Tung Sin Tong aposta na medicina chinesa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação de Beneficência Tung Sin Tong vai abrir dois centros de serviços na área da medicina tradicional chinesa na Taipa. A revelação foi feita pelo presidente da associação, Chui Sai Cheong, na segunda-feira, durante a cerimónia que assinalou o 68.º aniversário da implantação da República Popular da China.

De acordo com o discurso de Chui Sai Cheong, citado pelo Jornal do Cidadão, um dos centros vai ser aberto no Bairro Social da Taipa, disponibilizando o serviço de massagem aos ossos. O outro centro será instalado no Edifício Jardim de Va Pou, e vai operar como clínica e farmácia, disponibilizando consultas, acupunctura chinesa e venda de ervas chinesas. Em relação ao último centro, Chui Sai Cheong explicou que o aluguer do espaço vai ser pago pela associação.

Apesar de nesta altura a associação ainda estar a aguardar a aprovação das duas plantas, o irmão mais velho do Chefe do Executivo afirmou acreditar ser possível que os centros passem a operar até ao final do ano. Estes vão ser os primeiros centros da associação Tung Sin Tong nas ilhas.

Sobre mais um aniversário da criação da República Popular da China, Chui Sai Cheong afirmou ser um filho do povo chinês orgulhoso e feliz com o desenvolvimento e crescimento registado pela Pátria. Apesar de destacar algumas dificuldades, sublinhou que a China tem subido de forma constante nos rankings internacionais e aumentado as suas capacidades.

27 Set 2017

Nova fronteira | Trabalhos de concepção do edifício já começaram

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Macau e Guangdong voltaram a reunir para discutir a construção do novo posto transfronteiriço, naquela que foi a décima reunião do grupo de trabalho. Segundo um comunicado oficial, “já foram iniciados os trabalhos respeitantes à concepção do edifício do lado de Macau”, sendo que “os trabalhos de concepção do edifício do lado de Zhuhai terão início em breve, após a demarcação do limite do prédio”.

“Presentemente encontra-se concluída a construção do novo mercado abastecedor que faz parte da primeira fase de construção do novo acesso fronteiriço entre Guangdong e Macau”, aponta o mesmo comunicado, que explica ainda que “a mudança dos comerciantes está para breve e, em seguida, demolir-se-á o actual mercado abastecedor, em articulação com o empreendimento do novo acesso fronteiriço”. De frisar que o actual mercado abastecedor está localizado na Ilha Verde.

As autoridades estimam ainda que “após a mudança e demolição do actual mercado abastecedor, dar-se-á início à construção do edifício do posto fronteiriço”.

Quanto à nova fronteira, deverá funcionar durante 24 horas e terá um “novo modelo de controlo fronteiriço denominado ‘inspecção fronteiriça integral’”. Tal significa que “os cidadãos que se desloquem à China interior apenas precisam de apresentar o Salvo Conduto concedido aos residentes de Hong Kong e Macau, e os que se deslocam a Macau apenas precisam do Bilhete de Identidade de Residente.”

Além disso, “ambas as partes irão concluir, com a maior brevidade possível, os estudos respeitantes ao circuito de inspecção e à instalação de passagens, com vista a definir o plano de implementação mais concreto”.

27 Set 2017

Albergue SCM | “Lanternas do Coelhinho” voltam a marcar Celebração da Lua

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]bre ao público no dia 4 de Outubro um clássico do Albergue SCM: a Exposição “Lanternas do Coelhinho” – Uma Exposição de Carlos Marreiros e Amigos, um evento que já vai na 13ª edição.

A inauguração será acompanhada pela festa de Celebração da Lua que decorre entre as 18:30h e as 21:30h, onde vão ser servidas comidas e bebidas, e distribuídas caixas de oferendas (reservadas às primeiras 300 pessoas). O evento será musicado por um concerto de música chinesa, assim como com a actuação da Tuna Macaense a fechar a festa. Haverá ainda demonstração de caligrafia chinesa, distribuição de lanternas do coelhinho e balões a crianças e jogos de enigmas para entreter os participantes.

A exposição insere-se na celebração do 68º aniversário da República Popular da China e este ano reúne lanternas criadas por 26 artistas e designers de várias partes do mundo. Além disso, serão ainda expostos trabalhos de estudantes do “Workshop de Lanternas Criativas de Macau”.

O Festival de Meio-Outono tem origem na veneração aos Deuses da Montanha, que era feita findas as colheitas, um dos momentos chave da mitologia chinesa. A festividade ganhou popularidade durante das dinastias Ming e Qing, tornando-se um dos momentos de celebração incontornáveis na cultura do Interior da China.

A exposição estará patente ao público de 4 de Outubro a 6 de Dezembro de 2017, na galeria A2 do Albergue SCM.

27 Set 2017

Concerto | FIMM traz a Macau jovens estrelas da música mundial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cartaz deste ano do Festival Internacional de Música de Macau está repleto de jovens talentos. Entre eles destaque para o pianista russo Lukas Geniusas, para a cantora norte-americana Jazzmeia Horn e para o artesão do vibrafone El Fog. O HM apresenta-lhe as propostas mais frescas do festival que arranca esta sexta-feira

As revoluções musicais foram, quase sempre, protagonizadas por sangue novo que rompe com velhos conceitos. O Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) tem no seu cartaz uma panóplia de jovens valores dos mais variados quadrantes musicais.

Além do programa “Bravo Macao!” que tem como objectivo ser uma rampa de lançamento para os novatos talentos locais, destaque para o espectáculo de Masayoshi Fujita, o japonês sedeado em Berlim que em palco dá pelo nome de El Fog. Este é um dos destaques mais contemporâneos num cartaz pontuado pela música clássica. O músico experimental sobe ao palco do Antigo Tribunal no dia 13 de Outubro, para uma performance que leva o espectador numa viagem subtil a um mundo íntimo do vibrafone.

Com uma gama de influências que vão do jazz à electrónica, El Fog é dono de um som evocativo e onírico para ouvir, preferencialmente, de olhos fechados.

Num registo mais clássico, Lukas Geniusas apresenta o seu virtuosismo ao piano no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) no dia 27 de Outubro. O música russo/lituano irá interpretar um repertório com composições de Chopin, Ravel e Prokofiev.

Oriundo de uma família de músicos, Lukas Geniusas começou a estudar piano aos cinco anos, impulsionado pela sua avó, uma professora do Conservatório de Moscovo.

Voz de poder

Num registo totalmente diferente, o cartaz do FIMM oferece ao público uma prenda de inestimável valor: a voz de veludo de Jazzmeia Horn, cantora norte-americana de jazz.

Com apenas um disco na bagagem editado este ano, “A Social Call”, Jazzmeia Horn tem granjeado os elogios da crítica que vêm na cantora uma sucessora de  Betty Carter, Sarah Vaughan e Nancy Wilson.

A jovem de apenas 26 anos é daqueles fenómenos de tem no palco o seu habitat natural. Dotada de uma voz com grande amplitude, a cantora promete deliciar os melómanos no dia 29 de Outubro num concerto ao vivo na Fortaleza do Monte.

Dois dias antes, a norte-americana dará um workshop na Fundação Rui Cunha onde os apreciadores do jazz cantado podem experimentar a prática da improvisação, assim como outras técnicas de interacção entre instrumentos e voz.

27 Set 2017

China | Antigo presidente da câmara de Tianjin a 12 anos de prisão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] antigo presidente da câmara de Tianjin, na costa norte da China, foi condenado na segunda-feira a 12 anos de prisão por aceitar subornos, noticiou a agência oficial chinesa Xinhua.

Huang Xingguo, presidente do município entre 2007 e 2016, recebeu subornos num valor superior a 40 milhões de yuan, entre 1994 e o ano passado, de acordo com um tribunal de Shijiazhuang (norte).

O antigo presidente da câmara oferecia a promoção e requalificação de terrenos, a troco de dinheiro, que por vezes era entregue através de terceiros, indicou o tribunal.

A sentença, que inclui uma multa de três milhões de yuan, é inferior à pena inicialmente pedida pelo procurador.

Huang confessou os crimes, “mostrou arrependimento”, ajudou a recuperar os ganhos ilegais e deu informações que ajudaram na investigação de outros arguidos, justificou o tribunal.

A investigação a Huang começou em Setembro de 2016, quando foi afastado do cargo. Em Janeiro, foi expulso do Partido Comunista Chinês e o caso entregue às instâncias judiciais.

Huang era presidente da câmara de Tianjin quando explosões nas instalações químicas da zona portuária da cidade provocaram pelo menos 173 mortos e cerca de 800 feridos.

Após ascender ao poder em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou a maior campanha anticorrupção de que há memória na China.

Mais de um milhão de membros do Partido Comunista Chinês foram, entretanto, punidos, entre os quais mais de uma centena de quadros dirigentes, alguns dos quais ministros.

27 Set 2017

China | Governo diz que guerra com Estados Unidos não teria vencedores

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês afirmou ontem que um hipotético conflito armado entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte “não teria vencedores e seria uma tragédia também para os países vizinhos” no nordeste asiático.

“A guerra de palavras entre a Coreia do Norte e os EUA chamou a nossa atenção, mas também vimos que os EUA negaram claramente que haja uma declaração de guerra”, disse ontem Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

“Esperamos que os Estados Unidos e a Coreia do Norte percebam que recorrer a uma solução militar nunca será uma opção viável, e que a provocação mútua apenas reforça o risco de confrontação, reduzindo o espaço de manobra”, acrescentou.

Lu disse que a China “desaprova totalmente esta escalada de tensões”.

O ministro norte-coreano dos Negócios Estrangeiros, Ri Yong Ho, assegurou na segunda-feira, em declarações aos jornalistas em Nova Iorque, que os EUA declararam guerra ao seu país, que tem assim “todo o direito” de adoptar “contra-medidas” para se defender.

Ri referia-se às declarações do Presidente dos EUA, Donald Trump, na semana passada, assegurando que se Washington for “obrigado a defender-se a si mesmo e aos seus aliados, terá que destruir totalmente a Coreia do Norte”.

27 Set 2017

Segurança | China recebe Assembleia Geral da Interpol

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China recebe desde ontem a Assembleia Geral da Interpol, numa altura de preocupação sobre a neutralidade da organização face à possibilidade de ser usada por Pequim contra dissidentes e activistas.

No discurso que abriu a 86ª Assembleia Geral da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que a China quer trabalhar com outros países e organizações para alcançar a “segurança mundial”.

A organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch advertiu, no entanto, que a China tem usado “alertas vermelhos” da organização visando a detenção e extradição de dissidentes chineses.

A escolha de Meng Hongwei, vice-chefe do aparelho de Segurança chinês, que inclui tribunais, polícia e polícia secreta, para presidente da Interpol, no ano passado, provocou críticas de várias organizações internacionais, que citam os abusos e opacidade do sistema legal chinês.

A organização recordou o caso de Dolkun Isa, activista uigur, a minoria étnica chinesa de origem muçulmana que habita a região do Xinjiang, noroeste do país. A organização aponta que Isa tem tido dificuldades em viajar desde que o alerta foi emitido, há mais de dez anos.

A China frequentemente acusa activistas uigures de apoiar o terrorismo no Xinjiang, região que é palco recorrente de conflitos étnicos.

A HRW também menciona o activista Wang Zaigang, afirmando que se tornou alvo de um “alerta vermelho”, devido ao seu activismo a favor da democracia na China.

Peso e dúvidas

As detenções arbitrárias, torturas e desaparecimentos ocorridos no passado “geram preocupações de que quem é alvo de alertas da Interpol pela China corre o risco de sofrer torturas e maus tratos”, diz a organização.

O especialista em política chinesa Willy Lam afirma que a China tem usado o seu peso económico para influenciar grupos como a Interpol.

Lam apontou casos em que não é claro se se trata de corrupção ou retaliação contra quem acusa membros da liderança chinesa, como o bilionário chinês exilado nos Estados Unidos Guo Wengui.

Em Abril, Pequim anunciou que a Interpol emitiu um alerta vermelho contra Guo, por corrupção. As autoridades chinesas condenaram vários funcionários por fraude, em Junho, e abriram uma investigação a Guo por acusação de violação feita por uma antiga assistente.

Guo Wengui, que vive num apartamento de 68 milhões de dólares em Manhattan, deixou de ser visto em público em 2014, mas voltou recentemente a surgir nas redes sociais, afirmando ter informações comprometedoras para a liderança chinesa.

“A China converteu a Interpol noutro espaço para projectar o seu poder”, afirmou Lam. “Investiram muito na perseguição a fugitivos além-fronteiras, incluindo aqueles que são procurados por razões políticas.

27 Set 2017

Bolinha | Campeonato de Futebol de Sete cancelado

Os vidros arrastados para o Campo D. Bosco pelo Tufão Hato levaram mesmo ao cancelamento da Bolinha, por não haver condições de segurança. Associação de Futebol pondera organizar um torneio alternativo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano do Campeonato de Futebol de Sete foi cancelada, devido aos pedaços de vidro no relvado sintético do Campo D. Bosco, que não permitem garantir a segurança dos atletas. A informação foi avançada, ontem, pelo vice-presidente da Associação de Futebol de Macau (AFM), Daniel Sousa.

“O cancelamento do campeonato vai ser oficializado muito em breve. Este ano não se vai realizar a Bolinha, porque ninguém pode garantir que não há pedaços de vidro no relvado do Campo D. Bosco”, disse Daniel Sousa, ontem, ao HM.

“É uma grande desilusão para todos. Os danos do Tufão Hato foram graves e tiveram grandes consequências. Mas colocamos sempre em primeiro lugar a segurança dos atletas e não havia outra alternativa. É um desfecho que lamentamos”, acrescentou.

Sem Bolinha, a AFM está a equacionar realizar outra competição mais curta para os clubes da 1.ª Divisão que se inscreveram no campeonato. Neste momento, a associação procura recintos que possam receber os jogos.

“Estamos a equacionar a hipótese de realizar um mini-campeonato com as equipas inscritas. Neste momento, estamos a analisar se há campos disponíveis e apropriados para o efeito. Queremos avançar o mais rapidamente possível”, revelou Daniel Sousa.

“Vai ser um campeonato mais curto porque estamos a chegar ao fim do ano e a Bolinha já está suspensa há mais de um mês. Isso faz com que não haja tanto tempo para os jogos, o que exige que o formato tenha de ser alterado”, justificou.

Porém, no que diz respeito à 2.ª Divisão, existe a hipótese de não haver competição de todo, apesar de, nesta altura, ainda não houver qualquer decisão: “ainda estão todas as hipóteses em análise”, apontou Daniel Sousa.

Jogadores afectados

Se por um lado a decisão de cancelar a Bolinha visa preservar a segurança dos jogadores, por outro, estes acabam por estar entre os principais prejudicados. De acordo com a prática normal, os clubes pagam os atletas em função do número de jogos que realizam. Sem jogos, muitos acabam por não receber. Para outros, existem subsídios por cada jogo disputado, que assim não são pagos.

Esta é uma realidade que o presidente do Monte Carlo, Firmino Mendonça, reconheceu, em declarações prestadas ao HM: “Sim, é uma situação que faz a diferença para os jogadores [ao nível dos salários]. Mas paciência… Ninguém queria esta situação. Só que foi uma decisão tomada para garantir a segurança dos atletas e é uma boa decisão”, defendeu.

“Tenho conhecimento que são mesmo muitos os vidros no relvado e que não são fáceis de retirar. Nem as máquinas conseguem removê-los todos. Temos de compreender que a segurança dos jogadores é o mais importante”, complementou.

De acordo com o dirigente, a decisão acaba por não ter grande impacto para o Monte Carlo, uma vez que os jogadores trazidos para o torneio iam abandonar o território em Outubro.

“Esta situação não causa ao Monte Carlo grandes prejuízos, porque os jogadores que tínhamos contratado para a Bolinha já se iam embora em Outubro. Nós fazemos um plano anual da época, e apontamos para a realização da Bolinha entre meados de Julho e o fim Setembro”, explicou Firmino Mendonça.

Investimento em causa

No entanto, a decisão acaba sempre por ter impacto para os clubes, visto que é necessário fazer investimentos como a vinda de jogadores, com viagens pagas, ou a compra de dois tipos de equipamentos para a competição.

Com arranque previsto para Agosto, a Bolinha foi inicialmente adiada para a primeira quinzena de Setembro, para que começasse apenas depois do jogo entre Macau e a Índia, a contar para o apuramento para a Taça Asiática de Futebol.

Todavia, o Tufão Hato veio alterar a situação e de adiamento em adiamento, a competição acabou mesmo por ser cancelada, após o Instituto do Desporto não ter resolvido a questão dos vidros no Campo D. Bosco, em tempo útil.

27 Set 2017

O armazém que verte lágrimas pelos anos 80

Os Milagres do Armazém Namiya (Namiya Zakkaten no Kiseki, ナミヤ雑貨店の奇蹟) estreou no passado dia 23 no Japão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] filme, co-produzido pela Emperor Motion Pictures e pela Wanda Media, é baseado no romance homónimo de Keigo Higashino. No entanto, esta não é uma história típica de Higashino, autor japonês que ficou conhecido pelas suas obras de crime e mistério. Este belo romance ganhou a 7ª Edição do Prémio Chūōkōron e vendeu mais de 1,6 milhões de exemplares na China.

Três jovens fogem depois de um assalto e escondem-se durante algum tempo numa casa abandonada. Situada na periferia da cidade, numa zona com pouco trânsito, a casa tem uma parte residencial e um armazém. Por cima da porta do armazém está afixado um grande cartaz onde se pode ler: Armazém Namiya. Como é óbvio, a loja está fechada há muito tempo. Mas, enquanto os jovens estão escondidos algo de estranho acontece. No silêncio da noite, ouve-se cair uma carta na caixa do correio. O remetente é uma jovem atleta que pede apoio emocional e aconselhamento especializado para a sua participação nas Olimpíadas de 1980, que se irão realizar em Moscovo. A carta tinha sido escrita há 40 anos atrás! Os jovens gangsters decidem responder. E a atleta volta a escrever-lhes. À medida que a troca de correspondência continua, apercebem-se que o mundo dela começa a avançar a um ritmo acelerado, enquanto o tempo dentro da loja permanece virtualmente imóvel, desde que mantenham a porta fechada. Os três tomam consciência desta situação através do artigo de uma revista antiga que tinha sido abandonada dentro das instalações. Há perto de 40 anos, pouco antes da loja ter fechado, o velho proprietário, Yūji Namiya, tinha conquistado alguma notoriedade por dar conselhos prudentes e gratuitos a desconhecidos que lhos solicitavam. Depois da morte da esposa, percebeu que ajudar os outros a ultrapassar os seus problemas dava sentido à sua vida. Mas, extraordinariamente, Yūji Namiya tinha previsto que qualquer coisa  de semelhante viria a acontecer, e deixou escrito no testamento que a loja teria de ficar como a deixou…

Este filme, bastante nostálgico, leva-nos de volta ao Japão dos anos 80, antes de se ter deixado corromper por um estilo de vida consumista e stressante. Nessa altura, mesmo em Tóquio, quase não havia supermercados e as donas de casa faziam as suas compras nas lojas de bairro, como o Armazém Namiya. Hoje em dia, estas lojas de bairro, os banhos públicos e os restaurantes familiares foram substituídos por lojas de conveniência abertas 24 horas e por cadeias de supermercados. E por falar em cartas, quando é que foi a última vez que pegou numa caneta e se entregou a este singelo e antiquado ritual?

Veja o trailer aqui: bit.ly/2jUHPit

Os Milagres do Armazém Namiya

Realizador: Ryuichi Hiroki

Drama/ Fantasia | 129 min

Língua: Japonês

27 Set 2017

Jardim de sombras

Santa Bárbara, Lisboa, 17 Setembro

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uase o costume. Esvai-se o mês por entre os dedos, sobra tanto do que devia ter sido feito ou dito, cresce frondosa e por podar a grande árvore dos atrasos: dead line, linha morta, assim lhe podia chamar. Os seus estranhos frutos, as urgências colhem-se ao abrir do dia, para consumirem o oxigénio do que importa, até das raízes com que devia ocupar parte do dia. Além de sombra, o que viverá neste jardim? Ao costume junta-se a assombração de uma urgência maior, a de retirar os livros, vestígios de corpo por erguer, do armazém que se tornou cemitério. Durmo inquieto, numa atalaia de melancólica impotência.

Remolares, Lisboa, 18 Setembro

Desenvolvi uma alergia a reuniões. São indispensáveis, bem sei, até para, aqui e ali, ganhar o tempo da organização, mas preciso de um intervalo, de parar a torrente. Não vai nunca parar, pois não? Forma terei que arranjar de a conduzir para o lameiro onde alimentará em abundância o milho ou trigo ou outra semente do pão. Nas férias da infância grande aconteceram noites ainda maiores de espanto e utilidade, quando acompanhei o avô Joaquim ao topo da Gardunha buscar a água, que se conduzia depois por regos e caneiros até ao seu sítio, que era então de esperar. A noite inteira de sacho na mão, atento às instruções, acreditando que dominava a água, que lhe aprendia as forças. Dava jeito agora essa sabedoria, aplicada à força líquida que me atravessa e molha e enche de lama, às vezes cheirosa como terra molhada, outras nem por isso. Preciso muito de silêncio pelo que apetecia fugir deste acerto de detalhes acerca da nossa participação no Festival Silêncio, que ocupará o Cais do Sodré e os sentidos de muita gente, no final do mês. O Alex [Cortez] atira-me para as mãos o jornal que anuncia a programação e esmaga-me com a quantidade e a qualidade das propostas que celebram a palavra tendo por eixos a Voz e Maria Gabriela Llansol. A abysmo estará naqueles dias pelo Roterdão, com lançamentos e, sobretudo, concertos que cruzam a poesia dita com a música tocada, ou vice-versa. A isso voltarei, até porque me deixei implicar de viva voz em dois desafios que me assutam. Perdido em pleno jardim de confusão, irei arriscar ler o meu (e do Alex [Gozblau]) Má Raça, acompanhado pelas improvisações do Filipe [Raposo]. Não destoará, por tanto, o lado cabaré daquela voz, que me parece já tão longínqua, um eco. Será ainda pretexto, para apresentarmos os Tomara Tu Ter uma Tia Assim, banda em debandada com o Luís Carmelo e eu a lermos a antologia [de poesia erótica e satírica] da Natália [Correia], enquanto o João Maio Pinto pinta o ambiente à viola. Deixemos isso para depois, regressando ao bojudo jornal, que me frusta por me provocar com que o tempo me fará perder: as maratonas de leituras e performances e ciclos e debates e conferências. «O que é o texto em face do silêncio? O seu receptáculo.» Llansol oferece o mote para um mundo de transversal diversidade que reflecte a cidade no seu sítio: lugar-farol que usa a palavra literária para nos conduzir pelas tempestades. Em festa. O Alex [Cortez], e equipa, vêm erguendo um corpo que se arrisca tornar no mais desafiante dos festivais, literário muito para além da literatura. Fiz bem em ter ido a esta reunião. Mas vim com outro desafio: a edição do disco/livro dos Lisbon Poetry Orchestra. Terei tempo para responder?

Horta Seca, Lisboa, 19 Setembro

Chegam-me a conta-gotas os ecos da passagem da equipagem abysmo pelo furacão Macau. Mano após mano, vejo-os tocados pelo fascínio. O Valério [Romão] regressou apaixonado, aprendeu a combinatória dos ideogramas e receitas de Tom Yum. O António [Caeiro] sublinha a melancolia dos seus tons. O Paulo [José Miranda], dono de outra experiência, até escrita, trouxe terno distanciamento, projectos que se podem tornar comuns, e uma mão-cheia de livros, selecção da colheita do Carlos [Morais José] nos terrenos férteis do Oriente. Além de uma, tão bela quanto portátil, Clepsydra em versão missal para esta geração dos 150 anos de Pessanha, e de outros a que voltarei com água na boca, veio com o seu Karadeniz – Entrevista com um assassino em formato de livro. Outro exercício no qual o Paulo faz de um género esqueleto onde apôr as carnes da reflexão, aqui sobre a morte e o acto de matar, a soldo ou gratuitamente, em fúria ou na mais aplicada das preparações. Afinal, pretextos para aflorar o tema que explodirá no seu próximo e explosivo romance: a responsabilidade.

Horta Seca, Lisboa, 21 Setembro

O perfume de Macau está também na exposição do André [Carrilho]. Atrito, que continua e encerra, diz o autor mas não acredito, o percurso começado com Inércia, reflexão pintada sobre a viagem e a paisagem, sobre o tempo que precisamos para perceber as subtilezas, de cor e luz e sombra, do que nos rodeia, para encontrarmos o nosso lugar, o nosso olhar. Montar as imaculadas reproduções, fruto da mestria única do Francisco [Vaz da Silva], encheu-nos de prazer, a mim e ao mano Luís [Gouveia Monteiro]. Dar a ver segundo afinidades narrativas, de cor ou de lugar, proximidades, perspectivas, temas, para além da cronologia ou do autor, pôs-nos nas nuvens, tal a leveza e gosto que brota do pincel do André. Mas onde ele se transcende, e voa além da tradição da aguarela, é pelo gesto que recolhe o peso e o movimento das cidades. E Macau ou Hong Kong (como o caso que ilustra esta página) chegam-se à frente como protagonistas. O negro sujo, o vermelho de sangue, o amarelo do tempo dançam para nos oferecer a noite, que aqui se faz mais verdadeira por não depender da natureza. A cidade faz noite quando lhe dá na real gana.

Esta exposição está integrada na «rentrée cultural da 7.ª colina de Lisboa», que pela oitava vez abre em simultâneo (e festa) quase 40 espaços dedicados à arte contemporânea, ideia e esforço do Cláudio [Garrudo] e da Ana [Matos]. Dá gosto, só vos digo.

Horta Seca, Lisboa, 22 Setembro

Para uma pequena plateia de luxo, foi apresentado, pelo José Teófilo [Duarte] com acento na relação do pensar com o fazer, o Escrytos, do Paulo Pires, subido do sul, tendo por companhia o instrumento. A sua costela de programador puxa para o cima da conversa esse terço temático do volume. Mas há mais, muito mais por onde ali andar. No final, de olhos fechados, encheu a rua com um sopro, que ele tão bem toca nas suas páginas: «Cerram-se os olhos por momentos e a esperança, o desencanto, a ironia, a melancolia, a (violentíssima) ternura, a alegria ganham no acordeão uma dimensão singular de expressividade e densidade psicológicas através dessa fascinante mecânica, plena de essência e complexidade (feita de ar, fole, palhetas, caixas harmónicas de madeira e “corredores” ora abertos ora oclusos – como os labirintos da subjectividade humana), que ora alinha, ora solavanca/questiona e “desarruma” o corpo e o espírito.»

Fim de tarde do costume, aqui no jardim de sombras.

27 Set 2017

É difícil ser mulher

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] regular leitor deste excerto temático saberá que tenho uma natural tendência para discutir a condição feminina nos dias que correm. Às vezes ser mulher não é fácil, já cantava a Tammy Wynette, que termina com um refrão que só exalta a representação feminina de dependência daquela altura – stand by your man. Esses eram tempos nos 60s de música country  que espelhavam realidades conjugais ainda bastante tradicionais. Agora já se fala do amor, do matrimónio, de homens e mulheres de maneira diferente, ou pelo menos tenta-se. Contudo, e isto parece persistir ao longo do tempo, ser mulher continua a não ser fácil.

Como todos bem sabem, há países onde as mulheres ainda não têm direitos. Na Arábia Saudita só muito recentemente lhes foi concedida a possibilidade de assistirem a um jogo de futebol num estádio – e isto não podia ser mais mundano. As mulheres permanecem limitadas na sua expressão mental, emocional e sexual com risco de serem mortas porque dizem e fazem aquilo que querem. Estive atenta à história de Qandel Baloch no Paquistão, uma estrela das redes sociais, que foi morta pelas mãos do irmão por estar a ‘desonrar’ a família com a sua honestidade online.

Até em sociedades ditas civilizadas e onde os direitos políticos e de representação já foram atingidos, há dificuldades que teimam a ser ultrapassas. Reparem na Google, que muito recentemente se viu alvo de atenção pública em torno da diferença salarial entre mulheres e homens. Uma empresa tão incrivelmente progressiva, com políticas de bem-estar laboral de ponta! Mas surpresa: paga muito mais aos homens do que às mulheres. O pior é que ainda tem de se discutir se esta é uma questão ou não, porque os nossos problemas estruturais e endémicos dificultam o reconhecimento de que a discriminação de género ainda é uma realidade.

Culpo os papéis de género que tornam as expectativas sociais demasiado estáticas, demasiado inflexíveis, e por vezes, demasiado incompatíveis. Ser mulher é ser cuidadora, esposa, mãe, filha, emocional, bonita, que se cuida, carinhosa, frágil e vulnerável, sempre muito vulnerável. Estas características frequentemente se contrapõem com outras formas de ser e estar e entram em conflito pessoal e social. Dou-vos outro exemplo igualmente mundano: em pleno séc. XXI, uma mulher com pêlos nas pernas ainda é uma ‘novidade’ e vai ser alvo de olhares de surpresa e provavelmente de algum desdém.

Para além da representação feminina temos também a anatomia feminina – o corpo de mulher – que não é de todo a característica de definição exclusiva. Esta anatomia de mamas, útero, ovários, vagina e vulva exige cuidados e um entendimento particular do corpo, corpo esse que está preparado para o sexo, para menstruar e parir. As mulheres, porque são mulheres e carregam uma história de discriminação e negligência, vêem os seus corpos a serem entendidos por poucos. As femininas mais militantes dirão que esta negligência, em particular, no contexto médico, é uma forma de controlo social – eu diria que não é tão propositado, mas sintomático do que a mulher sempre representou ao longo de tanto tempo. Não é por acaso que sintomas relacionados com o transtorno pré-menstrual ainda são mal diagnosticados.

Contudo, ser mulher não é sempre difícil, depende muito das coordenadas da nossa nascença, que ditam a facilidade com que se pode ser do sexo feminino. Ser mulher, acima de tudo, pressupõe uma ou outra batalha que ainda tem que ser travada. As representações populares do feminino precisam de uma reviravolta de vez em quando, para agitar os (ainda demasiados) corações tradicionais e conservadores. Querem-se mulheres com ou sem mini-saia, com ou sem pêlos nas pernas, emocionais e analíticas, enfermeiras e engenheiras. Mulheres que querem ser elas próprias.

27 Set 2017

“Enxins”, loja de produtos de beleza naturais | Cheiros de Taiwan

Shampôs e amaciadores, sabonetes, óleos essenciais e difusores. Todos estes produtos são naturais na Enxins, marca criada por Yves Wu. Em Macau já existem várias lojas que mostram o que de melhor se faz na Ilha Formosa em termos de produtos de beleza

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cabelos parecem ficar mais macios e brilhantes sem químicos, a casa cheira melhor e transmite uma enorme sensação de tranquilidade, que nos leva a ignorar o caos da cidade e o stress do dia-a-dia. A pele fica brilhante e os cheiros são reais, sem ponta de artificialidade.

Nos últimos anos a utilização de produtos de beleza naturais, sem a adição de químicos, tem-se revelado cada vez mais uma tendência.

Em Macau, a “Enxins” apareceu no mercado há cerca de quatro anos pela mão de Yves Wu e vende não só produtos de beleza naturais, como champôs, sabonetes ou cremes, mas também produtos para a casa.

Vindo de Taiwan, o fundador desta marca, que já tem várias lojas no território, afirma sempre ter usado produtos feitos à base de ervas.

“Estes produtos faziam parte do meu estilo de vida em Taiwan antes de vir para cá. Sempre usei este tipo de produtos nos últimos anos. Gosto dos aromas e dos cheiros, dão-me uma sensação mais espiritual. Contudo, quando cheguei, percebi que havia poucas lojas a vender este tipo de materiais e há quatro anos decidi arrancar com esta marca”, contou ao HM.

Yves Wu assume ter investido neste negócio “para trazer para Macau produtos que possam ter consigo, ou transmitir, um sentido de Oriente, com ingredientes naturais à base de ervas, a sua principal componente”.

O fundador da marca quer que os clientes compreendam a forma como os produtos que vende são produzidos, sem químicos ou outros ingredientes falsos.

“A razão para ter criado a ‘Enxins’ em Macau está relacionada com um sentido de responsabilidade. Vem da necessidade que sentimos de informar as pessoas sobre a natureza dos produtos, de que forma são feitos e quais os métodos utilizados no processo de fabrico.”

Felicidade em qualquer lugar

Questionado sobre o produto que é mais procurado pelos clientes, Yves Wu explica que são os difusores de óleos essenciais ou aromas para dar um bom cheiro à casa.

“Os difusores de óleos e aromas são os produtos mais procurados pelas pessoas. Estas procuram qualquer coisa que lhes dê mais tranquilidade em casa ou no escritório.”

Esta procura está directamente relacionada com os principais objectivos da “Enxins” enquanto marca. “O mais importante é o uso de aromas que façam cada cliente ficar mais feliz, em qualquer hora e em qualquer lugar.”

Se em Macau só agora é que se começa a verificar uma maior procura por aquilo que é natural, em Taiwan esse mercado já existe há muito.

“As pessoas de Taiwan usam diferentes tipos de ervas e alimentos para fazer produtos naturais, como o gengibre. Há muitas diferenças em relação aos produtos de marcas ocidentais. E a maior parte dos chineses conhecem os benefícios das ervas.”

Para Yves Wu, “o uso de produtos naturais já é uma tendência mundial, porque não existe muita confiança nos produtos que são vendidos nos supermercados. Desconhecemos por completo a composição desses produtos”.

O criador da “Enxins” conseguiu implementar uma pequena e média empresa num mercado de pequena dimensão, mas, ainda assim, sofreu e ainda sofre com os desafios ligados a um negócio desta natureza.

“Em Macau é difícil contratar empregados e é difícil mantê-los no mesmo emprego durante muito tempo”, assegura.

27 Set 2017

Japoneses mataram 177 baleias este Verão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s japoneses mataram 177 baleias no Oceano Pacífico, ao largo da costa nordeste do arquipélago, durante uma missão de Verão “para fins científicos”, revelou ontem a Agência das Pescas.

Os três navios especializados que partiram em Junho, como planeado, capturaram 43 baleias Minke e 134 baleias boreais, disse a mesma fonte.

A agência defende que a caça à baleia é “necessária” para estimar o número de capturas potenciais a longo prazo e pretende “começar novamente a pesca comercial”, revelou à agência de notícias France-Presse Kohei Ito, um dos funcionários.

O Japão assinou a moratória da Comissão Baleeira sobre a caça à baleia, mas afirma praticá-la para realizar pesquisas, não só perto das suas costas no Pacífico, mas também na Antártida.

Esta posição é denunciada pelas organizações de defesa de cetáceos e por vários países, que consideram que Tóquio usa desonestamente uma exceção na moratória datada de 1986.

Até 2014, o Tribunal Internacional de Justiça ordenou a Tóquio que parasse a caça nas águas antárticas, pois não atendia aos critérios científicos exigidos.

O Japão cancelou a campanha de Inverno 2014-15 para retomar a caça à baleia no ano seguinte como parte de um programa modificado.

Batalha perdida

A Antártica foi o cenário de confrontos entre baleeiros japoneses e defensores de animais até que a organização ambiental Sea Shepherd anunciou no mês passado que estava a abandonar o assédio dos baleeiros japoneses no Grande Sul, reconhecendo as suas próprias limitações face ao poder marítimo japonês.

A Noruega – que não se considera vinculada pela moratória internacional de 1986, a que se opôs – e a Islândia são os únicos países do mundo publicamente comprometidos com a caça comercial.

O Japão, por sua vez, está a tentar provar que a população de baleias é grande o suficiente para sustentar a retomada da caça comercial.

O consumo de baleias tem uma longa história no Japão, um país de pesca onde os cetáceos são caçados há séculos. A indústria baleeira cresceu após a Segunda Guerra Mundial, levando proteínas animais para a população deste país.

No entanto, a procura dos consumidores japoneses pela carne de baleia diminuiu consideravelmente nos últimos anos, tornando duvidoso o sentido das missões baleeiras.

27 Set 2017

Pyongyang | EUA dizem apostar numa solução diplomática 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, afirmou ontem que o seu país quer uma solução diplomática para a situação de tensão com a Coreia do Norte, agravada nas últimas semanas.

“Nós mantemos a capacidade de dissuadir as mais perigosas ameaças da Coreia do Norte, mas também apoiamos os nossos diplomatas a fim de que esta questão se mantenha, tanto quanto seja possível, na arena diplomática”, declarou Mattis, durante uma conferência de imprensa em Nova Deli.

“Este é o nosso objectivo: resolver isto diplomaticamente e creio que o Presidente (Donald) Trump foi muito claro neste assunto”, acrescentou.

Mattis recordou os resultados dos “esforços diplomáticos” nas Nações Unidas e, particularmente, no Conselho de Segurança, cujas resoluções “aumentaram a pressão” económica e diplomática sobre a Coreia do Norte.

As declarações de Mattis foram proferidas depois do ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Ri Yong-ho, ter acusado na segunda-feira o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ter “declarado guerra” a Coreia do Norte durante o seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, na semana passada. Ri Yong-ho disse que o seu Governo reserva-se “ao direito de derrubar bombardeiros estratégicos norte-americanos, ainda que não estejam dentro do espaço aéreo” da Coreia do Norte.

Pyongyang foi objecto de sanções, tanto dos Estados Unidos, como da ONU por persistir no programa balístico e nuclear que desenvolve há mais de 10 anos, violando as disposições das Nações Unidas.

No domingo passado, a Casa Branca anunciou novas sanções, ao incluir a Coreia do Norte no grupo de oito países com restrições para poder viajar para os Estados Unidos.

27 Set 2017

Evandro Teixeira, fotojornalista: “Os políticos no Brasil são vergonhosos”

Evandro Teixeira esteve onde poucos conseguiram. Subiu nos palanques, fotografou a ditadura militar e captou o exacto momento em que um jovem cai no chão para morrer logo a seguir. A sua lente registou a febre do futebol no Maracanã, a pobreza das favelas, as visitas oficiais. São 81 anos de vida, 50 anos de carreira. Chegou a ser preso, mas nunca pensou em desistir: afinal de contas, o único fotojornalista que fotografou o corpo de Pablo Neruda numa maca de hospital sempre trabalhou por paixão. Até amanhã as suas imagens estão no Clube Militar, na exposição “Introspecção”, uma iniciativa da Associação de Fotografia Digital de Macau

[dropcap]A[/dropcap]ntes de falarmos das histórias por detrás das imagens, perguntava-lhe como surgiu a oportunidade de fazer esta exposição aqui em Macau.
Veja bem: o ano passado estive na China três vezes, onde fiz algumas exposições. E conheci o curador desta exposição numa dessas viagens. Aí ele perguntou-me se eu gostaria de fazer a exposição aqui em Macau. Foi muito curioso e gratificante estar aqui para ver a exposição porque em 1995 estive aqui, acompanhando a comitiva presidencial de Fernando Henrique Cardoso. Mudou muita coisa, mudou radicalmente.

Quase tudo.
Sim. Eu viajo muito, já expus no mundo inteiro – França, Alemanha, Suiça, sei lá mais onde. Tenho dez livros publicados sobre fotografia, todos esgotados. Trabalhei durante 47 anos no maior jornal do país [Jornal do Brasil], que fechou em 2010. E aí parei. O que faço hoje é dar palestras no Brasil e fora também, e faço workshops. Continuo a fotografar muito.

O ponto mais alto desta exposição serão as imagens que captou durante o período da Ditadura Militar. Como foi fotografar quando havia censura no país?
O Jornal do Brasil teve uma actuação muito grande durante o período da ditadura. Sempre fiz tudo por prazer, e como era contra a ditadura, a minha maneira de brigar com os militares era fotografando. Subir no palanque para fotografar. O Jornal do Brasil foi contra a ditadura e pagou caro por isso. Chegou a fechar. Há uma foto ali, e por causa dela eu fui preso. O jornal era muito inteligente e fazia frases irónicas. E o Governo não gostava. Muitos foram presos, caçados, intelectuais, muitos mortos. Com uma das fotos, no dia seguinte o Presidente me mandou chamar para estar presente no palácio. E aí ele me disse “como ousa publicar uma merda destas na primeira página, e o Presidente tão pequeno ficou lá atrás?”. E eu ri, pedi desculpa e disse que era uma questão de edição. E ele me respondeu “edição é a filha da p…” e me mandou prender. Quando os jornalistas não eram pegos na rua, e quando se publicava algo que os militares não gostavam, acontecia isso.

Desse período tem também uma foto rara de uma marcha que foi feita em 1978.
Estava ao lado do Vladimir Palmeira [político brasileiro] fotografando, e quando vi aquela faixa [que dizia “Abaixo a ditadura – poder ao povo], cliquei. No jornal seleccionamos aquela foto para a primeira página, mas havia dois militares censores lá. Eles perceberam e não deixaram publicar essa, só a que não tinha a faixa. Alguns anos mais tarde publiquei a foto num livro e a designer desse livro se descobriu na foto e o marido, que estava no meio da multidão. Aí começaram a descobrir muita gente, e aí tivemos a ideia de fazer um livro com todas essas pessoas. Quarenta anos depois publicámos as histórias de cem pessoas que estiveram nesse local, e fotografei-as como se tivessem olhando para o Vladimir Palmeira. Esse livro esgotou.

Os abusos da ditadura militar no Brasil © Evandro Teixeira

Acredita que muitos se esqueceram da ditadura? É preciso lembrar a história novamente?
Na verdade a memória do povo brasileiro é muito curta. Hoje em dia faço muita palestra e sempre fotografei no contexto da história. Mostro imagens do Vietname, da Ditadura Militar e também do golpe do Chile, onde também fotografei muito. Fotografei o chileno Pablo Neruda, também fiz um livro sobre Neruda, intercalado com os seus poemas. Nas palestras que dou há muitos estudantes, e isso é bom porque hoje em dia, nas universidades, o período da Ditadura Militar está muito esquecido. Um pouco de propósito da parte do Governo e também das universidades.

Como vê o Brasil dos dias de hoje, depois do impeachment a Dilma Rousseff?
Na verdade a situação do país está tão caótica que as pessoas voltam a falar de ditadura para dar o baixa. Essas pessoas que berram e que cantam isso não viveram essa época da ditadura militar, quando todo o mundo foi massacrado, artistas presos, o Chico Buarque, o Caetano Veloso, músicas censuradas, pessoas mortas. Mas também falam isso porque os políticos são tão corruptos e safados que deixaram chegar o país a este estado. Todo o mundo rouba, mas não tanto como fizeram agora no Rio de Janeiro. Lá está uma loucura, funcionários públicos sem receber. As forças federais foram enviadas pelo Presidente para tentar conter a violência nas favelas.

Esperava encontrar a mesma realidade que fotografou nas favelas, nos anos 60, tantos anos depois? Tinha esperança que algo mudasse?
Houve abandono e não houve um governo para tentar. Todo o mundo foi abandonado. Isso também não justifica o que está acontecendo. A revolta nos presídios, Rio Grande do Norte, Pernambuco, com matanças, é um absurdo. Isso não pode acontecer. Os políticos no Brasil são vergonhosos, e fico pensando: agora vamos ter eleições em 2018. Vamos votar em quem? Não temos um líder.

Não há confiança.
Acompanhei o Lula com o Jornal do Brasil e antes não falava com ele, tinha horror dele. Aí quando ele ganhou as eleições, em 2003, viajei com ele por todo o Brasil, de ônibus. Passei a adorá-lo, amá-lo, porque o que ele dizia parecia que ia mudar o mundo. Ele é bom nisso [aponta para a garganta]. O primeiro Governo dele foi muito bom, e a coisa depois chegou no que chegou. Ele não era aquilo que pregava. O pai do ex-governador do Rio de Janeiro, é Sérgio Cabral, escritor, é meu contemporâneo. Uma figura maravilhosa e começámos na mesma época. Vi o Serginho nascer, e agora o governo do Rio não tem dinheiro nem para pagar a polícia.

Teve momentos em que sentiu medo, quis desistir?
Pelo contrário. Estou com 81 anos, e fisicamente não tenho mais a sua força. Mas de cabeça e memória continuo bem. Não vou pensar em desistir. Em nenhum tipo de cobertura minha disse: “não vai ser possível”. Sempre fiz tudo para conseguir. Houve situações que me diziam “não vai entrar aqui”. Mas eu entrava. O Pablo Neruda, por exemplo. Todos os jornalistas naquela época ficavam no Hotel Carreira, no Chile. E nós estávamos no terraço e tínhamos de cumprir o recolher obrigatório. O Pinochet, o chefe do golpe, não recebia jornalistas. E queríamos achar o Pablo Neruda, que era o conselheiro do Presidente e a pessoa mais importante do país. Soubemos que estava preso. Uma informante minha me disse o hospital onde ele estava, mal tratado. Cheguei lá e o director do hospital não me deixou entrar porque não gostava de jornalistas. Disse-lhe que era amigo dele mas não era nada, era só conversa jogada fora. Quando liguei depois, às dez da noite, ele já estava morto. No dia seguinte o hospital estava cheio de gente, tinha a câmara Leica escondida aqui debaixo do casaco, filmes no bolso. Não tinha como entrar, mas fiquei lá. Passou uma hora, uma das portas abriu por acaso e eu entrei. Quando entro, está o poeta morto na maca. Fotografei primeiro, depois falei com a esposa dele. No dia seguinte fomos para o cemitério, a bandeira do Chile estava no caixão. Pinochet convocou a imprensa, achou que todos iam largar e correr para ele. Eu fiquei lá. Foi emocionante ver todo o mundo no cemitério. Foi lindo. Foi talvez o momento mais dramático e importante da minha vida. Depois de vários anos se soube que ele foi morto alvejado pelos militares. E fui agora ao Chile prestar depoimento, contei o que estou contando agora pra você.

Que Brasil lhe falta fotografar?
Tudo. O Brasil é muito grande, o mundo é muito grande. Toda a viagem onde vou, fotografo. Aqui também fotografei. Outro dia viajei para o Ceará, vi uma menina na rua vestida de bailarina, e disse para o meu amigo: “pára o carro”. Fotografei. Me perguntaram se tinha levado a menina para aquele lugar, mas aconteceu assim.

26 Set 2017

Táxis | Poder do Povo queixa-se de cobranças abusivas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] associação Poder do Povo entregou ontem uma carta junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) onde fala da cobrança de tarifas acima do valor previsto por lei por parte dos taxistas na zona das Portas do Cerco.

Quanto ao reordenamento do trânsito na zona, a Poder do Povo espera que as obras no terminal não sejam de grande dimensão e que possam ficar concluídas antes de 2019, uma vez que Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, alertou a população para não ter grandes expectativas em relação ao novo terminal de autocarros.

A Poder do Povo exige, portanto, mais explicações por parte do Governo e saber que medidas serão adoptadas para melhorar o sistema de funcionamento das paragens provisórias dos autocarros públicos, uma vez que será difícil aguentar as más condições até 2019.

A associação espera também que o terreno do Campo dos Operários seja recuperado para que se transforme no terminal de autocarros públicos de forma provisória. É, por isso, pedida a cooperação com a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), para que a população obtenha benefícios deste reordenamento temporário do trânsito.

26 Set 2017

Lisboa Palace | Incêndio vai influenciar data de inauguração

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau, falou ontem, à margem de um evento, sobre o mais recente incêndio que deflagrou nas obras do Lisboa Palace, empreendimento que a operadora está a construir no Cotai. A empresária disse que a investigação da Polícia Judiciária (PJ) ainda está em curso e que não se inteirou ainda dos estragos causados no local.

Angela Leong acrescentou que continua à espera do relatório de engenharia para ficar a conhecer a situação e poder estimar os custos dos prejuízos. A SJM também ainda não tem em mãos o relatório do incêndio ocorrido em Março deste ano.

A directora-executiva da SJM garantiu também que a data de inauguração do Lisboa Palace vai ser afectada pelos dois incêndios que já ocorreram este ano, não conseguindo prever, para já, uma data concreta para a abertura.

Angela Leong lamentou ainda o facto de não saber a data concreta da abertura do hotel Jai Alai, junto ao Reservatório. Sobre a revisão da lei laboral, cujo processo de consulta pública já arrancou, disse não temer a possibilidade de mais custos na qualidade de empregadora, tendo-se revelado satisfeita com a concessão de mais dias de descanso aos trabalhadores.

26 Set 2017

Shuttle bus | Angela Leong quer manter estacionamento nas Portas do Cerco

Angela Leong considera que os autocarros públicos devem ficar estacionados na zona do Campo dos Operários, dada a importância dos autocarros de turismo para o transporte de turistas. Já Agnes Lam defende que parte dos shuttle bus podem partir da fronteira localizada no Cotai, próxima da maioria dos empreendimentos de jogo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] passagem do tufão Hato por Macau causou graves inundações no terminal de autocarros das Portas do Cerco, danificando várias instalações. Depois do Governo ter anunciado que as obras de reparação só estarão concluídas em 2019, tem-se discutido a melhor forma de organizar o fluxo de autocarros na zona.

Angela Leong, directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e deputada reeleita nas últimas eleições, emitiu ontem um comunicado onde defende que os autocarros de turismo devem permanecer estacionados no mesmo local, sendo que os públicos devem ficar no parque de estacionamento provisório do Campo dos Operários, juntamente com as paragens.

A empresária disse ainda entender os pedidos da população para resolver o problema e adiantou que o Governo deve sempre tomar uma decisão com base naquilo que os cidadãos defendem.

Angela Leong frisou a importância dos autocarros de turismo, tendo lembrado que, além dos turistas, vários residentes têm beneficiado deste serviço gratuito, dada a insuficiência dos transportes públicos.

Mesmo que haja a necessidade de uma alteração do local de estacionamento dos shuttle bus, a empresária frisou que o Executivo necessita de ter em conta as necessidades dos turistas e as facilidades de transporte e de acesso.

Melhor gestão

Agnes Lam, que se estreia como deputada na próxima legislatura da Assembleia Legislativa, deslocou-se no domingo à zona das Portas do Cerco. Segundo o Jornal do Cidadão, a deputada eleita pede que se estude a possibilidade de uma melhor integração dos autocarros de turismo cuja última paragem seja perto das Portas do Cerco, para que possam ser daí retirados e, assim, deixar mais lugares disponíveis. Para a académica, parte destes autocarros poderia ficar no Posto Transfronteiriço Flor de Lótus, no Cotai.

Agnes Lam lembrou que a maioria dos autocarros dos casinos estacionados nas Portas do Cerco fazem percursos semelhantes, ou seja, quase todos terminam no Cotai, pelo que é necessária uma melhor coordenação.

26 Set 2017

Fórum Macau | Construtora da família Ma vence concurso polémico

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Construção e Engenharia Omas, ligada à família Ma, venceu o concurso para a concepção e construção do Complexo de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa do Fórum Macau, que vai ficar situado junto à Assembleia Legislativa.

No entanto, de acordo com a Rádio Macau, o concurso esteve envolto em polémica, com vários arquitectos a queixarem-se que a tradução para português de cláusulas técnicas só chegou ao interessados com um mês de atraso. Ainda de acordo com a mesma fonte, foram igualmente feitas várias alterações durante o processo do concurso.

A proposta da Companhia de Construção e Engenharia Omas tem um valor de 692,8 milhões de patacas e foi a quarta mais barata das nove apresentadas. Segundo a Rádio Macau, da equipa do projecto da construtora fazem parte o arquitecto macaense Carlos Marreiros e os engenheiros José Silveirinha e Jorge Lipari Pinto.

O prazo para a execução do projecto é de 600 dias, existindo a hipótese de a obra ser concluída a tempo da 6.ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, que deverá acontecer nos últimos meses de 2019.

O novo complexo do Fórum Macau vai ser construído num terreno com uma área de 14 mil metros quadrados, junto à Assembleia Legislativa. Está previsto que o edifício receba todas as plataformas do fórum, como o centro de formação, de serviços e de exposição de produtos dos países de língua portuguesa.

26 Set 2017

Homem condenado por mensagem sobre Estado Islâmico

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal de Pequim condenou um homem a nove meses de prisão, por ter defendido a adesão ao grupo extremista Estado Islâmico (EI), numa aplicação de mensagens chinesa, noticiou ontem a imprensa local.
“Junta-te comigo ao EI”, foi a mensagem escrita, em tom de brincadeira, no Wechat, o Whatsapp chinês, indicou o jornal Diário do Trabalhador.
Segundo o jornal, o homem, identificado com o pseudónimo Zhang Qiang, respondia a um comentário de um outro membro do grupo sobre a sua foto de perfil: o rosto de Usama bin Laden, fundador e líder da organização terrorista Al-Qaida, morto em 2011.
Zhang, um trabalhador migrante radicado em Pequim, foi detido em Outubro de 2016, por alegadamente promover o terrorismo e o extremismo, segundo um relatório da polícia.
Em tribunal, o homem afirmou “estar muito arrependido do que disse”.
Depois de verificar o seu telemóvel e computador, a polícia não encontrou qualquer comentário semelhante.
As autoridades chinesas estão a reforçar o controlo sobre comentários nas redes e espaços de discussão ‘online’.
Este mês, a Administração do Ciberespaço da China publicou um regulamento, no qual estabelece que as empresas do sector devem verificar as identidades reais dos membros em grupos de conversação no espaço ‘online’.
O grupo no Wechat, no qual Zhang escreveu o comentário, tinha cerca de 300 membros.

26 Set 2017

USJ | Curso em Direito Lusófono aprovado pelo Governo

A Universidade vai lançar um mestrado a pensar no papel de Macau como plataforma entre a China e os Países Lusófonos, mas o curso não é exclusivo para residentes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de São José vai lançar um mestrado em Direito Lusófono e Internacional Público e já conseguiu a aprovação do Governo, que foi ontem publicada em Boletim Oficial. Em declarações ao HM, Maria Antónia Espadinha, vice-reitora da USJ, afirmou que o mestrado surge para dar resposta a uma procura crescente em Macau.

“É um mestrado que tem em conta os interesses dos residentes de Macau e as necessidades do território, enquanto plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, disse, ontem, Maria Antónia Espadinha.

“Sentimos que há uma procura maior por este tipo de formação, até porque é uma oferta que não existia até aqui. Desta vez, quisemos lançar uma formação mais forte e com uma duração maior, havendo de facto procura para este tipo de curso”, reiterou.

De acordo com o plano aprovado e publicado ontem em Boletim Oficial, o mestrado tem a duração de dois anos e um total de 434 horas de formação. Contudo, 56 horas têm de ser passadas no âmbito do estágio exigido para que os alunos possam concretizar com sucesso o curso. Outra das exigências é a realização de uma dissertação.

“Noutros projectos, os alunos têm oportunidade de aprender o Direito Português e Chinês, mas até agora não havia um curso com esta nomenclatura do Direito Lusófono, por isso acreditamos que tem procura. Aliás, se já houvesse um curso semelhante, nem o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior aprovaria o nosso pedido”, sublinhou.

No decorrer das aulas, os alunos vão comparar os direitos existente na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa com o Direito da China. Além disso, vão ter cadeiras que explicam melhor o sistema jurídico de Macau.

“É um curso que pode ser muito apelativo para as pessoas que residem em Macau, mas não é exclusivo para elas. Se houver outras pessoas interessadas em inscreverem-se, podem fazê-lo”, frisou.

Lições em inglês

O curso vai ser leccionado em inglês, mas a vice-reitora da Universidade de São José avisa que é necessário ter algumas bases de português, que permitam conseguir ler os textos legais.

“É necessário ter alguns conhecimentos de português, que permita, pelo menos, ler as legislações existentes. As pessoas que não tiverem esses conhecimentos, terão um apoio extra. Serão dadas aulas, para quem necessitar desse auxílio”, esclareceu.

Os mestrandos vão ter ainda entrar contacto com o Direito da União Europeia, o que Espadinha explicou ser uma consequência natural do enquadramento jurídico de Portugal.

“Sim, houve de facto o cuidado de integrar no curso disciplinas relacionadas com o Direito da União Europeia, devido ao facto de Portugal fazer parte da UE. O Direito Lusófono tem de estar relacionado com o Direito dos Países Lusófonos, e Portugal é o primeiro desses países”, apontou.

26 Set 2017

Antigo presidente de regulador de seguros acusado de corrupção

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] órgão máximo anti-corrupção da China anunciou ontem que o antigo presidente da Comissão Reguladora de Seguros da China (CIRC) foi expulso do Partido Comunista (PCC) e o caso entregue às instâncias judiciais.

Segundo a Comissão Central de Disciplina e Inspeção do PCC, Xiang Junbo é acusado de aceitar subornos, entre outros crimes.

Xiang, que foi destituído e colocado sob investigação em Maio passado, torna-se assim no mais alto quadro da indústria financeira chinesa a ser atingido pela campanha anti-corrupção lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping.

O antigo presidente da CIRC e de um dos maiores bancos do país, o Agricultural Bank of China, era um dos 360 membros do Comité Central do PCC.

A campanha lançada por Xi, em 2013, resultou já na punição de mais de um milhão de membros do PCC, entre os quais vários dirigentes de empresas do Estado.

 

Debaixo de olho

 

A indústria seguradora chinesa tem estado sob vigilância, desde que, em 2015, a bolsa de Xangai caiu 30%, no espaço de três semanas.

Várias seguradoras são suspeitas de especulação com ações e imobiliário.

Uma empresa de seguros de vida foi proibida de negociar acções, enquanto o presidente de outra foi expulso da indústria e outros estão a ser investigados.

Os reguladores anunciaram que um dos objectivos este ano é reforçar a supervisão sob as praças financeira e os seguros para reduzir riscos financeiros.

O órgão anti-corrupção não avançou detalhes sobre o caso de Xiang, mas citou o “abuso na aprovação e supervisão”, uma possível referência a negligência em detectar má conduta por parte das seguradoras.

O presidente da seguradora Anbang, o multimilionário chinês Wu Xiaohui, que foi apontada como candidata à compra do Novo Banco, foi detido pelas autoridades em Junho passado.

O fundador e presidente do grupo Fosun, dono de várias empresas em Portugal, esteve também temporariamente detido pelas autoridades chinesas, no ano passado, “para participar de uma investigação”.

26 Set 2017

Turismo | Mais agências de turismo e menos trabalhadores em 2016

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o ano passado existiam em Macau 256 agências de viagens em actividade, o que representou um acréscimo de seis em relação a 2015. Porém, o número de trabalhadores empregados nestas empresas diminuiu em 2016, quando comparando com o ano anterior. O decréscimo foi de 239 funcionários para um total de 4.246.

No que diz respeito às receitas e despesas das agências de viagens, os montantes chegaram aos 6,53 mil milhões e 6,30 mil milhões de patacas, respectivamente. Estes valores representam crescimentos ligeiros na ordem dos 0,5 e 0,9 por cento, respectivamente face ao ano de 2015.

O valor acrescentado bruto, que reflecte o contributo económico do sector, foi de 944 milhões de patacas, tendo descido 1 por cento em termos anuais. Já a formação bruta de capital fixo foi de 142 milhões de patacas, o que representa um decréscimo de 11,4 por cento.

O excedente bruto do sector das agências de viagens situou-se em 2016 nos 229 milhões de patacas, uma descida de 11,4 por cento em relação ao ano anterior.

Dividindo as diferentes receitas, as provenientes de excursões chegaram às 2 mil milhões de patacas, os serviços de reservas de quartos acumularam 1,12 mil milhões de patacas e o aluguer de automóveis de turismo com motorista apuraram 977 milhões de patacas. Números que face a 2015 representaram aumentos de 2,5, 2 e 15,6 por cento, respectivamente.

No campo das despesas efectuadas pelas agências de viagens, destaque para a aquisição de bens e serviços, assim como comissões pagas (75 por cento do total), que se chegaram às 4,73 mil milhões de patacas, ainda assim menos 1,6 por cento em relação ao ano anterior.

26 Set 2017

Juri Vips venceu Campeonato Alemão de Fórmula 4

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ormação financiada por Teddy Yip Jr, filho do ex-parceiro de Stanley Ho, viu Juri Vips sagrar-se campeão de pilotos, naquele que foi mais um título a juntar ao trinfo na classificação por equipas.

Juri Vips, estónio da Prema Theodore Racing, sagrou-se o vencedor máximo do Campeonato Alemão de Fórmula 4, no fim-de-semana, em Hockenheim, depois de levar de vencida o colega de equipa, Marcus Armstrong, e Felipe Drugovich, brasileiro da Van Amersfoort Racing. O triunfo permitiu à Prema Theodore Racing, financiada por Teddy Yip Jr, fechar a época de 2017 com chave de ouro, depois de já ter garantido, há duas semanas, o campeonato por equipas.
Na última das três corridas da época, Vips ainda apanhou um susto, quando o colega de equipa se qualificou no primeiro lugar. Contudo, durante a prova, Artem Petrov (Van Amersfoort) foi mais forte, venceu, e acabou com o sonho de Marcus Armstrong. Assim, as contas ficaram seladas com uma diferença de 4,5 pontos, a favor de Vips, que foi terceiro nesta prova.
“É incrível – que sentimento fantástico. O trabalho dos últimos meses deu bons resultados. Estou tão feliz que até vou dançar no pódio”, disse Vips, depois de se ter sagrado campeão.
Por sua vez, Teddy Yip realçou os esforços do estónio: “O Juri [Vips] provou que merece ser campeão e que é um dos pilotos mais talentosos desta geração. Merece ser acompanhado nos próximos anos”, apontou.

Luta até ao fim

À entrada para a ronda de Hockenheim estava três pilotos na luta pelo título: Marcus Armstrong, com 212 pontos, Juri Vips, com 210,5, ambos da Theodore Racing, e o brasileiro Drugovich, com 190,5 pontos, da Van Amersfoort Racing.
Apesar da vantagem, o fim-de-semana não começou bem para a Theodore. A primeira sessão de qualificação ficou marcada por vários incidentes e Vips e Armstrong viram-se impedidos de fazerem voltas lançadas.
Já o brasileiro conseguiu um tempo que lhe permitiu arrancar do segundo lugar da grelha. Uma posição que Drugovich capitalizou da melhor maneira, ao vencer a primeira corrida do fim-de-semana. Vips e Armstrong recuperaram dos 14.º e 20.º lugares até 8.º e 10.º, respectivamente.
Na segunda corrida, a situação encaminhou-se para uma vitória da Theodore. Apesar de arrancar novamente do 2.º lugar, Drugovich teve problemas técnicos e teve de abortar a partida. O brasileiro foi obrigado a partir de último e acabou mesmo por desistir, dizendo adeus ao sonho.
Vips e Armstrong voltaram a mostrar a superioridade do monolugar da equipa e recuperaram de 14.º e 24.º, em que tinham arrancado, até 6.º e 9.º, respectivamente. O alemão Lirim Zendeli, da ADAC Berlin-Brandenburg, foi o vencedor da segunda das três corridas do fim-de-semana.
Finalmente, no domingo, o campeonato ficou resolvido a favor de Juri Vips, que terminou a corrida no 3.º lugar, posição em que tinha arrancado. Armstrong foi penalizado por não ter conseguido, diante de Petrov, a vitória que lhe teria valido o título, sendo segundo.
“Foi um fim-de-semana duro. Perder um campeonato por uma margem tão pequena nunca é fácil”, desabafou, no final, Armstrong.

26 Set 2017