Seul| Kim Jong Un recusa convite para visitar Coreia do Sul

[dropcap]O[/dropcap] líder da Coreia do Norte recusou ontem um convite de Seul para visitar a Coreia do Sul na próxima semana, noticia a agência de notícias norte-coreana.

O convite a Kim Jong Un, feito pelo chefe de Estado da Coreia do Sul, Moon Jae-in, tinha como objectivo garantir a presença do líder norte-coreano na cimeira dos países do sudeste asiático, que se realiza na cidade portuária de Busan, Coreia do Sul.

De acordo com fontes oficiais citadas pela KCNA, o líder da Coreia do Norte recebeu a carta pessoal do chefe de Estado sul-coreano no dia 5 de Novembro, mas acabou por rejeitar o convite.

Na notícia sobre a rejeição do convite, a agência oficial da Coreia do Norte comenta as posições considerando que Seul não está a cumprir os acordos estabelecidos entre os dois Estados e que está a ceder às pressões norte-americanas.

O Presidente da Coreia do Sul, que continua a tentar promover mais um encontro ao mais alto nível, já se reuniu três vezes com Kim Jong Un desde 2018, tendo conseguido abrir os canais que permitiram os contactos directos entre o líder norte coreano e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Nos últimos meses, Pyongyang tem criticado Seul devido à realização de exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos.

22 Nov 2019

Seul| Kim Jong Un recusa convite para visitar Coreia do Sul

[dropcap]O[/dropcap] líder da Coreia do Norte recusou ontem um convite de Seul para visitar a Coreia do Sul na próxima semana, noticia a agência de notícias norte-coreana.
O convite a Kim Jong Un, feito pelo chefe de Estado da Coreia do Sul, Moon Jae-in, tinha como objectivo garantir a presença do líder norte-coreano na cimeira dos países do sudeste asiático, que se realiza na cidade portuária de Busan, Coreia do Sul.
De acordo com fontes oficiais citadas pela KCNA, o líder da Coreia do Norte recebeu a carta pessoal do chefe de Estado sul-coreano no dia 5 de Novembro, mas acabou por rejeitar o convite.
Na notícia sobre a rejeição do convite, a agência oficial da Coreia do Norte comenta as posições considerando que Seul não está a cumprir os acordos estabelecidos entre os dois Estados e que está a ceder às pressões norte-americanas.
O Presidente da Coreia do Sul, que continua a tentar promover mais um encontro ao mais alto nível, já se reuniu três vezes com Kim Jong Un desde 2018, tendo conseguido abrir os canais que permitiram os contactos directos entre o líder norte coreano e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Nos últimos meses, Pyongyang tem criticado Seul devido à realização de exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos.

22 Nov 2019

Festival de Luz | Transferência celebrada com ‘vídeo mapping’ português

[dropcap]O[/dropcap] Festival de Luz em Macau arranca em Dezembro com instalações luminosas, jogos interactivos e espectáculos de ‘vídeo mapping’, um deles criado por uma equipa portuguesa, para celebrar o 20.º aniversário do território.

A quinta edição do festival, que decorre durante todo o mês de Dezembro, tem como tema “À Descoberta da Luz” e vai realizar-se um pouco por toda a cidade, em 15 locais, afirmou ontem em conferência de imprensa a directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes.

Além das instalações luminosas, que vão estar patentes em vários pontos da cidade até às 00:10 do dia 1 de janeiro de 2020, seis equipas de Portugal, Espanha, Japão, Shenzhen e ainda duas equipas locais, “vão realizar espetáculos de ‘vídeo mapping’, subordinados ao tema de celebração do 20.º aniversário da passagem da administração do território de Portugal para a China, nas Ruínas de São Paulo e na Igreja de Seminário de São José, explicou a responsável.

A equipa portuguesa, Ocubo, vai apresentar o seu vídeo mapping “Jornada de Luz de Macau”, entre os dias 1 e 10 de Dezembro, no qual “transportará o público para momentos históricos de Macau, apresentando a cultura oriental e ocidental da cidade, o património mundial, a gastronomia, festividades e eventos diversificados, entre outros aspectos, através duma demonstração colorida e diversificada”, apontaram as autoridades em comunicado.

O orçamento da quinta edição do Festival de Luz em Macau é de 18 milhões de patacas, disse Maria Helena de Senna Fernandes aos jornalistas.

22 Nov 2019

Festival de Luz | Transferência celebrada com ‘vídeo mapping’ português

[dropcap]O[/dropcap] Festival de Luz em Macau arranca em Dezembro com instalações luminosas, jogos interactivos e espectáculos de ‘vídeo mapping’, um deles criado por uma equipa portuguesa, para celebrar o 20.º aniversário do território.
A quinta edição do festival, que decorre durante todo o mês de Dezembro, tem como tema “À Descoberta da Luz” e vai realizar-se um pouco por toda a cidade, em 15 locais, afirmou ontem em conferência de imprensa a directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes.
Além das instalações luminosas, que vão estar patentes em vários pontos da cidade até às 00:10 do dia 1 de janeiro de 2020, seis equipas de Portugal, Espanha, Japão, Shenzhen e ainda duas equipas locais, “vão realizar espetáculos de ‘vídeo mapping’, subordinados ao tema de celebração do 20.º aniversário da passagem da administração do território de Portugal para a China, nas Ruínas de São Paulo e na Igreja de Seminário de São José, explicou a responsável.
A equipa portuguesa, Ocubo, vai apresentar o seu vídeo mapping “Jornada de Luz de Macau”, entre os dias 1 e 10 de Dezembro, no qual “transportará o público para momentos históricos de Macau, apresentando a cultura oriental e ocidental da cidade, o património mundial, a gastronomia, festividades e eventos diversificados, entre outros aspectos, através duma demonstração colorida e diversificada”, apontaram as autoridades em comunicado.
O orçamento da quinta edição do Festival de Luz em Macau é de 18 milhões de patacas, disse Maria Helena de Senna Fernandes aos jornalistas.

22 Nov 2019

Tailândia | Papa apela à protecção de mulheres e crianças

[dropcap]O[/dropcap] Papa apelou ontem para que as mulheres e crianças sejam protegidas da exploração, abuso e escravatura, no início de dois dias de reuniões na Tailândia, onde o tráfico humano e a prostituição forçada alimentam a indústria de turismo sexual.

Francisco pediu acção contra um dos maiores flagelos da região, no início de uma visita de uma semana à Ásia. O Papa elogiou os esforços do governo tailandês para combater o tráfico humano, num discurso proferido no gabinete do primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, mas apelou para um comprometimento maior da comunidade internacional para proteger as mulheres e crianças que são “violadas e expostas a todas as formas de exploração, escravatura, violência e abuso”.

Apelou para formas de “desenraizar este mal e promover formas de restaurar a dignidade”.
“O futuro dos nossos povos está ligado, em larga medida, à forma como garantimos um futuro digno às nossas crianças”, afirmou.

As Nações Unidas consideram a Tailândia um ponto chave no destino do tráfico e também uma fonte de trabalho forçado e de escravos sexuais, traficados dentro e fora do país.

A agência da ONU para a droga e o crime revelou no Verão que o tráfico para exploração sexual representou 79 por cento dos casos de tráfico na Tailândia entre 2014 e 2017. Entre 1.248 vítimas detetadas, 70 por cento eram raparigas menores, de acordo com o documento, que cita dados das autoridades tailandesas.

22 Nov 2019

Tailândia | Papa apela à protecção de mulheres e crianças

[dropcap]O[/dropcap] Papa apelou ontem para que as mulheres e crianças sejam protegidas da exploração, abuso e escravatura, no início de dois dias de reuniões na Tailândia, onde o tráfico humano e a prostituição forçada alimentam a indústria de turismo sexual.
Francisco pediu acção contra um dos maiores flagelos da região, no início de uma visita de uma semana à Ásia. O Papa elogiou os esforços do governo tailandês para combater o tráfico humano, num discurso proferido no gabinete do primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, mas apelou para um comprometimento maior da comunidade internacional para proteger as mulheres e crianças que são “violadas e expostas a todas as formas de exploração, escravatura, violência e abuso”.
Apelou para formas de “desenraizar este mal e promover formas de restaurar a dignidade”.
“O futuro dos nossos povos está ligado, em larga medida, à forma como garantimos um futuro digno às nossas crianças”, afirmou.
As Nações Unidas consideram a Tailândia um ponto chave no destino do tráfico e também uma fonte de trabalho forçado e de escravos sexuais, traficados dentro e fora do país.
A agência da ONU para a droga e o crime revelou no Verão que o tráfico para exploração sexual representou 79 por cento dos casos de tráfico na Tailândia entre 2014 e 2017. Entre 1.248 vítimas detetadas, 70 por cento eram raparigas menores, de acordo com o documento, que cita dados das autoridades tailandesas.

22 Nov 2019

PJ defende necessidade de ocultar identidades em concursos

[dropcap]O[/dropcap] Governo quer que a Polícia Judiciária (PJ) tenha a possibilidade de fazer concursos de admissão para agentes secretos, desde que autorizados pelo Chefe do Executivo. A proposta foi apresentada na quarta-feira pelo Conselho Executivo, através do porta-voz Leong Heng Teng, numa sessão em que também esteve presente o director da PJ, Sit Chong Meng.

No entanto, a proposta está a gerar controvérsia, principalmente entre a comunidade chinesa, devido aos receios que este sistema seja utilizado para contratar agentes, que depois poderão fugir, sem sofrerem consequências por eventuais abusos.

Neste sentido, a PJ emitiu ontem um comunicado a defender que a proposta é aplicada em outros países e que o objectivo passa por proteger os agentes, devido à natureza das funções. Por outro lado, a força da autoridade aponta que esta necessidade já se sente nos casos de infiltração: “Há uma grande parte de agentes que precisa de ocultar a sua identidade quando fazem acções de vigilância e investigação […] No regime legal contra a criminalidade organizada, já está previsto que os investigadores da PJ ocultem a sua identidade, para se infiltrarem nas associações ou sociedade secretas”, é explicado.

Pelo seguro

Esta foi uma das principais considerações para que os concursos de admissão passem a ser secretos, em casos especiais. “A divulgação da identidade do respectivo pessoal pode constituir um risco para a segurança do pessoal, pelo que é necessário tomar medidas de protecção adequadas” é sustentado.

A PJ aponta ainda que Portugal segue um regime igual, em que os concursos podem ser ocultados, caso o ministro da Justiça decida, e que mesmo o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) já contrata de acordo com este regime, excepção feita aos casos em que o Chefe do Executivo a pede para divulgação.

Ainda de acordo com o documento divulgado, a PJ espera que após a revisão da lei “o pessoal possa ter melhores condições para a execução da lei” e seja garantida “a segurança” dos agentes. O comunicado aponta igualmente que as alterações vão igualmente aumentar a capacidade de prevenir e combater a criminalidade para “manter a estabilidade social”.

Na quarta-feira, o director da PJ foi questionado sobre a percentagem de agentes que poderia ser contratada sem divulgação, mas não foi fornecida uma resposta à questão.

22 Nov 2019

José Mário Branco, solidário para além da vida

[dropcap]N[/dropcap]a última vez que o vi, já lá vão mais de 5 anos, ele não estava: foi uma das primeiras apresentações públicas de “Mudar de Vida”, detalhado e preciso documentário sobre a vida e a obra de José Mário Branco, exibido em sessão muito especial da edição de 2014 do festival IndieLisboa, sintomaticamente alojada numa das pequenas salas que resultou do esquartejamento de um dos grandes cinemas do centro de Lisboa, transformado em espaço mais moderno, flexível e multi-qualquer-coisa. Estava cheia, contudo, a pequena sala. Cheia de caras conhecidas, já agora. Assinalavam-se por aqueles dias os 40 anos do 25 de Abril e a exibição do filme era também um tributo à Revolução. Por isso José Mário Branco não quis lá estar: em mensagem gravada pediu desculpas ao público presente e explicou a ausência: não havia nada a celebrar naqueles 40 anos de Abril. Não nos prendamos, portanto, a uma onda qualquer de celebração nostálgica.

Eram tempos muito adversos. O país voltava a viver sob sequestro do FMI, desta vez em versão alargada, com a sinistra Troika com que a União Europeia assinalava a sua adesão inequívoca às cartilhas neoliberais dominantes: privatizações em larga escala, renúncia sistemática ao investimento público e empobrecimento generalizado, com os resultados habituais e previsíveis: ainda menos crescimento económico, ainda maior desigualdade, mais miséria e mais milionários, menos esperança e mais desespero, menos justiça e mais evasão fiscal, menos projetos e mais emigração, menos alegria e mais suicídios, menos ideias e mais miséria. Não havia nada a celebrar, de facto, naquele final de Abril que assinalava 40 anos desde que os cravos vermelhos tinham restituído ao país um horizonte de futuro. E de presente, já agora, que nós – como o José Mário Branco – queremos ser felizes agora.

Artista de variedades, compositor popular e aprendiz de feiticeiro – nunca José Mário Branco se apresentou ao público como economista. Mas é, ainda assim, exímio analista histórico das nefastas presenças em Portugal do Fundo Monetário Internacional. Pessoalmente, foi um privilégio ter lá por casa o FMI, o disco publicado em 1982 e que me acompanhou a adolescência: também eu tinha visto o meu povo a lutar, durante a infância, e soube bem a companhia para o desalento de quem cresceu assistindo à substituição progressiva das utopias comunitárias pelo individualismo galopante e as ambições económicas, sociais e políticas que o “progresso” ia trazendo – à esquerda e à direita, já agora. O FMI viria decretar a definitiva inviabilidade de qualquer alternativa de política económica ao neoliberalismo que na altura se começava a afirmar como ideologia e prática globalmente hegemónica. Talvez não fosse assim tão nosso, o Carvalhal.

Seria quase dez anos depois do FMI – o disco – que havíamos de nos cruzar com alguma regularidade. Depois de militâncias no PCP (antes do 25 de Abril) e na UDP (desde a sua fundação, em 1974), José Mário Branco havia de regressar à atividade partidária numa campanha eleitoral do PSR, por onde eu andava em 1991: uma minoria absoluta que juntava à agenda social e económica da esquerda temas até então pouco ou nada discutidos (o racismo, o militarismo, a legalização das drogas ou as liberdades sexuais) e que mobilizava um conjunto relativamente alargado de pessoas dos universos laboral, cultural e artístico, sobretudo em meios urbanos. Percorremos o norte de país com comícios em várias cidades e tive essa rara oportunidade de conhecer o José Mário Branco enquanto orador, com a mesma inquietação, o mesmo rigor, a mesma capacidade de captar a atenção de quem o ouve – não para cantar, mas para discutir novas propostas e abrir novos caminhos. Mas mais do que esse orador clarividente e com notável capacidade performativa, descobri como presença do José Mário Branco transmitia fraternidade, cooperação, aprendizagem permanente, sempre novas possibilidades de construção. Aprendia-se muito de utopias com aquele convívio e aquele trabalho conjunto. Valeram então a pena todas as travessias.

Não nos encontrámos muito depois disso. Na realidade, ambos tivemos passagens fugazes pelo Bloco de Esquerda – onde PSR e UDP viriam a desaguar – mas só coincidimos na falta de persistência: não estivemos lá ao mesmo tempo (ele esteve na fundação e quando eu cheguei já o José Mário Branco se tinha sabiamente retirado) e não nos cruzaríamos por ali. Havíamos, no entanto, de nos ir cruzando, mais ou menos ocasionalmente, ao longo da vida que se foi seguindo, que as rotas não têm como divergir assim tanto: eventos culturais, celebrações de Abril ou de Maio, manifestações pontuais, organizações diversas. E sempre encontrei a mesma disposição fraterna e incondicional. Nós, os que choramos a sua morte, aprendemos com ele que a morte nunca existiu. Sabemos que nos deixou um legado poético, político e humano que o fará continuar mais vivo do que morto por muitos anos. Sabemos que se pode ser solidário para além da vida e que de cada perda se pode fazer uma raiz. Sabemos que, apesar de todas as improbabilidades, podemos ser felizes. Mas ainda assim choramos. E sabemos que choramos mais do que a morte do José Mário Branco. Choramos as derrotas. Choramos os barcos que deitámos ao mar e ficaram pelo caminho. Choramos não ter sabido usar como devíamos a sabedoria que nos trouxe no ventre das canções. Choramos por o ter deixado partir num mundo que não fomos capazes de tornar melhor, apesar de tudo o que nos ensinou. Se não o fizemos com o Zé Mário ao nosso lado, como o poderemos fazer sem ele?

22 Nov 2019

Corridas loucas

[dropcap]O[/dropcap] Grande Prémio de Macau é disputado nas ruas da cidade, atingindo os veículos, que se lançam em curvas e contra-curvas através de ruas e vielas, velocidades superiores a 100Km/hora. Se fizéssemos isto no nosso dia a dia, seriamos considerados loucos e causaríamos terríveis acidentes. Mas Macau é um local peculiar, onde esta corrida, que faz disparar a adrenalina, se celebrizou e se tornou um acontecimento anual. Devido aos melhoramentos que foram feitos ao longo dos tempos no famoso Circuito da Guia, este ano não se registaram acidentes graves.

Muitas das ruas da cidade foram fechadas durante os quatro dias da competição. Com a ajuda da polícia de trânsito e a colaboração dos condutores locais, não houve problemas de tráfego de maior.

Ao longo dos anos, as vedações de segurança de bambú deram lugar às vedações de metal e o sistema anti-colisão tornou-se mais sofisticado. Estes melhoramentos trouxeram muito mais segurança aos pilotos e ao público. A corrida de velocidade já não é tão “selvagem”, tornou-se mais “civilizada” e procura atingir níveis de excelência.

Tomemos a “Taça do Mundo de GT da FIA” como exemplo. Quer Laurens Vanthoor, quer Earl Bamber são pilotos da Porsche, pertencem portanto à mesma equipa. Laurens Vanthoor deixou Earl Bamber ultrapassá-lo para apanhar o piloto da Mercedes, Raffaele Marciello. Na última volta, quando estava a chegar à Rua dos Pescadores, Earl Bamber não conseguiu ultrapassar Raffaele Marciell. Bamber, em vez de tentar entalar com o seu carro o da Mercedes, o que poderia ter provocado um acidente grave, manteve-se atrás dele, chegando a abrandar para permitir que Laurens Vanthoor retomasse a 2ª. posição. Com esta postura demonstrou que lutar pela vitória não é apenas lutar pelo 1º lugar, mas sim dar o nosso melhor. O que importa realmente é ter espírito competitivo e respeito pelos outros.

Nesse mesmo dia, a polícia e os manifestantes estavam envolvidos em confrontos na Universidade Politécnica de Hong Kong, numa escalada de violência após os acontecimentos na “No.2 Bridge”, que liga a Universidade Chinesa de Hong Kong à zona ribeirinha.

Em 1973, no mesmo dia, 17 de Novembro, a Junta Militar grega enviou tanques de guerra para a Universidade Técnica de Atenas (Metsovian) para esmagar pela força a revolta estudantil. O resultado foi a morte de 23 estudantes. Por causa desta tragédia, foi implementada a “Lei de Asilo Universitário”, destinada a banir a presença da polícia dos campus universitários, mas infelizmente foi abolida em Agosto de 2019.

O Grande Prémio de Macau foi-se tornando mais seguro ao longo dos anos e o tráfego da cidade também melhorou, porque o Governo aprendeu a lição com aqueles que o precederam. A corrida decorre num circuito fechado, supervisionada por procedimentos seguros e fiáveis, da responsabilidade da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau. Os quatro dias deste evento decorreram “sobre rodas” devido à cooperação entre a polícia, o público e as instituições.

Em Hong Kong passa-se o contrário. O Governo, em vez de dar atenção às cinco reivindicações dos manifestantes, apenas atendeu a uma delas, a retirada da revisão da lei de extradição, e ignorou as outras quatro. Esta atitude fez com que a intenção de “acabar com a violência e com os distúrbios” se limitasse a ser um simples slogan e o “esforço de cooperação inter-departamental” um projecto sem conteúdo. Depois de ter sido promulgada a “Lei Anti-Máscara”, as manifestações e os distúrbios continuaram a aumentar.

Quando o Supremo Tribunal de Hong Kong interditou esta lei anti-constitucional, forçando a polícia a suspender a sua acção, o Governo de Hong Kong apelou. Desde o início do movimento “anti-extradição” até 15 de Novembro, mais de 4.400 pessoas, com idades compreendidas entre os 11 e os 83 anos, foram presas, 521 das quais formam acusadas. Mais de 9.100 bombas de gás lacrimgéneo, 14 projécteis e 4.300 balas de borracha, foram disparados e foram usadas mais de 1000 granadas de fumo. Embora as autoridades policiais tenham afirmado em sessões de esclarecimento que as acções de alguns agentes foram “desadequadas”, até agora nenhum polícia foi acusado. Ao longo dos últimos meses, o Conselho Independente, constituido para receber e avaliar as queixas contra a polícia, não fez absolutamente nada, ao passo que alguns especialistas externos, contratados por este Conselho, declararam não ter poderes para fazer prosseguir a investigação.

A violência não resolver os problemas e quando as pessoas lhe estão expostas durante longos períodos de tempo, acabam por enlouquecer. Uma cidade deve evitar ser arrastada para uma espiral de loucura e aprender a arte da negociação, porque as lutas internas só podem acabar em “destruição mútua”.

22 Nov 2019

SS e o Cometa Halley

[dropcap]O[/dropcap]ntem o GCS publicou um comunicado dos Serviços de Saúde (SS) às 9h40 sobre dois casos de infecção colectiva de gripe. Foi um dos momentos mais belos a que assisti. Não por ter qualquer predilecção virosa, mas pela raridade do evento.

Apanhar um comunicado dos SS a horas decentes num dia normal de expediente jornalístico é um acontecimento que deveria encher os céus de Macau com fogo-de-artifício, música nas ruas, beijos apaixonados e sorrisos rasgados. Se o caro leitor tiver a felicidade de aceder ao GCS e fizer uma busca por SS desde o início do mês vai reparar num padrão.

Dos 30 comunicados lançados este mês (até ontem às 16h40), apenas a gripe das 9h40 de ontem foi publicada de manhã. Se incluirmos este caso no universo de publicações verificamos que dos 30 comunicados, 5 viram a luz do dia até às 19 horas, aliás, depois do sol posto. Depois das 21h foram publicados 15 comunicados. Metade! E depois há aqueles que são lançados depois das 23h. Este mês não é excepção, se fizermos uma busca ao ano inteiro vemos o mesmo padrão. Daí a beleza da manhã de ontem.

Ainda me lembro quando vi o Cometa Halley, estávamos no ano de 1986. Primeiro era só um risco sem importância a cruzar os céus, depois um cosmos de magia abriu-se quando percebi o significado da raridade a que tinha assistido. Quem nasceu depois de 1986, ou estava a olhar para o chão nesse dia, só pode ver o Halley em 2061. Veremos quanto tempo um comunicado dos SS vai demorar a dar a volta ao GCS até ser avistado de manhã. Não sei quanto tempo será preciso, mas quando acontecer será mágico.

22 Nov 2019

A verdadeira indignação

[dropcap]D[/dropcap]isse o deputado Si Ka Lon esta semana na Assembleia Legislativa que os protestos em Hong Kong “indignam muita gente em Macau” e que devem ser reforçadas matérias e mecanismos ao nível da segurança do Estado. Si Ka Lon até pode ter razão, sobretudo se falarmos de gerações mais velhas que não conhecem outras realidades ou que estão habituadas a certos status quo.

Mas duvido que os jovens pensem assim. Aliás, diria mesmo que muitos jovens de Macau querem expressar o seu apoio ao que está a acontecer em Hong Kong, mas não podem. O que verdadeiramente indigna as pessoas, ou pelo menos deveria, é a forma como as autoridades lidam com este assunto. A deter pessoas no Leal Senado sem motivo aparente, só porque vestem umas roupas pretas. A proibir a entrada de jornalistas que, por acaso, viram a sua creditação aceite para o Grande Prémio de Macau. A negar a entrada a pessoas no território, incluindo residentes da RAEM, com base em pressupostos que podem não ser verdadeiros.

Esta deveria ser a indignação, mas num parlamento amorfo como é o de Macau, pouco se fala disto. Hong Kong é o elefante no meio da sala.

22 Nov 2019

Tiros nos pés

[dropcap]O[/dropcap] Grande Prémio de Macau é sem dúvida o evento mais internacional que se realiza no território, mas este ano ficou marcado por um episódio muito negativo, que não se coaduna com a reputação internacional da prova. Começo por apontar a proibição de entrada aos jornalistas do Apple Daily.

Neste caso a responsabilidade é totalmente de Wong Sio Chak e a comissão organizadora merece ser ilibada, até porque não controla as entradas. De acordo com os relatos, eram 10 jornalistas do Apple Daily, estavam todos acreditados, com hotéis marcados, com planos de fazer a cobertura, mas foram impedidos de entrar. Como acontece sempre nestas situações a justificação foi a ameaça à segurança. Presunção de inocência?

Não interessa. Proteger a imagem internacional da prova num fim-de-semana especial? Não interessa. Haveria mesmo razões que justificassem a proibição de entrada? Nunca vamos saber. Afinal de contas, até uma criança com um ano pode ser uma ameaça à segurança de Macau, desde que tenha nome de pró-democrata. O que é triste é o Grande Prémio de Macau ser afectado por este episódio. É o grande evento do território e merece ser protegido. Hoje o vento sopra a favor, mas amanhã não sabemos o que vai acontecer…

Uma última nota sobre a confusão da corrida das motos: houve uma falha de comunicação da organização, não vale a pena dourar a pílula porque, infelizmente, foi muito grave, mas ninguém acredita que tenha sido intencional. Deve ser assumida para se seguir em frente.

22 Nov 2019

O Carrasco invertido

[dropcap]P[/dropcap]orquê tapar a cara a alguém? Se quiser, acho que ela própria tratará de o fazer. Não precisa que alguém tenha a bondade de lhe enfiar um saco preto pela cabeça abaixo. Ah bom, mas assim é possível salvaguardar a identidade dos arguidos! Correcto!

Mas então será que é preciso montar um espectáculo para as câmaras dos meios de comunicação social de todas as vezes que a PJ promove uma conferência de imprensa para captarem aquele infeliz momento em que os arguídos do caso, tal qual um touro no curral antes de entrar na praça, passam, algemados e empurrados para a frente de objectivas, imaginando onde devem estar a pôr os pés, somente através dos furos feitos no seu traje oficial de carrascos invertidos? Talvez não!

Concordo, naturalmente que a justiça seja aplicada, os casos tratados e os individuos transportados, levados, ouvidos e sujeitos a todos os procedimentos. O que é para mim difícil de perceber é o momento em que, quem enfia o saco na cabeça, parece usar os encapuzados para validar o seu papel de justiceiro.

22 Nov 2019

Democracia: um processo, não um estado

[dropcap]É[/dropcap] verdade que a democracia se conquista e se perde. Aqui em Macau, por exemplo, estamos a perder oportunidades, uma atrás da outra, de alargar o espectro da representação democrática e tudo por causa de Hong Kong.

Sim, Hong Kong tem sido o atraso de vida na senda para a democracia. Senão vejamos. Quando as manifestações começaram em 2014, era suposto existir um sufrágio universal em 2017. As manifestações, que na realidade se estenderam até 2016, impediram a sua realização. Onde é que já se viu gente que diz querer democracia impedir um acto eleitoral, ainda que imperfeito?

Em Hong Kong, pois claro. Ora se tivesse acontecido em 2017 em HK, provavelmente teríamos votado este ano em Macau. Assim, nada, nicles, niente. Ficámos a ver os barcos a passar, que é como quem diz os tais activistas a remeterem para as calendas quaisquer possibilidades de entendimento que aprofunde a democracia nas duas regiões. Eles perderam e nós também. Como se sabe muito bem nos países onde existem actos eleitorais normais (quais são?), o avanço para a democracia é um processo de sucessivas conquistas, de permanentes novas realizações.

Passa também por um melhor acesso à educação, por exemplo. Passa por garantir o voto a todos os cidadãos (os negros só votaram plenamente nos EUA em 1968, por exemplo), passa por muitas outras coisas. É um processo, não um estado. E hoje, no século XXI, usar a violência é claramente um passo atrás nesse processo. E o pior é que a democracia é de tal modo um processo que nos países europeus, onde era suposto estar implantada, assistimos todos os dias à sua decadência.

22 Nov 2019

Um sopro de maldição

[dropcap]I[/dropcap]sto é matéria propícia à criação de maldições, coisa que rapidamente degenera em lendas e outras mistificações. Pegue-se então nela com pinças e proceda-se com cautela.

Em formato digital e à hora que se quiser, de modo tão portátil e propínquo estamos capazes de aceder ao som e à fúria da tragédia que não se faz necessário retrocedermos aos alvores da Guerra de Tróia, aos massacres de Shakespeare ou às exorbitâncias épicas de Wagner para nos entregarmos às volúptias da melancolia oferecidas pelo lamentoso espectáculo da morte dos heróis. Tomem-se por heróis aqueles tais a quem os deuses, depois de lhes infundirem o dom de um talento sobrenatural e de lhes deferirem oportunidade e rasgo para com ele nos extasiarem, prematura e perversamente lhes cortaram o cordão da vida.

Sendo assim o jazz é um campo de mártires onde florescem tantas papoilas quantas as que recordam os sucumbidos nas tragédias antigas e delas parece ter assimilado o tipo. E se o observarmos em pormenor, será na fileira dos trompetistas que com mais inclemência enegreceram as sombras do fatalismo.

Ascendido hoje à categoria de imortal, Miles Davis teve o privilégio existencial de se confirmar e ainda de se consagrar em vida. Contudo este seu triunfo, que nem uma polegada desmerece do génio, é assombrado pelos fantasmas de dois contendores, que num período decisivo lhe disputaram a primazia e talvez pudessem ter arrastado consigo a história do jazz por outra vertente. Deles remanesceu uma aura e o vislumbre do que poderiam ter alcançado se tempo lhes fosse dado para singrarem ao longo das cordilheiras donde se avistavam novos horizontes.

O mais relembrado destes imagináveis rivais de Miles foi Clifford Brown. Este virtuoso, capaz de fazer do trompete o que queria, modulou um estilo que sem apagar as labaredas do bebop dominou-lhe as chamas, de modo a que não soltasse indiscriminadamente chispas em todas as direcções. Virtuoso era também Brown nos costumes: não bebia, menos se drogava, abstinha-se de correr atrás do primeiro rabo de saias. Nada disto o poupou aos azares que infestam o jazz; morreu em 1956 numa noite de chuva na berma da estrada. Tinha 25 anos.

Mas outro trompetista, muito menos recordado, um que precedeu Miles e foi mentor de Clifford Brown, tivesse impossivelmente sobrevivido à sua existência kamikase e sabe-se lá que outras constelações não se haveriam desenhado no céu do jazz.

Para dar conta dele há que recuar um passo no tempo, porque umas histórias começam sempre dentro e outras.

O que em tão pouco tempo e tão jovem Dizzy Gillespie derrubou e ergueu, esse ferocíssimo bebop, de tal modo era inovador e intenso que desde logo deu a impressão de o jazz se ter completado e nada mais ficaria por cantar. Isto nos alvores da década de 40 ao tempo em que as cidades europeias submergiam em fogo e morte. Na cola dele Miles hesitou um bom par de anos quanto ao rumo a tomar, desconfortável com as precipitações e velocidades que Dizzy imprimira e fizera norma, sem vontade de se enredar naquelas brenhas sonoras onde não floresceria mais do que como epígono.

Mas era o período que não consentia entretantos e na alcateia do jazz jovens lobos estavam sempre dispostos a pugnar com o alfa. De modo que o próprio Dizzy teve que se haver com o ímpeto de Fats Navarro (nada a ver…) e com a influência que imprimia na promitente geração. Com um pé ainda no swing das big bands e outro na insurreição do bebop Navarro ia deixando pegadas fundas à sua passagem. Foi solista nos melhores momentos das orquestras em que participou; ombreou enquanto parceiro com músicos suficientemente firmes, que não temerem a sua veemência capaz de roubar o protagonismo. Embora não faltem vestígios do seu génio o que Fats Navarro fez muito pouco foi gravar em nome pessoal. Se a sua vida era um turbilhão de ruindades e distúrbios como poderia a sua carreira ter algum norte? Tivesse-o conseguido com duração e consistência e nada do que sucedeu à sua prematura extinção em 1950 aos 26 anos de idade seria como veio a ser.

O futuro como se sabe não existe. O que fica dele são as promessas que deixou no passado. Tantas delas não tendo sido cumpridas permitem-nos augurar futuros possíveis e diferentes para os passados que nos chegaram.

22 Nov 2019

Pasto para o bicho

[dropcap]H[/dropcap]á vários tipos de cegueiras e talvez a mais perigosa seja aquela em que não só um sujeito pensa que vê como acredita que está no ponto mais adequado para dar conta do que se passa. Esta é a terrível cegueira que, em graus distintos, nos afecta a todos. Contra mim falo.

A internet transformou o mundo assíncrono e exótico do século passado num espectáculo incessante de simultaneidade e uniformidade, de tal modo que tudo quanto nos surge nas mais diversas plataformas onde voluntaria ou involuntariamente somos expostos a informação nos parece mais ou menos compreensível. A globalização e a informação instantânea operaram uma lenta mas inexorável desexotificação do mundo.

Tirando locais excepcionalmente remotos – não tanto a nível geográfico, mas sobretudo a nível da presença das múltiplas formas de redes de comunicação imediata – tudo nos parece mais ou menos igual, mais ou menos previsível, mais ou menos compreensível, seja um desastre nuclear no Japão, uma perseguição de cariz étnico em Myanmar ou uma luta armada na América do Sul. Parece que está tudo aqui ao lado, a decorrer no quintal da nossa vasta argúcia.

Temos um ponto de vista essencialmente preguiçoso, como dizia Nietzsche, dado que funciona no modo da abreviatura, focando-se de modo muito mais agudo naquilo que realidades muito diversas têm de comum e sendo bastante mais permissivo em relação às diferenças que apresentam. Dir-se-á que é uma questão de sobrevivência. Somos animais, pelo que o processo de categorização, por muito atabalhoado que seja, é uma das formas mais eficazes que temos de mapear o nosso millieu e os perigos que nele podem ocorrer.

O problema é quando desatentos ao laxismo constitutivo no nosso ponto de vista nos deixamos enredar numa pseudo-compreensão da realidade nas suas múltiplas iterações, tomando as notas comuns pelo essencial e as diferenças pelo acessório. É assim que cresce, obscenamente, o especialista instantâneo que cada um alimenta dentro de si.

O mais interessante é que esta criatura viciada numa compreensão tão superficial como automática das coisas não perde força quando confrontada com os inúmeros erros de análise que produz. Ela própria acaba por ler esses erros pela óptica do fundamental e do detalhe: enganei-me, sim, mas são erros no âmbito do acessório. O essencial, esse, está perfeitamente dominado.

Reconhecem este animal? Das caixas de comentários? Dos artigos de opinião? Das conversas de café? Do espelho? Ele está em todo o lado.

Ao invés das beatificadas técnicas de mindfullness e de pensamento positivo, que mais não são do que a inversão do ónus da prova em relação às causas dos nossos destinos tremendamente minúsculos (se não és feliz ou bem-sucedido é porque não estás a querer sê-lo verdadeira ou suficientemente), devíamos ter muito cuidado com o pasto que damos a esta criatura para que não cresça para além da dimensão em que é verdadeiramente útil, sob pena de nos atermos de forma permanente a um modo de pensar rudimentar, infantil e, sobretudo, tremendamente erróneo.

22 Nov 2019

Hong Kong | Tribunal adia a decisão de manter ou suspender lei anti-máscara

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal de Hong Kong decidirá mais tarde se suspenderá a sua decisão de declarar inconstitucional a lei anti-máscara do governo após a solicitação da Secretaria de Justiça que argumentou a necessidade de conter a agitação na quinta-feira.

Os juízes do Tribunal de Primeira Instância, Anderson Chow Ka-ming e Godfrey Lam Wan-ho, disseram que tomariam sua decisão – vista como altamente carregada politicamente após a decisão anterior ter fomentado a ira de Pequim – posteriormente, isto depois do Governo tentar manter lei em vigor por enquanto, justificando que está a dar resultados.

A Secretaria de Justiça revelou que o departamento resolveu interpor um recurso mal o tribunal tomou sua decisão sobre a suspensão da lei. Por vezes os tribunais de Hong Kong revêem as suas decisões imediatamente após ouvir os argumentos das partes, mas os dois juízes decidiram levar um tempo para deliberar antes de proferirem a tão esperada decisão.

O acordo para que dois juízes presidam ao caso – em oposição a apenas um, como é habitual – também destaca a importância do assunto em questão.

Os dois juízes disseram que informariam o governo, os 25 parlamentares pró-democracia e o activista “Long Hair” Leung Kwok-hung, que apresentou o caso, quando tiverem decidido.

Na segunda-feira, os dois juízes decidiram que a lei anti-máscara do governo, implementada em outubro pela líder de Hong Kong, Carrie Lam Cheng Yuet-ngor, havia ido além do necessário para alcançar o objectivo das autoridades de impedir que as pessoas participassem da crescente violentos protestos contra o governo.

Os juízes também determinaram que o uso, por parte de Lam, de uma Portaria de Regulamentação de Emergência da era colonial, invocada por motivos de perigo público, para promulgar a proibição de máscara, inconstitucional.

22 Nov 2019

Hong Kong | Tribunal adia a decisão de manter ou suspender lei anti-máscara

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal de Hong Kong decidirá mais tarde se suspenderá a sua decisão de declarar inconstitucional a lei anti-máscara do governo após a solicitação da Secretaria de Justiça que argumentou a necessidade de conter a agitação na quinta-feira.
Os juízes do Tribunal de Primeira Instância, Anderson Chow Ka-ming e Godfrey Lam Wan-ho, disseram que tomariam sua decisão – vista como altamente carregada politicamente após a decisão anterior ter fomentado a ira de Pequim – posteriormente, isto depois do Governo tentar manter lei em vigor por enquanto, justificando que está a dar resultados.
A Secretaria de Justiça revelou que o departamento resolveu interpor um recurso mal o tribunal tomou sua decisão sobre a suspensão da lei. Por vezes os tribunais de Hong Kong revêem as suas decisões imediatamente após ouvir os argumentos das partes, mas os dois juízes decidiram levar um tempo para deliberar antes de proferirem a tão esperada decisão.
O acordo para que dois juízes presidam ao caso – em oposição a apenas um, como é habitual – também destaca a importância do assunto em questão.
Os dois juízes disseram que informariam o governo, os 25 parlamentares pró-democracia e o activista “Long Hair” Leung Kwok-hung, que apresentou o caso, quando tiverem decidido.
Na segunda-feira, os dois juízes decidiram que a lei anti-máscara do governo, implementada em outubro pela líder de Hong Kong, Carrie Lam Cheng Yuet-ngor, havia ido além do necessário para alcançar o objectivo das autoridades de impedir que as pessoas participassem da crescente violentos protestos contra o governo.
Os juízes também determinaram que o uso, por parte de Lam, de uma Portaria de Regulamentação de Emergência da era colonial, invocada por motivos de perigo público, para promulgar a proibição de máscara, inconstitucional.

22 Nov 2019

MNE | Apoio dos EUA aos protestos é “incentivo a criminosos”

O MNE chinês Wang Yi considerou que objectivo da legislação aprovada pelos EUA é “causar estragos ou até destruir Hong Kong”. “O Congresso dos Estados Unidos promulgou várias leis para interferir nos assuntos internos da China, violando as normas básicas das relações internacionais. Esta é mais uma”, concluiu Wang

 

[dropcap]O[/dropcap] ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, considerou ontem a aprovação pelo Congresso norte-americano de uma lei de apoio à democracia e aos direitos humanos em Hong Kong como um “incentivo a criminosos violentos”. O objectivo deste texto é “causar estragos ou até destruir Hong Kong”, acusou Wang Yi, num comunicado divulgado pelo seu ministério.

O ministro do Exterior da China, Wang Yi, descreveu a aprovação pelo Congresso da legislação dos EUA visando a China como “loucura” que prejudicará o relacionamento entre os dois países.

Em reunião com o ex-secretário de defesa dos EUA William Cohen em Pequim na quinta-feira, Wang disse que essa legislação abalou a confiança mútua entre as duas nações. “No momento, o relacionamento China-EUA atingiu uma encruzilhada crítica”, disse Wang. “Mas lamentamos ver que alguns políticos nos Estados Unidos estão agora a manchar, atacar e difamar a China a um nível próximo da loucura”.
Wang mencionou que a aprovação da legislação enviou um “sinal errado aos criminosos violentos de Hong Kong” e que vai causar danos à cidade.

Além desta legislação, existem dezenas de projectos de lei norte-americanos pendentes que visam combater a China em várias frentes.

“O Congresso dos Estados Unidos promulgou várias leis para interferir nos assuntos internos da China, violando as normas básicas das relações internacionais”, continuou Wang. “Essas práticas envenenaram seriamente a atmosfera das relações sino-americanas e destruíram a confiança mútua que construímos ao longo dos anos”, concluiu.

Trump pode vetar

Também o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou ontem que a China está pronta a “reagir com determinação” e exigiu ao Presidente norte-americano, Donald Trump, que vete a legislação.

“Nós condenamos e opomo-nos veementemente” a esta iniciativa, que “mina os interesses da China e dos EUA”, na região semiautónoma chinesa, disse Geng Shuang. “Se os EUA continuarem a tomar medidas erradas, a China de certeza tomará fortes contramedidas”, avisou Geng.

Questionado sobre o risco de aquela votação prejudicar as negociações, o porta-voz chinês disse esperar que Washington “trabalhe com o lado chinês para encontrar soluções”.

“Ninguém deve subestimar a determinação da China em salvaguardar a sua soberania nacional, segurança e interesses de desenvolvimento”, apontou Geng.

O Congresso aprovou a resolução com 417 votos a favor e um contra, após a adoção unânime pelo Senado, na terça-feira passada. A votação levou a China a ameaçar com retaliação.

As duas câmaras do Congresso também aprovaram uma medida que prevê a proibição da venda de granadas de gás lacrimogéneo, balas de borracha e outros equipamentos antimotim utilizados pela polícia de Hong Kong para reprimir manifestações.

22 Nov 2019

MNE | Apoio dos EUA aos protestos é “incentivo a criminosos”

O MNE chinês Wang Yi considerou que objectivo da legislação aprovada pelos EUA é “causar estragos ou até destruir Hong Kong”. “O Congresso dos Estados Unidos promulgou várias leis para interferir nos assuntos internos da China, violando as normas básicas das relações internacionais. Esta é mais uma”, concluiu Wang

 
[dropcap]O[/dropcap] ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, considerou ontem a aprovação pelo Congresso norte-americano de uma lei de apoio à democracia e aos direitos humanos em Hong Kong como um “incentivo a criminosos violentos”. O objectivo deste texto é “causar estragos ou até destruir Hong Kong”, acusou Wang Yi, num comunicado divulgado pelo seu ministério.
O ministro do Exterior da China, Wang Yi, descreveu a aprovação pelo Congresso da legislação dos EUA visando a China como “loucura” que prejudicará o relacionamento entre os dois países.
Em reunião com o ex-secretário de defesa dos EUA William Cohen em Pequim na quinta-feira, Wang disse que essa legislação abalou a confiança mútua entre as duas nações. “No momento, o relacionamento China-EUA atingiu uma encruzilhada crítica”, disse Wang. “Mas lamentamos ver que alguns políticos nos Estados Unidos estão agora a manchar, atacar e difamar a China a um nível próximo da loucura”.
Wang mencionou que a aprovação da legislação enviou um “sinal errado aos criminosos violentos de Hong Kong” e que vai causar danos à cidade.
Além desta legislação, existem dezenas de projectos de lei norte-americanos pendentes que visam combater a China em várias frentes.
“O Congresso dos Estados Unidos promulgou várias leis para interferir nos assuntos internos da China, violando as normas básicas das relações internacionais”, continuou Wang. “Essas práticas envenenaram seriamente a atmosfera das relações sino-americanas e destruíram a confiança mútua que construímos ao longo dos anos”, concluiu.

Trump pode vetar

Também o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou ontem que a China está pronta a “reagir com determinação” e exigiu ao Presidente norte-americano, Donald Trump, que vete a legislação.
“Nós condenamos e opomo-nos veementemente” a esta iniciativa, que “mina os interesses da China e dos EUA”, na região semiautónoma chinesa, disse Geng Shuang. “Se os EUA continuarem a tomar medidas erradas, a China de certeza tomará fortes contramedidas”, avisou Geng.
Questionado sobre o risco de aquela votação prejudicar as negociações, o porta-voz chinês disse esperar que Washington “trabalhe com o lado chinês para encontrar soluções”.
“Ninguém deve subestimar a determinação da China em salvaguardar a sua soberania nacional, segurança e interesses de desenvolvimento”, apontou Geng.
O Congresso aprovou a resolução com 417 votos a favor e um contra, após a adoção unânime pelo Senado, na terça-feira passada. A votação levou a China a ameaçar com retaliação.
As duas câmaras do Congresso também aprovaram uma medida que prevê a proibição da venda de granadas de gás lacrimogéneo, balas de borracha e outros equipamentos antimotim utilizados pela polícia de Hong Kong para reprimir manifestações.

22 Nov 2019

This is My City | Surma, a miúda de Leiria, vem à China 

Surma, nome artístico de Débora Umbelino, é o nome integrante do cartaz do novo evento promovido pelo Festival This is My City. Depois de uma residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren em Leiria, cidade natal de Surma, é a vez da cantora multi-instrumentista pisar a China. Ao HM, Débora Umbelino fala do seu novo disco, que sai para o ano e que é uma homenagem a Daniel Johnston

 

[dropcap]N[/dropcap]a carreira de Surma aconteceu tudo muito rápido. Tão rápido que a própria ainda acha que é um sonho. Natural de Leiria, cidade do centro de Portugal que tem lançado novos artistas para o panorama musical português, Débora Umbelino, nome verdadeiro de Surma, tem vindo a criar uma carreira consistente com sucesso dentro e fora do país. As suas sonoridades electrónicas têm conquistado o público, tendo-a levado ao concurso Festival Eurovisão da Canção, que não venceu, mas cujo palco partilhou com Conan Osíris.

Desta vez os dois artistas voltam a partilhar um palco, mas na China, mais concretamente na cidade de Zhuhai e em Macau, no âmbito do festival This is My City. Débora Umbelino revela ao HM estar muito empolgada não só com esta viagem, mas também com este reencontro.

“Nenhum de nós estava a ver aquilo (Festival Eurovisão da Canção) como uma competição. Já nos conhecíamos há alguns anos, desde o tempo em que o fui ver actuar nas Caldas da Rainha, em 2012 ou 2013. Partilhar o palco com ele é sempre uma alegria e uma festa. Estou ansiosa por voltar a ver o Conan, já não o vejo há algum tempo.”

A vinda à China é uma consequência natural da residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren, que estiveram neste Verão em Portugal com concertos no Porto, Coimbra, Lisboa, Leiria e Montemor-o-Novo. Em Leiria, foi a vez da banda chinesa cruzar sonoridades com Surma.

“Ao fim de duas semanas de os Wu Tiao Ren terem regressado à China apareceu a aprovação da minha ida e fiquei eufórica, pois a China sempre foi um dos objectivos maiores para ir enquanto Surma, em trabalho. Vai ser genial, estou felicíssima e espero que a China goste”, aponta.

Surma irá tocar essencialmente as músicas do seu primeiro álbum, “Antwerpen”, lançado em 2017 pela Omichord Records, editora de Leiria. “Queria ver se tinha algum tempo para tocar uma ou duas músicas novas que já estão quase acabadas, para dar um miminho à China. Vou fazer também uma colaboração com os Wu Tiao Ren ao vivo, o que vai ser muito giro, vamos ter apenas meia hora. Vai ser importante mostrar o que fazemos em Portugal no país deles e mostrar o que fizemos cá, vai ser giro ver ao vivo”, contou.

Apesar da batida electrónica, Surma é conhecida por ser uma artista multi-instrumentista, pelo que a viagem à China também lhe poderá abrir portas ao nível de novas sonoridades. “Sempre que toco fora de Portugal fico com a cabeça de uma maneira, nem sei explicar. Sinto muitas as influências quando vou lá fora, e ir à China, que é um país que me diz imenso desde pequena, vai dar-me umas influências do outro mundo e estou muito curiosa para ver o que vou achar disso tudo.”

Surma está tão aberta a novas experiências musicais que pondera até assistir a alguns concertos. “Queria ouvir as músicas tradicionais de lá, assistir a uns concertos ao vivo. Sem dúvida alguma que me vai fazer abrir os horizontes para fazer coisas diferentes, fora da caixa.”

Novo álbum a caminho

Depois do bem sucedido “Antwerpen”, Surma encontra-se a trabalhar num segundo álbum, cujo nome ainda não pode revelar, muito menos o nome dos restantes músicos com quem está a trabalhar. Este será, portanto, o seu primeiro álbum colaborativo, e que será também uma homenagem ao músico norte-americano Daniel Johnston, falecido em Setembro deste ano.

“A morte de Daniel Johnston foi um choque grande para mim, acho que tive uma epifania quando soube da sua morte. Queria fazer um álbum em sua homenagem e acho que vai ser com a colaboração de vários músicos e géneros, pois o Daniel também tinha essa imagética, a de colaborar com músicos de vários géneros musicais, e este álbum vai ser um bocado isso.”

O novo trabalho discográfico de Surma deverá misturar sonoridades que vão desde o jazz, noise, electrónica ao rock. “Estou muito curiosa para ver como vai ser o resultado final, tenho estado a trabalhar nas músicas e depois passo-as para os produtores. Acho que vai ser muito fixe, porque não vai ser um álbum só meu, vai ser colaborativo. Um desafio muito novo para mim.”

Antes do novo disco, Surma vai mostrar as primeiras canções que gravou, ainda em 2015 e que ninguém ouviu. “Vai sair um vinil de sete polegadas com músicas do início da Surma, as minhas primeiras músicas que nunca viram a luz do dia. As pessoas que me conhecem agora nunca ouviram essas músicas. Vou lançar isto como uma prenda de natal para elas.”

O segundo álbum de originais deverá sair em Setembro de 2020 mas, até lá, Surma quer tocar muito por todo o lado, algo que sempre tem feito desde o início.

Caminho atribulado

Antes de ser Surma, Débora Umbelino quis experimentar uma panóplia de instrumentos e experiências musicais. “O meu caminho na música sempre foi um bocadinho atribulado, com cinco anos disse à minha mãe que queria aprender bateria, mas ela não me deixou. Depois passei para a flauta, depois saí porque não gostava. Entre os dez e os 13 anos andei em guitarra e piano clássico, mas desisti. Com 15 anos recebi um convite de um colega meu para começar uma banda de covers. Até aos 18 anos tivemos a banda, enveredámos pelos originais. Depois fui para Lisboa e saí da banda, e foi aí que a Surma apareceu, com 19 anos.”

Desde então que não tem parado, com concertos em Portugal e também na Europa. “Tenho tido muita sorte como Surma, tenho uma equipa muito boa ao meu lado. Tenho tido uma adesão muito positiva por parte de Portugal e depois o álbum foi lançado para a Europa e fiquei com uma reacção muito boa também. Acho que ainda está tudo a ser um sonho constante para mim desde 2017. Não sei muito bem a que se deve este crescimento, tenho tido muito trabalho.”

Surma assume que, quando sobe ao palco, já reconhece muitos rostos que a seguem para a ver e ouvir. “Criou-se um misto de amizade muito grande entre mim e as pessoas que vão aos concertos, já se conhecem as caras. Os concertos são familiares.” Na China, Surma poderá criar, assim, uma nova família.

22 Nov 2019

This is My City | Surma, a miúda de Leiria, vem à China 

Surma, nome artístico de Débora Umbelino, é o nome integrante do cartaz do novo evento promovido pelo Festival This is My City. Depois de uma residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren em Leiria, cidade natal de Surma, é a vez da cantora multi-instrumentista pisar a China. Ao HM, Débora Umbelino fala do seu novo disco, que sai para o ano e que é uma homenagem a Daniel Johnston

 
[dropcap]N[/dropcap]a carreira de Surma aconteceu tudo muito rápido. Tão rápido que a própria ainda acha que é um sonho. Natural de Leiria, cidade do centro de Portugal que tem lançado novos artistas para o panorama musical português, Débora Umbelino, nome verdadeiro de Surma, tem vindo a criar uma carreira consistente com sucesso dentro e fora do país. As suas sonoridades electrónicas têm conquistado o público, tendo-a levado ao concurso Festival Eurovisão da Canção, que não venceu, mas cujo palco partilhou com Conan Osíris.
Desta vez os dois artistas voltam a partilhar um palco, mas na China, mais concretamente na cidade de Zhuhai e em Macau, no âmbito do festival This is My City. Débora Umbelino revela ao HM estar muito empolgada não só com esta viagem, mas também com este reencontro.
“Nenhum de nós estava a ver aquilo (Festival Eurovisão da Canção) como uma competição. Já nos conhecíamos há alguns anos, desde o tempo em que o fui ver actuar nas Caldas da Rainha, em 2012 ou 2013. Partilhar o palco com ele é sempre uma alegria e uma festa. Estou ansiosa por voltar a ver o Conan, já não o vejo há algum tempo.”
A vinda à China é uma consequência natural da residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren, que estiveram neste Verão em Portugal com concertos no Porto, Coimbra, Lisboa, Leiria e Montemor-o-Novo. Em Leiria, foi a vez da banda chinesa cruzar sonoridades com Surma.
“Ao fim de duas semanas de os Wu Tiao Ren terem regressado à China apareceu a aprovação da minha ida e fiquei eufórica, pois a China sempre foi um dos objectivos maiores para ir enquanto Surma, em trabalho. Vai ser genial, estou felicíssima e espero que a China goste”, aponta.
Surma irá tocar essencialmente as músicas do seu primeiro álbum, “Antwerpen”, lançado em 2017 pela Omichord Records, editora de Leiria. “Queria ver se tinha algum tempo para tocar uma ou duas músicas novas que já estão quase acabadas, para dar um miminho à China. Vou fazer também uma colaboração com os Wu Tiao Ren ao vivo, o que vai ser muito giro, vamos ter apenas meia hora. Vai ser importante mostrar o que fazemos em Portugal no país deles e mostrar o que fizemos cá, vai ser giro ver ao vivo”, contou.
Apesar da batida electrónica, Surma é conhecida por ser uma artista multi-instrumentista, pelo que a viagem à China também lhe poderá abrir portas ao nível de novas sonoridades. “Sempre que toco fora de Portugal fico com a cabeça de uma maneira, nem sei explicar. Sinto muitas as influências quando vou lá fora, e ir à China, que é um país que me diz imenso desde pequena, vai dar-me umas influências do outro mundo e estou muito curiosa para ver o que vou achar disso tudo.”
Surma está tão aberta a novas experiências musicais que pondera até assistir a alguns concertos. “Queria ouvir as músicas tradicionais de lá, assistir a uns concertos ao vivo. Sem dúvida alguma que me vai fazer abrir os horizontes para fazer coisas diferentes, fora da caixa.”

Novo álbum a caminho

Depois do bem sucedido “Antwerpen”, Surma encontra-se a trabalhar num segundo álbum, cujo nome ainda não pode revelar, muito menos o nome dos restantes músicos com quem está a trabalhar. Este será, portanto, o seu primeiro álbum colaborativo, e que será também uma homenagem ao músico norte-americano Daniel Johnston, falecido em Setembro deste ano.
“A morte de Daniel Johnston foi um choque grande para mim, acho que tive uma epifania quando soube da sua morte. Queria fazer um álbum em sua homenagem e acho que vai ser com a colaboração de vários músicos e géneros, pois o Daniel também tinha essa imagética, a de colaborar com músicos de vários géneros musicais, e este álbum vai ser um bocado isso.”
O novo trabalho discográfico de Surma deverá misturar sonoridades que vão desde o jazz, noise, electrónica ao rock. “Estou muito curiosa para ver como vai ser o resultado final, tenho estado a trabalhar nas músicas e depois passo-as para os produtores. Acho que vai ser muito fixe, porque não vai ser um álbum só meu, vai ser colaborativo. Um desafio muito novo para mim.”
Antes do novo disco, Surma vai mostrar as primeiras canções que gravou, ainda em 2015 e que ninguém ouviu. “Vai sair um vinil de sete polegadas com músicas do início da Surma, as minhas primeiras músicas que nunca viram a luz do dia. As pessoas que me conhecem agora nunca ouviram essas músicas. Vou lançar isto como uma prenda de natal para elas.”
O segundo álbum de originais deverá sair em Setembro de 2020 mas, até lá, Surma quer tocar muito por todo o lado, algo que sempre tem feito desde o início.

Caminho atribulado

Antes de ser Surma, Débora Umbelino quis experimentar uma panóplia de instrumentos e experiências musicais. “O meu caminho na música sempre foi um bocadinho atribulado, com cinco anos disse à minha mãe que queria aprender bateria, mas ela não me deixou. Depois passei para a flauta, depois saí porque não gostava. Entre os dez e os 13 anos andei em guitarra e piano clássico, mas desisti. Com 15 anos recebi um convite de um colega meu para começar uma banda de covers. Até aos 18 anos tivemos a banda, enveredámos pelos originais. Depois fui para Lisboa e saí da banda, e foi aí que a Surma apareceu, com 19 anos.”
Desde então que não tem parado, com concertos em Portugal e também na Europa. “Tenho tido muita sorte como Surma, tenho uma equipa muito boa ao meu lado. Tenho tido uma adesão muito positiva por parte de Portugal e depois o álbum foi lançado para a Europa e fiquei com uma reacção muito boa também. Acho que ainda está tudo a ser um sonho constante para mim desde 2017. Não sei muito bem a que se deve este crescimento, tenho tido muito trabalho.”
Surma assume que, quando sobe ao palco, já reconhece muitos rostos que a seguem para a ver e ouvir. “Criou-se um misto de amizade muito grande entre mim e as pessoas que vão aos concertos, já se conhecem as caras. Os concertos são familiares.” Na China, Surma poderá criar, assim, uma nova família.

22 Nov 2019

IFFAM | O espectáculo do cinema está a chegar

A edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa) acontece entre 5 e 10 de Dezembro e abraça um cartaz com cerca de 50 filmes. Numa edição que pretende celebrar os 20 anos da RAEM, o destaque vai para o cinema local. No entanto, há também ilustres filmes do novo cinema chinês e claro as películas integradas na competição internacional

 

Apresentações Especiais para o 20.º Aniversário da RAEM

 

Ina and the Blue Tiger Sauna

Ina and the Blue Tiger Sauna é um thriller acerca da face obscura de Macau, onde o crime e a prostituição se cruzam na noite. Ina tem 19 anos quando regressa a Macau para morar com o pai, Loong. Longe de casa, enquanto vai dividindo os dias junto do namorado Chong e a orquestra onde toca violino, não imagina que um plano para assassinar o pai, está a ser preparado pelos seus rivais. Daí até descobrir que o pai era proprietário de uma das mais bem sucedidas saunas de Macau é um ápice, que ganha contornos rocambolesco quando Ina se vê envolvida numa disputa perigosa pela compra do espaço da sauna (Blue Tiger Sauna) contra o maior concorrente do seu pai. A actriz de Macau Eliz Lao é Ina e Blue Tiger Sauna conta com a realização de Bernardo Rao and Antonio Caetano De Faria.

Let’s sing

Let’s sing é um filme luminoso e bem-disposto que coloca Fong, uma adolescente que sonha ser cantora, no palco de um conturbado percurso rumo ao sonho de singrar no mundo da música. Tudo começa quando Fong ameaça o talentoso professor Cheong Chi Ian para o convencer a dar aulas. Daí nasce uma química, no mínimo, especial entre os dois, que leva a que Fong cante uma canção pouco adequada para a sua própria escola. O incidente, que leva inclusivamente que Cheong Chi Ian seja dispensado e que Ina abandone a escola, acaba estranhamente por dar visibilidade à jovem cantora, colocando-a no palco de uma grande competição musical. No entanto, há uma condição: Ina tem de actuar com a mesma canção com que cantou na escola. Os dilemas são mais que muitos e nem a família, nem Cheong Chi Ian aprovam que Fong repita a actuação na competição. No entanto, Fong tem um sonho e não desiste dele.

Patio of Illusion

Patio of Illusion acompanha as mudanças na vida e na relação de um jovem casal de Macau após 1999, ano que marcou a transferência da soberania de Macau de Portugal para a China. Ao longo de mais de 20 anos, o filme realizado por Shangshi Chen acompanha a transformação de Macau desde então, cruzando-a com o desenrolar da vida do casal ao longo das várias etapas marcantes da sua vida. A vida do casal, que entretanto enfrenta o desafio da paternidade e de uma socialização massiva, vai reflectindo os altos e baixos de uma região enquanto se transforma numa capital do jogo com a proliferação de inúmeros casinos, mas sem esquecer a crise financeira de 2008 ou outros desastres que Macau teve de enfrentar. Patio of Illusion conta no elenco com as participações de Eugene Tang, Kary Tang, Machi Chon, Bonnie Lei, Elvis Chao. Hedy Kou e Lok Cheong.

Novo cinema chinês

Over the sea

O som de uma canção embala a cumplicidade entre uma criança de 11 anos e a sua prima. Xiaojie é uma criança selvagem que foi deixada para trás, crescendo sem referências, entre as memórias dos pais e o mar no horizonte. Os pais, imigrantes que partiram para trabalhar, não regressam há muitos anos e Xiaojie apega-se à prima, para si único símbolo de amor e de esperança. Com as cores do entardecer como pano de fundo, Over the sea chama para a ribalta o fenómeno das crianças abandonadas na China, de um ponto de vista íntimo e emocional, em vez de focar estatísticas alarmantes e os flagelos sociais. Over the sea conta com a realização de Sun Aoqian e no elenco com Yu Kunjie, Li Reb, Sun Xinfu.

Dwelling in the Fuchun Mountains

No dia da comemoração dos 70 anos, a matriarca da família Gu sofre um derrame cerebral, precipitando a sua demência. Sem palavras. Os seus quatro filhos enfrentam mudanças profundas no relacionamento entre si, enquanto lidam com os seus próprios problemas familiares. O destino das suas vidas, ligadas pelo amor e desafiadas por perguntas e dilemas, desenrolam-se ao longo das quatro estações do ano, tal qual uma antiga pintura chinesa: Dwelling in the Fuchun Mountains, do pintor Huang Gongwang. Dwelling in the Fuchun Mountains conta com a realização e autoria de Xiaogang Gu e no elenco, com as participações de Youfa Qian, Fengjuan Wang, Zhangjian Sun.

Wet Season

Singapura. A chuva cai intensamente. Estamos na época das monções na cidade, quando Ling uma professora de chinês vê o seu casamento e a sua vida escolar desmoronar, por não ser capaz de ter filhos. No entanto, uma improvável relação com um aluno seu acaba por devolver a confiança perdida e ajudá-la a reafirmar a sua identidade. Em Wet Season, o realizador Anthony Chen explora a condição feminina, sem puxar pelo drama, mas permitindo que o público se envolva delicadamente com o complexo quotidiano de Singapura. A não perder no cartaz do IFFAM, Wet Season conta no elenco com Yeo Yann Yann, Christopher Lee, Koh Jia Ler e Yang Shi Bin.

Competição Internacional

Homecoming

Tentando encontrar soluções para os conflitos do seu casamento, Aida faz uma viagem com o marido de volta a casa. Durante a viagem envolvem-se num acidente de viação e, involuntariamente, acabam por matar um homem. Um homem que era marido de alguém. Após o sucedido, o casal faz um desvio para a aldeia de onde é originário o homem, para prestar homenagem à viúva. É aqui que tudo acontece, numa jornada inesperada de busca por respostas às grandes questões da sua vida e pela inevitabilidade de enfrentar um futuro diferente, este é um regresso a casa que acaba também por ser uma metamorfose em todos os sentidos da palavra. Homecoming conta com a realização de Adriyanto Dewo e conta no elenco com Putri Ayudya Asmara Abigail, Ibnu Jamil e Yoga Pratama nos papéis principais deste filme 100 por cento indonésio.

Two of us

Nina e Madeleine são duas mulheres reformadas e secretamente apaixonadas há várias décadas. À vista de todos, incluindo a família de Madeleine, são pura e simplesmente vizinhas que vivem no último andar do mesmo prédio. No entanto, longe dos olhares indiscretos, as duas mulheres vão e vêm, alternando espaços entre os seus dois apartamentos que acabam por ser lugares de partilha dos prazeres e da vida que levam em conjunto. Naturalmente que depois a relação acaba por ficar virada do avesso quando um acontecimento inesperado, que coloca mesmo as suas vidas em risco, revela involuntariamente, toda a verdade da sua relação. Two of us é uma co-produção francesa, belga, holandesa e luxemburguesa e conta com a realizaçao do italiano Filippo Meneghetti. Martine Chevallier é Madeleine e Barbara Sukowa é Nina e neste filme falado em francês.

Bellbird

Do neo-zelandês Hamish Bennett, Bellbird conta a história de Ross, um agricultor parco em palavras, a partir do momento em que este parece perder o rumo da sua vida, quando a sua mulher, Beth, morre inesperadamente. Sem ninguém por perto interessado em ajudar nos trabalhos diários da quinta, nem mesmo o seu filho Bruce, surge Marley uma jovem disposta a apoiar e a mudar o rumo da vida do ainda mais mal-humorado Ross. Ross dispensa a ajuda de Marley mas Marley lá vai aparecendo e ajudando na ordenha, enquanto ignora a má disposição do velho Ross, até que, quase um ano após a morte de Beth, a questão se torna incontornável e a necessidade de encontrar o seu lugar no mundo tende a vir ao de cima. Belbird é um filme falado em inglês e conta no elenco com Marshall Napier, Cohen Holloway, Rachel House, Kahukura Retimana, Stephen Tamarapa e Annie Whittle.

22 Nov 2019

Mulher birmanesa condenada a 2 anos e meio por abandonar bebé

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal Judicial de Base (TJB) condenou a empregada doméstica, de nacionalidade birmanesa, que abandonou a filha recém-nascida a pena de prisão de dois anos e meio. A mulher, de apelido Lalawn, foi condenada pelo crime de exposição e abandono, delito que se for “praticado por ascendente, descendente, adoptante ou adoptado da vítima”, pode resultar em pena de prisão de 2 a 5 anos. Segundo informação veiculada pelo jornal Ou Mun, a arguida foi absolvida do crime de tentativa de homicídio.

O caso remonta a 13 de Dezembro do ano passado, quando a empregada jantava em casa dos empregadores, um casal. Durante a refeição, a arguida queixou-se de dores de barriga e foi à casa-de-banho. Passados cerca de dez minutos, a patroa preocupada com o estado de saúde da empregada, dirigiu-se à casa-de-banho onde a encontrou a limpar sangue do chão. A descoberta levou o casal a alertar as autoridades policiais, que chegaram a casa dos empregadores acompanhados por um médico.

De acordo com o jornal Ou Mun, o médico confirmou que a empregada acabara de dar à luz, mas como a polícia não encontrou o bebé não deteve a arguida.

Só na madrugada do dia seguinte, quando a patroa limpava a casa-de-banho, o choro da criança alertou para o seu paradeiro. A recém-nascida foi resgatada no parapeito entre a janela e o ar-condicionado em estado de hipotermia, apesar de estar embrulhada numa toalha. Depois de uma noite ao relento, sujeita a uma temperatura na ordem dos 11 graus, a recém-nascida foi transportada prontamente para Centro Hospitalar Conde de São Januário e acabou por sobreviver.

A mãe foi detida e acusada pelos crimes de tentativa de homicídio e exposição ou abandono, depois do teste ADN ter provado a maternidade.

Espada e parede

O caso revelou as dificuldades por que passam as trabalhadoras não residentes grávidas, que não podem legalizar os filhos no território.

Aliás, este passou a ser um dos desafios do Centro Bom Pastor. Em declarações ao HM em Abril, a directora da instituição, Juliana Devoy, comentou este caso específico e alertou para a encruzilhada que estas mulheres enfrentam. “Do que tem sido a nossa experiência, se a mãe não for residente tem de levar o bebé para o seu país de origem. Parece tão injusto. Em Hong Kong, por exemplo, podem dar o bebé para adopção se assim o entenderem”, realçou Juliana Devoy.

22 Nov 2019