João Santos Filipe Manchete SociedadeMortalidade | Cadáveres por levantar mais do que duplicaram Só nos primeiros dias de Janeiro, e em comparação com os primeiros seis meses do ano passado, o registo de cadáveres por levantar no território mais do que duplicou Só nos primeiros 19 dias de Janeiro o número de cadáveres por levantar no território, em comparação com os primeiros seis meses do ano passado, mais do que duplicou. Os números, compilados pelo HM, têm em conta os avisos publicados pelos Serviços de Saúde (SSM) na plataforma do Gabinete de Comunicação Social desde Janeiro do ano passado. Desde o início do corrente mês, e numa altura em que Macau começou a conviver com a covid-19, os Serviços de Saúde emitiram sete avisos para o levantamento de cadáveres. Os anúncios foram publicados a 12, 16 e 19 de Janeiro. No primeiro dos dias foram feitos dois avisos, no segundo mais outros dois avisos, e ontem foram publicados mais três, o registo mais elevado. Por contraste, no ano passado, em Janeiro não se registou qualquer aviso, tal como no período até ao final de Março, ou seja, no primeiro trimestre. Foi preciso chegar a Abril para que aparecesse a primeira publicação. A partir dessa altura, e até Junho, foi publicado um anúncio por mês, num total de três avisos. Tendência de crescimento Quando a comparação é feita com todo o ano passado, faltam mais quatro avisos para que o registo seja igualado. Ao longo dos 12 meses do ano transacto foram publicados 11 avisos de cadáveres por levantar. Apesar de nos primeiros seis meses de 2022 apenas terem sido publicados três avisos, na segunda metade do ano a tendência conheceu um aceleramento. Em Julho e Agosto, altura que coincidiu com um surto local de covid-19 e o período de confinamento, foram publicados dois e três avisos, respectivamente, num total de cinco. Depois do pico de Agosto, nos restantes quatro meses houve três anúncios em quatro meses, em Setembro, Outubro e Dezembro. Novembro foi o único mês do segundo semestre do ano sem qualquer anúncio. Focando os avisos emitidos nos primeiros 19 dias de Janeiro deste ano, os cadáveres por levantar eram de pessoas com idades entre os 28 anos e 90 anos. Entre os falecidos, sete eram do sexo masculino e um do feminino. No caso de os cadáveres não serem levantados no prazo de sete dias após o anúncio dos Serviços de Saúde, os cadáveres são tratados como não reclamados. Além disso, no caso de o cadáver ter pertences, estes são dados como perdidos, após o prazo de um ano.
Hoje Macau SociedadeRestauração | Quebra de 6,8 por cento em Novembro No passado mês de Novembro, o volume de negócios dos proprietários de restaurantes registou uma quebra de 6,8 por cento, em comparação com o período homólogo, de acordo com o inquérito de conjuntura à restauração e ao comércio a retalho. Os resultados do inquérito sobre o mês de Novembro foram publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Entre os restaurantes, o volume de negócios dos que servem gastronomia chinesa e de sopas de fitas registaram quebras de 13,5 por cento e 6,8 por cento, respectivamente. Quando a comparação é feita com o mês anterior, o volume de negócios dos proprietários entrevistados da restauração pela DSEC diminuiu 9,4 por cento. Nesta comparação, o volume de negócios dos restaurantes chineses baixou 11,4 por cento. Quanto ao comércio a retalho, observou-se em Novembro uma redução de 33,1 por cento do volume de negócios dos retalhistas entrevistados, face a Novembro do ano anterior. O sector dos produtos cosméticos e de higiene, o das mercadorias de armazéns e quinquilharias, bem como o dos relógios e joalharia registaram as maiores quebras de 48,6 por cento, 45,3 por cento e 45,3 por cento, respectivamente. Em termos mensais, entre Outubro e Novembro, os negócios dos retalhistas tiveram quebras de 15,3 por cento. Neste capítulo, os volumes de negócios dos produtos cosméticos e de higiene, assim como dos relógios e joalharia diminuíram 29,4 por cento e 29,1 por cento, respectivamente. No polo oposto, o volume de negócios dos vendedores de carros aumentou 2,4 por cento.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEconomia | Diversificação vai permitir criar bolsa de valores A deputada Lo Choi In defende que a longo prazo a diversificação da economia com a aposta nas finanças modernas, medicina avançada, sector de exposições e promoção do desporto e da cultura pode abrir o caminho para uma futura bolsa de valores Lo Choi In defende que é necessário conseguir a diversificação da economia local, para depois poder ser criada uma bolsa de valores no território. A opinião foi partilhada pela deputada e directora de Serviço a Clientes e de Contacto com Associações do Banco Industrial e Comercial da China (Macau) num artigo, publicado ontem no Jornal do Cidadão. Sobre a criação de uma bolsa de valores no território, a deputada afirma que é um projecto que nunca poderá ser concretizado “da noite para o dia”. E embora reconheça que o assunto tem gerado “muitas opiniões na comunidade”, para Lo o importante, nesta fase, é diversificar a economia. “Se as indústrias financeira, do turismo e do jogo recuperarem e começarem a crescer motivadas pelos mercados estrangeiros, então vai haver muito capital estrangeiro a ser canalizado para Macau”, argumentou Lo. “Com essa dinâmica de diversificação vai ser possível atrair mais capital para Macau, e com este ciclo virtuoso o capital pode chegar em renminbis e ser canalizado para a futura bolsa de valores”, acrescentou. Nesta lógica, a legisladora ligada a Jiangmen acredita que com o capital que entrar pela bolsa vai ser possível continuar a desenvolver a economia e aumentar o produto interno bruto do território. Aposta na Montanha Lo Choi In sustentou também que a autorização para o estabelecimento de uma bolsa de valores tem de partir de Pequim. Porém, de modo a ter argumentos convincentes para o Governo Central, a deputada aponta que cada uma das quatro “indústrias-fundamentais” tem de assumir um peso de pelo menos 15 por cento no produto interno bruto da região. De acordo com o Governo, desde o início do ano que a diversificação da economia passa pelas quatro “indústrias-fundamentais”, que incluem as finanças modernas, serviços de saúde com tecnologia de ponta, sector das exposições e convenções e mercantilização da cultura e do desporto. Contudo, antes de se pensar no futuro, e em termos de medidas mais a curto prazo, Lo sublinhou que nesta fase o importante é estabilizar a economia e preparar o crescimento dos próximos meses. A deputada apelou assim ao Governo para continuar a tomar medidas para incentivar a estabilização do turismo e do jogo, sectores tidos como fundamentais para promover a diversificação, principalmente depois de dois anos em que a economia enfrentou inúmeros desafios.
Hoje Macau SociedadePJ | Mulher burlada em 65 mil patacas Uma mulher de 30 anos queixou-se à Polícia Judiciária (PJ) de ter sido burlada online em 65 mil patacas. De acordo com a versão citada pelo jornal Ou Mun, a trabalhadora, apresentada como estrangeira, conheceu online em Dezembro do ano passado alguém que se apresentou como empresário. Depois de algumas semanas de conversa, a mulher começou a considerar que estava numa relação amorosa. Foi nessa condição, que o indivíduo lhe pediu ajuda, afirmando que estava na Turquia a fazer um negócio e que as suas contas tinham sido congeladas. Para contornar a situação, a mulher tinha de fazer várias transferências bancárias, que foi fazendo, até chegar ao valor de 65 mil patacas. Como após os vários pagamentos, o dinheiro nunca mais ficou disponível, e o homem continuou a pedir mais transferências, até que a mulher desconfiou que tinha sido burlada e apresentou queixa às autoridades.
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Ligações marítimas reúnem famílias de Macau e Hong Kong Foram ontem retomadas as ligações marítimas entre Porto Exterior, na península de Macau, e Sheung Wan no centro da ilha de Hong Kong. Para muitos residentes, chega ao fim uma separação de três anos em que estiveram impedidos de ver os familiares As ligações marítimas entre a península de Macau e Hong Kong foram ontem retomadas, permitindo o reencontro de familiares que, durante quase três anos estiveram separados, a apenas 60 quilómetros de distância, devido à pandemia da covid-19. Já há dias que os cerca de 300 bilhetes para a primeira viagem do dia entre o terminal marítimo do Porto Exterior, em Macau, e Sheung Wan, no centro de Hong Kong, estavam esgotados. Quatro dos bilhetes foram para a família de Abigail, que até faltou às aulas no Jardim de Infância Dom José da Costa Nunes, o único infantário de língua portuguesa em Macau. “Vou ver o meu avô e a minha avó e os meus tios”, disse rapidamente à Lusa a menina, de “quase 5 anos”, que desde 2019 não está com os familiares de Hong Kong. “Sinto muito a falta deles”, confessou Abigail, por detrás de uma máscara decorada com figuras do Ano Novo Lunar. “Já vamos almoçar com eles, mas primeiro temos de ir renovar o teu BIR [Bilhete de Identidade de Residente de Hong Kong]”, prometeu a mãe. Também há três anos que Kei Kei, de 28 anos, não via o padrasto, a trabalhar na logística de mercadorias em Hong Kong, um dos maiores portos do mundo. “Ele já tem alguma idade e nem eu nem a minha mãe queríamos que ele andasse a fazer quarentenas tão longas. Eu trabalho com idosos, em lares e centros de reabilitação e não podia deixá-los durante tanto tempo”, disse à Lusa. As ligações marítimas entre as duas regiões administrativas estavam suspensas desde Fevereiro de 2020, deixando a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau como única ligação, ainda assim com quarentenas obrigatórias, que chegaram a ser de 28 dias, à entrada em Macau. “Quando isto [a pandemia] começou, não fazíamos ideia que ia ser tão duro”, disse Kei Kei com um suspiro. “Pensámos que ia ser só uns meses no máximo”, acrescentou. Casamento limitado À semelhança da China continental, Macau seguiu até meados de Dezembro a política ‘zero covid’, apostando em testagens em massa, confinamentos de zonas de risco e quarentenas à chegada. O fim destas medidas chegou no mês passado, depois de quase três anos de restrições rigorosas. Restrições que fizeram mesmo com que o padrasto não pudesse estar presente quando Kei Kei se casou com um cidadão luso-brasileiro, em Outubro de 2021, no Consulado-geral de Portugal em Cantão, capital da província vizinha de Macau. “Foi uma cerimónia pequena e rápida, mas ele não pôde vir”, lamentou a jovem. No final de Dezembro, Macau retomou a ligação marítima com o aeroporto de Hong Kong, com duas viagens de ida e volta semanais entre o terminal do Pac On, na Taipa, e o Skypier do aeroporto. Já em Janeiro foi a vez de regressarem as ligações entre o terminal marítimo de passageiros da Taipa e o de Sheung Wan, com cerca de dez carreiras de ida e volta. A operadora é a Turbojet, que faz parte do império fundado pelo magnata Stanley Ho, falecido em 2020, e que abrange a operação de 13 casinos em Macau e em Portugal, do Casino de Lisboa e do Casino do Estoril. De acordo com os Serviços de Saúde de Macau, 114 pessoas morreram de covid-19 no território desde o início da pandemia, em 11 de Março de 2021.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteJoaquim Ng Pereira, académico e divulgador da cultura macaense: “Comunidade não se vai afastar de Macau” Declama patuá e dá aulas no dialecto no Centro Científico e Cultural de Macau, mas Joaquim Ng Pereira é, acima de tudo, um divulgador da sua cultura. Na próxima quarta-feira apresenta, na Sociedade de Geografia de Lisboa, o colóquio “Mobilidade em Macau: vertentes do fenómeno migratório”. O académico lamenta que Portugal não preste atenção a Macau e teme a diluição da cultura macaense na chinesa Decidiu organizar um colóquio sobre mobilidade em Macau. A comunidade macaense tem sido, ao longo da história, uma comunidade de emigrantes, com especificidades. Essa tendência migratória irá manter-se? Antes da chegada do navegador Jorge Álvares à China, Macau praticamente não existia. Era uma zona meio árida que tinha lá alguns pescadores que vinham do Rio das Pérolas. O grande desenvolvimento que se dá em Macau é, precisamente, com a chegada dos portugueses e graças ao comércio que faziam. Os macaenses foram criando uma cultura muito própria, com o patuá e a gastronomia, mas o meu receio é que esta cultura se perca. Enquanto houve a Administração portuguesa, a cultura macaense foi sobrevivendo. Mas existe uma nova ameaça, que daqui a umas décadas a cultura macaense se perca e o desinteresse de Portugal em relação a Macau, que poderia ter feito mais nessa preservação. Macau é uma porta para a China e os portugueses tinham imenso a ganhar com isso. Mas ainda relativamente à emigração. Macau está numa nova fase devido à pandemia, isso veio alterar a relação da comunidade macaense com o território, a sua própria terra? Os macaenses também podem sair, por exemplo? Esse é um grande ponto de interrogação. Até agora, os macaenses têm sempre conseguido dar a volta e afirmar-se como macaenses pela sua própria cultura e história. Os portugueses que lá estão também. Os portugueses que gostam de Macau ficaram. Com a pandemia há uma nova ordem social, mas isso quer dizer que temos de nos habituar a viver com isso, com esta doença. Mas acha que a comunidade macaense se vai afastar de Macau? Depende. Mas penso que não. Macau sempre teve uma grande ligação ao jogo e na Ásia isso sempre foi muito importante. Macau continua a ser uma porta de entrada para o Oriente e as pessoas sentem-se seguras no território porque existe ali uma parte ocidental no Oriente. Esta conjunção de culturas é o que dá segurança a quem vai para lá. Ganha-se uma ligação afectiva porque existem as raízes ocidentais e orientais. A China mantém no seu discurso a importância da preservação da cultura macaense. Apesar dos sinais desta presença do macaense na agenda política, sente que não se vai muito além disso? O grande perigo é o de diluição da cultura macaense na comunidade chinesa. Portugal deveria ter aí um papel mais activo. Temos de respeitar a China, pois tem a soberania sobre Macau e isso estava acordado há muitos anos. Reconheço, como macaense, que as ligações entre Portugal e Macau não podem ser esquecidas e têm de durar, e tenho feito projectos para contribuir para isso. Em termos concretos, o que as autoridades portuguesas deveriam fazer? Não podemos contar muito com o apoio financeiro, mas alguma coisa poderá ser feita na divulgação da cultura macaense. Quem se interessa faz actividades e projectos mas não há um apoio do Estado. Muitas vezes nem é preciso muito dinheiro, basta haver mais encontros e maior divulgação. Talvez a China pudesse dar financiamento ou fazer parcerias com Portugal para que mais macaenses pudessem vir a Portugal e vice-versa. Temos, em Macau, eventos como o Festival das Artes ou o Festival da Lusofonia, e o que se conhece cá sobre isso? Muito pouco. Muitas vezes a divulgação não custa muito dinheiro. É necessária mais ligação entre as associações de matriz macaense, em Macau, com a diáspora, no sentido de fortalecer a rede já existente? Acho isso importantíssimo. Nós, na Fundação Casa de Macau [Joaquim Ng Pereira faz parte dos órgãos de gestão], atravessamos dificuldades com a crise económica que existe actualmente. Mas, dentro do possível, tentamos criar ligações com a diáspora. São essas ligações, e a rede no seu conjunto, que existe na diáspora, nas associações macaenses, que são fundamentais. Se todas as vozes se juntarem com a diáspora tornamo-nos numa voz activa perante os governos e aí conseguiremos fazer algo para que sejamos ouvidos enquanto macaenses. Em Macau há falta de uma voz cívica da parte da comunidade macaense? Fazem falta mais vozes da nova geração, isso é muito importante. O Miguel [Senna Fernandes] tem feito um trabalho espantoso com o patuá, por exemplo. Da minha parte, eu tento preservar as minhas próprias raízes, mas não só, as outras também. Existe uma outra vertente, para mim muito importante, que é a ligação de Portugal com Macau. Tenho estado a fazer, com o Miguel de Senna Fernandes, vários projectos, incluindo um de rádio na Junta de Freguesia de Belém [Lisboa], uma rádio online, para o desenvolvimento, conhecimento e divulgação de Macau. Ainda estou a fazer o genérico. Vai-se chamar “Vós está bom”. Ensina patuá em Portugal e o dialecto também se ensina em Macau, e há outras formas de divulgação, como o teatro dos “Doci Papiaçam di Macau”. Considera que são necessárias novas fórmulas para que o patuá se mantenha vivo? Sim. Esta parceria que tenho estado a fazer com o Miguel é muito importante. Estou a pensar fazer alguns videoclipes em que mostro a cidade de Lisboa em patuá. Já temos um vídeo sobre a Torre de Belém, em parceria com a escritora Maria Helena do Carmo e Raúl Gaião. Falamos sobre a Torre de Belém e as partidas para Macau tudo em patuá. Estou a pensar lançar este projecto no segundo semestre deste ano, e será lançado na plataforma YouTube, criando assim uma ponte cultural entre Macau e Lisboa. Falar de Macau São muitos os oradores presentes no colóquio promovido pela Comissão Asiática da Sociedade de Geografia de Lisboa, da qual faz parte Joaquim Ng Pereira. “Mobilidade em Macau: vertentes do fenómeno migratório”, agendado para o próximo dia 25 de Janeiro, conta com nomes que habitualmente falam, escrevem ou estudam Macau nas suas várias vertentes, como a escritora Maria Helena do Carmo, o antropólogo Carlos Piteira ou Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses. Este último irá abordar o tema “Imigração e Cultura – Uma Perspectiva da Comunidade Macaense”. Maria Antónia Espadinha, ex-residente de Macau e ex-directora dos departamentos de português da Universidade de Macau e da Universidade de São José, também irá intervir na discussão com a apresentação do tema “Migração estudantil, outras percepções de quem aprende em outras geografias”. Destaque ainda para a presença do debate em torno do patuá neste colóquio graças à participação de Raul Leal Gaião, investigador, que vai falar da “Formação do crioulo de Macau e mobilidade social”. Álvaro Augusto da Rosa, académico e dirigente associativo a residir em Lisboa, fala do “linguajar do português de Macau”.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Hong Kong cancela quarentenas para infectados a partir de 30 de Janeiro O Governo de Hong Kong anunciou hoje que, a partir de 30 de Janeiro, os infectados com covid-19 não são mais obrigados a cumprir quarentena, pondo fim a uma medida em vigor há quase três anos. Actualmente, quem tem covid-19 é obrigado a estar isolado cinco dias em casa ou instalações designadas pelo Executivo. “O Governo adoptará um sistema de gestão que permite aos cidadãos tomar a decisão e assumir as suas próprias responsabilidades”, disse aos deputados do território o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post. O líder da região administrativa chinesa destacou que a decisão “baseia-se na ciência e na avaliação de riscos”, acrescentando ainda que esta “é uma fase necessária para todos os países a caminho da normalidade”. Lee citou a “alta taxa de vacinação” em Hong Kong como um dos fatores responsáveis pela decisão e observou que a situação epidémica na cidade “não piorou” desde a reabertura, este mês, da fronteira terrestre com a China continental. Hong Kong anunciou, em Dezembro, o fim da quarentena de três dias para quem chegasse do estrangeiro, três meses depois das quarentenas em hotel deixarem de ser obrigatórias. A observação médica numa unidade hoteleira chegou a ser de 21 dias. Atualmente, continua em vigor a obrigatoriedade do uso de máscara em todos os locais públicos. Hong Kong, que aplicou rigorosas restrições contra a covid-19 – embora mais relaxadas que o interior da China e Macau – registou até ao momento 2,84 milhões de casos e 12.965 mortes, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.
Hoje Macau China / ÁsiaRelações Moscovo-Pequim “atravessam o melhor momento da história”, diz MNE russo O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, disse ontem que as relações de Moscovo com a China atravessam “o melhor momento da sua história”, apesar de alegadas tentativas do ocidente em distanciar os dois países. “Perguntam-nos se temos provas de que o ocidente tenta de alguma forma gerar discórdias nas nossas relações. Não é sequer necessário procurar essas provas porque são de acesso livre”, afirmou o chefe da diplomacia russa no decurso da sua conferência de início do ano onde efetuou um balanço do ano findo e assinalou os objetivos para 2023. Lavrov proclamou que estão votadas ao fracasso as aspirações do ocidente de vencer a Rússia na Ucrânia e, em consequência, “permitir” que Moscovo se torne num aliado na sua luta contra a China. “As nossas relações com a República Popular da China atravessam o melhor momento da sua história”, disse. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo recordou que os presidentes da Rússia e da China, Vladimir Putin e Xi Jinping, assinalaram os termos desta relação em fevereiro de 2022, quanto o líder russo visitou o seu vizinho asiático. “Recordam como em dado momento os nossos amigos chineses descreveram esta relação, ao indicaram que não é uma aliança, não é uma união, mas em muitos sentidos é muito mais que uma união”, disse. O chefe da diplomacia russa assinalou que “as estratégias aprovadas pelos Estados Unidos, as doutrinas de segurança e as declarações conjuntas da NATO e da UE mencionam quer a Rússia quer a China”. “Um pequeno detalhe: a nós consideram-nos uma ameaça imediata que é necessário acabar de imediato, enquanto consideram a China um desafio a longo prazo, o mais importante e grave, de caráter sistémico”, acrescentou. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo assinalou que os Estados Unidos “não conseguem apenas com as suas próprias forças” impor o objetivo de dominação global e a contenção da Rússia e da China, “e por isso o que agora fazem é uma mobilização parcial, ou mesmo total, do ocidente”. “É mais uma confirmação de que compreendem estar a perder as suas forças para enfrentar a tendência objetiva e histórica da emergência de um mundo multipolar”, argumentou. Por esse motivo, adiantou que o ocidente continuará a procurar situações destinadas a irritar Pequim. “A China compreende perfeitamente a doutrina ocidental de ‘primeiro a Rússia e depois a China’ e sabe que não é uma invenção”, disse, após recordar que no ocidente “já marcaram as suas posições em relação a Taiwan, totalmente inaceitáveis para a China e para o direito internacional”. Lavrov indicou que o ocidente “procura novas possibilidades concretas para “irritar” a China também no Tibete, em Xinjiang, em Hong Kong, e por isso a China percebe que continuar a fazer parte do sistema ocidental, depender totalmente do ocidente, representa riscos muito graves”. Em simultâneo, e no decurso da conferência de imprensa anual, Lavrov também sublinhou que as relações entre a Rússia e os países da América Latina estão no auge e que Moscovo valoriza a história bilateral com muitos Estados e a sua solidariedade em iniciativas internacionais. “As relações com a América Latina estão no auge. Criámos mecanismos de coordenação de orientações”, disse Lavrov, numa referência particular à interação no formato Rússia-CELAC, a comunidade de Estados latino-americanos e caribenhos. Nesse sentido, acrescentou que representantes de Moscovo e de quatro países desta comunidade se reuniram por diversas ocasiões no passado, apesar de o surto da pandemia de covid-19 ter prejudicado esse fluxo. “Renovaremos em breve essa cooperação”, prometeu. O chefe da diplomacia russa sublinhou ainda que na região latino-americana existem países com que a Rússia coopera “há muito tempo”. Em particular, destacou os laços com Cuba, Venezuela e Nicarágua, e acrescentou que Moscovo valoriza as relações bilaterais com esses e outros países e a sua solidariedade nos fóruns internacionais. “Argentina, México, Bolívia, Peru… estamos interessados em cooperar”, prosseguiu o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, ao destacar que as exportações para a América Latina aumentaram 10% em 2022.
Carlos Coutinho VozesPercebi! CUMPRIDO um mês sobre o solstício de inverno, o sol já aquece um bocadinho mais e o dia cresceu alguns minutos. Já não era sem tempo, dirá qualquer cidadão da minha e das outras ruas de Portugal. Mas vai arrepender-se do desabafo, porque já cá estão a chegar os gelos, as neves e os ventos desastrosos que andam a matar gente por todo e hemisfério norte. Em contrapartida, no hemisfério político que também está a norte, a temperatura não para de subir. Enquanto em Davos, Suíça, os donos da alta finança e da grande indústria discutem que ordens dar à NATO e seus capatazes nacionais, sete generais israelenses na reserva subscrevem uma carta aberta que o “Haaretz” publicou, reportando a manifestação em Telavive de dezenas de milhares de judeus alarmados com os planos do seu primeiro-ministro, Benjamin Natanyahu. O objetivo de curto prazo deste neofascista réu de corrupção e de outras tranquibérnias, é retirar poder ao Supremo Tribunal e deixar o Parlamento sem um organismo que possa decretar a inconstitucionalidade de qualquer lei, mas o objetivo imediato é a anexação pura e simples da Cisjordânia, que divide em Samaria e Judeia, significando estas a parte principal da Palestina mártir ainda não totalmente ocupada. Os sete generais, que são tão hebreus e sionistas como os outros compatriotas seus, escrevem que existem riscos de ser assim criada “uma nova realidade que levará a uma crise de segurança, diplomática e social”. Os políticos – frisam os signatários da carta aberta – desconhecem, por um lado, “o que está envolvido na administração da vida e segurança nos territórios” e por outro, têm “uma crença religiosa na anexação, primeiro de facto e depois de jure de território na Judeia e Samaria. O resultado será o desmoronamento e a eliminação da Autoridade Palestiniana”, apesar de reconhecida pela ONU e pelo resto do mundo. Perante notícias destas, preparei-me para aceitar e até reforçar a indignação dos portugueses – Governo e cidadãos – e qual não foi a minha surpresa? Isabel Santos, eurodeputada e dirigente do PS, aparece hoje no “Público” a rasgar as vestes por Macau, clamando contra o “desprezo da ditadura de Pequim pelos mais elementares direitos, liberdades e garantias”. Aux armes, citoyens! Tadinhos dos herdeiros de Stanley Ho, o rei do jogo de Macau e do Estoril! – suspirei. Sobre Israel, silêncio absoluto da Isabel e do Estado Maior do Largo do Rato. Como é possível? Espremendo os miolos, lembrei-me de uma biografia exemplar, a do pai e avatar da Isabel, o falecido António de Almeida Santos, Presidente da Assembleia da República e da Assembleia Geral da GEO Capital – Investimentos Estratégicos que foi, ao lado do impoluto Mário Soares e do seu devoto Jorge Coelho, um indómito defensor da Ota para sede do Aeroporto Internacional de Lisboa. Sei que Macau ensinou muito ao ministro que tentou lavar as mãos com a água do Douro em Entre-os-Rios, demitindo-se estrondosamente para poder ascender a CEO do santo Grupo Mota-Engil luso-angolano. Sempre se deu bem com Almeida Santos e este, nascido em Seia muito antes dos incêndios na Serra da Estrela, começou por ser o talentoso Toninho que tocava guitarra em Coimbra e depois foi para Lourenço Marques, hoje Maputo, advogar e não sei se fazer algo mais. Quando voltou, tornou-se o estrumador especial e providencial do terreno jurídico-constitucional, onde capciosamente se opôs a Álvaro Cunhal e onde o PS e o PPD puseram a semente da UGT, que brotou, medrou e está a dar os sumarentos frutos de que se alimenta a gulosa tríade dominante na Comissão Permanente da Concertação Social, constituída pelas confederações patronais da indústria, do comércio e da agricultura. Ah, percebi! À tarde EVITA Perón, que não viveu o suficiente para ouvir a Madona cantar “Don’t Cry for Me, Argentina” (“Não chores por mim, Argentina”), chamou “descamisados” aos muitos milhares de pobres que se manifestavam na década de 60, na Praça de Maio, em Buenos Aires, frente ao palácio do Governo, a Casa Rosada. “Para mim”, explicou mais tarde a esbelta primeira dama, “descamisado é o (…) que ama, sofre e goza como povo, mesmo que não se vista como povo. Descamisado é o que esteve na Praça de Maio no 17 de outubro, ou quis estar. Descamisado é o povo, culturalmente inferior, que aceita, com honra, essa inferioridade, porque, no fundo, se sente forte, por meio do seu líder, e potencialmente superior, porque, por seu intermédio, se sente ascender a uma nova dignidade.” Para o comum dos portugueses, “descamisado” tem quase só a ver com as maçarocas do milho e significa “despojado do folhelho”. Daí, as tão celebradas desfolhadas. Ou seja, sem a casca ou, numa interpretação mais livre, sem a capa do poder, como agora o ex-ministro Matos Fernandes chamou ao grupo de WhatsApp que criou para os inocentes jantares-convívio que têm juntado outros ex-ministros dos governos de António Costa (Marta Temido, Siza Vieira, Brandão Rodrigues, Alexandra Leitão, João Leão e Graça Fonseca). A ideia dos repastos dos descamisados começou depois das últimas eleições legislativas e o próximo convívio de faca e garfo já deverá contar com Pedro Nuno Santos. O que me intriga em toda esta inocência é que nenhum deles é pobre e até inclui o atual ministro hipernatista João Cravinho. Quem vai escrever os próximos capítulos da novela? E vão ser em estilo jocoso, dramático ou claramente conspirativo, à moda de Le Carré? * SÃO mais de 40 milhões (Portugal multiplicado por 4) os curdos divididos por 5 países: Turquia, Irão, Síria, Iraque e Arménia. O seu país natural e necessário continua adiado por vontade dos EUA, da NATO e da própria ONU que nem disto querem ouvir falar. Será por Saladino ter sido um curdo e haver conquistado grande parte o ocidente cristão? E não haverá na mártir Ucrânia quem levante esta questão aos dois contendores?
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | Corridas de carros de Turismo locais vão mudar em 2023 Ao fim de quase uma década, as corridas locais de automobilismo preparam-se para entrar numa nova era. O Ano Novo Chinês trará novos carros e uma mudança de filosofia no automobilismo de Macau Vários pilotos conhecidos do automobilismo local confirmaram ao HM que foram contactados telefonicamente na última semana pela Associação Geral Automóvel Macau-China (AAMC), tendo recebido a informação que na próxima temporada as categorias Roadsport “1950cc & Acima” e “1600cc Turbo” irão ser substituídas por uma só categoria com base na Taça Toyota Gazoo Racing GR86/Subaru BRZ japonesa. Mais detalhes são esperados, desta vez por escrito, depois das festividades do Ano Novo Lunar. O Toyota GR86 e o seu gémeo Subaru BRZ são ambos escolhas populares para eventos de velocidade em pista. As duas empresas reconheceram este facto e conhecendo o seu potencial para as corridas, agora vendem um pacote concebido no Japão para este fim, como também organizam em conjunto um campeonato no país do sol nascente. Os carros são vendidos com uma gaiola (rollcage) completa com barras de intrusão lateral e um arnês de segurança de seis pontos para o condutor. Vêm igualmente equipados com um motor boxer de 2,4 litros, que permanece nos 228 cavalos de potência, com tracção às rodas traseiras através da transmissão manual de seis velocidades. O custo dos carros deverá rondar as 250 a 280 mil patacas, sendo que os pilotos aguardam mais informações para perceberem exactamente quanto terão de investir em carros novos e material para a temporada de 2023 que se espera ser de retoma para o automobilismo local após os três últimos anos de quase estagnação. Fim de uma era Com a entrada de novos carros, as categorias Roadsport “1950cc & Acima” e “1600cc Turbo” serão muito provavelmente descontinuadas. Ambas as categorias, que na edição do 69º Grande Prémio de Macau preencheram a grelha de partida da Corrida Macau Roadsport Challenge, tinham uma forte componente local. Caracterizada pelos seus Mitsubishi, Nissan e Subaru que tinham tanto de potentes como de pouco fiáveis, a Roadsport, cujas raízes remontam à década de 1990s, ganhou força em 2008 com a entrada para o programa do Grande Prémio, onde foi uma presença assídua até 2022. Por seu lado, a classe “1600cc Turbo” foi lançada em 2014 pela AAMC e pela sua congénere de Hong Kong, a HKAA. Apesar de rapidamente ter caído no desinteresse pelos pilotos de Hong Kong, manteve-se atractiva para os pilotos de Macau. O facto de esta ser uma regulamentação técnica única no mundo, obrigava os preparadores e garagistas locais a construir os seus próprios carros de corrida. Este desenvolvimento acarretava custos elevadíssimos e desequilibrava a competição em pista. Com os carros a chegarem ao fim do seu ciclo de vida, as entidades responsáveis pelo desporto da RAEM, finalmente terão encontrado uma solução para revitalizar as populares corridas de Turismo, mas resta agora saber se os pilotos vão ter a capacidade financeira para acompanhar.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | “Thursday Samba”, de Hon Chong Chan, remixada por DJ Burnie DJ Burnie, natural de Macau, pegou numa das músicas do álbum de estreia do músico de jazz Hon Chong Chan e deu-lhe uma nova roupagem electrónica. O remix de “Thursday Samba”, composição saída do disco “Traveling Coffee”, pode ser ouvido nas plataformas digitais O ano de 2023 começou com novidades na carreira de DJ Burnie. Natural de Macau e com uma carreira de mais de dez anos, Burnie decidiu pegar numa das composições do músico de jazz Hon Chong Chan e fazer um novo remix, emprestando ritmos adicionais ao tema. “Thursday Samba”, do álbum de estreia do guitarrista local de jazz, lançado em 2020, foi a música escolhida. A nova versão pode agora ser ouvida nas plataformas digitais. “Gosto mesmo muito do álbum de estreia [de Hon Chong Chan]. Uma das razões é o facto de não existirem em Macau muitos músicos a produzir e a lançar álbuns originais de Jazz, então fiquei muito surpreendido com isso”, começou por dizer ao HM DJ Burnie. O facto de “Traveling Coffee” ter sido totalmente gravado e produzido em Nova Iorque, com músicos americanos, chamou também a atenção de Burnie. “A qualidade de gravação deste álbum é mesmo profissional, e de cada vez que o oiço passo um bom bocado. Este meu remix é como uma mistura de três elementos: Electrónica, Jazz e Samba. Transmite um sentimento de alegria, com um som de guitarra misturado à volta dos nossos ouvidos, tendo como base uma batida festiva que nos faz mexer o corpo.” A escolha de “Thursday Samba” explica-se pelo facto de Burnie gostar muito do estilo de música brasileiro. “É a pura e verdadeira ‘música de dança'”, contou. “Apesar de ser produtor e DJ de música electrónica, adoro descobrir novos estilos de música de todo o mundo, sejam da América do Sul, África ou de qualquer outro lugar, que possam fazer as pessoas dançar e sentir-se bem. A primeira vez que ouvi ‘Thursday Samba’, logo nos primeiros 20 segundos da música, tive a certeza de que iria ouvi-la repetidamente. Tem as batidas do samba gentilmente remisturadas com jazz, é refrescante para mim. Depressa fiquei com a ideia de que poderia misturar esta música com batidas electrónicas, algo que faria as pessoas começarem facilmente a dançar.” O contacto com o músico Hon Chong Chan fez-se através das redes sociais e a conexão para este trabalho foi imediata. “Ele achou a minha ideia muito interessante”, adiantou Burnie. Dança pós-covid-19 DJ Burnie não tem dúvidas de que Macau está pronta para dançar depois da pandemia e de tantas restrições, defendendo que há cada vez mais espaço de crescimento na “cena” electrónica local. “A situação está a melhorar. No início, quando passava música, há cerca de 12 anos, poucas pessoas apostavam na música electrónica. Mas é bom ver tantos DJs a passar som hoje em dia, há mais estúdios de gravação e espaços para passar música. É algo que está a ficar mais forte e, para mim, era difícil imaginar, há 12 anos, que a ‘cena’ da música iria ficar assim. Então sinto-me muito entusiasmado com isso e consigo olhar para um desenvolvimento no futuro”, rematou. DJ Burnie estudou na Universidade de Macau e acabou por apostar na música em bares e discotecas. Em 2013, lançou o seu primeiro EP, “Atlantic EP”, pela britânica Slime Recordings.
Paulo Maia e Carmo Via do MeioCao Zhibai – A neve, o céu sombrio e os pinheiros irmãos Huang Gongwang (1269-1354), o pintor literato da dinastia Yuan, ao criar o extraordinário rolo de pintura horizontal conhecido como Retiro nas montanhas Fuchun alcançou numa síntese de opostos, uma inesperada, intemporal e dinâmica harmonia que resultando do encontro com a natureza, é uma outra compreensão da existência. Nessa pintura, hoje dividida em duas partes, a mais longa designada como Rolo do mestre Wuyong, no Museu do Palácio Nacional em Taipé (tinta sobre papel, 33 x 636,9 cm) ele escreveu que fez o aspecto geral da pintura numa única ocasião e depois foi realizando os detalhes do cenário ao longo de três ou quatro anos, numa engenhosa manipulação do tempo. No que é apenas um de muitos outros opostos. Como o próprio tema da pintura que pode ser entendido como um elogio ao destinatário, comparado aos nobres reclusos da antiguidade, que porém nem sequer estão figurados no rolo. Dir-se-ia que o próprio ambiente em que se movimentavam os literatos daquele tempo e lugar a Sul do delta do rio Changjiang provocava essa resposta, ancorada numa longa tradição. Um pintor literato poderia, por exemplo, numa conhecida proposição de Laozi; Zhiqibai, shouqihei, que se pode ler como; «Conhece a claridade (branco) mas guarda a obscuridade (o negro)» perceber um guia do seu processo. Um outro pintor dessa área florescente e em cujo nome estavam os mesmos caracteres zhi e bai exemplificaria de maneira original essa síntese de opostos. Cao Zhibai (1272-1355), o pintor de Huating (actual Xangai, Jiangsu), fez-se notar no modo como representou paisagens de neve, como as duas pinturas que estão no Museu do Palácio em Taipé, Neve nas montanhas (rolo vertical, tinta sobre seda, 97,1 x 55,3 cm) ou Picos de montanhas clareando depois da neve (rolo vertical, tinta sobre seda, 129,7 x 56,4 cm), onde a alvura da neve sobressai mas não cancela a obscuridade do céu. Cao Zhibai, que também usou o nome Yunxi, «a nuvem Ocidental», participou das tradições de amizade e cortesia entre literatos, que trocavam pinturas e poemas como forma de mútuo reconhecimento. Na pintura feita no dia 6 de Fevereiro de 1329, dedicada ao seu amigo de origem khitan (qidan) Shimo Boshan (1281-1347), «como materialização da nossa mútua amizade», representa dois pinheiros irmanados no seu crescimento conjunto. Nesses Pinheiros gémeos (rolo vertical, tinta sobre seda, 132,1 x 57,4 cm, no mesmo Museu de Taipé) através da sucessiva diminuição da dimensão das árvores, mostra a distância em profundidade (shenyuan) reforçando o simbolismo das duas árvores que resistem verdes aos tempos mais severos. Na folha de álbum Verdejante no frio do anoitecer (tinta sobre seda, 21,1 x 2,2 cm, no Museu de Xangai) uma estranha árvore sem folhas dobra-se diante do homem que viaja numa embarcação, como que saudando quem vem ao seu encontro.
Hoje Macau Via do MeioFalando sobre as raízes da sabedoria – Cai Gen Tan 菜根譚 * Tradução de André Bueno (continuação) 11. Aqueles que comem e bebem, de modo simples, são claros como gelo e puros como jade. Aqueles que usam roupas finas, e comem sofisticadamente, encontram deleite na adulação de seus escravos. As aspirações nobres vêm da pureza do coração, e a virtude pode ser alcançada abandonando-se os prazeres materiais. 12. Seja reservado, mas também tolerante e generoso, e as pessoas não ficarão ressentidas. Assim, suas obras durarão muito tempo, e as pessoas o recordarão com saudade. 13. Dê um passo atrás, e deixe passar aquele que está no seu Caminho. Essa é uma das condutas sociais mais agradáveis e seguras. 14. Para viver de modo verdadeiro, não é preciso nenhum talento; apenas abandone os sentimentos vulgares, e isso a tornará uma pessoa autêntica. Para seguir nos estudos, não é preciso nenhuma habilidade especial: apenas afaste as preocupações que o perturbam, e isso o aproximará do mundo dos sábios. 15. Para fazer amigos, precisa-se de certa cortesia. Para fazer-se verdadeiro, necessita-se de um coração puro. 16. Não se adiante aos outros para receber favores e benesses; não recue por agir de modo correto; não se exceda na sua posição; não aceite favores; não se detenha num problema até esgotar o seu talento. 17. Ao conduzir o povo, o Educado deve ser respeitoso e deixar a passagem livre. Ele dá um passo atrás, para depois avançar resoluto. Tratar as pessoas generosamente é parte da própria felicidade, e ajudar aos outros é ajudar a si mesmo. 18. Todos os méritos e conquistas podem ser arruinados com apenas uma palavra desastrosa; Todos os crimes e pecados podem ser absolvidos com apenas uma palavra de arrependimento verdadeiro. 19. Uma boa reputação e uma moral elevada não devem servir somente a si mesmo, mas devem ser compartilhadas; assim, afastam-se os perigos. Uma má reputação e uma conduta vergonhosa não devem afetar aos outros, senão a si mesmo; assim, se ocultam os talentos e se cultiva a virtude.* *[No caso, a má reputação não é causada, necessariamente por um defeito moral da pessoa: ele pode ser vítima de uma intriga, e por isso, deve resguardar-se.] 20. Em tudo que faço, deixo sempre uma pequena parte incompleta; assim, Deus não se incomodará, e os espíritos não me perturbarão. Se em todos os negócios eu buscar a perfeição, e se em todas as coisas mundanas eu desejar ir além, não estarei incorrendo em nenhum erro íntimo, mas atrairei muita desgraça externa sobre mim. 21. Nas disputas, existem regras de cortesia; Na vida cotidiana, se encontra o Caminho; Se as pessoas praticassem a sinceridade e a harmonia, usando palavras boas e ponderadas, pais e filhos não estariam separados. A troca de idéias e o diálogo são melhores do que os exercícios respiratórios e as meditações. 22. Uma pessoa ativa é como um relâmpago no meio das nuvens, ou como uma luz no meio da tormenta. Uma pessoa inativa é como brasa que se apaga, ou uma árvore morta. A essência do Caminho está no movimento da quietude, e na quietude do movimento, do mesmo modo com um pássaro atravessa as nuvens imóveis no Céu, ou um peixe nada pelas águas quietas do lago. 23. Ao censurar alguém pelas suas faltas, cuide com seu temperamento; Ao ensinar a moral para alguém, considere suas propensões. 24. O besouro que vive no excremento é sujo, mas um dia vira cigarra, e bebe do vento outonal. A erva podre não brilha, mas nela nascem os vaga-lumes que cintilam abaixo da lua de verão. Assim, a pureza pode surgir da impureza, e o claro pode vir do obscuro. 25. Presunção e arrogância são os extremos; controle-os, e cultivará atitudes saudáveis. Desejos e enganos vêm de pensamentos impróprios; largue-os, e realizará sua verdadeira natureza. 26. Quem come apenas para se saciar desfruta a verdadeira saciedade, e a gula desaparece. Quem faz sexo apenas para se saciar desfruta a verdadeira calma, e a luxúria desaparece. Por isso, se uma pessoa puder se arrepender de seus erros e se desfazer de suas obsessões, então sua natureza se acalmará e se centrará, e suas ações serão sempre sem erro. 27. Ao estar na Corte, não se esqueça do cheiro da montanha e dos bosques; Ao estar só no meio da floresta, não esqueça do cheiro dos livros. 28. Ao viver em sociedade, não busque com ansiedade o êxito; não cometer erros já um mérito. Ao tratar os outros com Humanismo*, não espere gratidão em troca; se eles não virarem seus inimigos, isso já é gratidão. *Ren 仁, o Humanismo Confucionista, também traduzido como ‘Altruísmo’ ou ‘Benevolência’. 29. Se mortificar por ações virtuosas é moralmente belo, mas sofrimento demais traz um grande desassossego interior. Desprezar o poder e a riqueza é uma qualidade notável, mas privações demais dificultam a própria caridade com os outros. 30. Ao julgar alguém que arruinou-se, compreenda seus propósitos. Ao julgar alguém que alcançou sucesso, conheça seus fins. 31. Aquele que tem um alto posto deve ser generoso e evitar a intriga; do contrário, agirá como uma pessoa inferior. Como poderia, assim, desfrutar de seu cargo? Aquele que for Educado deve ocultar seus talentos, e evitar a presunção; de outro modo, ele agirá como um bobo. Como poderia, assim, evitar a ruína? 32. Quem morou em um lugar baixo, sabe o perigo de ir para o alto. Quem esteve na escuridão, sabe o quão deslumbrante é a luz. Para manter-se sossegado, conheça as preocupações que o afligem. Quem sabe cultivar o silêncio, sabe quanto é incômodo o falatório. 33. Ao abandonar os desejos de poder e riqueza, livra-se das tentações do mundo. Ao extrair do coração as limitações da moralidade, pode-se entrar no reino da sabedoria. 34. O desejo não dana o coração puro, mas pensar em si mesmo, apenas, é uma praga. O prazer não é um obstáculo ao Caminho da virtude, mas o uso inadequado da inteligência é. 35. Os sentimentos humanos mudam, o Caminho da vida é difícil. Ao se deparar com um obstáculo, saiba dar um passo atrás. Ao avançar sem problemas, deve-se abrir Caminho para os que vêm atrás. 36. Ao lidar com os maus, não é difícil ser correto, difícil é não odiá-los. Ao lidar com os sábios, não é difícil ser respeitoso, o complicado é agradá-los. 37. Conserve a simplicidade natural, não busque o sofisticado, e deixe uma influência pura no mundo. Se satisfaça com o simples, abandone os luxos, e deixe um nome puro no mundo. 38. Para conquistar os demônios, primeiro conquiste o próprio coração. Quem conquista seu coração, submete os demônios. Para controlar a violência, primeiro se controlam os motivos. Se o espírito estiver calmo, a violência externa não poderá invadi-lo. 39. Ensinar as crianças é como educar boas moças; o mais importante é mostrar a sabedoria de escolher boas amizades. Ser íntimo dos maus é como jogar má semente em boa Terra; com o tempo, a colheita será arruinada. 40. Ao estar de posse de coisas materiais, não se apresse a tê-las em demasia. Fazer isso o jogará num poço profundo e difícil de sair. Ao estar de posse da virtude, não retroceda nem um passo diante das dificuldades. Fazer isso o levará longe, a mil montanhas de distância. (continua) * O Cai Gen Tan菜根譚foi escrito no século XVI pelo erudito Hong Yingming 洪應明 (ou Hong Zicheng洪自誠, 1572-1620), próximo ao final da dinastia Ming大明 (1368-1644). (…) Hong buscava estabelecer uma analogia entre as três grandes correntes do pensamento chinês em sua época: Confucionismo, Daoísmo e Budismo Chan (Zen). O livro de Hong é uma apresentação de trezentos e sessenta aforismos sobre os mais diversos aspectos da vida, sempre baseado nos ensinamentos das três grandes linhas
Hoje Macau SociedadePortuguês | Aluno da UPM publica em revista científica brasileira Lu Jiang, doutorando em Português da Universidade Politécnica de Macau (UPM), publicou o artigo científico “Tradução Portuguesa de Referências Culturais Extralinguísticas no Manual de Chinês Língua Não Materna: Aplicação de Estratégias de Tradução Propostas por Andrew Chesterman”, em co-autoria com Han Lili, directora da Faculdade de Línguas e Tradução da UPM e Carlos Ascenso André, académico e ex-director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa da mesma instituição de ensino. Segundo uma nota de imprensa da instituição de ensino, o artigo foi publicado na revista brasileira “Cadernos de Tradução”, criada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Tendo como objecto de análise o “Manual de Chinês Língua não Materna”, editado pela UPM, o artigo compara uma variedade de termos da cultura chinesa com a tradução portuguesa (incluindo oito tipos de gastronomia chinesa, vinte e quatro termos solares, signos no zodíaco chinês, a ópera de Pequim e a ópera local, nomes e sobrenomes chineses, tiposos de relações de parentesco, radicais e traços de caracteres chineses ou estrutura de caracteres chineses, entre outros).
Hoje Macau Manchete SociedadeCaso Suncity | Alvin Chau condenado a 18 anos de prisão O Tribunal Judicial de Base condenou ontem Alvin Chau, ex-CEO do grupo Suncity, a 18 anos de prisão por exploração ilícita de jogo e sociedade secreta. A RAEM e cinco operadoras de jogo terá ainda de receber indemnizações O antigo director executivo da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, Alvin Chau Cheok Wa, foi ontem condenado em Macau a 18 anos de prisão por exploração ilícita de jogo e sociedade secreta. Lou Ieng Ha, juíza do Tribunal Judicial de Base (TJB), considerou ainda o ex-líder da Suncity culpado dos crimes de participação em associação criminosa e chefia de associação criminosa, mas inocente do crime de branqueamento de capitais. A juíza defendeu que Alvin Chau promoveu o ‘jogo paralelo’: apostas feitas nas Filipinas, mas por telefone a partir de Macau ou através da internet, ou ainda apostas em salas VIP de Macau cujo valor real era várias vezes superior ao registado, para fugir ao pagamento de impostos. Lou sublinhou que este processo “influenciou gravemente a sociedade” e que o ‘jogo paralelo’ “prejudica a cobrança de impostos pela RAEM e os negócios das operadoras” de casinos. O TJB condenou os nove arguidos considerados culpados do crime de sociedade secreta a pagarem uma indemnização à região no valor total de 6,52 mil milhões de dólares de Hong Kong. Os nove antigos executivos da Suncity terão ainda de pagar indemnizações, no valor total de 2,15 mil milhões de dólares de Hong Kong a cinco das seis operadoras de jogo em Macau. Por outro lado, a juíza considerou que 136 crimes de exploração ilícita cometidos até 2016 já prescreveram. Nas alegações finais, o advogado de Alvin Chau, Leong Hon Man, tinha defendido que as actividades da Suncity se situavam “numa zona cinzenta”. Já David Azevedo Gomes, advogado de um outro executivo da Suncity, Jeffrey Si Tou Chi Hou, lembrou que as apostas electrónicas ou por telefone eram legais nas Filipinas até 2019 e defendeu que a lei de Macau é “omissa” quanto ao jogo ‘online’. Mas Lou Ieng Ha disse acreditar que os tribunais locais “têm competência” para julgar o caso, uma vez que a Suncity “chegou a promover em Macau apostas pela internet nas Filipinas”. Acusações e responsabilidades Celestino Ali, antigo executivo da Suncity, foi condenado a 15 anos de prisão por exploração de jogo ilícito, associação criminosa, burla e branqueamento de capitais. O seu advogado, Pedro Leal, defendeu que as seis operadoras de jogo deveriam ter sido consideradas “de forma solidária” responsáveis pelas actividades alegadamente ilícitas da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo. Após a leitura da sentença dos 21 arguidos, o advogado de Ali, Pedro Leal, defendeu que “não estão preenchidos os requisitos do crime de jogo ilícito nem de burla e que, por isso, também não deveria haver indemnização”. “Acho inconcebível que as concessionárias, que durante anos e anos lucraram à conta da Suncity, aproveitaram a situação para virem reclamar dinheiro a que não têm direito”, disse ainda. Durante as alegações finais, o advogado argumentou que as operadoras de casinos de Macau sabiam das actividades ilícitas da empresa liderada por Alvin Chau Cheok Wa, mas preferiam ignorá-las para manter as receitas. “Enquanto a mama deu, mamaram. Agora caem em cima dele”, disse Pedro Leal, referindo-se a Celestino Ali. O advogado criticou ainda a condenação dos arguidos por sociedade secreta, um crime criado “numa altura específica para combater um determinado tipo de crimes, mais ligados a seitas”. O crime de sociedade secreta foi criado em 1997, em plena guerra armada entre tríades chinesas pelo controlo dos casinos que marcou os últimos anos da administração portuguesa de Macau. Ali poderá recorrer Condenado a 15 anos de prisão, Celestino Ali, antigo responsável pelo departamento de IT do grupo Suncity, deverá recorrer da sentença decretada ontem. Foi o que disse aos jornalistas, à saída do tribunal, o seu advogado Pedro Leal. “Vamos ver. Não sei o que o meu cliente quer fazer, mas deve querer recorrer. Não estão cumpridos os pressupostos dos crimes de jogo ilícito e burla. Não estou de acordo com a decisão.” Pedro Leal lamenta que o seu cliente tenha sido condenado a mais anos de prisão do que outros arguidos que “lucraram com o jogo ilícito” e que foram condenados a apenas dez anos de cadeia.
Andreia Sofia Silva SociedadeDSAT | Trânsito reorganizado nos dias de Ano Novo Chinês O trânsito em alguns locais do território será reorganizado devido às celebrações do Ano Novo Chinês. O serviço de autocarros será ajustado, entre sábado e o dia 27, no lado oriental da Praça das Portas do Cerco e da zona de Nam Van, sendo vedado todo o trânsito na intersecção da Rua do Dr. Pedro José Lobo e da Avenida do Infante D. Henrique, para aí serem disponibilizadas instalações para os passageiros aguardarem os autocarros. Segundo uma nota de imprensa da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), foram dadas orientações às operadoras de autocarros para gerirem melhor o escoamento de passageiros, a fim de evitar grandes aglomerações de pessoas. Foi também promovida coordenação com as operadoras de jogo quanto ao serviço de shuttle bus, a fim de aumentar a frequência destes autocarros e a divulgação dos seus horários de funcionamento. Desta forma, foram reservados espaços nos postos fronteiriços para o estacionamento dos shuttle bus. Além disso, a DSAT coordenou com a companhia de autocarros de ligação do Posto Fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau a fim de aumentar o número de veículos em operação e as respectivas frequências de acordo com o afluxo de passageiros, bem como para melhorar o ambiente de espera de autocarros.
Andreia Sofia Silva SociedadeBombeiros | Metade das chamadas em 2022 foram desnecessárias Dados divulgados ontem pelo Corpo de Bombeiros (CB) relativos aos trabalhos desenvolvidos no ano passado mostram que metade das chamadas realizadas pela população com queixas relativas à covid-19 no último mês revelaram-se desnecessárias. Segundo o portal Macau News Agency, o número de chamadas feitas para os bombeiros aumentou significativamente, com chamadas de ambulâncias a aumentar 24,72 por cento e pedidos especiais a subirem 46,21 por cento. A larga maioria das chamadas de ambulância, de um universo de 39.113 pedidos, ocorreu nos meses de Junho e Dezembro, precisamente quando houve dois surtos de covid-19 no território. O CB aponta que cerca de metade dessas chamadas foram desnecessárias. Leong Iok Sam, dirigente do CB, disse que, no pico de casos covid, foram realizados 400 percursos de ambulância diários. “A situação voltou ao normal nos últimos dias, quando passámos a ter apenas 100 percursos por dia”, adiantou. Foi ainda revelado que cerca de 70 a 80 por cento dos bombeiros e restantes funcionários estiveram doentes com covid-19.
João Santos Filipe Manchete PolíticaMetro Ligeiro | Lei Chan U pede esclarecimentos sobre “outsourcing” O deputado dos Operários interpelou o Governo a pedir informações sobre a capacidade da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau para assumir a operação da linha que vai fazer a ligação à Estação da Barra Lei Chan U quer saber como será definida a gestão das operações do Metro Ligeiro quando o contrato firmado com a empresa MTR Operação Ferroviárias (Macau), para assistir na operação do meio de transporte, chegar ao fim. A questão faz parte de uma interpelação escrita, divulgada ontem pelo deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). A pergunta surge numa altura em que se prepara o funcionamento da Estação Intermodal da Barra, que vai permitir ligar à Península de Macau à Linha da Taipa, a única actualmente em funcionamento. Lei Chan U quer perceber como vai ser o modelo de gestão da nova estação, que fica a cargo da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, e que funções vão assumidas pela MTR Operação Ferroviárias, no âmbito do contrato de assistência. Segundo os planos anunciados pelo Governo, a nova estação vai entrar em funcionamento entre o final deste ano e o início de 2024. Recorde-se que foi também indicado por governantes a intenção de dar condições à empresa pública do Metro Ligeiro de forma a assumir a maior parte das funções, com os serviços de “outsourcing” e subcontratação a serem relegados para segundo plano. Agora, o legislador pediu ao Governo que garanta que a empresa pública tem capacidade para assumir as tarefas. “A ligação à estação da Barra vai ser completada brevemente. Quais são os planos para a exploração desta ligação?”, começou por perguntar. “Será que a empresa do Metro Ligeiro tem capacidade para assumir parte das operações da ligação à Barra e reduzir os serviços de outsourcing?”, questionou. No mesmo sentido, Lei pergunta se haverá concurso público com a participação de mais empresas no final do actual contrato. Incentivos ao turismo Para promover da utilização do Metro Ligeiro e aumentar o consumo interno, os Serviços de Turismo lançaram em 2021 o “Passe do Metro Ligeiro Mak Mak”. A iniciativa permitia a turistas que chegassem ao território transportados pela Air Macau trocar o bilhete por um passe de metro com viagens ilimitadas durante três dias. A iniciativa foi feita numa altura em que o território estava sobre as restrições da política de zero casos de covid-19. Apesar disso, Lei Chan U pediu ao Governo para fazer um balanço sobre a “eficácia do plano”. Ao mesmo tempo, o deputado perguntou se a iniciativa vai ser prolongada e se medidas semelhantes vão continuar a ser adoptadas, para promover o desenvolvimento da economia local e a recuperação do sector do turismo.
João Santos Filipe PolíticaTrânsito | Ngan Iek Hang preocupado com passadeiras O deputado Ngan Iek Hang defende a criação de um plano onde são indicadas as alterações que vão ser feitas na RAEM ao nível das passadeiras pedonais. A ideia divulgada ontem foi sugerida numa interpelação escrita, em que o legislador ligado aos Kaifong afirma ser possível melhorar as ruas de Macau para pedestres. Para o deputado, várias zonas da cidade carecem de melhorias que facilitem os percursos de quem anda a pé. Um dos exemplos dados pelo legislador é a Taipa. Segundo Ngan, que afirma ter recebido queixas, nesta zona da cidade houve um aumento populacional muito grande, que levou a que as instalações actuais não sejam suficientes, para o número de transeuntes. Ngan Iek Hang pediu igualmente que fosse feita uma avaliação das passadeiras diagonais e perguntou se existem planos para expandir o conceito a outros locais. Por último, o deputado indicou que o problema dos veículos que não cedem passagem aos peões continua a ser muito grave, resultando em vários acidentes. Na interpelação, o legislador questiona o Executivo sobre as medidas que tem planeadas para chamar a atenção para o problema e se existem planos de fazer mais campanhas de sensibilização.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCCPPC | Escolhidas quase 30 pessoas ligadas a Macau Além dos quatro tradicionais clãs do território, o Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês passa a contar com Ho Hoi Kei, filha do Chefe do Executivo e sobrinha da influente ex-deputada Tina Ho Quase 30 pessoas com ligações a Macau foram convidadas para integrar a 14.ª sessão do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). A informação foi avançada na terça-feira pela agência estatal Xinhua, e citada pelo jornal Ou Mun, que revelou a maior parte dos nomes com ligações ao território. Como tradicionalmente acontece, as famílias tradicionalmente mais influentes de Macau voltam a estar representadas no principal órgão consultivo nacional. A representar o clã Ho, de Ho Yin, o antigo Chefe do Executivo, Edmund Ho, volta a ser convidado para integrar o Comité Nacional. A escolha não é uma surpresa, uma vez que Ho tem assume o cargo de vice-presidente do órgão desde 2010. Em relação ao clã Ma, o empresário e membro do Conselho do Executivo Frederico Ma Chi Ngai foi o escolhido. Chui Sai Cheong, irmão do ex-Chefe do Executivo Chui Sai On e vice-presidente da Assembleia Legislativa, é o membro representante da família Chui, enquanto Lawrence Ho, empresário ligado à empresa Melco, assume a representação da família do falecido Stanley Ho. Um sinal da cada vez maior influência da “terceira” família Ho, ligada ao Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e à irmã e ex-deputada Tina Ho, foi a escolha de Ho Hoi Kei para o órgão consultivo. A filha do Chefe do Executivo nasceu em 1989 e vai participar pela primeira vez no comité nacional. As outras caras do poder A 14.ª sessão CCPPC tem mais de 2.000 membros e conta com uma forte presença de representantes do Conselho Executivo da RAEM. Entre os 11 membros que integram o conselho em Macau, cinco assumem também funções no órgão consultivo nacional. Além de Frederico Ma Chi Ngai, na lista estão igualmente o advogado macaense Leonel Alves, Lee Chong Cheng, Iau Teng Pio, mandatário da campanha a Chefe do Executivo de Ho Iat Seng, e Zhang Zong Zhen. Outros nomes próximos do Governo são Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde e figura de proa do combate à pandemia em Macau, Wu Zhiliang, presidente da Fundação Macau, O Lam, vice-presidente do Instituto para os Assuntos Municipais, e Kou Kam Fai, deputado nomeado pelo Chefe do Executivo. A nível de deputados de Macau, a CCPPC conta com a participação de oito. Além dos já referidos Chui Sai Cheong, Iau Teng Pio e Kou Kam Fai, também Ip Sio Kai, Wong Kit Cheng, Lam Lon Wai, Wang Sai Man e Ho Ion Sang estão presentes. A Conferência Consultiva Política do Povo Chinês foi criada em 1945, fruto de um acordo entre o Partido Nacionalista e o Partido Comunista Chinês, então na oposição. A primeira reunião teve lugar em Chongqing em 1946, e apesar da mudança de regime, em 1949, o órgão consultivo foi mantido. Actualmente, cumpre funções, subordinadas ao Partido Comunista Chinês, de aconselhamento e formulação de propostas sobre assuntos sociais.
Hoje Macau EventosCinema de animação | “Ice Merchants”, de João Gonzalez, nomeado para os prémios Annie O filme “Ice Merchants”, do português João Gonzalez, está nomeado para os prémios Annie, considerados os ‘Óscares’ do cinema de animação, foi anunciado esta terça-feira. “Ice Merchants” está indicado na categoria Melhor Curta-Metragem da 50.ª edição dos Annie Awards. O filme português compete com “Amok”, do húngaro Balázs Turai, “Black Slide”, do israelita Uri Lotan, “Love, Dad”, da checa Diana Cam Van Nguyen, e “The Flying Sailor”, das canadianas Amanda Forbis e Wendy Tilby. “Ice Merchants”, o terceiro filme de João Gonzalez, é sobre perda e laços familiares, e tem como ponto de partida a imagem de uma casa numa montanha, debruçada num precipício. A partir dessa imagem, o realizador desenvolveu a história de um pai e um filho, que produzem gelo na casa inóspita onde vivem, e de onde saltam todos os dias de paraquedas para o vender na aldeia, no sopé da montanha. Esta curta-metragem, contada sem narrador nem diálogos, apenas por imagens desenhadas e música, tem coprodução com Reino Unido e França. Estreia em Cannes “Ice Merchants” teve estreia mundial em 2022 na Semana da Crítica de Cannes, em França, onde foi premiado. Desde então, tem somado vários outros prémios em contexto de festivais, e está entre os finalistas a uma nomeação para os Óscares. Recentemente foi seleccionado para a competição de curtas-metragens de animação do festival norte-americano South By Southwest (SXSW), que decorre em Março em Austin. Considerados os ‘Óscares’ do cinema de animação, os prémios Annie distinguem produções de animação, em curta e longa-metragem, e são atribuídos anualmente pela Sociedade Internacional de Cinema de Animação. A 50.ª cerimónia de entrega dos prémios, que se dividem em 32 categorias, está marcada para 25 de Fevereiro, em Los Angeles. Na categoria de Melhor Filme, estão nomeados “Turning Red – Estranhamente Vermelho”, dos estúdios Pixar, “Pinóquio de Guillermo del Toro”, da Netflix, “O Gato das Botas: O Último Desejo”, da Dreamworks, “The Sea Beast”, da Netflix, e “Wendell & Wild”, uma produção da Monkeypaw e da Gotham para a Netflix. O filme de Guillermo del Toro parte com claro favoritismo: tem nove nomeações, mais duas do que “Turning Red” e três do que “O Gato das Botas” e “The Sea Beast”. A categoria de Melhor Filme Independente coloca na corrida “Charlotte”, “Inu-Oh”, “Petit Nicolas”, “Marcel the Shell With Shoes On” e “O Dragão do meu Pai”.
Hoje Macau China / ÁsiaJustiça japonesa confirma absolvição de antigos executivos da operadora da central de Fukushima Um tribunal japonês confirmou hoje a absolvição, decidida em 2019, de três antigos executivos da operadora da central de Fukushima, na acusação de negligência no acidente nuclear, na sequência do tsunami de março de 2011. A decisão foi anunciada fora do Supremo Tribunal de Tóquio por ativistas e apoiantes dos deslocados pela catástrofe no nordeste do Japão, o pior acidente nuclear civil desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. O tribunal de recurso recusou confirmar a decisão imediatamente, uma vez que a audiência ainda estava a decorrer. Em setembro de 2019, o Tribunal Distrital de Tóquio absolveu o antigo presidente do conselho de administração da Tepco Tsunehisa Katsumata, de 82 anos, e os antigos vice-presidentes Sakae Muto (72) e Ichiro Takekuro (76), acusados de negligência no acidente nuclear. De acordo com os queixosos, que recorreram da decisão, os administradores da Tepco deviam ter parado o funcionamento da central Fukushima Daiichi muito antes do desastre de 2011, com base na informação de que o risco de um tsunami ia exceder a capacidade de resistência. Os três ex-funcionários da Tepco, os únicos indivíduos a enfrentarem acusações criminais relacionadas com a catástrofe, podiam ser condenados a cinco anos de prisão. O caso foi construído a partir da morte de 44 doentes num hospital localizado a poucos quilómetros da fábrica durante a evacuação de emergência das instalações, em condições extremas, a 11 de março de 2011, depois do tsunami causado por um sismo de magnitude 9. Enquanto o sismo e o tsunami causaram 18.500 vítimas, entre mortos e desaparecidos, o desastre nuclear em si não causou quaisquer baixas imediatas. No entanto, foi indiretamente responsável por vários milhares de “mortes relacionadas”, que as autoridades japonesas reconheceram como causadas pela deterioração das condições de vida das muitas pessoas retiradas da região. Os três antigos executivos da Tepco e um quarto antigo funcionário foram também condenados, no verão passado, numa ação separada lançada pelos acionistas do grupo, a pagar indemnizações de 13,3 mil milhões de ienes (95 mil milhões de euros, ao câmbio atual). Este montante está muito além dos meios pessoais, mas o tribunal explicou ser correspondente ao que a Tepco pagou em custos de desmantelamento da central, descontaminação do solo e armazenamento de resíduos radioativos e detritos, bem como em indemnizações a pagar aos habitantes afetados pelo acidente nuclear.
Hoje Macau China / ÁsiaMoody’s diz que abrandamento da economia chinesa seria punitivo para mercados emergentes A agência de notação Moody’s prevê que a economia chinesa se fortaleça este ano e em 2024, mas antecipa que a médio prazo “as perspectivas de crescimento deverão continuar a abrandar devido a fatores estruturais”, impactando mercados emergentes. “A médio e longo prazo, no entanto, as perspectivas de crescimento da China deverão continuar a abrandar devido a fatores estruturais como a população envelhecida e a redução da produtividade. Neste cenário, haveria consequências negativas para outros mercados emergentes além da Ásia e Pacífico”, refere a Moody’s num relatório ontem divulgado. O documento regista que a relação comercial da China com vários destes mercados tem passado pela compra de matérias-primas e pela venda destas processadas, exportando os produtos finais para o resto do mundo. A América Latina exporta para a China, principalmente, soja, cobre e petróleo, a Rússia e a Arábia Saudita petróleo e petroquímicos e a África do Sul pedras preciosas e metais. “A China ultrapassou os Estados Unidos da América como principal parceiro económico de Brasil, Chile, Peru e Uruguai, mas esta relação também destaca as vulnerabilidades destas economias a um abrandamento estrutural com centro na China”, refere o documento. Por sua vez, o México, mais próximo dos EUA, apresenta “menor exposição comercial à China que os seus vizinhos regionais”. Além disso, a Moody’s aborda o investimento estrangeiro direto, mais concentrado em algumas economias na América do Sul – como Argentina (24%), Equador (29%) ou Peru (15%) –, que assim ficam expostas a um abrandamento chinês. Também o investimento de contratos por entidades chinesas no âmbito da Nova Rota da Seda abrandou na Ásia, ainda que tenha havido um menor abrandamento que na América Latina e na África Subsaariana. “Vemos a iniciativa da Nova Rota da Seda como uma estratégia significativa a longo prazo em termos económicos e geopolíticos para o Governo chinês e esperamos um reinício dos investimentos diretos no exterior e na deslocalização de indústrias com excesso de capacidade, criando assim emprego para trabalhadores chineses no estrangeiro”, sublinha a Moody’s. Entre 2014 e 2022, os investimentos acumulados referentes a esta iniciativa somaram 125 mil milhões de dólares na América Latina, com Argentina, Brasil, Chile, Equador, Peru e Venezuela a totalizarem mais de 80% do valor. Já na África Subsaariana, o investimento no seguimento da Nova Rota da Seda foi de 123 mil milhões de dólares, destacando-se a dependência de certas economias no financiamento chinês.
Hoje Macau China / ÁsiaChina – EUA | Anthony Blinken, chefe da diplomacia americana, visita China em Fevereiro O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, visitará a China de 05 a 06 de fevereiro, para tentar aliviar as tensões entre os dois países. Blinken deverá chegar no dia 05 e também manterá conversações no dia 06 durante esta viagem destinada a tentar aliviar as tensões com o principal rival diplomático e económico dos EUA. A viagem de Blinken – que será a primeira a este nível desde 2018 – foi anunciada em novembro pela Casa Branca, mas as datas não tinham sido ainda comunicadas oficialmente. Durante uma conferência de imprensa diária, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, deu hoje as boas-vindas à próxima visita de Blinken à China, acrescentando que “os Estados Unidos e a China estão a tratar os pormenores da visita”. “A China procura relações EUA-China com base nos três princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação benéfica para ambas as partes”, explicou o porta-voz, dizendo que espera que os dois países “regressem a um relacionamento saudável e estável”. Taiwan, Coreia do Norte, Mar da China Meridional, semicondutores: eis algumas das questões que deverão constar da agenda de trabalhos. No final de dezembro, o chefe da diplomacia norte-americana disse que iria pedir a Pequim que pressionasse a Coreia do Norte a participar nas negociações.