“De Macau a Lisboa – Na Rota das Porcelanas Ming”  publicado pelo IC

“De Macau a Lisboa – Na Rota das Porcelanas Ming” é o livro de Armando J. G. Sabrosa apresentado recentemente pelo Instituto Cultual (IC) que se baseia “nos dados obtidos através de trabalhos arqueológicos do autor numa abordagem que destaca o processo de transação comercial de porcelanas chinesas ao longo dos séculos XVI e XVII”. A investigação foi realizada recorrendo aos vestígios de peças encontrados enterrados e submersos, “uma área de investigação ainda pouco desenvolvida”, aponta o organismo em comunicado.

 

Entre portos

Segundo o IC, os objectos locais, revelam o espólio de “um grande centro exportador de porcelana chinesa, originário tanto de contextos religiosos e nobiliárquicos, como da área mercantil”. Já as peças de Lisboa, reflectem o que chegava a “um grande centro importador e receptor daquelas cerâmicas asiáticas, nomeadamente na zona ribeirinha, no antigo palácio dos Corte-Reais, e na Rua da Judiaria, em Almada”, aponta a mesma fonte.

Além dos objectos, “De Macau a Lisboa – Na Rota das Porcelanas Ming” aborda “o meio de transporte, ou seja, o que liga aqueles dois centros por via marítima: uma das naus da Carreira da Índia, a presumível Nossa Senhora dos Mártires, que, com o porto de destino à vista, naufragou na barra do Tejo com toda a sua valiosa carga”.

Armando Sabrosa foi bolseiro do Investigação Académica do IC em 2001. A investigação então realizada deu continuidade aos trabalhos arqueológicos em que participou em Macau, em 1995-96, no Colégio de São Paulo e na Fortaleza do Monte, bem como ao estudo que efectuou sobre o espólio recolhido nas obras dos jardins da Igreja de Santo Agostinho, no mesmo ano. O autor morreu vítima de um acidente, em 2006, deixando um número considerável de manuscritos científicos inéditos ou inacabados. De Macau a Lisboa – Na Rota das Porcelanas Ming é um destes exemplos.

13 Mar 2019

Ká Hó | Empresa fundada por Stanley Ho prescinde de terrenos para ampliar barragem

A Sociedade de Turismo e Desenvolvimento Insular declarou a desistência da concessão, por arrendamento, de cinco parcelas de terreno, junto à Estrada da Barragem de Ká Hó, em Coloane. A informação consta de um despacho do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, publicado ontem em Boletim Oficial.

A empresa, que era detida em 35 por cento pela Shun Tak em 2017, declarou a desistência das cinco parcelas, “a fim de viabilizar a obra de ampliação da barragem de Ká Hó”, a 25 de Janeiro, segundo o despacho, que produz efeitos imediatos. A empresa vai prescindir de cinco parcelas que totalizam 3.632 metros quadrados de um terreno com uma área global de 767.373 metros quadrados, de cujos direitos resultantes da concessão é titular, onde se encontra implantado um complexo turístico e recreativo”, o Grand Coloane Resort (antigo Westin).

As cinco parcelas de terreno vão ser integradas, livre de ónus ou encargos, no domínio público do Estado. O HM questionou a secretaria dos Transportes e Obras Públicas sobre se vai haver lugar a qualquer tipo de contrapartida, mas até ao fecho da edição não obteve resposta.

IC | Candidaturas para Bolsas de Investigação abrem em Março

A partir de 1 de Março, até 31 de Maio, estão abertas as candidaturas para Bolsas de Investigação Académica do Instituto Cultural (IC). O objectivo é “estimular o desenvolvimento de estudos académicos originais sobre a cultura de Macau e sobre o intercâmbio cultural entre Macau, a China e outros países”, de acordo com um comunicado. Podem concorrer doutorados e investigadores locais ou estrangeiros, “com comprovada experiência de investigação académica”. Os montantes das bolsas vão de 250 mil às 280 mil patacas, dependendo das credenciais académicas do candidato e do conteúdo do respectivo projecto de investigação.

28 Fev 2019

Exposição | “Cidade Ilustrada” para ver no espaço Ponte 9 até Janeiro

O Centro de Arquitectura e Urbanismo, localizado no espaço Ponte 9, recebe até 4 de Janeiro a exposição da artista Winky Lam, intitulada “Cidade Ilustrada”. O objectivo é estabelecer uma interacção com o público, que pode pintar um painel de 18 metros de comprimento

Por estes dias a realidade é transformada pela via da imaginação no espaço Ponte 9, localizado na zona da Barra e que serve de casa ao Centro de Arquitectura e Urbanismo (CURB). Nuno Soares, arquitecto e presidente desta associação de cariz cultural, é o curador de “Cidade Ilustrada”, a exposição de Winky Lam que estará aberta ao público até ao próximo dia 4 de Janeiro.

Lam, licenciada em artes visuais pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) e docente no Colégio Diocesano de São José, criou um painel de 18 metros de comprimento que pode ser pintado por todos aqueles que visitem a exposição.

“Tinha esta ideia desde o início do ano de fazer uma exposição que fosse aberta a todas as idades e que trouxesse famílias ao CURB para participar nesta obra colectiva”, começou por contar Nuno Soares ao HM.
O arquitecto queria mostrar o trabalho de um artista de Macau “que fizesse um panorama urbano da cidade e que depois os participantes viessem e editassem esse panorama”.

A inauguração aconteceu no passado sábado e contou com a presença de 50 pessoas, que pintaram o mercado vermelho de cor verde e transpuseram para o painel elementos de diferentes culturas que coexistem no território.

“Há intervenções imprevistas, como um espaço que a Winky desenhou de Macau em que foi feito um telhado, semelhante aos que existem nos templos, e depois alguém desenhou um relógio tradicional com ingredientes de mercearia chinesa.”

Apesar de todas as transformações a que a obra estará sujeita até Janeiro, Nuno Soares garante que o traço original do artista se mantém. “Acho que o trabalho da artista está muito evidente. A ideia não é que as outras pessoas pintem a ideia da Winky, mas sim que haja mesmo uma colaboração. Há um traço marcante que organiza toda a exposição, pois vê-se a mão do artista, mas vê-se muito outras coisas por cima disso.”

Uma questão de respeito

A ideia por detrás de “Cidade Ilustrada” é que Macau é um território feito e construído a várias mãos e com diferentes perspectivas. Nuno Soares quis promover “um diálogo entre o artista, o CURB e a população em geral, tendo esta ilustração como base”.

“Foi a primeira vez que organizamos um evento deste género. Foi muito surpreendente e muito agradável. Passamos a tarde com a artista e surpreendeu-nos muito o resultado, porque há um desenho base e depois as pessoas vão pondo a sua interpretação por cima, os seus pormenores e cores. É uma ilustração muito longa e colorida, tem zonas diferentes mas fica coerente”, acrescentou Nuno Soares.

Para o arquitecto, a presença de várias mãos a editar a obra mantém “o respeito, a colaboração e uma interacção muito interessante”.

“Cidade Ilustrada” é uma exposição que conta com o apoio do Instituto Cultural e da Associação para Desenvolvimento de Mulher Nova de Macau, recentemente criada. A iniciativa encerra o plano de actividades do CURB para este ano, que recentemente trouxe para o território o Open House Macau, um evento mundial que levou a população aos principais monumentos e espaços arquitectónicos da cidade.

17 Dez 2018

Património | Instituto Cultural propõe classificação de nove bens imóveis

Foi aberto ontem o procedimento de classificação do segundo grupo de bens imóveis, incluindo de estilo português, desde a entrada em vigor da Lei do Património Cultural. Do elenco figuram o Cemitério S. Miguel Arcanjo ou as Casas Moosa

Nove bens imóveis podem vir a integrar a lista do património de Macau dentro de um ano. O primeiro passo foi dado ontem com a abertura do procedimento de classificação por parte do Instituto Cultural (IC).
A lista contempla nove imóveis, dos quais três são propostos para a categoria de monumentos. A saber: Posto do Guarda Nocturno, Templo de Sin Fong e Ruínas do Colégio de S. Paulo (antigo muro, troço na Rua D. Belchior Carneiro, n.º 35).

Erigido antes da década de 1940, o Posto do Guarda Nocturno localiza-se na Rua da Palmeira, que era a artéria principal de uma das principais zonas residenciais da comunidade chinesa de Macau – o Patane. Além de ser uma profissão de longa tradição, antes da popularização dos relógios, o tangedor de horas prestava outros serviços à comunidade, nomeadamente no combate a incêndios, até entrar gradualmente em declínio a partir dos anos 1970. O posto, que serviu depois de residência dos guardas-nocturnos, teve outras finalidades ao longo dos anos e, actualmente, funciona como espaço museológico.

O segundo bem imóvel que o IC propõe que seja classificado como monumento é o Templo de Sin Fong. Situado na Travessa de Coelho do Amaral, o templo, com pelo menos 190 anos de história, chegou a estar à beira-rio antes dos aterros realizados no início do século XX.

Para a categoria de monumento o IC avança ainda as Ruínas do Colégio de S. Paulo (antigo muro, troço na Rua D. Belchior Carneiro), que ocupa uma área, actualmente devoluta, de 17 metros quadrados. Os vestígios do antigo muro, que foi desaparecendo depois do incêndio de 1835, foram descobertos em 2010.

Já na esfera de edifício de interesse arquitectónico recaem outros três bens imóveis: o edifício da Calçada do Gaio, n.º6 e do Estrada da Vitória n.º 30, bem como as Casas Moosa. O primeiro, com uma área de 226 metros quadrados, foi construído em 1929-30. O prédio, caracterizado por um estilo ecléctico com decorações neo-árabes, funciona como sede do Instituto de Estudos Europeus. Já o segundo, uma moradia com jardim na frente, datada sensivelmente da mesma altura e com área idêntica, serve actualmente o Centro do Bom Pastor.

Já a terceira proposta de classificação como edifício de interesse arquitectónico recai sobre as Casas Moosa (um dos três bens imóveis de propriedade privada da lista). Erigidas antes de 1880, mantêm intactas as características arquitectónicas, incluindo as persianas de estilo português, as janelas com lâminas de madrepérola, o ‘dougong’ tradicional chinês em madeira e os balaústres. A família Moosa, descendente de Cassam Moosa, muçulmano da Índia que veio para Macau para se dedicar ao comércio, continua a habitar e a operar uma loja nos números 45 e 47 da Rua Central.

Os sítios

Os restantes três imóveis merecem, na perspectiva do IC, ser sítios classificados. O primeiro é o Cemitério S. Miguel Arcanjo, inaugurado em 1854, onde jazem importantes figuras como o poeta português Camilo Pessanha, o coronel macaense Vicente Nicolau de Mesquita ou o negociante chinês Francisco Volong.

O IC pretende ainda elevar a sítio classificado o antigo Mercado do Tarrafeiro, que remonta à segunda metade do século XIX. Conhecido por “Mercado Simão” e “Mercado Kong Iec” destinava-se sobretudo à venda de peixe fresco. Após ter encerrado, em 1928, parte do terreno foi aproveitada para habitações, restando um único pórtico, na confluência da Rua de Cinco de Outubro com a Rua do Guimarães.

O antigo Mercado Municipal da Taipa (“Feira do Carmo”) surge como o terceiro bem imóvel proposto pelo IC para integrar a categoria de sítio classificado. Do total de nove, apresentado ontem, é o único que fica situado fora da península. Erguido em 1779 no coração da vila da Taipa, começou a entrar em decadência na década de 1970 do século XX, na sequência da popularização de um novo modelo de mercado fechado em edifícios de grande dimensão, acabando por vir a dar lugar, em 2003, a um espaço público aberto.

Este é o segundo grupo de bens imóveis a ser alvo de abertura do procedimento de classificação, depois de, em Dezembro de 2015, ter sido feito o mesmo para um primeiro lote, formado por dez bens imóveis, abrindo caminho à sua inscrição na lista do Património Cultural.

Inicialmente, o segundo grupo era composto por 13 bens imóveis, mas quatro acabaram por cair, indicou a presidente substituta do IC, Leong Wai Man, em conferência de imprensa onde explicou que, após lançada a primeira fase de estudos e de recolha de provas, o IC concluiu não dispor de informação suficiente para avançar com propostas de classificação. Tal não significa, como ressalvou a responsável, que não venham a integrar futuros lotes.

Consulta pública

Ao abrigo da Lei da Salvaguarda do Património, a instrução do procedimento de classificação compete ao IC e compreende a abertura do procedimento, a audiência prévia do proprietário do imóvel (se for privado), a avaliação do IC e o parecer do Conselho do Património Cultural (que não é, porém, vinculativo), cabendo a decisão final ao Governo. A lei, em vigor desde 1 de Março de 2014, determina que esse procedimento deve ser concluído pelo IC no prazo de 12 meses, bem como que a proposta de classificação de um bem imóvel tem de ser objecto de consulta pública.

Essa consulta pública começa na próxima quarta-feira, dia 7, e termina a 5 de Janeiro. Durante o período de 60 dias, vão ter lugar três sessões públicas (a 11 e 25 de Novembro e 15 de Dezembro). O IC tem depois um máximo de 180 dias para apresentar o relatório final relativamente às opiniões recolhidas.

1 Nov 2018

Ruínas de S. Paulo vedadas para monitorização

As Ruínas de S. Paulo vão estar vedadas ao público nos dias 5 e 12 entre as 23h e as 6h da manhã do dia seguinte para monitorização, informou o Instituto Cultural (IC).

Em comunicado, o organismo indica que, a fim de assegurar a segurança da estrutura, utiliza anualmente um ‘scanner’ tridimensional para proceder ao exame geral da superfície da fachada do monumento e ao registo dos respectivos dados.

A monitorização começou na passada sexta-feira, dia em que a área do adro com pavimento em lajes de granito e a escadaria do monumento foram interditas ao público durante a noite.

3 Out 2018

IC | Obra de Wu Li lembrada com exposição no Museu de Arte de Macau

“Para além da paisagem: exposição comemorativa do 300º aniversário da morte de Wu Li” é o nome da iniciativa do Instituto Cultural para recordar a carreira e o trabalho multifacetado do homem que também foi artista, poeta e missionário jesuíta, falecido em 1718

Na sexta-feira abre ao público, no Museu de Arte de Macau (MAM), a mais recente iniciativa do Instituto Cultural (IC) para recorda a obra deixada por Wu Li, que chegou a Macau em 1680 e produziu obras na área da poesia e pintura, além de ter sido missionário jesuíta.

A exposição, intitulada “Para além da paisagem: exposição comemorativa do 300º aniversário da morte de Wu Li”, apresenta um total de 84 obras de caligrafia e pintura “de períodos diferentes de Wu Li”, bem como de “alguns dos seus mentores e amigos”, aponta um comunicado do IC.

Esta é “a primeira exposição a solo de grande escala de Wu Li e quase metade das peças são apresentadas publicamente pela primeira vez, sendo uma mostra panorâmica das realizações culturais e artísticas de Wu Li”. O objectivo da iniciativa, de acordo com o IC, é fazer com que o público “e os visitantes possam apreciar um belo conjunto de algumas das melhores pinturas da dinastia Qing e experienciar o encanto da fascinante cultura chinesa”.

O trabalho desenvolvido por Wu Li foi também recordado num documentário produzido por James Jacinto e Silvie Lai em 2015, com o nome “As crónicas de Wu Li no Colégio de São Paulo”, que recriou o ambiente vivido em Macau no século XVII e que teve o monumento Ruínas de São Paulo como pano de fundo.

Da China para Macau

Nascido em 1632 e natural de Changshu, na província de Jiangsu, Wu Li ganhou à nascença o nome Qili e “nome de estilo Yushan”. “Devido à existência de um poço muito profundo (mo jing) de Yan Zi onde Wu Li vivia, Wu Li ganhou o epíteto de ‘Mo Jing Dao Ren’ (Taoista do Poço Profundo)”, explica o IC.

Durante o período Kangxi, Wu Li veio a Macau com Philippus Couplet, um jesuíta belga, e residiu no Colégio de S. Paulo onde estudou latim e teologia, e depois regressou a Jiangsu. Em 1682, ingressou na ordem dos jesuítas como frade. Foi ordenado padre em Nanjing em 1688 e começou a pregar na zona de Xangai, onde faleceu.

O comunicado do IC aponta que a criação de Wu Li se manifestou em várias facetas, como poesia, prosa, música além de outras formas de arte. Além disso, “as suas obras combinavam os pontos fortes das várias escolas e subordinavam-se sobretudo a temas da natureza, sendo particularmente conhecido pelas suas obras em pintura de paisagem”.

Wu Li foi também “um dos ‘Seis Mestres de Qing’, juntamente com Wang Shimin, Wang Jian, Wang Yuanqi, Wang Hui e Yun Shouping, tendo uma influência profunda na história da arte chinesa e no desenvolvimento do Catolicismo na China”.

4 Set 2018

IC | “Antigas muralhas da cidade” alvo de restauro

OInstituto Cultural (IC) vai proceder, a partir de sexta-feira, ao restauro das “antigas muralhas da cidade”, também conhecido como o troço próximo da Igreja da Penha. De acordo com um comunicado, “durante a realização das obras serão colocadas vedações no parque do miradouro de Nossa Senhora da Penha a separar os peões da área de trabalho, mas estes trabalhos não terão impacto no horário de funcionamento do miradouro”. Prevê-se que os trabalhos de restauro estejam concluídos em meados de Novembro.

4 Set 2018

IC | Chefe do Departamento de Gestão de Bibliotecas Públicas com processo disciplinar

 

Foi instaurado um processo disciplinar à chefe do Departamento de Gestão de Bibliotecas Públicas do Instituto Cultural na sequência do arrasador relatório de auditoria

 

Achefe do Departamento de Gestão de Bibliotecas Públicas do Instituto Cultural (IC), Tang Mei Lin, vai ser alvo de um processo disciplinar. O anúncio foi feito ontem pela presidente do IC, Mok Ian Ian, ao jornal Exmoo News. Mok Ian Ian explicou que, para garantir a imparcialidade e justiça, encomendou a uma instituição independente o inquérito, que está em curso a nomeação dos instrutores do processo, etapa que deve demorar 45 dias. A presidente do IC espera que a investigação seja concluída até ao final do ano.
O processo disciplinar foi instaurado após sugestão do IC na sequência da publicação, em meados de Maio, de um relatório pelo Comissariado de Auditoria (CA) que arrasou a gestão da rede de bibliotecas públicas, a cargo do IC. O documento descrevia um cenário generalizado e persistente de desordem e descuido, com as falhas sinalizadas a abrangerem a catalogação, a conservação do acervo bibliográfico e mesmo a ausência de critérios na aquisição de livros.

Relatório para Alexis

Na sequência dos resultados da auditoria, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, pediu ao IC um “relatório circunstanciado” sobre as medidas de melhoria adoptadas na gestão da rede de bibliotecas públicas. O IC assumiu, a 1 de Janeiro de 2016, a gestão exclusiva das bibliotecas públicas, uma função que dividia anteriormente com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), tendo actualmente sob sua alçada 17 bibliotecas públicas, incluindo uma itinerante.

28 Ago 2018

Bibliotecas | Relatório do IC entregue ao secretário prevê processos disciplinares

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, recebeu do Instituto Cultural o relatório sobre os problemas na gestão dos arquivos bibliotecários. Este não é público, mas Mok Ian Ian, presidente do IC, referiu que serão abertos processos disciplinares aos trabalhadores alegadamente responsáveis pela má gestão dos livros

Um mês depois do Comissariado de Auditoria (CA) ter posto a nu a má gestão de arquivos bibliotecários por parte do Instituto Cultural (IC), foi entregue o relatório interno ao secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, depois deste ter feito essa exigência ao IC.

O documento não é público, mas Mok Ian Ian, presidente do IC, revelou algum do seu conteúdo no último plenário da Assembleia Legislativa (AL).

“Reconhecemos nesse relatório que existem falhas e que vão ser aplicadas sanções disciplinares aos trabalhadores que tenham cometido falhas. Vamos implementar melhorias nos serviços.”

Também Alexis Tam deixou garantias de acompanhamento do caso após a investigação feita pelo CA. “Depois da tomada de posse do IC têm vindo a ser alterados os métodos de gestão. Houve colegas que tiveram problemas com a gestão e vão ser levantados processos disciplinares. Concordo com isso”, frisou.

Vários deputados exigiram ainda mudanças na legislação que regula a gestão das bibliotecas públicas, nomeadamente Wong Kit Cheng, a autora da interpelação oral discutida no plenário. “O regulamento da biblioteca central está em vigor há 30 anos e creio que devemos alterá-lo com vista a melhor gerir todas as nossas bibliotecas.”

Ophelia Tang, actual directora da biblioteca do Tap Seac, garantiu que “em breve vai ser substituído o estatuto das bibliotecas públicas por um novo regulamento”. “Já fizemos mais de 30 reuniões para debater o conteúdo”, acrescentou.

Adjudicação este ano

O secretário quando confrontado com o projecto da nova Biblioteca Central garantiu que a adjudicação à empresa responsável pelo projecto de arquitectura deve ser feita ainda este ano. Além disso, “antes de 2022 uma parte da nova biblioteca, relativa ao edifício do antigo tribunal, já estará em funcionamento”, enquanto que “a construção da parte traseira (relativa ao antigo edifício da PJ) poderá estar concluída em 2022”, frisou Alexis Tam.

O secretário fez ainda referência ao relatório do Comissariado contra a Corrupção, que alertou para a existência de várias contratações de pessoal pelo IC sem que tenha sido realizado concurso público.

“O antigo secretário (Cheong U) também não sabia que se recorria a meios ilegais para contratar pessoas, pois era necessária a prestação de serviços. Nos últimos anos fizemos muitos trabalhos e estamos a contratar muitas pessoas mas há vias legais para o fazer. Por exemplo, em 2015, os Serviços de Saúde contrataram mais de 900 trabalhadores, mas tal foi feito de forma legal”, rematou.

23 Jul 2018

Cecília Tse promete analisar as necessidades de pessoal do Instituto Cultural

Acabada de tomar posse como presidente do Instituto Cultural, Cecília Tse volta atrás na medida anunciada pelo seu antecessor, Leung Hio Ming, de abrir concurso público para admissão de pessoal

Na sequência da polémica contratação de quadros do Instituto Cultural através do regime de aquisição de bens e serviços, que fez cair os dois antigos presidentes do organismo, Cecília Tse volta atrás na possibilidade de abrir concurso público no próximo para contratar pessoal. A proposta do tempo do consulado do seu antecessor, Leung Hio Ming, visava tapar o buraco de recursos humanos deixado aberto pela saída de quadros após a polémica espoletada pelo relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC).

“O IC já tem um número muito grande de trabalhadores em comparação com outros departamento, mais de 800 pessoas, salvo erro. Preciso de algum tempo para fazer um levantamento e saber exactamente o que faz falta e o que não faz”, revelou a nova presidente do IC após a cerimónia de tomada de posse.

Cecília Tse explicou que vai passar a pente fino as necessidades de recursos humanos dos vários departamentos do IC, não admitindo, por enquanto, se haverá necessidade de abertura de concurso público para a admissão de pessoal.

Importa referir que depois do relatório do CCAC, saíram dos quadros do Instituto Cultural 70 funcionários contratados através do regime de aquisição de serviços, encontrando-se ainda 24 funcionários até Junho/Julho do próximo ano ao abrigo de uma situação de emergência.

Por classificar

Cecília Tse tem feito carreira na Direcção dos Serviços de Turismo, onde foi vice-presidente, assim como membro do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo. A nova presidente, explica que apesar de não ter trabalhado no IC antes tem “estado na área do trabalho cultural e artístico”.

Depois da saída de Leung Hio Ming e do seu ex-vice-presidente Chan Peng Fai, o consulado de Cecília Tse, terá como vice-presidente substituta Leong Wai Man, mantendo-se Ieong Chi Kin na posição de vice-presidente da entidade.

No dia em que tomou posse, a nova presidente do IC reiterou a importância da preservação do património cultural, mantendo o respeito à lei da salvaguarda do património cultural como foi condutor para protecção do património.

Cecília Tse disse que vai tentar manter o equilíbrio entre a preservação do património cultural e o desenvolvimento económico. Sobre o plano de gestão do centro histórico de Macau, a nova responsável reiterou que o IC vai “acelerar o ritmo de trabalho” para poder apresentar este plano em 2018 à UNESCO.

O que diz respeito aos estaleiros de Lai Chi Vun, a presidente do IC lembrou que “os trabalhos de classificação estão em curso” e que ainda não há data definitiva para a listagem dos estaleiros. Algo que Cecília Tse vai “tentar fazer o mais rapidamente possível”.

Foi ainda referido que será construído um centro de intercâmbio cultural sino-português para “aproveitar as vantagens de Macau e as suas características singulares para plataforma cultural.

20 Dez 2017

Premiados da 11ª Bienal conhecidos ao final do dia

Organizada desde os anos 90, a nova edição da Bienal de Design de Macau é hoje inaugurada na Galeria de Exposições Especiais do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. Exposição com as obras premiadas decorre entre 19 de Dezembro e 31 de Março do próximo ano

 

Instituto Cultural (IC), Associação de Designers de Macau e Fundação Macau. Três entidades que se juntaram para promover a 11ª edição da Bienal de Design de Macau. Hoje ao final do dia serão conhecidas as obras premiadas que estarão em exposição na Galeria de Exposições Especiais do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau a partir de amanhã, 19, e até 31 de Março de 2018.

Mais de quatro mil trabalhos, oriundos de 33 países ou regiões, chegaram às mãos dos organizadores do evento, sendo que vinte por cento deles passou à fase final de organização.

Segundo um comunicado do IC, “este ano o volume de trabalhos submetidos a concurso quebrou o recorde, sendo o nível global de qualidade superior ao de anos anteriores”.

O júri, composto por Guang Yu (Pequim), Céline Lamée (Amsterdão e Pequim) e Steffen Knöll (Alemanha), levou seis meses a avaliar todos os trabalhos, tendo sido seleccionados 80 vencedores e um total de 200 obras para integrar a exposição amanhã inaugurada.

O IC afirma que “os vencedores e os trabalhos seleccionados provêm do Interior da China, Hong Kong, Macau, Taiwan, Alemanha e Grã-Bretanha”.

A primeira edição da Bienal de Design de Macau arrancou em 1994, numa iniciativa da Associação dos Designers de Macau. Segundo o IC, “a Bienal acabou por tornar-se na única competição profissional no sector do design de Macau e num evento de design muito representativo das quatro Regiões dos Dois Lados do Estreito”.

“Várias exposições e competições profissionais têm contribuído para potenciar a imagem profissional do sector do design, granjeando reconhecimento a múltiplos designers e sensibilizando o público para a importância da criatividade na sustentabilidade económica, bem como para o valor criado pelo sector do design”, aponta o IC no mesmo comunicado.

18 Dez 2017

IC | Alexis Tam diz não ser necessário suspender actuais dirigentes

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, garantiu que não é necessário suspender das suas funções os actuais presidente e vice-presidente do Instituto Cultural. Ainda não há resultados de um processo que teve origem num relatório do CCAC.

Não está tudo bem, mas quase. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, disse ontem, à margem de um evento público, que não é necessário suspender as funções do actual presidente do Instituto Cultural (IC), Leung Hio Ming, e do seu vice-presidente, Chan Peng Fai. Estas declarações surgem no contexto de um processo disciplinar que foi instaurado a estes dirigentes, bem como ao antigo presidente do IC, Ung Vai Meng, após um relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) que denunciou o excesso de contratações de funcionários sem recurso a concurso público.

“Macau é um território administrado pelas suas leis e temos de as seguir para proceder aos nossos trabalhos. Quando saírem os resultados, sobre os dirigentes que ainda estão nos cargos ou sobre aqueles que já saíram, [será o período de tempo] suficiente [para tomar uma decisão]”, frisou Alexis Tam.

Alexis Tam disse ainda que sugeriu ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, que seja criada uma equipa de investigadores só para este caso, que ainda não tem qualquer desfecho. Contudo, o secretário prometeu divulgar o relatório final da investigação assim que o processo estiver concluído.

Orçamento sobe 14 por cento

O secretário falou com os jornalistas à margem da abertura da creche “A Abelhinha”, da Associação Geral das Mulheres de Macau, que oferece um total de 200 vagas para crianças.

Alexis Tam já tinha afirmado publicamente de que, em 2018, o orçamento da sua tutela iria aumentar, mas ontem adiantou que, na área da assistência social, o orçamento vai subir 14 por cento.

No âmbito das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, os idosos com mais de 65 anos passam a ter acesso a apoios mensais de 5.800 patacas, um aumento de 100 patacas face às anteriores 5.700, um valor superior ao nível de risco social. Desta forma, o secretário disse ter confiança em obter a confiança junto dos mais velhos.

Alexis Tam adiantou ainda que muitas das medidas definidas no Plano de Acção para o Desenvolvimento dos Serviços de Apoio a Idosos nos Próximos Dez anos já estão a ser preparadas, apesar do referido plano só entrar em vigor no ano que vem. Estão incluídas medidas destinadas a quem presta cuidados de saúde a idosos e acamados, que ainda estão a ser estudadas.

Relativamente ao centro de saúde de Seac Pai Van, disse que o Executivo decidiu edificar um espaço mais pequeno, estando a planta de condições urbanísticas em fase de alteração.

O secretário explicou que esta mudança se prende com o número de camas existente no centro de serviços para idosos Ian Fai, administrado pela Caritas Macau, e o facto de existir uma curta distância entre Seac Pai Van e o futuro hospital das ilhas.

17 Nov 2017

Ilha Verde | Convento da Casa do Retiro à espera de reparações

O Convento Casa Retiro vai ser reparado conforme as indicações do Instituto Cultual, mas só depois de existir um plano consensual com o Governo acerca do planeamento daquela zona, e mais, depois de concluído o processo referente ao direito de administrar o local. A ideia foi deixada ontem em conferência de imprensa pelo representante da Companhia de Desenvolvimento Wui San, empresa que reclama a propriedade do terreno na Ilha Verde onde está o convento da Casa do Retiro.
De acordo com Jack Fu, a empresa recebeu, no mês passado, “uma carta do Instituto Cultural (IC) que incluía o relatório da vistoria dos serviços das obras públicas e uma petição que apelava à responsabilização da Companhia de Desenvolvimento Wui San para que procedesse aos trabalhos de restauração, o mais cedo possível”. O IC, na referida missiva, aponta ainda que, nas obras a efectuar, a empresa deve ter em conta a manutenção do exterior da Casa Retiro de acordo com a concepção original.
A Companhia de Desenvolvimento Wui San garante que irá cumprir com os requisitos pedidos, mas é necessário que termine o processo judicial e ser definitivamente considerada a proprietária e administradora do local.

Bico-de-obra

Para o representante, é altura de acabar com “as confusões perante a leitura de sentença”, dada pelo Tribunal de Última Instância no passado mês de Março, que anunciou que a Companhia de Desenvolvimento Wui San possui a propriedade da Colina da Ilha Verde.
No entanto, no que respeita à administração da propriedade decorre ainda um processo de recurso entre a empresa e o antigo administrador, cujo resultado ainda não se conhece. Jack Fu está confiante de que desta vez o administrador será obrigado a sair do terreno, visto já ser uma decisão de recurso.
Para o representante da Wui San, o impasse criado pela luta pela propriedade da Colina tem tido consequências graves. “Além de colocar barreiras em propriedade privada, esta pessoa arrenda quartos a não residentes dentro do convento”, referiu. Jack Fu lamentou ainda que, devido ao processo de recurso ainda estar em curso e não existir decisão final, a empresa que representa nada pode fazer neste momento para evitar o que se está a passar.
No que respeita aos veículos depositados no terreno, Jack Fu admite que a ideia é da companhia que representa. O objectivo, afirmou é o de “prevenir mais ocupações ilegais por parte de trabalhadores”. No entanto, é intenção da Wui San proceder à retirada destes veículos assim que exista um consenso com o Governo no que respeita ao planeamento da Colina.

9 Nov 2017

Ano lectivo | Maioria das escolas começou aulas no período previsto

Apesar dos estragos causados pelo tufão Hato, 90 por cento das escolas começaram as aulas de acordo com o calendário previsto. A Transmac colocou mais 35 autocarros a circular nas ruas

Os estragos causados pela passagem do tufão Hato por Macau acabou por não influenciar o começo do ano lectivo. Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), 90 por cento das escolas começaram as aulas dentro do prazo previsto.

De um total de 77 estabelecimentos de ensino, 60 indicaram à DSEJ as intenções de começarem as aulas no dia 1 de Setembro, sendo que 21 deverão começar um novo ano lectivo até ao dia 18 deste mês. Há quatro escolas que prevêem dias diferentes para a abertura das aulas.

Houve apenas sete escolas que cancelaram a cerimónia de abertura das aulas, enquanto menos de dez por cento, ou seja, seis escolas, tiveram que adiar o arranque do ano lectivo.

A DSEJ enviou 20 trabalhadores para inspeccionarem um total de 53 instituições de ensino e realizar uma avaliação “das condições para a abertura das aulas”, tendo sido feita também uma análise das condições de higiene e do estado das infra-estruturas após o tufão Hato.

Sem hora de ponta

O comunicado da DSEJ explica ainda que a “situação de trânsito registada no dia do começo das aulas foi semelhante à dos dias normais”.

“Alguns alunos afirmaram que saíram de casa com a devida antecedência, e alguns até apontaram que, para um melhor domínio do tempo, escolheram deslocar-se a pé para a escola. O período de pico de trânsito, com tráfego intenso e lento perto de algumas escolas, decorreu entre as 8h00 e as 9h30 horas da manhã, mas no geral decorreu com normalidade”, explica a direcção de serviços.

Entretanto, a Transmac, uma das operadoras de autocarros públicos, anunciou que colocou na estrada 35 novos veículos para responder a uma maior procura no arranque de mais um ano lectivo.

IC | Património inspeccionado e livre de perigo

O Instituto Cultural (IC) já concluiu a inspecção a mais de 30 locais de património classificado, onde se incluem a Colina da Ilha Verde, a Colina da Penha, a Colina da Guia, o Largo do Lilau, a Rua da Felicidade e o Bairro de S. Lázaro, entre outros.

Segundo um comunicado, “os danos nestes locais foram relativamente baixos”, estando relacionados “sobretudo com a queda de árvores e ramos”, sendo que existe “um número considerável de grandes árvores que ficaram danificadas”.

“Na área perto da Casa de Retiros da Ilha Verde, existem árvores de grandes dimensões que foram derrubadas e vários ramos ficaram partidos, havendo um perigo potencial de queda”, explica o IC. Além disso, “existem árvores de grande escala na Colina da Penha desenraizadas, tendo derrubado as vedações e paredes em seu redor”.

O mesmo comunicado aponta que “a maioria dos conjuntos não apresenta de momento quaisquer perigos estruturais, tendo sofrido apenas a queda de candeeiros e letreiros que causou alguns danos em cantos de paredes ou a queda de algumas telhas”.

Entretanto o IC reuniu com administradores de todos os templos e igrejas “a fim de discutir em conjunto os trabalhos de seguimento após o tufão e de acelerar o apoio aos trabalhos de recuperação e de socorro de todos os itens patrimoniais”.

4 Set 2017

Hato | SJM disponibiliza serviços médicos gratuitos

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vai garantir cuidados médicos gratuitos à população, numa das zonas mais atingidas pelo tufão Hato, indicou em comunicado. Os serviços médicos gratuitos vão começar esta quarta-feira e irão funcionar durante um mês (nos dias úteis) numa clínica médica da zona da Praia do Manduco, uma das áreas mais antigas da cidade, indicou, em comunicado, a operadora de jogo fundada em 1962 por Stanley Ho. Um grupo de voluntários da SJM está desde quinta-feira passada a prestar serviços de apoios às famílias afectadas pelo tufão Hato, que causou dez mortos, mais de 200 feridos e danos avultados ainda por avaliar. A SJM, que opera 21 dos 39 casinos de Macau, decidiu também abrir o supermercado exclusivo dos seus funcionários à população que vão beneficiar dos descontos aplicados aos trabalhadores, até 14 de Setembro, de acordo com a operadora. A directora executiva da sociedade e deputada de Macau Angela Leong prometeu o apoio da operadora à comunidade local: “Juntos vamos reconstruir a nossa casa”.

Tufão | Fundação Jorge Álvares manifesta solidariedade

A Fundação Jorge Álvares manifestou ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, e à população “solidariedade e consternação” perante os efeitos devastadores do tufão Hato, que causou “perdas humanas e consideráveis estragos materiais”. Numa mensagem enviada à Lusa, o presidente da fundação e primeiro governador de Macau depois do 25 de Abril de 1974, o general José Garcia Leandro afirmou, em nome dos curadores e restantes membros dos órgãos sociais da fundação, esperar que a vida do território “retorne à normalidade o mais depressa possível”.

Património | IC contactou dezenas de entidades

O Instituto Cultural (IC) contactou 44 gestores de templos e responsáveis por 17 igrejas do território para “recuperar e manter os edifícios patrimoniais influenciados pelo tufão”. Os trabalhos terão seguimento a partir de hoje e incluem “a prestação de assistência aos trabalhos de manutenção relevantes e a implementação de medidas e planos concretos de recuperação e protecção, de modo a garantir a segurança exaustiva do património”, aponta o IC em comunicado.

30 Ago 2017

Calçada do Gaio | Obras de edifício embargado arrancam “em breve”

O caso do edifício embargado na Calçada do Gaio parece estar quase a ser resolvido. Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, afirmou ontem na Assembleia Legislativa que “as negociações com o promotor do projecto levaram mais tempo do que o desejável, tendo sido alcançado um consenso parcial”. A curto prazo, “as obras vão iniciar-se”, disse ainda.

Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, adiantou que será mantida a actual altura do edifício, com pouco mais de 81 metros. “Pretendemos que este estaleiro e a respectiva obra possam ser concluídos o quanto antes. Após termos ouvido o Instituto Cultural (IC) quanto à altura do edifício, obtivemos consentimento e podemos manter a altura de 81,32 metros, já atingida. Vamos começar a apreciar o projecto de acordo com o conhecimento do promotor.”

O embargo do edifício na Calçada do Gaio já dura há dez anos e ocorreu por entrar em conflito com a preservação da vista do Farol da Guia. Os deputados questionaram ainda a manutenção da altura do edifício, por ter sido aprovado um despacho a autorizar uma altura máxima inferior a 80 metros. Contudo, Raimundo do Rosário adiantou que as obras, por essa altura, já tinham sido iniciadas, com a licença aprovada.

“Tenho as minhas responsabilidades e assumo-as. Tínhamos duas hipóteses: ou seguíamos para tribunal ou resolvíamos o problema através do diálogo. Conseguimos um compromisso com o que está edificado, e perguntamos ao IC se era possível manter. A parte edificada está de acordo com o que foi autorizado na altura. As obras começaram e depois surgiu outro despacho. Depois pergunta-me se é legal? As obras foram realizadas antes do referido despacho. Não há nada de confidencial aqui”, rematou o governante.

26 Out 2016

Manuel de Arriaga | Proprietário não quer classificação e fala de manipulação

Lao Chau Lam diz que a consulta pública sobre a proposta de classificação do imóvel da Rua de Manuel de Arriaga foi “tendenciosa”, apenas porque o Governo quer que o prédio seja classificado como património. Apesar do IC admitir que não há consenso sobre a proposta, o dono do número 28 diz que o Executivo está a manipular a opinião à sua maneira e que quebrou uma promessa

Oproprietário do número 28 da Rua de Manuel de Arriaga não quer que o imóvel seja classificado e acusa o Governo de ter feito uma consulta pública “tendenciosa”. O dono do prédio de estilo Neo-Clássico e Art Dèco, que também ocupa o número 1 da Rua da Barca, admite ao HM não perceber muito da lei e mesmo confrontado com o facto do Governo admitir controvérsia na classificação do edifício, acusa o Executivo de estar a tentar fazer com que o prédio seja classificado.
Os recentes resultados da consulta pública sobre a proposta de classificação de imóveis do Instituto Cultural (IC) – onde este foi o único dos dez imóveis propostos que pertence a privados – mostram que mais de metade dos inquiridos concorda com a classificação do prédio. O Governo considere que “não houve consenso” quanto à sugestão de se classificar o edifício, nomeadamente – como esclarece numa resposta enviada ontem ao HM – por causa dos proprietários.
De acordo com as informações da consulta, 61,8% das 667 pessoas que apresentaram opiniões face a este prédio “concorda com a classificação”, sendo que apenas 38,2% não estão a favor de que se torne património. O Governo insiste que não há consenso, mas os números mostram que ganha a maioria a favor. O dono do prédio não tem dúvidas: houve uma alteração significativa na forma de ver o edifício e é o Executivo quem está por trás disso.
“Há dois meses, o Governo teve uma reunião connosco, pequenos proprietários. Na altura, perguntei como estavam os resultados da consulta pública e o Governo disse-me que estava quase a ‘meio-meio’. Pelo que entendi na altura, a proporção de pessoas que concorda com a classificação ainda não tinha chegado a metade. Mas agora os resultados dizem que é mais de 60% para 30 e tal% e estou com enormes dúvidas sobre isso. Certamente este resultado é questionável. Porque a reunião só foi há um ou dois meses e, na altura, já deveria ter acabado a consulta”, começa por referir ao HM Lao Chau Lam, para quem estes resultados “são muito injustos”.
“Já disse na sessão consultiva que a inclusão do edifício da Rua de Manuel de Arriaga número 28 é injusta porque, do meu conhecimento, durante a consulta pública o pessoal do Governo mostrou uma foto do edifício às pessoas e perguntou-lhes se a foto ‘de uma idosa quando ela tinha 18 anos era bonita ou não’”, acusa Lao Chau Lam, referindo-se à fotografia do prédio quando este estava ainda em bom estado.
Ao que o HM apurou, o livro da consulta pública tem, de facto, uma fotografia do número 28 quando foi construído e outras antes da demolição parcial a que foi sujeito, portanto fotografias de antes de 2013.

Se ninguém conhece, não vale?

Se é verdade que os proprietários já se tinham manifestado contra a classificação do prédio – dos únicos, segundo o IC, a manter o estilo Neo-Clássico -, também é verdade que Lao Chau Lam assegura que ainda não sabe o que fazer ao espaço, se o prédio for realmente abaixo. Ainda assim, a insistência é na demolição, até porque, diz, ninguém conhece aquilo.
“Os moradores da zona conhecem o edifício e já lhes perguntei e quase 90% disseram que não vale a pena ser preservado. O edifício já foi demolido, deixando só meia parte dele e, por causa das chuvas e vento, está muito danificado. Mas para outras pessoas – e vocês podem fazer inquérito sobre isso – não vai haver muita gente que conheça onde fica o edifício. Certamente que a consulta que o IC ou o Governo fez é tendenciosa. Foi uma consulta feita de forma escondida.”

CPU sem peso

Lao Chau Lam admite que não entende muito bem a Lei de Salvaguarda do Património e pede ao Governo, “através do HM”, que lhe diga o que pode fazer.
O diploma dedica vários pontos face a direitos e deveres dos proprietários de imóveis já classificados. Se nuns, os direitos dos proprietários são defendidos, noutros a lei permite a expropriação de bens imóveis em vias de classificação pelo IC, e depois de ouvido o Conselho do Património Cultural. Estes casos podem acontecer quando há uma violação grave dos deveres do proprietário e este corra risco sério de deterioração ou destruição, quando se revele a forma mais adequada de assegurar a tutela do bem imóvel ou quando os bens imóveis estão situados nas zonas de protecção ou ofendam ou desvirtuem as suas características ou enquadramento. Seja qual for o caso, contudo, o proprietário terá direito a ser compensado.
Depois do HM dar a conhecer a Lao Chau Lam estes pontos, o proprietário não baixa a guarda. “Não entendo muito bem a Lei do Património. Mas se calhar, eles também a podem explicar da forma que gostarem mais e eu também não sei o que podemos fazer. Depois de ler os jornais sobre os resultados das consultas públicas, sobre as opiniões públicas que o Governo criou, sinto-me muito oprimido e quase não consigo respirar”, atira.
O proprietário diz que o Governo ainda não o contactou, mas faz questão de dar um exemplo que considera ser semelhante ao do prédio de que é dono.
“Os comissários do património votaram 13 contra três, ganhando a demolição. Eles são profissionais, ou não eram intitulados comissários. A maioria deles acha que não vale a pena ser avaliado como património, mas agora o Governo quer criar uma opinião pública para mudar esta avaliação. Quando este voto saiu nas notícias, os moradores da zona consideram que foi a decisão correcta. Agora, em dois ou três meses, o Governo não quer seguir a opinião dos comissários.”

Promessa quebrada

Nos resultados da consulta pública consultados pelo HM, é possível perceber que quem concorda com a classificação considera que “o prédio possui valor cultural” e outros acreditam que a classificação só é possível depois de ser apresentado “um plano de restauro” que tenha em causa a ponderação dos custos e o consentimento do proprietário. Quem discorda, diz que o edifício está “num avançado estado de degradação” e que repará-lo pode ser “um desperdício de recursos”. A integridade do prédio e os custos das obras são os motivos que levam alguns a estar de pé atrás.
Para Lao Chau Lam, e apesar do Governo considerar – apesar dos resultados – que há um “elevado número de pessoas” contra a classificação do prédio, o Executivo quer seguir com a classificação.
“Quando antes perguntei ao Governo sobre se o edifício, se não for avaliado como património, pode ser demolido, o Governo respondeu-me imediatamente que podia. As duas casas perto do São Januário foram demolidas porque a avaliação dos membros permitia isso. Então quero perguntar ao Governo o que podemos fazer? O Governo fez a promessa mas agora não quer realizá-la”, diz.

O que é?

Na história que acompanha o edifício, fornecida pelo IC, pode ver-se que ao longo dos anos se mantiveram as fachadas, “como as elegantes e bonitas decorações e molduras e a entrada em arco decorada com colunas”, como descreve o Instituto. Pormenores como mosaicos e acabamento em estuque de Xangai, “populares na época”, levam a que o IC considere o prédio como uma das poucas obras do estilo Neo-Clássico e Art Déco “populares na primeira metade do século XX”.
Apesar do edifício incluir apenas parte da construção original, o IC descreve-o como sendo ainda capaz de mostrar a sua função como ponto nodal pela sua “localização estratégica” entre as duas ruas que ocupa e que eram “as principais vias do Bairro de San Kio”. Mas não só.
“Os detalhes arquitectónicos do edifício com os seus acabamentos requintados reflectem desta forma um estilo muito característico das habitações do século XX sendo este um dos poucos edifícios de referência na zona [que] mantém o estilo há mais de cem anos”. Isto devido principalmente à demolição de diversas casas nos anos 60 e 70.
O IC propôs a classificação do espaço como sendo um edifício de interesse arquitectónico. Construído em 1917/1918, a propriedade serviu como residência, escritórios e clínica de medicina chinesa, sendo hoje novamente utilizado como habitação. Mas, o IC também deixa o alerta: o prédio de 192 metros quadrados “está em mau estado de conservação” e viu uma parte do seu telhado ser demolida em 2013, uma questão que levantou polémica e que levou o Governo a impedir mais trabalhos de demolição.

Arquitecto português pede classificação de dezenas de imóveis

Na compilação das opiniões recolhidas sobre os dez imóveis propostos a classificação pelo IC pode encontrar-se uma opinião de um arquitecto português. João Palla Martins, que o HM tentou contactar sem sucesso, congratula o Instituto pela iniciativa de classificação, caracterizando-a como “a abertura de portas a novas oportunidades”. Na mesma opinião, o profissional pede que o mesmo seja feito “a uma miríade de lojas, bairros e casas isoladas que, fazendo parte da história de Macau, estão, as que sobram, em risco sério de desaparecimento”.
João Palla Martins defende, por exemplo, a abertura de um processo de classificação “urgente” para imóveis como o Pagode Sin Fong, a Casa de Chá Long Wa, a moradia “provavelmente dos anos 30” da Calçada da Vitória, o conjunto de casas do Pátio da Claridade, o Pátio dos Cules e das Seis Casas, o Pátio da Ilusão e o Cinema Alegria. Mas a lista continua, com mais templos e moradias, bem como com o Grande Hotel, o edifício dos CTT e da Escola Portuguesa, o conjunto de edifícios na Rua de São Domingos em frente à Livraria Portuguesa e os edifícios do Largo do Lilau, entre tantos outros.
Numa outra opinião, sem identificação e na secção referente às opiniões relacionadas com os bens imóveis propostos, pode ler-se que “é triste ver que a arquitectura comum de Macau tem sido destruída e não haja maior consciencialização da sua importância”.
A opinião refere precisamente o exemplo do número 28 da Rua de Manuel de Arriaga. “O desenvolvimento urbano da cidade pode, sem dúvida, estar em harmonia com a preservação dos seus edifícios históricos, pois é isto que distingue a cidade de todos os outros sítios da China.”

IC sem decisão tomada

O HM tentou saber junto do IC se continua a haver interesse em classificar o prédio, ou se o Instituto vai desistir devido aos resultados da consulta pública, que considera “divergentes e sem consenso”. O organismo responde que nesta fase, se mantém a juntar e analisar dados. “O procedimento de classificação [desse prédio] ainda está em curso, não havendo ainda um resultado final”, frisa na resposta ao HM. “O IC irá esforçar-se para concluir o procedimento com a maior brevidade, dentro do prazo legal, e fazer a respectiva publicação mediante Regulamento Administrativo.” Face ao prédio, e tendo em conta a lei, o IC diz que o procedimento de classificação deve ser concluído no prazo de 12 meses após a sua abertura e a fundamentação para a classificação de bens imóveis deve ter em conta “vários factores, incluindo a apreciação dos critérios de classificação, a opinião dos proprietários, o parecer do Conselho do Património Cultural e os resultados da consulta pública”.

26 Ago 2016

Antigo Tribunal | Obras da nova Biblioteca Central estimadas em 900 milhões de patacas

A Biblioteca Central que vai ocupar o antigo tribunal vai ser “um marco de referência cultural”, mas as obras que vão fazê-la nascer poderão ascender a quase mil milhões de patacas. São estas as perspectivas do IC, que só englobam a construção do novo espaço, que não se sabe exactamente quanto poderá abrir

Anova Biblioteca Central que se vai instalar no antigo tribunal pode vir a custar 900 milhões de patacas. Este montante, avançado pelo presidente do Instituto Cultural (IC), não inclui sequer todas as despesas relacionadas com a obra, mas apenas a construção.

Os números são anunciados numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam. No documento, Guilherme Ung Vai Meng indica que a biblioteca, a ser pensada desde 2007, tem “uma dimensão bastante grande” e perfaz uma área bruta de construção de 33 mil metros quadrados. Mas o projecto já foi alterado várias vezes, a inflação subiu e tem de se fazer novas contas.

“O planeamento orçamental abrange, entre outros, os custos das obras preliminares, do aperfeiçoamento das peças desenhadas e do projecto de execução, da construção, da decoração, das aquisições do acervo bibliográfico, dos equipamentos e do imobiliário. Tomando como referência o custo médio das obras de construção de grande dimensão em 2015 e a taxa de inflação anual de 5%, os custos das obras de construção, em 2018, serão na ordem das 28 mil patacas por metro quadrado, pelo que se estima que os custos de construção, excluindo os demais custos referidos, venham a ser de cerca de 900 milhões de patacas”, pode ler-se na resposta, datada do final de Julho e agora disponível em Português.

Projectos e mais projectos

Foi em 2007 que o edifício foi oficialmente entregue ao IC. Os dois anos seguintes foram períodos para os concursos de desenho do novo espaço da biblioteca. Concurso que deu problemas e que levou a que, em 2010, o Governo abandonasse o projecto e o recomeçasse do zero. Em 2012 foi concluído o planeamento da primeira fase das obras. Já aqui, as “condicionantes do edifício” levaram a problemas “técnicos”, que diminuíram o espaço dos pisos.

Problemas ultrapassados em finais de 2012: ao aperceber-se que a Polícia Judiciária (PJ) iria sair do edifício ao lado do tribunal, o IC ajusta o plano inicial e submete-o em forma de um único projecto ao Governo. O planeamento conjunto permitia uma distribuição “mais racional do espaço” e, ao não terem de seguir os constrangimentos técnicos como a construção de um piso de refúgio, os serviços poderiam contar “com uma redução dos custos”.

Em 2014, o estudo prévio do novo projecto – que “permitirá acrescentar uma livraria, uma loja de produtos criativos, um café-galeria, um espaço para exposições e um pequeno museu da PJ – é entregue às Obras Públicas. O ano passado, o IC faz um plano sobre os livros e equipamentos a adquirir. Este ano é criado um grupo de trabalho entre o IC e a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) que está a proceder a diversos trabalhos: “abertura de concursos para prestação de serviço de aperfeiçoamento das peças desenhadas e do projecto de execução e fiscalização e realização das obras preliminares de requalificação ambiental”.

Para quando?

Em 2015, o HM dava conta que a abertura da nova biblioteca central estava programada para 2020, depois de todo o edifício estar concluído em 2019, data em que a biblioteca que funciona actualmente na Tap Seac iria ser transferida para a Praia Grande.

Na resposta agora dada ao deputado Chan Meng Kam, Ung Vai Meng não estima datas, dizendo apenas que o aperfeiçoamento do projecto está previsto para 2018, ano em que vai ser entregue à DSSOPT. Só depois é que este organismo “inicia a execução e acompanhamento das obras de construção”, as tais que deverão custar 900 milhões de patacas.

“A data da entrada em funcionamento da nova biblioteca dependerá do desenvolvimento dos processos de concurso e dos procedimentos administrativos necessários para a implementação dos diferentes trabalhos”, frisa Ung Vai Meng, que acrescenta que a nova biblioteca será uma “referência cultural” para Macau.

23 Ago 2016

Património | Quase todos os imóveis propostos a classificação recebem aval da população

Oedifício número 28 da Rua de Manuel de Arriaga não deverá vir a ser classificado. É o que indicam resultados preliminares das opiniões recolhidas em consulta pública sobre o próximo grupo de imóveis propostos a ser classificados. Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), que indica que só hoje se saberão os resultados concretos, nove dos dez imóveis que eram propostos a classificação “obtiveram o apoio do público”: os Templos Foc Tac Chi do Bairro da Horta da Mitra, da Rua do Teatro, da Rua do Patane e da Rua do Almirante Sérgio estão entre eles, ao lado das Antigas Muralhas da Cidade (troço próximo da Estrada de S. Francisco, o troço próximo da Estrada do Visconde de S. Januário e o troço próximo da Igreja da Penha), da antiga Farmácia Chong Sai, da antiga Residência do General Ye Ting, dos Antigos Estábulos Municipais de Gado Bovino e do Canil Municipal de Macau. Também a Casa Azul na Estrada do Cemitério, sede do Instituto de Acção Social, deverá integrar a lista. rua manuel arriaga 28
“Já o Edifício na Rua de Manuel de Arriaga, n.º 28 obteve opiniões divergentes, não havendo um consenso da sociedade relativamente à classificação do mesmo”, explica o IC.
Este prédio, dos anos 1960 e que ocupa também o número 1 da Rua da Barca, chegou a ser alvo de uma demolição parcial. Analistas têm vindo a defender que o edifício é de “interesse arquitectónico”.
Segundo a lei, o procedimento de classificação deve ser concluído no prazo de 12 meses após a sua abertura. O IC diz que vai concluir o procedimento “com a maior brevidade”.

23 Ago 2016

Guilherme Ung Vai Meng, presidente do IC: “Trabalhamos para ter mais património na UNESCO”

A UNESCO pode vir a ter mais património classificado de Macau e as ruas do território vão encher-se de músicos, com licença para tocar. São algumas das ideias de Ung Vai Meng, que se diz satisfeito com o trabalho feito pelo património e com a lei que o regula

Está como presidente do Instituto Cultural (IC) há muitos anos. Como avalia o trabalho que tem sido feito até agora?
Entrei aqui a trabalhar em 1983. Sou presidente há seis, ou sete anos. Sinto-me feliz a trabalhar na área da cultura. Posso dizer que sou [testemunha] e vejo como o IC cresceu. Já vi muitos funcionários reformarem-se, até fiquei com alguma inveja (risos). Cresceu muito o IC, não só ao nível da quantidade, mas de qualidade. Este ano foi muito importante, com a entrada de pessoal [e departamentos] do IACM na nossa equipa. Agora temos mais de mil funcionários, 16 bibliotecas, muitos museus e galerias. É um espaço que cresceu e onde podemos encontrar [vários] recursos, é uma base cultural. O mais importante é a qualidade dos funcionários, sinto-me feliz por estar a trabalhar com eles. Dantes não tínhamos, por exemplo, profissionais de arqueologia, tínhamos de convidar pessoal de fora. Agora convidamos para nos ajudarem, mas somos nós quem inicia o trabalho, sem andar a pedir “por favor”. Dantes não tínhamos também pessoas que soubessem restaurar o património, agora temos.

Há património que Macau tenha perdido por não saber como preservar?
Macau é uma cidade com uma longa história e a lista de património foi logo elaborada em 1964. Nos anos 1970, uma equipa de escavação de Hong Kong descobriu alguns vestígios em Hac Sá, a iniciativa foi deles, sim, mas depois da transferência formamos a nossa equipa, em 2006 mais ou menos. Mas mal descobrimos vestígios arqueológicos, já nessa altura, preservamos o terreno. Como não reunimos as condições para expor estes vestígios, a melhor maneira foi deixar no local, por isso em Hac Sá existe um parque onde não há construções, para que isso pudesse ser preservado. Não perdemos nada, é uma forma de preservação diferente. É como o campo de futebol na Rua dos Estaleiros em Coloane. É para preservar, para futuramente podermos construir um museu ou espaço para exposição dos vestígios.

Que não vai ser para já…
Não nos pertence só a nós, também à futura geração. Não podemos aproveitar tudo agora, temos de deixar alguns para o futuro, para que eles possam aproveitar, até com melhores técnicas.

Acha que há mais sítios em Macau onde se poderão encontrar este tipo de vestígios?
Há mais. De certeza. Imagine debaixo da vila de Coloane… há outra vila, de há três mil anos atrás. Acho romântico, vivemos uma vida em cima, mas lá em baixo tinha outra, da era do Neolítico. Até encontrámos tanques industriais, tão engraçado.

Sobre o património, quantos itens classificados é que Macau acumula neste momento?
O conceito de património agora é diferente de antigamente. No século passado, o nosso conceito de 1956 era apenas de imóveis. Agora inclui património arqueológico e bens intangíveis. Imóveis temos 128.

Quando e quantos vão entrar mais na lista?
Este ano, antes de Dezembro. Nove vão ser classificados e depois desta classificação, vamos iniciar outro grupo.

O edifício da Rua da Barca, que sofreu demolição parcial, integra a lista?
Não. Estamos ainda na fase final de análise da reparação, mas vamos ocupar-nos agora com o processo de classificação, deixando a reparação para mais tarde.

Que nove integram esta primeira lista?
As muralhas da cidade, que têm três secções, o Armazém do Boi e o Canil Municipal de Macau, por exemplo. São vários conjuntos, não só nove lugares específicos.

Há muita gente que defende a inclusão da Escola Portuguesa de Macau (EPM). Devia entrar no património?
Pessoalmente, acho que sim. É tão bonita.

Mas está já pensada para entrar na segunda lista de imóveis?
Estamos a deixar os colegas [do património] considerar. O meu colega, Wong Iat Cheong, Chefe da Divisão dos Estudos e Projectos pode falar disso.

W.I.C.: Estamos sempre a considerar edifícios com potencial valor. Quando reunirmos suficientes opiniões [sobre isso] podemos iniciar o procedimento de classificação. Depois vamos ouvir o proprietário, o Conselho do Património Cultural e opiniões e decidimos se vai ou não ser classificado.

Que outros edifícios é que o presidente poria na lista, se pudesse escolher?
Aprendi a pintar desde muito pequeno, quando andava no liceu. E o meu professor levava-me para os locais para pintar, aí desenvolvi amor pelo património. Se me pergunta quais os imóveis que punha, não consigo enumerar todos. Macau do século XIX e XX era muito bonito. Anos 1970, muito mais bonito que é agora. (risos)

Não consegue escolher? Preservava todos os edifícios dessas eras?
Se fosse possível (risos). Existe um preço na preservação do património cultural. Trabalho no Museu de Arte de Macau há dez anos e, às vezes, havia cidadãos que doavam relíquias ao museu. Não podemos aceitar todos, os que têm muito valor claro, mas alguns temos de desistir. Há que investir muitos recursos para a preservação. O mesmo acontece com o património. Na nossa lista de 128 itens há mais de 400 edifícios. Numa cidade tão pequena como esta, isto requer um esforço enorme, ainda que valha a pena, porque temos de preservar as características. Se não conseguirmos, é uma cidade igual às outras. Os edifícios de uma cidade são a alma dessa cidade.

Como se faz esse processo de separação?
É resultado da inteligência e da sabedoria que vamos adquirindo, que já veio dos nossos antepassados e que temos de continuar a preservar. Macau é muito pequeno, só a península tem pouco mais de dez quilómetros quadrados e o Centro Histórico ocupa 1,2 desse espaço – 12% da península de Macau é património. Não existe só o Centro Histórico, existem imóveis que devem ser preservados fora dele. Temos de contribuir com muitos esforços, mas sinto-me satisfeito.

É controverso escolher o que integrar na lista?
É um trabalho conjunto. Como uma sociedade democrática é importante e normal a discussão. Mas o mais importante é que o processo seja aberto e público. Cabe ao IC fazer uma proposta.

A decisão não é do IC. Já sentiu que deveria ter entrado um imóvel na lista que acabou por não ser aprovado?
Não, fico contente por existirem tantos, porque quando entrei no IC a trabalhar foi no departamento do património e naquela altura os meus colegas portugueses abriram uma janela para esta situação. Um arquitecto que trabalhava comigo marcava no mapa o património com cor vermelha e agora esses sítios são património. Passou por muitos processos e passou do papel [à realidade]. Sinto-me mais alegre agora, que toda a população pode entrar no processo. Naquela altura, a população não percebia porque é que se tinha de preservar casas arruinadas. ung vai meng

Agora a população está mais informada. Mas continua a ser difícil negociar com os proprietários?
Sim e testemunhei essa mudança de atitude da população. Muitos dos proprietários é que apoiam esta classificação. Claro que temos que gastar algum tempo para explicar o valor das coisas, a importância. Quando percebem essa importância, concordam com a nossa sugestão. Mas também existem pessoas indiferentes à nossa ideia e temos de seguir a lei, não podemos obrigar os outros a seguir a nossa vontade. Por exemplo, existe uma sala dentro do Templo de Na Tcha, perto das Ruínas, onde havia uma associação que se reunia lá, mas cedeu o espaço ao IC, que passou agora a ser o museu de Na Tcha. Mas o IC foi muito ganancioso (risos), porque quisemos mais, quisemos fazer escavações, porque é dos locais mais antigos da cidade. Eles deixaram, fizemos e percebemos que a forma da Igreja [de São Paulo] original não era original, era em cruz, como nas igrejas da Europa. Percebemos que as pessoas do igreja e de Na Tcha conviviam e a igreja não terminava, antes, no limite que agora termina. Mas isso só foi possível com a ajuda da associação.

O IC disse numa resposta a uma interpelação que o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico estaria pronto em 2017. Em que consiste?
W.I.C.:
São as medidas previstas na Lei de Salvaguarda, como a manutenção das ruas com as características [antigas], controlo do enquadramento paisagístico, a preservação do contexto da zona e exigências sobre o restauro dos imóveis à forma original.

Estão a pensar cortar no número de turistas na zona, por exemplo, ou no trânsito que chega ao Centro Histórico?
W.I.C.:
Este tipo de medidas tem de ser resolvido através de uma equipa interdepartamental, falamos de coisas mais concretas [sobre o património].

Mas não vão estar na agenda esse tipo de sugestões?
W.I.C.:
Na fase actual não podemos falar de forma concreta nesse tipo de medidas. O conteúdo será publicado em regulamento administrativo e se incluirmos essas são medidas se calhar é difícil de implementar.

Ung Vai Meng com
Ung Vai Meng com Wong Iat Cheong

A Lei de Salvaguarda do Património foi aprovada em 2013 e o plano chega, se tudo correr bem, em 2017. Quatro anos depois, não está atrasado?
W.I.C.:
O Centro Histórico tem um espaço muito grande e implementar estas medidas vai afectar a vida da população, por isso é que não podemos fazer tudo rápido, temos de pensar bem. Também estamos a aprender e a trabalhar ao mesmo tempo, aproveitando para aperfeiçoar estas medidas.

Macau quer integrar mais património na UNESCO?
É nosso desejo integrar mais património na UNESCO, claro. Aliás estamos a trabalhar nisto…

[quote_box_left]“A preservação do património tem um preço, a ser pago pela sociedade[/quote_box_left]

Há algo concreto?
Não podemos revelar ainda, porque estamos em trabalhos. Mas há possibilidade disso acontecer.

Mas imóveis ou outros bens?
Está a acontecer com o nosso arquivo e da Torre do Tombo, em Lisboa, estamos a desenvolver um projecto para nos candidatarmos à secção da Memória da UNESCO. Já conseguimos integrar nas Memórias da Ásia. No ano passado fomos à UNESCO fazer uma apresentação. Também trocámos ideias com representantes de Portugal, que nos disseram que, no futuro, se calhar vai candidatar a calçada portuguesa como património mundial. Macau entra de certeza.

Depois dos alertas da UNESCO, como é que está a situação de Macau com a organização?
W.I.C.:
Depois do incidente com o Farol da Guia, Macau tomou muitas medidas para [respeitar] o património, como regular alturas dos edifícios à volta. A lei também é uma resposta aos alertas da UNESCO. A UNESCO está satisfeita com o nosso trabalho.

O grupo Root Planing criou uma petição para manter o Centro dos Toxicodependentes e o antigo armazém dos SS, ao lado do São Januário. Acha que aqueles edifícios têm realmente valor patrimonial?
Têm um certo valor, mas perante um maior interesse público, decidimos não preservar, senão não era discutido no Conselho do Património. Por isso é que digo que a preservação do património tem um preço, a ser pago pela sociedade. ung vai meng

Outra questão que tem sido levantada, e que levou um arquitecto a pedir a intervenção da UNESCO, é o muro feito no Quartel de São Francisco.
São obras de melhoria e estou satisfeito, porque demoliram construções ilegais, que não eram originais. Antes, havia construções ilegais junto desse muro e está tudo preservado agora. A construção nova não pode ser passada como antiga, porque se não, daqui para a frente não dá para distinguir o que foi construído antes e mais tarde. Serve também para demonstrar a nossa sabedoria.

A obra foi bem feita?
Foi. São compatíveis e estão em harmonia, as construções. Dá para distinguir o que é antigo e novo. Não queremos imitar. Há muitas imitações no Cotai.

A Lei do Património é boa?
É muito boa. É um instrumento forte, porque antes não conseguíamos proibir as demolições ou obras ilegais. Agora podemos. Atribui força ao IC para proteger o património. Os antigos pareceres do IC não eram vinculativos, agora são. Estou muito contente até poder participar na elaboração e implementação desta lei.

Precisa de revisão?
Não.

Eventos culturais para Macau. Temos algo na manga, algum especial?
O Festival Internacional de Música faz 30 anos, por isso estou muito agradecido pelo esforço de terem feito isto há 30 anos. Não se pode imaginar Macau há 30 anos, só com uma ponte, mas com um festival destes. É o mais antigo ao nível da Ásia. Vai ser especial e com muitas surpresas. Depois o Festival de Artes e o de Wushu. Fringe também é organizado por nós agora.

E licenças para os músicos tocarem nas ruas de Macau, vamos ter?
Sim. Vamos esforçar-nos neste sentido, já temos um plano, tem que ser legal. Espero que depois Macau possa ter muitos espectáculos na rua. Já avistamos a luz ao fundo do túnel. (risos)

E uma exposição sua, enquanto pintor?
Não. Desde que assumi a posição de director do MAM que parei de expor, por causa do conflito de interesses. Mas vou continuar a pintar. Sou diligente na pintura, como sou um funcionário diligente (risos).

Está preparado para continuar à frente do IC?
Sim, até quando estiver cansado, quando for um ‘bolo velho’ (risos). Sou o segundo ‘bolo velho’ do IC.

22 Jul 2016

Lou Kao | IC ainda “avalia causa” do acidente. Responsabilidades por apurar

A empresa de Engenharia Soi Kun tem de limpar os estragos que fez na Casa de Lou Kao, mas o Instituto Cultural (IC) ainda não sabe se esta vai ou não pagar os danos infligidos no património

Numa resposta ao HM, o IC diz que já avisou a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no dia do incidente, “para suspender a obra no local”. Actualmente, o Instituto e a direcção dizem estar a exigir ao construtor, cuja empresa é do deputado Mak Soi Kun, a “tomada de medidas de urgência”, de forma a que sejam limpos os “azulejos e lama” que caíram no local classificado.
A ideia, contudo, passa por “assegurar a segurança da Casa de Lou Kao”, sendo que os trabalhos de limpeza “são da responsabilidade do construtor”. No entanto, o IC desconhece quanto tempo e quanto dinheiro vai custar a reparação, bem como se Mak Soi Kun terá de pagar por ela.
 “O IC vai verificar a situação da  Casa de Lou Kao junto com a DSSOPT, sob as condições actuais e vai elaborar um plano de reparação avançado. Na fase actual não conseguimos prever o montante necessário e a causa do acidente está ainda a ser investigada, pelo que não há conclusão final”, pode ler-se na resposta ao HM.

A planta não engana

No local vai ser construído um centro comercial com cinco pisos e foi desta obra que saiu o objecto que danificou paredes e janelas da Casa de Lou Kau, no início do mês. Ao que o HM apurou, a dona da obra é uma empresa de Hong Kong, sendo uma companhia do deputado Mak Soi Kun quem está responsável pela construção do prédio. Este foi ontem questionado sobre a responsabilidade face aos estragos provocados no património, mas esquivou-se à pergunta. Seja como for, a Planta de Condições Urbanísticas não engana: a construtora é responsável pela manutenção do imóvel protegido.
“A tipologia arquitectónica e/ou obras de qualquer natureza [neste local] têm de garantir a absoluta manutenção das condições de estabilidade e protecção da (…) Casa de Lou Kao, não sendo permitido quaisquer intervenções que possam causar efeitos de erosão do solo, não sendo admitidos efeitos adversos sobre as fundações, estrutura ou arquitectura deste edifício classificado.”
Também a licença da obra indica que este fica numa zona protegida de Macau e o local está – de acordo com a planta – “titulado pela Lei de Salvaguarda do Património Cultural”. Isso significa que, em caso de danos a bens ou imóveis classificados, os responsáveis têm de pagar sanções.
Também Mak Soi Kun foi questionado sobre a responsabilidade no caso. A resposta do deputado? “A sociedade não pode apenas focar-se apenas num ponto, mas olhar para questões de forma completa. É preciso resolver os problemas na fonte. Em Macau muitos edifícios antigos não são reparados e o Governo deve tomar medidas preventivas, fazendo inspecção aos prédios de forma obrigatória.”

19 Fev 2016

IC | Primeiros dez imóveis entram em processo de classificação

Já está pronta a lista dos primeiros dez imóveis propostos para classificação como Património Cultural. Templos, casas e antigas muralhas foram as prioridades do IC, que espera agora pelos resultados da avaliação do Conselho do Património Cultural e da consulta pública que arranca no final do mês

OInstituto Cultural (IC) já decidiu: da lista dos 70 imóveis não incluídos na Lista de Património Cultural, dos quais metade pertencem a privados, o instituto avançou com a classificação de dez imóveis. Apenas um deles é privado e, entre todos, inclui-se a sede do Instituto de Acção Social.
“Estes são os primeiros [imóveis], depois vamos avançar com os outros. Precisamos de recolher mais informações”, explicou Guilherme Ung Vai Meng, presidente do IC, durante uma conferência que inaugurou o processo de classificação. O responsável justifica a escolha pelo facto de os imóveis estarem “ameaçados ou em estado urgente de conservação”.

Rezas e paisagens

Neste primeiro grupo proposto para classificação de bens imóveis de Macau estão incluídos quatro templos de Foc Tac Chi, o Deus da Terra, situados no Bairro da Horta da Mitra, Rua do Teatro, Rua do Patane e na Rua do Almirante Sérgio. A antiguidade, urgência e importância foram os critérios, explicou o presidente, da escolha do IC. O instituto propõe a classificação destes templos como monumentos.

Antiga farmácia Chong Sai
Antiga farmácia Chong Sai

As antigas muralhas da cidade são também imóveis apontados pelo Governo para serem alvo de classificação. “As muralhas foram, no passado, importantes na defesa militar de Macau. Durante um longo período na história, desempenharam um papel fundamental na manutenção da segurança da cidade”, argumenta o IC.
A característica de construção europeia é também um dos pontos de argumentação usados por Guilherme Ung Vai Meng. “Para mim o mais importante são as muralhas. Uma obra do século XVII, de construção europeia. Ninguém mais tem isto”, defendeu o presidente.
A antiga farmácia Chong Sai, local de trabalho do líder da revolução chinesa, Sun Yat-sen, é um imóvel “extremamente importante”, tendo sido construído em 1892. Agora poderá entrar na lista do património.
“Este foi também o local de uma das primeiras farmácias e consultório privado de medicina ocidental explorada por um chinês na história de Macau, representando uma plataforma para o contacto entre os chineses e a medicina ocidental”, defendeu o IC.
A sede do IAS, conhecida como Casa Azul
A sede do IAS, conhecida como Casa Azul

O antigo Estábulo Municipal de gado bovino (conhecido como Armazém do Boi) e o Canil Municipal de Macau fazem também parte da lista de candidatos, sendo que o seu espaço poderá ser, indicou o presidente, aproveitado para actividades culturais.
A famosa Casa Azul, ocupada por alguns serviços do Instituto de Acção Social (IAS) na Estrada do Cemitério e a antiga residência do general Ye Ting terminam as candidaturas de imóveis públicos para classificação.

O que é meu é teu

O único imóvel de tutela privada proposto para integrar a lista é o número da Rua de Manuel de Arriaga, muito polémico por ter sido alvo de uma demolição parcial. Guilherme Ung Vai Meng indicou que ontem, no dia que arrancou o processo de classificação de património, também o proprietário do edifício foi avisado.

O nº 28 da Manuel de Arriaga é o único imóvel privado na lista
O nº 28 da Manuel de Arriaga é o único imóvel privado na lista

Assim, seguindo a lei vigente, se a partir deste momento o proprietário quiser avançar com alguma obra no imóvel terá de informar de antemão o IC, para que sejam autorizadas ou não.
As obras de manutenção estão também em cima da mesa, pois, como explicou o presidente, qualquer proprietário que se recuse a fazê-las passa essa responsabilidade para o IC, ainda que seja o proprietário quem terá que as pagar. Caso o proprietário avance com as obras de manutenção, este poderá contar com o apoio material – e não monetário – do IC. Ainda assim, garante o presidente, há dinheiro do Governo disponível para ajudar a suportar os custos.
O processo de classificação desta primeira lista de imóveis terminará nos próximo 12 meses. “Até ao final do próximo ano teremos uma decisão”, garantiu Guilherme Ung Vai Meng, que adiantou ainda que esta lista vai a consulta pública, a partir de dia 28.

17 Dez 2015

IC dá luz verde a novo edifício para doenças contagiosas e vai demolir dois prédios

O Conselho do Património Cultural aprova a construção do edifício de doenças contagiosas ao lado do hospital público, o qual está pensado desde 2004. Foi também aprovada a demolição de dois prédios para acelerar o processo

Oprojecto de construção do edifício de doenças infecto-contagiosas ao lado do hospital Conde de São Januário foi ontem apresentado aos membros do Conselho para o Património Cultural e recebeu luz verde para avançar.
“Todos os membros consideraram que os edifício das doenças infecto-contagiosas é para construir e que o prazo tem de ser cumprido. Mas não estão de acordo com o início da avaliação de duas construções nesse âmbito”, disse Guilherme Ung Vai Meng.
As construções de que fala o presidente do IC irão, assim, ser demolidas, para que o novo centro nasça ao lado do hospital. Os edifícios em causa, com “muitos anos”, dizem respeito ao complexo de apoio aos toxicodependentes e outro serve de armazenamento do hospital. guilherme ung vai meng
“A localização [do centro de doenças infecto-contagiosas] não pode ser alterada e, como a construção do edifício é muito urgente, foi aprovada a demolição dos dois prédios a fim de se prosseguir rapidamente com a construção do edifício nesta zona, de acordo com o projecto respectivo. Após a votação, os votos dos membros resultaram unanimemente no sentido de não se proceder à abertura dos procedimentos de classificação dos dois prédios, apoiando a construção do edifício na data programada”, pode ler-se no comunicado posteriormente divulgado.
O centro de doenças infecto-contagiosas começou a ser pensado em 2004, um ano após o surto da SARS e contemplava a expansão do hospital público. Contudo, um despacho do Chefe do Executivo, de 2008, baixou o limite máximo das construções em redor do Farol da Guia de cem para 60 metros. Em 2010, o projecto teve de sofrer ajustamentos, depois do IC ter descoberto árvores antigas e detectado o lado histórico das muralhas.
Este ano, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, confirmou que o edifício, que servirá de “instalação de contingência”, deverá ser construído até 2018. Os membros do Conselho para o Património Cultural reconheceram a importância do edifício ficar localizado ao lado do hospital, para evitar o transporte de doentes infectados na cidade.

Prédio na Rua Central recuperado

ic_rua centralÉ de cor amarela, janelas de madeira e fica na Rua Central, bem perto do Teatro D.Pedro V. É assim o edifício que vai ser recuperado com a ajuda do IC. O pedido de preservação foi feito pelos proprietários e foi ontem aprovado pelo Conselho do Património Cultural, ainda que o IC não tenha revelado números. “Eles (proprietários) pediram apoio, porque esta localização é muito importante. A habitação está ligada ao Teatro D.Pedro V, e tem uma história de 130 anos. Era uma rua importante na altura, com a igreja e lojas. Ponderando o seu valor arquitectónico, e que exige uma alta dificuldade no seu restauro, estamos a favor de que o IC proceda à restauração”, explicou Ung Vai Meng.

26 Nov 2015

Cristiana Su, Relações Públicas no Instituto Cultural

Cristiana Su é, tal como tantos outros jovens que por cá andam, natural de Macau. No entanto, o seu nome engana quem possa julgar que viveu em Portugal. Na verdade, a história desta jovem é particular, no sentido em que não segue o destino habitual.

Ao invés de ter ido estudar para Portugal, Inglaterra ou EUA como tantos outros, o rumo de Cristiana foi diferente: aos oito anos de idade mudou-se com a família para a região vizinha de Zhuhai, onde cresceu e cumpriu o ensino educativo até atingir a maioridade. Aos 18, retorna ao berço que a viu nascer, com um objectivo claro: licenciar-se. Foi assim que a sua história no território (re)começou.

“Mudei-me para cá e fiz a licenciatura em Estudos Portugueses na Universidade de Macau”, começou a jovem por explicar ao HM. Viver em Zhuhai, diz, foi bom enquanto durou, mas parece-se mais com “um local de relaxamento e descanso, para onde as pessoas vão quando se reformam”.

Macau tornou-se assim num local onde Cristiana se imaginou a evoluir profissionalmente. Fruto de heranças distintas, tem dupla nacionalidade e nasceu em Macau: duas mais-valias que fazem do mundo a cidade de Cristiana.

Entre estudos e novos conhecimentos, acabou por cumprir um estágio de seis meses na Universidade de Coimbra. Actualmente, trabalha como Relações Públicas e Organizadora de Eventos Culturais no Instituto Cultural, onde se diz “muito feliz”. Isto não só porque gosta de viver em Macau e naquilo em que a cidade se está, aos poucos, a transformar, mas porque muito se interessa por actividades culturais, como são a realização de exposições, peças de teatro, concertos, entre outras.

“Estou no IC desde Agosto [do ano passado] e a adorar o que faço, especialmente porque posso fazer parte da transformação de Macau na área cultural”, diz ao HM. Uma das curiosidades acerca desta jovem é o facto de falar, fluentemente, três línguas.

“Falo Inglês porque é a língua com que comunicamos em casa e Mandarim e Português porque aprendi mais tarde”, esclarece.

Entre ajudar a organizar eventos culturais e comunicá-los aos meios de comunicação, faz algumas traduções e participa activamente em algumas dessas actividades. Questionada sobre o actual panorama cultural na região, Cristiana diz considerar que o Governo “está a fazer um grande esforço” nesse sentido. À parte do trabalho no IC, a jovem sente-se privilegiada por viver em Hac-Sá e poder usufruir daquele zonas, dos seus trilhos de caminhada e da praia e de pequenos cafés que vão surgindo por toda a cidade, o desenvolvimento daquilo a que chama de “crescente cultura de fazer e beber café”.

Ocidentais no Oriente

Não é, no entanto, comum ouvir-se uma jovem notoriamente loira, de traços ocidentais, a falar Mandarim como se de uma nativa quase se tratasse. Natural é, por tudo isso, que a comunidade chinesa se surpreenda ao ouvir Cristiana a comunicar fluente e comodamente na língua da Mãe-Pátria.

“É muito engraçado quando, em trabalho, se combina alguma coisa com alguém por telefone, em Chinês, e depois se chega ao sítio e a pessoa não nos reconhece porque não parecemos a pessoa que atendeu a chamada”, conta Cristiana, entre risos.

A experiência de trabalhar num departamento que faz da cultura personagem principal é, para a jovem, bastante boa, uma vez que não é só possível perceber as mudanças progressivas da cidade, mas também do contexto de mentalidade local. “Acho que nunca vi tantas notícias sobre novas exposições e eventos culturais nos jornais como hoje em dia e isso é um dos sinais de que Macau e a comunidade estão cada vez mais preocupados com a difusão da cultura”, explica.

Pelos olhos de uma criança dos anos 90, esta era uma cidade segura, mais calma e que Cristiana associa à presença lusa. “Antes, relacionava muito Macau à herança cultural portuguesa e a Portugal, porque a diferença entre Macau e Zhuhai, mesmo sendo as duas zonas chinesas, é muito diferente. Mas hoje em dia, associo Macau a toda a indústria do Turismo, aos grandiosos hotéis e casinos”, distingue a jovem, licenciada em Estudos Portugueses. “Vejo Macau como uma cidade internacionalizada”, frisa. Cristiana justifica esta internacionalização com o facto de haver sempre coisas a acontecer, lojas e restaurantes a abrir numa cidade que actualmente pouco pára.

De Zhuhai para o mundo

“A vida é mais fácil. Atravessa-se a fronteira e há mais coisas, mais parques, mais natureza, mais desporto e eu gostei dos anos que lá vivi e acho que Macau hoje é um pouco confuso, com muita gente e trânsito”, confessa ao HM. Ainda assim, embora descreva Macau como um “pouco insuportável para se viver”, gosta de cá estar e não pretende deixar já o território. Hoje em dia prefere Macau a Zhuhai.

“Para pessoas que procuram um emprego e uma vida mais atarefada, este é um sítio melhor”, justifica. A vida de Cristiana começou em Macau, para passar quase dez anos por Zhuhai e simplesmente regressar à região que a viu nascer.

No entanto, não se trata de um caminho sem fim e Macau pode não ser a última casa do jogo. “Gosto muito desta cidade para viver e trabalhar, mas não me imagino a criar família e ter filhos aqui, por isso projecto uma próxima etapa da minha vida noutro sítio e os EUA ou Portugal são duas das possibilidades”. O que importa, diz, “é tentar”, já que a vida são dois dias e um deles está já a passar.

Neste momento, Cristiana parece querer aproveitar aquilo que a cidade e a vida lhe dá, nunca descartando o facto do mundo ser agora global e capaz de acolher quem o quiser abraçar.

5 Jul 2015