Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasA última garrafa (Num consultório privado) [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]AUL: Então o que é que está em causa, doutor? DOUTOR: Remédio. O que está em causa é o remédio. Os outros encontram-no e você não. É isto que está em causa. RAUL: Não é que não tenha tentado. DOUTOR: Será? RAUL: Porque dúvida? Julga que… DOUTOR: Se quer mesmo saber, você parece-me demasiado decente para ter remédio. Para se ter realmente esforçado em encontrar um. RAUL: Não estou a compreender. DOUTOR: Está. Não quer é compreender, que é diferente. Meu amigo, você não tem qualquer problema com a vida. Você não tem é vida. Vive, tem responsabilidades, como já disse, mas, no fundo, está à parte dela. Em relação à vida, você está de fora. Porque não se quer sujar. Não é possível viver e não se sujar. Há que casar, há que trair, há que ser encornado, há que conspirar, aqui e ali, contra este ou aquele, há que dizer mal. Sou capaz de jurar que você nunca ganhou sequer um escudo ilícito. Isso não é viver. Você trabalha em contabilidade, já alguma vez se enganou propositadamente? RAUL: Julgo que o doutor está a confundir a vida com o mundo. DOUTOR: Estou? E qual é a diferença, é capaz de me dizer? RAUL: O mundo é o mundo, a vida é a vida. São palavras diferentes. E as palavras devem ter alguma razão. DOUTOR: Pois para resposta não está mal. Fica-se na mesma. RAUL: Olhe, posso dizer-lhe que o mundo não me dói, e a vida sim. O que se passa no mundo, o que as pessoas fazem, não me causa o menor abalo. Mas a vida é-me insuportável. Falava em decência, mas julga que me importa a fome que há no mundo, as guerras que o estão a destruir? Julga que me importa a miséria nas ruas, a violência, a droga? Nada disto me causa o menor abalo, doutor. Mas a vida dói-me. DOUTOR: E importa-lhe a miséria que habita cada um de nós, sem excepção? RAUL: Não, doutor. Porque isso é luxo que eu não tenho. Preocupar-se pela miséria do ser humano é um luxo. Como também é um luxo não se preocupar com nada, viver constantemente em diversão. Infelizmente, não me posso dar a esses luxos, porque a vida dói-me muito, doutor. (silêncio e, entretanto, o doutor serve mais whisky) RAUL: Obrigado. DOUTOR: No fundo, o que me está a dizer é que não é humano. RAUL: Talvez, doutor. A minha doença não me permite sê-lo. Mas não esqueça que essa ideia de humano é formada por os que não estão doentes. Talvez para os sãos, os que adoecem e recuperam, os irrecuperáveis não sejam humanos. Já pensou nisso? DOUTOR: Não, ainda não tinha pensado nisso. Talvez tenha razão. Talvez seja necessário pensarmos de novo o que é ser humano. RAUL: Talvez, doutor. DOUTOR: Por outro lado, pensar que algum dia se irá aceitar a doença como parte integrante do humano é ingenuidade. A doença é um intervalo na vida. RAUL: Na vida, não, doutor. A vida também pode ser uma doença, como pode constatar por mim. DOUTOR: Talvez então a doença seja um intervalo na existência, um intervalo no modo como se entende o mundo. (com ar de ausência) Sim, talvez seja mais isso. (regressando do seu curto estado de ausência) Mas está agora a compreender melhor o ódio que se tem aos médicos, não? RAUL: Sim… Até onde me pode ser possível, porque não tenho muita experiência acerca disso. DOUTOR: De qualquer modo, não diga ainda que eu constato a sua doença. Vamos tentar. Mas até agora… RAUL: Quer dizer que ainda continua a não acreditar no que lhe digo. DOUTOR: Não se trata disso, homem! Antes de mais acredito que não me está a mentir. Depois também acredito que me está a relatar algo que, embora estranho, não parece destituído de sentido. Ou você julga que se o julgasse doido ainda estava aqui a ouvi-lo? Pode não parecer, mas tenho mais que fazer. (pausa) Preciso é de compreender, percebe? RAUL: Perceber, percebo, doutor. Mas o problema é que julgo que está a ir pelo lado errado. Isto não se compreende. DOUTOR: A ser assim, estamos mal. Mas, seja como for, se conseguir compreender que não se compreende já é alguma coisa. RAUL: E, para isso, precisa de tempo. DOUTOR: Exactamente! Tempo. RAUL: Está a sugerir que venha aqui com regularidade e, de cada vez, passemos uma ou duas horas a conversar até que possa compreender que não compreende? E, entretanto, continuo a sofrer. DOUTOR: Bem, meu amigo, convenhamos que não lhe restam muitas outras saídas. Por um lado, você não se quer matar e, por outro, eu também não o mato. Não o mato é como quem diz, não lhe dou o comprimido que necessita para morrer em paz. (não deixando de falar, levanta-se e dirigi-se à estante com livros) Não vamos estar com ilusões. Qual era o médico que estaria interessado em compreender o seu problema e em ajudá-lo? Enviava-o para a psiquiatria ou, no melhor dos casos, para a neurologia e já estava. Passava a bola a outro, está a ver? Mas eu não. Eu quero realmente compreendê-lo. Quero compreender o que se está a passar consigo. Não me parece que tenha muitas alternativas, amigo. De qualquer modo, se quiser, se assim o entender pode procurar outro médico. Está à vontade para o fazer. Aliás, uma segunda ou terceira opinião será sempre melhor. RAUL: Doutor, eu não quero opiniões, quero um comprimido. Quero morrer, doutor. Agora diga-me com sinceridade. Julga que tenho realmente hipóteses de receber esse comprimido, ou não? (regressa à mesa com um livro na mão e pousa-o sobre a mesa) DOUTOR: Vamos a ver. Vamos a ver. RAUL: O problema, doutor, é que não tenho muito tempo. Não quero continuar a sofrer mais, nem quero morrer coberto de dores. DOUTOR: Calma, amigo, não desespere! Para já, isto vai bem encaminhado. RAUL: Isto o quê, doutor? DOUTOR: O seu pedido. RAUL: Vai então dar-me o comprimido? DOUTOR: Calma! Não disse isso. RAUL: Então o quê, doutor? (silêncio) RAUL: Responda-me, por favor! DOUTOR: (procurando uma página do livro) Você costuma ler? RAUL: Não, nem por isso. DOUTOR: Se não se importar, gostava de lhe ler uma passagem deste livro. RAUL: Faça favor! DOUTOR: «O único problema filosófico é o suicídio. (…)» Conhece o autor? RAUL: Não. Quem é? DOUTOR: Camus. Albert Camus. Escritor e filósofo francês, que morreu ao volante do seu automóvel em 1967 com 51 anos. RAUL: E o que é que isso tem a ver para a nossa conversa, doutor? Já lhe disse que não me quero suicidar. DOUTOR: Precisamente por isso! Você não quer viver, mas também não se quer matar. É um problema novo, homem. Compreende o que lhe quero dizer? RAUL: Não estou bem certo disso. Mas também é coisa que não me interessa. Já lhe tinha dito anteriormente que não me interesso por filosofias. DOUTOR: Mas o que é certo é que você, tanto quanto sei, e quer queira quer não, está a abrir um precedente para a compreensão do homem e das suas relações com a vida e a morte. RAUL: Pois, pode até ser. Mas não é coisa que me interesse, doutor. Aquilo que me interessa… DOUTOR: Já sei, homem! O que lhe interessa é o comprimido. RAUL: E, então, sempre mo vai dar, ou vai escrever um livro acerca de mim?
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasCronólogo [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stamos a iniciar um novo Ano com a sensação de transpormos uma porta deixando para trás os embates vividos, saldando dívidas, reciclando os cismas, atestando as fórmulas, esperançados que uma qualquer bonança nos acolha e providencie o fluxo no tempo circular. Chegamos a um momento em que os projectos se dissipam quando os muitos que foram se afiguraram impossíveis e desejamos a partir de um dado tempo organizar as horas e os dias, para terminarem bem que a vida é feita de regras bem mais do que de excepções. A enorme propagação de miríades de vontades embate muitas vezes no nosso cansaço com aquela impressão indelével da frase de Pessoa “nem invejas que dão movimentos de mais aos olhos” num aparelho deveras rudimentar como um corpo no cavalgar de asfalto que exercido de forma continuada nos prostrou exangues e feridos. Outros, porém, as vítimas do cansaço da paz adormecida não estarão mais livres, os arrastados por torpe calmaria sem futuros e com esquecimentos passados ou carregando-os na orla da imprecisão doentia de todas as seguranças. Como espectros ocupam os espaços, e sem razão aparente, vivem, porque sim. Este Fini Anual ciclo das Festividades é um aparatoso lastro de bloqueios na nossa já dorida insensatez, por mais vivência e desapego chegamos até aqui com a sensação de todos os reféns. Batemos os pés, dançamos por cima… no vento, com a impressão de fugir a estas duras penas, mas não blindados, que o mundo será sempre mais forte que a suspeição que temos de que exista. As mudanças climatéricas, as protuberâncias dos Estados, a difícil capacidade de gestão metidos que somos num recanto do Universo, são tão grandes que não há lugar por mais recôndito que nos pareça que fique incólume perante esferas tão radicais. A História, bem como a Pré-História Humana, tem-se arrastado, prosperado, mudado, pelos ciclos solares, e basta dele haver uma leve dissidência para que tudo se arraste e mude de um local para outro, de tempos para épocas, de eras para ciclos intermédios, um aluvião sem garante e sem fixidez nos foi legado como habitat, e se há épocas onde os equilíbrios se mantiveram serenos dando lugar a grandes Idades de Ouro eles são rompidos pela massa gravitacional que nos faz de novo peregrinos incansáveis dentro desta imensa organização. Os glaciares derretem, as águas sobem, os continentes desaparecem, as Atlântidas estão na nossa memória colectiva como filtros bem camuflados para não escusarmos jamais o transitório. Hoje é já um novo ano no século vinte e um, século que se torna cada vez mais radical, uma radicalidade de que não suspeitávamos nascidos que fôramos ainda nos tempos dos equilíbrios que entretanto se romperam, porque todos os equilíbrios existem visando a imponderabilidade da ruptura. Os Verões escaldam, os Invernos congelam, as chuvas breves e intensas passaram todas a tropicais, os ventos não deixam ninguém de pé, e, dir-se-ia que viver numa atmosfera assim requer dos corpos fortes adaptações uma vez que não somos matéria elástica nem o ritmo da montanha russa é o nosso maior exercício aplicado à sobrevivência. Tempo breve haverá que tenhamos de viver em cativeiro, em tubos com oxigénio – cápsulas – que serão as casas a nascer brevemente. Este tempo não só é para breve como já está acontecendo. Fazendo o ritmo das transumâncias, os “rebanhos” que agora somos, falta-lhes pastores, os nacionalismos querem aferroar a vida nas suas fronteiras e viverem a “longa metragem” dos herdeiros do nada, depois, vêm os patriotas mais amenos assim como as Primaveras, mas que se salvaguardam da onda inoportuna dos avanços dos que se movem em ritmo de fuga numa força extrema de sobrevivência. As comportas foram abertas numa antecipada e bem visível onda de choque que para toda uma Civilização adormecida não passa de charcos que querem roubar as suas seguranças, sem capacidade de acção estamos a ver os desastres, atónitos, sentados, erguemos muros, ostracizamos outros, numa ânsia de bote à deriva com duas pessoas a bordo, pois que os que se afundam podem por alarme fazer perigar os raros. Os governantes do mundo são ferramentas que operam agora num tecido imprevisto e que lhes desconhecem as dimensões, e não só arrastamos as leis severas da reconfiguração da massa, como estamos debaixo dos seus tratados impossíveis. E é neste momento que Voltaire volta a nascer «construir cada um o seu jardim» amuralharmo-nos, todos mais ou menos blindados num paraíso que cada um saberá, e onde se encontram os Arlequins que a tais quimeras presidem. Não tarda, quem andar lá por fora enlouquece, pois que encolhe e dilata num ano o que o elemento da elasticidade não permite, não raro nos vem à ideia que somos fustigados por caprichos, só esse “maravilhoso” Ano que jaz passado, vi não só seres irrespiráveis, como aqueles que já não podiam literalmente respirar. Aos poucos a Terra vai parecendo um amontoado de lixo a céu aberto com diversões escusas e ardentes artefactos numa enciclopédia ambulante de como atingir a demência em curtas manobras de Cruzeiro. Nesta altura festejavam os Romanos as suas Saturnais, grandes festividades! Saturno é o senhor absoluto do Tempo e nem sempre engole pedras pensando que são seus filhos, que esses, absorvem-se, mas as pedras são vomitadas, e neste caso, onde caírem erguem-se Templos. Depois, como já não se pode comer o filho dado que aos deuses são dadas outras apetências, pode-se em cima dela sacrificá-lo…mas que não , que não…era só uma experiência, mas mais adiante, sem apelo nem agravo, o Pai está mudo. Foi esta a linda história de Cronos que em Tempo se foi tornando, dando o seu monstro à medida da consciência de cada um. Lamartine obsequiou-nos com a bela expressão «Oh tempo, suspende o teu voo!» Suspensos estamos no Tempo. E ficar no Tempo é não ter de voltar a ele. E disse-o num monólogo eloquente o grande Vitorino Nemésio: “O Verão vai longo e dizer o quê a quem e como?” Efectivamente, já não temos gentes que nos interpelem assim. Cada um tem um plano que geralmente não resulta e todos juntos, fazemos finalmente o Caos. Nos Açores levantavam-se Ilhas por volta do solstício do Verão devido às placas tectónicas e muitos ficaram ruídos de espanto até Pessoa pegar naquilo tudo e fazer o belo poema das «Ilhas do Encoberto» Pois claro! “É em nós que é tudo”. Não é com Ilhas do Fim do Mundo nem com palmares de sonho ou não que a alma cura seu mal profundo e o bem nos entra no coração. Lembrei-me deles pois que são dignos de lembrança. Não tenho nenhuma razão maior para louvar, nem ninguém que me possa devolver o essencial que é tudo o que por ora convém saber.
Miguel Martins h | Artes, Letras e IdeiasO arqueólogo encavacado [dropcap style≠’circle’]P.[/dropcap] é um arqueólogo norte-americano, com quem trabalhei durante algum tempo, e que esteve na origem de me ser atribuído, em 1997, um vistoso diploma, devidamente emoldurado, a castanho e dourado, com os seguintes dizeres: Texas A & M University Recognizes Dr. Miguel Martins In appreciation of Excellence in Teaching within the discipline of Anthropology. Ora, acerca de P., não posso perder a oportunidade de contar um par de histórias: A primeira tem que ver com o seu irmão, portador de uma doença mental que não sei precisar qual seja mas que faz com que, a maior parte do tempo, viva internado numa instituição especializada. Todavia, segundo P., poderíamos passar um dia inteiro a conversar com o irmão sem que nos apercebêssemos de qualquer desvio à chamada normalidade. Acontece, apenas, que o rapaz se torna violento, tendo já obrigado à hospitalização de vários indivíduos, sempre que, na rua, vê mimos e homens-estátua. A outra história passou-se directamente com P., aquando da sua participação num congresso, algures na Califórnia. Aí, durante um dos momentos de convívio, conheceu uma rapariga, tendo havido imediato interesse mútuo, o que conduziu a que acabassem por passar a noite juntos, em casa dela. Tratava-se de uma faustosa vivenda, a que se chegava percorrendo uma alameda que desembocava num largo arborizado, usado como parque de estacionamento. Ora, a meio da noite, P. despertou e achou por bem regressar ao seu hotel. Não encontrando papel e caneta para deixar um bilhete, decidiu que regressaria, na manhã seguinte, para despedir-se da moça. Entrou no carro e, ao fazer marcha atrás, embateu numa árvore. Não se preocupou por aí além. Pensou: “Amanhã, quando me vier despedir, pedirei desculpa pelo sucedido”. Só que, no dia seguinte, estacionou no mesmo local, saiu do carro e, olhando a malfadada árvore, viu que esta, completamente tombada, arrancada ao solo pelas raízes, ostentava uma placa com a seguinte inscrição: “Plantada em 17??, esta é uma das árvores mais antigas da Califórnia”. Entrou em pânico e partiu imediatamente, sem sequer se despedir da rapariga. Não gosto de congressos, reuniões, conferências, debates, etc. Raro me apanham nisso e, quando vou, regresso quase sempre irritado comigo. Antigamente, gostava. Fosse como ouvinte ou como orador. Mas, antigamente, fazia tantas coisas que agora nem me passam pela cabeça. Política, por exemplo. Cruzes, canhoto! – digo hoje, procurando enxotar para bem longe de mim tanto disparate. (Convicções, bem vistas as coisas, nunca as tive, ou, melhor dizendo, sempre soube o que recusava mas, quanto ao que pretendo, isso sempre me remeteu, de imediato, para o plano do onírico – e ainda bem! O pensamento não é, no meu caso, uma operação que se realiza sobre a realidade mas sim aquém ou além dela). Numa dessas ocasiões, uma das menos disparatadas, participei, em Genebra, a convite de J., ex-deputado, empresário e divulgador de música rock, num congresso do Partito Radicale Transnazional. Aí, conheci figuras relevantes da política italiana, como Marco Pannella e Emma Bonino. Mas a figura deste partido que alguma vez teve maior mediatismo (para incómodo dos actuais dirigentes) estivera com ela em Lisboa, muitos anos antes, num contexto totalmente diverso — refiro-me a Ilona Staller, vulgo Cicciolina, actriz de filmes pornográficos, deputada e, depois, mulher e musa do escultor Jeff Koons. Aquando dessa sua passagem por Lisboa, Ilona visitou a Assembleia da República. A esse propósito, a poetisa Natália Correia, ao tempo deputada, escreveu a seguinte quadra: Estava o Parlamento em tédio morno Do Processo Penal a lei moendo Quando carnal a deputada porno Entra em S. Bento. Horror! Caso tremendo! Também conheci Natália Correia. Sem pretender com isso diminuir a sua erudição, devo dizer que era uma pessoa insuportável. Ouvi-la falar, na televisão ou ao vivo, era um teste à paciência de um santo. Como política, uma desgraça (em todo o caso, claro, melhor do que 95% dos que agora temos). Como poeta, quase sempre desinteressante (em todo o caso, claro, melhor do que 80% dos que agora temos). Poetas (quero dizer, escritores de poesia, que poetas é outra coisa, só às vezes — raro — coincidente), poetas irritantes, dizia, a roçar o insuportável, é, aliás, o que há mais — aí, a percentagem deve andar pelos 70%. Estas percentagens, como se calcula, são de uma cientificidade absoluta… O rigor, supérfluo e presumido, acessório da vaidade e, logo, da fraqueza, é outra coisa que me irrita. O interesse reside na exposição, não na veracidade. Acredito na star quality, não no método. Gosto muito mais do Humphrey Bogart do que do Marlon Brando.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente francês promete visitar China “pelo menos uma vez por ano” Emmanuel Macron começou a sua visita por Xian, a cidade de onde partia a Rota da Seda. A França quer fazer parte do plano global chinês [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu ontem voltar “pelo menos uma vez por ano” à China, durante um discurso que proferiu em Xian, primeira etapa da visita de Estado de três dias que iniciou ao país. Isto “porque é a condição” para que a relação entre a França e a China “entre numa nova era”, afirmou Emmanuel Macron, num discurso de mais de uma hora. Na sua intervenção, o chefe de Estado francês pediu uma aliança entre a França e a China para “o futuro do mundo”, em particular no domínio do ambiente, e para a Europa cooperar no colossal projecto chinês de criar novas rotas da seda. Neste sentido, reveste-se de particular importância o facto de Emmanuel Macron, que realiza a sua primeira viagem oficial à Ásia, ter escolhido visitar Xian, no norte da China, dado que aquela cidade milenar figurou como ponto de partida da antiga rota da seda. A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, do Presidente chinês, Xi Jinping, pretende recriar “novas rotas da seda”, um conjunto de ligações terrestres e marítimas entre a Europa e a Ásia, com a construção de uma série de infra-estruturas, como estradas, portos ou caminhos-de-ferro, em 65 países, um projecto avaliado em mais de um bilião de dólares. Depois de Xian, Emmanuel Macron, que se faz acompanhar pela mulher, Brigitte, e de seis dezenas de líderes de empresas e instituições, deslocar-se-á a Pequim, onde permanecerá até quarta-feira. Ainda ontem terá tido uma reunião com o seu homólogo chinês e a sua mulher, antes de um jantar a quatro. Na terça-feira, ponto forte da agenda, Macron vai ser recebido de maneira mais formal, com o programa a incluir uma visita à Cidade Proibida, um encontro com o presidente da Assembleia Popular Nacional e com o primeiro-ministro, uma cerimónia de boas-vindas no Grande Palácio do Povo, bem como a assinatura de acordos e uma declaração conjunta, além de um jantar de Estado. Emmanuel Macron vai reunir-se igualmente com empresários e chefes de cozinha franceses radicados na China. Já na quarta-feira vai realizar uma visita à Academia de Tecnologia Espacial chinesa, onde os dois países trabalham juntos no desenvolvimento de um satélite de observação da Terra. Esta primeira viagem à Ásia marca uma nova etapa na diplomacia do Presidente francês, concentrada até aqui na Europa e em África, com Emmanuel Macron a querer fazer de Xi Jinping um aliado em várias frentes: ambiente, luta contra o terrorismo, apoio à força do G5 no Sahel e ao desenvolvimento de energias renováveis em África. Macron propõe “relançar a batalha climática” O Presidente francês, Emmanuel Macron, propôs ontem à China “relançar a batalha climática” e “preparar um aumento dos compromissos” contra o aquecimento global durante a próxima COP24, prevista para o final do ano, na Polónia. Invocando a necessidade de uma co-liderança franco-chinesa neste domínio, Emmanuel Macron anunciou para 2018-2019 a organização de um “ano franco-chinês da transição ecológica” durante um discurso em Xian, primeira etapa de uma visita de Estado de três dias à China. HRW pede respeito pelos direitos humanos A organização não-governamental Human Rights Watch apelou ao Presidente francês para que “cumpra a sua promessa” e peça a Pequim para melhorar a situação dos direitos humanos na China, durante a visita oficial ao país. A directora para França da Human Rights Watch (HRW), Bénédicte Jeannerod, afirmou que o líder francês “deve cumprir” o compromisso de exigir maior respeito pelos direitos humanos na China. Jeannerod lembrou que Macron tinha afirmado anteriormente que “os imperativos diplomáticos e económicos” franceses para a China “não podem justificar o encobrimento da questão dos direitos humanos”. “Se Macron levar a sério a promoção da liberdade e da democracia em todo o mundo, deverá levar uma longa lista para o Presidente Xi e outros líderes chineses”, afirmou a responsável da HRW, em comunicado. A HRW pediu a Macron, por exemplo, que reitere publicamente o apelo francês para que seja dada total liberdade de movimento a Liu Xia, viúva do falecido dissidente e prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo.
Hoje Macau China / ÁsiaXinhua analisa último discurso do presidente Xi Jinping Agência Xinhua [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente chinês Xi Jinping enfatizou “consistência” em apoiar e desenvolver o socialismo com características chinesas no seu discurso para os funcionários de alto nível, estabelecendo directrizes para o Partido Comunista da China (PCC) fazer novos progressos. Xi pediu aos funcionários que promovam “constantemente” o “grande novo projecto da construção do Partido” e aumentem o sentimento de precaução e prevenção face a riscos e desafios. O discurso de Xi colocou o “socialismo com características chinesas numa nova era” na sua linhagem histórica de revoluções sociais liderada pelo PCC, ilustrando as ligações de continuidade. Também situou o socialismo com características chinesas no contexto da evolução de socialismo mundial. Assim, quando o socialismo surgiu era uma forma social totalmente nova e o socialismo com características chinesas é causa pioneira sem precedente que deve continuamente desenvolver-se. A “consistência” na construção do Partido tem sido a chave para a vitória do PCC, do “grande projecto” da construção do Partido proposto em tempos revolucionários para o “grande novo projecto da construção do Partido” durante a reforma e abertura, e a rigorosa governanção própria do Partido desde seu 18º Congresso Nacional em 2012. Xi disse que o Partido deve ter coragem para realizar a auto-reforma e tornar-se mais forte a fim de apoiar e desenvolver o socialismo com características chinesas na nova era. A governanção rigorosa do Partido começa pela “minoria em posição chave”, referindo-se aos funcionários de alto nível. Xi pediu que “a minoria em posição chave” seja firme nas suas convicções e posições políticas, promova o seu sentimento de responsabilidade, fortaleça as suas capacidades e competências, e melhore os seus modos de trabalho. Domesticamente, a China ainda enfrenta tarefas de reforma difíceis, desenvolvimento desequilibrado, e a tendência de crescentes riscos económicos e sociais. Internacionalmente, as situações estão a mudar constantemente e o ambiente dos países vizinhos é cada vez mais complexo e sensível. O modelo de desenvolvimento da China atraiu atenção mundial, mas julgamentos incorrectos e desfavoráveis de alguns países testaram a nossa sabedoria e habilidade. Como Xi disse, o PCC deve “dar as suas respostas ao teste dos nossos tempos”. O povo avaliará o quão bom é o desempenho do Partido.
João Luz EventosFestival | Fringe invade a cidade com performances artísticas contemporâneas A 17º edição do Festival Fringe já mexe com mais de duas dezenas de performances de artistas e grupos locais e estrangeiros. Já a partir de sexta-feira, o Fringe oferece um vasto leque de peças de teatro, dança, performances interactivas, exposições e animação espalhada pela cidade [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e todos os eventos culturais organizados em Macau, o Festival Fringe é aquele que mais arrisca em termos de arrojo performativo. Apesar de já ter alguma actividade na rua, o Fringe 2018 arranca esta sexta-feira, com mais de duas dezenas de espectáculos, performances e exposições em mais de vinte locais. Com a organização do Instituto Cultural (IC), o festival oferece também uma série de actividades de divulgação e sensibilização artística onde se incluem palestras, workshops e crítica de arte com o intuito de alargar os horizontes da percepção do público local. Na área da dança destaque para “Trinamics”, um espectáculo da autoria de duas companhias, a Unlock Dancing Plaza, de Hong Kong e a Namstrops do Japão, que será apresentada nos dias 20 e 21 de Janeiro o edifício do Antigo Tribunal. “Trinamics” divide-se em três actos, com coreografias escritas e interpretadas pelas duas companhias. Os Unlock Dancing Plaza são vencedores recorrentes da Hong Kong Dance Awards, enquanto que a companhia japonesa é um grupo jovem que produz uma larga gama de espectáculos baseados no improviso, na força física e no arrojo dos movimentos corporais. A peça promete levar ao Antigo Tribunal uma performance vigorosa onde a agilidade leva os bailarinos a desafiar a gravidade. No dia 16 e 17 de Janeiro, o mesmo palco do Antigo Tribunal recebe a performance de dança, “Idiot – Syncrasy” da dupla baseada em Londres Igor Urzelai e Moreno Solinas. O duo é inspirado pelas tradições folclóricas da Sardenha e do País Basco, as origens dos bailarinos, levando a dupla a usar o movimento como forma de comunicar ideias. A actuação que trazem ao Fringe 2018 é conceptualmente simples mas poderosa, séria e divertida, procurando demonstrar as mais puras das aspirações presentes na natureza humana. Teatro marginal Com a chancela da Comuna de Pedra, em parceria com o Hao Theater de Taiwan, o Teatro Experimental Hiu Kok recebe nos dias 19 e 20 a peça “Holidays”. O conto de Gabriel Garcia Márquez “Só Vim Telefonar”, serviu de base para três anos de trabalho de produção conjunta entre Jenny Mok e Shanshan Wu. O resultado foi esta peça que mistura o teatro físico e os fantoches. O movimento é o principal elemento da narrativa, que usa o mínimo essencial de palavras na procura da exploração daquilo que há de mais insuportável na natureza humana. A peça é um hino ao sarcasmo e ao humor negro. “Holidays” assenta na situação de duas personagens, A e B, que encaram a deportação, torturas e penas a que foram condenados por serem trabalhadores pouco produtivos como umas aprazíveis férias. Outro dos destaques na área do teatro é a peça “White Rabbit Red Rabbit”, apresentado peça companhia do Teatro Inside-Out, do Interior da China, e Chan Si Kei, que subirá ao palco no dia 18 de Janeiro no edifício do Antigo Tribunal. O conceito inusitado da peça parece feito de propósito para o cartaz de uma edição do Fringe, no entanto já foi interpretada mais de um milhar de vezes pelo mundo fora. Ainda assim, Macau tem o privilégio de assistir à estreia da peça em cantonês, através da performance do actor local Wong Pak Hou. “White Rabbit Red Rabbit” é um jogo teatral de interacção com o público, uma peça que dispensa sinopse onde a direcção, o palco, os ensaios e mesmo as palavras são supérfluas. Aliás, não existe nada que se possa saber de antecedência que potencie o prazer de assistir e participar na performance. O autor iraniano Nassim Soleimanpour escreveu a peça quando foi proibido pelo Governo de passar as fronteiras do Irão. O teatro era o seu álibi para conseguir fugir do país e viajar pelo mundo fora. Toda a performance é envolvida em mistério, o actor recebe o guião mesmo à última hora, quando entra em palco já com as luzes acesas e quando encara a audiência. Numa experiência que sai da internet para as ruas de Macau, “Bear with Us”, produzido pela companhia de teatro australiana Memetica e a Point View Art Association, propõe uma expedição pela cidade. Como tal, Macau será invadida por três ursos gigantes que vão andar pelas ruas da cidade numa senda exploratória com imparável vontade que promete desvendar os mistérios de todos os cantos do mundo. Esta actividade é assente nas tropelias de três ursos fantoches que prometem surgir do nada e convidar pessoas para partilhar aventuras. As companhias sugerem que se sigam as páginas de Facebook e o Instagram “Bear with Us”. A 17ª edição do Fringe 2018 terá ainda uma série de outros eventos que aliciam o público a explorar Macau e a olhar para a cidade com uma perspectiva nova, uma perspectiva Fringe.
Hoje Macau Manchete SociedadeDoenças raras | Serviços de Saúde negam diagnóstico tardio Os pais de uma criança com Síndrome de Angelman acusam o serviço público de saúde de adiarem o diagnóstico, mas os Serviços de Saúde garantem que houve um acompanhamento do caso desde o nascimento, por já então existirem “suspeitas de distúrbio de desenvolvimento” [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] uma doença rara que se manifesta com um atraso no desenvolvimento, que inclui distúrbios no desenvolvimento da inteligência ou capacidade motora, além de poder ocorrer microencefalia e epilepsia. É desta doença que padece uma criança que tem vindo a ser tratada no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). Contudo, os seus pais acusaram, num fórum público, os médicos de terem feito um diagnóstico tardio, algo que os Serviços de Saúde (SS) refutam, em comunicado. “Desde a nascença e até que perfez ano e meio de vida esta criança foi acompanhada no centro de saúde, tendo sido posteriormente transferida para o CHCSJ, onde foi submetida a exames pormenorizados devido à existência de suspeitas de distúrbio de desenvolvimento.” Os SS garantem que a criança “foi submetida a consultas individuais e colegiais que envolveram as especialidades neuropediátrica, genética pediátrica, desenvolvimento infantil e medicina física e de reabilitação”, além de “avaliações que foram coadjuvadas com os resultados imagiológicos cerebrais, exames de electrofisiologia e testes de cromossomas e de genes”. O diagnóstico chegou aos dois anos e quatro meses de vida, sendo que, a partir de um ano e oito meses de idade a criança “recebeu tratamento no Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do CHCSJ com a realização de duas sessões de terapia da fala, duas sessões de terapia ocupacional e duas sessões de fisioterapia”. Os SS explicam que a criança continuou a ser seguida no Centro de Desenvolvimento Kai Chi, “onde continuou os treinos de reabilitação e ensino especial”. No tempo certo Como argumento contra a acusação de diagnóstico tardio, os SS explicam que “a nível internacional, e de um modo geral, a idade do diagnóstico do Síndrome de Angelman varia entre os dois e os seis anos, sendo que a média da idade de diagnóstico ocorre entre os três e os quatro anos”. “Um estudo da clínica do Departamento de Saúde de Hong Kong (Hong Kong Department of Health) revela que a média da idade de diagnóstico é de 6,2 anos. Neste caso, repita-se, o diagnóstico foi conseguido pelos SS aos 2 anos e 4 meses de idade. Mais cedo do que a média de idades normalmente alcançada a nível internacional”, aponta o mesmo comunicado. A entidade liderada por Lei Chin Ion adianta que, com dois anos de idade, as crianças suspeitas de padecerem desta doença “não apresentam ou não têm manifestações significativas da síndrome o que torna complexo e difícil a realização do diagnóstico”. “Contudo os profissionais dos SS conseguiram, ao fim de dois anos e quatro meses, diagnosticar o Síndrome de Angelman, período mais curto do que a média internacional e revelador de que não houve adiamento quer no diagnóstico quer no tratamento”, lê-se ainda. Os SS afirmam já terem contactado o casal através do grupo de intervenção precoce infantil, que é composto não só pelos SS como também pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e o Instituto de Acção Social. O contacto serviu para os pais “se inteirarem da situação mais recente criança”, tendo os SS assegurado “que irão continuar a prestar todo o apoio e suporte de ensino de intervenção precoce de forma atempada e adequada para esta criança”.
Sofia Margarida Mota SociedadeFSS | Período de adaptação a emprego para deficientes já é de 90 dias [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] período de reintegração e de adaptação ao emprego para os beneficiários da pensão de invalidez do Fundo de Segurança Social (FSS) aumenta de 30 para 90 dias. A medida foi comunicada pela Instituto de Acção Social em resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei. De acordo com o Governo, a iniciativa entrou em vigor no dia 1 de Janeiro deste ano e tem como finalidade “permitir aos participantes deste programa terem mais tempo para se adaptarem à nova situação laboral”. A promoção da autonomia e a inserção com sucesso no mercado de trabalho é o obejctivo último da medida do Executivo, sendo que durante o chamado período experimental de cerca de três meses, os benificiários continuam a usufruir do subsídio do Governo. Já os formulários que são exigidos pelo FSS após o início e o final da actividade laboral vêm o seu período de apresentação também alargado. O Governo decidiu que os cinco dias previstos, passassem a 15. Paralelamente o Instituto de Acção Social (IAS) vai continuar a promover um conjunto de políticas que tem vindo a desenvolver. “Serão prestados serviços de assistência ao emprego aos interessados através da criação de uma rede de colaboração intersectorial para, desta forma, conseguir aumentar os casos de empregabilidade bem sucedida”, lê-se na missiva do IAS. De piloto a efectivo A política agora implementada é o resultado de um projecto piloto lançado no passado mês de Julho. De acordo com o IAS o objectivo da experiência foi de “aumentar a motivação das pessoas portadoras de deficiência a integrar o mercado de trabalho e com isso, melhorem a sua auto confiança”. Segundo os dados apresentados pelo Governo, até 30 de Novembro de 2017 participaram no projecto piloto 11 beneficiários da pensão de invalidez. Destes 11, três concluíram os 90 dias e adaptação com sucesso e passaram a estar totalmente integrados na situação de trabalho, seis ainda desempenhavam funções dentro do período experimental, e duas voltaram a receber o fundo de invalidez através do dispositivo de retorno previsto pela legislação. Barreiras adiadas Na mesma resposta o IAS volta a sublinhar os esforços que tem vindo a promover de modo a que seja desenvolvida uma política de circulação sem barreiras em Macau para as deslocação de pessoas com deficiências. O projecto relativo às “normas para a concepção de design universal e livre de barreiras” que tem vindo a ser estudado deverá ditar resultados este ano. “De acordo com o progresso dos estudos deste projecto as normas a serem implementadas serão publicadas em 2018”, refere o IAS. No entanto, o projecto é ainda e apenas referente às instalações que integram as obras públicas e obras subsidiadas, sendo que as construções privadas continuam sem ser abrangidas pela obrigatoriedade para cumprirem os requisitos que permitem às pessoas com deficiência uma circulação facilitada.
Hoje Macau SociedadeTáxis | Empresa de rádio-táxis quer mais 100 veículos O Governo vai abrir concurso para uma licença de 100 táxis e a Rádio Táxi admite a necessidade destes veículos. O serviço que está em funcionamento há menos de um ano queixa-se de não conseguir responder às necessidades e das dificuldades na contratação de motoristas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] empresa de serviços de táxi, Rádio Táxis, pretende concorrer para conseguir ter direito a ter em funcionamento mais uma centena de veículos. A informação foi deixada pelo gerente da empresa, Kevin U Kin Lung ao Jornal do Cidadão. A necessidade de pelo menos mais 100 carros em circulação deve-se não só à grande procura do serviço como às perdas registadas com os estragos provocados pela passagem do tufão Hato no território. “Tivemos 9 carros danificados e neste momento temos em circulação apenas 91 veículos”, referiu. O responsável revelou que, desde que arrancaram os serviços, o número de chamadas recebidas tem vindo a aumentar entre cinco a dez por cento mensalmente. Mas, a taxa de chamadas atendidas fica-se nos 40 por cento do total o que reflecte, considera, a grande falta de veículos para responder às necessidades. À falta de veículos, junta-se a falta de motoristas. De acordo com Kevin U Kin Lung, a dificuldade não terá que ver com a remuneração. “O nível salarial dos taxistas da companhia é atraente, uma vez que em Julho e Agosto do ano passados cerca de dois taxistas tiveram uma remuneração superior a 40 mil patacas, tendo a média de salário nesses dois meses estado entre as 25 e as 28 mil patacas”, explicou. Actualmente, a Rádio Táxis dispões de 130 taxistas e o responsável espera conseguir recrutar, pelo menos, mais 30. Entretanto, Kevin U Kin Lung confessou que se nos restantes meses do ano a empresa não consegue proporcionar um salário mais alto, tem que ver com o momento que a companhia atravessa e em que os lucros ainda são difíceis de atingir, sendo que cada motorista ganha em média um ordenado de cerca de 20 mil patacas. Sucesso lento De acordo com o responsável, a Rádio Táxis ainda não consegue apresentar resultados positivos na medida em que está em funcionamento há muito pouco tempo. “Abrimos a 1 de Abril do ano passado, há menos de um ano, e ainda é difícil ter um equilíbrio entre receitas e despesas” afirmou. Por outro lado, os custos elevados que implicam o funcionamento deste tipo de serviços também não contribuem para um lucro rápido, considerou, sendo que “a companhia tem estado empenhada no ajuste de estratégias de forma a melhorar o seu funcionamento”. Para o presidente da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, para que a Rádio Táxis consiga ganhar a centena de carros que o Governo vai colocar em concurso é necessário resolver algumas falhas que os serviços ainda apresentam. Táxis | Infracções continuaram a aumentar em 2017 O número de infracções dos táxis aumentou 32,3 por cento em 2017, apontam os dados divulgados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP). De acordo com as estatísticas, no ano passado, registaram-se 5491 infracções de taxistas, o que corresponde a um aumento de 1339 casos em relação a 2016, ano em que se contabilizaram 4152 infracções. Entre as infracções registadas, 57,9 por cento, num total de 3180 casos, dizem respeito à cobrança abusiva de taxas. Foram também registados 1574 casos de recusa de transporte de passageiros, 49 casos de tomada passageiros em paragens sem ser seguida a ordem da fila de espera e 688 casos de infracções diversas. A PSP divulgou ainda que, em 2017, apreendeu um total de 1232 casos de táxis ilegais, número que diminuiu ligeiramente em comparação com 2016.
Sofia Margarida Mota PolíticaNascimentos | Wong Kit Cheng pede um mecanismo de apoio universal Um sistema que garanta que os apoios ao nascimento são semelhantes para os pais que trabalham na função pública e privada é o pedido que a deputada Wong Kit Cheng faz ao Governo. Apesar da proposta de lei aumentar os montantes para ambos os sistemas, o diploma que entra hoje em análise na especialidade acaba por não garantir um apoio universal para o futuro [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntra hoje em análise na especialidade a proposta de lei relativa ao ajustamento do montante do subsídio de nascimento, no entanto a deputada Wong Kit Cheng não está convencida com a justiça do diploma. O receio é manifestado em interpelação escrita em que Wong Kit Cheng afirma estar em causa a promoção de medidas que abranjam a totalidade da população. Apesar dos argumentos apresentados pela secretária para a administração e justiça, quando a proposta foi aprovada na generalidade e que incidiam na aproximação dos valores recebidos pela função pública àqueles que eram facultados pelo Fundo de Segurança Social (FSS) no sector privado, a deputada ainda considera que há um desfasamento que não está a ser previsto. De cordo com Wong Kit Cheng, o aumento dos apoios ao nascimento da função pública registam-se todos os anos tendo em conta o próprio aumento salarial, situação que não acontece no emprego privado. “O sistema de subsídio de nascimento para funcionários públicos foi ajustado em 2014 do montante fixo anterior para um ponto salarial, o que basicamente significa que o subsídio anual para os filhos dos funcionários públicos é aumentado à medida que os salários aumentam”, começa por explicar Wong Kit Cheng. O mesmo não acontece no sistema privado em que o ajustamento do subsídio não tem sido actualizado. A deputada exemplifica: “Por exemplo, o subsídio para nascimentos para funcionários públicos e crianças aumentou de 3.330 patacas em 2014 para 3.735 em 2017 e o subsídio do FSS aumentou apenas de 1.800 patacas em 2014 para 1957 em 2017”, aponta. Falha crescente Para Wong Kit Cheng, a questão que se coloca á clara: se o Governo não optimizar o sistema existente de segurança social a discrepância entre os benefícios respeitantes ao nascimento do sector público e privado vai ser cada vez mais acentuada. O resultado apontado pela deputada põe em questão o argumento do próprio Governo em ter uma política universal de apoio ao nascimento no território. Wong Kit Cheng apela ao Executivo para que reformule o mecanismo de apoio ao nascimento de modo a estabelecer ajudas semelhantes tanto ao sector público como ao privado e questiona o Governo se pretende promover estudos para formalizar políticas que optimizam os apoios do FSS. Tendo em conta o envelhecimento da população local e a necessidade de promoção dos nascimentos, Wong Kit Cheng questiona ainda o Executivo se pretende, além de implementar medidas que promovam os nascimentos, estudar medidas relativas à fertilidade. Foi aprovada na generalidade, no passado mês de Dezembro, a proposta de lei relativa ao ajustamento do montante do subsídio de nascimento. O diploma prevê o aumento do subsídio de nascimento pago aos trabalhadores dos serviços públicos de 4980 patacas e 5100 patacas para 3735 e 3825 patacas. Na apresentação do política, Sónia Chan explicou que o subsídio pago aos trabalhadores do sector privado, através do Fundo de Segurança Social, vai ser actualizado para as 5000 patacas com o novo orçamento e que o objectivo passa por fazer com que os trabalhadores do sector público acompanhem a tendência.
Sofia Margarida Mota PolíticaAutocarros | Au Kam San quer aumentos aprovados pelo Governo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s tarifas de autocarros duplicaram em seis anos e o deputado Au Kam San quer saber o porquê deste aumento e para onde vai o dinheiro, sendo que os transportes públicos em Macau são subsidiados pelo Governo. Au Kam San pede esclarecimentos públicos no que respeita ao cálculo do custo dos autocarros para os utilizadores e de que forma os aumentos registados são autorizados pelo Executivo. Para o tribuno, trata-se de um aspecto “de interesse público e que afecta a qualidade de vida da população”, lê-se na interpelação escrita dirigida ao Executivo. Mas pior para o deputado é os aumentos registados terem sido decididos e implementados de forma silenciosa. “O público não pode entender que os preços dos autocarros tenham aumentado, silenciosamente, de três patacas para seis em cerca de seis anos”, aponta Au Kam San. O deputado salienta a necessidade de esclarecimento, não tendo os trajectos sido modificados nem alargados, e mais, tendo os subsídios dados às concessionárias, aumentado. É necessário legislar e emitir diretrizes no que respeita ao aumento das tarifas de transportes públicos, afirma. “A electricidade, o abastecimento de água, as tarifas de telecomunicações e mesmo as taxas dos táxis de Macau devem ser aprovadas pelo Governo”, aponta, salientando que o mesmo deve acontecer com os autocarros locais.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCaso Sulu Sou | Causídico escolhido acostumado a casos mediáticos Jorge Menezes foi o advogado escolhido por Sulu Sou e Scott Chiang para representá-los no julgamento por desobediência qualificada. Ao HM, colegas de profissão e amigos destacam-lhe o profissionalismo, coragem e envolvimento académico, que Pedro Redinha diz fazer de Menezes um homem à parte na advocacia de Macau [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ascido em Portugal há 51 anos e há mais de duas décadas em Macau, sempre ligado ao Direito, o advogado Jorge Menezes assume um novo desafio na carreira, com a defesa do deputado Sulu Sou e do activista Scott Chiang. Ao HM, amigos e profissionais do Direito destacam a competência de Menezes, assim como a coragem em assumir a defesa dos activistas. “É um advogado altamente qualificado e está entre os melhores que estão em Macau, indiscutivelmente. É senhor de uma grande preparação académica e profissional”, disse Sérgio de Almeida Correia, advogado, ontem ao HM. “Sendo meu colega e amigo, fico satisfeito por saber que aceitou o patrocínio de uma causa tão difícil como é aquela em que está neste momento envolvido”, acrescentou. Também Pedro Legal, amigo e advogado, considerou que a defesa dos activistas não poderia estar em melhores mãos: “É uma pessoa muito competente e inteligente. São duas das suas principais características como profissional. Conheço-o bem, trabalhamos juntos algumas vezes. É um bom colega, competente e inteligente”, afirmou sobre o colega. “Não me surpreende absolutamente nada que ele tenha sido escolhido para este caso. Ambos os arguidos estão muito bem entregues, não tenho qualquer dúvida sobre isso”, frisou. Advogado e Académico Jorge Meneses conhece Macau há mais de duas décadas. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, em 1991, Jorge Menezes prosseguiu os estudos académicos e em 2001 completou o grau de Mestre em Direito, na Universidade de Cambridge. Antes disso, em 1996, concluiu uma pós-graduação na mesma área, também na Universidade de Lisboa. Deu aulas de Direito e Filosofia em universidades em Lisboa, Guiné-Bissau, na Universidade de Stanford e de Oxford. Uma vertente académica muito destacada pelo advogado Pedro Redinha, em conversa ao HM: “Infelizmente não sou uma pessoa que prive muito com o Dr. Jorge Menezes. Mas tive a oportunidade de pleitear com ele, pelo menos uma vez, num tribunal de Hong Kong, e tenho do Dr. Jorge Menezes a ideia de que é um homem à parte do panorama da advocacia em Macau”, disse o causídico. “É muito mais do que um advogado, é professor, é um homem muito distinto, que eu considero muito. Julgo que não havia pessoa mais qualificada para patrocinar esta causa”, defendeu. Em relação ao percurso profissional em Macau, Jorge Menezes chegou ao território depois de ter exercido advocacia em Lisboa entre 1992 e 1995. Em 1998, começou a trabalhar como assessor jurídico Governo de Macau, em assuntos ligados ao Direito comercial, do jogo ou laboral. É também em 1998 que se muda para o escritório de Jorge Neto Valente, actual presidente da Associação dos Advogados de Macau, onde permanece por dois anos. No seu percurso conta ainda com passagens pelo escritórios de António Ribeiro Baguinho, FC Law, entre outros. Atacado em 2013 Entre os casos mais mediáticos em que está envolvido destaca-se igualmente o processo que opõe Marshall Hao a Sheldon Adelson e à empresa Las Vegas Sands. Hao exige 375 milhões de dólares norte-americanos à concessionária por ter ajudado a Sands a garantir uma licença de jogo em Macau. Um caso que ainda decorre nos tribunais locais. Também em Maio de 2013 Jorge Menezes fez as manchetes da imprensa local e foi notícia nos Estados Unidos, após ter sido atacado por duas pessoas, quando levava o seu filho à escola. Um ataque que disse, na altura, ser uma forma de intimidação. É também por não ter medo de aceitar casos complexos que Sérgio de Almeida Correia define Menezes como um homem corajoso: “É evidente que assumir este caso [Sulu Sou] mostra uma grande coragem. Mas a advocacia, como costumo dizer, é uma profissão para gente de bem e corajosa”, apontou. “É natural que o Dr. Jorge Menezes, independentemente das vicissitudes que tenha passado na sua vida profissional, como homem de grande coragem que é e como advogado que é, não podia dizer que não a uma causa de um cliente”, considerou. Separação das águas Ao HM, Sérgio de Almeida Correia, Pedro Leal e Pedro Redinha foram unânimes em considerar o caso complexo. As consequências políticas subjacentes para Macau, incluindo uma possível perda do mandato do deputado Sulu Sou, e o mediatismo do julgamento foram apontados como as principais razões da complexidade. No entanto, os advogados mostraram-se confiantes na prestação de Jorge Menezes, com Pedro Leal a dizer que o colega vai saber lidar com a complexidade do julgamento: “Nós, advogados, temos de defender as pessoas e desligar-nos das questões políticas no exercício das nossa funções. Não tenho dúvidas que ele vai conseguir isso e focar-se apenas no que é relevante para o processo que decorre no tribunal”, rematou Pedro Leal. Julgamento adiado para dia 16 A primeira sessão do julgamento de Sulu Sou e Scott Chiang estava agendada para hoje às 09h45 mas foi adiado, a pedido da defesa, para dia 16 deste mês. A informação foi avançada ontem pelo Tribunal Judicial de Base, em comunicado. Esta é a segunda vez que o julgamento é adiado. Na primeira ocasião, em Novembro, o tribunal ainda aguardava pela suspensão do deputado, que só foi votada mais tarde. Sulu Sou e Scott Chiang são acusados da prática do crime de desobediência qualificada, devido às actividades da manifestação contra a doação de 100 milhões de yuan por parte da Fundação Macau à Universidade de Jinan.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAL | Ho Iat Seng tem imóvel nos EUA e empresa de painéis solares O presidente da Assembleia Legislativa é accionista de uma empresa de painéis solares, que tem vindo a realizar diversos projectos para o Governo e Gabinete de Ligação. Além disso, de acordo com a sua declaração de rendimentos, detém quatro imóveis, um deles nos Estados Unidos [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá entregue no tribunal a declaração de rendimentos actualizada de Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa. Além de quatro imóveis que o deputado eleito pela via indirecta detém, um deles localizado nos Estados Unidos, Ho Iat Seng é accionista, com 20 por cento de participação, e director da Sociedade Industrial Ho Tin SARL, uma empresa que opera na área da energia solar. De acordo com o portal da empresa, esta funciona há cerca de 20 anos e arrancou com um capital social de 400 mil dólares. A Sociedade Industrial Ho Tin SARL instalou alguns dos poucos painéis solares que existem no território, nomeadamente no Instituto da Habitação, a CEM ou o Instituto de Formação Turística. Além disso, a empresa também instalou painéis solares no edifício onde está situado o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM. Ho Iat Seng é também presidente do conselho de administração da Companhia de Investimento e Desenvolvimento Ho Tin Limitada, detendo 49 por cento de participação numa empresa que tem 180 mil dólares como capital social. O presidente da AL é também director da Companhia de Investimento do Centro de Macau (tradução não oficial), detendo 17,5 por cento de participação. É também director da Hangzhou Qiantang River City Development Ltd., detendo 20 por cento da empresa. Ho Iat Seng é também director de uma empresa que opera na área do imobiliário, a Companhia de Desenvolvimento Imobiliário Chu Hoi Hong Kok (tradução não oficial), detendo apenas 35 por cento. A empresa tem um capital social de 25,65 milhões de dólares norte-americanos. Do ensino à saúde O presidente da AL desempenha diversos cargos em associações locais. O mais importante será o de vice-presidente da Associação Comercial de Macau, uma das mais antigas e tradicionais associações locais, um cargo que ocupa desde o ano de 2003. É ainda presidente da Associação Industrial de Macau desde 2011. Ho Iat Seng tem ainda um papel activo no ensino superior local, tanto público como privado, uma vez que é membro do conselho e da assembleia da Universidade de Macau. É accionista do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau desde 1996 e membro do conselho de curadores da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, estando também ligado à fundação da universidade privada. Está também ligado à Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, exercendo ainda funções em outras 41 organizações não lucrativas.
Andreia Sofia Silva PolíticaSaúde oral | Coutinho pede parcerias do Governo com clínicas privadas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde pede mudanças nos cuidados de saúde oral prestados pelo serviço público de saúde, os quais são “bastante insuficientes”. Na visão do deputado, o Executivo deve estabelecer mais parcerias com clínicas privadas. “O Governo da RAEM deve tomar como referência a prática de Hong Kong, encaminhando as pessoas para as clínicas privadas locais, optimizando a cooperação entre as instituições médicas nos bairros comunitários e os centros de saúde”, escreveu o membro da Assembleia Legislativa. Além disso, o deputado pede que sejam aumentados os subsídios concedidos aos idosos. “Atendendo ao envelhecimento populacional, o Governo deve definir planos de médio e longo prazo, no sentido de conceder mais subsídios para a saúde oral. Já o fez?”, questionou. Na visão de José Pereira Coutinho, os Serviços de Saúde devem “evitar as situações de atraso [por parte dos pacientes] nos tratamentos por falta de capacidade financeira e o surgimento de outras doenças mais graves por causa de problemas com os doentes”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeUniversidade de Hong Kong | Reitor sai e fala de pressões de ordem política O reitor da Universidade de Hong Kong, Peter Mathieson, está de saída do cargo e fala de pressões políticas da parte de “toda a gente”, incluindo membros do Gabinete de Ligação do Governo Central. Em Macau, jamais algum reitor se demitiria pelos mesmos motivos, defendem ex-docentes locais radicados em Hong Kong [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á quatro anos que assumia o cargo de reitor na centenária Universidade de Hong Kong, lugar que serviu de embrião à revolução dos guarda-chuvas e que sempre assumiu posições elevadas nos rankings académicos internacionais. Peter Mathieson, em entrevista ao jornal South China Morning Post, disse que se demitiu do cargo, tendo adiantado que também foi alvo de pressões políticas. O nefrologista parte agora para o Reino Unido, onde vai ser vice-chanceler da Universidade de Edimburgo. Sofreu “pressões de toda a gente”, inclusivamente dos oficiais do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong, que lhe davam avisos “o tempo todo”, revelou Mathieson. “Todos os dirigentes das universidades têm contactos com o Gabinete de Ligação, que tem um interesse no sistema educativo de Hong Kong, tal como em outros assuntos. Considero isso como parte do meu trabalho”, adiantou o reitor. “Eles podem dizer-me o que acham que eu devo fazer, mas basicamente eu faço o que acredito ser melhor para os interesses da universidade. Sim, houve pressões, mas não considero isso como sendo irrazoável”, admitiu o reitor demissionário. Além disso, Mathieson disse esperar que o ensino superior na região vizinha deixe de ser tão politizado. Peter Mathieson frisou ainda que, muitas vezes, sentiu que representava as vozes de uma minoria. “Nem sempre consegui o meu caminho no conselho, e isso levou-me a algumas situações difíceis”, adiantou. Em entrevista ao diário de língua inglesa de Hong Kong, Peter Mathieson disse esperar que a Universidade de Hong Kong se torne mais internacional, apesar de ser importante a busca por fundos que venham do continente, além de outras parcerias com universidades internacionais, como a Universidade de Stanford ou Johns Hopkins. “Para a Universidade de Hong Kong obtivemos uma boa posição ao trabalhar com a China, mas também conseguimos trabalhar com o resto do mundo. é um símbolo de uma colaboração internacional entre universidades semelhantes e é um sinal de respeito mútuo”, acrescentou. O responsável adiantou ainda que a sua saída se deveu, em parte, à entrada do professor Arthur Li Kwok-cheung para os corpos dirigentes da universidade, considerado pró-Pequim. Mathieson garantiu que nunca discutiram a possibilidade de um segundo mandato, sendo que este ano o contrato de cinco anos chegaria ao fim. Perante a ausência de discussão, Mathieson resolveu avançar com a proposta que recebeu da Universidade de Edimburgo. As limitações existem Eric Sautedé, ex-docente da Universidade de São José, actualmente radicado em Hong Kong, afirmou ao HM que, na região vizinha, “existe liberdade académica”, uma vez que são realizados vários estudos críticos com foco na China e também em Hong Kong. “Mas isso não significa que não haja nenhuma pressão, e se existe na democrática Europa, imagine-se em Hong Kong, onde todas as universidades públicas são lideradas por um reitor que é nomeado por Pequim. Mas Hong Kong é um território internacional, com uma reputação a defender, então os membros das faculdades têm vindo a resistir a várias pressões”, frisou. Para Eric Sautedé, a situação da liberdade académica em Hong Kong “é preocupante, mas há, pelo menos, alguém para a defender ou proteger”. Bill Chou, ex-docente da Universidade de Macau, actualmente a dar aulas na Universidade Baptista de Hong Kong, prefere recordar o recente episódio do chumbo da nomeação de Johannes Chan, académico pró-democracia, para o cargo de vice-chanceler da Universidade de Hong Kong. “É claro que a autonomia institucional das universidades de Hong Kong está em risco.” Em relação à liberdade académica, existe mas com algumas nuances negativas. “Mas tudo depende de como definimos liberdade. Se a liberdade está relacionada com o ensino, tenho a dizer que o criticismo em relação ao Governo chinês pode levar a críticas dos alunos junto dos departamentos administrativos e a baixas avaliações dos professores. Alguns departamentos levam essas queixas a sério e avisam os professores para serem mais ‘equilibrados’. Eu próprio tive essa experiência em Macau”, referiu Bill Chou. Arnaldo Gonçalves, professor convidado do Instituto Politécnico de Macau e jurista, defende que continua a existir liberdade académica em Hong Kong, dando como exemplo os debates que têm vindo a ser organizados pela Faculdade de Direito da Universidade de Hong Kong, sobre democracia e a Lei Básica. Ainda assim, existem pressões, encaradas pelo académico como algo natural depois do discurso de Xi Jinping no último congresso do Partido Comunista Chinês. “Há uma alteração do tom da relação entre o Governo Central e os governos das duas regiões administrativas especiais que foi anunciado pelo presidente Xi Jinping quando foi reeleito. Ele tem a visão soberanista de que Macau e Hong Kong são China e tem uma visão leninista na forma como se relaciona com os países, a população e o aparelho da administração pública.” Neste contexto, “o facto da desobediência civil que verificamos com a revolução dos guarda-chuvas ter partido da Universidade de Hong Kong deve ter levado as autoridades da China a pensar que têm de ter uma intervenção mais crispada e evitar manifestações mais empolgadas de espírito anti-Pequim.” “Em Macau os reitores são completamente subservientes” Em Macau a questão de alegadas violações da liberdade académica surgiram em 2014, quando Eric Sautedé deixou a Universidade de São José. Pouco tempo depois, o tema viria à tona com o afastamento de Bill Chou do departamento de ciência política da Universidade de Macau. Poucos anos depois ambos continuam a afirmar que a liberdade académica na RAEM é “limitada” e que jamais um reitor, quer seja de uma instituição pública ou privada, se demitiria por razões políticas. “Os reitores em Macau são leais”, disse ao HM Bill Chou. Já Eric Sautedé lembra que o financiamento da Fundação Macau cria vários tipos de constrangimentos. “Se algum projecto for ligeiramente crítico da política de Macau ou da China, não é financiado”, referiu. “Em Macau os reitores das instituições públicas são completamente subservientes, e na UM ainda é pior. Nas instituições privadas uma delas é gerida por pessoas que pertencem ao Conselho Executivo, enquanto que a USJ, a única instituição católica, é gerida por alguém que tem medo da sua própria sombra e que acredita que os ‘portugueses são meros convidados em Macau. Foi o que me disse quando me despediu’”, disse Eric Sautedé, referindo-se a Peter Stilwell, reitor da USJ. Arnaldo Gonçalves faz referência ao caso da saída do reitor da UM, Wei Zhao, que estaria a ser investigado por alegado incumprimento de contrato. “Veja-se o perfil dos reitores das universidades. Veja-se o caso do ex-reitor da UM, iria haver um inquérito, já houve alguma conclusão? Não vi nada. Ele era um homem pró-Pequim, o novo assim será. Em Macau há uma obediência quase cega em relação aquilo que presumem que é a vontade de Pequim.” Apesar de considerar que a liberdade académica está garantida na lei do ensino superior, “cada académico pode tomar uma posição de acordo com aquilo que pensa”. “Depois há as diferenças culturais. O chinês que está ligado à cultura confuciana, segue a ideia de lealdade ao chefe”, acrescentou. Tendo em conta este ponto, Eric Sautedé lança ainda críticas à forma como os professores são recrutados. “Os processos de recrutamento são completamente opacos em Macau, enquanto em Hong Kong temos comités de investigação para preencher as vagas nas faculdades.
Hoje Macau China / ÁsiaPortugueses formados em mandarim | Uma era dourada [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira geração de tradutores e intérpretes portugueses de língua chinesa está a aproximar Portugal e China no futebol, literatura ou arte, à medida que as relações entre os dois países entram numa “era dourada”. Tiago Nabais ingressou na licenciatura de Tradução e Interpretação Português/Chinês – Chinês/Português do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) em 2007, depois de uma carreira musical “falhada” e “uns biscates aqui e ali”. Tinha 29 anos. Volvida uma década, concretizou um feito raro em Portugal: traduziu directamente a partir do chinês uma obra literária – “Crónica de um vendedor de sangue”, editado pela Relógio d’Água e escrito por um dos mais aclamados escritores chineses da actualidade, Yu Hua. Também formado pelo IPL, Luís Lino agarrou aos 25 anos uma oportunidade “caída do céu” e rumou à China para servir de intérprete do técnico português André Villas-Boas, que na época passada orientou os chineses do Shanghai SIPG. “Nem queria acreditar”, contou Lino à agência Lusa sobre o convite para integrar o ‘staff’ de Villas-Boas. No final de um treino em que esteve sempre ao lado do antigo treinador do FC Porto, o jovem revela que ainda pensou em tirar o curso de jornalismo após terminar o secundário, mas acabou por optar pelo estudo de uma língua “muito rentável”. O mandarim é a língua mais falada do mundo e o único idioma oficial da República Popular da China, país com 1.375 milhões de habitantes – cerca de 18% da população mundial – e a segunda maior economia do planeta. Em colaboração com o Instituto Politécnico de Macau, o IPL abriu em 2006 a licenciatura de Tradução e Interpretação. O Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino de chinês, garante ainda cursos livres de mandarim em quatro universidades portuguesas – Aveiro, Coimbra, Lisboa e Minho. E, desde 2016, o ensino do chinês foi também introduzido em algumas escolas portuguesas ao nível do secundário e do terceiro ciclo, como alternativa de língua estrangeira. A primeira instituição de ensino superior em Portugal a oferecer uma licenciatura dedicada à língua chinesa, no entanto, foi a Universidade do Minho, com o curso em Estudos Orientais – Estudos Chineses e Japoneses, aberto em 2004. Na altura, a China não era ainda “moda” em Portugal e os “estereótipos” sobre o país entre os portugueses eram “bastante acentuados”, lembra Samuel Gomes, que ingressou naquela licenciatura em 2009. “Existia ainda uma espécie de complexo em aprender mandarim”, afirma o jovem portuense, que em 2016 foi distinguido com o prémio “Melhor Performance Artística” no Chinese Bridge, o maior concurso do mundo para alunos de língua chinesa. O país asiático tornou-se, entretanto, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’. Jorge Torres-Pereira, que terminou em Dezembro passado uma missão de mais de quatro anos à frente da Embaixada portuguesa em Pequim, considera mesmo que as relações entre os dois países atravessam uma “era dourada”. As visitas bilaterais de alto nível registaram, nos últimos anos, uma frequência inédita, enquanto o número de turistas chineses que visitaram Portugal quase duplicou, para 183 mil, entre 2013 e 2016. Samuel Gomes não tem dúvidas: “Hoje, todos os portugueses falam da China”.
Andreia Sofia Silva SociedadeFundação Mário Soares | Carlos Monjardino reestrutura [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]arlos Monjardino, administrador da Fundação Mário Soares, disse ao jornal português Diário de Notícias (DN) que a entidade vai ser alvo de um processo de reestruturação após a morte do seu mentor e fundador, Mário Soares, o ano passado. Em declarações ao DN, Carlos Monjardino adiantou que é objectivo “focar” as áreas em que a fundação pode intervir, uma vez que esta “se dispersa um bocado”. “A fundação não tem de fazer tantas coisas”, explicou, sendo que poderá ser efectuada uma transferência de espólios recebidos pela fundação “que não são essenciais” para a Torre do Tombo. “Temos de tratar como deve ser aquilo que Mário Soares deixou de seu”, afirmou Monjardino, sublinhando também a necessidade de manter na FMS os espólios de personalidades importantes da I República, de companheiros de Soares na luta contra a ditadura, ou os que lá estão de protagonistas dos movimentos de libertação das ex-colónias portuguesas. “É evidente que as coisas não são tão fáceis”, disse o também presidente da Fundação Oriente, reconhecendo que a morte do ex-presidente da República e primeiro-ministro português trouxe ainda mais dificuldades de sobrevivência da fundação, criada em 1991. Ainda assim, o objectivo é manter o seu funcionamento. “Estamos todos a fazer um esforço para que funcione”, disse ao DN. Carlos Monjardino lembrou que os mecenas que doavam fundos à fundação são menos. O conselho de administração deve reunir na próxima semana, sendo depois convocado o Conselho Geral para eleger os novos órgãos sociais, processo que deverá estar concluído no final de Fevereiro. De lembrar que do Conselho Geral fazem parte algumas personalidades de Macau, como é o caso de Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau, o magnata de jogo Stanley Ho e o empresário Sio Tak Hong. O HM tentou ainda um contacto junto de Jorge Neto Valente para saber mais pormenores sobre este processo de reestruturação, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.
Andreia Sofia Silva SociedadeMediação e arbitragem | Macau precisa de mais formação e desenvolvimento de entidades [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Figueiredo, chefe funcional da divisão de estudo do sistema jurídico da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ), participou recentemente na primeira conferência sobre mediação para a zona da Ásia-Pacífico, que decorreu na Coreia do Sul, tendo falado do “Estado como uma parte na mediação das relações comerciais entre fronteiras: desafios e benefícios”. Ao HM, o jurista defendeu que, no caso de Macau, é necessário não só apostar no desenvolvimento das instituições que venham a operar nas áreas da mediação e arbitragem, bem como garantir a formação dos recursos humanos na área do Direito. “Num primeiro plano o Governo já está a melhorar ao desenvolver as leis principais que regulam a arbitragem e a mediação, e criando regulamentação complementar. Quanto às instituições caberá a elas desempenhar o seu papel e tornarem os seus centros de mediação reconhecidos junto de outras jurisdições.” José Figueiredo lembrou que “esta área tem sido pouco aproveitada em Macau”, não apenas por parte da população como “dos agentes jurídicos no geral”. “Há algum desconhecimento em torno desta lei. Portanto a formação tem de ser feita não só para dar a conhecer o regime jurídico à população, para que possam utilizar esse mecanismo, mas também deve ser dada formação a advogados e magistrados para que possam intervir nos processos de arbitragem e mediação”, apontou. Isto porque “apesar de serem meios extra-judiciais, muitas vezes os magistrados são chamados a intervir”. “Também eles precisam de ter formação nesta área para que possam aplicar melhor a lei e tornar o regime aplicável”, frisou. A importância da especialização O responsável da DSAJ lembrou ainda que os tribunais não são especialistas em áreas como o Direito Comercial Internacional, pelo que a mediação e a arbitragem podem ter um papel importante nesta matéria. “Quanto mais volume de trabalho tiverem os tribunais mais difícil será eles darem resposta. Mas depois também se colocam problemas específicos, que têm a ver com a especialidade destes casos, pois se estão em causa matérias com um cunho internacional é preciso que o aplicador da lei tenha alguns conhecimentos de Direito Comercial Internacional.” Isto porque “os tribunais não têm essa especialização e o desenvolvimento destes meios pode permitir não só aliviar os tribunais de alguma carga mas permitir que quem vai decidir o caso tenha alguns conhecimentos sobre a matéria”, rematou José Figueiredo. Na sua apresentação, o jurista lembrou que a não aceitação da mediação ou da arbitragem não é um problema apenas de Macau. “O uso da mediação para resolver disputas administrativas não é, de uma forma geral, aceite no mundo e enfrenta algumas dificuldades de ordem dogmática e conceptual.”
Rui Filipe Torres h | Artes, Letras e IdeiasO mundo como zoológico do Homem Breve referência a 2017 e à nova lei do cinema que se avizinha [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] da nossa natureza de animal enlouquecido, actores e observadores que somos da nossa passagem no mundo, a tentativa de ver em permanência com olhar de satélite o planeta que habitamos, criamos e também destruímos. É o olhar humano mais próximo da ideia do lugar do olhar de Deus, entretanto múltiplas vezes assassinado e múltiplas vezes trazido às nossas vidas. Mesmo atendendo ao empenho fabril com nos entregamos à alienação da nossa condição trágica perante o nada. Do inevitável choque sem cinto de segurança com a morte, condição necessária ao “carpie diem”, é da nossa condição de falência enquanto máquina antropológica, a inquietude e a observação permanente. São as nossas práticas como seres sociais, condição do humano, que nos demonstram a condição de animal enlouquecido. A loucura pode ser heróica, gloriosa, trágica, permanente ou passageira, em função do pensamento dominante da época em que o pensamento e acções concretas se produzem, ou num tempo de análise posterior ao acontecimento. Somos a mais bela máquina horrível. Belos assassinos de nós próprios e do outro(s). É difícil o olhar distanciado e sem paixão sobre nós e sobre o outro. O tempo de vida de cada maquina antropológica em falência que cada um é vai se esgotando, felizmente na maior parte do tempo sem a permanente consciência dessa inevitabilidade. Mas a vida adiciona esse lugar do vazio cada vez mais preenchido dos companheiros mortos. No entanto, nesta esgadanhar da fera ao civilizado é quase sempre desse outro lugar da vida, que nos chegam as ressonâncias e até asserções mais orientadoras e construídas, o presente é produto do passado. Aqui neste lugar do mundo, é a voz milenar de Confúcio e Buda que ecoa em outras de um tempo mais próximo, Jorge Álvares, Camões, Marx, Nietzsche, Sartre, Bergman, Marilyn, Artaud, sim, são muitas, quase infinitas as vozes que nos habitam. Parece ser tendencialmente aceite que o pós-moderno já não nos serve e a hiper-realidade é uma constatação do real com toques glamorosos de uma maquilhagem Dior. O fracasso absoluto dos corpos afogados no mediterrâneo no movimento continuo do fluxo de gentes à procura do sonho da Europa, ou apenas em fuga da miserável condição da ausência pão, o som dos inaudíveis desastres interiores que a custo não queremos ouvir e com força de nervos arrancamos da carne e vamos expulsando para redes de esgotos escondidas, dizem-nos que é bom sermos felizes, supremamente gratos, e que para o sermos não é possível abandonar esse querer primeiro da infância do mundo justo e fértil. Neste nosso mundo há vários mundos. São muitos e diferentes tempos sociais e culturais que produzem os factos sociais que habitamos. Há um Oriente que afirma o sucesso da sua civilização milenar e simultaneamente de enorme modernidade no mundo contemporâneo, e uma europa que se recusa a olhar-se no melhor de si própria, envelhecida paradoxalmente pelo simulacro do novo. É tempo do Pós-Renascimento. Não é suficiente o cartesianismo positivista do iluminismo neste outro século, o XXI. Há por aqui a permanência de um eurocentrismo bacoco e desajustado do real, nos quotidianos da informação televisiva. A banalização do pensamento medíocre em doze letalmente excessiva. Para onde caminhamos é a pergunta, que beleza e horror construímos quotidianamente nas nossas fábricas, campos, cidades? As respostas são abertas, mas pergunta é sempre e continuamente necessária. A legitimação da Arte, passada a euforia dos melhores e piores de 2017, anuncia-se o chegar de uma nova lei para Cinema em Portugal, que continua a partir de um lugar mais pequeno do que o visível a partir de Portugal dos Pequeninos. Neste 2017 a terminar vi muitos filmes. Dos que vi, destaco S. JORGE, do Marco Martins – produção Portuguesa, filme premiado no Festival Internacional de Macau e outros, Veneza é deles. Já aqui escrevi sobre este tremendo filme. Noto também a obra COMBOIO DO AÇUCAR, do Licínio Azevedo – co-produção Portugal-Moçambique, filme que também tive a oportunidade de referenciar por altura do Fantas Porto 2017. Outros felizmente existem que merecem destaque, mas não este o assunto. A actividade do cinema em Portugal continua a ser olhada pelos decisores políticos como coisa menor, com a qual não importa perder tempo nem pensar recursos, estratégias, objectivos, para além daqueles gerais sempre bem enunciados nos preâmbulos do enquadramento legislativo – ao abrigo do artigo 78º Capítulo III no seu ponto 1 e 2, alíneas a) b) c) d) e) da Constituição da República Portuguesa . No entanto na prática a menoridade atribuída à produção e fruição cultural é uma evidência, desde logo no orçamento geral do Estado, mas também, e muito, nos articulados específicos e no funcionamento do ICA- Instituto Público ao qual cumpre desenvolver e cumprir as políticas públicas para o cinema. A realidade que o cinema vive é um ICA que tem como boa filosofia o lavar das mãos como na lenda bíblica de Pôncio Pilatos (relato de Mateus). A nova lei é de que se avizinha a publicação é uma versão com nova data da anterior. Ao que parece, também nestas matérias, é urgente convocar o olhar do Presidente Marcelo , esse gigante dos afectos e do bom senso esclarecido, é que, para além do lugar do cinema enquanto actividade económica a “anos-luz” da sua potencia entre nós, há esse outro lugar mais difícil e menos preciso em quantificar, mas de inegável relevância; o lugar do cinema na identidade, na construção do património simbólico, na estruturação de comportamentos, nas cinevisões do mundo, no desenvolvimento das cidades criativas e política externa dos Estados contemporâneos.
João Luz VozesO estudo [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]obre o mundo existe um pesado véu de desconhecimento que dá abrigo morno ao misticismo, à arbitrariedade e à injustiça. Eu sou a candeia luminosa na noite do obscurantismo, trago esclarecimento e soluções para os problemas que envenenam os dias de iniquidade. Sou o judicioso estudo, o labor da ciência, o método de atingir o conhecimento. Pelo menos, esse é o meu original intento. Em tempos em que o desvirtuamento e a perfídia fazem gato sapato da honestidade, sou a credibilização científica das vontades feitas. O poder procura uma solução, uma hipótese conveniente, e eu vendo-lhe validação mascarada de técnica obedecendo à decisão tomada previamente. Sou o epílogo de cálculo no decadente teatro do calculismo, a corroboração pré-definida que antecipa a concretização, a vitória esmagadora da hipótese sobre tese, antítese, sou a proposta que passa por verdade absoluta e que pega o empirismo pelos colarinhos, proferindo violentas ameaças. Sempre que a plebe pede resolução, mesmo que seja para as coisas mais mundanas da vida, eu coloco no caminho o entrave da suposta ponderação. Seja um remendo no passeio, uma solução para a lentidão da Internet, a construção de um edifício para habitação social, ou qualquer outro problema prático, eu sou a protelação, a dilação, o estudioso banho-maria que coloca a vida em suspenso. A quantidade de estudos encomendados nesta cidade daria para encher a Biblioteca de Alexandria, para eliminar de vez qualquer vestígio de irracionalidade e compreender os mistérios da física e as razões escondidas pelos astros. Em vez disso, sirvo para revestir discricionariedade e velhacaria com a ilusão da sapiência, dou tempo para que as coisas apodreçam para além da paciência de todos. Tenho uma amiga do coração, a consulta pública. Juntos formamos uma coligação burocrática que suplanta qualquer vontade de resolução, que torna o tempo numa massa espessa que escorre lentamente. Transformo relógios em lesmas mecânicas que rastejam ao longo de um rasto de gosma que brilha como galáxias no empedrado. Acrescento anos à data prevista para a abertura de coisas, para o início de algo importante para a entediante necessidade das pessoas, esse empecilho prático à cumulação sabedoria. Sou a negação do método científico, declaro guerra à forma desapaixonada como o empirismo se alicerça na experiência sensorial. Matemática, estatística e toda as formas de cálculo são obstáculos contornáveis. Escolho-os para as minhas conclusões como quem apanha cerejas, seleccionando apenas aquelas que parecem mais maduras. Tenho um desprezo contido, sub-reptício, aos legados de Newton, Curie, Darwin, Faraday e Copérnico. A ciência que se torna universal serve apenas os pobres. À vista dos meus intentos, Pasteur e Freud não passam de um par de tarados com fixações lactantes e um ego que em muito extravasa a magnificência do dinheiro. Tenho uma aversão conceptual a teorias e teoremas. O meu universo de actuação é a folha de Excel, essa é a minha excelência. Enquadro a realidade em grelhas numeradas, as células que verdadeiramente interessam. Estás a ouvir-me Robert Hooke? Esse mundo novo de microbiologia não tem qualquer validade na minha galáxia de anexos e intuições oficiais. Sou compilações de dados sem relação, a fonte de onde brotam milhões de páginas que jamais alguém vai ler ou ter em conta, palha científica que tem como fim a inutilidade e a morte da cognição. Quero ter uma relação extraconjugal com causa e levar a que esta se divorcie do efeito, quero minar essa relação com a sedução de um espectáculo de PowerPoint. Quero ser conveniência, concórdia, estabilidade. Irrita-me a forma como o conhecimento pode ser revolucionariamente impertinente e é aí que consigo a minha validade. Encomendem-me e serei conclusão do vosso inteiro agrado, pronto para vos servir sempre que necessário. Consultem-me e serei o vosso sapiente amigo.
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasPoesia – Georg Trakl Música em Mirabell[1] 2ª versão [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma fonte canta. As nuvens estão No azul claro, brancas, ternas. Pensativos, homens caminham em silêncio À noite através do velho jardim. Dos antepassados o mármore encaneceu. Aves em migração tracejam o longe. Um fauno com olhos mortos vê Sombras que deslizam para a escuridão. A folhagem cai encarnada da velha árvore E entra em círculos pela janela aberta para dentro de casa. Uma chispa de fogo encandece no espaço E pinta fantasmas perturbados pela angústia. Um estranho branco entra dentro de casa. Um cão precipita-se por corredores apodrecidos. A criada apaga uma vela. O ouvido escuta de noite sons de sonatas. Musik im Mirabell Zweite Fassung Ein Brunnen singt. Die Wolken stehn Im klaren Blau, die weißen, zarten. Bedächtig stille Menschen gehn Am Abend durch den alten Garten. Der Ahnen Marmor ist ergraut. Ein Vogelzug streift in die Weiten. Ein Faun mit toten Augen schaut Nach Schatten, die ins Dunkel gleiten. Das Laub fällt rot vom alten Baum Und kreist herein durchs offne Fenster. Ein Feuerschein glüht auf im Raum Und malet trübe Angstgespenster. Ein weißer Fremdling tritt ins Haus. Ein Hund stürzt durch verfallene Gänge. Die Magd löscht eine Lampe aus, Das Ohr hört nachts Sonatenklänge. [1] TRAKL, GEORG. (2008). Das dichterische Werk: Auf Grund der historisch-kritischen Ausgabe. Editores: Walther Killy e Hans Szklenar. Munique. Deutscher Taschenbuch Verlag, p. 13. Crepúsculo de Inverno[1] Dedicado a Max von Esterle Negro céu de metal. Nas tempestades encarnadas gralhas enlouquecidas de fome, voam de noite Lívidas, sobre o relvado do parque. Nas nuvens, congela um raio até morrer; E ante as maldições de Satanás, elas contorcem-se em círculo e em número de sete descem para poisar sobre a terra. Na podridão, doce e sem sabor, Aparam, em silêncio, os seus bicos. Ameaçam as casas das paragens em redor; Há claridade no teatro. Winterdämmerung[2] An Max von Esterle Schwarze Himmel von Metall. Kreuz in roten Stürmen wehen Abends hungertolle Krähen Über Parken gram und fahl. Im Gewölk erfriert ein Strahl; Und vor Satans Flüchen drehen Jene sich im Kreis und gehen Nieder siebenfach an Zahl. In Verfaultem süß und schal Lautlos ihre Schnäbel mähen. Häuser dräu’n aus stummen Nähen; Helle im Theatersaal. Kirchen, Brücken und Spital Grauenvoll im Zwielicht stehen. Blutbefleckte Linnen blähen Segel sich auf dem Kanal. [1] KL, GEORG. (2008). Das dichterische Werk: Auf Grund der historisch-kritischen Ausgabe. Editores: Walther Killy e Hans Szklenar. Munique. Deutscher Taschenbuch Verlag, p. 14. [2] https://lyricstranslate.com/pt-br/duu07-winterd%C3%A4mmerung-cr%C3%A9puscule-dhiver.html#ixzz50H6qb4AY
Valério Romão h | Artes, Letras e IdeiasEnfartamento natalício [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] natal, na minha família, envelhece mal. Quando era criança e durante o tempo que estive em França, os únicos natais felizes eram aqueles em que a minha família (irmãs, cunhados e sobrinhos) chegava de Portugal para passar o Natal connosco. Os meus avós moravam no interior algarvio e pouco ou nada viajavam dentro de Portugal, quanto mais para fora. A vida do campo era duríssima e o tempo, embora desabitado do stress contemporâneo, não abundava. Os natais com avozinhos a contar histórias e crianças aos pulos na excitação das prendas, só os conheço da televisão. Com o tempo e como é natural, as pessoas vão morrendo e as famílias reorganizam-se em redor dos que nascem. No caso da minha família, os nascimentos são pouquíssimos. Temos tendência para a monocultura (rapazes) e para fechar a loja à primeira venda (um filho por casal). Como os casamentos e demais ajuntamentos não têm durado, a presença de cônjuges é pouco frequente. Ainda assim, o meu cunhado insiste em cozinhar como se fôssemos uma corporação de bombeiros a sair do ramadão. São semanas a comer sobras. A medida que os anos passam, a coisa torna-se cada vez mais deprimente. As pessoas chegam cansadas ou enfadadas à mesa – e, às vezes, ambas – e olham para o repasto com o fastio de quem se está a ver a comer a mesma coisa durante um mês. No tempo em que dávamos guarida a dois ou três convidados com famílias ainda mais depauperadas do que a nossa, esforçávamo-nos para disfarçar o enfado. Agora, o natal é só um jantar em jeito de exagero. A mãe queixa-se de não ter conseguido acabar de ver o telejornal, o sobrinho e cunhado disputam o comando da televisão da cozinha, a mana diz que detesta canja de cabeça de javali e come, enjoadinha, uma gamba “com demasiado sal”. Quem não bebe, nessa noite concede uma excepção. Quem bebe, bebe mais e mais depressa. O objectivo é a obnubilação rápida da consciência. Com a parca educação restante, dá-se os parabéns ao cozinheiro: “muito bom, acho que é o teu melhor borrego de sempre”. A coisa decorre com a alegria de um funeral até ao estertor final, sinalizado normalmente pelo início de um dos Sozinho em casa. As pessoas continuam a disputa pelo comando no sofá e o meu cunhado, infelicíssimo, fica a contemplar a quantidade de comida na mesa como se esta se houvesse transformado em dinheiro em chamas. Como estamos todos progressivamente mais pobres, não há prendas. Nem simbólicas. Tendo em conta de que não temos convidados, já não nos damos ao trabalho de fingir que comprámos qualquer coisa a pensar em alguém. Tapamo-nos com umas mantas à frente da televisão e deixamos o cérebro esbracejar sem grande vontade no lago de vinho em que o afogámos. Na televisão, sucedem-se os “filmes de família” – a expressão pela qual cunharam o amontoado de lixo que Hollywood tem vindo a produzir com abastança e regularidade. Daqui a vinte anos, com mais mortes e o mesmo número nulo de nascimentos, talvez possamos deixar de fazer de conta que no natal temos de fazer de conta e passamos, sem vergonhas, a dizer não à ceia natalícia. Seremos poucos, é certo, mais isso é somente uma razão mais para dizer não. Não à ceia, não à comemoração daquela coisa nenhuma, não a qualquer tipo de promoção da quadra. Como defesa, poderemos sempre dizer que as épocas festivas deveriam servir para nos sentirmos melhores e, por pouco tempo que fosse, especiais. Se nem para isso servem, de que servem então?
Hoje Macau China / ÁsiaLi Keqiang no Camboja com o rei e Hun Sen [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ao Camboja será de grande importância para a cooperação Lancang-Mekong e os laços China-Camboja, afirmou um diplomata. Li participará da segunda reunião dos líderes da Cooperação do Rio Lancang-Mekong em Phnom Penh e realizará uma visita oficial ao Camboja entre 10 e 11 de Janeiro. Iniciada em 2014, a cooperação Lancang-Mekong cresceu rapidamente com um mecanismo gradualmente melhorado e uma implementação constante dos frutos, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Kong Xuanyou, sobre a próxima visita de Li. A reunião deste ano concentra-se na paz e no desenvolvimento sustentável da área. Os líderes faram um balanço dos progressos e estabelecerão um plano para o futuro da cooperação Lancang-Mekong, segundo Kong. O vice-ministro informou que Li anunciará as iniciativas e medidas da China para aprofundar a cooperação pragmática e injectar um novo ímpeto no mecanismo. Uma série de documentos serão divulgados após a reunião, incluindo um plano de acção de cinco anos do mecanismo e uma lista do segundo lote de projectos de cooperação, acrescentou. Este ano marca o 60º aniversário das relações sino-cambojanas. Kong indicou que a próxima visita do primeiro-ministro ajudará os dois países a consolidar a amizade tradicional e promover a cooperação estratégica abrangente bilateral. “Os laços entre a China e o Camboja se tornaram um modelo para as relações entre países”, apontou. Durante sua estadia no Camboja, Li se encontrará com o rei cambojano Norodom Sihamoni e terá conversações com seu homólogo Hun Sen. Ambos os líderes trocarão ideias sobre os laços bilaterais e as questões internacionais e regionais de preocupação comum, a fim de planejar o desenvolvimento futuro das relações sino-cambojanas. De acordo com Kong, os dois lados deverão alcançar consenso e assinar documentos de cooperação em infra-estrutura, ciência, agricultura, turismo e outros campos. “Esperamos que essa visita seja um sucesso completo”, concluiu Kong.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping destaca construção de forças de combate de elite A mensagem de Xi Jinping não podia ser mais claro: os generais e as forças armadas devem obedecer aos comandos do Partido. E mais nada. Além de exigir a modernização e a eventual vitória [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, ordenou a criação de forças de combate de elite através do treino de combate real, digitalização, inovação e reforma. Xi, também presidente da Comissão Militar Central (CMC), fez as declarações durante uma inspecção realizada a uma divisão do Exército de Libertação Popular (ELP) no Comando do Teatro de Operações Central. Xi, em nome do Comité Central do PCC e da CMC, expressou felicitações de Ano Novo a todo o pessoal do ELP, da polícia armada, da tropa civil e das forças de reserva. Durante a inspecção, Xi abordou o tanque de batalha 99A, o modelo mais novo de desenvolvimento da China e conhecido como “o rei das batalhas terrestres”, e o veículo de lançamento de mísseis antitanque Flecha Vermelha-10, para conhecer os armamentos utilizados no exército. Também visitou uma companhia de reconhecimento para observar o treino realizado por franco-atiradores e perguntou sobre o sistema de combate individual dos soldados. Xi conversou com os novos recrutas que recebem treino sobre reconhecimento e combate e incentivou-os a aperfeiçoar as suas capacidades e esforçar-se por se tornarem heróis de reconhecimento. Xi visitou ainda um centro de treino de simulação, e reuniu-se com os oficiais da divisão. Depois visitou o centro de exibição da história da divisão. Xi pediu ao exército impulsionar o treinamento militar orientado à preparação para combate e concentrar-se no combate dedicadamente enquanto fortalecer pesquisas sobre tropas digitalizadas, e perguntou sobre os conceitos de inovação e as tácticas de batalha, assim como a melhoria no treino de combate real e a capacidade para vencer guerras. Xi sublinhou a importância da coordenação entre diversas forças e sistemas e pediu esforços crescentes na criação de um sistema de informação e dados sobre combate. Ao sublinhar a importância da inovação e reforma, Xi pediu por resultados científicos e tecnológicos dos oficiais e soldados com uma melhor aplicação de dispositivos de ciência e tecnologia. “Devem-se fazer esforços para cumprir o espírito do 19º Congresso Nacional do PCC e garantir que as forças armadas sempre sigam as instruções do Comité Central do PCC e da CMC”, assinalou Xi. “É necessário prestar grande atenção a digitalização para fomentar mais talentos militares de alta qualidade”, mencionou. Xi disse que os oficiais e soldados devem ser bem cuidados e que os estilos de trabalho indesejáveis e a corrupção devem ser contidos decididamente”. Os vice-presidentes da CMC, Xu Qiliang e Zhang Youxia, assim como outros altos oficiais militares participaram do evento. Altos quadros são “cruciais” na governação O presidente chinês, Xi Jinping, disse na sexta-feira que os membros do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e os funcionários dos níveis provincial e ministerial são “cruciais” para a governanção firme do Partido e do país. Xi, também secretário-geral do Comité Central do PCC e presidente da Comissão Militar Central, fez as observações na abertura de um workshop com participação de membros e membros suplentes recém-eleitos do Comité Central do PCC, bem como funcionários dos níveis provincial e ministerial. Xi pediu que esses funcionários aumentem sua consciência política, adoptem uma perspectiva histórica, reforcem o pensamento teórico, considerem as conjunturas de grande contexto e melhorem o seu conhecimento e realizações intelectuais para pensar e entender os grandes assuntos teóricos e práticos com uma perspectiva mais ampla. O workshop concentra-se no estudo e implementação do “Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas na Nova Época” e do espírito do 19º Congresso Nacional do PCC.