Junkets | Diploma sobre crédito é “prego no caixão” para sector

O advogado Rui Pinto Proença entende que o regime jurídico da concessão de crédito para jogos de fortuna ou azar em casino, em análise no hemiciclo, constitui “o último prego no caixão” para o sector dos junkets. O causídico participou ontem num debate na Fundação Rui Cunha sobre o primeiro ano das novas concessões de jogo

 

O novo regime jurídico da concessão de crédito para jogos de fortuna ou azar em casino, actualmente em análise pelos deputados da segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL), constitui “o último prego no caixão” para o sector os junkets em Macau. A ideia é defendida pelo advogado Rui Pinto Proença, que foi um dos oradores na conferência de ontem promovida pela Fundação Rui Cunha (FRC) a propósito do balanço do primeiro ano após a entrada em vigor das novas concessões de jogo às seis operadoras.

“A grande questão que se coloca relativamente à lei sobre o crédito ao jogo é saber se os junkets serão proibidos de conceder crédito ao jogo. Esta questão não constava da proposta de lei original apresentada à Assembleia, mas sabemos que está a ser considerada. Na minha opinião, este é o último prego no caixão da indústria de junkets, mas provavelmente não terá um grande impacto no que diz respeito às receitas dos operadores”, destacou.

O advogado destacou ainda, quanto aos diplomas em processo legislativo este ano, a lei do jogo ilegal, que não foi ainda admitida na AL. “O objectivo [do Governo] parece ser o de criminalizar certos tipos de actividades ou comportamentos associados ao desaparecimento dos junkets, como as apostas paralelas e a exploração de jogos em linha, bem como permitir que as forças policiais tenham poderes de investigação reforçados e impor sanções mais pesadas. A grande questão que se coloca é se a actividade de troca não autorizada de dinheiro por jogos de azar será criminalizada, tal como indicado pelo secretário da Segurança em Setembro do ano passado”, frisou.

Virar de página

Sobre o primeiro ano passado sobre as novas concessões, Rui Pinto Proença destacou que estão a ser atingidos “os objectivos de política pública que foram definidos”, percorrendo-se “o caminho em prol de uma indústria mais limpa e sustentável, o que contribui para a diversificação da economia”.

Além disso, relativamente à aplicação das disposições da nova lei e dos contratos, o advogado entende que tanto o Governo como as concessionárias “ainda estão a aprender e a encontrar um equilíbrio entre o que é a letra da lei e dos contratos, bem como a realidade da sua aplicação no dia a dia”.

Olhando para o passado da indústria, Rui Pedro Proença destaca que “podemos discordar da forma como as coisas foram feitas ou de algumas decisões tomadas, mas não podemos negar que agora o caminho é mais claro”.

“Todas as partes interessadas sabem qual a direcção que a indústria deve seguir e o quadro em que operam. Assim, o sector do jogo virou uma esquina, mas é apenas o começo”, rematou.

Sobre a vontade do Governo em diversificar as fontes de turistas além da China continental, o responsável pensa que está na hora de se apostar numa “estratégia de longo prazo” e que Macau tem de “competir na cena mundial com muitos outros destinos turísticos”.

“As operadoras já estão a investir recursos significativos para atrair jogadores de outros mercados, mas a concorrência é feroz. Acredito que aqui o Governo deveria fazer mais. Claro que há infra-estruturas, transportes ou vistos de trabalho, e tudo leva o seu tempo, exigindo-se alguns investimentos substanciais. Mas há também outras medidas que o Governo poderia facilmente adoptar e que apenas requerem papel e caneta”, concluiu.

A conferência na FRC, moderada pelo jornalista José Carlos Matias e também promovida pela revista Macau Business, contou com as participações de Davis Fong, ex-deputado e académico especialista em jogo, o analista Niall Murray e o economista José I. Duarte.

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