Hoje Macau SociedadeReceitas | Quebras de Agosto podem impor medidas de austeridade [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos de Macau deverão fechar Agosto com receitas brutas de cerca de 18.500 milhões de patacas, o que poderá colocar as receitas abaixo da média estabelecida pelo executivo para impor “medidas de austeridade”. Dados dos operadores a que a Agência Lusa teve acesso indicam que as receitas de presente mês deverão fixar-se num intervalo entre os 18.300 e os 18.800 milhões de patacas. A confirmar-se o intervalo, o mês de Agosto, outrora um mês forte nas receitas dos casinos locais, figuraria como o segundo ou terceiro pior mês desde que em Junho de 2014 os casinos começaram a registar quebras homólogas das receitas. Os dados são oriundos das empresas Sands China e MGM China e permitem também concluir, por projecções anteriores, que a Sands China e a Galaxy Resorts deverão manter-se, respectivamente, no primeiro e segundo lugares do ranking de operadores, remetendo para o terceiro posto a Sociedade de Jogos de Macau, fundada por Stanley Ho e que mais de dez anos após a entrada de novos operadores continua a manter-se como uma das principais companhias em funcionamento. Tecto baixo O cenário das projecções coloca, no entanto, a média mensal das receitas brutas dos casinos abaixo dos 20.000 milhões de patacas, o tecto que o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, estabeleceu para que o Executivo local assuma “medidas de austeridade”, apesar da execução orçamental local ser superavitária e do saldo positivo acumulado até Julho ser já superior ao previsto para os 12 meses do ano. [quote_box_right]O cenário das projecções coloca a média mensal das receitas brutas dos casinos abaixo dos 20.000 milhões de patacas[/quote_box_right] Com 140.259 milhões de patacas de receita até Julho, uma média de 20.037 milhões de patacas, a média mensal no patamar mais alto de receita prevista ficaria em quase 19.900 milhões de patacas, abaixo do ‘limite’ estabelecido. A economia de Macau está assente nos serviços com o sector do turismo, especialmente o jogo em casino, a afirmar-se como a principal fonte de receita pública devido aos impostos directos de 35% cobrados sobre as receitas brutas apuradas nos espaços de jogo e de 4% de indirectos canalizados para fins diversos como a promoção turística.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeComissariado de Auditoria acusa IAS de ilegalidades na atribuição de subsídios O Comissariado da Auditoria acusa o IAS de minar a atribuição de subsídios com uma série de irregularidades. O organismo denuncia ainda casos de sobrecarga laboral, parcialidade na atribuição ou falta de comprovativos de transacções bancárias. Falta comunicação interna, afirma o CA [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Comissariado da Auditoria (CA) detectou uma série de ilegalidades no processo de atribuição de subsídios do Instituto de Acção Social (IAS), denunciando casos de falta de fiscalização das transacções feitas por assistentes sociais em nome dos beneficiários, parcialidade por parte dos funcionários deste organismo, dupla atribuição de financiamentos não acumuláveis, falta de requisitos suficientes para pedir o subsídio, sobrecarga laboral dos assistentes sociais dos centros mais movimentados do IAS. O CA detectou ainda casos graves de falta de mecanismos de fiscalização e obrigatoriedade de apresentação de comprovativos na entrega de subsídios a beneficiários portadores de deficiência intelectual, mobilidade reduzida ou viciados em Jogo. Os casos anómalos, que têm lugar em diferentes circunstâncias, resultam na falta de comprovativos, cuja apresentação à tesouraria do IAS não é exigida aos assistentes sociais. No caso dos subsídios regulares, os assistentes sociais podem sugerir às pessoas que depositem grande parte do valor recebido pelo IAS no banco, para, de forma fraccionada, irem levantando o dinheiro durante o mês. Já no caso do subsídio ser atribuído ocasionalmente, os assistentes sociais têm mesmo o direito de recolher, em primeira mão, o dinheiro fornecido pelo centro aos beneficiários, fazendo posteriormente a entrega do valor ao mesmo. “No IAS não existem mecanismos de fiscalização para controlar as situações atrás referidas, não sendo sequer exigido aos Centros que enviem à tesouraria os documentos comprovativos dos pagamentos”, confirma o CA no relatório. O organismo sublinha a gravidade da situação, referindo que “desta forma, o IAS não acompanha nem regista devidamente os levantamentos efectuados pelos beneficiários ao longo do mês e eventuais remanescentes em cofre respeitantes a verbas não entregues a beneficiários”. Brincar ao telefone estragado Outro dos problemas é a falta de definição de instruções escritas para a atribuição, por parte do IAS, de forma a garantir que o dinheiro é distribuído de forma justa. “O IAS não definiu instruções por escrito para garantir a uniformidade dos critérios de exclusão dos benefícios sociais (…), o que deu aso a que os Centros [do IAS] adoptassem diferentes critérios de cálculo com consequências na apreciação e autorização de pedidos”, escreve o CA no seu mais recente relatório publicado ontem. De acordo com o organismo, só em 2013 foram atribuídos, em dinheiro, mais de 4,3 milhões de patacas, acção que o CA condena, considerando que “esta forma de pagamento comporta riscos”. O Comissariado considera que uma parte significativa destes subsídios poderiam ser pagos por outros meios, como por exemplo através de cheques”. Instruções moucas O relatório começa por denunciar a falta de instruções escritas e de comunicação entre o IAS e os seus vários centros espalhados pelo território. Como consequência, escrevem, muitos dos mecanismos de verificação de requisitos para a atribuição, descritos no Guia oficial do Instituto, “não coincidem com as instruções verbais transmitidas aos trabalhadores”. Um dos exemplos da falta de coordenação entre as normas constantes do Guia e daquelas passadas verbalmente tem que ver com o esclarecimento de dúvidas acerca dos dados fornecidos pelo requerente: “Consta do Guia que quando se suscitem dúvidas em relação aos dados fornecidos pelo requerente deve ser consultado o registo de bens do requerente junto da Direcção dos Serviços de Finanças, porém, de acordo com as instruções verbais essa consulta tem de ser efectuada sempre que os requerentes tenham idade igual ou superior a 18 anos e se trate do pedido inicial”, esclarece o CA. A isto, o Comissariado acrescenta que as instruções verbais não têm fiabilidade, uma vez que estão “sujeitas a distorções ou diferentes interpretações, bem como ao esquecimento”. Assistente não empata assistente A investigação do CA teve início depois de ter sido detectada a atribuição total, em termos mensais, de uma avultada quantia de dinheiro. Assim, foram auditados 30 pedidos de subsídios de dois centros do IAS, ou seja, 20 de um e 10 do outro. Os resultados mostram irregularidades em 19 casos do total, ou seja, 16 e 3 casos em cada um dos centros, respectivamente. O mesmo relatório mostra que a avaliação, feita por assistentes sociais, é executada de forma parcial, sendo que estes “privilegiam muitas vezes, por motivos de formação pessoal, o contacto com o requerente e a informação por ele prestada, não concedendo, por isso, tanta atenção aos mecanismos de verificação estabelecidos”. Com isto, quer-se dizer que parte destes funcionários negligencia as normas em prol dos utentes. Requeira um, receba dois Outra das críticas do CA ao IAS recai sobre o facto dos seus funcionários estarem sobrecarregados com trabalho, o que provoca um descuido no cumprimento das normas, frisam. “Nos Centros com maior volume de trabalho os assistentes sociais, para além de realizarem o acompanhamento e aconselhamento de pessoas, executam trabalhos de natureza administrativa, estando por isso sujeitos a uma maior sobrecarga de trabalho, o que pode prejudicar a sua qualidade, incluindo na parte que respeita à aplicação de certos procedimentos”, justificou o CA. A amostra revelou que o centro A – que tem mais movimento do que o B – autoriza 10 vezes mais pedidos do que o B, “sendo as situações de incumprimento de mecanismos de verificação mais frequentes no primeiro”, além de nestes pedidos estarem dados em falta para a apreciação dos casos. A falta de comunicação entre os diferentes centros e seus funcionários dá lugar, conforme o relatório do Comissariado, à dupla atribuição de financiamentos que não são, por lei, acumuláveis. Os resultados do IAS denunciaram dois casos deste género, “em que os beneficiários recebiam, ilegalmente, ao mesmo tempo Apoio Suplementar à Renda do IAS e Abono de Residência do IH”. Muito a fazer O CA recomenda que o IAS deve fazer uma revisão integral dos critérios para a atribuição de subsídios, definindo quais os tipos de financiamento que podem deixar de ser atribuídos em dinheiro ou depósito bancário. O Instituto deve ainda clarificar, no seu Guia, os critérios de exclusão e fundamentos legais adjacentes, “com vista a assegurar a aplicação dos mesmos critérios aos requerentes”, de forma escrita. O Comissariado sugere ainda que sejam contratados mais funcionários para aliviar a carga laboral dos recursos humanos. “[O IAS deve] resolver carências ao nível dos recursos humanos, por forma a dispor de quadros aptos e em número suficiente para assegurar a qualidade do trabalho”, escreve. O IAS deve ainda “reduzir as quantias depositadas” de forma a diminuir a ocorrência de incidentes, estudando simultaneamente, formas de pagamento dos subsídios alternativas, como são as transferências bancárias e por cheque. Para resolver a escassez de estatísticas de contabilidade do organismo público, o relatório sugere que sejam armazenados comprovativos das movimentações dos recursos do IAS, incluindo os já referidos depósitos feitos por terceiros em nome dos beneficiários. Tudo isto deve estar listado na tesouraria. As sugestões são para acatar Em resposta, o IAS reconheceu a existência de “riscos” nos dois actuais sistemas de atribuição dos subsídios. No caso do regular, o assistente sugere o levantamento fraccionado do montante. No caso do ocasional, é muitas vezes o próprio assistente quem recolhe o dinheiro do centro e o entrega, em mão, ao beneficiário. “O IAS, reconhecendo que existem riscos nos actuais mecanismos respeitantes quer ao levantamento do subsídio regular de forma fraccionada quer ao levantamento do subsídio eventual pelo assistente social para posterior pagamento ao beneficiário, vai proceder à revisão desses procedimentos”, informou. Em resposta ao relatório, o IAS reconhece ainda que “existe uma certa ambiguidade em expressões utilizadas no Guia e que é necessário fixar prazos para a verificação dos dados”, acrescentando que vai proceder à revisão destas normas, para “colmatar essas insuficiências”. O IAS afirma concordar com o conteúdo do relatório, “dando grande importância aos problemas e insuficiências detectados”, assegurando a implementação posterior de medidas de salvaguarda. No que diz respeito ao armazenamento oficial de dados, o Instituto assegura que está a ter lugar a “implementação de dois programas informáticos” de arquivo electrónico e de gestão de processo no âmbito do serviço social. Quanto à forma de pagamento dos subsídios, o organismo também deixou a promessa de rever o sistema, admitindo que “nem todos os casos respeitantes ao subsídio eventual podem ser consideradas” urgentes. “Reavaliada a situação pessoal do beneficiário será equacionada a possibilidade do pagamento do subsídio por transferência bancária ou cheque”, assegurou o IAS.
Flora Fong PolíticaAu Kam San critica fraca comunicação entre CTM e Mtel [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Au Kam San acusou a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) de ignorar o problema da falta de interligação da Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) com a Mtel, argumentando que tal prejudica o interesse dos consumidores. Numa interpelação escrita, Au Kam San lembrou que o direito à exclusividade da rede fixa da CTM acabou em 2011, pelo que considera que a introdução de mais empresas no mercado pode ajudar à diminuição dos preços e à melhoria da qualidade dos serviços de telecomunicações locais. No entanto, Au crê que o Governo perdeu a oportunidade de abrir um concurso público para uma nova operadora da rede fixa logo após ter findado o contrato de exclusividade da CTM. É que a Mtel só foi criada há dois anos, em 2013. “Mesmo que actualmente a Mtel continue a providenciar rede fixa a todo o território, tem vindo a sofrer com restrições na aprovação de obras, por parte do Governo”, começa por dizer. O deputado diz ter recebido uma queixa de um cidadão que tem conhecimento da existência de rede frente à sua casa, mas a quem foi dito ser impossível ter os serviços devido à falta de ligações à máquina principal da rede CTM. Au Kam San considera que embora a nova operadora esteja já integrada no mercado, a CTM continua a ter exclusividade, na prática. “Aparentemente, a CTM não tem direito a exclusividade mas na realidade tem”, queixou-se Au, que aponta que os cidadãos têm assim que manter-se fiéis a um serviço “pouco rápido e caro”. Au Kam San citou ainda um artigo do Regime de Interligação de Redes Públicas de Telecomunicações apontando que “as operadoras que fornecem a interligação não podem recusar, discriminar ou impôr dificuldades injustificadas à interligação entre as redes de telecomunicações, garantindo a compatibilidade técnica, a segurança dos equipamentos de comunicações e a observância das disposições legais e regulamentares aplicáveis”. Au considera que a DSRT não cumpriu a responsabilidade de facilitar a interligação das redes das duas empresas. “A DSRT não se mostrou preocupada em quebrar a situação de exclusividade, e prova disso são os números de rede fixa da CTM, com a abertura do indicativo ‘28’ no início de cada número telefónico, mas a Mtel não tem nenhum até agora”, justificou. Posto isto, o deputado questiona a DSRT no sentido de apurar se a Direcção já tem uma estratégia para construir a interligação das redes, pedindo ainda que fosse acelerado o processo de expansão da linha. Au espera ainda que possam ser introduzidas mais empresas no mercado das telecomunicações, de forma a fortalecer a competição e assim oferecer mais opções e protecção aos consumidores. Assim, perguntou ainda ao Governo se este tem ideias para ajudar a segunda operadora a vingar no mercado.
Filipa Araújo Manchete PolíticaAssembleia da República | Candidaturas fechadas, Coutinho com lista Pereira Coutinho garante que faz parte de uma lista, mas por “respeito e lealdade” prefere não o divulgar. Sempre teve um partido interessado e nunca andou a mendigar é o que defende o deputado [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho confirma que faz parte de uma lista para a corridas às eleições legislativas da Assembleia da República, a acontecer no próximo 4 de Outubro. Sem desvendar ainda qual o partido político do qual diz fazer parte, o deputado vem agora dizer que “sempre existiu uma lista interessada”. “Não andámos a mendigar”, frisou o deputado, explicando que “por respeito e lealdade ao partido [em questão]” não o irá divulgar até as listas se tornarem públicas. “Não quero divulgar absolutamente nada, não quero faltar à verdade ao partido”, reforça. Ontem, pelas 18 horas de Portugal, uma da madrugada em Macau, encerraram as apresentações de candidaturas para as legislativas portuguesas. Até ao fecho deste jornal não foi possível aceder às listas que mais tarde foram afixadas à entrada do Tribunal da Comarca de Lisboa. Fechado em copas Mantendo sempre o segredo, Pereira Coutinho continua sem dar respostas concretas. Ainda assim, quando questionado sobre a realista participação nestas eleições, o deputado preferiu não responder. “Não quero falar mais nada, agora só penso nas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas”, disse. “Já começou a campanha e estamos a tentar mobilizar as pessoas e desse modo se avançarmos com outras questões para outras eleições pode causar confusão às pessoas. As pessoas não estão habitadas a tantas eleições, depois fica tudo confuso”, explicou. Com viagem marcada para Macau no próximo sábado, 30 de Agosto, termina assim uma agenda preenchida de encontros com representantes das várias cores partidárias de Portugal. O fim-de-semana passado foi marcado com um jantar em casa da agora candidata à presidência da república, Maria de Belém, em que, segundo um comunicado da delegação dos conselheiros, foram reforçados as relações entre Macau e Portugal. Hoje, a delegação marcará presença num encontro com o vice-presidente e porta-voz do Partido Social Democrata (PSD), Marco António Costa.
Andreia Sofia Silva PolíticaCoutinho exige relatório final sobre 48 terrenos por desenvolver [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho entregou mais uma interpelação escrita ao Governo onde exige a publicitação do estudo realizado sobre os terrenos com condições para serem reaproveitados. “Quando será divulgado publicamente o estudo sobre o destino final dos terrenos que reúnem condições de aproveitamento em função do plano urbanístico, bem como a localização concreta dos mesmos terrenos, para eventual aproveitamento na construção de habitações públicas?”, questiona o deputado. Coutinho lembra ainda que o ex-director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Jaime Carion, disse, citando dados oficiais até Junho de 2014, que Macau dispunha de uma área de 30,2 km2 “excluindo o campus da Universidade de Macau (UM) em Hengqin e os terrenos da RAEM omissos na RPC, que perfaziam uma área de cerca de 2,3 km2”. Tendo em conta estes terrenos, o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) pretende saber “que medidas serão tomadas pelo Governo para proteger os legítimos interesses da RAEM no tocante aos terrenos omissos da RPC”. O deputado referiu ainda mais detalhes de um processo que arrancou em 2009, quando o Executivo iniciou “o tratamento de forma programada quanto à questão dos terrenos não aproveitados”. “Quanto aos terrenos disponíveis que reúnem condições para o seu aproveitamento, será realizado pelo Governo um estudo sobre o seu destino final em função do plano urbanístico e da sua localização concreta, de forma a articular com as necessidades do desenvolvimento sócio-económico de Macau e a política de habitação pública, sobretudo em termos de realização de um estudo específico sobre a viabilidade do seu aproveitamento para a construção de habitação pública”, disse o deputado.
Filipa Araújo SociedadeAMCM | Especialistas consideram positivo acordo com banco chinês Especialistas em economia acreditam que o acordo assinado entre a China e Macau é apenas mais um passo na atitude de tolerância zero para com a corrupção e o branqueamento de capitais. “Um passo positivo” e uma “atitude determinada” irão permitir a Macau atingir uma economia saudável [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] acordo de reforço de cooperação assinado, na semana passada, entre a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e o Banco Popular da China é considerado um “bom passo” na posição assumida pelo o Governo Central: o fim à corrupção. Apesar das poucas informações das cláusulas deste acordo, a entidade bancária explicou que o que se pretende é reforçar a troca de informações e acções de fiscalização entre os assinantes para prevenir o branqueamento de capitais. Para José Sales Marques, economista, não existe “outra leitura possível”, este acordo é claramente um “tópico de trabalho de cooperação entre duas autoridades de supervisão bancária e portanto o objectivo é o que se tem divulgado, aumentar a colaboração para detectar, precaver e controlar a lavagem de dinheiro”. Os efeitos, do ponto de visto económico, são também eles claros para o especialista: “as medidas que têm por finalidade este tipo de situações, assim como a fraude ou actividades que tenham que ver com um certo tipo de criminalidade, são sempre boas iniciativas”. “Não vejo nada em contrário quanto a este tipo de acordo”, reforçou Sales Marques, acrescentando ainda que acções como estas são de “aplaudir”. Uma postura francamente positiva é a classificação atribuída ainda por Liu Bolong, professor da área na Universidade de Macau (UM) para o novo acordo. “Isto é claramente positivo e um dos efeitos da postura que o Governo Central assumiu, especialmente por causa dos casinos de Macau”, começou por explicar o docente. Ter uma boa cooperação com as entidades bancárias da China é também uma vantagem para que tudo seja mais transparente, conforme indica Liu Bolong. Jogo em causa Relativamente às quedas do Jogo e à perda de jogadores, Sales Marques não tem dúvidas, as coisas têm de ser vistas de uma forma diferente daquelas que têm sido. “É de facto preocupante que este tipo de medidas estejam aliadas ao ‘prejudicar a economia de Macau’. Isto faz-nos questionar: o que é a economia de Macau?”, argumenta. Até agora, diz, tem-se vivido “com os olhos fechados aqui e acolá”, mas estas questões económicas começam a ser combatidas e “isto só pode ser positivo”. “Não queremos ser conotados como a capital da lavagem do dinheiro. Como tudo na vida, estas medidas podem ter algum efeito nos negócios, naturalmente que sim, mas este efeito não pode ser visto como algo negativo, nunca”, remata. Uma nova postura é o que o académico da UM aconselha as operadores a assumir. O Governo Central está “determinado e a sua postura é clara”, por isso, o Governo de Macau e a indústria de entretenimento local “devem tentar arranjar uma nova forma de gestão, abandonando o sistema de junkets, (…) para que Macau seja saudável e tenha um desenvolvimento sustentável dessas mesmas indústrias”, conclui.
Filipa Araújo SociedadeEmpregadas domésticas | Patrões não recusam união [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m reacção às declarações aos dois grupos representantes do sector das empregadas domésticas – que pediam maior comunicação entre as partes envolvidas – a União dos Empregadores Domésticos de Macau diz que “união será bem-vinda”. As palavras são do director da união, Ao Ioeng Keong, que explicou ao HM concordar que a “comunicação com as empregadas poderá resolver os problemas”. “Já estamos a negociar com o Governo como regulamentar as agências. Caso as empregadas domésticas tenham necessidade ou vontade de se unir connosco a esta acção podem fazê-lo”, explicou. No domingo passado, o Peduli Buruh – Grupo de Interesse dos Trabalhadores Migrantes Indonésios e a União Progressiva Laboral pediram, numa conferência organizada pela Associação Novo Macau, um maior esforço para a união entre trabalhadores e empregados contra as agências de trabalho e as suas irregularidades. Finca pé Ainda assim, Ao Ioeng Keong considera que não existe uma verdadeira percepção da dimensão dos problemas e que tanto as empregadas como os próprios meios de comunicação estão a ignorar e minimizar a situação. “Os problemas são uma constante. Às vezes as empregadas que supostamente deviam entrar a horas, não chegam, ou saem mais cedo ou chegam até a desaparecer durante o dia sem sequer apresentar uma justificação. Estes problemas incomodam os empregadores, sobretudo aqueles que precisam de garantir que podem ir descansados para os seus trabalhos. Para não falar dos roubos, tudo isto preocupa a classe dos empregadores”, argumentou o director. Na opinião do representante “o número de empregadas domésticas problemáticas é bem maior que os das profissionais”, e nem a própria classe tem essa noção. É já no próximo domingo que tem lugar a manifestação organizada pela união contra as empregadas domésticas. Em esclarecimento, Ao Ieong Keong, explica que o protesto não visa as empregadas domésticas a 100%, mas inclui também os processos jurídicos.
Flora Fong Manchete SociedadePearl Horizon | Governo recebe queixas de proprietários de casas Proprietários de apartamentos do edifício Pearl Horizon queixaram-se ontem junto do Conselho dos Consumidores por terem receio de ficarem sem as suas casas, uma vez que as obras ainda não terminaram. Deputada Ella Lei critica o processo [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] mais um caso de residentes que investiram as suas poupanças numa casa nova que um dia ficará pronta, mas não sabem quando. O Conselho de Consumidores (CC) recebeu ontem um grupo de 30 proprietários de casas compradas em regime de pré-venda no edifício Pearl Horizon. O encontro foi organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e contou com a presença da deputada Ella Lei, representante do grupo de proprietários. Recorde-se que vários terrenos estão em risco de verem o seu prazo de concessão terminar este ano sem que vários edifícios habitacionais estejam prontos a habitar. O presidente da comissão executiva do CC, Wong Hon Leng, disse ao HM que os proprietários necessitam de disponibilizar os contratos de compra e venda para que o organismo possa analisar as queixas uma a uma e acompanhar os processos. Promessas adiadas Ella Lei, também vice-presidente da FAOM, explicou na conferência de imprensa que a empresa responsável pelo projecto, o Grupo Polytec, havia garantido que todos o edifício poderá estar concluído em 2018, sendo que as fundações deverão estar prontas ainda este ano. A empresa alega, segundo a deputada, que o atraso na obra se deveu ao processo moroso de aprovação por parte do Governo e a necessidade de entrega de um grande número de relatórios de avaliação de impacto ambiental. Num encontro entre os proprietários e Ella Lei com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no passado dia 13, a entidade explicou que devido à necessidade da entrega de relatórios e das plantas da obra por parte do Grupo Polytec, a obra só começou em Agosto do ano passado, sendo que apenas 47% das fundações estão feitas. “É difícil concluir as fundações no final de 2015, o que o Grupo Polytec prometeu aos proprietários não pode ser cumprido”, disse Ella Lei. A deputada citou ainda informações dadas pela DSSOPT sobre o facto do Grupo Polytec ainda não ter entregue a documentação relativa aos andares de cima para o Governo, incluindo a colocação de tubos. Ella Lei teme, assim, que surja novo atraso na obra depois da conclusão das fundações.
Hoje Macau BrevesSS reforçam fiscalização de medicamentos tradicionais chineses [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde anunciaram a implementação de um sistema de notificação relativo à qualidade de medicamentos locais e efeitos secundários dos mesmos, de forma a fiscalizar e prevenir reacções adversas a determinadas substâncias. O anúncio foi feito pelo chefe do Departamento dos Assuntos Farmacêuticos dos SS, Choi Peng Cheong, num workshop que teve lugar no fim de semana passada. O organismo alerta ainda para a integração das medicinas tradicional chinesa e ocidental que, quando combinadas, podem trazer “um maior risco de ocorrerem reacções adversas” aos medicamentos da medicina oriental. Isto porque os SS asseguram ter recebido, nos últimos anos, vários casos de intoxicação devido a estes medicamentos em Macau. O workshop aconteceu sob o mote da “segurança de medicamente e farmacovigilância”. De acordo com os oradores do evento, o departamento de farmacovigilância deve reforçar a capacidade de gestão de risco, além de ser necessário que todos os profissionais de saúde façam um esforço para que o sistema de monitorização de medicamentos possa ser efectivo”.
Flora Fong SociedadeSheraton | Funcionária despedida por alegada violação de conduta exige investigação Tse trabalhou quase dois anos no Sheraton Macau até ter tido um acidental laboral que a deixou em casa durante um mês. Quando quis voltar às suas funções, soube que estava despedida e alega que o fundamento não é válido. O caso, diz, está já na PJ [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma funcionária do hotel Sheraton Macau alega ter sido despedida sem justa causa e com base num documento que, diz, tem a sua assinatura falsificada. O caso teve início em Dezembro passado, quando uma mulher, de apelido Tse, teve um acidente laboral e ficou de baixa médica. De acordo com o diagnóstico, o seu problema está relacionado com uma lesão incurável na lombar. Cerca de um mês depois do acidente, a agora ex-funcionária quis voltar ao trabalho, quando, para sua surpresa, foi informada de que já havia sido despedida. Questionando a entidade sobre a justificação para o despedimento, o Sheraton alega que Tse violou uma norma de conduta dos funcionários daquele complexo, que determina a impossibilidade de entrar em qualquer espaço dos casinos da mesma operadora. Esta afirma que “não é permitida a entrada em nenhum casino da mesma operadora de Jogo”, bloqueando assim a entrada no Sands e no Venetian. O documento, assegura a empresa, está assinado pela funcionária, que condena a alegada entrada de Tse numa zona de altas apostas no Venetian, fora do seu período de trabalho. “Foi uma acusação falsa”, alega Tse, admitindo que já entrou várias vezes no casino, mas apenas na zona de massas. A norma dita então a proibição de entrada no Sands e no Venetian. Contudo, Tse disse ao HM desconhecer a existência desta norma, pelo que também alega nunca ter assinado qualquer documento relacionado com esta regra. “A empresa não me enviou qualquer notificação de despedimento até Janeiro deste ano, quando a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) me questionou acerca da assinatura do tal documento”, começou por explicar. “Embora eu tivesse afirmado que nunca assinei o papel, o organismo não deu importância e encerrou o assunto”, disse a ex-trabalhadora do Sheraton ao HM. Tse pediu ainda à DSAL para que fossem vistas as gravações contidas no sistema de videovigilância do casino, onde era visível que esta nunca havia entrado numa zona de apostas elevadas. No entanto, o despedimento continua de pé. Tse considera que o despedimento foi injusto, argumentando que está certamente relacionado com os ferimentos sofridos na zona lombar durante o acidente laboral, em Dezembro. Fé na justiça A mulher culpa o Sheraton pelo despedimento e refere que alguém falsificou a sua assinatura, facto já comprovado por um agente da PJ, segundo disse. A ex-trabalhadora alega que o despedimento foi injusto. “Espero que as leis de Macau possam resolver esta injustiça, além de que um agente da PJ já me confirmou que a assinatura é realmente falsa, podendo dar origem à comprovação da prática de crime. Acredito na justiça”, rematou. O caso encontra-se num impasse: de acordo com o Sheraton, a funcionária assinou um documento, mas a lesada conta outra história. Numa conferência de imprensa realizada pelo líder do grupo Forefront of the Macao Gambing, Ieong Man Teng, a funcionária disse ter sido contratada pelo hotel Sheraton, em Fevereiro de 2013 como empregada de mesa. “A empresa não queria assumir este encargo e então optou por me despedir”, justificou. A funcionária queixou-se ainda da demora da DSAL no tratamento do seu caso. De acordo com Tse, tal dura há cinco meses, estando ainda a aguardar a indeminização por parte do Sheraton. Além disso, assegurou ao HM que já entregou um comprovativo da falsificação da sua assinatura à PJ. Em resposta ao sucedido, o Sheraton Macau mostrou-se impossibilitado de fazer qualquer comentário, uma vez que o caso se encontra “actualmente sob investigação pela PJ”. A empresa afirma ainda estar a “cooperar com a PJ e a DSAL, apoiando a investigação a 100%”. Jogo | Funcionários despedidos do grupo Jimei Segundo o líder do grupo Forefront of tha Macao Gambing, Ieong Man Teng, 20 membros do grupo Jimei foram despedidos devido à queda nas receitas do negócio. “A performance laboral de alguns destes trabalhadores foi negativa, mas outros também foram despedidos depois de terem ido trabalhar para fora de Macau”, disse Ieong. O responsável assegurou que os funcionários já estão a receber as indeminizações devidas, de acordo com o regulamento da Lei das Relações Laborais. O grupo Jimei é originário de Hong Kong e já tem um casino e sete salas VIP em Macau.
Andreia Sofia Silva EventosDocumentário “Nuclear Empire” exibido no Canadá e EUA O documentário produzido por Patrícia Neves e Carolina Rodrigues sobre o desastre nuclear de Fukushima vai ser exibido no Montreal World Film Festival de 4 a 7 de Setembro, com paragem em Nova Iorque. O trabalho já foi distinguido com dois prémios em Jakarta e Ohio [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] película que conta as histórias das vítimas de um dos desastres nucleares mais graves dos últimos tempos não pára de correr mundo. O documentário “Nuclear Empire”, com argumento de Patrícia Neves e realização de Carolina Rodrigues, vai ser exibido de 4 a 7 de Setembro no Montreal World Film Festival, no Canadá, no Cinema Quartier Latin. Mais tarde, a 16 de Outubro, o documentário irá ser exibido no NYC Independent Film Festival, em Nova Iorque, Estados Unidos. O documentário vai continuar por terras norte-americanas, onde será exibido já no próximo dia 30 de Agosto em Hudson, Ohio, depois de ter ganho o primeiro prémio na categoria de documentário estrangeiro. Em Jakarta, Indonésia, “Nuclear Empire” venceu o prémio de mérito nos World Filme Awards. No terreno “Nuclear Empire” é resultado do trabalho jornalístico que Patrícia Neves fez na cidade japonesa aquando do acidente. As histórias de vida de quem sobreviveu e viu a catástrofe resultaram não só neste documentário mas também num livro, “Império Nuclear – A era pós-Fukushima”. Ambos os projectos tiveram lançamento em Macau e Portugal e contaram com o apoio da Fundação Macau. O projecto de Patrícia Neves e Carolina Rodrigues mostra imagens recolhidas junto à central nuclear de Fukushima Daiichi, onde a explosão acabou por deixar tudo destruído à sua passagem, tal como aconteceu em Chernobyl, Ucrânia, em 1986. O primeiro desastre nuclear do século XXI ocorreu em Março de 2011 e aconteceu depois do sismo e tsunami que abalaram o Japão e causaram milhares de vítimas. O HM tentou chegar à fala com Patrícia Neves para obter um comentário sobre os prémios obtidos, mas até ao fecho desta edição não foi possível contactar a autora.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasA morte saiu à rua num dia assim Federico Garcia Lorca (5 de Junho de 1898 — 18 de Agosto de 1936) [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezanove de Agosto de mil novecentos e trinta e seis. E, naquela noite de Estio, cumprir-se-ia um destino singular às margens do Guadalquivir: Federico Garcia Lorca assassinado pela corrente Falangista na sua Granada natal onde se havia refugiado, cede ao cansaço de estar fechado em casa e passeia-se na noite luarenta, alguém o reconhecera -volta a casa – e não tarda a baterem para o irem buscar, naquilo que foi talvez aquele instante: estou pronto e só. Porém, ele aninhara-se no seu berço para fugir ao perigo que a partir de Julho se afigurara real, fugiu para a sua terra onde politicamente tinha amigos das duas facções rivais, certo estando que nada aí lhe poderia acontecer. E, mais uma vez, se estende a questão: ninguém deve abrigar-se na sua terra em caso de perigo, é aí que estão os delatores, os algozes, talvez até entre insuspeitos que secretamente jamais perdoaram a vitória de alguns. Este erro, aliás, é cometido por todos. E todos aí encontram o mesmo fim. Lorca seguiu sempre o trilho da sua própria universalidade não estando filiado em nenhuma das correntes que fizeram a guerra. Exigir tais coisas a personalidades assim seria o mesmo que amputá-las. Garcia Lorca devia ter o encanto das crianças e a natureza brutal dos homens era-lhe talvez intimamente desconhecida, pois que não se pode ter feito aquela obra com noções estreitas de razão e de vontade. Tudo nele pertence a outros interiores, onde não raro o trágico habita, mas sempre pleno de focos redentores. Com uma aturada atenção dei-me conta o quanto a sua morte está cravejada na sua poesia: uma noção visionária, um destino irredutível, uma visão soberana plasmada nele como uma certeza. Os poetas sabem tudo do futuro das coisas, não sabendo contudo que já sabem, mas uma grande obra poética revela esse assombro para lá das incertezas humanas e das perguntas sem sentido. Ela dá-se onde os outros não têm voz, ela exercita-se nos canais subtis de um mecanismo de sonda que é raro acontecer. Mas está lá, como uma certeza toda de dimensão precisa, outra, inquietante. Este homem tão regional, foi também um grande cosmopolita, um ser que viajou, desde a sua bolsa em Nova Iorque, passando pela América Latina, Europa, Venezuela, conheceu escritores da sua têmpera, recitou, tocou, conferenciou mundo fora. Grande parte da sua obra foi compilada, revista, nas alturas que antecediam as viagens. Depois, ele tinha um enorme encanto pessoal, era imensamente sedutor criando uma aura quase hipnótica, reportando-nos às palavras de Alberti. Existe mesmo na sua morte uma nuvem de enigma tipo “Salieri-Mozart” com o poeta Luís Sales, que se tornaria o poeta do regime franquista, mais tarde, e a quem Lorca propôs o Hino Falangista conjunto, dúvidas que nunca vieram à luz do dia. Ele estava perto e teria podido intervir na sua libertação, teria sido muito fácil intervir…. mas é um assunto controverso. Eles adormecem, com o vinho da noite quando os amigos são condenados à morte, já tinha sido assim com alguém que nos é familiar. O facto de ser seu amigo não excluía que o fosse de todos os vanguardistas como Fernando Del Rio, republicano e fundador do Partido Socialista, onde fizeram parte dos grupos de vanguarda formados por Alberti, Guillin e Salinas, o chamado grupo dos «Poetas de Vanguarda». Não nos esqueçamos que foi ele o fundador da «Barraca» teatro ambulante destinado a educar as massas nas cidades e nos campos (não como a nossa Cilampus) e que em plena ditadura de Primo de Rivera pôs em palco « Bernarda Alba», um hino libertador. Por tudo isto e por muito menos são os homens abatidos e hoje, dezanove de Agosto, nunca é demais lembrar que aquilo que um poeta avança numa geração precisam os homens por vezes de séculos. Claro que fora descuidado e confiante, claro que facilitou a vista ao algoz, mas porquê matar um homem assim?! «Romanceiro Gitano» é das obras mais belas do mundo, todo um poder regional condensado a obra universal, pois que ainda agora quando desejo o cheiro das laranjas, meninos a correr, ciganos, pombos, burros e cães procuro-os nestas páginas de um chão transfigurado em Poema, tão sagrado como a Galileia, tão divina Granada como Jerusalém. O seu corpo nunca foi encontrado, para que serve um corpo, quando se é Lorca? Talvez para amar e morrer de amor, estes corpos têm coisas estranhas por dentro. Mas morto, é a universalidade que o instala sem sombras no nosso espectro de luzes. 19 de Agosto de 2015 Amo a Federico, nada me poderia ser mais amante, mais tocante, mais rasante a todas as lágrimas de agradecimento que o seu luminoso exemplo de Poeta. O amor vive-se a muitos níveis – sabem-no eles – e, mesmo que os corações sejam de lama e carne, existirá um reduto de outros elementos que batem por este belo ser em uníssono, sem tempo, nem distância. Mais meridional que os seus imensos olhos castanhos, nem as fogueiras de Saloon, mais passivo que o seu semblante, nem as impressões de Cristo, e mais belo que o seu saber, nem mesmo Salomão. Os políticos hão-de todos morrer, os homens fortes e os fracos, as coisas boas e más, mas o que fica (recorro agora à bela frase de Holderlin)« o que fica, os poetas o fundam». “Do Oriente ao Ocidente Levo tua luz redonda. Tua grande luz que sustém Minha alma, em tensão aguda. Do Oriente ao Ocidente. Que trabalho me dá. Levar-te com teus pássaros. E teus braços de vento!”
Hoje Macau China / ÁsiaFoxconn quer contratar 100.000 pessoas para lançar novo iPhone [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] empresa de Taiwan Foxconn, principal fabricante da Apple, prepara-se para contratar mais de 100.000 trabalhadores face ao lançamento do novo modelo do iPhone, previsto para o próximo mês, escreve ontem o South China Morning Post (SCMP). Segundo o jornal de Hong Kong, que cita informação de fontes do sector e a imprensa de Taiwan, espera-se que os mais recentes modelos do iPhone (o 6S, o 6S Plus e o 6C) sejam anunciados no próximo dia 9 de Setembro e lançados no mercado a 18. Para que os novos dispositivos estejam prontos, a Foxconn tem aumentado as suas linhas de montagem para poder contratar milhares de novos trabalhadores para a sua fábrica de Zhengzhou, no centro da China, donde sai a maioria dos modelos actuais do iPhone. Apesar de a empresa exigir, regra geral, que os trabalhadores tenham entre 23 e 40 anos decidiu, desta vez, flexibilizar os limites para entre 18 e 45 anos. Prevê-se que os contratados trabalhem pelo menos mais três horas do que uma jornada laboral habitual por um salário mensal de cerca de 3.500 yuan (477,2 euros).
Hoje Macau China / Ásia MancheteBolsa de valores de Xangai com nova derrocada [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] a maior quebra de capitalização bolsista na China desde 2007, superando a derrocada de 27 de Julho. O índice composto de Xangai fechou esta segunda-feira com perdas de 8,49%, ligeiramente superiores às registadas a 27 de Julho, quando se verificou uma quebra de 8,48%. O índice CSI 300 fechou esta segunda feira com perdas superiores, de 8,8%. Esta derrocada bolsista em Xangai lidera as quedas na Ásia. Na semana passada, o índice composto perdeu 11,5%. Desde a decisão de desvalorização do yuan, a moeda chinesa, pelo Banco Popular da China, a 11 de Agosto, as perdas bolsistas somam mais de 4,3 biliões de euros, o equivalente a metade do PIB anual da China (em valor nominal), a segunda maior economia do mundo. A actual correcção a partir de 15 de Junho de 2015 ocorre depois de uma subida espectacular de mais de 150% desde Junho de 2014. De 19 de Junho de 2014 até 12 de Junho de 2015, o índice composto de Xangai subiu 155% durante este ciclo de “bolha” de quase um ano. Desde 12 de Junho passado, caiu 37,9%. Todos no vermelho As bolsas asiáticas estiveram esta segunda-feira mergulhadas no vermelho. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, fechou a perder 4,6%, o Kospi da Coreia do Sul registou perdas de quase 2,5% e o índice da bolsa de Taiwan caiu quase 5%. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, está a cair mais de 5% e o BSE Sensex de Mumbai perde mais de 3%. As bolsas europeias e os futuros em Wall Street abriram no vermelho. O PSI 20, da Bolsa de Lisboa, abriu a perder mais de 4%. Nesta segunda-feira a vaga vermelha atinge, também, em força os mercados de matérias-primas. Estão a registar quedas superiores a 2,5%, os preços do petróleo da variedade norte-americana WTI (o barril está a cotar abaixo dos 40 dólares), do óleo de soja, do cobre, do porco, do algodão e do Brent (o barril desceu para 44 dólares pelas 7h). O índice geral da Bloomberg para as commodities está a registar esta segunda-feira uma descida de mais de 1,7%. Desde o início do ano já caiu mais de 17%.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesAo léu [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] finais de Agosto fica a saudade de um Verão de aroma costeiro-rural ou a frustração de quem não pôde ficar de papo para o ar. Sofrendo de uma ou de outra, neste hemisfério norte é impossível não ficar indiferente à quantidade de pele em exposição, seja na praia ou no calor urbano, as indumentárias são as que favorecem o pessoal. Ainda para mais Verão rima com tesão. Há qualquer coisa no ar, nas peles bronzeadas que já passaram pelos pólens da primavera, manchas de sal e o cheiro a protector solar que suscita toda uma outra percepção do corpo e eventualmente, do sexo. Há uma liberdade hippie que se apodera dos mamilos mais tímidos e das pernas de todos os feitios. O entendimento do corpo nu, que é tendencialmente sexual, da exposição e do voyeurismo se alimenta nesta estação tão sexy. Contudo, estes nichos de libertação corporal são raramente a norma, porque da exposição à afronta não vai muito. Disto sabem as mulheres que viajam um pouquinho (ou muito). O corpo da mulher, de beleza mais do que reconhecida, transporta a política que a pele à mostra exige, até às formas que as sustêm. Ninguém fica indiferente às ditaduras do corpo e às culturas (paranóias) individuais e colectivas de ideais inatingíveis. Que seja um rabo gigantesco ou umas pernas palito, pele moreníssima ou de brancura leitosa, mamas grandes ou para quem prefira pequenas. A diversidade que deveria ser tomada como um parque de diversões – a descoberta do corpo novo! – tem o peso e a preocupação das normas de beleza em vigor. Experimentem passar uns três minutos (mais do que isso é tortura) a olhar para as capas de revistas ditas ‘femininas’ que tentam auxiliar as mulheres por esse mundo fora na sua prática de identidade de género. Do ridículo ao castrador se sentem as sugestões que perpetuam pura estupidez que muita revolta provoca. ‘O que os homens gostam’. Puff. Com os homens, as inseguranças são outras. Queria encontrar paranóias anedóticas das inseguranças do corpo, mas com pouco sucesso. Parece que a preocupação se deita na performance sexual e no medo de ficar nu só com meias. Não acho absolutamente terrível tal imagem mental, mas para os que se preocupam: é tirar as meias assim que se tirar as calças. Garantias de não ficar preso no ‘sock gap’. Mas no Verão talvez não seja tão problemático, talvez usem chinelos e sandálias mais regularmente. Sabemos também que os homens são percebidos como mais visuais que as mulheres, ou seja, dependem mais do estímulo visual para pô-lo para cima e as mulheres menos, para ficarem molhadas. A evolução explica o fenómeno pela necessidade das mulheres copularem, não com genes bonitos, mas com os indivíduos mais capazes de assegurar a protecção no complicado processo que é criar filhos (no tempo em que o sexo era só para isso). Os homens, por seu lado, na futilidade evolutiva, procuram meninas de carga genética invejável, para ter a certeza que a linhagem continua. Se hoje isto faz sentido, deixo ao vosso critério. Mas que não é fácil viver com o fantasma da futilidade e superficialidade quando se quer ter uma relação sexual saudável, não é. A praia para estes lados ocidentais, de uma forma terapêutica, corta com qualquer pudor que os corpos que menos se assemelham a cartazes publicitários possam ter. Há um orgulho especial entre homens e mulheres de todas as idades, na celulite, no peito mais ou menos caído, numas barrigas mais ou menos cheias de cerveja. De uma beleza natural, de um desenvolvimento natural, torna-se num alívio saber que HÁ diferenças, lindas de morrer. Todo o orgulho transportado neste veículo potenciador de orgasmos influencia toda a e qualquer actividade sexual. Porque o sexo precisa de uma entrega total, da sensualidade feminina ao vigor masculino, pela sua dinâmica e comunicação. Nesta minha reflexão semanal, onde todos e todas exibiam tudo o que de melhor tinham, pensei no sexo, no seu corpo, e nas suas limitações físicas, mas que de pouca realidade são encaradas. Pensa-se no pénis e no clitóris – sim, partes extremamente importantes – mas que se possa estender para todo e qualquer pormenor do corpo, com mais ou menos interesse. Pés, pulsos, joelhos, cocuruto, de homens e mulheres. Pensem nos vossos corpos como templos eternos de prazer onde esse órgão enorme, a pele, se aproveita de toda e qualquer carícia que haja para oferecer. Sim, os homens têm um tecido adiposo mais grosso e talvez não se arrepiem tanto como as mulheres o fazem. Mas também gostam de festinhas. Festinhas, lambidelas, apalpões. Com os nervos da performance do casal igualmente, pessoas atacam única e exclusivamente as zonas erógenas nesse momento tão crucial pré-coito – os preliminares. Não totalmente errado, mas aborrecido. Aproveitem o calor e desfrutem (quiçá com umas rapidinhas ou lentinhas ao ar livre). Mais preliminares em breve.
Flora Fong SociedadeDSSOPT não descarta investigação do CCAC no Parque Central da Taipa [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Li Canfeng, confirmou à deputada Kwan Tsui Hang que vai consolidar o mecanismo de supervisão da qualidade das obras públicas, depois da experiência obtida com o Parque Central da Taipa. O director da DSSOPT referiu que o caso ainda está a ser revisto, defendendo que poderá ser entregue ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC), caso sejam descobertas infracções ou indícios de corrupção. Numa interpelação escrita em Maio do ano passado, a deputada Kwan Tsui Hang criticou a existência de 50 falhas na obra do Parque Central da Taipa, onde foram gastos 500 milhões de patacas e que foi analisada pelo Comissariado de Auditoria (CA). O organismo liderado por Ho Veng On chamou ainda a atenção para o facto da DSSOPT não ter assumido responsabilidades ou de ter havido falhas na comunicação entre departamentos e empresas. Perante estes dados, Kwan Tsui Hang pretendia saber se o Executivo iria analisar a existência de infracções administrativas, casos de prevaricação ou corrupção durante o processo de construção do parque. Falhas de comunicação Tal como já tinha dito na Assembleia Legislativa (AL), Li Canfeng prometeu consolidar a comunicação com os diversos serviços nas várias fases da obra, com a introdução de diversas opiniões de profissionais, por forma a evitar futuras falhas. No caso do Parque Central da Taipa, Li Canfeng explicou à deputada que “a maioria das falhas” já havia sido reparada antes da entrega da obra aos serviços competentes, mas como não foi elaborado um documento com todas as falhas reparadas, fez com que os documentos “revelassem a existência de falhas”.
Flora Fong Manchete ReportagemReportagem | Residentes contam como é trabalhar nos casinos no exterior Numa altura em que as receitas do Jogo mostram quedas consecutivas, os países asiáticos vizinhos apostam no desenvolvimento do sector. O HM conversou com alguns residentes locais que optaram por voar para outras salas de Jogo. Um crescimento evidente, menos seguro que Macau, mas ainda assim, defendem, há espaço para todos crescerem [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] inegável: as receitas das seis operadoras do Jogo diminuíram de forma contínua nos últimos meses. Em Julho passado a queda atingiu os 34,5%, sendo que as salas VIP foram os espaços mais afectados – com mais de 40% de queda – levando a que pelo menos dez fechassem as portas. Temendo perder o brilho e o estatuto “Las Vegas de Ásia”, Macau entra assim em concorrência com países como Singapura, Filipinas, Tailândia e Camboja, que, para além de irem ganhando apostadores, vão construindo novos empreendimentos dedicados ao Jogo. Não é novidade também a aposta nestes novos países dos grupos responsáveis pelas salas VIP que fecharam no território. Relativamente à mão-de-obra do sector existente no território os números ultrapassam os 80 mil trabalhadores. Um número que nos remete para uma questão: se as receitas estão a diminuir em Macau e a crescer noutros países, estarão a ser recrutados trabalhadores locais para os novos empreendimentos? Terão os próprios funcionários interesse em abraçar esse desafio? Quatro residentes do território partilharam com o HM as suas histórias e como é trabalhar no que mais se faz em Macau, mas lá fora. Técnico para jogos online Torres Leong tem 24 anos e trabalha como técnico de informática no grupo Suncity, companhia que possui mais de 20 salas VIP no território. Foi com a inauguração, em Fevereiro do presente ano, do “City of Dreams Manila”, empreendimento que custou mais de 1,3 mil milhões de dólares americanos ao grupo Melco Crow, que o interesse do jovem Torres surgiu. Ao HM, o informático explica que a ideia de tornar Malina numa cidade de Jogo, tal como Macau, é evidente. Em pouco tempo, conta foram abertas quatro salas VIP no City of Dreams Manila e no Resort Solaire. Necessitando de mão-de-obra qualificada para tal, Torres e mais sete colegas seus forem enviados para a cidade filipina, bem como outros funcionários de outros departamentos. Esta é a primeira experiência de trabalho fora de Macau para o jovens Torres que quando questionado sobre as diferenças não hesita em responder: “é um ambiente muito pobre”. “As instalações têm boas condições, mas só as que se encontram na zona dos casinos, quando saímos dessa áreas, tudo é menos desenvolvido”, retrata. O trabalho é simples: aplicar o sistema informáticos usado em Macau no casino de Manila. Tudo deve corresponder, como se do mesmo território se tratasse. Assim, conta, será mais fácil para todos os trabalhadores, sobretudo no sistema de videovigilância dos “jogos online”. “Há uma grande parte dos jogadores que apostam através da rede dos casinos e através de telefonemas. E este sistema permite ver em tempo real o trabalho dos croupiers”, explica. Para o trabalhador não é difícil trabalhar noutro país, mas o volume de trabalho é muito mais exigente e pesado pois a equipa não é tão grande como em Macau. Questionado sobre o futuro, Torres não esconde a vontade de ir embora. Manila não se tornou uma cidade irresistível e, por isso, quando tiver oportunidade irá voltar para Macau. “Tenho a minha famílias e todos os meus amigos em Macau, e a verdade é que não gosto muito desta cidade, não é tão desenvolvida”, rematou. Atraído pelo ritmo da vida Tem 23 anos e trabalha no mesmo grupo, o Suncity. Meng Lam é um dos trabalhadores do departamento de Relações Públicas, e esta também é a primeira vez que está a trabalhar no estrangeiro. São apenas três meses – segundo as ordens – que Meng e mais 10 colegas terão que trabalhar na capital das Filipinas. O trabalho esse é bem diferente. Em Manila, conta, Meng Lam está a passar conhecimento e não a coloca-lo em prática. Neste novo posto, o trabalhador assumiu funções como formador dos funcionários locais. Ao contrário de Torres, Meng gosta de Manila e acredita que esta cidade, com o seu ambiente agradável, pode tornar-se bem melhor que Macau. “Esta cidade tem muito mais vantagens que podem ser desenvolvidas e tornar a oferta bem melhor que Macau. Não é tão menos desenvolvida como achamos que é, quando comparamos com Macau. Por exemplo, aqui há mais do que casinos, temos praias e sítios lindos, algo que não existem em Macau. O custo de vida é também mais baixo”, argumenta. Phnom Penh’s Nagaworld Casino and five-star hotel is one of Cambodia’s biggest private employers with more than 3,000 staff catering for a stream of visitors. It functions non-stop 24 hours a day with an inside airconditioned controlled temperature of 21 degrees.It is a 14 storey hotel and entertainment complex, with more than 500 bedrooms, 14 restaurants and bars, 700 slot machines and 200 gambling tables. There is also a spa, karaoke and VIP suites, live bands, and a nightclub. Its monolithic building dominates the skyline at the meeting point of the Mekong and Tonle Sap rivers, in stark contrast to nearby intricate Khmer architecture.///Western gamblers playing poker at Nagaworld Segundo o trabalhador as restrições nos casinos, na RAEM, como a proibição do fumo e o combate contra a corrupção do Governo Central, incluindo a proibição do cartão de crédito nos casino, são pontos que não favorecem o sector do Jogo em Macau. “Muitos jogadores não gostam das novas regras que estão a ser implementadas em Macau e por isso preferem vir jogar para Manila que é mais livre dessas restrições”, conta. Se pudesse escolher, Meng Lam não teria dúvidas: carreira seria em Manila. O ritmo de vida, “muito mais calmo que em Macau”, e as condições são os pontos apresentados pelo funcionário. “As pessoas da Manila sabem aproveitar a vida, por exemplo, aos fins-de-semana e feriados, o ambiente é muito animado, há fogo de artifício, às sextas-feiras, há sempre festas, algo que nunca encontrei em Macau”, relata, sublinhando a pena que tem em ser apenas uma experiência de três meses. Vontade de emigrar Na casa dos 30, Koji Cheong, trabalha no departamento de Marketing do mesmo grupo. Também em Manila foi enviado por três meses, tal como Meng, tempo que já passou e agora o grupo quer estender a experiencia por mais um ano. Não tão entusiasmado como o seu colega, Koji preferia voltar para Macau, mas a verdade, diz, é que o negócio das salas VIO está a cair, ao contrário do que acontece neste momento em Manila. Para si trabalhar numa economia a crescer é sempre mais entusiasmante do que numa a cair. “O nosso salário está directamente ligado aos lucros do grupo, portanto não quero ser despedido”, afirma. Os baixos impostos do Governo filipino – 17% em Manila, contra 29% em Macau – são um atractivo para os investidores e para os grupos das salas VIP. Tendo em conta a não inclusão de Manila nas políticas de combate à corrupção do Governo Central é também uma prancha para atrair o desenvolvimento do negócio, argumenta. Ali ao lado É no grupo Jimei, que Lien Tam de 29 anos trabalha como Relações Públicas. Um grupo de Hong Kong mas com um casino e sete salas VIP em Macau, tem enviado vários funcionários, por algumas temporadas, para a região vizinha. Lien Tam é uma delas. “Tenho trabalho em várias, em Hong Kong, Manila, Clark e até na capital do Camboja, Phnom Penh”, conta ao HM. “Quando os nossos clientes querem jogar nos casinos doutros países, precisamos de os acompanhar para ir aos casinos, organizamos os hoteis e as refeições. Às vezes realizamos competições de golf ou concurso de Baccarat” explicou, salientando os momentos como formas de atrair os clientes. São estas viagens que Lien mais gosta de fazer, mas tudo depende da situação, pois há momentos em que a funcionária fica responsável pela organização de evento e tem de se ausentar muito dias, o que acaba por lhe trazer saudades e vontade de voltar a Macau. Segurança garantida? Ao trabalhar no estrangeiro, a segurança pode ser a primeira consideração dos trabalhadores. Torres afirmou que nas zonas dos casinos a segurança é garantida. “Até ir ao supermercado há um guarda a abrir porta, e a companhia organiza carros para nos levar a sair”, disse, admitindo que poderão existir viagens, se forem mais longe, que os seguranças não acompanhem os funcionários. Para Meng Lam, a segurança é um problema na cidade filipina. “Na zona dos casinos, a segurança é boa. Quando visitamos outras zonas, vemos que a desigualdade económica entre as pessoas é muito grande. Há muitos sem abrigos, por exemplo. Vemos que há mais crime, mais assaltos. Mesmo assim, os ladrões não têm tanta técnica como os criminosos de Macau”, argumenta. Apesar de tudo, acha que o grupo Suncity garante a segurança dos empregados, dando-lhes boas condições. Meng vive num quarto duplo com outro colega de um hotel, e não se preocupa com a segurança pois vivem todos muito próximos uns dos outros. Koji partilhou aindaque “o director executivo do Suncity, Alvin Chau protege muito os seus funcionários.” “Quando cheguei a Manila tinha logo os guarda-costas à nossa espera, para nos acompanhar a qualquer lado, mesmo nas viagens mais pequenas, como ir ao supermercado”, lembra. Segurança que é totalmente dispensada pelo funcionário que agora só requer esse serviço em viagens maiores. Comparado com Macau, tanto Manila, Clark como Camboja, diz Lien a segurança é pior, e por isso, esta é um dos pontos de preocupação da administração. “Uma vez, no Camboja, a carteira do nosso cliente foi roubada por um ladrão, mas foi só isso”, disse, afirmando que as pessoas locais são em geral bem educadas, algo que a faz estar mais descontraída nas ruas. Preponderância de Macau Para Bill Song, director da Associação de jogo com Responsabilidade de Macau, os trabalhadores de Jogo de Macau têm benefícios quando desenvolvem carreira no estrangeiro, pois têm oportunidade de ver algo crescer, visto que a indústria de Jogo de Macau já é experiente. “Nos países asiáticos como Filipinas, Tailândia, o sector de Jogo foi criado recentemente, assim os recursos humanos de Macau podem prestar apoio a estes novos casinos. É também uma oportunidade para os trabalhadores de Macau poderem ocupar cargos mais superiores”, explicou ao HM. No entanto, Bill Song considera que não existem muitos trabalhadores do sector em funções em outros países, apenas os de posição de administradores. Prejuízo a Macau? Questionado se Macau está a ser prejudicado, Bill Song, não acredita nessa ideia. Os jogadores, diz, são maioritariamente provenientes da Coreia do Sul, enquanto em Macau são da China continental. Meng Lam também não acredita que a cidade filipina tenha prejudicado a fonte dos clientes de Macau, mas a verdade, diz, é que os clientes são provenientes de vários países, como Coreia de Sul, Tailândia, Japão entre outros. Koji Cheong acha que a indústria de Macau não vai afundar. Macau tem as suas vantagem, porque faz parte da China, sendo a língua, as letras, os hábitos iguais às das pessoas da China continental. Considera também que a eficiência dos serviços e a segurança são vantagens do território. Bill Song acha que em curto prazo não existirão problemas para Macau, justificou que a cultura local tem a vantagem de continuar a atrair clientes da China continental, aqueles que “podem não gostar do ambiente desses países”. O desaparecimento das salas VIP de Macau não é uma hipótese. Existirão, diz, sempre clientes em Macau, mesmo estando o Jogo desenvolvido noutros países.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaChumbo de debate sobre terrenos | Ho Iat Seng diz ter cumprido Regimento O presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, garante que apenas cumpriu o Regimento do hemiciclo e diz que a recusa do debate sobre os 16 terrenos em nada teve a ver com o conteúdo da proposta. O recurso dos dois deputados já está a ser analisado [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]o Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa (AL), garante que não rejeitou o pedido de debate sobre os 16 terrenos, apresentado pelos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San, pelo conteúdo do debate. Durante uma sessão de balanço dos trabalhos da 2ª sessão legislativa, Ho Iat Seng frisou que apenas agiu de acordo com as alterações feitas ao Regimento. “No regimento antigo, desde que seja apresentado uma proposta de audição, tinha de ser agendado para plenário. Mas este ano, com a alteração do regimento, foram alteradas normas sobre a audição. Os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San entendem que, desde que seja apresentado um requerimento de audição tem de ser agendado para o plenário. Não estamos contra ninguém nem contra nenhum assunto, mas estamos a tentar cumprir o regimento”, disse aos jornalistas. Para já, o recurso apresentado pelos deputados já está a ser analisado pela Comissão de Regimento e Mandatos da AL, transitando para a 3ª sessão legislativa. “Claro que se tratou de uma primeira proposta de audição depois de alterado o regimento, não vamos agora dizer quem é que tem razão, cabe à comissão avaliar. Já recebi o recurso dos deputados e é a Comissão que vai avaliar a questão, na próxima sessão legislativa vamos dar conhecimento. Se os dois proponentes não concordarem poderão voltar a recorrer”, adiantou Ho Iat Seng. Heranças complexas Apesar do recurso estar a decorrer, o presidente da AL quer que a tutela de Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes apresente informações mais detalhadas sobre os 16 terrenos, cuja caducidade não foi declarada. A maioria foi concedida a empresas detidas por deputados da AL. “Trata-se de uma questão muito complexa, com questões herdadas da história. Muitos terrenos resultaram de processos de antes da transferência de soberania. O Governo está a tentar resolver uma a uma as questões herdadas, mas não somos o CCAC (Comissariado contra a Corrupção) ou o CA (Comissariado da Auditoria), não podemos ir aos serviços apurar informações”, referiu Ho Iat Seng. “O processo está a ser submetido ao CCAC, já esperamos 25 anos, também podemos esperar mais um pouco de tempo pelo relatório do CCAC”, rematou o presidente da AL. Afastada mudança para novos aterros Questionado sobre a possibilidade da AL mudar de instalações para a zona dos novos aterros, Ho Iat Seng negou. “Não podemos interferir nos projectos que vão surgir ao lado da AL, só podemos aceitar, mesmo que seja um casino à frente. Só posso gerir o que está dentro do edifício e a AL não vai passar para aquela zona administrativa. Este sítio é conhecido e com 33 deputados estas instalações ainda são suficientes”, disse aos jornalistas. “Greve consagrada na Lei Básica e Constituição” Depois de um projecto de Lei Sindical ter sido chumbado pela sexta vez na última sessão legislativa, Ho Iat Seng diz “estar aberto” à apresentação da lei pelo Governo, mas garante que os trabalhadores já têm espaço para a negociação dos seus direitos. “Sem a Lei Sindical será que em Macau não existe negociação colectiva? Nos anos anteriores muitos trabalhadores do jogo conseguiram negociar colectivamente com a empresa, e em Macau qualquer pessoa pode constituir uma associação sindical sem restrições. A greve está consagrada na Lei Básica e na Constituição. Se o Governo vai apresentar uma proposta de Lei Sindical? Não sei, vou perguntar se está no novo plano legislativo, espero que o Governo pondere. A minha atitude é aberta quanto a isto”, rematou. Corrupção: “Todos os deputados são legítimos” Depois do tribunal ter acusado membros da associação que representa Chan Meng Kam, Si Ka Lon e Song Pek Kei de corrupção durante a campanha eleitoral, Ho Iat Seng apenas referiu que “depois da acção da Comissão para os Assuntos Eleitorais todos os deputados são legais e legítimos e estão a exercer o seu mandato”. “Creio que é importante alterar a lei eleitoral e isso foi incluído no plano legislativo de 2015. Espero que no fim do ano os trabalhos de auscultação possam ser iniciados. Temos vindo a aperfeiçoar os mecanismos eleitorais e espero que as novas alterações possam clarificar mais os actos para que as eleições sejam mais justas e imparciais.”
Flora Fong PolíticaRevisão da lei orgânica dos Correios entregue ao Chefe do Executivo em Setembro [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] directora dos Correios de Macau, Lau Wai Meng, afirmou que a proposta da revisão da lei orgânica dos serviços pode ser entregue ao Conselho Executivo (CE) já no próximo Setembro, para corresponder à inclusão da Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomunicações (DSRT). É já no inicio do próximo ano que a DSRT irá retornar à estrutura dos Correios de Macau, depois da separação dos organismos em 2000. Segundo o canal chinês da TDM, a directora dos Correios referiu que está a rever a Lei Orgânica dos serviços, prevendo concluir ainda este mês e entregar ao CE para discussão no início do próximo. “Para a inclusão dos Correios e da DSRT, a Lei Orgânica dos serviços precisa de ser revista. A primeira edição já está concluída mas ainda é preciso aperfeiçoar, e ouvir as opiniões dos outros departamentos. Esperamos corresponder o calendário actual e concluir a revisão em Agosto e entregar ao CE em Setembro”, disse. Lau Wai Meng disse ainda que os Correios são um organismo de pessoa colectiva que possui autonomia financeira e administrativa, assumindo as responsabilidades pelos seus lucros ou prejuízos. Quando as duas direcções se fundirem numa só, será aproveitado o ajustamento e a complementação mútua do pessoal para atingir o objectivo de optimizar a governação. “O pessoal profissional não pode ser ajustado porque a área é definida. Mas quanto ao pessoal de apoio das duas direcções, poderá ser complementado mutuamente. A verdade é que não precisamos de recrutar mais funcionários”, esclareceu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaHo Iat Seng | Possível eleição de Coutinho em Lisboa levanta “questão diplomática” No balanço da 2ª sessão legislativa, Ho Iat Seng pouco falou sobre a possibilidade do deputado José Pereira Coutinho poder vir a ter um assento na Assembleia da República. Contudo, diz tratar-se de uma “questão diplomática”, à qual apenas o deputado apenas pode responder. Coutinho prefere não comentar [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]o Iat Seng foi confrontado com a possibilidade do deputado José Pereira Coutinho ser candidato à Assembleia da República em Portugal, Ho Iat Seng disse tratar-se de “uma questão diplomática”. “É difícil responder tratando-se de uma questão diplomática. Em Macau o deputado deve observar as leis de Macau e deve prestar fidelidade à República Popular da China (RPC). Quanto a essa dupla finalidade (de respeito das leis chinesas e portuguesas) não me atrevo a dizer muito. Eu sou membro da Assembleia Popular Nacional (APN) e tenho essa fidelidade à RPC e à constituição chinesa”, disse, lembrando que, a acontecer a eleição, se trata de uma situação inédita em Macau. “Creio que sim, se calhar antes da transferência sim (aconteceu), mas depois da transferência não. Ele é que se vai candidatar e nenhuma lei fala sobre esta questão. Como é que vai ter reuniões aqui e em Portugal? Os voos ainda demoram 12 horas. Ele próprio terá de responder.” Ao HM, Coutinho não quis comentar as palavras do presidente da AL, frisando que está focado nas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). Ao HM, o deputado, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), já tinha garantido que o acordo com um partido político português estaria quase finalizado. “Só irei tornar público o partido com o qual me vou candidatar depois das eleições para o Conselheiro das Comunidades Portuguesas, mas sim, estou em negociações e [o acordo] já está quase assinado”, confirmou. Quanto à dualidade de funções em dois parlamentos distintos, Coutinho disse também não ver dificuldades de conciliação. “Como sabe, o deputado à Assembleia da República não necessita de, fisicamente, estar presente em Lisboa, portanto há que percorrer as comunidades do resto do mundo para se inteirar dos pormenores, dos problemas, das ansiedades, das necessidades específicas de cada uma das comunidades espalhadas pelo resto do mundo e é isso que vamos fazer para que de facto estejamos bem representados na Assembleia da República”, garantiu. Coutinho tem de apresentar até hoje, segunda-feira, a sua candidatura como deputado em Portugal. O deputado e presidente da ATFPM tem estado em Lisboa em encontros e negociações de cariz político, tendo inclusivamente marcado presença na festa de rentrée política do Partido Social-Democrata, no Pontal, Quarteira, Algarve.
Hoje Macau SociedadeCorrupção | AMCM assina acordo com Banco da China [dropcap style= ‘circle’]A[/dropcap] Autoridade Monetária de Macau (AMCM) assinou um acordo de cooperação com o Banco da China que visa uma maior troca de informações no combate à lavagem de dinheiro e à corrupção entre o Governo Central e a RAEM. A notícia, avançada pela edição de domingo do jornal de Hong Kong, Sunday Morning Post, refere serem desconhecidos os detalhes do acordo, do qual se sabe apenas que deve servir para apertar o cerco ao branqueamento de capitais que tem alegadamente lugar nos casinos da região. O periódico afirma que este acordo promove uma cooperação “sem precedentes” neste campo e o facto dos seus detalhes serem desconhecidos pode levantar suspeitas sobre o grau de independência de Macau face à China. A mesma notícia, que cita um comunicado do Banco da China, refere que os dois lados vão adoptar as recomendações feitas pelo Grupo de Trabalho de Acção Financeira (FATF, na sigla inglesa). Combate e independência “A FATF é uma entidade intergovernamental criada em 1989 (…) cujos objectivos são estabelecer padrões e promover a implementação de medidas legais, regulatórias e operacionais para combater a lavagem de dinheiro, o financiamento do terrorismo e outras ameaças relacionadas”, informa a entidade no seu website oficial. Portugal é um dos 34 países-membros da FATF. A assinatura deste Memorando de Entendimento (MOU, na sigla inglesa) levanta questões de independência nos dois únicos territórios que são considerados autónomos: Macau e Hong Kong. “Somos uma entidade autónoma, ou não? Se Macau é, então nós [Hong Kong] também devíamos promover esse tipo de informações a Pequim”, refere uma fonte do Sunday Morning Post, identificada como empresário industrial. Ao mesmo jornal, um especialista em Jogo disse, em tom de aviso, que a RAEHK devia ser cautelosa quanto aos próximos passos do Governo Central. “A campanha anti-corrupção não abarca só Macau e se este tipo de acordo pode ser feito numa das RAE, porque é que não vai ser feito na outra?”, questionou.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeEmpregadas | Associações pedem fiscalização das agências de contratação Dois grupos locais representaram ontem o sector das empregadas domésticas e pediram mais fiscalização ao trabalho das agências de contratação, mas principalmente mais comunicação entre empregados e empregadores [dropcap style= ‘circle’]O[/dropcap] grupo Migrant Indonesian Concern e a União Progressiva Laboral pediram ontem mais comunicação entre as facções dos empregadores e o patronato, numa conferência que teve como mote o protesto do próximo domingo contra a actividade das empregadas domésticas no território. A ideia de promover uma maior comunicação entre estes dois sectores foi levada a cabo ontem por duas entidades que não só condenam a atitude da empregada doméstica vietnamita no caso da criança que sofreu um traumatismo, mas também pedem uma maior regulamentação para as agências de contratação. “O Governo precisa de melhorar o sistema de regulação das agências de contratação (…) Estas não são reguladas e o público não está bem informado, o que faz com que as pessoas saibam apenas algumas coisas (…) As empregadas encaram taxas altas das agências e o armazenamento ilegal de documentos de identificação e bancários”, adianta um comunicado do evento. “Estes actos são ilegais e promovem a desigualdade entre as empregas domésticas”, sublinha a mesma nota. Lucros dos dois lados De acordo com o activista local Jason Chao, que ajudou a organizar o evento, as agências estão a lucrar não só com o patronato, mas também com as funcionárias. Chao preferiu não reproduzir os testemunhos que duas empregadas deram no local, mas adiantou que num dos casos, a agência lhe retirou o cartão multibanco e o passaporte até que a situação da contratação estivesse resolvida. “[Houve casos em que] mantiveram os seus passaportes e o cartão de ATM”, disse ao HM. Em comunicado, as entidades pedem que as duas facções deixem de estar uma contra a outra, deixando claro que ambas ganham em se entenderem. Presentes na conferência estiveram empregadas domésticas da Indonésia e das Filipinas, nacionalidades que perfazem a esmagadora maioria do sector. “Antes de mais, esperamos que a comunidade de Macau compreenda, calmamente, a verdadeira natureza do trabalho migrante; percebemos perfeitamente que os nossos patrões também estejam a sofrer com o acontecimento, mas nós também somos mulheres trabalhadoras que nos esforçamos pelas nossas famílias”, referem os dois grupos de apoio às funcionárias, em comunicado. Estes frisam, ainda, que “a maioria tem boas relações com os seus funcionários”, pelo que não querem que “eventos isolados” afectem as contribuições dadas à comunidade desde há vários anos. Regras mais claras De acordo com declarações de Jason Chao ao HM, os dois grupos pedem também que sejam criado um contrato de trabalho mais pormenorizado, à imagem do de Hong Kong. “Embora haja um contrato especializado para empregadas domésticas estrangeiras em Macau, poucos locais têm conhecimento da sua existência e o seu conteúdo não é extenso. Deve ser adoptado um contrato estandardizado à semelhança do de Hong Kong para assegurar os direitos de empregados e empregadores e que inclua o período e aumento do ajustamento salarial para efeito de cessação do contrato”, sublinha o comunicado.
Joana Freitas BrevesCAM com mais voos para destinos asiáticos [dropcap= ‘circle’]S[/dropcap]egundo o Jornal Ou Mun, o director do departamento Marketing da Companhia de Aeroporto de Macau (CAM), Eric Fong disse estar a negociar a cooperação com as companhias aéreas da Índia e da Indonésia para que sejam criadas mais ligações aéreas entre cidades destes países e Macau. O director falava durante a cerimónia de inauguração do primeiro voo directo entre Macau e Haiphong, no Vietname. Este é operado pela companhia aérea vietnamita Jetstar Pacific, que realiza dois voos por semana, todas as segundas e sextas-feiras. Na mesma cerimónia, Apotter Zhang, o director da zona Grande China da Jetstar Pacific referiu que vão ser inauguradas mais três linhas internacionais, com ida e volta de Macau para as cidades vietnamitas de Ho Chi Minh e Nha Trang, sem esquecer Hong Kong e a cidade de Okinawa, no Japão. O director substituto da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Cheng Wai Tong, mostrou-se confiante de que o sector aéreo possa vir a abrir mais voos em Macau como forma de diversificar o turismo.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeMetro ligeiro | Seac Pai Van: primeira proposta segue em frente O GIT assegura seguir a opinião unânime da população e decide-se pela construção da proposta número um, de entre as três apresentadas há mais de um ano e meio. As carruagens, no entanto, devem ficar-se pelo Japão. Pelo menos até que o parque de materiais e a oficina estejam concluídos [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara a zona de Seac Pai Van, é a proposta um do traçado do metro ligeiro – das três pensadas – que mais consenso gerou entre a população, de acordo com um comunicado do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT). “Das três propostas alternativas, a 1ª proposta tem o nível de apoio relativamente elevado, uma vez que o seu traçado é mais directo que os outros e causa menor impacto à zona comunitária e ao ambiente residencial”, refere o GIT. Assim, a primeira proposta passará a ser a solução recomendada da Linha Seac Pai Van, sendo desenvolvido, na próxima fase, o estudo aprofundado”, assegurou o mesmo Gabinete. A auscultação pública, que durou 45 dias, quis ainda saber qual a opinião dos moradores sobre a eventualidade de estender a linha até Coloane, mas “a maior parte dos participantes não expressou opiniões sobre esta matéria”. Sob o mote “simples, directo e de fácil extensão”, o desenho prevê três paragens que começam no posto fronteiriço da Flor de Lótus, passam pelo Hospital das Ilhas e acabam na Estrada de Seac Pai Van. As propostas foram dadas a conhecer pelo GIT em Janeiro do ano passado e mais de 3200 pessoas deram, até final da semana passada, a opinião sobre que traçado preferiam. A segunda proposta projecta uma linha muito semelhante à da seleccionada, com diferença no destino final: fica-se pelo Complexo de Habitação Pública de Seac Pai Van. A terceira e última opção começa e acaba nos mesmos locais da primeira, mas pára frente à entrada principal do Hospital das Ilhas. Recorde-se que diz respeito à escolha da segunda proposta, Ho Cheong Kei, coordenador-adjunto do GIT disse, em Janeiro de 2014, que seriam instaladas barreiras para evitar que o ruído afecte aquela zona. “Vamos instalar algumas barreiras para reduzir os níveis de ruído. A minha conclusão inicial é que mesmo com este equipamento, não haverá grandes diferenças”, disse. O coordenador-adjunto acrescentou que este projecto não possibilita a extensão até Coloane. De acordo com as contas do GIT, a conclusão do projecto vai demorar entre três a quatro anos. Carruagens a meio caminho O GIT disse estar a coordenar com o fornecedor das carruagens do metro ligeiro para que estas sejam guardadas na fábrica onde estão a ser produzidas, no Japão. O mesmo Gabinete quer ainda resolver a problemática da construção do parque com a cessação do actual contrato, tentar recuperar o terreno em causa e abrir novo concurso público para recomeçar as obras. Assim, as peças só teriam que ser transportadas para o território quando o parque de materiais e a oficina estivessem concluídos. Recorde-se que o funcionamento do metro ligeiro deveria ter início no próximo ano de 2016, tendo o Executivo encomendado 110 carruagens. No entanto, o local de armazenamento das mesmas está numa fase inicial, com apenas 10% da obra concluída. O deputado Ho Ion Sang já havia questionado o Governo acerca desta matéria, querendo saber se a qualidade do transporte iria ser afectado caso não houvesse onde guardá-lo enquanto este não se encontrava em deslocações. Segundo o Jornal Ou Mun, o GIT referiu que o fornecedor do sistema e das carruagens do metro, no Japão, está já a efectuar testes e a montagem dos equipamentos das carruagens, enquanto o Governo local está a negociar com o fornecedor para que estas fiquem guardadas na fábrica do Japão onde são produzidas. O GIT espera assim que a vinda das carruagens aconteça apenas quando “houve condições” para tal. A entidade acrescenta que o Governo pediu ao fornecedor que fosse feita uma manutenção adequada das carruagens, de forma a mantê-las em boas condições e prolongar o seu período de uso. No entanto, o organismo não revelou se o armazenamento temporário na fábrica japonesa vai implicar despesas além-orçamento, nem se o período de garantia destes elementos se mantém o mesmo. Ao mesmo jornal, o GIT disse ainda que não houve consenso entre o Governo e a empresa responsável pela construção do parque de materiais e oficina. Assim, foi já enviado um assessor jurídico para negociar com o advogado da empresa: o objectivo, para já, é cessar o contrato existente.