Hoje Macau SociedadeTurismo | Macau e Portugal acordam estágios em hotelaria [dropcap]C[/dropcap]erca de 200 alunos de Macau vão estagiar em Portugal no próximo ano, uma forma de capacitar a oferta hoteleira nacional perante a crescente procura do mercado chinês, disse ontem à Lusa a secretária de Estado do Turismo. “Vamos desenvolver acções de intercâmbio com o objetivo de levar cerca de 200 alunos para fazerem estágios em hotéis em Portugal” já em 2019, avançou à agência Lusa Ana Mendes Godinho, após um encontro com o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam. “Este ano tivemos 20 alunos de Macau” num projecto-piloto, num estágio nas escolas de turismo, mas agora “o objectivo é ampliar este número significativamente”, sublinhou a governante. Ana Mendes Godinho revelou ainda que Portugal e Macau acordaram avançar com a realização de “um grande evento” em 2019 ligado à gastronomia – uma iniciativa que vai decorrer no território administrado pela China. “Vamos desenvolver acções em torno da gastronomia”, nas quais se procura expressar as influências e a cultura de ambos os territórios”, adiantou. “Este é um exemplo prático de como pode haver interligação entre a Europa e a China”, a partir destes dois territórios, destacou a secretária de Estado, acrescentando que em Março está agendada uma visita a Portugal de Alexis Tam, durante a qual “serão desenvolvidas outras acções”. As declarações de Ana Mendes Godinho foram feitas à margem do Fórum de Economia de Turismo Global de Macau que terminou ontem e que reuniu mais de um milhar de participantes, autoridades e líderes de empresas privadas de vários países do mundo durante dois dias.
João Luz SociedadeEnsino | Universidade de Macau entre as 100 melhores universidade da Ásia A Universidade de Macau é uma das 100 melhores de toda a Ásia, de acordo com o ranking da QS – Quacquarelli Symonds, que todos os anos elabora a lista das 500 melhores instituições de ensino superior. A outra instituição local no ranking é a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, que ocupa o lugar 229 [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) é a 98ª melhor universidade da Ásia, de acordo com a edição de 2019 do ranking da QS – Quacquarelli Symonds, consultora britânica da área da educação. A posição deste ano da UM representa uma subida de 27 lugares em relação ao ano passado, quando ficou na 125ª posição. No panorama global de ensino superior, a UM fica em 443º lugar. Na lista, divulgada ontem, consta apenas outra instituição de ensino superior local, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, que sobe ao 229º lugar, depois de em 2017 ter ficado na 300ª posição. No pódio das três melhores universidades figuram duas instituições de Singapura. A Universidade Nacional de Singapura ficou com o ouro nesta edição, enquanto a Universidade de Tecnologia de Nanyang conseguiu o bronze, depois de na edição anterior ter ficado em primeiro lugar. O segundo lugar foi para a Universidade de Hong Kong, o que representa uma subida de três postos. Domínio chinês A prestigiada Universidade de Tsinghua, que ocupa o primeiro lugar em termos de instituições de ensino superior da China, ficou em terceiro lugar, empatada, com a Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Singapura. A Tsinghua, que no panorama global este ano é a 17ª melhor universidade do mundo, é uma das 112 instituições chinesas a ocupar o ranking das 500 melhores universidades asiáticas, marcando o domínio quantitativo da China na lista da QS. Neste aspecto, importa salientar que entre as 100 melhor classificadas, 23 são chinesas. Virando o foco para a região vizinha, Hong Kong coloca sete universidades no ranking, seis delas entre as 100 melhores. Entre os países com mais universidades na lista da QS, o Japão é o segundo país com mais instituições no ranking da consultora britânica. De acordo com o comunicado emitido pela QS, para a elaboração do ranking global foram realizados 83.877 inquéritos a académicos e 42.862 inquéritos a recrutadores. Os indicadores analisados foram a reputação académica, reputação de empregadores, número de estudantes e doutorados, citações em papers académicos e participação em redes internacionais de pesquisas científica.
Hoje Macau PolíticaLAG | Chefe do Executivo apresenta políticas na AL a 15 de Novembro [dropcap]A[/dropcap]s Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano vão ser apresentadas no próximo dia 15 de Novembro. A apresentação, pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, está marcada para as 15h na Assembleia Legislativa (AL). Segue-se a habitual conferência de imprensa, pelas 17h, na sede do Governo. O líder do Executivo regressa ao hemiciclo no dia seguinte, desta feita, para responder às perguntas dos deputados sobre o relatório das LAG. A TDM e a Rádio Macau transmitem em directo os eventos dos dois dias. O portal do Governo e as páginas do Gabinete do Chefe do Executivo e da AL e do Gabinete de Comunicação Social também disponibilizam a transmissão em directo.
Diana do Mar PolíticaMinistério Público | Oficializada demissão de Ho Chio Meng como procurador-adjunto [dropcap]F[/dropcap]oi publicado ontem, em Boletim Oficial, um extracto do despacho do Conselho dos Magistrados do Ministério Público que oficializa a demissão de Ho Chio Meng, mais de um ano depois de o ex-procurador da RAEM ter sido condenado a 21 anos de prisão. A pena de demissão foi aplicada na sequência do processo disciplinar instaurado, em 2015, ou seja, antes de ser detido, o que sucedeu no final de Fevereiro do ano seguinte, segundo o despacho que diz que exercia funções de procurador-adjunto. Ora, o estatuto que Ho Chio Meng detinha marcou o arranque do processo. O ex-procurador alegou que não podia ser preso preventivamente atendendo à sua condição de magistrado. No entanto, o Tribunal de Última Instância assim não o entendeu, apontando que a nomeação, em Fevereiro de 2015, para o cargo de coordenador da Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal – cuja actividade se desconhece até hoje – suspendeu esse estatuto, tendo ficado antes a desempenhar funções administrativas. Isto apesar de ter sido nomeado para essa função na qualidade de procurador-adjunto e de o seu nome constar da lista de antiguidade dos magistrados do Ministério Público “em exercício”, reportada a 31 de Dezembro de 2015, afixada em Janeiro do ano seguinte.
Andreia Sofia Silva PolíticaLAG 2019 | Associações de funcionários públicos pedem aumentos salariais O Chefe do Executivo reuniu ontem com três associações que representam os trabalhadores da Função Pública, que pediram aumentos salariais e dos subsídios atribuídos à população. Pereira Coutinho sugere possibilidade de reforma depois de cumpridos 20 anos de serviço [dropcap]A[/dropcap] Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), presidida pelo deputado José Pereira Coutinho, foi uma das entidades representativas do sector que ontem reuniu com Chui Sai On no âmbito da preparação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. José Pereira Coutinho pediu aumentos salariais e acredita que o seu pedido será cumprido. “Estamos confiantes de que vai haver uma actualização salarial, é o último ano de governação do Chefe do Executivo e tudo aponta para que haja uma actualização, porque o Chefe do Executivo também nos disse que vai manter todos os subsídios.” Coutinho voltou a pedir um aumento do cheque de compensação pecuniária das actuais nove mil para 12 mil patacas, valor que é atribuído aos residentes permanentes. “Esperamos que haja aumentos dos vários subsídios, nomeadamente da compensação pecuniária para 12 mil patacas, foi o que pedimos o ano passado.” Além disso, o deputado sugeriu que se crie uma reserva de terrenos para construir casas para funcionários públicos. De acordo com a Rádio Macau, o presidente da ATFPM também defendeu a possibilidade dos funcionários públicos poderem vir a reformar-se após 20 anos de serviço. Formar lá dentro De acordo com um comunicado do gabinete do Chefe do Executivo, Tou Weng Keong, presidente da Associação dos Técnicos de Administração Pública de Macau (ATAPM), também pediu o “aperfeiçoamento das remunerações e das oportunidades de acesso para o pessoal da carreira especial”, bem como “o aumento salarial e do prémio de antiguidade dos funcionários públicos para o ano 2019”. Tou Weng Keong pediu ainda “a criação de uma entidade no seio da Administração pública para acompanhar o desenvolvimento de Macau” e o “aperfeiçoamento do regime de nomeação do pessoal de direcção e chefia”. O presidente da ATAPM exigiu também “uma avaliação ao regime de aposentação para aperfeiçoar a equipa de funcionários públicos, um reforço da implementação do governo electrónico para elevar a eficiência administrativa, a aceleração dos trabalhos de melhoria de infra-estruturas de Macau para enfrentar os futuros desafios” e também “a aposta na criação de uma cidade inteligente para impulsionar o desenvolvimento”. Os representantes da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa (ATFPOC) também estiveram ontem reunidos com Chui Sai On. Lei Wa Bao, dirigente da associação, pediu “um ajustamento salarial para 2019 que seja suficiente para manter o poder de compra e o moral dos funcionários públicos”, aponta um comunicado do gabinete do Chefe do Executivo. Lei Wa Bao pediu também “a elevação das condições de ingresso dos agentes de inquéritos dos Serviços de Estatística e Censos, o cancelamento do limite e quotas de ‘Satisfaz Muito’ no regime de avaliação do desempenho, a construção de habitação para os funcionários públicos e o aperfeiçoamento do regime de aposentação”. Este dirigente defendeu ainda uma “melhoria na formação para os trabalhadores, mais medidas para o alívio da pressão sentida pelos funcionários públicos, uma avaliação ao regime de previdência e a aceleração da reforma das carreiras da função pública”. Aumentos sem certezas Em resposta, o Chefe do Executivo não deu garantias se vai ou não aumentar os salários na Função Pública já no dia 1 de Janeiro. Chui Sai On revelou apenas que “várias associações do sector também apresentaram opiniões sobre esta matéria”. Sugestões que prometeu analisar “para ponderar a viabilidade de virem a ser adoptadas”. Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, referiu que “o Governo irá realizar consultas públicas sobre os vários trabalhos relativos à reforma dos diplomas ligados à Função Pública”. No que diz respeito à implementação do governo electrónico, que foi alvo de um relatório do Comissariado de Auditoria, que revelou falhas e gastos do erário público sem resultados, a secretária prometeu mudanças. “Nos últimos anos, a tutela tem estado empenhada na implementação de reformas no sistema da Função Pública, em dar impulso ao governo electrónico e na construção de uma cidade inteligente”, disse Sónia Chan, citada pelo mesmo comunicado. Quanto à criação de uma entidade de formação, a secretária referiu que “o Governo necessita de mais tempo para analisar essa matéria”.
Hoje Macau PolíticaLAG 2019 | Caritas pede mais serviços de tratamento de demência [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, recebeu ontem o secretário-geral da Caritas, Paul Pun, no âmbito da recolha de opiniões sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Os serviços prestados a quem sofre de demência foi um dos pontos abordados por Paul Pun que sugeriu que, na concepção de novos asilos, se inclua uma área especializada para as doenças deste foro e que os futuros lares passem a integrar um centro de cuidados de enfermagem. O secretário-geral da Caritas defendeu ainda a criação de um centro terapêutico para redução de dores, bem como um ajustamento dos serviços de apoio domiciliário à capacidade económica de cada família, entre outros.
João Santos Filipe PolíticaMembros do Conselho Profissional dos Assistentes Sociais escolhidos pelo Governo [dropcap]A[/dropcap]o contrário do que pretendiam alguns assistentes sociais, todos os dez vogais do futuro Conselho Profissional dos Assistentes Sociais (CPAS) vão ser nomeados pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Esta é a nova versão da proposta do Governo, que foi apresentada aos deputados da Segunda Comissão da Assembleia Legislativa. O CPAS vai ser o órgão responsável pela futura acreditação dos assistentes sociais quando a nova lei for aprovada na especialidade e entrar em vigor. O organismo é constituído por 11 membros. Além do presidente do conselho, há ainda 10 vogais. Destes, cinco são nomeados pelo secretário da tutela e três têm obrigatoriamente de ser assistentes sociais. Os restantes cinco também são nomeados pelo Executivo, mas os nomes são propostos por instituições do ensino superior, serviços sociais e associações. “Se os agentes do sector propuserem 20 nomes para nomear os vogais, o Governo fará a escolha de cinco entre essas 20 pessoas. Mas, claro que a decisão vai continuar a ser do Governo e haverá sempre a hipótese de não aceitar nomes propostos”, explicou Chan Chak Mo, presidente da comissão, após mais uma reunião. Outra questão levantada pela comissão foi o facto do Governo não definir a duração do mandato dos membros. A questão será definida posteriormente através regulamento, no entanto, os membros da comissão estão inclinados para que o assunto fique definida na lei. A segunda comissão esteve, ontem, a analisar a segunda versão da proposta do Governo, apresentada depois de ouvidas as opiniões dos deputados. Na prática, o número de artigos aumentou de 32 para mais de 40. “O Governo aceitou cerca de 85 por cento das alterações sugeridas pelos deputados. Agora queremos perceber qual o motivo de terem rejeitado as restantes”, frisou o presidente da comissão . Também o nome do diploma, que inicialmente era “Regime de Acreditação Profissional e Inscrição para Assistente Social”, foi alterado e passa a denominar-se “Regime de Qualificação Profissional para os Assistentes Sociais”. No entanto, o nome é visto como temporário e também pode ser alterado.
Sofia Margarida Mota Manchete ReportagemA primeira travessia da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau O primeiro carro saiu de Macau às 9h da manhã em ponto com destino a Zhuhai. Pouco depois, entrava no sentido inverso o primeiro condutor que vinha de Hong Kong. Entretanto, os autocarros começavam a vai e vem entre as três regiões. Os passageiros, na sua maioria, movidos pela curiosidade foram os primeiros a atravessar a Ponte HZM [dropcap]I[/dropcap]niciou-se ontem a circulação de veículos na ponte que liga Zhuhai, Hong Kong e Macau. O primeiro carro a entrar à hora certa, no posto fronteiriço da ilha artificial de Macau tinha Sun ao volante. Os ponteiros do relógio apontavam as 9 horas em ponto e não havia tempo a perder, uma vez que Sun estava a caminho de Zhuhai para uma reunião. Segundo o condutor, a ponte vai ser especialmente útil para se dirigir de automóvel ao Interior da China, onde tem reuniões com alguma frequência. “Esta ponte é uma estrutura que facilita muito o transporte entre as regiões, o que ajuda nas relações comerciais”, disse satisfeito. Já no sentido inverso, e minutos depois entrava em Macau Chen, vindo de Hong Kong. Em declarações ao HM, mostrou-se especialmente satisfeito por ter demorado “apenas 30 minutos a chegar ao território”. Chen teve, contudo, um percalço: ficou retido na entrada, porque tinha marcado o lugar no parque de estacionamento fronteiriço, com lotação para 3000 veículos, para as dez da manhã. Mas a viagem foi mais curta que o esperado. Chen vem a Macau pelo menos uma vez por semana em trabalho. A partir de agora, vai optar pela maior ponte de travessia marítima do mundo, até porque “é muito fácil chegar a Macau desta maneira”. Curiosidade pública Na área reservada à compra de bilhetes para os autocarros que ligam Macau a Zhuhai e Hong Kong pessoas movidas pela curiosidade compravam o bilhete de autocarro para seguirem, maioritariamente para Hong Kong. Era o caso do casal Kuok, actualmente a residir em França, e que aproveitou os dias de férias no território para experimentar uma das primeiras travessias entre Macau e Hong Kong. Havia também quem só quisesse ver como “estava o ambiente”, tal como afirmou Leong. FOTO: Sofia Margarida Mota A caminho O HM juntou-se aos que seguiram para região administrativa especial vizinha. Sem filas na bilheteira e com ingresso comprado, 16 minutos depois o autocarro arrancava com destino ao posto fronteiriço de Hong Kong. No veículo, com lotação para 50 lugares e que cheirava a novo, seguiam 22 passageiros. Asher, estudante de Macau, foi uma das pioneiras a rodar no tabuleiro da ponte, acompanhada pelos pais. “Estou a aproveitar a folga da família e vamos ver como é que funciona a travessia para Hong Kong pela ponte”, referiu. Ainda a caminho, não conseguia dizer se seria uma opção melhor que o ferry, “mas, acima de tudo, é uma alternativa, o que é bom”. Asher não deixou de sublinhar o tempo reduzido da viagem, pouco mais do que 30 minutos, “sendo que o autocarro é muito confortável”. Já Cheng, que também ali estava para experimentar”, salientou a vista que a travessia proporciona. “É mais bonito, conseguimos apreciar melhor o mar e as ilhas à nossa volta”, referiu. Por outro lado, a ida por terra evita os enjoos de que padece nas viagens de barco quando se desloca a Hong Kong. “Até agora, a viagem é perfeita”, disse, mais ou menos a meio da travessia. Cheng salientou ainda que a travessia por autocarro pode vir a representar uma ameaça ao funcionamento dos ferrys. “Se os barcos não baixarem os preços, penso que muita gente vai começar a vir pela ponte”. Chegados ao destino A viagem foi realmente curta. Meia hora depois do arranque, avistava-se o Aeroporto Internacional de Hong Kong de um lado e o teleférico do outro. A saída do posto fronteiriço aconteceu sem percalços, nem filas, pelo menos às 12h13 de uma manhã tranquilo de quarta-feira. Em Hong Kong, a estrutura de acesso à ponte está equipada com vários estabelecimentos comerciais e postos de informação turística. Acresce ainda um posto de check-in para as companhias Cathay Pacific, Cathay Dragon, Hong Kong Airlines e Hong Kong Express e que faz a ligação imediata ao aeroporto. Também para o aeroporto, exist um shuttle disponível 24h por dia, de 8 em 8 minutos e que demora, contando com o tempo de espera, 15 minutos a chegar ao destino. No exterior, há uma extensa rede de autocarros que fazem as principais ligações às várias zonas do território. Na paragem do A11, que faz a ligação a Central, uma funcionária de uma agência de viagens sita em Kowloon manifestou desagrado pelo tempo que se demora desde a sede da agência a Zhuhai, onde acompanhou uma excursão de turistas. A razão é a quantidade de transportes necessários para chegar à entrada da ponte na ilha de Lantau. Contudo, ressalvou, “é a melhor forma de ir para o aeroporto para quem vem de Macau ou Zhuhai, ou de regressar a estes territórios depois de uma viagem”. Raimundo do Rosário: Trânsito haverá sempre A ponte está a funcionar e as pessoas devem preparar-se porque haverá sempre trânsito. Foi esta a mensagem deixada por Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, quando questionado sobre o primeiro dia de funcionamento da ligação Hong Kong – Zhuhai – Macau. “Trânsito haverá sempre. No primeiro dia, as coisas podem não correr tão bem, mas, por enquanto, não há notícias de problemas”, afirmou sobre os engarrafamentos registados ontem na zona da Areia Preta, que permite o acesso ao tabuleiro. O secretário abordou ainda o caso do autocarro que avariou na ponte. “Houve problemas com um autocarro. Fui informado logo de manhã, mas estas coisas acontecem e estão a ser resolvidas, o que significa que o sistema funciona”, afirmou. “Não devemos estar sempre à procura de problemas. Está a funcionar bem, houve uma viatura avariada, mas está tudo resolvido”, acrescentou. Custos das viagens Bilhete de autocarro para HK – 65 patacas Tempo de viagem – 40 minutos Do posto fronteiriço de Hong Kong a Central Custo – 40 patacas Autocarros de 20 em 20 minutos Tempo de viagem – 45 minutos Total Custo – 105 patacas Tempo aproximado – 105 minutos Para o Aeroporto Internacional de Hong Kong (AIHK) Bilhete de autocarro para HK – 65 patacas Tempo de viagem – 40 minutos Do posto fronteiriço de Hong Kong ao AIHK Shuttle 24h de 10 em 10 minutos Tempo com espera – 15 minutos Custo – 6 HKD Total Tempo – 55 minutos Custo – cerca de 71 patacas O primeiro dia 8619 – Total de entradas e saídas de pessoas – das 9h às 16h Por destino 1249 – de e para Zhuhai 7165 – de e para Hong Kong 205 pessoas entraram pelos corredores para veículos Entradas e saídas de viaturas até às 15h 46 entradas 59 saídas Entradas e saídas de autocarros até às 15h – 113 Estacionamento no posto fronteiriço 295 lugares de estacionamento ocupados 3 lugares com reserva prévia Tempo médio de inspecção fronteiriça integral por pessoa – 20 segundos Tempo medio de passagem transfronteiriça por viatura – 10 a 15 segundos 75 bombeiros destacados 12 viaturas de emergência Pedidos de serviços de emergência médica – 3 Pedidos de socorro – 2
Carlos Morais José Editorial VozesEditorial | A ponte mais verde do mundo [dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas resolveram não convidar uma parte significativa da comunicação social de Macau para a inauguração da ponte HZM. Nomeadamente, a que se exprime em português e inglês. Esta atitude, que pode ter sido tomada por um funcionário mais papista que o Papa ou mais desconhecedor da realidade da RAEM que o presidente Trump, proporciona, no entanto, pano para mangas e com certeza que traz água em aguçado bico. Em primeiro lugar, os cidadãos podem desconfiar. Será que se pretendeu ocultar algo, na medida em que temos a reputação de sermos “jornalistas” dos que gostam de escarafunchar nos problemas? Será que as autoridades chinesas temiam um desastre, uma catástrofe, um balão cheio de ar, na cerimónia de inauguração e assim preveniram, impedindo a presença de “jornalistas difíceis de controlar”? A verdade é que este projecto tem sido, ao longo do seu tempo de concepção e execução, ferido de suspeições, decisões estranhas e irregularidades. Cimento de bárbara qualidade, ilhas artificiais a desfazerem-se com uma chuvada, entre outras armadilhas, cuja dimensão só conhecemos, e provavelmente mal, por ter sido divulgada do lado de Hong Kong, e cujos resultados ainda estarão longe de dar todos os seus temíveis frutos. Terá sido esta uma atitude “profiláctica”, motivada pelo terror da exposição, das perguntas inconvenientes, enfim, da prática de um jornalismo indefectivelmente ao lado dos interesses do povo e não dos capitalistas, que muito terão embolsado com esta aventura? Não sabemos, mas as perguntas andam por aí. Em segundo lugar, podemos ter pena. Num momento em que o país se lança, como nunca desde o século XV, num imparável processo de internacionalização, não se compreende como persistem estes tiques xenófobos, herdados de momentos menos brilhantes da história. É este tipo de atitude que leva alguns a pensar a China como uma civilização impenitentemente xenófoba, com asco ao estrangeiro e profunda desconfiança das suas ideias e costumes, induzindo a uma rejeição da presença sínica que não seja motivada pela extrema necessidade e assente unicamente em relações comerciais. Não será com estas desatenções, dentro da sua casa, que os chineses conseguirão cativar a confiança dos que não se exprimem na língua de Confúcio nem representam o mundo e o pensamento através de representação ideográfica. Em terceiro lugar, podemos ficar ofendidos. Nós somos parte integrante, indissociável da RAEM, ou assim reza a lei e os discursos. E, ao fim e ao cabo, feitas bem feitas as continhas, quem tem defendido a imagem de Macau e o regime aqui vigente, em contexto internacional, como a comunicação social em línguas portuguesa e inglesa, da TDM ao Macau Times, passando pela Tribuna e pelo Ponto Final? Ninguém. Não nos conhecem? Façam o trabalho de casa. São 18 anos de RAEM, de interacção mútua, de criação de laços e confiança que deviam ter permitido às autoridades chinesas compreender que não somos “traidores”, nem colocamos acima de tudo os nossos desejos e interesses, à margem da região e da nação. A única coisa que nos podem apontar é o facto de praticarmos a nossa profissão e, nesse acto, amiúde confundido com missão, entendermos estar acima de tudo a defesa dos interesses da população de Macau e a procura da verdade. Ainda não perceberam que, sentados em diferentes lugares, estamos no mesmo barco e remamos na mesma direcção? Esta desconsideração não se coaduna com o tom amigo, conciliador e cúmplice que os discursos oficiais insistem em produzir e tal facto, indubitavelmente, questiona a integridade e a sinceridade dos oficiais que os emitem. Nós somos a RAEM, uma entidade multicultural e multilinguística, no seio da República Popular da China. Ou assim está escrito e assim foi prometido. Em quarto lugar, a ponte está verde. Como diria a raposa da fábula, quem quer estar presente numa cerimónia em que o presidente Xi solta uma frase, arruma os papéis e ala que se faz tarde? Quem quer passar uma ponte gigantesca, onde os ideólogos se “esqueceram” de colocar um comboio que, realmente, facilitaria a comunicação de pessoas e mercadorias e, pelo contrário, embarcaram por uma via “classista”, em que só alguns “aristoi” têm direito de pernada? E, aqui entre nós, quem quer ser o primeiro a arriscar uma travessia, depois das broncas com o betão e com as ilhas artificiais? Ná… A ponte está verde e nós ficamos muito bem aqui deste lado ou apanhamos o tradicional jet-foil. O melhor é esperar para ver onde é que quem se mete nesta obra vai parar. Se a Hong Kong e Zhuhai ou ao fundo da Grande Baía… A quem resolveu ignorar-nos, gostaríamos de dizer que, apesar da verdura da ponte, ainda assim, como o perigo faz parte da nossa profissão, enviaríamos um corajoso jornalista para uma mui arriscada travessia. Somos nós, caramba! E não será uma ponte mal amanhada que nos mete medo! Sejam mas é homenzinhos (man up!, em inglês para vos facilitar a tradução) e mandem daí um convite… Entretanto, enquanto o convite vai e volta, sem data certa de arribagem, já comprámos um bilhete de autocarro, passámos a dita ponte e contamos quase tudo nesta edição do Hoje Macau.
Hoje Macau PolíticaMayra Andrade – “Afecto” “Afecto” Não sei bem o que fazer Nem sei como te dizer Cada vez que me chegas me sinto mais longe de ti Teu pudor foi transmitido e será neutralizado Teu pudor foi transmitido Não importa o quanto faça Pouco importa a cor do ouro Na corrida ao teu afecto A medalha é sempre bronze Sou orfã da tua ternura Muito me salta à vista Quando chegas reta e firme Que pouco posso fazer para te fazer mudar Teu pudor foi transmitido e será neutralizado Teu pudor foi transmitido Se soubesses abraçar De vez em quando beijar E aos recantos imperfeitos Com menos rigor apontar Quem seria eu? Sou orfã da tua ternura Quando estamos tu e eu E ao meu lado adormeces Um oceano nos separa Mas tu não sabes de nada A canção que se repete A tristeza que me cala O Amor foi recebido Apesar do que tu calas O Amor foi recebido Apesar do que tu calas Mayra Andrade
Hoje Macau China / ÁsiaBrasil/Eleições | Académico chinês admite que China está “apreensiva” com ascensão de Bolsonaro [dropcap]U[/dropcap]m especialista chinês em relações sino-brasileiras admitiu que Pequim está “apreensivo” com a aproximação a Taiwan do candidato presidencial brasileiro Jair Bolsonaro, que pode romper com décadas de aliança política entre as duas potências emergentes. “Existe alguma apreensão e preocupação”, disse à agência Lusa Zhou Zhiwei, diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a principal unidade de investigação do Governo chinês, sob tutela do Conselho de Estado. “É preciso esperar para ver como [Bolsonaro] agirá caso vença as eleições. Mas tendo em conta as suas atitudes anteriores, como a viagem a Taiwan, na verdade, estamos perante vários desafios”, explicou Zhou. Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência. Já a ilha onde se refugiou o antigo governo nacionalista chinês depois de os comunistas tomarem o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China. O princípio ‘Uma só China’ [visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território] é considerado pelas autoridades chinesas como um pré-requisito e base política para manter relações diplomáticas com outros países. Mas a proposta de programa de governo do candidato da extrema-direita à segunda volta das presidenciais brasileiras, este domingo, refere Taiwan como um país por quatro vezes e, em fevereiro passado, enquanto deputado do Congresso, Bolsonaro visitou Taipé, onde se encontrou com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros taiwanês, José Mria Liu, como parte de um périplo pela Ásia. “A nossa viagem por Israel, Estados Unidos, Japão, Coreia e, agora, Taiwan, bem demonstram de quem nos queremos aproximar”, afirmou, na altura, o candidato de extrema-direita. A visita resultou numa carta de protesto enviada pela embaixada chinesa em Brasília à Executiva Nacional dos Democratas, na qual as autoridades chinesas afirmam encarar a visita de Bolsonaro a Taipé com “profunda preocupação e indignação”. Na mesma nota, a embaixada chinesa considerou a viagem uma “afronta à soberania e integridade territorial da China”, que “causa eventuais turbulências na Parceria Estratégica Global China-Brasil, na qual o intercâmbio partidário exerce um papel imprescindível”. Zhou Zhiwei, que é também pesquisador visitante no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, considerou que Bolsonaro terá de “equacionar como vai o Brasil desenvolver as suas relações com a China”. “Nós temos princípios que outros países não podem violar”, disse. A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o principal investidor externo no país sul-americano, tendo comprado, nos últimos anos, ativos estratégicos nos setores da energia ou mineração. Mas o candidato de extrema-direita, que disputa com Fernando Haddad (PT) a segunda volta das eleições presidenciais, advertiu já os investidores chineses. “A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil”, afirmou, advertindo: “Você vai deixar o Brasil na mão do chinês”. Bolsonaro prometeu ainda repensar a filiação do país ao BRICS [bloco de grandes economias emergentes, que inclui ainda China, Rússia, Índia e África do Sul], pondo em causa mais de uma década e meia de diplomacia brasileira baseada em alianças com o mundo emergente. Severino Cabral, diretor do Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia-Pacífico, lembra, porém, que a parceria entre Pequim e Brasília é “muito antiga” e “estabelecida em acordos e entendimentos muito sólidos” e que a eleição presidencial do Brasil é uma escolha brasileira que a China tem que aceitar. “Da mesma forma que nós não ficamos apreensivos quando há uma mudança no Estado chinês, os chineses não devem ficar apreensivos com uma mudança que é natural no curso da História do nosso país”, disse à agência Lusa, em Pequim. O académico lembrou que “o facto de um candidato ter dito algo, que pode soar como estranho, é coisa da campanha, que deve ser entendida assim”. “Uma coisa é o presidente, a visão de estadista, outra coisa é o dia-a-dia das posições”, defendeu.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTáxis | Deputados e Governo chegam a acordo para baixar multas Estava previsto que as multas a aplicar aos taxistas fossem na ordem das 30 mil patacas, mas os deputados pediram para alterar o valor para 9 mil. O Governo aceitou. Segundo Pereira Coutinho, um dos membros da comissão que discute o diploma, só ele e Sulu Sou se opuseram à mudança [dropcap]A[/dropcap] nova proposta de lei que vai regular o sector dos táxis previa que os detentores de licenças fossem punidos com multas de 30 mil patacas, valor que seria reduzido para 20 mil, quando paga nos primeiros 15 dias após a infracção. No entanto, os deputados pressionaram o Governo para baixar o valor para nove mil patacas, ou seis mil, quando pagas nos 15 dias após a infracção, e a secretaria de Raimundo do Rosário aceitou. A situação foi explicada, ontem, por Vong Hin Fai, presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que reuniu ontem. “Na versão inicial proposta da nova lei, as multas eram de 30 mil patacas. É um valor bastante elevado. Por isso, a nova proposta prevê que o valor seja de 9 mil patacas”, disse Vong Hin Fai. “Houve muitas sugestões dos deputados para rever o valor das multas e o Executivo aceitou reduzir o montante”, acrescentou. Este tipo de multa envolve, principalmente, proprietários de licenças, ou seja os detentores das empresas. As penalizações em causa aplicam-se em situações, por exemplo, de manipulação do taxímetro, destruição dos sons captados pelo sistema de gravação, desrespeito das tarifas estipuladas pelo Executivo ou o não respeito pela circulação do número de táxis atribuído. “Actualmente, as multas são de uma centena de patacas, 1000 ou 3000 patacas. O aumento para 9 mil também já é elevado. Foi uma decisão que o Governo aceitou depois de ter sido ponderada”, revelou Vong. Também de acordo com o presidente da comissão, caso fossem aplicadas multas de 30 mil patacas, o montante poderia ser muito elevado porque “poderia haver reincidências”. Ainda de acordo com o deputado que preside à comissão, esta alteração teve o apoio da “maioria dos deputados”. Vong não quis revelar os apoiantes da mudança. Porém, José Pereira Coutinho disse, ao HM, que dos 11 deputados, apenas ele e Sulu Sou se opuseram às alterações. “Eu fui contra as alterações… Mas eles quiseram mudar…”, começou por dizer. “À excepção de mim e de Sulu Sou, todos os outros foram a favor de baixar o valor da multa. Todos eles”, vincou. Rosário ignorou aumentos Antes de Vong ter revelado uma redução no valor das multas, Raimundo do Rosário falou aos jornalistas e não mencionou o assunto. Quando questionado sobre o que tinha sido discutido, o secretário referiu a existência de uma nova versão da lei e comentou a possibilidade de haver recolha de imagens dentro dos táxis e a necessidade da transferência das quotas das empresas proprietárias das licenças de táxis precisarem da aprovação do Chefe do Executivo. Em ambos os casos, as medidas não constam na versão do diploma, nem há decisões finais. Sobre a possibilidade das alterações discutidas seguirem em frente, o secretário respondeu com um ditado popular: “Até à lavagem dos cestos… [é vindima]”, afirmou. Deputados da 3.ª Comissão A favor Vong Hin Fai (I) José Chui Sai Peng (I) Vítor Cheung Lup Kwan (I) Angela Leong (D) Zheng Anting (D) Si Ka Lon (D) Pang Chuan (N) Lao Chi Ngai (N) Lei Chan U (I) Contra José Pereira Coutinho (D) Sulu Sou (D) I – Eleito pela via indirecta D – Eleito pela via directa N – Nomeado pelo Chefe do Executivo Nota: Resultados apurados segundo José Pereira Coutinho Sol que não brilhas Os deputados José Pereira Coutinho e Sulu Sou são a favor da abertura das comissões da AL ao público, para que se possa acompanhar a discussão das leis. Por esse motivo, o deputado ligado à ATFPM levou um cartaz para a reunião de ontem, onde se podia ler “Deixe o sol brilhar no comité”. “É uma questão de transparência nos trabalhos da comissões. Temos seis comissões, mas os órgãos de comunicação social não podem entrar e não sabem o que se discute. As comissões devem abrir as portas ao público”, afirmou José Pereira Coutinho.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas vão reabrir aos turistas a ilha Boracay após seis meses de encerramento [dropcap]A[/dropcap]s Filipinas vão reabrir aos turistas a ilha mais popular do arquipélago, Boracay, após seis meses de encerramento, vítima do turismo de massa, e que a tornou numa “fossa séptica”, segundo o Presidente filipino. Rodrigo Duterte ordenou, no dia 26 de Abril, o encerramento durante seis meses da ilha de Boracay, um dos principais destinos turísticos do país, devido à poluição das águas e ao crescimento anárquico de hotéis. Boracay, uma ilha paradisíaca com águas outrora cristalinas sofreu com a repercussão do desenvolvimento acelerado. Seis meses depois, Boracay terá menos hotéis e restaurantes, bem como uma cota de visitantes autorizados e novas regulamentações, como a proibição de tabaco e álcool nas praias, a fim de trazer ordem para ao litoral. O objectivo agora é tornar sustentável uma ilha que acolheu nos últimos anos até dois milhões de turistas por ano. A ministra do Turismo das Filipinas, Bernadette Romulo-Puyat, espera que este “novo” Boracay marque uma “cultura sustentável do turismo” nas Filipinas. “Trata-se de levar em conta o impacto das nossas acções sobre o estado actual e futuro do meio ambiente”, disse. A ministra afirmou ainda ter enviado advertências escritas para outros lugares populares no arquipélago, como El Nido, no norte da ilha de Palawan e à ilha de Panglao, com o objetivo de se tornarem em destinos turísticos mais responsáveis.
Hoje Macau SociedadeAir Macau inaugura voo directo para Kota Kinabalu, na Malásia [dropcap]É[/dropcap] inaugurado no próximo dia 5 de Novembro o voo directo de Macau para Kota Kinabalu, na Malásia, que será operado pela Air Macau. A companhia aérea do território irá operar todas as segundas, quartas, sextas e sábados dois voos, cujo horário de ida é das 10h05 às 13h10, e o horário de regresso é 13h35 às 16h40. Em Agosto deste ano, a companhia aérea inaugurou uma ligação directa para a cidade de Qingdao, somando atualmente 18 ligações directas de e para o interior da China. “Vai ser mais uma oportunidade [para os chineses] conhecerem e visitarem Macau”, afirmou o director de Marketing da Air Macau, Eric Fong, à margem da cerimónia da abertura da nova rota.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump e Xi reúnem-se na Argentina durante cimeira do G20 [dropcap]O[/dropcap]s líderes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, vão reunir-se durante a cimeira do G20, que se realiza entre 30 de Novembro e 1 de Dezembro em Buenos Aires, na Argentina, foi ontem confirmado. “Os dois presidentes vão reunir-se um pouco em Buenos Aires, na Argentina, durante [a cimeira] do G20”, anunciou o principal assessor económico de Trump, Larry Kudlow, em declarações aos jornalistas na Casa Branca. O encontro, sobre o qual se especula há semanas, ocorre durante um período de tensão entre as duas potências económicas, que enfrentam desde Julho uma guerra comercial que já se traduziu na imposição mútua de taxas alfandegárias de biliões de dólares. A reunião poderá, assim, permitir para atenuar a tensão existente e para reativar os laços comerciais entre os dois países. Nas declarações aos jornalistas, Larry Kudlow indicou que “as exigências” dos Estados Unidos da América estão “em cima da mesa”. “Gostava que [essas exigências] fossem acauteladas, o que ainda não aconteceu”, adiantou. Esta guerra comercial começou em julho passado, quando o Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs taxas alfandegárias adicionais de 25% sobre um conjunto de produtos chineses. A primeira ronda de taxas afetou sobretudo os setores da aeronáutica, tecnologias de informação e comunicação ou robótica e máquinas, demonstrando que Washington quer impedir Pequim de competir, no futuro, naqueles setores de alto valor agregado. Pequim retaliou com taxas alfandegárias sobre o mesmo valor de bens importados dos Estados Unidos, afetando sobretudo produtos agrícolas, de forma a atingir a América rural, onde estão concentrados muitos dos eleitores de Donald Trump. Mais recentemente, no final de Setembro, os Estados Unidos impuseram novas taxas alfandegárias de 10% em produtos chineses, que equivaleram a 200 mil milhões de dólares americanos, com a China a responder com um agravamento nas tarifas de 60 mil milhões de dólares americanos a produtos agrícolas norte-americanos. Esta foi a terceira ronda de imposições mútuas. A primeira ronda de sanções pela administração norte-americana à China, em julho, ascendeu a 34 mil milhões de dólares, enquanto a segunda foi de 16 mil milhões de dólares.
Hoje Macau China / ÁsiaGoverno japonês confirma identidade do jornalista libertado da Síria [dropcap]O[/dropcap] governo japonês confirmou hoje que um homem libertado pelas forças de segurança turcas é o jornalista Jumpei Yasuda, sequestrado há mais de três anos na Síria. “Confirmamos que Jumpei Yasuda, sequestrado na Síria desde 2015, está são e salvo”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês Taro Kono, em declarações à imprensa. “Aparentemente encontra-se em bom estado de saúde. Estamos muito contentes que ele se encontre em segurança”, acrescentou, depois de informar que alguns responsáveis da embaixada japonesa na Turquia se encontraram com ele no centro de imigração Antakya, na província turca de Hatay, fronteiriça com a Síria. Jumpei Yasuda, que foi visto “em boa forma” em imagens do canal de televisão japonês NHK, segundo a agência francesa AFP, deverá ser repatriado depois de efetuar exames médicos. A mulher do jornalista, Myu, agradeceu a todos os que participaram na libertação do marido, “por terem rezado por ele e por se terem mobilizado”, disse em direto ao canal japonês NHK. “Quero vê-lo em forma, o mais rápido possível, é tudo o que quero”, confiou o seu pai. “Quero dizer-lhe que foi forte durante três anos e que nunca baixou os braços”, acrescentou. Na passada terça-feira, um comunicado do gabinete do governador de Hatay anunciava que tinha sido libertada uma pessoa que declarava “ser de nacionalidade japonesa”, mas que não dispunha de identificação. O texto acrescentava ainda que se esperava que as autoridades japonesas confirmassem “se se trata ou não do repórter japonês Yasuda/Jumpei Yamamoto, sequestrado em 2015″. O jornalista independente, de 44 anos, apareceu num vídeo publicado por um grupo jihadista, no mês de agosto, vestido com um fato cor de laranja e ameaçado por homens armados. Em 2016, a imprensa japonesa anunciava que Jumpei Yasuda tinha sido capturado pelo antigo braço da Al-Qaida na Síria (Frente al-Nosra). No entanto, na passada terça-feira, o grupo Hayat Tahrir al-Cham (HTS), ao serviço da Frente al-Nosra, negou, num comunicado, qualquer implicação. “Negamos todas as acusações em ligação com o jornalista japonês Yasuda. Ficámos a saber da sua libertação pela imprensa”, reagiu o grupo. Em 2015, dois militantes do grupo Estado islâmico (EI) decapitaram dois japoneses, o correspondente de guerra Kenji Goto e o seu amigo Haruna Yukawa. A Síria tem sido um dos países mais perigosos do mundo para os jornalistas, desde que o conflito começou em março de 2011. Vários jornalistas continuam desaparecidos no país, e dezenas já foram sequestrados ou assassinados.
Hoje Macau Manchete SociedadeMultimilionária Pansy Ho avisa para desafios que nova ponte traz a Macau [dropcap]A[/dropcap] multimilionária Pansy Ho avisou que o território pode ficar a perder no sector do turismo com a mega ponte ontem inaugurada, se não diversificar a sua oferta tradicional, muito focada no jogo. Falando na qualidade de secretária-geral do Fórum de Economia de Turismo Global, Pansy Ho, filha do magnata do jogo Stanley Ho, afirmou que a construção da nova ponte constitui um desafio para o território. “Com a ponte, temos a hipótese de diversificar o turismo, mas pode ser crítico e podemos perder se não o conseguirmos fazer”, afirmou Pansy Ho, à margem de um evento que conta com mais de um milhar de participantes e reúne autoridades e líderes de empresas privadas de vários países do mundo. “Não temos que nos preocupar apenas com a quantidade de turistas” e com a capacidade de Macau em os acolher, mas com a mudança de paradigma a partir do momento que existe a mega ponte, explicou Pansy Ho. “Tudo fica mais perto” e vai ser possível visitar Macau por impulso, “para jantar e regressar a casa na mesma noite”, mas esta é uma situação que os outros territórios agora ligados também podem beneficiar, sublinhou. Sócia de uma das concessionárias do jogo no território, a MGM, a vice-presidente e secretária-geral do Fórum de Economia de Turismo Global salientou que “Macau está bem, mas precisa de fazer mais”, alertando para “os picos” da procura turística e para a necessidade de apostar na diversificação do setor. Recorde-se que na segunda-feira foi divulgado o relatório anual das cidades do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), no qual se indica que a Região Administrativa especial de Macau foi a segunda que mais cresceu em 2017, com um contributo do turismo para o PIB na ordem dos 14,2%. Entre as 72 cidades turísticas mais importantes do mundo, Macau ficou atrás do Cairo, capital do Egito, que registou 34,4% da contribuição do setor do turismo para o PIB.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesBeijinhos aos avós [dropcap]O[/dropcap] que se torna viral, torna-se viral, não há muito a fazer. Agora, porque é que certas coisas ‘viralizam’ ou porque são escrutinadas até ao tutano é que pode ser obra de algoritmos, ou talvez de pura sorte ou de puro azar. Falo-vos do que aconteceu na semana passada na televisão portuguesa: alguém proferiu uma ideia que nem achei assim tão polémica ou problemática quanto isso. A questão da obrigatoriedade na infância tem muito que se lhe diga, no exemplo em questão, o intuito era o de alertar para estarmos atentos à auto-determinação e agência infantil. O que poderia ter surgido como uma discussão interessante acerca de como ensinar desde cedo acerca da consciência do corpo e dos limites que lhe damos, ‘viralizou’ para uma conversa que confundia educação com obrigação – e de como comer legumes, ir à escola, ser-se boa gente ou ter-se bons modos e dar beijinhos de cumprimento a quem achamos por bem, é resultado directo de um pulso firme. O tal da obrigatoriedade que julgamos ser a única estratégia educativa. A discussão não foi muito para além disso, mas não deixa de ser uma discussão importante para se ter na esfera pública. Contudo, se a ideia foi polémica não foi por ser particularmente chocante – valeu-lhe uma combinação de comunicador e comunicado que não caiu nas boas graças de muita gente. Como este alguém não cai nos moldes ideais do homem tradicionalmente português, e da família tradicional portuguesa, muito rapidamente se assistiu a uma sede de sangue e de insulto – e a uma forma de discutir ideias muito fechada, categórica e teimosa. Isto não aconteceu por acaso, foi tudo graças a um jornalismo de baixíssima qualidade que faz uso de formas sofisticadas de bullying (sim, tenho a certeza que esta é a palavra certa) e que se aproveita de uma moralidade barata, para descredibilizar alguém só porque está fora da norma. O que me chateou mais nisto tudo foi a avidez pela ofensa e pela ameaça – sim, o protagonista desta história viu a sua página na rede social a ser saqueada pela indignação popular, e não foi feito de forma simpática, muito menos construtiva. Perguntei-me se, trocando o comunicador por alguém mais normativo, em todos os sentidos do sexo e do género, a reacção teria sido diferente? A pessoa em questão é poliamorosa, vive numa constelação familiar, usa eyeliner e é professor universitário. E esta combinação começa a ser perigosa e facilmente descredibilizada porque representa uma ‘elite’ de liberdades excepcionais. Já conhecemos bem o fantasma que o sexo e a dita ‘promiscuidade’ representa. Mas o que aprendi com esta história é que há quem nem queira saber de intelectualismos, muito menos quando a intelectualidade põe em causa aquilo que achamos que o mundo é. Aliás – porque é que ouviríamos um promíscuo falar sobre como educar uma criança? Estamos repletos de vieses e a pouca consciência destes insiste em perpetuar uma forma de pensar muito pouco reflexiva. O mesmo processo que desqualifica a opinião de alguém que percebemos como diferente é o mesmo que vangloria quem julgamos um exemplo de valores contemporâneos de sucesso (sim, estou a referir-me ao menino de ouro do futebol). Na nossa inocência julgamo-nos imunes, julgamo-nos cegos à cor da pele, etnia, orientação sexual ou género. Mas a prova derradeira de que somos realmente afectados por tudo isto é de que frequentemente discutimos as pessoas em si e não as suas ideias (eu sei que parecem uma coisa só – mas uma coisa é discutir educação infantil e outra é falar das escolhas relacionais do interlocutor). Só para reiterar – eu percebo que seja difícil discutir sexualidade, ainda mais a sexualidade infantil. Mas crianças devem, sim, ter a oportunidade de serem ouvidas e compreendidas nos limites que querem definir para si mesmas. Nada disto invalida o amor, o carinho e a ligação que se estabelece entre netos e avós e outros familiares – absolutamente nada (caso duvidassem que isso estivesse em causa). Acho que este episódio foi informativo, não pelo objecto de discussão em si, mas pela indignação que gerou e todos os movimentos subsequentes. Só vos digo que ainda temos muito que caminhar para que as sexualidades e as gentes que falam abertamente sobre elas não sejam ameaçadoras – e é urgente repensar as nossas estratégias de comunicação e de disponibilidade para com o outro.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Casos de peste suína continuam a aumentar [dropcap]A[/dropcap] China detectou um novo surto de peste suína, na província de Hunan, centro do país, informou ontem o ministério chinês de Agricultura e Assuntos Rurais, à medida que a doença se espalha pelo país. O surto matou 17 porcos e infectou 44, no total, entre 546 criados numa fazenda na cidade de Yiyang, segundo o comunicado do ministério, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. A mesma nota revela que, na cidade de Changde, também em Hunan, o surto infectou quase todos os 268 porcos criados numa quinta local e matou 31. As autoridades locais iniciaram um mecanismo de emergência, visando isolar, abater ou desinfectar os porcos. Dezenas de milhares de animais foram já abatidos em várias províncias do país, num esforço para travar a doença desde que o primeiro surto foi detectado no início de Agosto no nordeste da China. A doença afecta porcos e javalis, mas não é transmissível aos seres humanos. No entanto, coloca em risco o mercado chinês, que produz anualmente 600 milhões de porcos. A carne daquele animal é parte essencial da cozinha chinesa, compondo 60% do total do consumo de proteína animal no país. A flutuação do preço deste tipo de carne é sensível na China e o Governo guarda uma grande quantidade congelada para colocar no mercado quando os preços sobem.
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasTirar do sério Diário de Notícias, 23 Setembro [dropcap]A[/dropcap] liberdade nunca chegou a ser um absoluto, que a de outro era fronteira. Mas na grande área das ideias, da cultura, parecia estar para sempre aberto esse lugar-comum, o da opinião escrita e publicada. Qualquer de nós podia dizer a maior asneira, com limites estabelecidos, até legais. Por estes dias nublados, percebemos que a ameaça continua, de maneira mais subtil e venenosa. Estamos obrigados a extrema auto-vigilância, para não tocar nos nervos. Somos todos apenas sistema nervoso, portadores de dor fundamental, continuada e logo vociferante, doravante vítimas em explosiva potência. As palavras são os alvos primeiros, mas as imagens merecem ataque, sobretudo as humorísticas. O DN abordou o assunto, a pretexto dos cuidados com que as caricaturas devem agora ser esculpidas, e a Cláudia [Marques Santos] achou por bem ouvir-me. Titubeio como habitualmente, e cada frase devia ser desmultiplicada, mas ficou dito. «”Hoje [o escrutínio] já não é tanto acerca da liberdade, mas acerca da identidade”, defende o escritor e editor com um percurso ligado à banda desenhada João Paulo Cotrim. “Há nas populações urbanas do mundo inteiro esta hipersensibilidade às chamadas causas fraturantes. A questão do feminismo, do racismo, da homossexualidade. E, depois, a questão da religião. A religião o que trouxe para isto, e contagiou todas as outras áreas, foi a questão da ofensa. Quando o direito à ofensa foi uma conquista civilizacional. Tens de poder ofender”, continua. “Agora, diz-se que a minha identidade justifica que eu não seja ofendido, que eu possa ser exatamente o que quero. As pessoas não percebem é que o humor é precisamente o oxigénio. No fundo, está-se a tentar acabar com o ambíguo, que é o que tem graça nestas coisas. As ruas estão completamente sujas, mas as cabeças das pessoas estão completamente limpas”, diz, apontando para o perigo de a censura ter invadido a cultura, espaço onde “não é suposto resolver-se problema algum”. “É sobretudo uma infantilização do leitor, do consumidor de cultura, de qualquer pessoa. Aquele pobre não vai perceber que… Isto também estupidifica. Não dá a possibilidade às pessoas de fazerem as leituras que querem.”» (A apresentação diverte-me, por esquecer o lado talvez mais interessante no contexto, o de investigador com obra publicada, para me pôr na pele que não descola, a da banda desenhada…) Livraria da Adega, Óbidos, 28 Setembro Muito pelas portas travessas da amizade, a abysmo envolveu-se deveras na edição deste ano do Fólio, que vestiu o tema: «Ócio. Negócio. A Invenção do Futuro.» (Os cóbois da Rua Castelo eram de cerâmica e subiam muralhas?). Sei de menos do negócio, aspiro dolorosamente ao ócio e raramente penso em futuro, a não ser para o imaginar como maneira dos tempos se atarem em um nó à mão de semear. (K. Dick ou Orwell escreveram sobre que acontecimento desta semana?). Mantenho as minhas dúvidas sobre o exacto alcance destas iniciativas, se produzem horizonte ou nevoeiro, mas acredito em encontros. (Na foto, que ilustra a página, o Edgar Libório apanhou-me de costas. Prefiro esta versão do logotipo para colorir à deste ano, toda ela preenchida de óbvio. Ou será óbvidos?). Logo na primeira sexta, a conversa, que partia da ideia de «Fora do Lugar», colocou alta a fasquia, com intervenções desassombradas e sabedoras, como deviam ser todas, mas raramente acontecem nestes eventos. Cada um, o Hugo [Mezena], o José [Riço Direitinho] ou o Henrique [Manuel Bento Fialho], soube descer da sua vigia de escritor ao encontro de leituras desafiantes e rompendo logo ali fronteiras. A pluralidade temática está bem vincada na moderna prosa. Talvez até tenha estado sempre, de maneira ou outra, se mergulharmos além dos modismos. Saídos da Livraria da Adega e, provado o Medronho, fui com o Henrique falar um pouco mais desse quase romance sobre a geração dos sem lugar nascidos pós-Abril. Em «A Festa dos Caçadores» também há cóbois de mítico antigamente, gente vulgar de hoje, fulgor poético que alimenta, esse sim, o porvir. Artes e Letras, Óbidos, 28 Setembro Não chegou a ser surpresa, que o [José] Pinho já mo teria anunciado: o Luís [Gomes] mudou a sua gruta de Ali Babá para Óbidos. Livros são ainda poucos, mas o chumbo dos tipos e as prensas permitem que se chame atelier ao Artes & Letras O.2. Passei os olhos pela micro-exposição em torno de Moby Dick, enquanto o Zacarias corria a desafiar-me com enorme cubo de granito na boca. Acolhi a sua generosidade, uma plaquete de Inês Caria, com quatro linóleos e versos, apropriadíssima ao momento, «De Passagem»: «FUI NEVOEIRO NESTA/ PAISAGEM / uma forma cobrindo/ a manhã// irregular». Depois aconteceu Bordalo. Celebrando o regresso do herói da campanha africana contra Gungunhana, Freire de Andrade, os seus camaradas de armas encomendaram ao artista belíssima homenagem sobre pergaminho, encimada pelo retrato, riquíssima no detalhe decorativo, de fino recorte colonialista, com primoroso trabalho de cor, assentando o conjunto em minuciosa evocação da famosa batalha de Magul. Não sei se foi o patriotismo exaltado ou o ódio de Rafael ao Ultimato lhe guiou a mão, mas a peça brilha de tão extraordinária. E o original estava ali, em pasta de couro que recolhe a preciosidade em sóbria exuberância. Fiquei assombrado. Pavilhão Atlântico, Lisboa, 30 Setembro Vinte anos depois, ao menos para mim, mais ainda nesta tarde quente de domingo, a grande nave de bojo nos céus continua a chamar-se assim. Só porque sim, que nem são fortes os laços que me prendem ao Parque das Nações, excepção feita para as árvores ou o «Homem Sol», de Jorge Vieira. Está feita, e apresentámo-la, entre amigos, esta cápsula do tempo, para qual o Bruno [Portela] me convocou, pondo-me em lugares perdidos da adolescência, mas sobretudo mergulhando-me em fragmentos desfocados, decadentes, enferrujados, abandonados, miseráveis da minha cidade. «Uma Cidade Pode Esconder Outra» tem detalhes poderosos, como a capa ser negra e maleável ou a omnipresença da torre que arde, que celebramos logo na capa, com vermelho que reflecte. No miolo, imensas nuvens atravessam os olhares. Casa José Saramago, Óbidos, 2 Outubro Graças à generosidade do João [Brazão] e da sua cervejeira Trevo, levámos à Casa Abysmo e a outros lugares de prazer, duas cervejas IPA, ambas com o mesmo nome, mas com duas ilustrações distintas do Nuno [Saraiva], retiradas de «Moléstias, embustes e pontinhos amantes – escrita quotidiana em Portugal entre os séculos XVI e XIX», cuja apresentação ali falhámos: um casto cupido e um belzebu flautista. Imagino que comentário suscitaria a Buñuel, que se alegrou ao descobrir a delícia do sentimento de pecado, que celebrava a bebida a ponto de afirmar ter passado a maior parte da sua vida ligeiramente nas nuvens, e praticar como ninguém a arte do dry martini. Indispensável, este «A Propósito de Buñuel», com que o Javier [Rioyo] e José Luiz López-Linares celebraram o seu centenário. O homem que viveu «comodamente entre múltiplas contradições» apresenta-se, pela voz e olhares de amigos, familiares, colegas e colaboradores, um enorme investigador do mistério, que bem sabia tirá-lo do sério. Exemplo maior, pérola na ostra, encontra-se no seu erotismo. Os beijos são-lhe suprema obscenidade: «repugnam-me»! E depois o riso, que o atravessava como relâmpago. Cada dia, para o ser tinha que provocar gargalhada. Beijo-o na boca por isto.
Nuno Miguel Guedes Divina Comédia h | Artes, Letras e IdeiasA arte perdida de andar na rua [dropcap]P[/dropcap]ara quem vive e escreve de dentro dos dias são sempre as pequenas coisas que contam. São muitas vezes sinais quase prosaicos, tão embrenhados na normalidade do quotidiano que só merecem atenção para o coleccionador de acasos relevantes. Como esta história de que fui testemunha: um dia como os outros, uma estação de metro lisboeta apinhada. Uma vez saída das carruagens a multidão dispersou para os seus destinos e vidas, alheia a tudo o que não lhe dissesse respeito. À minha frente, um cavalheiro idoso avançava apoiado numa bengala, com o esforço dos anos em cada passo. A cabeça estava inclinada para a frente, o que atribuí à sua idade. Errei: na mão tinha um telemóvel, que parecia naquele momento todo o centro do seu mundo. Subitamente, sou ultrapassado a grande velocidade por uma mulher de meia-idade. A mesma posição cabisbaixa e pela mesma razão. Nem por um segundo terá pensado em erguer o rosto, saber onde estava, para onde ia. O resultado foi inevitável: com alguma violência abalroou o cavalheiro que seguia à sua frente. O homem caiu, mais surpreso do que ferido; a mulher olhou-o de forma quase indignada, à beira de pedir satisfações. Alguns transeuntes ajudaram o homem a levantar-se, a mulher balbuciou algo remotamente parecido com uma desculpa e continuou, cabisbaixa, a sua marcha irreversível. O que me interessa e choca neste episódio não é a sua originalidade: é a sua banalidade. Todos os dias presenciamos esta gente cabisbaixa que invadiu o nosso mundo, as nossas ruas. Muitas vezes pertencemos-lhes por sermos iguais. Os passeios estão repletos de gente como nós, olhando para algo que não sabe o que é mas que aparentemente tem sempre uma urgência absoluta. Perdemos a capacidade de olhar, de ver o outro através do rosto e não de um ecrã. E perder o olhar para o outro é, quer-me parecer, abdicar um pouco de ser humano. Exagero? Talvez. Mas experimentem parar, olhar, contemplar, flanar. Vejam o que vos rodeia. Vejam se gostam do que vêem. Não me interpretem mal: não é minha intenção lançar aqui um libelo contra as modernas tecnologias, que muito fazem para nos simplificar a vida. Mas não podemos desistir do olhar, da curiosidade pelo que está à nossa volta. Andar na rua – olhar, perceber, enfrentar, sorrir – começa a ser uma arte perdida, algo a que só estetas nostálgicos e exilados destes tempos parecem dar importância. Num romance de Evelyn Waugh, Put Out More Flags, há um personagem – um dandy decadente chamado Ambrose Silk – que lamenta o mundo em que vive, suspirando pela arte desaparecida da conversação e o “mundo sepultado de Diaghilev”. Daqui a pouco tempo suspeito que alguém irá lamentar a arte perdida de andar na rua. Na verdade já o estou a fazer. Conseguimos, em séculos de evolução, chegar ao homo erectus. A ideia seria pelo menos conseguir manter esta condição. Porque ao olharmos apenas para um falso espelho arriscamo-nos a deixar a vida passar ao lado. Ou abalroar-nos de surpresa e sem desculpas.
João Luz EventosCartaz do festival Clockenflap fecha com Jarvis Cocker e Irvine Welsh O cartaz da edição deste ano do Clockenflap está fechado, quando falta pouco mais de duas semanas para soar o primeiro acorde no Central Harbourfront, em Hong Kong. Ao alinhamento já conhecido juntam-se Jarvis Cocker, eterno vocalista dos extintos Pulp, os norte-americanos Cigarettes After Sex e o romancista escocês Irvine Welsh em formato DJ [dropcap]J[/dropcap]á faltou mais. Melómanos que se prezem estão em contagem decrescente para a 11ª edição do maior festival de música da região, o Clockenflap. O evento, que decorre entre 9 e 11 de Novembro, tem lugar marcado para o Central Harbourfront, em Hong Kong. O cartaz está fechado. Aos nomes que já se conheciam juntam-se agora reforços de luxo. Neste aspecto, é incontornável o destaque para Jarv Is, o projecto a solo de Jarvis Cocker, o vocalista e força motriz dos extintos Pulp (que marcaram uma geração com discos como “Different Class” e “This is Hardcore”). O britânico sobe ao palco do Central Harbourfront no sábado, 10 de Novembro, para abrir para o cabeça de cartaz do dia, David Byrne. Jarvis Cocker, um autêntico animal de palco nos dias de glória dos Pulp, costuma pautar as suas actuações com cáustico humor britânico, sarcasmo na comunicação com o público e uma movimentação em concerto que, a espaços, faz lembrar Nick Cave. Perspectiva-se um embate interessante com os, normalmente, apáticos festivaleiros do Clockenflap. Apesar do novo projecto a solo, Jarv Is, os fãs de Pulp podem esperar algumas músicas de uma das bandas mais interessantes do panorama Britpop. Justin Sweeting, director musical do Clockenflap, considera o músico como “um dos mais amados heróis britânicos da música moderna”. Em declarações ao South China Morning Post, o director musical mostrou-se feliz pela oportunidade de estrear este projecto musical na Ásia . “O que sempre gostei no Jarvis Cocker é que ele nunca teve medo de tomar decisões arriscadas ao longo da carreira. Quando isso acontece, surge excelente arte. Quem viu concertos desta tour diz que ele está em grande forma”, refere Justin Sweeting. Altos e baixos Numa toa mais introspectiva, outra das novidades de destaque que fecha o cartaz deste ano do Clockenflap são os norte-americanos Cigarettes After Sex, um fenómeno de popularidade para um estilo musical que costuma ficar reservado aos amantes de sonoridades alternativas dados à melancolia. O dream pop etéreo, electrizado por correntes shoegaze, da banda norte-americana ganhou imensos fãs na região, principalmente depois de ter esgotado no ano passado a sala Kitec, em Kowloon. Apesar de já ter uma década de carreira, a banda liderada por Greg Gonzalez só tem um disco na bagagem, editado em Junho do ano passado. Sexta-feira, dia de arranque do festival, terá assim uma toada algo negra, com os Cigarretes After Sex a juntarem-se aos também nova-iorquinos Interpol. Outro dos destaques nas novidades do cartaz do Clockenflap é o DJ set do escritor Irvine Welsh, que se estreou no formato romance com “Trainspotting”, adaptado para cinema por Danny Boyle. O autor, que vai participar no Festival Literário Internacional de Hong Kong, irá brindar o público do Clockenflap com as electrizantes batidas do seu acid house na noite de sábado, 10 de Novembro. Outro dos novos e mais interessantes elementos do cartaz deste ano é Cornelius, frequentemente descrito como o Beck japonês. O Clockenflap 2018 terá como cabeças de cartaz Interpol, David Byrne e Khalid. Para os interessados, o passe de três dias custa 1620 HKD, enquanto os bilhetes para um dia têm um preço a partir de 920 HKD.
Diana do Mar SociedadeTIR para instrutor de música suspeito de abuso sexual [dropcap]O[/dropcap] instrutor, de 78 anos, que terá alegadamente tocado nas partes íntimas de duas irmãs, de 8 e 9 anos, foi sujeito a três medidas de coacção: Termo de identidade e residência (TIR), apresentação periódica mensal às autoridades e proibição de contacto com as vítimas e os seus familiares. O caso, tornado público no início do mês depois de a mãe das meninas o ter participado à Polícia Judiciária (PJ), remonta às férias de Verão. Tudo terá acontecido durante aulas de música e de desenho, que as meninas frequentavam desde Abril, organizadas por uma entidade particular na freguesia de Santo António. A informação foi facultada ao HM pelo Ministério Público (MP) que indicou que recebeu recentemente os autos remetidos pela PJ e decidiu “instaurar um inquérito para proceder às diligências de investigação”. As três medidas de coacção foram aplicadas pelo juiz de instrução criminal, após proposta do MP, “no sentido de se realizar mais diligências de investigação e obtenção de provas”. “Caso se recolham indícios criminais suficientes, o delegado do Procurador titular do inquérito irá acusar o arguido da prática de dois crimes de abuso sexual de crianças”, diz a mesma resposta. Após ter estalado o caso, uma jovem denunciou nas redes sociais ter também sido vítima de abusos sexuais por parte do mesmo homem há oito anos. Essa jovem, que pelo menos até ao início do mês não tinha participado a ocorrência à PJ, alegou ter dado conta do episódio a um assistente social em 2016 que, por sua vez, o terá supostamente comunicado à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Em conferência de imprensa, no dia seguinte à publicação da denúncia nas redes sociais, a DSEJ garantiu desconhecer por completo o caso.
João Santos Filipe SociedadePJ investiga caso de bullying na Escola Luso Chinesa Técnico Profissional Após a divulgação do caso através das redes sociais, a instituição de ensino alertou as autoridades e o caso está sob investigação por parte da Polícia Judiciária. A DSEJ enviou psicólogos à escola para prestarem apoio aos estudantes e encarregados de educação [dropcap]A[/dropcap]s autoridades estão a investigar o caso de uma uma aluna da Escola Luso Chinesa Técnico Profissional que surge num vídeo, gravado na rua, a pontapear uma colega da mesma instituição. A gravação começou a circular, ontem, nas redes sociais e a Polícia Judiciária (PJ) está a investigar a situação. As imagens não permitem identificar o local em que as agressões aconteceram, mas é possível ver uma estudante a gritar e pontapear a colega na zona do abdómen. O caso ocorreu durante a noite, alegadamente de ontem, e é ainda possível ver a vítima de bullying a cair no chão, devido ao pontapé. “Após termos conhecimento do acidente, entrámos em contacto com a estudante e os pais e iniciámos a investigação. A Direcção de Serviços de Educação e Juventude [DSEJ] também já foi informada sobre o sucedido”, afirmou uma porta-voz da PJ, em declarações ao HM. “Também convidámos uma estudante a vir à estação para prestar declarações e assistir-nos na investigação. Mas, de momento, não podemos revelar mais informações”, foi acrescentado. Por este motivo, a PJ escusou-se a revelar a idade das pessoas envolvidas e os motivos que levaram à agressão. Segundo a DSEJ, a denúncia do caso partiu da própria instituição de ensino, depois de ter dado conta do sucedido, através das redes sociais. “Na sequência da tomada de conhecimento, na manhã do dia 23, do caso de agressão física entre estudantes, através duma plataforma de rede social, a Escola Luso-Chinesa Técnico- Profissional informou, de imediato, o núcleo de acompanhamento de menores da Polícia Judiciária, bem como prestou apoio aos encarregados de educação na denúncia do caso à Polícia Judiciária, para tratamento futuro”, revelou a Direcção de Serviços de Educação e Juventude, numa resposta enviada ao HM. Além deste procedimento, foram ainda disponibilizados serviços de “aconselhamento aos alunos e encarregados de educação”, um procedimento habitual neste tipo de situações. Apelo à prevenção Por outro lado, a DSEJ prometeu acompanhar a situação com a maior das atenções e afirma estar empenhada no reforço da “segurança escolar”, com o objectivo de criar “um ambiente seguro para os estudos e o crescimento dos alunos” com o objectivo de que pais e crianças não tenham de se preocupar e possam focar as atenções na aprendizagem. Ainda no mesmo comunicado, a DSEJ alerta que “a ofensa à integridade física é um crime grave, podendo ser punido com pena de prisão ou multa, e etiquetado como antecedente criminal”. Segundo o código penal de Macau a prática deste crime é castigada com pena de prisão até três anos, se for considerada simples. No caso de ser uma ofensa grave a moldura penal vai dos dois aos 10 anos.