II Guerra | Seul pondera criar fundo para apoiar trabalhadores forçados por empresas japonesas

O Governo da Coreia do Sul anunciou hoje estar a considerar a criação de um fundo doméstico para compensar os coreanos forçados a trabalhar para empresas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial.

O plano, revelado durante uma audiência pública organizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, foi recebido com duras críticas pelos antigos trabalhadores forçados e seus representantes legais, que exigiram que as indemnizações viessem do Japão.

Uma dirigente do ministério, Seo Min-jung, disse que a prioridade é providenciar as compensações o mais rápido possível, lembrando que muitas vítimas de trabalho forçado já estão mortas e que a maioria dos sobreviventes tem mais de 90 anos.

Seo, diretora do ministério para a Ásia Pacífico, disse que os pagamentos poderiam ser geridos pela Fundação para Vítimas de Mobilização Forçada do Japão Imperial, com sede em Seul.

Shim Kyu-sun, presidente da fundação, disse que as indemnizações poderiam ser financiadas por empresas sul-coreanas que beneficiaram de assistência económica japonesa quando os dois países normalizaram os laços diplomáticos na década de 1960, incluindo a gigante do aço POSCO.

Tribunais coreanos condenaram em 2018 empresas japonesas a pagar indemnizações a antigos trabalhadores forçados coreanos. Gigantes japonesas como a Nippon Steel e a Mitsubishi Heavy Industries recusaram-se a cumprir as decisões judiciais.

Mas Seo Min-jung disse que “as empresas japonesas reduziram grande parte de sua atividade económica na Coreia do Sul e retiraram ativos, por isso nem está claro se um processo de liquidação seria suficiente para compensar os demandantes”.

A dirigente ministerial disse ainda que funcionários do governo irão encontrar-se pessoalmente com as vítimas e familiares para explicar os planos de pagamento e obter o seu consentimento. Seo admitiu que seria “impossível” obrigar as empresas japonesas a desculparem-se pelo trabalho forçado, que por décadas foi uma das principais causas do impasse diplomático entre a Coreia do Sul e o Japão.

“Seria importante que o Japão sinceramente mantivesse e herdasse as comoventes expressões de desculpas e remorso que já expressou no passado”, disse a dirigente.
O Presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol, um conservador que assumiu o cargo em maio, reuniu-se com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida em novembro.

Na primeira reunião entre os chefes de governo dos dois países em três anos, ambos expressaram o compromisso de resolver rapidamente questões bilaterais “pendentes”, numa referência implícita à disputa do trabalho forçado.

A Coreia do Sul e o Japão mantêm disputas decorrentes da ocupação colonial japonesa, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, nomeadamente devido à escravidão sexual vivida por mulheres sul-coreanas e imposta por soldados japoneses.

12 Jan 2023

Igreja S. Domingos | Lançado programa de concertos às sextas-feiras

O Instituto Cultural (IC) lança, a partir de amanhã, o programa “Melodias Inesquecíveis na Igreja de S. Domingos”, que decorre todas as sextas-feiras até ao dia 17 de Fevereiro. A ideia é “enriquecer a experiência cultural e turística dos residentes e turistas de Macau” com concertos na Igreja de S. Domingos protagonizados pela Orquestra de Macau (OM) e Orquestra Chinesa de Macau (OCHM), bem como músicos e grupos locais.

O primeiro acontece esta sexta-feira à 20h, apresentando um repertório apelativo de clássicos chineses e ocidentais. Desde ontem que os bilhetes para estes espectáculos estão à venda, tendo um custo de 150 patacas.

Com esta iniciativa, o IC “espera, com a fusão entre os edifícios históricos e a arte musical, dinamizar ainda mais a atmosfera cultural da cidade e desenvolver o efeito sinérgico entre a cultura e o turismo para enriquecer a experiência cultural e turística de Macau, caracterizada pela mistura das culturas chinesa e ocidental, projectando a imagem de uma ‘Macau Cultural'”.

12 Jan 2023

Juiz do caso Tak Chun acusado de forçar respostas de testemunha

A sessão de ontem do processo do grupo Tak Chun ficou marcada por uma intensa troca de palavras entre o advogado de defesa e o juiz Lam Peng Fai. Segundo o portal Macau News Agency (MNA), o advogado Ai Linzhi, representante da arguida Cherie Wong Pui Keng, acusou o juiz de forçar uma testemunha a prestar declarações. O juiz negou a acusação, mas o advogado exigiu o acesso à gravação da sessão em tribunal para rever o que foi dito.
Tudo aconteceu quando uma antiga funcionária do grupo Tak Chun com funções de chefia, Sandra Chan Hoi Ian, prestou declarações.

Quando o procurador Lai U Hou a questionou, por diversas vezes, sobre o verdadeiro papel de Cherie Wong nas alegadas apostas ilegais, Sandra Chan Hoi Ian não terá dado nenhuma resposta afirmativa. Foi então que o juiz Lam Peng Fai declarou que as respostas desta testemunha estavam a ser “vagas” e “absurdas”. “Sinto que está a esconder algo… Quer proteger alguém. A lógica que persiste em todas as suas respostas é que os empregados de base [da Tak Chun] automaticamente fizeram tudo autonomamente e instruíram os outros para atingir os objectivos… e os executivos séniores não tinham nada a ver. Esta explicação é simplesmente ridícula”, acusou ainda.

O juiz continuou apontando que o testemunho de Sandra Chan Hoi Ian “levou 23 minutos a ouvir”. “Se a situação continuar assim nos próximos 30 minutos… Vou ter de pedir ao procurador para a acusar de perjúrio”, adiantou.

Mais do mesmo

Segundo o portal MNA, esta não é a primeira vez que o juiz Lam reage à forma como as testemunhas falam em tribunal. O advogado, Ai Linzhi, ripostou, frisando que um juiz “não pode obrigar uma testemunha a falar”. O juiz Lam disse que não exigiu à testemunha “para dar determinadas respostas”. “Apenas lembrei a testemunha de que… o tribunal não tolera mentiras. Pensa que é razoável ser enganado [por uma testemunha]? Não posso fazer nada se decide interpretar as coisas dessa forma”, respondeu o juiz.

Recorde-se que o julgamento do caso Tak Chun, antiga empresa de junkets, decorre no Tribunal Judicial de Base (TJB), estando Levo Chan, ex-CEO e mais sete indíviduos acusados de organização criminosa, gestão de operações de jogo ilegal, fraude e lavagem de dinheiro. O Governo exige o pagamento de 575.2 milhões de dólares de Hong Kong por compensação devido ao jogo ilegal, sobre o qual não foram obtidos impostos para a Administração. As seis operadoras, à excepção da Melco, pedem cerca de 134 milhões de dólares de Hong Kong.

12 Jan 2023

Ano do Gato

Começa assim na primeira Lua-Nova do Ano um ciclo a Oriente, que é também um momento de grande festividade, um rito de passagem repleto de significado dando a Buda o que é de Buda, que notificou como nas fábulas os animais.

O ciclo das doze Luas iria marcar cada Ano e inscrever na mandala as características de cada um, entrando este com as prerrogativas do nosso amado felino. No entanto, é também designado por Ano da Lebre ou do Coelho, existindo sem dúvida a conexão lunar que os associa, que seres míticos como o Dragão, estarão sem dúvida associados a Anos solares (mesmo que o horóscopo seja lunar) e o Cavalo, o Macaco, o Tigre, a virtudes mais “yang” num certo calor que marcará as suas regências.

É altura de calmaria! – Um Ano de Água no contraponto deste Bestiário trará enfoque ao elemento assinalado, esperando-se por isso manifestações aquosas de monta como bons banhos, óptimas viagens de barco… e na pior das hipóteses, naufrágios, tsunamis, chuvas torrenciais… a chamada «água pela barba» que quem as tiver, melhor será que estejam de molho.

No início de 2020 a China pareceu assustada com o singular Ano do Rato tendo razões para isso. As Festividades quase foram canceladas quando muitos estavam já a caminho quais Flautistas de Hamelin ao rebentar da temida pandemia.

Era aquele Ano do Rato que só se produziria ( reproduziria ?) de sessenta em sessenta anos sob a égide do Metal, que neste caso competiu com o vil metal, e tão dado como nefasto que cumpriu à regra a sua missão. Por isso (que mais coisas se passam ainda do lado do Sol Nascente) nada de superstições acerca do Gato, que mesmo que seja negro, será antídoto para um mal que não passa e parece recrudescer. Que o faça em silêncio, como fazem todos os felinos, e não se grite daqui: obscurantismo… de retro satanás… digam já…! Não digam nada, que a China não é um Parlatório.

E salve-se a qualidade social destes festejos cuja cor, alegria, fantasia e grande performance, corroboram o grande poder imaginativo, quase onírico, de um mundo que pouco lembramos agora de forma salutar. Há muito mais mundo para além da economia, da pandemia, da democracia, da tecnocracia e da autoridade política. Há os povos, os seus emblemas, os seus ritos, os seus cultos ( que os incultos não cumprem passagens nem estão alinhados com o movimento dos céus).

O desdém tristonho do aglomerado europeu tentou pela prática do prático valor dos instintos, (bizarramente apelidado de científico para as nomenclaturas de culto pragmático) esquecer a demanda dos povos em suas naturezas transcendentes, e fez-se então nestas gentes, nestes povos, prestes a morrerem de estrangulamento inoperacional, uma jangada deitada às águas infernais, estrebuchando a maioria em manifestações insolentes perdendo o ritmo dos questionamentos.

Esta via oral é uma reminiscência defeituosa das teorias, uma reverberação alargada de um ciclo civilizacional que não se soube cumprir. Nós vivemos todos muito bem sem ter Partido, Regime, mas falhas as regras civilizacionais nada subsistirá, que também este aspecto para um tempo próximo será de somenos: preparam-se as hostes para a aniquilação progressiva de uma Humanidade chegada a seu términus, suplantada por todas as formas de inteligência a seguir que nos hão de fazer inúteis. Se ao menos levássemos connosco uma certa saudade do remoto transcender… Nem isso! Morreremos como inqualificáveis herdeiros de coisa nenhuma.

Entrados que somos então no Ano do Gato (Lebre e Coelho são herbívoros) e testada a infalibilidade dos sondadores dos céus, este pequeno carnívoro nos irá conduzir a um ciclo novo. Sim, ele é um carnívoro, e tenho uma pena muito grande que não se respeite por quimérica partidarização a sua natureza. Isso não nos deverá preocupar. É assim!

Nós, a espécie dominante, devemos e podemos fazer escolhas, mas amar a vida não é condicionar os seres aos nossos dogmas: «Tu podes não comer carne, mas não te esqueças de a dar ao teu Tigre e ao teu Gato, caso contrário serão eles que te devorarão». Um felino não existe para ser bom ou mau, isso são juízos de valor, eles existem na Terra para nos indicar também que a beleza é terrível tal como o anjo de Rilke. A ambivalência de que são portadores não nos encaminha para uma conquista sem que haja muitos danos, mas que a beleza por fim enfim, e para sempre, esse grande elo divino que nossas prazenteiras essências temem ver de frente. A Beleza é Terrível?! Sim, é terrível. Para nós, que vamos em busca, a Beleza será tudo aquilo em que nos devemos tornar sem nenhum padecimento.

Os heráldicos seres — Águia, Touro, Leão e Anjo — ornam a imagem do Mundo dos arquétipos a Ocidente onde uma dançarina orlada por forma oval olha os Tempos defendida por estes personagens seus guardiões… que o Mundo não é plano, nem as teorias personalistas e conspiratórias entram no seio destes mistérios, mas na realidade a Oriente, entramos no Ano do Gato que nos fará sinais vindos de ângulos impensáveis. Estou certa que será um imponente Ano! Deveria temê-lo orientalmente falando? Não. O amor, ao não ser real por constatações diversas, sobe ainda assim, ao existir, como um Gato à Árvore mais alta para que testemunhemos a diferença entre nomeá-lo e saber sê-lo. Bom Ano para todos.

12 Jan 2023

CCM apresenta jazz e dança a partir de Fevereiro

O Centro Cultural de Macau (CCM) apresenta durante os próximos meses de Fevereiro e Março duas produções distintas. Uma delas é o concerto de Coco Zhao agendado para o dia 25 de Fevereiro.

Coco Zhao é considerado uma das vozes mais criativas da China e, em Macau, vai liderar uma banda de sete elementos num concerto que transporta o público à cativante cena dos cabarets da Xangai dos anos 20 e dos bares “speakeasy” dos tempos do proibicionismo norte-americano. Movendo-se agilmente por entre influências jazz asiáticas e ocidentais, ao longo dos anos 90 este artista extravagante cimentou uma reputação enquanto cantor, compositor e homem de palco.

Para além dos convites para actuar em inúmeros festivais de música de renome internacional, o seu talento foi reconhecido através de uma bolsa da Fundação Rockefeller que o levou a estabelecer uma residência artística repartida entre Nova Iorque e Nova Orleães.

Em Macau, o cantor leva o público a viajar por uma mistura fluída de conhecidos padrões e clássicos do jazz chinês, ao longo de um serão repleto de swing.

Além do concerto, o CCM organiza, a 23 de Fevereiro, um workshop vocal orientado pessoalmente por Coco Zhao que oferece aos cantores locais uma oportunidade única de explorarem a articulação rítmica e o improviso vocal do jazz.

“Percursos” em Março

Por sua vez, o CCM apresenta, nos dias 10 e 11 de Março, o espectáculo “Percursos” (“Track”), pelo grupo de Dança Teatro Hou Ying, uma companhia sediada em Pequim.

Conhecida como a Kafka da dança na arena cultural da capital chinesa, Hou Ying é uma intérprete e coreógrafa premiada, reconhecida tanto na China como nos EUA onde durante alguns anos dançou com a vanguardista companhia de Artes da Dança Shen Wei, em Nova Iorque. Nesta estreia no CCM, a criadora vai imergir os amantes da dança numa produção de palco que sintetiza um sólido percurso artístico.

Em complemento a este espectáculo, a 7 e 8 de Março Hou Ying vai orientar um workshop durante o qual partilha pessoalmente conceitos da linguagem corporal e técnicas coreográficas. Os bilhetes para estas duas produções do CCM estão à venda a partir de domingo.

12 Jan 2023

DST | Almeida Ribeiro fecha ao trânsito para celebrar Ano Novo Chinês

O Governo vai fechar a Avenida Almeida Ribeiro durante três dias no Ano Novo Chinês e no primeiro fim-de-semana de Fevereiro, convertendo uma das mais movimentadas artérias da cidade num imenso palco festivo. Espectáculos de luzes, concertos e performances de rua, uma instalação com um coelho gigante e comes e bebes vão marcar as festividades

 

O Instituto Cultural (IC) anunciou ontem oficialmente o lançamento de “Passeando pela Almeida Ribeiro — Projecto piloto para área pedonal”, uma iniciativa que irá transformar uma das avenidas centrais de Macau e, talvez, a mais emblemática artéria da cidade, num palco colorido para as celebrações do Ano Novo Lunar do Coelho.

A avenida também conhecida como San Ma Lo irá fechar ao trânsito entre as 12h do dia 22 de Janeiro (primeiro dia do Ano Novo Lunar) e as 22h do dia 24 de Janeiro (terceiro dia do Ano Novo Lunar). O trânsito voltará a ser cortado entre as 12h do dia 4 de Fevereiro (sábado) e as 22h de 5 de Fevereiro.

Durante os períodos referidos, “a Avenida de Almeida Ribeiro será cuidadosamente enfeitada e servirá de palco para a integração de elementos artísticos com características próprias do envolvente e para a reunião de dinâmicas criativas e culturais”, com vista a “celebrar o Ano Novo Chinês”.

A área pedonal irá abranger o espaço entre a Rua do Guimarães, antes de chegar à Ponte 16 e a Rua Central, perto da sede do BNU, ocupando um comprimento de cerca de 450 metros.

A avenida será dividida em três secções. Partindo da direcção do Porto Interior, entre a Rua do Guimarães e a Travessa do Matadouro, será instalada a zona “Momento Mágico”, que será decorada com nuvens coloridas e projecções de luzes à noite.

Entre a Travessa do Matadouro e a Rua dos Mercadores será instalada uma área que o IC designa como “Trilha na Floresta”, será livremente pavimentada com vegetação artificial, para criar um ambiente descontraído de passeio pela cidade.

Finalmente, na secção “Oásis na Cidade”, situada entre a Rua dos Mercadores e o Largo do Senado, serão “colocadas mesas e cadeiras com guarda-sol em forma de esplanada, para descanso dos pedestres”, aponta o IC.

Coelhos aperitivos

Com o intuito de celebrar a chegada do Ano do Coelho, o quase meio quilómetro de zona pedonal será enfeitado com várias esculturas de coelhos e decorações suspensas e fixas de grande dimensão.

Todos os dias em que decorre o evento, entre as 16h e as 17h o público será brindado com as “actuações excelentes” da Banda de Música do Corpo de Polícia de Segurança Pública.

Paralelamente, haverá ainda demonstrações de manifestações do Património Cultural Intangível de Macau, como a confecção de doces de barba de dragão e escultura de figuras em massa, assim como um conjunto de stands com uma selecção de produtos culturais e criativos, café e petiscos, entre outros produtos originais locais e de gastronomia.

O primeiro período de festividades, entre 22 e 24 de Janeiro, os stands de artesanato instalados na Almeida Ribeiro vão estar a cargo de “Ho Sio Chong, VengLei Laboratory e The Bright Dawn Studio”, enquanto a Rotten Rock Teahouse e a Flyer Coffee vão tomar conta dos stands de gastronomia.

No segundo período, entre 4 e 5 de Fevereiro, “os stands de artesanato participantes serão a MJade, a SIMAYO MO e a Jester Creative Design e os stands de gastronomia criativa serão a KEICA MACAU e a TREK COFFEE ROASTERS”.

Concessionárias na festa

As atracções que vão preencher a Avenida Almeida Ribeiro terão ainda a contribuição das seis concessionárias de jogo.

O IC revela que a SJM Resorts, S.A. oferece a instalação artística ‘Lotus em Flor’, que reúne “estilos criativos de 14 artistas experientes e jovens e simboliza a transmissão da cultura artística de geração a geração”. “As pétalas interiores apresentam as obras-primas de artistas experientes, incluindo Lok Hei, Lai Ieng, Ng Wai Kin, Sio In Leong, Lio Man Cheong e Lao Chon Hong, enquanto as pétalas exteriores exaltam o encanto criativo dos artistas jovens, incluindo Thomas MCZ, Mel Cheong, Zha Rui, Sit Ka Kit, Ng Ka Mei, Mok Hei Sai, Anny Chung e Ieong Wan Si”.

A Melco Resorts & Entertainment Limited irá também trazer duas esculturas inspiradas em formas de animais intituladas “O Encontro” e “União”.

Além disso, “a MGM, Galaxy Entertainment Group, Sands China Limited, Wynn Macau, Limited e SJM Resorts, S.A. irão apresentar respectivamente as suas celebrações do Ano Novo Chinês com a presença auspiciosa do Deus da Fortuna, que oferecerá felicitações e votos de bom Ano Novo Chinês aos residentes e aos turistas”.

12 Jan 2023

Djibuti | Grupo chinês vai construir base de lançamento aeroespacial

O Governo de Djibuti assinou um acordo com o grupo aeroespacial chinês Hong Kong Aerospace Technology Group para construir uma base de lançamento no valor de 932 milhões de euros, segundo a imprensa local.

O Presidente do pequeno país do Corno de África, Ismail Omar Guelleh, presidiu à assinatura do memorando de entendimento numa cerimónia no palácio presidencial na capital, Djibuti, na segunda-feira, noticiou o jornal La Nation, citado pela agência de notícias EFE.

“Este projecto custará mil milhões de dólares e durará cinco anos”, disse Guelleh, na sua conta do Twitter.
“O projecto de lançamento de satélites e foguetes também inclui a construção de um porto e de uma estrada de prestígio internacional na região norte de Obock para o transporte de materiais necessários ao desenvolvimento de sítios aeroespaciais”, disse o chefe de Estado, que está no poder desde 1999.

O acordo, acrescentou, prevê a “concessão definitiva das infraestruturas construídas do lado Djibuti após 30 anos de cogestão”.

O Djibuti está estrategicamente localizado numa das rotas comerciais mais movimentadas do mundo, na porta de entrada do Mar Vermelho do Oceano Índico, e no cruzamento entre África e a Península Arábica, a uma curta distância do Iémen.

Sob Guelleh, o segundo presidente do Djibuti depois do seu tio Hassan Gouled Aptidon (que governou desde 1977, quando o Djibuti ganhou a independência da França, até 1999), o país aproveitou esta vantagem geográfica para investir em portos e infraestruturas logísticas.

12 Jan 2023

Taiwan | Pequim descreve situação em 2022 como “séria” e “complexa”

A situação no Estreito de Taiwan ao longo de 2022 foi “séria” e “complexa”, afirmou ontem um porta-voz do Governo chinês, apontando que Pequim “tomou a iniciativa” de “unir compatriotas” em ambos os lados.

“Adoptámos uma série de medidas fortes para esmagar todas as formas de provocação”, disse Ma Xiaoguang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, o executivo chinês, acrescentando que as “actividades separatistas” e a “interferência de forças estrangeiras” ameaçam “seriamente” os interesses fundamentais da nação chinesa.

“No novo ano, a estratégia para resolver a questão de Taiwan será aderir ao princípio da reunificação pacífica”, explicou Ma, observando que a “estratégia de Taiwan de contar com países estrangeiros para alcançar a independência” está “condenada ao fracasso”, depois de o número de visitas à ilha de deputados e representantes políticos de vários países ter aumentado, no ano passado.

A 26 de Dezembro, Taipé denunciou a presença de 71 aviões chineses nas proximidades da ilha.
Pequim respondeu assim à aprovação, no mês passado, pelo Congresso dos Estados Unidos, da chamada Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA), que prevê uma despesa de 858 mil milhões de dólares em defesa, energia e segurança nacional, incluindo ajuda militar a Taiwan.

A líder do território, Tsai Ing-wen, anunciou em Dezembro que irá prolongar o serviço militar obrigatório para homens, que actualmente é de quatro meses, para um ano, a partir de 2024, “face ao avanço do autoritarismo chinês”.

A ilha é uma das maiores fontes de tensão entre China e Estados Unidos, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar, no caso de uma guerra com Pequim.

12 Jan 2023

Hong Kong | Criticada alegada ingerência no caso de Jimmy Lai

A China reafirmou a sua posição de intolerância sobre qualquer tentativa de intromissão estrangeira nos assuntos internos do país através de uma declaração dirigida ao governo do Reino Unido

 

O Governo de Hong Kong acusou ontem o Reino Unido de interferir na justiça local, na sequência de um encontro entre um ministro britânico e advogados do magnata dos ‘media’ do território Jimmy Lai.

“Nunca toleraremos e lamentamos fortemente qualquer forma de interferência de qualquer poder ou indivíduo estrangeiro nos procedimentos judiciais e assuntos internos de Hong Kong”, indicou numa declaração, acusando Londres de “tentar desacreditar” o Estado de direito na região semiautónoma chinesa.

“Qualquer arguido que tente procurar ajuda e conspirar com um poder político estrangeiro para fugir ao processo de justiça criminal, é um acto flagrante que mina o Estado de direito de Hong Kong e interfere com os assuntos internos” da região, acrescentou.

O Governo de John Lee considerou ainda que “tais actos por parte de um réu constituem, muito provavelmente, desobediência pelo tribunal”.

Já preso por outras acusações, Jimmy Lai, o magnata de 75 anos, enfrenta ainda uma sentença de prisão perpétua num processo por “conluio com forças estrangeiras”, um crime ao abrigo da Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim à região, na sequência dos protestos de 2019.

Lai fundou o jornal diário independente de Hong Kong Apple Daily, que, entretanto, foi encerrado.
O julgamento de Lai, naquela acusação, devia ter começado em Dezembro, mas foi adiado para o próximo mês de Setembro depois de Hong Kong ter pedido a Pequim para impedir Lai de ser representado por um advogado londrino.

“É realmente estúpido da parte dos advogados de Jimmy Lai ter pedido ao governo [do primeiro-ministro britânico, Rishi] Sunak para intervir”, afirmou, numa mensagem ontem divulgada na rede social Twitter, uma delegada do Conselho Executivo de Hong Kong, Regina Ip.

Para Ip, esta tentativa dos advogados de Lai justifica que se impeça o envolvimento de advogados estrangeiros em “casos de segurança nacional”, um poder dado ao líder de Hong Kong, John Lee, por Pequim no mês passado.

Equipa britânica

A questão surgiu, pela primeira vez, quando Lai contratou o proeminente advogado britânico Tim Owen para o defender. Vários juízes locais aprovaram a decisão, apesar das objecções do governo.

Entretanto, o gabinete de Sunak confirmou que a secretária de Estado para a região Ásia-Pacífico, Anne-Marie Trevelyan, se tinha encontrado com a equipa jurídica do réu, na terça-feira. “Temos sido claros de que as autoridades de Hong Kong têm de deixar de visar vozes pró-democracia, incluindo Jimmy Lai”, disse o porta-voz de Sunak, Max Blain, em Londres.

A líder da equipa jurídica, Caoilfhionn Gallagher, disse que o filho de Lai esteve em Londres, esta semana, para pedir aos responsáveis britânicos para protegerem o pai.

“Ele está a ser sujeito a ‘lawfare’, ou múltiplos processos e acções judiciais, todos concebidos para o silenciar e desacreditar e enviar uma mensagem clara a outros que não se devem atrever a criticar as autoridades chinesas ou de Hong Kong”, disse a advogada, numa resposta por e-mail à agência de notícias Associated Press.

12 Jan 2023

Poemas de Uma Monografia de Macau (Aomen Jilue)

Introdução

Aomen Jilue é um relatório sobre Macau, escrito por dois delegados do Imperador, Yin Guan-ren e Zhang Yulin (primeira edição 1751).

Os poemas inclusos tinham a dupla função de testemunho dos relatos e embelezamento do texto.
Esta monografia viria a ser selecionada para fazer parte da famosa “Biblioteca dos Quatros Ramos Literários” (Si Ku Quanshu) , compilada em 1772-1782 por ordem do Imperador Qianlong. Este facto reflecte bem a importância do livro.

Os temas dos poemas englobam descrições de viagens e embaixadas dos oficiais enviados aos países asiáticos com os quais a China mantinha relações na época (o reino de Champa, Malaca, Vietnam, Java, Filipinas e outros estados tributários) ou encontros e trocas culturais com os povos que aqui aportavam vindos do Grande Oceano Ocidental (Portugal, Espanha, Holanda…) Paisagens, costumes, minuciosas descrições da natureza ou dos mitos, nada ficou esquecido.

Não poderemos senão admirar esses testemunhos de encontros culturais muito antes do que teríamos imaginado.
O poder e o brilho da China durante a dinastia Ming estão aqui bem patentes, dado que os principais poetas citados nesta colectânea são monges errantes, letrados e poetas da dinastia Ming e raramente Qing.

Não estão igualmente ausentes temas sobre estados de alma, geralmente expressos pelos Mandarins afastados das suas províncias, que se servem da incessante impermanência dos ritmos da natureza para exprimir o sentimento de exílio e a perplexidade sobre a inconstância do destino. A nostalgia da despedida nos momentos de separação e a esperança de rever os amigos perpassam explicitas ou veladas, em quase todos os poemas sobre viagens.

Os epitáfios e as homenagens póstumas aos embaixadores e outros ilustres oficiais, assim como relatos de peregrinações aos túmulos, com abundância de referências às virtudes e feitos heróicos dos defuntos, são muitas vezes impregnados de nostalgia perante a ironia do destino. Disso ressalta o papel do Budismo que ensina a arte de “desprender-se”. Como abandonar desejos irrealizáveis, como escapar ao sofrimento, onde descobrir a força de encarar a solidão. Uma das vias da fé budista é o desprendimento; e assim manter a tranquilidade de coração, atingindo o estado ideal do ser humano.

Os poemas que descrevem cenas de despedida, passam-se num pavilhão, num miradouro circundado por montanhas, um rio, os pássaros que voam para longe mas não cantam “mudos de desolação”, o sol nascente, a lua, etc., todos os elementos da atmosfera Zen, através da qual os letrados atingiam a harmonia com a natureza. Por vezes perpassam afeições nesses temas do “letrado chinês” amor ao país, aos amigos, à família, e raramente à amada; mas tão discretas são essas alusões que temos que descobri-las como raros tesouros associadas aos elogios dos ilustres do passado, aos relatos de feitos heróicos, à incessante comparação com os mitos.

Antes de Fernanda Dias me ter trazido a sua versão destes poemas, eu nunca tinha considerado Aomen Jilue como integrando uma obra poética. Muitos historiadores usam esta monografia como referência de pesquisa histórica, mas raramente literária. Talvez por isso, nunca reparara que contém tal quantidade de poemas notáveis. Ao colaborar nesta tradução, na passagem de uma língua a outra, na difícil e sempre exaltante comunicação oral, era como se as imagens renascessem, com a frescura da origem.

Sem dúvida graças à sensibilidade de poeta e de pintora, e aos conhecimentos da cultura Chinesa de Fernanda Dias, esta tradução pôde trazer para a Língua Portuguesa as paisagens poéticas em todo o seu colorido e delicadeza pictórica. Cada palavra escolhida no acorde do verso, como o eco da imagem. Uma das razões pela qual a poesia chinesa tem um lugar de realce na literatura mundial, é o facto de ser tão eficazmente pictural.

Disse Wang Wei: “Encontramos pinturas nos poemas, e nos poemas, encontramos pinturas.”
Assim, este livro é uma obra poética, mais artística que documental, por isso mais conforme aos sentimentos dos poetas, que ao contexto histórico desse extraordinário relato que é Aomen Jilue.

Stella Lee Shuk Yee

Macau festivamente límpido

Pela enseada, no fim do Outono melancólico
O sol do meio-dia, no zénite, dardeja os ofuscantes raios
Sobre a Baía, esfumam-se nuvens, abre-se a caixa do espelho
Vejo pomares nos recifes, como quadrícula de xadrez
Água rumorejante cai na talha, aqui
Ao longe, ensolarados bosques, bananeiras em flor
Pura frescura verde, através das janelas acenando para nós.

Zhang Rulin

Chegando a Macau

Ao Monte Maior de Afiar-a-Espada
Liga-se Monte Menor de Afiar-a-Espada
Longas praias, brando Outono, velas leves
Até onde chegam meus olhos
Temo pelos pássaros, voando em queda livre
O pescador com sua rede, frente à choupana
Espera em pé sobre as ondas, de coração firme
O claro sol ilumina o Templo de S. Paulo
E a Ilha da Montanha Milenar
Ainda cintilante de orvalho branco
De sete em sete dias, os bárbaros prestam culto
As damas estrangeiras enchem as ruas
Com suas mantilhas e brocados
À sombra da verde ramaria
Combatem galos de esporões de oiro
Chineses e bárbaros, em grupos separados
Ombro a ombro encostados
Ganham ou perdem, cena banal
Os velhos enfeitiçados patenteiam
Em cobiça tenaz a sua vil paixão.

Wang Houlai

12 Jan 2023

Turismo | DST espera atrair 10 mil visitantes de Hong Kong por dia

Em três dias, Macau recebeu quase 110 mil visitantes, um aumento súbito que terá de ser acompanhado pela readaptação do sector que perdeu grande parte da mão-de-obra nos últimos três anos. O Governo espera atrair 10 mil turistas de Hong Kong diariamente

 

Entre domingo e terça-feira, entraram em Macau 109.386 visitantes, números a que o território já se vinha desabituando, apesar de contemplarem dois dias de semana.

De acordo com dados divulgados ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública, atravessaram a fronteira para o território, numa média diária, cerca de 36.500 visitantes durante o período mencionado.

Prevendo que o fluxo de turistas continue a aumentar, Governo e representantes do sector dão sinais de necessidade de ajustes para dar resposta ao retorno do elevado número de visitantes. Grande parte das agências de viagens do território estão reduzidas a metade dos recursos humanos existentes antes da pandemia, mão-de-obra que não é suficiente para responder ao aumento do volume de trabalho, indicou ontem o presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, Andy Wu.

Em declarações ao programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, Andy Wu acrescentou que para responder ao aumento súbito da procura, as agências turísticas terão de contratar a curto-prazo profissionais, em especial funcionários a tempo parcial. O responsável salientou também a necessidade de adaptação das próprias autoridades, dando como exemplo as dificuldades sentidas por algumas empresas de excursões cujos autocarros foram impedidos de estacionar no parque do Posto Fronteiriço de Hengqin.

Isco da pataca

Também algumas unidades hoteleiras necessitam de trabalhadores, não só devido a infecções de covid-19, mas devido a cortes no pessoal verificados nos últimos três anos, afirmou Cheng Wai Tong, vice-director dos Serviços de Turismo (DST). O responsável adiantou que poderá ser difícil recuperar a curto-prazo o volume de mão-de-obra suficiente.

Uma das críticas partilhadas por ouvintes do programa é a forma como o Governo procura atrair turistas, com ofertas de viagens e descontos, tendo sido pedido prudência no uso do erário público e desvio do foco para o enriquecimento da qualidade dos eventos, em vez de “dar dinheiro às cegas”.

O vice-director da DST negou que o Governo esteja a gastar fundos irracionalmente e argumentou que a crise trazida pela pandemia reduziu a vontade dos turistas em gastar dinheiro. Além disso, Cheng Wai Tong revelou que o sector turístico de Hong Kong também irá promover campanhas de descontos e ofertas semelhantes para atrair turistas de Macau.

O representante do Governo apontou como objectivo a meta de 10 mil turistas por dia vindos de Hong Kong, lembrando que antes da pandemia o número de visitantes diários oriundos da região vizinha rondava os 20 mil.

12 Jan 2023

Protecção de dados | Empresa multada por violação de lei

A empresa Hong Kong Zhufin Information Technology Co., Limited foi multada 40 mil patacas pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), devido a acções de telemarketing sem o consentimento do visado. A informação foi revelada ontem, através da publicação pelo GPDP de um anúncio de “censura pública”, em Boletim Oficial. A empresa é administrada por Liu Yuan.

Segundo a informação publicada na censura pública, entre as 40 mil patacas de multa, 30 mil foram justificadas pelo facto de a empresa ter realizado telemarketing sem consentimento do titular dos dados, de quem alegadamente terá partido a queixa para este processo.

Como ao telefonar ao visado, a empresa também “não forneceu as respectivas informações do tratamento, nem assegurou o seu conhecimento por parte do titular dos dados” foi alvo de outra multa de 5 mil patacas. A esta juntou-se ainda outra multa de mais 5 mil patacas, pelo facto de não ter parado com as campanhas de publicidade, mesmo depois de ter recebido um pedido para tal do visado.

Além das multas que totalizam 40 mil patacas, foi aplicada à Hong Kong Zhufin Information Technology Co., Limited a pena acessória de “proibição temporária ou definitiva do tratamento, o bloqueio, o apagamento ou a destruição total ou parcial dos dados”.

12 Jan 2023

Segurança | Polícia apanhado a verificar entradas e saídas sem autorização

Ao contrário do que acontece com outros crimes, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) omitiu vários factos na mensagem enviada aos média, como a utilização dada aos registos acedidos de forma ilegal

 

Um agente a Polícia de Segurança Pública foi apanhado a verificar vários registos de entradas e saídas sem autorização. O caso foi revelado pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), na terça-feira.
Ao contrário do que acontece na maior parte dos casos e com as informações divulgadas sobre os crimes praticados, o CPSP omitiu vários dados na comunicação normalmente disponibilizada à imprensa, como o apelido do suspeito e a sua idade.

Através da pouca informação divulgada, também não é possível saber como eram utilizados os dados recolhidos pelo agente, uma vez que o CPSP se limita a dizer que o agente “teve um comportamento impróprio”.

“Através de mecanismos de supervisão interno, o CPSP descobriu que uma pessoa do Departamento de Controlo de Migração acedeu aos registos de entradas e saídas várias vezes”, foi revelado. “Suspeita-se que essa pessoa utilizou a sua posição de forma indevida e que teve um comportamento impróprio”, foi acrescentado.

Abuso de poder

Quando interrogado sobre o acesso indevido aos dados das entradas e saídas do território, o agente terá confessado ter consultado os mesmos, sem qualquer autorização.

De acordo com a mensagem do CPSP, o caso foi enviado para o Ministério Público, e o indivíduo está indicado pela prática do crimes de abuso de poder, que acarreta uma pena que pode chegar a três anos de prisão.
“O CPSP reitera que tem sempre exigido aos agentes policiais que cumpram rigorosamente as regras de conduta disciplinar e os agentes que violarem a lei e a disciplinas serão indubitavelmente tratados com a maior seriedade nos termos da lei, efectivando-se as respectivas responsabilidades”, foi expresso no comunicado onde se foi revelou o alegado crime.

Além disso, o CPSP afirma ter instaurado ontem um processo disciplinar ao agente, com “suspensão preventiva de funções” enquanto se aguarda pelo desfecho deste procedimento.

Esta não é a primeira vez que crimes do género são registados dentro das polícias de Macau, tendo havido pelo menos mais duas ocorrências que foram tornadas públicas, em 2021 e 2019.

12 Jan 2023

MP | Paulo Martins Chan louvado por Ip Son Sang

Paulo Martins Chan, Procurador-Adjunto do Ministério Público, recebeu um louvor público por parte do Procurador, Ip Son Sang, publicado ontem no Boletim Oficial. No texto do louvor, Paulo Martins Chan é destacado por no “exercício das suas funções de magistrado” ter revelado “um elevado sentido de responsabilidade, espírito de missão e dedicação no seu trabalho”.

Ip Son Sang sublinha igualmente que Paulo Martins Chan “entregou-se plenamente à organização do trabalho judicial do Serviço e toda a coordenação em prol da boa relação profissional entre os colegas, e, através da sua sabedoria profissional, apoiou meticulosamente os jovens magistrados do Ministério Público por forma a aperfeiçoarem a sua qualidade profissional e capacidade de tramitação de processos”, é afirmado. “O seu excelente desempenho granjeou-lhe o respeito e elogio tanto dos superiores hierárquicos como dos colegas”, foi acrescentado.

Paulo Martins Chan conta com mais de 36 anos no desempenho de funções públicas, além do trabalho no Ministério Público foi ainda director da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). De acordo com a informação da Rádio Macau, o louvor surge numa altura em que o magistrado se encontra à beira de se reformar.

12 Jan 2023

Relatório | Emigração para Macau em 2021 foi a mais baixa desde 2000

Foi ontem divulgado em Lisboa o Relatório da Emigração de 2021, onde se revela que Macau recebeu o número mais baixo de portugueses emigrados desde a época da transição, apenas 18. Por comparação, em 2020, ano em que rebentou a pandemia, tinham entrado 67

 

O número de portugueses que emigraram para Macau em 2021 foi o mais baixo desde 2000, sendo esta a terceira maior emigração para o território, de acordo com o Relatório da Emigração. O documento, apresentado ontem no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, foi elaborado pelo Observatório da Emigração, um centro de investigação do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Segundo a informação recolhida e trabalhada por este centro, em 2021 registou-se a entrada de 18 portugueses em Macau, o valor mais baixo desde 2000, ano em que entraram apenas quatro portugueses. Em 2020, emigraram para Macau 67 portugueses e, um ano depois, apenas 18, sobretudo homens (61,1 por cento) e jovens, com 10,7 por cento a terem mais de 65 anos.

Desde o ano 2000 que o aumento de portugueses em Macau foi progressivo, até 2013, quando se registou uma diminuição até 2017, voltando a crescer pontualmente em 2018, e a decrescer em 2019 e 2020.

Os autores do documento, que se baseia nos dados recolhidos pelo Observatório da Emigração junto das instituições responsáveis pelas estatísticas da imigração, indicam que, em 2021, as entradas de portugueses representaram 3,8 por cento das entradas totais em Macau, o que fez desta emigração a terceira maior para aquela região.

Território representativo

No contexto da emigração portuguesa, Macau é o terceiro local do mundo com maior percentagem de entrada de portugueses, em comparação com o valor total de entradas de estrangeiros. Em 2021, o número de portugueses neste território sob administração chinesa totalizava 2.213, mais 10 por cento do que em 2016.

Segundo o relatório, “dada a posição particular de Macau na China, o acesso pleno à cidadania passa nesta Região Administrativa Especial pela aquisição do estatuto de residente permanente, não pelo da aquisição de nacionalidade”, não estando disponíveis estatísticas sobre a aquisição do estatuto de residente permanente.

Em termos gerais, cerca de 60.000 portugueses emigraram em 2021, mais 15.000 que no ano anterior, numa “recuperação assinalável” de saídas, após quebra brutal em 2020, com o Reino Unido a retomar a posição de principal destino, segundo o Relatório.

O documento refere que, entre 2019 e 2020, “a emigração teve uma quebra da ordem dos 44 por cento, em consequência dos efeitos conjugados da crise pandémica e do ‘Brexit’ [saída do Reino Unido da União Europeia]”.

“As políticas de confinamento colocaram obstáculos à mobilidade e produziram uma crise económica global de grandes proporções que explicam a travagem abrupta das migrações internacionais”, escrevem os autores do documento. Em 2021, emigraram metade dos portugueses que o fizeram em 2013. À excepção de 2020, só em 2003 se registaram valores tão baixos. Com um pico em 2013, desde esse ano que se tem registado uma tendência de descida na emigração. Em 2021, as migrações iniciaram “uma recuperação assinalável”, tendo crescido, em Portugal, cerca de 33 por cento em relação a 2020.

12 Jan 2023

Habitação | Empréstimos hipotecários cresceram 41% em Novembro

Ao longo do mês de Novembro do ano passado, os bancos de Macau aprovaram mais 40,9 por cento empréstimos hipotecários para habitação em relação ao mês anterior, registando um montante total de 1,39 mil milhões de patacas.

De acordo com dados divulgados ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), em termos trimestrais (entre Setembro e Novembro), o volume médio mensal dos empréstimos aprovados atingiu 1,43 mil milhões de patacas, correspondendo a uma descida de 6,1 por cento em comparação com o trimestre compreendido entre Agosto e Outubro.

Se nos empréstimos para habitação a AMCM registou crescimento em Novembro, nos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias a tendência foi de descida, com uma diminuição de 80,8 por cento para um valor total de 1,4 mil milhões de patacas em empréstimos aprovados.

A AMCM indicou ainda que no final de Novembro o rácio das dívidas não pagas relativas a empréstimos para habitação manteve-se inalterado no nível de 0,5 por cento, quando comparado com o mês anterior, mas cresceu 0,2 por cento em relação a Novembro de 2021.

12 Jan 2023

Habitação intermédia | Deputados pedem esclarecimentos sobre preços

A utilização de expressões pouco claras na definição do preço da habitação “sanduíche” levantou muitas dúvidas aos deputados que estão a analisar a futura lei da habitação intermédia

 

Os deputados da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa estão preocupados com o mecanismo para definir o preço da habitação intermédia. As preocupações foram divulgadas ontem por Vong Hin Fai, deputado e presidente da comissão, no final de mais um encontro entre os legisladores para analisar a proposta de lei que irá regular a matéria.

Segundo a proposta, o preço da habitação intermédia vai ser estipulado, depois de aprovada a lei, através de despacho do Chefe do Executivo. Apesar de não definir o valor de venda, o documento analisado pelos deputados tem a fórmula que será utilizada para definir os preços. No entanto, apresenta alguns elementos como o “valor de mercado avaliado pelo Instituto de Habitação com base no preço dos edifícios habitacionais privados das zonas adjacentes”, que não permite perceber o alcance total da proposta.

A fórmula levanta assim muitas dúvidas aos deputados que consideram que o “valor de mercado avaliado pelo Instituto de Habitação” e o “preço dos edifícios habitacionais privados das zonas adjacentes” são elementos altamente subjectivos.

O presidente da comissão explicou também que se pretende que o Executivo elabore a política de preços da habitação intermédia, principalmente em comparação com a habitação económica.

A habitação intermédia, também conhecida como sanduíche, destina-se à classe média que tem rendimentos superiores aos limites de candidatura à habitação económica, mas que não tem capacidade financeira para entrar no mercado privado.

O fim do papel

Ainda de acordo com a proposta, as candidaturas para a habitação intermédia só são aceites se forem feitas de forma electrónica. Não existe a possibilidade de ir aos serviços preencher papéis.

Na comissão teme-se que a exigência faça com que pessoas com deficiências ou os mais velhos fiquem afastados da compra deste tipo de habitação, por não terem capacidade de fazer o preenchimento electrónico. Neste sentido, os legisladores defendem que o Governo tem de criar mecanismos para ajudar tecnologicamente estes segmentos da população, exigência que será transmitida aos representantes do Executivo na próxima reunião conjunta.

Com a reunião de ontem, a terceira comissão terminou a primeira ronda de análise do diploma, ficando a aguardar os esclarecimentos do Executivo.

12 Jan 2023

Bernardo Mendia, membro da Câmara de Comércio e Índústria Luso-Chinesa: “Há, finalmente, entusiasmo”

Assim que Portugal respirou liberdade, em 1974, e as autoridades reconheceram a República Popular da China como nação, foi criada a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, que celebra 45 anos de vida no próximo mês. Bernardo Mendia, secretário-geral, joga todas as cartas na recuperação do comércio com a China. Sobre o investimento chinês em Portugal, menciona preconceitos que devem ser combatidos

 

Que balanço faz de mais de 46 anos de actividade da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) e que progressos destaca?

O balanço é extremamente positivo. Depois do 25 de Abril, logo em 1975, o Governo português faz uma declaração inicial a dizer que reconhecia a República Popular da China (RPC) como a única China e a representante do povo chinês, e depois na sequência disso, em 1976, surge o movimento que dá origem à CCLC, estabelecida em Fevereiro de 1978. Desde aí, temos acompanhado anos de bastante crescimento que nós próprios como país [Portugal], empresas e empresários temos todo o interesse em estarmos próximos, porque podemos vender e comprar muito para as nossas indústrias, com produtos mais competitivos. A nível de trocas comerciais foram anos muito ricos, mutuamente benéficos sempre com a vantagem de termos Macau, o que nos dá uma vantagem que, se calhar, outros países não têm, com mais de 500 anos de contactos. Passando à parte do investimento, também foi muito interessante para Portugal, se bem que apenas nos últimos 12 anos é que existe um verdadeiro movimento de investimento chinês em Portugal. O investimento português na China foi sempre muito residual, até aos dias de hoje. Houve uma série de circunstâncias para o crescimento do investimento chinês, nomeadamente as políticas chinesas que permitiram a expansão de muitas empresas, que coincidiu com as dificuldades financeiras das empresas em Portugal que obrigaram a abrir o capital de empresas públicas e privadas. Nessa altura, havia maior disponibilidade das empresas chinesas para investir em Portugal. Hoje em dia não se verifica o mesmo. Tivemos bastante sorte porque se tivéssemos dependentes dos investidores ocidentais, tradicionais, as nossas empresas não teriam sido tão valorizadas como foram. Respondendo a uma crítica que vem sendo feita, mas que não passa de um mito, de que existe um excesso de investimento chinês…

Não existe?

Na verdade, a maior parte do investimento chinês não controla na totalidade o capital das empresas portuguesas e onde controla mantém a gestão com quadros portugueses.

Esse mito, conforme diz, foi uma forma de descredibilizar o investimento chinês?

Sim, sem dúvida. É uma pena porque não corresponde à realidade e cria um preconceito que é injusto. Deveríamos valorizar [o investimento] e comunicar para ver onde há mais oportunidades. É verdade que hoje em dia há muito menos investimento chinês em empresas já constituídas, porque, de facto, ele aconteceu antes devido a circunstâncias históricas excepcionais e problemas financeiros ocorridos em Portugal. Mas existem ainda muitas oportunidades a nível de indústrias chinesas que podem ser desenvolvidas em países como Portugal, como é o caso da construção de fábricas, indústria automóvel. É esse o investimento que hoje em dia nos interessa. Temos interesse em sermos o país receptor desses investimentos onde depois pode ser feita a distribuição em toda a Europa.

Saiu uma notícia recente sobre o facto de empresas estatais e privadas chinesas serem das principais investidoras na Euronext Lisboa. É um sinal de que esse investimento tem vindo a solidificar-se?

Por um lado, mais uma vez, demonstra uma aposta em Portugal, e devemos mostrar isso a outros países que estão a ficar para trás. A nós interessa-nos colocar os países a competirem entre si para investirem mais em Portugal. A notícia fala de 8,5 mil milhões de euros em investimento, e esse valor é a esmagadora maioria do stock do investimento chinês em Portugal, que são cerca de dez mil milhões. O investimento chinês em Portugal é quase todo feito através de empresas cotadas em bolsa. É o investimento do mais regulado possível e isso é de salutar, desmistifica as origens do investimento.

Fala-se muito na questão dos vistos Gold, por exemplo. O perfil do investidor chinês por essa via também tem mudado?

Penso que nos últimos três anos não deixou de haver interesse, da parte dos chineses, nesse tipo de investimento. Mas nesse período houve imensa dificuldade em viajar. Estou convencido que vão voltar a investir bastante com a abertura das viagens. Não temos nada de criticar, no sentido em que tem sido um tipo de investidor que traz muito dinheiro para a economia portuguesa, pela via dos impostos, além de ter reactivado uma indústria e requalificado várias cidades em Portugal, nomeadamente Porto e Lisboa. Houve muita requalificação urbana que não teria acontecido se não houvesse a perspectiva destes investidores. Além disso falamos de investidores que acabam por criar uma ligação com o país, e muitas vezes criam negócios, de importação. Há quem venha viver para cá e traga os seus pais. Penso que há uma dinamização da economia com este investimento de qualidade.

Tantos anos após a criação da CCLC, o perfil das empresas que vos procuram mudou? A pandemia trouxe alterações maiores?

Nestes últimos três anos houve poucas delegações de empresas chinesas e portuguesas a deslocarem-se. Aqui na CCLC ajudámos empresas a obter vistos e a justificar perante as autoridades chinesas a necessidade de os ter. Os anos da pandemia foram terríveis porque tínhamos apenas o contacto online e isso não ajuda nada. Estamos com confiança para os próximos anos porque toda a gente está com vontade de fazer. Há uma série de eventos importantes para, que do ponto de vista económico, se possa re-activar a relação Portugal-China, como é o caso dos 510 anos da chegada de Jorge Álvares à China, entre outros. Teremos ainda a abertura de uma nova CCLC em Xangai, bem como a Câmara de Comércio e Indústria Hong Kong-Portugal. Apoiamos essa iniciativa que contará com o comendador Ambrose So e Gonçalo Frey-Ramos, que é vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Hong Kong, entre outros.

A China abriu as fronteiras de forma repentina. O número de casos tem aumentado, mas é uma boa notícia para a economia.

Sem dúvida nenhuma. Quem está nos negócios esperava ardentemente que isso acontecesse e esperamos que não haja nenhum retrocesso, e que avancem sem hesitação na abertura.

Até que ponto será possível recuperar da estagnação e retrocesso destes anos de pandemia?

Temos de trabalhar na confiança. A dimensão do mercado e capacidade de compra são os incentivos que os empresários precisam. Isso não se foi embora e agora o potencial virá de forma redobrada. É importante realizar mais missões e visitar o mercado o quanto antes. Queremos estar na China Import-Export Fair, em Novembro.

Esteve há pouco tempo em Hong Kong, como está o ambiente de negócios?

Visitei Hong Kong três vezes durante a pandemia e nota-se uma grande diferença no ânimo das pessoas. Há, finalmente, entusiasmo.

Com a abertura poderemos esperar uma nova era das relações Portugal-China?

É importante que se continue onde estávamos em 2019. Temos de fazer as viagens, garantir que as nossas delegações estão presentes nas feiras na China. Agora será rápido. Temos um período mais desafiante, que são estes primeiros meses com muitas infecções e mortes, mas depois as coisas voltarão à normalidade.

A guerra na Ucrânia e a inflação tem afectado o comércio mundial. Isso tem influenciado as exportações para Macau e China?

Falamos de mercados que não são muito expressivos e que não se deixam afectar por esses factores externos. Ao contrário das narrativas que se têm tentado comunicar, o mundo é multipolar. Todos temos interesses, valores e necessidades. Temos de promover o respeito e compromisso. Em alguns momentos temos de ceder, outros a cedência é da outra parte. Devemos serenar os ânimos políticos para que a economia possa funcionar.

Muito se tem criticado a ausência de um pleno funcionamento de Macau como plataforma. Concorda?

Essa plataforma depende de vontade política. Acho que há ainda muito potencial que está subaproveitado e que podemos aproveitar muito melhor. Há instrumentos criados, mas ainda não são explorados dentro das suas potencialidades. Compreendo essas críticas e compete aos empresários e câmaras de comércio tirar maior proveito desse potencial.

Há um potencial acrescido com a criação de iniciativas como a Grande Baía e a Zona de Cooperação Aprofundada? Como é que a CCLC pretende responder a estes desígnios?

Neste momento, devemos aproveitar a vontade política para tirar proveitos económicos. Este ano, a delegação que for à China, incluindo a Macau, irá concentrar a viagem nas visitas à Grande Baía para mostrar aos empresários portugueses a escala do mercado, pois isso não é muito falado. Temos ainda de os educar quanto a essa iniciativa. Agora é preciso visitar, conhecer e trocar cartões para ver o que está a acontecer.

12 Jan 2023

Spielberg, “House of the Dragon” e “Espíritos de Inisherin” triunfam nos Globos de Ouro

A 80ª edição dos Globos de Ouro, que decorreu esta madrugada em Beverly Hills, deu os prémios de topo a “Os Fabelmans” de Steven Spielberg, “Os Espíritos de Inisherin” e à série da HBO “The House of The Dragon”.

Depois de escândalos éticos e polémicas pela falta de diversidade, esta edição marcou uma nova era para a cerimónia, com uma lista de vencedores mais diversa que antes e um compromisso com o progresso no futuro.

Steven Spielberg ganhou o Globo de Ouro de Melhor Realizador pelo título semi-autobiográfico “Os Fabelmans” e o filme levou o Globo de Melhor Filme Dramático.

“Tenho andado a esconder-me desta história desde os 17 anos de idade”, disse Spielberg, no discurso de vitória. “Contei esta história em partes e pedaços ao longa da minha carreira”, continuou. “E.T. e Encontros Imediatos tiveram muito a ver com esta história”.

Spielberg disse que toda a gente o vê como um sucesso mas que ninguém sabe quem somos realmente até “termos a coragem contar a nossa história”.

Na categoria de Melhor Filme de Comédia ou Musical, a vitória foi para “Os Espíritos de Inisherin”, que também levou o Globo de Melhor Argumento e deu a Colin Farrell a estatueta de Melhor Ator em Filme de Comédia ou Musical. O ator irlandês mostrou-se “horrorizado no bom sentido” com a receção que o filme teve.

Ainda no cinema, Austin Butler foi o Melhor Ator em Filme Dramático pelo seu papel em “Elvis” e Cate Blanchett foi a Melhor Atriz em Filme Dramático por “Tár”.

Já o filme “Tudo Em Todo o Lado Ao Mesmo Tempo” garantiu a Ke Huy Quan o prémio de Melhor Ator Secundário e a Michelle Yeoh a estatueta de Melhor Atriz Em Filme de Comédia ou Musical.

A atriz, natural da Malásia, lembrou o caminho longo que teve de fazer para chegar a esta distinção, depois de 40 anos na indústria.

“Quando vim para Hollywood foi um sonho tornado realidade até chegar aqui”, afirmou, lembrando que lhe disseram que ela era “uma minoria” e não iria ter sucesso.

“Fiz 60 [anos] no ano passado e penso que todas as mulheres percebem que à medida que os anos aumentam as oportunidades diminuem”, continuou, elogiando a coragem dos produtores do filme de “escreverem sobre uma mulher emigrante a envelhecer”.

Também Angela Bassett, de 64 anos, saiu vitoriosa como Melhor Atriz Secundária pelo papel em “Black Panther: Wakanda Para Sempre” e falou de “coragem, paciência e um verdadeiro senso próprio” na perseguição dos sonhos. Foi a primeira vez que um filme da Marvel venceu numa categoria de representação nos Globos de Ouro, o que a levou a dizer que “foi feita história” com este galardão.

O Melhor Filme de Animação foi “Pinóquio de Guillermo Del Toro”, com o realizador a dizer que este foi “um grande ano para o cinema” e que “a animação é cinema” e não um género para crianças.

A Melhor Banda Sonora caiu para o lado do filme “Babylon” e do compositor Justin Hurwitz, sendo que a Melhor Canção Original foi para “Naatu Naatu” do filme indiano “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução”. A canção em língua telugu bateu celebridades como Rihanna, Lady Gaga e Taylor Swift.

Na televisão, “House of the Dragon” foi a Melhor Série Dramática. O produtor Miguel Sapochnik agradeceu à HBO por lhes ter confiado “a galinha dos ovos de ouro” com esta série sucessora de “A Guerra dos Tronos”.

A melhor minissérie foi “The White Lotus”, que também deu o Globo de Melhor Atriz Secundária em minissérie a Jennifer Coolidge, e a melhor série de comédia foi “Abbott Elementary”, com Quinta Brunson a levar Melhor Atriz em comédia e Tyler James Williams a ser reconhecido como Melhor Ator Secundário em comédia por este trabalho.

Julia Garner venceu com o papel em “Ozark”, Paul Walter Hauser triunfou com “Black Bird”, Jeremy Allen White ganhou com “The Bear” e Evan Peters foi distinguido por “Monstro: A história de Jeffrey Dahmer”.

Com Ryan Murphy a ser reconhecido com o prémio de carreira Carol Burnett, a cerimónia voltou a ser transmitida ao vivo na NBC depois de um hiato provocado por escândalos de ética e diversidade que abalaram a associação organizadora, Hollywood Foreign Press Association (HFPA).

A controvérsia foi referida por vários vencedores e pelo apresentador, Jerrod Carmichael, cujo monólogo de abertura endereçou os problemas da associação de forma crua.

“Estou aqui porque sou negro”, afirmou o apresentador. “Esta cerimónia não foi transmitida no ano passado porque, não vou dizer que a HFPA é racista, mas não tinham um único membro negro até à morte de George Floyd”.

Apesar da polémica, a cerimónia reuniu os maiores pesos pesados da indústria e foram poucos os vencedores que não subiram a palco para receberem as suas estatuetas – aconteceu com: Cate Blanchett, Melhor Atriz por “Tár”; Kevin Costner, Melhor Ator em Série Dramática por “Yellowstone”; Zendaya, Melhor Atriz em Série Dramática por “Euphoria”; e Amanda Seyfried, Melhor Atriz em minissérie por “The Dropout: A História de Uma Fraude”.

Lista de vencedores:

Melhor Realização

Steven Spielberg, “Os Fabelmans”

Melhor Argumento

Martin McDonagh, “Os Espíritos de Inisherin”

Melhor Filme Dramático

“Os Fabelmans”

Melhor Atriz em Filme Dramático

Cate Blanchett, “Tár”

Melhor Ator em Filme Dramático

Austin Butler, “Elvis”

Melhor Ator Secundário em Filme

Ke Huy Quan, “Tudo em Todo o Lado Ao Mesmo Tempo”

Melhor Atriz Secundária em Filme

Angela Bassett, “Black Panther: Wakanda Para Sempre”

Melhor Filme Musical ou Comédia

“Os Espíritos de Inisherin”

Melhor Ator em Filme musical ou comédia

Colin Farrell, “Os Espíritos de Inisherin”

Melhor Atriz em Filme musical ou comédia

Michelle Yeoh, “Tudo em Todo o Lado Ao Mesmo Tempo”

Melhor Filme de Animação

“Pinóquio de Guillermo Del Toro” (Netflix)

Melhor Filme de Língua Estrangeira

“Argentina, 1985” (Argentina)

Melhor Canção

“Naatu Naatu”, Kala Bhairava, M.M. Keeravani, Kala Bhairava, Rahul Sipligunj, “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução”

Melhor Banda Sonora

Justin Hurwitz, “Babylon”

Melhor Série Dramática

“House of the Dragon” (HBO)

Melhor Atriz em série dramática

Zendaya, “Euphoria” (HBO)

Melhor Ator em série dramática

Kevin Costner, “Yellowstone” (Paramount)

Melhor Atriz Secundária em televisão

Julia Garner, “Ozark” (Netflix)

Melhor Ator Secundário em televisão

Tyler James Williams, “Abbott Elementary” (ABC)

Melhor Minissérie ou Filme para Televisão

“The White Lotus” (HBO)

Melhor Atriz em minissérie ou filme para televisão

Amanda Seyfried, “The Dropout: A História de uma Fraude” (Hulu)

Melhor Ator em minissérie ou filme para televisão

Evan Peters, “Monstro: A história de Jeffrey Dahmer” (Netflix)

Melhor Atriz Secundária em minissérie ou filme para televisão

Jennifer Coolidge, “The White Lotus” (HBO)

Melhor Ator Secundário em minissérie ou filme para televisão

Paul Walter Hauser, “Black Bird” (Apple TV+)

Melhor Série Musical ou Comédia

“Abbott Elementary” (ABC)

Melhor Atriz em série musical ou comédia

Quinta Brunson, “Abbott Elementary” (ABC)

Melhor Ator em série musical ou comédia

Jeremy Allen White, “The Bear” (FX)

11 Jan 2023

Covid-19 | Medidas retaliatórias contra Tóquio e Seul “razoáveis” – imprensa chinesa

A imprensa estatal chinesa considerou hoje “razoável” a suspensão da emissão de certos vistos para sul-coreanos e japoneses, em retaliação contra as medidas de controlo adoptadas por aqueles países para viajantes oriundos da China.

O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, defendeu que as medidas adoptadas por Pequim são uma “resposta direta e razoável” e visam “proteger os seus interesses legítimos”, depois de “alguns países exagerarem a situação epidémica” na China e imporem restrições, numa “clara demonstração de manipulação política”.

O Japão passou a exigir, esta semana, que os viajantes provenientes do território chinês, com exceção de Hong Kong, apresentem um teste PCR negativo antes de embarcarem e façam outro teste à chegada. Outros países, incluindo Portugal, adotaram medidas semelhantes.

Também a China exige a apresentação de um resultado PCR negativo a quem viaja para o seu território. O país asiático manteve as fronteiras encerradas durante quase três anos, impondo períodos de quarentena até 28 dias, em instalações designadas, a viajantes oriundos do exterior.

A concessão de vistos para cidadãos chineses pelo Japão não foi afetada, ao contrário da Coreia do Sul, que suspendeu a emissão de vistos para turistas chineses até ao final de janeiro.

Segundo o Global Times, a Coreia do Sul não deve ficar “surpreendida” com a retaliação chinesa.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin limitou-se a comentar na terça-feira que, desde que a China anunciou a decisão de abrir fronteiras e gerir a covid-19 de forma mais branda, “alguns países anunciaram restrições sem levar em conta a ciência, os fatos e a situação epidémica real”.

Embora Wang não tenha mencionado nem o Japão nem a Coreia do Sul, o porta-voz observou que “alguns países insistiram em tomar medidas discriminatórias contra a China”. “Rejeitamos essas medidas e adotamos medidas retaliatórias”, apontou.

“Pedimos a esses países que tomem medidas baseadas em factos e na ciência, e que sejam proporcionais. A resposta à covid-19 não deve ser usada como pretexto para manipulação política. Não se pode discriminar”, assegurou.

O porta-voz acrescentou que a “situação epidémica na China está a melhorar” e que “algumas províncias e cidades já ultrapassaram o pico de infeções”.

“A vida e o trabalho estão a voltar rapidamente ao normal”, observou. “A China logo trará vitalidade económica e oportunidades para o mundo, e vai estar numa posição melhor para estabilizar e impulsionar a economia global”, realçou.

Dezenas de países e regiões impuseram restrições aos viajantes oriundos da China por temerem o surgimento de novas variantes e considerarem que Pequim não está a divulgar dados reais sobre a extensão da vaga de casos.

Apesar do ‘tsunami’ de infeções e dos cenários de alta pressão hospitalar registados em algumas cidades chinesas após o abandono da política de ‘zero covid’, as autoridades do país reportaram apenas algumas dezenas de mortes recentes pela doença.

A China, que abriu as suas fronteiras a 8 de Janeiro, defende que tem partilhado dados “de forma aberta, atempada e transparente” desde o início da pandemia.

11 Jan 2023

Português | João Laurentino Neves pede internacionalização da língua via Macau

João Laurentino Neves tomou ontem posse como novo director executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), aproveitando a oportunidade para sublinhar a importância de Macau na expansão internacional da língua. A informação foi avançada pela Agência Lusa.

Em declarações aos jornalistas, João Laurentino Neves destacou o reforço do “diálogo com outros grandes espaços linguísticos” e comunidades e sublinhou o “papel que pode ter Macau nessa expansão internacional da língua”.

A referência não é uma surpresa, uma vez que João Laurentino Neves desempenhou em Macau o cargo de director do Instituto Português do Oriente (IPOR), entre 2012 e 2018.

Em relação à expansão internacional da língua portuguesa, Laurentino Neves defendeu a necessidade de haver “ideias atractivas”, para que não só os Estados-membros do IILP participem na propagação do idioma, mas também “outros parceiros da sociedade civil e organizações”.

Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove estados-membros da Comunidade dos Países Língua Portuguesa.

Participação alargada

Por sua vez, o secretário de Estado da Cooperação de Portugal defendeu ontem “a importância” da participação de todos os Estados-membros da comunidade lusófona nos projectos do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) para a promoção e internacionalização do português.

“Parece-nos importante reforçar a participação de todos nos projectos e actividades do IILP e nos meios que possibilitem essa mesma actividade”, afirmou Francisco André.

O governante apontou também a participação que podem ter os países observadores associados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Considerando mais uma vez a língua portuguesa como “um activo estratégico”, o secretário de Estado sublinhou que 2023 “marca uma nova etapa para Portugal no contexto do IILP”, porque é “a primeira vez que um nacional português assume a direcção executiva do instituto”.

E, falando da importância do IILP para a promoção, difusão e internacionalização da língua portuguesa, sublinhou: “Cabe-nos a nós [Estados-membros da CPLP] promover o robustecimento do papel do instituto no desenho e na coordenação de projectos transversais de promoção da língua portuguesa com o envolvimento consequente dos Estados-membros e dos observadores associados”.

11 Jan 2023

Congelar óvulos e o direito à fertilidade

Em Dezembro 2022 a Jennifer Aniston, numa entrevista muito honesta, falou sobre a dificuldade em engravidar. O insucesso de todo o processo pô-la a pensar nos ‘ses’ da sua vida. Um desses ‘ses’ teria envolvido congelar os óvulos quando era mais nova. Um conselho que ela tentou passar à audiência da sua entrevista.

“Façam o favor a si próprias: congelem os vossos óvulos.” Nas redes sociais começou-se a discutir isso. Imediatamente fui falar com uma amiga que estava a passar por um processo de inseminação artificial. Ela disse-me que aconselharia também a todas as mulheres que conhece. O procedimento exige a estimulação de produção de ovócitos, a sua remoção e o congelamento. O processo pode ser doloroso e ter alguns efeitos secundários, mas garante óvulos saudáveis numa fase posterior de vida.

Há uns 10 anos só um grupo muito estrito de mulheres é que fazia este procedimento: mulheres a lutar contra doença oncológica. Mas os números são claros de outras motivações que se insurgem. Chama-se congelamento de óvulos social para aquelas pessoas que decidem fazê-lo por razões sociais. Que razões sociais são essas? As mulheres fazem-no porque prevêem que pode ser importante nos seus planos de vida. A mulher nasce com uma quantidade definida de óvulos. Inicialmente, de forma gradual, a reserva começa a reduzir. Mas a partir dos 35 anos há uma aceleração deste processo. Assim, bem informadas, as mulheres decidem congelar óvulos nos 20, ou no início dos 30.

Para a mulher dita moderna esta é uma forma de planeamento e controlo da maternidade. A mulher moderna sabe que a estabilidade financeira e emocional só chegará depois dos 35. Também sabe que encontrar uma parceira ou parceiro ideal pode ser um processo lento e moroso. Mas a mulher moderna precisa de ter muito dinheiro para ser assim organizada – uns quantos milhares para assegurar a apólice de seguro da maternidade. Há custos associados à remoção, congelamento e armazenamento. Dado o seu caracter social, é um procedimento não comparticipado.

Apesar de ser visto como uma ferramenta de empoderamento das mulheres, para investir nas suas carreiras e conseguir ser mães em diferentes fases de vida, o empoderamento só é acessível a algumas. Para além do mais, há quem discuta que o seguro não é tão seguro assim. O congelamento dos óvulos é uma oportunidade, não é um embrião.

Por mais que as celebridades e as amigas aconselhem, há que pensar no grande esquema das coisas. Uma narrativa desta natureza assume que a fertilidade é um problema individual a necessitar de soluções individuais, que só um grupo da população consegue garantir. As condições de trabalho, de estabilidade profissional e financeira que possa garantir o bem-estar de uma criança, vem cada vez mais tarde, e isso não é da responsabilidade de cada uma. Este mecanismo de empoderamento precisa também de refletir sobre os ambientes propícios à fertilidade e à maternidade. Não vos custará muito verificar as fracas políticas de apoio à natalidade que não têm a consideração o tempo ou a exigência financeira que é ter uma criança. Se a decisão de ter uma criança é adiada, muitas vezes não é por capricho, é por necessidade.

O direito à fertilidade precisa de ser amplamente considerado nas suas formas multi-facetadas. A possibilidade de escolha de uma maternidade tardia é, claro, maravilhosa. É possível manter essa possibilidade em aberto para quem tenha os recursos para fazê-lo. Mas não deixa de ser uma estratégia que é individual e elitista. O reconhecimento que este é um procedimento de empoderamento, também precisa de vir acompanhado de uma consciência dos contextos em que esse direito à fertilidade é continuamente retirado e descurado.

11 Jan 2023

Cinemateca Paixão | Triologia de “O Padrinho”, de Coppola, em exibição

A saga da família Corleone, ligada à máfia italiana, contada de forma soberba pelo realizador Francis Ford Coppola, é a aposta da Cinemateca Paixão para os próximos dias. Destaque ainda para o ciclo “Histórias da Diáspora Asiática”, com filmes que retratam memórias e vivências dos asiáticos a viver em países estrangeiros

 

Quem ainda não viu um dos grandes clássicos do cinema norte-americano e um dos principais filmes do realizador Francis Ford Coppola tem agora essa oportunidade durante os próximos dias na Cinemateca Paixão. Isto porque o cartaz das novas exibições apresenta a triologia de “O Padrinho”, realizada em 1972, 1974 e 1990, onde se conta a história da família Corleone, uma das principais da máfia italiana a operar em Nova Iorque, para onde o patriarca, Vito Corleone, emigrou em criança.

Esta sexta-feira começa a ser exibido o primeiro filme da triologia, que conta, precisamente, a ida de Vito para a América aos nove anos de idade, pequeno e enfezado, em fuga da sua querida Itália. Já casado e com um filho, Corleone começa depois a envolver-se no mundo do crime no seio da comunidade italiana que, no início do século XX, estava bastante presente em Nova Iorque. O primeiro filme de “O Padrinho” volta a ser exibido no dia 21 deste mês.

O segundo filme, que é mais centrado no início da ligação de um dos filhos de Vito Corleone, Michael Corleone (Al Pacino) aos negócios da família, é exibido no sábado e também no dia 21. Nesta película continua a contar-se a história dos Corleone e das suas peripécias pelo mundo do crime, mas com maior foco na juventude de Michael, o eleito para continuar à frente dos negócios da família.

No domingo, é exibido o terceiro filme, uma cópia restaurada. Nesta fase, os destinos da família Corleone são geridos por Michael Corleone após a morte do velho Vito. Michael estreita ligações com a Igreja italiana, está divorciado, tem dois filhos que adora, mas a ligação ao mundo do crime acaba por lhe trazer grandes dissabores no seio familiar.

A saga de “O Padrinho” foi um dos grandes trabalhos de Marlon Brando que, com este filme, ganhou o Óscar de Melhor Actor. Coppola, que fez uma adaptação do romance de Mário Puzo com o mesmo nome, conquistou ainda o Óscar de Melhor Argumento Adaptado e Melhor Filme. O que não correu muito bem nesta produção foi a escolha da actriz para representar a filha de Michael Corleone no terceiro filme. À data, uma muito jovem Sofia Coppola, hoje realizadora de sucesso, teve uma interpretação que gerou bastantes críticas.

Asiáticos lá fora

A Cinemateca Paixão aposta ainda num novo ciclo de cinema destinado a contar as histórias dos asiáticos que emigram. “Asian Diaspora Stories” [As Histórias da Diáspora Asiática] traz filmes como “Joy Luck Club”, de Wayne Wang, produzido em 1993. Este filme, que conta a história de quatro mulheres chinesas nascidas nos EUA que recordam o seu passado, poderá ser visto nos dias 19 e 25 deste mês.

“What People Will Say”, de Iram Haq, é a aposta para o dia 28 deste mês, sendo depois novamente exibido em Fevereiro, no dia 8. Neste filme exploram-se as vivências de uma jovem paquistanesa que vive e estuda na Noruega, debatendo-se permanentemente com as diferenças culturais que fazem parte do seu dia-a-dia.

“Return to Seoul”, de Davy Chou, chega nos dias 7 e 10 de Fevereiro, revelando o percurso do jovem Freddie, de 25 anos, que decide regressar à Coreia do Sul depois de ter nascido e vivido em França até então. Este ciclo de cinema conta ainda com as películas “The Return”, “Gook” e “The Namesake”.

11 Jan 2023

Nota sobre o Li (理, lǐ) dos taoistas

Como complemento ao artigo ontem publicado sobre o 理Li, apresentamos hoje a contextualização do conceito no pensamento taoista.

 

O caracter li (理, lǐ), cuja grafia evoca os veios (里) do jade (王), representa a ordem e a coerência que existe na aparente falta de regularidade da textura dos objectos naturais e dos fenómenos da natureza. Os grãos do jade e da madeira têm li, mas também as fibras dos músculos, as nuvens, o mármore e os padrões no fluxo da água. Todos nós reconhecemos o li que se revela nas texturas naturais; mas não há uma maneira simples de o definir.

Os artistas taoistas tentam exprimir a sua essência nas suas pinturas cujo tema é a Natureza. Por extensão, li é também utilizado para exprimir a «textura natural» das situações, ou seja, o «fluir natural das coisas», que um taoista deve seguir para conseguir agir «sem agir», aderindo à coerência das transformações naturais (em harmonia com o Tao). Note-se que, quando se cliva o jade, para que ele não quebre, é preciso fazê-lo seguindo a coerência dos seus veios.

Na obra de Sun Zi só surgem três referências ao conceito de li : quando se diz que um bom general deve adequar o grau de flexibilidade das suas forças à textura (理, lǐ) do terreno; quando se fala na importância de conhecer a textura (理, lǐ) do mover e ficar imóvel do inimigo; e quando se fala na importância de examinar com minúcia a textura (理, lǐ) das emoções humanas. Mas o conceito de li está implícito no modo de proceder recomendado. O general tem de reconhecer e se ajustar às mudanças da «contextura» da situação, ou seja, ao li da situação.

O conceito de li é muito importante no pensamento taoista. Zhuang Zi diz que é reconhecendo e respeitando a textura natural das coisas, ou seja, o seu «li celestial» (天理, tiānlǐ), que se consegue «discernir onde está a segurança e onde está o perigo, ficar sereno perante a adversidade e a sorte , e ser cuidadoso ao se distanciar e ao se acercar delas», evitando assim que alguma coisa nos consiga fazer mal.

Zhuang Zi conta-nos a história do cozinheiro Ting que conseguia talhar um boi sacrificial de um modo extraordinariamente exímio, por o fazer seguindo a textura natural da carne, os «veios celestiais» (天理, tiānlǐ) da carne. Depois de um longo período de aprendizagem, já não via o boi com os olhos, mas com a intuição espontânea do espírito. Assim, as respostas adequadas para cada situação apareciam-lhe espontânea e instintivamente, perante as circunstâncias presentes em cada momento, como se fossem o reflexo da situação num espelho. A lâmina da sua faca avançava seguindo pelos espaços entre as articulações, sem nunca cortar nem rachar, e, ao fim de talhar milhares de bois, estava ainda como nova.

O conceito de li é muito importante na cultura chinesa e tem sido erroneamente associado no Ocidente ao de ideal e de razão. Isso deve-se ao facto dos eruditos chineses do final do século XIX terem criado termos novos com base no conceito de li para tentarem exprimir as noções ocidentais de ideal e de razão, que são estranhas ao pensamento chinês. Para exprimirem o conceito ocidental de ideal (platónico) ou de perfeição, optaram pelo termo «conceber o li» (理想, lǐxiǎng), ou seja, «conceber qual é a textura natural» das situações, o «fluir natural das coisas».

No pensamento chinês, o que pensamos ou fazemos nunca é «perfeito em si», de um modo absoluto. É a harmonia com o todo em que eles se inserem que os podem tornar «perfeitos». Como se diz no Dao De Jing, «A grande realização parece incompleta», mas «o Tao empresta o que falta e completa» o que parece incompleto.

Para exprimirem o conceito de razão, os eruditos chineses optaram pelo termo «a sabedoria do li» (理智, lǐzhì), ou seja, «a sabedoria da textura natural». Para tentarem exprimir o conceito de verdade, como no pensamento chinês não existe o conceito de verdade absoluta, no sentido da conformidade do discurso ou da ideia com a realidade, e apenas se discute o certo e o errado (是非, shìfēi), os eruditos escolheram o termo «o li genuíno» (真理, zhēnlǐ).

Como se vê, para os chineses, o ideal, a razão e a verdade, correspondem ao que está em harmonia com o que é natural. Por isso, em vez de procurarem «a verdade», de um modo lógico e racional, pretendem apenas encontrar intuitivamente o que é adequado (o «certo»), seguindo as propensões naturais. Para eles, ficar preso a um modo de pensar demasiado lógico e racional tenderia a dificultar a tomada de decisões atempadas e adequadas, porque perturbaria o fluir natural do pensamento, ou seja, «a sabedoria do li» (理智, lǐzhì).

No modo de pensar chinês, muito influenciado pelo pensamento dos mestres taoistas, tudo o que de relevante se diz sobre a realidade é encarado como uma metáfora que «aponta» para a transformação natural contínua, ou seja, para o Tao, o grande Caminhar do mundo.

11 Jan 2023