Obras para sede da UTIP começam em 2017

A nova sede do edifício do Pelotão Cinotécnico da PSP vai ter dois prédios, numa área de cerca de mais de 12 mil metros quadrados e deverá começar no próximo ano. Na semana passada tinha sido anunciada a abertura de um concurso público para a construção da nova sede da Unidade Técnica de Intervenção da Polícia (UTIP), que se prevê que demore 700 dias.
Agora, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), sabe-se que o edifício é composto por duas unidades, uma de três pisos destinada ao canil e outra de quatro pisos ao edifício administrativo. O início da obra, segundo as estimativas, poderá ocorrer no primeiro trimestre de 2017. O local vai ter ainda uma zona de passeio para cães, área de treino para cães, salas de aula, sala polivalente, salas de reuniões, gabinetes, sala de descanso para agentes policiais e outras infra-estruturas.
A nova sede está localizada num terreno revertido anteriormente através de acções de despejo, junto da Estrada de Hac Sá e da Avenida de Luís de Camões.

25 Jul 2016

Receitas públicas caem quase 14%

As receitas públicas caíram 13,5% no primeiro semestre do ano, mas a região continuava com um superavit superior a 17,2 mil milhões de patacas no final de Junho. Os dados oficiais provisórios divulgados na passada semana indicam que a queda das receitas da Administração está em linha com a quebra no sector do Jogo.
Os impostos directos sobre o jogo – 35% sobre as receitas brutas dos casinos – caíram 13,4%, comparativamente com o mesmo período de 2015 (variação homóloga), alcançando os 39,612 mil milhões de patacas. Do lado da despesa, os gastos públicos totais aumentaram 2,3% no primeiro semestre do ano em termos homólogos.
O superavit da região no final de Junho, equivalente a quase dois mil milhões de euros, era em 32,1% inferior ao que Macau registava um ano antes. As receitas dos casinos caíram 11,4% no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2015. Junho foi o 25.º mês consecutivo de quedas homólogas.
Para o conjunto de 2016, o Governo prevê nova queda das receitas públicas e do jogo, mas continua a esperar fechar o ano com um superavit de 18,213 mil milhões de patacas, segundo a previsão do Orçamento da região. A confirmar-se essa estimativa, os impostos directos sobre o jogo cairão 16,6% em 2016.

25 Jul 2016

Ponte da Zona A a Macau pode chegar aos 393 milhões

A ponte que vai ligar a Zona A dos novos aterros à península de Macau poderá custar mais de 392 milhões de patacas.
Foram dez as empresas que se mostraram interessadas em concorrer ao concurso público para a construção da ponte da Zona A a Macau, que tem de estar concluída até 30 de Novembro de 2017. Apenas sete propostas foram admitidas e três foram aceites condicionalmente, por falta de documentos. O Governo não menciona quais as empresas a concurso, mas frisa que os preços propostos variaram entre mais de 297 milhões a mais de 392 milhões.
“A execução das fundações da via de acesso será efectuada pelo método de estacas moldadas, e para a estrutura da ponte será adoptada estacas de betão armado. A via terá 400 metros e seis faixas nos dois sentidos e ligará o norte da Zona A e a Pérola Oriental da Península de Macau (Rotunda da Amizade)”, adianta o Executivo. O início da obra está previsto para o terceiro trimestre deste ano e poderá criar cerca de 120 postos de trabalho.

25 Jul 2016

DSAT passa a licenciar importação de veículos

A partir de 4 de Agosto, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) é quem vai passar a atribuir a licença de importação de veículos. De acordo com a rádio Macau, a nova função está dependente da entrada em vigor da nova Lei do Comércio Externo no mesmo dia. Por enquanto ainda é a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) que se responsabiliza pela atribuição da licença. Os documentos necessários serão os mesmos com a mudança da tutela.

25 Jul 2016

Aumento ligeiro nas visitas até Junho

Macau recebeu 14,76 milhões de visitantes entre Janeiro e Junho, um aumento ligeiro (0,1%) face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais divulgados na semana passada. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de visitantes do interior da China (9,74 milhões) e de Hong Kong (3,05 milhões) registaram diminuições de 0,4% e 3,1%, respectivamente, em termos anuais.
Em sentido inverso, o universo de visitantes provenientes de Taiwan (520.034) e da Coreia do Sul (312.648) registaram crescimentos de 11,7% e 6,5%, respectivamente, face aos primeiros seis meses do ano passado.
O número de visitantes de países mais distantes, como os Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido também aumentou, de acordo com a DSEC.
Só no mês de Junho, chegaram a Macau 2,35 milhões de visitantes – mais 4,9% em termos anuais mas menos 4,8% em termos mensais –, dos quais 1,51 milhões oriundos da China (+5,7%). O número de visitantes da Coreia do Sul (46.957) e de Taiwan (95.615) conheceu um aumento de 49,5% e 19,1%, respectivamente, face ao mesmo mês do ano passado. Já o número de visitantes oriundos de Hong Kong (511.692) diminuiu 2,3% em Junho, em termos anuais.

25 Jul 2016

Mais de 250 mil seringas recolhidas em seis anos

Mais de 280 mil seringas foram recolhidas pelo Instituto de Acção Social (IAS) desde 2008 e até 2015. O número tem vindo a diminuir, indica o IAS, baixando de “mais de seis mil seringas por mês na época alta, para centenas de seringas por mês”. O anúncio do Instituto chega numa altura em que têm sido detectadas algumas seringas abandonadas ou atiradas de prédios em algumas zonas. O IAS alerta que mantém o programa de recolha de seringas, apelando a que os consumidores não as abandonem em qualquer sítio. Perante os números, o IAS diz que “têm-se revelado eficazes as acções tomadas, designadamente, no combate à SIDA”.

25 Jul 2016

BNU doa 450 mil patacas ao IFT

O Banco Nacional Ultramarino (BNU) concedeu um fundo para bolsas de estudo no valor de 450 mil patacas ao Instituto de Formação Turística (IFT). O dinheiro provém da utilização do IFT MasterCard, um cartão de crédito de afinidade lançado em conjunto pela instituição superior e pelo banco e especialmente concebido para colaboradores do IFT, estudantes e alumni. Por cada transacção paga com o cartão é transferida uma certa percentagem para um fundo que oferece bolsas a estudantes do IFT. O detentor do cartão com o pedido aprovado pode usufruir da isenção permanente da anuidade e outros benefícios, como pontos de bonificação em dinheiro ou pagamento por prestações.

25 Jul 2016

Segurança alimentar com resultados “satisfatórios”

Mais de 800 amostras foram analisadas para testar a segurança alimentar, entre Janeiro e Maio. A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, diz que os resultados apurados são “satisfatórios”, revela a rádio Macau. “Até ao final de Maio deste ano, já foram retiradas 877 amostras em diversos estabelecimentos de produção e comercialização de produtos alimentares, das quais 19% eram de lojas de take-away. Os resultados são todos satisfatórios”, indicou. Sónia Chan respondeu desta forma a uma interpelação do deputado Zheng Anting, na Assembleia Legislativa, onde a Secretária referiu ainda que existem “cerca de 50 plataformas electrónicas” de venda de produtos alimentares e que o Governo pediu que estas lojas “online” se registassem numa base de dados. Entretanto, 16 já concluíram esse processo, adianta ainda o mesmo órgão de comunicação.

25 Jul 2016

Pequim apela à UE para acabar com “antiquada” investigação ‘antidumping’

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Ministério do Comércio da China apelou hoje à União Europeia (UE) para que deixe de utilizar o seu “antiquado” método de investigação ‘antidumping’, já que considera que este contraria o protocolo da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Num comunicado difundido através da agência oficial Xinhua, o ministério apela a que no final deste ano a UE abandone o actual método, utilizado para investigar a possível concorrência desleal de produtos chineses que chegam à Europa.
A posição do ministério surge pouco após a Comissão Europeia (CE) ter anunciado que não concederá o estatuto de “economia de mercado” à China, mas que irá propor alterações na legislação, para cumprir com as suas obrigações perante a OMC. comércio electrónico compras vendas alibaba
A comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, afirmou que a CE vai propor “uma nova metodologia ‘antidumping’ que capte as distorções no mercado relacionadas com a intervenção estatal em países terceiros”.
Pequim considera que o método actual usa os custos de produção de “países terceiros”, para calcular o valor dos produtos em países que não são considerados “economias de mercado”, (entre os quais a China), o que permite à UE cobrar altos impostos.
+O ministério recordou também que todos os membros da OMC devem guiar-se pelas normas, “sem ter em conta os padrões locais e outros factores, como o excesso de capacidade industrial”.
A China quer que a OMC reconheça o estatuto do país como “economia de mercado”, apesar da oposição da UE e das indústrias europeias, que acusam Pequim de praticar “dumping” (vender os seus produtos abaixo do custo de fabrico).
O reconhecimento pleno da “economia de mercado” da China retira poderes aos outros países ao nível das acusações de “dumping” e abarcaria alterações nos procedimentos impostos às exportações chinesas para a UE.
As interpretações sobre as normas da OMC para a China são também alvo de diferendo.
Pequim considera que cumpridos os quinze anos desde o seu ingresso na OMC, o país deve ser considerado como uma “economia de mercado”, enquanto a UE considera que a China não cumpre com os parâmetros daquele estatuto.

25 Jul 2016

Maior hidroavião do mundo construído em Zhuhai

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China completou a construção do maior hidroavião do mundo, noticiam os meios de comunicação social estatais chineses.
Segundo a agência Xinhua, a estatal Aviation Industry Corporation of China (AVIC) apresentou no sábado o primeiro destes novos aviões (batizados AG600) na cidade de Zhuhai, no sul do país.
O novo avião foi desenhado para combater incêndios florestais e ser usado em resgates no mar, escreve a Xinhua.
O hidroavião chinês destina-se ao mercado interno e “será muito útil para desenvolver e explorar os recursos marítimos”, podendo servir para “monitorização ambiental, detecção de recursos e transporte”, acrescenta a agência.
A AVIC recebeu até agora 17 encomendas de aviões deste tipo.
Com um tamanho semelhante ao do Boeing 737, é de longe maior do que qualquer outro avião construído para descolar e pousar na água, disse o vice-diretor da AVIC, Geng Ruguang, citado pela Xinhua. A agência de notícias francesa AFP ressalva que, no entanto, o tamanho das asas do hidroavião chinês é consideravelmente mais pequeno do que o das asas do H-4 Hercules, concebido nos Estados Unidos nos anos de 1940 para transportar tropas aliadas na Segunda Guerra Mundial. Este aparelho é considerado como o maior jamais construído, mas fez apenas um voo, já depois do fim do conflito, em 1947.
 

25 Jul 2016

Menos 211 milhões de trabalhadores em 2050

A China vai ter menos 211 milhões de trabalhadores em 2050, o que representa uma queda de 23% em relação à actual população activa, segundo estimativas do Ministério dos Recursos Humanos e Segurança Social do país.
Actualmente, a força laboral chinesa, cidadãos com idades entre os 16 e 59 anos, está fixada em 911 milhões de pessoas e estima-se que esse número diminua para 700 milhões de pessoas até ao ano de 2050, segundo Li Zhong, porta-voz daquele ministério durante uma conferência de imprensa citada sábado pelo jornal publicado em Hong Kong South China Morning Post.
As estimativas das autoridades chinesas superam as de instituições financeiras como o Banco Mundial, que indicou num relatório anterior que a China poderia ver a sua população activa reduzida em cerca de 10% até 2040, o que corresponderia à perda de 90 milhões de trabalhadores.
O envelhecimento da população e a queda da população activa representa uma grande pressão para a China actualmente em desaceleração económica, e o Governo tenta atacar a situação com medidas como a abolição da política de filho único, implementada este ano, e o aumento da idade de reforma.
 

25 Jul 2016

Mulher morta por um tigre num zoológico

Uma mulher foi morta e outra ferida por tigres num zoológico de Pequim depois de saírem do automóvel em que estavam no parque, que permite passeios em viaturas entre os animais em liberdade, informou ontem a imprensa chinesa.
O incidente aconteceu no sábado, no Beijing Badaling Wildlife, de acordo com o site electrónico Chinanews.com.
Durante uma discussão, uma das mulheres saiu do carro. Um tigre do zoológico atacou-a imediatamente e a outra mulher tentou intervir, sendo esta última também atacada por outro tigre, que a matou antes de levar o seu corpo.
As duas mulheres estavam acompanhadas de um homem – que assistiu à cena e tentou ajudá-las – e uma criança. Os dois últimos não ficaram feridos, explicou a Chinanews, acrescentando que o parque está fechado para reforçar as medidas de segurança.
O zoológico permite aos visitantes que circulem pelo parque em automóvel, mas adverte que não é permitido sair das viaturas.
A mulher ferida está hospitalizada, indicou o portal de informação Sohu, informando ainda que em 2014 um guarda do parque foi morto por um tigre.

25 Jul 2016

Sugerido parque arqueológico para achados

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]am Fat Iam, do Conselho do Património Cultural e presidente da Associação de História Educação de Macau, considera que o Governo deve ter em conta a possibilidade de construção de um parque histórico em Coloane. As declarações foram feitas ao jornal Ou Mun e sucedem-se às descobertas arqueológicas que remetem para a existência de vida humana em Macau há quatro mil anos. O conselheiro acha que a intenção do Governo – em manter o espaço fechado – é insuficiente, na medida em que “só mencionou a manutenção do local e o arquivo das descobertas das escavações em locais apropriados”.
Para o também dirigente associativo deveria ser criado um parque arqueológico em Coloane, para ligar os arredores do velho bairro a um conjunto em que seriam integradas as colinas, as áreas verdes, a zona litoral, as casas, templos e igrejas. Para o efeito, Lam Fat Iam sugere a realização de um plano de florestação em grande escala que funcionaria ainda enquanto espaço cultural, histórico e ecológico completamente novo.

História é identidade

Lam Fat Iam considera as recentes descobertas como fonte de enriquecimento histórico da RAEM capazes de afirmar o senntido de identidade e consciência local dos residentes. Os achados vêm ainda reconhecer a importância de áreas de estudo como a arqueologia e a história do território, dando relevo às sugestões de docentes para aprofundamento de formações nestas áreas, frisa.
Neste sentido, a Associação já está em negociações com universidades de relevo da China continental para a abertura de um mestrado nestas disciplinas, de modo a satisfazer as necessidades que cada vez mais se levantam.

*por Angela Ka 

22 Jul 2016

CCM | Clássico russo para os mais pequenos

Vem aí mais um fim-de-semana de teatro em família. A iniciativa “InspirARTE no Verão” traz, desta feita, um clássico russo dos anos 30, interpretado de todas as formas e sem palavras, para fazer rir miúdos e graúdos

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]nserido na iniciativa “InspirARTE no Verão”, o fim-de-semana traz ao pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) mais uma peça para os mais pequenos e toda a família. A produção que está em palco a 23 e 24 de Julho vem de S. Petersburgo e conta a história dos irmãos “Chook e Gek”.
“Chook e Gek” é um espectáculo teatral em jeito de comédia que combina palhaços, marionetas e instalação de vídeo. A peça baseada num conto clássico de 1939, do autor russo Arkady Gaidar, conta as aventuras de dois irmãos que partem com a mãe rumo ao Norte longínquo para se encontrarem com o pai. Descrita como “uma peça alegre, engraçada e visualmente adorável” pela crítica da imprensa internacional, “Chook e Gek” é concebida para miúdos a partir dos cinco anos. É um espectáculo feito em forma de convite para a descoberta da simplicidade das coisas, da sua força e beleza, ao mesmo tempo que puxa a mão dos mais velhos para um regresso momentâneo à infância.

Técnicas imortais

A forma como os actores se movem e se interagem com a música e adereços proporciona ao público uma viagem no tempo onde o cinema mudo era rei e em que cabia à linguagem corporal um papel maior na representação. Se neste contexto a lembrança tem ligação directa a nomes como Charlie Chaplin ou Buster Keaton, num olhar mais atento o público vê-se num palco que remonta à tradição dos mimos e palhaços russos celebrizados por Slava Polunin.
Reconhecido como “o melhor palhaço do mundo”, Polunin foi o fundador da Escola de Teatro e Mímica TeatrLicedei, a mais conceituada escola de palhaços russa e que já marcou presença no CCM em 2008. O mestre palhaço descreve as suas criações como “teatro de magia ritual de pompa festiva, construído à base de rituais e movimentos, jogos e fantasias”.
Actualmente é mote das produções teatrais modernas a utilização da fusão de novas formas de expressão com as expresses mais tradicionais. “Chook e Gek” não é excepção e junta ao teatro físico e à mímica a técnica do palhaço, tudo entrelaçado com marionetas e novas tecnologias nesta adaptação do clássico de Arkady Gaidar.

Companhia independente

“Chook e Gek” é uma encenação levada a cabo pela Melting Point, um pequeno teatro de São Petersburgo. A companhia inspira-se no conceito de teatro independente e no sonho em criar espectáculos não verbais em que a mímica e outras formas de expressão possam ocupar os palcos e representar a universalidade das encenações, adianta a organização.
Alheios a todas estas influências, aos miúdos basta que se sentem e riam, apreciando um espectáculo que também foi elogiado pelo Festival Internacional de Teatro para Crianças e Jovens – “KORCZAK Festival” – como uma “combinação vanguardista de teatro e instalações vídeo”.

Continua o Verão

Este Verão, o CCM apresenta uma série de produções distintas para miúdos de diversas idades levando ao palco alguns exemplos da força “ilimitada das artes teatrais”. Apesar dos avanços tecnológicos e vagas experimentais, a simplicidade permanece um elemento chave nas artes de palco, adianta a organização, sendo que a expressão física continua muito viva enquanto forma de entretenimento e comunicação.
Sob o mote “InspirARTE no Verão” os palcos já receberam e continuarão a receber até final de Agosto um conjunto de espectáculos e workshops especialmente produzidos para inspirar bebés, miúdos e graúdos, numa série criada para o deleite de toda a família.
No sábado, o espectáculo tem lugar às 19h30 e no domingo às 15h00 e os bilhetes têm o valor de 180 patacas.

22 Jul 2016

Deputados querem revisão da lei de contratação de TNR

Os deputados criticaram ontem o Governo por estar a permitir a existência de casos onde os trabalhadores não-residentes não recebem salários, mas também pelo que consideram ser uma forma desleixada de autorização de pedidos de contratação. “Os locais servem para se apresentarem [ao serviço] só enquanto não há TNR”, queixava-se Au Kam San. “Depois, basta que lhes paguem 450 patacas ao dia, que estão já cumprir requisitos.” Song Pek Kei critica o que considera ser um incumprimento da lei, no sentido que o diploma obriga ao pagamento de cerca de 11 mil patacas, mas a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) autoriza contratações abaixo desse pagamento. Salário que a deputada relembra não ser actualizado desde 2005.

22 Jul 2016

Falta autenticação de produtos “verdes”

Mak Soi Kun, deputado e director da Associação para a Protecção Ambiental Industrial, sugere a instauração de um sistema de autenticação dos produtos ditos amigos do ambiente.
O deputado pronunciou-se num seminário em que participou e que tinha como finalidade a promoção da compra de produtos ecológicos, bem como o incentivo às políticas e práticas de reciclagem.
Citado pelo Jornal Ou Mun, Mak Soi Kun afirma que o departamento de compras do Governo já está seguir uma política que leva em conta a protecção ambiental, mas “ainda está em falha a existência de um sistema para verificação dos produtos verdes”. A título de exemplo, o deputado refere os materiais de construção. “Como se define um tijolo amigo do ambiente se a sua produção é causa de poluição secundária?”, interroga, ao mesmo tempo que admite a dificuldade em confirmar a fiscalização dos processo de manufactura.
Mak Soi Kun espera que o Governo possa ter em conta as experiências das regiões vizinhas e realizar esforços no sentido de um desenvolvimento ecológico mais sustentável. O deputado diz que é necessária a implementação de uma norma de verificação da origem dos produtos amigos do ambiente, ao mesmo tempo que alerta para a necessidade de aumentar a competitividade e sustentabilidade das empresas no que concerne à protecção do ambiente, conferindo-se às empresas verdes mais prestígio.

22 Jul 2016

Exercícios de éter e anestesia

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]otas e murmúrios de meio dia, meio noite. Meio de uma coisa e de outra. O que se é. Ser-se o que se é. Como uma receita. Claras em castelo bem firme e uma pitadinha de sal que se diz quanto baste. Quanto bastasse de leveza e peso medido. De brilho ou absorção de toda a luz. Um vidro translúcido, um cristal transparente e puro a transtornar a luz em cores, um veludo negro sem retorno. Da luz. E ser sólido e permeável. Transparente e velado. Arriscado e temente.
E recobrir a realidade de coisas leves e etéreas. Vivas e serenas mas finas como velaturas de Leonardo. O mesmo que dissecava cadáveres. Para entender. Estas a revelar subtilmente e por sobreposição os volumes de forma suave. Aquelas, simplesmente, a afastar a nitidez excessiva. Que cega. A dor. Envolta numa poalha fina. Como partículas de luz. Ou palavras delicadas, uma música baixa. O marulhar de águas.
Quanto de tumulto irreprimível se pode encerrar num silêncio. Quanto de emoção indómita se esconde na pele. Quanto de caos e angústia se desprendem para dentro como de um manto de conforto e equilíbrio. A pele. Essa camada-organismo vivo, reactiva, bela ou feia, lassa ou triunfante de densidade e brilho. Que respira inaudível, que se arrepia e cora. Que encerra o mundo sob a esfinge. A serenidade de um invólucro, a reter uma amálgama que se deve proteger da dispersão, da corrosão do olhar. A pele a conter, a suportar na sua elasticidade, a camuflar fenómenos alterosos que se sucedem como vagas em maré viva. Perigosos. Violentos dentro e fora.
Há dias em que cada minuto é de uma urgência, uma inquietação uma incompletude. Certos dias de incerteza, é talvez o esquecimento com quem acordo. Fico ai interdita a olhá-lo, a querer ver mais nítido. A ver qual deles. Dos esquecimentos. Ali ao lado da cama. Do lado que não sei. O lado sem fundo em que me sento todos os dias antes de poisar os pés. E aqueles dias em que para baixo é o precipício sem se lhe ver o fim. E não lhe vejo os olhos. E do outro esquecimento, a mesma ausência o mesmo recorte o mesmo vulto denso imatérico e inacessível e em torno o espaço. O de sempre. De que não vejo os olhos. E aos pés da cama, talvez o anjo, o de sempre, também, sentado e pesado com as suas asas negras aveludadas, assimétricas, desleixadas. É ali que um rasgo da luz já matinal lhe fere um ombro e de caminho uma asa. É por isso, mas também que a ferida lhe vem de dentro. A eterna fractura da queda. A intemporal mágoa da fuga. O incomportável peso de culpa. A inalcançável imperfeição que o esconde. As asas mal fechadas na esperança do voo. A quem não vejo os olhos. O voo. Os dias de certeza do não querer acordar e saber que há-de ser. O que há-de ser. Adiado pelo lençol branco puxado à força para cima dos olhos fechados, Fechados com força para não ver a obscuridade, a vencida obscuridade a criar a agitação do dia, da alma a precisar de mais sono. E mais atrás na obscuridade restante ainda o que mais não sei e o que mais gosto. Dois num. O primeiro, o segundo. A haver ouro será dito no final. Esse que não me vê e de que me escondo para que não se veja nos outros ali. Que não vejo ver que uns aos outros. Não ser o esquecimento conteúdo. Uma outra coisa. O esquecimento como forma e não como sentido. Uma capa de imaterialidade. Leve e sem indiferença. Como invólucro do estar. Exercícios de anestesia. Ou abusar genericamente da química do cérebro. Às vezes, simplesmente esticar um tempo em que sem saber porquê para além da química, de facto, sinto que este nada de especial faz sentido em si e assim. Por medo de outro tempo em que muito mais faça muito menos sentido. E me atropele tudo o que não quero ver. Não quero ver. Não quero ver.
Dizia o peso do mundo. Sobre os ombros. E querer acelerar o passo a aliviar, a trocar as voltas e o equilíbrio do peso. Do mundo. Sobre os ombros doridos. As coisas e as coisas pequenas. Inerências gravitacionais. Pequenas poeiras em torno. Ínfimas e monstruosas em círculos. Sempre os círculos viciosos. Padrões. Cansada, sonhava com padrões. Cores e formas a suceder-se. Alucinogénias. As substâncias destiladas na alma. Aquele tempo indefinido de vigília já desamparada no sono. E as folhas desfolhadas sem descanso sobre as pálpebras já fechadas. Ou já dormidas mas entreabertas por força de uma confusão qualquer. Muscular.
O cansaço de padrões. Como azulejos. Mas não estes. Rosto da cidade. Onde as águas escorregam difíceis de entrar. Sempre lavados de fresco como um sorriso novo, e os brilhos entre as flores estilizadas, mesmo envelhecidas, por partes. O brilho rico e eterno aqui e ali a confundir o desgaste de uma pétala, uma voluta ou um trevo. Qualquer coisa de resiliente e feroz mesmo nos mais castigados. Feroz mas de alegria pura. E luz. E unidade. De longe não há imperfeição que destrua a ideia do todo. Naqueles mesmo, que o tempo começou a limar o vidro o contorno ou o desenho, e em que o fez com a arte do padrão, aqui e ali, numa alternância que configura o novo todo.
Murmúrios. Lamentos alongados no espaço invisível e imensurado. Há uma poética nessas queixas não transparecidas, não limadas, não domesticadas. Que escolhem o lugar. Muros de encostar a fronte. E de lamentações. De tocar com as mãos. Muros vastos de compreensão muda. Pedras de tocar, gastas do fervor e tantos gestos. Tantas preces concentradas no tacto. Na fé, no desamparo de algo, de alguém, do mundo ou de ser simplesmente. E o ouvido. Um ouvido na pedra. O segredo. As palavras não ditas. Rústicas como preciosidades em bruto. Atiradas para um além que nem sempre é o mesmo ou mais do que o que transcende. Corpo e espaço confinado. De ser em si e extravasar. O necessário e escatológico reclamar, carpir, vociferar sem culpa nem perdão. A parte sombria que falta em todas as luzes. Que acentua a clareza com que a luz recorta as formas os sentidos, os volumes, e preenche os espaços em branco desse território árido da ilegibilidade. Do que se diz, deve ter-se sempre a noção da insuficiência das palavras que são falíveis e inválidas se esgotadas de sentir. De sensações que as tornem rotundas esponjas de onde se poderá beber uma realidade desocultada. Por pequenina que seja. Restos de uma saliva tanto mais doce quanto não é imposta. Um beijo não deve ser dado e recebido mas uma etapa qualquer entre duas apetências. Como um lamento.
Sempre uma pequena ou grande loucura possível – um pequeníssimo elogio da loucura, um vector centrípeto, e sair do círculo vicioso. Da auto-piedade. Um gesto leve ou incisivo. Como um sacudir de mão sem desdém. Aquele gesto forte do flamenco. Desses pequenos ou grandes gestos, há-os destrutivos, mas há também os outros. E o segredo, na generosidade que se vira para si próprio como para os outros. O que se quer, e a coragem de sair dos territórios confortáveis, assumir a nulidade, descomplicar e desembrulhar cada momento como fosse anterior à grande batalha, e a batalha de cumprir a vontade sem preguiça, um desafio que se conhece de frente sem substituir pelo comprazimento na impotência. Dançar algo ou alguém, como desenhar. Dançar no corpo contra a paralisia da mágoa. Sem a piedade de si.
Antes gostar e não gostar. Que se nos atrapalhe a postura dos ombros com peso a mais do que o que ali cabe. Gostar ou não gostar. Mas não a pena. Da piedade. E já agora a espada. Ou flores. Flores em vez daquelas palavras difíceis que nos caem dos pensamentos irreprimíveis, imparáveis, e é bom que não acertem em nenhuma folha. Antes, que se entranhem na terra – e aí, fermentando sirvam de adubo – onde pertencem estar as matérias escatológicas. Estranha duplicidade que abarca, destino, última ressurreição, fim do homem ou do mundo, e o fim do processo digestivo. Tudo coisas que não quero saber. Que as palavras, como um êmbolo, premindo bem fundo, incisivas ou veementes, injectam todas as dimensões do sentir, do pensar. Mas como o êmbolo de uma seringa, quando injectam ar, esse ar – vital, no entanto – matam. Poderosas e cirúrgicas como bisturis. Mas aí prefiro a espada, o florete. Duelos antigos combinados e justos. Corpos no espaço e que ganhe o melhor. Como se a vida fosse uma competição. De capa e espada. Mas antes o manto de uma certa leveza. Da fantasia. Do esquecimento. Aquele.
Ainda o ar, vital. O éter, anestésico. Essa substância que filósofos, naturalistas e depois os físicos, acreditavam habitar todo o universo. Sem massa, volume. Indetectável e sem atrito. O caminho da luz. Volactil e conhecida dos alquimistas. Tão conhecida como inexistente. Mas na mitologia personifica o conceito de céu superior. O céu sem limites ou o ar elevado, puro e brilhante respirado pelos deuses. Oposto ao obscuro inalado por seres mortais. De um matrimónio nascem terra, céu e mar e de outro, dor, engano, fúria, altercação, luto, mentira, punição, esquecimento, medo e vários outros filhos de mau feitio. Mas a genealogia é contraditória mesmo nos deuses. Tanto são filhos como pais, como uma reciprocidade ambivalente e comum entre causas e efeitos.
É a esse éter que aspiro respirar quando a escuridão e o peso me pesam. Esse éter que do grego significa queimar e tornar escuro como o breu da fuligem. Ou fazer luzir. A luz que queima. Iluminar até à incandescência. E ceifar dores da consciência e, da matéria já do fumo, deixá-las subir e evolar-se. Num território aéreo e longínquo. Leve e fluido. É a inviolável solidão não da matéria mas do etéreo. Do tudo tornado o nada invisível. E diz a Química: éter e ar misturados, um potencial explosivo. Misturas complexas. Como tudo na vida. Mesmo sob um manto leve e etéreo.
É isso. Exercícios de éter e anestesia.
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22 Jul 2016

Aberto concurso para reconstrução do Sin Fong. Pronto em três anos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Conselho Administrativo do edifício Sin Fong Garden publicou ontem um anúncio para um concurso para a reconstrução do prédio, evacuado em 2012 por estar em risco de ruína. O comunicado, que listava os critérios para as empresas interessadas, foi publicado no jornal Ou Mun e prevê a duração dos trabalhos até três anos.
As obras vão incluir “a demolição do prédio original de 30 pisos, com uma área de construção” de mais de 13 mil metros quadrados, a “construção do edifício com função residencial e industrial e estacionamento”. Só se admitem as “entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e com tempo de serviço não inferior a dez anos”.
Segundo o canal chinês da Rádio Macau, António Ferreira Hu, vice-presidente da Associação de Beneficência Tung Sin Tong, que adiantou as despesas para a reconstrução do Sin Fong Garden, “já entregou o projecto de demolição e reconstrução à DSSOPT e, por enquanto, está-se à espera da abertura do concurso para a empreitada do projecto, estando previsto que a reconstrução vá demorar três anos”.
O responsável acrescenta que os 50 milhões de patacas a título de adiantamento atribuídos pela Associação em Abril de 2014 podem ser utilizados em qualquer altura. “Sei que os proprietários devem estar já muito ansiosos por causa da reconstrução. Entretanto, dado que a altura do prédio é de 30 pisos, o trabalho de demolição será difícil e prevê-se que vá demorar cerca de um ano e meio”, frisou, revelando também que os proprietários prometeram que iriam reembolsar o dinheiro, o que vai ser discutido no futuro.
Em 2012, veio à luz do dia que o edifício Sin Fong Garden estava em risco de ruína e 200 famílias foram obrigadas a sair das suas casas. A atribuição do subsídios aos moradores do Sin Fong Garden vai terminar a partir de Agosto, mas o Governo garante que vai continuar a ajudar os lesados com alojamentos temporários até a reconstrução do edifício terminar.

* POR Angela Ka

22 Jul 2016

Pequim apela a Republicanos dos EUA para parar com acusações

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China apelou ontem ao Partido Republicano dos EUA para que “deixe de fazer acusações infundadas” contra o país, depois de conhecido o programa adoptado durante a convenção que nomeou Donald Trump candidato às presidenciais norte-americanas.
“Esperamos que as partes implicadas deixem de fazer acusações infundadas contra a China e de interferir nos nossos assuntos domésticos”, sublinhou em comunicado Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.
Trump reiterou a sua opção em “impor os interesses norte-americanos nas relações comerciais com a China e rasgar em pedaços o Acordo Trans-Pacífico de Cooperação Económica (TPP)”, negociado durante o Governo de Barack Obama. donald trump
“Todas as facções políticas dos EUA deviam ver o desenvolvimento da China de forma objectiva e racional e entender correctamente os assuntos que emergem nas relações bilaterais”, afirmou Lu.
O porta-voz criticou igualmente o Partido Republicano por ter acusado a China em assuntos relacionados com Taiwan, o Tibete e o Mar do Sul da China. E apelou à promoção de um “crescimento estável nas relações entre a China e os Estados Unidos da América, para que sirvam os interesses dos dois países e a paz e o desenvolvimento da região Ásia-Pacífico e do mundo”.
“Ambas as partes deveriam seguir a direcção certa”, disse.
 

22 Jul 2016

F3 | Estatuto de Taça do Mundo pode não trazer mudanças

[dropcap style=’circle’]C[/dropap]om os anúncios milionários da renovação do Museu do Grande Prémio e do patrocinador da 63ª edição, à qual se alia um programa em todo igual ao do ano passado, os aspectos desportivos do evento do próximo mês de Novembro ficam por agora em segundo plano. Contudo, durante a conferência de imprensa do anúncio do patrocinador da prova deste ano, que será novamente o Suncity Grupo, Pun Weng Kun, Presidente do Instituto do Desporto, referiu um ponto importante: a organização que agora lidera tem “esperanças em aumentar a envergadura da corrida de Fórmula 3”, ambicionando o título de Taça do Mundo FIA.
A prova de Fórmula 3 de Macau goza actualmente do estatuto de Taça Intercontinental FIA, algo sem semelhante na disciplina e em qualquer outra categoria de monolugares. A passagem da prova a Taça do Mundo FIA, como acontece actualmente com a corrida da Taça GT Macau, pode na prática não significar qualquer mudança. Nuno Pinto, director desportivo da Prema Powerteam, equipa que venceu as últimas três edições desta corrida, antevê que esta mudança, a acontecer, “não trará grandes vantagens”. Isto porque “Macau já tem um estatuto muito elevado e é uma prova com um grande estatuto em termos internacionais”.
Criada em 1983, a prova de Fórmula 3 ganhou maturidade ao longos dos anos e é hoje um evento incontornável no desporto motorizado mundial. Não é por acaso que ex-vencedores da prova, como António Félix da Costa, ou Daniel Juncadella, quiseram regressar, tendo mais a perder que a ganhar, pelo simples prazer de a disputar.
“Macau é Macau, independentemente do campeonato para qual pontua e ser denominado Taça Intercontinental ou Taça do Mundo. Para os pilotos e equipas não creio que fará grande diferença”, conclui o português que também é o treinador de pilotos da equipa patrocinada por Teddy Yip Jr.

FIA estuda mini-mundial

Entretanto, nos bastidores, a Federação Internacional do Automóvel e as equipas do Campeonato Europeu de Fórmula 3 estão a estudar a possibilidade de criar um campeonato do mundo com três provas, isto numa iniciativa que também inclui reduzir o número de eventos do actual campeonato europeu de dez para oito, com intuito de cortar nos custos anuais dos pilotos e equipas. A prova de final de ano no Circuito da Guia também faz parte desse plano que ainda está numa fase embrionária.
“Fala-se desta mudança, mas integrada numa ideia da FIA de ter um campeonato europeu com menos corridas e depois criar uma Taça do Mundo que integrará o Grande Prémio de Macau e mais uma ou duas provas especiais que irão compor esse segundo campeonato por assim dizer”, explicou Pinto ao HM.
O Grande Prémio do território poderá pontuar para esse mini-campeonato, o que poderá ter pontos negativos, como por exemplo, os pilotos abdicarem da luta pelo triunfo para somarem preciosos pontos para o campeonato. Se este cenário acontecer, para Pinto “até tira um bocadinho de importância à vitória no Grande Prémio de Macau por si só”. Mas o responsável frisa: “vamos esperar mais um pouco para se ter uma definição mais clara sobre esta ideia para o futuro da Fórmula 3”.

22 Jul 2016

Governo quer elites sino-portuguesas bilingues

[dropcap style=’circle’]A[/dropap]Comissão de Desenvolvimento de Talentos pretende continuar com o aprofundar de relações de cooperação com a Universidade de Coimbra e a Universidade Nova de Lisboa de modo a proceder à formação de “elites sino-portuguesas bilingues”. A informação é dada em comunicado de imprensa referente à segunda reunião da comissão presidida por Lao Pun Lap.
Para corresponder às exigências do desenvolvimento social, valorizar o papel de Macau como ponte de ligação entre a China e os países lusófonos e reforçar a capacidade de combinação de língua com a especialização dos quadros qualificados, a Comissão está empenhada na cooperação com as instituições portuguesas de ensino superior. O intuito é formar profissionais capazes de corresponder a elites sino-portuguesas (bilingues) em termos de capacidade profissional.
Actualmente, a Comissão está a preparar, em colaboração com a Universidade de Coimbra, o Programa de apoio financeiro para frequência de mestrado, e abriu mais três vagas para bolsas de mestrado prestadas pela Comissão Técnica de Atribuição de Bolsas para Estudos Pós-Graduados (CTABE).

Mestrado Internacional

A Comissão pretende ainda implementar o Programa de apoio financeiro para frequência do curso de mestrado The Lisbon MBA International, oferecido pela Nova School of Business and Economics em parceria com a Católica Lisbon School of Business and Economics e em colaboração com o MIT. O programa é planeado para formar os profissionais de Macau na área de gestão de empresa.
Durante a reunião, o secretariado da Comissão também reportou a situação do trabalho de acompanhamento da cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Foi ainda assunto em cima da mesa o trabalho desenvolvido pelo Programa Piloto do Regresso a Macau no Curto Prazo de Talentos de Macau no exterior e da construção da Plataforma de Informações e Serviços para o Regresso a Macau dos Residentes de Macau no exterior que continuam em acompanhamento.

22 Jul 2016

Guilherme Ung Vai Meng, presidente do IC: “Trabalhamos para ter mais património na UNESCO”

A UNESCO pode vir a ter mais património classificado de Macau e as ruas do território vão encher-se de músicos, com licença para tocar. São algumas das ideias de Ung Vai Meng, que se diz satisfeito com o trabalho feito pelo património e com a lei que o regula

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá como presidente do Instituto Cultural (IC) há muitos anos. Como avalia o trabalho que tem sido feito até agora?
Entrei aqui a trabalhar em 1983. Sou presidente há seis, ou sete anos. Sinto-me feliz a trabalhar na área da cultura. Posso dizer que sou [testemunha] e vejo como o IC cresceu. Já vi muitos funcionários reformarem-se, até fiquei com alguma inveja (risos). Cresceu muito o IC, não só ao nível da quantidade, mas de qualidade. Este ano foi muito importante, com a entrada de pessoal [e departamentos] do IACM na nossa equipa. Agora temos mais de mil funcionários, 16 bibliotecas, muitos museus e galerias. É um espaço que cresceu e onde podemos encontrar [vários] recursos, é uma base cultural. O mais importante é a qualidade dos funcionários, sinto-me feliz por estar a trabalhar com eles. Dantes não tínhamos, por exemplo, profissionais de arqueologia, tínhamos de convidar pessoal de fora. Agora convidamos para nos ajudarem, mas somos nós quem inicia o trabalho, sem andar a pedir “por favor”. Dantes não tínhamos também pessoas que soubessem restaurar o património, agora temos.

Há património que Macau tenha perdido por não saber como preservar?
Macau é uma cidade com uma longa história e a lista de património foi logo elaborada em 1964. Nos anos 1970, uma equipa de escavação de Hong Kong descobriu alguns vestígios em Hac Sá, a iniciativa foi deles, sim, mas depois da transferência formamos a nossa equipa, em 2006 mais ou menos. Mas mal descobrimos vestígios arqueológicos, já nessa altura, preservamos o terreno. Como não reunimos as condições para expor estes vestígios, a melhor maneira foi deixar no local, por isso em Hac Sá existe um parque onde não há construções, para que isso pudesse ser preservado. Não perdemos nada, é uma forma de preservação diferente. É como o campo de futebol na Rua dos Estaleiros em Coloane. É para preservar, para futuramente podermos construir um museu ou espaço para exposição dos vestígios.

Que não vai ser para já…
Não nos pertence só a nós, também à futura geração. Não podemos aproveitar tudo agora, temos de deixar alguns para o futuro, para que eles possam aproveitar, até com melhores técnicas.

Acha que há mais sítios em Macau onde se poderão encontrar este tipo de vestígios?
Há mais. De certeza. Imagine debaixo da vila de Coloane… há outra vila, de há três mil anos atrás. Acho romântico, vivemos uma vida em cima, mas lá em baixo tinha outra, da era do Neolítico. Até encontrámos tanques industriais, tão engraçado.

Sobre o património, quantos itens classificados é que Macau acumula neste momento?
O conceito de património agora é diferente de antigamente. No século passado, o nosso conceito de 1956 era apenas de imóveis. Agora inclui património arqueológico e bens intangíveis. Imóveis temos 128.

Quando e quantos vão entrar mais na lista?
Este ano, antes de Dezembro. Nove vão ser classificados e depois desta classificação, vamos iniciar outro grupo.

O edifício da Rua da Barca, que sofreu demolição parcial, integra a lista?
Não. Estamos ainda na fase final de análise da reparação, mas vamos ocupar-nos agora com o processo de classificação, deixando a reparação para mais tarde.

Que nove integram esta primeira lista?
As muralhas da cidade, que têm três secções, o Armazém do Boi e o Canil Municipal de Macau, por exemplo. São vários conjuntos, não só nove lugares específicos.

Há muita gente que defende a inclusão da Escola Portuguesa de Macau (EPM). Devia entrar no património?
Pessoalmente, acho que sim. É tão bonita.

Mas está já pensada para entrar na segunda lista de imóveis?
Estamos a deixar os colegas [do património] considerar. O meu colega, Wong Iat Cheong, Chefe da Divisão dos Estudos e Projectos pode falar disso.

W.I.C.: Estamos sempre a considerar edifícios com potencial valor. Quando reunirmos suficientes opiniões [sobre isso] podemos iniciar o procedimento de classificação. Depois vamos ouvir o proprietário, o Conselho do Património Cultural e opiniões e decidimos se vai ou não ser classificado.

Que outros edifícios é que o presidente poria na lista, se pudesse escolher?
Aprendi a pintar desde muito pequeno, quando andava no liceu. E o meu professor levava-me para os locais para pintar, aí desenvolvi amor pelo património. Se me pergunta quais os imóveis que punha, não consigo enumerar todos. Macau do século XIX e XX era muito bonito. Anos 1970, muito mais bonito que é agora. (risos)

Não consegue escolher? Preservava todos os edifícios dessas eras?
Se fosse possível (risos). Existe um preço na preservação do património cultural. Trabalho no Museu de Arte de Macau há dez anos e, às vezes, havia cidadãos que doavam relíquias ao museu. Não podemos aceitar todos, os que têm muito valor claro, mas alguns temos de desistir. Há que investir muitos recursos para a preservação. O mesmo acontece com o património. Na nossa lista de 128 itens há mais de 400 edifícios. Numa cidade tão pequena como esta, isto requer um esforço enorme, ainda que valha a pena, porque temos de preservar as características. Se não conseguirmos, é uma cidade igual às outras. Os edifícios de uma cidade são a alma dessa cidade.

Como se faz esse processo de separação?
É resultado da inteligência e da sabedoria que vamos adquirindo, que já veio dos nossos antepassados e que temos de continuar a preservar. Macau é muito pequeno, só a península tem pouco mais de dez quilómetros quadrados e o Centro Histórico ocupa 1,2 desse espaço – 12% da península de Macau é património. Não existe só o Centro Histórico, existem imóveis que devem ser preservados fora dele. Temos de contribuir com muitos esforços, mas sinto-me satisfeito.

É controverso escolher o que integrar na lista?
É um trabalho conjunto. Como uma sociedade democrática é importante e normal a discussão. Mas o mais importante é que o processo seja aberto e público. Cabe ao IC fazer uma proposta.

A decisão não é do IC. Já sentiu que deveria ter entrado um imóvel na lista que acabou por não ser aprovado?
Não, fico contente por existirem tantos, porque quando entrei no IC a trabalhar foi no departamento do património e naquela altura os meus colegas portugueses abriram uma janela para esta situação. Um arquitecto que trabalhava comigo marcava no mapa o património com cor vermelha e agora esses sítios são património. Passou por muitos processos e passou do papel [à realidade]. Sinto-me mais alegre agora, que toda a população pode entrar no processo. Naquela altura, a população não percebia porque é que se tinha de preservar casas arruinadas. ung vai meng

Agora a população está mais informada. Mas continua a ser difícil negociar com os proprietários?
Sim e testemunhei essa mudança de atitude da população. Muitos dos proprietários é que apoiam esta classificação. Claro que temos que gastar algum tempo para explicar o valor das coisas, a importância. Quando percebem essa importância, concordam com a nossa sugestão. Mas também existem pessoas indiferentes à nossa ideia e temos de seguir a lei, não podemos obrigar os outros a seguir a nossa vontade. Por exemplo, existe uma sala dentro do Templo de Na Tcha, perto das Ruínas, onde havia uma associação que se reunia lá, mas cedeu o espaço ao IC, que passou agora a ser o museu de Na Tcha. Mas o IC foi muito ganancioso (risos), porque quisemos mais, quisemos fazer escavações, porque é dos locais mais antigos da cidade. Eles deixaram, fizemos e percebemos que a forma da Igreja [de São Paulo] original não era original, era em cruz, como nas igrejas da Europa. Percebemos que as pessoas do igreja e de Na Tcha conviviam e a igreja não terminava, antes, no limite que agora termina. Mas isso só foi possível com a ajuda da associação.

O IC disse numa resposta a uma interpelação que o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico estaria pronto em 2017. Em que consiste?
W.I.C.:
São as medidas previstas na Lei de Salvaguarda, como a manutenção das ruas com as características [antigas], controlo do enquadramento paisagístico, a preservação do contexto da zona e exigências sobre o restauro dos imóveis à forma original.

Estão a pensar cortar no número de turistas na zona, por exemplo, ou no trânsito que chega ao Centro Histórico?
W.I.C.:
Este tipo de medidas tem de ser resolvido através de uma equipa interdepartamental, falamos de coisas mais concretas [sobre o património].

Mas não vão estar na agenda esse tipo de sugestões?
W.I.C.:
Na fase actual não podemos falar de forma concreta nesse tipo de medidas. O conteúdo será publicado em regulamento administrativo e se incluirmos essas são medidas se calhar é difícil de implementar.

Ung Vai Meng com
Ung Vai Meng com Wong Iat Cheong

A Lei de Salvaguarda do Património foi aprovada em 2013 e o plano chega, se tudo correr bem, em 2017. Quatro anos depois, não está atrasado?
W.I.C.:
O Centro Histórico tem um espaço muito grande e implementar estas medidas vai afectar a vida da população, por isso é que não podemos fazer tudo rápido, temos de pensar bem. Também estamos a aprender e a trabalhar ao mesmo tempo, aproveitando para aperfeiçoar estas medidas.

Macau quer integrar mais património na UNESCO?
É nosso desejo integrar mais património na UNESCO, claro. Aliás estamos a trabalhar nisto…

[quote_box_left]“A preservação do património tem um preço, a ser pago pela sociedade[/quote_box_left]

Há algo concreto?
Não podemos revelar ainda, porque estamos em trabalhos. Mas há possibilidade disso acontecer.

Mas imóveis ou outros bens?
Está a acontecer com o nosso arquivo e da Torre do Tombo, em Lisboa, estamos a desenvolver um projecto para nos candidatarmos à secção da Memória da UNESCO. Já conseguimos integrar nas Memórias da Ásia. No ano passado fomos à UNESCO fazer uma apresentação. Também trocámos ideias com representantes de Portugal, que nos disseram que, no futuro, se calhar vai candidatar a calçada portuguesa como património mundial. Macau entra de certeza.

Depois dos alertas da UNESCO, como é que está a situação de Macau com a organização?
W.I.C.:
Depois do incidente com o Farol da Guia, Macau tomou muitas medidas para [respeitar] o património, como regular alturas dos edifícios à volta. A lei também é uma resposta aos alertas da UNESCO. A UNESCO está satisfeita com o nosso trabalho.

O grupo Root Planing criou uma petição para manter o Centro dos Toxicodependentes e o antigo armazém dos SS, ao lado do São Januário. Acha que aqueles edifícios têm realmente valor patrimonial?
Têm um certo valor, mas perante um maior interesse público, decidimos não preservar, senão não era discutido no Conselho do Património. Por isso é que digo que a preservação do património tem um preço, a ser pago pela sociedade. ung vai meng

Outra questão que tem sido levantada, e que levou um arquitecto a pedir a intervenção da UNESCO, é o muro feito no Quartel de São Francisco.
São obras de melhoria e estou satisfeito, porque demoliram construções ilegais, que não eram originais. Antes, havia construções ilegais junto desse muro e está tudo preservado agora. A construção nova não pode ser passada como antiga, porque se não, daqui para a frente não dá para distinguir o que foi construído antes e mais tarde. Serve também para demonstrar a nossa sabedoria.

A obra foi bem feita?
Foi. São compatíveis e estão em harmonia, as construções. Dá para distinguir o que é antigo e novo. Não queremos imitar. Há muitas imitações no Cotai.

A Lei do Património é boa?
É muito boa. É um instrumento forte, porque antes não conseguíamos proibir as demolições ou obras ilegais. Agora podemos. Atribui força ao IC para proteger o património. Os antigos pareceres do IC não eram vinculativos, agora são. Estou muito contente até poder participar na elaboração e implementação desta lei.

Precisa de revisão?
Não.

Eventos culturais para Macau. Temos algo na manga, algum especial?
O Festival Internacional de Música faz 30 anos, por isso estou muito agradecido pelo esforço de terem feito isto há 30 anos. Não se pode imaginar Macau há 30 anos, só com uma ponte, mas com um festival destes. É o mais antigo ao nível da Ásia. Vai ser especial e com muitas surpresas. Depois o Festival de Artes e o de Wushu. Fringe também é organizado por nós agora.

E licenças para os músicos tocarem nas ruas de Macau, vamos ter?
Sim. Vamos esforçar-nos neste sentido, já temos um plano, tem que ser legal. Espero que depois Macau possa ter muitos espectáculos na rua. Já avistamos a luz ao fundo do túnel. (risos)

E uma exposição sua, enquanto pintor?
Não. Desde que assumi a posição de director do MAM que parei de expor, por causa do conflito de interesses. Mas vou continuar a pintar. Sou diligente na pintura, como sou um funcionário diligente (risos).

Está preparado para continuar à frente do IC?
Sim, até quando estiver cansado, quando for um ‘bolo velho’ (risos). Sou o segundo ‘bolo velho’ do IC.

22 Jul 2016

Democratas interpõem recurso para debate sobre Coloane

[dropcap style=’circle’]A[/dropap]u Kam San e Ng Kuok Cheong interpuseram um recurso ao plenário depois da Mesa da Assembleia Legislativa ter rejeitado uma proposta de audição sobre um projecto de construção no pulmão da cidade. Esse raro recurso para o plenário da Assembleia Legislativa (AL), apresentado a 4 de Julho, ainda não tem data para ser apreciado.
A iniciativa surge depois da proposta de audição que submeteram a 8 de Abril ter sido “liminarmente rejeitada” pelo presidente do hemiciclo, dias depois do plenário ter chumbado uma proposta para a realização de um debate relativo à proposta de audição sobre o projecto de construção de edifícios com cem metros de altura em Coloane.
A 31 de Maio, os deputados apresentaram um recurso dessa decisão à Mesa, que, a 15 de Junho, o rejeitou. Os democratas decidiram então avançar com a apresentação de um recurso ao plenário, que esperam que seja “tratado com justiça”.
“É de facto incrível que o poder de audição da Assembleia Legislativa nunca tenha sido exercido, desde o estabelecimento da RAEM”, refere o recurso.
Para os deputados, “a composição da própria AL e a existência de demasiadas restrições e limitações inadequadas é que impedem” o hemiciclo de “cumprir este poder de grande importância”. “O objecto da audição que propomos tem também a ver com um problema de grande relevância, ao qual a sociedade está altamente atenta e até mesmo com a preservação da zona verde de Coloane”, salientam, recordando que, por via da audição, podem ser convocados membros do Governo e pessoas relacionadas a testemunhar e apresentar provas.
Para os dois deputados, o facto de “lamentavelmente” os seus pares terem chumbado a proposta de debate sobre o assunto, resultado de “falta de informações e de uma votação apressada”, “torna ainda mais importante o mecanismo de audição”.
O presidente da AL, Ho Iat Seng, rejeitou a proposta sob o fundamento de que “o poder de desencadear um processo de audição só pode ser exercido no âmbito das competências da AL” previstas na Lei Básica.

22 Jul 2016

A população do mar e navegações | Piratas versus corsários

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]ouve já na História os Povos do Mar, indo-europeus que devido à fome emigraram para o Próximo Oriente à conquista de terras férteis e no século XII a.n.E. o devastaram, sendo apenas derrotados pelos exércitos e forças navais do Faraó Ramsés III. Daqui se subentende a antiguidade do uso de embarcações para transporte.

O nómada estar pelas águas vivendo em barcos, transforma a frota numa povoação e crescendo em número de embarcações compõem-se em armada, tornando-se assim uma cidade flutuante. E no início, tudo tinha partido do ver uma folha, ou um tronco, a flutuar levando algo em cima.

Nessa ondulante sedentarização, de quem se viu pelas costas marítimas a retornar às oceânicas águas, cativando muitos a embarcar, primeiro como pescadores ou, depois de uma vida de pobreza no campo, seguirem como marinheiros, aventureiros e soldados, nos barcos do comércio. Muitos, degredados pelos sedentários, que os expulsavam das suas terras, eram embarcados para longínquas ilhas e pelas revoltas no mar se tornaram piratas e fizeram da água a sua terra.

Com espelho no que acontecia em Portugal, segundo Oliveira Marques, “Em finais de Trezentos, a estrutura naval portuguesa acusava algumas centenas de marítimos, entre quadros e pessoal subalterno, possibilitando o lançamento das mais variadas empresas: guerra ofensiva, guerra defensiva, fossados de mar, corso, pirataria, empreendimentos comerciais, etc.”. O mesmo historiador refere ser o pirata “um fora de lei, um bandido do mar”, ao passo que o corsário “recebia autorização régia ou senhorial para atacar o adversário, pagando uma percentagem ao seu senhor, a quem muitas vezes a embarcação pertencia”, mas na prática ambas se confundiam com frequência.

E onde há comércio marítimo existem piratas, sendo a pirataria um fenómeno muito antigo espalhado por todas as costas do mundo. O andar ao corso, muitas vezes patrocinado pelos governos, outras contra esses, em actos de pirataria assaltavam os barcos para aumentarem a sua frota naval, ficar com a mercadoria e vender os homens como escravos, ou resgatados por muito dinheiro e interesses. A técnica de acostagem desenvolvida pelos piratas, mostra serem os barcos a primeira necessidade aos que expulsos para fora da sedentária sociedade, vão embarcados para o exílio e devido às insubordinação e revoltando-se tornam-se fora de lei. Acto que muitos mercadores e os roubados, sem produtos para trocar, recorreram e reconfortados com os fabulosos ganhos, entre si recriaram uma sociedade com as suas leis e princípios. Juntavam-se em torno de um líder, e normalmente o chefe dos piratas é quem nunca se rende e luta até ao fim. Interiormente traz nele uma revolta, ou um objectivo político para reconquistar o trono e nesse ideal consegue por a acreditar a terra da água e daí se faz a ética entre piratas. Ou como refúgio do fugir, que deu em estar, o nómada dos homens do Mar.

A Rota Marítima

Pelos Caminhos Terrestres para Oeste, abertos no século II a.n.E. desde Chang’an (Xian, Shaanxi), ou dois séculos antes, de Sichuan pelos do Sudoeste, via Norte da Índia, os produtos, como a seda, chegavam à Ásia Central, onde os partos depois os vendiam aos romanos. Mas quando estes dois caminhos terrestres ficavam interrompidos, rejuvenescia a movimentação pela água e o comércio marítimo ganhava grandeza.

Se no início, pelos portos de proximidade os produtos eram trocados e levados depois para paragens cada vez mais longínquas, atravessando do Pacífico para o Índico chegavam ao Mar Arábico. Usando a Rota do Incenso daí eram transportados por terra para o Mediterrâneo, o mar do Império Romano. Estonteados com tais produtos, para fugir aos partos, vão os romanos, com a ajuda do saber grego nos conhecimentos fenícios, navegar pelo Mar Vermelho e entrando directamente no Oceano Índico, usando as monções cruzaram-no até ao Sul do Subcontinente Indiano, onde, em contacto directo no século II comercializaram com juncos de mercadores chineses. Estes, navegando em sentido contrário, provinham do Pacífico, e em trato se fizeram as transacções; marfim, vidro, prata, ouro e pedras preciosas, trocadas por laca, seda,…

Este período narrado corresponde na China às dinastias Zhou do Leste, Qin (221-206 a.n.E.), Han (206 a.n.E.-220) e ao Reino Wu (229-280), até que em meados da dinastia Tang (618-907), devido ao fecho dos caminhos terrestres para Oeste, investiu-se na abertura de estaleiros navais e portos ao longo da costa chinesa onde chegavam cada vez mais comerciantes árabes, persas, indianos e de toda a costa e ilhas do Sudeste do Oceano Pacífico.

Com o comércio marítimo em geométrico incremento, os piratas infestavam o mar ao redor de Lin’an (Hangzhou) quando em 1138 para aí se mudou a dinastia Song do Sul (1127-1279). Contava-se agora com a bússola marítima para navegar sem terra à vista e novos juncos, produto do desenvolvimento na construção naval, sendo criada uma poderosa força naval imperial, que patrulhava as costas, servindo muitos outros barcos para serem fretados pelos mercadores estrangeiros, fazendo assim o transporte via marítima dos produtos adquiridos na China até ao Golfo Pérsico.

Com os mongóis, a paz voltou a abrir os Caminhos Terrestres do Oeste e pelos portos muitas famílias Han fugindo, emigraram para as costas do Oceano Índico, sendo nas administrações provinciais e locais substituídas por uigures e estrangeiros. Como o povo mongol não é do mar, quem tomou conta oficial dos barcos e do comércio pelas costas marítimas foram os persas e árabes, crentes do Islão.

Navegações transoceânicas

Já o primeiro imperador da dinastia Ming (1368-1644) investindo nos camponeses, retirou durante trinta anos a China do mar e proibiu todas as embarcações de saírem do país. Desde a fundação desta dinastia Han “a grande preocupação era a defesa contra qualquer tentativa restauradora da dinastia derrubada, a Yuan e por esta razão, toda a defesa militar chinesa se concentrou no Norte, nas fronteiras com os Mongóis”, segundo Jin Guo Ping e Wu Zhiliang.

Com o fim da dinastia dos mongóis, a China perdeu a estrada que a ligava pelo continente euro-asiático ao outro lado do mundo. E foi mais uma vez pelas rotas marítimas, que também a dinastia chinesa Ming conseguiu reabrir-se ao mundo entre 1405 e 1433. Directamente, sem terra à vista, usando a bússola marítima navegou milhares de milhas náuticas até à costa Leste de África. Às ordens de Yong Le (o Imperador Zhu Di, o terceiro da dinastia Ming) ocorreram seis, das sete viagens marítimas transcontinentais da armada do Almirante Zheng He, eunuco muçulmano que para a primeira viagem contou com uma tripulação de 27800 homens, distribuída por sessenta e dois grandes juncos, os barcos do Tesouro e 255 embarcações mais pequenas, transportando mais de um milhão de toneladas de mercadoria, desde tecidos de seda, porcelana, chá e moedas de cobre. Entre essas trezentas embarcações havia barcos jardins onde as hortas eram cuidadas para fornecer alimentos frescos à tripulação imperial. Era uma visita de anúncio da nova dinastia na China aos tributários reinos e países suseranos, que se reconheciam vassalos pelo poder da erudição e qualidade artística dos produtos chineses.

Apesar de haver algumas comunidades chinesas espalhadas até à Índia, Rui Manuel Loureiro refere que por volta de 1430, a dinastia Ming desencorajou “abertamente quaisquer ligações marítimas de chineses com o estrangeiro, instituindo penas severas para os infractores, que no entanto, nunca deixaram de se multiplicar”.

Após as Sete Viagens Transcontinentais do Almirante Zheng He, a dinastia Ming voltou a fechar-se para o interior e abateu a sua armada costeira. Desprotegidas as costas marítimas, os mares da China voltaram a encher-se de piratas ainda antes dos portugueses entrarem no Oceano Pacífico.

A questão de Macau

Os portugueses chegaram à China em 1513 e vieram integrados como mercadores tributários provenientes de Malaca, suseranos do Imperador da China, enquanto era sultanato. Episódio, que mais tarde actuará como lenha para a Embaixada de Tomé Pires, aliado aos desmandos de alguns portugueses, que sem se importar onde se encontravam, como piratas actuavam e assim engrossavam com os wako (piratas japoneses) a pirataria do Mar do Sul da China. Após duas batalhas navais em que os barcos portugueses são derrotados pelos chineses, fica-lhes interdita Cantão, local das feiras de seda.

Segundo Victor F. S. Sit, “Em 1522, o governo da dinastia Ming voltou a decretar a interdição do comércio marítimo. Foram fechados os portos, destruídos os navios e proibidas quaisquer saídas ao mar.”

Nos primeiros anos da década de quarenta do século XVI, completamente fora de lei passaram os portugueses a navegar pelo Mar do Leste e aí, entre Zhejiang e Fujian, encontravam-se a negociar as sedas com os chineses e a transaccioná-la por prata aos japoneses, tendo a 23 de Setembro de 1543 os portugueses chegado pela primeira vez ao Japão, mais propriamente a Tanegashima.

Desde 1550, o comércio português com o Japão tornou-se monopólio régio, feito pela Nau Preta, assim conhecida pelos japoneses. Para aí se realizava a viagem da Nau do Trato a partir de Goa, via Malaca e nas ilhas da província de Guangdong abastecia-se de seda. Trato ainda fora de lei, com chineses pelos deltas dos rios Xi e Zhu, ou nas ilhas de Sanchoão (Shangchuan) e como entreposto último, Lampacau (Langbai) de onde os mercadores portugueses se mudaram definitivamente para Macau em 1557. Já com a feira de Cantão aberta aos portugueses, chegava a seda a Macau e em preciosos tecidos era daí embarcada, para o Japão, ou Portugal.

Assim “Macau começou a ser (em 1557) um entreposto para o comércio português entre Malaca e o Japão”, como referem Jin Guo Ping e Wu Zhiliang: “o desenvolvimento desse comércio traria, mais cedo ou mais tarde, a praga da pirataria a Macau e a Guangdong. Após a repressão de alguns grupos de piratas chineses nas águas de Guangdong e instalados os Portugueses em Macau, as autoridades de Guangdong começaram a tentar resolver o problema dos Japoneses. Antes de mais, uma autorização de residência concedida aos Portugueses em Macau poderia obrigá-los a não se associarem publicamente aos piratas japoneses. De facto, sem os fixar num lugar, como se poderia sujeitá-los à legislação chinesa? Mais tarde, seriam tomadas medidas legais para proibir os Portugueses de ter Japoneses ao seu serviço. Através desta medida de acomodação dos Portugueses em Macau, foram conseguidas, a nível militar, duas vitórias: a rápida repressão dos piratas chineses e o impedimento de qualquer ligação pública entre os Portugueses e os piratas japoneses”.

22 Jul 2016