Oh tempo volta para trás

[dropcap]N[/dropcap]o dia 8 deste mês, a estação televisiva de Hong Kong TVB transmitiu uma reportagem sobre um holandês, chamado Emile Ratelband, com 69 anos, que decidiu apelar junto do Tribunal para que a sua idade fosse legalmente reduzida.

E o sr. Emile não foi pobre a pedir. A redução solicitada foi de 20 anos. Ou seja, quer ficar com 49 anos de idade. O nosso amigo está convencido que tem tanto direito a mudar de idade, como outras pessoas têm de mudar de nome ou de género. Considera que está no seu direito.

Emile é actor e participa em vários programas televisivos. Acredita que a sua vida não deve ser afectada pela idade. Outro dos motivos que o leva a fazer este pedido é a vontade de encontrar namoradas nos sites de encontros. Emile já passou por experiências desagradáveis porque os referidos sites só o apresentavam a senhoras com 68 e 69 anos, quando o que ele quer é conhecer mulheres mais novas.

Nestas situações Emile poderia ter mentido. Poderia ter dito que só tem 50 anos, mas recusou-se. É um homem honesto e só quer falar a verdade. Salientou ainda que a idade é uma barreira para obter empréstimos para compra de casa.

Emile deixou tudo em pratos limpos. Afirma que se o Tribunal aprovar o seu pedido, irá devolver ao Governo a parte da reforma que já lhe foi paga. Por aqui podemos avaliar que para ele este assunto não é nenhuma brincadeira.

Subjectividades à parte, a idade é um facto para todos nós. Se tens 50 anos, tens de facto 50 anos. Pedir para reduzir a idade legalmente, é o mesmo que pedir ao Tribunal que altere os factos. Parece impossível.

Mas Emile está disposto a devolver ao Governo o valor de 20 anos da reforma que já recebeu, se ganhar a causa. E se futuramente alguém avançar com um pedido semelhante, mas recusando-se a devolver o valor da reforma já recebida? Poderá fazê-lo? Poderá a sua pretensão ser bem sucedida?

A devolução da reforma é apenas um problema pessoal. Mas a redução de idade pode criar problemas aos pais. Se a pessoa quiser reduzir a sua idade em 20 anos e a mãe o tiver tido com 16 anos, por exemplo, será que também fica mais nova? Não me parece que o Tribunal vá aprovar este pedido. O pedido de redução de idade, traz consigo vários impedimentos legais.

Emile acredita que o seu caso é equivalente a uma mudança de nome ou de género. No entanto, existem diferenças técnicas. O sexo é genético. Quem nasce com um pénis é aparentemente rapaz, quem nasce com uma vagina é aparentemente rapariga. Mas, hoje em dia, a ciência médica sofreu grandes avanços e já é possível mudar de sexo através de uma cirurgia. Se uma pessoa do sexo masculino mudar de sexo e for legalmente reconhecido como mulher, pode casar com um homem. Será um casamento em que uma das partes é um transgénero. Em alguns países estas uniões são legais, mas ainda não é o caso em Macau.

As mulheres transgénero não podem, no entanto, gerar filhos. São mulheres apenas na aparência.

Mas voltando à redução de idade. Mesmo que a lei permita reduzir a idade de 70 para 50 anos, a aparência dessa pessoa continuará a ser de 70, e não de 50. A redução legal de idade não rejuvenesce a pessoa. Nesta perspectiva, a lei é inútil.

A idade é a história da nossa vida. A redução de idade não reverte o envelhecimento. A nossa aparência física revela a nossa idade. Por isso não vale a pena darmo-nos a esse trabalho. O que é importante à medida que envelhecemos é irmo-nos sentindo bem connosco próprios. Se nos sentirmos felizes, sentimo-nos jovens. Não podemos impedir que o nosso aspecto vá sofrendo alterações à medida que os anos passam, mas podemos manter uma mente saudável e, desta forma, sentirmo-nos felizes.

A reportagem adiantou que Emile saberá o resultado da sua petição daqui a um mês. Esperamos vir a conhecer a decisão do juiz..

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

20 Nov 2018

Quando morre um grande escritor

[dropcap]N[/dropcap]a passada quinta-feira, morreu um grande escritor brasileiro, oriundo de Jaguarão, Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. Aldyr Garcia Schlee morreu em sua casa, na cidade de Pelotas, a uma semana de completar 84 anos de idade e poucos dias depois de lançar o seu mais recente romance O Outro Lado, na Feira do Livro de Porto Alegre. Era considerado um dos grandes contistas brasileiros, embora estivesse sendo a ser lembrado pelo facto de aos 19 anos, em 1953, ter sido o autor da equipamento da selecção brasileira, a canarinha. A camisola verde-amarela desenhada por Schlee foi eleita num concurso organizado pelo jornal Correio da Manhã, após a derrota na final da Copa de 1950, para o Uruguai.

Aldyr Garcia Schlee teve grande reconhecimento como contista nos anos 80 do século passado, com os livros Contos de Sempre (1983) e Uma Terra Só (1984), mas depois foi aos poucos desaparecendo do mapa brasileiro, ficando cada vez mais restrito à sua terra natal, Jaguarão, e à sua terra de adopção Pelotas. Será já no início deste século que o artista plástico Alfredo Aquino inaugura uma editora em Porto Alegre, a ardotempo, e passa a editar novos livros de Schlee e a reeditar os antigos, fazendo reavivar a chama do escritor. Neste período escreve dois livros absolutamente memoráveis: Limites do Impossível – Contos Gardelianos (2009) e o romance sinfónico Don Frutos (2010).

Este meu texto, que é simultaneamente um elogio fúnebre e um encómio, deriva de ter privado com o escritor e de ter pelos seus livros, principalmente o seu Don Frutos – e também Limites do Impossível – uma admiração sem medida. Tentarei aqui reviver o escritor através do seu Don Frutos, de uma leitura desta obra magna.

A obra de Aldyr Garcia Schlee tende para o mundo todo. Traz a ambição humana de tocar o mundo todo e nessa ambição nos mostra esse humano, o humano universal, ontológico, enraizado numa terra de fronteira, como se por metáfora do que é a nossa vida, fronteira entre nada e coisa nenhuma, e ponte entre o mistério e o desconhecido. E uma das questões de fundo, primordiais de todo o projecto literário de Aldyr Garcia Schlee poderá ser expresso do seguinte modo: só irá permanecer aquilo que ficar escrito; só a palavra escrita se salva e, com sua salvação, a salvação das coisas (ou transformação delas). Veja-se o que está escrito à página 66: “(…) pois o que não estava escrito… não era! (…) Só fica o que está escrito no papel (era como se tivesse pensado; e pudesse dizer: o que está escrito acaba sendo a única verdade, mesmo que seja mentira; porque a memória não pode desmentir a verdade que tenha sido falsificada e que fica no papel; (…))” Aqui está o que leva o escritor em causa a escrever. Ele não escreve ficção, ele recria a realidade. Em verdade, ele cria a realidade, cria aquilo que aconteceu, ainda que nunca tenha acontecido. Só uma coisa interessa a Aldyr Garcia Schlee: reescrever os acontecimentos, isto é, remendar a história. Melhor: corrigir a história. O que aconteceu não importa, o que importa é o que deveria ou poderia ter acontecido. Escrever é criar o mundo.

Segundo Aristóteles, a diferença entre a história e a poesia é que a primeira debruça-se sobre o que aconteceu e a última sobre o que poderia ter acontecido. Assim, desde esse tempo Grego, a literatura trata do que poderia ter sido e não do que foi. Aqui, na obra de Schlee, não se trata de querer transformar a poesia em história, mas antes de mostrar que o carácter da história é, ele mesmo, poesia. Tudo o que é humano é palavra, e tudo o que é da palavra tende a ser poesia. Veja-se o que o autor escreve à página 302: “(…) este é um romance, sempre mais preocupado e comprometido com aquilo que terá talvez sido do que com aquilo que realmente foi (…)” Aldyr Garcia Schlee mostra-nos claramente, ao longo do livro, como meta-narrativa, a sua própria reflexão acerca do romance que escreve e, muito provavelmente, acerca do romance em geral.

O conceito de história é aqui, neste livro, permanentemente colocado em causa. Não no sentido de perguntar se existe ou não existe uma ciência da história, como se usa falar, mas no sentido em que essa mesma ciência da história é virada do avesso, como que para ver as linhas com que ela se cose. Que quer isto dizer? Quer dizer as fontes que se perdem ou se fizeram perder, a memória apagada, que se força a apagar, como por exemplo no caso do assunto Revolução Farroupilha em Jaguarão: “(…) seja aonde for, seja como for, aqui em Jaguarão ninguém fala às claras sobre a Revolução Farroupilha. É como se nada tivesse acontecido (…) O silêncio é quase total. Até mesmo os documentos oficiais se perderam; ninguém sabe nada, ninguém se recorda de nada (…)” E quantas Jaguarão e Revoluções Farroupilhas não existem nos tempos do mundo?!

Quantos buracos no tecido da ciência da história não existem, talvez até ao ponto de serem mais buracos que tecido?! Para não falar acerca daqueles que destroem documentos em prol do que querem que fique registado pela ciência da história; ou, a mais das vezes, apenas em seu próprio benefício, como, e uma vez mais, no caso de Jagurão, aqui referido: “Consta que por puro medo, Manuel [Manuel Gonçalves da Silva, irmão de Bento Gonçalves] levou para fora os livros e atas da Câmara, extraviando-os ou destruindo-os, perdendo-se com isso toda a história da vila, desde sua elevação, em 1833 a 1836 e até 1845, quando a luta acabou.” Também aqui, nesta violência para com os factos registados, encontramos o mundo repleto de exemplos. Jaguarão, aqui, representa uma vez mais o mundo e a violência cometida contra as obras dos homens.

No fundo, o que aqui está em causa é o seguinte: o instrumento da história é o mesmo instrumento da literatura, isto é, a palavra. A palavra é aquilo através da qual se faz história. Com a palavra se regista documentos, se relatam factos, se contam episódios passados. A mesma palavra que forja documentos, inventa factos, fabula episódios passados. Esta é a verdadeira questão que Aldyr Garcia Schlee quer que tenhamos bem presente, quando caminhamos pelas páginas do seu Don Frutos. Este lugar por onde caminhamos com nossos olhos e nossa consciência é feito de palavras. Quais as da História e quais as de Literatura? E quais as que dentro da História não são já elas Literatura? É isto que antes de mais temos de saber que Schlee nos mostra.

Mas a questão histórica só pode se tornar aqui uma questão literária, se existir consciência em relação a tudo isto. E esta consciência é-nos mostrada ao longo do livro em diversas passagens, como a que se citou anteriormente, acerca da Revolução Farroupilha, ou a que iremos ver de seguida: “Sabe-se, é verdade, que houve o capitão Fructuoso Rivera, filho de Rivera com Eusebia Pedernera, pai do comandante Fructuoso Rivera e avô do bisneto do General, o Coronel Fructuoso Rivera, que chegou perto dos nossos dias. Mas isso são cousas que a história registra e não precisam ser repetidas aqui.” Veja-se como a última frase sublinha a existência das várias camadas de história a que o livro nos remete.

É evidente que a questão mais pertinente, literária e epistemológica, diz respeito à confluência entre história e narrativa. Amiúde, a narrativa põe a noção de história a céu aberto. Veja-se as páginas acerca do coronel José Artigas: “Falo para que se veja que ainda existe um ancião oriental que pode dar testemunho de todo o ocorrido, que pode desmentir todas as inverdades, falsa ou maliciosamente propaladas contra Artigas.” O que aqui está em causa, e embora seja um problema que apareça ao longo de todo o livro, aqui neste capítulo XXIII ele atinge a sua pertinência máxima, a saber, o que é que a história vai registar. O que é que a história vai deixar como documento, acerca de um homem ou de um episódio, tendo ele vários lados. Já não estamos mais nos interrogando ou mostrando aquilo que é, também, de extrema importância para Schlee, a existência do que fica escrito em detrimento do que não fica, mas sim um passo adiante, isto é, o que é que leva alguém a escrever, por exemplo, que José Artigas foi El Protector de los Pueblos Libres, ao invés de um facínora ou traidor, como aparece descrito também neste capítulo? A questão assume uma pertinência ímpar, precisamente através da narrativa. A narrativa do romance, ao nos colocar de uma vez por todas no tempo em questão, sem distanciação, e nos mostrando as diversas falas, “em tempo real”, “ao vivo”, daqueles que viveram e sentiram na pele os actos de José Artiga, mostra-nos claramente que somos nós, leitores, que temos de optar pela escolha do que queremos que José Artiga seja, pois todos os argumentos apresentados são válidos e convincentes, quer seja pelo testemunho in loco, quer seja pelo conhecimento privilegiado, de bastidores, da politica da época. Assim, a narrativa, o modo como o romance é construído, é uma flecha na carne da ciência da história. Para a ciência da história, o que fica é o que serve os interesses de quem está no poder no momento em que esses “documentos” são escritos ou apresentados. Isto é de uma claridade assustadora, porque presente quase a cada instante, neste romance de Aldyr Garcia Schlee. É precisamente aqui que o autor mostra claramente qual é a sua guerra. A guerra dele não é à história, a ciência da história, mas ao poder que, a cada momento, a instaura como sendo “A” história. Neste sentido, o romance, ele todo, é uma guerra sem tréguas e sem quartel, levada a cabo pela poesia contra o poder injustificado da História. E entenda-se por poesia a literatura, a escrita que causa fascínio, que fascina, que encanta, que está do lado do que poderia ter acontecido.

Em momento algum podemos afirmar que há um ataque gratuito à história, à chamada ciência da história, até por que o próprio autor usa essa mesma história na edificação do seu assombroso livro. O problema da chamada ciência da história, no romance, concerne às fontes e não ao estudo. A saber, concerne à edificação dos documentos e não à busca dos mesmos e suas fontes. Veja-se, por exemplo a passagem à página 330, em que o ministro Lamas, ministro do império do Brasil, responde a Fructuoso Rivera, aquando do seu segundo desterro no Rio de Janeiro: “Devo assinalar-lhe minhas veementes suspeitas de que os documentos de prova que me há enviado estão adulterados.” Não importa aqui saber de qual documento se trata, nem das suas pretensas veracidade ou falsidade. Importa apenas mostrar que se trata, a mais das vezes, de uma decisão individual e de interesses políticos. E é isto que passará a ser considerado documento histórico. Temos também ao nível do privado (que quando se trata de figuras públicas e de interesse para a história de um país, não pode deixar de ser de interesse público) a divergência de acontecimentos relatados pelas cartas trocadas entre Rivera e Manuel Herrera y Obes. Diz assim, Rivera: “hei de mirrar os fatos, hei de provar com documentos; publicarei toda a correspondência oficial do governo do país e a correspondência oficial de todos os homens influentes da república, dos que vivem e dos que hão morrido (…)” Veja-se então agora a resposta, quatro dias depois, de Herrera y Obes, na resposta à citação que aqui se leu de Rivera: “(…) esses fatos que V. há inventado tão audaz como incrivelmente (…)” A história, ficamos cientes disso, é buscar, escavar no tempo, nos dados, nos documentos, e, na sua tese mais dura, numa possibilidade documental. A história é um discurso vivo que, tal como a literatura, dialoga consigo mesma e com seus intervenientes, seus estudiosos, pesquisadores, escritores. A história é de quem a lê e não de quem a faz.

Quem escreve a história, quem cataloga os documentos não faz parte da história, mas daquilo que antecede a história. Escrever é sempre um trazer à existência. Por seu lado, história enquanto ciência será sempre estudar, aprender o que alguém fez existir. Esta é distinção que Aldyr Garcia Schlee deixa bem claro em Don Frutos. Uma coisa é escrever, outra é aceitar o que foi escrito e se quis ver como autoridade. Autoridade, é sabido, é do autor. Neste sentido, seria fundamental, se não um estudo aprofundado ao tema, pelo menos um breve passagem, pela obra do português Fernão Mendes Pinto. Peregrinação é um livro do século XVI, que se pretende simultaneamente um livro de viagens e um livro de história, no sentido em que se trata de um documento dos lugares, das pessoas e do modo como os portugueses olhavam e agiam em relação aos povos e países do oriente longínquo. Há na obra de Fernão Mendes Pinto uma questão que é seguramente querida ao autor de Don Frutos: a credibilidade do que o autor português escreveu. Durante séculos, as atrocidades declaradas no livro foram consideradas invenções, mentiras do seu autor. Assim, e por causa disto, não é somente a credibilidade que é posta em causa, mas também o seu género literário. Caucionado pela ciência da história o livro passa a ser um documento histórico, sem essa caução passa a ser um romance. É esta distinção que arrepia Schlee, principalmente neste seu assombroso romance. Na sua génese, toda a ciência da história tem algo de romance e todo o romance tem na sua leitura algo de ciência da história. A palavra, que é a medida exacta do humano, não permite ciência exacta. Haja palavra, que deixa de haver ciência. A ciência, medida exacta do universo, da natureza, expressa-se em números e linhas. Onde há palavra, existe só e somente comunicação (dia a dia) e romance. Tudo o resto, por mais que se tente jogar números e linhas sobre a palavra, não passa de um romance em forma de teoria.

E assim não faz sentido nenhum falar de romance histórico quando se fala desta magna obra Don Frutos. Seria antes, se teimarmos em usar essa imagem, um romance anti-histórico. Sem dúvida, não podemos deixar de pensar o conceito de história em Don Frutos. Seria o mesmo que não pensar no conceito de fenomenologia em À La Recherces du Temps Perdu [Em Busca do Tempo Perdido], de Proust, ou no conceito de futuro em Das Schloss [O Castelo], de Kafka. História, o seu conceito, são as areias movediças onde o romance de Schlee avança e se afunda. Não porque seja um romance histórico, repito, mas porque rasga o sentido de história a cada capítulo, o sentido que temos por dado, por tacitamente aceite do que seja história. Não é um romance histórico, mas anti-histórico. Termino com uma citação da página 223, que nos soa agora como uma tremenda provocação por parte do autor: “Pena que este seja um romance e não seja um livro de História.”

Quando morre um grande escritor, morre um pouco a nossa língua e com ela o mundo. Cabe-nos a nós, leitores, ler e reler as páginas de Aldyr Garcia Schlee para que a perda não se faça sentir de modo insuportável.

20 Nov 2018

China | Construção de complexo turístico causa morte de 6.000 esturjões

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas estão a investigar a morte de 6.000 peixes da espécie esturjão-chinês, que está em perigo de extinção, alegadamente devido à construção de um complexo eco-turístico próximo de uma zona de criação.

Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, os cerca de 6.000 peixes morreram numa zona de exploração piscícola, em Jingzhou, na província de Hubei.

Citado pelo jornal, o gabinete provincial para as pescas afirmou que as mortes estão “directamente relacionadas com os sobressaltos, ruídos e variações nos recursos hídricos”, causados pela construção da zona de eco-turismo de Jinan.

As obras, que foram anunciadas em 2016, ficaram marcadas pelos desentendimentos entre o governo local e a promotora, que face à falta de um acordo compensatório recusou alterar a localização do complexo turístico.

Citado pela imprensa local, um dos responsáveis pela área de criação afirmou que as obras se transferiram para um terreno ainda mais próximo, o que provocou nos peixes uma “angústia crescente” e a contaminação do lago que utilizavam como fonte de água.

O ministério chinês da Agricultura apelou já às autoridades que façam tudo o que estiver ao seu alcance para garantir a segurança da espécie, segundo o SCMP.

Tesouro raro

Considerado um “tesouro nacional”, junto com o panda, o esturjão-chinês, cujo nome científico é ‘acipenser sinensis’, encontra-se em perigo critico de extinção, devido à poluição, pesca excessiva e construção de barragens no país.

A espécie, com origem no Yangtzé, o maior rio na Ásia, é um dos seres vivos mais antigos do planeta. Estima-se que exista há 140 milhões de anos, desde o período do cretáceo, quando havia ainda dinossauros na Terra.

A China lançou, nos anos 1980, um programa para criação em cativeiro, quando restavam apenas 200 exemplares em liberdade.

No entanto, a sobrevivência do esturjão-chinês no Yangtzé continua a ser um desafio.
Em 2005, as autoridades chinesas libertaram mais de 10.000 crias e 200 exemplares adultos, criados em cativeiro, mas passados dois anos, apenas 14 restavam no rio.

O esturjão-chinês, que pode ter até cinco metros de comprimento, e que é muito vulnerável ao ruído, condições do meio-ambiente e feridas causadas pelos barcos, poderá desaparecer, como sucedeu ao golfinho do Yangtzé em 2007.

O próprio Presidente chinês, Xi Jinping, alertou, em Abril passado, que o Yangtzé se converteu num “deserto” de peixes, devido à poluição das águas.

20 Nov 2018

Ricardo Diniz, velejador e orador internacional: “Tenho sempre medo do mar”

A primeira vez que Ricardo Diniz se fez ao mar sozinho numa vela fê-lo entre Lisboa e o Algarve. Anos depois, o velejador, que falou ontem na Universidade de Macau, já fez cerca de 100 milhas sozinho e gostaria de fazer a volta ao mundo em 2019, lembrando os 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães, com quem partilha a data de nascimento

 

[dropcap]O[/dropcap] amor pelos oceanos já o fez percorrer um total de 100 milhas. Fez Lisboa-Dakar à vela na mesma altura do famoso rali, e já levou uma garrafa de vinho de Porto à rainha Isabel II de Inglaterra, por ocasião do seu 80º aniversário, numa outra expedição. Em 1997, esteve 47 dias sozinho em alto mar.
As suas viagens transformaram-no por acaso num orador internacional e num coach que ajuda a melhorar as vidas das pessoas.

Ontem, Ricardo Diniz deu uma palestra na Universidade de Macau (UM) onde abordou também a necessidade de protecção dos oceanos da poluição. Antes, ao HM, contou que um dos desejos que pretende realizar no próximo ano é a realização de uma expedição pelo mundo, para recordar os 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães.

“É provável que a minha primeira volta ao mundo tenha a ver, mais uma vez, com Portugal. Quando fizer a minha volta ao mundo de forma solitária será para mim, e não estou habituado a viver para mim. Penso que ainda tenho muitas coisas a fazer pelos outros”, contou.

Contudo, “há um alinhamento interessante que está a surgir, que são os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães, em 2019. Nasceu a 3 de Fevereiro, como eu, morreu com 41 anos, a minha idade”.

“Numa fase em que sou capaz de fazer essa expedição há um alinhamento da minha idade e dos meus conhecimentos e a coincidência de termos nascido no mesmo dia. Estou muito atento a isto”, acrescentou Ricardo Diniz, que não tem dúvidas que, nos dias de hoje, o velejador português também olharia para questões como os refugiados na Europa e a importância da sustentabilidade.

“Se Fernão de Magalhães fizesse hoje a sua volta ao mundo acredito que ele passaria por Macau e que a sua mensagem seria de sustentabilidade ambiental, e de nos entendermos todos como espécie humana. Como é que 30 anos depois do concerto Live Aid ainda há pessoas a morrer à fome? Que história é esta dos refugiados do Mediterrâneo? Isto não pode acontecer.”

Ricardo Diniz é vegan, uma opção alimentar que transmitiu aos seus filhos. Para ele, a alimentação dos dias de hoje está a matar o planeta. Em 2007 foi nomeado pela Comissão Europeia Embaixador dos Oceanos, cargo que deixou, embora continue a transmitir mensagens de sustentabilidade.

“Não podemos continuar a viver como vivemos actualmente. Temos de deixar de comer carne e deixar de pescar à escala em que pescamos. Temos de perceber de agricultura, e se calhar em vez de ensinar físico-química aos nossos filhos devíamos ensinar a fazer uma horta ou a construir uma casa sustentável”, apontou.

Ricardo Diniz é, há dois anos, Embaixador Bandeira Azul em Portugal, um cargo que também lhe dá a oportunidade de falar sobre o ambiente. “Fico muito feliz por ver muitas acções a acontecer, as pessoas falam cada vez mais do mar, da questão do plástico, da reciclagem, e isso é fantástico, é o caminho e uma das soluções.”

Coach por acaso

Ricardo Diniz passou a contar as suas histórias no mar um pouco por acaso, pois nunca pensou ser orador, muito menos coach. Contudo, os pedidos de ajuda e convites levaram-no a aceitar o desafio.

“Quando falamos para cerca de 30 mil pessoas por ano, em diferentes eventos e palestras, há sempre alguém que quer falar em privado. Através das minhas expedições surgiram convites para palestras por parte de empresas, e a partir daí surgiram contactos de pessoas que queriam falar comigo e que me apresentaram projectos.”

Hoje Ricardo Diniz assume adorar trabalhar com pessoas, apesar de nunca ter estudado coaching nem lido livros de programação neurolinguística. “É uma coisa que me deixa muito realizado, ouvir diferentes projectos, porque todos temos motivações diferentes. E gosto de conseguir apresentar pequenas ideias. Comecei a ser coach de muitas pessoas acidentalmente, a ajudá-las a atingir os seus objectivos.”
Ao contrário do que possa parecer, Ricardo Diniz não fala apenas das suas viagens, mas sobretudo da força interior que é necessária para atingir determinados objectivos.

“É a responsabilidade que eu tenho de depositar ali uma semente que lhes pode mudar a vida, que lhes pode deixar algo que possa ser útil e relevante. Falo muito pouco de vela, não sou sequer da vela, sou do mar e de Portugal.”

“Não escolhi ser coach, mas não tive outra escolha senão ajudar as pessoas. Não tenho jeito nenhum para espectáculos ao vivo, simplesmente chego a um palco e partilho a minha história para que seja útil e relevante. O facto de ser normal e simples faz com que as pessoas pensem que também conseguem lá chegar”, acrescentou.

Encontro com Governo

Convidado no âmbito do programa Jean Monnet da UM, Ricardo Diniz também reuniu ontem com Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, mas não quis levantar a ponta do véu quanto a futuros projectos.

“É uma primeira conversa. Gosto sempre de explorar oportunidades e de conhecer pessoas, ouvi-las e perceber se posso ser útil. Não poderia vir a Macau sem ter essa conversa, quem sabe o que poderá surgir daí.”

Apesar das inúmeras viagens que já fez, Ricardo Diniz assume que tem “sempre medo de ir para o mar”. “Há muito lixo no mar. Já tive muitos acidentes. O dia em que eu deixar de ter medo de ir para o mar é o dia em que não irei mais para o mar. Se eu deixar de ter medo do mar é porque nasceu em mim uma arrogância qualquer, e aí será a morte do artista. Tenho de estar sempre com atenção e com humildade”, apontou.

Para o coach e orador os oceanos continuam a ensinar-lhe muita coisa sobre a vida em terra. “Já vivi tempestades muito fortes em que não tive nada a meu favor para sobreviver. Fiz o melhor que sabia, preparei o barco, mas há um momento no mar em que não sou nada, sou uma migalha. Nesse momento pensamos muito na vida. Assisto a espectáculos únicos da natureza, em exclusivo, na primeira fila. Não está lá mais ninguém a ver aquilo.”

20 Nov 2018

TDM | Negados direitos sobre imagens do Grande Prémio

[dropcap]O[/dropcap] presidente da comissão executiva da TDM, Manuel Pires, afirmou ontem, em declarações à Rádio Macau, que a empresa não tem direitos sobre as imagens transmitidas durante as provas do Grande Prémio, apontando que “são propriedade da Comissão Organizadora”, a quem compete também decidir o que é emitido.

“A nossa cobertura faz-se mediante a prestação de serviços à Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau. As provas e as imagens são propriedade da comissão, que determina que imagens coloca no ar. A TDM não tem qualquer direito sobre as imagens que são vistas durante as corridas. Os comentários feitos nas redes sociais são feitos, provavelmente, tendo como base um desconhecimento desta situação, porque as pessoas, como vêem as imagens a passar na TDM, julgam que é a TDM quem escolhe as imagens, mas não é isso que acontece”, disse, em reação às críticas por causa da ausência de imagens nomeadamente do acidente que envolveu a piloto alemã Sophia Florsch.

20 Nov 2018

FIA vai investigar acidente de piloto alemã no Grande Prémio

[dropcap]A[/dropcap] Federação Internacional de Automóvel (FIA) vai investigar o acidente que ocorreu durante o Grande Prémio de Macau em que o carro de Sophia Florsch voou contra as redes de protecção e causou cinco feridos. O anúncio foi feito pelo presidente do organismo Jean Todt, na madrugada de ontem, através de um comunicado no twitter.

“Depois do incidente de hoje [domingo] em Macau a FIA mobilizou-se para ajudar todos os envolvidos e analisar o que aconteceu”, começou por escrever o francês, que durante vários anos foi co-piloto em ralis. “Vamos acompanhar a situação e tirar as conclusões necessárias”, acrescentou.

O ex-director da equipa de Fórmula 1 Ferrari deixou depois uma mensagem de apoio para a piloto de 17 anos: “Todos os meus pensamentos estão contigo Sophia Florsch e com os outros acidentados. Desejo a todos uma recuperação saudável”, frisou.

Florsch saiu de pista a 276 quilómetros por hora na zona do Hotel Lisboa, após ter batido no carro do piloto indiano Jehan Daruvala, na recta que antecede a famosa curva. Como consequência o carro levantou voo, atingiu o monolugar do japonês Sho Tsuboi, foi contra as redes de protecção e acertou num posto elevado para os repórteres de imagem.

Na sequência do acidente a alemã de 17 anos fracturou a coluna, mas horas depois fez uma publicação no twitter a dizer que se encontrava bem.

Apoios da F1

Apesar da transmissão televisiva não ter mostrado as imagens do acidente nem das operações de salvamento, os vídeos feitos por pessoas nas bancadas acabaram por correr o mundo. A espectacularidade do acidente fez com vários pilotos da Fórmula 1 enviassem mensagens de apoio à acidentada.

“Os meus pensamentos estão com a Sophia Florsch, após o acidente em Macau. Vamos aguardar por notícias positivas. Mantém-te forte, Sophia!”, escreveu Fernando Alonso, piloto da Mclaren, no twitter.
Nico Hulkenberg, piloto da Renault e compatriota da jovem de 17 anos, também não deixou o acidente sem comentários: “Acabei de ver as imagens horríveis de Macau… Os meus pensamentos estão com a Sophia Florsch e os outros envolvidos. Mantenham-se fortes!”, afirmou o piloto alemão.

Já o monegasco Charles Leclerc, que no próximo ano vai ser piloto oficial da Ferrari, deixou igualmente os desejos de ter “boas notícias” sobre todos os envolvidos.

20 Nov 2018

Telecomunicações | Proposta de lei para convergência em 2019

[dropcap]O[/dropcap] regime que irá permitir a existência de pacotes de serviços integrados de telefone, televisão e internet, à semelhança do que existe em Portugal, está quase pronto, indicou ontem a directora dos Serviços de Correios e Telecomunicações (DSC), Derby Lau, à Rádio Macau.

“A nossa parte já está na fase final, portanto, vai iniciar-se o processo legislativo. Espero que possa ser lançado no próximo ano. Mas tudo depende do processo legislativo, que já se sabe que demora”, afirmou.

No Verão passado, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, reconheceu que a convergência implica um processo complexo, admitindo mesmo a possibilidade de demorar dez anos.

20 Nov 2018

Água | Anunciado aumento das tarifas em breve

[dropcap]A[/dropcap] directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) anunciou ontem que as tarifas da água vão aumentar em breve.

Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Susana Wong justificou a necessidade de actualização com os aumentos tanto no custo de abastecimento da água da China como do tratamento local a que é submetida.

A directora da DSAMA não avançou, porém, com valores, dando conta de que, até ao momento, a Macau Water ainda não apresentou um pedido oficial de ajuste das tarifas. A percentagem de aumento varia consoante o tipo de consumidor, sendo que o Governo vai manter uma subvenção. A última actualização das tarifas da água teve lugar a 1 de Novembro de 2016.

20 Nov 2018

Suicídio | Registados 50 casos até Setembro

[dropcap]N[/dropcap]os primeiros nove meses do ano foram registados 50 suicídios, reflectindo uma diminuição de 3,8 por cento face ao período homólogo do ano passado, indicaram ontem os Serviços de Saúde.

Em seis dos 50 casos as vítimas tinha idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos. Um cenário que, de acordo com o organismo, “evidencia que os problemas de saúde mental dos jovens não podem ser ignorados”.

20 Nov 2018

Mulheres | Traições no casamento cada vez mais aceitáveis

A maioria ainda acha que o homem deve ser o pilar económico da família, mas são muito poucas as que acham que deve ser ele a pedir a conta e a pagar, nos jantares e almoços nos restaurantes. Há também maior abertura para que seja o pai a ficar em casa, sem emprego, a tomar conta das crianças

[dropcap]O[/dropcap] número de mulheres que considera aceitáveis “actividades sexuais extraconjugais” aumentou 6 pontos percentuais para 19,1 por cento de 13 por cento, entre 2012 e 2017. Os dados fazem parte do relatório de 2017 sobre a Condição da Mulher em Macau. O documento ainda não foi publicado, o que só acontecerá no final do ano, mas ontem o Conselho para os Assuntos das Mulheres e Crianças divulgou alguns dos dados.

Para este relatório foram ouvidas 1001 mulheres, pelo que a taxa de resposta “aceitável”, representa um número de aproximadamente 191 mulheres. O último relatório do género foi apresentado em 2012, ano que serve de comparação para as actuais conclusões.

Como os dados avançados são ainda preliminares, o chefe do Departamento de Serviços Familiares e Comunitários do Instituto de Acção Social, Tang Yuk Wa, não quis abordar as conclusões e as explicações ficaram prometidas o documento final.

No que diz respeito ao casamento, há cada vez menos mulheres a concordar que o matrimónio deve ser para sempre. Assim, 69,2 por cento das inquiridas concordam que o nó é para toda a vida, mas houve uma redução de 11,6 por cento face 2012 por cento.

Por outro lado, há cada vez mais mulheres que consideram que ser mãe solteira é uma vergonha. Enquanto que em 2012, 65,4 por cento das mulheres afirmavam que “ser mãe solteira não é uma vergonha”, em 2017 o número caiu para 60,3 por cento, o que corresponde a uma diminuição de 5,1 pontos percentuais.

Pouco tradicional

Os números avançados demonstram igualmente uma nova tendência em algumas das ideias mais tradicionais e a maior aceitação do papel do homem, como membro do casal que fica em casa a tratar das crianças. Assim, 36,8 por cento das mulheres concordam com a ideia que os “homens podem cuidar da família e não ter emprego”, o que representa um aumento de 11,4 pontos percentuais. Já sobre a obrigação das mulheres terem filhos e casarem-se, 37,2 por cento deram o aval à frase, uma redução de 18,7 por cento face a 2012.

Uma quebra semelhante registou-se face à ideia de que “as mulheres devem deixar os estudos/carreira profissional por amor à família”, em que apenas 13,3 por cento se mostraram de acordo, uma percentagem que encolheu 18,7 pontos percentuais.

No entanto, a maioria das inquiridas ainda considera que os homens têm de ser o pilar económico da família, uma vez que 51,1 por cento concordaram com a frase. Porém, também aqui há uma quebra de 11,2 pontos percentuais. Mas se elas esperam que sejam os homens a suportar as despesas em casa, o mesmo não acontece quando os casais comem fora. Em relação à “obrigação” de serem eles a pedir e pagarem a conta, 14,9 por cento disseram concordar com esta ideia, o que significou uma quebra de 6,4 pontos percentuais em relação a 2012.

20 Nov 2018

Comércio | China acompanha Fórum Macau em viagem a Portugal e Angola

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação do Fórum Macau fez-se acompanhar, entre os dias 7 e 14 deste mês, pelo director do Departamento dos Assuntos de Taiwan, Hong Kong e Macau do Ministério do Comércio da China numa viagem oficial a Portugal e Angola. A visita aconteceu entre os dias 7 e 14 deste mês, mas só ontem foi divulgado um comunicado oficial.

Em Portugal foram feitas visitas ao Ministério da Economia, onde ambas as partes “manifestaram boas avaliações às relações económicas e comerciais sino-lusófonas, assim como afirmaram o importante papel do Fórum de Macau e de Macau como uma plataforma na promoção do desenvolvimento dessas relações”.
Foi também discutido o projecto “Uma Faixa, Uma Rota” e foi debatido a realização das medidas anunciadas na 5ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau. Outro trabalho realizado prendeu-se com a preparação para a 6ª conferência, que ainda não tem data para acontecer.

Na agenda constaram igualmente encontros com a AICEP e com a Embaixada da China em Portugal, tendo sido feita uma visita ao Centro de Experiências de Inovação Tecnológica da Huawei em Portugal.
Em Angola, a delegação teve um encontro com o director dos Serviços da Ásia e Oceânia do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que serviu também para abordar o papel do Fórum Macau nos últimos 15 anos. Foi também feita uma visita à Embaixada da China em Angola e ao projecto do Instituto das Relações Internacionais, cuja construção conta com o auxílio da China.

Depois das visitas aos dois países, a delegação será recebida em São Tomé e Príncipe.

20 Nov 2018

Lei sindical | Sulu Sou questionou Governo dois dias antes das LAG

[dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou interpelou oralmente o Governo sobre as razões para o adiamento do processo legislativo sobre a lei sindical. O documento foi submetido dois dias antes da apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG), onde o Chefe do Executivo admitiu que não vai apresentar, até ao final do seu mandato, a proposta de lei sindical.

Na mesma interpelação, o deputado do campo pró-democrata questiona o atraso na conclusão do estudo sobre o mesmo tema produzido no seio do Conselho Permanente de Concertação Social.

“Em Dezembro de 2016, o director da DSAL disse que precisava de 500 dias para concluir o relatório e que desejava, através de estudos científicos, reduzir as divergências entre as partes patronal e laboral. Mas já se passaram aproximadamente 700 dias, então quando é que o relatório vai estar concluído?”, frisou.

Para Sulu Sou, o Governo “deve definir claramente uma calendarização para esse trabalho legislativo, por forma a proteger expressamente os direitos de organização de sindicatos, à greve, à negociação colectiva, entre outros direitos contidos na Lei Básica”.

20 Nov 2018

ONU | Governo terá de dar explicações sobre direito à filiação sindical

Chui Sai On admitiu que não irá apresentar a lei sindical até ao final do seu mandato. Mas o Governo terá de dar explicações nas Nações Unidas sobre o cumprimento do direito à filiação sindical, no âmbito de uma nova análise à implementação do Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais

 

[dropcap]M[/dropcap]acau será alvo de uma nova avaliação relativa à implementação do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da Organização das Nações Unidas (ONU), estando actualmente em consulta pública os tópicos que o Executivo irá debater em Genebra.

Um dos pontos que o Governo terá de abordar prende-se com a aplicação do artigo do acordo internacional relativo ao direito à filiação sindical. Mas, de acordo com o documento de consulta pública, não será feita qualquer referência quanto à ausência de uma lei sindical no território.

“Será relatado que a informação relativa à legislação sobre este assunto permanece na sua maioria inalterada em relação ao relatório anterior”, que data de 2013.

Além disso, o comité responsável pela avaliação da aplicação prática do pacto vai ser “actualizado” sobre a informação de “organizações laborais ou associações que defendem os interesses dos trabalhadores”, além de serem fornecidos “dados estatísticos relacionados (estatísticas desagregadas) sobre campanhas de consciencialização pública para promover os direitos laborais”.

Em Genebra, a delegação da RAEM vai também discutir “a recomendação de adopção de medidas para garantir que os trabalhadores gozam dos seus direitos sindicais sem interferência ou restrições indevidas”.
Na semana passada, aquando da apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2019, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, foi categórico ao afirmar que, no final do seu segundo mandato, o artigo 27 da Lei Básica não será legislado por iniciativa do Governo. “Não vamos tomar a iniciativa de promover a lei sindical”, disse apenas.

Pactos não cumpridos

Ao HM, o deputado José Pereira Coutinho, que apresentou por diversas vezes o projecto de lei sindical na Assembleia Legislativa, considerou que está em causa uma violação dos pactos internacionais ratificados pela RAEM.

“Ao omitir [a informação relativa à não ausência de lei sindical], não só desrespeita os pactos internacionais que vigoram em Macau como viola também o artigo 27 da Lei Básica”, defendeu.

Para o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), exige-se “o cumprimento rigoroso da Lei Básica”, além de que não deve existir “uma aplicação selectiva das suas normas consoante os interesses económicos”.

Tendo em conta que foram chumbados nove projectos de lei sindical na AL, Pereira Coutinho acha “muito grave que se aplique selectivamente a Lei Básica”.

No documento de consulta elaborado pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça, é também referido que o Executivo terá de informar o comité da ONU sobre as mudanças feitas na área da segurança social, além de debater “a preocupação relativa aos relatos sobre condições desfavoráveis de trabalho enfrentadas por trabalhadores migrantes”.

A ONU será informada sobre legislação que transforma a violência doméstica num crime público, bem como as medidas adoptadas, desde 2014, na área da saúde, educação e medidas de apoio aos portadores de deficiência. O Governo vai também debater a recomendação relativa “à legislação que proíbe o assédio sexual, incluindo as medidas adoptadas para aumentar a consciencialização pública sobre o assédio sexual no local de trabalho”, entre outros assuntos.

O ano passado foi criado o crime de importunação sexual, que é punível com pena de prisão de, no máximo, um ano ou com o pagamento de uma multa até 120 dias. Contudo, só é considerado crime se houver contacto físico, estando afastado o assédio sexual sob outras formas.

20 Nov 2018

Justiça | Acordo com Portugal para entrega de fugitivos à espera de consenso

[dropcap]M[/dropcap]acau encontra-se a negociar há pelo menos um ano um acordo sobre a entrega de infractores em fuga com Portugal, mas as partes ainda não alcançaram um consenso relativamente aos termos do texto. É pelo menos o que se depreende das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2019 no capítulo das principais acções da tutela da Administração e Justiça, sem uma meta temporal para que as negociações cheguem a bom porto.

No relatório, o Executivo refere apenas que vai empenhar-se para alcançar “um consenso com Portugal relativo ao texto do acordo sobre entrega de infractores em fuga e do acordo de cooperação judiciária em matéria penal”, tópicos que, nas LAG para este ano, tinha prometido promover “de forma activa”. Segundo as LAG para 2019, encontram-se também em curso conversações com o Vietname, Filipinas e Malásia para o mesmo propósito.

No plano da cooperação judiciária, o relatório das LAG nada refere a respeito de Hong Kong e da China. De recordar que, há dois anos, o Governo pediu a retirada de uma proposta de lei que submetera meses antes à Assembleia Legislativa sobre assistência judiciária inter-regional em matéria penal, que previa a entrega de infractores em fuga. A tutela, liderada pela secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, argumentou então que devido a “grandes diferenças” entre o regime das jurisdições em causa era preciso “estudar mais aprofundadamente” o diploma e, desde então, mais nada se ouviu.

20 Nov 2018

Arbitragem | Deputados insistem em facilidades de entrada para especialistas

[dropcap]O[/dropcap]s deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) voltaram a defender ontem facilidades para árbitros internacionais que sejam chamados a intervir em Macau, tanto do ponto de vista de entrada como de permanência.

“Esperemos que os árbitros internacionais possam vir a Macau de forma mais facilitada e conveniente”, insistiu o presidente da 1.ª Comissão Permanente da AL, que analisa a proposta de Lei da Arbitragem, em sede de especialidade. Não é apenas na entrada que os deputados pedem facilidades, dado que persistem dúvidas sobre a qualidade que os vai permitir permanecer no território. “Qual é a sua figura em Macau? Há relação de trabalho ou apenas de prestação de serviços?”, questionou Ho Ion Sang, indicando que, em Hong Kong, por exemplo, aplica-se o último modelo.

Em causa estão matérias que, segundo o Governo, ainda têm de ser discutidas “a nível interno” nomeadamente com os Serviços de Migração, apontou o deputado.

Outro dos pontos “amplamente” discutidos pela 1.ª Comissão Permanente da AL na reunião de ontem prende-se com os requisitos dos árbitros, isto porque o diploma apenas estipula que “devem ser pessoas singulares e com capacidade plena de exercício de direitos”.

“Damos mais importância à sua profissionalização em determinada área e à sua autoridade”, observou Ho Ion Sang, dando conta de que os deputados aceitaram a fórmula utilizada, após a explicação do Governo – de que o diploma foi redigido tendo como base o direito comparado – e de terem confirmado que o mesmo sucede em Hong Kong.

No caso de recurso a instituições de arbitragem estabelecidas em Macau a proposta de lei prevê a possibilidade de estas definirem requisitos adicionais para que os árbitros possam integrar as respectivas listas, nomeadamente em termos de formação ou treino especializado iniciais na área da arbitragem.
S.M.M (com D.M.)

20 Nov 2018

Segurança | Base de dados de ADN avança sete anos depois

A base de dados de ADN, que o Governo anunciou pela primeira vez em 2012, vai finalmente avançar no próximo ano. A proposta de lei, que define o regime jurídico, não só está finalmente pronta como foi já remetida ao Conselho Executivo

[dropcap]A[/dropcap] prometida base de dados de ADN parece estar mais perto de ser uma realidade. Segundo as Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2019, a proposta de lei que define o regime jurídico – o primeiro passo para o efeito – foi já entregue ao Conselho Executivo.

O diploma, elaborado pela Polícia Judiciária (PJ), surge nas LAG entre os principais trabalhos da área da segurança para o próximo ano, não sendo facultados mais detalhes a esse respeito.

A intenção de criar uma base de dados de ADN foi anunciada no Verão de 2012 pelo então director da PJ e actual secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. A promessa ficou plasmada nas LAG para o ano seguinte, em que se destacava que a PJ lançara, meses antes, um “estudo legislativo para criar, extrair e gerenciar o recurso ao banco de dados de ADN”. Contudo, devido à “complexidade” do processo de produção legislativa, os trabalhos arrastaram-se no tempo.

Em Portugal, por exemplo, a base de dados de perfis de ADN foi criada há oito anos. Até 31 de Dezembro de 2016 tinham sido inseridas 8.139 amostras, das quais 5.820 de condenados (71 por cento), um número considerado ainda reduzido, em comparação com outras jurisdições e ainda com o número de condenações que são registadas por ano.

Essa base de dados permite fazer o cruzamento de amostras recolhidas no local do crime, ou mesmo de vítimas, com os perfis já identificados e registados, e recolher amostras de ADN em pessoas ou cadáveres e compará-las com as de parentes ou com aqueles existentes na base de dados, com vista à sua identificação.

20 Nov 2018

Victor Ângelo, ex-representante do Secretário-Geral da ONU: “Em 2049 a China será o maior poder económico do mundo”

Um mundo em reconfiguração em termos de poder das grandes potências e com instituições internacionais em crise foram temas de conversa com Victor Ângelo. O ex-representante do Secretário-Geral das Nações Unidas está em Macau para participar numa palestra hoje na Universidade de Macau sobre as relações entre a China e a Europa. Amanhã estará na Fundação Rui Cunha para falar de populismo

 

Com a ascensão do nacionalismo e isolacionismo, onde acha que as instituições internacionais, como a ONU e a União Europeia, falharam e qual o caminho para sobreviverem?

[dropcap]O[/dropcap] falhanço é muitas vezes dos Estados-membros. Esquecemo-nos que estas organizações são conjuntos de Estados. Se houver um aumento muito marcante de ideias nacionalistas, ou extremistas nos estados é evidente que isso tem impacto na maneira como eles tratam as instituições internacionais e na maneira como aceitam, ou deixam de aceitar, as decisões tomadas nos círculos internacionais. Isto reflecte o que se está a passar nalguns Estados-membros mais importantes, nomeadamente o grande nacionalismo que surgiu com a chegada de Putin ao Governo no começo dos anos 2000. Depois com os movimentos nacionalistas na Europa e agora, evidentemente, com a presença de Donald Trump na Casa Branca, que foi uma espécie de ponto final num processo que tinha sido iniciado já há alguns anos atrás.

Objectivamente, quais foram as falhas dos Estados-membros que abriram brechas que permitiram esta infiltração?

A grande brecha que permitiu a ascensão do nacionalismo foi a crise económica de 2008 e o facto de que os países tiveram de encontrar soluções próprias. As instituições internacionais passaram a ser vistas como impondo soluções que aumentavam ainda mais a austeridade, portanto, soluções que não poderiam ser aceites. A partir daí, foi um pouco o salve-se quem puder, ou seja, cada um procurou encontrar a sua resposta às questões. Nomeadamente, respostas ao desemprego em massa, em particular o desemprego das pessoas mais jovens. Isso, evidentemente, cria um estado de espírito de “primeiros os nossos”, ou seja, vamos trabalhar para que a economia ofereça emprego aos nossos filhos, aos nossos habitantes. A partir daí, surge a ideia do nacionalismo e também a ideia de que se fronteiras nacionais não forem reinstituídas não estamos protegidos. Perdeu-se um bocado a noção de que as instituições internacionais, e em particular, por exemplo, a União Europeia, foram criadas para proteger as pessoas. As pessoas passaram a ter medo dessas instituições, em vez de sentirem que elas as protegiam e surge a ideia do nacionalismo, a velha ideia de que eu me protejo dos outros e cada um trata de si.

Como se resolve um problema destes? Como se restaura o sentido de unidade?

Acho que é fundamental voltar a falar de solidariedade. Nós esquecemo-nos que estamos num planeta que é cada vez mais pequeno, em que a comunicação é cada vez mais fácil e em que os problemas se transferem rapidamente de um país para outro. Aquilo que é hoje um problema no país A pode amanhã ser no país B ou no país C. Se estamos no país B ou C deveríamos ter todo o interesse em ajudar o país A a resolver os seus problemas porque esses podem tornar-se os futuros desafios que a chegar à nossa casa. O exemplo mais flagrante disso é a questão das migrações. A migração é, pura a simplesmente, a transferência dos grandes desafios de pobreza que existem em várias partes do mundo, nomeadamente em África, para as regiões mais desenvolvidas, em particular para a Europa. Nós não conseguimos, ao fim de várias décadas de ajuda ao desenvolvimento, resolver os problemas do desenvolvimento em África e esses problemas agora vêm à nossa procura.

Numa era de ressurgimento do populismo, os partidos mais tradicionais de centro perdem terreno, credibilidade, esvaziam-se de poder, inclusive com múltiplos escândalos de corrupção. Acha que é possível recuperar a credibilidade do centro?

É verdade que os partidos do centro direita e, sobretudo, do centro esquerda, perderam votantes e apoio eleitoral e perderam, em grande medida, credibilidade. Isso nota-se em várias partes da Europa, nomeadamente com os partidos socialistas e os partidos sociais-democratas. Mas não só, partidos do centro direita, como o partido que apoiava o ex-Presidente francês Sarkozy, é um partido que praticamente desapareceu da cena política e representa um máximo de 15 por cento da população francesa. Um partido que teve durante dezenas de anos uma força enorme no sistema de poder francês. Na própria Alemanha notamos uma erosão do poder do partido de Angela Merkel, não é apenas o Partido Social Democrata alemão que está em crise, é também, em certa medida, o partido cristão democrata de Merkel. Verificamos que quem tradicionalmente votava ao centro, esquerda ou direita, passa a votar nos extremos, sobretudos nos extremos mais nacionalistas, mais identitários, mais à direita. Precisamos voltar a ter ao nível do centro um outro tipo de liderança e uma outra maneira de comunicar com as pessoas, numa altura em que a comunicação é fundamental. A vantagem dos extremistas é que têm mensagens muito simples, fáceis de entender, reduzem todos os problemas a uma só linha, a uma só solução, é a história do muro de Donald Trump. Resolve-se o problema da imigração construindo um muro, resolve-se o problema do desemprego expulsando os imigrantes, resolve-se o problema da insegurança expulsando os islâmicos. Este tipo de discurso, extremamente simplista, passa junto de algumas camadas da população. Felizmente, ainda não passa junto da maioria. Mas a verdade é que partidos que tradicionalmente não tinham apoio eleitoral, partidos extremistas, nomeadamente de direita, têm hoje 20 ou mais por cento dos eleitores a votar neles.

Acha que o surgimento da terceira via e a colagem ideológica do centro direita e centro esquerda pode ter tido um papel? Como é que isto aconteceu?

Há aqui vários factores. Por um lado, o centro direita e o centro esquerda, a partir de determinada altura, passam a fazer discursos políticos praticamente idênticos. Ou seja, tanto fazia ouvir-se um lado como o outro. Na realidade, para o eleitor e cidadão comum, era a mesma conversa. Esse foi um factor. Perdeu-se a noção de que era preciso fazer a diferença entre uma solução de direita, mais conservadora, e uma solução de esquerda mais progressista. Por outro lado, perdeu-se também um bocado a noção de que é preciso haver uma renovação das classes políticas, ou seja, ambos os centros apresentavam sempre os mesmo tipo de líderes e pessoas. Muitas vezes, as mesma pessoas repetiam-se de eleição para eleição. O que se verifica actualmente é que tudo é muito dinâmico e as pessoas querem ver novas caras, novas lideranças e é por isso que vão para os extremos. O Podemos, em Espanha, aparece e ganha votos porque eram caras novas, novas na política e jovens. Não eram os velhos políticos que toda a vida fizeram política, não eram membros do establishment. Os eleitores começaram a votar em candidatos com outro tipo de discurso, mais perto do dia-a-dia das pessoas, dos problemas concretos como habitação, saúde, emprego. Longe dos grandes e tradicionais discursos teóricos. Há uma renovação de elites que é preciso também ter em linha de conta.

Depois do perigoso equilíbrio geoestratégico entre os blocos russo e norte-americano, um pouco por todo o lado deflagraram guerras por procuração, com grandes potências nos bastidores. Como pode a ONU intervir em conflitos destes, como a guerra no Iémen?

Há aí várias questões. Uma delas é que há, de facto, uma marginalização da ONU e das instituições internacionais. Embora a ONU tenha nomeado representantes especiais para acompanhar conflitos, a verdade é que estes representantes especiais são mantidos nas margens das grandes reuniões e discussões e não participam das decisões tomadas pelas grandes potências. Há que voltar a falar das Nações Unidas e frisar que as Nações Unidas não podem, de modo algum, ser marginalizadas neste tipo de conflito. A ONU não devia servir apenas para resolver conflitos onde os interesses estratégicos das grandes potências pesam pouco ou nada. Não pode ser. Tem de resolver todos os tipos de conflitos, incluindo o Iémen onde não só há uma rivalidade regional muito grande entre a Arábia Saudita e o Irão, mas também o facto do Iémen controlar uma das vias de comunicação fundamentais para o abastecimento da Europa em matérias-primas estratégicas, nomeadamente o petróleo. Esta questão de marginalização das Nações Unidas é fundamental. A questão destes conflitos em pontos estratégicos também precisa ser resolvida rapidamente e nós não podemos, de maneira alguma, apostar no país A contra o país B. Temos de tratar a Arábia Saudita e o Irão no mesmo pé e ambos têm culpas no cartório e têm de encontrar uma solução para trazer a paz ao Iémen.

Estamos a falar de uma profunda necessidade de reforma das instituições. Antevê que este panorama possa degenerar numa guerra mundial?

Penso que não, porque hoje em dia uma guerra mundial não tem os protagonistas que seriam necessários. Em termos de poder militar não há ainda nenhum poder militar que possa ser equiparado ao poder militar americano. Mesmo novas potências militares ficam muito aquém. Falar de uma guerra mundial, neste momento, seria despropositado e pouco realista. Não há da parte dos rivais dos Estados Unidos qualquer tipo de apetite em entrar num conflito aberto com os Estados Unidos. Não sei se isso não acontecerá dentro de 20 ou 30 anos. Mas nos próximos anos não vai acontecer. Mas estão em cima da mesa conflitos importantes. Um deles é o Iémen, outro que continua por resolver é o Afeganistão e a Síria. No norte de África temos a Líbia, que está num caos completo e sem resolução. E provavelmente iremos ter outros conflitos em volta dos países do Sahel em África. Vamos continuar a assistir a conflitos localizados, ao nível das regiões, mas provavelmente as coisas não irão além disso. Esses conflitos vão continuar a ter protagonistas ao nível das grandes potências. As Nações Unidas têm estado excluídas da parte central da resolução destes conflitos. Provavelmente, vamos assistir ao aparecimento de organizações regionais que vão desempenhar um papel que as Nações Unidas não têm podido desempenhar. Vamos ter uma União Africana mais forte e mais capaz. Na Ásia, vamos assistir ao desenvolvimento de estruturas regionais como o ASEAN. No Médio Oriente, a Liga Árabe. Provavelmente, iremos nesse sentido de criação de coligações de países, como na Síria onde temos uma coligação que seria impensável mas que está a tratar de arranjar uma solução (Rússia, Turquia e Irão). Coligações pontuais que poderão desempenhar o papel que deveria ser das Nações Unidas, em particular pelo Conselho de Segurança da ONU. Depois de 2011, e da crise da Líbia, o Conselho de Segurança está praticamente paralisado no que diz respeito à resolução dos grandes conflitos internacionais.

Como fica o equilíbrio geoestratégico com a entrada em cena da China?

Nós estamos a avançar rapidamente para uma redefinição do equilíbrio de poderes, não há qualquer tipo de dúvida em relação a isso. Esse equilíbrio de poderes vai continuar a ter os Estados Unidos. A China vai também ter um papel fundamental e muito provavelmente a Índia também vai ser um poder importante. A Rússia penso que terá alguma influência regional, mas será um poder relativamente limitado e mais interessado na periferia estratégica à volta da Rússia. A Europa poderia também ser um poder geoestratégico, não sei se o vai conseguir. Ou seja, vamos ter novos centros de equilíbrio, novos poderes e novas relações de força. A grande questão é saber se estes novos actores internacionais querem ter um papel mundial, ou regional. Se quiserem ter um papel mundial entram em conflito com os Estados Unidos. O meu grande receio é que um conflito ao início pacífico pode rapidamente transformar-se num conflito aberto. Esse é o meu grande receio nos próximos 20 ou 30 anos. No ano 2049, quando a China fizer 100 anos da revolução, será o maior poder económico do mundo, que gerará o maior PIB e será, certamente, um grande poder político e militar. Até que ponto, esse poder militar se vai limitar a sua esfera de intervenção na região asiática, mesmo no sentido amplo, mesmo se for só isso já está em rivalidade com os Estados Unidos. Mas for mais além, irá certamente haver uma rivalidade aberta, aliás, que é cada vez mais evidente. Na cimeira da cooperação económica entre a Ásia e Pacífico, que teve lugar este fim-de-semana, foi bem clara a tensão existente entre os Estados Unidos e a China. Tensão aberta, de crítica aberta sobretudo dos americanos em relação aos chineses, de tal maneira que pela primeira vez na história destas cimeiras dos países da Ásia e do Pacífico não se conseguiu aprovar um comunicado conjunto. Isso é um sinal muito evidente de que as divergências e o fosso são cada vez maiores. A vantagem dos Estados Unidos continua a ser, para já, que grande parte da população asiática prefere ter o guarda-chuva americano do que o chinês. Essa é a grande vantagem dos Estados Unidos. Um país como a China, apesar de próximo cultural e geograficamente, é ainda assim um país que pela sua dimensão amedronta os países vizinhos mais pequenos.

20 Nov 2018

Saúde | Não residentes impossibilitados de realizar estágio de acesso a carreiras

A 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) confirmou ontem que os não residentes não vão ter possibilidade de realizar o estágio profissional para 15 carreiras da saúde. Isto apesar de a proposta de lei, actualmente em análise, até permitir que façam as provas de acesso ao mesmo

 

[dropcap]S[/dropcap]ó quem tem BIR pode realizar o estágio profissional, requisito exigido à luz da proposta de lei actualmente em análise em sede de especialidade na AL, a um universo de 15 carreiras na área da saúde. A informação foi confirmada pela 2.ª Comissão Permanente da AL, que analisa o regime legal da qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde. É que, se por um lado, a proposta de lei permite que os profissionais não residentes realizem a prova de conhecimento, deixa claro, por outro, que “a aprovação no exame não determina a admissão imediata ao estágio”. “Porquê? Não sabemos”, respondeu o presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL.

No entanto, como referiu, durante a reunião foi aventada uma justificação para a opção legislativa: “Um dos deputados do sector médico interpretou que é para alguns alunos que estão a frequentar medicina tradicional chinesa, por exemplo, porque se conseguirem ser aprovados nos exames [de admissão ao estágio], já podem exercer a sua actividade profissional voltando à China”. “Ou seja, se passar na prova de conhecimento em Macau e fizer estágio na China e se a sua habilitação for reconhecida na América se calhar é uma das vantagens” subjacentes à norma, afirmou Chan Chak Mo. O deputado apontou, no entanto, que o assunto tem ainda de ser abordado com o Executivo.

Wong Kit Cheng, número dois da 2.ª Comissão Permanente da AL e enfermeira de profissão, complementou: “Há deputados que defendem que para os alunos estrangeiros é melhor conceder-lhes oportunidade de participar na prova de conhecimento”, na medida em que depois podem “pegar na qualificação e ir para outros países que não exigem estágio”.

Outro ponto que chamou a atenção dos deputados prende-se com as habilitações académicas ou profissionais exigidas às 15 categorias de profissionais abrangidas pelo diploma em apreço. “Achamos que há insuficiência de matérias”, observou Chan Chak Mo, sublinhando que na actual lei encontram-se actualmente fixadas exigências para cinco categorias (como médicos, dentistas ou enfermeiros), mas que a proposta em causa “nada prevê”, remetendo-as antes para regulamento administrativo complementar.

20 Nov 2018

Operação da piloto Sophia Floersch demorou nove horas. Sinais vitais estão estáveis

A piloto alemã é a acidentada que está na situação mais complicada, mas as indicações são animadoras. Comissário de Macau vai continuar internado cerca de quatro dias e depois terá alta

[dropcap]S[/dropcap]ophia Floersch foi operada ontem durante nove horas e a equipa médica do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) responsável pelo tratamento da jovem de 17 anos acredita que existem fortes possibilidades da piloto voltar a andar e até retomar a carreira. Nesta altura, ainda não há certezas, mas durante a operação a alemã mostrou sinais de mobilidade nos membros, está livre de perigo, pelo que as perspectivas são positivas.

O cenário foi traçado durante uma conferência de imprensa organizada ontem, pelo Serviços de Saúde, para fazer um ponto de situação sobre os feridos durante a 65.ª edição do Grande Prémio. Em relação a Sophia Floersch foi explicado que a piloto fracturou a vértebra cervical C7 e que foi necessário um disco para reconstruir a parte da coluna afectada pelo acidente, que aconteceu quando o carro da alemã seguia a mais de 276 quilómetros de hora.

“Durante a operação ela mostrou ter sinais de mobilidade nos membros. No futuro penso que poderá continuar com a carreira. Mas ainda não há garantias, porque apesar de poder haver sinais iguais, a recuperação varia de caso para caso”, disse Chan Hong Mou, médico consultor do Serviço de Ortopedia do CHCSJ. “Tem de ficar deitada durante algum tempo mas no futuro não terá grandes problemas, pensamos que poderá voltar a andar”, acrescentou.

O mesmo médico explicou também que para a alemã de 17 anos vai ser fundamental o tempo de recuperação e que depois ainda terá realizar fisioterapia, o que poderá acontecer já na Alemanha. De acordo com um comunicado emitido na manhã de hoje, os médicos prevêem que a piloto poderá estar ainda mais uma ou duas semanas em observação. O mesmo comunicado explica que os sinais vitais de Sophia Floersch estão estáveis e que os quatro membros de movimentam.

Decisões difíceis

Chan Hong Mou revelou também que a família teve de decidir se transportavam Floersch para a Alemanha para fazer a operação, ou se o tratamento era feito em Macau. No final, os riscos evolvidos no transporte, que poderiam causar ainda mais danos à saúde da piloto, levaram a que a operação fosse feita em Macau.

Além da equipa, Floersch tem sido acompanhada pelo seu pai.

Quanto ao comissário de pista de Macau, foi revelado que é do sexo masculino e tem 34 anos. O residente local partiu o maxilar direito e foi alvo de uma cirurgia plástica, mas não apresenta complicações e deve ter alta dentro de três ou quatro dias. Já o fotógrafo do Interior da China, de 25 anos, também vai continuar internado devido a uma hemorragia no fígado, mas não preciso de transfusões de sangue, pelo que o internamento se deve à necessidade de o manter em observação. Ambos não correm perigo de vida.
Em relação aos outros envolvidos no acidente, o piloto Sho Tsuboi já recebeu alta ontem. O mesmo aconteceu com o fotógrafo japonês, que tinha uma concussão na cabeça.


Raul Torras saiu do hospital

Ontem também foi feito o ponto da situação dos outros três pilotos de motos envolvidos em diferentes acidentes. As perspectivas da equipa médica são para que as carreiras dos três não sejam interrompidas. Quanto a Andrew Dudgeon, o homem das Ilhas de Man foi operado à Vértebra Lombar L2 e está a recuperar. Já Ben Wylie foi submetido a uma operação de sete horas, teve uma fractura no pescoço e está em observação. Finalmente Raul Torras, que tinha a clavícula e algumas constelas partidas, deixou ontem o hospital.

20 Nov 2018

PZ – “No meu lugar”

“No meu lugar”

Não quero pôr o pé lá fora
Não quero pôr o pé lá fora
Tenho medo de encontrar um bicho, ou isso

Não quero pôr o pé lá fora
Não quero pôr o pé lá fora
Não quero dar de caras com um bicho, ou isso

Quero ficar
No meu lugar
Para encontrar
O meu lugar

Não sabes o que tens
quando manténs
dúvidas, dúvidas…
daquelas que empatam

Mas quando convém
tu já não tens
dúvidas, dúvidas
elas quase que me matam

Quero pôr o pé lá fora
Quero pôr o pé lá fora
Quero poder-me encontrar contigo, ou isso

Quero pôr o pé lá fora
Quero pôr o pé lá fora
Quero poder-me encontrar contigo, é isso

Fazes muito bem
tu já não tens
dúvidas, dúvidas…
elas quase que me matam

Quando convém
tu já não tens
dúvidas, dúvidas…
daquelas que empatam

Quero ficar
No meu lugar
Para encontrar
O meu lugar

Não quero pôr o pé lá fora
Não quero pôr o pé lá fora
Não quero dar de caras com um bicho, ou isso

PZ

20 Nov 2018

Ferro Rodrigues destaca convergência com China na promoção do multilateralismo

[dropcap]O[/dropcap] presidente da Assembleia da República (AR), Ferro Rodrigues, afirmou hoje que Portugal quer aprofundar o relacionamento com a China, para que “tenha efeitos” em organizações multilaterais, perante a ascensão global de “doutrinas unilateralistas perigosas”.

“Há toda uma vontade de aprofundar o relacionamento bilateral, para que este tenha efeitos em organizações multilaterais, e que possa, defendendo o interesse dos dois países, ser cada vez mais uma realidade”, disse em entrevista à Lusa.

O presidente da AR iniciou uma visita de dois dias a Pequim, onde tem previstas reuniões com o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), Li Zhanshu, a terceira figura do regime chinês. A visita ocorre a cerca de duas semanas de o Presidente chinês, Xi Jinping, visitar Portugal.

Ao lembrar que Portugal tem “uma postura de apoio ao multilateralismo”, Ferro Rodrigues sublinhou “a convergência” com Pequim, ao “considerar que os acordos internacionais são para se cumprir, e não para se rasgar”.

Desde a ascensão ao poder de Xi, a China passou a reclamar mais protagonismo na governação de questões globais, numa altura em que os Estados Unidos de Donald Trump rompem compromissos internacionais sobre o clima, comércio, migração ou o nuclear.

“Vive-se um momento em que é muito importante que haja capacidade de fazer frente a doutrinas unilateralistas, que estão a espalhar um pouco por vários países nacionalismos agressivos, que são perigosos”, disse Ferro Rodrigues.

O também líder parlamentar do Partido Socialista destacou ainda o “apoio e mobilização importante” de Pequim “na eleição de portugueses para funções importantes a nível internacional”, referindo os casos de António Guterres e António Vitorino, eleitos secretário-geral da ONU e director-geral da Organização Internacional para as Migrações, respectivamente.

Questionado sobre a crescente bipolarização entre Pequim e Washington, à medida que os EUA tentam contrariar as ambições chinesas no sector tecnológico e a assertividade da China no Pacífico, Ferro Rodrigues disse que Portugal vê o país asiático como uma nação que contribui para a paz.

“É evidente que a China é uma grande potência, não apenas uma grande potência económica, mas que tem também uma doutrina estratégica em termos de Defesa e em termos militares, que pode causar algumas dificuldades a alguns parceiros, sobretudo aqui na região, mas tradicionalmente temos visto a China como um país que tem dado contributos para a paz”, afirmou.

Ferro Rodrigues destacou ainda a “intensificação muito nítida do relacionamento bilateral, sobretudo no campo económico, com muitos investimentos chineses em Portugal, e com a perspectiva de que possa continuar a dar-se esse movimento”.

Desde a crise financeira global, em 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China manteve altas taxas de crescimento económico, aumentando a quota no Produto Interno Bruto global de 6% para quase 16%.

O país asiático tornou-se, no mesmo período, um dos principais investidores em Portugal, ao comprar participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

Ferro Rodrigues é acompanhado, em Pequim, por membros das direções dos grupos parlamentares do PS, PSD, CDS e PCP.

19 Nov 2018

Líderes pró-democracia de Hong Kong declaram-se inocentes no início do julgamento

[dropcap]T[/dropcap]rês líderes do movimento pró-democracia em Hong Kong declararam-se hoje inocentes na abertura do julgamento contra nove activistas acusados de perturbar a ordem pública durante a “revolta dos guarda-chuvas”, em 2014. Os réus foram recebidos à chegada ao tribunal por centenas de apoiantes, que gritavam: “Resistência pacífica!” e “Quero um verdadeiro sufrágio universal!”.

Chan Kin-man, de 59 anos, professor de sociologia, Benny Tai, de 54, professor de direito, e Chu Yiu-ming, de 74 anos, ministro da Igreja Baptista de Chai Wan em Hong Kong, fundaram o movimento “Occupy Central” em 2013.

Entre 28 de Setembro e 15 de Dezembro de 2014, centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros da antiga colónia britânica para exigir o sufrágio universal na escolha do chefe do Executivo de Hong Kong, nomeado por uma comissão pró-Pequim. Mas as autoridades chinesas não recuaram.

Em 2014, a acção dos manifestantes, que treparam pelas barreiras metálicas e entraram na Civic Square, uma praça situada num complexo governamental, desencadeou manifestações mais importantes e dias mais tarde teria início o movimento pró-democracia, quando a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, que se protegeu com guarda-chuvas.

Desde então, vários activistas foram julgados pelo Ministério da Justiça, e alguns já se encontram a cumprir pena de prisão. Alguns foram proibidos de concorrer às eleições e outros foram desqualificados do Conselho Legislativo.

Na semana passada, o activista Chan Kin-man proferiu um discurso de despedida para mais de 600 pessoas na Universidade Chinesa de Hong Kong, onde lecciona há mais de 20 anos.

“Enquanto não formos esmagados pela prisão e pelas provações e oprimidos pela frustração e raiva, seremos mais fortes e inspiraremos os outros”, disse, anunciando assim a reforma antecipada para o próximo ano.

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou na passada quinta-feira às autoridades de Hong Kong para que retirem as acusações contra nove líderes das manifestações pró-democracia de 2014.

“Essas nove pessoas não fizeram nada além de pressionar pacificamente o Governo de Hong Kong a cumprir a sua obrigação de entregar uma democracia genuína às pessoas no território”, disse a diretora da HRW para a China, Sophie Richardson.

Os nove enfrentam várias acusações criminais, incluindo “incitação para cometer distúrbios públicos”, sendo que os três co-fundadores enfrentam uma acusação adicional de “conspiração para cometer distúrbios públicos” e podem ser condenados até sete anos de prisão.

Recentemente, o cancelamento de eventos literários e artísticos e a recusa em permitir a entrada de um jornalista do Financial Times em Hong Kong reacenderam a preocupação com a liberdade de expressão no território.

19 Nov 2018

Grande Prémio | Piloto Sophia Floersch na sala de operações desde manhã

[dropcap]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário emitiu esta tarde um comunicado onde aponta que a piloto alemã Sophia Floersch, que sofreu ontem um acidente quando competia na prova de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau, ainda está na sala de operações. A piloto sofreu uma fractura na coluna.

“A piloto alemã está a ser submetida a uma operação cirúrgica desde as 10h00. A operação ainda decorre”, pode ler-se. Esta tarde deverão ser fornecidas mais informações sobre o estado de saúde de Sophia Floersch após a operação, apontam os Serviços de Saúde de Macau. Na sua conta no Twitter, foi publicada uma mensagem em alemão onde se lê que a equipa médica “tem deliberadamente trabalhado devagar para evitar riscos”, sendo que a cirurgia “tem decorrido sem complicações”.

Sophia Floersch teve um acidente na curva do Hotel Lisboa que causou ferimentos a mais quatro pessoas: o piloto Sho Tsuboi, dois fotógrafos e um comissário de pista. Todos estão ainda em observação no hospital público.

19 Nov 2018

Antiga mansão de Bruce Lee vai ser palco de cursos de música e mandarim

[dropcap]A[/dropcap] antiga mansão de Bruce Lee, lenda das artes marciais, em Hong Kong, vai transformar-se num centro de estudos chineses no próximo ano e oferecer cursos de música e mandarim, noticiou hoje o South China Morning Post.

“Vamos converter a mansão num centro de estudos chineses no próximo ano, que vai oferecer cursos como mandarim e música chinesa para crianças”, afirmou Pang Chi-ping, administrador de um fundo de solidariedade que detém a mansão.

Pang é neto do filantropo bilionário Yu Pang-lin, que estabeleceu o fundo. A estrutura externa da propriedade, em Kodlong Road, vai manter-se intacta após a reforma, garantiu o responsável.

“Vamos manter o mosaico, que foi deixado por Bruce Lee, na parte de trás do muro em torno da mansão”, disse, citado pelo jornal. O trabalho de renovação na propriedade, que tem mais de 500 metros quadrados, vai começar logo após o Ano Novo Lunar. As aulas devem começar em Setembro do próximo ano.

Cerca de 400 crianças, do jardim de infância à escola secundária, terão aulas no centro todos os anos, segundo Pang Chi-ping. O centro também pode oferecer aulas de artes marciais no futuro. No entanto, a fundação não vai usar o nome de Lee como meio de publicidade, uma vez que não possui direitos de imagem do homem que levou as artes marciais ao cinema.

Bruce Lee (Li Xiaolong, em chinês), nasceu no bairro chinês (Chinatown) de São Francisco, Califórnia, e cresceu em Hong Kong, onde se tornou um ícone da cultura popular chinesa, e faleceu a 20 de Julho de 1973, com 32 anos, na sequência de um edema cerebral.

19 Nov 2018