Flexibilizadas regras do regime de benefícios fiscais para reconstrução de edifícios

[dropcap]F[/dropcap]oi introduzida maior flexibilidade para os promotores na proposta de lei sobre benefícios fiscais para a reconstrução de prédios. A novidade foi avançada ontem pelo presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que analisa o diploma em sede de especialidade.

À luz da proposta de lei, o promotor do empreendimento goza de isenção do imposto de selo sobre a aquisição do segundo e posteriores bens imóveis destinados à habitação, mas está obrigado a concluir as obras de fundação do edifício a ser reconstruído no prazo de três anos a contar da data da aquisição do edifício a ser demolido. Ora, segundo a nova versão do diploma, foram consagrados agora três cenários em que a contagem pode ser suspensa. A saber: quando houver alterações ao contrato inicial relativo à concessão dos terrenos destinados a edifícios a serem reconstruídos; quando a emissão a planta de condições urbanísticas levar “muito tempo” e, por fim, quando existirem “razões inimputáveis aos promotores, como tufões, e que o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) considere justificativas. “Esta alteração é nova e pertinente”, observou Chan Chak Mo.

A nova versão, entregue pelo Governo, adita ainda dois artigos que regulam o tratamento dos dados pessoais. O primeiro define que a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) e outras entidades públicas podem, para efeitos de execução de procedimentos administrativos, apresentar, trocar, utilizar e confirmar dados entre si, desde que em observância da Lei da Protecção dos Dados Pessoais. O segundo artigo elenca as entidades que ficam excluídas do dever de sigilo, como instituições de crédito, advogados, solicitadores, contabilistas ou agentes imobiliários, quando lhes forem solicitados elementos relativos ao pagamento de impostos e emolumentos no âmbito da fiscalização do cumprimento da lei. “Era um aspecto que estava em falta, até porque agora muitas leis têm artigos semelhantes”, comentou o presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL.

Chan Chak Mo deu ainda conta de outras alterações “satisfatórias” que resultaram das propostas apresentadas pelos deputados e pela assessoria da AL, como a separação dos benefícios fiscais de promotores e de proprietários. Não obstante, outras perguntas ficaram sem resposta, como a forma como vai o diploma articular-se com a Lei da Salvaguarda do Património, apontou o responsável, dando conta de que a comissão espera reunir-se com o Governo na próxima semana.

26 Out 2018

Chefe do Executivo | Bruce Kwong acha que Alexandre Ma pode ser candidato

Bruce Kwong, docente da Universidade de Macau, defende que o empresário Alexandre Ma Iao Lai poderá ser uma alternativa a Ho Iat Seng para as eleições ao cargo de Chefe do Executivo, que acontecem no próximo ano. O académico alerta também para o facto de “estarmos a ser monitorizados por muitos olhos”

 

[dropcap]U[/dropcap]m dia depois da inauguração oficial da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, falámos com Bruce Kwong, docente na área da ciência política da Universidade de Macau (UM), sobre o momento político que o território atravessa. Na cerimónia de inauguração, Chui Sai On falou mal mandarim, uma língua que não domina completamente, e foi alvo de críticas nas redes sociais. Para Bruce Kwong, o fraco domínio do mandarim é algo que lhe dá uma má imagem como político mas, nesta fase, já não importa, pois o Chefe do Executivo está de saída.

E quem lhe poderá suceder? Muito se tem falado de Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa (AL), sobretudo desde que Chui Sai Cheong, vice-presidente e irmão de Chui Sai On, o elogiou publicamente.
Contudo, Bruce Kwong prefere avançar com o nome de Alexandre Ma Iao Lai, empresário ligado à histórica Associação Comercial de Macau e a vários conselhos consultivos.

“Aos olhos de Pequim, ele [Ho Iat Seng] pode ser uma figura ideal para concorrer a este cargo, mas o segundo candidato pode ser Ma Iao Lai. Tanto em Macau como em Hong Kong, um candidato tem de ser de confiança, ter experiência em cargos políticos e Mao Iao Lai tem essa experiência. Ele é membro do Conselho Executivo, mas Ho Iat Seng não é. Tem experiência na estrutura governamental de Macau.”
Bruce Kwong lembrou que, em 2009, escreveu um artigo de opinião em que defendeu que Ho Iat Seng poderia ser o “cavalo negro” de Chui Sai On, ou seja, alguém capaz lhe poderia suceder mas com baixa probabilidade de o ser efectivamente. Quase dez anos depois, tudo depende da própria vontade do presidente da AL.

“Pode ser o ‘cavalo negro’, mas tudo depende se tiver interesse ou se for forçado a ter interesse em se candidatar. De outra forma, penso que Ma Iao Lai pode ser candidato”, frisou.

Sobre a nova ponte, inaugurada com pompa e circunstância esta terça-feira, Bruce Kwong assegura que Macau não necessita da maior travessia marítima do mundo. “Quando Zhuhai tentou persuadir Hong Kong a construir uma ponte como esta, o Governo de Macau disse que não tinha qualquer interesse neste projecto, pois a ponte iria ajudar muito pouco a trazer mais turistas para o território. Poderíamos usar a fronteira nas Portas do Cerco ou outras formas mais fáceis. Não teríamos de gastar milhões para aderir a este projecto.”
Além disso, “Hong Kong também rejeitou o projecto, nos anos 80, depois da apresentação da ideia de Gordon Wu, que sugeriu a ponte entre Hong Kong e Zhuhai, pois poderia criar muitos congestionamentos de trânsito.”

Bruce Kwong assegura que o território não consegue receber mais que 32 milhões de turistas, apesar dos tão falados benefícios económicos em termos de integração. “Foi uma medida de propaganda [do Governo Central], porque a China quer ligar o Delta do Rio das Pérolas”, frisou.

Chui na CCPPC

Depois de deixar o Governo, Chui Sai On poderá ser eleito como vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), cargo actualmente desempenhado por Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo da RAEM. Bruce Kwong acredita que Chui Sai On almeja essa posição.
“Penso que ele gostaria de ser vice-presidente da conferência consultiva, como Edmund Ho ou CY Leung em Hong Kong. Chui Sai On quer mesmo ser escolhido para a conferência e este pode ser o último cargo político da sua carreira.”

Quanto ao último mandato, o académico pensa que não tem sido muito diferente em relação a outros políticos que estão de saída dos seus cargos.
“Em vários países do mundo podemos observar que, no último ano de mandato, um chefe de Governo faz muito pouco. Chui Sai On tenta fazer algo que o ajude a criar uma imagem mais poderosa e capaz, porque em 2009 foi criticado por estar na sombra de Edmund Ho. Ele disse que iria seguir as políticas de Edmund Ho no seu novo Governo, para não ter uma má imagem. No segundo mandato, nomeou novos secretários para criar uma nova imagem”, recordou.

Big Brother

Questionado sobre o impacto negativo que as novas medidas adoptadas pelo secretário Wong Sio Chak possam vir a ter, ao nível da perda de direitos, Bruce Kwong diz nada temer e afirma que todos nós já estamos a ser vigiados.

“Esta questão é muito sensível, mas não tenho receios [de uma redução dos direitos]. Em Macau, já somos monitorizados por muitos olhos. Não apenas pelas câmaras, mas quando usamos os smartphones, com o WeChat e outras aplicações. Sim, eles sabem [autoridades de Macau e China], têm muitos canais para saber esses dados. Não é propriamente uma coisa nova. Em Macau e Hong Kong é muito fácil detectar ou saber os nossos passos.”

Sobre a questão da liberdade académica, Bruce Kwong assegura que nunca teve problemas. “Pode notar pelas minhas respostas que eu tenho liberdade académica. Tenho liberdade de expressão. Alguns jornalistas gostam de me entrevistar porque posso ser crítico, não tenho receios de nenhuns problemas que possam surgir nesse âmbito. Não fiz nada que viole a lei.”

Confrontado com as recentes declarações do seu ex-colega Newman Lam, que assegurou que o Gabinete de Ligação de Pequim em Macau anda a ser mal informado sobre o panorama político local, Bruce Kwong disse desconhecer esses casos. “Não conheço casos. Newman Lam é mais sociável do que eu, gosto de fazer a minha investigação dentro e fora do gabinete”, apontou, acrescentando que em Macau nunca se colocou a hipótese da independência do território face à China.

26 Out 2018

EUA | China escutou chamadas entre Steve Wynn e Donald Trump

Steve Wynn é uma das personalidades a quem o Presidente norte-americano liga com frequência. Os serviços secretos chineses sabem disso e escutam as conversas entre Trump e o antigo CEO da Wynn Resorts. De acordo com o The New York Times, as secretas norte-americanas conhecem o esquema de espionagem de Pequim. O Governo chinês reagiu ao artigo e categorizou-o como notícia falsa e aconselhou Trump a comprar um Huawei

 

[dropcap]Q[/dropcap]uando o telefone de Steve Wynn toca e do outro lado está Donald Trump, as probabilidades de agentes das secretas chinesas estarem à escuta são consideráveis. O esquema montado por Pequim para interceptar chamadas que o Presidente norte-americano faz para os amigos mais próximos, onde está incluído o antigo CEO e fundador da Wynn Resorts, que detém a Wynn Resorts Macau, foi descoberto pelos serviços secretos norte-americanos.

A notícia dada pelo The New York Times (NYT) adianta que quando Donald Trump utiliza um dos seus iPhones, as secretas chinesas ouve as conversas. Muitas vezes, o teor do que se fala é insignificante, mas com frequência o Presidente norte-americano discute com amigos próximos, onde se inclui Steve Wynn, decisões políticas. Este tipo de informação possibilita a Pequim, e a quem mais estiver à escuta, ter acesso ao processo decisório da Admnistração Trump e é uma ferramenta para apurar quais as melhores formas de influenciar as políticas de Washington. A informação, obtida pelo NYT, assenta em depoimentos de antigos e actuais oficiais dos serviços de informação norte-americanos.

“Se Trump está preocupado com a segurança do iPhone, devia comprar um telefone Huawei”. Foi assim que a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês respondeu à notícia do esquema de escutas. De qualquer das formas, Pequim reagiu à notícia do NYT ao modo de Trump: “fake news”.

Altas patentes da Casa Branca, próximas do Presidente repetidas vezes o alertaram para o facto dos seus telemóveis não serem seguros o suficiente para usado para conversas sensíveis. Trump foi avisado explicitamente para a elevada probabilidade de operacionais do Kremlin também estarem à escuta. Outra recomendação que caiu em saco roto foi a necessidade do Presidente norte-americano usar a linha fixa da Casa Branca com mais frequência. No entanto, e para a frustração de quem o aconselha, Donald Trump não abdica dos seus iPhones. Fontes da Casa Branca referiram ao NYT que só podem acalentar a esperança que o Presidente não discuta informação classificada em telefones não seguros. Aliás, a matéria foi discutida várias vezes em briefings de forma a contornar aquilo que pode ser descrito como a “abordagem casual à segurança electrónica” de Trump.

Alunos atentos

Os agentes norte-americanos que falaram com o NYT, em condição de anonimato, referiram que as entidades chinesas têm como objectivo aprender com as chamadas interceptadas. A forma como Trump pensa, que tipo de argumentos o costumam convencer e a quem o Presidente dá crédito são informações valiosas para, por exemplo, prevenir a escalada da guerra comercial entre Pequim e Washington que tem abalado os mercados do mundo inteiro.

No fundo, a campanha dos serviços chineses é uma simbiose entre lobbying e espionagem, com base num pequeno grupo de pessoas com quem Trump fala com alguma regularidade e na esperança desses contactos serem usados para tentar influenciar as políticas de Administração norte-americana.
Além de Steve Wynn, Stephen Schwarzman, director executivo do Blackstone Group, é uma das pessoas incluídas na lista. É de salientar que o dirigente da companhia de investimentos financiou um programa de mestrado na prestigiada Universidade de Tsinghua, em Pequim.

De acordo com o NYT, as secretas chinesas identificaram amigos de ambos os homens, assim como de amizades de outros contactos regulares de Donald Trump. Num segundo plano, a China conta com a ajuda de empresários chineses, assim como outras personalidades ligadas ao regime de Xi Jinping, para fornecer argumentos pró-chineses aos amigos dos amigos próximos de Trump. O objectivo é que a agenda da Casa Branca seja influenciada, indirectamente, por algumas das pessoas em que Donald Trump mais confia. Fontes citadas por jornal sediado em Nova Iorque acrescentam que é muito provável que os amigos do Presidente não estejam cientes das intenções do Governo liderado por Xi Jinping.

Reforma silenciosa

Quando o NYT contactou o advogado de Steve Wynn para saber se o magnata queria esclarecer a sua posição nesta matéria, o representante referiu que o seu cliente estava aposentado e que não faria qualquer comentário. Uma porta-voz da Blackstone recusou comentar os esforços chineses para influenciar Schwarzman, mas referiu que este “se sente feliz com a possibilidade de servir de intermediário em matérias críticas entre os dois países, sempre que requisitado pelos seus líderes”.

Fontes ouvidas pelo jornal sediado em Nova Iorque revelaram descrédito perante a hipótese de Moscovo estar a montar uma operação com o mesmo grau de sofisticação da de Pequim, principalmente tendo em conta a afinidade aparente entre Trump e Putin.

Ainda assim, este tipo de manobras de contra-informação não são anormais por parte de Pequim que, durante décadas, tentou influenciar líderes norte-americanos através de redes informais constituídas por importantes homens de negócios e académicos capazes de “vender” ideias e políticas que cheguem à Casa Branca. A diferença é que desta vez, com o esquema de escutas montado, as secretas chinesas têm acesso a conversas que lhes permitem ter uma ideia bem mais clara dos argumentos que resultam com Donald Trump.

Aliás, é de referir que o próprio Stephen Schwarzman, uma das presenças proeminentes na primeira reunião entre Trump e Xi, que ocorreu no resort da Florida Mar-a-Lago, não esconde as visões alinhadas com a China e que tendem a ser a favor do comércio livre. Uma linha que tem perdido fôlego para as forças isolacionistas na Casa Branca.

Um dos agentes ouvidos pelo NYT afirmou que uma das tácticas das autoridades de Pequim era tentar convencer Trump a marcar reuniões com Xi com a maior frequência possível. O motivo é a convicção de que o Presidente norte-americano dá grande valor às relações pessoais, e que, como tal, as reuniões a dois poderiam levar a significativos avanços na relação entre as duas maiores economias mundiais.

Amigo do seu amigo

A questão que se levanta com a revelação do esquema de escutas é se as amizades mais próximas de Donald Trump, nomeadamente Steve Wynn, conseguem atenuar a guerra comercial empurrada pela ala isolacionista que continua a ter um forte capital de persuasão, mesmo depois da saída de Steve Bannon da Casa Branca.

Fontes ouvidas pelo NYT revelam que Trump tem dois iPhones que foram alterados pela NSA, de forma a limitar as suas capacidades e vulnerabilidades, e um terceiro telefone igual ao qualquer outro iPhone. Apesar das insistências de oficiais de segurança, o Presidente continua a usar o seu telemóvel pessoal porque, ao contrário dos aparelhos seguros, pode guardar contactos.
A intercepção de chamadas não é algo que necessite de um enorme aparato tecnológico. À medida que as chamadas “viajam” entre torres de telecomunicações e redes de cabos, a intercepção torna-se relativamente fácil para chamadas feitas tanto por iPhone, Androido e velhos telefones anterior ao smart-phone, que são vulneráveis.

É de salientar que o tópico da segurança de comunicações foi algo amplamente discutido por Trump durante a sua campanha na corrida à Casa Branca. Aliás, até hoje, em comícios políticos que continua a fazer, Donald Trump menciona o servidor de correio electrónico pouco seguro de Hillary Clinton enquanto esta era secretária de Estado. Um discurso que costuma ser acompanhado pela audiência a entoar “Prendam-na!”.
Barack Obama estava bem ciente dos riscos de usar um telefone não seguro, uma prática que nos dias que correm é natural em líderes mundiais, como Vladimir Putin e Xi Jinping.

26 Out 2018

Governo reforça gestão das fronteiras e dados informáticos

O Conselho Executivo terminou a discussão sobre o regulamento administrativo que altera a organização e funcionamento da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança. Dois novos departamentos vão ser criados e contratados 58 funcionários para responder às necessidades nas áreas das novas tecnologias e na gestão dos postos fronteiriços terrestres

 

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços das Forças de Segurança vai ter mais dois departamentos e, para o efeito, vai contratar 58 pessoas, revelou ontem o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, em conferência de imprensa. A novidade surge é trazida pelo regulamento administrativo que altera a organização e funcionamento desta Direcção, tendo em conta a necessidade de reforço da capacidade de “policiamento inteligente e a garantia do bom funcionamento dos novos postos fronteiriços terrestres do território”, acrescentou o responsável.

Um dos organismo que vai ser criado é o Departamento de Sistema Informático que te como objectivo assegurar todos os assuntos relacionados com a área da tecnologia informática das Forças de Segurança de Macau (FSM). Este departamento vai ter como competências o planeamento e avaliação dos sistemas relativos à tecnologia informática das FSM, bem como a coordenação, construção e a aplicação geral das redes e dos sistemas dos vários tipos de informação de dados.

Cabe ainda ao novo departamento a garantia da estabilidade e segurança dos sistema informáticos das FSM.
Já o Departamento de Postos Fronteiriços Terrestres vai garantir a gestão das instalações das estruturas já existentes e aquelas que vão ser criadas.

De acordo com Leong Heng Teng, a necessidade deste departamento agudiza-se não só com a abertura da Ponte HKZM, mas também com a iminência de novos postos terrestres. Em causa está o plano para as novas instalações de Qing Mao e o alargamento do posto da Flor de Lótus à Ilha da Montanha, adiantou.

O planeamento do desenvolvimento das construções básicas e instalações complementares nos postos fronteiriços terrestres afectos à administração das FSM, a gestão e manutenção das instalações e equipamentos destes postos e a supervisão das operações são algumas das principais responsabilidades deste novo organismo.

Mais pessoas

A abertura dos dois departamentos das FSM vai exigir a contratação de funcionários para os quadros da função pública. No total, são 58, na sua maioria profissionais técnicos, adiantou Leong Heng Teng. “Temos que ter em conta o aumento do número de postos fronteiriços, por exemplo. Anteriormente, o apoio técnico era dado por outros serviços, mas agora precisamos de trabalhadores para garantir o funcionamento das novas estruturas”, disse.

Por outro lado, e no que respeita ao policiamento inteligente, é necessário pessoal que garanta a criação de “nuvens”, assim como profissionais responsáveis pela gestão de mega dados.

25 Out 2018

Jornalista japonês libertado relata “inferno” do seu cativeiro na Síria

[dropcap]U[/dropcap]m jornalista japonês detido na Síria por mais de três anos, libertado esta semana, descreveu os seus anos de cativeiro como um “inferno” antes de partir para o Japão, onde é esperado na noite de hoje.

“Foi um inferno”, disse Jumpei Yasuda numa entrevista transmitida pela televisão pública japonesa NHK.

O jornalista disse que este “inferno” não foi só físico, mas também mental. “Todos os dias, eu dizia a mim mesmo ‘não é hoje que serei libertado’ e perdia o controlo de mim mesmo, pouco a pouco”, afirmou.

O jornalista freelancer, de 44 anos, pareceu empolgado, aliviado e tenso ao mesmo tempo, descreve a agência France-Presse. “Por cerca de 40 meses, eu não falei japonês, então as palavras não me vêm facilmente”, disse.

“Estou feliz por voltar ao Japão, mas ao mesmo tempo, não tenho ideia do que vai acontecer agora e de que maneira eu devo comportar-me. Não sei o que pensar”, disse Yasuda, que pediu desculpas pelo “problema causado”.

Ex-reféns japoneses já foram vítimas de insultos por parte dos seus compatriotas, que consideram que a situação em que se envolveram ocorreu devido a sua imprudência.

Jumpei Yasuda detalhou em outro canal as suas condições de detenção, explicando que não se pôde lavar por oito meses e foi forçado a permanecer imóvel por longas horas.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), baseado no Reino Unido, o jornalista japonês foi libertado no quadro de um acordo entre a Turquia e o Qatar.

Yasuda foi levado para a Turquia após ser entregue pelos seus raptores a um grupo armado “não-sírio”, segundo a OSDH.

Jumpei Yasuda foi sequestrado em junho de 2015 e apareceu em agosto passado num vídeo divulgado por um grupo jihadista.

Neste vídeo, vestindo um macacão laranja, Yasuda estava sob a ameaça de homens armados e mascarado. Outro refém, o italiano Alessandro Sandrini, também apareceu nas imagens.

No início de 2015, militantes do grupo Estado Islâmico (EI) haviam decapitado dois japoneses, o correspondente de guerra Kenji Goto e o seu amigo Haruna Yukawa.

O Governo japonês foi então criticado por, alegadamente, perder a oportunidade de salvar os dois homens.

25 Out 2018

Muçulmanos rohingya continuam a ser vítimas de genocídio na budista Myanmar, diz ONU

[dropcap]O[/dropcap]s muçulmanos rohingya continuam a ser vítimas de genocídio em Myanmar, cujo Governo demonstra de forma crescente a falta de interesse no estabelecimento de uma verdadeira democracia, afirmaram na quarta-feira investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU).

Marzuki Darusman, presidente da missão de investigação da ONU em Myanmar, afirmou que milhares de rohingya continuam a fugir para o Bangladesh e que, entre 250 mil e 400 mil que permaneceram, depois da brutal campanha militar no país de maioria budista, “continuam a sofrer as mais severas” restrições e repressão.

“Neste momento está a decorrer um genocídio”, sintetizou, durante uma conferência de imprensa, na quarta-feira.

Yanghee Lee, a investigadora especial da ONU sobre direitos humanos em Myanmar, afirmou que ele e muitos outros na comunidade internacional esperavam que a situação sob a liderança de Aung San Suu Kyi “seria muito diferente da do passado, mas, na realidade, não é muito diferente da do passado”.

Acrescentou que Suu Kyi, laureada com o Prémio Nobel da Paz e antiga presa política que agora lidera o Governo civil do Estado de Myanmar, “está em negação total” sobre as acusações feitas aos militares deste país de maioria budista de violarem, assassinarem e torturarem os rohingya e incendiarem as suas vilas, levando cerca de 700 mil a fugirem para o Bangladesh desde agosto do ano passado.

25 Out 2018

Trump defende que não há lugar para “violência política”

[dropcap]O[/dropcap] presidente norte-americano, Donald Trump, emitiu hoje um apelo para a unidade, após a intercepção de pacotes com engenhos explosivos endereçados a Hillary Clinton e Barack Obama, defendendo que “a violência política” não é tolerável nos Estados Unidos. “Em momentos como este, devemos unir-nos”, declarou Trump a partir da Casa Branca.

“Não há, nos Estados Unidos, lugar para actos e ameaças de violência política de qualquer natureza”, frisou o presidente, que tem recorrido, em campanha, a uma retórica extremamente agressiva em relação aos seus adversários políticos.

“Estamos muito zangados”, acrescentou, prometendo esclarecer totalmente este caso do envio para diversas personalidades políticas, e também para a redacção de Nova Iorque da estação televisiva CNN, de encomendas armadilhadas.

Embora sem referir o seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama, ou a sua adversária democrata nas eleições presidenciais de 2016, Hillary Clinton, Trump sublinhou que serão utilizados todos os meios necessários para levar a bom porto a investigação da polícia federal (FBI).

Também a primeira-dama, Melania Trump, se pronunciou sobre os ataques de hoje, que classificou como “ataques cobardes”. “Condeno vigorosamente todos aqueles que optam pela violência” declarou.

25 Out 2018

Empresário chinês condenado por falsificar robô japonês

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal da cidade chinesa de Xangai condenou um homem a três anos e meio de prisão por fabricar e vender mais de 34 mil modelos falsificados do robô japonês Gundam, noticiou hoje a imprensa local.

O homem, de 33 anos, era director de uma fábrica de brinquedos na cidade de Shantou, na província de Guangdong, no sul da China, quando entre 2016 e Setembro de 2017, pediu aos trabalhadores para fazerem cópias com base nos modelos do robô japonês Gundam.

Os robôs falsificados foram depois vendidos a um homem chamado Lin Hong, sob a marca Dragon Peach, com um valor total de mercado de 3,8 milhões de yuans.

O tribunal ordenou ainda o pagamento de uma multa de 1,9 milhões de yuans, dado que o condenado não tinha a aprovação do fabricante japonês para fazer cópias do robô.

A empresa dinamarquesa Lego tem registado também vários casos de falsificações dos seus brinquedos por diversos fabricantes por parte de empresas chinesas.

25 Out 2018

Criada associação sobre Xi com morada em centro de ensino que nega qualquer ligação

[dropcap]M[/dropcap]acau tem desde ontem uma associação que estuda e divulga a doutrina de Xi Jinping, mas a morada oficial apresentada fica num centro de ensino, que nega qualquer ligação à recém-criada instituição. A informação foi publicada ontem em Boletim Oficial, com o nome Associação de Pesquisa do Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para Uma Nova Era em Macau. O objectivo passa por promover e estudar o pensamento de Xi e a morada divulgada para a sede fica no 4.º andar, apartamento O do Centro Comercial Cheng Feng, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção.

No entanto, no apartamento indicado, funciona o centro de formação “Elite Institute”, onde se pode frequentar cursos de inglês, maquilhagem, ter aulas de ioga ou de box. O HM contactou o centro, que negou ter qualquer ligação à associação divulgada ontem.

“Nunca ouvi falar dessa associação. Isto é um centro de ensino. Temos estudos de inglês e outros cursos que qualquer pessoas pode frequentar. Tenho a certeza que nunca criei essa associação”, disse, ao HM, Roby Kwok, presidente do Grupo AES, que tem o centro de ensino. “Não temos qualquer ligação com essa associação”, acrescentou.

Roby Kwok admitiu que o espaço em que o centro de ensino opera é arrendado, mas que não teve qualquer indicação do senhorio que seria utilizado como morada para a associação. Kwok avançou ainda com a possibilidade de contactar os advogados para seguir com o caso para tribunal.
Segundo a informação publicada no BO, a associação Research Association of Xi Jinping Thought on Socialism with Chinese Characteristics for A New Era of Macao, que não tem nome em português, define como primeiro objectivo: “Analisar, estudar, promover e analisar a nova Era do socialismo com características chinesas”.

Ainda no que diz respeito aos propósitos, constam o apoio à Lei Básica de Macau, a promoção do princípio Um País, Dois Sistemas, o Amor à Pátria e contribuição para o desenvolvimento sustentável de Macau.

25 Out 2018

Filme de João Botelho candidato a mais uma nomeação para os Goya

[dropcap]O[/dropcap] filme “Peregrinação”, de João Botelho, é candidato a uma nomeação para os prémios espanhóis de cinema, os Goya, na categoria de melhor filme iberoamericano, anunciou a organização.

A Academia de Cinema de Espanha revelou hoje os 16 filmes pré-selecionados para o Goya de melhor produção ibero-americana e, entre eles, está “Peregrinação”, obra de João Botelho inspirada no relato de viagens, homónimo, de Fernão Mendes Pinto.

Entre os pré-selecionados estão, por exemplo, “Benzinho”, de Gustavo Pizzi (Brasil), “Los perros”, de Marcela Said (Chile), e “Roma”, de Alfonso Cuarón (México).

O filme de João Botelho é ainda candidato a uma nomeação para o Goya de melhor filme estrangeiro – e a outra para os Óscares, na mesma categoria -, como foi proposto em setembro pela Academia Portuguesa de Cinema.

A longa-metragem transpõe para cinema episódios do livro “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, impresso pela primeira vez em 1614, que relata a presença dos portugueses no Oriente e se apresenta como uma crónica de viagens de duas décadas de vivência do autor.

O filme é protagonizado por Cláudio da Silva, à frente de um elenco que inclui ainda, entre outros, Catarina Wallenstein, Pedro Inês, Maya Booth, Cassiano Carneiro, Rui Morisson, Jani Zhao e Zia Soares.

Do filme faz também parte “Por este rio acima”, do músico Fausto Bordalo Dias, interpretado por um coro masculino. A 33.ª cerimónia dos Goya decorrerá a 2 de Fevereiro em Sevilha.

25 Out 2018

Kashima Antlers apura-se para a final da ‘Champions’ asiática pela primeira vez

[dropcap]O[/dropcap]s japoneses do Kashima Antlers apuraram-se ontem para a final da Liga dos Campeões asiática de futebol, ao empatarem 3-3 no campo dos sul-coreanos do Suwon Bluewings, prevalecendo o triunfo por 3-2 da primeira mão.

O Kashima chegou ao intervalo em vantagem, com um golo de Yamamoto, aos 25 minutos, mas apanhou um grande susto na segunda parte, quando a equipa da casa, subitamente, deu a volta ao marcador e colocou-se na frente da eliminatória, com golos de Lim Sang-Hyub (52), Cho Sung-Jin (53) e do montenegrino Damjanovic (60).

Nishi, aos 64 minutos, voltou a deixar empatada a eliminatória e o brasileiro Serginho, aos 82, garantiu o apuramento do clube japonês, que está pela primeira vez na final da ‘Champions’ asiática.

Nos jogos decisivos da prova (a final é disputada em duas ‘mãos’), o Kashima Antlers vai defrontar os iranianos do Persépolis, que também se vão estrear nesta fase da competição.

Na outra meia-final, o Persépolis eliminou o Al Sadd, do Qatar, orientado pelo português Jesualdo Ferreira, depois de uma vitória por 1-0 e um empate 1-1.

25 Out 2018

Primeiro-ministro japonês quer reforçar cooperação em visita à China

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, prometeu reforçar a cooperação e a amizade entre o Japão e a China durante um discurso político no Parlamento, antes de fazer a primeira viagem oficial em sete anos de um líder japonês a Pequim.

Abe declarou que o Japão e a China são responsáveis pela paz e prosperidade da região, as quais espera manter ao impulsionar o intercâmbio entre os dois países.

O primeiro-ministro japonês irá reunir-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, durante a sua visita de três dias à China.

“Amanhã (quinta-feira) irei visitar a China”, declarou Abe, sublinhando que durante a cimeira diplomática irá aprofundar “os intercâmbios entre os dois povos em todos os níveis de atividades, desde a cooperação entre empresas até o desporto”.

A visita de Abe à China acontece no momento em que os dois países celebram o 40.º aniversário do Tratado de Paz e Amizade Japão-China.

Em maio, o primeiro-ministro chinês também fará uma visita ao Japão.

Shinzo Abe espera fazer progressos nas áreas da segurança marítima e no contencioso sobre as reservas de gás no Mar da China Oriental.

Os líderes devem ainda discutir a questão da Coreia do Norte e as disputas comerciais entre Estados Unidos e China.

O primeiro-ministro japonês abriu a nova sessão parlamentar depois de ser reeleito no mês passado para a chefia do seu partido (Partido Liberal Democrata/PLD), que lidera o Governo japonês.

Com 64 anos, Abe é o primeiro-ministro do Japão desde dezembro de 2012 e está determinado a permanecer como líder do país por mais três anos.

No seu discurso, Abe também disse que quer encerrar questões diplomáticas inacabadas da II Guerra Mundial, normalizar os laços com a Coreia do Norte, resolver disputas territoriais e assinar um tratado de paz com a Rússia.

“Agora, é a hora de o Japão abreviar a sua diplomacia do pós-guerra e construir a base da paz e da prosperidade da região da Ásia-Pacífico numa nova era”, disse.

O primeiro-ministro também falou sobre a sua principal ambição de rever a constituição pacifista elaborada pelos Estados Unidos após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, embora os obstáculos para o fazer sejam bastante grandes.

Abe também se comprometeu a aceitar mais trabalhadores estrangeiros para enfrentar uma grave escassez de mão-de-obra no país.

O seu Governo está a preparar uma nova legislação que abriria mais empregos para estrangeiros nas áreas da enfermagem, construção, turismo, limpeza, entre outras.

É uma grande mudança para um país que há muito tempo tem resistido a ter mais residentes não-japoneses.

25 Out 2018

PR tailandês encontra homólogo malaio para relançar processo de paz no sul da Tailândia

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro tailandês encontrou-se ontem em Banguecoque com o seu homólogo malaio para relançar o processo de paz no extremo sul da Tailândia, de maioria muçulmana e que vive há quase quinze anos um conflito separatista.

O diálogo entre as diferentes partes “será retomado imediatamente e a Malásia será o intermediário”, disse o chefe da junta militar tailandesa, Prayut Chan-o-Cha, no poder desde 2014, numa conferência de imprensa conjunta.

“Estamos comprometidos em ajudar de todas as maneiras para pôr fim à violência no sul do país”, afirmou o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, que realiza a sua primeira visita a Tailândia desde a sua surpreendente vitória em maio.

“Com os nossos países a trabalhar com sinceridade para resolver o problema, este será reduzido, se não totalmente eliminado”, acrescentou Mohamad.

Nenhum detalhe ou calendário foi disponibilizado pelos dois chefes de Governo.

Desde 2004, a Tailândia, maioritariamente budista, enfrenta uma rebelião separatista em várias províncias de maioria muçulmana que fazem fronteira com a Malásia, num conflito que já fez quase 7.000 mortos, na maioria civis.

Os atentados tornaram-se mais raros desde o golpe de 2014, quando a junta militar reforçou as patrulhas e o recolher obrigatório.

Duzentas e trinta e cinco pessoas foram mortas em 2017 contra quase 900 em 2007, segundo dados da organização Deep South Watch.

Apesar disso, as negociações foram interrompidas, as autoridades tailandesas não conseguiram reunir em torno da mesma mesa a rebelião, dispersa em várias entidades.

Há algumas semanas, a Malásia e a Tailândia nomearam novos representantes para liderar as discussões.

“[A chegada dessas novas equipas] dá-nos esperança de avançar no processo de paz”, disse Panitan Wattanayagorn, assessor de segurança do vice-primeiro-ministro tailandês, Prawit Wongsuwan.

Segundo Wattanayagorn, além de as primeiras eleições desde o golpe na Tailândia estarem programadas para o início de 2019, o momento atual “é crucial para tentar fazer as coisas acontecerem”.

Vários especialistas, questionados pela agência de notícias francesa AFP, disseram que permanecem céticos sobre um possível avanço do processo de paz antes das eleições.

O grupo separatista Mara Patani, que costumava dialogar com o Governo tailandês, “disse que não participaria na mesa de negociações até que houvesse um governo democraticamente eleito na Tailândia”, disse Don Pathan, analista independente baseado na Tailândia.

Quanto ao Barisan Revolusi Nasional (BRN), grupo suspeito de estar por trás da maioria dos ataques mais violentos e “que controla praticamente todos os combatentes no terreno, não faz parte das forças com quem o Governo dialoga”, acrescentou Pathan.

Para o especialista em política tailandesa da Universidade de Naresuan Paul Chambers, o progresso das negociações não depende da Malásia, mas da junta tailandesa que “arrastou” as negociações até agora.

25 Out 2018

China estreita relações com Israel e Palestina

[dropcap]O[/dropcap] vice-presidente chinês, Wang Qishan, reuniu-se com dirigentes israelitas e palestinianos, com quem assinou vários acordos, estreitando as relações comerciais com Israel e Palestina.

Nos últimos anos, a China está a procurar ter um papel mais ativo no Médio Oriente, região em que se abastece de petróleo e é de importância vital para o seu ambicioso plano de infraestruturas promovido pelo Presidente, Xi Jinping, sob a designação de “Nova Rota da Seda”.

Hoje, durante a reunião da comissão conjunta China-Israel sobre cooperação e inovação, que se realiza, alternadamente, em cada país, foram assinados acordos bilaterais, sobretudo na tecnologia e na ciência, anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Na terça-feira, Wang Qishan visitou a Cisjordânia, onde se reuniu com o primeiro-ministro palestiniano, Rami Hamdallah, colocou uma coroa de flores no túmulo de Yasser Arafat e visitou a Igreja da Natividade, em Belém.

Durante a reunião de Wang Qishan com vários dirigentes palestinianos, foi decidido iniciar conversações para o estabelecimento de um acordo de comércio livre, conforme o memorando de entendimento assinado.

O Governo chinês sempre se posicionou ao lado da Palestina e mostrou o seu apoio ao processo de paz no Médio Oriente e a uma solução pacífica do conflito israelo-palestiniano, com os dois Estados nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital da Palestina.

25 Out 2018

Ex-chefe militar dos EUA admite guerra com China dentro de 15 anos

[dropcap]O[/dropcap] antigo comandante das forças militares dos Estados Unidos da América (EUA) na Europa admitiu, na quarta-feira, que é muito provável que os norte-americanos e a China estejam em guerra dentro de 15 anos.

O tenente-general retirado Ben Hodges afirmou que os aliados europeus terão de fazer mais para garantirem a sua própria defesa, perante uma ressurgente Rússia, porque os EUA vão precisar de dar mais atenção à defesa dos seus interesses no Pacífico.

“Os EUA precisam de um pilar europeu muito forte. Penso que dentro de 15 anos – o que não é inevitável –, é muito provável que estejamos em guerra com a China”, declarou Ben Hodges, numa sala cheia durante o Fórum de Segurança de Varsóvia, Polónia, um encontro de líderes e analistas políticos e militares da Europa Central.

“Os EUA não têm a capacidade para fazer tudo o que têm de fazer na Europa e no Pacífico para lidarem com a ameaça chinesa”, disse Hodges.

Este militar norte-americano chefiou as forças dos EUA na Europa entre 2014 e o ano passado.

Agora, é analista de estratégia no Centro de Análise da Política Europeia (Center for European Policy Analysis), um instituto de investigação baseado em Washington, nos EUA.

Apesar da mudança de prioridades geopolíticas, Ben Hodges considerou que o compromisso dos EUA com a NATO é “inabalável”, apesar das declarações de Trump.

Hodges disse à The Associated Press que um recente quase choque entre um ‘destroyer’ norte-americano e um vaso de guerra chinês foi apenas um sinal que aponta para “uma relação crescentemente tensa e uma concorrência cada vez mais forte em todos os domínios”.

Outros sinais são “os constantes roubos de tecnologia” por parte da China e a forma como a China está a ganhar o controlo das infra-estruturas através do financiamento de projectos em África e na Europa, acrescentou, detalhando que na Europa a China já possui mais de 10% dos portos.

25 Out 2018

Os furacões não fazem sexo por amor

[dropcap]O[/dropcap]s furacões não fazem sexo por amor, é verdade. Galgam fronteiras, assediam, penetram pelas calvas mais cândidas da natureza e nunca se aprestam a comer sushi para comemorar seja o que for. São maus como as cobras e transtornam os senhores que trabalham nas televisões. Perdoe-se-me a generalidade, já que a menção visa apenas aqueles vultos que as redacções colocam nas marginais a matutar rajadas e que depois se tornam em verdadeiras pás de moinho que chagam a franja aos nervos, de ponta a ponta.

Cabelos hasteados pela ventania, as lentes dos óculos a imitar vigias de submarino, a roupa já a refogar e a voz, ah a voz, verdadeiramente em estado de pitonisa, a tremeluzir as cordas vocais e a esbravejar ao jeito dos grilos antes de serem esmagados por polegar de aço. Estes pobres repórteres, convocados para um acto tão nobre, acabam como que possuídos pela bernarda e não há interferência que lhes distraia a ‘palavra certa’ e o apetite abrasivo e vulcânico.

Aristóteles bem avisou há 25 séculos que a voz é “todo e qualquer som” que “é produzido pelo choque”. O choque já mareava, como se vê, na cabeça dos clássicos. Mais, escrevia o filósofo: “A voz implica que o ar da artéria-traqueia seja, devido ao ar inspirado, agitado contra as paredes daquela. A prova do que afirmámos reside no facto de apenas ser possível emitir voz quando se retém a respiração, e nunca quando se inspira ou expira, já que unicamente podem os seus respectivos movimentos ser produzidos devido ao ar se encontrar retido desta maneira. Sendo assim, é evidente a razão pela qual são os peixes afónicos”(1).

O que Aristóteles nunca pôde observar e analisar foi estas efígies a reportarem furacões, de frente para a crista das vagas, com a areia a chegar-lhes às brânquias e rapidamente a transmudarem-se em carpas e depois em tubarões tipo macilento, lívido, escaveirado. Qual afónicos, qual quê!

Estes descendentes dos antigos locutores que abriram a caixinha das imagens no tempo de James Dean são hoje salamandras anfíbias que entram em transe nos directos. Com o microfone numa mão e a outra a fazer de quebra-mar, eles aprenderam nas universidades a procriar um tipo de excitação que resiste aos ansiolíticos mais fortes. Uma boa parte da formação teve e tem ainda como base a leitura de textos medievais em que as batalhas eram descritas com o justo exagero (os taxistas mais velhotes que detestam a uber chamam-lhe “hipérboles”).

Alguns exemplos: “Haverá entre eles uma grande batalha, daí que o sangue chegará até à porta do moinho”, “…e farão uma grande batalha, de tal maneira que o cavalo branco não será reconhecido, devido ao sangue que se derramará entre eles…” ou ainda “E será tão grande e tanto o sangue que se derramará perto da fonte do ferro, que chegará até às cinturas dos cavalos, o que será penoso de ver”(2).

Nas pós-graduações, depois de longo estágio nas futeboladas, a excitação é treinada com descidas a pique pela Boca do Inferno em que o mestrando se agarra à albarda de um burro sem usar luvas, pois o mesmo fizeram Fernando Pessoa e Aleister Crowley sem nada dizerem a ninguém. E o resultado, aliás brilhante, ficou para a história com H grande. Exemplos como este conduzem os futuros locutores (variante pás-de-moinho-em-tempo-de-tufão) a compreenderem quão mística é a aprendizagem de um conceito como o de “tempo real”.

Geralmente é já na dissertação final que esta divindade da comunicação contemporânea – o “tempo real” – é desvelada. ‘Chegados aos finalmentes’, logo a seguir às praxes, repetem em uníssono o juramento de Hermes que preconiza que o atrito espácio-temporal próprio da matéria abrirá um dia as portas à televiagem: a trasladação imaterial para qualquer sítio em tempo real. Ou seja: passar da velocidade da notícia à instantaneidade pura, questão obviamente adâmica para os nervos mais espevitados. Enquanto tal não acontece, os novos repórteres exercitam esse salto ainda improvável e, por isso, face a furacões como o Leslie, deixam a voz entrar em estado (aristotélico) de choque e permitem ao corpo que se desmembre num sururu instantâneo.

Os espectadores adoram, as audiências disparam e a catarse entumesce os espíritos. Mais cedo ou mais tarde, aparecerão ao lado da irmã do Ronaldo a matutar rajadas numa dessas revistas celestiais que todos conhecemos. E o personal coach gritar-lhes-á na curva do antigo Mónaco: “flecte, insiste. Flecte, insiste. Flecte, insiste”. Mnemósine, filha do céu e da terra, guardiã da memória e mãe de todas as musas (que sabem, há muito, que os furacões não fazem sexo por amor), não teria feito melhor.

 

1. Da Alma (De Anima), Org., introdução e tradução: Humberto Gomes, Carlos; Edições 70, Lisboa, 2001, p,76
2. Sánchez Alvarez, Mercedes, El Manuscrito misceláneo 774 de la Biblioteca Nacional de París, Gredos, Madrid, 1982 (fólios citados: 284r/284v, 285r/285v e 300r).

25 Out 2018

Braco, a alegria do espargo

[dropcap]D[/dropcap]obra quase um século sobre o que o poeta T. S. Eliot escreveu «Onde está a sabedoria,/ que se perdeu com o conhecimento?/ Onde está o conhecimento/ que se perdeu com a informação?»

Vivemos sob a orbe de uma sociedade da informação cujos fluxos são disparados, com consentimento ou não, e quantas vezes basta conectarmo-nos à Internet para colher os frutos de um maravilhoso pomar de dados, embora tema que estejamos mais isolados e intolerantes.

E talvez o mais vital não se situe na comunicação, mas no conhecimento. Que é? Temos demasiada pressa para o identificarmos enquanto nos lambuzamos nos novos hábitos de recolectores da informação. Radicará nesta falsa aurora, como um remix de fragmentos chegados de fora de nós, a facilidade para nos julgarmos com opinião sobre tudo, presumindo que agora a esfera pública está confinada às irrelevâncias que nos permitimos em privado? Morreu a esfera pública, ou emudeceu, como a crítica.

Entretanto, enquanto o velório prossegue, faço meu um dito de Ezra Pound: «Quero dizer que há ideias, factos, noções, que podeis procurar numa lista telefónica ou numa biblioteca e outras que estão dentro de nós, como o estômago ou o fígado.» A comunicação é tudo que está exterior a nós, na horizontal, já o conhecimento atinge-nos como uma reminiscência, abrindo horizontes na vertical como se raiasse de dentro. O que só acontece pela duração e não na instantaneidade da comunicação porque o tempo é suado e denso e não superficial e rápido, como o mercado ou as redes sociais afirmam.

E isto ocorre no rasto da mudança de paradigma na nossa relação com a palavra. A tendência niilista que se manifesta nesta reviravolta política para uma direita populista advém entre outros factores de uma desvalorização da palavra e de um descarrilamento na trivialização.

Aparentemente estamos mais conectados, contudo ao ser-nos repetido que tudo se mercantiliza descremos do valor da palavra e caímos no cinismo.

É sintomático que o actual guru de maior sucesso na Europa seja Braco, o Mudo. Braco o Contemplador, que cura as pessoas olhando-as por alguns minutos. Centenas afirmam que os seus padecimentos desapareceram por completo após terem fitado os seus olhos pacíficos. Parece que também funciona em animais, que provoca látegos de ternura nos frangos congelados e orgasmos nas ervilhas. O croata de 46 anos é popularíssimo na Europa e já é um fenómeno crescente nos EUA.

Ele não fala em público nem dá entrevistas; só se ouve a sua voz “amorosa” através de seu DVD. Consta que perderia os seus poderes especiais se falasse.

Um jornal americano chamou-lhe «o guru de uma nova era sem nada para dizer». Explicitamente, o seu silêncio é uma inscrição oracular onde cada um vê, encontra, o que julga precisar. Ressalta daí que já não se busca nem se acredita numa experiência partilhável pela mediação da palavra, que seja comum, pública: estar a sós com a mudez do olhar de guru basta.

Hoje, morta a esfera pública, as convicções e crenças pessoais repudiam os factos. Um dia, em 2007, na universidade em Maputo, cheguei à aula e os meus planos foram furados por uma reportagem televisiva que urgia, diziam os alunos, ser debatida. Nos subúrbios, uma rapariga parira um bule e duas chávenas. Metade da turma rejeitava a hipótese, alguns hesitavam e outros defendiam a sua possibilidade. Foi inútil explicar-lhes as leis da biologia e o que fosse o ADN.

Contra convicções não há factos: faça-se silêncio sobre séculos de ciência. O olhar de Braco desautoriza Einstein.

Igualmente, o inexplicável no fenómeno das fake news (que “industrializou” uma prática que se ocultava) é que face à sua motivação política tão descarada a sua implaubilidade concite afinal adesões tão maciças, sem que o crédulo interrogue os efeitos de se institucionalizar a mentira. O militante crê, afasta qualquer crivo de análise: basta-lhe o olhar bovino do candidato, daquele que prescindiu de debates, e tudo devém credível.

É absurdo que no fito de exprimirmos a insatisfação contra um sistema estabelecido aceitemos um conservador autoritário que usa processos desonestos e nem cumpre as regras do jogo, alheando-nos de que ele nos está a avisar que não tem valores e o seu programa viverá da vantagem, do oportunismo e da violência; para ele o passado não é uma inscrição na memória mas narrativa morta, que qualquer alusão revisionista desmancha, reverte e desclassifica.

As pessoas sérias da direita democrática não separam o trigo do joio? O ensaísta Bruno Carvalho, professor de Harvard, mete o dedo na ferida: «O facto de o eleitorado mais de direita optar por um radical, ao invés de outros candidatos da direita mais comprometidos com a democracia, indica uma necessidade urgente de autocrítica entre elites conservadoras e liberais».

A confirmar-se a eleição de Bolsonaro a hecatombe não é só para a esquerda, a direita democrática fica sem legitimidade ou recuo moral.

Reagia Bolsonaro às acusações sobre a Caixa 2: embora reconheça a ilegalidade do acto, no fundo é uma vítima da liberdade das pessoas que se organizam para divulgar mensagens em massa em seu benefício, sejam militantes ou empresários… pelo que é inocente. Há alguma coisa de que este homem se sinta responsável?

É uma resposta tão cínica e destituída do factor humano como a reacção de Trump à queda das Twin Towers: «A Trump Tower voltou a ser a mais alta!»

Por que é que se fica cego a estas evidências, achando que são apenas minudências de um orador desastrado, um mal menor? Porque na generalidade as pessoas vêm preferindo a trivialização da comunicação ao conhecimento, que exige outro comprometimento e a manutenção duma esfera pública: ou seja, de critérios fora de nós.

Há décadas que Bauman preveniu que a paulatina primazia que se dá à segurança sobre a liberdade pode resultar na paranoia que anseia por liquidar o exterior, o espaço público. Que São Braco, Deus dos espargos, nos acuda!

25 Out 2018

“A Memória da Cidade II” – José Silveira Machado (1918/2018)

“A tempo entrei no tempo,
Sem tempo dele sairei:
Homem moderno,
Antigo serei.
Evito o inferno
Contra tempo, eterno
À paz que visei.
Com mais tempo
Terei tempo:
No fim dos tempos serei
Como quem te salva a tempo.
E, entretanto, durei.”

Vitorino Nemésio

[dropcap]F[/dropcap]ilho das dificuldades, onde os dias nasciam carregados de deveres, José Silveira Machado veio ao mundo a 24 de Outubro de 1918, em Velas, S. Jorge, Açores, a freguesia das freguesias de sentido único, a partida. Direcção, Oriente, destino, Macau.

Foi este o «caminho» de José Silveira Machado o «Professor». Aportou a Macau numa época difícil de transição e contradição – 1933 -, para estudar, “indisciplinado aluno” (?), no Seminário de S. José – «um exílio é um refúgio com uma biblioteca», na opinião de Zia Haider Rahmam -, entre a idílica adolescência e a indesejada vida adulta.

A realização pessoal exige escolhas, sensibilidade e bom senso Concluído o curso do Seminário – um período de possibilidades ilimitadas -, optou pela vida civil , onde acontece viver -, em detrimento da vida eclesiástica.

“Cresceu sem ver o Mundo mas com os olhos postos na vida.”

Homem de pensamento rigoroso, honesto, dinâmico e crítico, criador e bondoso, olhar suave, rosto comprido e magro, boca tensa, era um romântico. Tinha sempre mais dúvidas que certezas, percebia a diferença entre a realidade dos factos e os factos alternativos.

As suas palavras tinham polivalência, ganhavam autonomia, tinha o hábito de apelar em vez de exigir, explicar em vez de ditar.

Não se fechava ao Mundo. Abria-se ao conhecimento. Era uma pessoa capaz de admirar a vanguarda, sem nunca esquecer as tradições. Era uma alma desocupada que não precisava de alinhar em conspirações de ordem estética – era consequente, corajoso -, não como o Dâmaso Salcede d´ “Os Maias”, «balofo e vazio que segue a maioria…, da mais recente tendência».

Tinha um modo próprio de andar – calcorreava a «Cidade» de lés a lés, de maneira a fugir de fantasmas e a perseguir sombras.

Fazia parte da sua geografia sentimental. A alegria de viver estava em descobrir, receber, transmitir, dar – ser autor e actor – e, espectador lúcido e atento.

A sua mundividência «crescia» de um aspecto crucial – pouco ou nada valorizado nos dias de hoje -, o diálogo, aberto, franco, sincero. Os Livros, a Amizade – «é um dos mistérios da vida», e a «Cidade» eram sempre tema para dois dedos de conversa.

Na conjugação do exercício das palavras «mais os conceitos», na boémia nocturna das ideias, jorravam discussões, sempre retrabalhadas pela memória. Lutava ansiosamente contra o pessimismo colectivo, conjugado sempre com um optimismo subjectivo, apesar de alguns dissabores. A fragmentação da identidade de Macau, a perda do ideário da língua e cultura portuguesa e, no abandono que é dado aos seus cidadãos, aos pobres, fracos, exaustos e aos desprotegidos – uma sociedade que apesar de rica se torna pobre (de espírito).

Poesia, prosa e crónica, são marcos na obra de Silveira Machado. Há dois importantes livros – na opinião de simples leitor -, que são uma referência obrigatória na bibliografia macaense. São os casos de «Macau, Mitos & Lendas» (1998) e «O Outro lado da Vida» (2005). Na opinião de Luís Sá Cunha “Na sua obra, ele fez a síntese de dois universos, de duas vivências, das duas metades de Macau”.

São livros em que encontramos experiências vividas, “soprava nele um irresistível vento de poesia”.

«Macau, Mitos & Lendas», são as notas ao programa do Prelúdio da sua Oratória «Amor a Macau» -, para quando a reedição (?). O livro está esgotado há anos e faz falta nos escaparates das livrarias – e, «O Outro Lado da Vida», é o poslúdio da sua obra – é o olhar crítico, contestatário de Silveira Machado, sobre a sociedade de consumo, de extravagâncias, de mercado de dissimulação, “aos que vivem do lado positivo da vida, os abastados, os ricos, os poderosos”. O autor mostra o seu lado generoso, tolerante, humanista, idealista, pensa que “a sua leitura seja motivo para o rebate de consciências e mudança de mentalidade e leve muitos ricos e poderosos a praticar a verdadeira e necessária solidariedade (…) para que, num futuro breve, não sejam tantas as crianças e jovens, tantos os homens e mulheres, a viver do «outro lado da vida» -, a pobreza e a marginalização como o maior défice social da sociedade”.

Foi co-fundador e jornalista do semanário católico «O Clarim». Colaborou ainda na «Voz de Macau», na «Comunidade» – onde assinou vários artigos de grande valor, sobre as indústrias de Macau – e, no «Renascimento» (jornal e revista). Foi correspondente do «Diário da Manhã» e da revista de cinema «Plateia», outra grande paixão. Paixão que se viria a traduzir no guião que escreveu para o 1º filme realizado em Macau – «Caminhos Longos» (1956).

Quanto mais pobre teria sido a literatura macaense, e Macau mais triste e menos Macau, sem José Silveira Machado, um nome incontornável na história recente na «nossa» Cidade. A sua escrita celebra, relembra e revisita Macau «sonhos, desejos, êxitos». A maturidade ensina a aceitar a dor com menos sofrimento e a viver com mais tranquilidade.

Finou-se, como sempre viveu – discretamente -, recolheu-se ao fim da tarde do dia 18 de Novembro de 2007.

A melhor homenagem que se lhe poderia prestar – no meio de tantas outras que se prestaram, seria fastidioso estar a enumerar –, seria editar e reeditar, ler e reler, a sua obra (é preciso saber mostrar que sabemos preservar a memória e a identidade da «Cidade») –, o Homem parte a Obra fica…!


Bibliografia: «Macau, Sentinela do Passado» (1956); «Rio das Pérolas» (1993); «Macau, Mitos & Lendas» (1998); «Duas Instituições Macaenses (1998) – em co-autoria com João Guedes -; «Macau na Memória do Tempo» (2002); « O Outro Lado da Vida» (2005). Coordenou ainda no âmbito da Fundação Macau, a reedição (1996) da obra completa de José dos Santos Ferreira, o «nosso» Adé.

“Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos”

Luís de Camões
25 Out 2018

Salão de Outono | “Navio dos Loucos” chega à Casa Garden a 3 de Novembro

[dropcap]I[/dropcap]ntegrado no programa do Salão Outono e no Festival Internacional de Video de Macau VAFA, o espectáculo “Navio dos Loucos”, que junta música e poesia, vai ter lugar na Casa Garden no próximo dia 3 de Novembro, pelas 19:30. Em palco estará a poesia de José Anjos juntamente com as palavras de outros poetas portugueses e chineses, e a viola campaniça de João Morais (O Gajo).

José Anjos é um escritor e músico português que escreve e diz poemas. Publicou dois livros pela editora Abysmo (Manual de Instruções para Desaparecer, 2015, e Somos Contemporâneos do Impossível, 2017) e tem participado em vários projectos de poesia musicada e spokenword, indica o comunicado de imprensa da organização.

Já João Morais, descobre a viola campaniça ao fim de 30 anos a tocar guitarras vindas de fora. Cria O Gajo em 2016 “com o intuito de ligar a sua música à terra que o viu nascer, Portugal.”
Juntos, José Anjos e João Morais (O Gajo), criaram um espectáculo de música e poesia que explora a fusão entre a palavra e a sonoridade singular e secular da Viola Campaniça, com poemas de José Anjos e Cláudia R. Sampaio (que também integra o projecto) e composições originais de João Morais, acrescenta o comunicado.

O espectáculo, que conta ainda com a presença da convidada especial Lang Sida, integra-se na inauguração do Salão de Outono 2018, que ocorre no mesmo dia às 17:30, onde será ainda revelado o vencedor do Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas.

25 Out 2018

Arte urbana | Rodrigo de Matos desenha sonhos na Rua dos Ervanários

Ex-jornalista e cartoonista, Rodrigo de Matos abraçou a iniciativa “Finding Dreams in the Fall of Rua dos Ervanários” proposta pela galeria de arte Iao Hin. A ideia é pintar as históricas paredes com desenhos do artista que, pela primeira vez, se estreia na arte urbana

 

[dropcap]O[/dropcap] seu trabalho tem uma elevada dose de ironia, sarcasmo e bom humor, e não tem passado despercebido quer aos leitores dos jornais onde publica os seus cartoons (Expresso, Macau Daily Times, Ponto Final) ou a quem vê as suas exposições. Rodrigo de Matos é o artista convidado da galeria Iao Hin para a iniciativa “Finding Dreams in the Fall of Rua dos Ervanários”, que pretende revitalizar as velhas paredes no centro histórico de Macau e criar uma interactividade com quem passa.

Ao HM, Rodrigo de Matos explicou que, quando decidiu aceitar o convite, não tinha nenhuma ideia em mente daquilo que queria desenhar. “No início era uma coisa muito em aberto, não estava definido um tema que servisse de ligação entre trabalhos. Eles [galeria Iao Hin] interessaram-se por mim, mesmo sem eu ter uma experiência muito vasta em arte urbana.”

O artista português, residente em Macau há vários anos, nunca fez grafittis. “Para mim está a ser um desafio interessante, que me tem permitido explorar novos materiais. Tenho usado tintas acrílicas para paredes, que são diferentes das que se usam nas telas”, exemplificou.

O que chamou a atenção da galeria Iao Hon, que se localiza perto da Rua dos Ervanários, foi a última exposição de pintura e ilustração protagonizada por Rodrigo de Matos, intitulada “Punacotheca”. “Viram a forma como eu brincava com os jogos entre as imagens e a linguagem”, frisou.

O projecto “Finding Dreams in the Fall of Rua dos Ervanários” acontece durante três meses e teve inicio no passado dia 17. “É aqui que vou passar os meus próximos fins-de-semana, a pintar maluquices nas paredes. É gira esta interacção, que não estou habituado a ter no meu trabalho como cartoonista, que é muito mais solitário.”

O facto de Rodrigo de Matos pintar paredes à vista de todos não passa despercebido a miúdos e graúdos que por ali passeiam. “Tem sido divertido, estou na rua e oiço os turistas e os moradores a comentar, olho para eles e sorriem para mim, cumprimentam-me.”

“Liberdade infinita”

Rodrigo de Matos gostou quando os sonhos foram a temática escolhida para este trabalho, pois “serviu para toda a arte surrealista, que dá uma liberdade infinita”.

“Estou a jogar com conceitos e frases feitas, em inglês (decidiu-se que seria mais interessante usar a língua mais universal possível, que é aliás aquela que mais tem servido para a comunicação entre as comunidades portuguesa e chinesa). Não quer dizer que o resto será dentro desta linha, pois é possível que se derive um pouco para outras coisas. Tudo depende das ideias que forem surgindo.”

O primeiro desenho de Rodrigo de Matos contém a frase “Follow your Dreams” (segue os teus sonhos). “O que faço é esquartejar os conceitos, atribuir-lhes literalidade ou duplos sentidos. Neste caso, o “follow” (seguir), suscitou-me a ideia de um detective a seguir os sonhos de forma literal.”

O outro desenho tem a frase “Dream High” (sonhar alto), tendo Rodrigo de Matos ido buscar inspiração ao “pé de feijão do célebre conto do João (“Jack and the Beanstalk”, no conto de fadas original inglês)”. “Ocorreu-me a ideia de fazer o pé de feijão a brotar como se fosse o próprio sonho a sair da cabeça do sonhador e a levá-lo para as nuvens e tal”, adiantou.

Quebrar preconceitos

A arte urbana ainda está longe de ser bem aceite por muitos em Macau e, com esta iniciativa da galeria Iao Hin, Rodrigo de Matos acredita que se podem quebrar ideias pré-feitas.

“O graffiti e a arte mural são formas de expressão que têm tradicionalmente uma carga de marginalidade, muito ligada ao protesto e à luta política. Este projecto inverte um pouco isto. A mensagem dos desenhos procura ser algo positivo e construtivo. Se há algum tipo de protesto é contra a fealdade de alguns recantos da cidade (como essa última parede que pintei, que parecia de um qualquer subúrbio do terceiro mundo)”, defendeu o cartoonista.

Só a esse nível o graffitti poderia “ser bem aplicado de uma forma mais contundente, atacando os responsáveis por deixarem a cidade nesse estado, com uma mensagem como ‘vejam só, que parede tão feia’. A nossa ideia aqui é combater o problema de uma forma mais construtiva, usando a arte para transformar o feio em belo”.

Apesar deste impacto positivo, Rodrigo de Matos não pretende mudar a mentalidade existente relativamente à arte urbana. “Não é o objectivo aqui. Seria um pouco pedante da minha parte achar que é esse o nosso propósito. Mas vejo isto de um outro prisma: Macau já me deu tanto que isto não deixa de ser a minha forma de retribuir e de dar algo novo que possa ajudar a embelezar a cidade.”
“Se servir para despertar a consciência das pessoas para a importância de cuidarmos do que é nosso, óptimo”, rematou.

25 Out 2018

Coloane | Propostas para travar inundações nos próximos 200 anos

Foi apresentado ontem no Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) um esboço do plano de reordenamento urbano da zona marginal de Coloane. Em cima da mesa figuram duas propostas com o mesmo objectivo: elevar a capacidade de resiliência a inundações nos próximos 200 anos

[dropcap]E[/dropcap]stá traçado o esboço do plano de reordenamento urbano da zona marginal de Coloane desde a Rua dos Navegantes até à Avenida de Cinco de Outubro. Dado a conhecer ontem aos membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), o estudo apresenta duas soluções distintas para elevar a capacidade de resposta às cheias nos próximos 200 anos.

Não há, no entanto, um calendário para o início das obras, como reconheceu o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), ao apontar que o plano figura ainda como “o primeiro passo”, até porque tem de ser escolhida a solução mais viável. “Ainda há muito trabalho para fazer”, afirmou Li Cafeng, dando conta de que, além de serem precisos “mais de dez estudos”, incluindo sobre “o impacto para o ecossistema”, ambas as propostas implicam negociações com as autoridades da China nomeadamente no tocante às condições técnicas da solução que for seleccionada, embora nenhuma ultrapasse a área marítima de Macau.

O Governo incumbiu uma instituição académica da China de estudar soluções que integrem “harmoniosamente” intervenções de fundo para o problema das cheias e o planeamento urbanístico da zona. Desconhece-se, porém, qual e a que custo, com o director da DSSOPT a remeter essas informações para a página electrónica do CPU, as quais, até à hora de fecho da edição, ainda não estavam disponíveis.

Do estudo saíram então duas propostas preliminares. A primeira denominada de “Margem” prevê um caminho marginal ajardinado desde a Rua dos Navegantes até à Avenida de Cinco de Outubro, mediante o aumento da largura do antigo dique em cerca de 30 metros e o alteamento do novo de modo a alinhar-se com o existente. Do ponto de vista do tratamento paisagístico, além do alargamento do espaço marginal, sugere-se designadamente que seja criado um miradouro com traços característicos do espaço urbano.

Já a segunda solução prevê que a nova paisagem fique centrada no lago, formada, no seu limítrofe, pela ponte-cais de Coloane e pelas palafitas da Rua dos Navegantes, estendendo-se ao longo do Canal Shizimen até às colinas junto do Templo Tam Kong. Junto ao actual dique, cujo topo será destinado a acesso pedonal, prevê-se a construção de duas comportas para controlar o nível da água.

Em ambos os projectos, a cota até ao topo da costa será de 4,5 metros e a cota até ao murete de maré de 5,4 metros. A título de exemplo, aquando da passagem do tufão Hato, no ano passado, o nível da água ascendeu a 3,7 metros, a altura mais elevada dos últimos anos. As duas propostas também contemplam a ampliação e melhoria da rede de drenagem, dado que um dos objectivos fundamentais do planeamento passa por garantir a capacidade de desaguamento num cenário de cheias para os próximos 50 anos.

Lago agrada

A maioria dos membros do CPU mostrou-se a favor da segunda solução (a do lago), por contemplar “mais contacto com a água” e “mais espaços de lazer”, mas também por ter à primeira vista um “menor impacto” na paisagem e por parecer “mais eficaz” no âmbito da prevenção de cheias.

Do ponto de vista técnico estão em jogo assim duas alternativas: a que prevê a requalificação do dique existente e a que sugere a construção de barragens de maré a norte e sul do Canal Shizimen. Numa análise comparativa, constante do mesmo estudo, é a solução do dique (a da “Margem”) que congrega mais argumentos a favor. Tem um menor impacto do desaguamento na área a jusante do canal, exige o aproveitamento de uma área mais reduzida de terreno para a execução da obra, a manutenção quotidiana é mais simples e o grau de dificuldade afigura-se menor.

As propostas para o futuro plano de reordenamento urbano da zona marginal de Coloane não vão ser sujeitas a consulta pública. O director da DSSOPT garantiu, com efeito, que os moradores vão ser ouvidos a propósito do futuro plano.

25 Out 2018

Educação |Taxa de abandono escolar foi de 0,08% em 2016/2017

Trinta e nove alunos que frequentavam o ensino obrigatório desistiram dos estudos no ano lectivo 2016/17, mantendo a taxa de abandono escolar em Macau em valores mínimos

 

[dropcap]O[/dropcap] abandono escolar em Macau manteve-se em níveis mínimos no ano lectivo 2016/2017, período a que se reportam os dados mais recentes facultados pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) ao HM. A taxa correspondeu a 0,08 por cento, com 39 alunos a desistirem da escolaridade obrigatória, ou seja, mais dois do que no ano lectivo anterior.

Segundo a DSEJ, existe uma série de “razões subjacentes”, mas “é sobretudo o desinteresse pelos estudos, o mau aproveitamento e o excesso de faltas” que leva os estudantes a dizerem adeus às salas de aula.

Trata-se da mais baixa taxa de abandono escolar – a mesma alcançada em 2014/2015 – desde 2001/02, ano lectivo em que atingiu 0,66 por cento, o equivalente na altura a um universo de 509 estudantes. Desde então, o abandono escolar manteve-se estável, com ligeiros altos e baixos. A título de exemplo, em 2010/11 foi de 0,19 por cento, enquanto em 2013/14 atingiu 0,12 por cento, voltando a recuar para 0,09 por cento em 2015/16, segundo as estatísticas disponibilizadas pela DSEJ.

Mais chumbos no secundário

As taxas de retenção também mantiveram um ritmo estável em 2016/17. No ensino infantil foi de 0,1 por cento – tal como no ano lectivo imediatamente anterior. Já no ensino primário correspondeu a 1,8 por cento (contra 2,2% em 2015/16).

No ensino secundário geral a taxa de retenção ascendeu a 7,3 por cento, enquanto no complementar foi de 3,5 por cento, exactamente as mesmas do ano lectivo imediatamente precedente.

“Após longos anos de esforço em vários domínios, registou-se uma melhoria notável da situação de retenção”, sublinha a DSEJ, na mesma resposta escrita, fazendo o paralelismo com 2001/02. Nesse ano lectivo, a percentagem de repetentes situou-se em 16,7 por cento no ensino secundário geral e em 8,1 no ensino secundário complementar.

25 Out 2018

Instituto de Estudos Europeus organiza novo curso

[dropcap]O[/dropcap] Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) vai organizar, entre os dias 29 de Outubro e 2 de Novembro, o 15º curso de Direito da Propriedade Intelectual, em colaboração com a Universidade de Maastricht. O programa divide-se em três componentes.

De acordo com um comunicado do IEEM, o curso “continua a atrair estudantes de todo o mundo, é leccionado em regime intensivo, em língua inglesa, e visa proporcionar aos alunos uma introdução ao Direito da Propriedade Intelectual numa perspectiva prática e internacional, com especial ênfase na discussão de casos práticos”.

As aulas são orientadas pelo Professor Anselm Kamperman Sanders, da Universidade de Maastricht, com a colaboração de outros especialistas.

A inscrição está limitada a um número máximo de participantes, de forma a assegurar a qualidade pedagógica. Para a presente edição estão inscritos alunos oriundos da China, Coreia do Sul , Macau, Hong Kong e Europa, aponta o IEEM.

Além do curso, o IEEM organiza também, nos dias 4 e 5 de Novembro, a 18ª edição do Seminário sobre Propriedade Intelectual, intitulado “A Propriedade Intelectual e a Quarta Revolução Industrial: A Economia da Informação”, que vai decorrer no Hotel Grand Lapa. Está agendada uma discussão sobre “os problemas jurídicos levantados pela inteligência artificial, pela realidade virtual e pela tecnologia blockchain”.

“O IEEM convidou os seguintes oradores para fazerem apresentações no seminário: Manuel Desantes Real (Universidade de Alicante), Michael Mattioli (Faculdade de Direito da Universidade de Indiana), Michael Landau (Universidade da Georgia, EUA), Gonçalo Cabral (Administração de Macau), Anke Moerland (Universidade de Maastricht), Anselm Kamperman Sanders (Universidade de Maastricht), Andres Guadamuz (Universidade do Sussex), Marieangela Parra-Lancourt (Unidade de Análise Política e Estratégia do Desenvolvimento, ONU)”, aponta o mesmo comunicado, sendo que está prevista a publicação dos artigos científicos pela Kluwer Law International.

No dia 7 de Novembro decorre ainda uma sessão de actualização profissional em Hong Kong, que terá lugar no Departamento de Propriedade Intelectual de Hong Kong (Wung Chu House, 25º andar, Queen’s Road East, nº 213, Wanchai). As inscrições podem ser feitas online no sítio do IEEM ou através do email e telefone.

25 Out 2018