Claúdia Tang BrevesSulfureto de Hidrogénio provoca sétimo incidente Um cheiro no sótão da “Royal Electronics”, no Edifício Va Fai da Avenida de Horta e Costa, deu, na sexta-feira, o alerta para mais um caso que poderia ser de intoxicação por Sulfureto de Hidrogénio. Quando os bombeiros chegaram ao local, detectaram 200 ppm deste gás na casa de banho do sótão, tendo retirado de imediato os três empregados da loja. Mais tarde, também foram encontrados 20 ppm de Sulfureto de Hidrogénio na casa de banho de um apartamento situado no 1º andar do edifício, obrigando uma mulher a sair da casa. Segundo a Macau Concealers, este é já o sétimo caso do ano. Após a investigação do Corpo de Bombeiros, apurou-se que a mulher do 1º piso tinha utilizado seis garrafas de líquido para limpeza de canalização, que ultrapassam em muito o limite que deve ser usado.
Joana Freitas BrevesPortugueses detidos por suspeita de tráfico de droga A Polícia Judiciária (PJ) deteve oito pessoas por suspeita de tráfico de drogas, entre os quais se encontram dois portugueses. A PJ recebeu informações sobre a venda de estupefacientes na zona da Igreja de São Domingos na semana passada e, depois de uma investigação, fez uma busca domiciliária que acabou com a detenção de seis cidadãos das Filipinas e dois de Portugal, portadores de BIR. Cerca de 12 gramas de metanfetamina foram apreendidas e os oito detidos enfrentam acusações de venda, consumo e posse de drogas. O caso já está no Ministério Público.
Joana Freitas BrevesMais de mil balas encontradas Cerca de 1200 balas foram encontradas num vaso à porta do edifício Man Tak, na Avenida da República, em Macau. As autoridades ainda estão a investigar o caso, que suspeitam que seja de abandono ilegal de munições. As balas seriam de competição e teriam cerca de 20 anos, de acordo com as autoridades. Estavam dentro de um saco e poderão estar já inutilizáveis. O caso acontece depois de terem sido detectadas mais de 40 caixas de panchões abandonados na Nossa Senhora da Penha.
Hoje Macau BrevesIFT com nova exposição de artista local O café do Instituto de Formação turística (IFT) nos lagos Nam Van vai receber uma nova exposição de um artista local. Depois da arte de Fortes Pakeong Sequeira – “To feel earlier” –chega a vez de Cai Guo Jie. Com a mostra “Lauding the City”, o artista vai permitir aos clientes do IFT a observação de vários desenhos sobre edifícios de Macau. Durante esta exposição, o público tem oportunidade de poder desfrutar de uma refeição ao mesmo tempo que aprecia “a beleza arquitectónica dos edifícios a que já está a costumado a ver na rua, mas agora de um prisma diferente”. O Anim’Arte Nam Van foi inaugurado no mês passado, contando com o café do IFT, que combina elementos de arte e gastronomia. O espaço vai ter uma série exposições de artistas locais, sendo Cai Guo Jie o segundo contemplado.
Joana Freitas BrevesSMG afinal vão rever medidas de tufão Menos de uma semana depois de terem garantido ao HM que não iriam mexer no sistema de sinalização de tufões, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) voltam atrás e asseguram que vão, afinal, mexer nos sinais. A garantia foi dada ontem por Tang Iu Man, representante dos serviços, no programa Fórum Macau, da TDM. “Vamos considerar para futuras previsões adoptar o cálculo de variação média para cada dez minutos. Vamos ter em conta a segurança dos cidadãos”, frisou. A revisão deve arrancar no final do ano, mas precisa de tempo para estar concluída. A ideia é adaptar a forma de cálculo da região vizinha, onde as medições dos ventos se faz de dez em dez minutos. Questionados pelo HM a semana passada, sobre se o organismo tencionava fazer algum tipo de revisão ao sistema depois de, em 2006, o mecanismo de Hong Kong – no qual Macau se baseia – ter sido alterado devido a incidentes, a resposta foi que não iria haver uma revisão. Agora, os SMG mudam de ideias e dizem até querer ouvir a opinião pública, apesar das críticas de Melinda Chan, que não considera que a população esteja apta para falar sobre meteorologia. A deputada pede, em vez disso, que sejam ouvidos especialistas.
Joana Freitas PolíticaPereira Coutinho quer mais promoção da Lei Básica O deputado José Pereira Coutinho quer as escolas a discutir a Lei Básica. O número dois de José Pereira Coutinho no hemiciclo pediu, numa interpelação ao Governo, que sejam introduzidas medidas para promover mais a mini-constituição da RAEM. Pereira Coutinho relembra que a Lei Básica foi promulgada há quase 25 anos e entrou em vigor há quase 17, mas “muitos especialistas de Direito e outros académicos consideram existir uma grande falta de jurisprudência e de trabalhos académicos” sobre o diploma, tanto dentro, como fora de Macau. “Muitos especialistas de Direito, professores e académicos locais e do interior do continente lutam com enormes dificuldades para encontrar documentação relacionada com a Lei Básica, o que dificulta o estudo geral e aprofundado desta mini-constituição”, refere o deputado. Pereira Coutinho quer, então, saber que medidas vão ser introduzidas pelo Governo no sentido de promover “uma maior e mais ampla, livre e democrática discussão” sobre a Lei Básica, não só no ensino secundário, como no universitário. Mais ainda, o deputado quer também que o Executivo se esforce para que mais trabalhos académicos sejam feitos no sentido de promover os conhecimentos gerais da população e ajudar os especialistas “na formação da futura geração de jovens locais”.
Joana Freitas BrevesEddie Wong já entregou alteração do projecto do hospital das ilhas O director dos Serviços de Saúde assegurou, no sábado, que a alteração do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas já foi entregue por Eddie Wong ao Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). Lei Chin Ion referiu que o GDI vai agora “entregar o projecto aos diferentes serviços”, para uma segunda apreciação. “Espera-se que o projecto não sofra muitas alterações”, frisou o responsável, citado em comunicado. Questionado pelos jornalistas sobre qual a razão para que o projecto do novo hospital das ilhas tenha sido entregue ao arquitecto Eddie Wong, também membro do Conselho Executivo, Lei Chin Ion respondeu que, entre as três consultados, foi a empresa de Wong que “satisfez os requisitos”. Os Serviços de Saúde ainda não sabem a data de conclusão do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, como já tinham referido anteriormente. Uma das razões para os atrasos era precisamente a alteração do design, agora entregue aos serviços responsáveis pela construção do complexo. Já no que toca ao Edifício de Doenças Transmissíveis, o projecto de alteração ainda não foi entregue pela empresa de concepção, mas Lei Chin Ion espera que a construção possa ter início “no mais curto espaço de tempo” possível.
Joana Freitas BrevesMGM com quebra nas receitas e abertura adiada A MGM anunciou uma queda de 22% nas receitas em Macau no primeiro semestre deste ano, comparando com o mesmo período de 2015. A operadora disse ainda que iria atrasar a abertura do novo complexo do Cotai. As receitas da MGM foram de 7,2 mil milhões de dólares de Hong Kong entre Janeiro e Junho, segundo os resultados do primeiro semestre que a empresa divulgou na semana passada. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de dois mil milhões de dólares de Hong Kong, uma queda de 16,6% em relação ao mesmo semestre de 2015. Na análise por trimestre, as receitas brutas do jogo da MGM China, entre Abril e Junho, foram menos 5%. O resort planeado para abrir na primeira metade de 2017 está também atrasado, com a abertura prevista agora apenas para o segundo semestre do próximo ano. Já em Fevereiro, a empresa tinha anunciado o adiamento da abertura do MGM Cotai para o próximo ano devido às condições do mercado, no mesmo dia em que revelou que teve uma quebra de 33% nas suas receitas no conjunto do ano de 2015. No comunicado divulgado na sexta-feira, a operadora manifesta confiança na evolução do sector do jogo, destacando a tendência “forte” do mercado de massas (por oposição ao jogo de VIP, dos grandes apostadores, que apesar de estar em queda, ainda representa mais de metade das receitas dos casinos da cidade). Mais de 80% dos lucros da MGM Macau têm origem no jogo de massas, assegura a empresa no mesmo comunicado.
Hoje Macau PolíticaAutoramas – “Quando a polícia chegar” “Quando a polícia chegar” Odeio segunda Não gosto de terça Melhoro na quarta Sorrio na quinta Gargalho na sexta E subo na mesa Ali começo a dançar E só vou parar Quando a polícia chegar Acabou a cerveja Alguém foi comprar Aumente o volume Ainda tem gelo E o uísque barato Saiu de controle E não tem como voltar Só vamos parar Quando a polícia chegar E começo a dançar E só vou parar Quando a polícia chegar Acabou a cerveja Alguém foi comprar Aumente o volume Ainda tem gelo e o uísque barato Saiu de controle E não tem como voltar Só vamos parar Quando a polícia chegar Quando a polícia chegar Quando a polícia chegar Quando a polícia chegar Quando a polícia chegar Autoramas
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Outro activista condenado a sete anos de prisão [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m conhecido advogado e activista chinês foi ontem condenado a sete anos de prisão, por “subversão do poder do Estado”, como parte de uma campanha do Governo chinês contra advogados dos Direitos Humanos. Zhou Shifeng era o editor do escritório de advogados Fengrui, que prestava serviços a vítimas de abusos sexuais, membros de grupos religiosos proibidos na China e dissidentes. É o terceiro de quatro julgamentos que estão marcados para esta semana, na sequência da “campanha 709” – assim designado por ter ocorrido a 9 de Julho do ano passado – e que resultou na detenção de 200 pessoas. Na terça-feira, o activista Zhai Yanmin foi sentenciado a três anos de pena suspensa, acusado de subversão, por acções como envergar cartazes e gritar palavras de ordem. Na quarta-feira, Hu Shigen, um outro activista, foi condenado a sete anos e meio de prisão pelo mesmo crime. Zhou assumiu-se culpado, perante um tribunal de Tianjin, no norte da China, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. O julgamento decorreu sob forte vigilância policial, com vários polícias fardados ou vestidos à civil nas imediações do tribunal, segundo descreveu a agência France Presse. As autoridades cortaram os acessos ao tribunal, até cerca de 300 metros de distância, e os jornalistas foram forçados a deixar o local. Pequim insiste que os julgamentos em Tianjin são abertos, afirmando que mais de 40 políticos, professores de Direito, advogados e “cidadãos de todos os estratos sociais” estão presentes na sala do tribunal. No entanto, os familiares dos detidos, particularmente as esposas, queixaram-se publicamente de terem sido constantemente vigiadas e de lhes ter sido negado o acesso ao caso. Citado pela imprensa oficial, o tribunal argumentou que Zhou pediu, por duas vezes, que os seus familiares não comparecessem no tribunal, publicando uma fotografia de uma carta alegadamente escrita e assinada por este, à mão, e com a sua impressão digital. “Tendo em consideração que os meus familiares são todos camponeses, que carecem de educação, a sua presença em tribunal não seria benéfica, nem para mim, nem para eles”, lê-se naquela nota. Cerca de 12 advogados e activistas detidos na operação “campanha 709” permanecem sob custódia da polícia. Durante a actual liderança do atual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
Hoje Macau China / ÁsiaXinhua | Sistema antimíssil revela declínio dos EUA [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]sistema antimíssil norte-americano THAAD, que a Coreia do Sul concordou instalar, ameaça a China e a Rússia, reflectindo “a ansiedade dos EUA, perante o declínio da sua hegemonia global”, considerou ontem a agência oficial chinesa Xinhua. A agência estatal chinesa assegura que o THAAD revela o “apetite insaciável de Washington pela hegemonia global e a sua fútil ansiedade, perante um inimigo imaginário, procedente de uma China em ascensão”. Pequim e Moscovo criticaram o projecto, acusando-o de ter a “motivação oculta” de vigiar o armamento chinês e russo, apesar de Seul e Washington dizerem tratar-se apenas de uma resposta aos programas balístico e nuclear da Coreia do Norte. “O THAAD pode ser utilizado para recolher dados de mísseis da China e Rússia, através de radar, controlando assim os nossos ensaios, o que permitirá aos Estados Unidos neutralizar estas ferramentas dissuasoras, colocando em perigo a segurança nacional” daqueles dois países, refere o artigo da Xinhua. A agência levanta também dúvidas quanto à eficiência do escudo contra o armamento norte-coreano, já que o THAAD intercepta principalmente mísseis intercontinentais a grande altitude, quando o arsenal de Pyongyang inclui mísseis de curto alcance e armas convencionais, que poderiam escapar àquele sistema. “Após anos a proclamar a falsa ‘ameaça chinesa’, Washington traz agora ameaças reais e estratégicas até às portas da China”, realça a agência. A Coreia do Sul confirmou no mês passado os seus planos para instalar aquele sistema na zona de Seongju, a 300 quilómetros a sudeste de Seul. O sistema antimíssil deverá estar operacional em 2017.
Sérgio Fonseca DesportoFórmula E não resistiriam ao Circuito da Guia [dropcap styçe=’circle’]A[/dropcap] cidade vizinha de Hong Kong vive com algum entusiasmo e ansiedade a chegada da caravana do Campeonato FIA de Fórmula E prevista para o fim-de-semana de 8 e 9 de Outubro. Esta será a primeira vez que a ex-colónia britânica recebe um evento de automobilismo à escala mundial, num traçado com dois quilómetros junto à marginal, em Central, e desenhado pelo arquitecto português Rodrigo Nunes da empresa R+S Project. Quando Jean Todt, visitou o Grande Prémio de Macau no sexagésimo aniversário do evento, o presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) disse à imprensa que faria todo o sentido que o campeonato de carros eléctricos, que na altura estava a dar os seus primeiros passos, tivesse um dia um evento na RAEM. Terão existido até contactos para que o campeonato realizasse um evento no território, mas a resposta de Macau terá sido “vamos esperar para ver”, pois a competição precisava de tempo para amadurecer. Se hoje, ao fim de três anos, a Fórmula E se apresenta como um campeonato em pleno crescimento e com outra maturidade, a verdade é que o seu começo não foi assim tão fácil. Só quando a Liberty Global plc e a Discovery Communications Inc, do milionário norte-americano John Malone, compraram parte do capital da Formula E Holdings Ltd, o campeonato ganhou estabilidade. Estabilidade essa que ajudou a fixar e atrair os construtores automóveis, como a Renault, Citroen DS, Mahindra e mais recentemente a Jaguar. Muitos um dia provavelmente dirão que Macau perdeu a oportunidade para Hong Kong para acolher a única prova em território chinês deste pioneiro campeonato de corridas de automóveis. Contudo, poucos saberão que o Circuito da Guia não se coaduna a este campeonato tão particular. “Felizmente já tive a oportunidade de visitar o Circuito da Guia por duas vezes. É um circuito muito interessante no meu ponto de vista, dado que conjuga zonas muito rápidas e largas com zonas muito estreitas e técnicas. Claro que ultrapassar não é uma tarefa fácil para os pilotos mas para quem como eu aprecia circuitos puros, este é sem dúvida um dos circuitos mais interessantes da actualidade”, explicou ao HM Rodrigo Nunes, cuja lapiseira também criou o traçado que acolheu a Fórmula E nos dois primeiros anos em Pequim. Devido à natureza do Circuito da Guia e à limitação das actuais baterias, os monolugares de Fórmula E, que ainda não aguentam uma corrida completa sem uma paragem nas boxes para troca de carro, não aguentariam o desafio. “Para um campeonato como a Fórmula E, e na sua configuração actual, não é o circuito do momento dada a sua extensão total e às suas longas rectas”, aclara o arquitecto português, que realça também que “este campeonato tem uma margem de progressão enorme e quem sabe se num futuro próximo (o Circuito da Guia) não poderá ser uma opção”. Apesar da prova nas ruas de Pequim ter saído do calendário da terceira temporada do campeonato, este, que arranca precisamente em Hong Kong, terá uma maior presença chinesa dado o apetite que existe na China continental pelo desenvolvimento de veículos eléctricos, para além de motivadores apoios governamentais. A equipa norte-americana Dragon Racing assinou uma parceria técnica e financeira com a Faraday Future, o braço automóvel do coglomerado LeEco, mais conhecido por “Netflix da China”. Por seu lado, a equipa anglo-japonesa Team Aguri, por quem corria o piloto português António Félix da Costa, foi adquirida pelo fundo de investimento chinês Chinese Media Capital que o ano passado saltou para a ribalta quando comprou 13% do Manchester City. Já a equipa do construtor de carros eléctricos chinês NextEV, que pertence a dois empresários que fizeram fortuna em projectos online relaccionados com a indústria automóvel e que ambicionam criar a Tesla do Oriente, irá este ano alinhar com a sua equipa técnica, abdicando da assistência técnica de outras equipas como até aqui vinha fazendo.
Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesJá não há estórias de encantar [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s três Feiras do Livro anuais que se realizam em Macau não têm um décimo da dimensão da Feira do Livro de Hong Kong. Há quem ache que hoje em dia as Feiras do Livro se limitam a ser locais de grande aparato para venda de livros em série, mas esse é apenas um dos aspectos da questão. As Feiras do Livro de Macau destinam-se apenas a vender livros e não possuem todo o envolvimento comercial que caracteriza a Feira de Hong Kong, na qual os visitantes podem, inclusivamente, actualizar-se sobre os mais recentes acontecimentos sociais. Não se vai à Feira do Livro de Hong Kong só para comprar livros. Este ano, a Feira de Hong Kong não apresentou a selecção dos “autores do ano” porque, antes do mais, os “autores do ano” nomeados se recusaram a comparecer, e depois porque não havia autores nomeados, à altura. Estas duas razões não parecem ter relação entre si, mas na verdade existe uma relação causa-efeito entre ambas. Numa sociedade orientada para o negócio, como a de Hong Kong, é muito difícil fazer carreira como escritor e por isso existem poucos escritores famosos e intelectualmente competentes. Por outro lado, como os editores e livreiros procuram sobretudo obter lucro, expõem nas montras os livros mais recentes durante três meses consecutivos. É evidente que desta forma os livros são promovidos e vendem mais. Mas os jovens escritores desconhecidos têm muita dificuldade em divulgar o seu trabalho. Com a fraca promoção que recebem é complicado virem algum dia a fazer carreira. No pólo oposto temos os escritores sensacionalistas que dominam os meandros da promoção e publicidade, e são estes que acabam por ter sucesso. Com dados tão viciados será que ainda é possível encontrar verdadeiros escritores? Quando os editores e livreiros olham para a cultura com um negócio, é quase impossível ver surgir novos escritores e menos ainda escritores com um pensamento independente. Salientemos de novo que, este ano não houve nomeações para “autores do ano” na Feira do Livro de Hong Kong, embora o tema escolhido tivesse sido a literatura “Wuxia”, romances de artes marciais, um género bastante popular entre os leitores nostálgicos de aventuras dos bons velhos tempos. E isto porque os laços genuínos de amizade e lealdade que se encontram nos romances “wuxia” já não são reconhecíveis pela sociedade actual. A feira deste ano, mais comercial do que nunca, também evidenciou algumas dissensões sociais, que se manifestaram através de diferentes chavões formados por uma combinação de um número reduzido de palavras chinesas (caracteres). Cada palavra chinesa (caractere) tem a sua própria pronunciação, que faz parte da sua estrutura, e que é construída pela forma e pronunciação. Quando duas ou mais palavras (caracteres) são associadas para formar uma nova expressão (chavão) mantendo-se a pronunciação de cada uma das palavras simples (caractere), estamos perante uma invenção que não faz muito sentido em termos práticos. Estes chavões apenas revelam o actual estado das coisas em Hong Kong. Os livros e artigos repletos de chavões, proporcionam ao leitor uma emoção primária. Aqui vão alguns exemplos: Paz-Racional-Não-violência-Não-profanação, esquerdista, confrontações violentas, etc. O uso de chavões na escrita, juntamente com a venda de livros sobre a Revolução dos Guarda-Chuva, confrontações violentas e desobediência civil, demonstram os problemas com que se debate Hong Kong actualmente. Estes problemas não terminaram quando o Movimento Occupy Central foi neutralizado. Antes pelo contrário, foi-se afirmando uma gradual intensificação das contradições sociais. As eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong, agendadas para Setembro próximo, vão ser palco de confrontações políticas entre pessoas com diferentes pontos de vista. Existe uma série de problemas que só poderão ser resolvidos depois das eleições para a chefia do Executivo, a ter lugar em 2017. A partir do momento em que as feiras do livro se comercializam, os estudantes passam a ter ao seu dispor uma grande quantidade de materiais de apoio escolar. Os jovens de Hong Kong recebem uma formação orientada para as “notas”, por isso pergunto-me qual vai ser o seu posicionamento em relação às questões sociais. Houve pessoas que se insurgiram contra os jovens que atiraram tijolos durante o levantamento nas ruas de Mongkok, no segundo dia do Ano Novo Chinês, mas poucos se interrogam sobre os motivos que os levaram ao motim. Embora não tenha encontrado respostas a estas questões durante a minha visita à Feira do Livro de Hong Kong, ganhei apesar de tudo mais algumas perspectivas. Ao contrário, as Feiras do Livro de Macau são muito monótonas, parece que não servem para nada. Serão estas feiras uma síntese da sociedade macaense?
Angela Ka PolíticaKwan Tsui Hang quer resolução sobre montantes da previdência central [dropcap style=’circle’]K[/dropcap]wan Tsui Hang criticou ontem o Governo por não tomar uma decisão face às contribuições para o Regime de Previdência Central. A crítica surge depois de deputados e Governo terem atingido um consenso face ao período em que trabalhadores podem levantar o dinheiro: quando completarem 60 anos de idade e deixarem de trabalhar por um período de seis meses podem pedir o levantamento de verbas, sendo que há dois planos de contribuição: conjunta, constituído pelo empregador e trabalhador que se baseia em 5% do salário base do trabalho, e contribuições individuais, cujo valor é de 500 patacas. Mas, a proporção de contribuições do empregador e trabalhador tem sido polémica há muito tempo. Iong Kong Io, presidente do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social (FSS), referiu que já foram entregues duas propostas de ajustamento das contribuições ao Governo, mas não deu mais detalhes sobre o assunto, tendo apenas garantido que, dentro deste ano, vai tomar-se uma decisão final. Iong Kong Io menciona que, tanto a parte do empregador como a do trabalhador concordam com o aumento do montante de 45 patacas para 90 patacas, mas quanto à proporção, a parte do trabalhador insiste em manter-se em 30 patacas por parte de trabalhador e 60 patacas por parte do empregador. Kwan Tsui Han critica o Governo porque considera que este “não ousa” tomar a responsabilidade. A deputada diz que não há condições para se baixar a responsabilidade dos patrões. O responsável do FFS referiu ainda que vai tentar apresentar as duas propostas este mês, mas Kwan Tsui Hang descreveu esta situação como passar a bola. “Agora vai passar à hierarquia superior e vai continuar a ir para cima. Lá em cima, não se sabe a situação? Está sempre a atrasar”, reclamou.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasInícios de Liampó português [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]A Dinastia Ming, que sucedeu à mongol dos Yuan, foi a última dinastia imperial de origem chinesa, uma vez que a que lhe sucedeu era proveniente da Manchúria. Os Ming quase coincidem no tempo com a Dinastia de Avis, pois ocuparam o Trono do Dragão de 1368 a 1644″, segundo uma nota de João de Deus Ramos. A China, encerrada aos estrangeiros em 1521, devido ao falecimento do Imperador Zhengde e a consequente suspensão obrigatória de todas as actividades, manteve os portos fechados com o Imperador Jiajing (1522-66) e por édito imperial de 1525, deixou de haver marinha mercante chinesa nos mares. As costas passaram a estar cheias de piratas japoneses e portugueses, na altura os únicos europeus, à procura das apetecíveis mercadorias chinesas. “Sendo a área normal do comércio externo o porto de Cantão, é natural que, depois do ocorrido de 1517 a 1523, o policiamento marítimo e terrestre nessa zona fosse mais apertado”, segundo refere Gonçalo Mesquitela. “Após os conflitos armados luso-chineses, ocorridos entre 1521 e 1522, nas águas de Tunmen, a Corte de Pequim decretou o encerramento dos portos cantonenses. Inicialmente, (…) as autoridades de Cantão recusavam (os portugueses,) os de Aname e Malaca. Desde que os mais variados bárbaros de Aname e Malaca foram recusados, eles iam fazer comércio clandestino às águas da prefeitura de Zhangzhou (漳州, Chincheo) fazendo com que a província de Fujian (福建) lucrasse com isso, deixando o mercado cantonense numa situação paupérrima” segundo Revisitar os Primórdios de Macau para uma nova abordagem da História de Jin Guo Ping e Wu Zhiliang e continuando, “O encerramento total dos portos cantonenses provocou danos insuportáveis à economia de Cantão…”, (…) “As receitas locais caíram a pique. A ordem económica local e de uma boa parte do Centro e Sul da China estava afectada e desequilibrada. A situação financeira de Cantão era de tal maneira caótica que nem conseguiam pagar os soldos e os vencimentos da função pública. Esta situação dramática levou o vice-rei Lin Fu a moralizar a Corte Central em 1529, apelando à revogação das proibições marítimas impostas a Cantão. O memorial ao Trono foi favoravelmente despachado e restabelecido o sistema tributário em Cantão, mas os portugueses continuavam proibidos de vir às águas de Cantão. No entanto, alguns, após uma década de ausência do litoral cantonense, começaram a voltar ao negócio da China, a título individual e integrados em grupos tributários de alguns países do Sudeste Asiático, principalmente disfarçados de siameses.” Juncos à China, a provar se queria ter trato “A partir de finais da segunda década do século (XVI), embora mantendo-se fechados os portos e em vigor as ordens de expulsão dos portugueses, começam a desenhar-se tréguas na violência e a virem à superfície novas convergências de interesses, pois para ambas as partes o trato tinha os maiores aliciantes. Com a passagem dos anos foram crescendo estes contactos à margem das directivas oficiais, cada vez mais esquecidas”, segundo João de Deus Ramos. A reabertura do porto de Cantão só veio a ocorrer em 1530, ficando a proibição restrita aos portugueses, na altura os únicos europeus. Por isso, “Começa então a notar-se o desvio da área comercial externa mais para o norte, nas costas da China Central, ao longo de toda ela. Mas também, por certo, ainda ao largo de Cantão”, segundo Gonçalo Mesquitela. Já Beatriz Basto da Silva, refere, “O Ming-Shi admite que, a partir do ano 1527, há comércio entre portugueses e o Fuquiam (Fujian). Em Fuquiam irão aparecer as primeiras sociedades de moradores casados com asiáticas não forçosamente chinesas, mas em harmonia de convivência com comunidades chinesas”. Foram os chineses ultramarinos que introduziram aos portugueses o litoral de Fujian e Zhejiang, para aí se estabelecerem. “No primeiro quartel do século XVI, Portugal estava forte dos sucessos da gesta ultramarina, habituado a vencer, dominar, impelido pela dinâmica religiosa e económica da expansão. A China, nesse tempo, vivia ainda a pujança da dinastia Ming”, segundo João de Deus Ramos. “Do lado português, as viagens sucedem-se neste plano clandestino mesmo para os chineses. Há licenças oficiais portuguesas nesta época para a viagem à China Conhecem-se: a de 1532”, proibida pelo governador ao chegar a Goa, a de 1533, concedida a Manuel Godinho, que por indicação de Estevão da Gama (ou Paulo da Gama, Capitão de Malaca como refere J. M. Braga) conseguiu “as pazes com os reis de Pão (Pahang) e de Patane, que durante quinze anos faziam guerra a Malaca. Estas pazes foram causa de tornarem a tratar na China, de que se descobriram pelos nossos mais de 50 portos melhores que os de Cantão. Segundo ainda o mesmo autor (Castanheda), em 1535 D. Estevão da Gama mandou Henrique Mendes de Vasconcelos a Patane trazer Francisco Barros de Paiva que lá estava e para ordenar que dali fosse um junco à China, a provar se queria ter trato como tiveram em tempo passado. Foi Henrique Mendes num navio dos nossos. Seguem-se as licenças, de 1538, a Fernão Anrique, em 1543 a Jerónimo Gomes, e, em 1544, a Alonso Henriques de Sepúlveda. E quantos outros portugueses por ali teriam navegado, ligados a comerciantes chineses ou arriscando a sorte, muitas vezes adversa…”, segundo escreve Gonçalo Mesquitela. Encobertamente feitas as fazendas em Liampó, sem nunca el-rei ser sabedor deste trato, “sucederam as contratações de maneira que começaram os portugueses a invernar nas ilhas de Liampó e estarem nelas tanto de assento e com tanta isenção que lhes não faltava mais que ter forca e pelourinho”, segundo o Padre Gaspar da Cruz. Seguindo com João de Deus Ramos, “Os portugueses apelidados de piratas e a eles não poucas vezes associados, iam alimentando um crescente comércio ilícito que tinha o apoio nas classes que dele beneficiavam. Através destas iam conseguindo a tolerância, quando não a conivência, das próprias autoridades locais”. Este é o segundo período do relacionamento entre portugueses e chineses, “e podemos designá-lo como Entre Chincheo e Liampó”, segundo Revisitar os Primórdios de Macau. O primeiro ocorrera desde a chegada de Jorge Álvares à China em 1513 até aos dois conflitos navais no Rio das Pérolas ganhos pelos chineses aos portugueses em 1521 e 1522. Iniciava-se um novo ciclo, passando os Portugueses a frequentar o litoral de Fujian e Zhejiang e que terminou em 1549. Rei dos mares Escondido numa baía de uma ilha em frente à cidade de Ningbo, o povoado feito pelos comerciantes portugueses com a ajuda das famílias locais chinesas e em conivência com os oficiais menores, teve o seu quotidiano relatado por Fernão Mendes Pinto na Peregrinação entre os capítulos 67 a 70. Aí se conta a história do Capitão António de Faria às portas de Liampoo, em 1541 e como antecedente, ter ele e o seu grupo resgatado da prisão em Nouday “cinco portugueses, residentes em Liampó, que viajaram num barco cujas amarras se quebraram com o temporal e fora dar à costa e à sua vista se fizera em pedaços na praia e de toda a gente se não salvaram mais que treze pessoas, cinco portugueses e oito moços cristãos, os quais a gente da terra levou cativos para um lugar que se chamava Nouday”, da Peregrinação. António de Faria, segundo Fernão Mendes Pinto, foi levar os portugueses libertados por ele dessa prisão chinesa a Liampó, onde viviam e por isso muito bem recebido. Já o rei dos mares, António de Faria tinha derrotado o famoso corsário Coja Acém, terror da costa chinesa, história contada na semana passada. E continuando na Peregrinação, “Por entre estas duas ilhas a que os naturais da terra e os que navegam aquela costa chamam as portas de Liampoo vai um canal de pouco mais de dois tiros de espingarda de largo, com fundo de vinte até vinte e cinco braças, e em partes tem angras de bom surgidouro, e ribeiras frescas de água doce que descem do cume da serra, por entre bosques de arvoredo muito basto de cedros, carvalhos e pinheiros mansos e bravos, de que muitos navios se provêm de vergas, mastros, tabuado e outras madeiras, sem lhe custarem nada. Surgindo António de Faria nestas ilhas uma quarta-feira pela manhã, Mem Taborda e António Anriquez lhe pediram licença para irem diante dar recado à povoação de como ele era chegado, e saber as novas que havia na terra, e se se dizia ou soava por lá alguma coisa do que ele fizera em Nouday porque se a sua ida lá prejudicasse em alguma coisa à segurança e quietação dos portugueses, se iria invernar à ilha de Pulo Hinhor como levava determinado…” Estava-se em Dezembro de 1541 e “os seis dias que António de Faria aqui se deteve, como lhe tinham pedido os de Liampoo, esteve surto nestas ilhas. No fim do qual tempo, um domingo antemanhã, que era o tempo aprazado para entrar no porto, lhe deram uma boa alvorada (…). E sendo pouco mais de duas horas antemanhã, com noite quieta e de grande luar, se fez à vela com toda a armada (…). E sendo já manhã clara acalmou o vento pouco mais de meia légua do porto, a que logo acudiram vinte lanteás de remo muito bem equipadas, e dando toa a toda a armada, em menos de uma hora a levaram ao surgidouro. Porém antes que ela lá chegasse vieram a bordo de António de Faria mais de sessenta batéis e balões e manchuas com toldos e bandeiras de seda, e alcatifas ricas, nas quais viriam mais de trezentos homens, vestidos todos de festa, com muitos colares e cadeias de ouro, e suas espadas, guarnecidas do mesmo, em tiracolos, ao uso de África. E todas estas coisas vinham feitas com tanto primor e perfeição que davam muito gosto e não menos espanto a quem as via. Desta maneira chegou António de Faria ao porto, no qual estavam surtas por ordem vinte e seis naus e oitenta juncos, e outra muito maior soma de vancões e barcaças amarradas umas ante outras, que em duas alas faziam uma rua muito comprida, enramados todos de pinho e louro e canas verdes, com muitos arcos cobertos de ginjas, peras, limões e laranjas, e de outra muita verdura, e de ervas cheirosas, de que também os mastros e as enxárcias estavam cobertas. António de Faria, depois de estar surto junto de terra no lugar que para isso lhe estava aparelhado, fez sua salva de muita e muito boa artilharia, a que todas as naus e juncos e as mais embarcações que trás disse, responderam por sua ordem, que foi coisa muito para ver, de que os mercadores chineses estavam pasmados. E perguntavam se era aquele homem, a que se fazia tamanho recebimento, irmão ou parente do nosso rei, ou que razão tinha com ele. A que alguns cortesãos respondiam que não, mas que verdade era que seu pai ferrava os cavalos em que el-rei de Portugal andava, e que por isso era tão honrado que todos os que ali estavam podiam muito bem ser seus criados e servi-lo como escravos. Os chineses, parecendo-lhe que podia ser aquilo assim, olhavam uns para os outros a maneira de espanto, e diziam: – Certo que muito grandes reis há no mundo de que os nossos antigos escritores não tiveram nenhuma notícia para fazerem menção deles nas suas escrituras! E um destes reis de que mais caso se devera de fazer parece que deve ser o destes homens, porque segundo o que dele temos ouvido é mais rico e mais poderoso e senhor de muito maior terra que o Tártaro nem o Cauchim, e quase que se pudera dizer, se não fora pecado, que emparelhava com o Filho do Sol, Lião coroado no Trono do Mundo. Numa lanteá se embarcou “António de Faria, e chegado ao cais com grande estrondo de trombetas, charamelas, atabales, pífaros, tambores e outros muitos tangeres de Chineses, Malaios, Champás, Siames, Bornéos, Léquios e outras nações que ali no porto estavam à sombra dos Portugueses, por medo dos corsários de que o mar andava cheio, o desembarcaram dela em uma rica cadeira de estado, como chaem do governo, dos vinte e quatro supremos que há neste império. A qual levavam oito homens vestidos de telilha, com doze porteiros de maças de prata, e sessenta alabardeiros com panouras e alabardas atauxiadas de ouro, que também vieram alugadas da cidade, e oito homens a cavalo com bandeiras de damasco branco, e outros tantos com sombreiros de cetim verde e carmesim, que de quando em quando bradavam à charachina, para que a gente se afastasse das ruas”, Fernão Mendes Pinto. Entende-se tão pomposa recepção a António de Faria, pois libertara das masmorras residentes da cidade, e pelo relato apreende-se a riqueza não só cultural, como material, com que já aí se vivia. E ainda os mercadores portugueses não tinham chegado às ilhas do Japão. Quando tal aconteceu em 1542, segundo Beatriz Bastos da Silva, foi “inaugurado o comércio português de Liampó, 30° Lat. N, com o Japão. O entreposto de Liampó já era florescente há algum tempo. O comércio do Japão veio, entretanto, a enriquecer Liampó de forma rápida. Tinha duas igrejas, uma câmara, dois hospitais, mais de mil edifícios particulares, auditores, juízes, procuradores e outros ofícios públicos usuais em Portugal. Crescimento daí decorrente para Liampó (na boca do rio Fu-Chan). Feitorias de carácter precário (Chincheo, Lampacau), sem contratos, mas já cheias de pormenores administrativos portugueses, embora localmente estivessem sujeitas à China. (Ljungstedt, Andrew – An historical sketch of the Portuguese)”.
Hoje Macau EventosCCM | Peça infantil “Spot” em cena dias 6 e 7 de Agosto “Spot, the Dog” está em exibição este fim-de-semana no CCM. Uma produção holandesa, dedicada aos mais pequenos e onde a promessa é música, interactividade e diversão [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]manhã e domingo os mais pequenos são convidados a assistir à peça “Spot, the Dog”, em exibição este fim-de-semana no Centro Cultural de Macau (CCM). Apresentada pela companhia Teatro Terra, que vem da Holanda, a peça destina-se a crianças com mais de dois anos e promete muita interacção com o público. A história da peça centra-se no cão Spot e na hipopótamo Helen. Ambos vão visitar a quinta onde o pai de Spot mora, mas são apanhados de surpresa quando lá chegam porque todos os animais que lá moram desapareceram. A tarefa seguinte é saírem à procura dos amigos e revelarem o mistério do desaparecimento que deixou a quinta tão silenciosa. É nesta altura que os actores interagem com o público. “A peça está cheia de sons de animais e pedimos ao público para identificarem qual o animal que estão a ouvir. As crianças costumam ser muito participativas e adoram ouvir os sons dos animais e da natureza”, diz o actor Eric-jan Lens, que dá vida à personagem de pai de Spot. A peça conta com três actores em palco que interpretam as três personagens principais: Spot, o pai do cãozinho e a amiga Helen. Os actores interpretam as vozes destes animais que são bonecos físicos manipulados por cada um deles, como ontem mostraram aos jornalistas, na apresentação da peça. “A dimensão dos bonecos e a agilidade com que se movimentam em palco faz muitas vezes com que o público se esqueça que, por trás daquele boneco, está uma pessoa”, diz Desi Van, uma das actrizes. Este espectáculo anda em digressão e os actores explicam que uma das vantagens de interpretarem este texto é o facto de ele ser muito popular, o que faz com que todos estejam familiarizados com a história e os encoraje a participar. A companhia tem viajado um pouco por todo o mundo – veio de Hong Kong e de seguida vai para a Austrália, onde estará quase um mês divididos entre Perth e Sidney. Quem é Spot? A história baseia-se numa conhecida colecção de livros infantis que se chama “Spot the Dog”, criada pelo escritor e ilustrador inglês Eric Gordon Hill. A personagem foi criada em 1976 para o seu filho pequenino. O livro foi publicado em mais de 30 países e deu origem a uma série televisiva, que ajudou a divulgar a obra e a tornar “Spot” uma personagem muito conhecida e acarinhada. As histórias foram traduzidas em mais de 60 línguas e o escritor continua a ser um dos mais elogiados, nomeadamente pelo seu contributo para a literacia infantil. A companhia de teatro Terra convida, por isso, todos a assistir a este espectáculo, onde promete muita música, luzes e diversão. “Há um grande dinamismo em palco e convidamos todos, pais e crianças, a participarem”, dizem os actores, que visitam pela primeira vez Macau. “Temos muita expectativa em relação à forma como o público nos vai receber, mas estamos confiantes, pois temos boas referências.” Os actores regressaram recentemente de Hong Kong onde actuaram várias vezes, sempre com espectáculos esgotados. “Sabemos também que muitos dos bilhetes para os espectáculos marcados já foram vendidos e esperamos um público divertido, audaz e casa cheia”, acrescentam. História de uma companhia O grupo de teatro vem da Holanda e todos os actores são holandeses, daí o nome da companhia poder parecer desajustado. Mas a explicação é simples e, mais uma vez, é Eric-Jans Lens quem desvenda o mistério. “É o apelido do criador da companhia que foi fundada em 1977, na Holanda.” Todos os anos são criados novos espectáculos, dos musicais para a família e das marionetas, às produções de teatro. Desde a sua fundação, a companhia tornou-se num dos grupos teatrais de topo para crianças e famílias na Holanda, como diz um comunicado de apresentação. “Dando sempre o seu melhor para criar espectáculos”, o grupo faz das marionetas e da música uma parte central das suas produções, acrescenta a mesma fonte. A peça dura cerca de uma hora, sem intervalo, e os bilhetes custam 180 patacas. Estudantes, crianças com menos de 12 anos e seniores beneficiam de um desconto de 50% e há pacotes promocionais.
Claúdia Tang BrevesCães com exame para isenção de açaime O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) anunciou ontem como é que vai ser o exame a que vão estar sujeitos os cães com mais de 23kg, cujos donos não querem que usem açaime. A avaliação examina as reacções e a personalidade dos cães sob diferentes situações. Actualmente, existem cerca de mil cães de peso superior a 23 kg licenciados em Macau, segundo o Jornal Ou Mun. O exame está a partir de meados de Agosto. O director da Divisão de Inspecção e Controlo Veterinário do IACM acrescentou que, no exame, observa-se os comportamentos de cães através do olhar, de contacto com as partes sensíveis, de imitação da vida diária e de aproximação de homens e cães desconhecidos. Caso não passe o exame, o cão pode ser sujeito a um complementar quatro meses depois. Mais pormenores serão publicados na segunda apresentação do dia dez deste mês.
Joana Freitas BrevesIAS vai atribuir subsídio para famílias vulneráveis O Instituto de Acção Social (IAS) vai lançar novamente um subsídio para ajudar as famílias mais vulneráveis. O apoio está destinado a três tipos de famílias, como indica um comunicado do Instituto. Foi em 2003 que o Governo lançou o Subsídio Especial para a Manutenção de Vida, normalmente atribuído duas vezes por ano. O apoio é atribuído a agregados que “são beneficiárias do apoio económico regular, ou cujo rendimento não ultrapassa [este ano] 1,8% do valor do risco social”, que fica pouco acima dos 4050 patacas. No total, são cerca de 4100 as famílias nesta situação, sendo que o Governo prevê despesas no valor de 16,5 milhões de patacas. O apoio vai desde as 2450 patacas para uma pessoa e 8600 para uma família de sete pessoas.
Anabela Canas de tudo e de nada h | Artes, Letras e IdeiasTalvez o tempo [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omove-me de repente o olhar directo sobre as coisas de um passado remoto. Vindas dessa enorme e esquecida cadeia do tempo e pejadas de humanidade. Há dias um par de sapatos de mil anos. Romanos. Fechar os olhos, e abri-los sobre um vestígio concreto de uma vida. Um corpo. Um pé. E alguém. Como se fosse no momento exacto que passou, alguém trouxe no pé um sapato como de filigrana em couro. Como se fosse hoje ou ontem. Uma memória imaginada e pressentida ali na matéria de um artefacto sem idade estética mas com toda a idade da história. Talvez me comova sobretudo o perfume etéreo de humanidade que se agarra ao objecto do olhar, e se desprende como perfume ténue, se nos concentrarmos bem nessa viagem do tempo de ali até aqui. Talvez o que eu gosto é de sentir as pessoas e essa longa cadeia ininterrupta que vem de lá tão antes e que continua a perder de vista. Talvez o que eu goste mesmo é dessa ideia de pessoas. Ou desta terra planeta cheia de cicatrizes naturais, ou do tempo. Talvez o que eu goste mesmo seja do tempo, um cordão longo desfiado desde o sempre ao para sempre. Talvez o tempo. Esse tempo que me faz doer de tão rápido. De tão lento. Talvez mesmo o tempo. E ser parte. Parte e partícula ínfima dessa cadeia. Talvez o tempo, que existe ou não, dependendo de representações. Que lhe emprestem a qualidade concreta. A dimensão ou o sentido. De lá para cá. De cá para além. Disto. E um dia destes veio viver comigo e está ali como um bicho pacato silencioso e idoso. Mas igual a sempre nos seus talvez cem anos. Bicho máquina, senhor de uma espécie de ronronar que nunca eleva o tom. Singer de nome e máquina de costura de profissão, com pés de tipo aranha, com os inconfundíveis alvéolos de ferro forjado que me lembram mais assas de insectos, o torço equino suavemente arqueado, ou uma espádua garbosamente curva, como a pedir a carícia do tempo recuperado, e com a nobreza da imortalidade com que ele lhe desenhou formas e funções incansáveis. Trouxe-a do abandono incontornável da casa onde ninguém vive. Já. E ali, encostada a uma outra parede ganhou uma outra idade mais leve ou desprendeu-se de novo do acumular de anos sem um olhar próximo, um óleo que afina e alivia os movimentos e o som. E como um bicho que fui encontrando nos últimos tempos escondido atrás da porta. Como se escondido mesmo e assustado. Ou triste e amesquinhado de uma poeira que o manietava e esquecia. Retomou a cadeia afinal ininterrupta de um tempo que vem de tão longe como o homem que, apaixonado, a ofereceu a uma menina de dezassete anos, prenda de noivado. Já aí com história desconhecida atrás, a máquina. Conhecida a menina, chamada para sempre senhora por aquele amor. Dos dezassete, de um e de outro, e contido numa caixa de madeira feita para a costura, as linhas e as agulhas de uma vida a mudar aos poucos sobre carris, e dedicada, a lápis, no interior. Nome completo e amor. Foi para sempre. Dedicado em dedicatória e depois na vida. À minha avó. Por aquele avô de quem tanto gostei, de olhar verde, transparente. Sonhador e marinheiro. Vogando de além para aquém Tejo em fuga. Mas não dela. Só da interioridade daquela terra que o não preenchia. Mas foi com a bisavó que na realidade aprendi a cozer. A ver e assustada por ela em relação àquela agulha veloz nas costuras domésticas e perigosa como nos contos de fadas. Etelvina. Maria Antónia. Mariana. Os nomes inscritos na memória daquele pedal e sussurrados como uma carícia. Agora eu. A sentir que tenho que lhe encontrar mais caminho. Não por ela mas por este prazer com que a olho. E este sentir-me parte do tempo. Ou, às vezes, parte e tempo. Mas isso sou eu aqui, a pensar, e feliz como um passarinho a olhar para ela ali vinda de longe. Do meu longe e mais ainda. É bom. Mas sempre, como tudo, só esquecendo a parte final do percurso que a trouxe aqui. Só assim é bom. É. Há que esquecer disciplinadamente. Eu gosto de coisas anacrónicas. E de coisas com idade. E que duram. E de coisas com marcas ou o perfume de vidas antes de agora. Muitas coisas com que vivo tiveram outras vidas antes e outras casas. Gosto dessa impressão do tempo nas coisas. Como gosto da pureza, perfeição e síntese, quase fria e desumana, do minimalismo. Próximo de uma filosofia Zen. Gosto de ambos os extremos. Como da pureza de um lençol antigo de linho branco, que não guarda mácula de antigos partos, vidas e mortes, amores, traições e desvarios. Que nunca perde a sua pureza quase virginal de lençol da primeira noite. Da vida. Gosto de coisas que fogem aos padrões ditados, de uma contemporaneidade fugidia. Usar camisas de dormir com florinhas. Também. Uma coisa que ninguém sabe e não se diz. Mas não sendo para se dizer, não seria sequer preciso dizê-lo. Há coisas que se podem intuir quando se passa na rua. Disfarçadas de outras coisas que também são. Coisas que sintetizam memória, gosto e rebeldia face à tirania mutante do tempo. Da estética do tempo. Ou da máscara de um tempo que é sempre o mesmo. Vindo de sempre, mudando no que é de mudar e mantendo o que é bom de sempre. Porquê as roupagens, pergunto. Não sendo por razões práticas ou domésticas, porque não andar com vestidos do século dezoito num dia, dos loucos anos vinte no outro e 501 no outro…Porquê? Como se o tempo passado fosse de um outro tempo de que só algumas coisas são válidas. Uma obra de arte. Mas nem tudo o é. Atrocidades dos confins da história tão semelhantes a outras de hoje. Do inacreditável hoje que não apurou com o olhar sobre o passado. De um tempo que é hoje uma pérgula de resquícios de humanidade da mesma natureza de sempre. Com a mesma diversidade de sempre. Simplificar as roupas e sofisticar as armas. É isso. E por debaixo bem e mal de sempre e para sempre. Voltando atrás, então, a uma pessoa que gosta de camisas de dormir às florinhas. Também. Ou com rendas. Bordados de outros tempos. A frescura das matérias naturais. O engomado do algodão grosso e que só deixa adivinhar o que ali vive. E, a partir desta linha em que o digo, juro e afirmo que todo e qualquer olhar que por ela passe, deveria duvidar. Porque é escrito e público. O que é secreto e privado. Ou não. É, somente escrito e assim deveria ser tomado. Como uma roupagem. Como uma realidade sincera, ou franca portada sobre um símbolo, uma metáfora a imagem trespassada de algo além. Ou um olhar lavado sobre essa pueril realidade. Assim é a escrita. Mas eu gosto de coisas intemporais e gosto do tempo das palavras que ficam. Sobretudo as que se dizem. Com um grande prazo de validade a tender para a utopia da eternidade. Gosto das palavras que atravessam o tempo apesar dos temporais. Que ficam impregnadas como fósseis nas rochas sedimentares, das que marcam como pegadas de um movimento que passou e das que como velhas árvores centenárias mesmo no decrescendo metabólico da idade, continuam a sua vida orgânica e temporal. Em pé. Que é como devem morrer as árvores. Às vezes sinto que há algo inamovível em mim. Como nas montanhas. De imutável estável e duradouro. Enquanto outros locais de mim se vergam como cálamos, quebram, fluem mutáveis e plásticos ao longo do deslumbramento dos dias, da adaptação ao desconhecido e inesperado, de síntese do vivido, de fastio do muito repetido. Mas há um lado de montanha. Não por grandeza. Nem imensurável. Não há montanhas inacessíveis à cartografia. Mas não mudam para agradar aos elementos. Antes se deixam desgastar por eles. Partes de uma cordilheira do tempo maior que tudo, mas por estabilidade no tempo. Estabilidade mutável, exposta à erosão, mas a outra velocidade. Talvez o tempo. Que corre, pára, foge. Que quando pára, de imediato lhe sabemos decifrar as inevitabilidades e partidas e nessa intuição prévia nos perdemos do simples prazer dessa paragem. Talvez o tempo que se esvai entre os dedos mesmo no momento da carícia mais plena ou mais pungente. Tão fugidio como nosso. Nessa inerente qualidade a que nos acostumamos quando o conhecemos um dia. Para lá da infância que é um tempo sem saber o tempo. E, escrevia estas palavras e levantei-me de súbito impulso, a lembrar-me daquele insólito oráculo que é, em momentos estranhos, o Livro de Areia de Borges. Talvez pelo esvair entre os dedos do tempo, da areia e das páginas. E abrindo-o na intensidade de uma impressão indefinida deste tempo e deste momento e de urgência curiosa, fechando os olhos com força e agarrando o dividido em dois com a mesma força, apontei e era a página branca. Em branco, digo, porque azul, na realidade. Penso, o não tempo da infância, de que falava naquele minuto antes de pegar no livro. E no desapontamento de apenas parecer ilustrar um pensamento sabe-se lá sempre se pertinente, voltei o avesso da página naquele preciso ponto em que a pontinha da unha poisou com força. E li. Um poema. “Essas palavras eram um poema”, assim a frase inteira do acaso. Do avesso do acaso. Das costas lisonjeiras deste acaso ridículo. Lúdico. Ou a ser oráculo. A empatar tempo e sentimentos com uma carga maior de realidade. E penso que sim. Há uma poética no esquadrinhar honesto das emoções. Uma poética anestesiante e barbaramente narcísica – parece. Envolvente. Como um espelho de companhia. Mas entende-se-lhe a veracidade como se entende o uso de combinação. Coisas parecidas, de pouca visibilidade a olhar pouco miúdo. Mas que fazem uma diferença enorme no uso de um vestido. Sem fogo de artifício. Coisas de dentro. Roupa interior. E a roupa interior é sempre honesta. É o que é. Muitas vezes. Prefiro poesia com roupa interior ou a nudez descarada e iludida com que o rei que vai nú. Que se pressente ou não no discurso. Poético ou não. Não. Não tenho a pretensão da poética. Só da palavra. Aquela palavra. Que digo para durar. Ou então não dizer. De uma forma ou outra, talvez o tempo. Onde vive e dorme.
Isabel Castro VozesSopra-lhe com força [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á uma coisa estranha em Macau: nunca nada é importante, sendo tudo de extrema importância. Passo a explicar. O acontecimento da semana? Um tufão. Ou, para ser rigorosa, a polémica em torno da classificação de um tufão. Uma tempestade tropical é uma coisa séria, como todos sabemos. Aqui à volta, bem perto de nós, há gente a morrer por causa da passagem de tufões, há gente a ficar sem terras e colheitas e o ganha-pão por causa de tufões, há aldeias e vilas e cidades que se destroem em minutos para serem jamais reconstruídas. Por cá, os tufões são coisas que sopram devagar, mesmo quando são fortes. Nos quase 15 anos que levo de Macau, nunca vi nada de muito grave acontecer. Árvores e tabuletas no chão, uns carros maltratados, lixo pelo ar e, em duas ou três tempestades, pessoas que ficaram sem o negócio por causa das medidas que não se tomaram, anos a fio, para evitar inundações no Porto Interior. Ainda assim. Um tufão é uma coisa séria, que exige cuidados mais do que mínimos. Por ser uma coisa séria, não se pode transformar numa anedota. Pode, se formos nós, sociedade civil, a puxarmos do sentido de humor e a fazermos umas piadas sobre o que se passou esta semana; mas não pode ser transformado em anedota por quem tem responsabilidades e a obrigação de garantir o interesse público. Por questões científicas que não interessam ao Menino Jesus, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau decidiram não avançar com o sinal 8 na noite de segunda para terça-feira. A possibilidade chegou a ser colocada e a hipótese foi anunciada, foi sendo protelada, e depois arquivada. A decisão de manutenção do sinal 3 foi tomada durante a noite, soprava forte o vento nas minhas janelas. Um vento que afinal não tinha força suficiente para que o sinal 8 fosse içado. Mas a avaliação da força da intensidade dos ventos é coisa que me passa ao lado – preocupo-me com outras coisas mais relevantes e sei que estou longe de ser a única. A confusão em torno da qualificação do Nida deve ser analisada de vários ângulos, a começar pela questão da segurança – afinal, a mais importante. Mesmo não sendo tufão 8, recomenda-se à população em geral e à mais frágil em particular que se mantenha resguardada, não vá o diabo tecê-las. O diabo teceu-as do seguinte modo, de acordo com as contas dos Bombeiros: entre outras ocorrências, 26 árvores foram ao chão e caíram 32 objectos. Como Macau é terra de jogos de fortuna e azar, não houve galhos nem tabuletas a fazerem feridos, apesar das pessoas que andaram nas ruas empurradas pelo inconsistente vento. É que, apesar das recomendações oficiais, sucede que, sem sinal 8, o patronato – ou a grande maioria – não manda os trabalhadores para casa, para que possam tomar um banho quente e vestir roupa seca. Está chuva e vento e é difícil a malta mexer-se, mas há que ter paciência e uns chinelos de plástico na mala. É a vida. Uma vida na qual não se pensa quando o único critério para a tomada de decisões é a força dos ventos. Depois, temos a questão da organização de toda uma sociedade que tem relações de interdependência: com uma decisão a ser adiada pela noite dentro, mais não resta a quem cá vive do que ficar acordado – ou ir acordando com regularidade – para perceber o que fazer no dia seguinte. Com Hong Kong em sinal 8 há várias horas, com Zhuhai em alerta amarelo e Shenzhen em alerta vermelho, não havia razões para acreditar que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau iam mandar o povo todo trabalhar à chuva e ao vento na terça-feira, com uma bela tempestade na rua. E aqui não se trata das mais ou menos horas que a malta pode ficar a dormir numa manhã por norma de trabalho; trata-se, isso sim, de saber onde e como se deixam os filhos, se há transportes para ir trabalhar, a que horas se vai trabalhar, se o supermercado ou a farmácia vão estar abertos, se a reunião marcada para de manhã no escritório vai mesmo acontecer ou se é preciso marcar nova data. Numa perspectiva económica – a área do saber que, mais até do que a ciência, é a favorita do léxico oficial local –, as pessoas estarem à espera de um tufão forte e sair-lhes na sorte um que não deitou ao chão sequer 30 árvores não é uma coisa boa. Pode ser um grande azar. A encomenda que não se entregou de acordo com o que estava acordado, porque estava a chover, mas não estava tufão 8. A reunião que se adiou e não se devia ter adiado, mas às 5 da manhã era tarde para andar a fazer contactos e marcar novas agendas. Depois do caricato episódio Nida – que me podia levar a escrever também sobre os preços praticados por táxis, acerca das motas aos esses, sobre o mecanismo de protecção civil que só funciona quando o vento sopra com mais força ou ainda sobre o túnel que só abre se houver razões científicas para tal –, vieram as críticas dos mais diversos quadrantes, as justificações científicas e, mais recentemente, o avisado pedido de desculpas do secretário para os Transportes e Obras Públicas. O Nida, sendo um episódio que, para a semana, se tornou apenas caricato, dá que pensar. No modo como tudo isto está organizado, na forma como se encara a vida dos outros. Que o Nida não se repita. E os tufões sejam inequívocos, para facilitar a vida à malta que decide a que horas e em que condições térmicas vamos nós trabalhar. Para a próxima, que sopre mais forte. Ou mais devagarinho, muito devagarinho, que dispenso mau tempo na cidade.
Joana Freitas SociedadeDSEC | Intercensos durante mês de Agosto questionam factores económicos O Governo vai entrevistar 33 mil famílias para apurar a evolução demográfica da população, mas também para perceber se a queda nas receitas dos casinos afectou o emprego dos residentes [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) vai realizar os Intercensos de 7 a 21 de Agosto. O objectivo passa por actualizar a base de dados da população, mas também tem uma vertente económica, querendo analisar quantas pessoas mudaram de emprego por causa da queda das receitas do jogo, de acordo com a rádio Macau. Um comunicado dá a conhecer o início da actividade, que vai questionar famílias em 33 mil casas seleccionadas, mas numa explicação à rádio, a DSEC indica que o impacto da recessão económica no mundo do trabalho é uma das grandes perguntas a responder, dada a diferença económica com que Macau se depara desde os últimos Censos, feitos em 2011. “Já vai uma diferença de cinco anos e queremos compreender a situação do emprego. Como estamos numa fase de mudança na economia de Macau também queremos aproveitar esta oportunidade para saber [informações] sobre a mudança de emprego e de posto de trabalho, para destacar esta situação na economia de Macau”, explica à rádio Mark Mak, subdirector substituto da DSEC. No questionário, que será feito electronicamente, DSEC quer também recolher informações sobre o dia-a-dia das pessoas com mais de 60 anos. O questionário não é, como de costume, feito porta a porta, sendo que dois funcionários do organismo vão deslocar-se às casas das pessoas apenas para confirmar os dados. A DSEC quer promover plenamente o uso do questionário electrónico e diz-se “atenta à segurança”. Segundo a rádio, foram recrutadas 840 pessoas para os Intercensos, cujos resultados provisórios vão ser divulgados em Setembro.
Sofia Margarida Mota PolíticaNida | Secretário desculpa-se e director justifica-se sobre tufão [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para os Transportes e Obras Públicas apresentou ontem um pedido de desculpas aos cidadãos de Macau. Raimundo do Rosário admitiu que não existiu um bom desempenho por parte dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), que estão sob a sua tutela, nomeadamente no que respeita à comunicação sobre o tufão Nida. “Não fizemos um bom desempenho e por isso é realmente preciso pedirmos desculpas”, afirma Raimundo do Rosário. “A possibilidade de içar o sinal 8” e de isso não ter acontecido é o primeiro motivo que leva o membro do Governo a transmitir publicamente as suas desculpas. “A outra vertente em que achamos que não fizemos o suficiente é a comunicação”, afirma. Os responsáveis não falam em falhas na sinalização, mas sim no que ao anúncio que previa o içar do sinal oito diz respeito, uma vez que tal não veio a acontecer. Raimundo Rosário disse ainda que o director dos SMG, Fong Soi Kun, possui autoridade suficiente para definir o sinal relativo ao tufão. Já Fong Soi Kun, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau e após uma reunião com Raimundo do Rosário, disse concordar que “existiu uma falha na comunicação” que gerou confusão, tendo salientado que o problema esteve na divulgação da informação. O director considera ainda que é necessário depositar mais esforços nos conteúdos informativos. Fong Soi Kun admitiu que o retorno ao sinal 3 após anúncio de possível sinal 8 não “foi bom”, prometendo que no futuro “fará melhor”. No entanto, voltou a esclarecer que os critérios de sinalização são idênticos à vizinha Hong Kong, admitindo “melhoramentos” no futuro. “A passagem do Nida por Macau insere-se no sinal 3”, reafirmou, ao mesmo tempo que adianta que “irá haver uma auto-avaliação do regime de sinais” em que serão tidos em conta critérios a recolher da opinião pública. Esta acção terá lugar “o mais rápido possível”, afirma. Confrontado com o desejo já transmitido por alguns cidadãos para que Fong Soi Kun proceda à demissão, o director não revela preocupações e “não tem opinião” sobre isso. O cargo foi-lhe atribuído pelo Executivo, avança, e o responsável trabalha nos SMG há 30 anos. É esta experiência que lhe confere confiança no futuro, sendo que agora, e comparativamente à administração portuguesa, “as capacidades técnicas dos serviços que dirige estão muito melhores”. Quanto ao orçamento do Governo para adquisição de mais equipamentos, o director refere que o seu serviço ocupa uma pequena parte do orçamento geral do Executivo e que não tenciona pedir mais para o próximo ano.
Hoje Macau China / ÁsiaTigre volta a atacar no zoológico de Pequim [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]zoológico de Pequim onde uma mulher foi morta por um tigre no final de Julho voltou a viver momentos de tensão, quando um dos felinos atacou um automóvel com turistas, não tendo causado feridos. A cena passou-se no início desta semana e foi registado em vídeo pelos ocupantes do veículo, que colocaram as imagens na ‘internet’ (tinyurl.com/hk4ndx6), onde se vê um tigre siberiano branco a bloquear um carro. Os turistas movem o veículo lentamente, para tentar afastar o animal, mas este arranca o pára-choques e leva-o consigo. Os turistas assustaram o animal ao tocar a buzina e chegaram mesmo a abrir a porta, apesar de há poucas semanas uma mulher ter sido morta, no mesmo local, por um tigre. A cena ocorreu durante uma discussão, quando uma das mulheres saiu do carro. Um tigre do zoológico atacou-a imediatamente e a outra mulher tentou intervir, sendo esta última também atacada por outro tigre, que a matou antes de levar o seu corpo. As duas mulheres estavam acompanhadas de um homem, que assistiu à cena e tentou ajudá-las, e uma criança. Os dois últimos não ficaram feridos, explicou a imprensa chinesa. O Badaling Safari World permite aos visitantes que circulem pelo parque em automóvel, mas adverte que não é permitido sair das viaturas.
Claúdia Tang SociedadeIPIM aprova 33 pedidos para programa de convenções [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) recebeu até meados de Julho 48 solicitações para o “The Convention and Exhibition Stimulation Program”, segundo revela o Jornal Ou Mun. Desses pedidos, 33 foram aprovados e envolvem um valor de cerca de 13 milhões de patacas. O mesmo instituto recebeu também 20 solicitações para o “The International Meeting and Trade Fair Support Program” e aprovou 11, que envolvem aproximadamente nove milhões de patacas. O Presidente do IPIM, Jackson Chang, disse que as aprovações têm de ser feitas com rigor, isto é, tem de ser feita uma avaliação de forma geral e caso o tema corresponda ao desenvolvimento e à escala de Macau, pode avançar. As autoridades admitiram que o financiamento desceu em comparação ao ano passado, porém de uma forma geral o dinheiro, que pretende apoiar o sector das convenções, mantém-se. Nos últimos anos, o sector de Convenções e Exposições de Macau tem ganho reconhecimento a nível internacional, de acordo com um relatório do “The Global Association of the Exhibition Industry (UFI)” que indica que Macau foi o melhor mercado de Exposições na Ásia em 2014. “Macau é muito competitivo neste sector dado que os sítios da cidade se encontram próximos”, assegura o presidente. Foi recentemente criado pelo IPIM o serviço de “One-stop Service” para o sector das feiras, com vista a facilitar aos organizadores o reconhecimento de locais para a realização de exposições.