Diana do Mar DesportoRodolfo Ávila volta a disputar CTCC que arranca em Maio [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]epois de se ter sagrado vice-campeão do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) em 2017, Rodolfo Ávila volta a disputar a prova, que arranca no primeiro fim de semana de Maio em Xangai. Rodolfo Ávila vai regressar ao principal campeonato de automobilismo chinês com a equipa SVW333 Racing, após ter conquistado o vice-campeonato em 2017 e de ter sido preponderante na obtenção do título de construtores por parte da SAIC Volkswagen. Os objectivos são idênticos aos da temporada anterior, afirma o piloto português radicado em Macau. “Os objectivos não são diferentes daqueles a que me propus o ano passado e que cumpri na íntegra. A equipa tem como missão primordial vencer o campeonato de construtores e eu irei dar o meu melhor para que possamos repetir o sucesso de 2017”, diz Rodolfo Ávila, num comunicado enviado à redacção. A equipa oficial da SAIC Volkswagen conta, este ano, com mais quatro pilotos, incluindo o britânico Rob Huff, ex-campeão do Mundial de Carros de Turismo (WTCC) e o piloto com o maior número de vitórias (em duas ou quatro rodas) do Circuito da Guia. Apesar de ter subido ao pódio por quatro vezes ao longo da temporada anterior, Rodolfo Ávila não esconde o desejo de em 2018 alcançar o feito de chegar ao primeiro lugar. “Como objectivo pessoal, gostava de também de vencer corridas, algo que o ano passado me escapou por pouco e por diversas razões fora do meu controlo, e lutar pelo título de pilotos”. Segundo a mesma nota, durante a paragem de Inverno, os técnicos da SVW333 Racing evoluíram o VW Lamando GTS para fazer face a uma concorrência cada vez mais bem equipada, estando Rodolfo Ávila “confiante” de que as alterações ao carro “irão surtir efeito”. “Para esta temporada, o carro sofreu algumas evoluções a nível aerodinâmico e terá travões e uma caixa de velocidade nova. Mas a área onde a aposta foi maior este ano, foi na geometria das suspensões e ‘setup’ do carro. Contudo, só teremos uma visão mais concreta da nossa competitividade na primeira corrida, mas as indicações que tivemos dos testes que realizamos no circuito de Zhaoqing foram positivas”, observou o piloto do VW Lamando GTS n.º9. A temporada do CTCC é composta por oito eventos, cada um com duas corridas, disputando-se em sete circuitos diferentes. O ponto de partida será no Circuito Internacional de Xangai.
Hoje Macau EventosEdgar Martins é premiado nos Sony World Photography Awards Cresceu em Macau e foi distinguido com dois prémios na edição deste ano do Sony World Photography Awards. Edgar Martins vê mais uma vez o seu trabalho reconhecido, desta feita com uma reflexção sobre a vida e a morte Da série “Silóquios e Solilóquios sobre a Morte, a Vida e outros Interlúdios” © Edgar Martins [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] português Edgar Martins foi reconhecido como o melhor fotógrafo na categoria de Natureza Morta e ficou em segundo lugar em Arquitectura no concurso dos Sony World Photography Awards 2018. Na selecção Natureza Morta, foi distinguido com a série de fotografias “Silóquios e Solilóquios sobre a Morte, a Vida e outros Interlúdios”, que representa uma variedade de cartas e outros objectos usados em crimes e suicídios. O fotógrafo, filho de Albano Martins, produziu esta série no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) em Portugal, onde são tratadas provas recolhidas pela polícia, como notas de suicídio, cartas e outros objectos usados em suicídios e crimes. “O trabalho explora a tensão entre a revelação e a ocultação, questionando, entre outras coisas, as implicações éticas de representar e divulgar material sensível desta natureza”, justificou Martins, citado pela organização. Uma segunda série de fotografias do artista, “A Impossibilidade Poética de Conter o Infinito”, foi premiada com o 2.º lugar na categoria de Arquitetura para fotógrafos profissionais. O trabalho, feito em centrais hidroelétricas em Portugal, instalações da Agência Espacial Europeia e fábricas de automóveis na Alemanha, procura examinar e reavaliar a relação da humanidade com a tecnologia e a indústria e o impacto na consciência social e cultural das pessoas. Record de participação O concurso de fotografia, dividido em quatro seleções (Profissional, Aberto, Juventude e Estudante), assinalou este ano a 11.ª edição com um número recorde de 320.000 inscrições de fotógrafos de mais de 200 países e territórios, de acordo com comunicado da organização. O título de Fotógrafo do Ano foi atribuído ao britânico Alys Tomlinson pela sua série ‘Ex-Voto’, o que lhe vai valer o prémio de 25 mil dólares. Edgar Martins nasceu em Évora, cresceu em Macau e vive actualmente em Bedford, no Reino Unido, e o seu trabalho tem vindo a ser exposto internacionalmente. Recentemente, foi selecionado como Escolha do Júri nos The Magnum Awards e no Hariban Award, e foi eleito para representar Macau na 54.ª Bienal de Veneza. Martins era finalista nas categorias de Natureza Morta, Descoberta e Arquitetura, enquanto que Adriano Neves e António Coelho receberam menções honrosas no concurso aberto. Os trabalhos do finalista e artistas distinguidos pela menção honrosa serão exibidos na exposição dos Sony World Photography Awards, em Londres, entre 20 de Abril e 6 de Maio.
Diana do Mar DesportoMotociclismo |Seguradora vai pagar indemnização à família do piloto que morreu no Grande Prémio Os familiares de Daniel Hegarty, o jovem piloto que morreu na edição passada do Grande Prémio de Macau, anunciaram que a seguradora voltou atrás e decidiu pagar a indemnização [dropcap style≠‘circle’]”S[/dropcap]ão notícias fantásticas. Finalmente tivemos boas notícias em relação a toda esta situação, e a família está extremamente feliz com o desfecho deste caso. Ainda não sabemos a quantia exacta que vai ser paga, mas ter havido esta chamada a dizer que pagavam tudo foi fantástico”, afirmou Joe Hegarty, irmão do piloto, ao HM. Depois de a Combined Insurance ter inicialmente recusado pagar, argumentando que o seguro privado de vida apenas previa uma compensação caso Daniel Hegarty morresse na Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália ou Nova Zelândia, a família do piloto lançou uma campanha para recolher donativos para ajudar a na educação das duas crianças que ficaram órfãs na sequência do trágico acidente ocorrido em Macau. A iniciativa foi lançada com o objectivo de angariar 20 mil libras (228 mil patacas), uma meta cumprida em 84 por cento até domingo (16895 libras). A devolução Na sequência da notícia de que a seguradora vai avançar com a indemnização, após terem revisto o caso, os familiares de Daniel Hegarty anunciaram que quem doou dinheiro para a causa pode reavê-lo. “Agora, como anunciei na minha página do Facebook, quem quiser o dinheiro de volta deve contactar-me através do Facebook ou da página do ‘crowdfunding’. Vamos devolver todo o dinheiro a quem o pedir”, indicou Joe Hegarty. “Todo o dinheiro que as pessoas não quiserem de volta, vai, sem sombra de dúvidas, ser utilizado na mesma para a criação do fundo, porque foi com esse propósito que foi doado e vamos utilizá-lo a 100 por cento para o fundo, mesmo que seja uma quantia pequena”, garantiu. O britânico Daniel Hegarty morreu a 18 de Novembro durante o Grande Prémio de Macau, no qual participava pela segunda vez. O piloto, de 31 anos, perdeu o controlo da mota na curva dos Pescadores e acabou projectado contra a barreira. O acidente levou imediatamente ao final da corrida, a seis voltas do final, com o vencedor, Glenn Irwin, a terminar em lágrimas. Esta foi a primeira fatalidade no Grande Prémio de Macau desde 2012.
Hoje Macau EventosEscritor chinês Yu Hua narra país real na ficção [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]a China, onde imprensa e narrativa histórica são controladas pelo Partido Comunista, a literatura ficcional oferece as descrições mais fiéis do país, como são exemplo as obras de Yu Hua, escritor publicado recentemente em Portugal. “Devido às limitações que o jornalismo enfrenta na China, acaba por ser na ficção que muitas vezes encontramos as descrições mais autênticas de como é viver hoje no país”, concorda Tiago Nabais, de 39 anos, e tradutor para português de literatura chinesa. Académicos e intelectuais chineses são pressionados a aderir às interpretações oficiais do regime comunista em questões de natureza histórica, enquanto a imprensa é sujeita a uma censura rigorosa. Já a ficção tem à disposição a “sátira, o fantástico ou o absurdo”, que são “muito úteis para lidar com a sociedade e o momento histórico da China”, explica Nabais à agência Lusa. Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, a China, que até há quatro décadas vivia num universo à parte, mergulhada em constantes “campanhas políticas”, pobreza e isolamento, é hoje a segunda maior economia mundial. A rapidez e profundidade das mudanças deram origem a um país onde “a vida é tão louca que precisa de um novo estilo literário: o ultra irrealismo”, sugere o escritor chinês Ning Ken. Formado em mandarim pelo Instituto Politécnico de Leiria (IPL), Tiago Nabais traduziu directamente a partir do chinês os romances de Yu Hua “Crónica de um vendedor de sangue” e “China em dez palavras”, editados em Portugal pela Relógio d’Água. Linguagem simples Nascido em 1960, numa época em que o experimentalismo maoista, sobretudo o Grande Salto em Frente e a Revolução Cultural, causaram dezenas de milhões de mortos e afundaram a China no caos, Yu Hua trabalhou como dentista antes de se tornar escritor. “Ele não é um académico”, diz Tiago Nabais. “Ele usa uma linguagem muito simples, um pouco infantil às vezes, mas que resulta muito bem em chinês, porque fala de coisas muito dramáticas nessa linguagem”, descreve. As obras de Yu Hua oferecem descrições brutais da violência em que a China mergulhou durante o reinado de Mao Zedong (1949-1976) e da espectacular transformação económica que se seguiu. “Eu escrevo romances, não livros de História, mas a partir da minha obra os jovens podem conhecer o que se passou na China”, explicou o autor à agência Lusa. Tiago Nabais entrou para a universidade aos 29 anos, depois de “viajar bastante” e fazer “uns biscates aqui e ali”, no que se revelou uma vantagem para o estudo do chinês. “Estudar com tanta dedicação uma coisa destas aos 18, 19 anos, é muito difícil”, diz. “Eu como já tinha tido muitos anos de outras coisas, consegui dedicar-me de uma maneira muito mais calma”, acrescenta. Nabais considera que estudar chinês é “bastante frustrante” e “só pessoas com um determinado perfil” o conseguem. “Da minha turma, acho que para aí metade desistiu a meio”, conta. Autores ainda desconhecidos Também “difícil” é convencer uma editora portuguesa a publicar um autor que, apesar de ter vendido mais de dez milhões de livros em todo o mundo, continua a ser desconhecido em Portugal. “A maioria das editoras portuguesas não está muito bem financeiramente e ninguém está muito disposto a arriscar meter-se em escritores que ninguém conhece”, conta. A tradução e posterior publicação de “Crónica de um vendedor de sangue”, primeiro romance de Yu Hua a ser lançado em Portugal, partiu da iniciativa de Tiago Nobais. “Fui eu que contactei o escritor primeiro e pedi-lhe autorização para traduzir alguns capítulos, para depois mostrar a editoras portuguesas”, conta. “A Relógio d’Água foi a única que me respondeu”. Na semana passada, a mesma editora publicou “China em Dez Palavras”, um dos mais conhecidos títulos de Yu Hua. Tiago Nabais viveu oito anos e meio na China, onde para além de estudar mandarim nas cidades de Pequim e Xi’an e na região de Macau, ensinou português em Shijiazhuang e Shaoxing. Em meados do ano passado regressou a Portugal: “Estou em fase de adaptação a Lisboa, mas a gostar da pausa da China”, revela. “Pelo menos, para já”.
Valério Romão PolíticaDas consequências da tecnologia [dropcap]V[/dropcap]ivemos numa época em que a tecnologia impera. Até os mais analógicos – por militância ou desconhecimento – têm presença em uma ou mais redes sociais. Aqueles que prescindem de imprimir uma marca online são uma excepção. Mas muitos daqueles que abraçaram a internet na sua tentacularidade social não nasceram nela. Fazem parte de uma ou mais gerações de transição que, com maior ou menor dificuldade, embarcaram com o comboio em andamento. E, por vezes, nota-se. Há dias, no Facebook, alguém partilhara uma publicação na qual se dizia que caso o utilizador escrevesse “BFF” nos comentários, ficaria a saber se os dados tinham sido partilhados pelo Facebook. Se a cor do texto do comentário mudasse de preto para verde era sinal de que os dados do utilizador em causa tinham sido partilhados de forma abusiva. O código do Facebook é constantemente actualizado; corrigem-se bugs, retiram-se e adicionam funcionalidades e implementam-se mudanças mais ou menos perceptíveis. Uma das coisas que recentemente mudou é a resposta do algoritmo a um comentário que o Facebook consegue “ler”. Por exemplo, quando escrevemos “parabéns”, o Facebook interpreta a palavra, esta fica com uma cor alaranjada e pipocam no ecrã uma série de animações que sugerem festividade. “Bff”, por outra parte, fica verde. A cor que significaria “positivo” para a partilha indevida de dados pessoais, de acordo com o exemplo supra-citado. Uma pequena modificação no código explorada para o humor. Podia ter sido pior. Uma amiga minha, livreira, confessava-me no outro dia ter apanhado um susto tão desnecessário como embaraçoso. Pesquisando pela livraria na qual trabalha, no Google, deu conta de que este dizia que a loja “encerrava brevemente”. Assustada, ligou para o chefe e dono do espaço: “mas nós vamos fechar? Passa-se algo que não me tenhas contado? Devo procurar trabalho?” O chefe, ainda mais iletrado nas coisas da informática, mostrou-se surpreendido e assegurou ter as contas em dia. “Não tenho planos de fechar isto, vê lá o que consegues saber junto desses tipos.” Essa minha amiga passou algumas horas só para encontrar o endereço electrónico para o qual devem ser encaminhadas as reclamações. Escreveu uma missiva entre o indignado e o violento e remeteu-a nervosa, esperando que o Google foste lesto a desfazer o equívoco. Os clientes e potenciais clientes podiam ser induzidos em erro, o que seria fatal para o negócio. Passados cerca de dois dias e alguma ansiedade, alguém lhe perguntou, num almoço com amigos, a que horas ela tinha feito a pesquisa. “Pelas 18:30”, respondeu. “Então é normal que o motor de busca tenha dado a informação de que encerravam brevemente. Fecham às 19, não é?” Fez-se subitamente luz e, verdade seja dita, uma dose considerável de vergonha. O Google, afinal, não fazia parte de uma conspiração de uma qualquer livraria vizinha para desacreditar a dela. Um dia, já ninguém terá tido uma infância analógica. Até lá, a nossa ignorância informática confere-nos um certo charme e municia-nos de histórias interessantes para jantares com amigos.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Coreia do Norte anuncia suspensão de testes nucleares e de mísseis A Coreia do Norte anunciou durante o fim-de-semana que suspendeu os testes nucleares e o lançamento de mísseis de longo alcance e que tem planos para encerrar as suas instalações de testes nucleares, adiantou a Associated Press [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] agência de notícias oficial da Coreia do Norte adiantou que a suspensão dos testes nucleares tem efeito a partir de sábado, 21 de abril, na Coreia do Norte. O país disse estar a mudar o foco da sua política nacional e concentrado em melhorar a sua economia. O anúncio acontece dias antes de o líder norte-coreano Kim Jong-un se encontrar com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in numa localidade fronteiriça para uma rara cimeira entre os dois países que tem por objectivo resolver a disputa nuclear com Pyongyang. A decisão da Coreia do Norte foi tomada numa reunião do Comité Central do partido no poder, que acordou discutir “um novo período” de políticas no país. A Coreia do Sul felicitou a decisão de Kim Jong-Un, líder norte-coreano, de suspender os testes nucleares, salientando tratar-se de um “passo significativo” para a desnuclearização da península coreana. “A decisão da Coreia do Norte representa um passo significativo para a desnuclearização da península coreana, que o mundo aguarda”, afirmou a presidência da Coreia do Sul, em comunicado, elogiando o “ambiente muito positivo para as próximas cimeiras entre as duas Coreias e entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos”, que a decisão de Pyongyang “irá criar”. Resposta de Tóquio O ministro da Defesa japonês considerou insatisfatória a decisão da Coreia do Norte em suspender os testes nucleares, já que Pyongyang não mencionou “o abandono dos mísseis balísticos de curto e médio alcance”. “Não podemos ficar satisfeitos”, afirmou Itsunori Onodera aos jornalistas, adiantando que Pyongyang não fez qualquer referência “ao abandono dos mísseis balísticos de curto e médio alcance”, pelo que Tóquio irá manter pressão sobre a Coreia do Norte. Ainda assim, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, celebrou a decisão da Coreia do Norte de suspender os testes nucleares e expressou a esperança que esta sirva para o desarmamento “completo, verificável e irreversível” do país vizinho. O chefe do Executivo japonês considerou a decisão como um “movimento positivo”, mas manifestou cautela, afirmando que “a única coisa importante (agora) é ver se esta acção levará a uma eliminação completa, verificável e irreversível das armas nucleares e mísseis” do país vizinho, de acordo com declarações divulgadas pela emissora pública NHK. Abe adiantou que o seu Governo “estará atento” ao assunto e deixou claro que o Japão e os Estados Unidos coordenaram a sua actuação perante os vários cenários possíveis com a Coreia do Norte, durante a cimeira que teve com o Presidente norte-americano, Donald Trump, esta semana na Florida. A cautela do primeiro-ministro japonês foi partilhada por outros membros do seu gabinete, como o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Taro Aso, que de Washington, onde está a participar numa reunião ministerial do G20, disse que ainda é cedo para saber se a Coreia do Norte irá abandonar as armas. Taro Aso disse que em outras ocasiões foram feitas concessões económicas e de outra índole para que Pyongyang abandonasse o seu programa nuclear, “mas os testes continuaram”, de acordo com a agência Kyodo. Já o ministro da Defesa japonês, Itsunori Onodera, qualificou a decisão da Coreia do Norte “insuficiente” e afirmou que “este não é o momento para relaxar a pressão sobre o país”. “Não podemos ficar satisfeitos”, afirmou Itsunori Onodera aos jornalistas, adiantando que Pyongyang não fez qualquer referência “ao abandono dos mísseis balísticos de curto e médio alcance”, pelo que Tóquio irá manter pressão sobre a Coreia do Norte. Xi & Trump O Presidente norte-americano, Donald Trump, também já reagiu a este anúncio, tendo considerado uma “muito boa notícia” a decisão da Coreia do Norte, e manifestou-se desejoso de se encontrar com o líder norte-coreano, o que poderá acontecer em Maio ou Junho. A China, principal aliado da Coreia do Norte, saudou o anúncio de Pyongyang de que irá suspender os seus ensaios nucleares e de mísseis intercontinentais, afirmando que isso contribuirá para a desnuclearização da península coreana. “A China pensa que a decisão de suspender os ensaios nucleares e de se concentrar no desenvolvimento económico e na melhoria das condições de vida vai ajudar a apaziguar a situação na península coreana e fará avançar o processo de desnuclearização, assim como os esforços no sentido de uma solução política”, disse Lu Kang, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado.
Diana do Mar Manchete SociedadeMacau contesta relatório “irresponsável” do Departamento de Estado norte-americano Restrições às liberdade de imprensa e académica, a incapacidade dos residentes mudarem o seu Governo e o tráfico humano figuram como os principais problemas apontados pelos Estados Unidos a Macau no domínio dos direitos humanos. A RAEM rejeita os “irresponsáveis comentários” de Washington [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Departamento de Estado norte-americano publicou, na sexta-feira, o mais recente relatório sobre os direitos humanos no mundo, apontando a Macau as restrições à liberdade de imprensa e académica, as limitações na capacidade dos cidadãos mudarem o seu Governo e o tráfico humano como as “principais questões” de direitos humanos no ano passado. O Executivo de Fernando Chui Sai On contesta o teor do documento. O relatório “tece comentários irresponsáveis sobre a RAEM, o qual representa um assunto interno da China”, pelo que o Executivo “manifesta a sua forte oposição”, diz um comunicado divulgado pelo Gabinete do Porta-voz. “Os amplos direitos e liberdades, gozados pela população da RAEM, são plenamente garantidos, nos termos da Constituição e da Lei Básica”, refere a mesma nota oficial, sublinhando que “trata-se de uma realidade testemunhada por todas as pessoas sem preconceitos”. Washington tem, no entanto, uma perspectiva diferente, sustentando que, apesar das liberdades de expressão, incluindo a de imprensa, estarem consagradas na lei, “o Governo procurou ocasionalmente restringir esses direitos”. A autocensura A prática de autocensura pelos ‘media’ volta a estar em foco, com o Departamento de Estado norte-americano a apontar que tal sucede, “em parte, porque o Governo subsidia fortemente os principais jornais que, em assuntos politicamente sensíveis, tendem a seguir de perto a política do Governo da República Popular da China”. Neste âmbito, Washington recorda que a Associação dos Jornalistas de Macau declarou que pelo menos cinco editores de órgãos de comunicação locais receberam mensagens dos seus superiores instruindo-os a fazer uma cobertura noticiosa “mais positiva” sobre o tufão Hato, menos focada na responsabilidade do Governo, especialmente dos titulares de altos cargos. Outro dos pontos de destaque é a nota de protesto da Associação de Imprensa Portuguesa e Inglesa de Macau relativamente ao pedido da Comissão de Assuntos Eleitorais para que um jornal (o semanário Plataforma) removesse uma entrevista publicada com um candidato à Assembleia Legislativa do seu ‘site’. “Os ‘media’ locais expressaram uma ampla gama de pontos de vista, mas o Governo deu passos para restringir uma cobertura noticiosa desfavorável”, sintetizou o Departamento de Estado norte-americano. Washington faz referência ao caso de quatro jornalistas de Hong Kong que foram proibidos de entrar em Macau para fazer a cobertura do pós-tufão, citando ainda o relatório da Federação Internacional de Jornalistas que condenou a decisão do Governo de interditar a entrada a 15 jornalistas de Hong Kong, dos quais alguns pretendiam cobrir as eleições para a Assembleia Legislativa em Setembro. Também é referida a detenção de duas pessoas por terem alegadamente disseminado informações falsas durante a passagem do tufão Hato. Em paralelo, o documento sinaliza que académicos têm reportado autocensura e que, “muitas vezes, foram impedidos de estudar ou falar sobre tópicos controversos relacionados com a China”, mencionando relatos anteriores de que foram advertidos a não se pronunciarem em eventos politicamente sensíveis ou em nome de determinadas organizações políticas. No plano da liberdade de reunião e de associação, o Departamento de Estado diz que, regra geral, o Governo respeita estes direitos, embora note “esforços para desencorajar a participação em manifestações pacíficas”. “Activistas alegam que as autoridades estão a fazer um esforço concertado para usar tanto a intimidação como processos-crime”, refere o documento, mencionando o caso de Sulu Sou, cujo mandato de deputado foi suspenso após ter sido acusado de desobediência qualificada durante um protesto pacífico contra o Chefe do Executivo. Sobre a liberdade de movimentos, o Departamento de Estado lembra que vários políticos e activistas de Hong Kong foram proibidos de entrar sob o argumento de que representavam uma ameaça à segurança interna. O Departamento de Estado refere ainda as limitações à participação política, face à ausência de sufrágio universal na escolha do líder do Governo, que é eleito por um colégio composto por 400 membros. Já no que diz respeito às eleições para a Assembleia Legislativa, realizadas em Setembro, Washington observa que, em termos gerais, foram “livres e justas”, embora notando que “as rigorosas regras relativas à campanha limitaram a capacidade de novos candidatos se apresentarem à corrida”. Sobre a participação política, volta a recuperar o caso de Sulu Sou, sublinhando que críticos do Governo alegam que a acusação e suspensão do mandato do jovem deputado foram “politicamente motivadas”. Crianças e migrantes vulneráveis Washington aponta ainda que “as crianças e os migrantes são vulneráveis à prostituição e ao trabalho forçado” e que, embora “o Governo tenha investigado casos, não houve qualquer condenação” no ano passado. Segundo o relatório, entre Julho de 2016 e Junho de 2017, os inspectores da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) descobriram dois casos de violação à lei que proíbe o trabalho infantil que resultaram em multas de 40 mil patacas. Já sobre os trabalhadores não residentes, Washington reitera serem frequentes as queixas de discriminação no local de trabalho e ao nível dos vencimentos. No capítulo dos direitos dos trabalhadores, o destaque vai para as desigualdades salariais entre homens e mulheres, com o Departamento de Estado a assinalar que continuam a existir, embora o fosso tenha diminuído de 2500 patacas em 2011 para 1700 patacas em 2016. No tocante ao tráfico humano, o Departamento de Estado remete para o seu relatório especialmente dedicado ao tema, que teve a mais recente edição em Junho, em que Macau caiu para a lista de vigilância. Apesar das críticas, o documento saúda a atitude do Governo relativamente a investigações por parte de organizações locais ou internacionais, sustentando que “operam sem restrições”, “investigando e publicando as suas descobertas relativamente a casos de direitos humanos” e que, “na maioria das vezes, as autoridades cooperam e reagem de forma apropriada às suas opiniões”.
Hoje Macau China / ÁsiaGeopolítica | Um novo tipo de “Guerra Fria” com Estados Unidos, Rússia e China Os Estados Unidos estão a impor o regresso a um novo género de Guerra Fria por considerarem a Rússia e a China como adversários, e actuam como elemento que valida as actuais ambições de Moscovo, alertam investigadores em temas geopolíticos [dropcap style≠‘circle’]”E[/dropcap]stamos a regressar a uma nova Guerra Fria, pelo facto de os Estados Unidos encararem agora Rússia e China como adversários, e não como nações pouco amistosas, mas não necessariamente hostis”, considerou Michael Klare, professor de Estudos de segurança e paz no Hampshire College em Amherst, Massachusetts, Estados Unidos, em declarações à agência Lusa. Na sua análise, o académico sublinha que desde o final da Guerra Fria, no início da década de 1990, até recentemente, os presidentes norte-americanos ambicionavam “integrar a Rússia na ordem liberal internacional”, mas a Casa Branca, após a eleição de Donald Trump em 2016, deixou de acreditar que Rússia e China possam integrar essa ordem. “A actual liderança dos EUA não acredita que a Rússia e a China possam integrar essa ordem, antes considera que estão empenhados em desmantelá-la. Por isso, acredita que os dois países devem ser isolados e delimitados”, sublinha o académico, autor de diversas publicações, onde se inclui The Race for What’s Left: The Global Scramble for the World’s Last Resources” (2012). Este género de pensamento, especifica o investigador, já justificava a estratégia de contenção prosseguida pelas potências ocidentais face à URSS no decurso da Guerra fria “original”. Na Rússia, e em particular após a subida ao poder de Vladimir Putin em 2000, o país também registou uma evolução na sua abordagem geoestratégica, e diversos analistas têm considerado o reconhecimento, pela maioria dos países ocidentais e aliados, da independência do Kosovo em 2008 à revelia das instâncias internacionais, como o elemento que conduziu a Rússia a alterar as suas políticas sobre integridade territorial e intangibilidade das fronteiras dos Estados na sua esfera de influência. Sozinhos em Moscovo Em artigo recente publicado na revista Russia in Global Affairs, Vladislav Surkov, conselheiro do Presidente Vladimir Putin e muito influente nos corredores do Kremlin, considerou que a Rússia abandonou as aspirações seculares de integração no ocidente, e regressa a uma nova era de “solidão geopolítica”. “O lugar que o ocidente tem ocupado na política externa da Rússia pós-soviética é simultaneamente o de barómetro da ambição russa de ser reconhecida como uma grande potência e de elemento constitutivo da identidade russa, mesmo que por oposição directa, como parece ser o actual cenário”, assinalou em declarações à Lusa, Licínia Simão, professora de Relações Internacionais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Investigadora do Centro de Estudos Sociais. “Mais do que a União Europeia [UE] ou as suas principais potências, são os Estados Unidos que têm actuado como o elemento que valida as ambições de Moscovo ser um interlocutor necessário à resolução das grandes questões da política internacional”, sustentou. Na perspectiva da investigadora, o “caminho épico da Rússia rumo ao ocidente”, que agora parece comprometido, teria expressão numa ambicionada parceria, mas que não passaria pela integração do grande país euro-asiático nas instituições ocidentais, como a UE ou NATO. “Este caminho rumo ao ocidente era pautado pelo reconhecimento formal de Moscovo como o parceiro mais significativo da superpotência Estados Unidos na resolução dos problemas internacionais, em jeito de concerto das grandes potências, ainda que articulado no quadro de organizações multilaterais como a ONU e o seu Conselho de Segurança”, prosseguiu a académica. A intenção de a Rússia se preparar para actuar de forma mais isolada no contexto internacional constituirá, no actual cenário, a “validação de uma estratégia em vigor há algum tempo, na medida em que ela tem efectivamente sido marginalizada pelos seus parceiros ocidentais e tem procurado sempre avançar os seus interesses particulares”, indicou ainda. No entanto, para Licínia Simão, o impacto desta abordagem nos ‘dossiês’ em que a Rússia é efectivamente um parceiro negocial não é claro, especialmente no actual contexto da política norte-americana e europeia. “Mas será, sem dúvida, um momento de reapreciação das prioridades russas e uma oportunidade de reforçar as tendências autoritárias, conservadoras e nacionalistas do país, com importantes impactos negativos na sociedade russa e potencialmente na estabilidade regional, como é já visível na Ucrânia.” Em clima de “nova “Guerra fria”, o sentimento de “cerco” ocidental, não será apenas perceptível na Rússia, mas também pela China, e contido na mais recente revisão estratégica do Pentágono (NPR) que assinala a entrada dos EUA numa nova era de “competição de grande potência” com Moscovo e Pequim, e que esta competição está a assumir uma forma militar, precisou ainda Michael Klare. O académico norte-americano recordou que o NPR também assinala, “sem fornecer qualquer prova”, que a Rússia encara a utilização inicial de armas nucleares num qualquer futuro conflito com a NATO, devendo deste modo os EUA munirem-se de um vasto espectro de armas nucleares para dissuadir essa utilização, e se necessário responder em conformidade. “O resultado poderá ser uma escalada da corrida às armas nucleares e um maior risco de utilização de armas nucleares em situação de combate”, alertou. “E enquanto os Estados Unidos e aliados continuarem a instalar as suas forças ao longo do perímetro da Rússia e China, podemos esperar que estes países respondam através do reforço das suas próprias forças e procurarem contrariar a estratégia de cerco norte-americana. Esta situação aumentará o risco de confrontação e de escalada em todos os pontos onde forças dos dois lados se encontrem numa situação de proximidade, incluindo na Europa”.
João Santos Filipe SociedadePortuguês rouba táxi em Hong Kong, tem acidente e acaba detido Um cidadão de Portugal, acompanhado por um amigo sul-africano, está envolvido num roubo de táxi, após uma noite na zona de Lan Kwai Fong. Os dois estavam alcoolizados e o incidente ocorreu depois de verificarem que não tinham dinheiro para pagar ao taxista [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]a noite de 17 de Março, um cidadão português, de 28 anos, e um colega de trabalho sul-africano, de 26 anos, foram beber uns copos para a zona de Lan Kwai Fong e acabaram detidos depois de uma noite digna de filme. Segundo a notícia veiculada pela publicação Asia Times, os dois amigos acabaram bêbedos dentro de um táxi, sem que tivessem dinheiro para pagar os 100 dólares de Hong Kong que constavam no taxímetro. Depois de explicarem a situação ao condutor, foram levados a uma caixa de multibanco para levantar o dinheiro em falta. Aí, o português saiu do carro e como não voltou em cinco minutos, o taxista foi à sua procura. Por sua vez, o sul-africano aparentava estar a dormir no carro. Contudo, depois de o motorista ter saído do táxi, o sul-africano pegou no volante do carro, arrancou e parou para apanhar o amigo português. Os dois fugiram depois na viatura, até que sofreram um acidente em Morrison Street. Como nessa altura, o taxista roubado já tinha dado o alerta para as autoridades, os dois acabaram detidos em Connaught Road West. No local, o sul-africano fez o teste ao álcool, que acusou um valor acima do permitido. Por esta razão, vai ter de responder pelas infracções de condução sob o efeito do álcool, roubo de veículo, recusa de pagamento e fuga, e, ainda por não ter parado após o acidente. Já o português é acusado de ser cúmplice no roubo de veículo e da prática de recusa de pagamento e fuga. Julgamento a 29 de Maio Segundo o jornal Observador, que cita fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o cidadão português é natural da Póvoa do Varzim. Ao HM, o Cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno, explicou que o processo está a ser acompanhado desde o início. “O caso foi registado a 17 de Março e desde essa altura que o Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong tem estado a acompanhar a situação ao pormenor. Houve logo uma primeira visita ao cidadão português, depois foi acompanhada a audiência de julgamento, a 16 de Abril, e haverá também presença do pessoal do consulado no julgamento, que está marcado para 29 de Maio”, afirmou Vítor Sereno, ao HM. Ainda de acordo com o Observador, que cita o gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, também em Portugal foi estabelecido o contacto com a família do cidadão detido.
Hoje Macau PolíticaChui Sai On reforça papel de colaboração regional [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, voltou a sublinhar a vontade de Macau em reforçar o intercâmbio entre as autoridades locais, as do Interior do país e dos países vizinhos. A ideia foi dada na passada sexta-feira num encontro de Chui Sai On com a delegação da quarta edição do “Plano de Visitas de Presidentes da Câmara” de países adjacentes à China, que visitou Macau. Em causa está um contributo conjunto para o desenvolvimento da economia à escala global, refere o comunicado enviado à comunicação social. Macau tem de ser visto como uma peça fundamental, considerou o Chefe do Executivo, por múltiplas razões. Chui Sai On recorreu ao passado e recordou que “Macau tem uma longa história enquanto interposto comercial, baseado em rotas terrestres e marítimas antigas que ligam a Ásia e o Ocidente, desempenhando desde sempre uma função de plataforma”, lê-se. É com esta função que “o território tem promovido um intercâmbio comercial e cultural entre os países envolvidos e criado um ambiente de cooperação benéfico para todas as partes”, apontou o Chefe do Executivo. No entender do Chefe do Executivo, a estratégia de cooperação em projectos como o da Grande Baía, passa por criar uma região metropolitana de nível mundial, reforçando as cooperações económica, comercial, cultural e turística entre as várias cidades. Neste âmbito, considerou, “Macau pode exercer ainda melhor as suas funções de Centro Mundial de Turismo e Lazer, assim como de Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, lê-se em comunicado. A benção do continente Neste encontro, participou também o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China em Macau, Ye Dabo. O comissário sugeriu à delegação que aproveite a estadia em Macau para aprofundar conhecimentos sobre o impulso dado pelo princípio de “Um País, Dois Sistemas” ao desenvolvimento socioeconómico. Já o representante das cidades da China interior e governador do município de Zhuhai, Yao Yisheng, afirmou que o planeamento geral da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau vai ser lançado em breve, “sendo esta uma nova e importante oportunidade para as cidades chinesas reforçarem a cooperação com Macau e se abrirem ainda mais”. Ao mesmo tempo, com a implementação plena da estratégia nacional “Uma Faixa, Uma Rota”, e tendo em conta o facto de a ligação entre os locais ser cada vez mais estreita e conveniente, as cidades do interior da China ganham mais condições para aumentar o nível de cooperação com Macau, no sentido de potenciarem o seu papel em prol de uma maior abertura do País ao exterior, e se alcançar maior desenvolvimento. Cidades quase irmãs O responsável acrescentou, ainda que Zhuhai e Macau estão ligados “pelo sentimento de proximidade entre as pessoas”. Yao Yisheng defende que os dois territórios devem, com base na plataforma já existente, potenciar ainda mais a cooperação, com vista a impulsionar as colaborações no âmbito da economia, do comércio, do turismo e da cultura. Por sua vez, o chefe da delegação da quarta edição do “Plano de Visitas de Presidentes da Câmara” de países adjacentes à China, o governador da Província de Savannakhet da República Democrática Popular do Laos, Santiphab Phomvihane, afirmou que o evento possibilita o encontro entre os representantes das regiões participantes, “no qual podem partilhar ideias e trocar experiências nas áreas de investimento, comércio e turismo”. Para o responsável os resultados têm sido positivos.
Hoje Macau PolíticaTitulares dos principais cargos na China até quarta-feira para formação [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s titulares dos principais cargos do Governo e o Procurador-Geral encontram-se desde Sábado na China para participarem em acções de formação. A visita, a Pequim e à província de Jiangsu, decorre até quarta-feira, de acordo com um comunicado do Gabinete do Porta-voz do Governo. Segundo o programa, a delegação participa num curso intensivo, na Academia Chinesa de Governação, em Pequim, devendo ainda, durante a estadia na capital chinesa, realizar uma visita ao Gabinete para Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado. Em paralelo, estão também previstas visitas e sessões de intercâmbio na província de Jiangsu. Esta acção, incluída no plano geral de formação dos funcionários públicos da RAEM, tem como finalidade “garantir à delegação de dirigentes uma melhor compreensão das grandes acções e estratégias de desenvolvimento nacionais assim como aperfeiçoar a consciência política e fortalecer a capacidade governativa”, refere a mesma nota. Participam na iniciativa a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, o Secretário para a Economia e Finanças Lionel Leong, o Secretário para a Segurança Wong Sio Chak, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, o Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, bem como o Comissário Contra a Corrupção, André Cheong, o comissário da Auditoria, Ho Veng On, o comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, Ma Io Kun, o director-geral dos Serviços de Alfândega, Alex Vong, e o Procurador-geral do Ministério Público, Ip Son Sang.
Sofia Margarida Mota PolíticaGoverno reduz taxas de internet com o intuito de melhorar serviços O Governo vai regulamentar uma diminuição das taxas radioeléctricas para que a população tenha mais facilidade de acesso aos serviços de internet no território. A medida prevê mesmo a isenção de taxas de exploração quando se trata do acesso em pontos públicos [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] partir do próximo dia 1 de Maio vão deixar de existir taxas de exploração nos pontos públicos de acesso à internet. “As taxas de exploração anual dos serviços radioeléctricos relativas aos pontos de acesso de rede pública de área local sem fios ficam dispensadas”, lê-se em comunicado oficial. A medida foi anunciada na sexta-feira pelo Conselho Executivo e integra o projecto do Governo de alteração à tabela geral de taxas e multas aplicáveis aos serviços radioeléctrivos. O objectivo é “permitir aos cidadãos o gozo de serviço gratuito de acesso a Wi-Fi com maior cobertura”, refere o mesmo documento. De acordo com a rádio Macau, a directora dos Serviços de Telecomunicações, Derby Lau, esclareceu que a dispensa desta taxa implica “uma redução de receita de apenas 60 mil patacas”. No entanto, vai permitir às operadoras “melhores condições para a população aceder ao Wi-Fi gratuito”. No ano passado, existiam 300 pontos de acesso gratuito à rede pública. De acordo com Derby Lau, a quantidade de pontos pode subir ainda este ano até 416, refere a Rádio Macau. Estão ainda previstos os ajustamentos de taxas sobre a comunicação de voz, vídeo mensagens e dados. Estes serviços, a partir do próximo mês, passam a deduzir “em 10 por cento das receitas de exploração resultantes da prestação de serviços”, aponta o Conselho Executivo em comunicado. A medida pretende permitir o acesso dos visitantes aos serviços itinerantes de telecomunicações móveis a melhores preços “criando condições favoráveis à fixação e tarifas itinerantes a preço mais favorável para os cidadãos de Macau no futuro”, lê-se. Perdas menores Em termos de perdas para os cofres públicos, esta medida implica menos 24 milhões de patacas. Acresce ainda a redução de receitas em 17 milhões de patacas com as alterações previstas nas taxas radioeléctricas para os amplificadores de células em que o montante passa de 720 para 360 patacas. De acordo com o Conselho Executivo, o objectivo é “incentivar as operadoras a ampliar a área de cobertura dos sinais e permitir aos cidadãos o gozo de serviços de telecomunicações móveis com uma cobertura mais abrangente”. O projecto de regulamento administrativo vai entrar em vigor a 1 de Maio e tem o objectivo de “acompanhar o posicionamento do desenvolvimento de Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer”. A ideia é ainda criar condições para incentivar o comércio electrónico contribuir para a construção de uma cidade inteligente.
Sofia Margarida Mota PolíticaBenefícios fiscais para reconstrução de edifícios em processo legislativo A proposta de lei relativa ao regime de benefícios fiscais para reconstrução de edifícios está pronta para votação na generalidade na Assembleia Legislativa. O Conselho Executivo já deu a conhecer as circunstâncias em que pode ser atribuída a isenção de imposto de selo para os proprietários de edifícios que têm de ser demolidos e que tencionam avançar para a sua reconstrução [dropcap style≠‘circle’]V[/dropcap]ai avançar para votação na generalidade a proposta de lei sobre o regime de benefícios fiscais para reconstrução de edifícios. O documento foi discutido pelo Conselho Executivo (CE) e prevê isenções no imposto de selo em caso de demolição e reconstrução de edifícios devolutos. De acordo com o comunicado oficial, a medida tem como objectivo “reduzir os custos associados à reconstrução, atenuar os encargos dos proprietários, bem como acelerar o ritmo do trabalho relativo à renovação urbana”. Os benefícios fiscais considerados consistem na isenção de imposto de selo e pode ser dada quando os edifícios que, após vistoria pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), sejam classificados como aptos a serem demolidos e reconstruídos, “por ameaçarem ruína ou oferecerem perigo para a saúde ou segurança públicas, ou que sejam demolidos após a aprovação do projecto pela DSSOPT”, lê-se no comunicado do CE. Estão também incluídas os prédios demolidos e reconstruídos por determinação do Chefe do Executivo para o desenvolvimento social e para a preservação do património cultural e os edifícios que sejam demolidos e reconstruídos, nos termos legais. Em todos os casos há que ter em conta que a reconstrução implica um plano para o mesmo local que obedeça ao projecto original, ou a um novo desde que aprovado pela DSSOPT. De acordo com o mesmo comunicado, é atribuída “isenção do imposto do selo sobre a aquisição do segundo e posteriores bens imóveis destinados a habitação pela aquisição ou promessa de aquisição do direito de propriedade sobre bens imóveis destinados a habitação a serem demolidos”. Nestes casos, o promotor do empreendimento está obrigado a concluir as obras de fundação do edifício a ser reconstruído, no prazo de três anos a contar da data da aquisição do edifício a ser demolido. Proprietários seguros A proposta salienta ainda que os interesses dos proprietários são assegurados. Desta forma, prevê que “seja aplicado ao promotor do empreendimento o regime de pagamento que precede a restituição”. Neste sentido, os promotores do empreendimento que tenham concluído as obras de reconstrução podem requerer a restituição do imposto mas apenas quando a licença de utilização tenha sido emitida, bem como quando o novo bem imóvel tenha sido transferido para os proprietários finais. A mesma proposta de lei, prevê ainda que seja atribuída a isenção de imposto do selo sobre a aquisição e transmissão de bens nos termos da Tabela Geral do Imposto do Selo, e dos emolumentos notariais e de registo. Vai também existir uma limitação relativa ao acréscimo na área bruta de 10 por cento de utilização dos respectivos bens imóveis e criadas outras limitações ao seu número, finalidade, e ao regime de propriedade do edifício em que estão inseridos. Por outro lado, aqueles que se tornem proprietários dos bens imóveis antes da determinação de demolição e reconstrução do edifício, ou da aprovação do projecto de demolição, e que, posteriormente, tenham efectuado o pagamento do imposto do selo especial sobre a transmissão de bens imóveis podem requerer a restituição do respectivo imposto num prazo de dois anos. No entanto, os benefícios fiscais caducam caso os proprietários transmitam o direito de propriedade ou o respectivo direito real dos bens imóveis, no prazo de três anos a contar da data da autorização da isenção do pagamento de impostos ou da emissão de licença de utilização ao edifício reconstruído, salvo as transmissões por sucessão.
João Santos Filipe Manchete PolíticaUma Faixa para a diversificação e integração económica A iniciativa lançada pelo presidente Xi Jinping vai permitir a Macau diversificar a economia e diferenciar a origem dos turistas que chegam ao território. Estas são as expectativas de vários académicos que estiveram em Macau para falar da política Uma Faixa, Uma Rota e dos seus impactos para o turismo [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] política nacional Uma Faixa Uma Rota vai ser uma grande oportunidade para que Macau possa diversificar a origem dos turistas. Além disso, num contexto de integração na zona da Grande Baía, surgirão novas oportunidades económicas para o território, longe da área tradicional do jogo. Esta foi a perspectiva partilhada por vários académicos, ao HM, que estiveram presentes num evento promovido pelo Instituto de Formação Turística (IFT) sobre as implicações para o turismo da política chinesa. Neste caminho que RAEM vai percorrer, no seio da Grande Baía, parece haver outra certeza: a mais-valia da mistura cultural entre o Oriente e o Ocidente vai ser reforçada. “O turismo de Macau no âmbito da política Uma Faixa, Uma Rota vai passar por dois aspectos: por um lado, vai continuar como centro mundial do jogo, como acontece actualmente com um turismo muito desenvolvido. No entanto, não se vai ficar por aqui, o misto das culturas chinesa e portuguesa vai tornar a cidade ainda mais atractiva ao nível turístico, ao mesmo tempo que Macau fará a ligação entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, afirmou Carson Lewis Jenkins, professor na Universidade de Strathclyde, na Escócia, e membro eleito da Academia Internacional de Estudos de Turismo, ao HM. Maior integração “Acredito que com a integração na Grande Baía que Macau poderá funcionar como grande plataforma nas trocas comerciais entre o Sul da China e os Países de Língua Portuguesa. Essa função vai sair reforçada no âmbito da política Uma Faixa, Uma Rota”, acrescentou o académico. Contudo, Carson Lewis Jenkins mostra-se surpreendido pelo facto de no âmbito do desenvolvimento de Macau raramente ver referida a experiência do Governo da RAEM em negociações com grandes empresas privadas, como são as operadoras de jogo. Para o académico, este poderá ser um dos grandes argumentos de Macau, em contraste com o Interior da China, que não está tão familiarizado com o funcionamento de iniciativas privadas e independentes, como muitas das que actuam nos mais de 60 países envolvidos pela iniciativa Uma Faixa, Uma Rota. “O Governo local tem uma grande experiência na relação com os privados. Essa experiência vai ser muito importante para o Governo do Interior da China. No Interior da China a economia é centralizada, assim como o planeamento e o financiamento. O conhecimento deste tipo de relações não é tão profundo”, justificou. “No entanto, as pessoas não têm valorizado muito este aspecto. Considero que o futuro de Macau e o aproveitamento das vantagens poderá passar por aí”, frisou. Plataforma reforçada Segundo Richard Xu, director do Departamento de Política e Administração Pública da Universidade de Hong Kong, a política nacional vai reforçar a posição do território como plataforma como os países lusófonos. “Macau vai ter um papel muito importante como local central para a ligação com os países que têm o português como língua oficial. Apesar das ligações já existentes com esses países, o Governo Central tem a intenção de aprofundar as ligações. A iniciativa Uma Faixa Uma Rota tem esse aspecto como uma das intenções. E Macau tem o seu papel a desempenhar”, afirmou o académico, ao HM. “Se olharmos para a Grande Baía, vai ser criada uma plataforma de trocas comerciais com dinâmica para todas as onze cidades envolvidas. Nesse aspecto, Macau pode ser um centro de importações e exportações para os países lusófonos, promovendo o aprofundamento das relações comerciais”, apontou. Por outro lado, Richard Xu explicou que Macau vai ficar a ganhar com a maior integração regional, que tem neste momento a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau como grande símbolo. “É uma situação em que todos ficam a ganhar. Vai aumentar o fluxo de turistas entre as regiões e fazer com que as cidades se comecem a comportar mais como complementares do que competidoras. A nível do turismo, não é descabido imaginar que as pessoas vão traçar roteiros em que visitam as cidades que preferem”, previu. Nesta estratégia, Macau vai ver a sua oferta turista complementada pela Ilha da Montanha. Porém, neste momento, ainda há trabalho para fazer entre os Governos das partes envolvidos. “Hengqin vai apoiar o crescimento de Macau, principalmente ao nível da oferta de elementos de entretenimento que não estão ligados ao jogo. Será mais um local extra para o qual Macau pode crescer. Mas para que isso possa acontecer, tem de haver uma maior ligação entre as duas regiões. Neste momento as ligações ainda não são as melhores”, considerou. Papel único Para Hong Yu, professor e investigador da Universidade Nacional de Singapura, Macau tem um papel único na política Uma Faixa, Uma Rota. O académico destaca também o papel estratégico do território como elo de ligação entre a China e os países lusófonos. “Se repararmos nas ligações históricas de Macau com Portugal e com os países de língua portuguesa, o território pode encontrar formas de ser a ponte para reforçar essas ligações. Isso é muito importante e poderá contribuir para a diversificação da economia que o território procura alcançar”, começou por dizer Hong Yu, ao HM. “Por exemplo, através de empresas de Macau, a China pode reforçar a entrada em mercados como o europeu, através de Portugal, no Brasil, Angola e Moçambique, que são mercados com um grande potencial. Se tivermos em conta que a política Uma Faixa, Uma Rota tem uma perspectiva de longo-prazo, a importância pode ser maior do que agora se pensa”, explicou. O investigador da Singapura também não esqueceu o papel dos casinos, que contribuem para que Macau seja um exemplo de sucesso ao nível do turismo: “Singapura aprendeu muito com Macau, para conseguir alcançar o que é hoje. Isso é muito claro, principalmente quando quis perceber as operações ao nível da hotelaria. Ao nível desta indústria, Macau tem estado focado em conseguir mais visitantes familiares. Por isso, tem de oferecer outros aspectos não-jogo, é o único caminho”, considerou. Ainda no que diz respeito à indústria do turismo, Hong Yu diz que o caminho passa por apostar mais nas exposições e convenções, assim como nos elementos culturais ligados à presença portuguesa. Com estes aspectos, será mais fácil para o território diversificar a origem dos turistas. Em 2017, Macau recebeu cerca de 32,6 milhões de turistas, um aumento de 5,4 por cento face ao ano anterior. Do número total de visitantes, 29,4 milhões são provenientes do Interior da China, o que representa 90,2 por cento. Gestão de dívidas exige cautela Nos últimos tempos, a política Uma Faixa Uma Rota tem estado debaixo dos holofotes mediáticos, devido ao endividamento excessivo de alguns países perante a China. O caso mais mediático foi o do Sri Lanka, que acabou por ceder durante 99 anos os direitos sobre o porto de Hambantota, um dos mais importantes do país. O acordo entre as partes gerou preocupações, principalmente do Governo indiano que viu o acordo como a formação uma colónia. Ao HM, o académico Richard Xu explicou que estas são situações com que ninguém fica a ganhar, e que mesmo na perspectiva do Governo Central são negativas. “É fundamental que haja uma gestão dos riscos nesta política. Não só para os governos que participam, mas para as empresas privadas. Se não houver uma gestão eficaz dos riscos, haverá crises e os impactos serão sentidos por todos. Mesmo as autoridades chinesas não têm interesse neste tipo de desfechos”, afirmou. Fanny Vong destaca marco histórico alcançado por Macau Para a presidente do Instituto de Formação Turística, Fanny Vong, a iniciativa Uma Faixa Uma Rota demonstra o apoio nacional para que Macau diversifique a origem do turistas. Por outro lado, é uma oportunidade para reduzir a dependência dos visitantes do Interior da China. “Com a Política Uma Faixa, Uma Rota Macau tem um maior apoio político para promover o turismo internacional. Já é possível ver alguns avanços na origem dos destinos dos turismos. Pela primeira vez na História, o nosso terceiro maior mercado é um país estrangeiros e não uma região da Grande China”, disse Fanny Vong, ao HM, sobre o facto da Coreia do Sul ser actualmente o terceiro maior mercado de turistas de Macau. “Com esta política nacional, existe a perspectiva nacional de que Macau terá de fazer mais para se promover ao nível internacional e atrair mais turistas. Com esta política, vai haver uma maior atenção para o património cultural de Macau, para aqueles que não têm esse conhecimento da diversidade do País China, assim como da cidade Macau”, acrescentou. Por outro lado, a responsável acredita que no longo prazo a iniciativa lançada pelo presidente Xi Jinping poderá trazer outras medidas de estímulo à indústria: “Há dois aspectos muito importantes para aumentar o número de turistas internacionais: o acesso aéreo e a política de facilitação dos vistos. Isto só poderá ser alcançado a nível nacional”, explicou.
Tiago Bonucci Pereira VozesInvestimento Chinês em África [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]este texto traça-se um panorama geral das relações comerciais entre a China e África, bem como da natureza dos investimentos chineses. O assunto é complexo, mas pretende-se aqui identificar as principais variáveis, aspectos problemáticos, “mitos” propagados, bem como perspectivas futuras. As exportações chinesas para África têm se mantido relativamente estáveis nos últimos anos. No entanto, entre 2014 e 2015, as exportações de África para a China caíram 66 por cento em valor, fundamentalmente devido à queda do preço do petróleo, a principal importação chinesa. Recursos naturais constituem o grande bolo das importações chinesas, pelo que as flutuações do mercado encontram correspondência imediata nos valores de exportação para a China que, de 2014 para 2015, regrediram para valores de 2007, tendo-se mantido estáveis de 2015 para 2016. Em termos de investimento directo estrangeiro (IDE), entre 2003 e 2016 regista-se um aumento contínuo de fluxo agregado de IDE da China em África, de 500 milhões de dólares americanos (USD) em 2003, para 39.9 mil milhões de USD em 2016. Neste capítulo, embora os Estados Unidos da América (EUA) continue a liderar as estatísticas, os anteriores valores representam, em termos relativos, respectivamente 2 por cento e 70 por cento do stock de IDE dos EUA em África, o que reflecte também a estagnação de investimento americano no continente no período pós crise económico-financeira do final da década passada. A queda de valor de bens primários nos últimos anos resultou num novo padrão no direccionamento do IDE chinês em África. Países ricos em recursos naturais como Angola e a Nigéria viram acentuadas quedas no IDE chinês, enquanto que países como o Quénia, Etiópia e Tanzânia sairam beneficiados. O IDE chinês incide principalmente nos sectores mineiro, construção e indústria transformadora, sector este que ganhou proeminência nos últimos anos com a tranferência de operações de empresas chinesas para África, fruto do aumento dos custos laborais na China. No que concerne empréstimos da China a governos e empresas estatais de países africanos, é de referir que valores por vezes divulgados na imprensa são manifestamente exagerados. A publicação The Economist Corporate Network, por exemplo, reportava em 2015 que os bancos estatais chineses (China Eximbank, China Development Bank, CDB) tinham-se comprometido com financiamentos num total de cerca de 1 bilião de USD durante a década seguinte, valor exagerado em pelo menos uma ordem de grandeza. Um olhar crítico sobre reportagens como a citada permite desvendar a origem destes exageros. Para que empresas chinesas, e governos africanos, possam requisitar financiamento a bancos chineses, precisam de ter à partida um contrato assinado. Por vezes são anunciados projectos na sequência da assinatura de memorandos de entendimento, que raramente têm resultados prácticos. O padrão identificado anteriormente para o comércio e investimento directo estrangeiro é observado também na análise de financiamento chinês para África: crescimento acentuado até 2013, seguido de ligeiro decréscimo. Entre 2000 e 2015 a China providenciou um total de 95 mil milhões de USD em empréstimos e linhas de crédito para governos e empresas estatais africanas. O maior beneficiário destes empréstimos foi Angola (20 por cento), seguido da Etiópia (14 por cento) e o Quénia e o Sudão (7 por cento). Os empréstimos são dirigidos maioritáriamente (63 por cento) para os sectores de transportes (construção e manutenção de estradas; caminhos-de-ferro), energia (projectos hidroeléctricos; linhas de transmissão de energia; gasodutos; centrais eléctricas a carvão e gás) e telecomunicações. O sector mineiro absorve 10 por cento dos empréstimos, sendo que estes consistem maioritariamente (mais de 80 por cento) em linhas de crédito para a empresa estatal angolana Sonangol. Apenas um terço dos empréstimos são garantidos com bens primários, prática usual para investimentos em países considerados de alto risco, mas que possuem bens que investidores consideram que ajudam a cobrir os riscos associados a investimentos nesses países, nomeadamente o risco de incumprimento. Trata-se de resto de uma prática da qual a própria China usufruiu no início do seu processo de reforma e abertura. Estima-se que linhas de crédito (garantidas com petróleo) providenciadas pelo China Eximbank ao governo angolano tenham financiado a construção de 127 obras públicas. É esta, portanto, a principal razão para a utilização deste modelo de financiamento, e não tanto a tentativa de garantir acesso a recursos naturais. O exemplo de Angola é ilustrativo: a China importa cerca de metade do petróleo produzido por Angola, mas companhias petrolíferas chinesas apenas possuem cerca de 10 por cento da produção de petróleo angolano, mercado que é dominado por empresas ocidentais como a ExxonMobil e a Total. Os termos contratuais associados aos empréstimos dos bancos estatais chineses impõem sempre a preferência pela utilização de bens e serviços da China. A controvérsia associada a esta relação entre financiamento chinês e fornecedores chineses tem origem sobretudo na ideia errada que financiamento chinês em países em vias de desenvolvimento corresponde a ajuda ao desenvolvimento, quando a função de todos os bancos exportação-importação, como o China Eximbank ou o US Eximbank, é precisamente o de providenciar acesso ao crédito para compradores de bens do país. Ou seja, muito do que é dito sobre a abordagem chinesa em matéria de investimentos em África não corresponde à verdade. A abordagem é fundada em princípios comerciais, e busca a expansão comercial chinesa, estando integrada no Going Out Policy. Recursos naturais constituem um aspecto fundamental nesta relação entre a China e África (tal como na relação entre África e os EUA e a União Europeia), constituindo a larga maioria das importações chinesas. Todavia, é importante lembrar que a própria China foi até 1993 um exportador líquido de petróleo, e que na fase inicial do seu processo de reforma celebrou vários acordos de compensação comercial em termos semelhantes aos que propõe a países africanos. A volatilidade do mercado de bens primários pôs a nu fragilidades associadas à dependência excessiva de alguns países em recursos naturais, incluindo dificuldades ao nível de pagamento de dívidas. A situação actual deve, portanto, funcionar como um incentivo para diversificar a economia e promover a boa governança (países como o Quénia e a Etiópia têm feito progressos significativos neste capítulo). No fim de contas, é a melhor forma de conquistar a confiança de investidores. A China é, hoje em dia, um player incontornável em África. Mas existem aqui também desafios importantes para o lado chinês. Como referia em 2007 o antigo Presidente Moçambicano Joaquim Chissano numa conferência em Oxford dedicada ao tema de perspectivas futuras para ajudas ao desenvolvimento “devemos procurar formas de aliar ajuda à atracção de recursos para o sector privado, por forma a apoiar a emergência de uma classe empresarial robusta com uma participação forte nas economias nacionais”. Ajuda externa representa uma fracção minoritária do financiamento chinês, mas a lógica é aplicável ao discurso de “benefício mútuo”. O sucesso em África serviria como exemplo noutras faixas e noutras rotas.
Sofia Margarida Mota PessoasDiana Soeiro, coordenadora da Casa de Portugal [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]iana Soeiro não nasceu em Macau mas isso não invalida que não se sinta de cá. “Vim aos seis anos, os meus pais vieram para cá trabalhar e trouxeram-me com eles e com os meus irmãos e, depois de estudar em Portugal, voltei para cá”, começa por contar ao HM. Corria o ano de 1999 quando foi estudar direito para Portugal, altura em que também muitos dos portugueses que viviam em Macau foram embora. Algo que não aconteceu com a coordenadora da Casa de Portugal, nem com a sua família. “É a minha terra”, afirma. E é uma terra que, de acordo com Diana Soeiro, tem um série de vantagens, aumentadas com a maternidade por se alargarem aos seus filhos. Uma das possibilidades que Macau lhe oferece é a abertura de horizontes. “A coexistência de várias culturas faz com que bebamos um bocadinho de cada uma delas, acho que isso faz com que sejamos talvez mais seguros”, refere. Por outro lado, é também no contacto com a diferença que se criam outros mecanismos de adaptação. “O conhecer mais e o contacto com outro tipo de pessoas, ajuda-nos a desenvolver uma outra capacidade para nos adaptarmos a diferentes ambientes e isso faz com que trabalhemos melhor a nossa auto-confiança. Mas também influencia a nossa visão do mundo”, acrescenta, sendo que é isso que pretende transmitir aos seus três filhos. “Quero que os meus filhos tenham acesso a isto e que sintam que é um privilégio viver em Macau”. Como se não bastasse, a RAEM é ainda ponto de acesso a outros mundos que lhe estão perto. “Aqui podemos viajar para qualquer lado”, diz. Mas também se pode ir para fora sem sair do território. “Se houver uma festa tailandesa no bairro, nós vamos; se houver a festa da ópera chinesa, nós vamos, e tentamos estar sempre a par de todas as especificidades das culturas que existem aqui em Macau”, sublinha com satisfação. No entanto, mantem sempre a âncora na portugalidade que quer conservar em si, e nos filhos. Criatividade escondida Diana Soeiro tem alguns segredos, entre eles um gosto especial pela escrita de poesia. “Escrevo alguns poemas que partilho com as pessoas mais próximas, não é uma coisa pública, mas leio também muita poesia e faço muitos projectos com os miúdos relacionados com esta forma de escrita”, diz. Por outro lado, é também a leitura que lhe permite um tempo que é só seu. “Leio todos os dias, é o meu escape a minha meditação”. Se na escrita já tem currículo pessoal, já outras áreas criativas vieram à tona com a maternidade. “Tinha sempre negativa nas área criativas da escola, era mesmo má aluna e quando as miúdas nasceram, como todos os pais, comecei a lutar para que não passassem muito tempo no computador. O resultado foi o desenvolvimento de ideias e projectos criativos”, aponta, coisa que pensava ser impossível de concretizar. “Não sei se alguma vez teria feito estas coisas se não tivesse sido mãe. Eu não era uma pessoa que tirava fotografias, não gostava. Não fazia trabalhos manuais. Se não fosse pelas crianças e por aquilo que lhes quero transmitir, acho que nunca tinha descoberto essas capacidades”, considera. A fotografia integra quase todos os projectos familiares, e Macau e as suas misturas não podem faltar. Entre a paisagem, a comida e a arte, o resultado é bom de se ver e reflecte a multiculturalidade que Diana Soeiro vai absorvendo. “Tentei fazer um pudim de manga macaense, aproveitei e conciliei com a abordagem fotográfica. Tenho andado a tentar desenvolver este tipo de projectos tendo por base o princípio da mistura que existe no território”, explica. “Tenciono ficar aqui muitos anos, mas pode acontecer que, por alguma razão, tenha de ir embora e quero ter um registo, meu e da minha família, do sítio onde vivemos”, refere. Macau infinito O território pode ser pequeno mas as suas possibilidades são infinitas. Para Diana Soeiro é uma terra que, independentemente do tempo que se cá viva, tem sempre algo de novo para descobrir. “Não temos aquela atitude de que está tudo visto no território”, aponta. “Estou aqui há trinta anos e ainda me surpreendo imenso com Macau. Aliás, fazemos todos os fins-de-semana passeios para descobrir o território e encontramos sempre um novo pormenor: uma porta, uma janela, ou qualquer outra coisa”, remata.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasA subcomissão chinesa dos festejos [dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]repara-se a celebração do IV Centenário do Caminho Marítimo para a Índia e sob a presidência do Governador Eduardo Augusto Rodrigues Galhardo (1897-1900) no Palácio do Governo reúne-se a 1 ou 2 de Fevereiro de 1898 a comissão executiva dos festejos, à qual Lu Cau e Ho Lin-vong pertencem, sendo aprovado o programa e nomeadas as subcomissões. Integra uma delas diversas personalidades chinesas influentes na sociedade macaense que, <pela sua posição e boas qualidades, se têm tornado dignos da consideração e respeito dos seus compatriotas>. Presidida pelo chefe da Repartição de Expediente Sínico, Eduardo Marques, é a subcomissão constituída pelos chineses, Ho Lin Vong como Vice-presidente e vogais: Lu Cao, Chon Sin Ip, Ip Lui San, Chan Fong, Choe Sam, Sung San, Lam Ham Lin, Ho Kuong, Vong Tai, Chan Hao Hua, O Loc, Li Kiang Chün e Chie Iet. Tratará dos festejos chineses e fogos de vista e está encarregada de fazer um apelo aos habitantes chineses de Macau, solicitando a iluminação das suas casas. Muitos, deste grupo de chineses, já tinham ajudado o Governo de Macau na preparação de outros festejos, como a visita a esta cidade do Grão Duque Czarevitch Alexandrovitch, filho do ex-Czar Alexandre II da Rússia. O Boletim Oficial de 1891 não refere qual dos irmãos Alexandrovitch, tios e cunhados do então reinante Czar da Rússia Nicolau Nikolaevich (1831-13 de Abril de 1891), pretendeu visitar Macau. Quando por ofício de 21 de Fevereiro de 1891, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Império da Rússia, por via da sua legação em Pequim, comunicou ao Governo de Macau que nos primeiros dias de Abril pretendia o Grão Duque Alexandrovitch fazer uma visita oficial a essa colónia, o Governador de Sua Majestade, Custódio Miguel de Borja (1890-1894) mandou que sua Alteza Imperial fosse aqui recebida com todas as honras inerentes à sua alta hierarquia. Para essa recepção projectavam-se festejos públicos e para tal foi constituída uma comissão extra-oficial composta pelos cidadãos Visconde de Senna Fernandes como presidente, Ho-Lin-Vong vice-presidente, Lu-Cau tesoureiro, Pedro Nolasco da Silva secretário e dos vogais: Chan-Fong, Chou-Sin-Ip, Ho Lin Seng, Ho-In-Kae, Choi-Sam, Ho-Loc, Lam-Am-Lin e Vom-Tac. Pelo Boletim Oficial de 28 de Março de 1891 ficou a saber-se que por falta de tempo essa visita oficial não se iria realizar. O Governador, no B.O. seguinte, publicou um agradecimento à comissão pela sua franca adesão ao convite que fizera, assim como pelo modo especial e bizarro com que a mesma se houve na liquidação final das despesas preparatórias efectuadas, considerando-as por completo à sua inteira responsabilidade. A comunidade chinesa Antes de 1841, a comunidade chinesa a viver em Macau dedicava-se a pequenos negócios e já nos finais do século XVIII tinha criado a Sam Kai Vui Kun, associação dos moradores das três ruas, a dos Ervanários, a das Estalagens e a dos Mercadores, as principais de comércio, reunindo-se desde 1792 no Sam Kai Miu, o Pagode das Três Ruas, [hoje o Templo de Kuan Tai (Guan Yu) na Rua Sul do Mercado de S. Domingos]. Com a criação de Hong Kong, após a I Guerra do Ópio, Macau perdeu a sua importância como porto e daí muitos chineses se terem mudado para a nova colónia inglesa, onde se abriam grandes oportunidades de trabalho e negócios. Usando as suas regionais redes de contactos, os comerciantes chineses começaram a ganhar grande poder económico, enquanto Macau assistia, sem nada poder fazer, ao declínio comercial. Tal levou os governantes portugueses a ter de encontrar outras formas de impulsionar a economia do território e com a chegada do Governador Ferreira do Amaral foi implantado o regime de exclusivos para conseguir financiar as despesas da colónia. Aproveitaram os chineses abastados, que passaram então a controlar a actividade económica de Macau. Uma das famílias chineses que em meados do século XIX apareceu em Macau foi a de Ho Lo Quai. Este introduziu aqui o jogo do Fantan e a lotaria Vae Seng, tendo ainda outros negócios como, o de terrenos, do ópio, do abate de gado e do exclusivo do sal, que o tornaram milionário. Faleceu em 1888 e dos dez filhos, Ho Lin Vong era o sétimo, que, além de participar com o pai em alguns exclusivos, era ainda proprietário de fábricas instaladas em Macau e tinha adquirido a nacionalidade portuguesa. Em 1890, uma parte da comunidade macaense achava conveniente ter membros chineses na vereação municipal e propuseram Ho Lin-Vong, como o membro mais popular do clube chinês, onde se reuniam os grandes proprietários e capitalistas, <os indivíduos que estão mais em contacto com as nossas autoridades e com os portugueses em geral>, e Chou-sin-ip, pela parte burguesa da população chinesa, lojistas e comerciantes e cujo seu centro de reuniões era o hospital chinês. Já nos finais de 1892, por Portaria foi nomeada uma comissão para promover a organização de produtos naturais de Macau e Timor e seleccionar expositores à exposição colonial a realizar em Julho de 1893 no Palácio de Cristal do Porto. Essa comissão, composta por todo o corpo governativo de Macau e Timor, tinha como presidente o Governador Custódio Miguel Borja, e nela se encontravam alguns dos capitalistas da cidade, Chan-Kit-San, Chou-Sin-Hip, Ho-Lin-Vong e Lu-Cau. As amizades entre estes chineses e a comunidade portuguesa de Macau estão espelhadas na festa dada por Ho-Lin-Vong a 3 de Maio de 1894 para celebrar o feliz resultado obtido por um dos seus filhos no exame de bacharéis em Cantão. Nesse lauto jantar à chinesa, oferecido aos seus amigos, contavam-se os senhores Albano Alves Branco, Amaro d’ Azevedo Gomes, António J. Garcia, Augusto Irmino Serpa, A. d’ Araújo, Albino António Pacheco, Adolpho Corrêa Bettencourt, Conde de Senna Fernandes, Conselheiro Dr. António Marques de Oliveira, Cipriano Forjaz, Clelio do Rozario, Dr. Álvaro Maria Fornellos, Dr. José Gomes da Silva, Dr. Luiz Lourenço Franco, Eduardo Marques, Francisco Maria Salles, Francisco Pereira Marques, Francisco H. Fernandes, Guilherme Menezes, Ignácio da Costa Pessoa, José Ribeiro, Joaquim Madeira, João Albino Ribeiro Cabral, Luiz Eusébio da Silva, Secundino Noronha e Tristão da Cunha Azevedo Carvalhaes, segundo o Echo Macaense. Um mês depois de ter sido nomeada a subcomissão para tratar da parte respeitante aos chineses da celebração do IV Centenário, por Portaria de 11-3-1898 era nomeada uma comissão para expor os recursos de Macau e os elementos de produção artística e industrial na Exposição Universal de Paris de 1900. Era composta entre outros pelo juiz Dr. Albano de Magalhães, António Joaquim Garcia Presidente do Leal Senado e seu representante Pedro Nolasco da Silva, o Conselheiro Artur Tamagnini Barbosa e os comendadores: António Basto, Lourenço Pereira Marques, Cou-Sin-Hap, Lu-Cao e Ho-Lin-Vong, assim como ainda Cuong-Fat-Chin e Chan-Hoc-Hin, que apresentará em 1899 o seu relatório. Estas as sinergias para a manutenção de Macau no final do século XIX.
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasSinais II [dropcap style≠‘circle’]H[/dropcap]á uma ideologia na nossa relação com o futuro. O facto de estarmos desde sempre já lançados na direcção de um futuro não está sempre presente. Essa consciencialização ocorre de diversos modos. Podemos reflectir activa e teoricamente sobre a relação entre espera e futuro. Mas é desprevenidos, contudo, que o futuro nos chega. Quando temos uma decepção e também quando dizemos que a “expectativa foi excedida”. A decepção e o “excesso” de satisfação transformam o modo como temos estados depostos na realidade. Fazem-nos perceber que estávamos a viver uma ilusão que foi desiludida ou então, mesmo numa determinada expectativa percebemos que a realidade nos ultrapassou e excedeu. Em ambos os casos na superação das expectativas ou na sua decepção percebemos que de algum modo estamos numa relação com o futuro. Não é, obviamente, apenas nestas circunstâncias que estamos numa antecipação de futuro. Estes casos são picos altos ou baixos que permitem compreender por contraste que fazemos experiência de vida orientados pelo futuro. O mais das vezes e primordialmente estamos precisamente à espera, à espera de que não haja novidades, de que as coisas sejam como até aqui. Há uma projecção do futuro que de algum modo prevê as coisas sem surpresas. A homogeneidade sem surpresas nem novidades nivela o quotidiano sem grandes expectativas ou esperanças mas também sem ânsia ou desespero. O “stress” vem da repetição contínua de tudo ser igual ao mesmo, sem a alteração que traga variedade ao que tem sido. Mas há uma ideologia na nossa relação com o futuro. A ideologia frisa uma possibilidade e tende a neutralizar a outra. Podemos estar sempre à espera de uma única coisa boa ou de coisas boas que estão por acontecer. Podemos estar à espera de uma coisa péssima ou de várias coisas más por acontecer. Há pessoas que esperam o pior, para se prepararem para o embate e o impacto que as coisas más têm nelas. Há pessoas que esperam sempre o lado positivo das coisas, mesmo que não sejam optimistas que esperem sempre o melhor de tudo. Há quem não espere nada. Há quem espere tudo. A acentuação de uma possibilidade em detrimento de outra define possibilidades existenciais ou cosmovisões. Há pessimistas e optimistas como há pessoas com sentido crítico nem pessimistas nem optimistas, mas realistas ou pragmáticas. Há quem prepare a guerra para viver em paz. Há quem viva continuamente na possibilidade iminente do conflito para poder ter sossego. Há quem viva a antecipar apenas o curto prazo de um dia de cada vez ou quem tenha visões de futuro a longo prazo. A nossa relação com o futuro é uma relação com conteúdos de futuro. A nossa agenda mental, virtual ou física tem a nossa realidade preenchida com o que fazemos, com quem nos encontramos, mais ou menos a curto prazo. A nossa agenda está mais cheia para as próximas semanas e meses do que daqui a uns anos. A relação com a forma do nosso futuro é diferente da nossa relação com os eventos futuros que estão por vir. Não é possível viver sem uma relação com o nosso futuro. As possibilidades de interpretação da relação com o nosso futuro são as que foram consideradas. Esperar tudo ou não esperar nada, esperar tudo o que mau ou esperar tudo o que bom, ser optimista ou pessimista, estar preparado para o que aí vem: a bonança ou tempos difíceis. A antecipação em que nos encontramos na nossa relação com o futuro é a da espera, da boa esperança ou da expectativa de um mal iminente e, por isso, é do futuro que vem a promessa e a ameaça. A promessa e a ameaça são sentidas já no presente e agem sobre o passado há pouco e há muito. E podemos perguntar como é o futuro sem nós o presenciarmos. Como será o futuro de quem conhecemos sem nós cá e o futuro dos outros que não conheceremos nunca e nunca teriam nada que ver connosco? Como será o futuro do crente que põe o seu coração da possibilidade intrínseca da fé em Deus e na vida eterna? O que é uma antecipação da vida eterna diferente da finita? É possível antecipar uma vida que não terá nunca fim como um grande domingo à tarde ensanduichado entre um sábado e uma segunda-feira que vai repetir sempre a vida que temos, em que nada se passa porque, embora não tenhamos medo, também já não esperamos nada? É possível uma antecipação baseada num futuro eterno que não é vago e vão de nós mas que terá um outro registo, onde não há assassinos nem criminosos, onde a vida é como a sonhamos, em que todos estarão como estiveram? Do sonho em vigília sou acordado. Nada nunca muda, embora estejamos sempre à espera que alguma coisa aconteça que nos livre desta morte. presença deste facto ocorre por contraste. Estamos habituados à passagem das horas nos dias a passar está Os sinais dos tempos Ocorre ocasionalmente uma lembrança de qualquer coisa a fazer no futuro. Um “lembrete” do TM. Ler a agenda Saber o que se tem num dia Antecipação do bom tempo e do calor dos dias e de como vai estar Vêm aí dias mais duros O pensamento de que as coisas são negras no meio como se antecipam Aquilo por que ainda vamos passar A espera do pior de tudo para aliviar o que temos A compreensão de que nada é como achamos que vai ser A espera pelo melhor de tudo Tudo à nossa maneira, como queremos, a possibilidade de fazermos tudo o que nos apetece. De onde vem a ideia de que tudo vai ficar mal ou de que tudo vai ficar bem O que os outros nos dizem Antecipação, antevisão, prognóstico.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim começa a aplicar sistema na aviação civil [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] controverso sistema de “crédito social” implementado pela China, que classifica cada cidadão, vai começar a ser aplicado na aviação civil, ao proibir pessoas com baixa pontuação de voar até um período de um ano. Parte daquele sistema, que recorre a novas técnicas de análise de dados, começará a ser aplicado no próximo mês, informou ontem a Administração de Aviação Civil da China e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, num comunicado conjunto. As autoridades detalham nove comportamentos que contribuirão para que o passageiro tenha um baixo crédito social, incluindo a difusão de falsos alarmes em aeroportos ou aviões, uso de identidades falsas, transporte de objectos proibidos ou “comportamento ameaçador ou problemático”. A Aviação Civil da China elaborará mensalmente uma “lista negra” de passageiros e o tempo de interdição de voar, que poderão ser consultados no portal CreditChina.gov.cn. O Governo chinês tem desenvolvido nos últimos anos um sistema de “crédito social”, que atribui pontos a cada cidadão segundo o seu comportamento, situação financeira, desempenho profissional e académico ou opiniões nas redes sociais. O sistema suscitou críticas, por se temer que resulte numa evasão de privacidade e em descriminação, ao impedir pessoas com baixa pontuação de aceder a melhores empregos e universidades ou migrar para cidades mais prósperas.
Hoje Macau China / ÁsiaAccionista da TAP vende participação em banco chinês para enfrentar dívida [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] grupo chinês HNA, accionista da TAP através do Consórcio Atlantic Gateway, vendeu uma participação num banco comercial chinês, informou a imprensa local, numa altura em que enfrenta graves problemas de liquidez Segundo o portal chinês de informação financeira Caixin, a Aerial Wonder, subsidiária do grupo HNA, vendeu a participação de 3,1 por cento que tinha no Banco Rural Comercial de Cantão, que está cotado na bolsa de Hong Kong, por 1.500 milhões de dólares de Hong Kong. A operação faz parte do plano do grupo de vender activos próprios e das suas subsidiárias, visando enfrentar uma grave crise de liquidez. Desde o ano passado, quando as autoridades chinesas decretaram regras mais restritivas no financiamento das empresas, visando reduzir riscos financeiros, que a empresa enfrenta dificuldades em saldar as suas dívidas. O grupo planeia ainda vender parte da sua participação de 25 por cento na cadeia de hotéis Hilton, por 973 milhões de euros. Uma subsidiária do grupo vendeu já um edifício de escritórios em Manhattan, Nova Iorque, por 246 milhões de euros. Outra subsidiária vendeu um edifício de escritórios em Sydney, por 130 milhões de euros. Um arranha-céus detido pelo grupo na West Madison Street, em Chicago, está também à venda. O grupo tem ainda importantes participações em firmas como Swissport ou Deutsche Bank. Em Portugal, a empresa detém uma participação na Atlantic Gateway, consórcio que detém 45 por cento da TAP. O Estado português é dono de 50 por cento da TAP, estando os restantes 5 por cento do capital nas mãos dos trabalhadores”. Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugurou em Julho passado o primeiro voo directo entre a China e Portugal.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim envia 395 forças da paz para missão da ONU no Mali A China vai enviar no próximo mês quase 400 efetivos militares e médicos para o Mali, parte de uma missão de paz das Nações Unidas, noticiou ontem a agência oficial chinesa Xinhua [dropcap style≠‘circle’]T[/dropcap]rata-se do sexto batalhão que a China destaca para aquele país africano, em conflito desde 2012. O grupo é constituído por 170 tropas, 155 sapadores e uma unidade médica de 70 profissionais. A unidade vai reconstruir vias públicas, pontes e pistas de aterragem, assim como proteger bases militares em zonas de conflito e tratamento médico de doentes e feridos, entre outras funções. Entre os 395 efectivos conta-se uma brigada de protecção contra armas químicas, que já esteve destacada no Sudão do Sul por cinco ocasiões, e cerca de 100 soldados, que já participaram em missões da paz, indicou a Xinhua. O Mali atravessa um período de grande instabilidade, desde o golpe de estado de 2012, quando grupos rebeldes aliados a organizações extremistas tomaram o controlo do norte do país, durante dez meses. Aquela forças foram expulsas em 2013, após uma intervenção militar liderada pela França, mas extensas áreas do país, sobretudo no norte e no centro, escapam ainda ao controlo do Estado. No domingo, o primeiro-ministro do país, Soumeylou Boubèye Maïga, ordenou o desarmamento de todos os portadores de armas, registadas ou ilegais, em todo o território do Mali. Segundo a agência da ONU para os refugiados, a violência no centro do Mali causou nas últimas semanas a fuga de três mil cidadãos do país para o Burkina Faso. Exercício no estreito A China realizou exercícios militares com fogo real na costa sudeste, noticiou ontem a imprensa oficial, num período de renovadas tensões entre Pequim e Taipé devido ao apoio dos Estados Unidos ao governo da ilha. O Exército de Libertação Popular indicou que os exercícios envolveram a coordenação de vários tipos de helicópteros militares, que detectaram e atacaram alvos marítimos. Segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, os exercícios terminaram às 22h de Macau. Não é claro se os exercícios são os mesmos que a China anunciou na semana passada para o estreito de Taiwan. No entanto, a televisão estatal chinesa CCTV informou que os exercícios anteriormente anunciados são dirigidos às forças independentistas de Taiwan, com a seguinte manchete no seu portal: “Não digam que não foram avisados!”. O porta-voz do Ministério da Defesa de Taiwan, Chen Chung-chi, desvalorizou os exercícios, e afirmou que a China está a exagerar a escala das suas actividades para criar ansiedade entre a população da ilha. “O Partido Comunista Chinês jogou com intimidação verbal barata e fanfarronice através da imprensa estatal para criar pânico e mal-estar”, afirmou Chen, descrevendo os exercícios como regulares.
Sofia Margarida Mota EventosA refutação de Ai Weiwei patente até 30 de Abril em Hong Kong “Refutation” é o trabalho de Ai Weiwei que pode ser visto na galeria Tang Art, em Hong Kong, até 30 de Abril. A segunda mostra do artista chinês na região vizinha espelha o resultado do trabalho que Ai desenvolveu depois de sair da China em 2015, e de se ter juntado na Grécia na recepção dos refugiados sírios. O tema dos refugiados não é um assunto novo para o artista, que se considera também um refugiado desde que nasceu [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]epois de estrear em Hong Kong pela primeira vez em 2015, o artista dissidente chinês Ai Weiwei está de volta com a exposição individual “Refutation”. A mostra pode ser vista na Tang Art até 30 de Abril. O conjunto de trabalhos que o artista apresenta são a sua interpretação da crise de refugiados sírios. De acordo com a Time Out, trata-se de “um lembrete poderoso e oportuno acerca da capacidade da arte em levantar questões sociopolíticas”. “A arte, ao levantar questões, desafia nosso senso de consciência e julgamento e iniciamos o envolvimento e a acção”, refere em entrevista à mesma fonte. O autor considera ainda que a preparação que teve para esta obra vem desde que nasceu. “Nasci, o meu pai foi exilado e eu cresci longe de qualquer lugar que se possa chamar de lar”, lê-se. À escala global É também nesta condição que estão mais de 65 milhões de pessoas por todo o mundo, depois de terem sido forçadas a deixar as suas casas. Um povo com quem o artista se identifica. É de salientar que Ai esteve detido sem passaporte no seu próprio país até 2015. Depois de poder voltar a viajar, foi para a Alemanha e não tem intenções de regressar, pelo menos tão cedo, permanecendo numa posição de exilado. Para o artista, apesar de ter tido um contacto maior com a situação de quem foge da Síria para a Europa, o problema dos refugidos é um problema global, “da Terra em geral”. “Este planeta tem criado uma enorme quantidade de discriminações brutais e de violações dos direitos humanos básicos”, aponta. As instalações de Ai Weiwei são conhecidas pela utilização de diversos materiais. Esta não é excepção. De acordo com o dissidente, há que ultrapassar os conceitos tradicionais de materiais, até porque “a arte tradicional está morta e usa uma linguagem velha”. Para o artista, depois da Revolução Industrial e com a Internet, “qualquer material pode ser considerado para a produção se obras”. E é isso que faz. Arte sem escala “Refutation” não é excepção. A mostra destaca um barco em polyester cheio de pessoas a ir contra uma parede. Tudo à escala humana para uma melhor imersão no universo de um dos mais considerados artistas internacionais. Para o artista, não há dimensão que limite o seu trabalho. Prestes a inaugurar em Sidney uma exposição que conta com uma escultura de 60 metros que representa um barco insuflável, Ai refere o seu maior gosto é “fazer trabalhos que não têm limites, onde nenhuma medida restringe as obras”. Quanto muito, é a escala humana que impõe alguma medida às dimensões da sua criatividade.
Diana do Mar SociedadeMais de 500 casos de uso indevido de subsídios para aquisição de produtos ecológicos [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]esde que foi criado, em 2011, o Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética, que atribui apoios financeiros para a aquisição ou substituição de produtos e equipamentos, descobriu mais de 500 casos de utilização indevida das verbas atribuídas. Os dados foram facultados pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) em resposta a uma interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang. Após a descoberta dos casos de uso do montante concedido “para fins diferentes dos fixados”, o Fundo “procedeu, nos termos legais, ao cancelamento, total ou parcial, das respectivas concessões do apoio financeiro e exigiu a restituição”, indicou o director da DSAP, Raymond Tam. O responsável não facultou, contudo, mais pormenores, como os valores envolvidos. Segundo dados apresentados por Ho Ion Sang, desde que o Fundo foi criado, até Junho do ano passado, o montante total concedido foi na ordem de 400 milhões de patacas, tendo beneficiado 4900 empresas e/ou associações. O apoio financeiro a conceder por cada pedido tinha um limite de 500 mil patacas. O prazo para a apresentação de candidaturas terminou a 31 de Dezembro de 2015, tendo o Governo optado por não o prolongar. O apoio financeiro destinava-se principalmente a subsidiar os projectos cujas despesas decorrem da aquisição ou substituição de produtos e equipamentos que possam contribuir para a melhoria da qualidade do ambiente, o reforço da eficiência energética ou a poupança de água, excluindo os encargos suportados com obras de instalação, de manutenção ou de reparação.
João Santos Filipe SociedadeCombustíveis voltam a aparecer na Praia de Hác Sá A Praia de Hác Sá voltou ontem a ser invadida por combustíveis. Ontem, ao final da tarde, o areal já tinha sido limpo, porém, esta é a segunda vez que um incidente do género acontece no espaço de dois meses [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Praia de Hác Sá voltou a ser invadida por combustíveis durante o dia de ontem, de acordo com a informação da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA). O incidente ocorreu durante a tarde de ontem e a origem do combustível ainda não é conhecida. “Houve combustível a aparecer novamente na Praia de Hác Sá. O combustível foi avistado à tarde na praia”, disse um porta-voz da DSAMA, ao HM. “Enviámos alguns navios para navegarem à volta da praia e tentarem encontrar a origem do combustível, mas até ao momento ainda não conseguimos detectar qual foi a fonte”, acrescentou. Logo ontem, a empresa Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR) foi chamada ao local para proceder à limpeza, e as operações ficaram concluídas antes do final da tarde. No entanto, durante o dia de hoje, a DSAMA vai continuar a acompanhar o caso do derrame de combustíveis: “Vamos continuar a acompanhar a situação amanhã [hoje] de manhã. E como parte das operações de limpeza a CSR foi chamada ao local imediatamente”, explicou a fonte da DSAMA. Apesar do incidente, o Governo considera seguro que as pessoas se desloquem à praia, desde que não se aproximem da zona onde chega a água na altura de maré alta: “As pessoas podem ir à praia. Podem estar no areal. A situação apenas se registou na zona que é coberta pela água. O combustível esteve limitado a essa zona. As pessoas podem ir normalmente à praia, mas precisam de ter cuidado nessas áreas. É aconselhável que não vão a essa zona até haver mais instruções”, foi clarificado. Caso repetido Esta não é a primeira vez que a Praia de Hác Sá é afectada por incidentes do género este ano. Já em meados do mês passado, um pai se tinha queixado da existência de combustíveis na praia. Na altura, o homem partilhou nas redes sociais fotografias dos pés do filho, que ficaram negros quando brincava na areia. Na altura, o caso não se limitou à Praia de Hác Sá e as autoridades revelaram que também na praia de Cheoc Van tinham sido encontrados resíduos combustíveis. Em consequência do sucedido, foram colocados avisos nas praias para que os residentes e turistas não fosse às zonas afectadas. No entanto, o surgimento de combustíveis na praia acontece numa fase em que se está perto de iniciar a época balnear.