Ministra japonesa acusada de negar atrocidades em Nanjing

O Ministério da Defesa Nacional da China denunciou na sexta-feira as tentativas da nova ministra da Defesa japonesa, Tomomi Inada, de negar qualquer “competição de matança” em Nanjing durante a Segunda Guerra Mundial.
As observações de Tomomi Inada são ultrajantes, disse o Ministério da Defesa Nacional chinês numa declaração.
Inada disse na quinta-feira que duvidava se qualquer competição de homicídio aconteceu durante o Massacre de Nanjing.
A negação pública da ministra japonesa ao facto pretende encobrir as atrocidades do Japão e perturbar a ordem pós-guerra, disse o Ministério da Defesa Nacional chinês.
Não haverá nenhum futuro se o Japão negar a história, disse.
O exército japonês ocupou Nanjing, então capital da China, no final de 1937, e durante mais de 40 dias, cerca de 300 mil chineses foram mortos.
Durante a época dois oficiais japoneses, Toshiaki Mukai e Tsuyoshi Noda, estabelecer uma competição para matar 100 chineses usando uma espada. Mukai decapitou 106, e Noda, 105.
Os dois oficiais foram condenados por atrocidades e executados em Janeiro de 1948.

9 Ago 2016

Quatro funcionários do Governo Central detidos por corrupção

Quatro funcionários do governo estão a ser investigados por aceitar subornos, informou ontem a Suprema Procuradoria Popular (SPP) da China. Meng Fanyou, ex-vice-inspector do comité do Partido Comunista da China (PCC) em Chifeng, Região Autónoma da Mongólia Interior, Liu Jinghai, ex-inspector do gabinete geral do Comité Regional do PCC na Região Autónoma da Mongólia Interior, Lu Wufu, ex-vice-presidente da câmara de Changde, na Província de Hunan e Pi Lin, ex-gerente-geral do Grupo da Imprensa do Diário de Hunan são os mais recentes “tigres” a cair nas malhas da justiça. Meng e Liu foram também acusados de corrupção, o que normalmente significa a posse e o uso ilegais de fundos e bens públicos sem intenção de reembolso. Pi foi acusado de desviar fundos públicos, uma acusação inferior. Todos os quatro foram presos, disseram as autoridades.

9 Ago 2016

Lei Eleitoral | Novo Macau não quer associações a financiar campanhas

A Assembleia Legislativa (AL) analisa hoje a Lei Eleitoral e, ao mesmo tempo, é entregue uma carta por parte da Associação Novo Macau a solicitar um encontro com a comissão que tratará da análise do diploma. Em causa estão os patrocínios à campanha e o montante necessário para se ser candidato

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]ai ser entregue hoje no hemiciclo uma carta da Associação Novo Macau (ANM) a solicitar uma reunião com a Comissão que ficará encarregue da análise na especialidade da proposta de Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa. Em dia de discussão do diploma na generalidade, a ANM não quer deixar passar a oportunidade para apontar os aspectos que considera “pouco transparentes”.
Jason Chao, vice-presidente da Associação, criticou ontem os artigos que permitem que associações financiadas por dinheiros públicos possam ser autorizadas a patrocinar campanhas eleitorais, o que, defende, não contribui para a transparência do processo.
A proposta admite que indivíduos e empresas privadas se possam constituir apoiantes de listas candidatas, podendo, desta forma, ter peso e intervenção no que respeita às campanhas eleitorais. Instituições de carácter social, associações ou mesmos bancos podem escolher e realizar apoios eleitorais.
Para a ANM, as associações que são também beneficiárias de dinheiros públicos não deveriam poder, de todo, apoiar campanhas políticas. O motivo é óbvio para Jason Chao, dada a dificuldade em “estabelecer uma linha” que separe os financiamentos públicos e privados às campanhas. Jason Chao diz que estas entidades se deveriam juntar à proibição que também contempla as operadoras de jogo e as empresas de capitais públicos.
“Só devem participar nas acções eleitorais pessoas particulares e sem financiamento público”, afirma Jason Chao. “Infelizmente, esta lei vai legalizar a zona cinzenta de usar os recursos públicos nas campanhas eleitorais. Por isso, a Novo Macau está a propor a inclusão das associações empresariais e de associações que recebem subsídios públicos na lista dos que não têm elegibilidade para o papel de apoiante da campanha eleitoral.”

Outros conflitos

Outro ponto de discórdia está no montante de 25 mil patacas que é solicitado aos interessados para que possam apresentar uma lista às eleições para a Assembleia. Para Jason Chao, numa cultura democrática como a de Macau, que ainda se “apresenta frágil”, o facto de ser pedido um montante, mesmo que pequeno, pode ser inibidor aos interessados com “poucos recursos”.

Voto contra

O deputado Ng Kuok Cheong aforou claramente que hoje votará contra a proposta que estará a votos no hemiciclo. Para o deputado membro da ANM, a revisão feita à Lei Eleitoral “não traz desenvolvimentos democráticos” e, por isso, vai “votar contra”. Ng Kuok Cheong adianta ainda que, na sua opinião, Au Kam San também irá optar pelo mesmo.

9 Ago 2016

Poesia | Livro de Francesco Navarrini apresentado esta sexta-feira na Livraria Portuguesa

Francesco Navarrini apresenta “Palavras à janela”, esta sexta, na Livraria Portuguesa. Uma compilação de poemas criados entre viagens, que são agora dados a conhecer a Macau pelo italiano que fala sete línguas e que pretende pôr os leitores a viajar pela liberdade de pensamento

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Parole alla finestra” é o livro que Francesco Navarrini apresenta na Livraria Portuguesa já na próxima sexta-feira. “Uma compilação” de textos que o autor italiano, residente na RAEM, mostra agora ao público e que foi escrita entre 2003 e 2011, numa espécie de volta ao mundo e volta ao interior do poeta. O livro é um convite ao imaginário de cada do leitor.
Francesco Navarrini começou a escrever em 2001 e a participar com sucesso em concursos de poesia. Até esse ano, “fazia muitas viagens, mas eram viagens mentais”, como afirma o autor ao HM.
O mestre em Ciência Política deixou pela primeira vez o país que o viu nascer em 2001, quando foi fazer o programa de Erasmus na Lapónia. Já escrevia antes desta viagem, mas com a entrada “no deserto gelado” teve necessidade de parar. “Não era possível assimilar o mundo, as novidades e as experiências e escrever ao mesmo tempo”, refere.
A opção pela Lapónia foi simples e já reflectia o ir mais longe. Tinha a hipótese de Barcelona, mas “quanto mais longe e diferente melhor”, como assegura. “Foi uma experiência extrema e brutal e a partir daí comecei a viver mais e a escrever menos, havia tanto para viver e fazer que não conseguia perder tempo a escrever.”
A escrita voltou em 2003, altura em que estava num “outro deserto”, desta feita num parque natural na Bolívia a cinco mil metros de altura. Foram as montanhas longínquas que alteraram a sua concepção de espaço e que trouxeram de volta a necessidade de escrever. Foi ali que “encontrou as palavras para aquilo que queria dizer”.

Línguas e personalidades

Hoje em dia fala sete línguas. Apesar de ainda escrever maioritariamente em Italiano, para Francesco “uma língua não é só a tradução de uma palavra mas implica uma forma diferente de ver a realidade”. Para o autor, a mesma palavra em línguas diferentes pode alterar o conteúdo, a situação, ou mesmo a atitude de quem a escreve.
Se um dia resolveu estudar Ciência Política de modo a entender a realidade que o rodeia, a escrita apareceu como forma de a contar. A poesia, por sua vez, é a “forma mais simples de o fazer”. “Por ser directa e muito íntima é uma forma de expressão capaz de mostrar a realidade sem juízos de valor”, frisa.
“Palavras à janela” é um livro que não limita o leitor. Para Francesco Navarrini é um compromisso com a liberdade de pensar e do próprio leitor, sendo a sua escrita uma “imagem” a ser interpretada livremente por cada um, ao mesmo tempo que dá a possibilidade de “fazer a sua própria criação”.
A apresentação da obra está marcada para as 18h30 da próxima sexta-feira e o autor espera que, acima de tudo, seja um encontro interactivo com os interessados em conhecer e discutir o livro. A entrada é livre.

9 Ago 2016

Sound & Image Challenge | Recebidas mais do dobro das candidaturas face a 2015

Está aí mais uma edição do Sound & Image Challenge, que este ano promete mais filmes de todo o mundo do que no ano passado. Para Dezembro estão preparadas as visualizações das películas, mas a competição “Volume” ainda está aberta

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Sound & Image Challenge (SIC), da Creative Macau, recebeu o dobro das candidaturas para a categoria de curtas-metragens, face ao ano passado. Organizado pela Creative Macau e pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), a competição conseguiu este ano 1659 filmes provenientes de todo o mundo, que serão exibidos entre os dias 6 e 11 de Dezembro no Teatro Dom Pedro V e na Cinemateca Paixão.
O SIC, que agora se transformou num festival internacional, abrange curtas-metragens e videoclips musicais e está aberto a todo o mundo. Este ano, de acordo com um comunicado da Creative Macau, Espanha, Estados Unidos, França, Brasil Inglaterra, Índia Alemanha, Canadá, Taiwan, Argentina, Rússia, Portugal, China e Austrália foram os países participantes, sem esquecer Hong Kong e Macau, onde o número de participações foi superior.
Nesta que é a 16ª edição do festival, durante seis dias serão exibidos todos os filmes, em dois espaços cedidos à organização pelo Instituto Cultural: o Teatro Dom Pedro V e a Cinemateca Paixão. As entradas são gratuitas.
Júri começa a ronda
Cabe agora ao júri avaliar todo o material em duas competições distintas: a competição Shorts”, que premeia todas as curta-metragens nas categorias de Ficção, Documentário, Animação e Publicidade, e a competição “Volume”, que premeia um videoclip que incorpore integralmente uma composição de uma banda de Macau.
Os jurados da competição “Shorts” são todos profissionais locais e internacionais com relação ao cinema e ao audiovisual, sendo composto por seis profissionais locais que fazem a pré-selecção. Daqui vai resultar uma lista de filmes finalistas que será posteriormente avaliada pelo Grande Júri.
O Grande Júri é composto por Sam Ho, curador, crítico de cinema e professor em Hong Kong e Estados Unidos da América, João Francisco Pinto, director de Programas dos Canais Portugueses da Televisão de Macau (TDM), e finalmente o fundador e director do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto, Mário Dorminski.
Já o quadro de jurados da pré-selecção do “Volume”, que viu o prazo de candidaturas prolongado (ver caixa) é composto por Vincent Cheang, músico fundador e líder da banda L.A.V.Y e da Live Music Association. Vincent Hoi, realizador independente, estabeleceu a sua companhia especializada na produção de vídeos comerciais educacionais, para televisão e para a Administração e Miguel Khan, outro dos nomes que compõem este júri, é director de multimédia numa operadora local e colabora com artistas e jovens em várias áreas criativas, para vídeos publicitários e para espectáculos ao vivo.
O Grande Júri é composto por Lok Kong, director substituto de Programas Chineses da Teledifusão de Macau, e o músico e compositor de música clássica e electrónica, jornalista e empreendedor local Ray Granlund.
O festival permite ainda a interacção do público na votação das curtas-metragens preferidas da competição “Shorts”, a decorrer no dia 8 de Dezembro no Teatro Dom Pedro V. A escolha determinará o prémio Público, no universo dos filmes nomeados nas quatro categorias de Ficção, Documentário, Animação e Publicidade.
São ainda quatro os prémios que serão atribuídos além dos grandes vencedores: Melhor do Evento, que pretende distinguir o filme que se destaque em qualidade, o Macau Cultural Identity, onde visa premiar filmes que dêem destaque à cultura local, e Melhor Entrada Local, filmes submetidos por concorrentes que possuem bilhete de identidade de Macau ou que possuem o título de identificação de trabalhador não-residente.

Prolongado prazo para o “Volume”

Segundo a entidade organizadora, as candidaturas para a competição “Volume” ainda podem ser entregues, uma vez que o prazo foi alargado até 31 de Agosto. Esta competição pretende a criação de videoclips para músicas de bandas locais, que estão disponíveis no site da organização.

8 Ago 2016

Erro Médico | Lei vai a votos ainda nesta sessão legislativa

Foi assinado o parecer da Lei do Erro Médico e o diploma vai dar entrada na AL ainda nesta sessão legislativa. Depois de anos em análise, os deputados consideram a finalização do diploma “foi uma grande vitória”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Regime Jurídico do Erro Médico viu a sua análise terminada. O diploma, que conta já com dois anos e nove meses de análises e versões, já foi finalizado pelo Governo e segue agora para ser analisado e votado pelos membros do hemiciclo, ainda nesta sessão legislativa.
Para o presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, Cheang Chi Keong, a demora deveu-se à “grande complexidade” da lei, sendo que “muitos interesses que se reflectem na sociedade foram tidos em conta, bem como os devidos aspectos técnicos” do diploma. A esta panóplia de causas junta-se a mudança de Governo, registada em 2014.
Para Cheang Chi Keong, a assinatura do parecer foi “uma grande vitória”, ainda que tenha sido tardia. “Não foi fácil mas finalmente conseguimos concluir. De facto, a nossa colaboração com o Governo foi óptima. Apesar de alguns obstáculos, como a mudança de Governo, conseguimos. Era [uma proposta] para ser concluída no próximo ano, mas conseguimos antecipar o trabalho.”
Se passar no hemiciclo, a lei só entrará em vigor 180 dias após a sua publicação em Boletim Oficial, ao contrário dos 142 inicialmente previstos. Esta alteração deve-se à necessidade de mais tempo para a colocar devidamente em prática.

Opiniões divididas

O diploma sempre levantou polémica do lado dos profissionais, que o consideram mais para proteger os doentes do que os médicos. Já em 2014 a Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau considerava que esta lei “não era necessária” nem iria introduzir “melhorias” na prestação dos cuidados de saúde. Num parecer enviado à AL na altura, quando presidida por Rui Furtado, a Associação criticava o diploma e antevia uma “medicina defensiva”. Dois anos e uma nova cara na presidência da Associação depois, não mudou muito o sentimento.
“Esta lei é sem dúvida discutível”, indicou ao HM, o mês passado, Jorge Sales Marques, actual presidente da Associação. “Em qualquer parte do mundo esta é uma lei discutível, em Portugal também houve discussão sobre o tema. Enfim, temos de aceitar a lei, ela existe e foi aceite pelos deputados, mas temos de saber interpretá-la muito bem”.
O alerta de Sales Marques chegava na mesma linha de pensamento de Cheung Iek Lap, deputado e médico. “A lei é fundamentalmente para proteger o doente”, ressalva o profissional. “Temos de pensar quem é que defende o médico? Qualquer pessoa pode acusar outra e os médicos, por sua vez, poderão fazer uma medicina mais defensiva devido a esta lei.”
Para Cheung Iek Lap, essa é precisamente a falha desta lei. “A proposta diz no início que é para proteger os direitos de ambas as partes, mas não encontro nada que esteja a proteger os médicos”, frisou no mês passado.
O diploma, que segue de imediato para a AL para que seja analisado antes das férias, vai implicar a compra de seguro de responsabilidade civil obrigatório que terá que ser adquirido pelos médicos e a criação de um centro de mediação, bem como a possibilidade de contratação de “peritagem de fora” para analisar eventuais casos.
Já a Comissão, segundo a rádio Macau, considera que o Governo está a “apostar os interesses dos utentes num jogo de alto risco”, devido ao facto de ter que ser o doente a provar que houve erro médico.

8 Ago 2016

Angela Leong quer mecanismo central de controlo dos funcionários dos casinos

[dropcap style=’circler’]A[/dropcap]ngela Leong pediu ao Governo a criação de um mecanismo de supervisão dos funcionários do sector de Jogo. A deputada concorda com a decisão de proibir a entrada a funcionários dos casinos noutros espaços de jogo, porque considera que o sector também trouxe um impacto negativo à sociedade.
Depois do Governo ter anunciado que iria modificar a lei para impedir os funcionários de jogo de entrar noutros casinos, a deputada Angela Leong escreve numa interpelação que concorda com a medida, relembrando que já levantou em 2007 esta proposta. A também directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau diz ter pedido várias vezes ao Governo que melhore os regulamentos do sector e espera que o Governo “possa concluir e publicar o resultado” o mais rápido possível. Para Leong, o jogo traz consequências negativas sociais, sobretudo o problema de vício, e está “cada vez pior a questão de jogo patológico entre os funcionários de jogo, como revelou um estudo, que indica que o número de jogadores viciados que são funcionários de casinos é o dobro dos outros cidadãos”.
A deputada diz que a política do Jogo Responsável permitiu mais fiscalização do acesso, mas como não é obrigatória, não causou grandes efeitos. Por isso, a deputada quer que o Executivo crie um sistema em conjunto com as empresas de jogo para que haja um sistema de controlo centralizado, de forma a que as responsabilidades não sejam só as empresas, como também os operadores dessa supervisão, que pretende controlar a entrada dos funcionários em casinos.
“Embora os funcionários sejam bem remunerados, o seu trabalho é monótono, trabalhar por turnos diminui a sua interacção social e lidam sempre com grandes montantes de dinheiro, acabando por participar em Jogos devido ao stress e ao facto de se sentirem seduzidos pelo dinheiro”, frisou.

8 Ago 2016

Amamentação | Governo promete 68 salas até fim do ano

Os Serviços de Saúde anunciaram a abertura de 68 salas de amamentação, bem como nova legislação para estender a medida a todos os serviços públicos. A notícia foi avançada durante a cerimónia de entrega de louvores para a promoção de aleitamento materno, no sábado passado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té ao final de 2016, o Governo pretende criar 68 salas de amamentação em 15 serviços da tutela do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. O anúncio foi feito pelo director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, durante a entrega de louvores a entidades envolvidas na promoção de aleitamento materno. O responsável fez saber também que será criada legislação no sentido de regulamentar a criação de salas obrigatórias em todos os serviços e entidades públicas, como aliás tinha já sido referido no hemiciclo.
Com estas medidas, os SS esperam inspirar o sector privado e incentivar as instituições não-governamentais a fazer o mesmo. As medidas vão “no sentido de se criar um ambiente mais favorável para as mães que amamentam”, referiu Lei Chin Ion, citado num comunicado. A título de exemplo, o director dos SS referiu ainda que “todos os Centros de Saúde já possuem uma sala de amamentação (…) e que muitas entidades cívicas já implementaram medidas para apoiar as trabalhadoras e residentes que amamentam, disponibilizando espaços ou tendo criado salas de amamentação”.
Segundo informações dos SS, em 2015 nasceram em Macau 5700 bebés entre os quais 5100 (cerca de 88%) foram amamentados por leite materno e mais de 630 (cerca de 11%) foram amamentados exclusivamente com leite materno durante quatro ou mais meses. Para o Governo, estes números evidenciam que as políticas desenvolvidas no sentido da promoção do aleitamento materno estão a obter resultados positivos, uma vez que, em 2013, as mães que amamentavam situavam-se nos 55%.
Ainda assim, o Governo diz ser necessário desenvolver mais actividades de forma a apoiar e dar atenção às mães trabalhadoras que ainda possam sentir dificuldades para conseguir amamentar os seus filhos.
Durante a cerimónia para a entrega de louvores, que contou com a parceria da Associação de Amamentação de Macau e de diversas mães, a presidente da Associação afirmou que “a promoção activa dos SS no apoio ao aleitamento materno tem permitido um aumento constante da taxa de amamentação”. A responsável acredita, por isso, que a “divulgação das directrizes dos equipamentos e de gestão da sala de amamentação irá permitir que mais serviços públicos possam melhorar as actuais salas de amamentação, incentivando que mais empresas privadas possam seguir o exemplo”.

8 Ago 2016

Lam Heong Sang quer Lei Laboral com regime de compensação de feriados

Feriados que calham ao fim-de-semana, dias que deveriam ser de direito ao descanso e patrões que marcam folgas em dias de feriado. Lam Heong Sang quer ver estes problemas resolvidos, para que os trabalhadores de todos os sectores possam gozar dos dias a que têm direito. A revisão da Lei Laboral é o que está em falta, diz o deputado, que pede mais rapidez

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]sobreposição dos feriados obrigatórios e dos dias de descanso semanal faz com que muitos empregados não consigam gozar de todas as feriados legais devidos. Quem o diz é Lam Heong Sang, que quer saber quando é que o Governo vai acabar com o processo da alteração da Lei das Relações de Trabalho e entregar a proposta.
Entre muitas das outras mudanças, está também a ser analisada a alteração ao diploma face aos dias de feriado e fins-de-semana que se sobrepõem. Como relembra o vice-presidente da Assembleia Legislativa (AL), numa interpelação escrita, no próximo ano vai haver três dias de feriados obrigatórios que coincidem com sábados e o “apelo da população quanto à compensação dos feriados legais é forte”.
No ano passado, o Governo já lançou o processo da alteração da Lei das Relações de Trabalho, diploma que enfrenta agora as sessões de análise do Conselho Permanente de Concertação Social. O deputado quer, então, saber quando é que a questão vai ser resolvida.
Segundo a actual legislação, cada empregado possui um total de 52 dias de folgas anuais, dez dias de feriados obrigatórios e seis dias de férias. Cada empregado pode gozar no total de 68 dias de férias legais. Contudo, como aponta na sua interpelação oral, Lam Heong Sang diz que muitos empregados têm revelado que o descanso semanal coincide com os feriados obrigatórios. Ainda há empregadores que deliberadamente marcam o descanso semanal nos dias de feriados obrigatórios, diminuindo os feriados legais que os empregados deveriam gozar.
O deputado refere ainda que, para os funcionários públicos, quando os feriados oficiais coincidem com os sábados ou domingos, por despacho do Chefe do Executivo vai-se aprovar tolerâncias de ponto para recompensar. Este ano, por exemplo, há oito dias. No próximo ano serão sete. Os trabalhadores “esperam que esta prática para compensar os feriados possa ser promovida”, diz Lam Heong Sang, a fim de assegurar que os empregados de outros sectores também possam gozar de todos os feriados oficiais.

8 Ago 2016

Melco quer mesas VIP no Studio City mesmo com aumento das receitas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Melco Crown quer ter mesas para grandes apostadores no casino que abriu no ano passado e que inicialmente tinha decidido dedicar a 100% ao mercado de massas. O presidente-executivo da empresa, Lawrence Ho, disse que a expectativa é conseguir autorização do Governo para 30 mesas de jogo VIP no Studio City, que “melhorarão” os resultados do resort.
“Ter alguma presença [de jogo] VIP irá provavelmente ajudar o resto da oferta não jogo” e posicionar melhor o Studio City, acrescentou Lawrence Ho, citado pelo site especializado em jogo GGRAsia, numa conferência com analistas na quinta-feira à noite, a propósito da apresentação dos resultados da Melco Crown no segundo trimestre deste ano.
A empresa espera que o Governo tome uma decisão ainda este mês ou no início de Setembro e pretende dar a exploração de dois terços dessas mesas VIP a junkets. A 6 de Julho a agência Bloomberg havia já anunciado que o Studio City planeava abrir salas de grandes apostadores, mexendo na estratégia inicial que fez do complexo o primeiro sem espaços de jogo VIP em Macau.
A operadora anunciou a semana passada que aumentou as receitas líquidas em 17% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2015, devido, em parte, ao novo resort. As receitas líquidas do grupo entre Abril e Junho ascenderam a mil milhões de dólares norte-americanos e o aumento deve-se, “em primeiro lugar” ao Studio City e ao aumento das receitas do City of Dreams Manila – nas Filipinas -, segundo um comunicado da Melco Crown.
“O Studio City (…) está ainda em fase de crescimento e a posicionar-se para maiores aumentos de receitas e lucros no futuro”, considerou Lawrence Ho.
De portas abertas desde 27 de Outubro de 2015, o Studio City nasceu totalmente focado no mercado de massas e, sobretudo, na classe média chinesa. A abertura de salas VIP tem como objectivo ajudar a compensar a diminuição de quase 83% nos lucros líquidos que a Melco Crown sofreu no ano passado, segundo as fontes da Bloomberg.

8 Ago 2016

Ao trabalho… nem tudo o vento levou

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á alguns dias o tufão Nida passou por Macau. O Nida recebeu sinal 8 em Hong Kong, e sinal 3 em Macau. Felizmente em Macau não provocou danos dignos de monta.
Mas a “visita” do tufão levantou uma questão que passamos a analisar. Prende-se com questões laborais e leva-nos a reflectir sobre os horários de trabalho. É evidente que este assunto não é novidade para ninguém. O tufão Nida era potencialmente muito devastador. Inicialmente em Hong Kong temeu-se que pudesse chegar ao grau 10. Em Macau foram tomadas medidas para preparar a sua vinda. Como acabou por se perceber que aqui a tempestade não passaria do grau 3, os horários de trabalho acabaram por não ser alterados. No entanto a questão mantém-se. Que horário laboral deve ser considerado durante um alerta de tufão de grau 8 ou superior?
Sobre este assunto a Lei de Trabalho não se pronuncia. A nossa lei laboral não faz qualquer referência a procedimentos em caso de tufões fortes. No site da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais menciona-se que, em situação de tufão de sinal 8 ou superior, a entidade patronal e os trabalhadores devem chegar a um acordo.
Na medida em que a lei não regula sobre esta matéria é importante que os contratos de trabalho feitos em Macau a tenham em consideração. É preciso não esquecer que aqui muita gente trabalha na área de serviços e, parece praticamente impossível, dispensar todos estes trabalhadores se passar um tufão muito forte. Poderia haver consequências muito negativas em termos sociais. Mas a ausência de qualquer legislação sobre este assunto também não é justa para os trabalhadores. Em situações deste género é perigoso sair de casa, as pessoas sujeitam-se a ter acidentes.
O site da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais adianta ainda que numa situação de tufão de sinal 8 ou superior, a empresa que solicite os serviços dos funcionários é obrigada a fazer um seguro de trabalho. O estipulado pela lei 40/95/M não deixa dúvidas. No caso de uma pessoa se deslocar para o trabalho durante a ocorrência de um tufão de sinal 8 ou superior, qualquer acidente que sofra nas três horas que antecedem a sua chegada ao serviço, ou nas três horas após a sua saída, será tratado como um acidente de trabalho. Caso o acidente se verifique, a empresa deverá comunicá-lo ao Departamento Laboral de Macau, no período máximo de 24 horas, e o empregado pode receber uma compensação por cada duas semanas que fique impossibilitado de trabalhar. O seguro de trabalho garante protecção para os períodos de deslocação entre a casa e o trabalho. Se este seguro não tiver sido feito, então será a empresa a responsável pelas indemnizações e ainda será penalizada. Terá de pagar uma multa de 5.000 patacas por empregado.
Este enunciado parece ser bastante claro, mas na prática não o é. Imaginemos que o empregador ignora estas instruções. Que posição deve tomar o empregado?
É evidente que o empregador deve assumir a responsabilidade caso haja um acidente de trabalho. Como atrás referimos, a entidade patronal será punida se o seguro não cobrir acidentes de trabalho. Para além disso, não parece existir mais nenhuma medida que proteja efectivamente o funcionário. Pedir aos empregados que negoceiem com os patrões em casos desta natureza não tem qualquer efeito, já que, se houver um acidente, este será coberto pelo seguro que terá obrigatoriamente de incluir acidentes de trabalho. Desta forma, o patrão tem legitimidade para continuar a exigir que o empregado trabalhe mesmo que haja um tufão muito forte. Para além disso, as pessoas precisam do emprego mais do que os patrões precisam delas. O poder negocial dos empregados é inferior ao dos patrões.
Na verdade, é não seguro ir trabalhar em presença de um forte tufão. Caso se dê algum acidente, mesmo que o seguro garanta uma compensação monetária, a pessoa continua a sofrer os danos físicos causados. Se perdermos dinheiro, podemos trabalhar mais afincadamente, e voltar a ganhá-lo. Mas se sofrermos danos físicos, por exemplo, se perdermos uma perna num acidente de trabalho, não a podemos recuperar mesmo que nos paguem um milhão de dólares. É o tipo de perda que não pode ser compensada por dinheiro nenhum deste mundo.
Tendo tudo isto em consideração, concluímos que é melhor para todos pensar-se num método que estabeleça um equilíbrio entre os interesses dos patrões e dos empregados em situações de catástrofe iminente. Já que é dever do empregador accionar um seguro que cubra acidentes de trabalho, o melhor a fazer é informar o empregado sobre todos os pormenores do contrato com a seguradora. Por exemplo, o funcionário deve ficar a conhecer todas as circunstâncias que não são cobertas pelo seguro. O empregado também deve ter conhecimento se houver alteração de seguradora.
Se algumas pessoas forem obrigadas a trabalhar mesmo sob condições atmosféricas muito adversas, é aconselhável que a nossa lei de trabalho estipule que o contrato laboral deve incluir todas estas condições. Devem ser mencionadas obrigatoriamente, à semelhança do nome do trabalhador e do salário que vai auferir. Porque que não usar a mesma lógica para regular as condições laborais em caso de tufão forte?
Para além disso deveria ser dado às pessoas o direito de não sair de casa, ou do local de trabalho, se as condições atmosféricas forem particularmente violentas, isto se entidade patronal não tiver um seguro que cubra acidentes de trabalho. O direito de nos recusarmos a trabalhar é mais importante do que as compensações monetárias. Ninguém em seu perfeito juízo troca a integridade física por dinheiro.

* Consultor Jurídico da Associação Para a Promoção do Jazz em Macau

8 Ago 2016

Prometida revisão de mais de 40 licenças administrativas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai rever mais de 40 procedimentos de licenciamento para que a atribuição de licenças seja mais rápida. O anúncio foi feito por Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, que indica ainda que o Governo não pretende contratar mais recursos humanos.
Citada num comunicado após um evento público, a responsável da tutela da Justiça assegurou que vão ser revistos 45 procedimentos interdepartamentais de licenciamento e licenças administrativas durante este e o próximo ano. A ideia é simplificar, sendo que a Secretária tem já um grupo de trabalho interdepartamental “a proceder aos trabalhos de revisão para tentar que o regime de licenciamento para o sector de restauração e o sector hoteleiro seja concluído ainda no corrente ano”.
O facto de os pedidos de licenciamento terem de ser feitos por diversos departamentos públicos atrasa a atribuição de licenças, tendo levado a várias queixas. Agora, o Executivo quer não só alterar esta situação, como se prepara também para promover um serviço electrónico para a prestação de informações, de forma a que “os requerentes saibam sobre os procedimentos e formalidades de regime de licenciamento e consultarem o andamento do respectivo pedido”.

Quadros racionados

Sónia Chan falou ainda sobre o progresso nos trabalhos de racionalização de quadros e da simplificação administrativa do Governo, entre os quais, o plano de reorganização da estrutura dos serviços. A Secretária assegura que os trabalhos de fusão da Direcção dos Serviços de Correios e da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações, bem como a integração do Gabinete Coordenador de Segurança nos Serviços de Polícia Unitários estão já “em fase de conclusão”, sendo que estes deverão estar reestruturados dentro do calendário, ou seja este ano.
Já no que diz respeito à contratação de funcionários públicos, Sónia Chan assegurou que o Governo está a “controlar o crescimento do número de pessoal”, não pretendendo aumentar os recursos humanos no próximo ano, excepto para complementar a perda de eventuais empregados. A Secretária deixou ainda a promessa de rever regimes relacionados com a Função Pública, de forma a melhorar as suas condições.

8 Ago 2016

Pequim, 30 de Novembro de 1977

*por António Graça Abreu

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omecei a estudar chinês. Tem de ser. Não posso continuar a ser um glorioso analfabeto em terras da China, um miserando português que não sabe, nem conhece um caractere do tamanho de um autocarro e não consegue alinhar três palavras seguidas em chinês.
No meu trabalho, traduzir (do inglês ou francês!), corrigir traduções e dar aulas de português não necessito muito do chinês. Tenho por perto o pessoal chinês que rapidamente serve de intérprete e resolve os problemas de tradução. Mas se me lanço sozinho por dentro de Pequim, como é? Se avanço solitário, como sei que irei gostar, por dentro da China, como me desenrasco?
E depois para entender as mentes chinesas é necessário saber como eles falam e como pensam, associando tudo aos caracteres, à escrita.

Pequim, 1 de Dezembro de 1977

Sempre a aprender. Hoje conferência no Hotel sobre as mudanças na actual economia chinesa pelo camarada prof. Su Duxing, da Universidade de Qinghua.
Começou por destacar alguns dos crimes do “bando dos quatro”. Ao avançarem demasiado depressa na destruição da propriedade dos meios de produção, os “quatro” sabotaram a construção da economia socialista.
Em 1956 quase todas as empresas eram mistas, com capital estatal e capital privado. Sob o socialismo, durante dez anos, os capitalistas obtiveram 5% do lucro das empresas. Diz o camarada Su Duxing que o capitalismo de Estado, segundo Engels, é a via obrigatória da transição para a propriedade de todo o povo, Os erros dos “quatro” não serão apenas equívocos de conjuntura, o Partido Comunista também enveredou por becos sem saída, não se deviam ter expropriado violentamente as pequenas unidades de produção rurais que passaram de cooperativas de tipo inferior para cooperativas de tipo superior. Em 1958 começaram as comunas populares, unidades básicas de contabilidade e produção, com equipas, brigadas e comunas. O nível de produtividade não era elevado, tínhamos uma colectivização socialista de permeio com um direito burguês.
E o professor Su Duxing explica:
Durante a construção do socialismo continuam a existir contradições entre os homens, mas houve quem tivesse confundido tudo, falado apenas da luta de classes, as luta entre o proletariado e a burguesia, semeando ilusões entre as massas. Ora subsistem dois tipos de contradições, as existentes no seio do povo e as contradições entre nós e o inimigo. Era necessário distribuir os artigos de consumo de acordo com o trabalho de cada um. Quem trabalha mais, ganha mais e quem não trabalha não come. Era necessário fazer com que a economia ascendesse à situação, como disse Marx, de a “cada um segundo o seu trabalho, a cada um segundo as suas necessidades.” Era necessário diminuir as desigualdades, sem deixar de reconhecer a existência de uma mentalidade burguesa num estado aparentemente sem burguesia. O igualitarismo, quando se nega a realidade, favorece os preguiçosos, os que sentem aversão pelo trabalho. No socialismo, todos trabalham para todos mas a igualdade absoluta não é deste mundo.
O “bando dos quatro” confundia a distribuição de a “cada um segundo o seu trabalho” com a exploração capitalista e esquecia que a burguesia continuava a existir no seio do Partido, no seio do exército. Os “quatro” chegaram a afirmar que as mulheres, ao parir, davam o exemplo máximo do desenvolvimento das forças produtivas. Defendiam que o povo chinês devia ser “pobre mas socialista” e não “rico, mas capitalista”. Ora, sem lucros nas empresas socialistas é impossível avançar com o socialismo, o “bando dos quatro” confundia lucros socialistas com lucros capitalistas. Fomentavam a ignorância do povo, para assim “estarem mais próximos da verdade.”
O camarada Su Duxing concluiu a sua explanação com uma bonita tirada eivada de poesia:
O “bando dos quatro” eram uma árvore seca, com a chuva da Primavera tudo voltou à vida.

Pequim, 5 de Dezembro de 1977

Os chineses com quem trabalhamos levam-nos frequentemente numa espécie de visitas de estudo aos mais diversos lugares de Pequim e arredores. São fábricas, comunas populares, templos, lugares turísticos, até quartéis.
Hoje calhou em sorte ir ver a tropa chinesa, fui cirandar pelo campo militar de Fangshun, divisão 196 do exército chinês, nos subúrbios norte de Pequim, junto às montanhas, não muito longe da Grande Muralha da China. 8816P14T1-D
Na minha vida recente, apanhado pela roda da História, levei com três anos e sete meses (de Outubro de 1970 a Abril de 1974) de serviço militar no exército português, levei com quase dois anos de inserção numa guerra sem tréguas em que participei, no norte, centro e sul da Guiné. Os conflitos bélicos infelizmente não me são estranhos.
Foi agora o tempo de voltar aos fuzis, ao cheiro a pólvora, de conhecer uma grande unidade militar made in China.
Eis-me chegado ao que me dizem ser um destacamento armado do povo que passou de pequeno e débil a grande e poderoso, com raízes na guerrilha anti-japonesa, depois na luta anti-Chiang Kai-shek, antes da “libertação” comunista, em 1949. Esta unidade militar participou também na Guerra da Coreia e dizem-me que aniquilou 38.000 soldados inimigos, a maioria militares norte-americanos. Falam-me do exército como sendo uma grande escola e também um destacamento de combate, trabalho e produção. Devem aprender com os camponeses e com os operários, dedicarem-se à agricultura e ter pequenas fábricas. Devem estreitar as relações entre o exército e o povo, estar ao lado do povo, servir o povo. Devem privilegiar a igualdade entre oficiais e soldados, devem colocar-se sob a direcção dos comités do Partido, devem respeitar a disciplina e seguir as justas advertências do Presidente Mao Zedong. Hoje a educação política gira em volta da crítica ao “bando dos quatro” que consideravam que dedicar-se à produção equivalia a fomentar “rabos de capitalismo.”
Levaram-me a dar uma volta pela unidade militar, a conhecer os alojamentos dos oficiais e dos soldados, tudo limpo, instalações espartanas mas funcionais.
No fim da visita fomos para uma espécie de carreira de tiro assistir às habilidades das tropas, disparando excelentemente as Kalashnikovs e outras armas que não identifiquei.
Fiquei a saber que o serviço militar não é obrigatório, mas todos os anos cerca de 5 ou 6 milhões de chineses, sobretudo oriundos do campo, oferecem-se como voluntários para as forças armadas, durante um período de quatro anos. Só 1 ou 2 milhões são aceites. A experiência na tropa garantir-lhes-á um futuro emprego, dar-lhes-á importância nas terras onde nasceram e promoção a quadros do Partido.

Pequim, 9 de Dezembro de 1977

Hoje foi dia inteiro de visita ao Complexo Petroquímico de Pequim situado no distrito de Daxing, uns cinquenta quilómetros a sul da capital.
Impressionante a obra que se estende por vastos espaços numa planície encostada a uma cadeia de montanhas.
Como de costume, logo após a chegada, conduzem-nos para uma sala de recepção onde vamos ouvir o extenso relatório do camarada, espécie de relações-públicas da grande empresa. Desdobra-se em esclarecimentos e comentários. Eu fui anotando:
O complexo é recente, foi inaugurado em 1968 e é composto por aquilo a que chamam “várias fábricas”, uma refinaria de petróleo de nome Oriente Vermelho (o petróleo vem de Daqing, na Manchúria, por um pipe-line), mais instalações para produção de borracha sintética e amoníaco, outra de derivados de petróleo que resultam nos mais diversos plásticos, outra fábrica que dá origem a sabões, detergentes e parafina, e ainda uma fábrica de adubos. Falam-nos de cinco unidades auxiliares onde se produz cimento, cal hidráulica, oficina de reparação de maquinaria e aparelhagens, um centro de inovação e experimentação científica. Contam ainda com um hospital com 450 camas e há doze escolas com 15.000 alunos.
Em volta do Complexo Petroquímico construíram uma cidade onde vivem 120.000 almas, 10.000 das quais são crianças. 40.000 pessoas trabalham directa ou in- directamente no Complexo, 37% são mulheres, num total de 16.000 famílias. Têm uma estação para o tratamento das águas poluídas que depois servem para irrigar os campos. Mas a cidade operária foi construída demasiadamente em cima do Complexo Petroquímico, apenas uma ou outra rua a separa das fábricas e já sentem problemas de poluição entre as pessoas. O Complexo desenvolveu-se com muita rapidez, eles não foram capazes de gerir o ritmo das sucessivas alterações e mudanças. 8816P14T1-A
Os blocos de apartamentos são propriedade do Estado, o aluguer de cada m 2 custa sete fen por mês, cada lâmpada custa 10 fen, por cada fogão pagam-se 50 fen mensais. Os salários médios correspondem a 55 yuans (5.500 fen), sendo o mais baixo de 39 yuans e o mais elevado de 108 yuans.
Falam-me na sabotagem levada a cabo pela linha esquerdista do “bando dos quatro”. Os operários veteranos, os menos radicais, foram acusados de seguir a via capitalista de, ao importarem tecnologia japonesa, mostrarem seguidismo e servilismo diante do estrangeiro. Dizem-me que querem aprender com o que há de bom no estrangeiro para fazer crescer a Petroquímica. Acaso algum país vive fechado dentro das suas quatro fronteiras? Dizem-me que hoje têm três engenheiros norte-americanos a trabalhar com eles.
Mas quantos problemas de natureza política e económica assolaram já este enorme Complexo Petroquímico?
Almoço com a classe operária, ou melhor, numa pequena sala anexa ao grande refeitório. Arroz, uns legumes, pedacinhos de carne de porco e ovos mexidos com couve. A visita prolonga-se pelo resto do dia, fábricas, canos por todo o lado, tubagens e chaminés queimando gás como aquela nossa chaminé de Cabo Ruivo, em Lisboa.
Do que mais gostei foi de um dos infantários dos filhos dos trabalhadores do Complexo, com crianças admiráveis, capazes de fazer piruetas na lua.

8 Ago 2016

Angola | Uma crise sem fim à vista, num país onde a China recebe milhões

Angola, um país onde cerca de 70% da população vive com menos de dois dólares por dia. É na venda do petróleo e nos chamados “petrodólares” que assenta a economia do segundo maior produtor do “ouro negro” em África. O preço do barril caiu, os petrodólares não entram nos cofres e a crise instala-se. Não há divisas, não há bens e a miséria continua a ser só de alguns, enquanto o povo, na sua maioria, não se apercebe do que se passa

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]O salário que mingou, a comida que aumentou o preço, de ano para ano…” Podiam ser apenas as palavras das músicas do angolano Paulo Fores, que ao ritmo local do semba, descreve as “coisas da terra”. Mas o tema, que era de há muito, continua mais que actual. Angola está em crise económica, social e humana.
O HM quis saber o que é viver neste momento naquela que ainda há poucos anos era uma economia promissora e que se vê agora a braços com uma crise económica agravada. Da falta de alimentos nos supermercados, à inflação que muda de hora a hora, passando pela falta de divisas para poder comprar o que vem de fora, o cenário é de preocupação pelos que por lá ganham a vida e que sentem na pele o estado das coisas. Mas, paralelamente à crise financeira, está uma outra, caracterizada por um medo geral e o não querer falar do país onde se vive.
Ao HM as respostas de “não falo” foram várias e foi no anonimato que se conseguiu ouvir o relato de um país “sem eira nem beira”, como descreveu ‘L’, um dos inquiridos que lá vive há mais de dez anos e que, “por segurança”, também prefere não se identificar.

Fonte que secou

Em 2014, 70% das receitas fiscais de Angola tiveram por base o petróleo. Um ano depois, o rácio não foi além dos 36,5%. Os números são fornecidos pela agência Lusa face à projecção do governo angolano, que tem por base a quebra continuada da cotação internacional do crude. No segundo maior exportador africano do ouro negro, é o petróleo e a recente ausência dos chamados “petrodólares” a causa de riquezas e desgraças e a culpa é da baixa do preço do barril. angola
Para quem lá vive, a descida de preços do petróleo é efectivamente uma das grandes causas, mas não é só. ‘R’, de 40 anos, um português a trabalhar neste país subsariano, afirma que o “caos” se deve ao facto de não ter sido feita “uma almofada financeira” capaz de evitar que, em momentos destes, as divisas não fossem abaixo. Por outro lado, refere, é a “má gestão aliada à corrupção que está na base do regresso dos tempo difíceis”.
Para ‘J’, também português e que trabalha na capital angolana, o petróleo não é justificação para tudo. “Há gente que se está a aproveitar desta situação de crise”, afirma. A opinião é ainda partilhada por José P., fotógrafo angolano que fala com aflição e tristeza do estado das coisas.
“O petróleo, aliado à má gestão, à má distribuição da riqueza, à corrupção e à ausência de estratégias políticas / económicas que dotassem o país de capacidade para tornear os problemas resultantes da queda dos preços nos mercados internacionais” é a razão da crise. “Uma ineficaz ou inexistente política para a tão propalada diversificação económica são, se calhar, a justificação para o estado em que nos encontramos”, diz ainda, acrescentando que “em tempo de crise há quem se aproveite e muito da situação e que com a especulação enriqueça de um dia para o outro”. É que esta, como descreve, não é uma crise de todos nem para todos.

Acabaram os petrodólares

“Petrodólares” é a gíria usada para classificar os montantes que entram no país com a venda do barril de crude. Baixa o preço, baixam os “petrodólares”. E neste momento o país está sem divisas. “Não há dinheiro” para pagar os bens de primeira necessidade que entram em navios de contentores e aqueles que antes se acumulavam junto ao porto de Luanda são agora “cada vez menos”.
Um país que não produz e que depende em muito das importações apresenta agora as prateleiras dos supermercados cada vez mais vazias e quando há comida, já se começam a ver anúncios de racionamento. “Um litro de leite por cliente” avista-se um pouco por todo o país, “isto quando o há”, como ilustra ‘R’.
De há dois anos a esta parte muito mudou por este país africano. “O custo da comida aumentou muito e há zonas que já nem há”, como afirma ‘J’, enquanto compara o actual estado da Luanda ao que encontrou na sua chegada. “Existirem bens essenciais até existem, mas a preços que são muito elevados” num lugar onde uma laranja importada pode custar 15 dólares.
‘R’ trabalha entre a cidade de Ndalatando e a capital, Luanda. O tempo em viagem entre ambas pode ir até às cinco horas e, se em Luanda até há bens, apesar de racionados e a “preços impensáveis”, naquela cidade de província as prateleiras já começam a aparecer mais vazias e muitos dos produtos que até agora faziam parte do dia a dia dos supermercados tendem a escassear na sua maioria. E nem a preços altos, existem.
“Chega ao ponto de se racionarem as garrafas de água que cada cliente pode levar. Em Ndalatando já não existe carne também”, o que obriga a viagens à capital para que possa ser levada comida para casa.
Já ‘L’, que vive no sul do país diz que “os preços nos mercados mudam de manhã para a tarde, a oferta/variedade é cada vez menor, excepto no Shoprite (cadeia de supermercados angolanos), pois as mercadorias dessa rede vêm por terra, a partir da Namíbia”. “Mas, aproveitam-se e possuem preços pornográficos. Começa a haver racionamento de pão, leite, óleo e sal”, remata.

E o povo?

A diferença de classes é óbvia e oscila entre o petróleo e os diamantes e a farinha de mandioca. A “crise só afecta a alguns” e para R “a população angolana sempre esteve habituada à miséria porque nunca lhes foi dado mais, sentindo-se satisfeitos com a forma como vivem visto não conhecerem outras soluções”. Metaforicamente, ‘L’ afirma que “quem sempre comeu funge, funge continuará a comer”, referindo-se à base alimentar do país baseada numa mistura de água com farinha de mandioca ou de milho, que dá a ilusão de fome saciada e “barriga cheia”. E no futuro, a situação “só vai piorar”.
‘Y’, advogada filha da terra, com cerca de trinta anos, vive na capital. Na sua opinião, a população no geral “nem sequer sabe de muito do que se passa no país”, pois “é preciso mais educação e formação para que as pessoas tenham noção da miséria em que vivem”.
Já José P. baixa os braços ao falar de um povo que “vive um dia após outro, sem sonhos sem perspectivas, sem futuro” enquanto as crianças brincam nas várias lixeiras a céu aberto e que voltam a invadir a capital.
Mas há lugar para a esperança inevitável para quem ali nasceu e ‘Y’ mostra que, no fundo, ainda há uma pequena luz que poderia iluminar o futuro da terra do Kwanza, se o país passasse a investir em si próprio e a ter em conta os outros recursos de que dispõe”. Para a advogada, a solução está no “apostar na produção da agricultura e na agropecuária”, sendo que o país tem fontes de rendimento que não estão a ser usadas da melhor maneira. “Existem muitos recursos que não estão a ser explorados.”

Não há

A saúde sempre foi um sector delicado quando se fala do sector público de Angola, mas “os hospitais de Luanda estão a ficar sem capacidade de resposta devido a surtos de malária e de febre amarela”, como afirmou o Ministro da Saúde de Angola em Março passado.
“Em Luanda, o Hospital Pediátrico David Bernardino, a unidade sanitária especializada no tratamento de crianças, chegou a registar 25 mortes por dia. Faltava um pouco de tudo naquela unidade sanitária desde luvas, seringas, agulhas e diversos materiais gastáveis essenciais para salvar as dezenas de crianças que acorriam àquela unidade hospitalar”, afirma o site de notícias dedicado aos países lusófonos “voaportuguês”. Ainda assim, a situação de emergência não foi declarada.
As campanhas para a vacinação contra a febre amarela, por exemplo, inundam as rádios entre kizombas e kuduros. Mas não há vacinas. Como afirmam declarações anónimas feitas no início deste ano por uma médica que integra a equipa dos Médicos do Mundo. Residente numa província no norte do país, ‘M’ afirma que as vacinas que ali chegam são destinadas aos profissionais de saúde. “Não há mais” e as pessoas que se tentam dirigir aos centro de saúde não conseguem ser vacinadas. Com o medo da epidemia instalado já circulam no mercado paralelo “tubinhos com líquidos variados” que são vendidos à população a preços exorbitantes enquanto vacinas, sem “dó nem piedade”.
O HM entrou em contacto com o Consulado Geral da República de Angola em Macau, mas não obteve resposta até ao final da edição.

Negócio da China – Mais de meia centena de obras atribuídas a empresas chinesas

Não é estranho atravessar os arredores de Luanda e passar por quilómetros de estrada que, não fosse a alternância com os capimzais, poderia ser confundida com uma qualquer estrada na China. Numa das ligação de Luanda à cidade de Viana, os anúncios que denominam as empresas que por ali habitam e os painéis publicitários estão numa língua só expressa em caracteres. É a China que ali vive e é uma área da China para a China.
De empresas de construção, a agências de publicidade e anúncios de venda de areia ou cimento, tudo é escrito em Mandarim e o alvo são as empresas do Império do Meio, que muito tem investido no país.
De acordo com a agência Lusa, e relativamente aos dados mais recentes datados de Junho de 2016, o governo angolano adjudicou a empresas chinesas, por despachos do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, 24 obras em várias áreas, por 1,26 milhões de dólares financiados pela Linha de Crédito da China (LCC).

Meninas a fazer farinha de mandioca (Foto de Sofia Mota)
Meninas a fazer farinha de mandioca (Foto de Sofia Mota)

A informação consta de 15 despachos presidenciais com data de 7 de Junho e mais nove de 8 de Junho, aos quais a Lusa teve acesso e que adjudicam as empreitadas a empresas chinesas, ainda que prevendo a subcontratação de algumas empresas angolanas.
Acrescem outras 30 obras para construção de linhas de transporte de electricidade para quase meio milhão de casas, redes de abastecimento de água ou reparação de estradas, em várias províncias do país, igualmente ao abrigo da LCC e adjudicadas a empresas chinesas na última semana de Maio por 1,898 milhões de dólares.
Até à data foram 54 as empreitadas adjudicadas pelo governo angolano a empresas chinesas, no âmbito da LCC e que ascendem já a mais de 3,2 mil milhões de dólares.  
Os concursos foram limitados “por prévia qualificação” das empresas, no âmbito desta linha de financiamento.
A Lusa noticiou a 21 de Janeiro que a LCC vai financiar 155 projectos em Angola com 5,2 mil milhões de dólares, a executar por empresas chinesas, estimando o governo angolano a criação de quase 365 mil empregos.
 No plano operacional da LCC, elaborado pelo governo angolano com as obras a realizar pelas empresas chinesas ao abrigo deste financiamento, o sector da energia e águas lidera, em termos dos montantes a investir, entre nove sectores, com 2,1 mil milhões dólares alocados para 34 projectos.
 O sector da construção, incluindo a reabilitação de estradas, contará com 33 projectos, mobilizando 1,6 mil milhões de dólares.
 A educação concentra o maior número de projectos, num total de 55, sobretudo a construção de escolas, num investimento global de 374 milhões de dólares. O documento é acompanhado por uma lista com 37 empresas chinesas “recomendadas para o mercado angolano”, ao abrigo da LCC.

8 Ago 2016

Pequim disposto a alcançar “entendimento” com o Vaticano

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m responsável pela igreja católica em Hong Kong disse que a China está disposta a alcançar um “entendimento” com o Vaticano, em torno das divergências sobre a nomeação de bispos.
A China e a Santa Sé não têm relações diplomáticas e a única igreja católica autorizada pelo Governo chinês, a Associação Católica Patriótica Chinesa (ACPC), é independente do Vaticano.
Oficialmente, existem cerca de 24 milhões de católicos na China, país mais populoso do mundo, com cerca de 1.375 milhões de habitantes.
A Santa Sé não tem relações diplomáticas com Pequim desde 1951, dois anos após a fundação da República Popular.
O bispo de Hong Kong, o cardeal John Tong, afirmou que estão a ser feitos progressos e defendeu o diálogo com a China.
“A igreja católica tem alcançado, gradualmente, a consideração do Governo chinês, que está agora disposto a chegar a entendimento com a Santa Sé na questão da escolha dos bispos para a igreja católica na China e a procurar um plano aceitável para ambas as partes”, afirmou Tang, numa carta pastoral publicada na quinta-feira, no ‘site’ oficial da diocese de Hong Kong.
Tong reconheceu que existem algumas reservas, mas que o Papa Francisco não aceitaria qualquer acordo susceptível de “ferir” a igreja.
Governada pelo Partido Comunista Chinês (PCC), cuja base teórica marxista promove o ateísmo e “métodos científicos”, a China mantém uma igreja católica “oficial”, controlada pela ACPC, que é na prática um organismo do Governo.
No entanto, existem na China igrejas clandestinas leais ao Vaticano.
A ACPC é responsável por escolher os bispos, enquanto o Vaticano insiste que esse é o seu direito.
Tong não detalhou se um acordo entre a China e o Vaticano estará perto, nem como funcionaria o novo mecanismo.
Tentativas anteriores de restabelecer relações falharam, perante a insistência de Pequim em que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan, que a China considera uma província separatista, e prometa não interferir nos assuntos religiosos do país.
Em Maio, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, afirmou que as relações entre a China e a igreja católica estão “numa fase positiva”.
Em Fevereiro, o papa enalteceu a China numa entrevista ao sinólogo italiano Francesco Sisci, num gesto visto como uma tentativa de aproximação ao país asiático.
“O mundo espera pela vossa sabedoria”, assinalou então o Papa, dirigindo-se ao povo e ao Presidente chinês, Xi Jinping.
 

8 Ago 2016

Hong Kong | Manifestação pela independência reúne mil pessoas

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma manifestação pela independência, a primeira com este objectivo, reuniu sexta-feira cerca de 1.000 pessoas em Hong Kong na presença de candidatos proibidos de concorrem às legislativas de Setembro por defenderem uma ruptura com a China, referiu a France-Presse.
As autoridades de Hong Kong consideram que as posições pró-independência são contrárias às leis em vigor nesta antiga colónia britânica, uma região administrativa especial chinesa e onde os sectores oposicionistas dizem detectar um reforço da autoridade de Pequim.
Cerca de 1.000 manifestantes de todas as idades reuniram-se na noite de sexta-feira num parque perto da sede do governo, alguns exibindo cartazes com a frase “Independência de Hong Kong”, referiu a agência noticiosa francesa.
Edward Leung, um dos cinco candidatos proibidos de participar nas eleições e líder do partido Hong Kong Indigenous, foi aplaudido pelos presentes durante o seu discurso.
“A soberania de Hong Kong não pertence a Xi Jinping [o Presidente chinês], não pertence às autoridades e não pertence ao governo de Hong Kong. Pertence ao povo de Hong Kong”, assinalou.
Segundo Satomi Cheng, uma manifestante de 49 anos, numerosos habitantes da cidade estão descontentes com a crescente influência da China.
“Dia após dia, os nossos direitos (…) são-nos retirados pelo governo de Hong Kong e o Governo chinês”, disse em declarações à France-Presse.
A ideia da independência é considerada ilegal pelas autoridades de Pequim e Hong Kong, e permanecia um tabu até à recente emergência de novos partidos que apelam a uma ruptura.
Estas formações foram criadas por iniciativa de jovens desiludidos com a “revolta dos guarda-chuvas”, uma mobilização pela democracia que agitou Hong Kong em 2014 mas fracassou na tentativa de obter concessões políticas da China.
A proibição dos candidatos favoráveis à independência provocou fortes protestos entre os seus apoiantes, mas Jasper Tang, presidente cessante da assembleia da cidade, defendeu em diversas ocasiões a legalidade da medida.
Desde 1997, que marcou o final do domínio britânico, que Hong Kong beneficia de um regime de “ampla autonomia” e teoricamente usufrui até 2047 de liberdades que não são aplicáveis no restante território da China.
 

8 Ago 2016

Emigrantes | Consulado garante salvaguarda de dados pessoais

A imprensa portuguesa indica que o fornecimento de dados pessoais de cidadãos portugueses no estrangeiro está suspenso, enquanto se aguarda por um outro parecer, mas o Consulado em Macau garante que nada será fornecido sem autorização dos residentes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Secretaria de Estado das Comunidades terá já mandado suspender a possibilidade de serem fornecidos dados pessoais dos cidadãos portugueses no estrangeiro. Ainda assim, o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong assegura que não tem por hábito dispensar estes dados sem autorização.
Um artigo da imprensa portuguesa dava na sexta-feira conta que, desde o dia 1 de Agosto, é possível serem disponibilizados o nome, a morada, o telefone e até número do cartão de cidadão de portugueses a residir no estrangeiro. O jornal “O Observador” indicava que o acesso aos registos sobre qualquer emigrante inscrito num consulado português é livre, podendo qualquer pessoa pedir estes dados junto dos serviços consulares do país ou região onde o cidadão se encontre, excepto nos casos em que o emigrante tenha dado indicação expressa de querer manter os seus dados confidenciais.
A decisão teria resultado num parecer da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), publicado em inícios de Junho e que passou a ser posto em prática no dia 1 de Agosto, de acordo com o que a Secretaria de Estado das Comunidades garantiu ao jornal. Contudo, uma notícia deste fim-de-semana do jornal “Público” assegurava que os consulados que facultarem dados pessoais dos emigrantes a terceiros arriscam-se a serem multados ou mesmo a cometerem um crime. O diário citava a Comissão Nacional da Protecção de Dados e a Secretaria de Estado das Comunidades, que “veio dizer que tinha mandado suspender a disponibilização dos dados dos emigrantes, uma vez que estava à espera de um parecer da Comissão”.

Tudo vedado

Ao HM não foi possível confirmar a situação, devido à impossibilidade de contactar tanto a Secretaria em Portugal, como os conselheiros portugueses em Macau. Ainda assim, o Consulado-Geral português em Macau assegura que, seja qual for a situação, não vai fornecer dados.
“No que diz respeito aos pedidos referenciados, nomeadamente em situações de ‘pedidos de paradeiros de cidadãos portugueses residentes ou localizados no estrangeiro, apresentados por particulares, na sua maioria familiares e amigos, que pretendem saber a sua morada e contactos, pelas mais variadas razões’, é nossa prática e procedimento comum consultar primeiramente o cidadão inscrito em causa informando-o do pedido que recebemos. Só no caso de concordância do mesmo é que fornecemos os seus contactos e, regra geral, o correio electrónico, a terceiros”, pode ler-se numa nota colocado na página do Consulado e confirmada ao HM pelo chanceler Ricardo Silva.
O responsável confirmou ainda que os dados só são pedidos juntos do Consulado onde o cidadão estiver registado, o que significa que, no caso dos portugueses registados em Macau, o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal também não pode ceder os dados se o cidadão não deu autorização cá no território para que tal aconteça.
Ainda que o Consulado garanta que não é costume ceder os dados, os responsáveis avisam que os cidadãos poderão enviar um email para macau@mne.pt para impedir que tal aconteça.
As informações sobre a nova circular são escassas, desde logo começando pelo facto do parecer que dava autorização ao fornecimento dos dados não estar sequer disponível online. A cedência dos dados viria na sequência de “diversos pedidos” de familiares e amigos, “maioritariamente”, sobre o paradeiro de alguns portugueses, mas também poderá servir, por exemplo, para a instauração de processos judiciais.

8 Ago 2016

Novo Banco conclui venda do BESI à Haitong de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]banco liderado por José Maria Ricciardi acaba de sair da órbita do Novo Banco, depois de todas as autorizações terem sido concedidas, a última das quais do regulador brasileiro, país onde o BESI tem uma subsidiária.
O BESI passará agora definitivamente para o universo do grupo chinês Haitong. A possibilidade de o BESI mudar a sede para Londres tem sido referenciada nos bastidores do mercado financeiro, mas não foi confirmado pelo banco português. 
“A venda à sociedade Haitong International Holdings Limited, sociedade constituída em Hong Kong, subsidiária integralmente detida pela Haitong Securities Co (uma sociedade cujas acções se encontram admitidas à negociação na Shanghai Stock Exchange e na Stock Exchange of Hong Kong Limited), da totalidade do capital social do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), pelo preço de 379 milhões de euros, na sequência da verificação de todas as condições necessárias para a concretização da operação”, diz o BESI em comunicado.
Não há ainda notícias sobre a futura designação do banco, embora seja expectável que o BESI abandone a referência ao nome da família Espírito Santo que remonta aos anteriores accionistas, antes da Medida de Resolução aplicada ao BES.
O BESI vai focar-se no papel de banco estratégico nas relações entre a Ásia e o Ocidente, tal como já foi noticiado pelo Económico anteriormente.
O business plan que está a ser desenhado no BESI prevê que daqui a três anos o capital atinja os 1,5 mil milhões de euros, o que poderá ocorrer através de várias operações (não estão excluídas aquisições).
José Maria Ricciardi revelou recentemente aos jornalistas em Londres que “o BESI vai ser um banco estratégico para o EMEA [Europa, Médio Oriente e África] e as Américas. “Será um banco que vai ter ainda mais capacidade para atrair investimento e criação de emprego para Portugal”.

8 Ago 2016

Homem morto nos NAPE poderá afinal ter-se suicidado

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]homem que foi encontrado morto num hotel dos NAPE poderá, afinal, ter cometido suicídio. É o que diz a Polícia Judiciária, depois de, numa primeira versão, ter informado que o homem teria sido esfaqueado por duas outras pessoas.
O caso remonta ao fim-de-semana passado, quando um homem foi encontrado numa casa-de-banho de um hotel “com uma perfuração de cerca de cinco centímetros no peito”. Seria um jogador que foi sequestrado por dois homens devido a um esquema de agiotagem.
Agora, a PJ diz que o ângulo do ferimento provocado pela faca deixa em aberto a possibilidade de suicídio, tendo sido até o próprio homem a comprar a arma, devido “a dívidas de jogo”.
“O falecido foi comprar uma faca num supermercado ali perto, sozinho. Não descartamos a possibilidade de ter sido um suicídio, de acordo com a perícia médica e a julgar pelo ângulo da ferida. Mas ainda estamos a investigar”, frisou à TDM um porta-voz da PJ.
A vítima, da China continental, deveria cerca de 30 mil dólares de Hong Kong a um agiota. Segundo a TDM, era a segunda vez que tal acontecia, sendo que, da primeira, foi o filho quem pagou as dívidas. O homem voltou a pedir dinheiro ao mesmo agiota, o que o fez ser vigiado constantemente por dois homens contratados, que estariam no quarto com ele. Foram estes que chamaram a amiga da vítima que deu o alerta às autoridades. São suspeitos, mas ainda não foram encontrados pelas autoridades. Já o alegado cabecilha do grupo foi detido nas Portas do Cerco. A investigação continua, sem a PJ descartar tanto a possibilidade de suicídio, como homicídio.

8 Ago 2016

Tabaco | Mais de 35 mil acusados desde 2012. Cibercafés no topo

Os cibercafés e os jardins são os locais onde mais infractores da Lei do Tabagismo são encontrados. Os Serviços de Saúde anunciaram a existência de mais de 35 mil acusações desde que entrou em vigor o diploma, sendo que só este ano já houve quase quatro mil

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um milhão de inspecções e mais de 35 mil acusações. São estes os números referentes à aplicação da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo desde que esta entrou em vigor, em Janeiro de 2012. Só este ano, já foram multadas quase quatro mil pessoas.
“Desde a entrada em vigor da lei os agentes de fiscalização de controlo do tabagismo realizaram, no total, 1.161.012 inspecções a estabelecimentos e registaram 35.084 acusações a pessoas que foram identificadas a fumar em locais proibidos”, pode ler-se num comunicado.
Os dados são dos Serviços de Saúde (SS), que indicam que foi feita uma média de 871 inspecções diárias só este ano. Assim, entre Janeiro e Julho foram realizadas 185.488 inspecções a estabelecimentos e registadas 3937 acusações. A maioria diz respeito a pessoas que fumaram em locais proibidos (3932 casos), tendo ainda sido detectados cinco casos de venda de produtos de tabaco que “não satisfaziam as normas de rotulagem”.
A esmagadora maioria dos “fumadores ilegais” (92,2%) são homens, contra os 7,8% de casos registados entre mulheres. Mais de 1350 multas foram aplicadas a turistas, mas são os residentes que perfazem a maioria dos infractores (2404). Apenas 172 infracções foram cometidas por trabalhadores não-residentes. Em 150 casos foi necessário o apoio das Forças de Segurança, mas desde o início do ano que 81,3% dos infractores pagaram a multa.

Por todo o lado

Os cibercafés continuam no topo dos locais onde se continua a fumar sem autorização, perfazendo um total de 686 casos. Mas parques e zonas de lazer também figuram entre os sítios preferidos para acender o cigarro (12,6%), com os estabelecimentos de jogos e diversão a suceder na lista.
Quem fuma ilegalmente nos casinos fica de fora das contagens gerais. No primeiro semestre deste ano foram feitas 282 inspecções aos casinos de Macau, de onde saíram 337 acusações – destas pessoas 269 eram turistas.
Entre as 1800 chamadas telefónicas que os SS dizem ter recebido, 1259 foram queixas.

8 Ago 2016

Escolas da Diocese reagrupadas e renomeadas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]partir do ano lectivo 2017/2018, parte das escolas subordinadas à Diocese de Macau vai ser renomeada e reagrupada. A Escola do Santíssimo Rosário, que vai suspender o seu funcionamento já no próximo ano lectivo, será integrada na Escola Madalena de Canossa e no Colégio Diocesano de São José.
Segundo o Jornal Ou Mun, a Diocese já solicitou à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) a sua integração na rede de ensino gratuito, assim como a mudança de nome para o Colégio Diocesano de São José de Toi San. Prevê-se que a partir do ano lectivo 2017/2018, esta escola possa oferecer ensino gratuito.
O colégio, que se situa na zona Toi San, aumentou a propina três vezes em três anos consecutivos, o que levou os pais a entregar uma assinatura conjunta à Diocese no início do ano. Segundo resposta escrita do bispo, na altura, a Diocese iria estudar a viabilidade da integração da escola na rede de ensino gratuito.
Também a Escola Madalena de Canossa, no Fai Chi Kei, vai integrar a Escola do Santíssimo Rosário e vai passar a chamar-se Escola Madalena e tornar-se num estabelecimento de ensino inclusivo, oferecendo também ensino especial. Além disso, a Diocese solicitou a isenção do exame dos alunos da escola para a entrada no Colégio Diocesano de São José de Toi San.
Já o sexto Colégio Diocesano de São José, que se localiza na Ilha Verde e está em reconstrução, vai passar a chamar-se Colégio Diocesano de São José da Ilha Verde. Os colégios Diocesanos de São José, do primeiro ao quarto, vão ter o nome conjunto de Escola Primária Diocesana de São José, conforme a sua localização, que se separa nas secções de São Lázaro, Travessa dos Anjos e da Rua da Sé. A DSEJ já recebeu as solicitações e está em processo de análise.

8 Ago 2016

Bilhetes à venda para nova temporada da Orquestra Chinesa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]reentré ainda está a um mês de distância mas já se anuncia com sons clássicos chineses. Depois da Orquestra de Macau, o Instituto Cultural coloca hoje à venda os bilhetes para a próxima temporada de espetáculos da Orquestra Chinesa de Macau, que tem início em Setembro. O concerto inaugural, “Romance do Sonho das Borboletas”, terá lugar no dia 4 de Setembro pelas 20h00 horas, no Centro Cultural de Macau (CCM).
“Romance do Sonho das Borboletas” estreia sob a batuta do maestro Pang Ka Pang e a Orquestra irá colaborar com a Orquestra Chinesa do Teatro de Danças e Cantares de Fujian, com Sophia Feinga Su, proclamada “Prodígio do Violino de Macau”, e com Sun Li, vencedor do Prémio Wenhua no 9.º Festival de Artes da China, como avança o CCM em comunicado.
Do repertório consta ainda a apresentação de várias obras de música tradicional chinesa, incluindo a história de amor “Os Amantes Borboleta”, a suite sinfónica “O Sonho da Rota Marítima da Seda”, “Um Lugar Distante” e “Largo al factorum”.
No concerto de encerramento da temporada, “Encontro com a Música Chinesa”, a Orquestra Chinesa de Macau proporcionará aos entusiastas de música um serão de música chinesa. O concerto “Alegre Harmonia”, integrado no XXX Festival Internacional de Música de Macau, reúne artistas das quatro regiões de ambos os lados do Estreito para expressar a “beleza da música tradicional chinesa”.
A temporada que se avizinha conta ainda com a participação de directores artísticos como Wang Yidong, Shi Haibin, Sun Weixi e Chen Jun, que apresentam concretos de cordas friccionadas, dedilhadas, de sopros e percussão.

8 Ago 2016

Anunciada aliança antiterrorista

A China anunciou sexta-feira a criação de uma “aliança de segurança” com o Afeganistão, Paquistão e Tajiquistão, visando impulsionar “o combate à ameaça do terrorismo”, que Pequim associa aos movimentos separatistas no noroeste do país.
O acordo foi celebrado entre Fang Fenghui, membro da Comissão Militar Central – órgão chefiado pelo Presidente chinês, Xi Jinping – e representantes dos referidos países, em Urumqi, capital da região autónoma de Xinjiang.
Com uma área quase 18 vezes maior que Portugal e com cerca de 23 milhões de habitantes, Xinjiang é uma das regiões da China mais vulneráveis ao separatismo.
Nos últimos anos, conflitos entre os Han, a principal etnia da China, e os uigures, maior etnia do Xinjiang, de religião muçulmana e cultura turcófona, causaram centenas de mortos naquela região.
Pequim atribui a violência ao Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, uma organização que reclama a independência do Xinjiang.
Segundo a agência oficial Xinhua, os quatro países admitiram que o extremismo constitui uma “séria ameaça” à estabilidade regional.
As partes concordaram estabelecer um “mecanismo conjunto”, para partilhar informações entre os serviços de inteligência e formar equipas de segurança, detalhou a agência.

8 Ago 2016

China e EUA avaliam “respostas adequadas” à Coreia do Norte

Os chefes da diplomacia da China e dos Estados Unidos tiveram uma conversa telefónica sobre os recentes mísseis lançados pela Coreia do Norte e as “respostas adequadas” a dar a Pyonguang, revelou sábado o Governo norte-americano.
“O secretário [de Estado John] Kerry e o ministro [dos Negócios Estrangeiros Wang] Yi falaram sobre respostas adequadas às recentes provocações da Coreia do Norte”, segundo um comunicado do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA).
Kerry e Wang ponderaram a “completa implementação” das sanções contra a Coreia do Norte aprovadas em Março, por unanimidade, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, refere a mesma nota.
Essas sanções incluem restrições às exportações norte-coreanas de algumas matérias-primas, a proibição de venda de combustível para aviões e foguetões à Coreia do Norte e a transferência para o país de equipamentos que possam ter utilização militar e um embargo total de armas ligeiras.
A Coreia do Norte fez na quarta-feira um duplo teste de mísseis balísticos de médio alcance. Um deles explodiu pouco depois de ser lançado e o outro caiu em águas da zona económica exclusiva do Japão.
 

8 Ago 2016