Espionagem | China detém cidadão sul-coreano suspeito

A China confirmou ontem a detenção de um cidadão sul-coreano por suspeita de espionagem. “O cidadão sul-coreano em questão foi detido pelas autoridades chinesas competentes por suspeita de espionagem”, confirmou Lin Jian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa.

“Os serviços competentes (…) deixaram inteiramente a cargo dos representantes da embaixada [sul-coreana] o cumprimento da sua missão consular”, sublinhou.

“A China é um Estado de direito. Investiga e trata as actividades ilegais e criminosas em conformidade com a lei, protegendo simultaneamente os direitos das partes envolvidas”, apontou. O porta-voz não deu pormenores sobre a identidade do indivíduo detido nem sobre as acusações de que é alvo.

As autoridades chinesas têm detido o homem de 50 anos desde o final de 2023, informou na segunda-feira a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, citando fontes diplomáticas em Seul. Segundo a Yonhap, trata-se do primeiro cidadão sul-coreano a ser alvo da nova legislação contraespionagem da China.

Na altura da sua detenção, o cidadão sul-coreano trabalhava para uma empresa de semicondutores na China e vivia na cidade de Hefei, no leste do país.

30 Out 2024

Espionagem | Confirmada detenção de cidadão japonês

A China confirmou ontem que está a investigar um cidadão japonês por suspeita do crime de espionagem, embora não tenha revelado a identidade do suspeito entretanto detido.

“A China está a investigar e a tratar de assuntos legais e criminais de acordo com a lei”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, numa conferência de imprensa, em resposta a uma pergunta sobre o paradeiro de um funcionário japonês da farmacêutica Astellas Pharma.

De acordo com a porta-voz da diplomacia chinesa, Pequim está “a proteger os direitos e interesses legítimos das partes envolvidas, incluindo os funcionários consulares que se encontram na China para desempenhar as suas funções”.

“No entanto, espera-se que o Japão eduque os seus cidadãos a respeitarem as leis chinesas e a não se envolverem em actividades ilegais e criminosas”, acrescentou. No ano passado, o Japão apelou a Pequim para que libertasse um cidadão japonês detido pelas autoridades chinesas que se encontrava preso há vários meses por suspeita de espionagem.

Tóquio confirmou então que se tratava de um funcionário da empresa farmacêutica Astellas Pharma que foi detido quando se preparava para viajar da China para o Japão. O cidadão japonês terá sido acusado de violação das leis de contra-espionagem, embora não tenham sido divulgados mais pormenores sobre o caso.

A China intensificou o controlo sobre os cidadãos estrangeiros depois de ter introduzido e revisto a legislação de contra-espionagem, a fim de reforçar a segurança do Estado e também de processar a posse de “equipamento de espionagem”.

Desde 2015, pelo menos 16 cidadãos japoneses, excluindo este caso, foram detidos pelo seu alegado envolvimento em actividades de espionagem e cinco deles continuam presos em território chinês.

23 Ago 2024

Espionagem | Risco de fuga de dados através de torres meteorológicas

A China alertou ontem para o risco de fuga de dados confidenciais através de torres meteorológicas construídas por “várias empresas”, que diz estarem ligadas a agências de espionagem estrangeiras.

Segundo o Ministério da Segurança Pública do país asiático, estas torres meteorológicas estão a ser erguidas em zonas sensíveis do país com o pretexto de medir dados como a velocidade, direcção, temperatura e pressão atmosférica do vento, mas têm como verdadeiro objectivo enviar informações para o estrangeiro.

A televisão estatal CCTV, citada pela agência Efe, noticiou ontem vários casos em que estas empresas se “infiltraram em zonas classificadas”, incluindo um incidente recente em que um habitante de uma cidade costeira denunciou a construção ilegal de uma torre perto de uma zona sensível, suspeitando que esta estaria a recolher dados para o exterior.

De acordo com um relatório a que o canal teve acesso, as autoridades, depois de investigarem e perceberem que a torre podia analisar e enviar dados, conseguiram impedir a que isso acontecesse.

Paralelamente, uma torre perto de uma base científica foi desmantelada depois de se ter descoberto que não estava legalmente registada e que os seus métodos de transmissão eram “complexos, colocando sérios riscos à segurança nacional”.

A localização exacta das torres e os pormenores das alegadas sanções penais não foram divulgados.

Em Maio passado, o mesmo ministério alegou que ONG (organizações não governamentais) estrangeiras tinham “roubado dados” relacionados com o trabalho ambiental do país, o que, segundo o ministério, “representa riscos para a segurança nacional”.

19 Ago 2024

Espionagem | Pequim diz ter desmantelado conspiração do Reino Unido

A Segurança da China deteve um casal de cidadãos chineses suspeitos de colaborarem com o MI6 britânico

 

O Ministério da Segurança do Estado da China disse ontem ter detido dois chineses por alegadamente fazerem parte de um plano de espionagem lançado pelos serviços secretos do Reino Unido MI6. O Ministério indicou que foi detido um funcionário de uma agência governamental chinesa, de apelido Wang, e a mulher de apelido Zhou, de acordo com um comunicado oficial, publicado na rede social WeChat.

As autoridades chinesas acusaram o MI6 de ter intervindo para garantir que, em 2015, a candidatura de Wang num programa de intercâmbio entre a China e o Reino Unido fosse aprovada, permitindo ao funcionário estudar no exterior.

Depois de ter chegado ao Reino Unido, o MI6 terá organizado diversas actividades para Wang, incluindo convites para jantares e visitas turísticas, “com o objectivo de identificar pontos fracos e preferências”, alegou o Ministério.

Sentindo uma “forte inclinação por dinheiro”, agentes do MI6, fazendo-se passar por antigos alunos da universidade em que Wang estudava, abordaram o cidadão chinês e ofereceram-lhe uma suposta oportunidade de consultoria, referiu o comunicado.

O MI6 terá oferecido uma remuneração significativamente mais elevada do que o habitual para encorajar Wang a participar em projectos públicos de investigação, como pretexto para o envolver gradualmente em assuntos ligados à agência governamental chinesa em que tinha trabalhado, disse o Ministério.

No comunicado, o MI6 é acusado de fornecer “formação especializada” em espionagem a Wang, que foi pressionado a regressar à China e recolher informações confidenciais, assim como a recrutar a mulher.

O Ministério disse que Wang e Zhou foram detidos após uma investigação que desmantelou uma “grande operação de espionagem do MI6 dentro do sistema interno chinês”, embora outras investigações relacionadas com este caso prossigam.

Mistérios por resolver

O anúncio surgiu dez dias depois da justiça britânica ter acusado o director do escritório comercial de Hong Kong em Londres, Chung Biu Yuen, e um outro homem, Peter Wai Chi Leung, de terem ajudado as autoridades da região administrativa especial chinesa a recolher informações no Reino Unido.

Um terceiro suspeito, o britânico Matthew Trickett, também foi acusado no caso, mas foi encontrado morto a 19 de Maio, num parque, em circunstâncias que a polícia não soube explicar.

No ano passado, a China reviu a lei de combate à espionagem, para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e agentes” na categoria de espionagem.

Além das investigações lançadas nos últimos meses sobre empresas de consultoria e empresas estrangeiras na China, que suscitaram preocupações entre a indústria e potenciais investidores estrangeiros, o Ministério reviu igualmente outra legislação para salvaguardar os segredos de Estado.

O organismo também reforçou os alertas nas redes sociais chinesas para a ameaça representada pelos “espiões estrangeiros”, pedindo ao público que partilhe informações sobre “actividades suspeitas”.

4 Jun 2024

Espionagem | Académico radicado no Japão condenado a seis anos de prisão

O académico chinês Yuan Keqin, ex-professor na Universidade de Educação de Hokkaido, no Japão, foi condenado a seis anos de prisão na China por acusações de espionagem, informou ontem a imprensa japonesa.

Yuan, que ensinou política do Leste Asiático durante 25 anos, foi detido durante uma estadia temporária no seu país natal, para assistir ao funeral da mãe, e mais tarde acusado de estar envolvido em espionagem ao serviço da agência de inteligência do Japão, de acordo com Pequim.

Fontes próximas do académico disseram à televisão estatal japonesa NHK que Yuan foi condenado em Janeiro por um tribunal da cidade de Changchun, na província de Jilin, no centro da China, mas os pormenores do veredicto não foram divulgados. O académico tenciona recorrer da sentença, segundo as mesmas fontes.

Questionado em conferência de imprensa sobre a situação de Yuan, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse: “Podem consultar as autoridades competentes para obter informações específicas. O que vos posso dizer é que a China é um país que respeita o Estado de direito e trata os casos relevantes em conformidade com a lei”.

Colegas, familiares e amigos de Yuan, que têm vindo a expor o caso e a acompanhar as notícias relacionadas, que partilham através de um portal criado para apelar à sua libertação imediata, afirmam que o académico está inocente.

16 Mai 2024

Espionagem | Pequim protesta por Alemanha ter detido suspeitos

A China apresentou um protesto formal à Alemanha por as autoridades alemãs terem detido várias pessoas acusadas de espionagem a favor de Pequim, anunciou na passada sexta-feira a diplomacia chinesa. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse numa conferência de imprensa em Pequim que as acusações alemãs eram infundadas.

Wang reiterou a firme oposição da China a qualquer tentativa de difamar o gigante asiático e exigiu que a Alemanha mantenha uma vigilância adequada para evitar prejudicar as relações bilaterais.

“Exigimos que a Alemanha se abstenha de orquestrar campanhas de difamação maliciosas e que pare com qualquer espectáculo político contra a China”, disse. “Esta é a forma de manter a estabilidade e o desenvolvimento saudável das nossas relações”, acrescentou, citado pela agência espanhola EFE.

A embaixadora alemã em Pequim, Patricia Flor, disse na passada quinta-feira que tinha sido convocada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, o que descreveu nas redes sociais como “uma boa oportunidade para explicar algumas questões”.

A diplomata disse ter deixado claro que a Alemanha não tolera a espionagem, independentemente do país que estiver em causa. A polícia alemã deteve três pessoas na segunda-feira passada, suspeitas de colaborarem com os serviços secretos chineses e de lhes fornecerem dados sobre tecnologia militar.

O principal acusado é um homem de Bad Homburg, que, segundo as autoridades, estava em contacto com uma agência de espionagem chinesa.

29 Abr 2024

Espionagem | Confirmada condenação de empresário britânico

A China confirmou na passada sexta-feira que um empresário britânico que vive no país há cerca de quatro décadas foi condenado a cinco anos de prisão em 2022, acusado de espionagem. Ian J. Stones foi condenado por fornecer informações a “forças externas”, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, quando questionado sobre o caso.

Wang não forneceu mais pormenores sobre as acusações. O Reino Unido e os Estados Unidos, entre outros países, alertaram já para o risco de detenção ao abrigo das leis de segurança nacional da China.

No ano passado, um funcionário de uma empresa farmacêutica japonesa foi detido por suspeita de espionagem. Uma nova versão da lei, que entrou em vigor a 1 de Julho de 2023, aumentou as preocupações entre empresários, jornalistas e académicos na China.

O caso de Stones não era conhecido até ser noticiado na quinta-feira pelo The Wall Street Journal. O empresário, que tem 70 anos, trabalhou na China durante cerca de 40 anos.

Entre os seus empregadores contavam-se a General Motors e a Pfizer, antes de criar uma empresa de consultoria, a Navisino Partners, há cerca de 15 anos. No ano passado, organizações empresariais e governos estrangeiros pediram maior clareza sobre o que as empresas estrangeiras estão autorizadas a fazer ao abrigo da lei de contraespionagem.

As rusgas aos escritórios de três empresas estrangeiras, duas consultoras e uma empresa de diligência prévia, deixaram ainda mais inquieta a comunidade empresarial. “Poderá ser detido sem ter tido intenção de infringir a lei”, afirma o governo britânico no seu guia de viagem para o estrangeiro.

Stones recorreu da sua condenação, mas um tribunal confirmou a decisão original em Setembro, disse Wang. Segundo o tribunal, o caso foi tratado “de acordo com a lei, garantindo os direitos e interesses legítimos das partes chinesas e estrangeiras envolvidas”.

29 Jan 2024

Espionagem | Governo diz ter conhecido caso através dos média

A funcionária pública de Macau terá apresentado uma denúncia contra o alegado espião junto das autoridades do Interior, mas deixou o empregador, a Administração da RAEM, no escuro sobre a situação

O Governo admitiu ter ficado a saber do alegado caso de espionagem na Ilha da Montanha através dos órgãos de comunicação social. O caso foi relatado na quarta-feira pela CCTV, e envolveu a tentativa de suborno a uma trabalhadora da função pública de Macau, por um cidadão estrangeiro, cuja nacionalidade não foi revelada.

“Em relação a este caso, nós também recebemos esta notícia através da imprensa. Eu creio que quer seja a RAEM ou os residentes da RAEM, ou os trabalhadores da função pública, quando estão a exercer funções na Ilha da Montanha, também precisam de obedecer à lei”, afirmou André Cheong, secretário para a Administração e Justiça e porta-voz do Conselho Executivo.

A informação ganha mais relevância, porque apesar da Zona de Cooperação Aprofundada pertencer à jurisdição do Interior, esta tem como coordenador adjunto permanente da comissão de gestão o próprio André Cheong. Um dos coordenadores é ainda o Chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, a par de Wang Weizhong, secretário adjunto do Comité Provincial de Guangdong do Partido Comunista Chinês e Governador do Governo Provincial de Guangdong.

Apesar de ter admitido desconhecer o caso, André Cheong deixou uma mensagem para todos os funcionários públicos e residentes de Macau, sobre a obrigação de terem de cumprir a legislação da segurança nacional, mesmo quando estão na Ilha da Montanha.

No canal estatal

Segundo os relatos de quarta-feira da televisão estatal chinesa CCTV, existe um estrangeiro suspeito de roubar informação e levar a cabo actividades de espionagem em Hengqin, a zona de cooperação entre Macau e a província adjacente de Guangdong. O suspeito, que aparece, em imagens desfocadas transmitidas pelo canal, de costas a ser interrogado, aparenta ser do sexo masculino. No entanto, a sua nacionalidade não foi revelada.

Também ao contrário de um caso recente no Interior, em que foi detectado um espião com ligações aos MI6, serviços de espionagem do Reino Unido, nesta situação ligada a Hengqin não são mencionadas ligações a nenhum país estrangeiro em concreto. Apenas foi indicado que o alegado espião tem ligações a “um departamento governamental de um país estrangeiro”.

A denúncia terá partido de uma funcionária pública de Macau no Interior, alegadamente com o apelido Lei, a quem o espião terá pago jantares e convidado para reuniões particulares, além de se disponibilizar a pagar os estudos desta no estrangeiro. A troco, o homem pretendia receber informações “sobre a investigação e implementação da política de Hengqin e da Zona de Cooperação”.

A CCTV informou também que o indivíduo de nacionalidade estrangeira cruzava regularmente a fronteira em Hengqin e aliciava “os residentes de Macau” na Ilha da Montanha a tirarem fotografias, o que foi considerado como “um perigo real para a segurança nacional”.

15 Jan 2024

Hengqin | Detido suspeito de espionagem contra a China

A televisão estatal chinesa CCTV noticiou esta quarta-feira a detenção de um homem por suspeitas de espionagem e de roubar informação sobre a Zona de Cooperação entre Macau e Guangdong em Hengqin. A denúncia foi feita às autoridades por uma funcionária pública de Macau, de apelido Lei, de quem o suspeito terá tentado extorquir informações

 

Um estrangeiro é suspeito de roubar informação e levar a cabo actividades de espionagem em Hengqin, informou na quarta-feira a televisão estatal chinesa CCTV. O suspeito, que aparece, em imagens transmitidas pelo canal, de costas a ser interrogado, aparenta ser do sexo masculino. No entanto, a nacionalidade não foi revelada.

A denunciante é uma funcionária pública de Macau, de apelido Lei, que trabalha na Zona de Cooperação Aprofundada Guangdong-Macau em Hengqin. A mulher, referiu a CCTV, conheceu o suspeito, que trabalha para um departamento governamental de um país estrangeiro, numa recepção no trabalho.

“O suspeito convidou-a [à denunciante] para jantares e reuniões privadas, para participar em actividades culturais organizadas por embaixadas dos países [estrangeiros] na China e até se ofereceu para patrocinar para que esta estude no estrangeiro”, declarou uma funcionária da agência para a segurança nacional chinesa à CCTV, que não foi identificada pela estação.

“Ao mesmo tempo, esta pessoa também lhe perguntava activamente sobre a investigação e implementação da política de Hengqin e da Zona de Cooperação, e pedia-lhe frequentemente informações internas sob o pretexto de realizar inquéritos e investigações”, acrescentou a responsável.

Viagens recorrentes

Ainda segundo avançou a CCTV, as autoridades de segurança nacional descobriram que o homem costumava cruzar a fronteira com regularidade na zona de cooperação, aberta 24 horas, “para entrar frequentemente no país, para realizar actividades de espionagem”, além de “aliciar os residentes de Macau em Hengqin para, através de uma rede, tirarem fotografias ilegais”, o que representava “um perigo real para a segurança nacional”.

Foi ainda referido pelo Ministério da Segurança do Estado que as acções policiais puseram, com sucesso, um ponto final às conspirações perpetradas pelas forças estrangeiras anti-China numa tentativa de infiltração e sabotagem.

A Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin é um projecto lançado por Pequim em 2021, gerido pela província de Guangdong e Macau, com uma área de cerca de 106 quilómetros quadrados e uma população de mais de 53 mil habitantes.

De acordo com a CCTV, trata-se de “uma zona portuária de importância nacional e um relevante centro de entrada para a área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, onde alguns espiões estrangeiros e agências de serviços secretos têm tentado estender as actividades de espionagem e roubo para o continente através da Zona”.

No ano passado, Macau aprovou a revisão da lei de segurança nacional, com o Governo a declarar que a segurança do Estado e o combate contra “forças hostis” e “indivíduos anti-China” são prioridades do Executivo.

O Gabinete de Ligação do Governo Central chinês em Macau alertou, em Abril de 2022, que a cidade “continua a enfrentar muitos desafios na defesa da segurança do Estado”, ao mesmo tempo que “continuam a existir interferências e infiltrações de forças externas”.

12 Jan 2024

Segurança | Anunciada detenção de espião britânico

O ministério da Segurança do Estado chinês anunciou ontem ter detido um cidadão estrangeiro que trabalhava para os serviços secretos britânicos MI6 e que espiava contra a China.

Segundo um comunicado publicado na conta oficial do ministério na rede social WeChat, o detido, identificado pelo apelido Huang e cuja nacionalidade não foi revelada, “dirigia uma empresa de consultadoria no estrangeiro” e, em 2015, foi recrutado pelo MI6, que estabeleceu com ele uma “relação de cooperação em matéria de informações”.

O MI6 ordenou-lhe desde então que viajasse várias vezes para a China, “sob uma identidade pública”, para “recolher informações sensíveis” para o Reino Unido e “procurar indivíduos para o MI6 recrutar”, lê-se na mesma nota.

O ministério indicou que o MI6 também o formou profissionalmente no Reino Unido e noutros países em matéria de serviços secretos e forneceu-lhe equipamento especial para comunicar. Na sequência de uma investigação, os órgãos de segurança da China descobriram provas das alegadas actividades de espionagem de Huang e aplicaram “medidas coercivas criminais” contra ele, referiu o comunicado.

O suspeito forneceu ao MI6 nove segredos de Estado de nível “confidencial”, o segundo mais importante no sistema de informações do Estado chinês. Em Agosto passado, o ministério da Segurança do Estado chinês pediu a mobilização de “toda a sociedade”, visando “prevenir e combater a espionagem”.

O organismo indicou que todos os órgãos estatais e organizações sociais, empresas e instituições têm a obrigação de prevenir e impedir a espionagem e “proteger a segurança nacional”, e disse que ia colocar à disposição dos cidadãos números de telefone e caixas postais para receber denúncias, “garantindo o sigilo” dos informadores.

9 Jan 2024

China | Agência de segurança diz ter apanhado espiões estrangeiros por denúncia de senhorio

O Ministério da Segurança do Estado chinês afirmou ontem ter frustrado uma tentativa de recolha de informações sobre equipamento militar por uma “entidade estrangeira”, numa cidade não identificada, quando tenta mobilizar a sociedade contra actos de espionagem.

O Ministério disse ter sido avisado por um proprietário suspeito, que reparou numa “luz verde sinistra” proveniente de uma casa que tinha alugado a uma empresa estrangeira, numa mensagem publicada na página oficial na rede social chinesa WeChat.

A luz verde era proveniente de um equipamento de videovigilância utilizado por agentes estrangeiros para recolher informações sobre uma base naval próxima, que desempenhava “importantes tarefas militares”, de acordo com a mesma mensagem, que não avançou data e local do alegado incidente ou o país que enviou os espiões. O organismo também não esclareceu se foram efectuadas detenções.

No entanto, o proprietário recebeu uma “bela recompensa” pela “contribuição significativa”, indicou a nota do Ministério, acrescentando que a segurança da China teria sido “gravemente prejudicada” se as informações recolhidas pelos espiões tivessem sido enviadas para o estrangeiro.

As autoridades chinesas dizem enfrentar uma crescente ameaça à segurança por parte de países estrangeiros, incluindo Estados Unidos e os seus aliados, e apelaram para que fossem redobrados os esforços para apanhar espiões.

O ministro da Segurança do Estado, Chen Yixin, tem utilizado frequentemente as redes sociais para promover estes apelos, pedindo ao público para que dê informações. No início deste ano, Chen afirmou que a China deve “defender-se proactivamente” contra os espiões estrangeiros para reforçar a segurança do país e a liderança do Partido Comunista.

Protecção prioritária

Em Agosto passado, o Ministério de Segurança do Estado chinês pediu a mobilização de “toda a sociedade”, visando “prevenir e combater a espionagem”.

O organismo indicou que todos os órgãos estatais e organizações sociais, empresas e instituições têm a obrigação de prevenir e impedir a espionagem e “proteger a segurança nacional”, e disse que ia colocar à disposição dos cidadãos números de telefone e caixas postais para receber denúncias, “garantindo o sigilo” dos informadores.

A entrada em vigor este ano da emenda à lei de Contraespionagem da China passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem.

A linguagem vaga da legislação preocupa investidores estrangeiros, sobretudo depois de, em Maio passado, a polícia chinesa ter entrado nos escritórios de duas consultoras, a Bain & Co. e Capvision, e de uma empresa de análise de mercado para fusões, aquisições ou investimentos, a Mintz Group. As autoridades não deram nenhuma explicação, afirmando apenas que as empresas estrangeiras são obrigadas a cumprir a lei.

Na mensagem, o Ministério voltou a afirmar que a luta contra os espiões “exige não só o papel das agências de segurança nacional (…) mas também a participação alargada e a vigilância colectiva do público em geral”.

29 Dez 2023

China | Emenda à lei de contra-espionagem não afecta ambiente empresarial

O ministério da Segurança do Estado da China defendeu ontem que a emenda à lei de contra-espionagem “não afecta as actividades comerciais normais e o investimento e operações legítimas” das empresas estrangeiras na China.

Num comunicado publicado através da sua conta oficial na rede social WeChat, o organismo afirmou que a emenda tornou a lei “mais precisa, clara e transparente”, o que “reflecte o progresso do sistema jurídico chinês”.

A nota surge em resposta a alguns “mal-entendidos” sobre a lei, que suscitou a preocupação entre alguns setores empresariais estrangeiros de que poderia ser utilizada para restringir actividades ou dar acesso às autoridades a segredos comerciais. O ministério afirmou que a segurança é “indispensável para o desenvolvimento” e “a base para a manutenção de um ambiente empresarial aberto e estável”.

“É prática comum e legítima” os países aplicarem leis contra actividades de espionagem, afirmou. Aqueles que “exageram” e afirmam que “a lei prejudica o ambiente empresarial” na China “têm segundas intenções” e “procuram distorcer a realidade”, segundo o organismo.

Segurança apertada

No Verão, o ministério apelou à mobilização de “toda a sociedade” para “prevenir e combater a espionagem” e anunciou uma série de medidas para “reforçar a defesa nacional” contra “actividades de serviços secretos estrangeiros”. Em Abril, a China alterou a sua Lei Contra – Espionagem para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e seus agentes” na categoria de espionagem.

A legislação, que entrou em vigor em Julho, passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem, à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, enfatiza a necessidade de construir uma “nova arquitectura de segurança”.

Todos os “documentos, dados, material e itens relacionados com a segurança e interesses nacionais” passaram a estar sob o mesmo grau de protecção que os segredos de Estado, de acordo com a emenda. As investigações efectuadas nos últimos meses a empresas de consultadoria e empresas estrangeiras na China suscitaram preocupações entre o sector e potenciais investidores estrangeiros.

7 Dez 2023

Japão pede libertação de espião

O Japão pediu ontem a libertação de um cidadão, cuja sentença de 12 anos de prisão na China por espionagem foi recentemente confirmada em recurso, num novo episódio das difíceis relações entre os dois países vizinhos. “Estamos cientes de que, em 3 de novembro, foi confirmado em recurso um veredicto de 12 anos de prisão contra um cidadão japonês na casa dos 50 anos que está detido [na China] desde julho de 2019”, disse o porta-voz do Governo japonês, Hirozaku Matsuno, em conferência de imprensa.

“No que diz respeito à detenção de cidadãos japoneses na China, estamos a trabalhar com [as autoridades locais] para obter o rápido regresso ao nosso país e para assegurar a transparência do sistema judicial [chinês] a vários níveis e por vários meios”, acrescentou.

Pelo menos 17 japoneses foram detidos na China desde que Pequim agravou a legislação antiespionagem em 2015, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês. No mês passado, a embaixada do Japão em Pequim confirmou a detenção oficial na China de outro japonês, um executivo do grupo farmacêutico nipónico Astellas detido no país desde março por suspeita de espionagem.

Vários meios de comunicação social japoneses noticiaram recentemente que estava a ser preparada uma reunião bilateral entre o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o Presidente chinês, Xi Jinping, à margem do fórum da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), em que os dois chefes de Estado devem participar esta semana, em São Francisco (costa oeste dos Estados Unidos).

De acordo com a agência de notícias japonesa Jiji, que citou fontes governamentais nipónicas, se o encontro bilateral se confirmar, Kishida deverá levantar a questão dos japoneses detidos na China.

Kishida deverá também discutir a suspensão das importações chinesas de produtos do mar do Japão desde a libertação de água tratada da central nuclear de Fukushima, no nordeste do país, para o oceano Pacífico, no final de agosto.

14 Nov 2023

CIA | Pequim anuncia detenção de mais um alegado espião

O Ministério de Segurança do Estado da China anunciou ontem a detenção de um funcionário chinês acusado de espiar para a agência central de segurança e vigilância norte-americana (CIA). Segundo as autoridades chinesas, o detido é um funcionário de 39 anos, de sobrenome Hao, que terá sido “recrutado pela CIA enquanto estudava no Japão”.

Em comunicado, o ministério chinês referiu que um funcionário da embaixada dos Estados Unidos naquele país conquistou a confiança de Hao através de presentes e convites para jantares. “Antes de terminar os estudos no estrangeiro, foi oficialmente recrutado por um membro da CIA e assinou um acordo de espionagem com os Estados Unidos”, acrescentou a mesma fonte.

De acordo com o mesmo comunicado, Hao começou a trabalhar num ministério não especificado, após ter regressado ao território chinês, e “reuniu-se com funcionários da CIA na China em várias ocasiões, para oferecer informações em troca de dinheiro”.

O Ministério de Segurança do Estado disse, no início do mês, ter detido outro alegado espião chinês, que foi contratado por um funcionário da embaixada dos Estados Unidos em Itália.

A China alterou, em Julho passado, a Lei de Contraespionagem para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e seus agentes” na categoria de espionagem.

A legislação passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem, num momento em que o Presidente chinês, Xi Jinping, tem vindo a enfatizar a necessidade de construir uma “nova arquitectura de segurança”.

O Ministério de Segurança do Estado chinês pediu ainda, este mês, a mobilização de “toda a sociedade” de forma a “prevenir e combater a espionagem”, e anunciou medidas para “fortalecer a defesa nacional” contra “atividades de serviços de informações estrangeiros”.

21 Ago 2023

Contacto mais difícil para estrangeiros com nova Lei de Contraespionagem da China

A entrada em vigor das leis de Contraespionagem e para as Relações Externas na China pode dificultar o contacto entre cidadãos e entidades chinesas e estrangeiras, disseram à agência Lusa especialistas e funcionários governamentais.

A legislação passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem, à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, enfatiza a necessidade de construir uma “nova arquitectura de segurança”.

Em declarações à Lusa, numa visita recente a Pequim, o especialista em Direito chinês Jeremy Daum ressaltou a linguagem “vaga” e a vontade das autoridades, “agora muito mais forte”, em aplicar a Lei de Contraespionagem.

“A letra da lei não é assim tão importante: nunca faltou às autoridades [chinesas] base legal para actuarem”, salientou o pesquisador do Centro para a China Paul Tsai, da Escola de Direito da Universidade de Yale.

“Mas, agora, há claramente muito mais vontade em fazer cumprir a legislação e, por isso, sentimos que o ambiente está a apertar”, notou.

Daum receia que a legislação vá “dificultar ainda mais o contacto entre cidadãos chineses e estrangeiros”. “Mesmo que não seja esse o propósito: a falta de clareza atribui um ar de suspeição a qualquer contacto”, notou.

“Sinto-me feliz, como investigador, que nesta visita [a Pequim], muitos dos meus velhos amigos chineses tenham mostrado grande disposição em reunir comigo. Mas, não sei o quão fácil vai ser fazer novos amigos”, observou. Daum admitiu que “existe agora um cálculo, uma análise de custo benefício, no contacto com estrangeiros”.

Segurança apertada

É o caso de um funcionário de uma agência governamental chinesa encarregue de atrair investimento estrangeiro, que optou por não ser identificado, e que disse à Lusa que agora tem de pedir autorização e esclarecer o motivo antes de reunir com entidades estrangeiras, como aconteceu recentemente, durante um encontro com a câmara de comércio de um país europeu.

“Os contactos passaram a ser mais regulados e restritos”, apontou. Crescentes fricções geopolíticas entre a China e o Ocidente motivaram também transformações nas perceções sobre o exterior.

6 Ago 2023

China pede mobilização de “toda a sociedade” para combater espionagem

O ministério de Segurança do Estado chinês pediu hoje a mobilização de “toda a sociedade”, visando “prevenir e combater a espionagem”, e anunciou medidas para “fortalecer a defesa nacional” contra “atividades de serviços de inteligência estrangeiros”.

Num artigo publicado através da conta oficial na rede social Wechat, o ministério explicou que o trabalho contra a espionagem combina operações “abertas e secretas” e que todos os órgãos estatais e organizações sociais, empresas e instituições têm a obrigação de prevenir e impedir a espionagem e “proteger a segurança nacional”.

O organismo, que deseja “construir uma sólida linha de defesa popular contra a espionagem”, instou os órgãos de comunicação, plataformas ‘online’ e fornecedores de serviços de informação a realizarem “educação específica sobre contraespionagem, dirigida a toda a sociedade”.

O ministério vai colocar à disposição dos cidadãos números de telefone e caixas postais para receber denúncias, “garantindo o sigilo” dos informantes.

A China alterou a Lei de Contraespionagem para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e seus agentes” na categoria de espionagem.

A legislação passou a proibir a transferência de qualquer informação relacionada com a segurança nacional e alargou a definição de espionagem, à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, enfatiza a necessidade de construir uma “nova arquitetura de segurança”.

Todos os “documentos, dados, material e itens relacionados com a segurança e interesses nacionais” vão passar a estar sob o mesmo grau de proteção que os segredos de Estado, de acordo com emenda, que entrou em vigor, em julho passado.

Em maio passado, a polícia chinesa entrou nos escritórios de duas consultoras, a Bain & Co. e Capvision, e de uma empresa de diligência prévia, a Mintz Group. As autoridades não deram nenhuma explicação, afirmando apenas que as empresas estrangeiras são obrigadas a cumprir a lei.

Estas investigações semearam preocupação no setor e entre potenciais investidores estrangeiros, apesar de Pequim ter defendido tratarem-se de ações isoladas.

3 Ago 2023

Contraespionagem | Ministro pede “acções fortes” e baseadas na lei

O ministro da Segurança do Estado da China, Chen Yixin, urgiu recentemente os altos quadros do Partido Comunista (PCC) a tomarem “acções fortes” e baseadas em “ferramentas legais”, após investigações lançadas contra consultoras estrangeiras que operam no país.

Chen, um aliado próximo do Presidente chinês, Xi Jinping, assegurou, num artigo publicado por um jornal oficial da Escola Central do PCC, que a organização política deve “tomar a iniciativa” e “adoptar medidas fortes”, numa altura em que o país está prestes a promulgar uma emenda à sua Lei de Contraespionagem.

Segundo Chen, o objectivo é “melhorar a capacidade de salvaguardar a segurança do Estado através do uso de ferramentas legais”.

“O aparato de segurança do Estado deve empregar todos os seus esforços de contraespionagem de acordo com a lei e reprimir fortemente qualquer tentativa de usurpar segredos de estado”, escreveu Chen.

As investigações lançadas nos últimos meses sobre consultoras estrangeiras na China têm suscitado preocupação no sector e entre investidores e empresas estrangeiras.

Em Maio, a polícia realizou incursões aos escritórios locais da consultora internacional Capvision, acusada de “omitir riscos à segurança nacional” e “transmitir informações secretas ao exterior”. A consultora norte-americana Bain & Co e a empresa de diligência prévia Mintz Group foram alvo de acções semelhantes.

A China alterou a Lei de Contraespionagem em Abril – entra em vigor a partir de 1 de Julho – para incluir a “colaboração com organizações de espionagem e os seus agentes” na categoria de espionagem.

O órgão legislativo do país explicou que a reforma “adere a uma abordagem de resolução de problemas” e “amplia” as categorias de objectos cuja usurpação vai ser classificada como “roubo de segredos”.

6 Jun 2023

Cidadão norte-americano condenado a prisão perpétua na China por espionagem

A China condenou ontem um cidadão dos Estados Unidos, de 78 anos, à prisão perpétua, por acusações de espionagem, num período de renovadas tensões entre Pequim e Washington.

John Shing-Wan Leung, que possui residência permanente em Hong Kong, foi detido a 15 de Abril de 2021 pela agência de contra-espionagem da China, na cidade de Suzhou, junto a Xangai, no sudeste do país.

O tribunal intermédio da cidade anunciou ontem a sentença de Leung, num breve comunicado, mas não deu detalhes sobre as acusações. O tribunal ordenou ainda o arresto dos bens pessoais de Leung, no valor de 500.000 yuan.

A sentença ocorre numa altura em que o Presidente dos EUA, Joe Biden, viaja para Hiroshima, no Japão, para participar na cimeira do G7, após ter realizado uma visita a Papua Nova Guiné. A China tem procurado aumentar a sua influência militar, diplomática e económica naquela nação insular do Pacífico.

O tribunal de Suzhou não indicou qualquer relação entre o veredicto e as tensões entre China e EUA e as provas que apoiam acusações de espionagem não são divulgadas. Esta é uma prática padrão entre a maioria dos países, que deseja proteger as suas redes e acesso à informação.

A China alterou a sua Lei de Contraespionagem em Abril, para incluir o crime de “colaboração com agências de espionagem e os seus agentes”.

A Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, explicou que a reforma “adere a uma abordagem de resolução de problemas” e que “amplia” as categorias de conteúdo cuja divulgação e acesso é classificado como “roubo de segredos de Estado”.

15 Mai 2023

China | Jornalista enfrenta acusações de espionagem

A família de um jornalista chinês, que trabalhou num jornal afiliado do Partido Comunista, disse que o repórter enfrenta acusações de espionagem, depois de ter sido detido num encontro com um diplomata japonês num restaurante.

Dong Yuyu, director-adjunto do departamento editorial do Diário de Guangming até ser detido, em Fevereiro de 2022, encontrava-se regularmente com jornalistas e diplomatas estrangeiros para compreender as tendências mundiais. Mas as autoridades chinesas consideraram aqueles contactos com diplomatas estrangeiros como prova de espionagem, de acordo com uma declaração da família, divulgada na segunda-feira. Dong é o mais recente caso do que Pequim considera serem interferências estrangeiras.

Não sendo membro do Partido Comunista, Dong era uma das vozes mais favoráveis à reforma no Diário de Guangming e escrevia artigos a favor de um sistema jurídico independente, indicou a família.

Em 2006-2007 Dong frequentou a Universidade de Harvard com uma bolsa da instituição de ensino norte-americana. No Japão, foi bolseiro na Universidade de Keio, em 2010, e quatro anos mais tarde, foi professor visitante na Universidade de Hokkaido.

Em 2017, uma investigação das autoridades do partido concluiu que alguns artigos de Dong eram “antissocialistas”, tendo sido ameaçado de despromoção, acrescentou a família. Em Fevereiro de 2022, Dong foi detido quando almoçava com um diplomata japonês num restaurante de um hotel, em Pequim, onde se encontrava frequentemente com amigos estrangeiros, de acordo com a mesma nota.

O diplomata também foi detido, o que provocou um forte protesto do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, tendo sido libertado horas depois. No mês passado, a família do jornalista foi informada que Dong seria julgado, mas a data ainda não é clara, indicou. Na China, a espionagem pode ser punida com uma pena de prisão superior a dez anos.

27 Abr 2023

Espionagem | Cidadão japonês vai ser alvo de processo

O homem é empregado da companhia farmacêutica japonesa Astellas e foi um alto responsável da Câmara de Comércio e Indústria do Japão na República Popular da China. Estava prestes a regressar ao Japão

 

Um cidadão japonês detido na República Popular da China é suspeito de espionagem e vai ser processado, disse ontem o governo de Pequim. “O cidadão japonês é suspeito de envolvimento em actividades de espionagem, em violação do Código Penal e da Lei Anti-Espionagem da República Popular da China”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim.

“As autoridades chinesas tomaram medidas coercivas” contra o suspeito com vista ao estabelecimento de um “processo”, disse a mesma porta-voz durante uma conferência de imprensa.

Ontem, antes das declarações do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Tóquio apelou à libertação “sem grandes demoras” do cidadão japonês.

A embaixada de Tóquio em Pequim foi informada “este mês de que um japonês, com idade entre os 50 e os 60 anos, tinha sido detido em Pequim por violar as leis chinesas”, disse ontem o porta-voz do Governo do Japão, Hirokazu Matsuno.

O porta-voz nipónico acrescentou que o consulado de Tóquio na capital da República Popular da China já pediu às autoridades de Pequim para “visitar” o cidadão japonês.

A história repete-se

O homem que foi detido é um empregado da companhia farmacêutica japonesa Astellas, confirmou à agência France Presse fonte da empresa, recusando-se a prestar mais declarações. Segundo a imprensa de Tóquio, o cidadão detido trabalhava na República Popular da China há duas décadas.

A agência de notícias japonesa Kyodo, indicou que se trata de um “antigo alto responsável da Câmara de Comércio e Indústria do Japão na República Popular da China” e que foi detido pouco antes da data que tinha previsto para “regressar”.

“A China é um país que respeita o Estado de Direito. Os cidadãos estrangeiros na China devem respeitar as leis chinesas. Os que não respeitam a lei e cometem crimes ou delitos são processados”, disse Mao Ning. “Nos últimos anos, verificaram-se casos semelhantes em que estão implicados cidadãos japoneses. O Japão deve disciplinar melhor e ‘pôr na ordem’ os próprios cidadãos”, acrescentou Mao.

Em Outubro de 2019, um professor universitário japonês foi detido em Pequim e acusado de espionagem tendo sido libertado um mês depois da detenção.

27 Mar 2023

Espionagem | NSA acusada de piratear computadores de universidade

Uma agência de segurança da China acusou ontem os Estados Unidos de piratearem os computadores de uma universidade que, segundo as autoridades norte-americanas, desenvolve investigação na área militar, num novo episódio de acusações recíprocas de ciber-espionagem

 

De acordo com o Centro de Resposta a Emergências de Vírus Informáticos da China, a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos infiltrou-se e acedeu, em Junho passado, ao sistema interno da Universidade Politécnica do Nordeste da China.

A NSA alegadamente obteve informações sobre a gestão de rede da universidade e outras “tecnologias essenciais”, lê-se no comunicado da entidade chinesa. Os analistas chineses encontraram 41 ferramentas de “ataque de rede” que foram rastreadas até à agência norte-americana.

China, Estados Unidos e Rússia são considerados líderes globais na chamada guerra cibernética. Washington acusa Pequim de usar indevidamente as suas capacidades para usurpar segredos comerciais e apresentou acusações criminais contra oficiais do Exército chinês.

Já a China acusa as autoridades norte-americanas de espionarem universidades, empresas de energia e tecnológicas, entre outros alvos.

Especialistas em segurança dizem que o Exército de Libertação Popular, e o Ministério da Segurança do Estado também patrocinam piratas cibernéticos que operam fora de agências governamentais.

A fazer scan

A Universidade Politécnica do Nordeste, na cidade de Xi’an, faz parte de uma “lista de entidades” designada pelo Governo dos Estados Unidos. Washington diz que a universidade ajuda o Exército chinês a desenvolver ‘drones’ (aeronaves não tripuladas), submarinos e tecnologia de mísseis.

No ano passado, um cidadão chinês, identificado como Shuren Qin, foi condenado a dois anos de prisão por um tribunal federal na cidade norte-americana de Boston, depois de se ter declarado culpado de exportar tecnologia submarina e marinha para aquela instituição de ensino, sem ter as licenças necessárias.

O Centro de Resposta a Emergências de Vírus Informáticos foi criado em 1996, pelo departamento da polícia da cidade chinesa de Tianjin, e descreve-se como uma agência chinesa responsável pela inspecção e teste de produtos anti-vírus para computadores.

O comunicado emitido ontem acusou a agência norte-americana de realizar outros “ataques de rede maliciosos” na China, mas não deu detalhes ou qualquer indicação se algum dano foi causado.

A mesma nota não explica como os analistas chineses concluíram que a agência norte-americana foi responsável pelos ataques, que foram realizados a partir de servidores localizados em 17 países, incluindo Japão, Coreia do Sul, Suécia, Polónia, Ucrânia e Colômbia.

6 Set 2022

Austrália | Investigada alegada trama para infiltrar espião chinês no parlamento

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas estão a investigar uma alegada conspiração chinesa para infiltrar um agente no parlamento australiano, num caso que o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, citado ontem pelos media locais, considerou “profundamente perturbador e preocupante”.
O canal de televisão australiano Nine Network divulgou neste domingo o caso em que agentes chineses ofereceram a um vendedor de carros de luxo de Melbourne, chamado Bo Zhao, um milhão de dólares australianos (616.000 euros) para concorrer como candidato a um assento no parlamento em Melbourne.
O homem, de 32 anos, foi encontrado morto num quarto de hotel daquela cidade, em Março, depois de ter contactado a ASIO, a agência de contraespionagem da Austrália. A polícia não conseguiu determinar a causa da sua morte.
“O Governo nunca esteve tão determinado em manter os australianos livres e a salvo de interferência estrangeira”, disse Morrison, citado pela imprensa australiana. “Eu alerto para que não se tire conclusões precipitadas sobre este assunto”, sublinhou.
O director-geral de segurança da ASIO, Mike Burgess, considerou as acusações graves. “A actividade hostil, desenvolvida por serviços de inteligência estrangeira, continua a representar uma ameaça real à nossa nação e à nossa segurança”, apontou. “A ASIO vai continuar a enfrentar e a combater a interferência e a espionagem estrangeira na Austrália”, apontou.
O chefe do comité parlamentar para os serviços de inteligência, o deputado Andrew Hastie, pediu uma investigação sobre a morte de Zhao.
“Isso não é apenas dinheiro em troca de favores. Trata-se de uma tentativa, patrocinada pelo Estado, de infiltração no nosso Parlamento, recorrendo a um cidadão australiano, para basicamente geri-lo como um agente de influência estrangeira no nosso sistema democrático”, afirmou, em entrevista ao Nine Network.
No início do mês, Hastie disse que ele e o senador James Paterson, membro do Partido Liberal, foram impedidos de entrar na China para uma viagem de estudo, devido a críticas feitas ao Governo chinês anteriormente.

Enredos e bizarrias

Em Pequim, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, disse ontem que alguns políticos, instituições e meios de comunicação australianos “atingiram um estado de histeria e extremo nervosismo”.
“Não importa o quão bizarro é o enredo e como os truques são renovados, a mentira é sempre mentira”, acusou Geng, em conferência de imprensa. “Nunca estivemos e não estamos interessados em interferir nos assuntos dos outros”.
O porta-voz pediu às autoridades e jornalistas australianos que adoptem uma atitude saudável em relação à China, no interesse das relações bilaterais, bem como da sua própria “saúde física e mental”.
As últimas revelações acontecem dias depois de um alegado espião chinês ter pedido asilo à Austrália em troca de providenciar à ASIO informações secretas sobre como Pequim conduz as suas operações de interferência no exterior e revelar as identidades de altos oficiais da inteligência militar da China a operar em Hong Kong.
Wang Liqiang revelou acusações detalhadas de como a China se infiltrou e perturbou os sistemas democráticos na Austrália, Hong Kong ou Taiwan, e como agiu como funcionário de uma empresa listada em Hong Kong, a China Innovation Investment Ltd.
Num comunicado divulgado na segunda-feira, a empresa revelou que os funcionários da empresa, identificados como Xiang Xin e Kung Xing, foram parados no aeroporto de Taoyuan, em Taiwan, para interrogatório, e que estão a cooperar com os investigadores.
A China tentou desacreditar Wang, dizendo no domingo que ele foi condenado por fraude e é procurado pela polícia de Xangai.
“Ele está na Austrália. E temos um Estado de direito na Austrália”, disse Morrison sobre Wang, que mora em Sidney com a esposa e filho, mas tem neste momento um visto de turista.
O Governo australiano tem tentado neutralizar a influência da China, proibindo doações por entidades estrangeiras a partidos políticos australianos e toda a interferência estrangeira secreta na política doméstica. A China absorve cerca de um terço das exportações da Austrália, país rico em recursos naturais.

26 Nov 2019

Austrália | Investigada alegada trama para infiltrar espião chinês no parlamento

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades australianas estão a investigar uma alegada conspiração chinesa para infiltrar um agente no parlamento australiano, num caso que o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, citado ontem pelos media locais, considerou “profundamente perturbador e preocupante”.

O canal de televisão australiano Nine Network divulgou neste domingo o caso em que agentes chineses ofereceram a um vendedor de carros de luxo de Melbourne, chamado Bo Zhao, um milhão de dólares australianos (616.000 euros) para concorrer como candidato a um assento no parlamento em Melbourne.

O homem, de 32 anos, foi encontrado morto num quarto de hotel daquela cidade, em Março, depois de ter contactado a ASIO, a agência de contraespionagem da Austrália. A polícia não conseguiu determinar a causa da sua morte.

“O Governo nunca esteve tão determinado em manter os australianos livres e a salvo de interferência estrangeira”, disse Morrison, citado pela imprensa australiana. “Eu alerto para que não se tire conclusões precipitadas sobre este assunto”, sublinhou.

O director-geral de segurança da ASIO, Mike Burgess, considerou as acusações graves. “A actividade hostil, desenvolvida por serviços de inteligência estrangeira, continua a representar uma ameaça real à nossa nação e à nossa segurança”, apontou. “A ASIO vai continuar a enfrentar e a combater a interferência e a espionagem estrangeira na Austrália”, apontou.

O chefe do comité parlamentar para os serviços de inteligência, o deputado Andrew Hastie, pediu uma investigação sobre a morte de Zhao.

“Isso não é apenas dinheiro em troca de favores. Trata-se de uma tentativa, patrocinada pelo Estado, de infiltração no nosso Parlamento, recorrendo a um cidadão australiano, para basicamente geri-lo como um agente de influência estrangeira no nosso sistema democrático”, afirmou, em entrevista ao Nine Network.

No início do mês, Hastie disse que ele e o senador James Paterson, membro do Partido Liberal, foram impedidos de entrar na China para uma viagem de estudo, devido a críticas feitas ao Governo chinês anteriormente.

Enredos e bizarrias

Em Pequim, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, disse ontem que alguns políticos, instituições e meios de comunicação australianos “atingiram um estado de histeria e extremo nervosismo”.

“Não importa o quão bizarro é o enredo e como os truques são renovados, a mentira é sempre mentira”, acusou Geng, em conferência de imprensa. “Nunca estivemos e não estamos interessados em interferir nos assuntos dos outros”.

O porta-voz pediu às autoridades e jornalistas australianos que adoptem uma atitude saudável em relação à China, no interesse das relações bilaterais, bem como da sua própria “saúde física e mental”.

As últimas revelações acontecem dias depois de um alegado espião chinês ter pedido asilo à Austrália em troca de providenciar à ASIO informações secretas sobre como Pequim conduz as suas operações de interferência no exterior e revelar as identidades de altos oficiais da inteligência militar da China a operar em Hong Kong.

Wang Liqiang revelou acusações detalhadas de como a China se infiltrou e perturbou os sistemas democráticos na Austrália, Hong Kong ou Taiwan, e como agiu como funcionário de uma empresa listada em Hong Kong, a China Innovation Investment Ltd.

Num comunicado divulgado na segunda-feira, a empresa revelou que os funcionários da empresa, identificados como Xiang Xin e Kung Xing, foram parados no aeroporto de Taoyuan, em Taiwan, para interrogatório, e que estão a cooperar com os investigadores.

A China tentou desacreditar Wang, dizendo no domingo que ele foi condenado por fraude e é procurado pela polícia de Xangai.

“Ele está na Austrália. E temos um Estado de direito na Austrália”, disse Morrison sobre Wang, que mora em Sidney com a esposa e filho, mas tem neste momento um visto de turista.

O Governo australiano tem tentado neutralizar a influência da China, proibindo doações por entidades estrangeiras a partidos políticos australianos e toda a interferência estrangeira secreta na política doméstica. A China absorve cerca de um terço das exportações da Austrália, país rico em recursos naturais.

26 Nov 2019

Ex-agente da CIA condenado a 19 anos de prisão por espionagem

[dropcap]U[/dropcap]m antigo agente da CIA foi condenado na sexta-feira a 19 anos de prisão por espionagem a favor da China.

Jerry Chun Shing Lee, um antigo militar naturalizado norte-americano, entrou em 1994 na Agência Central de Informações (CIA, na sigla em Inglês), de onde saiu em 2007, para se instalar em Hong Kong.

Segundo um comunicado do Departamento de Justiça, agentes dos serviços de informações chineses abordaram-no três anos depois, quando propuseram dar-lhe uma importante soma de dinheiro e “cuidar dele para o resto da vida em troca da sua colaboração”.

Os agentes da polícia federal (FBI, na sigla em inglês) descobriram, em 2012, na bagagem de Lee cadernos com nomes, contactos e outras informações sobre agentes e informadores da CIA, bem como moradas de casas de apoio clandestinas.

Mas Lee só foi preso seis anos depois, em Janeiro de 2018, sem que as autoridades tenham explicado por que tinha sido preciso tanto tempo antes que o agente fosse acusado.

“O senhor Lee traiu o seu país por cupidez e colocou os seus antigos colegas em perigo. A sua pena de hoje está à altura da gravidade da traição e do seu crime”, declarou na sexta-feira Timothy Slater, um dirigente do FBI.

Este caso pode estar associado à destruição repentina da rede da CIA na China entre 2010 e 2012.
O New York Times tinha informado em 2017 que os chineses tinham matado neste período “pelo menos uma dezena” de informadores da CIA na China e detido pelo menos outros seis.

A pagar

Lee é o terceiro norte-americano condenado este ano por espionagem em benefício de Pequim.
Um outro antigo membro da CIA, Kevin Mallory, e um antigo membro da espionagem militar norte-americana, Ron Rockwell Hansen, tinham apanhado respectivamente, em Maio e Setembro, sentenças de 20 e 10 anos de prisão.

Estes julgamentos, comentou o secretário adjunto da Justiça, que acompanha os casos de segurança nacional, John Demers, “devem enviar uma mensagem forte” aos agentes dos serviços de informações norte-americanos, actuais ou passados: “Estejam conscientes de que estão a ser visados pelo Governo chinês e se vocês nos traírem, a justiça vai fazer-vos pagar o preço”.

25 Nov 2019