Governo vai criar normas para construção sem barreiras para deficientes

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo está a criar normas para a construção sem barreiras, de forma a tornar mais fácil a movimentação dos deficientes físicos pela cidade, mas a ideia – apesar de agradar – não convence Paul Pun.
Numa resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei, o Instituto de Acção Social (IAS) assegurou que vai rever as “normas de supressão de barreiras arquitectónicas”, sendo que está neste momento a “elaborar normas para a Concepção de Design Universal e Livre de Barreiras”.
Vong Yim Mui, presidente do IAS, assegurou que o Governo está a preparar as normas e, quando isso for concluído, será utilizado nas obras públicas e nas construções subsidiadas pelo Governo. Ao mesmo tempo, o IAS frisa ainda uma revisão do conteúdo das normas de supressão de barreiras arquitectónicas – publicadas em 1983 – com “base da realidade social”.
A responsável defendeu ainda que o Governo já “introduziu muitas instalações de acesso” sem barreiras em prédios onde estão serviços públicos, além de instalações pedonais, mas promete continuar rever o design das instalações públicas onde ainda falta esse acesso.

Mudar agora

Apesar da ideia agradar, o Secretário-geral da Cáritas não olha de forma positiva para a situação: diz que os problemas actuais têm a ver com as leis e que estas não vão permitir mudar ou adicionar instalações acessíveis em edifícios antigos e privados.
Ao canal chinês da TDM, Paul Pun frisou que as actuais leis não têm condições para exigir essa mudança e dá como exemplo o caso de prédios de propriedade privada, onde há sempre necessidade de que todos os proprietários concordem com alterações no edifício.
“Há regulamentos que exigem o estabelecimento de casas-de-banho e passagens exclusivas para os portadores de deficiência, no entanto, como as antigas instalações não têm e existem outras leis que entram em conflito com a montagem de instalações acessíveis, não se consegue mudar nada, sobretudo em edifícios privados”, apontou.

4 Mai 2016

Miss M, café | Maggie Lee, proprietária

“Miss M Food” é um espaço que cheira a algo delicioso. Quem entra não se arrepende. Pastelaria fina, um aspecto agradável, refeições saudáveis e um sorriso atrás do balcão são os ingredientes perfeitos para conquistar qualquer cliente

[dropcap style=’circle’]B[/dropcap]em ali, metido entre as ruas do Mercado de São Lourenço e a Igreja, nasceu, e vai ganhando vida, o sonho de Maggie Lee. É o “Miss M Food”, um café com linhas modernas e dedicado à pastelaria fina. O conceito é simples.
“Se olharem para os nossos menus eles não têm muita variedade”, começa logo por explicar Maggie, a proprietária do espaço. A ideia é comer bem e saudável, com refeições práticas. Mas não foi assim que começou.
“Abrimos o espaço em Julho do ano passado. Estamos quase de parabéns. Começámos por ter disponíveis alguns bolos e pastelaria fina que nós próprios confeccionamos”, indica. Depois, com o passar do tempo e com “o feedback e reacções” dos clientes, a gerência decidiu introduzir o conceito de massa e arroz nos seus menus. IMG_3688
Quem procura muita variedade não bate na porta certa, mas “quem quer qualidade” sim. “A verdade é que estamos inseridos na cultura de Macau e eu sei que as pessoas de cá gostam muito de massa e arroz, isso estava a faltar. Os nossos menus viviam muito na base do pão e saladas. Agora temos para todos os gostos”, explica.

Muito trabalho

Reforçando a ideia de “sonho concretizado”, o “Miss M Food” nasceu de muito trabalho e dedicação. “É preciso trabalhar muito, estarmos muito atentos ao mercado, saber o que ele quer, o que procura, o que mais gosta. É preciso ouvirmos o que os nossos clientes gostariam de ver e adaptarmos, gradualmente, o nosso negócio ao movimento da sociedade”, adiantou.
Desengane-se quem considera ser um mercado fácil. “Abrir um negócio em Macau não é coisa fácil, temos de estar sempre a trabalhar, sempre a evoluir, sempre atentos ao mundo dos negócios”, acrescentou Maggie, exemplificando que não pode ter sempre o mesmo menu. “Seria um erro. Tenho que adaptar o menu consoante as épocas e os gostos dos clientes”, reforçou.

Da decoração ao preço

Entre saladas saudáveis, refeições de qualidade e uns bolinhos na montra, Maggie tem ainda uma paixão à qual, sempre que o tempo lhe permite, se dedica. Decoração de bolos.
“Este não é o meu mercado, é só uma coisa que gosto muito de fazer”, explica, afirmando que qualquer cliente pode pedir um bolo, mas é um serviço paralelo ao objectivo do “Miss M Food”.
Bolos de casamento, aniversários ou por qualquer outro motivo já fazem parte da história de Maggie. “É preciso muito tempo para esta área. Para decorar um bolo inteiro são precisas muitas horas, existem muitos pormenores”, conta. IMG_3682
Mas há outro ponto de destaque neste negócio: os preços. “Apesar de estarmos perto de algumas escolas, os estudantes não mostravam interesse em entrar no nosso café. Nós não percebíamos porquê. Um dia entraram aqui alguns estudantes e eu perguntei se eles gostavam do espaço e da comida, eles disseram que sim, mas explicaram que não tinham entrado mais cedo porque, pelo aspecto do espaço, pensavam que era muito caro”, partilha a proprietária.
A verdade é essa, lá de fora, quem olha para o café parece “algo muito chique”. “Eu faço preços baratos, sei que sim, porque não tenho necessidade de os fazer mais caros e com isso mexer com o mercado de negócios. Não acho que as pessoas precisem de pagar mais, mas a verdade é que também não tenho muita variedade nos menus”, esclarece, indicando que assim é possível existir um equilíbrio.
Agradar a todos
São Lourenço é o bairro escolhido por Maggie. A escolha parece óbvia visto a proprietária residir por perto, mas a verdade é que “estar ao lado da Igreja de São Lourenço” era um ponto a favor para o negócio. “Há muitos turistas por aqui e entram muitas vezes no nosso café”, aponta. “Este é um espaço para todos, sejam chineses, portugueses, turistas ou não. É um espaço que pretende ser um bom sítio para se comer qualquer coisa e conversar um bocadinho”, frisa, admitindo que no mundo das refeições o negócio aposta muito no serviço de take-away. “Grande parte das refeições que vendemos os clientes vêm aqui buscar. Basta ligar para aqui, pedir e vir buscar”, remata.

4 Mai 2016

Shakespeare na China 莎翁的命运

*por Juile O’Yang
“Oh tempos desacertados – Oh, amaldiçoado rancor,
que eu tenha visto a luz do dia p’ra vos acertar outra vez!” Hamlet
“这是一个礼崩乐坏的时代,唉!倒霉的我却要负起重整乾坤的责任.”《哈姆雷特》

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Abril deste ano um escritor chinês, um tal de Zhang, deu alegadamente entrada na sala de operações de um cirurgião plástico. Quando saiu, parecia-se com… William Shakespeare. Para proceder a este tratamento Zhang gastou as poupanças que tinha feito durante mais de 10 anos, num total de 1,4 milhão de RMB. E reparem que não é uma piada do dia das mentiras!
E mais: os cibernautas chineses acham que, nesta versão “Zhanguiana”, Shakespeare fica ainda “mais bem-parecido” do que no original. Este escritor de “best-sellers” afirmou identificar-se com Shakespeare por ambos terem tido infâncias trágicas e experienciado muitas desilusões e, sendo escritor, sentia-se na obrigação de impressionar os seus leitores, mas de uma “maneira fixe”!!!
O desejo de ser belo é actualmente uma prioridade na China e as selfies abriram caminho a uma epidemia de cirurgias plásticas no País mais populoso do mundo. Segundo um relatório recente, na China, as redes sociais e a obsessão das selfies estão a criar uma nova mania, a vaidade, e também um novo mercado para os cirurgiões plásticos, com facturações que duplicarão para 800 biliões de yuans (122 biliões de USD) em 2019, a partir dos 400 biliões de yuans registados em 2014. “Ter a aparência certa é a chave para uma vida melhor”, deixou de ser uma mania de adolescentes e passou a ser uma filosofia de vida deplorável.
Mas regressemos às Ilhas Britânicas renascentistas, que viram nascer Shaweng莎翁 (Shakespeare em chinês, que significa Senhor Sha) há quatrocentos anos atrás.
As obras de Shakespeare tiveram desde sempre um grande impacto na China. Os chineses ouviram inicialmente falar do dramaturgo britânico em meados do séc. XIX, através de missionários Europeus.
Yan Fu, um filósofo e reformista chinês, referiu-se-lhe pela primeira vez em 1894 e, posteriormente em 1907, o grande escritor modernista Lu Xun escreveu sobre ele, num ensaio traduzido. No entanto, o trabalho de Shakespeare foi apresentado ao público chinês através dos seus sonetos. A antiga Dinastia Qing considerou de alguma forma importante fazer um esforço “imperial” para realçar a tragédia como um género, pelo que as peças de Shakespeare, recheadas de desgostos de amor e de catástrofes de ordem vária, pareciam perfeitas para o efeito. Em 1921 Hamlet foi traduzido para chinês.
Até 1949, ano da fundação da República Popular da China, tinham-se passado quase 30 anos. Cao Yu, um famoso dramaturgo chinês, não conseguiu traduzir as Obras Completas de Shakespeare antes de morrer. Um outro tradutor do mesmo período, Zhu Shenghao, transpôs para chinês 27 peças, em circunstâncias muito difíceis. Apesar de tudo a popularidade de Shakespeare foi sempre crescendo a partir de 1949. As suas peças têm sido estudadas em instituições académicas de todo o País. As suas palavras líricas e expressões românticas não são desconhecidas dos estudantes universitários chineses.
Na realidade, o homem de Stratford-upon-Avon é frequentemente citado em parceria com Guan Hanqing (c. 1241–1320), um célebre poeta e dramaturgo chinês da Dinastia Yuan. O Mercador de Veneza, Romeu e Julieta, Hamlet, O Rei Lear e Otelo tornaram-se peças de referência e são apreciadas por audiências com notáveis níveis de conhecimento da obra de Shakespeare.
Durante uma visita ao Reino Unido em Outubro de 2015, o Presidente Xi Jinping citou A Tempestade, no discurso que proferiu no Parlamento:

凡是過去,皆為序章 – O passado é prólogo.

4 Mai 2016

Pato sem tomate(s)

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]pato é amarelo. O pato é grande. O pato não passa despercebido. O pato está ali na água. O pato não está ali na mesa, nem é Pato à Milanesa. Não há como fugir ao pato, se bem que o pato não corra atrás de nós.
O pato é um pato e todos nós sabemos o que é ser pato. Coitados dos patos que não têm culpa de nós acharmos que ser pato é ser parvo, tal como os ursos não têm a culpa que os ursos entre nós pouco tenham a ver com eles, tal como as cabras e os cabrões, os porcos, as lesmas, as preguiças ou os camelos, os burros e os fuinhas não têm culpa da nossa remota incompatibilidade com o reino animal, da nossa tendência de apelidar de bicho tudo aquilo que não gostamos de ser, mesmo que os bichos não sejam aquilo que pensamos serem.
A questão deste pato não é o seu potencial artístico nem as suas qualidades estéticas. O mal deste pato não é se é se não se equivale a Degas, como disse Carlos Marreiros. O mal deste pato nem sequer é a sua evidente falta de penas mas sim a pena que faz a evidência de vivermos numa cidade de patos, ou melhor, numa cidade em que gostam de nos fazer de patos, partindo do princípio que os patos são parvos. Neste sentido, este pato é um grande pato e não é nada parvo.
Se a arte, entre outros méritos, tem a faculdade de obrigar a pensar, a quantidade de tinta que este amarelo pato tem feito correr e a enormidade de electrões
espalhados pelas redes sociais em forma de crítica, sarcasmo, apoio, veneração ou mesmo “selfies”, este pato é um pato de sucesso.
Se a arte, entre outros méritos, tem a faculdade de desnudar questões, de apontar o dedo para a ignomínia, para a insensatez ou até para a cupidez e, seguramente, para a estupidez, este pato é um pato de sucesso.
Ninguém como este singelo cochicho teve ainda o condão de trazer de forma tão vigorosa para a macia opinião pública local a evidência de que os que cá estão não gostam dos que cá estão.
Ou seja, parafraseando José Drummond na sua entrevista esta semana ao HM, “Macau é um embaraço para os artistas” justificando assim a impraticabilidade de aqui se viver como artista em função dos preços de habitação e até da comida, mas o que podia ser feito com os milhões gastos no borrachinha, este pato é um pato fundamental. DonaldDuck
A questão dos milhões leva-nos do mundo animal para o mundo vegetal e até aos proverbiais tomates, ou à falta deles, pois é precisamente isso que este enorme pato revela apesar do seu ar bonacheirão e inocente.
Talvez depois deste pato, os patos que agora o pagaram venham a descobrir os tomates necessários para alimentar o molho dos artistas locais, ganhando coragem para encomendarem coisas extravagantes. Provavelmente não, mas o pato abriu a discussão.
“O mal…” diz o pato sem falar “… é os locais estarem manietados pela incapacidade de olharem de frente aqueles que não apoiam preferindo por isso distribuir migalhas a todos em vez de um pão decente a quem tem os tomates, e a capacidade, para fazer uma salada decente”.
Nesta quase alucinação colectiva em que se tornou a febre das indústrias criativas locais, não há tomates para se perceber que uma cidade de meia dúzia não pode gerar milhares de artistas.
O que este patarrão torna por demais evidente é não faltar dinheiro no burgo apesar da pretensa crise anunciada, tal como esparrama nas fuças de qualquer um como os milhões nele empregues nunca seriam entregues a um artista local que tal ousasse. Como não são entregues a um realizador local com tomates para fazer um filme decente, a um qualquer artista local com a ousadia de pensar grande, a quem quer que seja a pretender fazer obra que leve Macau para o mundo.
A preferência é, ao invés, apostar na produção consistente de merda, e aos quilos, destinada a encher arquivos e estatísticas no delírio de mostrar como os criativos locais são geniais e aos molhos. Em Macau, a ordem é para pensar pequeno, para não dar nas vistas, porque se for para dar espectáculo é melhor importar. Como diz o adágio local, “em tábua com pregos, o saliente deve ser martelado”.
A aposta tem de ser segura porque os tomates são caros e ninguém os tem para arriscar, nem a clarividência (o mais grave) para o perceber. Por isso, talvez utilizando um adágio importado a mensagem passe melhor, fique-se a saber que “quem não arrisca, não petisca”.

Música da Semana

“Come and Buy My Toys” David Bowie (1967)

“You shall own a cambric shirt
You shall work your father’s land
But now you shall play in the market square
Till you’ll be a man
Smiling girls and rosy boys
Come and buy my little toys
Monkeys made of gingerbread
And sugar horses painted red”

4 Mai 2016

Welt am Draht (World on a Wire), 1973, Fassbinder.

“(…) o homem é um ser que suporta tão mal a suspeita como o papel de seda a chuva.”
Musil. O Homem sem Qualidades.

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té que ponto o estimado leitor, que manuseia o jornal com tanto carinho, está certo da sua real existência? Certamente seria um choque vir a saber que este, o jornal, não existe verdadeiramente porque não passa de um conjunto de impulsos electrónicos. Ou, não como choque, a suspeita de que este não existe pode transformar a sua visão do mundo à medida que esta se estende para uma desconfiança sobre os que o e o que o rodeia e sobre si próprio.
Stephen Hawking já nos avisou de que poderemos não estar a viver na realidade: how do we know if we are living in our dreams or reality – well, we just don’t and perhaps can’t.
Estas considerações de Hawkins, muito recentes, surgiram a público a propósito da leitura de textos do filósofo chinês antigo Zhuangzi. Depois de um sonho em que se tornara uma borboleta, o pensador sínico perguntou-se se ele seria um homem que sonhou em tornar-se uma borboleta ou uma borboleta que sonhara ser um homem.
Pelo sim pelo não, enquanto não nos chegam certezas, ver uns filmes é uma maneira como outra qualquer do leitor passar o tempo até morrer e ir pensando na sua condição – se é que a morte, ou o próprio leitor, existe verdadeiramente.
Estas linhas servem como aviso. Welt am Draht, de 1973, é um filme de ficção científica de Fassbinder que permaneceu pouco conhecido até há pouco. É um filme feito para televisão, como muitos outros que Fassbinder compôs. Melhor, é uma série de duas partes, uma de apenas duas que ele fez. A outra, de 1972-1973, é Acht Stunden sind kein Tag (Eight Hours are Not a Day), uma série de 8 episódios que se viu cortada para 5 por razões políticas. Ambas foram feitas para a WDR.
É um ponto que por vezes é descurado nas exegeses de Fassbinder, um de que me culpo também. Se bem que Nora Hellmer seja um dos meus filmes preferidos de sempre, nos vários textos que já aqui se fizeram sobre este autor não se tem chamado atenção suficiente para a colaboração intensa que manteve com a televisão. Berlin Alexanderplatz é uma das suas criações mais ambiciosas.
Welt am Draht serve muitos gostos. O de ficção científica; o de filmes em que uma personagem inocente se vê perseguida pela injustiça do mundo; o da revisitação da estética dos anos 70; o de filmes sobre a substituição de humanos por máquinas; o de filmes sobre o imenso poder do dinheiro e das grandes corporações; ou, para quem encontra satisfação nisso, uma série onde se mostra um número elevado de actores alemães famosos da época, uma verdadeira caderneta onde se incluem 3 ou 4 planos com a presença de Werner Schroeter e da sua enigmática musa Magdalena Montezuma.
Também nesta série, onde se coloca a questão da existência do nosso mundo, Fassbinder continua a sua propensão para a utilização de planos com superfícies vidradas e espelhos (em Nora Hellmer esta é quase nauseante, em Effi Briest muito presente) que deformam os rostos ou nos dão a ver apenas a sua imagem reflectida e não o verdadeiro rosto ou corpo. Transformam a nossa percepção não apenas da imagem física mas psicológica das personagens. O espelho é um caminho para a desconfiança e o vidro interposto um caminho para a distorsão (aquários, por exemplo). É fácil de perceber que em Welt am Draht estes sejam um adereço em uso permanente. Christian Braad Thomsen pergunta, no livro Fassbinder The Life and Work of a Provocative Genius, a propósito desta série de sci-fi: “Are we nothing but projections on a screen, produced by a sick society, computer-generated figures which, incapable of reflection, confuse artificial existence with real life?” (pág.28).* O leitor pode neste momento escolher largar o jornal e ir dar um mergulho numa piscina.
Vollmer é um cientista que trabalha num projecto de grande dimensão, o Simulacron, um programa de computador que cria unidades aparentemente humanas (unidades identitárias) num mundo paralelo. Vollmer descobrira algo que ninguém sabia mas antes que o segredo deixasse de o ser morre em circunstâncias pouco claras. Stiller, o seu sucessor – e a personagem central de toda a história, tirada de um livro de ficcção científica americano de Daniel Galouye chamado Simulacron-3 (1964) – assume a sua posição e começa a ganhar as mesmas desconfianças.
As questões filosóficas da interrogação da existência do mundo de Stiller fundem-se com as questões muito actuais dos perigos da criação da inteligência artificial e com as preocupações da utilização comercial por parte de uma grande empresa de um programa cujos frutos deveriam ser apenas científicos. A United Steel, uma companhia de aço, pretende usar o Simulacron para proveito próprio, fazendo projecções sobre o uso do aço no ano 2000. Desta feita a WDR autorizou um texto que se mostra contrário às ambições de uma grande empresa alemã.
Welt am Draht é uma história policial e política. Um jornal investiga as ligações pouco claras dos responsáveis administrativos pelo Simulacron com a United Steel, uma associação a que Stiller se opõe. A primeira parte da série termina com a suspeita de que o seu mundo não passe de um mundo artificial composto por sistemas de simulação electrónicos – incluindo o próprio Stiller, o nosso ponto de contacto narrativo e afectuoso com o mundo.
Há muitos filmes sobre a criação de inteligência artificial e mesmo alguns sobre o desejo de ser verdadeiramente humano, o mais sedutor e mais conhecido dos quais será Blade Runner (1982). É também alemão um dos que primeiro chama a atenção para a ambição e o poder da máquina: Metropolis (Fritz Lang, 1927).
Chamo apenas a atenção para um filme recente que não vi mas que parece reunir vários pontos de interesse estético e filosófico: Ex Machina, de Alex Garland.

* seria interessante saber qual a reacção fílmica de Fassbinder à estupidificante obsessão actual com a constante reprodução fotográfica, a facilidade da sua manipulação e a exposição pessoal através dos novos meios de comunicação.

4 Mai 2016

SJM anuncia queda de 44,1% nas receitas

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) anunciou ontem uma queda de 44,1% dos seus lucros no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015. As receitas dos casinos da SJM caíram, nos mesmos meses, 22,8%, revelou a empresa num comunicado.
No primeiro trimestre, as receitas do jogo em Macau caíram, no conjunto de todas as operadoras, 13,3%, em comparação com os mesmos meses do ano passado. No comunicado ontem divulgado, a SJM anuncia que no primeiro trimestre teve lucros de 561 milhões de dólares de Hong Kong e que as receitas do jogo ascenderam a 11.016 milhões de dólares de Hong Kong.
O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) situou-se nos 838 milhões de dólares de Hong Kong (menos 32,5% do que no ano passado). O grupo diz que as receitas do jogo VIP caíram 29,2% e que as do jogo de massas desceram 14,9% nos primeiros três meses do ano.
Citado no comunicado, o director-executivo da SJM, Ambrose So, garante que “apesar de persistir um ambiente desafiador” no mercado do jogo em Macau, “há sinais de estabilização, particularmente no segmento do mercado de massas”.

4 Mai 2016

Salários descem por falta de obras

O salário diário médio dos trabalhadores da construção desceu 1,8%, com um valor nominal de 779 patacas, devido ao abrandamento do ritmo de trabalho das obras de construção de grande envergadura no Cotai face ao trimestre antecedente. A informação é divulgada pela Direcção de Estatística e Censos (DSEC). O salário diário médio dos trabalhadores da construção residentes correspondeu a 990 patacas, menos 1% em termos trimestrais, enquanto o dos trabalhadores da construção não residentes atingiu as 653 patacas, menos 2,2%. O preço dos materiais de construção, por seu lado, subiu com o preço médio do betão pronto a chegar às 827 patacas por metro cúbico, mais 2,9% em termos trimestrais. Esta tendência de subida regista-se desde há nove trimestres consecutivos.

4 Mai 2016

Ensino | GAES garante qualidade em mestrados e doutoramentos

O Governo garante que a falta de tese para alguns mestrados e doutoramentos não vai diminuir a qualidade Sou Chio Fai explica que as exigências de ensino vão ser rigorosas

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) assegurou que vai implementar uma medida para garantir a qualidade dos cursos de mestrado e doutoramento com a finalidade de pedagogia que não exigem tese final. Durante a semana passada, o Governo explicou que, com a nova proposta para a Lei de Ensino Superior, Macau irá receber mestrados e doutoramentos que não vão exigir tese final. Medida que só irá contemplar cursos que tenham o Ensino como finalidade.
Sou Chio Fai, coordenador do GAES, explicou ao Jornal do Cidadão que o Governo vai apoiar todas as instituições de ensino superior que queiram implementar esta nova opção. O coordenador indica que o Executivo, juntamente com as escolas, vai implementar uma medida para que, mesmo sem tese, seja garantida a qualidade do ensino e, por sua vez, da aprendizagem.
“Mesmo sem tese, os alunos precisam de fazer estágios, relatórios dos estágios e outros trabalhos mais elaborados. Estes trabalhos têm diferentes objectivos consoante a finalidade do próprio alunos. Só depois disto é que podem obter o seu certificado”, explicou.
Sou Chio Fai diz ainda que todas as instituições interessadas terão de ter a autorização do Governo para implementar este tipo de curso.
Mas a última palavra não é apenas do Governo – estas instituições serão avaliadas por associações internacionais dedicadas ao ensino, que, por sua vez, irão avaliar a qualidade dos cursos.
Sou Chio Fai explicou ainda aos jornalistas que esta opção foi introduzida na proposta de lei para que Macau “consiga acompanhar a tendência de ensino mundial”.
Esta medida, apontou, vem trazer também maior competitividade às próprias instituições de ensino. “Neste momento em Hong Kong e nos Estados Unidos da América já existem cursos sem tese final, principalmente nos cargos de Educação, Direito e Engenharia”, acrescentou, frisando que a qualidade dos mesmos nunca esteve em causa.

3 Mai 2016

Fronteiras | PSP admite ineficácia de contingência depois de avaria

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma avaria no sistema informático das fronteiras obrigou a que milhares de pessoas ficassem retidas sem conseguir passar as Portas do Cerco no passado sábado. A confusão instalou-se, com a chuva a piorar a situação, que durou cerca de duas horas. A PSP já pediu desculpa, mas também admitiu a ineficácia do sistema que deveria ter ajudado.
“O plano de contingência não foi eficaz e vamos encaminhar esta questão ao nosso fornecedor para analisar o que pode ser melhorado”, disse Ngou Kuok Ung, das Forças de Segurança, à TDM.
O problema registou-se no servidor e afectou todas as fronteiras, tendo afectado especialmente as Portas do Cerco, a que tem mais movimento. Ao Jornal do Cidadão, Ng Kuok Wa, segundo-comandante da PSP, negou que o problema do servidor tenha sido causado por um ataque de hackers e disse que o caso é “muito raro”. Nunca aconteceu um acidente assim, disse, e o plano de backup também não funcionou.
A PSP negou ainda o rumor de que muitas pessoas teriam passado a fronteira sem apresentar documentação e explicou que, nas Portas do Cerco, deixou parte das pessoas passarem as fronteiras, fazendo apenas uma verificação mais à frente, num posto para o efeito, de forma a evitar que ficassem à chuva cá fora, até onde as filas se estendiam.
Agnes Lam, professora da Universidade de Macau (UM), criticou o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) por “não ter feito nada” durante o caso.
A situação aconteceu na véspera do feriado, quando muitas pessoas se preparavam para sair e entrar em Macau. Só no feriado do 1º de Maio, as autoridades registaram, até às 17h00 um movimento de 316.335 pessoas nas fronteiras de Macau. As Portas do Cerco foram a fronteira mais utilizada: só por aí entraram um total de 127.127 pessoas e saíram cerca de 102 mil.

3 Mai 2016

Pearl Horizon | Governo diz que alertou para riscos de investimento

O Governo garante que alertou para os riscos do investimento no edifício Pearl Horizon e afirma que está a aguardar a decisão do tribunal para agir em relação ao terreno. É a resposta a uma declaração dos moradores publicada no jornal Ou Mun

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Executivo assegura que tinha alertado os investidores do Pearl Horizon para estarem atentos aos riscos. A resposta surge depois de uma declaração publicada no jornal Ou Mun, no passado dia 29 de Abril, onde os compradores acusaram o Governo de “não ter assumido com empenho a responsabilidade de proteger a vida, os bens e a segurança dos cidadãos”.
A mesma declaração acusa ainda o Executivo de “não ter alertado oportunamente os cidadãos sobre os eventuais riscos aquando da venda das fracções autónomas de edifícios em construção”, tendo permitido a cobrança do imposto de selo.
Num comunicado, o Governo assume que esta declaração “em nada corresponde à verdade” e que a mesma “causa efeitos nefastos sérios à política de administração segundo a lei por parte do Governo e à compreensão oportuna e correcta da verdade dos factos pela população”.
“Antes mesmo da venda das fracções autónomas de edifícios em construção pelo promotor do empreendimento as autoridades competentes tinham alertado várias vezes sobre a realidade da situação e os possíveis riscos que o projecto envolvia”, pode ainda ler-se.
Contudo, e por estar em causa uma economia de mercado, o Governo frisa que “não tinha competência para impedir o promotor do empreendimento (Grupo Polytec) de continuar a aproveitar o terreno e a vender as fracções autónomas, nem de poder proibir as pessoas de comprarem e venderem livremente estas fracções, incluindo as transacções intermediárias e a compra e venda em segunda mão”.
Quanto à cobrança do imposto de selo, o Executivo garante que “tem a atribuição legal para efectuar a cobrança das taxas correspondentes sobre todos os documentos e actos de transacções sujeitos ao imposto de selo”.
“Caso os contratos-promessa de compra a venda vierem a ser declarados caducos ou rescindidos, irá ser efectuada a devolução das quantias pagas a título do imposto de selo e os emolumentos do registo predial”, promete o Governo na sua resposta.

À espera do tribunal

Muitas manifestações depois, os promitentes-compradores de apartamentos do Pearl Horizon continuam a não estar satisfeitos com o decorrer de um processo que culminou na recuperação do terreno onde estava a ser construído o edifício pelo Governo e a suspensão da construção.
O Grupo Polytec recorreu da decisão do Governo de recuperar o terreno para a Administração. O Executivo garante que “é obrigado a actuar em cumprimento da Lei de Terras” e que nada mais pode fazer se não esperar pela sentença do tribunal.
“Uma vez que o promotor do empreendimento já interpôs recurso para impugnar a declaração de caducidade da concessão do terreno pelo Governo, o processo está neste momento nas mãos dos órgãos judiciais. O Governo irá decidir sobre o tratamento posterior dos problemas do terreno em cumprimento da sentença do tribunal e dentro do âmbito do princípio da legalidade, investir todos os esforços para salvaguardar os interesses legítimos dos proprietários.”

3 Mai 2016

CCP | Baixos salários no Consulado “dificultam” a vida a funcionários e residentes

O orçamento do Consulado continua a dificultar a vida aos funcionários, que sofrem com baixos salários e alto custo de vida, dizem os conselheiros do CCP

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s conselheiros das Comunidades Portuguesas de Macau voltaram a alertar para os baixos salários dos funcionários do Consulado de Portugal na RAEM em relação ao custo de vida local, considerando que dificultam a contratação de pessoal e prejudicam o atendimento aos emigrantes. Em declarações à agência Lusa à margem da reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), que decorreu esta semana em Lisboa, o conselheiro José Pereira Coutinho referiu que, “dos últimos cinco” funcionários que o Consulado recentemente contratou “quatro já foram embora e o que resta também tem os dias contados”, na medida em que os salários praticados são extremamente baixos.
“Com os salários praticados não se vai de maneira nenhuma criar estabilidade ao nível dos recursos humanos no Consulado de Portugal em Macau, pelo contrário, desestabiliza e obriga à repetição dos procedimentos burocráticos para a admissão de funcionários”, disse.
A situação não é nova e já foi alvo de justificação da parte do Cônsul Vítor Sereno, mas Pereira Coutinho frisa que a manter-se assim, cria instabilidade nos recursos humanos e afecta os serviços consulares.
“As pessoas não têm mãos a medir com o volume de trabalho que têm, principalmente no Registo Civil e na resolução das marcações para renovação do cartão de cidadão e de passaportes”, disse.
Também a conselheira Rita Santos referiu que a falta de pessoal no Consulado dificulta a vida aos emigrantes e deu como exemplo os pedidos de registo de nascimento, que podem demorar “um ou dois anos”.
“Já fomos sensibilizar o Secretário de Estado [das Comunidades] para olhar Macau de outra forma porque temos uma comunidade de 140 mil pessoas em Macau e mais 40 mil em Hong Kong, muitos deles não dominam a Língua Portuguesa e este é um trabalho a dobrar para o Consulado se não houver um número de pessoal adequado”, referiu.

Bilingues precisam-se

Questionado sobre se há muitos portugueses a emigrar para Macau, Pereira Coutinho referiu que “há dificuldades estruturantes porque cada vez mais é necessário o conhecimento das línguas oficiais, o que dificulta a [vinda] de portugueses” para território.
Mas o também deputado deixou no ar uma sugestão: “Macau tem neste momento uma falta gritante de tradutores bilingues em Chinês e Português e seria interessante se Portugal pudesse formar jovens nesta área”, acrescentou.
Rita Santos também destacou a necessidade de formar bilingues e de fomentar a utilização da Língua Portuguesa em Macau.
“É preciso incentivar nas escolas privadas e nas escolas públicas o ensino da Língua Portuguesa a partir da escola primária, porque para falar bem o português é preciso começar desde criança”, disse, referindo que os conselheiros estão a sensibilizar o Governo local nesse sentido.
Pereira Coutinho defendeu ainda que o turismo de chineses para Portugal deve ser potenciado, nomeadamente com a criação de “rotas aéreas directas entre as cidades chinesas e Lisboa, Porto e Faro”.

3 Mai 2016

O pato não é mau

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão sou contra o pato. Ao que parece, a amarela criatura faz pessoas felizes e a felicidade não tem preço certo. Certos jantares de certas associações custarão mais caro à RAEM e servirão menos gente. Temos pois que o pato “serve” e serve para alguma coisa, o que não se pode dizer de tudo o que custa 6 milhões de patacas.
Para além disso, o pato desenvolve as “indústrias criativas” como as confecções de bolos, cartazes, bolachas, carnes frias e porta-chaves, conseguindo assim o Governo de Macau atingir um dos seus mais sonantes e misteriosos objectivos. Cada pato seu paladar. Portanto, que cem patos desabrochem por essa cidade adentro. No campo culinário, a tentação é muita. Imaginamos o casamento do Pato à Pequim com o Arroz de Pato, por exemplo…
E ainda há mais: o pato servirá de pretexto para introduzir as crianças, através de desenhos, fotografias, instalações e talvez jogos de vídeo, ao mundo da pataria, que é como quem diz da arte contemporânea, de onde brotou o pato em questão.
Antes de ser contemporânea, a arte implicava o aprendizado da técnica, o domínio dos materiais para além, obviamente, de ter em si implícito um discurso, uma ou múltiplas intenções. Existia então na arte essa capacidade de nos fazer experimentar um infinito que se transmuta em Uno, somente como instante ou experiência do instante.
A obra era então inesgotável, qual conjunto de vectores de sentidos e de possíveis e impossíveis leituras. Havia o “texto”, a textura e o contexto e tudo isto formava um “caso”, caso esse que nos sufraga enquanto sujeitos e nos eleva enquanto humanos. A arte mostrava-nos o que não poderíamos ser, mas poderíamos procriar.
A arte do pato é outra. O pato é outra coisa. É uma ideia. Nada mais. Uma ideia que se instala efemeramente na praça pública para gáudio da população. E com ela a população será, eventualmente, feliz. Ou distraída. Ou entretida. Não interessa. E em tudo o que fizerem com o pato, cada um procurará a sua individualidade, a sua pequena diferença, ainda que esta seja imitar o próximo. O pato não é mau.

3 Mai 2016

Até que a morte os separe

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]os vinte e quatro anos vivi num daqueles países ultra-conservadores que, assim que descobriam que eu não tinha um namorado, muito menos um noivo, não se acanhavam em perguntar: ‘o que há de errado contigo?’. A falácia envolvia premissas à partida falaciosas: é solteira, ainda para mais mulher, e, por isso, deve ser insuportável.
Tive a possibilidade de crescer num ambiente onde o casamento não é encarado como o passo mais importante da vida de uma pessoa e deixo-me sempre surpreender quando o é. Diz-se que é preciso arranjar um companheiro ou um namorado, mas melhor será um cônjuge. O que será das nossas vidas sem um papel que diga que estamos legalmente ligados a alguém, ou sem a formalização que (talvez) estamos prestes a criar uma família e garantir a continuação da espécie? Tradições judaico-cristãs que o incentivaram, sem dúvida, mas que podem traduzir-se na contemporaneidade por… romântismo. O que há de mais romântico do que a possibilidade de amar o outro até que a morte os separe? Muito pouco. Provas de amor verdadeiro, diz a cultura mainstream, envolve um anel e um pedido. Porque tu es especial, tu és o melhor que há, tu és a pessoa da minha vida. O sexo, por sua vez, tem uns certos momentos de susto quando pensa na exclusividade sexual até à campa. O sexo gosta de novidade, mas também gosta do à vontade e da familiaridade do mesmo parceiro. O sexo gosta de viver no paradoxo, enquanto que o amor tem uma opinião matrimonial muito clara.
Este não é um tratado anti-casamento. Este é um tratado que defende a liberdade de escolha ao pedir a libertação de pressões, bocas e comentários de tudo e todos. Deixem as pessoas solteiras em paz. Por melhor que esteja comprovado que a solidão aumenta a mortalidade em 26%, não é muito claro se a mortalidade vem do stress que é ser solteiro e ter pessoas a chatear-nos a cabeça, ou se é porque podemos cair na banheira e morrer de traumatismo craniano porque ninguém nos levou ao hospital mais cedo. A ironia está que produzimos sociedades que incitam muito menos sentido de comunidade e cooperação, mas somos extremamente cruéis com os que foram ‘deixados para trás’. A alcunha usada na China para as mulheres que têm quase trinta e não são casadas ainda. Posso inventar razões possíveis, mas talvez, simplesmente, não se querem casar. Ponto. Funny Face
Para os lados mais europeus, a crise não tem dado muito apoio ao matrimónio. Se na China os homens precisam de um bom dote (i.e. uma casa totalmente paga), na Europa nem juntando os trapinhos e as esmolas se consegue comprar casa e começar uma vida. Já para não falar na festa de casamento, que não é barata. Ou mesmo na preocupação profissional extrema, que leva homens e mulheres a dar muito mais importância à satisfação profissional do que à necessidade dos votos.
O casamento não é um mar de rosas, malmequeres ou orquídeas. Não se esqueçam que há desafios diários para o casal, os desafios emocionais e relacionais pagam as contas aos terapeutas conjugais. Hipoteticamente falando, o sexo fica aborrecido, as pessoas ficam chatas ou a rotina desgasta. Por alguma razão a taxa de divórcio está nos 70% em Portugal. Os outro 30% ainda vão dando o exemplo de boas práticas. O pessoal ama-se, quer-se e satisfaz-se na dança que regenera anos e anos de relacionamento. Porque o companheirismo alimenta o amor e vice-versa, pelas experiências românticas e pela possibilidade e compatibilidade de resolver qualquer obstáculo que apareça à sua frente.
Um relacionamento a longo-prazo, sólido, vem naturalmente até certo ponto. Há trabalho por desenvolver, há investimento, compromisso e criatividade. Se as pessoas julgam que o casamento é o caminho certo porque é a escolha natural, desenganem-se. Estar solteiro pode ser um caminho natural também, solteiro com gatos e cães, solteiro com uma amante de vez em quando, solteiro com a namorada a longo-prazo: tudo pode ser natural. Porque a felicidade é o maior cliché de todos os tempos, sem estado civil associado.

3 Mai 2016

Regras da decência pura

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em direitos. Dotados de razão e de consciência devem agir uns para com os outros em espirito de fraternidade.
Artigo número um da declaração Universal dos Direitos Humanos

Não matarás… Não furtarás…. Não adulterarás…..
Mandamentos de Moisés

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]odas as naturezas se vão unindo por vínculos de compatibilidade mais ou menos discutíveis, mas sempre tendo em vista as semelhanças e a lei da empatia. O chamado “corpo estranho” não é infiltrável no aparelho das leis e dos mandatários que requerem aquele “fio de prata” com as fontes destes princípios. Há tratados, obras, ensaios, poemas, análises que as abordam de todos os ângulos visíveis e possíveis e, não raro, é sonegado no emaranhado da retórica (dado que o grau de pureza analítica pode ser considerado dogma) um lastro de afinidades vitais.
Pois há formas de ser que: “verdades puras são e não defeitos”…. e “Afinidades Electivas” que: sim, sim, sim… estão melhoradas. Nem Camões nem Goethe, nas suas maturidades olímpicas, estão unidos ao vínculo experimental. O sacerdócio da escrita deixa poucos interesses para a propagação das reformas em curso em qualquer tempo e nós devemos sempre duvidar de tanta receita, tanta oferta, tantas tentações de Antão, de antanho, e vibrar, caso possamos também, esse limite da dor e do urgente, porque no limite tudo reverte em novo princípio, pois que a maioria das regras são tão impactantes, que impedem de ver frechas da mesma realidade.
Para sermos entendidos usamos códigos, signos linguísticas, formas gestuais, mas imaginemos um mundo onde todos dizem a mesma coisa com algumas variantes, uma Babel de sons tresloucados e cuja funcionalidade de entendimento é zero… um baralhar, tornando a dar. Será preferível dar e baralhar depois!
Este limite foi alcançado em parte pela facção indecente, senão vejamos o tresloucamento singular dos dias de hoje em que não podemos tirar fotografias com as nossas crianças dado que exercitamos a libido de gente que não estava inscrita em nenhum ramo da existência e, passou a existir. Por medo, pelo temor que temos face a elas, um código sem dúvida de indecência pura!
A pureza não é contudo aquele estado imaculado todo de febris graças e recato, muito embora ninguém saiba explicar sem um forte estilo de vida a nascente tamanha de tal estado… é uma distinção tal que houve mesmo necessidade de a representar em imagens (embora esta seja impedida na lei mosaica) e quem como Miguel Ângelo para a representar no doce e intemporal e sempre jovem rosto de Pietà?! Ela tem ao colo um homem morto que é seu filho, mas ambos têm no tempo a mesma idade. É uma sustentável beleza de ser que atingiu um propósito tão raro de pureza tamanha, que ninguém aguenta contemplar por muito tempo. Ficamos como que cegos, penosamente pesados pela combustão da vida. Atingir deleites tais não é obrigatório para a prática dos dias: pode-se bem viver uma vida inteira sem que saibamos que existam, pois que não somos nós que as buscamos, mas sim eles que nos elegem para dizer de si segundo o grau de resistência de cada um a esses domínios até electrizantes: quanto mais perto mais terrível, quanto mais belo mais medonho…
Sabemos que sós, plenos de postulas, de vícios, sujidade e disfarce, podemos aguentar por aqui. O tempo passa, ele é um programa que cada um processa consoante o seu estar podendo mesmo anunciar que ainda não nasceu, nascer, só quando algo acontece entre o que somos e as nossas afinidades, e há vidas onde não acontece nada. Adaptar verdades simples requer vidas por vezes complicadas, o transtorno de misturar tudo, pode levar a que sejamos por vezes lianas trepadoras com raízes no ar.
Passámos a adaptar princípios – puros princípios – nas Constituições Mundiais, adaptando-as às circunstâncias contemporâneas como forma de operação contra o insalubre e estático momento da jornada humana, essa massa com uma organicidade excessiva nascida não raro entre o caos e propósito nenhum, elas estão lá como as estrelas estão no Céu, tentar que baixem é um movimento estranho, porém, nós temos os guindastes laváveis que depressa fugiram a esta grande massa de despojos: até já tivemos uma Escada, a de Jacob, mas por ela desceram mais do que subiram; nestes parágrafos há até códigos que exultam a santidade, e hoje a Alquimia também tomou lugar através do tratamento dos resíduos tóxicos, mas, viveu-se entre eles como entre roseiras bravas, incorporando-os em nós, essa guerra de bactérias que por atracção se desvelam e deslindam sem que ainda saibamos do amor que as atrai.
Os “corpos estranhos” por vezes também se entranham e vão acrescentar tecido, mudar a forma ao que estava, por isso, nunca sabemos como terminam as invasões …um organismo tanto pode expulsá-los, como integrá-los, como mimeticamente dizer que são o mesmo. – Quem mata um homem mata a Humanidade inteira – Quem admite um homem viaja por ela toda – nesses simples gestos puros, o de aceitarmos e salvarmos, estamos a definir os contornos das nossas fontes. E se é grande ser-se ecuménico, universal e abrangente, a curva do meu destino é contudo pequena para consentir passar por tão alta manifestação como um sonâmbulo que gera em seu redor uma pequena combustão que visa a vã desesperança de viver.
Nos momentos que se cruzam até as casas são venenosas com sua construção de materiais que se infiltram em zonas do nosso frágil organismo. Elas são cogumelos onde não convém ser-se tão elementar que tenhamos nelas abrigo, já adaptámos os órgãos às funções, mas não somos cobaias de um impuro sistema da resistência aos materiais.. Os nossos ais podem estar domados, mas as nossas mortes são concretas, na morte só há impureza, dizem, mas, pode haver um grau de decência que não nos permita esta falta de carinho por uma matéria que outrora fora animada. De uma centelha. Por ele, corpo, passou um deus, que nós depusemos na ânsia de o suplantar.

3 Mai 2016

Governo quer atribuir licenças especiais a casas de penhores

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, referiu, citado pelo jornal Ou Mun, que vai rever o processo de autorização das licenças atribuídas às casas de penhores, prometendo ouvir as sugestões da sociedade sobre o processo.
Lionel Leong diz que vai acompanhar o mais recente caso que está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ) e que surgiu depois de mais de 40 residentes terem feito queixa por, alegadamente, terem sido alvo de um desvio de mais de 35 milhões de dólares de Hong Kong.
“Neste momento não existe uma exigência especial para o sector e as casas de penhores podem abrir portas apenas com uma licença comercial. Por isso o Governo vai procurar reforçar essas exigências, criando uma licença para o sector. Se a sociedade considerar que este tem uma grande ligação com a economia e quiser uma maior fiscalização o Governo terá isso em consideração”, defendeu o Secretário. “Todas as acções de recolha de depósitos têm de obter uma autorização da Autoridade Monetária e Cambial (AMCM) e deve ficar esclarecido se se tratou de empréstimos pessoais ou não”, acrescentou Lionel Leong.
A PJ já veio dizer em comunicado que recebeu mais de 40 denúncias que dizem respeito a uma burla alegadamente levada a cabo por quatro casas de penhores, situadas na zona da ZAPE e de dois proprietários. Com juros de 12% ao ano, o montante envolvido ultrapassará os 57 milhões de dólares de Hong Kong. Numa declaração publicada no jornal Ou Mun, a Associação Geral dos Penhoristas de Macau já pediu desculpas pelo “mau comportamento” de um dos novos membros, que entretanto foi excluído. Os proprietários fecharam portas e estão incontactáveis.

3 Mai 2016

Centro Produtos Alimentares | IPIM procura fornecedores no Brasil

Uma delegação do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) encontra-se no Brasil numa visita oficial que irá durar até sábado. Segundo um comunicado, um dos objectivos desta viagem é a captação de mais fornecedores para o Centro de Exposição dos Produtos Alimentares de Língua Portuguesa, para “introduzir um maior número de produtos alimentares e bebidas” produzidos no Brasil.

3 Mai 2016

Galgos | ANIMA questiona Governo sobre dopping e suspeita que análises são feitas pelo Canídromo

Amanhã há uma manifestação na Irlanda para impedir a venda de galgos a Macau: há muitas dúvidas sobre o modo como os cães são tratados. Pelo caminho, fica a imagem internacional da RAEM e, por cá, a ANIMA tenta perceber afinal quem faz as análises ao eventual uso de droga nos cães

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]amanhã o dia da manifestação pacífica pelo fim da exportação de galgos da Irlanda para Macau. Um dia antes do protesto que acontece em Dublin, frente ao Ministério da Agricultura, o HM sabe que a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais pediu informações ao Governo sobre o eventual uso de drogas nestes cães.
Como o HM já tinha avançado, organizações de defesa dos animais pediram ao governo irlandês para proibir a exportação de galgos para Macau, depois da Austrália ter bloqueado a sua vinda. As razões são as mesmas: associações locais de protecção animal, tal como a ANIMA, acusam o Canídromo de maus tratos e de abater galgos que perdem três corridas seguidas, sem que tenham qualquer programa de adopção. Uma cadeia de televisão australiana chegou mesmo a entrar com uma câmara oculta onde demonstra espaços com poucas condições.
Depois de uma petição – onde os activistas irlandeses apontaram o dedo ao Departamento de Agricultura do país que acusam de estar a fechar os olhos a uma prática “ilegal” – , tal como o HM avançou no início de Abril, seguiu-se o anúncio do encontro.
“Eles vetaram a exportação de galgos para a China em 2011, tendo em conta práticas de bem-estar animal, e agora, em 2016, estão a fechar os olhos, dizendo que não há qualquer proibição na exportação destes animais. A demonstração serve para realçar a exportação horrenda de galgos de corrida para o infame Canídromo de Macau, onde mais de 30 cães são mortos mensalmente”, apontava a Irish Council Agains Blood Sports.
O encontro vai acontecer em frente ao Departamento de Agricultura irlandês entre o 12h30 e as 14h30. No dia 28, conforme a agência Lusa, uma outra carta voltou a pedir o mesmo. Esta dirigida ao ministro da Agricultura, Simon Coveny, e assinada pela SPCA, The Irish Blue Cross e a Dogs Trust. Dizem-se “seriamente preocupadas e desapontadas” com as notícias confirmadas de que foram vendidos galgos da Irlanda para o Canídromo – nove, segundo as últimas contas que o HM conseguiu encontrar na imprensa irlandesa.

E a droga?

Mas há outras perguntas por responder e estas foram feitas directamente ao Governo de Macau: a ANIMA quis saber como é que a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) controla o uso de dopping nos animais.
“Temos sérias dúvidas de que muitos desses animais não corram drogados. Basta uma simples leitura da legislação para se perceber que isso acontece desde o início. É prática que deve continuar a existir até porque o Canídromo compete com donos dos animais que os compram em hasta pública, que não são autorizados a entrar nas próprias instalações onde se encontram os seus [cães]”, começa por apontar a ANIMA. “Qual é de facto a supervisão que se faz relativamente a este assunto? Pela informação que temos, essa supervisão não cabe ao IACM, mas sim à DICJ – mas sendo esta um organismo regulador de jogo não possui veterinário nenhum.”
A ANIMA, na carta assinada pelo presidente Albano Martins, questiona directamente a DICJ: será o próprio Canídromo a fazer estas análises? Onde é que elas são guardadas? Onde são feitas?
Este documento, datado de Dezembro do ano passado, recebeu uma resposta pouco esclarecedora, datada de Março: “Diariamente são recolhidas urinas de alguns galgos participantes, para prevenir que os mesmos [sejam] drogados. Uns são [examinados] por forma aleatória e outros por terem actuado irracionalmente”, pode ler-se na carta assinada por Paulo Chan, director da DICJ. “Todas as amostras são devidamente seladas com material próprio e testadas por laboratório qualificado. Posteriormente, a concessionária é obrigada a submeter os relatórios das análises à DICJ para os devidos efeitos.”
Para a ANIMA não há dúvidas: a resposta indica que é o Canídromo. “Somos obrigados a concluir, de forma perigosa, que tal processo é conduzido pelo Canídromo, o que, convenhamos, não garante qualquer neutralidade e isenção a todo o processo de supervisão. Até porque o Canídromo é competidor ao lado de outros animais e o único com acesso a canis onde eles se encontram.”
A organização relembra ainda que não se percebe sequer quem faz a recolha.

Mais no ar

O HM tentou perceber junto da DICJ esta questão, mas devido à hora avançada não foi possível obter resposta. Na carta a que o HM teve acesso, a ANIMA levanta novamente questões que já foram debatidas, mas que nunca viram resposta: onde está Brooklin, a cara da campanha para salvar os galgos do Canídromo? Segundo a organização, estará “inactivo”, num canil e só não foi abatido devido à pressão internacional. E onde está City Hunter, o galgo ferido recentemente, revendido depois disso e que foi pedido pela família adoptante do seu irmão que estava disponível a pagar pela adopção, só para evitar que o animal sofra?
E como é que a DICJ controla as eventuais apostas ilegais na China continental, se o Canídromo se continua a manter em pé mesmo com todos os prejuízos financeiros? Por que razão o Canídromo paga menos impostos do que todas as outras operadoras de jogo desde há anos a fio? Como é que o Canídromo compra e vende animais sem licença para tal? E como é que se vai continuar a permitir uma pista com animais na zona com maior densidade populacional no mundo?
Outro dos problemas apontados é a falta de um sistema de adopção: apenas quatro animais o foram. Todos por pressão das associações locais. E apenas um foi adoptado através do Canídromo, tendo sido, segundo acusa a ANIMA, o próprio veterinário da Yat Yuen a adoptá-lo “como forma de atirar areia para os olhos”. Os outros três foram adoptados graças a “esforços do IACM”, que fez um trabalho “que era do Canídromo”.
A falta deste sistema leva a organização a questionar-se como é que há espaço para tantos animais novos, como estes que agora chegam ao território da Irlanda e que vão motivar o encontro de amanhã.
O ano passado, o Governo decidiu prolongar até Dezembro de 2016 a licença para a exploração do Canídromo, depois de pedir um estudo sobre esta matéria e porque “não se podia fechar o local de um dia para o outro”, como disse Lionel Leong, Secretário para a Ecomomia e Finanças. A ANIMA diz que ainda não foi inquirida sobre o estudo, cujo resultado deve ser conhecido dentro de meses.

3 Mai 2016

PME | Reforço do apoio a empresas ajudará a manter lojas tradicionais

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Reforçar o apoio às pequenas e médias empresas é de extrema importância para a manutenção da taxa de emprego da população de Macau”. As palavras são do Governo que, através de um comunicado, explica que nos próximo cinco anos a Administração vai reforçar o apoio às pequenas e médias empresas (PME), “lançando de forma precisa medidas de apoio de modo a baixar os custos operacionais e, com isto, aliviar a pressão sentida por este sector”.
Com esta ajuda, indica o Executivo, será ainda possível criar novas oportunidades para manter as pequenas lojas tradicionais e típicas, “com as suas características particulares, do Centro Histórico de Macau e apoiá-las a melhorar o seu ambiente de operação para novas oportunidades de negócios”.
Para isso, o Governo pretende lançar, nos próximo cinco anos, dois a três programas para “a recriação da marca de 15 empresas locais de renome”. “Concretizaremos o planeamento da construção das novas zonas de aterro para a reserva de espaços que permitam o desenvolvimento das pequenas e médias empresas”, garante ainda a Administração.
No que ao apoio geral diz respeito, uma das decisões passa pela elaboração de um plano de apoio e o Governo explica ainda que vai fornecer “uma série de serviços” a estas empresas para que possam aumentar “a qualidade de gestão”.
Será ainda reforçada a função do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, explica o Executivo. As empresas, garante o Governo, serão apoiadas no sentido de providenciarem um ambiente de trabalho seguro e saudável e “também obterão apoio na resolução da carência de recursos humanos”. Às que decidirem optar por modelos operacionais que melhorem a qualidade dos seus serviços podem ser atribuídos apoios adicionais.
A promoção do comércio electrónico é ainda um dos pontos a explorar. O Governo acredita que é preciso prestar apoio às empresas na área do comércio electrónico para que possam “desenvolver novas oportunidades e aumentar a competitividade”, reforçando a cooperação regional nesta área e criando uma nova força para o desenvolvimento económico.
Tal como já tinha referido anteriormente, o Governo quer ainda que as operadoras de Jogo recorram às PME locais para a aquisição dos seus produtos. “É necessário aumentar a percentagem de produtos e serviços locais adquiridos pelas concessionárias de Jogo, e ao mesmo tempo, aumentar também a percentagem do número de empresas locais fornecedoras das concessionárias do Jogo”, indica.
As pequenas e médias empresas em Macau representam mais de 90% do total das empresas e os seus trabalhadores representam 40% do total da população activa.

3 Mai 2016

Plano Quinquenal | Planeamento de habitação pública mantém-se

Raimundo do Rosário garantiu que a implementação do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM não vai afectar as medidas já criadas no âmbito da habitação pública

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]certo que ainda está em processo de consulta pública, mas o Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM não deverá alterar as políticas já existentes ao nível da habitação pública. Quem o diz é Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes. Citado por um comunicado oficial, Raimundo do Rosário referiu que o Plano Quinquenal, pensado para os próximos cinco anos, “não afectará o planeamento da habitação pública que está a decorrer”, sendo que “o Governo continuará a desempenhar bem as funções no âmbito da construção e planeamento” deste tipo de habitação.
Raimundo do Rosário considera que “o Governo necessita de um planeamento sobre o desenvolvimento urbanístico, para que, deste modo, conheça melhor a situação da procura de habitação, nos próximos cinco ou dez anos”.
No documento de consulta relativo ao Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM são poucas as novidades avançadas nesta área. O Governo promete “empenhar-se em planear o aumento dos recursos de habitação pública de forma a reforçar as garantias básicas de habitação dos residentes”.
Chui Sai On, Chefe do Executivo, prometeu concluir no próximo ano o relatório final do estudo sobre a procura de habitação pública. Também em 2017 o Governo quer estabelecer “o processo de pedido de habitação social por via electrónica”. O Chefe do Executivo quer ainda atribuir 3800 apartamentos de habitação social até 2018. Quanto à revisão da Lei de Habitação Económica, actualmente em curso, deverá ficar concluída no 2º trimestre de 2017.

Magistratura | Governo quer ter 297 formandos até 2017

No âmbito do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM o Governo pretende “fomentar o desenvolvimento do sistema jurídico e do sistema judicial”, por forma a “aumentar a qualidade dos profissionais da área jurídica”. Segundo um comunicado, o Governo quer ter até ao próximo ano um total de 297 magistrados e profissionais de justiça em formação, prometendo em cinco anos “aperfeiçoar o mecanismo de formação judiciária”.

Polícia electrónica já este ano

Ao nível da segurança, o Plano de Desenvolvimento Quinquenal visa o estabelecimento de meios electrónicos para o trabalho das Forças de Segurança. O Governo prevê que este ano avance “a fase inicial da plataforma de monitorização digital”, estando a ser planeada a criação de um “mecanismo de comunicação rápida e eficaz, através de equipamentos de informação electrónica”.

3 Mai 2016

Saúde | Governo mantém vales e espera gastar mais de 350 milhões

O programa de vales de saúde vai de vento em popa. O Governo conta gastar mais de 350 milhões de patacas para 2015 a 2016, valores que não fogem da realidade de anos anteriores. Nos últimos seis anos o número de queixas contra clínicas caiu em mais de 80%

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]mplementado no ano de 2009, o Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde vai manter-se mais uma vez este ano. É o que explica o Governo num comunicado à imprensa, onde prevê, feitas as contas finais, um gasto de 396 milhões de patacas com a medida.
O programa pretende “beneficiar uma única vez os residentes”, sendo-lhes atribuídas 600 patacas para utilização em diversas clínicas privadas que adiram à política. “O projecto estipula que os vales de saúde só podem ser utilizados pelos beneficiários até ao dia 31 de Agosto de 2017. Os vales de saúde são transmissíveis, uma única vez, a favor do cônjuge, ascendente ou descendente de 1.º grau em linha recta do beneficiário que seja titular do BIR Permanente da RAEM”, explica o comunicado.
Os vales de saúde podem ser usados em todas as unidades privadas de saúde autorizadas para o programa, não sendo aplicáveis nas entidades médicas públicas ou unidades de saúde privadas subsidiadas pelo Governo.

Contas na mesa

No programa para o ano de 2014, 82% da população procedeu à impressão dos vales de saúde, sendo que quase 90% dos vales impressos foram recolhidos. Dados divulgados pelo Governo explicam que o montante líquido atribuído ficou-se nas 272 milhões de patacas. Do programa participaram 748 unidades, envolvendo 1267 médicos.
Este ano, o Governo explica que até 14 de Abril de 2016 – sendo que o programa ainda está em curso até 31 de Agosto – mais de 471 mil pessoas procederam à impressão dos vales de saúde, atingindo uma taxa de 72,7% da população beneficiária. Cerca de três milhões de vales de saúde foram recolhidos, representando 54% da quantidade dos vales de saúde impressos. Mais do que no ano anterior, o programa envolve 1286 médicos, mas menos unidades de saúde, visto que este ano só participam 737 instalações médicas. Até ao momento foram atribuídos 148 milhões de patacas.

Menos queixas contra médicos

Apresentados os dados dos últimos seis anos, o Governo explica que as queixas contra os médicos baixaram de 50, em 2009, para três no ano passado, uma queda de 92% quando comprado com os últimos dados de 2008. No total foram registadas 118 queixas contra farmácias chinesas, sendo que em 2009 foram apresentadas 48 queixas, contrastando com quatro durante o ano passado. O número de queixas levantadas contra as unidades privadas de saúde também diminuiu, de 98 casos no ano de 2009 para sete casos em 2015, uma descida de 87,8%. O Governo indica ainda que durante a execução do programa no ano passado sete unidades privadas de saúde receberam advertência escrita por infracção.

3 Mai 2016

MICE | Sector recebeu menos subsídios face a 2012

Em 2012 os subsídios do Governo atribuídos ao sector das convenções e exposições representavam 71,5%, enquanto que no ano passado representavam 54,4%. O Governo fala destes números para mostrar “uma dinâmica de mercado com uma tendência de crescimento cada vez mais nítida”. O Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM prevê que Macau possa ser a sede de “reuniões internacionais de alto perfil”, sendo este o “caminho para a ampliação da área para eventos e o fortalecimento das marcas com especificidades locais”. O Executivo pretende, nos próximos anos, expandir a área total dedicada aos eventos, de 180 mil m2 para 210 mil m2. “Em cinco anos a quantidade de marcas locais participantes nas feiras e eventos também deve superar as 11 registadas em 2015”, lê-se no comunicado.

3 Mai 2016

Mais de cem ilegais em três meses

Segundo um relatório divulgado pelo Corpo da Polícia de Segurança Pública foram detectados 106 trabalhadores ilegais no primeiro trimestre deste ano. O resultado é fruto de operações de fiscalização em terrenos de obras de construção civil, residências e estabelecimentos comerciais e industriais, num total de 1175 locais vistoriados.

3 Mai 2016

Receitas dos casinos descem 10%

Os casinos fecharam Abril com receitas de 17.341 milhões de patacas, uma queda de 9,5% face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais. Segundo a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em termos acumulados, os casinos registaram, nos primeiros quatro meses do ano, receitas de 73.517 milhões de patacas, menos 12,4%. Abril, mês que apresenta o pior desempenho de 2016, sofreu, no entanto, a segunda menor queda percentual desde o início do ano em termos anuais homólogos, a seguir a Fevereiro, altura em que as receitas dos casinos de Macau diminuíram apenas 0,1%. As receitas do jogo encontram-se em queda desde Junho de 2014, com Abril a figurar como o 23.º mês consecutivo de quedas homólogas. Macau contava, no final do primeiro trimestre do ano, com 6087 mesas de jogo e 14.297 slot-machines distribuídas por um universo de 36 casinos.

3 Mai 2016

Mais carros, mais telemóveis

Macau tinha no final do primeiro trimestre cerca de 249 mil veículos em circulação, mais 3% do que no período homólogo de 2015, dos quais quatro mil com matrículas novas, indicam dados oficiais. De acordo com as estatísticas relativas aos transportes e comunicações, no final de Março havia em Macau 249.215 veículos motorizados em circulação, dos quais 52% eram motociclos e 41,42% eram veículos ligeiros particulares, num território com 421,3 quilómetros de estradas.
No primeiro trimestre, foram atribuídas 4001 novas matrículas, menos 27,6% face ao ano anterior.
A semana passada, o Governo anunciou a intenção de controlar o aumento anual de veículos no território, na ordem dos 3,5 a 3,8%, de acordo com o primeiro Plano Quinquenal elaborado para o território.
Quanto às telecomunicações, no final de Março, havia 1,88 milhões de números de telemóvel activos em Macau, mais 1,9% do que no mesmo período do ano passado. O número de utentes de telemóvel traduz quase o triplo do número de residentes de Macau e é justificado com os números pré-pagos que são utilizados por visitantes e turistas, mas que ficam activos durante seis meses.
Entre os mais de 646 mil residentes de Macau, 143.488 tinham telefone fixo, o que representa uma queda de 5,6% em termos anuais.

3 Mai 2016