Fundação Oriente | Aniversário comemorado com guitarras

[dropcap]O[/dropcap]s 30 Anos da Fundação Oriente vão ser comemorados com um concerto do quarteto de guitarras Concordis, esta sexta-feira, dia 23, às 20h, na Casa Garden. O Quarteto Concordis foi criado em 2005 e conta, na sua constituição actual, com Eudoro Grade, João Nunes, Jorge Pires e Pedro Rufino.

“Da cumplicidade entre estes músicos e das suas personalidades e influências diversas emerge como tónica a beleza tímbrica e sonora em geral que as quatro guitarras proporcionam em conjunto”, refere a organização em comunicado.

Do repertório a apresentar destacam-se temas de Carlos Paredes, Fernando Lapa, José Afonso, Manuel de Falla e Chet Atkins and Boudleaux Bryant.

21 Nov 2018

“Tempos Transitórios” de Ricardo Meireles inaugura a 29 de Novembro na Creative Macau

A Creative Macau vai receber, a partir do próximo dia 29, a exposição de fotografia de Ricardo Meireles, “Tempos Transitórios”. De acordo com o autor, a mostra pretende “parar” as pessoas para que se apercebam do lugar que habitam e onde se movem

 

[dropcap]P[/dropcap]roporcionar um momento de pausa é a proposta do fotógrafo Ricardo Meireles com a exposição “Tempos transitórios” que será inaugurada no próximo dia 19 na galeria da Creative Macau. O objectivo é dar às pessoas um espaço para “parar, olhar e observar” a cidade que habitam e que, muitas das vezes, não têm tempo para absorver, apontou Ricardo Meireles ao HM.

Para o efeito, o fotógrafo foi à procura da cidade, das suas características e movimentos. “Quis captar aqueles momentos da cidade que são mais característicos e que estão mais relacionadas com a memória local e com a identidade através da arquitectura, da construção”, começou por explicar o também arquitecto.

Por outro lado, não existe cidade sem as pessoas que nela circulam e para transmitir esta ideia, o fotógrafo optou pelo desfoque das figuras humanas em contraponto com o foco das construções. “Estou a focar o elemento da cidade e estou a desfocar as pessoas porque são um elemento transitório, que passa”, explicou. “As pessoas movem-se de um lado para o outro e a cidade continua”, acrescentou.

Em última instância, Meireles pretende, com as imagens que apresenta em “Tempos transitórios”, sintetizar a ideia de um momento de pausa em que as palavras de ordem são “agora pára, olha e observa”. A razão, sublinhou tem que ver com a própria dinâmica local. “Em termos de fluxo humano, Macau é um pouco desordenado. As pessoas vivem no seu dia a dia e acabam por passar muitas vezes pelos mesmos lugares e não param, não reconhecem e não sentem a cidade. Acabam por não perceber o que é Macau em si em termos de espaço e de sociedade”, justificou.

Três tempos

A mostra está dividida em três momentos distintos. Numa primeira parte estão patentes ao público um conjunto de doze imagens a preto e branco e de grande formato. A ideia é mostrar o resultado do movimento rápido que é a captura de uma imagem. Segundo o autor, trata-se “do registo do movimento dos fluxos pedonais, num testemunho que foca um certo elemento perene da cidade” com características que incluem a memória e identidade locais.

A apresentação de um vídeo com cerca de cinco minutos integra o segundo momento da exposição. Aqui, “o registo é idêntico ao das fotografias”, disse. “Estou a focar a cidade e capto o movimento das pessoas em longas exposições. As pessoas estão lá mas em movimento”, acrescentou.

A última parte da mostra é dedicada a uma instalação em que as imagens, ao contrário dos momentos anteriores, se mostram a cores. Aqui as fotografias são essencialmente dedicadas a Macau antiga, “onde estão mais memórias”.

A instalação é constituída por um painel que agrupa uma série de imagens pequenas e constitui um momento que dá ao público várias opções de observação: “as pessoas podem focar-se numa imagem em particular, ou no conjunto”, apontou. Mas o público também se pode rever e integrar quer no contexto da obra que no contexto da exposição. Isto porque faz parte da instalação a suspensão de lamelas de acrílico que podem servir de mediador entre o público e o trabalho exposto, mas podem ainda ser um espelho e um projecto de cada um. “Acabamos por estar a observar e a ser observados porque fazemos parte do mesmo contexto”, rematou o fotógrafo.

21 Nov 2018

A agenda do Festival Internacional de Cinema de Macau

8 de Dezembro

 

[dropcap]L[/dropcap]oro
14:00 – Cinemateca Paixão

School’s Out
15:00 – Pequeno auditório do CCM

The Sisters Brothers
19:00 – Torre de Macau

The Guilty
19:00 – Cinemateca Paixão

Green Book
20:30 – Centro Cultural de Macau

Sink Or Swim
21:00 – Pequeno auditório do CCM

Tumbbad
21:15 – Cinemateca Paixão

Diamantino
21:45 – Torre de Macau

9 de Dezembro

An Autumn Afternoon
15:00 – Cinemateca Paixão

Old Boys
15:00 – Centro Cultural de Macau

BuyBust
15:00 – Torre de Macau

Clean Up
16:00 – Pequeno auditório do CCM

The Favourite
18:00 – Centro Cultural de Macau

Baby
18:30 – Torre de Macau

The Good Girls
19:00 – Pequeno auditório do CCM

The Pluto Moment
19:00 – Cinemateca Paixão

Mandy
21:00 – Torre de Macau

Nobody Nose
21:00 – Centro Cultural de Macau

U-July 22
21:30 – Cinemateca Paixão

10 de Dezembro

Ága
18:45 – Pequeno auditório do CCM

Cobain
19:00 – Cinemateca Paixão

Fly By Night
19:00 – Torre de Macau

Lost, Found
19:30 – Centro Cultural de Macau

Scarborough
21:00 – Pequeno auditório do CCM
Close Enemies

21:30 – Cinemateca Paixão
Caught In The Web

21:45 – Torre de Macau
11 de Dezembro

Journey To The West: The Demons Strike Back
15:00 – Cinemateca Paixão

Manta Ray
18:30 – Cinemateca Paixão

Mary Queen Of Scots
19:00 – Centro Cultural de Macau

Suburban Birds
19:00 – Pequeno auditório do CCM

212 Warrior
19:30 – Centro Cultural de Macau

In Fabric
21:15 – Cinemateca Paixão

Empire Hotel
21:30 – Torre de Macau

White Blood
21:45 – Pequeno auditório do CCM
12 de Dezembro

The Truman Show
16:00 – Cinemateca Paixão

Aruna & Her Palate
19:00 – Pequeno auditório do CCM

The Witch: Part 1. The Subversion
19:00 – Torre de Macau

Xiao Mei
19:00 – Cinemateca Paixão

Hard Boiled
21:30 – Cinemateca Paixão

All Good
21:45 – Pequeno auditório do CCM

13 de Dezembro

Up The Mountain
18:00 – Cinemateca Paixão

Dear Ex
21:30 – Torre de Macau

Happy New Year, Colin Burstead
21:30 – Pequeno auditório do CCM

14 de Dezembro

Lawrence Of Arabia
15:00 – Cinemateca Paixão

Papi Chulo
20:00 – Cinemateca Paixão

21 Nov 2018

Longas metragens | Competição principal traz filmes para todos os gostos

A secção principal de competição do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM) mantém os requisitos: são seleccionadas apenas as primeiras ou segundas longas metragens de novos realizadores. O objectivo é dar a conhecer e premiar novos talentos. Este ano a secção é composta por nove filmes em que diversidade e qualidade são as palavras de ordem

 

Além do deserto

[dropcap]“Á[/dropcap]ga” é a co-produção búlgara, alemã e francesa que traz ao ecrã da principal secção de competição do IFFAM as transformações na vida de Nanook e Sedna, um casal que vive num yurt, algures no deserto. Isolados, vêem-se obrigados a mudar as rotinas de sustento quando a caça que lhes dá de comer começa a escassear com a morte inexplicável dos animais e os degelos sazonais antecipados. Entretanto, Chena é a única ligação do casal ao mundo exterior e mesmo à filha, Ága, que abandonou o inóspito lar e nunca mais regressou. Mas quando a saúde de Sedna começa a deteriorar-se, Nannook decide trazer a filha de volta e parte ao encontro de Ága.

“Ága” é realizado pelo búlgaro Milko Lazaro que, nesta edição do festival, teve o seu segundo filme seleccionado. A primeira longa do realizador, “Alienation”, que conta a história de um homem grego que se desloca à Bulgária para comprar um bebé recém-nascido, estreou no Festival de Veneza em 2013.

Escondidos no silêncio

Eva Trobisch é a realizadora de “All Good” que trata das consequências antagónicas que o silêncio pode ter. “All Good” é a história de Jannes que, depois de ser assediada pelo patrão do seu cunhado, resolve manter o incidente escondido. Mas não é por isso que as coisas caem no esquecimento. Muito pelo contrário.
Nascida em Berlim, em 1983, Eva Trobisch estreia-se nas longas metragens com “All Good”, O filme teve a sua premiére no Festival de Munique no passado mês de Junho onde conquistou os galardões para o Novo Talento Alemão nas categorias de melhor realização e de melhor actriz.

Tudo por um filho

A festa do cinema segue com “Clean Up” do coreano Kwon Man-ki. O argumento acompanha a história de Jung-Ju, uma mãe que perde o filho devido a doença cardíaca. Inconsolável, Jung-Ju passa os dias a trabalhar numa empresa que presta serviços de limpeza, a beber e a ir à igreja. Mas, tudo muda quando é admitido na mesma empresa Min-gu, um jovem recém saído da prisão, com aparência de mendigo e a cara coberta de cicatrizes. Jung-ju reconhece Min-gu, o menino que raptou 12 anos atrás para, com o dinheiro do pedido de resgate, poder pagar uma intervenção cirúrgica do filho. A culpa arrebata Jung-ju que agora quer saber mais sobre o jovem que a faz confrontar com o crime cometido.
Kwon Man-ki nasceu em Busan, em 1983 e estudou cinema na Sangmyung University e na Graduate School of Advanced Imaging Science da Chung Ang University. A sua curta-metragem de 27 minutos “Telepata” (2015) ganhou o maior prémio no Festival de Curtas-Metragens independentes de Daegu. “Clean Up” é a primeira longa metragem de Kwon Man-ki . O filme teve estreia mundial em Busan, no mês passado e ganhou o prémio New Currents.

Casos proibidos

Do Reino Unido vem “Scarborough” que tem realização de Barnaby Southcombe. O filme conta a história de dois casais com amores proibidos que se encontram na cidade costeira de Scarborough. Liz mantem uma relação com Daz, de 16 anos de idade. Também menor é Beth que mantem uma relação com Aiden, um artista muito mais velho. É em “Scarborough” que os casais conseguem fugir aos olhares reprovadores. No entanto, depois da euforia, a realidade desponta. Com ela começam os conflitos e o sofrimento. “Scarborough” é a segunda longa metragem de Barnaby Southcombe depois do sucesso de “Anna” (2012), protagonizado por Charlotte Rampling, Gabriel Byrne e Hayley Atwell. “Anna” teve estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Berlim e participou na competição oficial no Festival Internacional de Cinema de Xangai.

Adolescentes perigosos

“School´s Out”, de Sébastien Marnier, traz à tela a vida conturbada de um professor de liceu, Pierre, obcecado por descobrir o que se passa com alguns dos seus alunos. Pierre é o substituto de um professor que se atirou da janela de uma sala de aulas à frente dos seus alunos. Apesar da tragédia, seis adolescentes presentes não reagiram ao sucedido. Pierre é o novo professor que se apercebe que este grupo de miúdos está a congeminar um plano misterioso e resolve descobrir qual é. O novo professor acaba por ver a vida transformada num inferno.
School’s Out é a segunda longa-metragem de Sébastien Marniere e teve estreia mundial, este ano, no Festival de Veneza. Antes de se dedicar ao cinema, Marnier publicou três romances e co-escreveu uma série de animação para televisão baseada na sua novela gráfica “Salaire Net Et Monde”.

Profecias pessoais

Da China continental chega “Suburban Birds” do jovem cineasta Qiu Sheng. Um abatimento de terras numa área suburbana leva Hao, juntamente com uma equipa de engenheiros, a deslocaram-se ao local para investigar o sucedido. Durante a investigação, Hao encontra um diário dentro de uma escola primária. O caderno narra a história da separação de um menino do que parecia ser o seu grupo íntimo de amigos. Hao percebe que este diário pode conter profecias sobre a sua própria vida.
Qiu Sheng licenciou-se em Engenharia Biomédica na Tsinghua mas foi no cinema que encontrou o sucesso com esta sua primeira longa metragem, “Suburban Birds”. O filme, que estreou este ano, ganhou o prémio de Melhor Argumento no Xining FIRST International Film Festival e participou na competição de realizadores do Festival Internacional de Locarno, em Agosto.

À procura de culpados

“The Guilty” é a primeira longa metragem do dinamarquês Gustav Möller que contou com estreia na secção de competição do Sundance Film Festival. O filme trata a saga do ex-policia Asger Holm quando, depois de responder a uma chamada de emergência de uma mulher que terá sido sequestrada, avança para a resolução do caso. No entanto, o crime é bem maior do que o que parece inicialmente.
“The Guilty” é realizado por Gustav Möller que se estrou no grande ecrã com a curta “In Darkness” que acabou por ganhar o prémio Next Generation, no Festival Internacional de Cinema da Noruega em Haugesund.

Maldita cocaína

A argentina Barbara Sarasola-Day realiza “White Blood”. O filme conta a história de Martina e Manuel, uma dupla de narco-traficantes que cruzam a fronteira da Bolívia com a Argentina como “mulas” que transportam cocaína. No entanto, depois de passada a fronteira, quando se refugiam num hotel, Manuel morre de overdose devido às cápsulas que tinha ingerido. A organização criminosa para a qual trabalham exige, no entanto, a entrega da totalidade do produto que ambos transportavam. Martina precisa de ajuda e só pode recorrer a ajuda do pai, Javier, que nunca conheceu.
Nascida na Argentina em 1976, a realizadora Barbara Sarasola-Day estudou ciências da comunicação na Universidade de Buenos Aires. Trabalha na área do cinema desde 2000 e realizou a sua primeira curta-metragem, “El Canal”, em 2005. A sua primeira longa “Deshora” (2013), uma – co-produção entre a Argentina, a Colômbia e a Noruega teve estreia mundial no Festival de Berlim. “White Blood” é seu segundo filme.

Estatutos perdidos

Do México vem “The Good Girls”. O filme realizado por Alejandra Marquez Abella conta a história de Sofia, um rapariga “perfeita”, menina de elite que vê a posição social ameaçada por uma crise económica. Sofia tem que manter aparências ao mesmo tempo que reconhece a inevitabilidade da perda de status, num momento em que aprende a viver sem dinheiro, uma coisa que sempre teve como certa.
Alejandra Marquez Abella nasceu em San Luis Potosi A sua curta-metragem “5 Memories” (2009) foi exibida em mais de 140 festivais e a sua primeira longa-metragem “Semana Santa” (2015) teve estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto. “The Good Girls” é a segunda longa da realizadora mexicana que também estreou em Toronto no passado mês de Setembro.

21 Nov 2018

Memória | Urso Bobo morreu aos 35 anos e vai ser embalsamado

Era para ter terminado no prato de um restaurante, mas quis o destino que fosse salvo e colocado no Jardim da Flora. Ao longo de mais de 30 anos, o urso Bobo foi uma das principais atracções dos passeios de domingo para várias gerações. Mas ontem, com 35 anos, foi declarado morto devido à degradação da sua saúde

 

[dropcap]O[/dropcap] urso Bobo morreu ontem de manhã, depois de quase 35 anos a viver no Jardim da Flora, onde era a principal atracção para as crianças. Na segunda-feira à noite o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já tinha emitido um comunicado a alertar para a degradação de saúde do animal, que já mal conseguia comer, e ontem confirmou a sua morte, que ocorreu por volta das 11h00.

“O nosso urso-asiático Bobo morreu esta manhã [ontem] às 11h00 e tal. O urso-asiático normalmente vive 30 anos, mas o nosso morreu com 35”, disse Isabel Jorge, administradora do Conselho de Administração do IACM. “Nos últimos dias a situação de saúde dele piorou e ficou mais fraco. Os nossos tratadores e veterinários acompanharam de perto a situação, mas esta manhã faleceu”, acrescentou.

Em cima da mesa está agora a possibilidade de Bobo ser embalsamado, numa medida para sublinhar a importância das espécies em vias de extinção. O urso-preto asiático é uma espécie considerada vulnerável, a categoria menos grave das espécies ameaçadas.

“Queremos continuar com o trabalho da protecção e conservação dos animais, e em princípio o corpo do nosso urso vai ser embalsamado. Depois vamos colocá-lo num jardim, mas ainda não sabemos qual”, explicou a responsável.

Em relação ao Jardim da Flora, o espaço vai continuar a receber animais, mas de pequeno porte. Segundo Isabel Jorge entre as espécies consideradas para continuar a levar as crianças ao jardim está o porquinho-da-índia.

Muito bem acolhido

Foi em 1984, segundo os registos do IACM, que o urso Bobo foi salvo. Na altura, o ursinho tinha menos de um ano e estava numa pequena jaula, à porta de um restaurante, na Rua da Felicidade. Harald Bruening, director do jornal Macau Post Daily, deu o alerta às autoridades.

“Nos meados dos anos 80, estava com um grupo de jornalistas, o ex-director do Va Kio, Chiu Iu Nang, e Adam Lee, que na altura era o correspondente no South China Morning Post. Estávamos a passar na Rua da Felicidade e a certa altura vimos uma concentração de pessoas à frente de um restaurante, porque estava ao pé da porta uma jaula muito pequena com um ursinho bebé”, recordou Bruening, ao HM. “Era uma atracção, mas todos sabíamos que o destino dele ia ser a cozinha. Por isso, e devido às condições em que estava a ser mantido, havia muita gente chocada”, relatou.

Como o alemão domina a língua portuguesa, na altura Chiu e Adam pediram-lhe para falar com as forças de segurança locais. Foi o que Bruening fez, embora o que se seguiu não tivesse sido simples. Isto porque em 1984 não havia uma lei de protecção dos animais, e Bobo só pode ser apreendido devido ao facto do restaurante não ter licença para importar animais daquele género.

“Falei com as forças de segurança, que me explicaram que não podiam fazer nada. Só que no mesmo dia prometeram-me que iam falar com o Leal Senado. Depois disso, não houve novidades nos dias seguintes, mas mais tarde o ursinho foi colocado no Jardim da Flora”, contou. “Se bem me recordo, o animal pode ser apreendido pelo IACM porque o restaurante não tinha licença de importação”, recordou.

Foi também no Jardim da Flora que o pequeno urso ganhou o nome de Bobo. Era esta a forma de tratamento das crianças que o visitavam e que com o tempo foi adoptada.

Jaula maior e companheira

Com o passar dos anos, as condições para o urso Bobo melhoraram, principalmente em 2000. Além de um espaço maior, com um lago para nadar, o urso recebeu igualmente uma companheira vinda do Interior da China. O casal nunca procriou e a fêmea acabaria por morrer após alguns anos, devido a dificuldades em adaptar-se às condições do clima de Macau.

Agora, com 35 anos, foi a vez do urso-negro asiático morrer, numa altura em que já muito raramente aparecia no exterior da sua jaula. A partir de hoje, o IACM vai manter uma zona junto à jaula de Bobo para que as pessoas façam as suas despedidas. Já ontem tinham sido instaladas flores brancas junto à estátua de Bobo.
Após ter sido revelada a morte do urso, o HM ouviu alguns residentes que se encontravam no Jardim da Flora. “Quando era nova via sempre o Bobo, agora como tenho uma filha também costumava levá-la de vez em quando para o ver”, disse Cheang, funcionária, com cerca de 30 anos, de uma loja de roupa à entrada do jardim, ao HM. “Não posso dizer que tenha um sentimento muito especial em relação ao Bobo, mas claro que lamento a sua morte. Também acho que a população costumava visitá-lo, mas não se pode dizer que o apreciasse verdadeiramente”, acrescentou.

Para Lei, moradora local com 50 anos, o urso Bobo está muito presente no imaginário de Macau. “É verdade que ele nos últimos tempos já não aparecia muito do lado de fora da jaula. Mas muita gente fazia questão de visitá-lo, quando passavam no jardim. Acho que faz parte da memória das pessoas que vivem em Macau”, considerou.

Opinião semelhante foi partilhada pelo jovem Wong, com cerca de 30 anos: “É uma notícia triste. O Bobo faz parte das memórias de infância das pessoas que cresceram em Macau. Ele acompanhou o crescimento de várias gerações e eu não fui excepção”, contou, ao HM. “Quando era pequeno vinha sempre aqui para visitá-lo e por isso hoje sinto-me triste com esta notícia”, finalizou.

21 Nov 2018

Turismo | Despesa fora dos casinos subiu 15,2 por cento

[dropcap]E[/dropcap]xcluindo o dinheiro gasto em casinos, os visitantes que escolheram Macau como destino entre Julho e Setembro gastaram 18,35 mil milhões de patacas, um aumento de 15,2 por cento em termos anuais homólogos, segundo dados divulgados pelos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

A par do aumento global verificou-se também uma subida de 5,9 por cento dos gastos ‘per capita’ para 2.039 patacas. Os visitantes procedentes da China foram os que mais abriram os cordões à bolsa, com a despesa ‘per capita’ a corresponder a 2.306 patacas – mais 5 por cento comparativamente ao terceiro trimestre do ano passado.

Entre os gastos dos visitantes, excluindo em jogo, predominaram as compras (50,3 por cento), seguindo-se o alojamento (24,2 por cento) e alimentação (18,2 por cento).

21 Nov 2018

Foshan | Banco Luso Internacional abre sucursal

[dropcap]O[/dropcap] Banco Luso Internacional abriu esta segunda-feira uma nova sucursal em Foshan, na província de Guangdong, noticiou ontem o jornal Ou Mun.

De acordo com o diário de língua chinesa, a nova sucursal vai prestar serviços financeiros como a concessão de empréstimos transfronteiriços e gestão de activos de clientes não apenas de Foshan mas também de Hong Kong e Macau.

O director-geral da sucursal, Guo Yiming, referiu que o banco planeia, dentro de três a cinco anos, marcar presença nas cidades principais que constituem o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e na faixa económica do rio Yangtze, para estender a sua rede de serviços.

21 Nov 2018

Esperadas temperaturas baixas a partir de hoje

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) alertam para a aproximação da costa meridional da China de uma frente fria que vai resultar numa descida de temperaturas, a partir de hoje.

“Espera-se que a temperatura desça e a mínima ronde os 16 graus celsius, havendo dispersos períodos de chuva.

Nos dias a seguir, no início da manhã e à noite, o tempo será, relativamente, frio”, referem os SMG em comunicado, pelo que aconselham a população a estar atenta às variações de temperatura e a tomar as devidas precauções.

21 Nov 2018

Carro com estupefacientes caiu de encosta em Coloane

[dropcap]O[/dropcap] automóvel que há uns dias caiu de uma encosta, em Coloane, continha no interior metanfetaminas e folhas de alumínio. A revelação foi feita pela polícia, de acordo com o jornal Ou Mun, que identificou o proprietário do veículo. Contudo, o dono explicou que na altura do acidente tinha emprestado a viatura a um familiar.

Segundo o jornal, na origem do sinistro terá estado o facto desse familiar, com mais de 30 anos, estar a conduzir sob o efeito de estupefacientes. No entanto, de acordo com o jornal, a PJ não conseguiu dar este facto como provado.

Ainda assim, o homem foi entregue ao MP, por fuga à responsabilidade, uma infracção à lei de trânsito, que pune as pessoas que tentem “furtar-se à responsabilidade civil ou criminal em que eventualmente tenham incorrido”.

21 Nov 2018

Criminalidade violenta caiu um quarto nos primeiros nove meses do ano

Descidas de dois dígitos no universo de crimes como sequestro, roubo e violação contribuíram para o abrandamento significativo da criminalidade violenta nos primeiros nove meses do ano

 

[dropcap]A[/dropcap] criminalidade violenta sofreu uma descida de 23,9 por cento entre Janeiro e Setembro, impulsionada por uma queda praticamente em toda a linha dos delitos desta natureza. O abuso sexual de menores foi um dos que contrariou a tendência. O balanço da criminalidade foi apresentado ontem pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, em conferência de imprensa.

Do universo da criminalidade violenta destacam-se os sequestros, dado que representaram mais de metade das ocorrências (232 em 452), o que perfaz uma média de 25 por mês, isto apesar de terem diminuído 31,6 por cento face aos primeiros nove meses do ano passado. A maioria dos sequestros – 218 em 232 – teve origem na prática do crime de usura (vulgarmente conhecida como agiotagem).

A diminuição dos casos de roubo (47 contra 72), de violação (de19 contra 24) e de tráfico de droga (91 contra 99) também ajudou ao recuo da criminalidade violenta. Já o número de homicídios manteve-se (2).
Em termos gerais, a criminalidade desceu ligeiramente (1,8 por cento), resultando em 10.559 inquéritos criminais, ou seja, menos 192 face aos primeiros nove meses do ano transacto. Seis em cada dez crimes foram contra o património (6.525), como burla e usura, ambos com subidas superiores a 20 por cento. A esmagadora maioria dos crimes de usura – 390 em 403 – estava relacionada com o jogo, ou seja, mais 24,2 por cento em termos anuais homólogos.

Apesar de o número de furtos ter diminuído ligeiramente (2.129 ou menos 46) nos primeiros nove meses, registou-se um aumento da prática por carteiristas em vias públicas (de 144 para 189) e nos transportes públicos (de 132 para 205).

Em contrapartida, os crimes contra a pessoa (1.988), contra a vida em sociedade (687) e contra o território (622) diminuíram em comparação com os primeiros nove meses de 2017.

Delinquência juvenil em alta

Já a delinquência juvenil subiu de 30 para 40 casos e envolveu 64 jovens (mais 29). Do total, 12 casos foram remetidos para o Ministério Público (MP), contra três em igual período do ano passado.

Em termos globais, entre Janeiro e Setembro, foram detidos e presentes ao MP 4.680 indivíduos, ou seja, menos 559 em termos anuais homólogos.

Do balanço da criminalidade destaca-se ainda a descida superior a 30 por cento do número de imigrantes ilegais. Até Setembro foram detectados 600, a grande parte dos quais da China (473) e do Vietname (115). Já em excesso de permanência foram descobertos 20.653, isto é, mais 610 do que em igual período de 2017.

 

4.600 taxistas multados

Entre Janeiro e Setembro, a Polícia de Segurança Pública autuou 4.600 taxistas, o que perfaz uma média de 511 por mês. O valor traduz um aumento de 21,7 por cento (+819) face aos primeiros nove meses do ano passado. Quase dois terços (2.840 infracções) diziam respeito a cobrança excessiva, sendo que 1.013 (+22 por cento) tinham que ver com recusa de tomada de passageiros e 138 com prestação de serviço de transporte ilegal (-88,1 por cento). Os dados foram facultados durante o balanço da criminalidade, com o secretário a afirmar ser “convicção” das autoridades de que, após a entrada em vigor do regime relativo aos táxis, actualmente em análise em sede de especialidade na Assembleia Legislativa, “se conseguirá reprimir eficazmente os actos ilícitos”. De recordar, porém, que deputados e Governo chegaram a acordo para reduzir o aumento de multas aplicáveis aos proprietários das licenças de táxis de 30 mil para 9 mil.

Bloqueados mais de 130 ‘sites’

A Polícia Judiciária (PJ) solicitou a empresas de domínio localizadas no estrangeiro para bloquear ou remover um total de 237 ‘sites’ de jogo ilegal, afirmou ontem o secretário para a Segurança, dando conta de que, até ao momento, mais de 130 tiveram esse destino. Wong Sio Chak não revelou, porém, se os dados se referem apenas a 2018. “Nos últimos anos, há grupos criminosos que aproveitam o renome do sector do jogo de Macau para estabelecer ‘websites’ falsos ou praticar o crime de burla, que prejudicam gravemente a imagem da cidade”, realçou.

ADN alvo de consulta

A proposta de lei que define o regime jurídico da base de dados de ADN, que segundo o relatório das Linhas de Acção Governativa já foi remetida ao Conselho Executivo, vai a consulta pública no próximo ano, indicou o secretário para a Segurança. “É um meio muito importante para a investigação”, realçou Wong Sio Chak, que entende que sem o regime que permite a base de dados, a recolha de amostras fica dificultada, uma vez que carece de consentimento. Tal como noticiou ontem o HM, a intenção de criar uma base de dados de ADN foi anunciada no Verão de 2012 por Wong Sio Chak, que era então director da Polícia Judiciária (PJ) e ficou plasmada nas LAG para o ano seguinte. Contudo, devido à “complexidade” do processo de produção legislativa, os trabalhos arrastaram-se no tempo. Em Portugal, por exemplo, a base de dados de perfis de ADN, criada há oito anos, permite fazer o cruzamento de amostras recolhidas no local do crime, ou mesmo de vítimas, com os perfis já identificados e registados, e recolher amostras de ADN em pessoas ou cadáveres e compará-las com as de parentes ou a base de dados, com vista à sua identificação.

21 Nov 2018

Agnes Lam questiona aplicação de taxas para casas vazias

[dropcap]A[/dropcap] deputada Agnes Lam entregou uma interpelação escrita onde pede a cobrança de taxas relativas às casas vazias que foram adquiridas como primeira habitação.

“Comparando com o Governo de Hong Kong, as autoridades de Macau têm uma atitude muito passiva na elaboração de políticas, o que causa frustração junto da população”, escreveu. A medida de cobrar taxas foi apresentada o ano passado pelo secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, no âmbito da apresentação do relatório das Linhas de Acção Governativa para este ano.

Contudo, não foi ainda apresentada qualquer proposta neste sentido. Agnes Lam deseja saber também se o Executivo vai ter como termo de referência as medidas adoptadas pelo Governo de Hong Kong para incentivar a venda de fracções residenciais recentemente construídas.

A deputada deseja também saber o resultado da implementação de políticas no âmbito da alteração do regulamento da contribuição predial urbana e da lei do imposto do selo sobre a aquisição de casas após a primeira habitação.

21 Nov 2018

Wong Kit Cheng pede aproveitamento de terrenos recuperados

[dropcap]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng pede ao Governo uma plano de aproveitamento para os terrenos recuperados. Em interpelação escrita, a deputada recorda que a sociedade espera que o Executivo tome atitudes neste sentido, dada a falta de terra em Macau e o número crescente da população.

A inacção por parte do Governo resulta num desperdício de recursos, e acarreta outros problemas para a sociedade, considera. “Deixar os terrenos públicos vazios não só é um desperdício de recursos, como pode levar à proliferação de mosquitos e larvas, à acumulação de lixo, ao cultivo ilegal e à ocupação indevida de terrenos, o que afecta a qualidade de vida dos residentes”, apontou.

Por outro lado, os planos para construção de habitação pública já anunciados pelo Governo não se destinam ao aproveitamento de terrenos recuperados, lamenta a deputada. Outro aspecto que Wong Kit Cheng considera preocupante é o foco da atenção do Executivo no aproveitamento de terrenos de grande dimensão e, enquanto isso, outras parcelas ficam esquecidas.

Como tal, e tendo em conta os vários casos em que o Tribunal de Última Instância declarou a caducidade de concessões, Wong Kit Cheng apela ao Executivo o planeamento, tão rápido quando possível do aproveitamento dos terrenos recuperados e os que possam vir a ser no futuro. Paralelamente, a deputada apela ainda à divulgação dos terrenos recuperados que possam servir para a construção de habitação pública e sugere o aproveitamento das parcelas mais pequenas para instalações de lazer, desportivas e de estacionamento temporário.

21 Nov 2018

Metro Ligeiro | Deputados questionam poderes dos agentes de fiscalização

O Governo vai ter de justificar aos deputados da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa as razões para a concessão do estatuto de autoridade pública aos agentes de fiscalização do Metro Ligeiro. Uma situação inédita em Macau. Há também dúvidas sobre a entidade que decide o valor das tarifas

[dropcap]O[/dropcap]s deputados da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa voltaram ontem a insistir numa questão que já tinha sido abordada na reunião plenária que aprovou, na generalidade, a proposta de lei de sistema de transporte do metro ligeiro: os poderes dos futuros agentes de fiscalização.

Desta forma, o Executivo terá de se deslocar ao hemiciclo para prestar esclarecimentos adicionais sobre esta matéria. “A assessoria chamou-nos a atenção para os poderes concedidos aos agentes, que gozam do estatuto de autoridade pública. Isso significa que eles podem deduzir e notificar a acusação ao infractor. Estamos atentos a isso”, disse Vong Hin Fai, deputado que preside à comissão.

De acordo com o deputado, trata-se de uma situação inédita no território. “Em Macau, no terminal marítimo ou no aeroporto, os seguranças ou fiscais não dispõem deste tipo de poderes e não há uma lei que atribua esse estatuto de autoridade pública. Houve algumas dúvidas por parte dos deputados quanto ao estatuto que esses agentes de fiscalização vão passar a ter.”

Além disso, os membros da comissão permanente desejam saber qual será a entidade responsável pela credenciação dos agentes. “É necessário ter pré-requisitos ou que frequentem acções de formação? Precisamos pedir informação ao Governo, para saber porque é que foram concedidos grandes poderes aos agentes”, apontou Vong Hin Fai.

O Executivo terá também de explicar as futuras funções dos fiscais. “O que vão fiscalizar ao certo? Vão ver se os passageiros têm bilhete? A proposta de lei não regula as funções principais dos agentes e, por isso, vamos pedir informações detalhadas.”

Quanto custa?

O valor dos bilhetes do Metro Ligeiro será decidido através de um despacho complementar, mas os deputados desejam saber qual a entidade responsável pela fixação do valor. “Será a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) ou a própria concessionária? Os deputados querem saber porque se trata de um valor de interesse público”, adiantou Vong Hin Fai.

Outra falha apontada na actual proposta de lei prende-se com o facto do diploma não regular as várias modalidades de pagamento existentes. “Quanto ao pagamento electrónico dos bilhetes, sabemos que há países que utilizam cartões SIM e também se utiliza o sistema Alipay. Em Macau também existem essas modalidades de pagamento mas a proposta de lei não regula isso.” Além disso, é necessário regular as medidas preventivas de acidentes na proposta de lei, lembraram os deputados, uma vez que as normas existentes “são simples”.

Outro ponto abordado na reunião de ontem prende-se com o facto do Governo ter copiado, sem qualquer alteração, algumas normas da lei da investigação de acidentes e incidentes da aviação civil e da protecção da informação de segurança aérea, implementada em 2013.

“Muitos artigos são transpostos das normas contidas nessa lei. Vamos questionar o Governo, porque há aspectos da aviação civil que são semelhantes ao transporte de Metro Ligeiro, mas será que todas são semelhantes? O Governo quase uniformizou as normas”, rematou Vong Hin Fai.

21 Nov 2018

Grande Prémio | Piloto Sophia Florsch diz que vai voltar

[dropcap]A[/dropcap] piloto alemã Sophia Florsch, que sofreu um violento acidente na curva do Hotel Lisboa no passado domingo, na corrida de fórmula 3 do Grande Prémio de Macau, escreveu ontem uma mensagem nas redes sociais depois de uma operação à coluna.

“Sobrevivi a uma operação que demorou 11 horas e que foi bem sucedida. Espero que a partir de agora as coisas melhorem. Terei de ficar mais uns dias em Macau até conseguir ser transportada. Quero agradecer a todos os meus fãs pelas mensagens de apoio que só agora vou começar a ler”, começou por escrever.
Sophia Florsch disse ainda que as mensagens que recebeu nestes dias lhe deram “motivação e coragem”.
A piloto deixo também uma palavra de apoio aos restantes quatro feridos no acidente. “Os meus pensamentos estão também com todos aqueles que estiveram envolvidos no acidente. Espero que todos estejam bem.”

Os dois fotógrafos, o comissário de pista e o piloto japonês Sho Tsuboi também estão internados em observação, estando numa situação estável.

Tendo garantindo que “vai voltar”, Sophia Florsch agradeceu à sua equipa, bem como à equipa de salvamento da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). A piloto agradeceu também às pessoas que lhe prestaram apoio nos primeiros minutos após o acidente.

“Houve pessoas muito simpáticas que ainda recordo. Obrigada pelo encorajamento e palavras de conforto nos primeiros minutos que estive no carro após o acidente. Os meus maiores agradecimentos para a equipa médica de Macau pelo tratamento profissional e amigável”, escreveu.

21 Nov 2018

Xi Jinping visita as Filipinas num momento de apaziguamento diplomático

Xi Jinping está em Manila, num período em que as relações entre a China e Filipinas atravessam o período mais positivo desde há muito tempo. Do encontro, o primeiro em 13 anos, devem resultar acordos milionários de investimento chinês e a discussão acerca das disputas territoriais no Mar do Sul da China. A visita de Xi é encarada como a definitiva aproximação de Pequim a Manila, deixando de parte um tradicional aliado das Filipinas: os Estados Unidos

Com agências 

 

[dropcap]O[/dropcap] teor fraterno das palavras entre os presidentes da Filipinas e da China nos dias de hoje faz esquecer um dos pontos mais baixos nas relações entre os dois países, que se verificou há cerca de dois anos, na sequência de disputas territoriais no Mar do Sul da China. Aliás, o litígio chegou mesmo à barra da justiça internacional.

É neste contexto que Xi Jinping chegou ontem a Manila, para uma visita oficial que termina hoje. À sua espera estava um líder com quem mantém, actualmente, uma relação muito próxima. Aliás, em Abril, Rodrigo Duterte fez uma autêntica declaração de amor ao líder chinês: “Eu simplesmente amo Xi Jinping. Ele compreende os meus problemas e está disposto a ajudar-me. Portanto, eu digo: Obrigado, China”.

Na segunda-feira, a véspera da viagem para Manila, Xi divulgou uma nota oficial a retribuir o afecto do Presidente filipino. “As nossas relações estão numa fase de arco-íris depois da chuva. Em pouco mais de dois anos, a China tornou-se no maior parceiro comercial das Filipinas e a segunda maior fonte de turistas”, lê-se num comunicado divulgado na Xinhua. No entanto, Xi não deixou de parte o passado recente de quezílias diplomáticas, apesar de apontar o caminho futuro de entendimento, nomeadamente quanto ao litígio marítimo, um dos pontos mais importantes na agenda da visita. “Precisamos resolver de forma adequada através do diálogo e cooperação nos assuntos marítimos, de forma a tornar o Mar do Sul da China num mar de paz, amizade e cooperação que verdadeiramente beneficie os povos de ambos os países”, referiu o Presidente chinês.

Apesar do tom afectuoso na linguagem, do encontro espera-se que se encontre definição para questões complexas, nomeadamente a reaproximação a Pequim e os apoios chineses para ultrapassar algumas das dificuldades socioeconómicas endémicas de que o país sofre. Uma coisa parece certa: Xi deve levar na bagagem promessas bilionárias de acordos e negócios para seduzir Duterte, na sequência da primeira visita que fez a Pequim quando assinou uma bateria de acordos para futuros investimentos chineses. Na altura, Duterte anunciou que “a América perdeu” na esfera militar e económica, numa rejeição óbvia à parceria histórica que Manila mantinha com Washington.

Em contrapartida, há analistas que entendem que o Presidente filipino está a tentar agradar a gregos e troianos, num jogo perigoso entre as duas maiores potências económicas do mundo.

Cantiga do bandido

No entanto, os investimentos chineses na Filipinas continuam por se concretizar na realidade. Desde o estabelecimento de acordos, apenas uma fracção dos 24 mil milhões de dólares prometidos foram aprovados e implementados.

Em declarações ao The New York Times, Jay Batongbacal, professor da Faculdade de Direito da Universidade das Filipinas, referiu que “as políticas de Duterte, desde 2016, não corresponderam às expectativas nem convenceram as pessoas da sua eficácia”.

Na sequência da moderação de Duterte nas disputas do Mar do Sul da China, Pequim continua a construir bases militares em ilhas também reclamadas por Manila. Em 2016, numa decisão surpreendente, um tribunal internacional deu razão às pretensões filipinas e negou as intenções de Pequim quanto às disputas territoriais arguidas pela administração do antecessor de Duterte, Benigno S. Aquino III.

A dois dias da decisão judicial, Duterte tomou posse. Desde então, o Presidente recusou pressionar Pequim no sentido de cumprir o que ficou definido na sentença, apesar do precedente legal estar do lado das pretensões da anterior administração. Leila de Lima, uma das caras principais da oposição ao regime actual, emitiu uma declaração onde refere que “na realidade, as Filipinas sob a liderança de Duterte podem ter desperdiçado a mais sólida base legal contra Pequim na conflito do Mar do Sul da China”. É de salientar que Leila de Lima se encontra detida, num caso em que activistas dos direitos humanos consideram que se cometeram inúmeros atropelos à lei.

Cimeira bipartida

Durante a cimeira ASEAN, que decorreu em Singapura há dias, Duterte aparentemente minimizou as pretensões da administração que o antecedeu, ao referir que “a China já está na posse” das águas contestadas. O Presidente filipino aconselhou ainda Washington a evitar criar fricções depois dos norte-americanos terem enviado navios de guerra para o Mar do Sul da China. A acção foi explicada pelo Pentágono como uma forma de chamar a atenção para as pretensões de outros cinco países em relação às águas em disputa.

A posição de Rodrigo Duterte nesta matéria não está alinhada com a opinião pública, pelo menos de acordo com sondagens. Um inquérito realizado pela Social Weather Stations, revela que cerca de 85 por cento dos ouvidos estão contra a inacção do Governo face às movimentações de Pequim no Mar do Sul da China, nomeadamente depois das forças chinesas terem aterrado caças em ilhas disputadas, e instalado baterias de mísseis ar-terra.

Clarita Carlos, ex-presidente do Colégio de Defesa Nacional das Filipinas, considera esta posição “um golpe duro na imagem de pragmatismo do Governo” e entende que a postura de Duterte é “uma capitulação que se aproxima da traição”.

Pescas e comunicações

Os pescadores são outro bloco de oposição à política de suavidade de Duterte face às intenções chinesas no litígio marítimo. Uma das razões argumentadas pelos representantes do sector das pescas é o ventilado plano de exploração de gás e petróleo nas águas contestadas.

Aliás, profissionais do sector das pescas protestaram a chegada de Xi Jinping a Manila devido “à total rendição do controlo do território marítimo rico em recursos naturais”. As palavras são de Fernando Hicap, líder de uma associação sindical de pescadores, que protestou em frente à embaixada chinesa em Manila ontem de manhã. De acordo com agências noticiosas, cerca de 150 pessoas protestaram a chegada do Presidente chinês empunhando cartazes que diziam, por exemplo, “As Filipinas são nossas, sai China”.
Um dos argumentos de Duterte assenta na ideia de que a exploração conjunta é a única forma de aproveitar os recursos que estão debaixo das águas disputadas.

Em contrapartida, o Governo de Manila confirmou no início desta semana um acordo com um consórcio liderado pela China Telecom que permitirá à gigante chinesa tornar-se na terceira operadora de telecomunicações nas Filipinas. A Comissão Nacional de Telecomunicações anunciou na segunda-feira que a Mislatel, que reúne várias operadores chinesas e a Udenna Corp, detida pelo milionário filipino Dennis Uy, será “o novo grande player no mercado das Filipinas”.

O consórcio ganhou os direitos de franchise a partir de 7 de Novembro, mas enfrentou a oposição de dois rivais, a empresa filipina PT&T que recorreu ao Supremo Tribunal para contestar a sua derrota no concurso.
Também este negócio tem sido alvo de críticas por parte dos adversários políticos, que questionam a transparência do negócio, principalmente pelo facto de Dennis Uy ter sido um dos maiores aliados empresariais de Duterte durante as eleições de 2016. Aliás, a fraca qualidade dos serviços de telecomunicações tem sido uma fonte constante de desagrado entre a população filipina.

É neste contexto que os dois líderes se encontram. Múltiplas declarações de entendimento e apreço pessoal, negócios duvidosos, territórios em disputa de que, de repente, se abre mão e um tsunami de yuans que muitos analistas consideram uma “armadilha de dívida”. Na reconfiguração do xadrez geoestratégico, Pequim parece estar a levar a melhor sobre Washington no que toca ao sudeste asiático.

 

Cartoon de protesto

Uma onda de protesto inundou as redes sociais com memes do Winnie the Pooh, o personagem de banda desenhada usado para satirizar Xi Jinping, como forma de manifestar desagrado perante a visita do Presidente chinês a Manila. Um dos post mais partilhados mostrava o ursinho Pooh, que se prostra perante um espelho enquanto “Hail Satan” pisca no ecrã. Noutro post, o ursinho flutua perto de uma ilha artificial, aparentemente construída por Pequim, numa alusão às zonas marítimas disputadas no Mar do Sul da China.

21 Nov 2018

Embaixadora da UE diz que China tem de abrir economia ao investimento estrangeiro

[dropcap]A[/dropcap] embaixadora da União Europeia para Hong Kong e Macau, Carmen Cano de Lasala, disse hoje que a China tem de “passar do discurso à acção” e “abrir as portas da sua economia ao investimento estrangeiro”.

“É preciso passar do discurso à acção” porque é possível ver “investimento chinês e de empresas chinesas na Europa, mas não o contrário”, afirmou durante a conferência “Relações UE-Ásia”, na Universidade de Macau, na qual se debateu o relacionamento entre a União Europeia e a China, bem como com as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong.

A embaixadora explicou que a UE não concorda com a abordagem dos Estados Unidos, que desencadeou a actual disputa comercial com a China, mas criticou a falta de acção do regime de Pequim em matérias que passam pela abertura da economia a investimento estrangeiro e pelo combate à violação dos direitos de propriedade intelectual.

A espanhola assinalou que a União Europeia e a China estão a negociar compromissos de investimentos, mas que “todos os acordos comerciais devem reflectir princípios que vão desde os direitos laborais aos direitos humanos”.

Parcerias que, destacou, surgem em sintonia com “uma estratégia de sustentabilidade”, de acordo com uma filosofia multilateral, contrária ao “cenário de proteccionismo emergente no cenário mundial e de incumprimento de regras internacionais”, e na “partilha de princípios e valores”.

A diplomata defendeu ainda que a UE pode ter um importante papel na diversificação da economia de Macau, a capital do jogo mundial. “Macau é um grande exemplo de conectividade”, com o legado de “uma história europeia e uma economia dinâmica na Ásia, muito ligada ao jogo”, mas a UE pode “ajudar na sua diversificação”.

Carmen de Lasala sublinhou que as parcerias podem ser reforçadas em áreas como a educação, investigação e inovação, bem como no turismo.

20 Nov 2018

Formador suspeito de abuso sexual de menores em centro de explicações

Um homem, de 35 anos, oriundo de Hong Kong, foi detido pela suspeita de abuso sexual de cinco menores de idade num centro de explicações, onde era formador

 

[dropcap]C[/dropcap]inco menores de idade terão sido vítimas de abusos sexuais por parte de um formador do centro de explicações que frequentavam no Fai Chi Kei. O homem, detido na segunda-feira pela Polícia Judiciária (PJ), é suspeito da prática de violação, coacção sexual e abuso sexual de crianças. O HM contactou o Ministério Público (MP) para saber as medidas de coacção aplicadas, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.

O caso – tornado ontem público – foi reportado à PJ por uma das alegadas vítimas no domingo. Segundo a PJ, o rapaz, de 14 anos, que fez a participação, afirmou que o formador o obrigou a fazer sexo oral, por seis vezes, desde Outubro, sob a ameaça de que revelaria aos seus pais que tinha uma namorada. Na sequência da investigação, a PJ chegou a outros quatro menores – também todos do sexo masculino – que também terão sido forçados a práticas como sexo oral e masturbação. Segundo a PJ, o explicador, de 35 anos e oriundo de Hong Kong, tê-los-á intimidado, dizendo que contaria aos seus progenitores que não estavam atentos nas aulas ou que os seus resultados académicos eram fracos.

A PJ entrou em contacto com os pais dos quatro meninos, todos com mais de 10 anos, bem como com a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) que convocou uma conferência de imprensa para prestar mais esclarecimentos relativamente ao caso.

Actividades suspensas

Os alegados crimes ocorreram dentro do centro de explicações, localizado no Fai Chi Kei e com alvará desde 2015, cujas actividades foram entretanto suspensas. Segundo o chefe do Departamento de Ensino da DSEJ, Kong Ngai, o organismo tentou ontem contactar o proprietário da instituição particular, mas sem sucesso. A última vistoria ‘in loco’ levada a cabo ao centro de explicações, com capacidade máxima para 24 alunos, foi realizada em Outubro.

Relativamente ao formador, trabalhador não residente de Hong Kong, a DSEJ indicou que o suspeito, que não está inscrito noutras instituições de ensino, vai ver o seu nome suspenso do registo. Existem, no entanto, divergências relativamente à data em que o formador começou a trabalhar no centro de explicações: a PJ diz que foi em 2016, enquanto DSEJ referiu 2017. Um cenário que levou Wong Chi Iong, chefe da Divisão de Extensão Educativa da DSEJ, a colocar a possibilidade de o suspeito ter trabalhado ilegalmente durante um período.

Após ter sido informada pela PJ, a DSEJ iniciou uma investigação administrativa para apurar “mais detalhes” sobre o formador e os alunos, no âmbito da qual serão convidados a prestar declarações os demais tutores do centro de explicações. De resto, a DSEJ – que “censura veemente” o caso – garante que irá prestar “todo o apoio necessário” aos estudantes e promete mais acções de sensibilização no quadro da educação sexual, colocando a tónica na importância de se ensinar às crianças a auto-protecção.

Na conferência de imprensa, a DSEJ sublinhou que actua com base no regime do licenciamento e fiscalização dos centro de apoio pedagógico complementar particulares, um decreto-lei de 1998 que, segundo adiantou, se encontra actualmente a ser revisto.

20 Nov 2018

Greenpeace pede à China medidas para combater o rápido degelo dos glaciares

[dropcap]A[/dropcap] associação ambientalista Greenpeace pediu hoje ao Governo chinês que avance com políticas de avaliação e prevenção do rápido degelo dos glaciares na região, alertando para as graves consequências deste fenómeno.

No relatório “Os glaciares da China e o impacto das alterações climáticas”, a organização não-governamental adverte que um quinto dos glaciares no país já desapareceu por completo.

Estas massas de gelo, que fornecem água a cerca de 1.800 milhões de pessoas, estão a “derreter rapidamente”, pelo que o executivo de Pequim deverá “melhorar as avaliações de risco a longo prazo e o planeamento das estratégias face ao aumento da temperatura global”.

A Greenpeace denunciou em Agosto do ano passado que, em algumas partes do oeste da China, as temperaturas médias anuais aumentaram em três ou mais graus desde o início dos anos 1950 e, por isso, 82% dos glaciares na China foram afectados.

“A menos que sejam tomadas medidas drásticas para reduzir a velocidade do aumento da temperatura, dois terços dos glaciares nas altas montanhas da Ásia deverão desaparecer até ao final deste século”, observou a ONG.

20 Nov 2018

Coreia do Norte destruiu parte dos seus postos fronteiriços

[dropcap]A[/dropcap] Coreia do Sul anunciou hoje que a Coreia do Norte destruiu alguns dos seus postos de controlo fronteiriços como parte dos acordos estabelecidos para atenuar as tensões entre os dois países.

O Ministério da Defesa informou que os seus militares confirmaram o desmantelamento hoje de 10 postos de guarda norte-coreanos e destacou que a Coreia do Norte informou o Sul dos seus planos com antecedência.

Na semana passada, a Coreia do Norte retirou 636 minas anti-pessoais na fronteira com a Coreia do Sul, no âmbito de uma operação acordada entre Seul e Pyongyang em Setembro. A Coreia do Sul dispunha de 60 postos na Zona Desmilitarizada (DMZ na sigla em inglês) e alguns postos militares remotos, enquanto a Coreia do Norte tinha mais de 160 desses postos, segundo dados divulgados pelo ministério da Defesa da Coreia do Sul.

As duas Coreias acordaram desmantelar até ao final de Novembro 11 postos de guarda ao longo da sua fronteira comum, com o objectivo potencial de retirar mais tarde todos os outros, anunciaram altos responsáveis militares.

O acordo concluído entre generais do Norte e do Sul insere-se na melhoria de relações entre os dois países que tem vindo a ocorrer desde Janeiro, após dois anos de subida de tensão devido aos programas nucleares e balísticos de Pyongyang.

Durante a sua terceira cimeira, em Setembro, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, comprometeram-se a tomar medidas para reduzir as tensões ao longo da sua fronteira.

As duas Coreias estão ainda tecnicamente em guerra, dado o conflito de 1950-53 ter terminado com um armistício e não com um acordo de paz.

20 Nov 2018

Angola pode perder controlo de activos estratégicos na renegociação da dívida com a China, prevê Moody’s

[dropcap]A[/dropcap] agência de notação financeira Moody’s alertou hoje que Angola está entre os países da África subsaariana que estão mais vulneráveis à perda de controlo dos activos estratégicos quando negoceiam uma reestruturação da dívida com a China.

“Os países ricos em recursos naturais, como Angola, Zâmbia e a República Democrática do Congo [RDC], ou com infra-estruturas estrategicamente importantes, como portos ou caminhos de ferra no Quénia, são os mais vulneráveis ao risco de perderem o controlo de importantes activos em negociações com os credores chineses”, lê-se numa análise desta agência de ‘rating’.

No documento, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Moody’s escrevem que “mesmo que a reestruturação alivie as pressões de liquidez, a perda de receitas dos recursos naturais é negativa do ponto de vista da análise do crédito”.

Angola, continuam, é o país que mais recebeu investimento externo da China entre 2002 e 2017, recebendo 30% de todos os investimentos do gigante asiático no continente africano, e mesmo relacionando o investimento com o tamanho das economias africanas, Angola continua a figurar no pódio dos principais receptores de investimento chinês.

“Mais de metade da dívida externa de Angola é devida à China, já que o país providenciou extensos empréstimos desde o final da guerra civil angolana, em 2002”, diz a Moody’s, apontando que “em Angola o rácio entre os juros [dos empréstimos] e as receitas vai exceder os 20% neste e no próximo ano”, o que significa que mais de 1 em cada 5 kwanzas de receitas fiscais vai directamente para o pagamentos de juros dos empréstimos.

De acordo com o Governo de Angola, a dívida total do país ronda os 70 mil milhões de dólares, dividida entre 60% externa e 40% interna, sendo cerca de 23 mil milhões de dólares devidos à China; o FMI, por seu turno, coloca o rácio da dívida pública face ao PIB nos 80%, este ano.

No relatório, com o título ‘Empréstimos da China sustentam crescimento, exacerbam as pressões orçamentais e externas na África subsaariana’, os analistas desta agência de ‘rating’, que coloca a qualidade da dívida soberana de Angola abaixo da recomendação de investimento (‘lixo’, como é normalmente referida), reconhecem que os empréstimos são importantes para alavancar a construção de infra-estruturas necessárias ao desenvolvimento da maioria dos países desta região.

No entanto, e mesmo vincando que Angola é um dos países que o Banco Mundial diz que mais precisa de investimentos estruturantes, alertam que as grandes quantias em termos de pagamento de dívida a partir de 2022 vão contribuir para níveis de dívida mais elevados que na primeira metade desta década, o que se agrava num contexto de depreciação das moedas, como é o caso de Angola, cujo kwanza caiu mais de 50% face ao dólar desde o início do ano.

“Angola, Zâmbia e RDC estão entre os países mais endividados junto dos credores chineses”, nota a Moody’s, alertando que “para países com bases de exportação muito limitadas, ou que dependem de uma só matéria-prima, como Angola, o aumento da dívida externa associado aos empréstimos chineses pode não ser sustentado pelas receitas em moeda externa no futuro”.

O relatório, que surge numa altura em que Angola está a renegociar os vários empréstimos em moeda externa, nomeadamente com a China, e negoceia um pacote de ajuda externa do FMI no valor de 4,5 mil milhões de dólares, reconhece a importância da relação entre os dois países.

“De uma forma geral, concentrar a exposição a um único credor, com pouca transparência sobre os termos das reestruturações financeiras, aumenta os riscos de contágio, enfraquecendo a posição orçamental, mas as relações da China com vários países da África subsaariana foram construídas ao longo de décadas”, tornando-os parceiros estratégicos da segunda maior economia do mundo.

“Angola, por exemplo, é fornecedora de cerca de 12% das importações de petróleo da China”, nota a Moody’s, concluindo que apesar de “estas relações de longo prazo e de interesse estratégico parecerem indicar uma vontade da China de reestruturar a dívida quando as pressões se tornam ingeríveis”, a falta de informação sobre os termos das propostas é negativa do ponto de vista da análise da qualidade do crédito.

20 Nov 2018

Justiça brasileira abre ação contra Haddad por corrupção passiva e branqueamento de capitais

A Justiça brasileira abriu uma acção penal contra o candidato derrotado das eleições presidenciais, Fernando Haddad, que foi também prefeito de São Paulo, pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais.

Segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo, o político, filiado no Partido dos Trabalhadores (PT), teria pedido, entre Abril e maio de 2013, através do então tesoureiro do seu partido, João Vaccari Neto, a quantia de três milhões de reais (cerca de 697 mil euros) à empresa de construção ‘UTC Engenharia’ para, supostamente, liquidar dívidas de campanha com a gráfica de Francisco Carlos de Souza, um ex-deputado estadual do PT.

A Procuradoria sustenta que, entre maio e junho daquele ano, a construtora transferiu o valor de 2,6 milhões de reais (cerca de 604 mil euros) para Haddad. A decisão foi tomada pelo juiz Leonardo Valente Barreiros, que acolheu parcialmente a denúncia do Ministério Público de São Paulo, tendo rejeitado parte da acusação que imputava ao ex-prefeito o crime de associação criminosa.

A denúncia foi apresentada pelo promotor de justiça Marcelo Mendroni, que integra o grupo do Ministério Público de combate a crimes económicos. O então tesoureiro do PT “representava e falava em nome de Fernando Haddad”, pode ler-se na acusação.

O promotor adiantou que Fernando Haddad recebeu pessoalmente o empreiteiro da UTC, no dia 28 de fevereiro de 2013, aquando do exercício do cargo de prefeito de São Paulo.

Na decisão do juiz Leonardo Valente Barreiros pode ler-se que “a narrativa acusatória aponta ainda que a captação e distribuição de recursos ilícitos se desenvolveram através de um esquema montado pela própria UTC Engenharia”, principalmente “por contratos de prestação de serviços fictícios e/ou sobrefacturados”.

“Assim foram realizados os pagamentos daquela dívida, contraídas especialmente durante o ano de 2012 pela campanha de Fernando Haddad para o cargo de prefeito de São Paulo”, salientou o juiz.

Segundo a defesa do ex-candidato presidencial, “a denúncia não aponta minimamente qual era o objetivo do pagamento”. “Há a necessidade de se apontar um acto de ofício para caracterização do crime de corrupção passiva, sendo imprescindível a descrição mínima do que se espera em contrapartida da vantagem indevida”, sustenta a defesa de Haddad, num documento datado de 10 de Setembro.

 

Dilma Rousseff promete “aliança até com o diabo” para combater Bolsonaro

A ex-presidente brasileira Dilma Rousseff prometeu em Buenos Aires uma “aliança até com o diabo” para combater o governo de Jair Bolsonaro, que classificou de “neofascista”. Falando no Fórum do Pensamento Crítico, em Buenos Aires, Rousseff defendeu alianças políticas amplas e um programa claro de combate às políticas de Bolsonaro.

Para a ex-presidente destituída em 2016, as alianças devem ter como base “corações anti-liberais e anti-autoritarismo” para combater o que chamou de “neofascismo”.

“A população ficará vulnerável a todas as cooptações possíveis. Teremos de resistir e enfrentá-los”, defendeu Dilma Rousseff, que faz uma diferença entre a extrema-direita de Jair Bolsonaro e as políticas de centro-direita.

“A centro-direita é a favor das reformas neoliberais, mas é anti-autoritária. Tem essa característica de querer moderar os neofascistas que agora chegaram ao poder”, diferenciou.

Para Dilma Rousseff, antes mesmo de começar a governar, Jair Bolsonaro começou o processo “de tragédia social e de perda de direitos adquiridos” ao acabar com a presença de cubanos no programa Mais Médicos que chegou a municípios que, de outra maneira, não teriam atendimento médico.

“Isso significa que milhões de brasileiros não terão acesso ao atendimento básico de saúde. E essa sistemática alteração dos direitos vai provocar uma reacção popular”, prevê Rousseff.

Nas últimas eleições, “o Partido dos Trabalhadores foi derrotado nas últimas eleições para presidente, mas não teve uma derrota estratégica”. “Elegemos a maior bancada no Congresso e o maior número de governadores por partido. Também o maior número de representantes nas assembleias legislativas nos estados”, destaca.

“E isso coloca dois problemas para o novo governo: não basta ganhar-nos eleitoralmente. Eles dizem de forma clara que querem a nossa destruição. É um método fascista. E também querem destruir as conquistas dos movimentos sociais como os Sem Terra (MST) e os Sem Tecto (MTST), dois movimentos que tratam de um grande problema do Brasil: a desigualdade”, avalia Roussef

Sobre o juiz Sérgio Moro, quem liderou a operação judicial Lava Jato desde o seu início, em Março de 2014, Rousseff disse não ter dúvidas de que é um exemplo de uso da justiça para fins políticos.

“O juiz que julgou e condenou Lula transformou-se em ministro de Justiça. Então, ou o rei ficou nu ou há batom nessa cueca”, definiu Dilma, que falou no painel “Democracia, cidadania e estado de excepção”.

20 Nov 2018

Fadista Carminho edita novo álbum no final do mês e dá-lhe o nome “Maria”

[dropcap]O[/dropcap] novo álbum de Carminho, “Maria”, é editado no próximo dia 30, e a fadista assina a autoria de sete dos doze temas que o constituem, anunciou a discográfica Warner Music.

A editora afirma que este quinto álbum da carreira de Carminho é “o mais pessoal de sempre”, no qual a fadista “participou activamente na sua produção”, tendo a produção executiva sido também sua, com João Pedro Ruela, Diogo Alves e Marta Pelágio.

O ‘single’ de apresentação do álbum, “O Menino e a Cidade”, estará disponível “em todas as plataformas digitais” esta sexta-feira, segundo a mesma fonte.

“A Tecedeira” é o tema de abertura do álbum que inclui ainda, “Estrela”, “A Mulher Vento” e “Poeta”, todos assinados, letra e música, por Carminho.

A fadista assina ainda as letras de “Se Vieres”, que canta na melodia tradicional do Fado Santa Luzia, de Armando Machado, e “Desengano”, que gravou no Fado Latino, de Jaime Santos, e a música de “Quero Um Cavalo de Várias Cores”, de Reinaldo Ferreira.

Outros autores são Joana Espadinha, que assina a letra e música de “O Menino e a Cidade” e “As Rosas”, e Pedro Homem de Mello, de quem canta “O Começo”, no Fado Bizarro, de Acácio Gomes.

A intérprete resgatou um tema do repertório de António Calvário, “Pop Fado”, de César Oliveira e Fernando Carvalho, e “Sete Saias”, com letra e música de Artur Ribeiro, canção que foi um dos seus sucessos, gravada também por nomes como Maria Amélia Canossa e Tristão da Silva.

Neste CD, Carminho é acompanhada por Bernardo Couto, na guitarra portuguesa, em três temas, “O Menino e a Cidade”, “A Mulher Vento” e “Se Vieres”, por José Manuel Neto, nos temas “O Começo” e “Quero Um Cavalo De Várias Cores”, e por Luís Guerreiro, em “Sete Saias”, “Poeta” e “Pop Fado”.

Os outros músicos são Flávio César Cardoso, na viola, José Marino de Freitas, na viola baixo, João Paulo Esteves da Silva, no piano, e Filipe Cunha Monteiro no ‘pedal steal’ e guitarra eléctrica. Carminho toca também guitarra eléctrica em “Estrela”.

“Maria” sucede ao álbum “Carminho Canta Jobim”, editado em dezembro de 2016. Carminho estreou-se discograficamente a solo em 2009, com “Fado”, apesar de já ter cantado, quer na casa de fados da mãe, a fadista Teresa Siqueira, no bairro lisboeta de Alfama, a Taverna do Embuçado, quer em alguns espectáculos, como a Gala Carlos Zel, no Casino Estoril, em 2008, e num espetáculo de homenagem ao poeta José Luís Gordo, na Vidigueira, no Baixo Alentejo, em 2005.

Em 2006, participou na gravação do CD “O Terço Cantado”, e tinha já gravado quatro fados, na Suíça, com a Tertúlia de Fado Tradicional. Em 2008, gravou “Gritava Contra o Silêncio”, excerto de um conto de Sophia de Mello Breyner Andresen, no primeiro disco de inéditos de João Gil.

Ao longo da sua carreira, a fadista tem gravado com artistas de outras áreas musicais, designadamente com os brasileiros Chico Buarque, Milton Nascimento, Marisa Monte, Ney Matogrosso e Nana Caymmi, e com o espanhol Pablo Alborán.

20 Nov 2018

Bolsa de Tóquio abriu hoje com descida significativa

[dropcap]A[/dropcap] bolsa japonesa abriu hoje em queda, com o seu principal índice, o Nikkei, a recuar 1,11% (241,91 pontos), para as 21.579,25 unidades. Um segundo índice de referência, o Topix, apresentou a mesma tendência, ao desvalorizar 0,98% (16,02), para os 1.621,59 postos.

Uma das explicações para esta forte queda logo na abertura da sessão está no recuo da Nissan, que começou as transações em baixa superior a 6%, depois de conhecida a detenção do seu presidente, Carlos Ghosn.

Carlos Ghosn foi detido por alegada evasão fiscal, segundo a agência noticiosa Kyodo, tendo a empresa confirmado a investigação interna ao dirigente, de 64 anos.

O construtor japonês confirmou as informações, avançadas pela imprensa, sobre os resultados de uma investigação interna que indicam que o seu presidente do Conselho de Administração “durante vários anos declarou rendimentos inferiores aos montantes reais”.

“Muitas outras práticas ilícitas foram descobertas, como o uso de bens da empresa para fins pessoais”, refere, adiantando que a direcção irá propor a “demissão do cargo rapidamente”.

Fontes da investigação referiram à agência que o empresário franco-brasileiro de origem libanesa foi interrogado pelo Ministério Público, por alegadamente ter ocultado bónus.

A cadeia televisiva pública NHK indicou que o interrogatório ocorreu depois do fabricante automóvel ter levado a cabo uma investigação interna, no qual registou “faltas graves”.

Fontes da Nissan citadas pela Kyodo disseram que a proposta de destituição do dirigente deverá acontecer na próxima reunião e que a pessoa que denunciou as supostas irregularidades financeiras também alertou, há vários meses, as autoridades competentes.

Goshn é também o homem forte das duas empresas que compõem a aliança com a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors, e é considerado o homem de negócios estrangeiro mais influente no Japão. O empresário chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

Depois de ser tornar presidente das duas empresas, na década seguinte, Ghosn passou a homem forte da Mitsubishi Motors no âmbito do acordo de capital subscrito em 2016.

20 Nov 2018

Direito de resposta da vice-presidente da Escola Portuguesa de Macau

Exmo. Senhor Diretor do Jornal Hoje Macau,

Zélia de Oliveira Baptista vem, por este meio, manifestar o seu repúdio pelas palavras utilizadas e as ideias contidas no artigo “Novos Desafios para a Escola Portuguesa de Macau”, de 19/11/2018, escrito pelo Sr. Manuel Gouveia, no final do último parágrafo do mesmo, bem como pela utilização indevida, e sem qualquer pedido de autorização, do seu nome, por parte do autor.
Solicita que esta nota seja publicada no jornal que dirige, o mais rapidamente possível.

Sem outro assunto,

Zélia de Oliveira Baptista

20 Nov 2018