Mundo. Ou cambiantes tonais

Pequenina, quando me sentia triste, cortava em fragmentos ínfimos, um monte de papelinhos e tecidos e lançava-os da janela só para ficar a ver a sua evolução aleatória, o rodopio em subidas e descidas, volutas leves, feitas e desfeitas, descritas no ar mas sempre e inexoravelmente a descer. E queria prolongar essa visão mais do que o possível. Por aqui fora, talvez todas estas palavras, frases ou fragmentos de umas e outras, possam ser de uma forma qualquer, o mesmo mecanismo de lançar pequenas células com um percurso descontrolado e aleatório, com inúmeras recombinações possíveis. Assim o texto pudesse fragmentar-se e reajustar-se sucessivamente aos olhos de quem vê. Formado de todas as possibilidades.
O mundo. Esse conceito estranho que logo resvala para a divergente bivalência interior- exterior e para dela não se emancipar facilmente. Que leitura tem este estranho vocábulo que não implique a existência do olhar, dos muitos e por vezes múltiplos olhares. Que não os invalide que não os inviabilize como perspectivas fechadas em si, e que não os acolha como possibilidades dispersoras de uma necessidade atávica de um ponto de vista uno. Que mundo é este de fronteiras difusas, que nem o corpo, quase mais como matéria simbólica, torna estanques, mas que ao invés, perversamente se diverte em contínuas permeabilidades entre a razão, árdua elaboração orientadora de pendor, para alguns, profundamente lógico, as inevitáveis dores de um plasma emotivo que não conhece razões mas outras armas bélicas que ferem, e como armas que são, irracionais mas certeiras, e outras variadas instâncias de voto contraditório como a vontade, a cegueira parcial que a circunscreve, o desejo, este um sintoma mais absoluto de pendor vectorial, a validade da memória como alimento. Ou resíduo.
A experiencia do mundo que se faz muitas vezes da viagem. No espaço e no tempo exterior ou interior. Levamos mais ou menos bagagem connosco. Dessa, cada vez para mim fazem menos parte, as certezas. Mas uma mala é em si o mundo também. Levamo-lo sempre pequeno ou grande. Há a permanência de um dispositivo ético ou há a fuga. Em frente. Sempre. De si ou de tudo ou de âncoras virtuais, utópicas ou odiadas. Um olhar rotativo. Visão lateral…120 graus de ângulo. Ou tubular.
Desde sempre me lembro de fazer a mala para partir. Em viagens imaginárias. Em criança, este exercício lúdico entretinha-me as noites antes de adormecer. Repetido infinitamente. Até hoje. O que levar numa mala pequenina. Um desafio de síntese repetido ao longo dos anos. Sempre valorizando mais os objectos de afecto, a memória afectiva ligada às coisas, do que as razões práticas. Uma espécie de balanço de essências. Talvez sem pensar, nesse tempo, me reorganizasse interiormente a partir das escolhas. Ainda o faço.
Pensar o que levaria. Mas há momentos, há mesmo momentos em que nada. Nada mesmo. Hoje. Talvez não conseguindo, ou tendo vindo a progressivamente não conseguir e cada vez mais, encontrar âncoras de conforto nos registos que consubstanciam a memória das coisas da vida e das pessoas. Desvalorizando mais do que nunca os objectos. De que me rodeio, de que gosto. Que espelham continuamente tanto do que foi a vida. Algo deste sentir é ainda de forma imprecisa, toldado pela recente emergência substitutiva dos suportes digitais. Tudo quase cabe num disco externo de uns quantos gigabytes de memória. Mas sendo memória, nem por isso acrescenta nada à que se detém no suporto orgânico e com as lacunas imprevistas que ocorrem. Perdi muitas coisas inadvertidamente no espaço digital. Ou virtual. Mas não sei se a memória que se perde faz falta… Perdi a memória duas vezes. Parte da memória. Restaurada depois. Duas vezes no intervalo de dez anos e em virtude de grandes quedas e traumatismos do crânio. Corridas loucas no início da adolescência, primeiro, demasiada susceptibilidade a uma visão chocante, depois. Fatias, níveis ou camadas de memória que deixaram temporariamente outros dados residentes sem contexto alcançável. Uma sensação lúcida e estranha da falta quase palpável. E das memórias, há aqueles dias em que lhes custo a encontrar o perfume.
Mundo. Ou cambiantes tonais. Não. Não o mundo. Ou também. Mudo em cambiantes tonais ao longo dos dias. Das horas. Não como uma folha levada por diferentes aragens, mas pela permanente atenção ao que se desfia ante os olhos, sem estrutura prévia nessa circunstância simples e algo aleatória do olhar. O meu, no momento na circunstância do espaço. Conjugações desmultiplicáveis em variantes, sem sequer se alterar racionalmente a escolha. Pequenos acasos da atenção e da percepção, das rotinas e de acontecimento não controláveis. Um mundo do sensível em constante mutação de cambiantes tonais, pleno de contradições, assim, inapropriável na sua forma invertebrada. Sinal dos tempos. Também. Tão cansativo. Ou seria preciso explicar o inexplicável da amplitude do tempo. Em mim mais lento. Ou pelo contrário sentido demasiado voraz. Sinto-me resvalar para uma abordagem de certo modo desalentada e fragmentária da consciência de mim. Dos outros. Assim me afogo nesta desmultiplicação de escritos em lugares dispares. Assuntos que saltam de tudo para tudo e para nada. O nada. Mas também para nada mais do que este diálogo com uma outra de mim que é o ouvido estoico. De outro modo seria monólogo. Mas anda-se a configurar cada vez mais o ser fragmentário. Em camadas que já não se mantêm sobrepostas para uma leitura em profundidade, mas sim desacertada de um eixo único. Com não uma, mas múltiplas rotações próprias e translacções variáveis em torno de demasiada visões. Preocupações. Fracturantes. Esta minha enorme obsessão pela estrutura, pela organização e pela lógica, anda em ruptura e sofrimento. Estarei a – para além ou deixando mesmo para muito atrás a racionalidade toda que sempre me ocupou – tornar-me pré-socrática por facilidade. O mundo sensível em mutação, a ciência em mutação, as pessoas. Júlio Ver inventou um certo futuro. Mas que teria sido futuro sem ele e o mesmo talvez. À ciência também antecede a imaginação, algum sentido visionário da vida e das questões por resolver. E também no ser, não lhe entender uma estrutura ou intencionalidade e simplesmente a resignação ao registo das sensações, determinantes de emoções. Bem, mal. Bom, mau. Mas a apreensão de um mundo sensível, do sensível, como a abordagem da razão não têm as características nítidas de um interruptor que liga e desliga, acende e apaga em função de causas, consequências.
De ontem para hoje, de súbito, o dia anoiteceu mais tarde. Com a sensação de uma enorme lacuna entre a última vez que terei reparado e o momento de agora. Esta estranha e conhecida propriedade do tempo de se expandir e dilatar ou ser uma porta abrupta de esquecimento de um algo impreciso para outro, figurado nesta simples sensação de estação a mudar todos os dias.
Há uma beleza nas formas naturais, e em algumas em particular a minha alma desvanece-se de espanto. Nas flores. Na estrutura única de cada folha com os seus caminhos para a seiva. Mas a beleza vai até às partes mais recôndidas da sua estrutura celular, das implicações biológicas da organização das partes, dos múltiplos olhares por camadas de aproximação até à máxima transparência das paredes celulares, dos habitáculos das células, por aí fora, ao nível já dos átomos e de todas as partículas recém descobertas. Há no desenho das estruturas uma beleza própria que me fascina e não se fica só pelo visível. Não é só uma emoção estética no plano mais exterior e feérico da exaltação da cor das texturas ou das formas. Encanta-me a estrutura reticular das células. E saber da actividade ininterrupta nelas.
Os filósofos da antiguidade, com a sua preocupação metafísica com um mundo sensível, em constante mutação, inapropriável, cambiante. Num constante nascer e morrer. Ser e não ser. E fora dos limites essenciais platónicos, o que não muda, não é circunstancial e é comum a todos. Aqueles que se perguntavam neste território de contradições haveria um ponto médio do caminho a que se pudesse chamar permanente ou estável. Neste olhar sobre as cambiantes do mundo natural, qual seria o verdadeiro ser das coisas. Abordável através do logos ou da razão e nunca por via dos sentidos que registam um mundo de contradições e meras aparências. Ou que todas as coisas estão cheias de deuses, não como concepção mítica, mas o reconhecimento de que o universo é dotado de animação e de que a matéria é viva. Mesmo a matéria das palavras. Cheia de deuses, também. Escondidos. Que geram reacções insondáveis como se pela sua própria vontade e não por atributos lógicos das mesmas. Mas as cambiantes neutras da alma, as paragens também estão cheias de vida, uma vida mais lenta, ou mais esforçada, ou menos forçada, numa lucidez própria com um movimento que necessariamente também desemboca em algum lugar do ser. Por vezes mais adiante. Mas não demais. A água como o princípio de todas as coisas. E o fluir das partículas ou do caudal, metáfora de intangibilidade dos sentidos. A corrente como oposto à solidez do objecto que ostenta o nome. Anaximandro considerava que o nosso mundo era só um de entre uma infinidade de outros mundos, e que evoluiriam e se dissolveriam em algo de ilimitado ou infinito. Não se referia a uma substância desconhecida para ele mas a algo de anterior às coisas criadas, limitadas, estas. Substituir mundo por sentido.
Há uma imagem.
Aconteceu esta, hoje, mas não perfeita. O caroço de um fruto. No centro de uma camada circunstancial e degradável pelo tempo. Ou ingerida. O que sobra. Onde se reúne em síntese todo o ADN. No fundo toda a informação genética, neste caso. Que detém a possibilidade do recomeço. É talvez o cerne de tudo. Há um núcleo com uma vida potencial própria em que se encontra o essencial. Há que saber extrapolar desta imagem. Talvez assemelhando-se à noção de punctum como a entende Roland Barthes na sua “Câmara Clara”. Relativo à fotografia. O cerne do sentido. Mas sentido nunca desligado do olhar de quem é abalroado por algo que dispara da fotografia que não é inerte, e rompe aquele afecto genérico inicial. Como uma flecha incisiva. Que trespassa o observador. “ O punctum de uma fotografia é esse acaso que nela me fere (mas também me mortifica e apunhala)”. Nas palavras de Barthes. A importância decisiva do acaso que o faz desvalorizar as fotos encenadas. Remete-me para a encenação, mesmo que involuntária do sentimento de si. Do ser. De novo a imagem onírica da mala de viagem. Que leva e o valor relativo. O que se leva na mala. De todos os dias com algum desleixo. Mas a escolha das grandes viagens. Mas parece que a vida se faz do anódino das escolhas do dia. Sem rigor.
E esse núcleo essencial, acredito, por vezes, para além de todas as camadas expressivas, para aquém de toda a comunicação possível – impossível – de todos os padrões existenciais e de todas as circunstâncias, tem o secreto anseio de ser reconhecido em todos os detalhes do seu recorte. Aprofundadamente. E aceite.

13 Mai 2016

Nelson Piquet Jr. poderá estar na próxima edição do Grande Prémio

Nelson Piquet Jr., filho do tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet, pode fazer uma aparição surpresa na Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3 no Grande Prémio de Macau. O ex-piloto de Fórmula 1 vai correr este fim-de-semana no Grande Prémio de Pau de Fórmula 3 e espera ser convidado para correr em Macau no mês de Novembro.
Depois de uma curta passagem pela Fórmula 1 com a equipa Renault, que ficou marcada pelo escândalo na prova de Singapura de 2008, onde causou um acidente propositadamente para o seu companheiro de equipa Fernando Alonso vencer a corrida, Piquet Jr virou-se para outras disciplinas dentro do automobilismo.
Aos 30 anos “Nelsinho” sagrou-se campeão da Fórmula E a temporada passada, competição onde continua a participar actualmente. A última prova de Fórmula 3 de Piquet Jr foi precisamente em 2004 no Grande Prémio de Macau, na altura com a sua própria equipa, a Piquet Sports, curiosamente a primeira e única equipa 100% lusófona a participar no evento de Fórmula 3 do território.
Na altura, no final a prova, Piquet disse ao HM estar “ligeiramente desapontado” com o 10º lugar obtido na corrida de domingo da 51ª edição do evento, ele que tinha chegado à RAEM com o título de campeão britânico da especialidade e algum favoritismo às costas. Piquet Jr confessava que “como esperava o Circuito da Guia é um circuito super exigente” e que “gostaria de um voltar um dia, apesar da prioridade (da altura) ser continuar a trabalhar arduamente para chegar à Fórmula 1”.
Fora de parte que está um eventual regresso ao “Grande Circo”, neste seu inesperado regresso à Fórmula 3, Piquet Jr irá conduzir um dos Dallara-Volkswagen da equipa Carlin, a mesma formação que venceu Grande Prémio em 2012 com o português António Félix da Costa. Sobre a sua mais nova contratação, Trevor Carlin disse ontem que “nós acreditamos que é uma grande mais valia para a equipa e para os nossos jovens pilotos” e que a equipa está “desejosa de trabalhar com ele em Pau e esperançados repetir em Macau”.
O chefe da equipa britânica enalteceu o espírito do brasileiro, a “fazer lembrar Jim Clark, dos tempos  em que os pilotos corriam pela pura paixão de competir”. Caso concretize a ideia, Piquet Jr será o primeiro ex-piloto de Fórmula 1 a competir na corrida de Fórmula 3 de Macau depois de ter passado pela categoria máxima do desporto automóvel.

Piquet vs Piquet

O mais curioso é que Nelson Piquet Jr poderá competir contra o irmão mais novo, Pedro que, depois do ano passado ter vencido o campeonato brasileiro de Fórmula 3 por duas ocasiões, este ano está a participar no europeu, podendo também ele correr no Grande Prémio no final do ano. O neto do conhecido médico brasileiro Estácio Gonçalves Souto Maior está a dar os primeiros passos no mais competitivo automobilismo europeu esta época aos 18 anos, esperando também ele ter direito a convite para participar na prova rainha de Fórmula 3 nas ruas do território.

13 Mai 2016

Obsessão pelo passado (morto)

No Domingo passei um bom serão: fui assistir ao show do Patuá e diverti-me imenso.
Ao longo da peça fui também ganhando motivação e ideias para temas que poderiam ser aqui abordados na minha coluna, a qual – caso o caríssimo leitor ainda não se tenha apercebido – passou a ser mensal.
Não vou, no entanto, fazer aqui nenhuma crítica à peça “Unga Chá di Sonho” – para isso já basta a habitual apreciação detalhada do colega Leocardo que, aliás, já se encontra disponível no seu blog.
Da última peça do Dóci Papiaçám di Macau quero apenas referir o seguinte: uma vez mais, manifesta a obsessão que nós, antigos residentes de Macau em geral e Macaenses em particular, temos pelo passado.

* * *

O que tenho para dizer vem também na sequência de uma pequena discussão que tive no Facebook com conterrâneos meus quando um ilustre amigo nosso fez um post sobre a ameaça do eventual crescimento urbano para os lados de Coloane e a perda da “alma de Macau”.
Fui ingénuo ao ponto de afirmar publicamente que se devia ter mais visão do futuro, já que existem recursos naturais em Henqin e Zhuhai, que ficam right across the border, e que havemos de ter isso em consideração.
Uma vez que, se Coloane é para mim ao virar da esquina mas, no tempo dos meus avós, ficava longe e era a terra dos piratas e gwai chi lous (*), provavelmente para o meu filho, quando for crescido e as fronteiras com a China forem mais permeáveis – ou até inexistentes – Macau será apenas uma pequena parte de uma grande área metropolitana composta por Hong Kong e pelos municípios de Zhuhai e Shenzen.
De resto, este assunto foi já por mim abordado aqui anteriormente. (**)
Pelo que encaro a actual transformação urbana de Macau com naturalidade e de forma objectiva – não significando necessariamente que goste ou que sinta que esteja tudo a ser feito da melhor forma.
De resto, Macau está em mutação e crescimento territorial desde o século XVI – trata-se de um processo contínuo que teve os seus surtos e ondas, com altos e baixos e intensidades diferentes.
Portanto, nessa perspectiva, o que se está a passar não é forçosamente anormal.
Mas isso pouco importa: naturalmente o meu ponto de vista não foi aceite pelos guardiões da “alma de Macau” e, para evitar o típico escalating fire das redes sociais – onde as pessoas se pegam e se insultam a torto e a direito – deixei morrer o assunto.
Compreendo que o facto de sermos portugueses não deixará de ter o seu peso nessa coisa toda.
Continua presente o fantasma da mudança de soberania e, talvez também fruto de tudo o que se passou com as antigas ex-colónias portuguesas e do trauma daí resultante, o contínuo receio que temos de perder o que se construiu no “passado” – essa tal coisa que recordamos obcecadamente com a típica saudade lusa.

* * *

Também gosto de falar do passado de Macau, sobretudo quando na companhia de maquistas mais antigos que viveram um Macau que nunca vivi e que procuro visualizar também com o auxílio de fotos antigas que, de quando em quando, saboreio com gosto.
(E por falar nisso, vou amanhã ligar ao Dr. Leôncio, que até conheço mais ou menos bem, para ver se ele me passa algum chá.)
No entanto, sou incapaz de afirmar que “aquele” Macau do passado – seja ele qual for, já que todos vivemos um passado diferente, num tempo diferente e de forma diferente – é que era o verdadeiro Macau, o que continha a “alma de Macau” – whatever that means.
Não posso com esse discurso pois sou incapaz de aceitar que se cristalizem conceitos e que uma determinada ideia da cidade – pertencente ao passado – seja utilizada como critério absoluto do que é, ou devia ser, a essência de Macau.
Isto para mim não existe.
Mais,
Fico profundamente aborrecido e não tenho pachorra para aqueles que, afinal, analisando bem as coisas, sabem apenas falar do passado, do presente têm uma opinião crítica que já se tornou lugar comum e não traz novidade nenhuma – o trânsito, as ruas cheias de gente, a poluição e todas essas coisas que, ainda que sejam verdade, estou já cansado de ouvir – e do futuro não têm qualquer tipo de ideia ou visão.
Portanto, que tal pararmos um pouco com essa atitude? Quer se goste, quer não, o passado pertence ao passado. Já morreu. É interessante recordá-lo, mas apenas até certo ponto – e de forma construtiva.
Ora, pensemos antes no modo como devemos educar os nossos filhos para que determinados valores característicos da nossa identidade – e do nosso rico passado – não se percam no futuro.
É que nesse aspecto quer me parecer que pouco ou nada está a ser feito pelos ilustres que vivem frustrados com o presente e passam o tempo a falar do passado.

Sorrindo Sempre

Faz frio? Fecha-se as escolas.
Chuva forte? Fecha-se as escolas.
“Filho, hoje não tens escola, está o sinal de chuvas fortes.”
E o menino, feliz da vida, salta da cama, liga a televisão e passa o dia a ver desenhos animados.
Caríssimo leitor, não sei se está a ver a gravidade da coisa.
Afinal o símbolo da RAEM não é a flor de lótus, planta que nasce humildemente no substracto lodoso e que vai lutando e subindo até se chegar à superfície da água onde se transforma numa linda flor?
Onde andam esses valores?
Já o disse aqui e volto a dizer: andamos a criar flores de estufa.

(*) Malfeitor que rapta crianças.
(**) “Compras no Tin Un ou no Carrefour”, edição de 07.08.2015 do Jornal Hoje Macau.

Compras no Tin Un ou no Carrefour

13 Mai 2016

Unidade na diversidade

“When the historical decision leading to the banking union was taken at the European Council in June 2012, the declared reason was to “ensure that the supervision of banks in all EU member states is equally effective in reducing the probability of bank failures.” One year later, while stressing that the completion of the banking union had become a priority among the policy objectives of European policymakers, the Council stated that “it is imperative to break the vicious circle between banks and sovereigns.” At the origin of these statements, there are the large amounts of money spent by several European governments to bail out those banks involved in the financial crisis that started in 2007.”

The European Banking Union: A Critical Assessment
Angelo Baglioni

O “Dia da Europa”, comemorado a 9 de Maio de 2016, recorda a paz e a unidade que o continente europeu vive desde o final da II Grande Guerra. A data representa o aniversário da histórica “Declaração Schuman”. O ministro dos negócios estrangeiros francês, Robert Schuman, pronunciou, em Paris, a 9 de Maio de 1950, um discurso em que expôs a sua ideia de uma outra forma de cooperação política na Europa, que tornasse impensável uma nova guerra entre os países europeus, propondo a criação de uma “Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) ”.
Os Estados membros fundadores foram a França, República Federal da Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo, e assinada, a 18 de Abril de 1951, em Paris, sendo a primeira de um conjunto de instituições europeias que levariam à actual União Europeia (UE). A proposta de Schuman é considerada como o começo da UE, e desde então, sucedem-se os actos anuais, nessa data, de celebração. O presidente da Comissão Europeia, conjuntamente com os demais comissários, participaram em eventos nacionais e europeus, incluindo visitas às instituições europeias e actividades da UE, tal como o diálogo com os cidadãos, debates, conferências e diversos eventos culturais nos Estados membros.
O dia 9 de Maio, deveria ser uma oportunidade única para promover, ainda mais, a transparência e incentivar a aproximação entre a UE e os seus cidadãos, quando vive a sua pior crise de sempre de natureza económica, financeira, com profundas e graves clivagens internas, causadas pelo fluxo migratório e assolada por denodados actos de terrorismo. As instituições europeias abriram as suas portas, para dar uma oportunidade aos europeus de descobrir o seu trabalho diário. O tema central, da 24.ª edição de visitas de portas abertas, teve como lema a “Unidade na diversidade”, quando a UE vive exactamente o oposto, pois os seus Estados membros, nunca estiveram mais desunidos e fracturados pela adversidade das situações previsíveis, mas incontornáveis que os tem atingido.
A celebração dos sessenta e seis anos da “Declaração Schuman”, embrião da EU, demonstra o quanto é necessário, que se reinvente uma nova Europa, tal como foi pensada pelos seus fundadores, e reavivada por um conjunto de europeus ilustres, que têm vindo a propor um roteiro, para assegurar o futuro da EU, que a continuar a sofrer os impactos que conhecemos e sem uma liderança forte, que una todos os europeus e que nela se revejam, como garantes da sua identidade, a direcção que leva é de colisão e fractura. Seja qual for o resultado do referendo britânico, a Europa e os europeus necessitam urgentemente de um novo alento.
É demasiado o que está em jogo, como seja evitar a marginalização da Europa, não apenas do ponto de vista económico e político, mas também social, moral e cultural. O desafio comum da Europa é conciliar-se com os seus cidadãos confusos, desorientados e cépticos, para voltar a criar uma Europa influente, que tenha um projecto de futuro e de esperança para todos. A UE terá de deixar a política hipócrita das palavras e passar aos actos, resolvendo os problemas que são imensos e se acumulam, caso contrário, morrerá. Se não for dado um novo impulso político aos cidadãos europeus, os demónios populistas que quase a têm destruído, acabarão por vencer.
A história é distinta nas suas formas, mas o resultado poderá voltar a ser desastroso. A fim de se conseguir uma nova dinâmica devem ser valorizados novos êxitos. A UE é a entidade política, económica e mais solidária, menos injusta, mais democrática, pacífica e mais diversificada que a humanidade conheceu, tendo vindo a perder essas preciosas e únicas características, e ímpeto a cada dia, sendo um dos maiores triunfos políticos e económicos da época moderna. Fazer respeitar os seus valores e convertê-la num motor de progresso para todos os cidadãos europeus, exige a adopção de uma estratégia de vulto.
É necessário urgentemente, um itinerário preciso, devendo tal obra ser iniciada, de imediato, pelas instituições europeias e Estados membros, não devendo ser um grupo de países dominados pela Alemanha e França. É necessário o restabelecimento da confiança, e dar um novo impulso à dinâmica europeia que passam por algumas estratégias, sendo o principal, o fortalecimento da democracia europeia, que não consegue responder aos problemas que atingem os cidadãos, não sendo possível, como peregrinamente muitos defendem, considerarem-se europeus, sem uma cultura de cidadania partilhada.
Os Estados membros devem implementar uma educação cívica comum, que a todos sirva e comprometerem-se que o futuro presidente da Comissão Europeia seja eleito em função dos resultados eleitorais provindos das urnas. A democracia deve chegar à Comissão Europeia. É necessário clarificar as regras, para que os referendos sobre a adesão à EU, não se convertam em meros negócios políticos ou de estratégia duvidosa. A Europa “a la carte” não é uma opção, é um desastre. É indispensável, uma iniciativa estratégica, de segurança e defesa dos cidadãos da UE. Os Estados membros devem cumprir os seus compromissos em matéria de segurança interna, intensificando as cooperações policiais – (Europol, que é a agência responsável por garantir o cumprimento da legislação da UE, ajudando os Estados membros a lutar contra a criminalidade internacional e o terrorismo), judiciais (Eurojust, que é um organismo responsável por ajudar as autoridades nacionais a cooperarem para lutar contra as formas graves de criminalidade organizada, que envolvem mais do que um país da UE) e de informação, bem como no plano externo, implementar uma política de fronteiras moderna, suportada num corpo europeu de polícia de fronteiras e infra-estruturas de controlo e acolhimento, que respeitem os valores europeus.
A UE, deve simultaneamente, implementar uma política de estabilização das regiões vizinhas em todos os domínios, quer seja no económico, cultural e diplomático, como no militar. A UE deve tomar a iniciativa que está relacionada com os refugiados. O “Acordo com a Turquia” não é uma solução a longo prazo. O país está inundado de refugiados e o tráfego de pessoas, prospera utilizando outras rotas. A Europa deve escolher outro caminho, que é o de acolher dentro dos limites possíveis, integrar, formar e preparar as condições para o regresso dos refugiados aos seus países, pois não é uma política de portas abertas, recebendo todos, mas apenas, os que estejam dispostos a integrar-se e a aceitar os valores europeus.
Os cidadãos europeus só aceitariam uma tal política se melhorar a sua vida quotidiana. O desafio da segunda fase do plano do presidente da Comissão Europeia para estimular o crescimento, é investir nos sectores com maior futuro, capazes de promover a criação de empregos de proximidade, modernizar de forma duradoura a economia europeia e consolidar a vantagem competitiva, dentro de uma política industrial comum, que permita recuperar a autonomia europeia, como por exemplo, um plano de desenvolvimento e restauração do “habitat”, com a utilização de novos materiais e tecnologias digitais, que transformaria a vida dos cidadãos e conceder-lhe-ia a liderança mundial no sector. É importante considerar a criação de três planos centrados nos transportes, energias renováveis e nas competências digitais do futuro.
A “zona euro”, terá de reforçar o seu potencial de crescimento, a sua capacidade de fazer face a choques assimétricos e favorecer a convergência económica e social. Tal, exige a necessidade de atribuir novas prerrogativas ao “Mecanismo Europeu de Estabilidade”, ou seja, uma competência orçamental para a “zona euro”, e a rápida implementação da união bancária, aproveitando para reformar e corrigir os defeitos existentes. O “Programa Erasmus” deve ser democratizado, alargando o horizonte cultural de toda a juventude europeia, com o fim de incentivar a igualdade de oportunidades e o sentimento de identidade a um projecto comum. Estas iniciativas pretendem, voltar a colocar o cidadão no centro do projecto europeu, e incentivar o crescimento, emprego e a inovação. É possível pôr em prática, se existir a necessária vontade política nos próximos anos.
O presidente Franklin Roosevelt fez, com o “New Deal”, em 1933. As economias avançadas têm essa capacidade, devido às margens não utilizadas do orçamento europeu e ao emprego de novos recursos. Entre as soluções que terão de ser pensadas, está a disponibilidade de recursos e a solicitação de um empréstimo ao “Banco Europeu de Investimentos (BEI) ”. A médio prazo, a mobilização e a reflexão colectiva dos cidadãos europeus, devem ser as premissas da realização de uma nova “Conferencia Intergovernamental (CIG) ”, ou de um novo “Tratado Europeu”, que converta a Europa, numa grande potência democrática, cultural e económica, que garanta no seu espaço interno, a solidariedade e os direitos fundamentais, actualmente em perigo de vida, e que se dote dos meios essenciais para exercer a sua soberania.
O novo “Tratado” a sair desse debate, aplicar-se-ia, apenas aos Estados membros que desejem uma maior integração, e sempre estiveram convencidos de que o interesse geral europeu, não se limita à soma dos interesses nacionais, o que só será possível, se as dezenas de milhões de europeus, acreditarem que o futuro da Europa se escreve unidos, e começarem a mobilizar-se nesse sentido. Assim, se evitaria que a UE se desintegre em pedaços a um ritmo vertiginoso, e cujo sinal é visível, como por exemplo, a decisão da Hungria, a 22 de Outubro de 2015, de construir uma cerca ao longo da fronteira com a vizinha Croácia, também Estado membro da UE.
A crise da “zona euro” fragmentou os fluxos financeiros, causando divergência entre as economias, debilitando o apoio político às instituições da UE e confrontando os cidadãos europeus. Os governos erigem barreiras e restauram controlos fronteiriços, a crise dos refugiados cria obstáculos à circulação de pessoas e ao comércio internacional, e enquanto a Europa se parece desfazer no medo de ataques terroristas, aumenta o risco de que o Reino Unido vote por a abandonar.

13 Mai 2016

Niel Wong, profissional de comércio electrónico

Gosta de fazer dinheiro e tem muitas ideias. O jovem Niel Wong teve uma boa formação em Macau e na Europa e está a desenvolver-se na área de IT e comércio electrónico, sendo que está prestes a ser o seu próprio patrão.  
Desde a infância que Niel foi instigado ao desenvolvimento. “Na minha família, todos os adultos são empresários e os meus pais gostam de fazer negócios. Dentro desta atmosfera, naturalmente também gosto de fazer dinheiro”, conta-nos, mostrando que a sua determinação é grande.
A ideia de Niel em estudar Gestão Empresarial surgiu nos primeiros anos da escola secundária.
Niel estudou Comércio Electrónico na Universidade de Macau (UM). Quando questionado sobre o que o impressionou, Niel confessa-nos que não foram os estudos, mas sim a criação de uma associação de alunos de comércio electrónico, onde foram organizadas várias actividades, tais como uma competição de IT.
“Para um projecto correr bem, é preciso cooperação com os colegas e, sendo o presidente, tive de motivar todos a trabalhar comigo. Ainda bem que a competição correu bem e ganhei também na amizade, porque até ao momento mantenho contacto com os concorrentes”. 
O jovem natural de Macau confessa-nos ainda que ficou “rico em experiências” ao viver no estrangeiro. No terceiro ano da licenciatura, teve meio ano em Amesterdão, na Holanda, onde fez intercâmbio. Partilhou connosco que gostava de passar tempo na Faculdade de Business da universidade, conversando com colegas e professores. Mas admitiu que não foi um estudo muito sério. Nessa altura, o foco foi perceber mais o que fazem os europeus.
Quando voltou a Macau, antes de acabar o curso de licenciatura, começou a acreditar que consegue ver mais do mundo lá fora, além Macau. Assim candidatou-se ao curso de mestrado de Gestão Internacional na Universidade de Londres, onde passou dois anos da sua vida.
“Depois de viver na Europa, fiquei admirado com o facto de a economia da Inglaterra e da Holanda serem muito maiores que a de Macau. Pelo ângulo de um profissional, Macau não é o melhor sítio para ganhar dinheiro, porque aqui pode-se desenvolver qualquer negócio só porque se conhecem muitas pessoas, mesmo que não se tenha muitos conhecimentos. Vejo isso também porque as indústrias focam-se no Jogo, unicamente, e não conseguem atrair talentos de diferentes lados do mundo”.
Para Niel, Macau é tão pequeno que para aprender muito, só quando se está lá fora. Primeiro, a cultura e os hábitos diferentes. “Os estrangeiros costumam ter festas nas noites de sexta-feira. No início, não me habituei a isso, mas tive que me habituar o que demorou vários meses.”
Além disso, por ter estado lá fora, Niel compreende de forma mais abrangente a China. “Em Macau, leio mais os média de Hong Kong que mostram a imagem da China de forma negativa, mas na Europa, quando os europeus estudam a economia e dão exemplos, a China é sempre a primeira escolha, tanto a situação económica como os métodos de gestão. Eles olham para a China de forma competitiva, mas não de forma negativa. Portanto isso mudou a minha impressão sobre a China”. 
Actualmente Niel está a trabalhar como gerente de projecto de IT na companhia Laxino Systems, sendo responsável pela investigação e desenvolvimento de produtos de jogo electrónico, que serve o sector de Jogo.
Niel está sempre atento ao que acontece em Macau e Hong Kong, mas o que atrai mais o jovem é a área comercial.
“Quando leio jornais, a primeira coisa que tento perceber é se há a oportunidades de desenvolver qualquer coisa. Mas Macau é pequeno e a maioria das notícias [em Chinês] são muito aborrecidas”.
Mesmo que tenha estudado no estrangeiro, o jovem considera que o que a UM ou as universidades da Ásia ensinam não diferencia muito das instituições ocidentais, porque os modelos académicos são semelhantes.
Apesar disso, “o mundo é grande”, como nos diz Niel, e a sua sugestão para outros jovens que tenham capacidades especiais é que se desenvolvam no estrangeiro. 
Mas o jovem profissional prefere manter-se em Macau porque tem mais tempo para a sua família. “Toda a minha família está em Macau, as minhas raízes estão cá e, de facto, receio o sentimento de mudança, portanto desenvolvo-me no meu território”, confessa-nos.
E Niel Wong tem já pano para mangas no que a esse desenvolvimento diz respeito. Está a preparar-se para abrir uma empresa de consultoria de comércio electrónico e quer realizar as ideias que estão sempre a pairar na sua cabeça.
“Estou a pensar em fazer umas coisas que todos podem usar na sua vida diária. Mas por agora não posso revelar”.
Nos tempos livres, o jovem costuma relaxar durante encontros com amigos, jantar ou beber um copo. Mas o que considera importante é saber o que há de novo, o que os outros têm para contar e o que planeiam para o futuro. Afinal, diz, tudo é possível através de um “brainstorming” em conjunto.

13 Mai 2016

Sector bancário estável e reservas no ponto, diz AMCM

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]economia local foi novamente afectada “por uma contracção da exportação de serviços”, tendo-se mantido lenta em 2015. É o que diz a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), que traça, contudo, um balanço geral positivo.
No balanço do ano passado, ontem publicado em Boletim Oficial, a AMCM diz que, apesar do ajustamento da economia local e da instabilidade das condições externas económicas e financeiras, o sector bancário continuou a manter “a boa qualidade dos seus activos e o nível adequado de capital” no ano passado. No geral, a avaliação do organismo face aos bancos de Macau é também positivo.
“Durante anos manteve um ritmo constante de desenvolvimento, sendo persistentemente cuidadoso nas suas operações, aproveitando as oportunidades que surgiram com a internacionalização do yuan e a cooperação regional, pelo que apresentou um crescimento significativo e estável.”
Ainda assim, a AMCM garante que, enquanto supervisora financeira, tem vindo a adoptar “uma abordagem de supervisão baseada no risco para alcançar uma supervisão mais eficaz”, que a levou, no ano passado, a enviar uma carta geral a todos os bancos, solicitando-lhes que realizassem testes regulares de ‘stress aos seus negócios hipotecários e à qualidade dos activos. E a supervisão não acontece apenas aqui.
“Como o sector bancário da RAEM é composto fundamentalmente por sucursais e subsidiárias de bancos estrangeiros, a AMCM tem dado grande importância à cooperação com os bancos centrais estrangeiros e com as autoridades supervisoras, no que respeita a assistência mútua e troca de informação”, pode ler-se no balanço.
A implementação da “Convergência Internacional de Medição de Capital e Padrões de Capital: Enquadramento Revisto”, geralmente designada como a Basileia II está também a ser preparada, diz a AMCM, que assegura que assim que revista “ficará totalmente implementada na RAEM”. O Basileia II fixa-se em princípios de supervisão bancária.

Em alta

As reservas cambiais “apresentaram uma tendência em alta razoavelmente estável” e ascenderam a 150,8 mil milhões de patacas no final de 2015, um aumento anual de 14,8% e o segundo consecutivo.
Já a Reserva Financeira, que desde 2012 “tem testemunhado um crescimento consistente do volume dos activos com a injecção de capital resultante dos excedentes dos orçamentos fiscais de 2011 a 2013 e do rendimento do investimento obtido ao longo dos anos sob a gestão da AMCM”, apresentava um total de 345,1 mil milhões de patacas, mais 101,2 mil milhões de patacas.
O número de funcionários da AMCM no final de 2015 era de 175, mais 13 face ao final de 2014.

12 Mai 2016

Chui Sai On declarou o papel antes de aprovação da doação a Jinan. ANM não aceita

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]decisão de doar cem milhões à Universidade de Jinan não foi feita individualmente por Chui Sai On, diz o Chefe do Executivo, que assegura que declarou o seu papel de vice-presidente do Conselho da instituição antes de ser aprovada a doação. Ainda que não tenha declarado impedimento, tendo apenas dado a conhecer a sua posição na Universidade, Chui Sai On, que é também presidente do Conselho de Curadores da Fundação Macau, justifica novamente que não houve conflito de interesses na doação. A Novo Macau não ficou satisfeita.
“Apesar de desempenhar três cargos diferentes, não existe situação de conflito de interesses, porque estas são entidades públicas. Eu não tenho direito de dar e receber ao mesmo tempo”, explicou, citado pelo canal chinês da Rádio Macau, frisando que “antes da FM aprovar o pedido do subsídio, já fez a declaração dos seus cargos e a decisão foi feita colectivamente pelo Conselho de Curadores e não por ele próprio”.
O Chefe do Executivo admitiu que precisa de melhorar o mecanismo de publicação de informações, mas salientou que o processo de apreciação para subsídios da FM não está incorrecto.
Os deputados Mak Soi Kun e Chan Chak Mo, que não são ex-estudantes da Jinan, defenderam ontem que a FM consideram que não há problemas com o apoio já que o subsídio tem como fim formar talentos.
No entanto, Sou Ka Hou, ex-presidente da Associação Novo Macau, que vai organizar uma manifestação contra a doação no domingo, disse ao mesmo canal que não considera a afirmação de Chui Sai On aceitável. Diz que o Chefe do Executivo não cumpriu as regras do impedimento e que o processo não está correcto, o que faz com que o subsídio tenha sido atribuído de forma parcial. Sou Ka Hou está a estudar em Taiwan mas voltou a Macau para participar na manifestação.
Questionado sobre a manifestação, o Chefe do Executivo afirmou que aceita a liberdade de expressão e que o Governo aceita as críticas e opiniões.

ANM recorre ao TUI por limites ao protesto

Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), afirmou ontem que recebeu um despacho da PSP que “obriga” a marcha do protesto no dia 15 de Maio a deixar a faixa de rodagem da Avenida Panorâmica do Lago Nam Van e a marchar apenas no passeio. No entanto, o líder usa a Lei de Direito de Reunião e Manifestação para discordar, apontando que se for indispensável ao bom ordenamento do trânsito de pessoas de veículos nas vias públicas, o comandante da PSP pode alterar os trajectos programados de protesto só “por uma das faixas de rodagem”, no entanto “não pelo passeio”. Scott Chiang considera que a medida é um abuso do poder da autoridade e que há espaço suficiente para o trânsito. “Não consigo ver nenhuma ilegalidade e necessidade da PSP que insiste na manifestação no passeio”, frisou, dizendo que decidiu recorrer ao cancelamento dessa limitação para o Tribunal de Última Instância.

12 Mai 2016

Ensino | Acreditação de cursos obrigatória. UM é excepção

A acreditação das instituições de ensino superior não será obrigatória, mas dos cursos sim. Só a UM poderá ser dispensada pelo GAES desta acreditação e revisão porque, explica o Governo, já está acreditada. Como? “Self Accredit”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]análise à Lei para o Ensino Superior é um saco de novidades diárias e, desta vez, Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) anunciou que a acreditação das instituições de ensino superior não vai ser obrigatória com a nova lei. Isto porque, explica citando o Governo, o “processo é muito complexo e dispendioso”, sendo que só os cursos terão de ser acreditados – todos, menos os da Universidade de Macau.
O presidente do grupo responsável pelos trabalhos de avaliação da proposta do Governo indica que o Executivo vai definir por regulamento administrativo, elaborado três meses depois da aprovação da lei, a avaliação do ensino superior que será feita “em dois tipos”: a acreditação da instituição e dos cursos. A primeira poderá ser feita, se a instituição assim o quiser, através de empresas privadas ou recorrendo ao Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES). Dentro desse tipo de avaliação, esta sim, obrigatória e periódica, é feita uma auditoria à qualidade da instituição. Portanto, as instituições podem não ser acreditadas mas serão sempre avaliadas quanto à sua qualidade.
Esta avaliação é feita por “agências do exterior” que Chan Chak Mo disse não poder revelar. “O Governo não quer divulgar a lista com o nome destas empresas porque isto vai originar problemas para as instituições que vão negociar com esses órgãos do exterior. Se o Governo publicar quais os órgãos do exterior, então estes podem aumentar os custos da avaliação”, argumentou, esclarecendo ainda que, apesar de não ter a confirmação do Governo, esta avaliação deverá ser paga pela própria instituição.

Acreditar e avaliar

O segundo tipo de avaliação corresponde a uma acreditação ou revisão – dependendo do caso – dos cursos disponibilizados pelas próprias instituições. Portanto, todas as escolas de ensino superior terão de passar pelo processo de acreditação de cursos, seja ele uma revisão ou acreditação. Acontece contudo que a Universidade de Macau (UM) já tem a chamada “self accredit”, atribuída por uma “agência do exterior”, fazendo com que esta instituição possa ser dispensada desta obrigatoriedade relativamente aos cursos.
“Só a UM é que tem esta qualificação. Isto é feito através de órgãos da avaliação do exterior. (…) Quem tem esta qualificação então já não precisa de passar pelo GAES. Quem não tem ‘self accredit’ então tem de passar pela avaliação do órgão do exterior, para obter qualificação. E só depois disso é que pode abrir novos cursos e reaver os cursos”, explicou o presidente. “As nove instituições [excluindo a UM] têm de passar pela avaliação do órgão exterior. A UM tem esta qualificação. É um dos tipos de acreditação. Só a UM é que tem. As outras [instituições] podem pedir, depois de aprovação da lei, mas só se quiserem”, argumentou.
Questionado sobre o que é ‘self accredit’ e como é que a UM a conseguiu, Chan Chak Mo afirmou, citando o Governo, que esta qualificação é atribuída depois de uma avaliação em vários aspectos: cursos e espaço, entre outros. Sobre a necessidade de uma nova acreditação à UM o presidente da Comissão não soube responder.
Questionado sobre a falta de participação nos trabalhos de elaboração do regulamento administrativo que vai reger esta avaliação, Chan Chak Mo explicou que a AL não tem capacidade para o fazer.

Novo coordenador-adjunto no GAES

Chang Kun Hong é o novo coordenador-adjunto do GAES. A nomeação foi tornada pública ontem, em Boletim Oficial, assinada pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e é válida por dois anos. Chang Kun Hong é mestre em Administração Pública, pelo Instituto Nacional de Administração da China em colaboração com a Universidade de Pequim. Frequentou também o mestrado de Economia e Gestão da Educação pela Universidade Sun Yat-Sen de Cantão. É licenciado em Direito pela Universidade de Ciência Política e Direito da China e também em Economia pela Universidade de Jinan de Cantão. Entrou para a Função Pública em 1991 como técnico superior da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, passando para chefe da Divisão de Gestão Financeira e Patrimonial deste organismo. Ocupou ainda o cargo de chefe do Departamento de Gestão e Administração Escolar da mesma direcção. Em 2012 entrou para o GAES como técnico superior assessor principal, passando, em 2014, para chefe da Divisão Administrativa e Financeira do Fundo de Pensões.

12 Mai 2016

O poder de efabulação da ignorância

Calvino, Ítalo As Cidades Invisíveis, Teorema, Lisboa, 1993
Descritores: Literatura Italiana, Fantástico, Fábula, Apólogo, Simbólico, Moradas, Espírito, 160 p.:21 cm ISBN: 972-695-171-2, Tradução José Colaço Barreiros

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]talo Calvino é um dos escritores italianos mais representativos da literatura italiana do pós-guerra e de todo o século XX. Nasceu em Cuba na cidade de Santiago de las Vegas a 15 de outubro de 1923 de pais italianos que logo regressam a Itália; vindo a falecer em Siena no dia 19 de setembro de 1985. Foi um dos mais importantes escritores italianos do século XX. Tendo-se formado em Letras, dedicou-se à política desde cedo e participou na resistência ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial como membro do Partido Comunista Italiano, Veio a abandonar o partido em 1957, através de uma carta de desfiliação que se tornou célebre. A sua primeira obra foi este Atalho dos Ninhos de Aranha em italiano designado Il sentiero dei nidi di ragno publicado em 1947, ainda sob a influência da estética e ideologia neorrealista e da sua militância comunista e de resistência. Uma das suas obras mais conhecidas e mais genial são As Cidades Invisíveis, ou seja Le città invisibili  de 1972; onde se evidenciam as personagens históricas de Marco Polo e Kublai Khan. Quanto a mim a sua obra mais importante é contudo o não menos famoso livro Se Numa Noite de Inverno um Viajante.

O poder de efabulação da ignorância
A estrutura de base das Cidades Invisíveis assenta numa hipotética, porém apresentada como factual, conversa entre o grande aventureiro e viajante Marco Polo e Kublai Khan, imperador mongol, chinês da estirpe dos tártaros. Marco Polo, supostamente, descreve ao imperador as inúmeras cidades do império do Meio que conhece e visitou e que o imperador não conhece. A imensidão do império inibe o seu conhecimento empírico. Isso incomoda o imperador, como incomoda toda e qualquer ignorância, mais ainda quando como neste caso a ignorância é provocada pelo estímulo do que de nós se esconde e guarda um mistério que ao longo do tempo se transforma em enigma. Marco Polo inteligentemente estimula esse enigma efabulando longamente sobre o que o imperador não conhece e ele também não. É aqui que reside a meu ver o golpe de génio de Calvino, efabular a partir do poder de efabulação da ignorância. O que não se sabe, o que não se conhece, é sempre infinitamente mais apaixonante e estimulante que o que nos é próximo e que é de nós conhecido e que dentro dessa proximidade se torna banal senão mesmo vulgar, no sentido literal do termo, mas também no seu sentido valorativo. Porém, se aquilo que se ignora possui um valor acrescentado, estranha-se que porfiemos em destruir essa reserva de prazer, esse el dorado, essa pérola de valor inestimável, procurando conhecer. Não obstante, até se percebe, se atentarmos no facto de que é no processo de desocultação que o prazer atinge o rubro. Podemos assim imaginar o gozo que deve ter dado ao imperador, a narrativa fantástica de Marco Polo, a mim deu-me e não sou dono de cidades de nenhum império; mas sabendo eu que a narrativa assenta em bases irreais, porque é que deu tanto prazer, a Kublai Khan e a mim por intermédio dele, a narrativa disso. Porque, como disse Saint Exupéry, o essencial é invisível ao olhar. Eu, até preferia dizer que o invisível é essencial ao olhar, invertendo a lógica da expressão, para assim poder enfatizar que desde logo o invisível existe e que portanto um outro tipo de olhar o vê. Essa visão é que é essencial. A grande cegueira é não ver esse invisível que nos habita de modo imemorial e eterno. 12516P614T1
Voltemos ao texto. A estrutura de base não assenta portanto numa hipotética conversa mas antes numa inventada hipotética conversa o que é apesar de tudo um pouco diferente no plano lúdico. Quando se chega a saber o que se desejava saber, pois é no plano da libido que estes conhecimentos se colocam, o fascínio desmorona. Desmoronaria para os actores e desmoronaria para nós, os leitores, por maioria de razão. Neste caso das Cidades Invisíveis não. E porquê? Porque rapidamente, mal a narrativa começa, se percebe a cumplicidade entre os dois intérpretes e porque para nós imediatamente passa a ser de outra ordem, que não a da verosimilhança, o que pretendemos saber. As cidades não nos interessam, a bem dizer nunca nos interessaram, mas interessa-nos aquilo em torno do qual se dá um acordo e uma cumplicidade entre os dois mentirosos. Chamo-lhes assim, ironicamente e por conveniência da minha própria efabulação. Eles sabem ambos que é de um excesso de verdade que se trata quando falam e se ouvem. Este diálogo poderia aliás ser interminável e aliás é interminável a não ser que num certo momento da nossa atenção lhe possamos e queiramos pôr termo.
O que é que se passa então? Um diálogo apócrifo em que uma personagem fala do que nunca viu e outra finge acreditar no que ouve, quando tudo leva a crer só lhe interessa o modo de dizer, ou seja o modo de falar do invisível, do que não existe. Kublai khan representa-nos simbolicamente. Representa aquilo que em nós resiste à realidade do mundo; resistindo na nossa inesgotável imaginação e na insaciável necessidade de ilusão que sentimos dentro de nós. Por isso As Cidades Invisíveis são um dos textos mais alucinogénios da história da literatura, embora se saiba que a boa literatura nunca é outra coisa, senão uma droga dura, imaterial e abstracta.
Desde o princípio se percebe que a cidade não é aqui de modo nenhum um conceito (e já nem escolho o semantema ‘realidade’) geográfico, pois desde o início que o jogo jogado entre os dois efabuladores procura na sua interacção a complexidade do modo de habitar o mundo, na lógica de uma simbologia da existência humana dentro das suas moradas invisíveis. O que seria de nós sem estas moradas inexpugnáveis. A que perigos não estaríamos sujeitos se nos faltassem as ameias e as muralhas espirituais.
Ítalo Calvino disse a dada altura qualquer coisa como isto: “Se o meu livro As cidades invisíveis continua sendo para mim aquele em que penso haver dito mais coisas, será talvez porque tenha conseguido concentrar num único símbolo todas as minhas reflexões, experiências e conjecturas”. E esse símbolo só pode ser o invisível.
Na problemática dos géneros eu seria levado a considerar As Cidades Invisíveis no domínio do Apólogo e da Fábula poética, ainda que não haja apologia de coisa nenhuma, mas antes qualquer coisa de onírico e vago. Todos sonharam este texto: Kublai Khan pelo desejo, Marco Polo como ambiguidade da memória, uma lembrança vaga e nós os leitores porque na primeira vez em que o lemos nos fica a sensação de já o termos lido ou mesmo de já termos falado aos amigos de cidades que tais como estas não existem. Mas tudo o que a obra é aparece nos seus subtítulos, o simbólico, a memória, a fronteira, o desejo, etc.
Nem sei por que estou eu a escrever sobre As Cidades Invisíveis. Elas são infinitas e obsessivas, elas estão em nós e até às vezes fastidiosamente, elas são a nossa vida real e a imaginada, mas também morte e tédio e redenção, não acabam nem começam, desde sempre nos habitam com uma nitidez doentia e incómoda, uma morrinha, mas por outro lado também, de uma maneira sombria, esquiva, povoada de relâmpagos, … Habitam-nos a nós que somos parte delas e que sem nós elas não existiriam, mas nós também não, sem elas… É por isto, agora sei finalmente, que gostamos daqueles que nos perguntam pelos lugares que nos habitam e se mostram tolerantes relativamente às mentiras que urdimos. Para nós, que vivemos neste longínquo Oriente, não é a verdade ou a mentira dos lugares que nos preocupa é antes o podermos ou não ser capazes de corresponder à expectativa daqueles que nos interpelam, ávidos de mistério, sedentos de ser enganados tal como Kublai Khan. Seremos capazes de pelo menos uma vez sermos dignos de Marco Polo ou Calvino? Eu, por mim, já descobri mesmo em Macau, cidades como Leónia, Cecília, Pentesileia. Se me fosse dada a possibilidade de falar sobre as minhas cidades a oriente eu poderia organizá-las não segundo o critério de Calvino que explorou tópicos como: “as cidades e a memória”, “as cidades e o céu”, “as cidades e o mortos” etc., mas antes, de acordo com as minhas obsessões, em tipologias literárias ou cinematográficas, do género “As cidades com Lanternas Vermelhas”, “As Cidades com Aquários”, “As Cidades de Casas Vazias”, “As Cidades dos Candeeiros”, “As Cidades com gaiolas de Areia”, etc. De algum modo já as visitei e portanto poderei falar sobre elas. Talvez um dia o faça.

Manuel Afonso Costa

12 Mai 2016

Químicos | Governo sem acordo sobre legislação

Tem 15 anos mas nunca saiu da gaveta, apesar de prometida pelo Governo. Depois de muitas reuniões, as partes interessadas não chegam a acordo quanto à lista de produtos que a Lei do Controlo de Químicos de Utilização Militar e de Dupla Utilização civil e militar deve incluir

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se Lei do Controlo de Químicos de Utilização Militar e de Dupla Utilização Civil e Militar, ou pelo menos o Governo pretendia que se chamasse. É um projecto de 2001, tem 15 anos e desde 2014 que nada mais se soube dele.
“Esta é uma lei que nunca ninguém percebeu o que aconteceu. Umas vezes o Governo tinha muita pressa em avançar com os trabalhos, depois passava temporadas sem pegar nisto. A verdade é que nunca se chegou a um acordo e a lei ficou arrumada numa gaveta”, começa por explicar ao HM uma fonte conhecedora do processo legislativo.
Recorrendo a documento confidenciais, aos quais o HM teve acesso, percebe-se que esta proposta de lei era uma vontade clara do Governo. “Solicita-se à [Direcção para os Serviços dos Assuntos de Justiça] que seja regulamentado autonomamente em Regulamento Administrativo o conteúdo relativo às sanções administrativas constante do projecto e que sejam enviadas ao [Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça], com a maior brevidade possível, as versões chinesa e portuguesa da proposta de lei (…)”, pode ler-se.
Em Junho de 2006, o Governo explicava que vários departamentos da Administração estavam envolvidos em todo o processo, alguns deles como o antigo Gabinete para os Assuntos do Direito Internacional, o GSAJ, a Direcção dos Serviços de Economia, os Serviços de Saúde, entre outros.
“A questão é que o Governo não conseguiu chegar a acordo com os peritos que faziam parte dos grupos de trabalho. É natural que isto aconteça porque há muitos departamentos envolvidos. Sempre houve”, argumenta a mesma fonte, sem conseguir justificar porque é que a lei nunca avançou. “Não sei responder a isso. Nunca se conseguiu perceber o porquê”, rematou.

Tudo em ordem

A hipótese de Macau ser um território sem lei que permita a entrada, troca ou qualquer outro acto que envolva produtos químicos, incluindo armamento, é afastada pelo advogado José Filipe Salreta, que explica ao HM que existe legislação em vigor.
“Não é verdade que Macau não tenha um regime jurídico relativo ao controlo de produtos químicos tóxicos – a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Utilização de Armas Químicas e sobre a sua Destruição entrou em vigor a 20 de Dezembro de 1999, nos mesmos termos e condições em que a República Popular da China se encontra a ela externamente vinculada”, explicou.
Na sequência da Lei do Comércio Externo, de 2003, foi ainda proferido um despacho do Chefe do Executivo, Chui Sai On, que proíbe a importação, exportação e trânsito pela RAEM de produtos químicos. “O mesmo sujeita ainda a condicionamento (e a autorização da DSE) a importação, exportação e trânsito pela RAEM”, indica.

Leis e afins

Não seria questão se a lei não fosse necessária para colocar “em prática o próprio conteúdo das Convenções”, conforme explica um outro jurista que preferiu não se identificar.
Questionado sobre o assunto, o comentador Arnaldo Gonçalves defende que criar a lei “faz sempre sentido”. Esta é essencial para aplicação correcta das convenções e do anexo à Lei do Comércio Externo. “Não é um mero acto do Chefe do Executivo a mandar aplicar (…) ele não manda aplicar de uma forma cega, tem de verificar, por exemplo, o nível de desenvolvimento do território, ou as condições de operacionalidade dos serviços competentes”, explicou. “Não há volta a dar, enquanto não houver um consenso de Macau em relação às matérias interditas a Convenção não se pode aplicar”, indica.
Caso fosse, seria aplicada de uma forma cega, sem avaliação da real situação de Macau. Em termos práticos, Macau está numa situação indefinida. “Há uma lacuna legal, um vazio que tem de ser preenchido”, rematou Arnaldo Gonçalves.
O HM tentou obter uma reacção do Governo, mas até ao fecho desta edição não foi possível.

12 Mai 2016

Jogo | Lionel Leong defende mais independência do sector VIP

O futuro do sector do Jogo deverá passar por uma maior independência face ao sector VIP, na aposta de “um novo grupo de clientes” e na “prudência” na revisão dos contratos de Jogo. Eis as garantias dadas pelo Secretário para a Economia e Finanças na apresentação do relatório da revisão intercalar do sector

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ionel Leong pouco respondeu aos jornalistas sobre a revisão dos contratos assinados com as seis operadoras de Jogo, que duram até 2020. Na apresentação do relatório da “Revisão intercalar do sector do Jogo”, o Secretário para a Economia e Finanças deixou claro que Macau tem de começar a olhar para os possíveis efeitos da presença de casinos na Ásia.
“Quanto ao termo dos contratos vamos continuar os trabalhos de sempre e sabemos que esta indústria não é única em Macau. Existem outras jurisdições em territórios vizinhos. Temos de ter muita prudência e estar atentos a outras jurisdições onde se permite o Jogo”, alertou.
Numa altura em que as receitas de Jogo estão numa fase de ajustamento, o que o Secretário procura é um “desenvolvimento saudável” dos casinos. “Temos visto um desenvolvimento quantitativo e dependente das salas VIP. Não queremos pensar apenas nos montantes como meta, temos de pensar numa melhor estrutura de clientes. Queremos mais qualidade e não procuramos números como antes, mas sim a qualidade”, disse Lionel Leong.
Na distribuição das mesas de Jogo, frisa, o Governo “teve sempre a tendência de pôr mesas em todas as salas e não apenas nas salas VIP”, para que haja um novo grupo de clientes. Mas Lionel Leong diz que não se pode “depender de um único grupo de clientes para ter receitas”.

Mudam-se os tempos

O relatório é claro quanto à mudança de paradigma no sector VIP. “Quando a receita bruta da RAEM voltar a aumentar, assim como o seu crescimento indirecto, os negócios que desapareceram por motivo de ajustamento estrutural não irão voltar a verificar-se. É pouco provável que o montante da receita bruta volte a atingir os 30 mil milhões mensais, nem tão pouco o montante mais alto verificado, de 38 mil milhões mensais.”
O documento ontem tornado público, considerado pelo Executivo como um “exame médico” ao sector do Jogo, contém dados tão variados como os salários dos funcionários, a responsabilidade social das concessionárias e o impacto do Jogo na economia (ver quadro). Está, contudo, desactualizado em alguns aspectos, pois foi concluído em finais do ano passado, nomeadamente face à inauguração de alguns empreendimentos.
“Este relatório pretende juntar todos os factos e as concessionárias ficam a saber as suas insuficiências. No futuro pretendemos desenvolver o sector do Jogo de forma sustentável”, rematou Lionel Leong. jogo dicj paulo chan lionel

DICJ defende maior regulação de apostas ilegais

O relatório ontem apresentado alerta para a necessidade de legislar sobre os chamados “agentes provocadores” que facilitem a obtenção de provas nas apostas ilegais, sobretudo as que são feitas via telefone ou internet. Paulo Chan, director da DICJ, depositou parte da responsabilidade na Assembleia Legislativa.
“Precisamos de ter apoio da sociedade e do órgão legislativo. No contexto das funções que exerci no Ministério Público (MP) sei que na criminalidade não há lesados directamente, então é difícil recolher dados”, disse o antigo procurador-adjunto do MP.
“Há quem defenda a possibilidade de obtenção de provas por ‘agente provocador’ no regime jurídico especializado para este tipo de crimes, através de uma alteração ao Código do Processo Penal. Mas na opinião da ex-Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, outros representantes do Governo e na óptica de alguns deputados da AL, não é o momento oportuno para proceder à alteração legislativa, podendo ser introduzido através de lei penal avulsa. Na ausência de meios eficazes de inquérito no combate à agiotagem, branqueamento de capitais e ‘apostas paralelas’, o Governo poderá ponderar a hipótese de um estudo, tendo em vista uma maior eficácia da execução da lei”, lê-se no relatório intercalar.
Paulo Chan garantiu que não há dados sobre o número de apostas paralelas que terão sido efectuadas. “A recolha de provas é difícil e precisamos de inovar. Não quer dizer que não houve acusações, mas houve menos condenações. Se calhar vamos ter de estudar uma nova possibilidade para melhor combater as ilegalidades”, referiu.
Quanto ao fim da permissão de telemóveis nas salas VIP dos casinos, Paulo Chan admitiu tratar-se de uma medida normal. “É uma medida adoptada em qualquer sociedade modernizada. Para evitar ilegalidades entendemos que devemos aplicar a medida para melhor responder aos modelos internacionais.”

Governo estuda base de dados para dívidas

Paulo Chan, director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), admitiu ontem que o Governo está numa “fase preliminar” da elaboração de uma lista de devedores de Jogo, estando a questão ainda a ser estudada com promotores de Jogo e com o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP).
“O maior problema dos promotores é não conseguirem ter os créditos de volta. Neste momento estamos numa fase inicial da constituição de base de dados de forma preliminar. Entendemos que essa base de dados é viável. Prevemos dificuldades a nível técnico. Recentemente tivemos uma reunião e sabemos que tem de ser cumprida a Lei de Protecção de Dados Pessoais e temos de definir quem terá acesso à base de dados”, alertou.

Paulo Chan referiu ainda que “neste momento a situação ainda é muito livre” para quem exerce a profissão de promotor de Jogo e o Executivo pretende que no futuro haja mais exigências. “Os promotores de Jogo estão a desempenhar um papel muito importante. Não podemos negar que podem mais facilmente ocorrer problemas e tem que se reforçar a gestão. Temos inspectores todos os dias nos casinos.”

O director da DICJ relembrou ainda que até Dezembro 35 empresas junket não tinham cumprido com as novas regras de apresentação de contas. “Este ano fizemos uma nova verificação e prevemos que esse trabalho [de análise das contas] vai ser concluído no terceiro trimestre”, apontou.

Já o Secretário Lionel Leong garantiu que as novas medidas não visam trazer consequências negativas para o sector. “O Governo não quer medidas administrativas para reduzir as receitas de Jogo. Com a concorrência internacional temos de ter uma visão mais alargada. A nova legislação não é para dificultar a vida ao sector, queremos apenas corrigir algumas insuficiências e eliminar irregularidades”, disse.

Pedida verificação da idoneidade dos accionistas

Uma das sugestões feitas pelo relatório intercalar prende-se com a criação de um “mecanismo de verificação da idoneidade” dos accionistas das operadoras de Jogo. A medida vai consistir na criação de um processo individual para cada accionista qualificado, administrador e principal empregado com funções relevantes nos casinos, sendo que vai ser também pedida a colaboração das autoridades para proceder à verificação da idoneidade das pessoas em causa, “para que o Governo possa conhecer os dados das concessionárias e respectivo pessoal, reduzindo factores de risco”.
Do relatório

Pontos negativos

“O crescimento contínuo do sector do Jogo provocou alguns efeitos negativos na sociedade, como: problemas relacionados com o Jogo, aumento dos crimes [com ele] relacionados, dependência excessiva da economia e do emprego da RAEM do sector, a perda de valores tradicionais e conflitos entre residentes locais e trabalhadores não residentes, gerando sentimentos de xenofobia”

“O rápido desenvolvimento do sector trouxe impactos negativos para a economia. Evidencia-se a elevada taxa de inflação, que veio agravar a qualidade de vida da população, especialmente para as classes sociais menos favorecidas, pelo aumento dos preços de habitação, a níveis incomportáveis para a maioria da população”

“Se as concessionárias optarem por alojar os seus trabalhadores nas regiões vizinhas, como na cidade de Zhuhai, esta opção mitiga o efeito da procura de casas e diminuirá para uma diminuição dos preços das rendas”

“Há que ter em conta o desaceleramento económico recente da RPC, associado a mecanismos de controlo da riqueza, assim como novas políticas de combate à corrupção (…) Os jogadores VIP têm evitado deslocar-se à RAEM, receando a perda de anonimato e eventuais suspeições de envolvimento em ilegalidades”

“A Wynn é a concessionária com maior número de incumprimentos, seguida da Venetian. A subconcessionária Melco Crown é a que regista um número mais baixo de incumprimentos, tratando-se principalmente de casos de detecção de indivíduos com menos de 21 anos”

“A importação de um avultado número de TNR deu origem a uma grande procura de alojamento, transporte e cuidados de saúde. Alguns trabalhadores estrangeiros trazem para a RAEM os seus próprios hábitos e costumes, o que incomoda residentes locais, dando origem a conflitos. É fácil que se intensifiquem as emoções negativas dos residentes locais para com as pessoas vindas do exterior”

Aspectos positivos

“Verifica-se que todas as concessionárias/subconcessionárias já cumpriram os respectivos compromissos contratuais”

“A taxa de cumprimento das obrigações legais e contratuais por parte das concessionárias aumentou”

“Perante a ausência de exigência expressa no regime jurídico, pode considerar-se que as concessionárias têm cumprido com algumas das suas responsabilidades sociais”

“A Venetian dispõe de projectos de actividades não jogo de maior dimensão comparativamente às restantes concessionárias. Em termos de proporção de actividades de jogo e não jogo, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a Galaxy têm uma proporção mais baixa”

“De modo geral, os trabalhadores locais são mais privilegiados em termos de aumento salarial”

“Os trabalhadores da MGM com cargos de gerência ou superior gozaram de aumentos salariais superiores à média das concessionárias. Na Melco Crown os trabalhadores em cargos abaixo da gerência tiveram os aumentos mais altos”

“As reservas acumuladas têm proporcionado ao Governo capacidade para a utilização desses fundos públicos, desenvolvendo as infra-estruturas, criando condições para a sustentabilidade do desenvolvimento no futuro, diminuindo as diferenças sociais e proporcionando mais oportunidades às classes sociais menos favorecidas”

“Nos próximos anos o desenvolvimento do Cotai será um ponto-chave na diversificação da economia no futuro, devendo o Governo envolver-se activamente na construção deste propósito estratégico”

“A longo prazo é indispensável a definição de critérios de avaliação da responsabilidade social empresarial”

“O serviço de shuttle-bus disponibilizado pelas concessionárias aos seus trabalhadores aliviou os transportes públicos locais”

Apenas uma concessionária disse que “a concessão de terrenos no Cotai não foi justa”, pois a “área de terreno concedido por arrendamento à concessionária é substancialmente inferior à de outras concessionárias”

12 Mai 2016

Pensões ilegais |DST contraria deputados e Governo e diz-se aberta a criminalização

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]Direcção dos Serviços de Turismo (DST) disse ontem estar aberta à criminalização das pensões ilegais, depois dos deputados que analisam a proposta de lei neste âmbito terem decidido recuar na intenção de criminalizar a actividade. Os deputados disseram ao HM não ter sido pressionados, mas concordar com o “Governo”, que diz que é mais complicado punir os criminosos sem as sanções administrativas.
Contudo, a DST vem agora dizer que está “aberta” a ouvir opiniões sobre a questão. “Neste momento, o Governo quer saber a tendência da sociedade, se quer criminalização ou não, e não fecha a porta à discussão, tendo uma atitude aberta sobre a criminalização”, disse Chan Lou, chefe do Departamento do Licenciamento e Inspecção da DST, garantindo que vai pensar em todas medidas que resolvam o problema.
As declarações surgiram no programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, depois de uma mulher ter ligado para a queixar-se de não lhe ser possível fazer nada face a um problema com uma pensão ilegal: a ouvinte revelou que descobriu que o seu inquilino tornou o apartamento arrendado por ela numa pensão ilegal, mas como a mulher não tem testemunhas, quando pediu para terminar o arrendamento foi-lhe pedida uma compensação por causa do contrato estar ainda em vigor. A mulher diz que não conseguiu evitar o problema por causa da lei actual não criminalizar a actividade, sendo que o seu apartamento ficou apenas bloqueado como punição, sem que verdadeiro autor fosse sancionado.

Em análise

O responsável da DST disse que a alteração da lei não vai impedir todos os casos de acontecer e Chio Song Un, chefe da Divisão de Relações Públicas do Departamento de Operações da Polícia de Segurança Pública, garantiu apenas que tem acompanhado as investigações de combate às pensões ilegais e que está a analisar as sugestões sobre a criminalização. Mas o responsável voltou também a frisar o que já foi anteriormente dito pela Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, que está a discutir a lei na especialidade e cujo relatório refere que a desistência na criminalização se justifica com o facto de que esta poderia ocupar mais recursos humanos da polícia.

12 Mai 2016

Tribunal | Empresa de construção de aterro de material terá de pagar multa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, venceu um recurso no Tribunal de Última Instância (TUI) contra a Companhia de Construção de Obras Portuárias Zhen Hwa, Limitada, que vai ter de pagar uma multa por atrasos na obra do dique da zona de aterro de material de construção do Cotai. O recurso tinha sido previamente negado pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI).
Lau Si Io, na altura Secretário para os Transportes e Obras Públicas, puniu a empresa com uma multa de 8,9 milhões de patacas por “um atraso de 64 dias na conclusão de obra” da empreitada de construção do dique da Zona de Aterro de Material de Construção no COTAI, que lhe foi adjudicada. A empresa interpôs recurso para o TSI, que, em 2013, lhe deu razão e anulou a multa.
“[Anulou] por extemporaneidade na aplicação da multa, tendo entendido que a mesma só poderia ter sido aplicada até ao fim dos trabalhos, que ocorre imediatamente antes da recepção provisória, nos termos [do Regime Jurídico dos Contratos de Obras Públicas]”, pode ler-se no extracto do acórdão do tribunal.

Contraditório

O Secretário interpôs, por sua vez, recurso para o TUI, sustentando que a multa poderia ter sido aplicada até à recepção definitiva da empreitada. Este tribunal deu-lhe razão já que, diz, a aplicação da multa pode ter lugar até à recepção definitiva da obra, até ao fim dos trabalhos ou à rescisão do contrato.
“A aplicação de multas pelo dono da obra ao empreiteiro tem, como qualquer sanção, uma dupla finalidade, preventiva e repressiva. (…) No caso das multas [do Regime] parecem estar em causa as duas finalidades: sanciona-se o empreiteiro para o castigar pelo incumprimento mas, sobretudo se a aplicação da multa ocorrer antes do fim dos trabalhos, pune-se para que corrija a sua actuação. A tese do acórdão tem contra si uma razão de lógica e de razoabilidade: se a multa é, como no caso, por incumprimento do prazo contratualmente estabelecido, não faria sentido que ela só pudesse ser aplicada até ao fim dos trabalhos.”
O tribunal deu, assim, provimento ao recurso de Lau Si Io e revogou o acórdão do TSI. Esta empresa tem diversas obras públicas, como a do Centro de Transportes Modal da Barra.

12 Mai 2016

Ramal dos Mouros | Associação Islâmica nega interesses imobiliários

A Associação Islâmica de Macau afirma que não é o lucro da venda de casas que a move e que pretende usar o projecto residencial e comercial que vai nascer no Ramal dos Mouros para financiar a construção de uma nova Mesquita. O projecto inclui até a melhoria da estrada

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) aprovou esta terça-feira a construção de uma torre com um limite máximo de 127 metros de altura. O projecto, da Associação Islâmica de Macau, obteve, contudo, seis votos contra e vários membros acusaram esta entidade de querer fazer dinheiro à custa da religião.
Mas, em declarações ao HM, via e-mail, o director da Associação, Ali Mohamed, rejeita estas acusações. “A nossa Associação não tem planos ou interesse na especulação imobiliária e o desenvolvimento comercial e residencial é parte do desenvolvimento da nova Mesquita e Centro Islâmico. O único objectivo da construção de um projecto comercial é para ajudar a financiar a construção da Mesquita, sendo que fundos substanciais já foram usados na construção do complexo na Estrada Nº2 e noutros gastos”, apontou.
Ali Mohamed deu ainda uma explicação para o facto de não ter sido entregue um plano de renovação da Mesquita à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “O projecto da Mesquita está incorporado nos planos do residencial e comercial, que foram já submetidos como um único projecto.”
O director da Associação garantiu ainda que a construção da torre não vai afectar o ambiente em redor, que inclui o Reservatório e vários complexos habitacionais na zona do Ramal dos Mouros. “Devido à preocupação dos membros do CPU e do público em geral em relação ao facto da construção de uma torre alta poder afectar a circulação do ar na zona, obtivemos os serviços de uma consultora especializada nesta área que elaborou um relatório técnico para responder a todos os receios. [Esse relatório] mostra que não vão existir efeitos ao nível da circulação do ar e do vento”, apontou Ali Mohamed. Até ao fecho da edição a Associação não conseguiu fornecer o nome da empresa responsável por este relatório.
A mesma garantia foi dada pelo responsável da DSSOPT presente na reunião do CPU. “O proprietário [do terreno] fez um bom estudo sobre a circulação do ar. A alternativa com uma altura mais alta em princípio não vai trazer um efeito de biombo”, referiu.

Prós e contras

Chan Tak Seng, da Aliança do Povo de Instituição de Macau, foi um dos membros do CPU que se mostrou contra o projecto. “Estou contra a altura de 127 metros. A Associação Islâmica pretende realizar actividades religiosas, mas a construção de uma torre… Estou 200% contra o projecto, seja qual for a justificação. Não deve ter como argumento vender prédios para angariar fundos”, acusou.
Ali Mohamed garante ainda que o projecto prevê a melhoria do trânsito na zona, já que, na sua opinião, os que andam a pé na Estrada D.Maria II enfrentam “perigosas condições rodoviárias”, por se tratar de uma estrada pequena, com carros estacionados e onde passam autocarros.
“Um especialista realizou um relatório detalhado sobre o fluxo do trânsito, que de facto vai melhorar depois da conclusão do projecto. Vamos conceder cerca de dois metros ao Governo para ampliar a zona do Ramal dos Mouros e para construir um viaduto. Com isso vamos melhorar as condições na área do Circuito da Guia, já que o Ramal dos Mouros é uma zona integrada no circuito do Grande Prémio”, rematou o director da Associação.

DSPA justifica ausência do CPU

Os Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) justificaram a sua ausência na reunião do CPU pelo facto de Raymond Tam, presidente, e uma comitiva onde se incluía a vice-presidente do organismo terem estado em Pequim entre os dias 8 e 10 para uma visita ao Ministério da Protecção Ambiental. Segundo um comunicado, a visita serviu para a “troca de ideias sobre o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental (MIECF), a formação ambiental, o 13º Plano Quinquenal e assuntos relacionados com a conformidade com as Convenções Internacionais na área do ambiente, e a gestão e tratamento de resíduos”. Os responsáveis foram criticados por terem estado ausentes da reunião que aprovou a torre, na terça-feira.

12 Mai 2016

Consulado quer Junho como mês de Portugal em Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s comemorações do 10 de Junho vão prolongar-se por várias semanas e o objectivo é fazer de “Junho o mês de Portugal” no território a partir deste ano, disse ontem o Cônsul-geral de Macau e Hong Kong. O Consulado e algumas entidades de matriz portuguesa no território apresentarão em breve ao Governo local a ideia da adopção “do conceito de Junho – o mês de Portugal” no território.
A ideia é fazer de Junho “um momento de mobilização efectiva” e conjunta de “vários agentes culturais, económicos e institucionais em torno da promoção de Portugal” em Macau “e das estreitíssimas relações de amizade” que unem Portugal ao território, afirmou o Cônsul.
Vítor Sereno defendeu que este será um contributo “de matriz portuguesa para a afirmação de Macau como centro irradiador de cultura” e “de criação artística” e que “está em plena consonância” com alguns objectivos estratégicos definidos pelas autoridades locais, como o da diversificação da economia.
“Queremos ajudar a essa diversificação”, sublinhou, dizendo que o conceito de “Junho – mês de Portugal” pode ser, por exemplo, “mais um chamariz” para visitantes de Macau.
Para as comemorações do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades deste ano em Macau, de 1 a 30 de Junho, juntaram-se ao Consulado de Portugal a Casa de Portugal em Macau, o Instituto Português do Oriente (IPOR), a Fundação Oriente, o Clube Militar e a Livraria Portuguesa de Macau. O programa é ainda patrocinado pelo BNU Macau.

Música, pintura e futebol

As actividades deste ano arrancam no dia 1 de Junho com a inauguração de uma exposição de pintura de Graça Morais no Clube Militar de Macau, com o título “Trás-os-Montes, terra mágica”. Ao longo do mês haverá outras três exposições: uma de cerâmica (no Consulado), outra de tapetes de Arraiolos (na residência consular) e uma outra de Natália Gromicho, na Fundação Oriente, onde a artista manterá uma residência artística e um ateliê aberto.
Entre as actividades que se sucedem ao longo do mês há ainda um concerto dos The Gift (no dia 2), um festival de gastronomia e vinhos de Portugal (no Clube Militar, de 3 a 13), uma “mostra do livro português” na Livraria Portuguesa, uma mostra de cinema português (de 11 a 13), a peça de teatro “Meu jantar com André” (dia 19, no teatro D. Pedro V) e a abertura do café do IPOR, durante a madrugada, para a transmissão em directo dos jogos da selecção portuguesa no Europeu de futebol.
No dia 10 de Junho, decorrerão as cerimónias institucionais habituais, que incluem o içar da bandeira portuguesa no Consulado e a deposição de flores na gruta de Camões. Pelo segundo ano consecutivo, a banda da PSP de Macau tocará o hino português na cerimónia do içar da bandeira.

12 Mai 2016

Conselhos acusam Governo de ignorar Coloane no Plano Quinquenal. População vai ser ouvida

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]ários vogais dos conselhos consultivos de zonas comunitárias criticaram o facto do Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM ignorar o planeamento da Coloane. Estes esperam que possa ser desenvolvido o turismo na ilha para que se possa preservar o pulmão da cidade.
Segundo o Jornal do Cidadão, o Gabinete de Estudo das Políticas organizou na terça-feira a primeira sessão de recolha de opiniões sobre o Plano Quinquenal junto dos conselhos consultivos.
O vogal Lei Hong Weng disse que não existe qualquer proposta para o desenvolvimento de Coloane, considerando que os bairros antigos têm as suas características próprias, tal como a zona dos estaleiros de Lai Chi Vun, a zona de Hac-Sá ou a vila de Ka-Hó. Lei Hong Weng acredita que estas zonas podem começar a receber turismo de lazer, tendo pedido ao Governo para analisar essa possibilidade.
Ng Kun Cheong, também presidente da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores de Hac-Sá, sugeriu que sejam criadas instalações de turismo naquela zona, não só para promover o turismo mas também para preservar “as duas antigas vilas que restam em Macau”.
Para Cheong Sok Leng, vogal do Conselho Consultivo de Serviço Comunitário da Zona Central, o Plano de Desenvolvimento Quinquenal não tem um calendário para a execução das políticas, comparando com o 13º Plano Quinquenal do continente, o qual tem “indicadores claros”. Cheong Sok Leng considerou que no futuro será difícil avaliar e rever o Plano, tendo sugerido ao Executivo uma quantificação dos pontos apresentados.
Apesar das críticas, Lei Nan Leng, assessora do gabinete do Chefe do Executivo, respondeu apenas que o Plano tem um mecanismo de revisão, tendo prometido que o Executivo vai acompanhar a implementação do mesmo.

População vai ser ouvida

O Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM vai ser alvo de uma consulta pública por parte da população daqui a dois meses. A garantia foi dada por Chui Sai On no âmbito da sessão de recolha de opiniões dos membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo. Lau Pun Lap, do Gabinete de Estudo de Políticas, disse que não poderia ser feita uma consulta pública com a participação de todos os residentes, mas surgiu a acusação de que “o Governo não tem coragem para enfrentar a população”. A deputada Kwan Tsui Hang também referiu que não é possível realizar uma consulta pública.

12 Mai 2016

“Macau Século XXI” apresentado dia 15 no Clube Militar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]obra “Macau Século XXI”, um “livro de reflexão sobre os 15 anos da RAEM”, vai ser apresentado em Macau, depois de já ter sido dado a conhecer em Lisboa. Editado pela Liga da Multissecular Amizade Portugal-China, vai ser lançado no próximo domingo, às 17h00, no Clube Militar, numa apresentação a cargo de Rui Rocha, da Universidade Cidade de Macau.
A apresentação na RAEM conta com a presença de uma delegação da Liga, chefiada pelo seu presidente General Pinto Ramalho. A organização adianta que Aniceto Afonso, Mestre em História Contemporânea de Portugal e coordenador da edição, apresenta a obra como “uma reflexão sobre Macau, sobre o seu passado e o seu futuro” e refere que “o leitor encontrará interrogações suficientes para uma saudável inquietação, mas também encontrará respostas e perspectivas que o tranquilizam e o vão despertar. ”
“Os diferentes colaboradores trazem-nos múltiplos pontos de vista sobre Macau, especialmente focados nos quinze anos como Região Administrativa Especial da China. São abordagens distintas e polifacetadas, mas sempre serenas, afirmativas, inovadoras em muitos aspectos”, adianta Aniceto Afonso. livro_internet
Ao longo de quase 400 páginas, a edição bilingue (Português e Chinês) aborda “Os Antecedentes de Macau”, uma síntese histórica por Alfredo Gomes Dias, “A Miscigenação do Pensamento Urbano”, por Rui Leão, a “Organização Política e Social”, por João Guedes e o “Sistema Político e Administrativo”, por Sofia Jesus. Destaque ainda para a “Economia da RAEM, aos 15 Anos”, por José I. Duarte, a “Arquitectura: o Legado e o Inesperado”, por Rui Leão e Jorge Figueira, o “Ensino e Ciência em Macau”, por Rui Rocha e Ana Paula Dias e a “Saúde e Assistência Social”, por Jorge Humberto Morais.
O livro não se fica por aqui, dividindo-se em capítulos como a “Arte , Cultura e Património”, por Cecília Jorge, a “Comunicação na RAEM: um Desafio Permanente”, por Rogério Beltrão Coelho, o “Desporto na RAEM: Esforço, Glória e Desilusões”, por Marco Carvalho e “Macau-Cronologia”, por Rui Guerra Ribeiro e Aniceto Afonso. A obra inclui ainda textos sobre as obras emblemáticas da RAEM e sobre a “Alma de Macau”.
“Macau Século XXI” é ilustrado com fotografias de António Mil-Homens, Eduardo Magalhães (também autor da foto da capa), Gonçalo Garcia dos Santos (que também assina a direcção gráfica e design), Joaquim de Sousa e José Romano, para além de instituições particulares e oficiais que cederam imagens de arquivo.
A edição e revisão são da responsabilidade de Dulce Afonso e a tradução para chinês de Mónica Chan.
A Liga da Multissecular Amizade Portugal-China, constituída em 1991, tem como objectivo “estreitar a amizade entre as nações portuguesa e chinesa com vista ao desenvolvimento das relações dos respectivos povos”.

12 Mai 2016

Criada associação para promover doação de órgãos

Vong Su Sam e Chen Chien Ying decidiram criar uma associação para promover a importância da doação de órgãos, um mês depois de terem sido homologados os critérios de morte cerebral pelo Governo

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi criada oficialmente a 26 de Abril a Associação de Acompanhamento de Dádiva de Órgãos de Macau, dirigida por Vong Su Sam e Chen Chien Ying. A ideia é chamar a atenção do público sobre a doação de órgãos e promover o conhecimento sobre transplantes.
A publicação sobre a criação da Associação saiu ontem em Boletim Oficial, onde se pode ver nos estatutos que esta não tem fins lucrativos. Segundo o jornal Ou Mun, os responsáveis pelo colectivo são Vong Su Sam, vice-presidente da Associação Comercial de Macau, e Charles Chen Chien Ying, que foi membro da extinta Comissão para o Reordenamento dos Bairros Antigos e candidato a deputado nas eleições de 2005, tendo sido distinguido com uma medalha do Governo pelos seus “serviços comunitários”. A associação com ainda com a ajuda da advogada Kuong Iok Kao.

Regras da vida

O Chefe do Executivo homologou em Abril os critérios e regras de definição da morte cerebral, propostos pela Comissão de Ética para as Ciências da Vida, que abre um precedente para o transplante. Estes são, actualmente, feitos fora de Macau, mas a Associação acredita que existem pessoas no território com vontade de doar órgãos depois de mortos, algo que não costuma ser bem visto pela comunidade chinesa. Os líderes da Associação consideram que, devido aos conceitos tradicionais, podem encontrar obstáculos na promoção da doação de órgãos, pelo que pretendem chamar a atenção da população sobre “os conceitos de respeito pela vida e o espírito de grande amor e cuidado”.
Os dois esperam ainda que a Associação atraia a participação de mais profissionais da área da saúde.

 

12 Mai 2016

Todas as cartas

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stamos num tempo muito real e de tal ordem pragmático que tudo se torna concreto a partir das bases de cada comunicante. Um tempo de grande fervilhar de signos, sinaléticas, sinais, imagens, roteiros, rotas… Somos um elo de ligação construtiva em vários pontos cardeais e nem por isso nos unem focos de interesse ou mesmo uma íntima correspondência entre os pares. Interagimos, é certo, mas não ao modo da outrora relação epistolar por vezes intermitente mas plena de conteúdo humano e capacidade de diálogo afectivo: Pascoaes, Sousa Cardoso, João de Barros, Patrício, mais toda aquela Geração de Setenta, os do grupo do Orpheu, desenvolveram esta linguagem, um culto que fez da amizade entre os pares uma prática sistemática de um fervilhar de ideias e quase um roteiro de viagem junto das jangadas, quantas vezes difíceis dos seus dias.
Era esta uma intensa troca de informação orientada, um registo fértil de ditirambos e vozes que nos legaram na sua preciosa herança, e quase ficamos desarmados e incautos pela forma civilizadora deste tratamento, pelos interesses comuns e a forma elegante de os nomear , interesses vastos, que conservam uma linha de progresso muito forte, um certo estar na barricada do destino comum. Esta modernidade é também o princípio de uma fraternidade que não foi posta em causa, não estimuladas pelas incursões da vida pública, que é talvez um eufemismo, dado que eram gentes sem o afã das exposições pessoais das suas próprias, que uma exposição demasiado pública nunca permite conservar.
Vistas à distância do nosso virtualismo damo-nos conta que não há desleixo, abreviaturas, códigos encriptados, estavam ali como anunciantes e anunciadores dos seus laços e das suas capacidades. Este país perdeu a estrutura do laço, dos laços, da roupagem dos Vice-reis das Índias, dos entrelaçados Manuelinos, dos laços de amor que os nós transmitem «Nós e os Laços», querido Alçada Baptista. Perdeu o arrendilhado do estar, este sentimento que o formou e esculpiu… no fundo é a graça de se dar, entrosar, comunicar a outro fio a capacidade de transmitir a força. Há uma delicadeza que não obedece a formulações intimistas parecendo todos dignos uns dos outros, atentos e em seus postes, quais escudeiros de uma velha guarda, talvez se chame a isto um grande asseio de alma que nos faz tão bem!
Maria Lamas- Eugénio Monteiro Ferreira. «As Cartas» que fizeram os resistentes e este magnífico excerto: “Muitos temporais têm passado por mim. Alguns tremendos. E deixaram ruínas. Mas tenho conseguido – posso dizê-lo – sem receio de exagerar, renascer da minha própria angústia mais desejosa ainda de dar, dar tudo quanto em mim caiba para a renovação do mundo”.
Ninguém se expressa assim na comunicação com outro numa tão alta nudez e sentimento de se ultrapassar por meio do fenómeno da dádiva, não há muito por onde nos transmutarmos nem sequer anunciar a outrem essa imensa necessidade: é tudo real, muito real, as nossas impressões digitam a necessidade momentânea que um tempo imprime por exigência de uma continua necessidade, temos necessidade de tudo todos os dias, de ganhar o dia não como um «carpem diem» mas como ultrapassagem, as nossas cartas são agora um jogo da própria capacidade para viver o desânimo que a agitada turbulência entre nações impõe. O interlocutor perdeu-se das suas vozes, somos as naturezas compulsivas de um escriba louco, escrevinhando a nossa situação, pois ela catarticamente se faz como os despojos em terreiros sem rosto, quase sem nos darmos conta que a escrita é uma comunicação grave e pejada de sentido entre os seres falantes.
Quando a Língua já são todas e todos falamos a mesma língua, há o ribombar de um coro inaudível e uma perda gradual dos próprios signos visuais: “Onde se perde a simpatia perde-se também a lembrança” (Novalis). Que ninguém se esqueça do «Banquete», aquele diálogo que todos gostaríamos de ter falado como se procurássemos o fluxo divino de cada palavra… Talvez que «A Máquina do Mundo Revisitada», na qual Camões colocou grande ênfase, seja essa linguagem que se adensa para além da necessidade pragmática e que escreve no Homem o que tão rapidamente tende agora para o esquecimento. Teremos talvez um Corpo que se abre a um verbo ardente, a uma palavra mágica… teremos talvez um tempo para repensar os nomes que nomeiam estados outros e porque os nomeamos assim. Sermos entendidos “pour la beauté du geste”, interrompendo de quando em vez de utilizar a linguagem como uma corrente macerada de conceitos automáticos, porque tempo há-de vir em que os seres que ainda somos passam a telepáticos e todo o discurso se encerra e estes sinais deixados serão olhados como um antigo tabuleiro de infinitas probabilidades.
O acto da leitura, a noção do escriba, desocultaram ao longo da Civilização o espírito do Amor, sem ele não há causas e nada que apeteça lembrar, sabendo nós que o Verbo encerra aquela “carne” que a carne não dá, a razão não quer, mas o Homem precisa. Numa longa «Carta a um jovem poeta» escreveu Rilke uma dissertação de bem sentir, nas Cartas de Heloísa e Abelardo se fez a parte que as relações impedem, de Juan de La Cruz e de Teresa D´Ávila se falou de Deus com uma pujança erótica que nos ultrapassa . Todos se encontraram no dizer destas missivas e nem Soror Mariana desistiu do seu amor em viagem calando-se entre claustros, melhorando em todos nós o que de secreto e puro, bom, bem-dito, e sussurrantemente a língua transmite a todos aqueles que se querem bem.

12 Mai 2016

Nomeados membros do Fundo de Desenvolvimento Industrial

O Chefe do Executivo nomeou quatro novos membros para o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização, cujos mandatos terão efeito a partir do dia 13 deste mês. O despacho foi ontem publicado em Boletim Oficial e mostra a nomeação de Chan Weng Tat, director da sucursal do Banco da China no território, Yau Yun Wah e Vong Cheng Kam e Sylvia Isabel Jacques, como representantes dos Serviços de Finanças.

12 Mai 2016

Asia Entertainment Expo deixa Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Asia Entertainment Expo, que acontece em Macau há oito anos, não deverá ter lugar este ano, afirmou o organizador de Hong Kong. A razão é simples: os subsídios do Governo diminuíram “muito” e as receitas podem não cobrir os custos. 
Kenny Lo, director-executivo da Companhia de Serviços de Exposição Vertical, afirmou ao Jornal Ou Mun que, como o Governo de Macau ajustou o subsídio atribuído à exposição, o montante é muito menor do que o dos anos passados, pelo que a empresa pensa em não organizar a Asia Entertainment Expo no território.
Ainda que o responsável tenha explicado que uma exposição profissional não está dependente de subsídios do Governo, diz que é preciso pensar em custos e, se não tem apoio financeiro para atrair mais expositores estrangeiros a Macau, a perda pode ser maior do que o ganho.
Kenny Lo disse ainda que não é fácil atrair visitantes profissionais para exposições em Macau, dando como exemplo uma altura em que convidou funcionários do Governo Central para participar numa exposição, mas como estes se mostraram preocupados com o facto de poderem ser vistos como jogadores, o número de participantes desceu para metade.
A feira focava-se em servir de plataforma para artistas, elementos da indústria de entretenimento, como luz e som, e comidas e bebidas.

12 Mai 2016

Venetian com actuação dos Blue Man Group

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau vai ser palco do espectáculo internacionalmente premiado “Blue Man Group” pela companhia homónima, de 11 a 28 de Agosto. O espectáculo tem lugar no Venetian Theatre.
Com 25 anos de existência os Blue Man Group são Matt Goldman, Phil Stanton e Chris Wink. Juntos, os três amigos imaginaram uma performance que combina música, comédia e tecnologia e que já foi vista por mais de 35 milhões de pessoas em 15 países diferentes.
“O show é continuamente refrescado com novas músicas, novas histórias, novos instrumentos e nova tecnologia. O grupo já produziu cinco álbuns e contribui para inúmeros filmes”, indica o site do colectivo.
Nascido na necessidade criativa de explorar e celebrar a condição humana, é um momento que convida o público a imergir numa experiencia audiovisual com características exclusivas e que ultrapassa idades, linguagens ou culturas.
Os espectáculos estão marcados de terça-feira a domingo de 11 a 28 de Agosto, havendo sessões às 14h00, 17h00 e 20h00. Os bilhetes custam entre as 380 e as 880 patacas, havendo desconto de 20% para quem marcar lugar nas sessões das terças ou quintas-feiras até 18 de Junho.

12 Mai 2016

Recordações do pato amarelo

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]dorei, adorei, adorei. Quando dou comigo a pensar no pato amarelo de borracha “ancorado” este mês no Porto Exterior, interrogo-me: “o que diria Warhol?”. É possível que alguns leitores não façam ideia de quem seja Andy Warhol, mas também não são obrigados a conhecer toda a gente, pois não? Fica bem o apontamento cultural, mesmo atendendo ao facto de que Warhol nada diria, uma vez que já lá vão uns bons trinta anitos que o artista foi “fazer tijolo”. A minha opinião sobre o referido objecto, autoria de um holandês, certamente aficionado da passa (isso nem se pergunta, ora essa) é apenas esta: tomates. Isso mesmo, e quando me perguntam “se já fui ver o pato amarelo”, respondo categoricamente que não, pois recuso-me a aceitar por questão de princípio que “ir ver” um pato de borracha coloca-se como alternativa de entretenimento neste bosque desencantado da pasmaceira cultural que é Macau. Quer dizer, “fui ver” as ruínas de Angkor Wat, no Camboja, em finais do ano passado, e ainda no último fim-de-semana “fui ver” a nova peça dos Doçi Papiaçam Di Macau. Ora aqui estão dois bons usos para dar aos olhinhos. Um pato de borracha é que não, “plamordedeus”.
Mas eu sou eu, pronto, e seja lá quanto se pagou para ter ali aquela versão gigantone de um comum objecto que se pode encontrar no banho dos bebés, não saiu do meu bolso (pelo menos directamente, entenda-se), e quem quiser ir lá tirar uma foto a fazer um “vê” com os dedos, força, que no que toca à exposição ao ridículo, do chão já não se passa. E que digo eu, se a amanuense responsável pela parte do circo na dualidade “panis et circenses” se orgulha do pato, e chega mesmo ao ponto de “colocar Macau no mapa”? Já não era sem tempo, ufa, que foi preciso um patão de borracha para fazer aquilo que outros eventos de monta não conseguiram, como são exemplos os Jogos da Ásia Oriental, ou ainda os primeiros Jogos da Lusofonia, que por alguma razão estranha não deixaram o mundo inteiro a suspirar por nós, aqui em Macau, roídos de inveja de nós por não viverem aqui. Ainda bem que foi um pato e não o navio escola Sagres, livra! Isso é que não pode ser, pá. Depois de cinco séculos de humilhação, colonialismo, blá blá blá vir ainda para aí essa “ameaça” da parte dos “piratas”. 12516P19T1
Mas deixemos de lado os piratas e falemos de gente honesta. Está aí mais uma polémica com o selo da Fundação Macau, essa generosa entidade que tão descomprometidamente se oferece para gastar o tesouro, poupando-nos assim a tão enfadonha tarefa. Desta vez a FM decidiu contemplar a Universidade de Jinan com 100 milhões de yuan, que em patacas dá mais trinta e tal milhõezitos, coisa de somenos importância para esta gente – é como quando os arqueólogos falam em “milhões de anos”, como quem bebe um copo de água, estão a ver? O motivo de tanta generosidade é muito simples: a instituição de ensino em causa “contribuiu de forma significativa para o progresso da RAEM”. De facto, e não há metro cúbico de oxigénio que eu respire sem dar graças à Universidade de Jinan, sem a qual Macau não seria muito diferente de um povoado Cromagnon. Só 100 milhões? Têm a certeza que chega? Vejam lá bem.
E foi tudo legal, há que deixar bem claro, e quem disse que não foi? Eu concordo, mas permitam-me que mude por instantes para a norma brasileira da nossa língua: “Foi legal pacas, cara. Pô, essa nota daê chega pa tomá um suco bem acompanhado, e depois caí num sambinha, né? Um rolé responsa , morou?”. Quem nāo pensa assim são os gajos da democracia e etcetera, enfim, os suspeitos do costume, e não é que os tipos até ameaçam com uma manifestação de “milhares segundo a organização” e “meia dúzia de pelintras” segundo as autoridades? Ora essa, mas 100 milhões não chega nem para encher a caixa-forte do outro pato, não o de borracha, mas o Tio Patinhas, essa versão Disney do Dr. Stanley Ho. Grave, grave foi o Atum General ter-se feito àqueles 50 milhões, isso sim, que ao câmbio da humilhação, colonialismo, blá blá blá multiplica-se por mais milhões, enquanto estes cemtozitos, epá, convertem-se em Dongs vietnamitas e pronto, não se fala mais nisso. (Pensando bem o General até foi bem…”sonsinho”, pronto, ficamos por aí).
Ah Macau, Macau, a terra do pato de borracha que daqui a uns dias se vai e não volta mais, deixando aqui sós os outros, os de carne e penas. Adorei, adorei, adorei.

12 Mai 2016

Flutuação na electricidade ontem de manhã

Ontem de manhã, por volta das 10h19, ocorreu uma flutuação de tensão de 0,1 segundos na rede eléctrica de alta tensão da Companhia de Electricidade de Macau (CEM). A empresa diz que o equipamento sensível poderá ter sido afectado por este “breve impacto”, mas diz que o fornecimento de energia não foi afectado. “Alguns clientes poderão ter sentido um ligeiro apagar ou piscar das luzes e algum equipamento eléctrico sensível a alterações de tensão, tais como elevadores, poderá ter sido temporariamente suspenso devido à activação dos respectivos dispositivos de segurança”, diz a CEM em comunicado, acrescentando que as causas do incidente estão neste momento a ser investigadas. “A CEM pede desculpas aos clientes pelo inconveniente causado.”

12 Mai 2016