Andreia Sofia Silva SociedadeJornal escreve que Kevin Ho pode vir a reforçar investimento na Global Media [dropcap]A[/dropcap]fonso Camões, administrador do grupo Global Media, disse que até Setembro deverão ser despedidas 200 pessoas dos meios de comunicação do grupo, sendo que não existe dinheiro para rescisões amigáveis. A notícia foi avançada esta sexta-feira pelo semanário Expresso, que também fala da possibilidade de o empresário Kevin Ho, que é o principal accionista do grupo, com 30 por cento, poder estar interessado em reforçar o investimento já feito. Os salários dos jornalistas relativos ao mês de Junho foram pagos depois da data prevista, tendo o atraso sido justificado “por uma transferência internacional”. O Expresso escreve que terá sido Kevin Ho a adiantar o dinheiro para esse fim. Afonso Camões reuniu com delegados sindicais de todas as publicações do grupo, tal como o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF e O Jogo. Nos encontros foi deixado claro que os despedimentos tem mesmo de acontecer até Setembro, caso contrário o grupo corre o risco de “entrar em colapso”. O jornal soube, junto de fontes sindicais, que o grupo pode vir a enfrentar a insolvência se não mexer nos quadros da empresa. Actualmente o grupo atravessa uma grave crise de tesouraria, não tendo dinheiro para pagar a fornecedores. O Banco Comercial Português (BCP) e o Novo Banco já terão cortado o financiamento. Os 200 despedimentos só poderão ser evitados se for vendida a gráfica Naveprinter, que a Global Media possui nos arredores da cidade do Porto. Sindicato não sabe de nada Os encontros entre Afonso Camões, ex-director do Gabinete de Comunicação Social entre 1991 e 1999, decorreram depois do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dito que acompanhava “toda a situação há vários meses”. Sofia Branco, que preside ao Sindicato de Jornalistas, disse ao Expresso que o grupo Global Media continua a não dialogar com os trabalhadores. “Nunca fomos recebidos, nunca fomos informados de nada”, diz Sofia Branco, para quem esta “atitude intolerável não tem paralelo em nenhum grupo de media com esta dimensão”. A falta de informações “potencia a instabilidade laboral e social” e favorece um ambiente de dramatismos “em que circulam os rumores mais desencontrados”, adiantou a jornalista. A grave crise financeira que o grupo atravessa deverá atrasar o processo de mudança do Jornal de Notícias, que abandona o icónico edifício situado no centro da cidade do Porto. É nesse mesmo edifício que vai nascer um novo hotel de luxo graças ao investimento de Kevin Ho.
Raquel Moz SociedadeTrabalhador filipino ainda não foi compensado por acidente de trabalho Reymond Tagacay acaba de sair do hospital, após o grave acidente de trabalho que lhe amputou a perna e o deixou mais de seis meses na cama do hospital. Agora espera ser compensado pela incapacidade sofrida, mas o ‘blue card’ expira já a 10 de Agosto [dropcap]O[/dropcap] trabalhador filipino que sofreu um acidente de trabalho a 31 de Outubro de 2018, acabando por perder uma perna, saiu na semana passada do hospital e procura agora ajuda para obter uma compensação financeira por amputação física. A notícia foi avançada na sexta-feira passada pelo canal português da TDM – Teledifusão de Macau, que ouviu o pedido de apoio feito pela vítima e procurou respostas junto do empregador, sem sucesso. O Consulado das Filipinas, que até ao contacto feito pelos jornalistas não havia prestado qualquer assistência ao acidentado, já se encontra a acompanhar o caso. Reymond Tagacay tem 41 anos e trabalhava num centro de lavagem de automóveis em Macau, até ao dia em que sofreu um acidente de trabalho, ficando entalado entre dois carros e com uma perna esmagada, que o deixou amputado e hospitalizado durante mais de meio ano. Como descreveu à TDM, “eram cerca das 11h30 da manhã, estava a lavar um carro e, quando comecei a secar um Mercedes-Benz, apercebi-me que um Toyota Alphard vinha na minha direcção. Eu estava sob a máquina de lavagem e um colega meu de trabalho vinha a conduzir o carro. Quando eu me apercebi estava perto demais. Veio contra mim, arrastou-me uns cinco metros e eu caí. Fiquei quase uma hora preso no meio dos dois carros. Fiquei debaixo do carro. Senti muita dor e havia muito sangue. Então vi o meu pé, que já estava cortado”. Seis pessoas ficaram feridas, duas com gravidade, no acidente em que esteve envolvido. Uma delas sofreu uma fractura na cabeça, de que já recuperou, regressando entretanto às Filipinas. O outro sinistrado foi Reymond Tagacay, que acabou por ser amputado acima do joelho e só viria a deixar o hospital no início da semana passada. A médica que lhe deu alta, após a colocação de uma prótese artificial, aconselhou-o a voltar ao trabalho e a procurar residência perto do local de emprego, “porque em Macau, disse ela, não há ninguém para dar assistência aos deficientes físicos”. Mas o sinistrado afirmou sentir-se incapacitado para realizar as anteriores tarefas, “os carros têm de ser lavados em três minutos cada um. Como é que eu posso fazer isso?”, agora que não tem uma perna e que nem consegue caminhar com a prótese, por lhe provocar “muitas dores” e ainda não ter tido tempo de se habituar. Visto com dias contados A sua intenção é poder regressar às Filipinas, mas não consegue receber resposta da entidade patronal, nem assistência consular sobre a eventual compensação do seguro pelo acidente de trabalho. As contas hospitalares foram pagas na quase totalidade pela seguradora, que entregou o montante ao empregador, de acordo com a reportagem televisiva. Entretanto, Reymond Tagacay recebeu já o aviso da DSAL de que não irá receber os ordenados de Julho e Agosto e de que o visto de trabalho expira no dia 10 do próximo mês. O filipino precisa de um documento que declare que é incapacitado permanente e quer contactar o patrão para chegar a acordo sobre uma recompensa justa pela situação em que se encontra e pelas dificuldades futuras. Até agora, afirma que lhe foi sugerido várias vezes que assinasse papéis em chinês para encerrar o caso. Mais estranho ainda, Raymond confessou nunca ter tido acesso ao contrato de trabalho, até depois do acidente, em que veio a rubricar um novo documento onde declarava um salário mais alto do que aquele que recebia. Da parte do Consulado das Filipinas houve apenas a indicação para que tentasse resolver o problema directamente com o empregador. Só agora é que está a ser ajudado formalmente. Quando sofreu o acidente, a família veio a saber da situação pelos amigos, não tendo sido contactada pelo consulado, pela empresa ou pelo hospital. A mulher, que trabalhava como empregada doméstica em Hong Kong, teve que se mudar para Macau e procurar aqui trabalho, ficando a ganhar menos para poder acompanhá-lo. O casal tem dois filhos a estudar nas Filipinas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeObras | Governo recusa adjudicar obra a Nam Kwong por “forte presunção de conluio” A proposta da Nam Kwong para o concurso público de renovação do sistema de combustíveis do terminal marítimo foi aceite num primeiro momento, mas acabou recusada, uma vez que a empresa era accionista em todas as propostas do concurso público [dropcap]O[/dropcap] Governo declarou extinto o concurso público para a atribuição da obra de renovação do sistema de combustíveis do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior. Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), a decisão teve por base um despacho do Chefe do Executivo e que justifica a medida com existência de “forte presunção de conluio entre os concorrentes”. “Por despacho do Chefe do Executivo exarado em 27 de Junho de 2019, […] no concurso em causa, há forte presunção de conluio entre os concorrentes, estando reunidos os pressupostos de não adjudicação”, pode ler-se no documento. O procedimento que tinha sido aberto em 3 de Abril deste ano foi assim declarado extinto. No concurso em causa tinham sido apresentadas as seguintes propostas: uma pela Companhia de Inspecção de Equipamentos Especiais da China (Macau), outra pela Agência Nam Kwong Lun Fat, e finalmente a proposta da Companhia de Produtos Químicos e Petrolíferos Nam Kwong. A última proposta foi a única a ser aceite e iria fazer o trabalho em 168 dias úteis, a troco de 18,6 milhões de patacas. Contudo, como o HM revelou anteriormente, apesar de apenas dar o nome à última concorrente, a Companhia de Produtos Químicos e Petrolíferos Nam Kwong era accionista em todas as participantes. Foi este aspecto que o Governo considerou justificar a “forte presunção de conluio entre os concorrentes”. Esta realidade contrariava também o programa do concurso que definia que a não adjudicação deveria ser a opção tomada se houvesse “forte presunção de conluio entre os concorrentes”. O programa do concurso avançava mesmo com exemplos e diz que a situação é dada como provada quando “entre os concorrentes neste concurso público existe alguém que seja sócio e administradores de dois concorrentes”. Lições anteriores Esta recusa impede a repetição do caso da adjudicação da construção de habitação social e de reconstrução do Pavilhão Desportivo de Mong Há. Nesse concurso público tinham sido aceites duas propostas de diferentes, mas que tinham em comum um accionista, Long Kuok Keong, o que levou a uma batalha jurídica. No final deste caso o Tribunal de Segunda Instância e o Tribunal de Última Instância (TUI) a condenaram a adjudicação. O empresário Long estava presente na proposta vencedora, através da empresa Shing Lung, que participou em consórcio com a Companhia de Construção e Obras Portuárias Zhen Hwa. Mas, fazia igualmente parte da proposta que ficou no terceiro lugar, como accionista da empresa Long Cheong, que participou no concurso em consórcio com a companhia Cheong Kong. O facto do accionista apresentar duas propostas diferentes levou o TUI a considerar que “as condições normais de concorrência” não estavam garantidas. Na mesma decisão o tribunal apontou que o facto de haver um accionista comum em duas propostas diferentes é um acto susceptível de “falsear as condições normais de concorrência”, o que de acordo com a lei das obras públicas obriga a que sejam “rejeitadas as propostas e candidaturas apresentadas”. Foi com esta justificação que o TUI concluiu que “as propostas [com o mesmo accionista] tinham de ser rejeitadas”. Na decisão mais recente de extinguir o concurso para a obra de renovação do sistema de combustíveis ficou por explicar a razão de, ao contrário do acórdão do TUI, ter sido aceite uma das propostas. Segundo o critério do TUI as três deviam ter sido recusadas.
Hoje Macau PolíticaAmbiente | Angela Leong pede mais veículos eléctricos no Governo [dropcap]A[/dropcap] deputada Angela Leong defendeu, em comunicado, a aquisição, por parte do Governo, de veículos eléctricos, para que haja uma redução da emissão de gases poluentes e para que haja uma promoção do uso de veículos mais amigos do ambiente. Além disso, na visão da deputada, as concessionárias de autocarros também deveriam ser obrigadas a adquirir autocarros movidos a energia eléctrica. Nesse sentido, Angela Leong espera que as autoridades possam seguir as regras estabelecidas pelo Governo Central para que todos os departamentos públicos tenham um plano de utilização e aquisição de veículos eléctricos e seja definido um prazo para a troca de carros e autocarros.
Hoje Macau PolíticaProcriação medicamente assistida | Deputada exige colaboração entre sector público e privado [dropcap]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng interpelou o Governo sobre a necessidade de desenvolver a técnica de procriação medicamente assistida no território. Nesse sentido, a deputada deseja saber se os Serviços de Saúde de Macau (SSM) vão cooperar com os hospitais neste sentido, para que mais casais com dificuldade em ter filhos possam recorrer a este método de tratamento. Wong Kit Cheng recordou que, em 2016, os SSM deixaram de comparticipar os tratamentos no exterior de casais inférteis, o que obrigou estes residentes a pagarem um preço elevado em Hong Kong ou outros locais onde se fazem tratamentos de infertilidade. Como em Macau existe este serviço no sector privado, a deputada deseja saber se o Governo está disposto a colaborar. No que diz respeito à lei que regula as técnicas de procriação medicamente assistida, não consta no relatório das Linhas de Acção Governativa para este ano, o que leva Wong Kit Cheng a questionar o seu progresso. Na sua interpelação, Wong Kit Cheng fez referencia aos dados estatísticos do centro de procriação medicamente assistida do Hospital Kiang Wu que revelam que neste momento existem 84 casais à procura de ter filhos por esta via, sendo que todos eles sao residentes de Macau. O mesmo estudo mostra que a taxa de sucesso do serviço de inseminação intra-uterina é de dez por cento, enquanto que, no caso do serviço de fertilização (IVF, em sigla inglesa), a taxa de sucesso é de 40 por cento.
João Santos Filipe PolíticaAL | Kou Hoi In esqueceu-se de Macau no juramento e teve de repeti-lo O comunicado oficial do hemiciclo não revelou a razão do juramento ter sido repetido. Contudo, o portal Macau Concealers refere que Kou Hoi In esqueceu-se de mencionar o território na segunda passagem [dropcap]K[/dropcap]ou Hoi In teve de repetir o juramento da tomada de posse como presidente da Assembleia Legislativa, depois de se ter esquecido de mencionar Macau. A razão da repetição foi avançada pelo jornal All About Macau, uma vez que o comunicado da Assembleia Legislativa, com a data de Sábado, apenas dizia que tinha sido Kou a pedir para repetir o juramento. “A pedido do Senhor Presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In, o Chefe do Executivo Chui Sai On presidiu, de novo, a cerimónia do juramento e tomada de posse do Presidente da Assembleia Legislativa”, podia ler-se no comunicado, sem informação adicional. “A cerimónia teve lugar na tarde do dia 20 de Julho de 2019, na Sede do Governo, onde o Presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In, prestou juramento perante o Chefe do Executivo, Chui Sai On, que presidiu a Cerimónia”, foi acrescentado. Contudo, o jornal All About Macau revelou que no juramento inicial, na quarta-feira, que Kou Hoi In não tinha pronunciado a palavra Macau, que é dita três vezes no texto de juramento: “Eu, juro por minha honra, ao tomar posse do cargo de presidente da Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China, que defenderei e farei cumprir a Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China, dedicarei toda a minha lealdade à República Popular da China e à sua Região Administrativa Especial de Macau […] e servirei a Região Administrativa Especial de Macau com todo o meu empenho”. O jornal All About Macau não mencionou qual a situação em que terá ocorrido o erro, mas segundo o portal Macau Concealers a palavra ignorada terá sido a segunda. O juramento de quarta-feira decorreu em chinês, língua escolhida por Kou Hoi In, sem que houvesse tradução simultânea. Já a repetição de Sábado decorreu sem que os meios de comunicação fosse convidados para o evento. O facto foi apenas comunicado pelos canais de comunicação do Governo, horas mais tarde. Kou Hoi Obama? Em Macau a repetição do julgamento poderá ser um caso único, mas no panorama internacional já aconteceu em outras situações. Em 2009, quando começou o primeiro mandato, Barack Obama também repetiu o juramento. Na cerimónia oficial de tomada de posse o então presidente norte-americano leu: “Juro solenemente que vou desempenhar o cargo de Presidente dos Estados Unidos fielmente”. No entanto, o texto original Barack Obama deveria ter dito: “Juro solenemente que vou desempenhar fielmente o cargo de Presidente dos Estados Unidos”. Por este motivo, o presidente americano acabou por realizar a cerimónia novamente na sede do Governo e ler a declaração do juramento de acordo com o que está escrito. Já em Hong Kong vários deputados foram afastados do Conselho Legislativo, durante o actual mandato, em processos relacionados com o juramento. Dois deputados afirmaram mesmo que Hong Kong não era China e foram expulsos. Outros tiveram o mesmo caminho, por detalhes técnicos, embora nunca tivessem negado que Hong Kong faz parte da China.
Hoje Macau PolíticaChui Sai On promove “sentido patriótico” de jovens de Macau [dropcap]O[/dropcap] chefe do Executivo de Macau deslocou-se no sábado à província de Hebei, no norte da China, no âmbito de uma extensa “visita de estudo” liderada pelo Governo para promover o “sentido patriótico” nos jovens do território. A meses de terminar o mandato, Fernando Chui Sai On realiza uma visita de cinco dias a Hebei, última paragem de um programa de deslocações do Executivo ao interior da China, nas quais participam, ao todo, meio milhar de jovens. Para Chui Sai On, o objectivo desta visita de estudo é “reforçar o conhecimento dos jovens de Macau sobre o invulgar processo de desenvolvimento da nação”, mas também o princípio “um país, dois sistemas”, de acordo com um comunicado oficial. A iniciativa “caminhar juntos na nova era”, que tem como pano de fundo o 70.º aniversário da implantação da República Popular da China e os 20 anos da transferência de administração de Macau, teve início no dia 14, em Jiangsu (leste), e estende-se até à próxima quinta-feira. Além do líder e dos secretários do Governo de Macau, 500 jovens distribuídos em cinco grupos participam nas deslocações, organizadas pelo Governo da região administrativa especial chinesa, Gabinte de Ligaçao do Governo Central em Macau e diversos sectores da sociedade do território. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, iniciou na quinta-feira uma deslocação de quatro dias à província de Hunan (sul), com 50 estudantes do ensino secundário e 50 jovens locais. No âmbito da mesma iniciativa, a responsável pela pasta da Administração e Justiça, Sónia Chan, visitou Guizhou (sudoeste) e o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, deslocou-se a Jiangsu (centro). As duas visitas decorreram entre 14 e 17 de Julho.
Sofia Margarida Mota PolíticaDeputados exigem esclarecimentos sobre desigualdade no tempo de licença de maternidade A proposta de alteração à lei das relações laborais prevê o aumento de 56 para 70 dias de licença de maternidade remunerados no sector provado. No entanto a função pública permite 90 dias. Para os deputados da 3a Comissão Permanente esta “discrepância” precisa de esclarecimentos por parte do Governo, apontou Vong Hin Fai após a primeira reunião de discussão na especialidade, na passada sexta-feira [dropcap]O[/dropcap]s deputados da 3ª Comissão Permanente, começou a ser discutida na especialidade a proposta de alteração à lei das relações do trabalho, querem que o Governo explique a diferença de tempo na licença de maternidade entre a função pública e o sector privado. Em causa está a mudança legislativa que passa a permitir às mães do sector privado passarem, de 56 para a 70 dias de licença remunerada. A estes dias, podem optar por acrescentar 14, sem auferir rendimentos. No entanto, o sector publico prevê 90 dias remunerados na mesma situação e “há deputados que consideram “que este período, de 70 dias para o sector privado, é insuficiente (…) e que entendem que há uma descriminação”, disse o presidente da comissão, Vong Hin Fai após a primeira reunião acerca desta matéria, na passada sexta-feira. “Por isso temos que perguntar ao Governo os fundamentos para estes 70 dias porque os trabalhadores da função pública têm direito a 90”, sublinhou. Vong Hin Fai recordou ainda que, de acordo com os dados recolhidos na consulta pública, a população defendeu, na sua maioria o aumento para 90 dias. “Sabemos que na consulta publica 80 por cento dos inquiridos apoiam a afixação de 90 dias de licença de maternidade tal como acontece com os funcionários públicos – por isso os deputados querem que o governo defenda a definição deste período [de 70 dias]”, reiterou. Medidas especiais Ainda em relação às medidas de apoio à maternidade, há deputados na comissão que sugerem que a proposta preveja a proibição de despedimento de mulheres grávidas. “Houve deputados que falaram ainda que se deve proibir o empregador de despedir uma trabalhadora grávida, mesmo com indemnização, e que deverá ser uma proibição absoluta”, referiu o presidente da 3ª comissão argumentando a “salvaguarda do emprego das trabalhadoras”. Por outro lado, a proposta prevê que durante a gravidez e nos três meses após o parto, a mulher “não pode ser incumbida de desempenhar tarefas desaconselháveis ao seu estado”. Para os deputados trata-se de uma definição ambígua e que é necessário esclarecer. “É muito abrangente. Quem decide? Quem tem o direito de dizer que tarefas são desaconselháveis?”, questionou Vong Hin Fai, acrescentando que há deputados que entendem que a avaliação deve ser feita por profissionais do sector da saúde. O trabalho em turnos da noite foi também discutido na primeira reunião acerca desta matéria, defendendo os deputados que as mulheres grávidas devem ser retiradas deste tipo de turnos. Entretanto, “há membros que acham também que o Governo, com esta proposta, alterou apenas parcialmente a lei das relações laborais e acham que estas mudanças devem ser feita de forma mais abrangente”, disse Vong acrescentando que houve ainda quem sugerisse a disponibilização de “um cronograma de trabalho nesta matéria”.
Hoje Macau PolíticaChefe do Executivo | Ho Iat Seng formaliza hoje candidatura [dropcap]O[/dropcap] ex-presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, formaliza hoje às 13h30 a sua candidatura para o mais alto cargo do Governo. “Vimos pelo presente informar que o Dr. Ho Iat Seng entregará o ‘Boletim de Propositura de Candidato à Eleição para o Cargo de Chefe do Executivo’, na próxima segunda-feira, dia 22 de Julho”, lê-se numa nota divulgada pela sede de candidatura do candidato favorito ao cargo de Chefe do Executivo. A entrega do boletim de propositura significa que Ho já reuniu pelo menos 66 assinaturas de apoio de entre os 400 membros do colégio eleitoral. O prazo termina amanhã e as eleições têm data marcada para 25 de Agosto. Conhecem-se para já 13 interessados em concorrer ao cargo de Chefe do Executivo. Entretanto o programa eleitoral dos candidatos irá ser apresentado na 10 de Agosto aos membros do colégio eleitoral, num momento que vai ser transmitido em directo, revelou na passada sexta-feira a presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo, Song Man Lei.
Andreia Sofia Silva SociedadeCaso vistos gold | Rui Cunha diz que escritório de que é sócio apenas deu apoio jurídico [dropcap]O[/dropcap] escritório de advocacia Rui Cunha, Glória Ribeiro e Associados está envolvido num alegado caso de burla com vistos gold que está a ser investigado pelo Ministério Público em Portugal e que tem como principal protagonista a empresa POAO II – Investimentos Imobiliários, de que é sócio o empresário Choi Hin Man. Aquando da publicação da reportagem sobre o negócio da POAO II – Investimentos Imobiliários no jornal Público, o HM confrontou o advogado Rui Cunha sobre a possível ligação deste ao escritório de advocacia em Lisboa. Na altura, este chegou a afirmar que nada tinha a ver com este caso. “Pessoalmente nada tenho a ver com esse assunto nem pessoas”, frisou. Contudo, a entrevista de Choi Hin Man ao HM vem mostrar que, afinal, Rui Cunha é sócio desta sociedade de advogados em Lisboa, ainda que o escritório que possui em Macau, a C&C Advogados, nada tenha a ver com este caso de alegada burla. O HM confrontou o advogado Rui Cunha com esta nova informação, que nos adiantou que tem, de facto, uma ligação antiga ao escritório de advocacia. “Nos anos 80, no início do exercício de advocacia em Macau, como igualmente tinha de dar assistência aos processos e clientes em assuntos pendentes em Lisboa, abri um escritório em Lisboa ficando inscrito na Ordem dos Advogados em Portugal. Com a constituição da RAEM, essa dependência e necessidade ficou mais reduzida, mas fui mantendo esse escritório de apoio em Lisboa, que evoluiu mais tarde para uma sociedade de advogados, juntamente com a colega dra. Glória Ribeiro que comigo ali colabora há cerca de 30 anos.” Rui Cunha considera Glória Ribeiro “pessoa de inteira confiança e que pauta o exercício da sua actividade com a maior seriedade e rigor”, explicando que o escritório de advogados em Portugal manteve a sua independência face ao escritório C&C, em Macau. “Vou acompanhando o seu desenvolvimento, como fundador, e não deixo de dar opinião e conselho quando tal se justifica.” Em defesa da colega Quando confrontado com a notícia do jornal Público, Rui Cunha diz ter-se inteirado da situação e afirma agora ao HM que o escritório em Portugal apenas deu apoio jurídico no processo de compra dos armazéns por parte de investidores chineses. “Por quanto me foi dado conhecer, o escritório sempre actuou com rigor e no âmbito estritamente de apoio jurídico, como qualquer outro escritório forense, de Macau ou de Portugal, faz e continuará a fazer, sempre dentro dos parâmetros das leis e regulamentos.” Nesse sentido, “nunca houve qualquer participação do escritório ou de qualquer dos colegas que ali trabalham, na actividade comercial dos seus clientes ou na promoção das suas ofertas ou angariação de potenciais interessados, só intervindo quando necessário fosse para dar seguimento e apoio no que era preciso intervenção de profissionais forenses, com rigor e transparência que pode ser comprovada e pondo o maior empenho no sucesso dos objectivos dos seus clientes”. Rui Cunha assegura também que o escritório ao qual dá o nome “nunca teve qualquer actividade promocional em Macau, tanto quanto saiba, e como princípio adoptado pelo escritório de Macau, aqui tem-se alheado desses processos, só muito excepcionalmente e por razões de ordem pessoal, se tem ajudado e em casos muito pontuais”. “Nenhum, creio, com qualquer relação com essa sociedade, aquele investimento ou pessoas envolvidas nesse processo, que não terá sido dirigido a interessados de Macau”, frisou. O HM fez o pedido de entrevista por email, que foi dirigido ao endereço geral da POAO II – Investimentos Imobiliários, a resposta chegou da parte do escritório de advogados que representa o empresário Choi Hin Man. Coube, assim, a Glória Ribeiro o estabelecimento do contacto entre o HM e Choi Hin Man, além do apoio da secretária pessoal do empresário.
João Santos Filipe China / Ásia MancheteHong Kong | Manifestantes atacados por “camisas brancas” [dropcap]O[/dropcap]s manifestantes que regressavam a casa por volta das 23h00 pela estação de metro de Yuen Long foram atacados por vários homens vestidos com t-shirts brancas, numa acção que está a ser associada às tríades de Hong Kong pela imprensa da RAEHK. Segundo as informações publicadas pelo portal Stand News, entre os atacados estava um deputado pró-democrata e uma mulher também terá igualmente sido vista a sangrar abundantemente na casa-de-banho. Vários vídeos a circular mostram igualmente pessoas a chorar e aos gritos dentro do metro enquanto, os membros da tríades, vestidos de branco, a cor de apoio à polícia de Hong Kong, atacam à bastonada as vítimas. Um rapaz chega mesmo a implorar de joelho aos tríades que parem a acção, mas acabou por ser agredido no local. Várias queixas online e apontam que a polícia de Hong Kong demorou vários minutos de chegar ao local, após ter recebido os alertas. Mesmo nos momentos dos ataques não era visível um único polícia. Quando as autoridades chegaram ao local, já os alegados membros das tríades tinham fugido. A chegada das autoridades contribuiu apenas para fazer aumentar a tensão e os agentes tiveram de deixar o local sob gritos de acusação de serem corruptos e apenas protegerem as tríades. Quase uma hora depois do ataque começou a circular um video, e algumas fotos, que mostra o deputado Junius Ho. pró-Governo, a cumprimentar vários homens vestidos de branco, sendo que alguns ainda aparentam ter as canas de bambu utilizadas para os ataques.
Hoje Macau China / ÁsiaEstudo aponta ligação entre Huawei e espionagem chinesa com base em currículos vazados [dropcap]U[/dropcap]m académico norte-americano, que foi despedido no ano passado de uma prestigiada universidade chinesa, disse à Lusa ter provas de um relacionamento “institucional” entre o grupo de telecomunicações Huawei e os serviços de inteligência chineses. Christopher Balding identificou funcionários da Huawei simultaneamente empregados pelas forças armadas chinesas, ou que trabalharam anteriormente em projectos de monitoramento e ‘hacking’ de telecomunicações, e outros que descrevem o seu trabalho no grupo de tecnologia como estando ligado ao Ministério de Segurança do Estado da China. O professor na Universidade Fulbright do Vietname, em conjunto com pesquisadores na unidade de investigação norte-americana Henry Jackson Society, tiveram acesso a cerca de 25.000 currículos de funcionários da Huawei, vazados da base de dados de recrutadores chineses. “Encontramos casos em que funcionários [da Huawei] referem essencialmente que operam para os serviços de inteligência chineses ou que, ao mesmo tempo, fazem pesquisa na Huawei e estão empregados no Exército de Libertação Popular”, descreveu Balding à agência Lusa. O norte-americano admite que é comum em todo o mundo empresas tecnológicas contratarem antigos militares, mas que, no caso da Huawei, há funcionários que cooperam directamente com o Estado na colecta de dados por aparentes “motivos políticos”. “Muitos currículos referem estas operações como fruto de uma relação quase institucionalizada”, apontou. Os resultados preliminares da pesquisa, que se vai desenvolver ao longo dos próximos meses, surge numa altura de intenso debate na Europa, incluindo em Portugal, sobre se a Huawei deve ser incluída na construção de infraestruturas para redes de Quinta Geração (5G), a Internet do futuro. Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e Japão restringiram já a participação da empresa nos seus mercados. As conclusões do estudo não podem ser confirmadas independentemente, já que Balding não compartilhou a base de dados publicamente, descrevendo em termos concretos apenas três perfis, de forma a proteger as identidades dos indivíduos. O académico afirma que os dados e resultados da pesquisa foram compartilhados com pesquisadores, governos e políticos de “confiança” e que está disposto a responder a questões em particular. Em comunicado, a Huawei disse que, após uma investigação preliminar, “não detectou nenhum desses supostos” currículos de funcionários da Huawei. A empresa afirmou ainda que encoraja estudos profissionais e com base em factos. “Esperamos que, no futuro, os trabalhos de investigação contenham menos conjecturas ao formular conclusões”, acrescentou. A desconfiança sobre a Huawei é alimentada, em parte, por o seu fundador, Ren Zhengfei, ser um ex-engenheiro do exército chinês, e por uma lei aprovada em 2017, que obriga as grandes empresas chinesas a cooperarem com os serviços de inteligência do país. A empresa nega qualquer ligação aos serviços de inteligência e às forças armadas chinesas. “A Huawei mente”, diz Christopher Balding. “Eles já foram apanhados a mentir tantas vezes que perderam a credibilidade”, acrescenta. Christopher Balding leccionou, durante nove anos e até ao ano passado, na filial em Shenzhen, sul da China, da Escola de Negócios HSBC, da Universidade de Pequim. No entanto, a instituição não lhe renovou o contrato, apontando fraco desempenho académico. Meses antes Balding tinha lançado um abaixo-assinado ‘online’ para que a universidade britânica de Cambridge repusesse mais de 300 artigos politicamente sensíveis, removidos do seu portal oficial na China a pedido das autoridades chinesas.
Hoje Macau China / ÁsiaDezenas de milhares de manifestantes nas ruas de Hong Kong [dropcap]D[/dropcap]ezenas de milhares de manifestantes saíram hoje à rua em Hong Kong, para mais um protesto contra as emendas à lei da extradição, já suspensas, e o Governo da cidade. A marcha arrancou pelas 15h30, no parque Vitória, e vai terminar no parque infantil de Southorn, em Wan Chai, em vez do local inicialmente previsto junto ao Tribunal de última instância, em Central. O percurso da marcha foi reduzido por questões de segurança, tal como exigiu a polícia, e depois de a organização do protesto, a Frente Cívica de Direitos Humanos, ter perdido na véspera um recurso. A Frente, que integra 15 organizações não-governamentais e movimentos políticos, organizou duas marchas pacíficas maciças, a 9 e a 16 de Junho, que juntaram cerca de um milhão e de dois milhões de pessoas, respectivamente, de acordo com os organizadores. Apesar das manifestações serem maioritariamente pacíficas, manifestantes e polícia confrontaram-se já nas ruas da antiga colónia britânica. Dois dos protestos, a 12 de Junho e a 1 de Julho, foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que chegou a usar balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, os manifestantes invadiram mesmo o Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) de Hong Kong. A contestação nas ruas, iniciada contra um projecto de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição, generalizou-se e denuncia agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” no território. A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu que a lei estava “morta”, sem conseguir convencer os líderes dos protestos. Pequenas acções e manifestações continuam a ser organizadas na cidade para exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam. Apresentadas em Fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”. Já os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
Hoje Macau China / Ásia MancheteResidentes de Hong Kong equacionam viver em Portugal para fugir à erosão da liberdade, escreve SCMP [dropcap]P[/dropcap]ortugal é visto cada vez mais como porta de entrada na Europa para residentes de Hong Kong que pensam em emigrar, preocupados com a erosão de liberdades, noticiou hoje o jornal South China Morning Post (SCMP). Na reportagem, alguns residentes da ex-colónia britânica, agora administrada pela China, afirmam estar a pensar em obter a nacionalidade portuguesa, via ligações familiares em Macau ou através da concretização de investimentos. Alguns estiveram entre as 50 pessoas que marcaram presença numa sessão que se realizou este mês em Hong Kong na qual se deu informação sobre como migrar para Portugal por meio da realização de investimentos, organizada por uma agência de consultadoria na área de migração. “Alguns foram tentados pelo programa ‘Vistos Gold’, que oferece àqueles que fazem investimento autorizações de residência, que podem levar à obtenção de cidadania após cinco anos – abrindo a aporta a um total de 28 nações europeias”, pode ler-se no SCMP. Em resposta ao jornal, um porta-voz do Consulado geral de Portugal em Macau e Hong Kong limitou-se a dizer era habitual receberem cerca de 120 pedidos mensais de nacionalidade, sem indicar quantos deles eram de residentes de Hong Kong. A maioria das pessoas explicou que uma das justificações para procurar a emigração tem a ver com a crescente perda de liberdades no território que, há mais de um mês é marcado por manifestações maciças contra emendas a uma lei que permitiria extraditar suspeitos de crimes para o interior da China.
Hoje Macau EventosImagens que narram um século da história de Macau em exposição na Casa Garden [dropcap]M[/dropcap]acau acolhe, na próxima quarta-feira, uma exposição com mais de 150 imagens que ilustram um século da história do antigo enclave português, entre 1844 e a década de 1940. Depois de passar pelo Museu do Oriente, em Lisboa, a exposição “Macau: 100 Anos de Fotografia” chega à Casa Garden para abordar a história social e política daquele território que esteve sob administração portuguesa durante 450 anos. “Trata-se de uma mostra documental sobre a evolução da cidade, os seus costumes e tradições, a vivência das comunidades e alguns acontecimentos marcantes na história de Macau”, refere a Fundação Oriente, em comunicado. Comissariada por Rogério Beltrão Coelho, jornalista que trabalhou em Macau, a exposição reúne imagens do acervo do Museu do Oriente, mas conta com contributos do Museu Francês de Fotografia, do Museu Militar do Porto e de particulares. A exposição recorda, neste século de imagens, acontecimentos como as celebrações do IV Centenário da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia (1898), as primeiras travessias aéreas de Lisboa a Macau – 1924 e 1931 -, os efeitos dos tufões (com destaque para o de 1874) e diversas manifestações artísticas e desportivas. Além das imagens colhidas pelo fotógrafo amador francês Jules Itier em 1844 – que são as mais antigas conhecidas imagens da região – a mostra presta homenagem a Man Fok, “que pode ser considerado, em Macau, o maior fotógrafo chinês do final do século XIX”, indicou a organização. Outra figura em destaque é José Neves Catela (1902-1951), que foi, durante 25 anos, a partir de 1925, ano em que chegou ao território, “o fotógrafo português de Macau”, segundo a Fundação Oriente. Neste sentido, estarão em destaque alguns dos “mais importantes fotógrafos chineses, portugueses e de outras nacionalidades” que, ao longo daquele período, “fizeram de Macau tema das suas fotografias, incluindo profissionais sedeados em Hong Kong”. “Macau: 100 Anos de Fotografia” inaugura na quarta-feira, às 18:30, e estará patente até 21 de Setembro.
Hoje Macau EventosFIMM | Festival arranca em Outubro com ópera e jazz [dropcap]O[/dropcap] Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) arranca em Outubro com a ópera “Flauta Mágica” de Mozart, interpretada pela companhia alemã Komische Oper Berlin e a companhia britânica de teatro 1927, foi ontem anunciado. Para o Instituto Cultural (IC), que organiza o certame, trata-se de uma “produção inovadora que combina (…) a arte da animação cinematográfica e o canto ao vivo”, indicou a entidade, em comunicado. Na área do jazz, o festival traz este ano o pianista norte-americano Billy Childs, vencedor de cinco prémios Grammy, que vem acompanhado de outros três músicos. Dos Estados Unidos também voa para Macau o quinteto de sopros ‘Dorian Wind Quintet’. De regresso à região está a Orquestra Filarmónica de Viena, com a orientação do maestro colombiano-austríaco Andrés Orozco-Estrada. Já a Orquestra de Macau irá juntar-se à Orquestra e o Coro do NCPA da China para apresentar a obra Cantata do Rio Amarelo. Os bilhetes para o XXXIII Festival Internacional de Música de Macau encontram-se à venda a partir de 4 de Agosto.
Hoje Macau Eventos“Guerra dos Tronos” com recorde de nomeações para os Emmys 2019 [dropcap]A[/dropcap] corrida aos Emmy Awards 2019 – troféus que premeiam o melhor de cada ano na indústria televisiva norte-americana – foi anunciada na passada terça-feira, 15 de Julho, com a série “Guerra dos Tronos” (Game of Thrones) a arrebatar um recorde de nomeações: 32 nomeações em 26 categorias. A série de culto da HBO, que este ano emitiu a sua 9ª e derradeira temporada, conseguiu estar representada nas principais categorias, incluindo a melhor série de drama, onde enfrentará as rivais “Bodyguard”, “Ozark”, “Pose”, “Succession”, “This is Us”, “Better Call Saul” e “Killing Eve”. O elenco de “Guerra dos Tronos” está igualmente contemplado nas categorias de melhores actor e actriz numa série de drama, com Kit Harington e Emilia Clarke, melhor actriz convidada numa série de drama para Carice van Houten, três nomeações na categoria de melhor actor secundário para Alfie Allen, Nikolaj Coster-Waldau e Peter Dinklage, e quatro lugares na categoria de melhor actriz secundária para Lena Headey, Sophie Turner, Maisie Williams e Gwendoline Christie. Apesar do coro de críticas dos milhões de fãs, que exigiram um novo final para a série, a história criada por George R.R. Martin vê assim o reconhecimento do trabalho nesta última temporada, que já em 2018 arrecadou o principal galardão de melhor série dramática. O anterior recorde de nomeações, numa só temporada, pertencia à série “NYPD Blue”, da ABC (American Broadcasting Company), que foi exibida entre 1993 e 2005. E a Sra. Maisel A segunda série a reunir mais nomeações foi a comédia da Amazon “The Marvelous Mrs. Maisel”, com 19 hipóteses de prémio, logo seguida pelo recente sucesso da mini-série “Chernobyl”, que recebeu 18 nomeações, e pela comédia “Barry”, com 17 nomeações, ambas produzidas pela HBO. O canal de televisão por assinatura é assim o grande vencedor, com um total de 137 nomeações nesta 71ª edição dos Emmy Awards, batendo as posições da Netflix com 117, da NBC com 58 e da Amazon com 47 nomeações. A 71ª edição dos Emmy Awards está marcada para o dia 22 de Setembro, no Microsoft Theater de Los Angeles, manhã de 23 de Setembro, segunda-feira, aqui em Macau.
Hoje Macau EventosOitava edição do Festival Rota das Letras lança Concurso de Contos [dropcap]A[/dropcap] 8ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras arrancou, com o lançamento do Concurso de Contos nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa. Os interessados deverão submeter as suas histórias até às 20h do dia 30 de Novembro de 2019, na redacção do jornal Ponto Final ou através do email shortstories.thescriptroad@gmail.com. As regras do concurso são idênticas às de 2018, com a entrega de prémios (um para cada idioma) no valor de 10 mil patacas e a publicação em livro – nas três línguas – dos textos seleccionados. Os contos serão seleccionados por escritores que passaram pela Rota das Letras, depois de uma pré-selecção a cargo de um painel composto por representantes da organização e de outras entidades.
Andreia Sofia Silva EntrevistaBruno Vieira Amaral, escritor: “O nosso destino é o esquecimento” Bruno Vieira Amaral integrou a comitiva portuguesa que participou no II Fórum Literário China-Portugal, em Pequim. Sem romances na calha, o autor, um dos novos nomes da literatura portuguesa contemporânea, está a escrever a biografia de José Cardoso Pires. Além disso, assume que Macau poderia ser um lugar de difusão de autores portugueses e chineses [dropcap]E[/dropcap]m 2017 o escritor Bruno Vieira Amaral conheceu um pedaço da China ao visitar Macau, no âmbito do festival literário Rota das Letras. Contudo, faltava-lhe conhecer o país de que todos falam. A experiência aconteceu este ano, ao integrar a comitiva da ministra da Cultura em Portugal, Graça Fonseca, juntamente com os escritores Isabela Figueiredo e José Luís Peixoto. Em entrevista ao HM, Bruno Vieira Amaral assegura que ficou a conhecer muito pouco de Pequim, cidade onde esteve apenas quatro dias. “Não tenho muito para dizer de uma experiência que consistiu na presença num painel em que falamos sobre visão e imaginação. Creio que correu bem. Teve, se calhar, uma maior participação do público do que aquilo que estaríamos à espera, porque na verdade era um encontro mais formal para potenciar o intercâmbio entre os dois países na área da literatura. Talvez tenha sido essa a surpresa, a da participação do público.” No encontro “houve alguma dose de formalidade” e, ao contrário de Isabela Figueiredo, o autor não notou a presença da auto-censura. “Acho que isso terá mais a ver com a forma como nos posicionamos à partida e às ideias que temos formadas em relação ao país. Não posso dizer que os escritores fugiram ao tema, pois era muito abrangente. Nem todas as pessoas tem intervenções políticas, e diria que uma minoria de escritores tem uma intervenção marcadamente política. Teria ficado surpreendido se alguém falasse abertamente de política, mas não sei se houve auto-censura.” Nesse sentido, Bruno Vieira Amaral, que também escreve crónicas em jornais, assegura que ninguém, nem mesmo os escritores, são obrigados a ter posições políticas. “A mundividência de um escritor espelha-se em tudo aquilo que ele escreve. Tudo o que escrevemos tem uma leitura política e representa, acima de tudo, uma mundividência que vai além dos aspectos estritamente políticos. Um escritor não tem de assumir uma posição, nem um canalizador. Tudo o que escrevemos acaba por representar a forma como vemos o mundo.” Levar histórias aos outros Sem projectos para ser traduzido e publicado na China, Bruno Vieira Amaral assegura, contudo, que publicar na China seria um teste à abrangência da sua obra. “Ficaria muito contente se os meus livros fossem lá publicados. Quando publiquei o meu primeiro livro, ‘As primeiras coisas’, diziam-me que era sobre uma realidade muito específica e havia uma série de referências particulares que poderiam nem chegar a muitos leitores em Portugal. Nunca me preocupei com isso, e sempre me preocupei com o funcionamento interno do romance. Penso que como leitores temos de tentar ultrapassar os nossos próprios limites e ir à procura do universo que nos está a ser apresentado.” As experiências de tradução em países como a Macedónia ou a Sérvia mostraram ao escritor que “As primeiras coisas” tinha “uma série de referências que, afinal, são universais e mais abrangentes”. “Se os livros fossem publicados na China e aí encontrasse leitores, seria, uma vez mais, uma forma de testar a universalidade do livro”, acrescentou. A vida de Cardoso Pires Bruno Vieira Amaral é um dos nomes mais sonantes da nova vaga de escritores portugueses e ficou conhecido do grande público em 2013, quando publicou “As Primeiras Coisas”. O ano passado foi lançado “Manobras de Guerrilha” e, actualmente, o autor não tem ideias para outros romances, uma vez que está a trabalhar na biografia do escritor José Cardoso Pires. “Não era um dos escritores de eleição, mas tenho uma enorme admiração pelos livros. Tem estado relativamente esquecido, mas tem sido reeditado pela Relógio D’Água. Mas sabe que o destino da maior parte dos escritores é mesmo o esquecimento. Os artistas, as pessoas. O nosso destino é o esquecimento. Se pensarmos nos escritores contemporâneos do Cardoso Pires, serão poucos os que não estão mais esquecidos do que ele.” Com este trabalho, Bruno Vieira Amaral espera “trazer leitores novos para a obra do Cardoso Pires”. Sobre o esquecimento de si como escritor por parte do público, Bruno Vieira Amaral assegura que nada pode fazer. “O que podemos fazer? (Risos). Eu realizo-me a escrever, gosto daquilo que faço. Se for esquecido, ou se os livros não tiverem a atenção que os anteriores tiveram, não posso fazer nada em relação a isso. Não vou inverter o rumo da escrita porque isso são coisas posteriores ao processo da escrita. A única preocupação que tenho quando me sento a escrever é fazê-lo o melhor que sei.” O autor orgulha-se de sentir os livros como seus por inteiro. “Os romances que publiquei até agora eram aqueles que queria escrever, esses livros são meus, de uma ponta à outra. Não há nada que retirasse, mesmo os defeitos.”
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Suspeito de incêndio que matou 33 pessoas gritou “vocês vão morrer” [dropcap]O[/dropcap] suspeito do incêndio que devastou um estúdio de animação em Quioto e matou pelo menos 33 pessoas gritou “vocês vão morrer” e derramou um líquido inflamável, estando agora sob vigilância policial. De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), o oficial do departamento de bombeiros de Quioto, Kazuhiro Hayashi, confirmou as 33 mortes e acrescentou que outras 36 pessoas ficaram feridas, 10 das quais estão em estado grave. Hayashi disse que os bombeiros encontraram o maior número de vítimas no último andar do prédio de três andares, incluindo alguns que estavam nas escadas que levavam ao telhado. Dois dos mortos foram encontrados no primeiro andar, 11 no segundo andar e 20 no terceiro andar. De acordo com a imprensa japonesa, o suposto incendiário é um homem de 41 anos, que também ficou ferido no incêndio e hospitalizado. Os meios de comunicação japoneses relataram que o suspeito teria ateado fogo na porta da frente, forçando as pessoas a encontrarem outras saídas e retardando a sua fuga. Este incêndio foi o mais mortífero desde 2001, quando um outro incêndio matou 44 pessoas no distrito de entretenimento de Kabukicho, em Tóquio. Segundo a agência de notícias Efe, fontes policiais disseram que o suspeito já admitiu a culpa nos acontecimentos. “Testemunhas disseram que ouviram explosões no primeiro andar da Kyoto Animation e viram fumo”, segundo os bombeiros. “Ouvi duas explosões altas”, disse um homem no canal público japonês NHK. “Ele (o suspeito de atear o incêndio) disse: vocês vão morrer”, de acordo com outro testemunho. O incêndio aparentemente começou por volta das 9h30 da manhã de Macau, neste edifício, onde são produzidas séries de animação de televisão de sucesso. Cerca de 35 camiões de bombeiros e outros veículos foram enviados para o local. A Kyoto Animation é uma empresa que produz desenhos animados, cria personagens, projecta e vende produtos derivados de sua série de ‘manga’ (um tipo de banda desenhada com origem no Japão), incluindo Munto, Lucky Star, Melancolia de Haruhi Suzumiya e K-On! A empresa, que também inclui uma escola de animação, tem dois prédios de estúdios (incluindo um que foi incendiado) e está sediada em Quioto, no centro-sul do Japão. A companhia tem cerca de 160 funcionários. O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, lamentou ontem as vítimas do incêndio em Quioto. “Eu expresso minhas condolências (…) e rezo pela mais rápida recuperação possível daqueles que ficaram feridos”, escreveu Abe numa mensagem publicada no Twitter.
Paul Chan Wai Chi Macau Visto de Hong Kong VozesA crise em Hong Kong [dropcap]N[/dropcap]o dia 1 deste mês, fiquei no Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau a acompanhar um familiar e, por isso, não pude ir a Hong Kong assistir à manifestação de 1 de Julho, como costumo fazer. Só consegui testemunhar as dramáticas mudanças que estão a acontecer na cidade através da televisão. Fiquei esgotado, fisíca e psicologicamente, ao ponto de não ter conseguido escrever o artigo dessa semana, pelo que apresento as minhas desculpas. Os confrontos entre os manifestantes e a polícia que então se verificaram não diminuíram de intensidade, antes pelo contrário aumentaram nos dias seguintes. Os distúrbios irromperam em vários distritos e a animosidade entre manifestantes e a polícia foi subindo de tom. Quando as questões políticas não se resolvem nos locais próprios, o divisionismo no seio da sociedade de Hong Kong aumenta de dia para dia. Se o princípio da responsabilização dos funcionários superiores fosse observado, a Chefe do Executivo, Carrie Lam, assumiria a culpa e demitir-se-ia, porque ela é a responsável pela crise social que se vive na cidade. As suas afirmações sobre a “morte” da revisão da lei, não significam que a revisão seja definitivamente “abolida”. Por outro lado, sem a criação de uma comissão de inquérito independente ao comportamento da polícia os conflitos sociais não irão diminuir. No entanto, o Governo de Hong Kong não deu qualquer resposta positiva a esta questão tão clara com a qual poderia ter aliviado as tensões sociais. Se Carrie Lam tivesse anunciado oficialmente a abolição da revisão da Lei de Extradição, tivesse criado uma “comissão de inquérito independente” e tivesse designado o antigo Secretário da Justiça Andrew Kwok-nang Li, do Supremo Tribunal, para chefe da comissão, acredito que a tensão começaria imediatamente a diminuir e haveria boas hipóteses de cura das feridas causadas por toda esta divisão social. Até agora, quem é que mostrou não ter vontade de resolver a crise de Hong Kong? Quem é que está a transformar Hong Kong num palco de luta de gladiadores? Quem é que está a arrastar Hong Kong para uma crise política, pondo em causa o conceito “um país, dois sistemas”? A política é uma arte, embora não seja uma arte marcial e, como tal, não se determina quem perde e quem ganha através do uso da violência. Os chineses têm um ditado que diz “é possível chegar ao poder através da violência, mas não se pode usar a violência para governar um país”. Não se pode negar a competência a a eficácia administrativa de Carrie Lam, mas ela deixa-se muitas vezes cegar pela “arrogância e pelo preconceito” ao ponto de não conseguir aceitar as opiniões das outras pessoas. Sempre que discursa, ou faz declarações públicas, as suas palavras produzem o efeito oposto do esperado. Este facto demonstra que ela se encontra num estado de confusão e que deixa transparecer as suas emoções secretas por entre as frases que pronuncia. Não serve de nada continuar a pedir-lhe que resolva os problemas que foram criados. Os rumores recentes sobre a possibilidade da declaração da “lei marcial” em certos distritos de Hong Kong não são infundamentados. Se a situação se deteriorar, sera possível vir a declara a lei marcial na cidade inteira, que é a última coisa que as pessoas esperam. A questão que se coloca é porque é que não foi avançada até agora nenhuma solução para resolver a crise? As acções do Governo e da polícia dão frequentemente a sensação de que não sabem como sair deste dilema. A forma de sair da crise deveria ter sido pensada a partir da identificação atempada dos seus sinais, lidando com as questões e resolvendo-as, ao invés de ter permitido a criação de uma bola de neve impossível de ser travada. A análise das medidas de contigência tomadas pela polícia na manifestação de 1 de Julho, quando os manifestantes irromperam pelo edifício do Conselho Legislativo, e das acções da polícia no New Town Plaza Mall, em Sha Tin, a 14 de Julho, levou algumas pessoas a suspeitar de que há quem pretenda colocar os manifestantes e os agentes numa posição difícil, de forma a deixar tudo fora de controle. Deng Xiaoping propôs o conceito de “um país, dois sistemas” aquando da transferância de soberania de Hong Kong e Macau, para também vir a ser aplicado em Taiwan, com o objectivo de conseguir uma reunificação pacífica da China. Em Macau, a aplicação deste conceito trouxe prosperidade económica através da liberalização dos direitos do jogo e da política de “turismo de visto individual”. O “Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico” de Macau pode silenciar temporariamente a insatisfação, mas esta “gaiola dourada” não é uma opção para os habitantes de Hong Kong. Quando as reformas constitucionais falharam em Hong Kong, em 2014, as autoridades competentes não se aproveitaram do rescaldo do “Movimento dos Chapéus de Chuva” para apresentarem uma nova proposta reformista. A arrogância daqueles que detêm o poder e a ineficácia de quem os rodeia são responsáveis pela actual situação de Hong Kong. Se a aplicação do conceito “um país, dois sistemas” falhar completamente em Hong Kong”, vai ser muito difícil a sua implementação em Taiwan. Se a crise de Hong Kong se continuar a agravar, os habitantes de Hong Kong e o conceito “um país, dois sistemas” vão sofrer sérios danos. Lucrarão com esta crise serão aqueles que por ela foram responsáveis.
Andreia Sofia Silva VozesSim, somos parte da China [dropcap]A[/dropcap]i Weiwei esteve num conhecido festival de música em Portugal, o NOS Alive. Andou por lá na zona VIP, viu concertos, publicou fotografias no Instagram e falou à RTP sobre a actual situação que se vive em Hong Kong. Contudo, talvez o dissidente chinês se tenha equivocado em algumas das suas palavras, talvez devido às boas sonoridades que por lá passavam. Macau e Hong Kong sempre fizeram parte da China, mas tinham as suas próprias administrações. Depois da transição destes territórios, continuam a fazer parte da China, mas supostamente mantém a sua autonomia financeira e política até às datas que foram decididas pelos governantes na altura, ou seja, 2049 para Macau, 2047 para Hong Kong. Portanto, caro Ai Weiwei, Macau e Hong Kong nunca serão Taiwan, um território que nasceu independente e que hoje vive diplomaticamente isolado, ainda que Xi Jinping deseje que Taiwan seja como Macau e Hong Kong. A génese é diferente e sim, Macau e Hong Kong já são parte da China. A essência é outra: é saber de que forma é que são parte da China. Será que são parte da China respeitando o que foi acordado nos anos 80? Ou será que são parte da China unicamente como o Governo Central quer que sejam? É nisto que vale a pena reflectir.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Riscos de velocidades máximas da F3 dividem opiniões A confirmação do uso da última geração de monolugares na Taça do Mundo FIA de Fórmula 3 do 66º Grande Prémio de Macau, a que se seguiu o anúncio que a Federação Internacional do Automóvel (FIA) se prepara para mexer em alguns pontos estratégicos do Circuito da Guia a nível da segurança, atiçou novamente a conversa sobre as velocidades que estes pequenos carros de corrida irão atingir [dropcap]O[/dropcap]s novos carros têm um sistema DRS, a sigla inglesa para o sistema de redução de arrasto. Este sistema é visto na Fórmula 1 desde 2011 e existe com o propósito de facilitar ultrapassagens, através da redução do arrasto aerodinâmico durante um curto espaço de tempo e numa zona particular da pista. Pela primeira vez este ano, o regulamento do Grande Prémio de Macau de F3 abre a porta para o uso deste equipamento que tornará os carros ainda mais rápidos, em velocidade de ponta, apesar da FIA não ter ainda comunicado como e se este sistema será mesmo utilizado. O vencedor do ano passado, Dan Ticktum, sem beneficiar do cone de aspiração, foi cronometrado a 267km/h antes da travagem para a Curva do Lisboa. Os F3 actuais atingem velocidades de cerca de 280km/h nos circuitos convencionais, tendo superado a barreira dos 300km/h em Monza. O anterior monolugar pesava cerca de 580kg, menos cento e dez quilogramas que o actual, o que, para quem entender as leis da física, dá um momento linear superior em 33,7 por cento. O brutal acidente de Sophia Flörsch o ano passado continua bem presente em todos intervenientes. Frits van Amersfoort, o chefe da equipa por quem Flörsch conduziu em 2018, lembrou, em entrevista à revista inglesa Autosport, que “Barry Bland [ex-co-coordenador do Grande Prémio de Macau de F3] introduziu os carros de F3 em Macau em 1983. Na altura, era uma excelente ideia, mas não nos podemos esquecer que esses primeiros carros de F3 tinham restritores de ar de 24 milímetros e 190 cavalos de potência. Agora vão correr com mais de 300 cavalos. Será sensato fazê-lo?” Trevor Carlin, co-proprietário da equipa Carlin, a equipa por quem o português António Félix da Costa venceu o Grande Prémio, partilha o mesmo desassossego, como revelou à publicação britânica. “Estou ligeiramente preocupado com as velocidades, porque a velocidade máxima irá ser imensa”, afirmou o inglês, que acrescentou que “pelo que ouvi, eles (a FIA) fizeram simulações e dizem que está tudo bem. Mas claro, eles obviamente nunca estiveram ao pé do Mandarim ou do Lisboa.” Pilotos tranquilos Curiosamente, ao contrário da chefe de equipa, os pilotos estão mais tranquilos. Questionado sobre a perigosidade do Circuito da Guia numa sessão de perguntas e respostas com os fãs que antecedeu a ronda britânica do Campeonato FIA de Fórmula 3, no passado fim-de-semana, Jack Hughes, piloto que terminou em quarto lugar na pretérita edição da corrida, garantiu que “pessoalmente não acho que seja mais perigoso. Macau é perigoso, ponto final. É e sempre há-de ser. Eu não penso que a FIA vá tirar esse factor.” Para o piloto inglês, conhecedor como poucos das diferenças entre as duas gerações de carros, “as velocidades não serão assim tão mais elevadas com o novo chassis Dallara. Com o carro anterior já eram de 270km/h. Não será uma diferença enorme, apenas na primeira curva. Na montanha as velocidades atingidas não serão muito diferentes.” O jovem piloto de Macau Leong Hon Chio, que continua a trabalhar para fazer parte do lote restrito de 30 pilotos que correrão na edição deste ano da prova e que se estreou na categoria o ano transacto, em declarações ao HM, diz que “não acredita” que haja uma escalada dos riscos e reconhece que, em princípio, “estará tudo bem”. Para o piloto da RAEM, se os “Fórmula 1 correm no Mónaco, os novos F3 devem ser bons em Macau.”
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasUmwelt IV [dropcap]A[/dropcap] nossa relação com o corpo é uma relação também com o nosso ambiente, com a humidade, a temperatura, a alimentação sólida e líquida, a nossa exposição às águas que nos banham ou que bebemos, o ar que respiramos e que nos envolve, os sítios que habitamos e que nos são familiares e nos acolhem. Também temos biorritmos diferentes ao longo do dia. As horas do dia (ao romper da aurora e ao nascer do dia, de manhã, à hora do almoço, à tarde, à tardinha, ao pôr do sol e ao crepúsculo, de noite) projectam sobre o nosso corpo, alma e vida tonalidades diferentes, modos de estar físico e somático diferentes, sujeitam-nos a estados de espírito também diferentes. As horas do dia, como as estações do ano, as idades da vida influenciam o meio ambiente, influenciam-nos a nós, influenciam a relação que temos com o meio ambiente. Somos no meio ambiente diferentes ao longo das horas do dia. Do mesmo modo que nos sentimos diferentes num dia cinzento e num dia de sol, também somos diferentes ao longo das horas do dia, de dia e de noite. Há assim uma relação complexa entre os humores, bílis negra, amarela, fleuma e sangue e as disposições do Thumos. Há um nexo psicofisiológico e uma relação psicossomática no interior do próprio corpo que só é possível havendo uma psicologização do soma e uma somatização da psychê. É possível indagar deste facto não apenas em episódios e de forma avulsa, mas também diacronicamente. Há uma interacção complexa entre o grande ano da vida e as idades da vida, o ano meteorológico e as estações do ano, cada dia e as horas do dia. As idades da vida, as estações do ano, estão ligadas a curto, médio e longo prazos. Mas como se dá a ligação entre as horas do dia e o meio ambiente e as horas do dia e nós? Como se dá a ligação entre as estações do ano e o meio ambiente? Como se dá a ligação entre as estações do ano e nós? Como se dá a ligação entre a passagem dos anos e as estações do ano e o meio ambiente e a ligação entre a passagem dos anos e cada um de nós ao longo de uma vida? Há uma correlação complexa tal que o humano é o meio ambiente, o humano é a idade da vida. É do interior ou do plano de fundo do ano que se estabelecem fronteiras entre as estações do ano, as horas do dia e as idades da vida e que é isso que influencia o meio e o humano, a relação complexa saudável e nociva implica uma exposição do humano ao ano que finda. O humano está distendido no espaço, à escala universal e encontra-se distribuído num tempo que é o ano da vida.