Tomás Chio SociedadeAssociação exige “coragem” para acabar com monopólio da CTM [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau considera que se o Governo quer apostar na criação de uma “cidade inteligente” deve ter a “coragem” para acabar com o chama de monopólio por parte da Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM). Cheng Chung Fai, secretário da Associação, avançou com esta ideia após o anúncio do Plano de Desenvolvimento Quinquenal, que propõe a criação de uma “cidade inteligente”. O responsável acredita que o monopólio da CTM tem vindo a limitar o desenvolvimento do sector e, caso o Governo não ponha um fim a esta situação, nunca será criada uma “cidade inteligente”. O contrato de concessão com a CTM terá duração até 2021 e, como o Plano de Desenvolvimento Quinquenal é para cumprir até 2020, Cheng Chung Fau acredita que a ideia revelou uma postura conservadora do Governo, que não teve em consta a insatisfação do público. “Como é que serão os dias em Macau sem a CTM? E se mais uma empresa obtiver o contrato de concessão, o que vai acontecer?”, questionou o secretário da Associação, criticando a qualidade do serviço. Cheng Chung Fai apela ainda ao Governo para revelar o calendário do serviço triple Play por uma questão de transparência. O responsável lembra que o Governo prometeu lançar o serviço em 2019, mas defende que a sociedade tem dúvidas no cumprimento dessa política.
Joana Freitas Manchete SociedadeTerrenos | Governo recupera mais dois lotes, um deles pertenceu à Polytec A juntar à lista de terrenos recuperados pelo Executivo estão agora mais dois lotes. Um fica na Ilha Verde e o outro no Pac On, tendo este pertencido à Polytec [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Executivo recuperou mais dois terrenos cujo prazo de aproveitamento caducou, sendo que um deles esteve já ligado à Polytec e ao ex-deputado Ung Choi Kun. O anúncio de declaração de caducidade foi ontem publicado em Boletim Oficial, num despacho assinado pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas. Um dos lotes, que pertenceu anteriormente ao Grupo Polytec – que ficou sem o lote onde estava a ser construído o empreendimento Pearl Horizon pela mesma razão -, foi adjudicado por arrendamento e com dispensa de concurso público à Companhia de Investimentos Polaris, Limitada. O lote, com a área de 27.188 metros quadrados, foi adjudicado quando não havia ainda sido sequer totalmente conquistado ao mar, apurou o HM. Fica na Baía do Pac On e em 25 anos deveria ter nascido no espaço um complexo de edifícios de habitação, comércio, estacionamento e equipamento social. Em 1997, foi dada nova autorização para reaproveitamento do lote, depois de a área do terreno ter sido rectificada em 1995, passando a ter 19.314 m2. Ao que o HM apurou através de documentos da altura, a Polaris conseguiu obter os lotes depois da Polytec ter pedido a “substituição em parte do processo” por esta empresa. Na altura, como mostra um BO da década de 90, a adjudicação sem hasta pública foi justificada dado “o projecto ser importante para o território”, nomeadamente pela construção de equipamento social em pouco mais de quatro mil metros quadrados. O contrato foi assinado por He Guanghua e Ho Hon Leong, ambos gerentes da Polaris. Mas, uma pesquisa feita pelo HM indica que a empresa teria como um dos seus responsáveis Ung Choi Kun, ex-deputado. O prazo de arrendamento expirou em 25 de Dezembro de 2015 e “este não se mostrava aproveitado”. Mar salgado O outro caso diz respeito a um lote na Ilha Verde, com 4440 metros quadrados e que foi adjudicado em 1989 por arrendamento e sem concurso público à Companhia de Géneros Alimentícios Congelados Macau, Limitada. O lote, adjudicado também ainda numa “área a aterrar” na Estrada Marginal da Ilha Verde, deveria ter sido aproveitado para a construção de um edifício de cinco pisos para uma fabrica e armazém de produtos do mar. O prazo de arrendamento deste expirou em 17 de Maio de 2015. O HM não conseguiu apurar a quem pertence a empresa. As empresas têm agora dez dias para recorrer ao Chefe do Executivo, podendo ainda seguir para tribunal.
Joana Freitas BrevesHK não pediu ajuda a Macau sobre polícia que furtou dinheiro As autoridades de Macau asseguram que ainda não receberam qualquer pedido de ajuda das homólogas da região vizinha sobre o caso do sargento que terá vindo para a RAEM com mais de um milhão de dinheiro furtado. O homem, sargento desde Junho do ano passado, tirou cerca de 1,7 milhões de dólares de Hong Kong do cofre da esquadra de Wan Chai, onde estava de serviço. Com 43 anos, o polícia desde 1992 apresentou-se no trabalho às 7h00 mas disse quatro horas mais tarde que teria de sair. O cofre da estação foi descoberto vazio e o sargento terá fugido para Macau na segunda-feira, de acordo com registos da migração. As autoridades da RAEM, contudo, dizem não ter recebido qualquer pedido de auxílio das de Hong Kong, que garantem que uma investigação está a ser feita. As duas regiões não têm acordo de extradição.
Tomás Chio BrevesTeatro Capitol | Ainda não há consenso com vendilhões Os comerciantes que possuem bancas de comida e sumos no interior do Teatro Capitol ainda não chegaram a consenso com William Kwan, o empresário que pretende renovar o espaço e que quer que os vendilhões abandonem o edifício. “Apenas podemos resolver este problema através do tribunal e todos os proprietários têm de ter responsabilidade sobre isto”, referiu William Kwan ao HM, explicando que o processo judicial ainda não começou. O empresário referiu que tentou chegar a um consenso com os comerciantes pela via do diálogo, sem sucesso. Quanto ao projecto de renovação, William Kwan garantiu que ainda está à espera de juntar o capital necessário para o projecto com outros proprietários, por não deter o espaço na totalidade. Os comerciantes foram acusados de ocupação ilegal da via pública, apesar de pagarem renda pelos espaços há cerca de uma década. O deputado Chan Meng Kam foi consultado pela família de comerciantes para agir a seu favor no caso.
Hoje Macau BrevesConcurso “Momentos Felizes” arranca dia 17 o Gabinete de Comunicação Social (GCS) voltou a abrir o concurso fotográfico “Momentos Felizes da Vida em Macau”, com o objectivo de registar o desenvolvimento e a vida em Macau para o “Livro do Ano”. O processo de inscrição e apresentação de trabalhos arranca no próximo dia 17 às 00h00 e o prazo de entrega dos trabalhos segue até às 24h00 do dia 7 de Junho. O concurso conta com a colaboração de oito associações de fotografia e cinco de comunicação social. “As Áreas Marítimas da RAEM” também contarão para um prémio temático especial este ano para assinalar a aprovação pelo Governo Central no final da delimitação das áreas marítimas e terrestres sob jurisdição da RAEM. Os prémios incluem uma taça e ainda oito mil, cinco mil e três mil patacas, para os 1º, 2º e 3º classificados respectivamente e o máximo de 50 Certificados de Mérito com louvor e 500 patacas. Existem ainda prémios temáticos especiais que dependem da selecção de fotografias pela Comissão de Redacção do Livro do Ano 2016 do GCS com o prémio de mil patacas. As obras seleccionadas e premiadas serão divulgadas e promovidas, podendo ainda integrar o anuário “Macau 2016” editado pelo GCS. A selecção de trabalhos aceites a concurso decorrerá a 26 de Junho. Os resultados serão divulgados em Julho.
Hoje Macau SociedadeInstituto Ricci muda-se para a Universidade de São José [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Ricci vai deixar as actuais instalações, localizadas na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, para passar a funcionar no novo campus da Universidade de São José (USJ). Segundo a Rádio Macau, a mudança concretizou-se ontem com a assinatura de um protocolo, que prevê a integração da biblioteca do instituto. Em declarações à Rádio, Peter Stilwell, reitor da USJ, disse tratar-se de um acordo com uma “dimensão prática”. “Havia a necessidade do Instituto Ricci de encontrar um sítio onde pudesse abrigar a sua biblioteca. Vão ter de sair da sua sede. Nós estamos a constituir a nossa biblioteca universitária, que já é bastante rica, mas que, de modo algum, se pode parecer com a riqueza da biblioteca Ricci, no campo específico das tradições chinesas e da Igreja na China””, referiu. Luís Sequeira, fundador do Instituto Ricci, considera que o protocolo revela uma evolução para os estudos chineses desenvolvidos pelos jesuítas em Macau. “É um dar e receber mútuo. Nós trazemos uma pequenina especialidade em estudos chineses, o que significa esta interculturalidade, este contexto China, Ocidente e Europa, que a universidade não tinha como tal. Por outro lado, para nós, estar inserido numa universidade é também uma riqueza e uma fortaleza”. O semanário O Clarim noticiou na passada sexta-feira que o Instituto Ricci terá de sair das instalações junto ao Tap Seac a pedido do Governo, estando prevista a mudança para a Ilha Verde já no próximo ano lectivo. Ainda não é conhecido o destino que será dado ao histórico edifício, arrendado à Direcção dos Serviços de Finanças. O reitor da USJ garantiu que esta mudança não vai diminuir a presença dos jesuítas em Macau, nem o seu legado histórico. A transferência “dá-lhe projecção porque insere o Instituto no espaço do ensino superior, o que significa que pessoas que queiram fazer doutoramentos ou investigação terão mais facilidade em obter bolsas, se vão trabalhar num espaço de ensino superior que lhes pode dar o diploma do trabalho que estão aqui a realizar”, referiu.
Hoje Macau BrevesFundação Oriente | Arte contemporânea em workshop A Fundação do Oriente vai acolher o workshop “Processo criativo na arte contemporânea”, levado a cabo pelo recém-seleccionado para o Sovereign Asian Art Prize, José Drummond. Dividido em dois módulos sequenciais, é intenção desta formação envolver os participantes no processo criativo bem como a discussão do trabalho de outros artistas contemporâneos, adianta a organização. Partindo do princípio que a arte contemporânea reflecte a sociedade e cultura em que se insere, é objectivo desta iniciativa abordar um leque alargado de materiais, meios e tecnologias associados, bem como promover nos participantes novas ideias capazes de ser exploradas. A formação será dirigida em Inglês todos os sábados entre 7 de Maio e 25 de Junho, das 14h00 às 17h00, sendo que as inscrições terminam na sexta-feira e têm o valor de mil patacas.
Hoje Macau BrevesFRC com música no feminino A Galeria da Fundação Rui Cunha acolhe o primeiro concerto do projecto Macau Infinite Trio, numa iniciativa co-organizada com a Associação de Música de Câmara, no sábado pelas 20h00. O Trio iniciou a sua actividade este ano e é formado por três artistas premiados naturais de Macau: Kubi Kou (flauta), Wong Sin I (violino) e Cecilia Long (piano). Segundo a organização o nome “infinite” representa a ambição de criar um número infinito de possibilidades musicais, tendo como objectivo a transmissão de um sentido próprio e feminino na música. O evento conta com entrada livre.
Hoje Macau BrevesA festa agora é no junco Já não é preciso ir a Hong Kong para uma festa num junco. A partir de agora é possível alugar destes barcos tradicionais, à vela, e saltar a bordo com amigos ou família para festas e momentos de lazer em Macau. A operação é desenvolvida pela Macau Sailing, que opera um junco com capacidade para um máximo de 40 pessoas. As viagens podem ser de dia inteiro ou de meio dia incluindo passagens pelo porto de Macau e ilhas adjacentes. A bordo existe alimentação sendo mesmo possível incluir um churrasco. Para além das viagens standard, o operador criou também as de “pôr-do-sol” num passeio à volta de Macau. Disponível está também a possibilidade de a viagem ser personalizada de acordo com as possibilidades da embarcação e os desejos dos viajantes. Aprender a velejar e descobrir golfinhos albinos chineses são outras das actividades propostas pelo operador. A embarcação foi construída nos históricos estaleiros de Coloane e recentemente restaurada com materiais originais, sendo um dos mais antigos juncos ainda a vogar pelas águas do Delta do Rio das Pérolas e único no seu género. Mais informações no site da empresa em www.macausailing.com.
Hoje Macau BrevesArmazém do Boi | Conversa sobre a fotografia de Leong Ka Tai O Armazém do Boi continua com o ciclo de palestras já no próximo domingo, das 15h00 às 17h00, desta feita com o Leong Ka Tai e a história da sua fotografia. Leong é um dos membros fundadores e presidente do Instituto dos Fotógrafos Profissionais, fazendo também parte da Associação de Cultura Fotográfica, ambas de Hong Kong. Apesar de mestre em Engenharia pela Rice University, em Houston, no Texas, resolveu mudar de carreira e em Paris começa a trabalhar como assistente de fotografia. Em 1976 regressa a Hong Kong onde instala o seu próprio estúdio até 1982, tendo a partir daí dedicado o seu trabalho à fotografia editorial e corporativa. Ao longo dos últimos 30 anos, Leong publicou 22 livros publicados sendo 11 dedicados aos seus projectos pessoais. Para além das inúmeras participações em exposições individuais e colectivas, tem angariado vários prémios ao longo destes 30 anos de carreira. A palestra tem entrada livre e será conduzida em Cantonês.
Flora Fong BrevesHomem tenta suicídio mais de 12 horas Um homem tentou ontem cometer suicídio na zona de Toi San, mas a tentativa durou mais de 12 horas. Desde as 8h30 que o não residente se mantinha de pé, do lado de fora de uma varanda no Edifício Dª. Julieta Nobre de Carvalho e ainda lá estava até ao fecho desta edição, por volta das 21h00. O homem terá perdido dinheiro no jogo, como confirmou a Polícia Judiciária (PJ) ao HM. O Corpo dos Bombeiros (CB) recebeu uma denúncia às 8h00 e quando chegaram estenderam um colchão de ar na estrada. O homem sempre se mostrou agitado e os negociadores da PJ passaram o dia a tentar convencê-lo a não saltar, mas sem sucesso. O CB disse que os trabalhos foram dificultados quando, ao mudarem de equipamento, o homem reagiu de forma agitada. A Avenida de Artur Tamagnini Barbosa foi bloqueada e houve engarrafamento na zona durante horas seguidas, o que motivou muitas críticas de residentes nas redes sociais.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaArrendamento | Maioria defende limite da lei com base na inflação A deputada Song Pek Kei garante que a maioria dos autores da lei das rendas defende a criação de um limite com base na inflação, sendo que o limite de 29,25% com base na usura foi defendido “por alguns deputados”. Cheang Chi Keong, que falou em “consenso”, não deu explicações [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]final a maioria dos deputados que colocou no hemiciclo o projecto de Lei de Alteração do Regime Jurídico de Arrendamento previsto no Código Civil parece inclinar-se mais para a fixação de limites na renda com base na inflação e no Índice de Preços do Consumidor (IPC) do que na usura, prevista no Código Civil. A garantia foi dada pela deputada Song Pek Kei ao HM, quando questionada sobre a origem da ideia de fixar esse limite em 29,25%, calculado com base na cobrança de juros legais. Song Pek Kei referiu que a “maioria” dos deputados, não só os autores da proposta como os membros da Comissão que a analisam na especialidade, prefere utilizar a fórmula que consta na proposta de lei, que determina que será o Chefe do Executivo a definir por despacho o limite máximo do aumento de uma renda, com base no IPC, inflação e situação do mercado imobiliário. A deputada admitiu contudo ter sugerido o aumento com base na usura, tal como Gabriel Tong e mais “alguns dos nove deputados”. “Só sugerimos à Comissão que poderíamos basear-nos no mecanismo da usura, mas nunca foi nossa intenção avançar com esta ideia, nem foi uma discussão com um resultado. Nunca dissemos que o limite da renda deveria ter como base a cobrança dos juros legais três vezes, nem que 30% deveria ser o limite”, explicou. Song Pek Kei referiu que pode ser incluída uma outra percentagem com a qual a população concorde. Na reunião da semana passada, o deputado Cheang Chi Keong garantiu que já tinha sido atingido o consenso e que a percentagem de 29,25% deveria ser o caminho a seguir. Alguns dos proponentes da lei, como foi o caso de Leonel Alves ou Kwan Tsui Hang, negaram que tenha sido discutida qualquer proposta nesse sentido. Ontem, Cheang Chi Keong não quis prestar esclarecimentos. “Deviam colocar essa questão à deputada Song Pek Kei. O que disseram os proponentes não tem nada a ver com a Comissão. A questão deve ser colocada aos proponentes, porque é que me coloca essa questão a mim? Hoje só vou responder a questões sobre o mecanismo de arbitragem. Se eles refutam isso então peçam a eles para responder”, frisou. O também presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa garantiu que a criação do mecanismo de arbitragem para as rendas é para continuar, prometendo um centro isento em termos de constituição de membros para que a população possa confiar neste serviço. COMENTÁRIO – Um deputado incomodado Na política haverá coisas mais incómodas do que outras, mas ditam as regras da boa educação e do bom senso que não se devem dizer más palavras, gritos ou terminar entrevistas de forma abrupta, práticas que muitos dos entrevistados por esse mundo fora gostam de fazer. O entrevistado é, por norma, uma pessoa com funções públicas que deve responder a perguntas. Um jornalista é formado e pago para fazê-las, em nome do interesse público. Os temas incómodos podem ser muitos, mas o que verdadeiramente parece incomodar o deputado Cheang Chi Keong é a usura. Os 29,25%. Uma ideia que ele afirmou ser algo para inscrever numa lei e que afinal já não é e que ninguém sabe porquê. Ontem eu e duas colegas dos meios de comunicação social de Língua Portuguesa queríamos esclarecer este ponto da proposta de lei de rendas e a resposta mostrou uma tremenda falta de educação. “Hoje só discutimos o mecanismo de arbitragem. Não vou responder às questões que não abordem o mecanismo”, disse o deputado. Quando confrontado, não escondeu a irritação: “Estou a dar a palavra a esta colega que está à minha frente, não a si”. Cheang Chi Keong é um deputado que preside a uma Comissão que reúne para analisar leis à porta fechada e que tem de responder a perguntas dos jornalistas no final. Já na semana passada decidiu terminar a reunião quando ainda havia duas perguntas para fazer. O motivo? A usura. “Estou cansado”, referiu. Se houve alguém que propôs um limite de aumento de rendas superior à inflação e aos valores do mercado, isso deve ser revelado. Não me choca a falta de educação mostrada pelo deputado, choca-me o facto de faltar às suas responsabilidades enquanto membro do hemiciclo de Macau. É pelas pessoas que está sentado aí, senhor deputado.
Manuel Nunes PolíticaComissão conclui processo de análise de congelamento de bens [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) deu ontem por concluído o processo de discussão da proposta de lei do Regime de Execução de Congelamento de Bens e prevê que o processo esteja concluído até Agosto. “Ainda tínhamos algumas reuniões agendadas mas vão ser canceladas”, disse à imprensa Kwan Tsui Hung, deputada e presidente da Comissão, para explicar que o processo foi concluído. A bola está agora do lado do Governo que levou como trabalho de casa a revisão de algum articulado que “suscitou algumas questões técnicas aos deputados já que se trata de uma matéria muito complexa”, como frisou a deputada. O processo é vital para a imagem da RAEM no exterior já que esta iniciativa legislativa do Governo parte de sucessivas resoluções adoptadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas no âmbito do combate ao financiamento ao terrorismo e à proliferação de armas de destruição maciça e que o Governo Central tem vindo a ordenar que seja aplicado em Macau. As Nações Unidas vão avaliar no próximo mês de Agosto se Macau tem, ou não, legislação apropriada para o efeito. Questionada sobre se a RAEM poderá ter a lei até lá, Kwan Tsui Hung começou por dizer que esperava ainda este ano, mas que tudo dependeria da celeridade do Governo na produção da nova redacção do articulado. Contudo, após insistência do HM, Kwan Tsui Hang acabou por confessar que, apesar do Governo não ter dado prazo para o novo texto, tudo deverá estar pronto antes de Agosto, para que a proposta possa subir a plenário da AL e ser aprovada a tempo. Lista de cá e lista de lá Não existindo discrepâncias entre a AL e o Governo, a principal preocupação manifestada pelos deputados foi a da salvaguarda dos direitos dos futuros “congelados”, o que se espera que seja resolvido com a nova redacção de alguns dos artigos. Existem dois tipos de listas: a específica, emitida pela ONU e que não tem direito a recurso junto do Governo, e a que for elaborada pelo Executivo fruto de investigação das Forças de Segurança locais. Neste caso, a lei de Macau será aplicada e o visado tem direito a recurso. No caso da lista específica emitida pela ONU, o recurso é apenas passível junto daquela organização e caberá apenas ao Governo a confirmação de identidade dos suspeitos. Em caso afirmativo, os bens serão congelados por um período máximo de dois anos podendo a medida ser renovada por mais um. No caso de os visados surgirem na lista por indicação de investigações efectuadas pela própria RAEM, serão anunciados ao Governo Central que, por sua vez, os apresentará à Assembleia Geral da ONU.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeC-Shop |Avaliação positiva, mas especialistas defendem abertura de mais lojas Prestes a receber um novo inquilino, a C-Shop, ou Pavilhão Criativo de Macau, é um projecto que parece estar a responder aos objectivos para a qual foi criada, há cerca de seis anos. Carlos Marreiros, autor do edifício, e James Chu só têm mais um pedido: mais C-Shops espalhadas pela cidade e uma estratégia de marketing mais forte para vender o que é made in Macau [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á seis anos o Instituto Cultural (IC) pediu ao arquitecto Carlos Marreiros para conceber um pequeno edifício que iria servir para mostrar roupas e produtos de design exclusivamente feitos em Macau. Escondida no meio de árvores junto à praça Jorge Álvares, a C-Shop terá brevemente um novo inquilino, depois do IC ter aberto recentemente um concurso público para o arrendamento do espaço. Anos depois, o balanço do projecto parece ser positivo. Um dos empregados do espaço, actualmente gerido pela Associação dos Embaixadores do Património de Macau, garantiu que a C-Shop recebe muitos clientes aos fins-de-semana e feriados. Os clientes vêm, claro, da China, mas também da Europa. Os montantes gastos vão variando conforme as nacionalidades. “Os clientes de Taiwan gastam muito, porque temos roupas no primeiro andar de marcas locais. Chegam a gastar duas a três mil patacas por visita, mas geralmente um cliente não gasta mais de cem patacas”, disse o funcionário ao HM. Carlos Marreiros defende que a C-Shop tem desempenhado bem o seu papel. “Tem cumprido de forma cabal as suas funções, que é servir de montra aos produtos locais. Dada a necessidade de revitalizar mais o espaço, puseram-se outros produtos não só de Macau mas representados por agentes aqui de Macau. A C-Shop desempenha perfeitamente as funções para a qual foi projectada, mas tem um problema: os produtos de Macau é que não existem em qualidade nem em quantidade”, assumiu ao HM. James Chu, director do Centro de Design de Macau, um espaço onde funcionam empresas criativas locais, acredita que a C-Shop tem respondido às necessidades do sector. “A localização é boa e o projecto tem corrido bem, porque permitiu mostrar o trabalho dos designers locais. É bom existir um concurso público para a C-Shop, porque aí as pessoas podem ser mais competitivas e conseguir inovar”, disse ao HM. Apostar no ensino Será que o futuro inquilino poderá dar resposta à necessidade de mais produtos criativos? “Não é fácil”, considera Marreiros. “O problema dos produtos criativos de Macau é outro. O Governo tem apostado bastante na divulgação, tem gasto bastante dinheiro na questão das indústrias culturais, mas os resultados não estão aí à vista. Ainda falta fazer muita coisa. Se conseguirmos um mercado internacional teríamos de conquistar primeiro o mercado de Macau, que não está conquistado, e depois o mercado do Delta do Rio dos Pérolas e só esse mercado daria boa vazão aos produtos de Macau, mas ainda não conseguimos.” James Chu acredita que tudo depende das expectativas. “Já visitou o Centro de Design de Macau? Acha que temos falta de produtos de Macau? Penso que há produtos suficientes, claro que nunca serão suficientes, porque precisamos sempre de coisas novas”, exemplificou. Carlos Marreiros apresenta duas soluções, que passam pela aposta por parte do ensino superior e na criação de uma forte estratégia de marketing. “As nossas instituições do ensino superior têm de investir mais na formação artístico-intelectual dos jovens. Depois temos de ter gestores de negócios para o lançamento desses produtos criativos, não podem ser só alguns criativos que criam os produtos, alguns com qualidade, mas que não conseguem sair da estante”, frisa. “Para que possamos ter alguns nossos produtos e criativos com reconhecimento internacional o Governo tem de apostar claramente em meia dúzia de criativos de primeira categoria, em várias áreas, e apostar no marketing, levando estes produtos aos melhores palcos do mundo, de Milão a Tóquio.” O arquitecto alerta, contudo, para a dificuldade de pôr em prática essa ideia. “O Governo dificilmente o faz porque receia de ser acusado de beneficiar meia dúzia, mas a questão é mesmo essa: há mesmo que ‘beneficiar’ meia dúzia.” Mais C-Shops precisam-se A C-Shop é, para já, dos poucos espaços existentes exclusivamente para este fim, mas Carlos Marreiros defende a criação de mais lojas como esta, até porque “ficámos sem a Casa Amarela”, o espaço arrendado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) à Future Bright Holdings e onde hoje funciona uma loja de roupa. Também James Chu alerta para essa necessidade e apresenta até a sugestão para um espaço: o antigo edifício do Gabinete de Comunicação Social (GCS), actualmente vazio e localizado no Leal Senado. “Claro que o Governo deveria abrir mais espaços como este. Há muitas boas localizações que estão a ser ocupadas pelo Governo e há espaços que estão vazios”, rematou. Wilson Lam, responsável pela marca Soda Panda, cujos produtos são vendidos na C-Shop, fala da existência de algumas limitações. “A localização é muito boa, contudo, penso que a loja, por si só, não é de fácil acesso aos visitantes porque quando as pessoas passam por lá nem percebem que a loja existe, na maioria das vezes. A ideia é boa porque o Governo quer promover mais as indústrias criativas e o trabalho dos jovens, mas deveria haver mais publicidade à loja. Deveriam focar-se mais na parte comercial do projecto. E o espaço é muito pequeno, há algumas limitações”, defendeu. Wilson Lam defende também a abertura de mais espaços do género. “Se abrissem mais C-Shop, sobretudo na zona do Leal Senado, junto aos Correios, seria óptimo”, referiu. Até ao fecho desta edição, o HM tentou contactar com representantes da empresa Mo-Design, que foi a primeira a gerir o espaço, em 2012, e da Associação dos Embaixadores do Património de Macau, mas não foi possível estabelecer contacto.
Hoje Macau BrevesCCP | Conselheiros reuniram com Partido Socialista Rita Santos e José Pereira Coutinho estiveram ontem na sede do Partido Socialista, em Lisboa, para uma reunião com a secretária-geral adjunta do partido, Ana Catarina Mendes, e Francisco André, director do departamento de Relações Internacionais. Segundo um comunicado, foram “trocadas opiniões sobre as comunidades portuguesas residentes em Macau e Hong Kong”, tendo Ana Catarina Mendes referido que há um “elevado interesse no estreitamento de laços de amizade entre as comunidades portuguesas do Círculo da Ásia”, existindo “total disponibilidade em apoiar as iniciativas das comunidades portuguesas”. Pereira Coutinho fez questão de frisar as “óptimas relações de amizade pessoal e profissional com os vários secretários-gerais do partido, antes de 1999”, que “contribuíram para uma suave transição da soberania da Administração portuguesa para a RPC”. Já Rita Santos destacou “o constante estreitamento de relações entre o PS e as comunidades portuguesas de Macau, Hong Kong e interior da China”. Estão previstos futuros encontros relacionados com a participação associativa, o ensino e divulgação da Língua Portuguesa e ainda sobre as relações económicas entre Portugal e a China, “utilizando Macau como plataforma de serviços”, frisam os conselheiros, que dão como foco importante a experiência no domínio da qualidade de vida e a reabilitação urbana.
Flora Fong Manchete PolíticaTNR | Ho Ion Sang questiona-se sobre alojamento providenciado por operadoras A promessa já tinha sido feita nas LAG do ano passado e agora Ho Ion Sang volta à carga: quando vão ser implementadas as medidas para a atribuição de alojamento a TNR pelas empresas que os empregam? [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ho Ion Sang quer saber se já há medidas concretas para obrigar as operadoras de Jogo e as grandes empresas a assumir a responsabilidade de fornecerem alojamento aos seus trabalhadores não-residentes (TNR). Ho diz ser urgente que o Governo avalie o número de procura de habitação por residentes de Macau e as tipologias das casas, devido à escassez destas. Numa interpelação escrita, o deputado relembra que o número da população em Macau aumentou em 184 mil pessoas nos últimos dez anos – até o 4º trimestre de 2015 as estimativas da população eram de 646 mil pessoas – mas foram concluídas apenas 26 mil fracções habitacionais de 2004 ao ano passado. A nova população é nove vezes mais alta do que a oferta de habitação, algo que o deputado considera ser um problema. Ho Ion Sang, que representa a União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong), preocupa-se também com o aumento do número dos TNR e a consequente necessidade de alojamento. Segundo as projecções da população de 2011 a 2036, neste ano existirão em Macau 759 mil pessoas, incluindo 83.200 TNR a viver no território. Conforme o Enquadramento da Política Demográfica da RAEM, até final de 2014, 60% dos TNR estava a viver no território e, por isso, Ho Ion Sang prevê que a pressão da oferta de fracções habitacionais vai ainda agravar-se. Sendo um dos pontos principais das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o ano passado, Ho Ion Sang recordou que o Chefe do Executivo prometeu também estudar formas de impulsionar as operadoras de Jogo e as grandes empresas a assumir a responsabilidade de arranjo de alojamento dos seus TNR. O deputado quer saber quais são as medidas concretas para avançar com esta ideia e se a assunção desta responsabilidade será uma condição na apreciação e renovação das vagas de TNR. “Análises incertas sobre a necessidade de habitação dificulta previsões para um mercado estável e não melhora as políticas imobiliárias. O Governo vai fazer um estudo completo e estimativas sobre a necessidade da habitação dos residentes e os tipos de oferta, como base para elaborar políticas?”, questionou. O HM tentou saber quais as empresas que já oferecem alojamento aos TNR, mas até ao fecho da edição não conseguiu obter resposta.
Flora Fong SociedadeAmbiente | Associação critica Plano Quinquenal por só conter “slogans” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s medidas na área ambiental contidas no Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM são alvo de críticas de Joe Chan, presidente da Associação União Macau Green Student. Em declarações ao Jornal do Cidadão, Joe Chan alerta para o facto do plano conter apenas “slogans” e de referir trabalhos que não vão poder ser concluídos este ano e que já deveriam ter sido alcançados. O ambientalista alertou ainda para a necessidade de regular a produção de resíduos sólidos e de construção civil no prazo de cinco anos, caso contrário prevê “a saturação” da central de incineração. Joe Chan referiu que muitas metas a médio prazo, como 20% de taxa de reciclagem de resíduos electrónicos, não foram cumpridas, já que actualmente é de apenas 10%. “O Governo apresentou muitas coisas, mas onde estão as medidas de supervisão, acompanhamento e avaliação? O planeamento para os próximos cinco anos não podem ser apenas um slogan, o futuro do nosso ambiente é algo preocupante”, apontou. Joe Chan falou de um aumento de 10% o ano passado em termos de resíduos, alertando para perigos para a saúde pública caso não sejam tomadas medidas. Há outros planos do Plano Quinquenal que também não agradam a Joe Chan, tais como as políticas de promoção do uso de veículos eléctricos. O ambientalista considera que faltam medidas para resolver a questão dos carros abandonados, nem a diminuição dos resíduos. “O Plano deveria explicar a diminuição do lixo na sua origem, mas o documento não só não menciona isso como não define metas. Será que se vai promover isso através da educação? Se este Plano for mostrado noutros países vão achar uma piada”, referiu. Joe Chan disse mesmo que o Plano Quinquenal “não foi escrito por um governante de alto nível”. A ausência de medidas para a preservação de espaços verdes também preocupa Joe Chan, que espera vir a ter uma reunião com a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) em Maio ou Junho para abordar o futuro do ambiente em Macau.
Tomás Chio Manchete PolíticaConsumidores | Wong Kit Cheng teme que lei seja inutilizada Se não for apresentada nesta sessão legislativa, a proposta de Lei de Protecção dos Direitos dos Consumidores poderá ter de ser deitada fora. É o que teme Wong Kit Cheng, que diz preferir uma lei que inclua combate ao monopólio, mas também não quer que este diploma já feito seja descartado [dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uase dois anos depois de ter sido prometida, a Lei de Protecção dos Direitos dos Consumidores continua atrasada e Wong Kit Cheng teme que se venha a tornar inutilizada. O diploma, apresentado pelo Governo, deveria ser apreciado dentro desta sessão legislativa, diz a deputada. Anteriormente, o Governo tinha-se comprometido com a entrega da lei no final no ano passado, depois de em 2014 ter sido feita uma consulta pública sobre o assunto. Depois, Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, especificou que a lei ia ser separada de uma legislação de combate ao monopólio, pelo que iria ser concluída apenas no primeiro trimestre deste ano. Agora, Wong Kit Cheng pede que a Lei de Protecção dos Direitos dos Consumidores seja apreciada dentro desta sessão legislativa, que termina em Agosto, de forma a que a proposta não seja inutilizada: passado o prazo e iniciando uma nova sessão na Assembleia Legislativa, a proposta não pode ser novamente apresentada e o processo tem de começar novamente do zero. “Estamos em Maio e ainda não há novidades sobre isso”, frisa a deputada que considera que foi a separação entre a protecção dos consumidores e o combate ao monopólio que fez atrasar o diploma. Wong admite que o anúncio desta alteração mostra mais transparência do Governo, mas por outro lado permite que o público continue sem nada poder fazer face ao comércio desleal. A deputada não acredita que uma lei de combate ao monopólio possa surgir nesta sessão da AL, mas também não quer que esta proposta seja deitada ao lixo dado “todos os trabalhos que já envolveu no ano passado, até ao nível de consultas públicas”.
Hoje Macau BrevesChui Sai On avisa CEM e SAAM O Chefe do Executivo, Chui Sai On, manteve ontem, na Sede do Governo, um encontro com representantes da nova direcção da Associação dos Empregados da CEM e SAAM, para “trocar impressões sobre a segurança de abastecimento de água e electricidade, assim como o desenvolvimento técnico e profissional”, refere um comunicado do Governo. Chui sublinhou que “a estabilidade no abastecimento de água e electricidade e manter os preços a um nível racional são muito importantes para a vida da população”, sendo por isso que existe uma “atenção das autoridades ao funcionamento da CEM e da SAAM, bem como ao desenvolvimento dos quadros qualificados do sector.” A Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) e a Companhia de Electricidade de Macau (CAM) também manifestaram reconhecimento e apoio ao papel desempenhado pela associação destacando a boa relação de cooperação entre ambos. Um dos presidentes, Leong Pou U, disse que o nível das habilitações da maioria dos trabalhadores da CEM e na SAAM tem vindo a aumentar, ou seja, a maioria já possui o grau de licenciatura ou superior. O mesmo responsável referiu que têm mantido uma cooperação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), onde vários membros são docentes em vários cursos de formação, na obtenção de certificados, nas áreas de água e electricidade, e destacou a afluência dos participantes. O secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, igualmente presente no encontro, manifestou reconhecimento pela boa relação entre a Associação e a CEM e a SAAM, e também pelo modelo de cooperação com o Governo.
Hoje Macau BrevesDSEJ continua a pagar entrevistas de acesso ao infantil A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vai continuar a pagar as entrevistas feitas aos alunos e encarregados de educação para acesso ao ensino infantil. O organismo está a estudar uma forma de integrar o pagamento que já faz – de cem patacas por entrevista – no subsídio de escolaridade gratuita atribuído às escolas. Lou Pak Sang, vice-director da DSEJ, disse ao canal chinês da Rádio Macau que já foram feitas mais de 30 mil entrevistas com crianças que pretendem entrar no ensino infantil no ano lectivo de 2016/2017, tendo sido gastas 300 mil patacas. Lou Pak Sang diz que a necessidade de ajudar a pagar estes custos se deve ao facto de serem precisos mais recursos para fazer as entrevistas. O Governo vai ainda “estudar se o valor de cem patacas” é adequado, mas deverá avançar com a ideia.
Joana Freitas Manchete SociedadeGoverno vai renovar concessão de terreno a Liu Chak Wan O lote junto ao Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM passou mesmo a ter concessão definitiva e o Executivo prepara-se para renovar mais uma vez essa concessão [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai renovar a concessão do terreno onde Liu Chak Wan quer construir um prédio, ao lado do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, e do outro lote a ele anexo. Isso mesmo garante Li Canfeng numa resposta ao deputado Ng Kuok Cheong. A autorização pode, assim, abrir caminho para a construção do edifício de – agora – 90 metros que o empresário quer construir. “A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) vai dar seguimento ao processo de renovação da concessão dos terrenos a pedido da concessionária”, afirma Li Canfeng, director do organismo. A DSSOPT volta a afirmar que “a concessão passou a definitiva” e diz que esta transformação “não depende se o terreno foi ou não aproveitado em conformidade com o contrato de concessão”. Isto porque, assegura ainda Li Canfeng, nas escrituras públicas de 1951, 1957, 1967 e 1974 “estava claramente indicado que devem ser mantidas as construções dos terrenos, ou seja os terrenos foram considerados aproveitados naquela altura”. Os lotes 133 e 134 na ZAPE têm gerado polémica por ter sido posto em causa se foi cumprido o prazo de aproveitamento do terreno. O caso complicou quando Liu Chak Wan, empresário e membro do Conselho Executivo, admitiu que um dos lotes – o 134 – era seu e que pretendia construir um prédio de 135 metros de altura no local. Não é claro a quem pertence o terreno 133 na Avenida Rodrigo Rodrigues e até ao fecho desta edição não foi possível à DSSOPT responder ao HM. O organismo veio a público, no início deste ano, dizer que os lotes tinham sido concedidos por escritura pública e que as suas concessões se renovavam sempre que necessário. A questão suscitou dúvidas a Ng Kuok Cheong, mas a DSSOPT diz que não há nada de alarmante e que está apenas a renovar a concessão de “acordo com a legislação aplicável na altura”. Datas sem conflito O deputado democrata tinha questionado a DSSOPT sobre a decisão de transformar a concessão por arrendamento em definitiva e quis ainda saber a razão para que uma nota do Governo anunciasse que a data de concessão dos dois lotes tinha expirado em 1990 e 1998 e, uma segunda, rectificasse essas datas para 2020 e 2018. Mais uma vez, Li Canfeng explica: “não existem conflitos no que diz respeito às datas do termo de concessão dos lotes, a segunda data apresentada indica as datas do termo da última renovação da concessão.” Na resposta, datada de 15 de Abril, a DSSOPT admite que a Lei de Terras estipula que uma concessão provisória e com data para acabar se pode transformar em definitiva, sendo que para isso as concessionárias “têm de reunir as condições necessárias” e ser posteriormente “avaliadas individualmente pela RAEM para perceber se as satisfazem”. A DSSOPT não indica essas condições e a lei não é clara, parecendo descartar a situação para os contratos entre as empresas e a RAEM. “A concessão por arrendamento é inicialmente dada a título provisório e só se converterá em definitiva se, no decurso do prazo fixado, forem cumpridas as cláusulas de aproveitamento mínimo previamente estabelecidas e o terreno estiver demarcado definitivamente”. Por sua vez, estas concessões definitivas são renováveis por períodos de dez anos a pedido da concessionária. Liu Chak Wan já viu o Governo dar-lhe autorização para a construção no lote 134 sendo que, recentemente, o empresário afirmou mesmo que o Executivo iria pagar-lhe uma indemnização por ter obrigado à diminuição do prédio para 90 metros. O projecto foi suspenso em 2007 devido à pressão da UNESCO face à construção de edifícios altos à volta do Farol da Guia, mas Liu Chak Wan sempre assegurou aos média que pagou o montante do prémio de concessão em 2006, quando as autoridades aprovaram o projecto, então com 135 metros. Assegurou ainda que o projecto poderá arrancar até porque “só falta a licença de obras”. O deputado quis ainda saber se haverá mais terrenos cujos prazos de concessão terminaram e que poderão ser transformados em concessões definitivas, mas a DSSOPT não responde, dizendo apenas que “está a dar andamento aos processos”.
Hoje Macau SociedadeGalgos | ANIMA critica inacção do Governo A ANIMA continua sem saber se vai poder debater a situação do Canídromo com a empresa. Sem resposta sobre o assunto, a organização aponta “falta de coragem” da parte do Governo para encerrar o espaço [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais ainda não conseguiu uma resposta por parte do Canídromo sobre a realização de um debate para analisar a situação dos galgos. Albano Martins, presidente da organização, assegurou ontem que a Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (APAAM) já disse que não estará presente mas “adiantou que estará ao lado da ANIMA nas posições a tomar”. O debate foi proposto pela ANIMA, para passar na TDM, de forma a que a Yat Yuen – Companhia de Corridas respondesse às acusações de que é alvo de maus tratos aos galgos e morte destes animais. O Canídromo nunca respondeu ao convite da ANIMA. A gestão do Canídromo, no seu silêncio permanente, “é um sinal de que se acham tão bons que nem precisam de responder”, atirou ontem o responsável, que disse ainda à Rádio Macau que também a inacção do Governo é sinónimo de que o contrato poderá ser renovado em Dezembro deste ano, quando termina depois de ter sido renovado provisoriamente por um ano em 2015. Albano Martins alerta ainda para a “falta de coragem do Governo da RAEM” na tomada de atitudes concretas nesta questão. Mortes que valem milhões A organização relembra ainda os impostos sobre o Jogo que o Canídromo não paga, comparativamente às restantes operadoras. Albano Martins salienta as perdas que o Governo tem registado nos últimos anos por não aplicar a taxa de 40% à qual o jogo é sujeito, estando a Yat Yuen sujeita apenas a 25%. Mas, além das perdas nos impostos, é o comércio milionário em torno da compra e venda de cães que será “escandalosa”, na medida em que é um negócio de milhões sem qualquer imposto. A título ilustrativo, Albano Martins adianta números: os cães são normalmente comprados por cerca de duas mil a três mil patacas aquando da importação do exterior, podendo ser vendidos a 80 mil patacas nos leilões efectuados no território. Este comércio isento de impostos constitui um lucro fundamental para o Canídromo, diz a ANIMA, sendo que o mesmo – não detentor de nenhum dos animais que alberga e de modo a “perpetuar os lucros” abate os animais quando estes já não servem. Esta medida vai contra todos os pedidos até à data feitos pela ANIMA, que tem em vista o estabelecimento de uma política de adopção para a reforma “atletas de alta competição”. Albano Martins alerta ainda para a impossibilidade de se poder viver na zona do Canídromo com alguma qualidade, dado o barulho dos cães. Após dar a ouvir aos jornalistas presentes uma gravação realizada nas redondezas das instalações do espaço, o presidente da ANIMA relembrou ainda as cartas já entregues ao Governo com queixas. Ainda no que se refere à comunidade, nesta que é uma das zonas mais densamente populosas do mundo, é “lamentável [os cidadãos] não terem um espaço de lazer por perto”, diz a ANIMA. “Está na hora do Governo devolver o direito àquele espaço àquelas pessoas.” Esperança na Irlanda Desde Dezembro último que a Austrália proibiu a exportação de galgos para Macau e o mesmo processo está agora em curso na Irlanda. A particularidade da Irlanda prende-se ao facto de ter uma lei que não permite a exportação de cães para a China e, de momento, estar a fazê-lo para Macau. Está já em marcha uma aliança global para que a lei volte a estar em vigor na sua totalidade, mas Albano Martins já congratula o facto de nos últimos três meses apenas nove animais terem dado entrada no território provindos daquele país. Já acerca da mesma medida pelo Reino Unido, as esperanças são nulas dadas as particularidades da indústria. NÚMERO: 298,8 milhões de patacas foi quanto Macau perdeu ao longo de dez anos com o desconto dos impostos a que o Canídromo está sujeito
Hoje Macau Eventos MancheteFilipa Queiroz, realizadora de “Boat People”: “Uma mensagem de esperança, coragem e gratidão” “Boat People” dá nome ao filme que será exibido a 10 de Maio, pelas 19h30, dentro da programação do Festival Internacional de Cinema e Vídeo. A história dos refugiados vietnamitas que a região acolheu, numa produção de Lina Ferreira, com realização de Filipa Queiroz. Entre histórias mais ou menos escondidas, a realizadora fala do seu percurso entre o jornalismo e o cinema e das vidas que por cá passaram fugazmente por entre guerras e esperanças [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]documentário, no seu caso que também é jornalista, pode ser tido como outra forma de fazer jornalismo? Na minha vida, apareceu primeiro o documentário. Até fui para o Audiovisual na universidade por causa do documentário e de alguns registos televisivos nomeadamente ligados ao National Geographic ou canais como o “História”. Foi isso que primeiro me atraiu, porque, na verdade ia fazer rádio, que não tinha nada a ver. Por outro lado desde que me conheço que também gosto de jornalismo, mas já era apaixonada pelo género documental. Entretanto comecei a trabalhar no jornalismo, estagiei em televisão e continuei a trabalhar nessa área, mas o documentário sempre esteve na minha mira e continua a estar. Posso dizer até que gostava de acabar a fazer mais documentários do que propriamente jornalismo diário. É uma maneira de aprofundar temas, de fazer o verdadeiro jornalismo, a investigação, descobrir histórias através das próprias histórias, o que é uma coisa que o jornalismo diário não nos permite. Também tem os seus encantos mas não nos permite. Considera que há um imediatismo no jornalismo que não há no documentário? O documentário também pode ser construído no imediato, mas ganha toda uma dimensão cinematográfica que é diferente. Pode-se potenciar a questão da imagem, pode-se elaborar, condimentar de outras maneiras. Daí o deslumbre, para mim. Como surgiu o primeiro trabalho nesta área? Já tinha feito uma pequena experiência em Portugal. Foi uma pequena curta num festival para amadores em Braga, onde estudei. Depois, aqui, surgiu a oportunidade de fazer “Era uma vez em Ká Ho”. Esse sim, foi efectivamente o primeiro documentário em que participei. Dessa vez tivemos o subsídio do Centro Cultural, o que permitiu que fosse feito de outra forma. Acho que é importante haver este tipo de eventos para puxar pelas pessoas. Se calhar, se isso não tivesse acontecido, não teria pensado tão cedo em fazer um documentário, ainda tão verde. Só tenho dez anos de jornalismo, o que não é nada por aí além. Se não fosse realmente o desafio do Centro Cultural… Acabou por correr bem. O Hélder Beja foi o realizador e eu acabei por fazer de tudo um pouco. Gosto de trabalhar na parte da filmagem, do argumento, da fotografia. Foi uma primeira experiência que correu muito bem. Eu, pelo menos, gosto imenso daquele trabalho. Não que ache que seja genial, mas pela experiência e pelo contacto com aquelas pessoas. Em Ká Ho falamos da comunidade leprosa em Macau, um tema não muito abordado… Foi um trabalho com a comunidade de leprosos a viver em Macau, num isolamento total. Foi graças ao nosso interesse por esta história que a viemos a descobrir e até a desenvolver algumas amizades. Continuei a ter contacto com um dos protagonistas, visto o outro já ter falecido. Mas a protagonista que até é a mais visível, no que respeita à doença, viveu cerca de 80 anos ali encarcerada, completamente isolada da família. Voltei a visitá-la com a Stephanie que foi a nossa tradutora (sem ela seria impossível) e ela fica muito contente. Falámos um pouco, levamos uns doces. Só isso já vale a pena. O sucesso com o público, se tiver, tanto melhor. Na altura teve. Para mim foi muito importante ouvir pessoas de Macau, principalmente mais velhas, e não tinha a mínima ideia de que isto existia aqui. Foi um sentimento de missão cumprida. Esta foi a minha primeira experiência realmente. Depois veio a segunda: o desafio de 48h em Macau, promovido pelo Centro Cultural e que foi engraçado tendo valido um pequeno prémio. Estas coisas ajudam-nos a acreditar que, se calhar, fazemos alguma coisa de jeito. “Boat People” aborda os refugiados do Vietname. Actualmente os refugiados são tema constante. Neste caso, a temática foi coincidência, ou apanhou “boleia” das notícias do ocidente? Desta vez, tinha realmente uma ideia do que queria fazer. Essa questão é realmente interessante até porque em Macau muitas histórias estão postas debaixo dos buracos, nos recantos empoeirados do Governo, etc. Há muitas histórias que não são contadas. Mas foi uma história gira. Até porque foi o documentário que veio ter comigo e não eu a ir ter com o documentário. A ideia de fazer algo sobre refugiados em Macau já existia e partia da Lina Ferreira, minha colega e produtora deste filme. Ambas gostaríamos de fazer uma história à parte do nosso trabalho na TDM. Ela tinha muito interesse nos refugiados de Xangai. Como tínhamos lido alguns artigos, ela tinha tido conhecimento de um doutoramento sobre isso, [sobre] as pessoas que estiveram em Xangai [sendo que] muitas teriam vindo para Macau e outras até mesmo para Portugal. Andámos atrás disso. Ela perguntou-me se achava que poderia dar alguma coisa e achei que sim. Sou a parte mais visual do documentário. E precisamente por isso disse logo à Lina que isso seria muito complicado porque precisávamos das pessoas e dos locais, o que seria um grande problema. Não só as pessoas como também os locais desapareceram. Ir buscar histórias que já “morreram” acarretará dificuldades específicas. No vosso caso, quais foram? Essa ideia estava em banho-maria porque realmente não conseguíamos encontrar ninguém vivo, ou que nos quisesse contar a história ou que nos pudesse acompanhar a Xangai. De repente, por mera coincidência, um rapaz do Canadá contactou-me. Andava à procura e tropeçou no nosso documentário sobre Ká Ho. Gostou imenso e mandou-me um email. Apresentou-se, agradeceu o trabalho, disse que estava uma história muito muito interessante e depois contou a história dele. A história dele é de uma pessoa refugiada de Macau que, mais do que isso, iria regressar a Macau 30 anos depois de ter deixado o território e gostava de conhecer gente de cá. Perguntou-me se eu estaria disponível. É uma “win win situation aqui”: através de mim ele conheceria pessoas daqui e se quisesse registar o momento também eu ficaria a ganhar com isso. Foi quando disse “Lina temos a nossa história”. Mas depois foi tudo em tempo recorde. Ele falou connosco em Setembro e em Outubro já cá estava. Ele e a pessoa que o acompanha, que agora prefiro não revelar porque isso é a parte gira para se descobrir no filme. Essas duas pessoas vieram cá, estivemos com elas durante nove dias, andámos pela cidade. Foi tudo de improviso. Não tinha muitos meios, contei com a ajuda preciosa do Pedro Lemos com a câmara e do meu marido a fazer o som, o Francesco. E trabalhámos nisto de uma forma inicialmente muito rudimentar, mas foi sobretudo uma coisa feita com muito amor e muito interesse e improviso. Uma experiência fantástica que agora já me parece muito distante mas que resultou também numa bela amizade. Ficámos muito próximos. E como é que, a partir de um só relato, as histórias se foram desenvolvendo? Tínhamos inicialmente só esta história. Depois percebemos que a história era muito mais interessante do que parecia à superfície. Eram refugiados. O tema está na ordem do dia, sim. Mas de facto não foi o ponto de partida. É impossível fugir a isso e é uma questão à qual somos sensíveis. Até porque somos emigrantes, pessoas que se movem no mundo por impulsos e necessidades diferentes. As outras personagens surgiram para contar melhor a história. Mesmo assim não está totalmente contada. Acho que ficou espaço para muito mais. Nós é que simplesmente tínhamos uma “deadline” e poucos recursos. Queríamos fazer uma coisa completamente independente e não tínhamos apoios. Depois conseguimos ir buscar outras pessoas. Uma que na altura trabalhou na polícia marítima e que assistia à chegada dos vietnamitas a Macau e que na altura trabalhava com o padre Lancelote e o padre Ruiz, que eram as pessoas que recebiam cá os refugiados. Fomos também buscar dois jornalistas que, mais do que historiadores, são pessoas que estiveram no terreno. Fomos à procura de outros elementos para compor o ramalhete. Mas muito fica ainda por dizer. Enquanto histórias também escondidas, que entraves ou “escavações” tiveram que fazer? Curiosamente o Governo foi muito acessível. Sabemos que as coisas às vezes não são muito claras, mas neste caso tivemos que contactar o Governo para algumas situações. Foi a Lina que o fez e recordo que ela disse que tinham sido muito prestáveis. Filmámos, por exemplo, dentro dos Serviços de Identificação e tivemos algumas explicações da parte deles. Mas por exemplo no Centro de Formação Juvenil Dom Bosco, que era o antigo campo de refugiados aqui, não nos deixaram entrar. Desconfiaram muito quando só queríamos saber o que tinha acontecido com as pessoas que viveram lá. Ficámos à porta. Essa foi a maior dificuldade. E a barreira cultural que é inevitável porque as pessoas não falam da mesma maneira. Foi por isso também que recorremos a outros entrevistados. As pessoas chinesas não desenvolviam algumas questões. Os protagonistas falavam bastante mas as outras pessoas que tentamos procurar – existe também uma enfermeira que na altura trabalhou no campo – não dão detalhes, não são descritivos, não dão datas ou nomes. Era tudo um bocadinho complicado. Essa barreira existiu e ou se contorna se se tiver mesmo muito tempo para ganhar confiança ou então tenta-se de outras formas. Foram essas essencialmente as nossas barreiras. Entretanto do nosso bolso também conseguimos melhorar o filme. Procurámos a ajuda de técnicos profissionais que em Macau já se encontra muito. Macau já desenvolveu muito pessoal especializado. Faz cinema em Macau. Como vê a situação da industria na região? Qual o estado do cinema aqui? Acho que está óptimo. Da parte da comunidade chinesa ainda acho que é um pouco monotemático. Costumo assistir a vários filmes e vou a festivais e anda tudo muito à volta do mesmo tipo de temas – o amor, o drama. Por acaso até é curioso porque isso vai ao encontro da tradição portuguesa que também é muito dramática. O cinema em Macau tem muito de fado. Acho que até é uma herança que nem eles, jovens que estão a fazer cinema, têm noção. Mas o momento actual do cinema em Macau é óptimo, não só por causa dos apoios que o Governo tem, de facto, dado com estas iniciativas e festivais, não só para os filmes serem feitos como na recuperação de espaços. Por exemplo, a Cinemateca Paixão. Acho que o Capitol também deveria ser recuperado. Macau já teve muitos cinemas e tem uma história de cinema incrível, mais como cenário para o cinema e não a ser Macau a fazê-lo. Acho que está no bom caminho. Público também tem. Já vi filas no Cineteatro como nunca vi em Portugal, exceptuando as grandes estreias. “Boat People” não é uma mensagem de tragédia, é um filme de esperança? Sim, é uma mensagem de esperança, de coragem e de gratidão. As pessoas que aqui vieram não vieram só visitar Macau, vieram agradecer. Sobretudo gratidão. Senti isso e elas também o disseram. Isto ainda não o tinha dito antes. Mas sim, existe não só a coragem de ter apanhado o barco para vir parar a Macau, ficar aqui uns anos sem saber o que lhes iria acontecer e depois serem enviados para um outro país que não conheciam de lado nenhum e terem uma vida nova outra vez. Uma das personagens lamenta muito o facto de ter saudades de algo que já não existe, as lembranças que tinha de Macau, dos lugares que tinha conhecido, que já não existem. É quase estar a procura de uma memória, de uma identidade que se perdeu. Por exemplo um elemento muito importante na altura e que já faleceu [foi] o padre Lancelote e eles queriam muito estar com ele também. Estiveram através de outras pessoas. Mais uma vez o papel do jornalista vem a tona, no deixar os relatos. Sem isso não há nada.
Flora Fong SociedadeSubempreiteiro queixa-se à DSSOPT por falta de pagamento da prisão [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m subempreiteiro que colaborou na primeira fase do projecto de construção do novo Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) manifestou-se ontem em frente às instalações da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), queixando-se da falta de pagamento por parte da empresa construtora à qual foi adjudicado o projecto, noticiou o canal chinês da Rádio Macau. O queixoso colocou cartazes em frente ao organismo, onde se lêem frases como “obras [por debaixo da mesa]”, “obrigação de saída sem pagamento” e “falha administrativa da DSSOPT”. Alguns cartazes falam ainda na “violação do decreto-lei nº 74/99/M”, fazendo uma referência ao Regime Jurídico do Contrato das Empreitadas de Obras Públicas. A DSSOPT confirmou ao canal chinês da Rádio Macau que está a acompanhar o caso e que vai analisar a situação junto da empresa concessionária. O organismo defendeu, no entanto, que o “adjudicatário e os subempreiteiros devem encontrar uma resolução com base nos contratos”. Informações da DSSOPT mostram que a empresa em causa é a companhia de construção de obras portuárias Zhen Hwa, que recebeu 113 milhões de patacas pela adjudicação. Esta empresa já esteve envolvida num caso de atraso de pagamento de salários a 24 trabalhadores não residentes aquando da construção do casino Ponte 16, em 2007. A empresa está ainda ligada a outros projectos de grande envergadura, como a construção do centro modal da Barra do metro ligeiro e a construção das fundações do edifício da administração do Complexo Hospitalar das Ilhas. A construção da nova prisão está dividida em quatro fases, sendo que em Fevereiro deste ano a primeira fase da obra terá sido concluída, segundo a DSSOPT, apesar do atraso sofrido devido à queda da encosta. A segunda fase da obra deverá começar na segunda metade deste ano, sendo a empresa do deputado Mak Soi Kun a adjudicatária desta fase do projecto.