresa rescindem contrato

Ao aceitar a proposta de rescisão por acordo, o Governo abdicou do investimento de 1,25 mil milhões de patacas prometido pela Companhia de Corridas de Cavalos de Macau. A empresa também não tem de pagar qualquer compensação pelo fim antecipado do vínculo

 

A partir de 1 de Abril deixa de haver corridas de cavalos em Macau. A decisão foi anunciada ontem pelo Executivo e resulta da rescisão amigável do contrato de concessão exclusivo de exploração de corridas de cavalos, que foi assinada entre o Governo e a Companhia de Corridas de Cavalos de Macau.

“Tendo em conta que as referidas actividades têm vindo a tornar-se cada vez menos atractivas para os residentes locais e turistas nos últimos anos, o Governo da RAEM decidiu, após um estudo aprofundado, aceitar o pedido da Companhia de Corridas de Cavalos de Macau”, afirmou André Cheong, secretário para Administração e Justiça, em conferência de imprensa. “Por acordo de ambas as partes, o contrato de concessão do exclusivo da exploração de corridas de cavalos será rescindido em 1 de Abril de 2024 e cessarão as actividades de corridas de cavalos a partir dessa data”, acrescentou.

Segundo o secretário, as negociações foram iniciadas pela empresa e o desfecho revelado ontem estava em cima da mesa desde “meados do ano passado”, numa altura em que sugiram rumores sobre a possibilidade do Macau Jockey Club encerrar. Estes foram desmentidos, mas André Cheong confirmou a existência de um longo processo negocial.

O secretário explicou igualmente que as negociações foram mantidas em segredo nos últimos meses porque havia a possibilidade de o desfecho ter sido diferente, de continuação da concessão, e porque houve a intenção por parte do governante de evitar “impactos económicos e sociais”.

Investimento de 1,25 mil milhões

Como consequência da decisão, a Companhia de Corridas de Cavalos de Macau conseguiu evitar a obrigação de realizar um investimento de 1,25 mil milhões de patacas.

A empresa não vai ter de pagar qualquer indemnização à RAEM pelo fim antecipado do contrato, porque segundo André Cheong a rescisão resulta de um acordo entre as partes. O governante também garantiu que no procedimento foram seguidas as leis em vigor e o contrato assinado em 2018, quando o Governo de Fernando Chui Sai On prolongou o contrato de concessão até 31 de Agosto de 2042.

De acordo com o Cheong, durante as negociações para a rescisão o objectivo passou por garantir que os direitos laborais dos trabalhadores são respeitados e que os cavalos são transferidos para o Interior, onde se mostrou disponibilidade para receber os animais.

Actualmente, existem 254 trabalhadores residentes e 316 não residentes empregados pela companhia, num total de 570 trabalhadores, e segundo Wong Chi Hong a empresa comprometeu-se a pagar “as indemnizações de acordo com a lei”. Nas palavras do director da Direcção de Serviços dos Assuntos Laborais (DSAL), houve também “algumas empresas interessadas em contratar os trabalhadores”.

Em relação aos cavalos, existem planos para enviá-los para o Interior e há um acordo entre o Instituto para os Assuntos Municipais para facilitar a transferência, que terá de ser realizada até 31 de Março de 2025. Durante este período, a companhia fica autorizada a ocupar o actual espaço do Macau Jockey Club.

Tudo cumprido

Por sua vez, Adriano Ho, director da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), afirmou que apesar do plano de investimento de 1,25 mil milhões de patacas não ter sido cumprido, a empresa respeitou tudo o que lhe tinha sido exigido. “Em 2018 comprometeram-se a investir 150 milhões de patacas com a renovação das instalações, e eles concretizaram esse compromisso”, disse o responsável.

Quanto ao futuro do terreno, André Cheong revelou que vai ser integrado na reserva de terrenos da RAEM. Foi ainda afastada a possibilidade de haver uma nova concessão para corrida de cavalos, devido à falta de interesse e racionalidade económica da decisão, dado que as receitas e o número de pessoas a assistirem às corridas tem vindo a cair desde 2018.
Finalmente, André Cheong afirmou desconhecer a existência de qualquer processo criminal relacionado com a atribuição da concessão e o processo de rescisão amigável do contrato.

16 Jan 2024