Joana Freitas BrevesEstação de águas de Seac Pai Van avança em 2019 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] primeira fase da estação de tratamento de águas na zona de Seac Pai Van deverá estar concluída em 2019. A informação foi confirmada ontem no âmbito de mais uma reunião do grupo de clientes da Macau Water. Segundo um comunicado, Nacky Kuan, directora-executiva da concessionária, referiu que a Macau Water já entregou o plano de fornecimento de águas ao território para os próximos cinco anos, sendo que um dos projectos será a estação de tratamento de águas em Seac Pai Van, que terá a capacidade para mil metros cúbicos de água. A reunião serviu ainda para a apresentação dos resultados de um inquérito feito aos residentes, o qual mostra que cerca de 80% dos mais de 500 entrevistados estão satisfeitos com o comportamento da empresa.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping e José Eduardo dos Santos reúnem em Joanesburgo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, e o homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, reuniram-se ontem na África do Sul, à margem da segunda cimeira do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), que arranca esta sexta-feira em Joanesburgo. De acordo com informação do ministro das Relações Exteriores angolano, Georges Chikoti, além da cooperação bilateral, sobretudo ao nível do desenvolvimento económico, a reunião servirá para os dois estadistas analisarem assuntos das relações internacionais. “Penso que os dois presidentes vão tratar também questões relacionadas com o Conselho de Segurança [da ONU], com a paz e a estabilidade na região da África central e provavelmente alguns aspectos bilaterais, entre Angola e a China”, disse ontem Georges Chikoti. A segunda cimeira do FOCAC realiza-se esta sexta-feira e no sábado em Joanesburgo, com Angola a prever o reforço dos mecanismos de cooperação bilateral. Moeda de troca Na apresentação desta cimeira, na segunda-feira, o embaixador chinês em Luanda, Cui Aimin, revelou que decorrem reuniões entre grupos técnicos dos dois países que visam alcançar acordos monetários (troca de moeda), de investimentos recíprocos e de facilitação de vistos entre Angola e a China. “Temos boas perspectivas para o futuro da nossa cooperação”, sublinhou o embaixador Cui Aimin, relativizando o arrefecimento económico actual em Angola, fruto da crise do petróleo. A representação angolana será liderada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, que voltará a reunir-se com o homólogo chinês, depois da sua visita a Pequim em Junho último, em que foi garantido um novo empréstimo da China a Angola, de seis mil milhões de dólares. A Lusa noticiou a 12 de Outubro passado que os bancos centrais de Angola e da China estão a acertar os pormenores de um acordo que vai permitir o uso das moedas nacionais de ambos os países nas trocas comerciais bilaterais. O governador do Banco Nacional de Angola, José Pedro de Morais, disse que esse acordo vai trazer “muitas vantagens”, tendo em conta a falta de divisas que o país enfrenta para garantir as necessidades de importação. “A moeda chinesa hoje é uma moeda vastamente utilizada nas trocas comerciais internacionais e vamos ter muitas vantagens quando este acordo puder ser utilizado”, referiu José Pedro de Morais. O acordo vai permitir que os agentes económicos de ambos os países possam usar a moeda chinesa em Angola e a angolana na China, facilitando as trocas comerciais. “Hoje em dia, há um apoio muito grande das instituições financeiras internacionais a este tipo de acordos, porque ele permite garantir que o comércio externo se continue a fazer sem recurso a uma terceira moeda, que neste caso seria o dólar”, frisou o governante angolano.
Leonor Sá Machado Eventos MancheteFundação Oriente | Exposição de Manuel Cargaleiro inaugura na próxima semana [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] pintor e ceramista português Manuel Cargaleiro vai ter algumas das suas obras expostas na Casa Garden a partir da próxima quinta-feira. A mostra, intitulada “Manuel Cargaleiro – Pintura (1954-2006)”, reúne um conjunto de trabalhos feitos durante este período e ficará patente até 3 de Março do próximo ano. Com entrada gratuita, e com 40 peças, a mostra abre portas às 18h30 do próximo dia 10 e promete fixar o olhar dos fãs de Macau. “Manuel Cargaleiro é considerado um dos artistas mais proeminentes da cultura portuguesa da actualidade e a sua obra abrange cerâmica, pintura, gravura, guache, tapeçaria e desenho”, explica a Fundação em comunicado. “Na sua pintura pode distinguir-se um sentido ornamental e decorativo. O trabalho da tela confunde-se com o dos azulejos, na repetição dos quadriláteros, na escolha dos azuis e por uma certa obsessão pelo enquadramento”, continua. Nascido em 1927 em Vila Velha de Ródão, Cargaleiro começou as suas primeiras experiências em 1945. Foi apenas um ano depois que ingressou no curso de Geografia e Ciências Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. No entanto, tal ficou para trás, uma vez que passou a dedicar-se a tempo inteiro às artes. Em 1952, faz a sua primeira exposição individual no Palácio Foz, em Lisboa. A década de 50 foi crucial para Cargaleiro em termos académicos, já que leccionava na Escola António Arroio. Esses foram também os tempos em que frequentava o Café Gelo do Rossio, onde foi criado o “grupo do gelo”, que integrava jovens artistas ligados ao Surrealismo – Mário Cesariny, Luiz Pacheco e Ernesto Sampaio eram alguns deles. Ao mesmo tempo, frequentava o grupo dos intelectuais d’A Brasileira, desde e para sempre conhecido como o café dos artistas e das tertúlias. Foi em meados da mesma década que estudou Cerâmica em Florença, Roma e Faenza, através de um programa de bolsas de estudo oferecida pelo governo italiano. Em 1958, ingressou num outro projecto do género, desta vez financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. A paixão pela cidade fez com que se mudasse em 1959 para até hoje viver de forma intermitente entre as capitais francesa e portuguesa. A simplicidade do talento Manuel Cargaleiro é sinónimo de talento para a pintura e para a cerâmica, para o ensino e para a olaria. Foi nos tempos da escola secundária que o artista português arregaçou as mangas e meteu mãos à obra com a ajuda de José Trindade, o homem que abriu as portas do talento ao pintor. Com a ajuda do proprietário da olaria, Cargaleiro levava as peças para casa e secava-as no forno da mãe. “Aqueles foram os meus primeiros trabalhos”, confessou no documentário “Obsessão da Luz”, que passou na RTP1. Os alfacinhas anos 50 eram, de certa forma, duros para a classe artística portuguesa. “Não se vivia das artes em Portugal, só viviam os artistas que trabalhavam para o Estado”, disse no referido filme. “Socialmente, um artista não era bem visto e eu via isso até na minha família. Lembro-me dos amigos dos meus pais questionarem ‘mas afinal, o que é ser artista?’”, continuou. Na biografia documental, Cargaleiro explica que poucos artistas o eram a tempo inteiro. “Muitos eram professores” para encher os bolsos. Além disso, dá o crédito ao Estado Novo por ter escolhido “artistas de primeiríssima categoria” para trabalhar para o governo. Exemplo disso, disse, é Almada Negreiros. É em 1990 que Cargaleiro cria a sua própria fundação, de nome homónimo. Várias outras foram criadas pelo país, inclusive em Itália. Manuel Cargaleiro não estará em Macau para a inauguração da mostra, mas foi o artista quem escolheu as obras a figurar nas paredes da Casa Garden, que para a semana se prepara para eternizar a vida e obra de Cargaleiro.
Andreia Sofia Silva EventosBienal de Shenzhen | BABEL participa para debater urbanismo local [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] já no próximo dia 18 que a entidade cultural BABEL vai estar presente na Bienal de Shenzhen, onde vai promover uma mesa redonda baseada no livro lançado em Outubro intitulado “Macau Sessions – Dialogues on Architecture and Society”. Ao lado de Margarida Saraiva e Tiago Quadros, fundadores da BABEL, vão participar Hendrik Tieben (professor de Arquitectura na Universidade Chinesa de Hong Kong) e Thomas Daniell, coordenador do curso de Arquitectura da Universidade de São José (USJ). Ao HM, o arquitecto Tiago Quadros considera “fundamental” ir a Shenzen e mostrar aquilo que está a acontecer com o urbanismo local. “A ideia é, a partir do livro, procurar construir um debate e envolver o público que vai estar em Shenzen. Acho que é fundamental que o tema Macau saia do seu território e se encontre com outras pessoas para ser debatido”, apontou. Para Tiago Quadros, algumas das questões que Macau está a viver neste momento são comuns a outros territórios da Ásia. “Uma das questões amplamente discutidas no livro é a falta de relação que existe entre Macau e os territórios vizinhos. Um exemplo pragmático é a falta de relação que existe entre Macau e Zhuhai e falo da relação da frente marítima. Existe a relação transfronteiriça, mas os dois territórios estão praticamente de costas voltadas em relação ao rio”, exemplificou. Dores de crescimento A mesa redonda em Shenzhen vai, sobretudo, abordar o crescimento exponencial que Macau tem registado nos últimos anos. “Este crescimento é absolutamente incrível, do ponto de vista do estudo, mas sabemos que este enorme crescimento tem de facto algo de horrível. O que é fundamental é percebermos qual é o impacto que este crescimento vai ter nos habitantes de Macau, que tem a ver com questões relacionadas com a qualidade de vida. Basta pensarmos no tráfego que existe e que não existia e este crescimento também não foi acompanhado da qualificação do espaço público”, rematou. Criada em 2005, em Shenzen, a Bienal acabaria por se juntar à vizinha Hong Kong dois anos depois, ganhando o nome de “Bi-City Biennale”. Dez anos depois, intitula-se como a única bienal de Arquitectura e Urbanismo do mundo.
Hoje Macau EventosPequim | Artista chinês faz tijolo a partir de partículas recolhidas na atmosfera [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m artista chinês conseguiu fazer um tijolo a partir das partículas recolhidas ao longo de 100 dias na atmosfera de Pequim, cidade com altos níveis de poluição do ar, recorrendo a um aspirador industrial. Antigo gestor de publicidade, o artista, que se auto-designa “Jianguo Xiongdi” (“Irmão Noz”, em português), parece ter sido inspirado pela espessa nuvem de poluição que regularmente envolve a capital chinesa, segundo o portal de notícias chinês cfp.cn. “É o meu contributo para chamar a atenção do público para o facto de que a poluição do ar constitui uma ameaça séria à saúde humana”, explicou o artista, natural de Hebei, a província vizinha de Pequim. Para este projecto, desenvolvido entre os dias 24 de Julho e 29 de Novembro, o “Irmão Noz” recorreu a um aspirador com uma potência máxima de 1.000 watts e um fluxo de ar de 234 metros cúbicos por hora. Pelos padrões da Organização Mundial de Saúde, a densidade das partículas PM2.5 – as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões – não deverá exceder os 25 microgramas por metro cúbico. Esta semana, em Pequim, o nível chegou a exceder os 600, tornando a atmosfera “gravemente poluída”, e as autoridades locais colocaram a cidade em alerta laranja – o segundo mais alto. De acordo com a imprensa estatal, 2.100 fábricas e estaleiros considerados altamente poluentes foram temporariamente encerrados e os residentes aconselhados a evitar actividades ao ar livre. A nuvem de poluição reduziu a visibilidade a pouco mais de uma centena de metros. Em grande parte do norte da China, o sol ‘desapareceu’ completamente do céu. O cenário “airpocalíptico”, como lhe chamam, jocosamente, os internautas chineses, coincidiu com o arranque da conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, em Paris, que contou com a presença do Presidente chinês, Xi Jinping.
Joana Freitas EventosGrand Coloane | Semanas com cheirinho a Natal para crianças e adultos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Grand Coloane Beach Resort (antigo Westin), em Coloane, vai dedicar o dia de hoje, o fim-de-semana e as próxima semanas à quadra que aí se aproxima. O Natal vai, assim, tomar formas diferentes, com workshops e mercados dedicados tanto a miúdos, como a graúdos. Hoje, o dia começa com filmes para os mais pequenos. A “Kid’s Movie Night” acontece no Porto Bar e é especifica para crianças dos cinco aos 12 anos. Por 150 patacas, além do filme, são ainda servidos snacks e bebidas. A noite repete-se a 11 e a 18 de Dezembro e é necessário inscrição. Para os mais velhos, o domingo é dedicado a um workshop de decoração de Natal, com o programa a repetir-se a 13 e 20 de Dezembro. Carolle Delavelle é a responsável pelas aulas e fornece também os materiais. Carolle é uma designer de arranjos florais. O primeiro dia do workshop é para os interessados saberem como melhor decorarem a árvore, sendo o segundo dedicado às guirlandas de Natal e o terceiro ao arranjo de centro da mesa. O preço dos workshops é de 680 patacas. De pequenino… Sábado e dias 13 e 20, é a vez das crianças aprenderem a fazer obras artesanais temáticas. Dos três aos dez anos, todos são bem-vindos a aprender com Cátia Silva, do Bad Bad Maria, como mexer em materiais e texturas e transformá-los em bonitas decorações. Os workshops custam 350 patacas. Dia 12 e 19 de Dezembro é a vez de Manuela Guerreiro ensinar como se fazem os melhores bolos e biscoitos de Natal. A 6 e 13 o coro Macau Suite vai encantar com sons natalícios, das 15h00 às 17h00, e os The Green Pastures Youth & Chidren Choir aquece os corações com música no dia 20, 24 e 25. Além dos espectáculos, uma das grandes atracções prometidas pela organização é o Christmas Village Market – dias 6, 13 e 20, das 11h30 às 18h30 – pode encontrar, promete a organização, tudo o que precisa para o seu natal. Aos fins-de-semana e feriados as crianças podem ainda fazer jogos de Natal e tirar fotografias com o Pai Natal e ao longo de Dezembro o hotel tem ainda menus dedicados ao Natal, com buffets incluídos.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasTentativa inglesa de ocupar Macau [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] pelos documentos chineses, as chapas, trocados entre mandarins chineses e a resposta do Imperador Jiaqing durante a invasão inglesa de Macau em 1808, que Marques Pereira nos apresenta a visão oficial da China sobre os invasores. No princípio do século XIX, por três vezes a Inglaterra tentou tomar Macau, sempre com o pretexto de vir ajudar os portugueses de uma hipotética invasão dos franceses. Mas, tal como os portugueses se opunham a tal ajuda, também os chineses não viam com bons olhos esse auxílio. A 21 de Setembro de 1808, os ingleses aqui desembarcaram e os mandarins de Guangdong enviaram vários recados contra essa estadia, só entendidos quando os chineses cessaram o comércio com a Companhia Inglesa das Índias Orientais e por isso, para conseguir reatar o comércio em Cantão, os britânicos retiraram de Macau. A 12 de Outubro de 1808, a chapa dirigida pelo mandarim da Casa Branca ao Vice-Rei de Cantão diz: Ao presente os ingleses têm vinte e tantos navios, ou mais, bloqueando Manila, que fica distante da ilha do Ladrão quarenta e oito kings (1440 km). Portanto o expediente de cortar os víveres a Macau não é suficiente para obrigar os ingleses a ceder. Os soldados ingleses em terra são muito fracos, nada podem, mas as suas armas de fogo são em verdade terríveis. As suas bombas de ferro, de dez, três e duas mil libras de peso, são inumeráveis. Têm também muitas de bronze, e algumas montadas em carretas de rodas com seus aparelhos completos, e podem cursar até à distância de dez, a vinte lis (5 a 10 km). Além disto trazem eles espingardas, que por si mesmas dão fogo, sem ser necessário aplicar-lhes o morrão. Têm igualmente máquinas de fogo e água, e as suas bombas para acudir a incêndios podem alcançar a cem e a duzentos côvados de distância. Também trouxeram morteiros para arremessar bombas e expugnar cidades. Conduziram mais de trezentas tendas de campanha, que armaram desde S. Paulo até Patane, de sorte que estão resolvidos a não sair de Macau, e têm já segurado todos os lugares, guarnecendo-os com soldados e armas de fogo. Além do sobredito, também tenho sido informado de como catorze reinos, que os ingleses antecedentemente dominavam, quase todos têm seguido o partido da França, e agora só restam debaixo do seu governo Malaca, Pinão e Tipú. Madrasta e Bengala, que são as duas terras principais escolhidas pelo seu rei para capitães, são comunicáveis por terra. (Archivo da Procuratura.) Segundo Gonzaga Gomes, a 16 de Outubro, “as autoridades chinesas pediram, com insistência, ao Governo de Macau, que fizesse sair da cidade as tropas inglesas que aqui haviam desembarcado”. Cinco dias depois, “principiaram os distúrbios entre os chineses e os soldados da força inglesa. O Procurador Manuel Pereira oficiou aos mandarins de Hèong-sán e Casa Branca, pedindo providências para a repressão dos chineses. Os mandarins responderam que não eram precisas leis para castigar crimes que não deviam existir no império, que embarcassem os ingleses e tudo ficaria remediado”. Mas só a 23 de Outubro, “o Vice-Rei Chiun-Kuan, em seu nome e das mais autoridades superiores de Cantão, participou ao Imperador o desembarque das tropas inglesas em Macau, dando também conta das providências que tomara, sem resultado, para constranger o almirante Drury a pôr termo a essa ocupação.” Pedido aos ingleses para abandonar Macau Segundo refere Marques Pereira, cada dia que passava desde a permanência das tropas ingleses em Macau, cresciam as dificuldades e por isso, os sobrecargas da companhia inglesa (Roberts, Patle, Brameston, Helphinstone e Baring) escreveram em 29 de Outubro ao Governador Bernardo Aleixo de Lemos e Faria, queixando-se que ele não promovia entre os habitantes de Macau a simpatia que era devida ao auxílio britânico, nem expunha às autoridades chinesas os justos motivos da ocupação. No dia 30, respondeu-lhes Bernardo Aleixo: «Entre as difculdades que vos fiz antever, citei a inevitável complicação com os chineses. Tenho conhecimento do sistema do seu governo por longa experiência adquirida na prática; sei os vínculos que os unem a esta cidade e por isso previ o mau resultado da vossa empresa. Falei-vos com franqueza, e fui considerado como desafecto aos vossos projectos. (…) O senado trabalha para que não sejam reputados sinistros os fins da vossa expedição. Se tem havido desconfiança nos mandarins, não é motivada por este governo, pois tem patenteado com franqueza a sua correspondência.» Os sobrecargas replicaram a 31 de Outubro: «A carta de V. Ex.a encheu de mágoa os nossos corações pelas circunstâncias em que se acham os habitantes de Macau. Tudo nasceu do comportamento do Senado. Se adoptasse o nosso sistema não teria agora de ver essas lástimas. (…) Em verdade dissemos que o almirante removeria todos os obstáculos em Cantão. Assim aconteceria se o governo de Macau se unisse cordialmente com o almirante. Os esforços que V. Ex.a promete empregar em suas representações ao governo chinês são para nós de grande valor. Sabemos que hão-de produzir bom efeito. Estamos persuadidos de que só o governo de Macau pode remover as presentes dificuldades e misérias.» Retirada inglesa A chapa de 4 de Dezembro de 1808, enviada pelo Vice-Rei das duas províncias do Guangdong e do Guangxi ao Almirante inglês William Drury e ao primeiro sobrecarga da Companhia Inglesa, refere o despacho do Imperador Jiaqing (1796-1820) que está concebida nos termos seguintes: «Eu o mandarim Vú, (…) por esta declaro e faço saber a todos que, constando- -me haverem entrado em Macau tropas inglesas, dei parte desse acontecimen- to a sua majestade o imperador, cujo despacho, ou decreto, que ao presente recebi, é do teor que vai ler-se: O sun-tó Vú-chiung-kuang e mandarins de Cantão me deram parte de haverem as tropas inglesas entrado sem permissão em Macau. Esses ingleses, pretextando haverem os franceses invadido e senhoreado o reino de Portugal, seu íntimo aliado, dizem que, receando que os portugueses residentes em Macau sejam atacados pelos franceses e que o seu comércio seja embaraçado, enviaram um chefe conduzindo soldados da sua nação e navios de guerra para os ajudarem a defender-se, e também para protegerem o seu próprio comércio. Nenhuma destas palavras se pode acreditar, pois nunca houve tal costume. A tal respeito ordeno por tanto que, se os ditos soldados e navios estrangeiros tiverem já ao presente evacuado Macau, esta pendência se haja por nda; mas, se ainda não tiverem saído, logo se expeça ordem ao sun-tó Vú-chiung-kuang e mandarins de Cantão, para que enviem escolhidos mandarins de letras e de armas, que irão como delegados a Macau intimar este decreto, e os mesmos delegados rigorosamente repreendam e castiguem, segundo as leis proibitivas da celestial dinastia, com suma severidade e sem indulgência, para com este exemplo se evitarem semelhantes atentados. Na ocorrência de inimizade entre os portugueses e franceses, ainda que eles se combatam e matem, como isto acontece fora dos limites do império, não se intromete este nas suas contendas, nem lhes vai perguntar o motivo delas. Como porém nestes anos os estrangeiros de remotas regiões andam em guerras, se os de dois reinos entre si inimigos, combatendo-se e matando-se reciprocamente, chegarem às portas deste império e solicitarem algum adjutório, ou alívio, prestar-lho-ei sem dúvida, conforme a minha costumada piedade, mas sem a menor paixão por nenhuma das partes contendentes. O império da China, como os demais reinos estrangeiros, todos têm marcados os seus limites de território. Devem lembrar-se de que os navios da China jamais sulcam os mares em distância, desde que foram aos países estrangeiros demarcar os respectivos limites, ao passo que os navios europeus de guerra têm ousado aproximar-se a Macau, desembarcando ai os seus soldados, o que é uma ambição e cegueira extrema. Em quanto a alegarem que vieram para auxiliar os portugueses de Macau, receando que eles sejam atacados pelos franceses, – porventura ignoram que, habitando esses portugueses o território do império, nunca os franceses se os mesmos franceses tentassem ofender as leis da celestial dinastia, nunca as mesmas leis lho perdoariam? E que não haveria indulgência alguma para com eles, antes, pelo contrário, seriam logo destacados robustos e valorosos soldados para os combater, devastar e matar? – Sabendo-se isto, por que razão se enviaram soldados para virem prestar semelhante auxílio e protecção? Pelo que respeita ao outro motivo alegado de se achar a costa infestada por piratas, e assim desejarem fazer serviços a este império, – devem saber que a celestial dinastia não carece de tal adjutório… Que necessidade temos pois do seu pretendido auxilio? É manifesto que a razão da sua vinda é que, tendo visto o comércio que fazem os portugueses residentes em Macau, querem aproveitar a oportunidade que lhes oferecem as suas débeis forças, e pretendem, a título de protecção, apoderar-se de aquele território, – o que é contra as leis da celeste dinastia. Os embaixadores da Inglaterra têm trazido presentes ao imperador celeste, e sempre se têm portado com todo o respeito e veneração. Desta vez porem os ingleses tem-se comportado nesciamente, infringindo ao mesmo tempo e gravemente as ordenações. Na verdade excederam os limites da razão. Convém portanto fazer-se-lhes saber que se arrependidos souberem temer e retirarem com a maior brevidade os seus soldados, enviando-os para a sua terra, ainda poderá ser relevada a culpa e admitir-se a continuação do comércio. Porem, se persistirem na demora, sem obediência às leis, não só continuarão a ser-lhes fechadas as escotilhas dos seus navios, mas também se lhes mandará fechar entrada de Macau, privando-os de mantimentos. Enviar-se-ão além disto numerosas tropas para os cercar e prender. Então se arrependerão sem remédio. (…) Se vós, os chefes dos ditos estrangeiros souberdes temer e vos arrependerdes, mandando sair os soldados, poderei então dar parte ao meu grande imperador, rogando-lhe que, por muito especial graça, vos permita a continuação do vosso comércio. Mas se, pertinazes e obcecados, não mudardes de sentimentos e insistirdes na demora, não me restará então outro expediente mais do que, obedecendo ao imperial decreto, dispor e ajuntar um numeroso exército, com o qual vos mandarei cercar e prender a todos. Obedecei pois prontamente, para não vos arrependerdes depois.» Marques Pereira refere ter achado esta tradução numa colecção particular de manuscritos, que “hoje me pertence. Ai se diz que a foi entregue em mão própria, neste mesmo dia 4 de Dezembro, em uma das ilhas deste arquipélago, vizinha de Hang-fui, ao primeiro sobrecarga da Companhia, Roberts, pelo governador da cidade de Cantão e por um mandarim militar de graduação superior, os quais todos se reuniram ali para o acto, achando-se presentes os capitães dos navios da Companhia.” Gonzaga Gomes adita que a 17 de Dezembro o Ouvidor Arriaga conseguiu fazer reembarcar o corpo expedicionário inglês do almirante Drury. Mas segundo Montalto de Jesus: “A 18 de Dezembro o mandarim de Heangshan informou o procurador de que se à meia-noite ainda lá estivessem as tropas inglesas, o exército chinês entraria em Macau, em conformidade com o decreto imperial. O embarque, que estava então a ser feito, completou-se a 19, para alívio e alegria da cidade. Então, o mandarim insistiu na imediata partida do esquadrão. Antes de partir o contra-almirante Drury manifestou o seu reconhecimento a Lemos Faria, cujas declarações, admitia ele agora, eram verdadeiras e justas.” A 1 de Janeiro de 1809, o Vice-Rei de Cantão fez “saber a todos os europeus que, por desembarcarem soldados ingleses em Macau, jamais se lhes devia permitir comerciar neste império. Contudo, lembrando-nos que o seu rei oferecera tributo ao nosso imperador, relevamos a ofensa que nos fizeram pela sua entrada em Macau. Agora, depois de enviarem os soldados às suas terras, pedem os sobrecargas, arrependidos, perdão com muita humildade, afim de se lhes permitir comerciar neste império. Conhecendo a misericórdia do nosso imperador, cedemos às repetidas súplicas das sobrecargas, deixando que desembarquem as suas mercadorias e possam vende-las nesta cidade. Devem receber esta graça como um benefício extraordinário. Vê-se que as leis chinesas têm enfraquecido com o tempo; mas no futuro haverá mais rigor. De aqui em diante, se algum europeu se atrever a quebrar as leis do império, será expulso para sempre.” Quarenta anos após este episódio, os ingleses vieram fazer guerra à China, ficando ela conhecida pela I Guerra do Ópio.
Anabela Canas de tudo e de nada h | Artes, Letras e IdeiasO cume ou o passo [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]oite alta. Há um ponto preciso na noite. Como na escalada de uma montanha, o cume, ou o passo. Era um facto indiscutível, o de que ela pisava cautelosa, todos aqueles corredores labirínticos, um cuidado furtivo para não mover um só grão de poeira, desarrumar a poalha invisível sabida por ali. Mesmo um reflexo ténue de luz, que não poderia agitar-se. Ou mesmo o ar. Havia que deixá-lo intacto à passagem. Sem correntes. Abri-lo lenta e estruturadamente num rasgo certo, delicado, cirúrgico e à medida, sem perturbação maior que o impedisse de se fechar perfeito sobre si, sem cicatriz visível. Mas mil cuidados eram poucos. A atenção dividia-se lenta e alternadamente entre um olhar em torno, circunscrito ao ouvido. Às cegas, fixo. O corpo todo em espera, imóvel até ao insuportável e repensado, estendido o tempo por mais um pouco necessário. Um olhar girando lentamente no escuro, para posicionar o ouvido. Ora um, ora outro. O ouvido-guia. Só a imobilidade total para distinguir cada pequena palpitação naquele universo sombrio, espaço abstracto, quase. Vivo. E a outra atenção ao corpo, como uma arma ou instrumento de precisão, a exigir a concentração máxima. O apuro rigoroso do gesto. O tempo. A resistência. O equilíbrio. A medida exacta do movimento. E as dúvidas centravam-se numa sensação precisa de como cada pé se erguia com lentidão, descolando do soalho que inesperadamente poderia lançar um rangido lancinante na noite. Sempre imprevisto e situado como um animal escondido em qualquer das tábuas corridas do pinho, a envelhecer com os gemidos de dor que a certa altura começaram a fazer-se ouvir. Uma certa altura da sua existência de madeira morta, ou a certa altura da noite. Das muitas noites que correram sobre este cuidado. Sobre este soalho. Decolava um pé lento e preciso, sentindo-o curvar-se progressivamente até que só a ponta leve e milimétrica, ainda sobrasse em contacto. E abruptamente elevava esse pé num arco medido pelo ar, voltando a poisá-lo mais à frente. Primeiro a ponta, o arco a desfazer lento, e finalmente a planta. Os joelhos meio flectidos como na dança, a acrescentar fluidez à passada, e o poisar era em tudo inverso ao movimento anterior. Em tudo medido, aferido na memória do movimento anterior. Primeiro a ponta leve e depois, progressivamente a planta inteira a colar-se ao soalho, em silêncio total e diminuindo o peso a pouco e pouco, centrado no joelho, difundindo-se pela coluna elevando-se aos ombros e diluindo-se no ar acima deles. Sem agitação. Um movimento elevatório no momento de poisar o pé. Na eminência de sempre aí surgir o rangido escondido naquele ponto, à espreita, à espera. Estridente no resto do silêncio. Como um lamento de dor. Por isso deixar o chão devolver na medida da suavidade com que se pisa, o peso. Não pisar. Pousar e sem peso. E assim sucessivamente, como sobre papel de arroz, tentando não deixar marcas de gordura, que significariam trazer a superfície delicada atrás. Um movimento ponderado em tudo, quase felino, aprendido num velho filme de Kung Fu na infância. Diria o mestre que era a prova final. Décadas. E ainda não apurado na perfeição. O papel rasgado por vezes. Colado ao pé. O grito do chão. Os puxadores de latão a vibrar sonoros. A respiração pesada interrompida no sono. Mau sinal. Aquele sono a velar para que qualquer intervalo não fosse aquilo que não podia ser. Escuros corredores no início, mais tarde tinham que ter uma luz que afastasse as sombras pesadas, o vazio do chão, na noite. Guiar caminhos. Da memória, até. Mas difícil pedir a uma luz que ilumine até tão longe. De resto, havia ainda a tensão de todo o corpo centrado nesse gesto repetido. Como se dele, no momento estranhamente estendido, divergissem mil possibilidades, como se nele se concentrassem todos os sentidos e nada mais fosse importante. Quanto mais, existente. Ela não podia acordar. Só isso. Impossível por vezes adivinhar pesadelos que valessem o rangido inesperado da madeira. E por vezes, também, aqueles antecipavam-se a estes. Ou então os monólogos murmurados e sibilinos na noite. Calma. De uma forma intocável também. E havia ainda o labirinto a resolver temporariamente. Mil tábuas. Um dia haveria que contá-las. Mais que mil, seguramente. Mais que muitas a cobrir aquele chão de que eram face e todo. Contá-las com amor porque eram o chão a percorrer todos os dias. A querer percorrer para sempre, todos os dias. A casa. O labirinto diáfano e mutável a cobrir o chão de desconhecido, de um jogo de regras estranhas a descobrir nos próprios troços do mesmo. Sem ter um olhar longitudinal possível a garantir que essas se mantivessem ao longo de cada caminhada. Visto de dentro, é assim. Visto com o olhar de gigante será tudo óbvio. Seria. Mas não é. Não é fora do tempo e não é uma casa de bonecas. Onde guiar um carrinho minúsculo com prazer de brincar. Há que percorrê-lo na penumbra, com pontos de luz baixos localizados. E pontas de pés. Zonas de escuridão maior do que a vista alcança, mas o olhar a saber que já a seguir há um outro ponto de luz. Sempre insuficiente mas a poder guiar a inércia dos passos, mesmo fora do seu alcance. Como a necessidade de um pequeno mergulho, em que, passada a confusão, o choque com a água e retorno da respiração, se começa a nadar. Recomeça a seguir na direcção pensada. O labirinto a desfiar-se. Em dados momentos, não se sabe o que é cima e baixo, direita ou esquerda, num primeiro momento de desorientação num meio de diferente gravidade. Procurar pistas. Saber que provavelmente estão lá como pontos cardeais. Procurar, por entre a espessura da água, que se esvai entre os dedos. Contínua. E o olhar cai sobre uma pequena pedra no fundo, com um sinal de direcção. Em que se pega amorosamente, a reter a respiração. Mas retirada do fundo perde-se a possibilidade de ler o sinal, a pequena seta torna-se genérica aponta para onde a apontar a mão. Sem querer. Melhor deixá-la onde estava. Teria sido melhor. Olhar com cuidado. Largá-la então e ver rapidamente retomar o lugar meio enterrada na areia do fundo. Mas, numa reviravolta virada ao contrário. Como um bicho recolhido na sua concha porque se ensaiou um gesto. Estacar, paralisar todo o metabolismo por instantes depois do lancinante turbilhão de sensações desarrumadas e do guincho estridente que a madeira lança. Para todo o possível e sem pés nem sentidos mais do que o ouvido. Esperar que o silêncio se reacomode depois da agitação momentânea. Escutar. A respiração, lá ao fundo, volta. Ou esteve sempre lá sem ser interrompida. Abrandar o ritmo cardíaco, estancar a sudação. Retomar a caminhada pelo labirinto dos corredores cobertos a mapas esfumados aqui e ali. Minto, é papel de arroz limpo e novo como só pode ser, para fazer o teste fulcral. Aquele passo complicado em que o pé volteia no ar para poisar atrás. De costas para o outro, obrigando o corpo a girar. Mudando o sentido. Tudo com os joelhos flectidos e a noção do eixo. Do centro de gravidade a exercer sobre os joelhos – flectidos – a pressão de uma mola. Retirando peso. Elevando até quase não restar um grama. E por vezes demais, mesmo assim. Um ínfimo pressionar em excesso enruga o papel arrasta-o fora dos limites possíveis do labirinto. Nas extremidades as janelas da frente e das traseiras. Às vezes uma corrente de ar excessiva percorre-as. Às vezes é preciso fechar uma ou outra. Outras vezes, não. A frescura que sabe bem. Mas quando a torrente é forte, as palavras se chocam, sem querer, ou sem tempo de prevenir o estrondo, bate uma janela. Voam papéis de cima da mesa. Saem da ordem. Misturam tempos e histórias que não são de misturar. Uma confusão. Caminhos diferentes esboçados por ordem da desordem do acaso. Do vento que encetou caminhos, só porque pôde ser. Voltar a percorrer a faixa de papel sobre o labiríntico corredor. Os ângulos do corredor sobre o mapa labiríntico de papel. Qualquer pedra que surja é de desconfiar. Parecendo segurar o papel naquele ponto, está ali por uma outra razão. Qualquer. Olhar simplesmente e não deslocar do sítio. Reter o sentido da seta. Voltar lá sem rasgar o papel. Olhar de novo. Tentar a saída. Saber que são múltiplas. Voltar para a luz clara do candeeiro amigo sobre a mesa. A cadeira confortável e o conforto da mesa para pousar a cabeça. Nos braços. Fechar os olhos. Dormitar. E cinco, sete passos para a porta. De caminho uma espreitadela ao espelho do corredor, o carrancudo. O melancólico. Pelo canto do olho. Chora. Passo sem poder fazer nada que não fosse limpar dedicadamente a superfície gelada de vidro, das manchas eventuais. Algumas evaporadas já. Tocar com um dedo terno ao de leve, e sentir-lhes o sal. E um dedo estendido mas sem olhar, a colar-se ao meu por detrás do gelo. Mas sem olhar. Sempre. Não sei se finge. Nunca sei. Esperar que durma. Voltar lá a ver se já dorme. A espreitar se serenou. Com os braços sobre a mesa. A cabeça pousada nos braços. No sono denso e turbulento. Palavras soltas e doces a dizer no pântano do sono, vem cá. Por vezes foi-se. E aos outros. Aquele da avó, no seu lado austero e a abanar o pé com impaciência, com severidade e com razão, sentada muito direita para não enrugar o saia-casaco. Mesmo o do roupeiro do quarto, de toda a meia vida, o mais cheio de marcas, de manchas da idade e de deformações incontornáveis da superfície antiga de vidro irregular. O que repete baixinho, enervante, just dream. Não é fiável. O do guarda-vestidos. Mas guarda segredos. E o outro, dream don’t dream, desamizades angulares, não se olham também. O das gavetas revira o olhar desdenhoso para o tecto e o pequenino sempre escondido atrás da porta. Feitios… Àquela hora, cada um faz o que lhe apetece. Custo a estabelecer contacto visual e nem tento. Não me entendo neles. Ou. O casulo, que é o contrário. Casulo que o meu outro, o outro eu, gostaria de tecer. Numa malha feita de arabescos, de seda. Delicada e repetidamente colada em torno de um espaço definido e oval, repetidamente curvada, enrolada e enovelada sobre si e sobre os mesmos percursos incertos, mas num fim previsto e completo de preenchimento leitoso, amarelado e translúcido. Quente, confortável. Desfiável. A desenrolar. Como o fio de Ariadne. Ou a resolução indutiva do labirinto, ponderando todas as soluções possíveis – A saída do lado do mar. O penhasco vertiginoso. O beco escuro. O cão. A luz incendiada. Apagada – Tantos caminhos. Mil e um cuidados. Cem mil erros. Possíveis. O fio de Ariadne, confundido às vezes com a tentativa e erro, que pelo contrário persegue a solução perfeita. Única. Mil metros, pode ter o fio único e contínuo de seda que compõe o casulo. De quinhentos a mil. Insuficiente para, fiado, ser um tecido relevante mas talvez suficiente para guiar a procura de uma saída, ou de todas as saídas possíveis. Se não quebrar. De tão ténue que desfiado necessita de várias fibras para, enrolado, produzir um fio. De seda. Fina e delicada mesmo assim. Mas voltar ao fino filamento único e ininterrupto. Quase invisível. Desconstruir o casulo e desenrolar como guia. Sempre me fascinou o rigor. Como paradigma. Mas divido-me tantas vezes entre uma coisa e a sua contrária. Como entre o niilismo do casulo e a sua desconstrução para vencer o enigma. Sem a apologia do homem sublime heróico que ignora o enigma dele próprio. O enigma de um espelho, o espelho possível do enigma de outro. Volto lá como um criminoso. Ao espelho do corredor. Acordado, apanhado de surpresa, olha-me de lado, naquele seu jeito de olhar oblongo. Queria sorrir-lhe de passagem, enigmática. Faites vos jeux – Mas sorrio só – De passagem. Todas as noites obscuras. Da montanha, a pensar o cume. E ser o passo.
Isabel Castro PolíticaPorque não me falas [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]icámos a saber esta semana que a Universidade de Macau pretende, a partir do próximo semestre e até ao ano lectivo de 2017/2018, acabar gradualmente com a língua portuguesa como disciplina opcional para os alunos que, frequentando outros cursos, querem ter um contacto com o idioma. A universidade justifica a decisão com um argumento de ordem economicista, difícil de aceitar: diz então a instituição instalada em grandiosas instalações da Ilha da Montanha que, para evitar “desperdício de recursos”, as aulas hoje dadas neste regime opcional passarão a fazer parte de um “minor” a ser criado no ano em que o Português sai da lista de 13 disciplinas de escolha livre. Alega o estabelecimento de ensino que, “infelizmente, a maior parte dos alunos que escolhiam esta cadeira normalmente paravam quando atingiam o nível 1”, ou seja, a universidade considera que entre um semestre de aulas de Português e nada, nada é bem melhor, porque o que interessa é que a malta seja poupadinha. Apesar de a instituição de ensino superior – financiada com dinheiros públicos – garantir que a língua portuguesa é de grande importância e que tudo está a ser feito para que sejam cumpridos os desígnios do Governo de Macau em relação à matéria, a verdade é que a aprendizagem da língua vai deixar de ser acessível a quem quer tirar “minors” e “majors” noutras áreas de conhecimento. Ou seja, basicamente, a Universidade de Macau vai passar a ensinar português a muito menos estudantes. Aqueles que, estando em cursos de diferente natureza, queiram ficar com umas noções do idioma, vão ter de recorrer a outras instituições de ensino. A notícia não surpreende. Ao contrário do que escreveu no comunicado de reacção à notícia desta semana, a Universidade de Macau não é (e nunca foi) conhecida por dar grande significado à língua e às outras dimensões da cultura portuguesa. Este facto – é um facto objectivo, não é uma impressão – não chocaria se a universidade fosse privada. Acontece que não é. Basta abrir o site da instituição para se perceber como a língua portuguesa é (mal) tratada. Clica-se na opção “português” e o que nos aparece à frente deveria ser motivo de profunda vergonha para quem gere uma instituição que passa a vida a gabar-se dos seus feitos: encontramos então uma mistura de português e inglês, sendo o inglês muito mais presente. Também na comunicação com os jornalistas de língua portuguesa não há, salvo raríssimas excepções, o menor cuidado com o idioma usado para se tentar passar a mensagem. Para quem não está dentro dos detalhes da profissão, aqui fica o contexto: o Gabinete de Comunicação Social do Governo tem um site de acesso exclusivo aos jornalistas que serve para a divulgação das notas de imprensa dos vários serviços e entidades públicas, site este que tem versão em chinês e versão em português. Ora, a Universidade de Macau envia para o site em língua portuguesa comunicados destinados aos jornalistas de língua portuguesa redigidos em inglês. E aqui vão alguns exemplos, para fundamentar o que escrevo: na passada quarta-feira, fomos todos informados de que a UM Portuguese Debating Team wins 2nd prize at Portuguese debating competition for students in Asia. Na terça-feira, disseram-nos que os UM students win 1st prize at ‘Challenge Cup’ Contest. Na segunda-feira, a UM wins championship at 3rd Macau Model European Union e a UM holds joint conference with United Nations Commission on International Trade Law. Got it? Dir-me-ão que há coisas mais importantes do que a língua em que chegam as notas de imprensa da Universidade de Macau e eu concordo, mas pouco. A forma diz muito sobre as práticas de uma instituição de ensino que deveria ter orgulho em pertencer a uma terra com uma herança portuguesa que a China quer preservar. E é óbvio que aquilo que é português é uma pedra no sapato universitário da Ilha da Montanha, um fardo que tem de se ir aguentando, um legado muito pouco desejado. Das coisas que são mais importantes do que a forma: o curso de Direito em língua portuguesa. O desinvestimento que por ali anda e que começou, há já alguns anos, com a nomeação para cargos de chefia e de direcção de académicos sem currículo, nem provas dadas no direito de matriz portuguesa, no Direito de Macau. Independentemente do mérito e dos conhecimentos que possam ter, com a fantástica capacidade de gestão pela qual são reconhecidos, nada têm que ver com o que ali se ensinava, com o espírito do curso. Direito é, acima de tudo, cultura, capacidade de compreensão de uma certa forma de estar. Direito é também língua, por mais que alguns não queiram. Em Hong Kong nunca houve qualquer problema em se perceber que assim é. Volto ao site da Universidade de Macau e aqui estou eu de novo empancada na forma: clico na portuguesa Faculdade de Direito e aparece-me uma Faculty of Law com um Bachelor of Law in Portuguese Language que, dizem-me, é um program with a purpose of preparing students to be jurists and being familiar with Macau legal system. Salva-se a additional information da introduction – um texto miraculosamente escrito em português. Volto atrás e clico no study plan, que me apresenta uma lista de disciplinas, todas elas com nomes ingleses, sobre cadeiras que são dadas em português. Nem todas têm correspondência com o curso que frequentei há uma década, nesta mesma universidade. Mudou-se o programa, a carga horária das disciplinas e deixou de ser um curso automaticamente reconhecido em Portugal, para ter apenas validade neste 30 quilómetros quadrados. Very useful, portanto. Regresso ao ensino do português. À incapacidade que tenho em perceber que a língua portuguesa não seja entendida com um grande investimento. À incapacidade que tenho em perceber por que razão não é a Universidade de Macau o maior pólo de formação de Português para estrangeiros na Ásia, porque é que não é reconhecida fora do território como um grande centro de aprendizagem da língua portuguesa. No meio de tudo isto, há o Governo. The Government. E um chanceler da universidade que se chama Chui Sai On e que é também Chefe do Executivo, o homem que tem a responsabilidade máxima de zelar pelos nossos recursos e pelos nossos interesses. Talvez não fosse má ideia, um dia destes, começar a olhar com atenção para o que se passa lá longe, na Henqin Island.
Paul Chan Wai Chi Um Grito no DesertoVoto Decisivo em Hong Kong [dropcap=’circle’]O[/dropcap] processo eleitoral para o Conselho Distrital de Hong Kong chegou ao fim. No dia seguinte consegui comprar num quiosque de Macau o jornal “Wen Wei Po”, de Hong Kong, que é sempre difícil de encontrar. Em destaque, na primeira página, podia ler-se: “Corrente Pró-Governamental Vence Eleições”. De acordo com esta análise, a coligação formada pela Aliança Democrática Para o Melhoramento e Progresso de Hong Kong, a Federação de Associações de Comércio de Hong Kong, o Novo Partido do Povo e diversas associações orientadas pela doutrina “Amar a China e Amar Hong Kong”, tinha acabado de conquistar 300, dos 431 assentos do Conselho Distrital. Este número representa 70% dos lugares do Conselho, permitindo às forças pró-governamentais manter o controlo em 18 Distritos. Mas, segundo a leitura do jornal “Apple Daily”, as forças pró-governamentais apenas tinham conquistado 298 assentos, mantendo a maioria, mas com menos 13 lugares que nas eleições anteriores. Os resultados da primeira eleição local, directa, após a Revolução dos Chapéus de Chuva, mostrou claramente que a nova geração de pró-democratas foi a grande vencedora. Os pró-democratas conseguiram passar o testemunho à nova geração através do voto sagrado do povo de Hong Kong. Albert Ho Chun-Yan e Frederick Fung Kin-kee não foram reeleitos, pondo assim um ponto final a essa era. O que ficou desse período virá a ser demonstrado pela forma como a nova geração do Conselho Distrital trabalhar os seus objectivos. A eleição para o Conselho Distrital gerou uma luta entre as forças pró-democráticas e as forças pró-governamentais. Para as eleições do próximo ano, para o Conselho Legislativo, a questão que agora se coloca é saber se os pró-democratas irão, ou não, manter o terço de lugares, que possuem de momento. A eleição para o Conselho Distrital serviu apenas para medir forças entre os dois campos políticos. Os resultados mostraram que a geração mais velha dos pró-democratas deve aceitar ser substituída pela geração mais jovem, que conseguiu tirar proveito dos efeitos a longo prazo da Revolução dos Chapéus de Chuva e, que conquistou, com sucesso, o seu lugar na cena política. O destaque que o jornal “Wen Wei Po” deu à vitória das forças pró-governamentais, também parece ser uma forma de sossegar o Governo Central. MARY POPPINS, Julie Andrews, 1964 De forma grosseira, podemos considerar que, para estas eleições, existiram quarto tipos de voto: 1 – As forças pró-governamentais beneficiaram da sua relação de proximidade com o governo. Usaram os recursos a longo-prazo, que tinham disponíveis, para conquistar o apoio dos eleitores, possibilitando mobilizar os seus apoiantes, sem qualquer monitorização interna. 2) o voto das pessoas mais velhas, que beneficiaram de transporte organizado até às secções de voto. Por este motivo, as forças pró-governamentais obtêm muitos apoiantes entre a população mais idosa e conquistam a esmagadora maioria dos seus votos. Os preparativos e a mobilização de eleitores, descritos nestes dois pontos, são muito semelhantes ao que se passa em Macau. As diferenças encontram-se na terceira categoria: desde que Hong Kong foi reintegrado na China, muitos imigrantes, residentes em Hong Kong, passaram a poder votar, desde que vivessem na cidade há mais de sete anos. A sua decisão de voto é muitas vezes influenciada pelos seus conterrâneos e, é frequente votarem segundo as orientações que recebem. Nestas eleições para o Conselho Distrital, estes novos eleitores alteraram efectivamente os resultados esperados. Quanto aos jovens, que se recensearam a seguir à Revolução dos Chapéus de Chuva, sentem o desejo de reformar a sociedade através de uma participação activa nos movimentos sociais. Neste caso, votar faz parte do seu comprometimento cívico. No que diz respeito aos novos eleitores, as forças pró-governamentais e as pró-democráticas, registaram um empate. O quarto tipo de voto é o dos eleitores conscientes, e é crucial para determinar quem ganha a eleição para o Conselho Distrital. Muitos destes eleitores, que estavam recenseados, mas que nunca tinham votado, votaram agora nestas eleições. Quiseram usar o seu voto para eleger pessoas integras e capazes e. recusaram-se a continuar passivos. Quanto aos eleitores que votam sempre, o seu voto expressou-se no sentido da mudança, das reformas, ajudando a ingressar no Conselho Distrital aqueles que verdadeiramente desejam servir a comunidade. Fico muito satisfeito por verificar o despertar da consciência cívica em Hong Kong, que trará oportunidades de desenvolvimento e vitalidade ao futuro de Hong Kong. E em Macau, haverá hipótese de mudança? A partir da atitude que se observa no governo da RAEM e, analisando os conteúdos dos debates, que decorrem na Assembleia Legislativa, sobre o desenvolvimento do sistema político, não parece provável que vão ocorrer quaisquer mudanças. Mas para tornar realidade o conceito de “Macau governado pelas suas gentes”, o empenho tem de partir da população. Se não quiserem saber e, não lutarem para que haja mudanças, vão acabar a chorarem o seu fado!
Andreia Sofia Silva Breves PerfilJoana Ieong, professora do ensino secundário [dropcap=’circle’]A[/dropcap] pouca experiência que ainda tem na área do ensino já lhe mostrou que ensinar os mais novos não é pêra doce. Por entre a papelada burocrática das aulas, dos testes e exames, há que ensinar letras e números a crianças que nem sempre querem estar sentadas a aprender. Professora na secção inglesa do ensino secundário do Colégio do Sagrado Coração de Jesus, das Irmãs Canossianas da Caridade, Joana Ieong, de 24 anos, reconhece as dificuldades. Mas, para já, estar numa sala de aula é mesmo aquilo que a jovem de Macau quer fazer. O percurso académico foi feito na Universidade de Macau, com uma licenciatura em Educação, com especialização no Chinês. “Pensei que poderia ser professora, então escolhi estudar Chinês, mas também domino o Inglês e tenho conhecimentos de Matemática. Fiquei em Macau por causa da minha família, porque não tinha condições financeiras para ir estudar para fora. E também queria estudar Chinês, então pensei que estudar em Macau fosse a melhor opção. Na escola também dou aulas de Cantonês, então acho que o ter estudado em Macau foi a melhor opção”, contou ao HM. Joana Ieong considera que não é fácil dar aulas e muito menos a alunos locais, que nem sempre querem trabalhar. “Os estudantes de Macau são um pouco preguiçosos, porque penso que tudo começa nos pais, que trabalham fora de casa e não têm tempo para cuidar dos filhos. Então as crianças gostam de brincar e têm muitas actividades depois das aulas e ficam com menos tempo para os estudos. Preferem brincar em vez de estudar.” Casas e velhice Ao olhar para a terra que a viu nascer, Joana Ieong encontra as dificuldades normais de uma economia que sofreu o ‘boom’ que ninguém esperava. Ainda vive com os pais, mas o facto de ter de entrar no mercado imobiliário deixa-a com vários receios. “Em relação aos problemas existentes, só aponto a questão da habitação e da economia, porque as coisas em Macau estão muito caras. O meu salário, comparando com outros, é mais baixo e também é impossível comprar uma casa. Talvez até à minha velhice tenha de pagar uma renda de casa e esse é o problema mais grave. Tenho 24 anos, mas daqui a uns anos quero casar, mas talvez eu e o meu namorado não possamos pagar uma habitação. Preocupo-me bastante em relação a esse ponto”, disse. Quando não dá aulas, Joana Ieong opta por ficar em casa aos fins-de-semana, uma vez que, fora de portas, encontra apenas uma cidade em constante rebuliço. “Macau é uma cidade muito pequena e há casinos por toda a parte, então não há muitos lugares de entretenimento em que possamos relaxar. Há demasiados turistas e, nos fins-de-semana em que passeio por Macau, só encontro pessoas, então normalmente prefiro ficar em casa.” Apesar de ter estudado Chinês, Joana Ieong ficou com a curiosidade desperta em relação ao Português, até porque o namorado aprendeu a língua de Camões na universidade. “Gostaria de sair daqui e ir a Portugal. Tenho muitos amigos que foram estudar para Portugal e disseram-me que é um bom sítio para ir e onde as coisas são mais baratas”, assume. Joana Ieong não acha mal algum que o território ainda possua uma comunidade portuguesa com alguma expressão. “É muito importante termos uma comunidade portuguesa aqui, porque o Português também é uma língua de Macau. Mas não há muitas pessoas que falem o Português hoje em dia. Eu gostava de aprender Português também, mas trabalho aqui e tenho muitas coisas para fazer, por isso ainda não encontrei tempo para estudar. Talvez deixe de ser professora para estudar”, admite ao HM. Olhando para o sistema de ensino, a professora do ensino secundário considera que o Executivo deveria investir ainda mais no ensino das línguas e não apenas da segunda língua oficial. “As crianças deveriam aprender mais línguas e não apenas o Inglês. Hoje em dia a maioria das pessoas diz que o Inglês é importante, mas penso que deviam aprender mais línguas estrangeiras, a língua materna, o Inglês e outra”, conclui.
Flora Fong PolíticaInspecção de Jogos | Melco e MGM esperam supervisão mais forte [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s responsáveis pelas operadoras Melco Crown e MGM estão à espera de mais supervisão no que ao Jogo diz respeito agora que Paulo Chan está ao leme da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Uma das esperanças de Lawrence Ho e Grant Bowie é que o novo director reveja “totalmente” os regulamentos e leis do Jogo e ainda que colabore mais com as operadoras. Ao Jornal Ou Mun, o director-executivo da Melco Crown Entertainment, Lawrence Ho, disse esperar que Paulo Chan continue a desenvolver o mercado do Jogo de forma saudável, mas também que reforce a supervisão das salas VIP. Questionado sobre o que espera sobre a revisão a médio-prazo das licenças de Jogo, Ho diz que o mais importante é a justiça. “O Governo pode dar notas às seis operadoras de Jogo de acordo com o investimento feito no sectores extra-jogo. É como se fosse uma escola: há alunos bons e maus e acho que a Melco Crown é uma boa aluna”, atira, considerando que o Governo consegue perceber bem, se analisar, o resultado dos esforços das operadoras. Já Grant Bowie, director-executivo da MGM, disse que um dos objectivos com o novo director da DICJ é manter uma cooperação próxima de forma a que as políticas entrem também em acordo com a operação das empresas. “A comunicação entre as concessionárias de Jogo e a DICJ é importante, porque só através dessa cooperação Macau pode tornar-se uma cidade competitiva”, indicou ao mesmo jornal. “O sector do Jogo entrou num período de ajustamento e a sociedade acha que a queda em cadeia das receitas dos promotores de Jogo é o grande problema do sector. Apesar da questão dos empréstimos das salas VIP não ser tratada por operadoras de Jogo, é preciso consolidar a supervisão e o modelo de gestão destes”, concluiu Bowie.
Andreia Sofia Silva PolíticaVasco Fong promete revisão da Lei de Dados Pessoais para 2016 Vasco Fong confirma que a revisão da Lei de Dados Pessoais poderá avançar no próximo ano. Está também a ser pensada legislação sobre armazenamento de grande volume de dados [dropcap style=’circle’]V[/dropcap]asco Fong, actual coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP), confirmou ontem que a revisão da Lei de Dados Pessoais só deverá avançar no próximo ano. Este é um projecto que já vem dos tempos em que a actual Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, era coordenadora do Gabinete, mas que tem tardado a ver a luz do dia. “Gostaríamos que isso foi feito o mais rapidamente possível. Mas estamos a envidar todos os esforços e espero que isso possa ser feito no próximo ano”, disse Vasco Fong, à margem do seminário “Big Data, desafio crucial – Protecção da Privacidade e Cooperação”, que decorreu ontem na Torre de Macau. O coordenador do GPDP referiu ainda que a “sociedade tem evoluído rapidamente” e que “está provado que a nossa legislação, em alguns aspectos, está desactualizada”. Por isso mesmo, assegurou, já se “começou o estudo prévio sobre essa matéria”, explicou. Big Data is watching you Sobre a questão do “Big Data”, ou seja, o armazenamento de uma grande quantidade de dados, Vasco Fong mostrou intenções de legislar sobre o assunto. “Neste momento não temos nenhum projecto concreto sobre esta matéria. A razão pela qual convidámos especialistas de vários países foi para ouvir as experiências nas outras partes do mundo. Mas não se afasta a possibilidade de avançar com um projecto nesse sentido, mas no futuro”, disse ainda. No seu discurso, Vasco Fong exemplificou que “o sector do consumo é uma das plataformas onde se compilar um grande volume de dados pessoais”, sendo que, a maior parte desses dados é obtida nas compras online. “É de referir que também há compilação de informações nas outras indústrias e sectores, tais como no turismo, seguros, banca ou telecomunicações”, apontou. “Devemos estudar oportunamente os problemas de protecção da privacidade suscitados pelo ‘Big Data’, com o objectivo de adoptar as medidas adequadas o mais cedo possível e procurar um equilíbrio”, defendeu ainda o coordenador. Chefe apoia O Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve presente na cerimónia de abertura e referiu que “o Governo vai continuar a dar apoio aos trabalhos relativos à protecção da privacidade e simultaneamente aperfeiçoar o regime existente”, sendo que o GPDP pretende “estabelecer um regime efectivo de protecção da privacidade e dados pessoais que corresponda aos padrões internacionais”. No seminário participou um grupo de especialistas na área de “Big Data” vindos de Portugal, incluindo Filipa Calvão, presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados.
Filipa Araújo PolíticaCooperação Macau-Shenzhen “elevada e produtiva” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] balanço está feito. A cooperação entre Macau e Shenzhen durante o ano de 2015 foi elevada e tem “resultados cada vez mais visíveis”. Quem o diz é o Governo, depois de, numa reunião que decorreu ontem, Chui Sai On, Chefe do Executivo da RAEM, e Xu Quin, presidente daquele município, terem concordado no bom trabalho realizado até agora no âmbito da economia, do comércio, das convenções e exposições, das finanças, da criação de negócios por jovens, do turismo, da educação e da saúde. Os dois assinaram ainda um par de novos memorandos. “No próximo ano, a cooperação entre Shenzhen e Macau vai continuar a aprofundar-se, avançando com projectos principais e levando a cabo os protocolos de cooperação já assinados, no sentido de contribuir para o desenvolvimento mútuo e melhoria da qualidade de vida dos dois territórios. Entretanto, as duas partes vão explorar gradualmente a cooperação na inovação financeira e criação de negócios por jovens, para além dos domínios já amadurecidos, tais como de economia, comércio, convenções e exposições, educação e cultura”, explica o comunicado. A próxima fase conta com uma forte aposta na cooperação da construção da Região do Grande Golfo de Guangdong, Hong Kong e Macau e no aproveitamento das vantagens das áreas de Qianhai e de Shekou do munícipio de Shenzhen, que fazem parte da Zona de Comércio Livre de Guangdong. Na reunião foram assinados dois memorandos: o de “Aprofundamento da Cooperação entre Macau e Shenzhen e Estímulo Conjunto à Construção da Região do Grande Golfo de Guangdong, Hong Kong e Macau” e o de “Cooperação no Sector do Turismo”, que permitem reforçar o estreitamento da cooperação no âmbito da economia, do comércio, das finanças, da cultura, da inovação e da criação de negócios. O Governo está a estudar alargar o Plano de Apoio a Jovens Empreendedores até às três áreas que fazem parte da Zona de Comércio Livre de Guangdong.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeDirectora da Faculdade de Letras nega redução do português e fala em mal-entendido * com Joana Freitas [dropcap style=’circle’]“T[/dropcap]enho receio por toda a gente estar a usar a palavra ‘redução’, refrindo-se a turmas. Há um mal-entendido sobre o que está a acontecer no Departamento.” É assim que Hong Gang Jin, directora da Faculdade de Letras e Humanidades da UM, começa por negar a notícia avançada ontem sobre o fim da disciplina opcional de Português. “Isto é uma análise da Universidade à quantidade de trabalho do curso face à quantidade de recursos humanos que temos. Estamos a falar de uma comparação entre o semestre do Outono de 2015 e do semestre da Primavera. Acho que alguns números utilizados na imprensa e citados na rádio não são correctos”, fez questão de explicar. A directora da Faculdade insiste que “não há uma redução”. O que acontece, diz, é que o primeiro semestre do próximo ano “fica com 16 turmas e o segundo semestre fica com dez turmas, porque haverá consideravelmente menos alunos”. Hong Gang Jin referiu que as dez turmas foi até um número proposto pelo Departamento de Português, por se prever uma redução de alunos, tal como disse Fernanda Gil Costa. “Normalmente, no Outono temos mais alunos a inscreverem-se nos cursos opcionais de Português e na Primavera, porque alguns estudantes optam por não tirar ou começar Português na Primavera, os números de inscrições são menores. Sempre foram menores na Primavera. A oferta de cursos vai diminuir, mas apenas porque temos cerca de 70 estudantes a estudar fora, no seu terceiro ano. Então, naturalmente – e isto é onde há um mal-entendido –, há discrepâncias entre os diferentes semestres no que toca ao número de alunos”, disse ainda a directora. Departamento de Português foi consultado Hong Gang Jin garantiu que os alunos poderão ter quatro opções daqui para a frente: o Major, Minor, os cursos de Educação Geral e “Elective”. A directora referiu que o novo modelo, ainda em discussão, sempre foi analisado em conjunto com o Departamento de Português, ao contrário do que diz Fernanda Gil Costa. “Tudo foi planeado de acordo com a concordância do Departamento. Entendemos a importância da Língua Portuguesa e a utilização dela no campus. Queremos que o nosso Departamento evolua e temos feito tudo para que haja expansão, não reduzir ou até descontinuar cursos em Português”, disse ao HM. Um novo sistema Referindo-se apenas aos cursos gerais (Minor e Major) dentro do próprio departamento de Português, Hong Gang Jin foi questionada pelo HM sobre a questão aqui em causa: podem alunos de outros cursos que não sejam do Departamento de Português frequentar aulas opcionais de Português? A responsável garante que sim, ainda que “num novo sistema”. “Foram retiradas algumas porque não havia alunos para as frequentar”, insiste, explicando que os alunos terminavam o nível 1 da cadeira de “Língua Portuguesa I – Introdução ao Português” e não prosseguiam mais com os estudos da língua. “Isto não é muito positivo para o Departamento, nem para a Língua Portuguesa. Imagine se só tirava um semestre de Português. Claro que o Departamento gostaria de ver mais alunos a continuar a tirar mais níveis, se possível. Este esquema é para encorajar os alunos a entrarem em opções diversas, como o Major, o Minor, o ‘General Education’ e o ‘Elective’.” A directora diz que “não vê em lado nenhum” que a UM esteja a reduzir o Português, mas diz antes que está, isso sim, “a reforçar o ensino” da língua e a “encaminhá-la na direcção certa”. Hong Gang Jin diz que esta é a forma de encorajar mais alunos a integrar no curso, para que continuem e que façam cursos intensivos, ao contrário de frequentarem apenas um semestre. “Também fazemos isso para outras línguas, não só com Português”. A responsável fala, então, de uma mudança de “um velho sistema para um novo” e admite que estas mudanças podem “causar confusão e preocupação”, especialmente no seio do Departamento. O HM quis perceber se um aluno do curso de Psicologia ou Economia pode, por exemplo, continuar a aprender Português. A resposta é positiva. “É por isso que temos o ‘Elective’, que vai diminuir o tempo de carga das outras aulas e permitir ao aluno tirar Português, se quiser, mas não em apenas um semestre. Tem de ser no mínimo dois. Mas essa opção vai ser oferecida pelo departamento.” Português, meu amor Para provar a aposta no Português, a directora diz que criou “quatro novas posições para o Departamento”, a tempo inteiro, tanto para professores assistentes, como académicos, em 2014 e outra para o próximo ano. E que há mais novidades na calha. “Eu própria trabalhei com o Departamento para organizar uma conferência em Abril, para que os professores da China continental e dos países lusófonos possam discutir sobre o Português como a segunda língua, a cultura portuguesa e a linguística”, frisa, dizendo que houve um investimento de 250 mil patacas para este programa. Hong Gang Jin referiu que o Departamento de Português é dos que tem maior dimensão no ensino superior local. “Temos neste momento 28 académicos, a universidade está a investir muitos recursos e todos os anos temos cerca de 70 alunos no Major e 60 alunos da Faculdade de Direito a ter aulas de Português”, frisou. Sobre as declarações de Fernanda Gil Costa, Hong Gang Jin diz que há um entendimento forte entre as duas. “Queremos as duas promover um programa de Português forte e faremos tudo o que for possível para que haja cursos. Se for preciso resolver alguma coisa, então eu trabalharei de perto com ela”, ressalvou.
Flora Fong PolíticaRegulamento sobre abate de motas aguarda entrada na AL [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]inalmente, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) já concluiu a elaboração da proposta de revisão ao plano de subsídio para eliminar as motas mais poluentes, uma medida de combate à poluição há muito esperada. A proposta já está na lista de espera para apresentação na Assembleia Legislativa. A novidade foi dada numa resposta a uma interpelação da deputada Kwan Tsui Hang, que questionou o Governo sobre a calendarização do referido plano de subsídio. O abate deste veículos poluentes deveria ter sido implementado ainda este ano, mas o passo dos trabalhos revela o contrário. O director da DSPA, Vong Hoi Ieong, respondeu que, recentemente, através da recolha de opiniões e sugestões, os residentes concordam com o plano de apoio financeiro para eliminar os veículos altamente poluidores. No entanto, na parte de abate de veículos a diesel, o director defende que há uma série de aspectos e âmbitos complexos, incluindo o aumento do critério de emissão de veículos para o nível cinco do padrão europeu de emissões, antes da implementação do financiamento. Foi ainda considerada a necessidade da cedência de um grande terreno para colocar os veículos para abate. “Depois de avaliação e análise integradas, actualmente só existem condições qualificadas para subsidiar a eliminação de motociclos de combustão interna a dois tempos. A DSPA já concluiu a elaboração da proposta do regulamento em relação ao plano de subsídio e já pediu que o documento entre em processo legislativo”, revelou o director na resposta. Outra proposta do regulamento sobre o critério de emissão de veículos foi também concluída pela DSPA e pela Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT). Sobre esta, Vong Hoi Ieong revelou que está a analisar o resultado de um estudo requerido.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeUM faz alterações no ensino da Língua Portuguesa * com Joana Freitas A Universidade de Macau deverá acabar com o Português como língua opcional, passando a incorporá-la no Minor de Estudos Portugueses já existente. A medida é vista como um possível impedimento para alunos de outras licenciaturas aprenderem a outra língua oficial. A direcção da Faculdade nega que as coisas sejam assim [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] partir do próximo ano lectivo, haverá menos alunos a estudar a Língua Portuguesa na Universidade de Macau (UM). Apesar do Executivo local apresentar a expansão da segunda língua oficial como uma medida política, a verdade que é a maior universidade pública decidiu acabar com a disciplina de “Língua Portuguesa I – Introdução ao Português”, que permitia a qualquer aluno da Universidade, da área de línguas ou não, ter o primeiro acesso ao idioma, como opção. O fim desta disciplina e a incursão do já existente Minor em Estudos Portugueses (curso de especialização), no ano lectivo de 2017/2018, vai não só reduzir o número de alunos e de turmas, mas também confinar o estudo da língua a alunos do departamento de Português. Ao HM, a UM disse que a decisão está relacionada com uma organização de recursos. “Para encorajar os alunos a continuarem a estudar Português e para evitar o desperdício de recursos, a UM irá incorporar a cadeira de ‘Língua Portuguesa I – Introdução ao Português’ num programa de Minor em Estudos Portugueses no ano lectivo de 2017/2018”, lê-se numa resposta escrita. A UM garantiu ainda que a maior parte dos alunos que optava esta cadeira acabava por não continuar com o ensino da língua. “A UM sempre deu grande importância às cadeiras de Português. No passado, a disciplina era oferecida como uma das 13 cadeiras opcionais no âmbito do programa de Educação Geral. Infelizmente, a maior parte dos alunos que escolhia esta cadeira normalmente parava quando atingiam o nível 1”, afirmou a UM. Segundo a Rádio Macau, que avançou a notícia, o fim da disciplina opcional de Português significa uma diminuição das actuais 18 turmas para dez – ainda que a directora da Faculdade, Hong Gang Jin, diga que são 16 – sendo que no ano lectivo de 2016/2017 haverá uma nova diminuição para oito turmas. Em termos de número de alunos, 200 poderão deixar de aprender português, um valor que duplicará no próximo ano lectivo. Mas os números são apresentados de forma diferente pela responsável da Faculdade (ver texto aqui: https://hojemacau.com.mo/2015/12/03/directora-da-faculdade-de-letras-nega-reducao-do-portugues-e-fala-em-mal-entendido/), que frisa ainda que “foi proposto pelo Departamento que fossem reduzidas a dez turmas” apenas no segundo semestre. Departamento não foi consultado Contactada pelo HM, a directora do Departamento de Português da UM, Fernanda Gil Costa, mostrou-se descontente com a medida. “Está a decorrer uma revisão de uma componente de estudos da UM, chamada General Education (Educação Geral). O Português, a par do Chinês, tinha um lugar de grande importância e, nessa revisão, o Português não foi considerado nessa área. Passa então a pertencer à área de diversidade linguística, em que fica a par das outras línguas que os estudantes podem estudar aqui. Até este momento o General Education possuía um grupo de disciplinas, que era apenas constituído pelo Português e Chinês, suponho que por serem as línguas oficiais, e que vai desaparecer. Esta área continua no resto deste ano e no próximo (2015/2016). Este ano vamos ter dez turmas para oferecer no total e no próximo ano oito”, explicou a directora ao HM. “Só tenho a dizer que o Departamento não foi consultado sobre isso. Não contribuímos e não houve nenhuma discussão. Não sei qual é o racional que está por detrás, só sei que o resultado é este. Mas sei quais vão ser as consequências”, sublinhou Fernanda Gil Costa. A directora do Departamento diz ainda que tem provas de que os alunos querem continuar com o ensino da Língua. A responsável garante que não há falta de procura pela disciplina opcional, ao contrário do que dá a entender a UM, ao referir que os alunos não vão além do nível 1. “De maneira nenhuma que é assim. Vamos deixar alunos sem ensino de Português, isso posso-lhe garantir”, explicou. Cortes nos parciais, aposta no tempo inteiro Fernanda Gil Costa afirmou que a ideia transmitida pela direcção da UM tem sido de cortes ao nível dos professores de Português a tempo parcial. A directora da Faculdade fala em poupança de recursos e numa aposta em professores a tempo inteiro. “Há professores que dão horas à UM para completar alguns horários. E, de facto, a política da Universidade nos últimos tempos é de redução, tanto quanto possível, do número de pessoas com contratos parciais. Pode haver pessoas com contratos parciais que ficam no próximo semestre sem ter aulas e que estavam habituadas a tê-las aqui e que não vão poder tê-las”, explicou ao HM a directora do Departamento de Português. À Rádio Macau, Fernanda Gil Costa frisou que “aquilo que disseram” é que o orçamento para 2016 sofreu cortes. “Suponho que estamos a ser alvo dos cortes – não digo que seremos os únicos –, mas é evidente que, quando me dizem que não posso ter tantas pessoas contratadas à hora para dar turmas de Português, vejo isso como um corte da oferta da Língua Portuguesa.” Fernanda Gil Costa disse ainda que a contratação de docentes vai ficar numa situação complicada. “Em todos os primeiros semestres temos um número de turmas muito superior ao que temos nos segundos, por várias razões – uma delas é porque, no segundo semestre, os alunos do terceiro ano vão para Portugal e para o Brasil fazer intercâmbio. Com mais este corte, vou ter de dispensar uma série de pessoas que são pagas à hora e de que vou precisar outra vez no princípio do ano lectivo que vem, ou seja, em Agosto. Como neste momento há procura insistente de professores de Português por parte de várias instituições de Macau, aquilo que prevejo é que vou perder grande parte desses professores, que já tiveram alguma formação aqui, que contribuímos para formar, e que vão enriquecer outras instituições”, disse à Rádio Macau. Em resposta ao HM, a directora da Faculdade defende que é normal as universidades procurarem poder fazer cortes para diminuir os custos de operação e que “se se pode salvar recursos humanos” isso faz-se. E fala noutro aspecto numa sociedade onde a maior receita do Governo vem dos casinos. “Temos que pensar que [estes recursos] são pagos com as contribuições [impostos] das pessoas de Macau. Temos que cuidar do nosso dinheiro com cuidado e é por isso que nos vamos dedicar mais a contratar professores a full-time”, frisa, acrescentando que o Departamento vai receber quatro desses professores e que os contratos a tempo parcial não são “os melhores ao nível da qualidade” para os alunos. Subcomissão da Língua Portuguesa | Fernanda Gil Costa bate com a porta A directora do Departamento de Português da UM deu-se por vencida e confirmou a intenção de deixar o cargo de membro da Subcomissão da Língua Portuguesa e Educação, criada no âmbito da Comissão Mista Macau-Portugal. “Não faço falta nenhuma na Comissão, ela continuará a trabalhar. Vou dizer a Sou Chio Fai (coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior) que acho que não tenho qualquer contributo a dar à Comissão, mas se ele fizer algum comentário é evidente que eu ponderarei. Vou dizer-lhe que, de facto, cheguei ao limite da minha capacidade de lutar por um aumento do número de alunos a estudar Português na universidade”, disse ao HM. Contactado pelo HM, o GAES apenas referiu que “tem valorizado a formação de talentos bilingues” e que, sob sua coordenação, todo o ensino superior local se reúne num “grupo de trabalho para formar talentos bilingues”, desde 2014, com o objectivo de “consolidar a cooperação da formação desses talentos, aproveitando os recursos e vantagens”. Sem responder directamente à possível saída de Fernanda Gil Costa, o GAES diz ainda acreditar “que as instituições do ensino superior vão trabalhar bem em conjunto na área da Língua Portuguesa, criado em Macau uma base de formação de talentos bilingues na zona da Ásia-Pacífico”.
Hoje Macau SociedadeEnsino Superior | Legislação causa limitações, diz presidente do IPM As actuais leis de Macau precisam de espelhar mais a realidade social, diz o presidente do IPM, que se queixa de ter limitações no instituto que dirige por causa de leis “desfasadas” [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ei Heong Iok, presidente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), considera que o sistema legal de Macau relativamente ao ensino superior está desfasado da realidade e causa muitas limitações ao desenvolvimento. Estas considerações foram feitas durante um seminário sobre o tema. Segundo o jornal Va Kio, desde a transferência de soberania que os problemas acontecem. E Lei Heong Iok dá exemplos. “O relatório de indicadores do ensino superior, que é utilizado actualmente, foi estabelecido em 1991, incluindo o estatuto do IPM e o Governo gere o Instituto como um departamento governamental. Isso causa muitas limitações ao desenvolvimento da instituição”, cita o jornal. “Desde a transferência de soberania que o sistema legislativo em Macau restringe as acções da direcção do IPM, o que causou problemas nos últimos 16 anos. Um sistema desfasado não só influencia o desenvolvimento do ensino superior, como afecta, ao mesmo tempo, o desenvolvimento económico e os assuntos sociais”, concluiu Lei Heong Iok. Em Fevereiro de 2015, a Assembleia Legislativa aprovou, na generalidade, a proposta de lei do Regime do Ensino Superior, que prevê mais autonomia pedagógica, administrativa e financeira das instituições e a criação de um sistema de avaliação e conselho geral. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, salientava na altura que a anterior legislação está em vigor há mais de 20 anos e que, entretanto, foram registadas “grandes alterações tanto no número de instituições (…) como nos tipos e na natureza dos cursos”. Contudo, a lei ainda não saiu do mesmo sítio. A 2ª. Comissão Permanente da AL ainda a analisa na especialidade e não tem datas para quando poderá ser aprovada. Ainda em declarações citadas pelo Va Kio, Lei Heong Iok diz que há algumas interpretações na lei de Macau que “não espelham” a realidade social de Macau e pede que as instituições do ensino superior possam ajudar nisso. “A UM e o IPM devem criar algumas unidades relacionadas com a pesquisa de leis exclusivas para a especificidade de Macau. E estas duas instituições podem ainda fazer investigações relacionadas e promover a revisão das leis.” Tomás Chio
Joana Freitas SociedadeTerrenos | Associação do Kiang Wu constrói ossários e columbários [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo deu autorização à Associação de Beneficência do Kiang Wu para reaproveitar um terreno para construir ossários, columbários e espaços para outros serviços fúnebres. A autorização foi ontem oficializada em Boletim Oficial, num despacho assinado pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. A Associação era já titular do terreno com uma área de quase cinco mil metros quadrados na Avenida do Almirante Lacerda, em Macau, onde estava construído um prédio que lhe pertence. Em 2012, a instituição pediu à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) para alterar o projecto de arquitectura, algo que foi autorizado parcialmente em 2013 e depois plenamente este ano. Assim, o empresário e deputado Fong Chi Keong, presidente da Associação de Beneficência, poderá construir dois prédios no mesmo local para prestar serviços fúnebres. A Associação do hospital privado, recorde-se, tem o monopólio de alguns destes serviços: gere uma das duas casas mortuárias no território e as agências funerárias concorrentes têm de pedir autorização à empresa para alugar o espaço e o transporte dos mortos que pretendam ser cremados são feitos unicamente também por esta Associação. Macau não tem crematório e quem desejar ter um funeral feito ao estilo chinês tem de ir a Zhuhai, sendo que também só a Associação de Beneficência do Kiang Wu possui a autorização para manusear os líquidos que preservam o corpo até ao outro lado da fronteira. Agora, a Associação vai reaproveitar o terreno para construir um prédio de cinco andares destinado a ossários e columbários e um outro com o mesmo tamanho, destinado “à prestação de serviços funerários”. Segundo o Boletim Oficial, a concessionária “pagou o preço actualizado” do domínio útil do terreno, no valor de 1,2 milhões de patacas e paga um foro anual de 3040 patacas. O reaproveitamento do terreno deve ser feito em 36 meses a partir de hoje.
Filipa Araújo Manchete PolíticaTabaco | Proibições igual a queda dos negócios. E aumento do contrabando O consumo não diminui. As vendas sim. E o contrabando aumenta. São reacções de vendedores de tabaco à proposta de proibição de fumar e de expor produtos, que dizem que vai afectar e muito o sector [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s medidas do Governo contra o tabaco estão a destruir o negócio às empresas de venda de produtos ligados ao sector. O consumo não está a diminuir, mas a compra sim, dizem associações, sendo que o contrabando é o vilão principal desta série iniciada com as proibições efectuadas pelo Governo. O aumento do imposto sobre o tabaco, em Julho passado, o limite de transporte entre fronteiras de 19 cigarros por pessoa – já implementado – e a proposta de proibição de exposição dos produtos de tabaco nas montras das lojas são factores de “grande pressão” para os vendedores do sector. As queixas foram ouvidas ontem, durante uma reunião com a 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), por representantes da indústria de tabaco de Macau e por um grupo de operadores de estabelecimentos de vendas exclusivas de charutos. “[Estas medidas] vão afectar os respectivos sectores. [Os representantes afirmam que] a aprovação da proposta de Lei [de Prevenção e Controlo do Tabagismo] vai colocar em causa a sua sobrevivência”, indicou o presidente da Comissão, Chan Chak Mo. A Comissão analisa, actualmente, a revisão à Lei do Tabaco que, se aprovada, irá implementar a proibição total de fumar e a exposição destes produtos. Consumo mantém-se Os representantes argumentaram que o objectivo de diminuir o consumo de tabaco, sempre defendido pelo Governo, não está a ser atingido. “Eles disseram que estas medidas não contribuíram para baixar ou reduzir o consumo de tabaco. Deram vários exemplos, como em Singapura em que não é permitida a entrada de tabaco, mas é permitido o fumo nos casinos”, indicou. Os representantes indicaram ainda ter levado a cabo um inquérito que permitiu perceber não estar a ser respeitado pelos consumidores de tabaco o limite de transporte de 19 cigarros por pessoa na passagem das fronteiras, promovendo o contrabando. Em linhas simples, o número de consumidores não diminuiu, argumentam os membros do sector, mas o de compras sim. Face aos novos preços, que sofreram um aumento substancial, os fumadores compram tabaco fora de Macau e continuam a consumir. Quem perde, dizem, são os vendedores locais. Para além disso, “retirar os produtos das montras quando eles já trazem as indicações nos pacotes é ir contra a Lei da Defesa dos Direitos e Interesses dos Consumidores”, foi outro dos argumentos apresentados. A diferença está no charuto Relativamente à venda exclusiva de charutos, os membros do grupo argumentaram que a inclusão das salas de provas nas lojas na proibição total de fumar em recintos fechados vem destruir o negócio. “A opinião dos vendedores de charutos é que este produto é diferente do tabaco. Só é consumido por adultos. Deve por isso ser tratado de uma forma diferente dos cigarros”, explicou o presidente da Comissão. Segundo os dados do Governo, existem actualmente 20 charutarias em Macau, envolvendo cem trabalhadores e com representação de centenas de marcas de charutos importados. “Cada caixa de charutos custa entre sete a oito mil patacas. Sem uma sala de prova, os representantes argumentam que perdem o negócio porque os consumidores só escolhem depois da degustação dentro dessas salas”, explicou Chan Chak Mo. Os empresários alegaram ainda que noutros países estas salas de prova são uma excepção na lei para que as lojas possam manter o seu negócio. “Eles alegaram que aquelas salas são só para charutos e não cigarros”, afirmou. Questionado pelos jornalistas, Chan Chak Mo não adiantou qualquer reacção por parte da Comissão, indicando apenas que o grupo de trabalho sabe que o inquérito e dados apresentados representam a visão dos representantes e que o Governo via ser questionado sobre os resultados das medidas.
Leonor Sá Machado SociedadeTáxis | DSAT quer apenas cinco carros para deficientes [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) decidiu tornar as normas para o concurso público de concessão de licenças especiais de táxis mais brandas. Cada empresa terá apenas que disponibilizar cinco carros para deficientes ao invés de dez, como era anteriormente exigido. O Governo vai ainda pagar metade dos automóveis. “Quanto aos táxis acessíveis, após uma consideração em geral do número concreto da procura da sociedade (…), procede-se à alteração do fornecimento, passando de pelo menos dez táxis acessíveis pelo concessionário para pelo menos cinco táxis acessíveis”, pode ler-se no comunicado do Executivo. Parte do preço dos táxis para deficientes será suportado pelo Governo, uma vez que este diz haver “pressões no custo de exploração destes táxis”. “O montante corresponde à metade de preço de veículos, o modelo, as especificações e o preço de veículos devem ser aprovados pela DSAT”, explica ainda o documento. Recorde-se que no ano passado, o Governo optou por terminar os serviços da empresa de rádio-táxis Vang Iek, depois de ter considerado que a empresa não conseguia cumprir o contrato. Uma das defesas da empresa era precisamente os “problemas” na operação e “o dinheiro perdido”. A Vang Iek queixava-se ainda de falta de ajuda. “Durante o período [de operação] fizemos o melhor que conseguimos, no entanto, não tivemos o apoio do Governo e por isso o nosso trabalho foi muito difícil. Durante a negociação da renovação do contrato não tivemos uma resposta positiva do Governo”, dizia Cheang Veng Chio, director-executivo da empresa em Novembro do ano passado. A obrigação de ter táxis acessíveis a deficientes e a proibição de cobrar taxas extra para os táxis por chamada eram alguns pontos de discórdia entre Governo e Vang Iek. Licenças | Prazo alargado até Janeiro Foi ainda alargado o prazo para a entrega de proposta para a concessão de licenças especiais de táxis até 12 de Janeiro do próximo ano. A confirmação vem da DSAT, que justifica o alargamento do período com a introdução de alterações ao processo do concurso público. A DSAT avisa ainda, em comunicado, que foi enviada uma notificação com as alterações de datas a quem já se inscreveu. O referido concurso teve início a 14 de Outubro e pretende conceder licenças especiais a cem rádio-táxis com um prazo máximo de oito anos cada uma.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeCriminalidade | Sequestros e agiotagem tiveram aumento significativo Houve um aumento significativo do número de crimes relacionados com o Jogo, principalmente de agiotagem e sequestro. Sobre a morte da ex-directora dos Serviços de Alfândega, Wong Sio Chak deixou no ar a ideia de que é ainda preciso que o MP confirme a causa da morte [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] número de sequestros e casos de agiotagem aumentou bastante durante os primeiros nove meses deste ano, de acordo com o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. Contudo, o Secretário confirma que, em termos gerais, a criminalidade em Macau desceu 2,2%, com o suceder de menos 229 casos comparando o ano passado. Os números ontem divulgados revelam um aumento de 135,1% de sequestros, com um total de 177 casos registados entre Janeiro e Setembro de 2015. Também a agiotagem subiu, com a confirmação de 240 casos, demonstrando-se a existência de um aumento de 35,6% face ao mesmo período do ano anterior. Apesar destes crimes acontecerem no mundo do Jogo, Wong Sio Chak não admite que o aumento tem que ver com a queda das receitas nem que tal possa ter implicações da estabilidade da região. “Quanto aos crimes relacionados com o Jogo, como a usura e cárcere privado, embora se registasse um acréscimo notável, não existem indícios óbvios que mostrem que o período de ajustamento das receitas do jogo traga consequências negativas para a segurança de Macau”, referiu. Embora num sentido geral os casos de burla telefónica tenham registado uma diminuição – de 236 para 152 – a PSP fala de um aumento nos casos em que os burlões se fazem passar por funcionários de instituições bancárias ou estatais. Foram registados 86 casos deste género até Setembro. Também os furtos, roubos e extorsão diminuíram entre 11% e 24,1%. A mesma tendência tiveram a ofensa à integridade física e a ameaça, que desceram 12,1% e 18,9% respectivamente. O número de crimes contra o património diminuiu ligeiramente, mas ainda assim foram registados 5700 casos. Lai Man Wa | Causa da morte terá que ser “confirmada” pelo MP Segundo Wong Sio Chak, a causa da morte da ex-directora dos Serviços de Alfândega, Lei Man Wa, só será oficialmente efectivada após entrega de um relatório pelo Ministério Público. “Se for suicídio, vamos apurar quais foram as causas. Se for homicídio, vamos tentar procurar o homicida.” Questionado pelos média se ainda existem dúvidas quanto ao suicídio da ex-responsável, o Secretário para a Segurança afastou a possibilidade de se tratar de outra causa, mas frisou que o caso ainda não foi encerrado. O responsável deixou ainda claro que há “novas informações” que não podem ainda ser reveladas ao público. Pelo menos não antes da família permitir. Wong Sio Chak sublinhou que as autoridades “não estão a encobrir nada” e questionou-se sobre por que é que haveria de o fazer. Burla | China desmantela rede transfronteiriça Os Serviços de Segurança Pública da China desmantelaram uma rede de burla transfronteiriça, de acordo com informações dadas ontem por Wong Sio Chak. “Apesar de o mesmo não estar relacionado com os casos que acontecem em Macau, acredita-se que o combate firme e severo irá produzir efeitos dissuasores levando a que a ocorrência desse tipo de crime também diminua”, referiu. O Secretário para a Segurança disse, no entanto, que o Governo não vai “desleixar-se” quanto a esta matéria. Os números do crime Inquéritos criminais Instaurados – 10347, -229 casos Detidos e presentes ao MP – 4199 indivíduos, +17,4% Crimes contra o território (incluindo desobediência e falsas declarações) – 883, + 30,4% Delinquência juvenil – 41 casos; envolvimento de 70 menores Droga| Tráfico – -27,3% Consumo – -46,8% Criminalidade violenta – 561 casos, + 30,8% Imigração ilegal/excesso de permanência – 23,4 mil casos até Setembro
Hoje Macau SociedadeIlhas insatisfeitas com serviços de Saúde [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguns membros do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas defendem que os residentes daquela zona precisam de mais apoio, por parte do Governo, na área da Saúde. O grupo sugere que o Governo recupere o serviço da emergência do Hospital Kiang Wu da Taipa à noite e que os médicos voltem a dar consultas nos lares de idosos. Na reunião do Conselho Consultivo para Assuntos Comunitários das Ilhas, realizada na terça passada, Lam Sau Lai, uma vogal do Conselho, indicou que “no passado, os médicos que foram indicados pelo Governo iam aos lares de idosos uma vez por semana para fazer consultas. O serviço foi cancelado e, neste momento, os idosos só podem chamar o serviço de emergência”. Voltar a colocar médicos a dar consultas nos lares irá permitir, indica a vogal, uma diminuição da taxa de doença dos idosos e “eliminar a pressão dos serviços de emergência”. “Alguns residentes querem ainda que o Hospital Kiang Wu da Taipa continue a oferecer o serviço de emergência – que está inactivo -, pois o da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) não satisfaz os residentes. Eles preferiam o serviço do Kiang Wu por causa da localização”, defendeu o grupo de trabalho. Tomás Chio
Flora Fong SociedadeColoane | Moradores rejeitam habitação pública nas colinas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Associação Poder do Povo sugeriu que se construísse habitação pública nas colinas de Coloane, mas os moradores da vila de Hac Sá Chun e um membro do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) rejeitaram esta ideia. Em vez de ali se edificar mais betão, pedem que primeiro se utilize os terrenos não aproveitados para equilibrar o desenvolvimento da cidade com a preservação da natureza. A ideia foi dada pela Associação Poder do Povo que entregou, no início de Novembro, uma carta ao Chefe do Executivo sugerindo desenvolver as colinas de Coloane para criar habitação pública. No programa “Macau Talk” do canal chinês da Rádio Macau, o membro do CPU Lam Iek Chit, o presidente da União Macau Green Student, Chan Chong Meng, e o presidente da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores de Hac Sa Chun discutiram esta ideia. Kam, um ouvinte que interveio no programa, considera que esta é a única opção de Macau. No entanto, o membro do CPU não considera necessário desenvolver a fundo as colinas de Coloane, justificando que ainda existem terrenos não utilizados em Seac Vai Pan. Além disso, disse, será criada mais habitação pública nos novos aterros e tal será suficiente para acomodar 120 mil pessoas, número que diz chegar para suprir a escassez nos próximos 20 anos¬. “Actualmente o plano director urbanístico ainda não começou e caso se desenvolvam novas zonas nas ilhas será uma coisa para durar mais de dez anos. Pelo ponto de vista da eficiência, desenvolver os terrenos desocupados é o mais óbvio”, indicou. Chan Chong Meng, presidente da União Macau Green Student, optou por apontar que a área verde per capita no território é de 13 a 15 metros quadrados, correspondendo apenas ao critério mínimo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de nove metros quadrados. No entanto, considera que para manter a qualidade de vida e de ar dos cidadãos de Macau, é preciso equilibrar o desenvolvimento da cidade e a preservação de espaços verdes. “Coloane tem uns bairros velhos que podem ser reordenados e revitalizados e é adequado que uma parte dos cidadãos viva lá”. Para Ng Kun Cheng, presidente da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores de Hac Sa Chun, faz sentido desenvolver factores turísticos em Coloane, mas o presidente rejeita a ideia de desenvolver construção naquela zona. Isto porque, disse, considera que se trata de uma medida irresponsável para com as próximas gerações.