Hoje Macau EventosLivros | Lobo Antunes e Carmen Miranda para os mais novos [dropcap]E[/dropcap]ntre as novidades literárias deste ano da Imprensa Nacional Casa da Moeda para 2018 estão as biografias ilustradas do escritor António Lobo Antunes e da artista Carmen Miranda, assim como um livro informativo sobre a águia-imperial-ibérica. De acordo com o plano editorial divulgado, na colecção “Grandes Vidas Portuguesas” sairá uma biografia sobre António Lobo Antunes, escrita por Jorge Reis-Sá e ilustrada por Nicolau. Quanto à biografia de Carmen Miranda, é assinada por Tito Couto e ilustrada por Sofia Neto. As biografias do General Humberto Delgado é da autoria de José Jorge Letria, com ilustração a cargo de Richard Câmara. Está também planeada, apesar de ainda não ter data de publicação, uma biografia em moldes semelhantes sobre Mário Soares. À agência Lusa, o director de arte e coeditor das obras, André Letria, explicou que está prevista ainda a edição de livros informativos sobre a águia-imperial-ibérica, com texto de Carla Maia de Almeida e ilustração de Susa Monteiro, e sobre exemplos de etnografia portuguesa, dos caretos ao bordado de Castelo Branco, da autoria da antropóloga Vera Alves e da ilustradora Carolina Celas. Desde 2014, a Imprensa Nacional tem investido na edição de livros para a infância e juventude, com grande destaque para a vertente visual. “É uma forma de trabalhar com autores diferentes e prestar um serviço público com estes temas e estes ilustradores”, explicou André Letria, ilustrador, autor e editor. O plano editorial para 2018 incluirá ainda um livro sobre a Biblioteca Nacional, escrito por Luísa Ducla Soares, ainda sem ilustrador definido, e outro de Pedro Vieira e André Letria, com histórias sobre o Diário da República, cuja origem, com outra designação, remonta ao século XIX. A colecção infanto-juvenil da Imprensa Nacional reúne quase duas dezenas de títulos, a maioria já recomendada pelo Plano Nacional de Leitura.
Diana do Mar EventosFAM | Cartaz assinala bicentenário do nascimento de Karl Marx Foi ontem apresentado o cartaz do Festival de Artes de Macau (FAM) que vai decorrer entre 27 de Abril e 31 de Maio. Do teatro, à música, passando pela dança, a programação deste ano tem um pouco de tudo. Os bilhetes vão ser postos à venda a partir do próximo Domingo É com a peça de teatro “Das Kapital”, uma nova versão do clássico de Karl Marx, que abre o pano do XXIX Festival de Artes de Macau (FAM). O espectáculo, levado à cena pelo Centro de Artes Dramáticas de Xangai, foi escolhido para assinalar o bicentenário do nascimento do filósofo alemão. A peça contem “elementos próprios de Macau, ilustrando as duas faces do capital, com recurso ao humor negro.” O cartaz do FAM deste ano, apresentado ontem pelo Instituto Cultural (IC), é subordinado ao tema “origem”, como simbolismo de “fonte de vida” e apresenta 26 propostas de uma dezena de países e territórios, incluindo Reino Unido, Portugal, Alemanha, Israel, Japão ou Coreia do Sul, num total de mais de 100 eventos. O FAM abre com teatro e fecha com dança. “13 Línguas” foi o espectáculo escolhido para o encerramento. Originalmente uma encomenda do Festival Internacional de Artes de Taiwan de 2016, “13 Línguas” chega este ano ao público de Macau pelas mãos da companhia Cloud Gate 2. Entre os principais destaques do cartaz figuram “Mulheres de Tróia”, uma peça do mestre de teatro contemporâneo Tadashi Suzuki que mostra a miséria e a desolação do Japão no pós-guerra, bem como a adaptação d’ “O Processo”, a obra clássica de Franz Kafka, apresentada pela companhia sul-coreana Sadari Movement Laboratory. No mesmo domínio artístico, sobressai a “Acompanhante”, obra de Eisa Jocson, uma coreógrafa e bailarina das Filipinas, que explora o corpo feminino e a política de género. A companhia Subject_to Change, do Reino Unido, apresenta o premiado “Lar Doce Lar”, desafiando os participantes a construir casas em cartão e a edificar uma cidade. Outras propostas incluem uma adaptação da obra “A Noite Antes da Floresta”, do famoso dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès, apresentada pela Associação de Arte Teatral Dirks, em colaboração com uma encenadora irlandesa e a sua equipa internacional de actores; ou a co-produção “Júlia Irritada”, baseada na peça do dramaturgo sueco August Strindberg e representada, com um toque sarcástico, por actores de Macau e Singapura, que foi, aliás, um encomenda do FAM ao grupo de Singapura Nine Years Theatre. Estaleiros e Migrantes em foco Com Macau como pano de fundo, destaque para duas peças de teatro: “Pôr-do-Sol nos Estaleiros”, uma proposta da Dream Theater Association, que conta a história da indústria de construção naval do território, e “Migrações”, criada pelo Teatro Experimental que tem como protagonistas trabalhadores indonésios. Há também, como é habitual, Teatro em Patuá, com o Grupo de Teatro Dóci Papiáçam di Macau a apresentar este ano “Qui di Tacho?” (Que é do Tacho?), à boleia da recente designação de Macau como “cidade gastronómica”, para ver nos dias 19 e 20 de Maio. O teatro tem, de resto, lugar de relevo, em diferentes formatos: há teatro físico, por via do “Rua Vandenbranden, 32”, do conceituado grupo belga Peeping Tom; teatro-dança e instalação em “Murmúrio de Paisagem”, a cargo da Associação de Artes e Cultura Comuna de Pedra. De Portugal, chega “Parasomnia”, teatro imersivo com recurso a instalações de imagens e sons de Patrícia Portela que se baseou no ensaio incompleto “Sobre o sono, o despertar e a ausência de sonhos”, da autoria de Acácio Nobre. Ao programa do FAM junta-se ainda a nova produção da coreógrafa local Tracy Wong, “As Franjas Curiosas – Explosão da Caverna”, que combina dança, artes visuais e instalação. “Esponja”, da companhia “Turned On Its Head” (Reino Unido) e “Quando Tudo Era Verde”, da The Key Theatre (Israel) entram na secção dos programas para a toda a família, a par com “À Procura da Memória”, da associação artística local Cai Fora, e a “Mostra de Espectáculos Ao Ar Livre”, que junta uma série de grupos, entre os quais a Casa de Portugal. O FAM também revisita, como sempre, os clássicos das artes tradicionais: “O Sonho da Câmara Vermelha”, peça de ópera cantonense clássica, é uma das principais sugestões, a par com a “Mostra de Clássicos Chineses Quyi”, que apresenta os destaques dos últimos 200 anos da história da arte Quyi de Guangdong através de canções narrativas naamyam e da percussão baatyam. O cartaz inclui ainda dois concertos (um do maestro escandinavo Henning Kraggerud e a Orquestra de Macau; e outro, de Fado, que junta o maestro Liu Sha e a Orquestra Chinesa de Macau) e uma exposição dedicada a Marc Chagall, um dos principais nomes do Modernismo. “O Festival de Artes de Macau está mais diversificado e mais em contacto com a realidade, tendo expandido a escala do público-alvo, intensificando mais produções locais, manifestando ainda um papel mais relevante na cooperação e intercâmbio artístico, bem como na formação de talentos locais”, afirmou a presidente do IC, Mok Ian Ian. O FAM conta com um orçamento de 22 milhões de patacas, menos três por cento relativamente à edição anterior. No entanto, Mok Ian Ian desvalorizou o corte. “Para aderir à política de utilização racional dos recursos financeiros, assumimos uma atitude prudente na gestão. Não obstante, a qualidade não será influenciada”. Paralelamente ao festival propriamente dito decorre uma série de actividades, como ‘workshops’, palestras com artistas ou projecções de filmes. Ambos os programas encontram-se disponíveis em www.icm.gov.mo/fam
Hoje Macau China / ÁsiaONU denuncia que limpeza étnica dos rohingya prossegue em Myanmar A limpeza étnica da minoria muçulmana rohingya continua no estado de Rakhine, no oeste de Myanmar (antiga Birmânia), de onde mais de 700.000 pessoas fugiram desde Agosto para o vizinho Bangladesh, alertaram ontem as Nações Unidas. A ONU e organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado repetidamente os crimes cometidos pelo exército birmanês na ofensiva que iniciou no norte de Rakhine, em resposta ao assalto armado de um grupo rohingya rebelde a 25 de Agosto. O assistente do secretário-geral da ONU para os Direitos Humanos, Andrew Gilmour, sustentou que apesar de o grau de violência ter sofrido uma redução, as forças de segurança birmanesas continuam a cometer assassínios, violações, torturas, sequestros e a negar alimentos a elementos daquela etnia. “Parece que a violência generalizada e sistemática contra os rohingya persiste”, disse Gilmour num comunicado emitido após a sua visita aos campos de refugiados no Bangladesh. “A natureza da violência mudou para uma campanha de terror de baixa intensidade e fome forçada que parece ter sido elaborada para empurrar os rohingya, que ainda estão em suas casas, em direcção ao Bangladesh”, acrescentou. O responsável recriminou ao Governo birmanês que diz estar preparado para o regresso dos refugiados quando a violência persiste, frisando que, nas actuais condições, “o retorno seguro, digno e sustentável é impossível”. Por outro lado, elogiou a resposta humanitária do Bangladesh – um país pobre – e de organismos internacionais em relação aos rohingya, embora alertando para os “devastadores efeitos” que o início da estação das chuvas trará para os campos de refugiados. O Bangladesh e Myanmar assinaram um acordo para começar a repatriar os refugiados em finais de Janeiro deste ano, mas Dacca suspendeu-o à última hora. O exército birmanês negou os abusos, depois de no passado mês de Janeiro ter admitido um caso de assassínios extra-judiciais de rohingya que foram enterrados numa vala comum, em Setembro de 2017. Myanmar não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e submete-os desde há décadas a todo o tipo de discriminações, incluindo restrições à liberdade de movimentos e ao acesso ao mercado de trabalho.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreias | Kim Jong Un tem conversa de “coração aberto” com dirigentes sul-coreanos O líder norte-coreano, Kim Jong Un, teve ontem uma “conversa de coração aberto” com os enviados do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, noticiou a agência noticiosa estatal da Coreia do Norte, a KCNA Esta foi a primeira reunião de dirigentes de Seul com Kim Jong Un, em carne e osso, desde que este sucedeu ao seu pai, que faleceu em 2011. O despacho da agência norte-coreana adiantou que Kim exprimiu o desejo de “escrever uma nova história de reunificação nacional” durante um jantar na noite anterior. Dado o sangue já derramado, os testes de armas pela Coreia do Norte e as ameaças de guerra ao longo do último ano, há um considerável cepticismo sobre os aparentes sinais de descongelamento entre as Coreias. Mas cada novo desenvolvimento também aumenta a possibilidade de os rivais usarem a atmosfera criada durante a participação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos de Inverno, que decorreram em Pyeongchang, na Coreia do Sul, para reduzir a tensão em torno das ambições nucleares de Pyongyang e recomeçar as conversações entre a Coreia do Norte e os EUA. Atmosfera sincera Ainda segundo a KCNA, Kim Jong Un acolheu com satisfação os visitantes sul-coreanos, a quem apresentou as suas perspectivas em relação à “activação de um diálogo versátil, contacto, cooperação e intercâmbio”. A Kim é também atribuída a afirmação de que deu “instruções importantes para a área relevante para tomar medidas práticas rapidamente” para uma cimeira com Moon Jae-in. O papel de um líder confiante e acolhedor de representantes, de grau inferior, do Sul rival, é um dos que agradam claramente a Kim. Tirou fotos com os sul-coreanos e promoveu o que foi descrita como “uma atmosfera sincera e co-patriótica”. Mas muitos no Sul e nos EUA querem saber o que Kim Jong Un planeia fazer depois da barragem de testes com armas, que levantaram o espectro da guerra. O Norte tem dito, repetidamente, que não prescinde do seu armamento nuclear, enquanto prossegue a construção de um arsenal que possa alcançar o território continental norte-americano. A delegação sul-coreana, com 10 elementos, é liderada pelo director de segurança nacional, Chung Eui-yong. Esta viagem ao Norte de dirigentes sul-coreanos de nível elevado é a primeira conhecida desde há 10 anos.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Aposta no consumo interno para atingir meta de crescimento O responsável pelo organismo máximo encarregado da planificação económica da China manifestou-se confiante de que um aumento do consumo interno permitirá ao país atingir a meta de crescimento económico prevista pelo Governo, de 6,5 por cento. He Lifeng, presidente da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), afirmou que o contributo do consumo interno para o crescimento da economia chinesa pode superar este ano os 60 por cento, depois de se ter fixado em 58,8 por cento em 2017. Pequim está a encetar uma transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo interno, em detrimento das exportações e investimento, que asseguraram três décadas de trepidante, mas “insustentável” crescimento económico. He Lifeng afirmou que a meta de crescimento para este ano “está em linha com as expectativas e pode ser atingida através de muito trabalho”. Caso atinja aquela meta, a economia chinesa registará um dos ritmos de crescimento mais acelerados do mundo em 2018.
Hoje Macau China / ÁsiaInvestimento | Criado financiamento para apoiar projectos de Uma Faixa Uma Rota As empresas que queiram aproveitar as oportunidades trazidas pela política Uma Faixa, Uma Rota têm agora um novo canal para financiar os seus projectos ao longo da extensão territorial abrangida pela política A Hengyi Petrochemical Co., com sede na Província de Zhejiang, emitiu, na passada Segunda-feira, 500 milhões de yuans em títulos corporativos a três anos na Bolsa de Valores de Shenzhen para apoiar projectos abrangidos pela política Uma Faixa, Uma Rota do Cinturão e Rota. O recurso financeiro tem como intenção ser usado para financiar o projecto petroquímico da empresa em Brunei, segundo um comunicado da companhia à bolsa de valores de Shenzhen. A acção da petrolífera ocorre depois de Pequim permitir que empresas nacionais e estrangeiras, bem como instituições apoiadas pelo Governo em países abringidos pela política Uma Faixa, Uma Rota, emitam tais títulos através das bolsas de valores de Xangai e Shenzhen. A Comissão Reguladora de Valores da China divulgou na última Sexta-feira a aprovação de pedidos de sete empresas chinesas e estrangeiras para emitir um total de 50 bilhões de yuans em títulos para financiar a iniciativa da faixa económica. Novas rotas A Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, proposta pela China em 2013, busca construir redes de comércio e infraestruturas que conectem a Ásia com a Europa e a África com base nas antigas rotas comerciais terrestres e marítimas. As empresas chinesas construíram 75 zonas para cooperação económica e comercial em 24 países ao longo da faixa económica, criando quase 209 mil empregos locais. De acordo com as directrizes de Pequim, é necessário expandir os canais de financiamento para atender à enorme procura de financiamento ao longo dos territórios abrangidos por Uma Faixa, Uma Rota, disse Jiang Chao, pesquisador da Haitong Securities, à Xinhua. De acordo com a agência oficial, o académico espera que as emissões de títulos continuem a aumentar ao longo dos próximos tempos.
Hoje Macau SociedadeRita Santos | Comendadora reeleita presidente do Conselho das Comunidades A comendadora Rita Santos foi reeleita presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Ásia e Oceânia. A eleição aconteceu esta segunda-feira durante a reunião do conselho que teve lugar em Sidney, na Austrália, e que contou com a presença do Secretário de Estado para as Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro. De acordo com a Rádio Macau, o representante do Governo português abordou o caso do recenseamento automático, que já se encontra no parlamento para discussão. Na proposta, o Governo de Portugal propôs o recenseamento automático a todos os portugueses residentes fora do país, desde que tenham os endereços actualizados consoante os países de acolhimento. José Luís Carneiro referiu também na reunião que está a ser estudada a possibilidade de aumentar o salário dos funcionários do consulado até ao máximo de 5 por cento. O possível aumento irá incidir em países com um índice de qualidade de vida superior ao de Portugal, como é o caso de Macau, aponta a mesma fonte. Na reunião estiveram presentes o embaixador de Portugal na Austrália, Paulo Cunha Alves, o presidente do Instituto Camões e Embaixador Luís Faro Ramos e o Cônsul-Geral de Portugal em Sydney, Paulo Domingues. Rita Santos – que vai abarcar a jurisdição da China, Macau, Hong Kong, Austrália, Timor-Leste, Tailândia, Coreia do Sul, Singapura, Indonésia, Japão e Índia – vai ter Sílvia Renda (círculo da Austrália) a assumir a vice-presidência e Armando Jesus (círculo da China, Macau e Hong Kong) a desempenhar o papel de secretário.
Hoje Macau SociedadeDavid Chow | Macau Legend diz-se interessada em investir em Setúbal Afinal o interesse do empresário David Chow por Setúbal não esmoreceu. Em declarações ao Diário da Região, Duarte Pinto Gonçalves, representante da Macau Legend Development em Lisboa, disse ao jornal de Setúbal que foi apresentado um plano de investimento de 246 milhões de euros, tendo desmentido as recentes declarações da Ministra do Mar, sobre a desistência de Chow do projecto da marina. “É totalmente falso. O interesse não é apenas na Marina de Setúbal mas em desenvolver um projecto de turismo integrado na região, conforme é público. Desconheço a origem de tal notícia.” “Solicitámos formalmente a concessão do edifício Cais 3, tendo a mesma sido recusada justamente para incluir no tal concurso de Marina, que sairá um dia. Pretendíamos instalar equipamentos de animação, entretenimento e restauração e arrancar de imediato com a fase 1, bem como construir o parque de estacionamento no terreno vizinho. Não foi possível, a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) entendeu de outra forma. Só nos resta aguardar.”, disse Duarte Pinto Gonçalves ao diário. Esse pedido de concessão do Cais 3 à Macau Legend foi apresentado em Novembro do ano passado e foi recusado em Janeiro pela APSS, que defendeu a necessidade de incluir o edifício no concurso público que a Câmara Municipal de Cascais está a pensar para a Marina de Setúbal. Nesse sentido, a Macau Legend Development decidiu “avançar com a fase 1” ao perceber que o projecto de revitalização da zona ribeirinha de Setúbal “ia levar vários anos”. Duarte Pinto Gonçalves clarificou que a empresa de David Chow “tem tido boa colaboração da APSS” O responsável garantiu estar a aguardar pela realização do concurso público. “Neste momento, mantemos [a estratégia], mas temos que esperar, não temos outra saída, pois a zona do projecto será, ao que parece, afectada pelo concurso da Marina. Quando o concurso sair veremos.”, comentou. “Gostaríamos muito de, em breve, estarmos a operar qualquer coisa em Portugal”, conclui o empresário.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTaxistas | Associação de passageiros procura revitalização Após um período de interregno devido às melhorias do comportamento dos taxistas, a Associação dos Passageiros de Táxis de Macau entende que há agora motivos para reactivar as suas actividades devido à deterioração do serviço desde o ano passado [dropcap]A[/dropcap]pós o agravamento das infracções no sector dos táxis, a Associação dos Passageiros de Táxis de Macau (MPTA, em inglês) aposta no regresso ao activo. Neste momento, a entidade encontra-se à procura de um gestor que, entre outras tarefas, vai procurar financiamento. Segundo o presidente da associação, Andrew Scott, um dos principais objectivos da revitalização passa por garantir o funcionamento da MPTA, independentemente da disponibilidade dos associados. “A situação ficou pior desde Outubro de 2015. Na maior parte desse ano houve uma grande melhoria na situação dos sector porque vimos o Governo muito focado em fazer cumprir a lei. No entanto, as raízes dos problemas não foram resolvidas e estes estão de volta”, disse Andrew Scott, ao HM. “O cenário não está tão mau como em 2014, mas a situação piorou significativamente. Por isso, sentimos que é necessário reactivar a associação e fazer algo para melhorar o ambiente no sector”, acrescenta. A contratação de pessoas para trabalharem com a MPTA é uma das diferenças face à primeira vida da entidade. “Para termos uma associação sustentável precisamos de funcionários. Temos a esperança de encontrar alguém em Macau que vai ter como primeira missão garantir o financiamento necessário para as operações do dia-a-dia”, explica. Garantidos os fundos, o trabalho vai passar pela realização de iniciativas que possam contribuir para a melhoria do sector. Entre as ideias em cima da mesa está a criação de um prémio para distinguir o melhor taxista do ano em Macau, a oferta de formações gratuitas para os motoristas e a instalação nos táxis de materiais em várias línguas para comunicar com os condutores. Nesses materiais vão constar, por exemplo, os nomes das principais atracções turísticas. Alterações à lei Em conversa com o HM, Andrew Scott declarou ainda o apoio da MPTA a eventuais alterações à lei dos táxis, que façam com as penalizações fiquem mais pesadas. “Concordamos com a posição do secretário sobre a necessidade de mudar a lei. As multas actuais não oferecem motivação suficiente para os taxistas cumprirem a lei. As multas são pequenas. Se olharmos para Singapura, as multas são muito altas e este problema não se verifica”, defende. “A multa máxima aplicável ronda as mil patacas, que é um valor que pode ser coberto com uma ou duas cobranças ilegais”, frisou. Por outro lado, Andrew Scott reconheceu a necessidade de aumentar o número de táxis a circular em Macau, que considera ser um dos principais problemas que os passageiros enfrentam. “Qualquer medida que coloque mais táxis a circular em Macau é positiva. Não temos um número suficiente a circular e esse é um dos principais problemas do território. Em Macau circula um táxi para 20 mil pessoas, em Hong Kong temos um táxi para 2 mil pessoas”, justifica o presidente da MPTA.
Hoje Macau SociedadeEnsino | Programa de mobilidade com universidades dos PALOP no horizonte Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau, esteve presente na reunião do conselho de administração da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) que decorreu no dia 28 de Fevereiro na sede da associação, em Lisboa. De acordo com um comunicado, “estiveram presentes dez instituições de ensino superior de países de língua portuguesa e de Macau que ocupam os diversos órgãos sociais” da associação. Foi também discutida “a criação de uma plataforma para um programa de mobilidade, Erasmus – AULP, tendo o conselho de administração delineado nesta reunião as linhas gerais do programa”. Além disso, a sessão “serviu para discutir as actividades realizadas pela sede no último semestre, bem como para a preparação do XXVIII Encontro da AULP, de 18 a 20 de Julho de 2018, no Lubango, Angola”. Foi anunciado ainda o lançamento do Prémio Fernão Mendes Pinto, edição 2018, com candidaturas abertas até 31 de Julho de 2018. Recorde-se que Gustavo Velloso, da Universidade de São Paulo, no Brasil, foi o vencedor da edição de 2017 deste prémio.
Hoje Macau BrevesHotel Estoril | Concurso público registou 11 propostas De acordo com a Rádio Macau, foram ontem recebidas 11 propostas para a reconversão do Hotel Estoril, sendo que três delas são de ateliers dos arquitectos Carlos Marreiros, Maria José de Freitas e Rui Leão. A abertura das propostas decorreu ontem na Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), tendo ocorrido uma reunião com os membros da comissão do concurso na manhã de ontem, numa sessão privada, onde foram analisados os documentos e elementos apresentados nas propostas. O concurso público foi anunciado pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, em 2016, depois de ter sido retirado o convite feito ao arquitecto português Siza Vieira para o Hotel Estoril.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeNam Van | Concessionária de terreno diz ter direito a indemnização A Sociedade de Investimento Imobiliário Tim Keng Van assume-se ainda como a concessionária de um terreno na zona de Nam Van, uma vez que o Governo ainda não declarou oficialmente a caducidade da concessão. No último relatório e contas da empresa, esta afirma ter o direito a exigir uma indemnização ao Executivo [dropcap]O[/dropcap] Governo promete respeitar a ordem numa extensa lista de terrenos a reaver pelo facto do prazo de concessão de 25 anos ter chegado ao fim sem que tenha havido qualquer aproveitamento das terras. Questionado sobre os terrenos na zona de Nam Van cuja concessão ainda não foi oficialmente anulada em Boletim Oficial (BO), o Chefe do Executivo, Chui Sai On, não adiantou mais detalhes. Contudo, uma das empresas concessionárias do lote 12 na zona C da Baía da Praia Grande afirma-se inocente em todo este processo. No último relatório e contas da Imobiliária Tim Keng Van, é referido que esta acredita ser vítima e ter direito a uma indemnização por parte do Governo. “O grupo contactou um conselheiro legal em Macau. Uma vez que o não aproveitamento do terreno não pode ser imputado ao grupo, este tem o direito de exigir uma compensação por danos e perda de lucros caso o Governo de Macau recupere o terreno sem avançar com qualquer compensação”, lê-se no documento. Por esse motivo a empresa não declarou, no mesmo relatório e contas de 2017, quaisquer perdas que possam estar relacionadas com este terreno. Nos termos legais, a Imobiliária Tim Keng Van diz-se ainda concessionária do pedaço de terra, apesar da sua concessão de 25 anos ter chegado ao fim em Junho de 2016. “No que diz respeito ao projecto do lago Nam Van, o período de concessão terminou a 30 de Junho de 2016. Até este momento nenhuma declaração relativa ao fim do prazo de concessão foi publicada em BO, e também não foi recebida qualquer notificação pela concessionária registada [Sociedade de Investimento Imobiliário Tim Keng Van SARL], uma subsidiária detida a cem por cento pelo grupo. Nesse sentido, a subsidiária mantém-se como concessionária registada do terreno”, lê-se ainda no relatório e contas. Outra terra Além disso, a empresa de Hong Kong possui ainda outro projecto na RAEM, relativo a um “projecto residencial” que “ainda está a ser discutido com o Governo de Macau, no que diz respeito à questão da troca de terrenos”. De frisar que já em 2016, semanas antes do fim do prazo de concessão, a empresa alertou o Governo sobre as datas e a necessidade do Executivo de acelerar a implementação do plano de desenvolvimento para a Zona da Baía da Praia Grande, que ainda não existe. “Até ao dia de hoje, ainda não foi dada nenhuma decisão pelo Governo da RAEM a estes pedidos, apenas alegaram que, devido à admissão da candidatura da RAEM na Lista de Património Mundial da UNESCO, os terrenos das zonas C e D da Baía da Praia Grande teriam de ser planeados de novo. Isso seria a causa principal que obsta à continuação de todas as obras”, lê-se no comunicado divulgado há cerca de dois anos. A empresa de Hong Kong não prestou esclarecimentos adicionais ao HM além do que consta no relatório e contas.
Hoje Macau SociedadeSaúde | Apoios médicos à terceira idade fora dos hospitais no final de Março Os idosos vão ter acesso, já a partir do final do mês, a um novo programa de serviços médicos e de consultas fora dos hospitais. A iniciativa foi anunciada ontem pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. O novo serviço vai permitir a deslocação dos profissionais de saúde nomeadamente médicos, enfermeiros e farmacêuticos, às instituições patrocinadas pelo Governo para prestar o apoio necessário. Por ocasião do almoço de Primavera, oferecido pelo Instituto de Acção Social (IAS) aos funcionários das entidades de serviços comunitários, Alexis Tam, adiantou que os Serviços de Saúde e o IAS pretendem concretizar um programa de serviços médicos junto dos lares de idosos. Alexis Tam referiu ainda que estão previstos para este ano o arranque do Centro Clinico da Ilha Verde, a inclusão de mais serviços médicos para os idosos, e a aprovação, do “Regime jurídico de garantias dos direitos e interesses dos idosos”. Questionado se o Governo pretende apoiar a prestação de serviços a idosos, por parte de entidades não-governamentais, na Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, Alexis Tam indicou que poderá ser ponderada a possibilidade de desenvolver instalações para além da região metropolitana da Grande Baía. Alexis Tam apontou as cidades vizinhas de Zhuhai, Zhongshan e Jiangmen como possibilidades. O secretário salientou ainda que, mesmo que os idosos optem por viver em outros locais, os seus direitos serão garantidos.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaActivismo | Movimento independentista não se coloca em Macau A atenção pedida por Chen Sixi no que respeita a questões de independência local é um procedimento normal dentro da política que tem sido seguida por Pequim, defende Arnaldo Gonçalves. Activistas locais, por seu lado, entendem que esta é uma não questão, visto Macau não ter, nem pretender, vir a ter qualquer movimento independentista O alerta expresso ontem pelo vice-director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, Chen Sixi, em Pequim relativamente à possível introdução do pensamento de independência de Hong Kong em Macau é normal. A ideia é defendida pelo especialista em relações internacionais, Arnaldo Gonçalves ao HM. “Digamos que é uma posição histórica em termos de negociação dos casos de Macau e de Hong Kong”, contextualiza o analista, acrescentando que as situações das duas regiões administrativas especiais sempre foram tidas como paralelas. O “que se fazia com uma também se fazia com outra, foi assim com a negociação da Lei Básica e com todos os assuntos”, aponta. A situação das duas regiões autónomas é, no entanto, diferente. Contudo, é “absolutamente natural que, na perspectiva de Pequim, se trate Macau da mesma forma que Hong Kong, uma vez que as pessoas também circulam entre as duas fronteiras.”, refere. O alerta é lógico para Arnaldo Gonçalves, ainda que na RAEM não se levantem vozes semelhantes às dos localistas da região vizinha. Trata-se de “uma visão uma pouco marxista leninista sobre esta coisa e Pequim acha que qualquer posição que esteja contra a lógica do sistema do partido dirigente é uma posição anti-China e antipatriótica”, comenta. “A China vai continuar a fazer pressão sobre as autoridades de Hong Kong e de Macau para que haja acomodamento àquela que é a política oficial de Pequim. Em Macau, como se sabe, as autoridades estão alinhadas com isso e em Hong também vão estando”, remata. O politólogo Bill Chou considera que o receio tem relação com um possível contágio vindo de Hong Kong. “Pequim acredita que o movimento político localista de Hong Kong pode espalhar-se e chegar a Macau”, refere ao HM. Nada que ver com isso Ideias de independência não fazem parte de quem opta pelo activismo político por cá. “Esse tipo de alegações não têm nada que ver com connosco”, afirma o presidente da Associação Juventude Dinâmica em reacção ao alerta lançado pelo vice-presidente do Gabinete de Ligação. A ideia é sublinhada pelo responsável da associação Tri-decade Union, Issac Tong. De acordo com Tong, não há activistas em Macau que pensem afastar-se de Pequim. “Nenhum activista de cá luta pela independência”, refere. No passado mês de Setembro, o pró democrata Sulu Sou quando questionado acerca da situação de uma possível defesa da independência local, foi claro. “Não vejo nenhuma discussão sobre isso, ou sequer um movimento em prol da independência de Macau face à China. É uma falsa questão para o território”, disse. Sulu Sou fez ainda questão de frisar que defende a política “Um País, Dois Sistemas”. Para o deputado suspenso, os legisladores de Hong Kong que se manifestaram contra o continente não agiram bem. “Os movimentos políticos de Hong Kong enfrentam algumas dificuldades. Penso que poderiam ter feito melhor aquando da tomada de posse, em termos de discurso, quando se referiram à Lei Básica de Hong Kong e ao continente” apontou. “Foi uma grande lição para nós aqui em Macau. Ouvi muitos cidadãos que me deram os parabéns, e à Novo Macau, que nos pediram para fazer as coisas de uma outra maneira, de uma maneira mais séria, para que o seu voto não fosse um desperdício”.
Andreia Sofia Silva PolíticaÁreas marítimas | Macau já entregou plano de gestão a Pequim O Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve ontem reunido em Pequim com o director da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, He Lifeng. No encontro, foram discutidos os detalhes sobre o futuro “Acordo para o apoio a Macau na participação e contribuição na iniciativa nacional ‘Uma Faixa, Uma Rota’”. Chui Sai On disse ter vontade “em receber, da parte da comissão, um acompanhamento e orientações sobre os trabalhos de elaboração e programação, assim como a definição da data de assinatura [do acordo], entre outros aspectos”. Relativamente ao “Plano de aproveitamento e desenvolvimento das zonas marítimas da RAEM a médio e longo prazo (2016-2036)”, que já foi submetido ao Governo Central “para apreciação e autorização”, o Chefe do Executivo frisou que o objectivo, neste plano, é a “diversificação adequada da economia e dos serviços, o bem servir a população e a melhoria da qualidade de vida, seguindo-se os conceitos legais e científicos”. Também aqui a comissão pode “disponibilizar orientações e apoio”. O Chefe do Executivo garantiu ainda estar a fazer esforços para diversificar a economia, numa tentativa de “fomentar as novas indústrias, entre as quais se destaca a medicina tradicional chinesa desenvolvida no Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong e Macau”. Quanto ao Plano de Desenvolvimento Quinquenal, o Chefe do Executivo “revelou ainda que o Governo da RAEM segue esse plano na execução da acção governativa, estando assim a concretizar o seu conteúdo, de forma gradual”.
Andreia Sofia Silva PolíticaPequim | Visita de Chui Sai On reforçou relações bilaterais, diz ministro Zhong Shan, ministro do Comércio da China, esteve ontem reunido com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, em Pequim. A visita de Chui Sai On veio “renovar as relações bilaterais” entre a RAEM e China, disse o ministro. Foi também discutida a presença de Macau na Exposição Internacional de Importação da China O Chefe do Executivo, Chui Sai On, está em Pequim desde Domingo, onde tem agendados encontros oficiais com membros do Governo Central. A viagem aconteceu por ocasião do arranque das reuniões da 13ª Assembleia Popular Nacional (APN). De acordo com um comunicado ontem divulgado, o Chefe do Executivo reuniu com o ministro chinês do Comércio, Zhong Shan, que deixou claro que a sua visita à capital chinesa “veio renovar as relações bilaterais” entre Macau e o continente. O ministro acrescentou também que “as relações comerciais têm-se solidificado e que o ministério manifesta total disponibilidade em comunicar com Macau, no sentido de avançar na cooperação da área do comércio”. Zhong Shan deixou ainda claro que Macau deve “compreender o ‘espírito’ do 19º congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) e concretizar as orientações integradas no relatório de trabalho, deste ano, do Governo”. Sobre o relatório, apresentado no dia inaugural das reuniões da APN pelo primeiro-ministro Li Keqiang, Chui Sai On fez rasgados elogios. “Foi com grande atenção e interesse que [Chefe do Executivo] ouviu a apresentação do relatório de trabalho feita pelo primeiro-ministro, que refere a entrada do país numa nova Era e ainda o desenvolvimento de Hong Kong e Macau.” Chui Sai On também não esqueceu “a integração da RAEM no desenvolvimento nacional”, sendo que “o Governo dará o máximo no âmbito da sua participação”. O Chefe do Executivo frisou também que “tem-se empenhado em aprender e compreender o ‘espírito’ do último congresso do PCC, particularmente nos capítulos referentes a Hong Kong e Macau”. Mais emprego Na visão do Chefe do Executivo, o território tem vindo a cumprir os desígnios que a China lhe traçou, não apenas por causa do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre Continente Chinês e Macau (CEPA). “O Governo da RAEM, neste momento, segue as instruções claras do Governo Central”, uma vez que “irá iniciar a construção de ‘Um Centro’ e ‘Uma Plataforma’” nas áreas do turismo e na cooperação com os países de língua portuguesa. Na visão de Chui Sai On, Macau tem cumprido também as indicações de desenvolver “uma economia diversificada [de forma] adequada”. Tendo sido acompanhado pelo secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, o Chefe do Executivo destacou ainda a “elaboração de um plano de trabalho de desenvolvimento da gestão, a longo prazo, dos 85 quilómetros quadrados da área marítima”. Foi também lembrada a importância dada à “diversificação adequada da economia e do apoio aos jovens”, temas que tanto Chui Sai On como Lionel Leong “pretendem dedicar especial atenção para permitir a criação de condições e mais oportunidades de emprego” em Macau. “Chui Sai On também agradeceu ao Ministério do Comércio pelo forte apoio prestado a Macau, ao longo dos anos, na garantia da qualidade e segurança dos produtos alimentares, higiene, bem como, inspecção e quarentena”, refere o mesmo comunicado oficial. A feira de importações No encontro foi também dado grande destaque à participação de Macau na Exposição Internacional de Exposições da China, um trabalho considerado de grande importância para o Executivo local. “Lionel Leong revelou que o Governo da RAEM impulsiona, de forma activa, a participação na Exposição Internacional de Importação da China, nomeadamente, na realização de um plano para criar um pavilhão de Macau”, explica o comunicado. A ideia é “promover a participação de empresas locais com marcas de Macau, de agências de representação dos produtos dos países da língua portuguesa, dos sectores de turismo, convenções e exposições, bem como, formação e serviços de consulta no âmbito linguístico.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeRota das Letras | Ausência de escritores afecta imagem de Macau, dizem analistas. Amnistia Internacional já se pronunciou O cancelamento da vinda dos escritores Jung Chang, James Church e Suki Kim ao festival literário Rota das Letras é encarado por muitas vozes como algo que pode prejudicar a imagem internacional de Macau. Mok Ian Ian, presidente do Instituto Cultural, referiu que o Governo sempre apoiou o evento e que nunca houve uma apreciação do programa. A Amnistia Internacional pede explicações [dropcap]N[/dropcap]inguém sabe como, nem porquê, mas a verdade é que, a dias de começar uma nova edição, o festival literário Rota das Letras sofreu quatro baixas de peso na lista de convidados. Nomes prestigiados da literatura, como é o caso de Jung Chang, James Church e Suki Kim viram a sua presença em Macau cancelada pela organização depois desta ter recebido um aviso de que as suas vindas não seriam oportunas. “Foi-nos comunicado oficiosamente que não era considerada oportuna a vinda desses três autores, por isso, não estava garantida a sua entrada no território. O Festival não quis colocá-los nessa situação e tomou a decisão de cancelar a sua vinda. Esta situação ultrapassa, em muito, o raio de acção do Festival Literário”, explicou ao HM Hélder Beja, director de programação do Rota das Letras. Até ao momento, ainda não se sabe de onde veio esse aviso, uma vez que tanto os secretários Alexis Tam e Wong Sio Chak, das tutelas dos Assuntos Sociais e Cultura, e Segurança, afirmaram não ter informações sobre o caso. Ontem, à margem da apresentação do programa do Festival de Artes de Macau, a presidente do Instituto Cultural (IC), Mok Ian Ian, garantiu que Macau é um território livre e que o Governo sempre deu apoio ao evento. “Quanto à situação destes três escritores conseguirem, ou não, entrar em Macau não tenho muitas informações detalhadas. Eu também, como vocês, só consegui ter essas informações ontem através das notícias. Estou convicta de que Macau é uma cidade livre, segura e aberta.” Mok Ian Ian considerou que o cancelamento da vinda dos três escritores foi “um acaso”. “Acho que o financiamento prestado por parte do IC nunca implicou apreciação quanto ao conteúdo, às pessoas que convidam. Nós apoiamos sempre as associações de Macau para organizarem actividades artísticas”, frisou a também artista. “O IC tem vindo a apoiar a realização deste evento. Sobre os escritores que não podem vir só tive conhecimento ontem. IC só proporciona apoio em termos de recursos financeiros e espaço. Assumimos sempre uma atitude aberta e damos apoio sempre que possível [às actividades culturais de associações]”, adiantou. Mok Ian Ian destacou ainda a qualidade que o Rota das Letras tem vindo a obter desde a sua primeira edição. “Eu também já participei nesta actividade [Rota das Letras]. Como sabem, esta actividade já se realiza há vários anos e é uma actividade com qualidade. Este festival já tem a sua marca.” Entretanto, Patrick Stewart, da Aministia Internacional, disse à Rádio Macau que o Governo deve esclarecer se está proibida a entrada a estes escritores e que argumentos possui para o fazer. “Se o Governo já sabe que o festival literário de Macau avançou com a informação de que receberam a comunicação de que os participantes seriam impedidos de entrar, então o Governo deve esclarecer se a entrada destas pessoas está garantida e se há ou não problemas de maior. Deve também confirmar os critérios que o Governo tem para autorizar a entrada de pessoas”, referiu. Zonas cinzentas Em 2014, o académico Eric Sautedé foi afastado da Universidade de São José (USJ) por, alegadamente, ter tentado organizar uma palestra com Frank Dikotter, autor do livro “A Grande Fome de Mao”, um livro sensível para as autoridades chinesas. Em declarações ao HM, Sautedé, hoje a viver em Hong Kong, lamenta que a organização tenha optado por cancelar a vinda dos três escritores chineses. “Essa é uma má resposta [por parte da organização]. Quanto mais se cai, mais se fica suprimido. Deveria ter sido utilizado o argumento de que não é do interesse de Macau ir de encontro a estas posições injustificadas. A vinda [destes escritores] é considerada ‘inoportuna’ com que critérios?”, questiona. Na visão do académico de ciência política, “esta é uma forma de autocensura no seu pior”. E nem as declarações oficiais de membros do Executivo mudam a posição assumida por Eric Sautedé. “Claro que as autoridades vão sempre negar. Permitir que áreas cinzentas sejam a norma é a pior atitude possível.” Larry So, analista político, lembrou as experiências recentes, como a proibição de entrada de jornalistas, deputados e activistas de Hong Kong no território. O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, nunca admitiu a existência de uma “lista negra” de pessoas, e chegou a explicar que muitas das proibições foram por motivos de manutenção da segurança interna. Contudo, Larry So, ex-docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), considerou que nem é isso que está em causa desta vez. “Temos vindo a adoptar esta política e isso significa que estamos a tentar fazer de Macau um território ‘limpo’, sem estas interferências do exterior. Mas será que deveríamos fazer isto, no sentido de não termos este tipo de discursos e vozes em Macau? Temos de manter a liberdade de expressão e temos de ser mais inclusivos em Macau, ao invés de excluirmos toda a gente que possa ser uma má influência, a não ser que sejam terroristas. Isto é algo que não é benéfico para a nossa imagem internacional”, defendeu. Larry So disse mesmo temer que se esteja a ir longe demais. “Temos de olhar para esta questão do ponto de vista da inclusão. Este tipo de políticas não inclusivas não deviam existir, não deveríamos ir longe demais nesta questão.” “Vamos ser apontados pela União Europeia e outras entidades como não tendo respeito pela liberdade de expressão e direitos humanos. Em termos internacionais, isto não é bom para a nossa imagem”, referiu ainda. Imagem manchada Sulu Sou, deputado à Assembleia Legislativa temporariamente suspenso, disse ter ficado “surpreendido” quando soube do cancelamento. “Macau deveria ser um lugar aberto para a diversidade de culturas. Penso que não é razoável que este tipo de coisas estejam a acontecer. Na área da cultura deve haver liberdade de expressão” Para o activista do campo pró-democrata, este caso “vai afectar a imagem de Macau em termos internacionais”. Apesar de serem nomes incómodos para Pequim, a verdade é que Jung Chang esteve em Novembro no Festival Literário de Hong Kong. Na China, a autora do livro “Cisnes Selvagens”, que relata a sua experiência durante a Revolução Cultural, tem a vida condicionada, pois só pode regressar ao seu país para visitar familiares, devendo evitar todo o tipo de viagens e de actividades políticas, segundo uma entrevista publicada pelo jornal The Telegraph. Esta situação manteve-se, pelo menos, até 2013. Além de “Cisnes Selvagens”, a autora escreveu também a biografia “Mao: A História Desconhecida”, publicada em 2005, e que foi descrito como “uma bomba atómica” pela revista Time. A obra foi assinada em co-autoria pelo marido de Jung Chang, o historiador britânico Jon Halliday. Mais recentemente, em 2013, deu à estampa “A Imperatriz Viúva – Cixi, a Concubina que mudou a China” (2013). Jung Chang, que se mudou para o Reino Unido há quatro décadas, tem as suas obras traduzidas em mais de 40 idiomas, contando com mais de 15 milhões de exemplares vendidos. A outra baixa na programação do Festival Literário é a de Suki Kim, nascida em Seul e radicada em Nova Iorque. Conhecida por trabalhar infiltrada, depois de lançar o romance “The Interpreter” (2003). A autora foi para a Coreia do Norte com uma missão: ensinar inglês às crianças das elites. Essa experiência foi convertida no livro “Without You, There Is No Us” (2014). James Church, autor da série “Inspector O”, foi outro dos autores considerados inoportunos. O ex-agente da CIA, com décadas de estreita ligação à península coreana, começou a escrever o primeiro dos seis livros da série como um desafio a si próprio. A ideia afigurou-se aliciante para o autor, uma vez que nunca se tinha escrito uma história de detectives passada na Coreia do Norte, referiu a organização do Rota das Letras aquando da apresentação do programa que tinha a Coreia do Norte como um dos principais destaques. Hyeonseo Lee, norte-coreana que conseguiu fugir do seu país e que hoje se dedica a falar da sua experiência em todo o mundo, cancelou a sua visita por motivos pessoais.
Hoje Macau SociedadeTabaco | Registadas 922 acusações relacionadas com a Lei do Tabagismo [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntre Janeiro e Fevereiro, os Serviços de Saúde registaram 922 acusações relacionadas com a Lei do Tabagismo, 917 das quais se ficaram a dever ao facto das pessoas estarem a fumar em locais onde é proibido. Os restantes cinco casos foram motivados por ilegalidades nos rótulos de tabaco. Segundo o Governo, entre os casos detectados de pessoas a fumar em locais proibidos, a maioria dos fumadores ilegais (850 casos) são do sexo masculino, ou seja 92,9 por cento contra os 7,3 por cento de casos registados entre as pessoas do sexo feminino (67 casos). Em 20 casos foi necessário o apoio das forças de segurança o que comparado com o período homólogo do ano passado significa uma quebra de 17 casos. Entre os acusados, 709 pessoas decidiram pagar as multas.
Diana do Mar SociedadeEstudantes universitários da China totalizam quase metade das matrículas [dropcap style=’circle’] H [/dropcap] á cada vez mais alunos da China a frequentar cursos de ensino superior em Macau. Actualmente, representam quase metade dos estudantes matriculados no território. Macau conta no total com 33098 estudantes distribuídos pelas dez instituições de ensino superior locais. Desta soma, 15171 são oriundos da China, ou seja, 45,8 por cento, segundo dados preliminares facultados pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) ao HM. A proporção tem vindo a crescer gradualmente, aumentando, num intervalo de apenas cinco anos lectivos, dez pontos percentuais. A Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST, na sigla inglesa) acolhe, de longe, o maior número de estudantes da China (8808 ou 58 por cento do total). Aliás, oito em cada dez alunos da MUST chegam do outro lado da fronteira. Segue-se no ‘ranking’ a Universidade de Macau (UM), com 9992 estudantes matriculados, dos quais 3189 do interior da China; e em terceiro lugar a Universidade Cidade de Macau, com 2439 alunos da China num universo 5236 inscritos no ano lectivo em curso, de acordo com os mesmos dados. Já o Instituto Politécnico de Macau (IPM) contava com 476 estudantes da China num total de 3385, enquanto o Instituto de Formação Turística (IFT), por exemplo, tinha 217 num universo de 1600. Nas estatísticas facultadas pelo GAES, também entra a Universidade de São José (USJ) que, pela sua matriz católica, não é autorizada a receber alunos da China. Assim, os dois estudantes mencionados referem-se, segundo explicou fonte da instituição, a alunos que embora sejam da China vivem em Macau e terão efectuado a sua matrícula a partir do território. Alunos de fora Actualmente, excluindo os alunos da China, existem 984 estudantes de fora, a maioria de Hong Kong (365), enquanto que a lusofonia é representada por Portugal (79), Cabo Verde (67), Brasil (28) e Angola (6). O número de alunos que frequentam as instituições de ensino superior locais tem aumentado ligeiramente de ano para ano. A título de exemplo, eram 29521 em 2013/2014 e hoje são 33098. Face ao ano lectivo anterior, os estabelecimentos de ensino superior têm mais 348 estudantes matriculados. Este aumento verifica-se em quase toda a linha. A Universidade de Ciência e Tecnologia confirma o favoritismo em termos de números, liderando, pelo menos, pelo quinto ano consecutivo o ‘ranking’ com 10926 alunos (mais 553 do que no ano lectivo transacto). Segundo os dados preliminares do GAES, a Universidade de Macau surge em segundo, com 9992 inscritos, apesar de ter registado menos 37 alunos este ano. O pódio fica completo com a Universidade Cidade de Macau (5236 alunos ou menos 598). De seguida surge o IPM (3385 estudantes), o IFT (1600) e a Universidade de São José (1087). A lista completa-se com o Instituto de Enfermagem Kiang Wu (416), Instituto de Gestão (240), Instituto Milénio (179) e com a Escola Superior das Forças de Segurança (37). No actual ano lectivo, as dez instituições de ensino superior (quatro públicas e seis privadas) têm em funcionamento 274 cursos, dos quais 18 novos. Já o corpo docente é formado por 2303 professores, entre estes um terço lecciona a tempo inteiro. Seis em cada dez docentes possui grau de doutor, de acordo com os dados do GAES.
Hoje Macau SociedadeCaso Ho Chio Meng | Empresários ligados a ex-Procurador libertados [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s empresários Mak Im Tai e Wong Kuok Wai acusados de associação criminosa, em conjunto com o ex-Procurador Ho Chio Meng, foram colocados em liberdade. Segundo a Rádio Macau, o Tribunal de Última Instância aceitou o pedido de ‘habeas corpus’ interposto pela defesa, a cargo do advogado Pedro Leal. Os empresários foram libertados devido ao facto de ter sido ultrapassado o limite máximo de dois anos de prisão preventiva, sem que tenha havido sentença transitada em julgado. Mak Im Tai e Wong Kuok Wai vão ter de se apresentar todos os dias na Polícia Judiciária e estão proibidos de se ausentarem de Macau. Os empresários foram condenados a 12 e 14 anos, por crimes de associação criminosa, burla e branqueamento de capitais, entre outros, em co-autoria com Ho Chio Meng.
João Santos Filipe Manchete SociedadeVideojogos | Cerca de dois por cento da população com tendência para o vício Um estudo realizado por académicos da Universidade de Macau conclui que dois por cento da população do território está em risco de ficar viciada em videojogos. Depressões e ansiedade são doenças mentais associadas ao vício [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de dois por cento da população adulta de Macau tem tendência para desenvolver o vício dos videojogos online. A conclusão faz parte de um estudo elaborado por quatro académicos da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau, nomeadamente Anise Wu, Juliet Chen, Tong Kwok Kit e Shu Yu. No estudo, que se baseou em entrevistas por telefone a residentes, é sublinhada a necessidade de implementar campanhas de prevenção focadas nos adultos, apesar dos adolescentes serem vistos como o grupo de pessoas mais propenso a desenvolver este tipo de vícios. “A prevalência da tendência para desenvolver o vício dos videojogos online é de 2 por cento entre os adultos da comunidade”, consta no documento que tem como título “Prevalência e factores associados ao vício dos videojogos online entre a comunidade adulta de Macau”. O estudo foi publicado na revista Journal of Behavioral Addictions. “O estudo prova que, tal como acontece com os adolescentes, também os jogadores adultos podem desenvolver comportamentos problemáticos relacionados com os videojogos. Por isso, a prevenção deste tipo de comportamentos problemáticos deve ser focada não só nos programas escolares, mas em programas que foquem a comunidade em geral”, é acrescentado. Por outro lado, os autores afirmam que entre as pessoas que sofrem do vício do jogo online é frequente encontrar outros problemas psicológicos associados. Entre os entrevistados, 25 por cento demonstravam sinais de depressão e 45 por cento sinais de ansiedade. Sobre as razões que os levam a jogar, a maior parte dos jogadores apontou os videojogos como “uma forma de fuga à realidade quotidiana” e de “alívio para estados de alma negativos”. Por outro lado, muitos dos viciados reconhecem que jogam, apesar de terem presentes as consequências negativas para as suas vidas quotidianas, principalmente ao nível das relações pessoais, trabalho e período de descanso. Igualdade de género Em Macau, o perfil do jogador é o jovem adulto, do sexo masculino e com formação superior. O estudo revelou ainda que dão também os homens que gastam mais dinheiro na compra de jogos online. No entanto, de acordo com as conclusões, pessoas de ambos os géneros têm um nível igual de tendência para desenvolver este tipo de vício. No que diz respeito à prevenção, os autores defendem que as campanhas de recuperação das pessoas em dificuldades devem “focar os pontos positivos das alterações dos comportamentos”. Em causa está o facto dos jogadores estarem cientes das consequências negativas do vício, mas mesmo assim continuarem a jogar compulsivamente.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesOlho por olho e ficamos todos cegos [dropcap style=’circle’] R [/dropcap] ecentemente, ficámos a saber pelos jornais que, nos EUA, um homem tinha sido preso por tentar atacar o agressor sexual das suas duas filhas, o clínico do centro de medicina desportiva da Universidade de Michigan, Larry Nassar. O caso ocorreu durante uma audiência, que teve lugar no início de Fevereiro. O pai das jovens, Randal Margraves, atacou o réu após as filhas terem prestado depoimento. No Tribunal, Margraves encontrava-se de pé, junto à mesa onde estavam sentados os seus dois advogados. Foi então que Margraves dirigiu um pedido à juíza Janice Cunningham, “Por favor, conceda-me cinco minutos a sós com o filho da mãe.” A juíza recusou o pedido, como é natural. “Então por favor, apenas um minuto.” A magistrada voltou a recusar. Nessa altura, Margraves disparou em direcção a Nassar, com o fito de o morder, mas acabou por ser impedido pelos funcionários do Tribunal. A audiência foi adiada por 30 minutos. Quando retomou, Margraves pediu desculpa. Foi detido por breves momentos, mas o juiz que analisou o caso recusou-se a prende-lo por ofensas ao Tribunal. Margraves contou ao juiz, “Não estou aqui para me sobrepor às minhas filhas. Estou aqui para as ajudar a ultrapassar esta situação horrível.” O juiz retorquiu, “Não posso tolerar nem pactuar com atitudes vigilantes ou com comportamentos vingativos. No entanto, devido às circunstâncias, este Tribunal não lhe aplicará qualquer castigo.” “Ninguém está a desculpá-lo. Contudo, existem procedimentos legais, e o sistema judicial faz o que é suposto fazer.” Dois dias mais tarde, o procurador Douglas Lloyd declarou que Nassar não pretendia processar Margraves. O comportamento de Margraves no Tribunal é compreensível em face do que aconteceu às filhas. Mas qualquer agressão é inaceitável, sobretudo se ocorrer num Tribunal. Se começarmos a clamar por vingança abrimos as portas a situações incontroláveis. Foi o que a juíza Cunningham quis dizer quando referiu “olho por olho, e ficamos todos cegos”. A vingança é obviamente inaceitável. Para punir o crime existem os Tribunais e nunca devemos ir além disso. A justiça nunca pode passar por vinganças pessoais. O propósito dos nossos sistemas jurídicos é a aplicação de pena pelo Tribunal – para promover a ordem, o direito e impedir a vingança. A vingança só pode gerar o caos. Mas para impedir comportamentos vingativos, é necessário que exista um sistema jurídico de total confiança. O sistema deve proporcionar justiça às vítimas. Será que neste caso o castigo aplicado a Nassar foi justo? É difícil dizer, até porque o castigo nunca é proporcional ao sofrimento das vítimas. Se o caso for muito grave, é ainda mais difícil determinar o que é “proporcional”. Em 2005, Chun-kwok, um polícia de Hong Kong patrulhava as ruas sozinho e mandou parar um suspeito, de seu nome Chi-Yung Liu. Nessa altura, o suspeito esfaqueou o polícia no pescoço. Devido à hemorragia o agente ficou em coma, porque o cérebro deixou de ser oxigenado e acabou por ficar em estado vegetativo. Os médicos afirmaram que será praticamente impossível haver uma recuperação. Como o suspeito se entregou à polícia só foi condenado a 10 anos de prisão. Ao fim de 5 anos e 9 meses, saiu em liberdade condicional, por bom comportamento. Por ter sido ferido no cumprimento do dever, o Governo da RAEHK foi obrigado a pagar uma indemnização a Chun-kwok, que se traduziu nos seguintes termos: a. Pagamento de salário e pensão mensais b. Cobrir todas as despesas médicas c. Pagamento de uma indemnização avultada à esposa do agente d. Assumir os encargos do curso superior que a filha de Chun fez na Austrália. Para além disto, a Força Policial de Hong Kong realojou às suas custas a família de Chun-kwok. Neste caso o castigo aplicado ao agressor pode ser comparado ao sofrimento causado à vítima? Ter-se-á feito justiça? Terão as avultadas quantias de dinheiro compensado a família por, na prática, ter perdido um ente querido? Mais uma vez, são questões de difícil resposta. Mas, sejam quais forem as nossas opiniões, nunca podemos aceitar que se faça justiça pelas próprias mãos. O castigo aplicado ao agressor deverá ser proporcional aos danos que causou. Para bem de todos, a justiça nunca pode passar as portas do Tribunal.
João Santos Filipe DesportoFilipe de Souza pondera fazer pausa na carreira [dropcap style=’circle’] O [/dropcap] rçamento de 6,5 milhões de dólares de Hong Kong afasta Filipe de Souza da participação na Taça Mundial de Carros de Turismo. O macaense pondera fazer uma pausa na carreira e falhar Grande Prémio de Macau O macaense Filipe de Souza esteve a testar um BMW M4 GT4, na semana passada, no Japão, mas o futuro pode passar por uma pausa na carreira. A hipótese foi avançada, ontem, pelo piloto, que equaciona não participar no Grande Prémio de Macau. Por um lado, o piloto gostava de correr na primeira edição da recém-criada Taça Mundial de Carros de Turismo (WTCR), que substituiu o Campeonato Mundial de Carros Turismo (WTCC). Por outro, o orçamento para participar na competição ronda os 6,5 milhões de dólares de Hong Kong, um montante que para o piloto é visto como praticamente incomportável. “É claro que quero ir correr no WTCR. Tive ofertas de muitas equipas, mas sinceramente o preço que pedem para corrermos é muito caro. É muito difícil ter capacidade para pagar o montante exigido. São 6,5 milhões de dólares de Hong Kong”, disse Filipe de Souza, ao HM. Com a transformação em taça, a competição da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para carros de turismo sofreu alterações significativas. Os carros ficaram mais equilibrados ao nível do desempenho, porém, o facto de haver três corridas por fim-de-semana fez disparar os custos de participação. “Antes uma pessoa chegava a acordo com uma das equipas e só tinha de pagar a taxa de participação. Agora, é diferente. As equipas têm de pagar uma taxa de inscrição que custa muito dinheiro”, contou o piloto. “Subiram muito principalmente porque a competição passou a ter três corridas por fim-de-semana”, frisou. Grande Prémio em risco A pausa na carreira de Filipe de Souza pode afectar igualmente a participação no Grande Prémio de Macau e no campeonato local de Carros de Turismo. No ano passado, o macaense correu nas provas, mesmo que de forma pontual. Mas este ano a situação pode mudar. “Ainda estou confuso sobre o que vou fazer. Já corro há muitos anos e às vezes sinto que é altura de fazer outras coisas. Com o avançar dos anos, depois posso não ter oportunidade de me dedicar a outras actividades… Também vai depender dos patrocinadores”, reconheceu o macaense de 41 anos. No entanto, o sonho de ganhar em Macau mantém-se: “Esse é sempre o meu objectivo e tenho muitos amigos a dizerem-me para correr até conseguir. Eu também sei que se o carro não tiver problemas, que tenho confiança para conseguir”, frisou. Na semana passada, Filipe de Souza esteve em Fuji a testar um BMW M4 GT4 com a equipa Studie, que vai participar no campeonato Blancpain GT Asia. Esta foi uma estreia para o macaense no circuito de japonês. “Foi um teste interessante. Mas esperava um pouco mais do carro. Tem uma caixa de velocidades de série, o que tira um bocado o prazer de conduzir”, comenta o piloto.
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasLEVINAS – Primeiro movimento [dropcap style=’circle’] L [dropcap] evinas nasceu na Lituânia e passou a infância e a adolescência na Rússia. Chega a França com 18 anos, onde faz a universidade, em Estrasburgo. Aí conhece e torna-se amigo de Maurice Blanchot, uma amizade que durará a vida toda, pautada por uma enorme cumplicidade e reconhecimento mútuo. Depois, e por causa de um livro que uma colega, a senhorita Pfiffer, lhe deu (Investigações Lógicas, de Husserl), rumou à Alemanha para ser aluno de Husserl. E aí conheceu Heidegger, que mudaria a sua vida pela primeira vez (a segunda será em 1947, no encontro com o Senhor Chouchani, profundo conhecedor do Talmude e de matemática). Dirá mais tarde que Heidegger, para ele, é fundamentalmente Ser e Tempo. Não por ter sido anterior à sua filiação ao partido nazi, mas porque este livro faz realmente parte de um dos cinco momentos mais belos da filosofia, como o Fedro (Platão), a Crítica da Razão Pura (Kant), a Fenomenologia do Espírito (Hegel) e Os Dados Imediatos da Consciência (Bergson). Há três tradições literárias e de pensamento que são fundamentais para Levinas: antes de mais, onde tudo começou, a literatura russa, principalmente Dostoievski; posteriormente Husserl e Heidegger, principalmente este último; e por fim o Talmude, embora este tenha acompanhado toda a vida de Levinas, desde a mais tenra idade, como é costume na tradição judaica. A importância do Talmude como caminho de reflexão para o seu pensamento acontece apenas a partir de 1947, depois do famoso encontro que Levinas tem com o Senhor Chouchani. A partir daqui, a reflexão talmúdica passa a integrar a sua filosofia. Em Totalidade e Infinito, a sua grande obra filosófica – Derrida dirá que não é um tratado, mas uma obra de arte – a influência talmúdica assume uma força tremenda e cruza-se com a fenomenologia husserliana e a hermenêutica de Heidegger. Embora não se vá analisar aqui esta obra magna de Levinas, é a partir dela que se fará esta curta introdução ao seu pensamento. Há um livro de 1982, Ética e Infinito, que são dez entrevistas que Levinas concede a Phillipe Nemo e onde explica o seu pensamento ao longo do tempo. Aconselho vivamente este pequeno livro para quem queira começar a aventura em Emmanuel Levinas. Do mesmo modo que Heidegger, em Ser e Tempo, faz partir a sua análise daquilo que é o mais anterior no Dasein, o mundo, pois antes de mais nós estamos lá, lançados no mundo, Levinas parte do Outro. O Outro é aquilo que é primeiro no humano. Antes de mais, eu sou o outro. E isto é evidente através da nossa concepção. Nós somos um prolongamento do outro, que são os nossos pais. Para um pai, o seu filho é um outro modo de ele ser. O filho é um ser independente, evidentemente, é um outro, mas também é ele mesmo. É ele mesmo sendo outro. Assim, logo no nosso nascimento nós somos frutos do outro e um outro modo de ser do outro. Não é o mundo que assume a primordialidade no nosso nascimento, mas o outro. Antes de mais, para usar uma linguagem heideggeriana, estamos lançados no e pelo outro. E é daqui, deste outro que somos antes de mais, que nasce em nós o desejo metafísico. Escreve em Totalidade e Infinito: “Nenhuma viagem, nenhuma mudança de clima e de ambiente podem satisfazer o desejo que para lá tende. O Outro metafisicamente desejado não é ‘outro’ como o pão que como, como o país em que habito, como a paisagem que contemplo, como, por vezes, eu para mim próprio, este ‘eu’, esse ‘outro’. (…) O desejo metafísico tende para uma coisa inteiramente diversa, para o absolutamente outro.” Aqui lembro-me sempre de um pequeníssimo livro, mas extraordinário, de Stig Dagermann, cujo título é A Nossa Necessidade de Consolo É Impossível de Satisfazer. Porque, na realidade, aquilo que nos faz continuamente tender para o Outro nunca chega, nunca se satisfaz. Nós temos mais Outro em nós do que qualquer outro subjectivo é capaz de preencher. Mas o Outro revela-se-nos através do Rosto. O Rosto é exterioridade e transcendência, isto é, Infinito. O Rosto, através do qual o Outro se nos revela, é o que nos ilumina a nossa condição, que é a de Desejo metafísico. Estamos, portanto, sem quaisquer dúvidas numa reposição ou retoma do projecto metafísico, que tinha sido interrompido por Heidegger. Mas atentemos melhor no que é esse conceito levinasiano de Rosto. De modo geral, quando alguém se nos aparece, é o rosto que vimos. O rosto é também a parte do Outro que surge nua, completamente nua. Esse Rosto, por outro lado, não é o rosto da fotografia. O Rosto que as máquinas fotográfica ou de filmar captam e tornam o Rosto num objecto de Rosto. Aquele rosto que identificamos como sendo belo ou feio não é um rosto, mas um objecto de rosto. O Rosto a que Levinas se refere é aquele que nos interpela, que nos conduz mais a nós mesmos do que ao Outro. Esse Rosto, a que Levinas se refere, é o Outro que nos devolve a nós mesmos. No fundo, no Rosto do Outro ficamos face à nossa origem e ao nosso desejo metafísico. Origem, porque o Rosto evoca em nós uma pertença; desejo metafísico, porque o Rosto evoca também em nós um para além que nos habita. Há um além em nós mesmos, que nos habita, e que se torna visível no Rosto do Outro. O Rosto lembra-nos que há em nós um excedente de nós, que nos escapa, continuamente nos escapa. Por outro lado, o Rosto traz até nós a responsabilidade. Já na nossa origem estamos presos à responsabilidade, pois o Outro, na dupla paternal, é responsável por nós, numa dupla conotação: responsável por nos terem posto no mundo (causa do nosso ser) e responsável por cuidar de nós (ainda que isso possa não acontecer). E esta responsabilidade, que faz parte da nossa origem, passa também para nós, nesse seu carácter duplo: responsáveis pelas nossas acções (ser-se responsável) e responsável por aquilo que causamos no Outro. Assim, o Rosto aparece também aqui, e uma vez mais, como arauto acerca de nós mesmos. E, no sentido em que o Rosto é Outro e este é onde estamos de antemão, o Rosto precede a linguagem. É precisamente na tentativa de responder ao Rosto que nos interpela, que se desenvolve em nós a linguagem. Antes mesmo de pensarmos em pensar, a linguagem é a ponte para o outro, nesse rosto que nos interpela. Esse além primeiro, que é o rosto da mãe, leva-nos à linguagem. Esse rosto, essa exterioridade primeira torna-se reflexo do infinito. O rosto da mãe é assim o início da metafísica. Destaque: O Outro é aquilo que é primeiro no humano. Antes de mais, eu sou o outro. E isto é evidente através da nossa concepção. Nós somos um prolongamento do outro, que são os nossos pais. Para um pai, o seu filho é um outro modo de ele ser.