Intercalares americanas: republicanos vencem Senado e democratas Câmara dos Representantes

As eleições intercalares norte-americanas, que se realizaram ontem, ganharam contornos de referendo à governação da Administração Trump. O resultado alinha-se com a divisão do país e deixa o Congresso dividido. Republicanos expandem o controlo do Senado, enquanto os democratas reconquistam a Câmara dos Representantes numa das campanhas mais sujas em termos de retórica

[dropcap]Os[/dropcap] resultados das eleições para o Congresso norte-americano, que se realizaram ontem, são uma boa representação simbólica da situação política que o país vive. “Tremendo sucesso esta noite! Obrigado a todos” e “Amanhã será um novo dia” são duas citações que, à partida, poder-se-iam atribuir a uma só força política vitoriosa. Não foi o caso. Seguindo o seu estilo linguístico habitual e a sua plataforma de preferência, Twitter, o “tremendo sucesso” foi a reacção de Donald Trump. Enquanto a mensagem de esperança no futuro é da autoria da líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

Contados os votos, o Partido Republicano alarga a maioria de que dispunha no Senado, que vai continuar a ser liderado por Mitch McConnell, depois arrecadar assentos nos estados do Indiana, Dakota do Norte e Missouri. Por outro lado, o Partido Democrata recupera o controlo da Câmara dos Representantes, com Nancy Pelosi a regressar ao controlo da câmara baixa do Congresso norte-americano, depois de virarem mais de duas dúzias de lugares.
Numa das corridas legislativas mais quentes dos últimos tempos, as eleições de ontem foram caracterizadas como um referendo aos dois primeiros anos de Donald Trump na Casa Branca, aliás, um argumento de campanha usado pelo próprio para motivar a sua base eleitoral para acorrer às urnas.

O facto do sufrágio que elege membros dos órgãos legislativos num sistema de governo presidencialista ser um teste ao ocupante da Casa Branca não é nada de novo. Diga-se de passagem que, tradicionalmente, este teste não corre bem. Como tal, não é de estranhar que o partido do Presidente apenas não tenha perdido lugares na Câmara dos Representantes em três eleições desde a Guerra Civil: 1934, 1998 e 2002.

Vencedores e vencidos

Enquanto do lado democrata havia a esperança de que uma onda azul varresse estas eleições em sinal de repúdio perante os discursos de divisão proferidos por Trump, os resultados eleitorais mostraram que um muro vermelho separa politicamente os Estados Unidos.

Na corrida ao Senado, o resultado ficou praticamente garantido quando o republicano Kevin Cramer derrotou a senadora democrata de Dakota do Norte, Heidi Heitkamp, e quando o empresário republicano Mike Braun bateu o senador Joe Donnelly em Indiana, da ala mais conservadora dos democratas.

Outro dos resultados de maior destaque foi a confirmação de Ted Cruz na câmara alta do Congresso, depois de ver o seu favoritismo ameaçado pelo democrata Beto O’Rourke, um político democrata em ascensão.

Entretanto, na Florida Ron DeSantis foi reeleito depois de derrotar o democrata Andrew Gillum, apesar de ter afirmado que esperava que o eleitorado não “monkey-up”, não “amacacasse”, as eleições. Gillum é afro-americano. Ainda no domínio na supremacia branca, destaque para a vitória do republicano Steve King, do Estado do Iowa, apesar da reeleição ter sido conseguida com uma margem consideravelmente inferior ao último sufrágio, somando o seu nono mandato. É de referir que no mês passado, King questionou o valor da diversidade em entrevista ao Unzensuriert, uma publicação associada ao Partido da Liberdade da Áustria, fundado por um antigo oficial das SS. Hoje é dirigido por Heinz-Christian Strache que, sem surpresas, é neonazi. A ligação a grupos de extrema-direita tem sido uma constante na vida política de Steve King, muitas vezes isolado politicamente do Partido Republicano, mas que nos dias que correm, com as múltiplas campanhas de diabolização de imigrantes, tem passado incólume no panorama conservador.

Dia da mulher

As eleições de ontem colocam no Congresso norte-americano mais de uma centena de mulheres, o número mais alto de sempre, com particular destaque para as candidatas com raízes nativo-americanas. Neste aspecto, importa salientar as candidatas democratas Deb Haaland, do Novo México, e Sharice Davids, do Kansas, que fizeram história como as primeiras mulheres indígenas a serem eleitas para o Congresso, na Câmara dos Representantes. Davids, advogada e ex-lutadora de artes marciais, é a primeira mulher indígena nos EUA a ser eleita para o Congresso, mas também a primeira lésbica.

Já Haaland, que liderou o Partido Democrata do Novo México (2015-2017) e foi responsável pelo voto dos indígenas na campanha presidencial de Barack Obama em 2012, vai ocupar a vaga deixada pelo também democrata Michelle Lujan Grisham, que conquistou a eleição para o cargo de Governador do Novo México.

Mais de dez mil pessoas já serviram na Câmara dos Representantes e quase 1.300 no Senado dos EUA, mas nunca antes uma mulher indígena tinha sido eleita para o órgão legislativo. Juntam-se aos outros dois políticos de origem indígena que servem actualmente na Câmara dos Representantes: os republicanos Markwayne Mullin e Tom Cole, ambos de Oklahoma, que foram igualmente reconduzidos.

Destaque também para Rashida Tlaib e Ilhan Omar, que vão ser as primeiras mulheres muçulmanas no Congresso.

Capitólio dividido

O regresso dos democratas ao controlo de uma das câmaras do Capitólio reequilibra as forças no poder legislativo, o que se pode materializar em paralisia e num contratempo para a Administração Trump, que deverá enfrentar uma série de investigações no Congresso. Aliás, mesmo antes das eleições os democratas com assento na Câmara dos Representantes já preparavam audiências, citações e inquéritos sobre vários possíveis problemas legais de Donald Trump. É de salientar que deve estar para breve a apresentação do relatório da investigação do procurador-especial Robert Muller sobre a alegada interferência russa no sufrágio que elegeu Donald Trump.

Outra consequência política é o aumento do poder de negociação dos democratas, que podem exigir contrapartidas para aprovarem propostas republicanas. Entre as propostas na agenda da Administração Trump que podem ser bloqueadas, destaque para a revogação da política de saúde conhecida como Obamacare, uma nova vaga de cortes de impostos e reforma nas políticas de migração. Porém, uma das consequências mais importantes da tomada da Câmara dos Representantes pelos democratas é a possibilidade de serem iniciados os procedimentos de destituição de Donald Trump. As razões para recorrer à “opção nuclear” são várias, nomeadamente o conluio entre os serviços secretos russos e a campanha de Donald Trump, as acusações de crimes sexuais e várias práticas duvidosas dos negócios do magnata de Nova Iorque.

Outra das consequências destas eleições prende-se com a continuidade do controlo republicano do Senado, principalmente no que toca à nomeação de juízes e aprovação de membros do Executivo chefiado por Trump.

Rhode Island à portuguesa

O lusoamericano Peter F. Neronha venceu a eleição para procurador-geral em Rhode Island por uma margem substancial, confirmando o favoritismo do candidato democrata num estado onde também venceram outros sete lusodescendentes em diversos cargos. Com 99,8 por cento das mesas de voto contadas, Peter Neronha venceu com 79,8 por cento da preferência dos eleitores, correspondente a 271.750 votos. O opositor do candidato lusodescendente, o independente Alan Gordon, recebeu 65.132 votos e terminou com 19,1 por cento.

Assim que foram conhecidos os resultados, que o Estado de Rhode Island ainda classifica como não oficiais até à certificação final, o novo procurador-geral agradeceu às “pessoas incríveis” que fizeram parte da sua jornada até à vitória e declarou-se “grato” pela oportunidade de servir os cidadãos do Estado no cargo. A plataforma da campanha do lusodescendente focou-se na luta contra a corrupção no sector público e contra a crise de adição a opiáceos, um problema crescente em todo o país nos últimos anos.

Neronha, de 54 anos, sucede a outro democrata, Peter Kilmartin, que cumpriu dois mandatos como procurador-geral do estado.

O lusodescendente liderou o gabinete de procurador dos Estados Unidos entre 2009 e 2017, tendo sido nomeado pelo anterior Presidente Barack Obama.

No Estado de Rhode Island, foram a votos outros sete lusoamericanos para o Senado e Câmara dos Representantes estaduais. Destes, venceram seis, todos democratas: Adam Satchell para o Senado estadual e Charlene Lima, Joseph J. Solomon, Julie A. Casimiro, Deborah A. Fellela e Dennis M. Canario para a Câmara dos Representantes.

Stephen Frias, candidato republicano à Câmara dos Representantes, foi derrotado. A nível local, o democrata Robert DaSilva foi eleito o primeiro ‘mayor’ (presidente da câmara) de East Providence, que até aqui tinha um formato de governo assente no conselho e num gestor da cidade.

8 Nov 2018

EUA reafirmam compromisso com defesa de Taiwan

A guerra de palavras entre as duas maiores potências mundiais estende-se também à questão do estatuto da antiga Formosa

[dropcap]O[/dropcap] embaixador de facto dos Estados Unidos em Taiwan reafirmou ontem o compromisso de Washington com a autodefesa da ilha, que se assume como República da China, face às crescentes ameaças por parte de Pequim.

Os EUA consideram qualquer tentativa em determinar o futuro de Taiwan “através de meios não pacíficos” uma ameaça à segurança regional e uma questão de “grande preocupação”, afirmou Brent Christensen, director do Instituto dos EUA em Taiwan, que funciona como uma embaixada, apesar de não ter o estatuto.

“Opomo-nos a tentativas unilaterais para mudar o ‘status quo [de Taiwan]”, afirmou.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa, e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência.

Taiwan, ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois do Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana.

As ameaças de Pequim têm subido de tom desde a ascensão ao poder, em Taipé, da Presidente Tsai Ing-wen, do Partido Progressivo Democrático (PPD), pró-independência.

Os EUA cortaram os laços formais com Taipé em 1979, e passaram a reconhecer Pequim, mas os dois lados mantêm fortes relações militares e diplomáticas não oficiais.

Primeiro acto

Essas relações são sustentadas pelo Acto de Relações com Taiwan, aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos em Abril de 1979, e que exige que os EUA garantam a Taiwan a sua capacidade de autodefesa.

A política de Washington “não mudou” desde a aprovação daquele Acto, lembrou Christensen, em conferência de imprensa, exemplificando com a recente venda de armamento ao território, avaliada em 330 milhões de dólares.
E garantiu que Washington vai cooperar no sentido de promover valores democráticos comuns e melhorar as relações económicas com a ilha. Isto inclui promover a participação de Taiwan em organizações internacionais, que Pequim tem procurado restringir.

As autoridades chinesas têm ainda pressionado multinacionais, desde o sector da aviação ao têxtil, a designar Taiwan como território chinês nos seus portais oficiais ou material publicitário.

No total, cinco países romperam relações com Taiwan, nos últimos dois anos, e passaram a reconhecer Pequim como o único governo de toda a China.

1 Nov 2018

Manufactura | Actividade no nível mais baixo em dois anos

Apesar da diminuição das exportações, a culpa do abrandamento resulta em grande parte da queda da procura interna. Economistas aconselham o Governo a baixar impostos e a estimular o sector privado

[dropcap]A[/dropcap] actividade da indústria manufactureira (PMI, na sigla em inglês) da China caiu para o nível mais baixo em dois anos, em Outubro, segundo dados ontem divulgados, numa altura de fricções comerciais entre Pequim e Washington.

O Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês revelou que o PMI recuou para 50,2 pontos, depois de em Setembro se ter fixado nos 50,8.

Quando se encontra acima dos 50 pontos, o PMI sugere uma expansão do sector, abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção da actividade.

Os pedidos para exportação recuaram, mas o maior impacto foi a queda na procura interna. As vendas nos sectores automóvel e imobiliário caíram, desde que Pequim dificultou o acesso ao crédito, visando travar o ‘boom’ no endividamento.

“A pressão económica negativa a curto prazo é relativamente grande”, admitiu o economista do GNE, Zhang Liqun, em comunicado.

Pequim precisa de baixar impostos, reduzir as restrições ao crédito e “impulsionar a confiança no sector privado” escreveu em comunicado um grupo de economistas do banco de investimento Citigroup.

A resistir

As exportações chinesas para os EUA têm-se mantido resilientes, apesar de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter imposto taxas alfandegárias sobre metade das importações oriundas da China, numa disputa em torno das ambições chinesas para o sector tecnológico.

Em parte, isto deve-se às fábricas terem respondido aos pedidos antes da entrada em vigor das taxas. Mas produtos de alto valor, como equipamento médico e para fábricas, expressaram confiança de que vão manter as vendas no mercado norte-americano, apesar do aumento dos preços.

“A queda na procura do exterior não parece ser o principal culpado”, escreve Julian Evans-Pritchard, analista na consultora Capital Economics.

As novas encomendas em Outubro recuaram 1,2 ponto, para 50,8, segundo o GNE. Os novos pedidos para exportação caíram 1,1 ponto, para 46,9.

A economia chinesa, a segunda maior do mundo, tem vindo a desacelerar, à medida que a liderança do país enceta a transição no modelo de crescimento do país, visando maior ênfase no consumo doméstico, em detrimento das exportações e investimento.

No último trimestre, o ritmo de crescimento económico fixou-se nos 6,5%, o nível mais baixo desde a crise financeira mundial, em 2009.

Em 2017, a economia chinesa cresceu 6,8%.

1 Nov 2018

China considera um erro retirada dos EUA de tratado nuclear

[dropcap]A[/dropcap] China considerou hoje um erro a retirada unilateral dos Estados Unidos do tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF) que Washington assinou com Moscovo em 1987.

“Está errado e ainda pior é colocar a China como uma das razões para o abandono” do tratado, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, numa conferência de imprensa.

Hua disse que o tratado desempenha “um importante papel no processo de desarmamento nuclear” e que “ainda é significativo”, sublinhando a importância de atuar através do diálogo.

Pequim reagia ao anúncio feito no sábado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, de que os Estados Unidos se vão retirar daquele tratado.

Trump acusou Moscovo de violar o acordo “há muitos anos”.

“Não vamos deixá-los violar o acordo nuclear e fabricar armas, enquanto nós não somos autorizados. Nós permanecemos no acordo e temos honrado o acordo. Mas a Rússia, infelizmente, não respeitou o acordo”, criticou o presidente norte-americano.

Trump disse ainda que o seu país “terá de desenvolver armas”, a menos que a Rússia e a China expressem a sua vontade de não desenvolver esse tipo de armamento.

O tratado, assinado pelos presidentes norte-americano, Ronald Reagan, e russo, Mikhail Gorbachev, aboliu o uso de uma série de mísseis de alcance entre os 500 e os cinco mil quilómetros.

22 Out 2018

Rússia considera “passo perigoso” retirada dos EUA do acordo de armas nucleares

[dropcap]O[/dropcap] vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia classificou ontem como “um passo perigoso” a retirada dos EUA do tratado sobre armas nucleares, anunciada no sábado pelo Presidente norte-americano, que acusou Moscovo de violar o acordo “há vários anos”.

Serguei Riabkov afirmou à agência do Estado russo TASS que o acordo assinado durante a Guerra Fria é “significativo para a segurança internacional e a segurança nuclear, para a manutenção da estabilidade estratégica”.

A retirada dos Estados Unidos do tratado, anunciada no sábado pelo Presidente Donald Trump, “será um passo muito perigoso que não será cumprido pela comunidade internacional e vai mesmo suscitar condenações sérias”.

O vice-ministro condenou o que chamou de tentativas norte-americanas de obter concessões “com um método de chantagem”. Se os Estados Unidos continuam a agir “de maneira maldosa e grosseira” e se retiram unilateralmente de tratados internacionais, a Rússia “não terá outra alternativa senão “tomar medidas de retaliação, inclusive em relação à tecnologia militar”. “Mas não queremos chegar a esse ponto”, frisou Riabkov.

Fala Donald

Os Estados Unidos acusaram Moscovo de violar o acordo “há muitos anos”. “A Rússia não respeitou o tratado. Então, vamos pôr fim ao acordo e desenvolver as armas”, afirmou Donald Trump, citado pela Agência France-Presse, depois de um comício em Elko, no estado do Nevada.

Trump referia-se ao tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF, sigla em inglês), assinado em 1987 pelos então Presidentes norte-americano e soviético, Ronald Reagan e Mikhaïl Gorbachev, respetivamente.
“Eles violam-no há muitos anos”, assegurou Donald Trump. “Não sei por que é que o presidente Obama não o renegociou e não se retirou [do tratado]”, acrescentou, sobre o seu antecessor democrata.

“Não vamos deixá-los violar o acordo nuclear e fabricar armas, enquanto nós não somos autorizados. Nós permanecemos no acordo e temos honrado o acordo. Mas a Rússia, infelizmente, não respeitou o acordo”, criticou o Presidente norte-americano.

A administração norte-americana protesta contra a implantação por Moscovo do sistema de mísseis 9M729, cujo alcance, de acordo com Washington, ultrapassa os 500 quilómetros, o que constitui uma violação do tratado INF.

O tratado, ao abolir o uso de uma série de mísseis de alcance entre os 500 e os cinco mil quilómetros, pôs fim à crise desencadeada na década de 1980 com a implantação dos SS-20 soviéticos visando capitais ocidentais.

22 Out 2018

ASEAN | EUA e China aprovam código para evitar acidentes aéreas

O acordo foi também firmado com a Austrália, Coreia do Sul, Índia, Japão, Nova Zelândia e Rússia, após a reunião de ministros da Defesa da Associação das Nações do Sudeste Asiático em Singapura

[dropcap]E[/dropcap]stados Unidos, China e seis outros países anunciaram sábado um princípio de apoio ao código de conduta para evitar acidentes em operações aéreas, assinado na sexta-feira pelos ministros da Defesa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

O acordo foi firmado após a reunião ministerial da ASEAN com os homólogos dos seguintes países: China, Estados Unidos da América (EUA), Austrália, Coreia do Sul, Índia, Japão, Nova Zelândia e Rússia, denominado de grupo ADMM-Plus, que se realizou em Singapura.

O objectivo é “garantir um ambiente operacional seguro e pacífico no domínio aéreo”, refere um comunicado conjunto emitido no final da reunião e divulgado pela televisão Channel News Asia, de acordo com a agência de notícias espanhola EFE.

Segundo a agência de notícias francesa France Presse (AFP), o acordo relativo às directrizes operacionais visa “evitar incidentes entre aeronaves militares”, aviões de combate, sendo esta a mais recente iniciativa para evitar confrontos militares na Ásia.

A AFP frisa que tais riscos, devido a encontros fortuitos entre aeronaves militares, vêm aumentando nos últimos anos, à medida que Pequim reforça a sua presença no Mar do Sul da China, contribuindo para aumentar a tensão com os países ribeirinhos.

“A ADMM -Plus expressa o seu apoio, em princípio, à iniciativa. (…) reconhecemos que as directrizes não pretendem prejudicar as posições dos Estados relevantes nas missões”, indica o comunicado.

Mar de disputas

O acordo consiste na aplicação de uma série de recomendações não-obrigatórias destinadas a evitar conflitos, especialmente no Mar do Sul da China, um território importante para o comércio marítimo global e cuja estabilidade é minada por disputas de soberania.

A China reivindica quase todo esse espaço marítimo, rico em energia e recursos marinhos, que também são parcialmente reivindicados por Taiwan e quatro parceiros da ASEAN: Brunei, Filipinas, Malásia e Vietname.

No ano passado, na mesma reunião, foi acordado um código semelhante para encontros/missões marítimas que, no entanto, não impediu um incidente no mês passado entre um navio chinês e um norte-americano no Mar do Sul da China.

Na reunião, as autoridades da Defesa também concordaram em fortalecer a cooperação na luta contra o terrorismo.

22 Out 2018

Jogo | Governo admite potencial impacto da guerra comercial

[dropcap]A[/dropcap] guerra comercial entre a China e os Estados Unidos pode vir a beliscar o principal motor da economia de Macau: o jogo. É o que reconhece a Direcção dos Serviços de Economia (DSE), em resposta a uma interpelação escrita do deputado Pereira Coutinho, garantindo estar a acompanhar os potenciais consequências para o território.

Embora do ponto de vista comercial antecipe um impacto “limitado” decorrente da disputa entre a China e os Estados Unidos, a DSE reconhece a possibilidade de um efeito dominó a outras áreas económicas da China, passível de trazer “factores de incerteza para a confiança dos investidores e a estabilidade do mercado de capital circulante”. Neste sentido, admite a possibilidade de que a vontade de consumir e viajar dos residentes da China “seja afectada”, o que constituirá, muito provavelmente, uma situação nada benéfica para o sector do jogo e turismo de Macau”.

Olho vivo

“O Governo continuará a prestar estrita atenção às últimas informações” e “às demais políticas restritivas aplicadas, procedendo ininterruptamente à avaliação dos impactos que as mesmas poderão trazer para Macau nas vertentes económicas e comercial”, diz a mesma resposta, datada de Agosto. Indicando que “vai manter uma comunicação estrita com os operadores dos sectores para conhecer mais rapidamente as implicações da disputa comercial para as empresas locais”, a DSE promete ainda “facultar-lhes, em tempo oportuno, apoios mais apropriados”, embora sem concretizar.

Já do ponto de vista do comércio, a DSE nota ser “limitado” o impacto da imposição de tarifas até 25 por cento por parte dos Estados Unidos, dado que China e Macau constituem duas zonas aduaneiras autónomas distintas. Assim, prevê “ser pouco significativo o impacto directo nas exportações locais para os Estados Unidos”, embora antecipe que as mercadorias com destino àquele país por via de Macau venham inevitavelmente a ser afectadas”, ainda que seja preciso mais tempo para apurar a extensão das implicações.

15 Out 2018

Liberdades | Juízes portugueses e Rota das Letras em relatório norte-americano

O Congresso dos EUA voltou a publicar um relatório sobre a China e aponta vários casos preocupantes “em relação à autonomia de Macau e ao Estado de Direito”. Em resposta, o Governo de Chui Sai On recusa a ingerência de outros países nos assuntos da China e fala em sucesso na aplicação do princípio “um país, dois sistemas”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] opção legislativa de afastar juízes portugueses dos casos que envolvem segurança nacional e as pressões políticas durante o Festival Rota das Letras para retirar o convite à escritora Jung Chang, que não seria autorizada a entrar em Macau, são dois dos casos que constam no relatório do Congresso dos Estados Unidos da América sobre a China. O documento, apresentado na quarta-feira, sublinha que ao longo do último ano foram propostas várias alterações legislativas que “levantam preocupações em relação à autonomia de Macau e ao Estado de Direito”.

O primeiro caso diz respeito à alteração à Lei de Bases da Organização Judiciária, nomeadamente quanto ao afastamento de juízes estrangeiros das questões que envolvem segurança nacional. “Os advogados portugueses mostraram-se alarmados com a proposta e demonstraram receios que possa violar a Lei Básica de Macau e uma maior erosão da independência do sistema judiciário da cidade”, é sublinhado.

Ainda no campo das propostas do Executivo, o Congresso norte-americano foca a futura lei de cibersegurança, cuja consulta pública já foi realizada. “Se por um lado o Governo terá alegadamente garantido que a lei não vai colocar em causa a liberdade de expressão, os ciberanalistas dizem que com base no reduzido número de ataques cibernéticos em Macau, que esta não é uma lei imperativa. Este aspecto levanta preocupações nas ciberindústrias face à interpretação e ao impacto da lei”, é apontado no documento.

Literatura e Sulu Sou

No campo cultural é dado destaque ao caso Rota das Letras, em que quatro escritores foram impedidos de participar, depois de pressões sobre a organização por parte do Gabinete de Ligação do Governo Central. “Em Março de 2008, o Gabinete de Ligação em Macau terá avisado os organizadores de um festival literário em Macau que o Governo não garantia a entrada de vários autores de livros, incluindo a escritora sediada no Reino Unido e autora de um biografia de Mao Zedong, Jung Chang”, é notado. A menção ao Rota das Letras surge no contexto dos casos, frequentemente referidos nestes relatórios, de pessoas a quem é negada a entrada em Macau, principalmente políticos e activistas pró-democratas de Hong Kong. Sobre o caso do Rota das Letras, o Congresso recorda ainda as palavras do clube literário Pen Hong Kong, que defendeu que a não garantia da entrada no território “viola directamente o direito à liberdade de expressão”.

Também na vertente política, o congresso destaca o caso de Sulu Sou, naquela que foi a primeira suspensão de um deputado depois da transição. O Congresso nota também que o legislador viu-se forçado a abdicar do direito de recurso da condenação relacionada com a infracção à lei do direito de reunião e manifestação para poder regressar à Assembleia Legislativa.

Recusa de ingerências

Em resposta ao relatório, o gabinete do porta-voz do Chefe do Executivo emitiu um comunicado a denunciar a ingerência dos países estrangeiros no assuntos da China. “O Governo da Região Administrativa Especial de Macau repudia terminantemente o referido relatório, frisando que Macau pertence à República Popular da China e que nenhum país estrangeiro tem o direito de ingerência nos seus assuntos internos”, pode ler-se na resposta.

“Desde o regresso de Macau à Pátria, o princípio de “um país, dois sistemas” e a Lei Básica têm sido implementados em pleno no território e a RAEM desenvolveu-se e registou resultados notórios”, é acrescentado.

Ainda sobre os motivos apontados no relatório, o Executivo considera que “ignora factos”, “tece comentários irresponsáveis sobre a RAEM” e “profere acusações infundadas”.

12 Out 2018

Taylor Swift é a grande vencedora dos American Music Awards e apela ao voto nos EUA

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aylor Swift foi a grande vencedora dos American Music Awards (AMA), na noite de terça-feira, no Microsoft Theater, em Los Angeles, com quatro galardões, incluindo artista do ano, assim como a latina Camila Cabello, que arrecadou outras quatro distinções.

No discurso de agradecimento dos prémios, a cantora norte-americana – que, além de artista do ano, recebeu ainda o de digressão do ano, melhor álbum Pop/Rock e melhor artista feminina Pop/Rock – reforçou o apelo aos americanos para que votassem nas eleições intercalares de novembro, dois dias depois de, na rede social Instagram, ter declarado que vai votar pelo Partido Democrata.

“Só quero mencionar que este prémio [artista do ano] e todos e cada um dos prémios entregues esta noite foram votados pelo povo. E sabem que mais é que o povo vai votar? (…). As eleições intercalares de 06 de novembro. Saiam e votem”, disse Taylor Swift, em Los Angeles.

A estrela pop fez referência às próximas eleições nos EUA, nas quais os democratas esperam recuperar o terreno perdido contra os republicanos e o atual presidente, Donald Trump.

Swift tem chamado a atenção da comunicação social nos últimos dias, depois de ter quebrado o seu silêncio político e escrito uma longa mensagem na rede social Instagram, na qual tem 112 milhões de seguidores, em que garante que votará em candidatos democratas.

Desde segunda-feira, de acordo com a plataforma vote.org, os centros de recenseamento têm registado números recorde de inscrições, sobretudo em eleitores entre os 18 e os 29 anos. Dos 240 mil novos registos de outubro, em vésperas de fecho do recenseamento, 102 mil são posteriores ao apelo de Taylor Swift, segundo esta associação.

A outra grande vencedora da noite dos American Music Awards foi a cubano-americana Camila Cabello, que venceu nas categorias de nova artista do ano, melhor colaboração, melhor vídeo e melhor canção Pop/Rock (estas últimas três categorias para o tema “Havana”).

“Não posso acreditar que ganhei este”, disse a jovem cantora ao receber o prémio de nova artista do ano.

Cabello, que afirmou estar “sem palavras”, agradeceu aos seus pais, presentes na cerimónia, e aos seus seguidores.

Por seu turno, a também latina Cardi B, uma das favoritas aos AMA com oito nomeações, ganhou três prémios: melhor artista de rap/Hip-Hop, melhor rap, por “Bodak Yellow” e melhor música de soul/R&B, por “Finesse” com Bruno Mars.

A rapper foi, além disso, uma das estrelas da noite com uma interpretação muito latina e espetacular de sua música “I Like It”, com o colombiano J Balvin e o porto-riquenho Bad Bunny.

Pior sorte teve o canadiano Drake, que também tinha oito nomeações, mas acabou por sair da gala de mãos vazias.

A 46ª edição da AMAs, que teve Tracee Ellis Ross como mestre de cerimónias, começou com Taylor Swift interpretando ao vivo “I Did Something Bad”.

Frente ao microfone, também desfilaram, além de Cardi B e Camila Cabello, outros artistas como Mariah Carey, Jennifer Lopez, Shawn Mendes, Twenty One Pilots, Dua Lipa, Ciara ou Carrie Underwood.

O grupo norte-americano Panic! At the Disco prestou homenagem à banda inglesa Queen, com a famosa música “Bohemian Rhapsody”.

No entanto, o momento mais emocionante dos AMA foi o tributo à estrela da ‘soul’ Aretha Franklin, que morreu em agosto, aos 76 anos, no qual se juntaram as vozes de cantoras como Gladys Knight, Ledisi e CeCe Winans.

As nomeações para os American Music Awards baseiam-se nas vendas recordes de álbuns e músicas digitais, transmissões de rádio e ‘streaming’ (transmissão ‘online’) medidos pela Billboard e os seus parceiros Nielsen Music e Next Big Sound. Em contrapartida, os vencedores são escolhidos pelos fãs, com os seus votos.

11 Out 2018

China | Condenada cláusula que dá aos EUA direito de veto no acordo com Canadá e México

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap[ diplomacia chinesa condenou este fim de semana a “cláusula envenenada” no novo acordo comercial entre Estados Unidos, Canadá e México, que permite a Washington travar um acordo comercial entre estes países e a China.

A embaixada chinesa em Otava afirmou, em comunicado, que o artigo 32.10 do Acordo EUA-México-Canadá [USMCA, na sigla em inglês], “fabrica noções do que é ou não uma economia de mercado fora do quadro da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e serve de “desculpa para alguns países fugirem às suas obrigações e recusarem cumprir os seus compromissos internacionais”.

Na mesma nota, a embaixada chinesa protestou contra a “atitude hegemónica” dos EUA e disse “sentir pena” pelo Canadá, por ter renunciado à soberania económica.

Em causa está a cláusula imposta pelos EUA no USMCA, que exige ao Canadá e ao México que notifiquem Washington em caso de negociação de um acordo comercial com uma “não economia de mercado”.

A cláusula obriga os países a revelarem detalhes sobre as negociações e permite a Washington romper o acordo comercial com estes, caso façam um acordo com Pequim.

Os EUA, a UE e o Japão recusam reconhecer a China como “economia de mercado”, por considerarem que a intervenção do Estado chinês na economia continua a ser forte. Uma decisão contrária retiraria poderes aos outros países ao nível das acusações de ‘anti-dumping’ – produção subsidiada que mantém o preço abaixo do custo de fabrico – na OMC.

Fechar portas

O comunicado da embaixada chinesa é a primeira reacção pública da China à cláusula incluída no USMCA, concluído na semana passada, em substituição do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês).

No domingo, fonte da Casa Branca, citada pelo jornal Financial Times, afirmou que Washington vai tentar incluir a mesma cláusula em outros acordos, nomeadamente com a UE, o Japão e o Reino Unido.

“Será isto um precedente para o futuro? Absolutamente”, afirmou a mesma fonte. “É importante ter a certeza que qualquer acordo que façamos não é minado e que a China não encontra uma porta traseira para aceder ao mercado norte-americano”, acrescentou.

9 Out 2018

Economia | Injectados 110.000 milhões de dólares face a guerra comercial

O objectivo das autoridades chinesas visa reduzir o impacto da disputa comercial com os norte-americanos e ao mesmo tempo fortalecer o desenvolvimento económico

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China anunciou que vai reduzir o dinheiro de reserva dos bancos comerciais, permitindo libertar 110.000 milhões de dólares norte-americanos em crédito, e atenuar o impacto da guerra comercial com Washington.

O Banco do Povo (banco central) indicou, no domingo, que vai cortar o coeficiente de reservas obrigatórias em 1%, a partir de 15 de outubro, para garantir um “crescimento razoável do crédito” e impulsionar o desenvolvimento económico.

Analistas consideraram que a decisão constitui um sinal de crescente preocupação de Pequim em relação ao impacto na economia doméstica das disputas comerciais com os Estados Unidos.

“Este é um sinal de flexibilização da política monetária que visa contrariar [os efeitos] da guerra comercial EUA/China, e mostra a determinação de Pequim em manter o ritmo de crescimento [económico]”, afirmou, em comunicado, Liao Qun, economista sénior do China Citic Bank.

O investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais Zhang Ming considerou, em comunicado, que a medida do banco central é uma resposta de Pequim à desaceleração económica, relativamente às disputas comerciais.

“O aprofundamento das disputas comerciais com os EUA vai reduzir o peso do comércio externo no crescimento”, considerou.

Vários indicadores económicos apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia chinesa.

Em queda

Em Setembro, a actividade da indústria manufactureira da China caiu para o nível mais baixo desde Fevereiro, perante a queda das encomendas para exportação e da produção e inventário.

No turismo, os gastos nos primeiros quatro dias da ‘semana dourada’ aumentaram 8,1%, em termos homólogos, depois de, no ano passado, terem crescido 21%, segundo dados oficiais.

E desde o início das disputas comerciais entre Washington e Pequim, a bolsa de Xangai caiu mais de 20%.

A redução nas taxas de reserva obrigatórias, pela quarta vez este ano, contrasta também com a política monetária dos EUA.

No final de Setembro, a Reserva Federal (Fed) norte-americana subiu as taxas de juro em 25 pontos base, no terceiro aumento desde o início do ano, para o nível mais alto da última década.

O economista do banco francês Natixis, em Hong Kong, Xu Jianwei afirmou que o Governo chinês não tem outra opção a não ser adoptar uma política monetária diferente dos EUA.

“Numa guerra comercial, a economia chinesa vai enfrentar mais dificuldades, face à menor confiança dos investidores (…) a China tem que injectar mais liquidez [na economia]”, afirmou.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas do país asiático. Pequim retaliou com taxas sobre bens norte-americanos.

Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

9 Out 2018

Diplomacia | Pompeo diz que houve “progressos” com Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, disse ontem que houve “progressos” na reunião que teve com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, em Pyongyang, para acelerar a desnuclearização.

Mike Pompeo falava já em Seul, no âmbito de uma visita que está a realizar à Ásia e que deverá, igualmente, levá-lo ao Japão e à China.

“Fizemos uma boa viagem para Pyongyang para nos encontramos com o presidente Kim”, declarou Mike Pompeo na rede social Twitter, depois de se ter encontrado com o líder norte-coreano durante quase duas horas.

“Continuamos a progredir em relação aos acordos obtidos na cimeira de Singapura, em Junho último, entre Kim Jong Un e o presidente norte-americano, Donald Trump”, acrescentou, agradecendo depois ao dirigente por o terem recebido, bem como à sua equipa.

Esta é a quarta viagem do secretário de Estado norte-americano à Coreia do Norte enquanto parece tomar forma um acordo entre os dois países.

Ao falar para o chefe da diplomacia norte-americana, através de um intérprete, Kim Jong Un disse ter-se tratado de “um bom encontro”, segundo escreve a agência de notícias AFP.

“Tratou-se de um bom encontro que promete um bom futuro (…) para os dois países”, frisou.

Pontos de vista

Numa visita anterior, realizada em Julho, Mike Pompeo também considerara ter havido progressos nas negociações com a Coreia do Norte, em contraste com as declarações de Pyongyang, que denunciou os “métodos criminosos” dos norte-americanos, acusando-os de exigirem o desarmamento unilateral da Coreia do Norte sem qualquer concessão.

Também um responsável norte-americano considerou a visita de ontem melhor do que a última, não deixando, porém, de referir que “o caminho ainda será longo”.

Sem que se conhecesse o conteúdo das reuniões, Mike Pompeo referira, na sua conta no Twitter, que visava “honrar os compromissos” assumidos anteriormente pelos dirigentes dos dois países.

No avião para Tóquio, Mike Pompeo explicara aos jornalistas que o objetivo do encontro era “construir confiança suficiente” para a Coreia do Norte avançar em direção à paz.

“E também organizaremos a próxima reunião”, referiu, defendendo a necessidade de desenvolver esforços no sentido de fixarem data e local para o próximo encontro.

Até ao momento, nenhum Presidente norte-americano visitou a Coreia do Norte, um país que, segundo os defensores dos Direitos Humanos, continua a ser um dos mais repressivos do mundo.

Donald Trump cancelou uma visita do chefe da diplomacia dos EUA a Pyongyang por ter considerado os progressos nas negociações insuficientes, mas, em Setembro, afirmou ter-se “apaixonado” pelo dirigente norte-coreano.

Washington e Pyongyang mantiveram a importância do acordo de Singapura, enquanto os Estados Unidos defendem a manutenção das sanções se a Coreia não proceder à “desnuclearização total e completamente verificada”.

A visita do diplomata norte-americano a Tóquio no sábado visava tranquilizar o aliado japonês e incluí-lo no processo de negociações.

O Japão defende que a Coreia do Norte seja tratada de forma dura e insiste na continuação da pressão sobre este país, embora, em Setembro, o primeiro-ministro japonês tenha mostrado abertura para se encontrar com Kim Jong-un.

8 Out 2018

Juiz federal dos EUA bloqueia suspensão de programa de protecção de imigrantes

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m juiz federal norte-americano bloqueou na quarta-feira a suspensão do Estatuto Temporário de Proteção (TPS), decretada pela administração dos EUA, que iria afectar centenas de milhares de imigrantes de El Salvador, Honduras, Haiti Nicarágua e Sudão.

A decisão entrou em vigor “de forma imediata”, de acordo com o magistrado, Edward Chen, do tribunal de São Francisco. O magistrado considerou que se a suspensão do TPS entrasse em vigor ira fazer “danos irreparáveis” aos imigrantes e às suas famílias, que teriam de deixar os EUA.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os beneficiários do TPS dos países visados teriam que partir dos EUA ou procurar uma alternativa para ficarem legais no país.

A suspensão para a Nicarágua estava agendada para janeiro de 2019, para o Haiti em julho 2019, El Salvador em setembro e Honduras em janeiro de 2020. Para os imigrantes do Sudão o ETP terminaria no próximo mês.

Em agosto, vários diplomatas dos Estados Unidos em países latino-americanos já tinham considerado que a retirada deste estatuto pode levar a deportações em massa e consequentemente desestabilizar a região da América Latina e desencadear uma nova onda de imigração ilegal.

Os diplomatas alertaram para que o cancelamento do TPS afeta os interesses da política externa norte-americana, colocando em risco a segurança das pessoas que detinham este estatuto.

O TPS é um programa de imigração criado em 1990, ao abrigo do qual os Estados Unidos concedem autorizações de residência de forma extraordinária a pessoas de países afetados por conflitos ou desastres naturais.

4 Out 2018

Japão | Visita de Pompeo a Pyongyang vai acelerar desnuclearização

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]secretário de Estado norte-americano desloca-se pela primeira vez a  Pyonyang após a cimeira de Junho entre Kim Jong-un e Donald Trump. Tóquio espera que a visita de Mike Pompeo traga avanços significativos ao processo de desnuclearização norte-coreano

O Governo japonês disse ontem acreditar que a próxima visita a Pyongyang do secretário de Estado norte-americano vai permitir avançar para uma “completa e rápida desnuclearização da península coreana”.

Na terça-feira, Washington anunciou o encontro de domingo entre Mike Pompeo e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. Antes, o secretário de Estado norte-americano vai manter um encontro, em Tóquio, com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

“Esperamos que a Coreia do Norte cumpra a completa e rápida desnuclearização da península coreana”, disse o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, quando questionado em conferência de imprensa sobre a viagem de Pompeo à região.

Suga disse que os Governos do Japão e dos Estados Unidos trocaram “opiniões a diferentes níveis” sobre o assunto, mas a intenção é coordenar “ainda mais de perto” as medidas que podem ser adoptadas sobre a desnuclearização da península.

Esta é a quarta visita de Pompeo a Pyonyang, mas também a primeira desde Junho passado, após a cimeira histórica em Singapura entre Kim Jong-un e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O objectivo da viagem é preparar o terreno para a segunda cimeira entre Trump e Kim, embora ainda não tenha sido avançada uma data ou um possível local. Na semana passada, Trump afirmou que a cimeira vai realizar-se “em breve”.

Além de Tóquio e Pyongyang, Pompeo desloca-se posteriormente à Coreia do Sul e à China para se reunir com as autoridades dos dois países.

Nova era

Na terça-feira, a agência oficial norte-coreana KCNA insistiu na necessidade dos Estados Unidos e da Coreia do Norte assinarem um tratado de paz que ponha formalmente fim à Guerra da Coreia (1950-1953), que terminou com a assinatura de um armistício.

“É natural que a Coreia do Norte e os Estados Unidos ponham fim às relações beligerantes, de acordo com a aspiração mútua de estabelecer novas relações bilaterais, em conformidade com a declaração conjunta de 12 de Junho”, lê-se no comentário da KCNA.

“Mas se os Estados Unidos não querem o fim da guerra, a República Democrática Popular da Coreia [RPDC, nome oficial da Coreia do Norte] também não irá procurá-lo, acrescentou.

4 Out 2018

Economia | Diálogo com EUA pode avançar na reunião do G-20

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]assessor económico da Casa Branca, Lawrence Kudlow, disse esta terça-feira que as negociações comerciais entre os EUA e a China poderão ser retomadas quando os decisores das políticas económicas se reunirem em Buenos Aires em Dezembro para a reunião do G-20.

Kudlow, director do Conselho Económico Nacional, disse numa conferência da indústria de valores imobiliários em Washington que não existe nenhum plano formal para retomar as negociações, mas que as autoridades americanas estão prontas para negociar enquanto as conversas forem sérias.

“A grande esperança aqui é que a China se sente à mesa e comece a jogar de acordo com as regras”, disse, acrescentando que até agora as conversações “têm sido insatisfatórias do nosso ponto de vista”.

A China cancelou negociações comerciais com os EUA que estavam agendadas para o fim de Setembro, após uma recente escalada nas tensões comerciais. No mês passado, o presidente americano, Donald Trump, anunciou novas tarifas sobre 200 mil milhões de dólares em importações chinesas, levando Pequim a retaliar com taxas sobre 60 mil milhões em produtos americanos. Trump prometeu aumentar ainda mais a pressão sobre a China, cobrando tarifas de mais 257 mil milhões de dólares em produtos chineses. Kudlow disse que as autoridades dos EUA continuam preocupadas com uma série de barreiras comerciais na China, incluindo tarifas, exigências de propriedade conjunta para empresas americanas e “o roubo de propriedade intelectual”.

Sobre o recém-anunciado acordo comercial entre os EUA, o Canadá e o México, Kudlow disse que o acordo permitirá que os três países apresentem uma “frente única” contra práticas comerciais desleais.

4 Out 2018

Navio chinês força contratorpedeiro dos EUA a alterar trajectória

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Marinha norte-americana disse que, no domingo, um navio de guerra chinês no mar do Sul da China aproximou-se “perigosamente” de um contratorpedeiro dos Estados Unidos, forçando-o a mudar a trajectória.

De acordo com o porta-voz da Frota do Pacífico dos EUA, durante uma operação da marinha, no arquipélago Spratly (arquipélago desabitado no Mar do Sul da China, com mais de 750 recifes, ilhéus, atóis e ilhas) um navio chinês “aproximou-se a 45 jardas (41 metros)” do contratorpedeiro e convidou-o “a deixar a área”.

Uma manobra “agressiva (…) perigosa e pouco profissional”, disse o porta-voz, acrescentando que o navio norte-americano foi forçado a “manobrar para evitar uma colisão”.

Pequim reivindica quase todo o Mar do Sul da China, apesar das reivindicações dos países vizinhos. Nos últimos anos, construiu sete recifes em ilhas artificiais, capazes de receber instalações militares em recifes disputados pelos países vizinhos. As novas ilhas ficam próximas de ilhas ocupadas pelo Vietname, Filipinas e Taiwan.

Malásia e o Brunei são outros dos países que disputam a jurisdição sobre ilhas e recifes, ricos em pesca e potenciais depósitos de combustíveis fósseis.

A China acusa os EUA, que regularmente patrulham as águas com meios aéreos, porta-aviões e outros navios de guerra, de se intrometerem numa disputa que é puramente asiática.

Este mar estratégico, por onde passam anualmente cerca de cinco biliões de dólares em mercadorias, terá vastas reservas de gás e petróleo.

Em Agosto, a cadeia de televisão norte-americana CNN informou que as forças armadas chinesas repetidamente advertiram um avião da Marinha dos EUA que voava perto de algumas destas novas ilhas para “sair imediatamente e manter-se afastado para evitar qualquer mal-entendido”.

3 Out 2018

Pequim | Rejeitadas acusações de Trump sobre ingerência nas eleições de Novembro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, assegurou ontem que Pequim “não interfere e não interferirá” nos assuntos internos de nenhum país e rejeitou as acusações do Presidente dos EUA, sobre uma alegada tentativa de manipulação eleitoral.

“Não interferimos nem interferiremos nos assuntos internos de nenhum país”, afirmou o chefe da diplomacia de Pequim durante uma sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas centrada na não proliferação de armas de destruição massiva.

Antes, Donald Trump tinha acusado o Governo chinês de tentativa de manipulação das próximas eleições intercalares de Novembro nos Estados Unidos, porque o seu Governo “a desafiou” na arena comercial.

“A China está a tentar influenciar as eleições de 2018 contra a minha administração, não querem que eu ganhe, ou que nós ganhemos, porque sou o primeiro Presidente a desafiar a China no comércio e estamos a ganhar a todos os níveis”, disse Trump, na primeira reunião do Conselho de Segurança da ONU por si convocada.

“Não queremos que se intrometam ou interfiram nas nossas eleições”, acrescentou o chefe de Estado norte-americano, sem fornecer pormenores sobre essa alegada ingerência de Pequim na política interna norte-americana, além do descontentamento em relação à política comercial de Trump.

1 Out 2018

UM prevê crescimento de 8,3 por cento este ano e de 7,1 por cento em 2019

A guerra comercial e os efeitos da Administração Trump podem influenciar de forma negativa o crescimento da economia de Macau no próximo ano. No pior cenário, a UM coloca em cima da mesa a possibilidade de haver uma quebra no PIB de 2,6 por cento

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] economia do território vai crescer 8,3 por cento durante este ano e 7,1 por cento no próximo. São estas as previsões apresentadas ontem pelo Departamento de Economia e pelo Centro de Estudos da Universidade de Macau. Contudo, os académicos da UM deixam um alerta: durante o próximo ano existe o perigo real da economia sentir as consequências da guerra comercial, assim como do abrandamento do crescimento da economia chinesa. O Interior da China é o principal mercado de jogadores nos casinos.

“No horizonte está um clima de incerteza económica. A Reserva Federal Norte-Americana deve continuar a aumentar a taxa de juros de forma conteinua. A Administração de Donald Trump tem criado fricções no comércio entre os EUA e os outros países”, é apontado no documento. “A zona euro continua a enfrentar a crise das dívidas públicas e a economia do Interior da China vai abrandar, ao mesmo tempo que o Governo Central vai tentar implementar políticas monetárias e fiscais para estabilizar o crescimento económico. Estes são factores que podem afectar o crescimento da economia de Macau em 2019”, é acrescentado.

Em relação ao próximo ano, os economistas da UM acreditam que no pior cenário o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau vai sofrer uma quebra de 2,6 por cento, já nas previsões mais optimistas terá um aceleramento de 16,6 por cento. Porém, o mais provável é que o crescimento fique na ordem dos 7,1 por cento. Na base desta previsão está a expectativa que a exportação de serviços seja de 8,7 por cento, enquanto a exportação de bens crescerá 5,7 por cento.

No que diz respeito à inflação ao longo de 2019, esta deverá situar-se pelos 3,9 por cento, enquanto que a taxa de desemprego deverá ficar nos 1,9 por cento. Se forem tidos apenas em consideração os residentes, a taxa de desemprego será de 2,5 por cento. Por sua vez, a mediana dos salários subirá para 16.638 patacas por mês e o consumo interno deverá crescer ao ritmo de 5 por cento.

 

Meta mais elevada em 2018

No que diz respeito às previsões de 2018, os economistas da UM dizem que no pior cenário, o crescimento vai cifrar-se nos 5,1 por cento, no melhor, o Produto Interno Bruto (PIB) vai saltar 11,6 por cento. No entanto, a maior probabilidade é que a taxa de crescimento se fique por um valor próximo dos 8,3 por cento.

Ainda no que diz respeito a este ano, a taxa de inflação deverá atingir 3,3 por cento, enquanto que a taxa de desemprego deverá ficar pelos 2 por cento. Finalmente o consumo interno deverá crescer 5 por cento, enquanto a exportação de serviços vai saltar 13,6 por cento e a de produtos 18,1 por cento.

Em relação à mediana dos salários, o ano deverá terminar com um valor de 16.077 patacas por mês.

27 Set 2018

Comércio | MNE pede aos EUA fim da “mentalidade da guerra fria”

[dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ang Yi deixa o aviso: o desenvolvimento das relações bilaterais dos últimos 40 anos pode ser complemente destruído se o comportamento norte-americano não mudar. As declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês foram feitas após um encontro com o antigo secretário de Estado americano Henry Kissinger.   

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, exigiu ontem a Washington que pare de olhar para a China com “mentalidade da guerra fria”, numa altura de crescente tensão entre as duas maiores economias mundiais.

Citado pela imprensa chinesa, Wang Yi apelou aos Estados Unidos, numa reunião com o antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, que mantenham um rumo saudável nas relações com Pequim.

As relações entre EUA e China atravessam um período de renovada tensão, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, lançar uma guerra comercial contra o país asiático, visando conter as ambições chinesas para o sector tecnológico.

Esta semana, Wang disse a representantes comerciais norte-americanos que a Casa Branca arrisca “destruir totalmente” quatro décadas de avanços nas relações bilaterais.

“A China e os EUA podem competir entre si, mas não se devem olhar com uma mentalidade da guerra fria”, afirmou.

“Existem certas forças nos EUA que, recentemente, difamam a China e criam um sentimento antagónico, que causou graves danos às relações”, acrescentou.

As relações entre os dois países “entrarão em declínio”, caso esta tendência se mantenha, advertiu o ministro chinês.

Donald ataca

Trump anunciou já taxas sobre um total de 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China e, na semana passada, impôs sanções contra uma unidade chave do ministério chinês da Defesa, o Departamento de Desenvolvimento de Equipamentos, por compra de armamento à Rússia.

Na terça-feira, Washington anunciou ainda a venda de 330 milhões de dólares em equipamento militar a Taiwan, que Pequim considera território seu e ameaça com o uso da força, caso declare independência.

No encontro com Kissinger, Wang Yi agradeceu a contribuição do antigo secretário de Estado norte-americano para as relações entre os dois países.

Este mês, Kissinger disse ver a China como um “potencial parceiro na construção da ordem mundial”.

“Claro, caso [a parceria] não seja bem-sucedida, estaremos numa posição de conflito, mas o meu pensamento é baseado na necessidade de evitar essa situação, para que o nosso problema não seja encontrar aliados para um confronto com a China”, disse.

Durante a intervenção na Assembleia Geral da ONU, Donald Trump voltou a acusar Pequim de “implacável prática de dumping” e outras práticas comerciais injustas, incluindo forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia para potenciais rivais chinesas, em troca de acesso ao mercado.

Em causa está a política da China para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar os grupos estatais chineses em potências tecnológicas, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Numa entrevista recente à agência Lusa, Gao Zhikai, um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, lembrou que para “um país como a China”, ceder às exigências de Trump “não é uma opção”.

“A China não está para receber lições dos EUA”, disse. “Se a Casa Branca está à espera que a China sucumba, se ajoelhe, está a ser totalmente irrealista”.

27 Set 2018

Actor Bill Cosby condenado a pena de entre três e 10 anos de prisão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] actor norte-americano Bill Cosby foi ontem condenado a uma pena de entre três e dez anos de prisão por agressão sexual, por um juiz da Pensilvânia, no nordeste dos Estados Unidos.
Na leitura da sentença, que será cumprida em isolamento, o ator cómico de 81 anos, considerado em abril, por um júri, culpado de drogar e violar uma mulher, não reagiu.

Bill Cosby poderá pedir a liberdade condicional após cumprir pelo menos três anos de prisão, e esse pedido será analisado por uma comissão especial.

O principal advogado do criador e herói do “Cosby Show” indicou já que vai apresentar um recurso e pediu que o seu cliente seja deixado em liberdade sob fiança enquanto aguarda a análise do recurso.

O juiz não se pronunciou de imediato sobre esse ponto, mas ficou atónito com o pedido e retirou-se para estudar o recurso.

Antes da leitura da sentença, a defesa já tinha apresentado um recurso pedindo que Bill Cosby pudesse cumprir a pena em prisão domiciliária, ao que o ministério público respondeu garantindo que o condenado não reúne os requisitos para tal.

Esta pena de entre três e dez anos de prisão é muito inferior aos 30 anos de reclusão em que o ator inicialmente incorria.

Com a carreira em Hollywood e a imagem de boa pessoa destruídas, Bill Cosby tornou-se, assim, a primeira celebridade da era #MeToo a ser enviada para a prisão.

26 Set 2018

Comércio | Diálogo impossível enquanto EUA tiverem faca encostada ao pescoço

As negociações comerciais entre as duas potências mundiais mantêm-se num clima corrosivo e ameaçam fazer diminuir o crescimento económico global  em meio ponto percentual em 2020

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m representante chinês para as negociações com os Estados Unidos sobre o comércio considerou ontem que o diálogo é “impossível”, enquanto Washington “tiver uma faca encostada ao pescoço” de Pequim na forma de taxas alfandegárias.

As declarações do vice-ministro do Comércio Wang Shouwen surgem após o Governo chinês publicar um comunicado a acusar o Presidente norte-americano, Donald Trump, de intimidar os outros países e perturbar a economia mundial.

A publicação daquela nota revela o deteriorar das negociações entre Washington e Pequim, para pôr fim a uma guerra comercial suscitada pelas ambições chinesas para o sector tecnológico.

Trump anunciou já taxas sobre um total de 250 mil milhões de dólares  de importações oriundas da China; Pequim retaliou com impostos sobre bens importados dos EUA.

Wang reiterou que Pequim está aberto ao diálogo, mas questiona como podem as negociações avançar “agora, que os EUA adoptaram medidas restritivas de larga escala e têm uma faca encostada ao [nosso] pescoço”.

“Não seriam negociações em pé de igualdade”, afirma.

Em Agosto passado, Wang liderou uma delegação chinesa nas negociações com Washington, que terminaram sem progressos.

Em causa está a política da China para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar as empresas estatais chinesas em potências tecnológicas, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA consideram que aquele plano viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às firmas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Menos crescimento

Sem resolução à vista, analistas consideram que as disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo podem abrandar o crescimento da economia global em 0,5%, ao longo de 2020.

Grupos empresariais norte-americanos na China acusam os reguladores chineses de estarem a aumentar a pressão sobre firmas dos EUA no país, ao abrandar o despacho aduaneiro e reforçar as inspecções de ambiente ou segurança.

No comunicado ontem difundido, Pequim afirma que tentou proteger o sistema de comércio multilateral e acusa Trump de abandonar o “respeito mútuo” exigidos pelas normas internacionais.

O comunicado não sugere que a China esteja disposta a fazer concessões na sua política para o sector tecnológico, que vê como imprescindível para prosperar e reforçar a sua influência global.

Em declarações à agência Lusa, Gao Zhikai, um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, lembra que para “um país como a China”, ceder às exigências de Trump “não é uma opção”.

“A China não está para receber lições dos EUA”, diz. “Se a Casa Branca está à espera que a China sucumba, se ajoelhe, está a ser totalmente irrealista”.

As queixas de Washington são também partilhadas pela União Europeia e o Japão, que ficam com a maior margem de lucro na cadeia de distribuição global – a China fabrica 90% dos telemóveis e 80% dos computadores do mundo, por exemplo, mas continua dependente de tecnologia e componentes oriundos daqueles países.


Washington | Guerra até vencer

O secretário de estado norte-americano Mike Pompeo prometeu domingo que a administração Trump irá manter as políticas comerciais agressivas em relação à China, mostrando-se convencido de que os americanos vão vencer esta guerra comercial. Em entrevista à estação de televisão “Fox News”, Pompeo disse domingo que o governo norte-americano olha para as relações comerciais entre os dois países como uma “guerra comercial (…) que durou anos”. “Queremos chamar a isto guerra comercial e estamos determinados a vencê-la”, disse o secretário de Estado, salientando que Donald Trump está disposto a aumentar a pressão sobre a China até considerar que atingiu o resultado desejado. “Nós vamos ganhar, vamos conseguir um resultado que force a China a comportar-se de uma forma que, se quiser ser uma potência global, um Estado de Direito, não irá roubar propriedade intelectual. São princípios fundamentais em todo o mundo e isso é o que o povo americano exige e o que os trabalhadores americanos merecem”, sublinhou.

26 Set 2018

China nega tentativa de interferir nas eleições norte-americanas

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] China negou ontem qualquer tentativa de interferir nas eleições nos Estados Unidos, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter acusado Pequim de punir sobretudo os seus eleitores nas disputas comerciais com Washington.

“Qualquer pessoa que perceba alguma coisa da diplomacia chinesa sabe que nunca interferiremos nos assuntos internos de outros países”, afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

Na terça-feira, Trump acusou a China de “tentar influenciar” e “distorcer” as eleições norte-americanas, ao impor taxas alfandegárias retaliatórias que visam os “agricultores, empreendedores e operários” que lhe são “leais”.

Na segunda-feira, o Presidente dos Estados Unidos anunciou taxas alfandegárias sobre um total de 200 mil milhões de dólares  de importações oriundas da China.

No dia seguinte, Pequim prometeu retaliar com “contra medidas sincronizadas”, mas sem avançar com mais detalhes.

Em Julho passado, quando Trump impôs taxas de 25% sobre 50 mil milhões de dólares de bens chineses, Pequim reagiu com impostos sobre produtos agrícolas norte-americanos, visando atingir a América rural, onde estão concentrados muitos dos eleitores de Trump.

A nova ronda de taxas alfandegárias anunciadas por Trump entra em vigor a 24 de Setembro e será de 10%, até ao final do ano. A 1 de Janeiro aumenta para 25%.

Em causa está o plano “Made in China 2025”, impulsionado pelo Estado chinês, e que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os EUA condenam a transferência forçada de tecnologia por empresas estrangeiras, em troca de acesso ao mercado, a atribuição de subsídios a empresas domésticas e obstáculos regulatórios que protegem os grupos chineses da competição externa.

20 Set 2018

Comissão Europeia | Guerra comercial ameaça abrandar economia mundial

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s taxas alfandegárias anunciadas ontem por Washington, sobre um total de 171 mil milhões de euros de importações oriundas da China, podem levar ao abrandamento da economia mundial, considerou o vice-presidente da Comissão Europeia (CE), Valdis Dombrovskis

“Este tipo de conflitos comerciais são um risco para a economia global. Vemos que a disputa se está a desenvolver de forma preocupante, e julgamos que vai ter um impacto negativo”, afirmou Dombrovskis, responsável pela estabilidade financeira da CE.

O responsável falava durante uma conferência no Fórum Económico Mundial, considerado o ‘Davos do Verão’, que se realiza na cidade portuária de Tianjin, norte da China. Dombrovskis defendeu que as disputas comerciais devem ser resolvidas através de mecanismos multilaterais.

“É preciso que nos sentemos na mesa de negociações, precisamos preservar o sistema de regras multilaterais e, no caso de disputas, estas devem ser resolvidas nos trâmites da Organização Mundial do Comércio”, afirmou. “Não se deve adoptar uma postura unilateral”, disse.

Dombrovskis enalteceu a abertura do sistema financeiro da China ao capital externo, mas defendeu que Pequim deve implementar as medidas anunciadas para atrair mais investidores estrangeiros e diversificar o seu mercado de capitais.

“As autoridades chinesas anunciaram reformas que visam a abertura dos seus mercados, incluindo do sector financeiro, mas é importante ver a implementação prática destes anúncios”, notou o responsável.

Dombrovskis reuniu na segunda-feira com o ministro chinês das Finanças, Liu Kun, e com o presidente da Comissão Reguladora de Valores, Liu Shiyu.

Gigantes tecnológicos

As novas taxas alfandegárias anunciadas na segunda-feira pelos Estados Unidos sobre bens oriundos da China deverão poupar empresas norte-americanas como Apple, Amazon e Google, cujos produtos contêm partes de fornecedores chineses, noticiou a Associated Press.

A Apple enviou a 5 de Setembro uma carta a pedir protecção ao seu ‘smartwatch’ e a outros dispositivos sem fios, tentando persuadir o Presidente norte-americano, Donald Trump.

As tarifas vão começar em 10 por cento e subir para 25 por cento, a partir de 1 de Janeiro. Esta decisão significa uma escalada na guerra comercial entre os Estados Unidos da América e a China e um aumento de preços nos preços de consumo nos EUA, que vão desde as malas de mão aos pneus de bicicleta.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou ontem taxas alfandegárias sobre um total de 200 mil milhões de dólares de importações oriundas da China, agravando uma guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta.

Em Junho passado, Trump impôs taxas de 25 por cento sobre 50 mil milhões de dólares, e Pequim retaliou com impostos sobre o mesmo montante de bens importados dos EUA.

Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Os Estados Unidos consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

19 Set 2018