Hoje Macau Manchete SociedadeEducação | Exames decorrem na Escola Portuguesa apesar de surto A Escola Portuguesa de Macau está a tomar medidas especiais de segurança, como a realização de autotestes a professores e alunos. Apesar do estado de prevenção imediata, as autoridades locais autorizaram a realização dos exames nacionais A Escola Portuguesa de Macau (EPM) foi autorizada a realizar os exames nacionais, apesar dos estabelecimentos de ensino locais estarem encerrados devido ao novo surto de covid-19, afirmou na segunda-feira o director da instituição. “Foi-nos permitido realizar os exames, porque os serviços de Educação sabem que são exames nacionais e que se não forem feitos nesta altura, depois é mais complicado para os alunos realizá-los”, afirmou à Lusa o director da EPM, Manuel Machado. O responsável explicou que para cumprir o calendário das provas – que têm de ser feitas no mesmo horário que em Portugal – a escola teve de “obedecer a um conjunto de regras de segurança”, impostas pelas autoridades locais da Saúde e da Educação. “Facilitaram-nos a realização dos exames desde que fossem feitos autotestes a todos os alunos e a todos os professores intervenientes no processo, com as devidas separações de um metro entre os alunos que estão a realizar os exames enquanto estão à espera de ser chamados para as provas”, explicou. O director do estabelecimento de matriz portuguesa realçou ainda que a escola permanece em “contacto muito próximo” com as autoridades e que, neste momento, não tem informações sobre os passos a dar a partir de hoje. A primeira fase dos exames nacionais, que servem como critério para a selecção dos candidatos às universidades em Portugal, começou a 17 de Junho, com a prova de português, e prolongam-se até 6 de Julho, data em que é feito o exame de História B. A segunda fase começa a 21 de Julho, com a prova de Físico e Química A, e termina a 27 de Julho, com os exames de Alemão, Espanhol, Francês e Mandarim. No terreno Macau decretou no domingo de madrugada o estado de prevenção imediata, depois da cidade ser afectada por um novo surto de covid-19, e decidiu avançar para a testagem em massa da população de mais de 680 mil habitantes em 48 horas. As autoridades aplicaram medidas de isolamento em algumas zonas da cidade, onde é proibida a saída de todas as pessoas das residências. Entre as várias medidas, foi anunciado o encerramento das escolas até pelo menos quarta-feira. À semelhança do Interior da China, a região segue uma política de “zero casos”, em que os assintomáticos não entram para as contas oficiais do Governo, apesar de serem igualmente obrigados a cumprir as medidas de isolamento.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCasinos-satélite | David Chow defende criação de legislação O empresário considera que há vários aspectos que precisam de ser clarificados para garantir o futuro dos casinos-satélite. A competição com as concessionárias é um aspecto que também preocupa David Chow David Chow, co-presidente e director não-executivo da Macau Legend, considera que o Governo deve criar legislação específica sobre a situação dos casinos-satélite. As declarações foram prestadas pelo empresário ao jornal Ou Mun, na sequência do anúncio do fecho dos casinos dos hotéis Rio e Presidente. Também o casino do Hotel Emperor tinha anunciado que fecharia portas, mas vai afinal ser explorado até ao final do ano pela concessionária SJM Resorts. Segundo o empresário, após os casinos-satélite terem garantido a sobrevivência com a nova lei, agora é necessário resolver as questões pendentes e definir bem as áreas de cooperação entre as concessionárias e as operadoras dos casinos-satélite, que utilizam mesas de jogo e empregados das concessionárias. Entre os assuntos a necessitarem de clarificação, David Chow defendeu que os casinos-satélite devem poder continuar a operar sem terem de prestar informações sobre os clientes às concessionárias, por uma questão de segredo comercial e para evitarem que estas tenham informações privilegiadas e lhes “roubem” os clientes. O co-presidente da Macau Legend mostrou-se também preocupado com o futuro dos casinos-satélite, quando as licenças das concessionárias não se renovarem ou forem retiradas. Para David Chow, é preciso deixar claro numa lei própria se os casinos-satélite podem operar com as licenças de outras concessionárias ou se deixam de poder operar. Contratos mais longos Ainda no que diz respeito às políticas para os casinos-satélite, o empresário explicou que a indústria só pode ser sustentável com um ambiente de negócios favorável. Por isso, acredita que todos os casinos devem ter uma licença que permita operar a longo prazo, que deve ser de dez anos. Ainda no que diz respeito ao sector, Chow criticou o modelo actual que permite às concessionárias decidirem o montante que recebem dos casinos-satélite, para que estes possam operar. No entender do empresário, o modelo adoptado favorece em demasia as concessionárias, que ficam com todo o poder negocial, mesmo que os casinos-satélite estejam a perder dinheiro. Sobre a situação financeira dos casinos-satélites, Chow alertou para a situação de que grande parte contraiu empréstimos bancários, e que, caso não consigam pagar as dívidas, o sistema pode ficar ameaçado.
Hoje Macau Manchete SociedadeCaso Alvin Chau | Julgamento arranca a 2 de Setembro O caso que envolve o julgamento do antigo presidente do grupo Suncity, Alvin Chau, terá início no dia 2 de Setembro. De acordo com informações apuradas pela TDM-Rádio Macau, os valores envolvidos em apostas ilegais são de mais de 823 mil milhões de dólares de Hong Kong, levando o grupo a lucrar ilegalmente, entre 2013 e 2021, mais de 21 mil milhões de dólares de Hong Kong. Recorde-se que Alvin Chau é acusado de ter liderado uma sociedade secreta dedicada ao branqueamento de capitais e à promoção de jogo ilegal, tanto online como em apostas paralelas nos casinos de Macau. Segundo a mesma fonte, as acções de branqueamento de receitas e das apostas reais levadas a cabo pelo grupo, terão resultado no desfalque de milhões junto das concessionárias e, indirectamente, do próprio Governo, dado ter deixado de receber os impostos sobre os montantes reais. Segundo a TDM-Rádio Macau, algumas operadoras já começaram a reclamar os prejuízos, sendo expectável que o Executivo proceda da mesma forma no futuro. Recorde-se que Alvin Chau foi detido em Novembro de 2021, sendo um dos 21 arguidos envolvidos no caso. O processo está nas mãos da juiz presidente, Lou Heng Ha.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAnalistas acreditam que receitas de jogo vão ser praticamente nulas nos próximos dias Os bancos de investimento que acompanham a indústria do jogo do território acreditam que o impacto do novo surto vai fazer com que as receitas sejam praticamente nulas nos próximos tempos. Este foi o cenário traçado pelo banco de investimento JP Morgan Securities que apontou que devido “ao maior surto local dos últimos dois anos” as receitas do jogo “vão provavelmente atingir níveis muito próximos de zero”. “Os casinos mantêm-se operacionais, mas não ficaríamos surpreendidos se as receitas baixassem para níveis próximos de zero durante, pelo menos, algumas semanas, até que a situação se mantenha sob controlo”, pode ler-se no relatório sobre Macau da JP Morgan Securities, citado pelo portal GGR Asia. O relatório destaca também a previsão de que o número de visitantes nos próximos dias deve ser muito baixo ou inexistente. Desde que surgiu o surto em Macau, as autoridades de Zhuhai passaram a exigir quarentena para quem entra no Interior vindo de Macau. Avisos comuns Além deste aspecto, os analistas avisaram que nos próximos meses vão dar maior atenção à situação financeira das concessionárias e como estão “a queimar dinheiro” com a situação de Macau. Neste capítulo, a SJM Holdings e a Sands China foram apontados como tendo a menor liquidez financeira. Também o banco de investimento Sanford C. Bernstein avisou que as receitas vão sofrer um impacto muito significativo com o novo surto, mesmo que os casinos se mantenham abertos. Segundo a corretora, o volume de visitantes vai ser “severamente limitado” e pode ser “bloqueado por completo”. Por isso, também a Sanford C. Bernstein espera que as receitas “encolham para níveis próximos de zero durante pelo menos a próxima semana”. Contudo, a expectativa é que o impacto se faça sentir ao longo de várias semanas. Os analistas Vitaly Umansky, Louis Li e Shirley Yang acreditam assim que o impacto para as receitas do jogo se vai fazer sentir não apenas em Junho e Julho.
Pedro Arede Manchete SociedadeRestauração | Negócio cai 90% no dia do Pai. Sector espera dias difíceis Logo após a declaração do estado de prevenção imediata e o anúncio dos primeiros casos de covid-19, o negócio dos restaurantes de Macau caiu entre 80 e 90 por cento no domingo, dia do Pai. O sector espera negócio “muito fraco” durante, pelo menos, meio mês e o cancelamento de dezenas de banquetes previamente agendados À medida que o novo surto de covid-19 em Macau se começou a materializar, a maioria dos restaurantes da cidade, muitos deles com todas as mesas reservadas devido às celebrações do dia do Pai, viram, no domingo, a maioria das marcações canceladas e o negócio reduzido entre 80 e 90 por cento. De acordo com o gerente de um restaurante de yum cha citado pelo jornal Ou Mun, depois da entrada em vigor do estado de prevenção imediata e do anúncio dos primeiros casos confirmados na madrugada e manhã de domingo, praticamente todos os clientes que tinham mesas reservadas para o período da manhã e da tarde acabaram por cancelar as marcações. Contudo, o mesmo responsável apontou que, dado que o anúncio do Governo aconteceu às primeiras horas do dia, foi possível ajustar as quantidades dos bens fornecidos, evitando assim prejuízos maiores. Por outro lado, sem negócio e com grandes incertezas no horizonte, o mesmo gerente lamenta a situação, sobretudo numa altura em que o limite para banquetes foi recentemente aumentado pelos Serviços de Saúde de 200 para 400 pessoas e o estabelecimento já tinha recebido pedidos de agendamento para mais de 30 eventos do género. Pratos vazios Na mesma linha, o gerente de outro restaurante ouvido pelo jornal Ou Mun, confirma ter perdido por completo todo o negócio que a celebração do dia do Pai fazia antever. Isto quando a lotação do espaço estava esgotada ao longo do dia. Perante o cenário de emergência epidémica e os apelos do Governo para a população permanecer em casa, o dono do restaurante prevê que o negócio seja “muito fraco” durante, pelo menos, meio mês, com várias dezenas de banquetes a ser cancelados nos próximos dias. Além disso, depois da sugestão das autoridades para que os restaurantes suspendam, temporariamente, o consumo de refeições no interior dos estabelecimentos, o responsável considera que o volume de venda de refeições para fora é uma “ajuda pequena” face à baixa vontade de consumo dos residentes nesta fase. Apesar de estar disposto a colaborar com as autoridades em termos de prevenção contra a covid-19, segundo o Ou Mun, o gerente mostra-se “muito preocupado com o futuro” Um outro proprietário conta que, o novo surto de covid-19 em Macau o fez perder, no imediato, cerca de 60 por cento dos clientes que costumava ter no período da manhã. Contudo, por ter ajustado o volume dos bens a adquirir aos fornecedores atempadamente, diz ter evitado prejuízos maiores. Recorde-se que, no domingo, perante o risco de transmissão comunitária, Elsie Ao Ieong U apelou à população para ficar, tanto quanto possível, em casa e aos estabelecimentos não essenciais para fecharem portas. “Excepto, supermercados e outros locais de venda de bens essenciais, apelamos aos outros estabelecimentos para fecharem. Apelamos aos residentes para se manterem em casa e colaborarem com as medidas de prevenção da pandemia”, disse a secretária.
Hoje Macau SociedadeCalçada do Gaio | UNESCO admite levar a Pequim queixa de grupo activista Um grupo para a salvaguarda do património de Macau disse que a UNESCO admitiu levar a Pequim a queixa sobre a altura de construção de um edifício perto do Farol da Guia, monumento de influência portuguesa. “O Centro do Património Mundial da UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura], enquanto Secretariado do Comité do Património Mundial, vai chamar a atenção do partido único da China para este facto”, respondeu a UNESCO numa carta divulgada ontem pelo Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia. “Estamos muito gratos por a UNESCO tomar uma posição firme sobre os limites de altura dos edifícios em torno do Farol da Guia”, reagiu a associação, em comunicado. Na carta endereçada na quinta-feira passada ao organismo da ONU, o Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia defendeu que a altura de um edifício inacabado na Calçada do Gaio devia “ser reduzida para 52,5 metros” em vez dos 82,32 metros actuais, “um compromisso assumido pelos governos da China e da RAEM com a comunidade internacional e os cidadãos”. “O acompanhamento lento ou ineficaz da UNESCO já causou sérios danos à integridade visual e às principais linhas de visão do Farol da Guia. Um prédio novo, enorme e alto na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues bloqueou efectivamente a ligação visual entre a Guia Farol e Arco do Oriente, outro marco histórico de Macau”, realçou o Grupo na mesma carta.
Hoje Macau Manchete SociedadeSurto de covid-19 | Registados 34 casos de contágio Às 9h de hoje as autoridades confirmaram a existência de 34 casos de contágio por covid-19 no território em pessoas com idades compreendidas entre os oito meses e 89 anos. Segundo uma nota de imprensa, tratam-se de 23 mulheres e 11 homens, existindo 26 casos assintomáticos. As autoridades estão nesta fase a acompanhar 764 pessoas, das quais 178 são contactos próximos; 451 são contactos próximos não nuclear (ou seja, pessoas com os mesmos itinerários); 59 são contactos próximos por via secundária, 37 são contacto geral e sete acompanhantes. Esta manhã foi ainda divulgada outra nota de imprensa que dá conta que foram detectados seis conjuntos de dez amostras que, de forma preliminar, testaram positivo na testagem em massa. Estes dados estão agora a ser revistos, sendo feito um apelo para que a “população preste atenção à protecção pessoal e evite aglomerações”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Gestores do Rio e Galaxy com versões diferentes sobre fecho de casino A gestora do Casino Rio acusou a Galaxy de nunca ter colocado a possibilidade de o casino-satélite continuar em funcionamento depois de 26 de Junho. No entanto, a concessionária defendeu-se e apontou que a gestora nunca mostrou vontade de prolongar o funcionamento A empresa Rio Holdings, responsável pela gestão do Casino Rio, atirou as culpas do encerramento do espaço para a “concessionária”, ou seja, a Galaxy Entertainment. A posição foi tomada através de um comunicado publicado no Jornal Ou Mun, na sexta-feira, em que a identidade da concessionária não foi indicada. Segundo a informação, a gestora do casino, a Rio Holdings, foi notificada pela Galaxy que o actual contrato que permite o casino-satélite operar ia terminar a 26 de Junho, e que se recomendava que o encerramento fosse feito a 15 de Junho, como efectivamente veio a acontecer. A empresa do casino-satélite veio ainda recusar rumores de que estaria a exigir o pagamento de uma renda muito elevada à Galaxy, para operar depois de 26 de Junho. “Durante o processo, a concessionária nunca negociou connosco a possibilidade de o contrato ser renovado depois do prazo da concessão, e também nunca propôs que o espaço fosse arrendado para que pudesse continuar a operar”, pode ler-se no comunicado da Rio Holdings. “São absolutamente falsos os rumores que circulam na comunidade de que o proprietário do espaço pediu uma renda mensal [para exploração do casino] demasiado elevada”, foi acrescentado. O anúncio do encerramento foi divulgado na quarta-feira passada, dia em que o casino no Hotel Rio e o casino no Hotel Presidente fecharam portas. Os dois espaços eram explorados através de acordo com a Galaxy. Decisão antiga Em declarações ao Jornal Ou Mun, Elmen Lee, vice-presidente executivo da Galaxy, afirmou que o encerramento foi discutido há meses e que não houve manifestação de vontade da outra parte para que o Casino do Rio continuasse a operar depois de 26 de Junho. De acordo com Lee, mesmo depois de ser anunciado que os casinos-satélite iam receber um tratamento diferenciado do inicialmente proposta pela lei, a Rio Holdings não mostrou vontade de que o espaço continuasse a funcionar. Apesar da troca de responsabilizações, vice-presidente executivo da Galaxy confirmou que nunca houve discussões sobre “um pedido de renda demasiado elevada” por parte da entidade que explorava o casino. Por outro lado, e ao contrário do noticiado na quinta-feira por um órgão de comunicação em língua portuguesa local, o Casino Waldo não vai encerrar até 26 de Junho. Segundo os responsáveis da Galaxy, o casino-satélite deverá assim continuar a operar até ao final do corrente ano, apesar de os moldes ainda serem desconhecidos.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMuralha Antiga | Ron Lam apela a investigação independente O deputado considera que o caso é grave e defende a necessidade de uma investigação independente das Obras Públicas e do Instituto Cultural ao deslizamento que danificou a Muralha Antiga Ron Lam defendeu a necessidade de o incidente que destruiu um troço da Muralha Antiga ser investigado por uma entidade independente. O pedido foi feito pelo deputado numa interpelação escrita, divulgada ontem. Segundo Ron Lam, o caso tem contornos graves e é indispensável que uma entidade independente faça uma investigação para apurar os motivos que levaram ao deslizamento de terras na Estrada de São Francisco. Ainda de acordo com o deputado, urge fazer os trabalhos de forma a descobrir os responsáveis pelo sucedido. Actualmente, as Obras Públicas estão a elaborar um relatório interno sobre o sucedido. Por sua vez, o Instituto Cultural, que tutela o património local, afirmou que não planeia pedir nenhuma investigação, nem criminal, até as Obra Públicas terminarem o procedimento em curso. Também o Ministério Público não manifestou vontade, até à semana passada, de averiguar a ocorrência de qualquer crime neste episódio. Na interpelação, Ron Lam indica também que o talude onde ocorreu o deslizamento não faz parte dos taludes que são frequentemente vigiados pelas entidades competentes, para evitar deslizamentos, e perguntou se há planos para que integre a lista. No mesmo documento, Lam questionou ainda o Governo se vai prestar apoio aos moradores do edifício Ka On Kok, e ajudá-los a obterem as compensações pelos danos causados pelo deslizamento. Demolição total A interpelação surgiu dias depois de o Governo ter confirmado que vai demolir um troço de cerca de dez metros da muralha da cidade, por considerar que é “instável e em risco de derrocada”. Em comunicado foi explicado, que depois de uma “avaliação e análise técnica no local”, na Estrada de São Francisco, as autoridades vão realizar “com urgência” a demolição do respectivo troço da antiga muralha. O plano de demolição foi apresentado aos vogais do Conselho do Património Cultural, “tendo em consideração que, neste momento, a referida antiga muralha da cidade encontra-se num estado de urgência e que envolve a segurança pública, o Conselho não apresentou reclamação em relação ao respectivo plano”. As autoridades também já acordaram com os moradores afectados o plano de restauro, procederam à limpeza e à vedação provisória do local.
Hoje Macau Manchete SociedadeFronteiras | Zhuhai impõe quarentena de 7 dias. Testes mais apertados No seguimento da detecção dos novos casos de covid-19 em Macau, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Cidade de Zhuhai emitiu uma nota a anunciar que todos os indivíduos que cheguem à região a partir de Macau estão obrigados a fazer quarentena de sete dias (domiciliária ou em hotel), mais sete dias de auto-gestão. A medida anunciada ontem tem efeitos retroactivos para todos aqueles que entraram em Zhuhai a partir de Macau desde a passada quarta-feira, 15 de Junho. Relativamente à validade dos testes para circular entre os dois territórios, o Comando de prevenção e controlo da cidade de Zhuhai revelou que a desde as 09h de ontem, o prazo de validade dos testes de ácido nucleico para quem entra em Macau passa a ser de 48 horas (em vez de sete dias). Já quem sai de Macau continua a ter que apresentar um resultado negativo emitido nas últimas 24 horas. “A partir das 09h do dia 19 de Junho de 2022, as pessoas que se deslocam a Macau através dos postos fronteiriços Zhuhai-Macau necessitam de ter o certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo emitido nas últimas 48 horas. A medida de apresentação do certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo emitido nas últimas 24 horas para pessoas que entram a Zhuhai através dos postos fronteiriços Zhuhai-Macau permanece inalterado”, pode ler-se na nota. Visitas, consultas, vacinas e cirurgias não urgentes suspensas Os Serviços de Saúde anunciaram que, durante o período de testagem em massa da população, vários serviços estarão suspensos ou condicionados. Assim, até à próxima quarta-feira, os serviços de consulta externa de especialidade, cirurgia programada não urgente, serviços de diálise peritoneal, e os postos de vacinação do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) e do Fórum de Macau estão suspensos. Também todas as visitas aos doentes internados estarão suspensas até “nova comunicação”. Por seu turno, o Serviço de Urgência (incluindo o Posto de Urgência das Ilhas), o Serviço de Internamento Hospitalar, o Hospital de Dia do Serviço de Hematologia-Oncologia, a Unidade de Hemodiálise e a Farmácia do CHCSJ manterão o seu funcionamento normal. Entre 19 e 21 de Agosto, aqueles que são afectados pelas alterações e não podem comparecer ou receber tratamento ou serviços de exames no CHCSJ, “dentro de 7 dias úteis, serão notificados pelos respectivos departamentos sobre a data da nova consulta de acompanhamento, do tratamento ou exame”. Ho Iat Seng: “É preciso quebrar a cadeia de transmissão rapidamente” Numa visita efectuada ao Centro de Operações de Protecção Civil, o Chefe do Executivo reforçou que, tendo em conta a concentração e a origem dos novos casos de covid-19 detectados em Macau, “é preciso quebrar a cadeia de transmissão comunitária o mais rapidamente possível”. Perante um surto que considerou ter surgido de forma “súbita” e quer se propagou rapidamente, Ho Iat Seng sublinhou ainda a resposta imediata dos diversos departamentos governamentais de acordo com o plano de prevenção e agradeceu o “árduo trabalho”, tanto da Protecção Civil como do Centro de Coordenação. Durante uma visita a vários postos de testagem em massa, Ho Iat Seng mostrou-se, contudo, preocupado com o número insuficiente de testes rápidos para distribuir à população. EPM | Exames decorrem nas datas previstas A direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) vai manter o calendário dos exames nacionais de acesso ao ensino superior em Portugal, apesar de ter sido decretado o encerramento de escolas devido ao surto detectado no sábado à noite. Segundo a TDM – Rádio Macau, será apenas exigido aos alunos a apresentação de um auto-teste com resultado negativo 45 minutos antes das provas.
Hoje Macau SociedadeMUST faz investigação pioneira sobre condições meteorológicas severas O presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) recebeu 1,14 milhões de patacas de financiamento para liderar uma investigação pioneira sobre condições meteorológicas severas no território. “É importante, por causa do impacto das alterações climáticas nas condições meteorológicas extremas e inundações em Macau”, começou por dizer à Lusa Joseph Lee Hun-wei, presidente da MUST. Atribuído pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau (FDCT) e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia da Província de Guangdong, o apoio vai subvencionar, segundo o responsável, uma “investigação fundamental para a previsão de tempestades e inundações” na região administrativa chinesa. “A ideia é progredir nesta capacidade de prever intempéries em Macau”, notou o especialista na área da engenharia hidráulica e ambiental. Trata-se de um projeto de três anos, que incide sobre a Baía de Hac Sa, na ilha de Coloane, uma zona “que ainda não foi bem estudada”, e que coloca a MUST na frente da investigação climática local: serão realizadas “as primeiras medições em campo de ondas e correntes marítimas de Macau”, com instrumentos e sensores a serem depositados no local. É, além disso, a primeira “colaboração a fundo” com um “importante centro de investigação hidráulica na província de Guangdong” – o Instituto de Estudo Científico de Recursos Hídricos do Rio das Pérolas. Este ano esperam-se entre cinco a oito ciclones tropicais na região, de acordo com uma antecipação feita em março pela Direção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) de Macau, que salientou que “os extremos climáticos continuam a ocorrer e os ciclones tropicais continuam a aumentar” no território. Joseph Lee tem-se dedicado nos últimos anos ao estudo de soluções no campo da engenharia para mitigar o impacto das alterações climáticas no património e nas cidades. Esteve envolvido em projetos nas áreas de Mong Kok e Happy Valley, em Hong Kong, onde, para reduzir os efeitos das inundações, se optou por soluções como a drenagem das águas pluviais através de túneis subterrâneos que transportam a água até ao mar. Para fazer face aos fenómenos meteorológicos severos em Macau, como tempestades, o engenheiro defendeu, no final de abril, durante um ‘webinar’ organizado pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS, na sigla inglesa), uma “combinação de soluções baseadas na natureza”, como o desenvolvimento de mangais que podem ajudar a reduzir o impacto das ondas em caso de tufões, e de “soluções estruturais”. “Aqui, as redes subterrâneas e de drenagem podem ser bastante relevantes, porque, no meu entendimento, quando chega o tufão, a água do mar pode retornar através da rede e inundar a cidade, ou seja, [as inundações] não são só causadas pela chuva”, referiu. “As soluções baseadas na natureza são importantes, mas precisam de uma base científica. A questão é: o governo poderia apoiar este tipo de investigação muito importante”, acrescentou. À Lusa, o presidente da MUST disse ainda que, em relação às outras cidades da Grande Baía, Macau “está apenas a começar” na investigação na área da Engenharia Ambiental e Hidráulica. “Não temos pessoas suficientes nem investigadores”, admitiu o especialista, sublinhando que seria importante trabalhar em conjunto com outras cidades da região. “Mas para trabalhar efetivamente com outros parceiros, tem de se ter já uma certa profundidade”, notou Lee, referindo que a pequena região ainda não alcançou esse nível.
Hoje Macau SociedadeReitor da MUST visita Portugal este mês para reforçar parceria científica O presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) vai visitar a partir de 27 de junho quatro universidades portuguesas para reforçar a parceria científica. Depois de uma viagem a Granada, em Espanha, para participar no Congresso Internacional da Associação Internacional de Engenharia e Pesquisa Hidroambiental (IAHR, em inglês), organismo que preside, Joseph Lee Hun-wei vai estar na Universidade de Évora, de Lisboa, de Coimbra e do Porto para explorar “oportunidades de colaboração científica com a MUST”, disse à Lusa o responsável. “Perguntei aqui [em Macau] aos meus colegas se há programas específicos que queiram melhorar e desenvolver, porque posso visitar a direção [destas universidades]”, acrescentou. Não se trata do primeiro contacto do presidente da MUST com Portugal. Nos anos 1970, quando ainda era estudante de Engenharia Civil no Massachusets Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, Lee projetou o sistema de refrigeração para a Central termoeléctrica de Setúbal – cidade onde, admite, nunca esteve. “Eles é que vieram cá. Ainda era júnior, só fiz o trabalho, mas Setúbal estava muito interessado em desenhar um sistema com o mínimo de impacto para o ambiente e a melhor eficiência (…). É bastante complicado e, naquele tempo, era muito avançado e Setúbal recorreu ao MIT”, explicou. Sobre o interesse da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau em Portugal, o professor elogiou o “desenvolvimento de tecnologia inovadora” no país e as várias alianças no campo científico com universidades norte-americanas, nomeadamente o programa ‘MIT Portugal’, uma colaboração com o Massachusets Institute of Technology, e o programa ‘Carnegie Mellon Portugal’, uma plataforma que reúne esta universidade de Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, e instituições de ensino superior portuguesas. “Com o MIT trabalham precisamente em áreas que nos interessam, como é o caso da Inteligência Artificial, Informática e o Fabrico Avançado”, referiu. Mas além de Portugal, a MUST quer chegar a todo o universo lusófono. “É natural, é uma das nossas missões designadas pelo Governo Central” chinês, lembrou Lee, referindo-se ao facto de, em 2003, Pequim ter designado Macau como plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa. “Há financiamento disponível para fazer isso acontecer”, acrescentou. Para já, o número de alunos dos países de língua portuguesa na universidade “não é significativo”, havendo “espaço para melhorias”, advertiu o responsável, defendendo que, para a internacionalização da instituição de ensino e captação de alunos são necessárias “as políticas e estratégias certas”. Estratégias que, segundo o académico, podem passar pela aposta em “áreas nicho”, como nos dois laboratórios de referência de Estado da MUST. Em 2010, a universidade inaugurou o laboratório para a Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa e, em 2018, nasceu o laboratório para a Ciência Lunar e Planetária. Os espaços, com a aprovação do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, têm como objetivo contribuir para a inovação científica e tecnológica, através da investigação e formação de quadros especializados. “Também a nossa futura Faculdade de Engenharia Inovadora deve ser bastante atrativa para qualquer estudante estrangeiro, digamos que para aqueles dos países [da iniciativa] Uma Faixa, Uma Rota e, não querendo excluir outros, os da Lusofonia – esse seria o nosso foco principal, estudantes que queiram ter uma ideia da Grande Baía”, concretizou.
Hoje Macau Manchete SociedadeMUST | Reitor quer liberdade académica mas admite “áreas cinzentas” Joseph Lee Hun-wei, reitor da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, defende que é possível uma conivência entre a internacionalização do ensino superior e o respeito pela soberania chinesa. Este defende que o que aconteceu em Hong Kong foi “ilegal” O presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) admite que existem “áreas cinzentas” no que respeita à liberdade académica, embora acredite na convivência entre a internacionalização do ensino superior e o reconhecimento da soberania chinesa. “Se estivermos certos de qual é a nossa missão e concentrarmo-nos na nossa política de diversidade e internacionalização e se conseguirmos provar ao mundo que podemos levar a cabo o intercâmbio internacional ao mesmo tempo que reconhecemos a soberania [chinesa], então qual é o problema?”, defendeu Joseph Lee Hun-wei. Lee, à frente da MUST desde Janeiro de 2021, nasceu em Xangai, cresceu em Hong Kong e formou-se em Engenharia Civil pelo Massachussets Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Regressado a Hong Kong, nos anos 1980, ocupou vários cargos de liderança em instituições de ensino superior locais. Em entrevista à Lusa, o académico recordou ter acompanhado de perto as manifestações de 2019, que, como sublinha, “afectaram a saúde” da cidade “de uma forma muito séria”. “O que aconteceu em Hong Kong é claro para mim, foi ilegal, eu passei por isso e não me senti seguro”, recordou. Que liberdade? Questionado se os últimos acontecimentos nas duas regiões autónomas estão a afectar a liberdade académica em Macau, Joseph Lee relembrou que se vive actualmente uma conjuntura “geopolítica complexa” e que enquanto presidente de um organismo internacional – a Associação Internacional de Engenharia e Pesquisa Hidroambiental – “esta tensão e mal-entendidos” são perceptíveis. No entanto, o presidente da MUST frisou que Macau “é bastante diferente” de Hong Kong. E explicou: “O que me apercebi nos últimos 15 meses é que as pessoas aqui, em geral, têm um melhor entendimento da China continental”, sublinhou. Na MUST, exemplificou ainda o presidente, começou a hastear-se a bandeira chinesa três vezes por ano “antes de 2019, ainda antes de se impor essa regra”. “É porque sentimos que Macau é parte do país”, explicou. Joseph Lee admitiu “apoiar a diversidade e a liberdade académica”, mas chamou a atenção para a existência de “áreas cinzentas”. “E depende por vezes realmente da interpretação e da perceção. Mas eu diria, no geral, que Macau ainda é muito diferente da China Continental, e nós operamos nesse espaço da história, do tempo e fazemos o nosso melhor como ponte entre o Oriente e o Ocidente”, disse.
Hoje Macau Manchete SociedadeMacau decreta estado de prevenção imediata e avança para testagem massiva Foi hoje decretado o estado de prevenção imediata depois de detectar 12 casos de covid-19, oito deles assintomáticos, tendo-se avançado para uma nova vaga de testagem maciça da população em 48 horas. As autoridades, que admitiram o aumento do número de casos nas próximas horas e ser esta a situação mais grave vivida no território desde o início da pandemia, aplicaram medidas de isolamento em duas zonas da cidade, onde é proibida a saída de todas as pessoas das residências. Em outras zonas, não é permitida a saída dos edifícios antes de ser efectuado o primeiro de cinco testes de ácido nucleico obrigatórios. “As outras medidas de controlo incluem a imposição de restrições à saída de Macau e a realização da supervisão rigorosa de saúde e autogestão de saúde por um período de, pelo menos, 14 dias”, segundo as autoridades. Numa conferência de imprensa esta manhã, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus apelou aos residentes para ficarem em casa. À excepção de estabelecimentos como supermercados e restaurantes, outros espaços devem fechar portas, incluindo os casinos. As actividades educativas das escolas foram suspensas, assim como outros eventos públicos. As autoridades decidiram também suspender o funcionamento dos equipamentos sociais que prestam serviços diurnos (creches, centros de cuidados especiais e centros comunitários) e as visitas a lares de idosos, bem como o encerramento de museus. A testagem da população vai decorrer até às 12:00 de terça-feira em 53 postos espalhados pelo território.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCasinos do Hotel Rio e Hotel President fecharam portas Também o casino Waldo terá feito entrar um processo junto das autoridades para encerrar as operações. No sentido oposto, a SJM vai gerir o casino Emperor até ao final do ano Os casinos-satélite do Hotel Rio e do Hotel President encerraram portas na quarta-feira. Também o casino Waldo, que à semelhança do Rio e Presidente funciona devido a um acordo com a concessionária Galaxy Entertaiment, deverá fechar até ao final do mês. O encerramento dos casinos Rio e President foi confirmado pela Galaxy que indicou nesta fase estar a ser feito um inventário sobre os equipamentos existentes. Quem passasse ontem nos casinos fechados podia ler um aviso aos clientes para que no caso de quererem trocar fichas por dinheiro ou tratar de outros assuntos, se dirigisse ao casino Starworld. Segundo a concessionária, os funcionários do casino devem ser transferidos para outros espaços da companhia que gere directamente o Starworld, Galaxy Macau e Broadway Macau. A concessionária prometeu ainda fornecer cursos de requalificação para os trabalhadores que vão ter de encontrar novas opções para a carreiras, mesmo que não fiquem sem trabalho. Além dos encerramentos confirmados, a Rádio Macau noticiou ontem que o casino Waldo também fez entrar um pedido junto das autoridades para cessar as operações. O encerramento de vários casinos satélite já tinha sido antevisto pelo sector, à luz da nova legislação, em conjunto com a nova realidade em que os jogadores do Interior são impedidos pelas autoridades centrais de virem a Macau. No entanto, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wan Nong, recusou anteriormente que houvesse qualquer ligação entre a nova lei e os encerramentos. Em sentido contrário Também na quarta-feira, através de um comunicado à Bolsa de Hong Kong, a empresa Emperor Entertainment Hotel, responsável pelo hotel com o mesmo nome em Macau, anunciou um acordo com a SJM para que o casino continue a operar até ao final do ano. Anteriormente, a empresa tinha anunciado que a partir de 26 de Junho o espaço seria encerrado, por considerar não ser rentável. O casino do Hotel Emperor foi o primeiro a confirmar o encerramento, com alguns funcionários a serem dispensados. Agora, de acordo com o comunicado, a concessionária SJM vai pagar 21 milhões de dólares de Hong Kong para explorar o casino entre 27 de Junho e 31 de Dezembro. Entre as razões para acordar com o preço apresentado, a direcção da empresa Emperor declarou que os termos comerciais são “justos” e razoáveis”.
Andreia Sofia Silva SociedadeCalçada do Gaio | UNESCO recebe nova carta sobre altura do edifício O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia enviou ontem uma nova carta à UNESCO a apelar a um maior acompanhamento do projecto do prédio embargado na Calçada do Gaio, em prol da preservação do corredor visual do Farol da Guia. Recorde-se que há cerca de uma semana o mesmo grupo fez um apelo público para que este prédio tenha uma altura máxima de 52.2 metros, por oposição aos actuais 82,32 metros. O Conselho do Património Cultural defende a conclusão das obras do edifício com esta altura, embora a solução esteja ainda dependente da posição de outros departamentos públicos. Na carta, o Grupo apela a “uma tomada de posição firme” por parte da UNESCO “em prol do estabelecimento dos limites de altura nos edifícios à volta do Farol da Guia”. “Os Governos de Macau e da China devem ter o compromisso de reduzir a altura do edifício embargado para 52.5 metros. A UNESCO deveria monitorizar de perto o projecto revisto sobre o edifício na Calçada do Gaio para garantir que a altura máxima de 52.5 metros será respeitada”, lê-se na carta. A missiva pede ainda que a UNESCO exija ao Governo de Macau a realização de um estudo urbanístico e de conservação “para toda a extensão da Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues sem mais atrasos”. A missiva acusa ainda a UNESCO de fazer “um lento e ineficaz acompanhamento” do caso, o que “já trouxe sérios danos à integridade visual e aos principais pontos visuais do Farol da Guia”. “Um novo, enorme e alto edifício na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues bloqueou de forma efectiva a conexão visual entre o Farol da Guia e o Arco Oriental, outro marco de Macau. A UNESCO deveria verificar quaisquer impactos no património causados por este projecto e deveria propor medidas preventivas a fim de reduzir os danos na integridade visual do Farol da Guia”, acrescenta-se ainda.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeQuarentenas | Governo aconselha a alterar data da viagem de regresso Para quem tenha dificuldade em marcar um quarto de hotel para a realização da quarentena obrigatória em Macau, as autoridades aconselham a, simplesmente, alterar a data da viagem. O Centro de Coordenação de Contingência diz não ter ainda condições para reduzir preço dos testes feitos nos hotéis Para quem deseja regressar a Macau e estiver com dificuldades em marcar o quarto de hotel para cumprir a quarentena obrigatória, agora de dez dias mais sete de auto-monitoramento, as autoridades apresentam a solução: mudar a data da viagem. Esta foi a resposta dada ontem pela representante da Direcção dos Serviços de Turismo do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus. “A maior parte das pessoas regressam a Macau entre os meses de Junho e Julho, e se não conseguirem marcar quartos de hotel aconselhamos a que alterem a data de regresso. Temos agora o hotel Sheraton e quem vier de Hong Kong pode fazer esta escolha.” A mesma responsável confirmou que “a situação da marcação dos quartos está estável”, estando a ser acompanhada a situação de estudantes de Macau que pretendem passar as férias de Verão no território ou de outras pessoas que viajem do estrangeiro. “Se for necessário iremos ajustar as medidas e apresentar mais quartos de hotel.” Ficou a promessa da assinatura dos contratos com unidades hoteleiras “com a maior brevidade possível para dar resposta aos cidadãos”, caso sejam necessários mais quartos para os meses de Julho, Agosto e Setembro. Apesar de o Governo ter decretado a redução dos dias de quarentena, mantêm-se os preços dos testes. “Já temos um plano de desconto de 50 por cento do preço dos testes para estudantes, mas tendo em conta os recursos limitados não temos ainda margem para a redução dos preços dos testes feitos nos hotéis”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação. Redução em estudo Desde o início da pandemia, e até Maio deste ano, a maior parte das infecções foram detectadas até ao sétimo dia de quarentena. Ainda assim, o Governo continua a estudar a adopção do modelo “7+7”, ou seja, sete dias de quarentena e sete de auto-monitoramento de saúde. “Há cidadãos que gostariam de ver reduzido o número de dias, mas há outros que consideram que mais dias de quarentena é uma medida cautelosa. Veremos agora a situação, se aumenta ou não o risco para a sociedade, e depois pensaremos na medida ‘7+7’”, explicou Leong Iek Hou. Sobre o período de auto-monitoramento e a obrigatoriedade de realização de testes durante sete dias, é necessário “para quem tenha um período de incubação mais longo”. “Com cinco testes conseguimos perceber se a pessoa está ou não infectada. Quisemos encontrar um equilíbrio tendo em conta a redução dos dias de quarentena”, adiantou Leong Iek Hou. Quanto à varíola dos macacos, as autoridades locais estão a analisar a possibilidade de introduzir no território a vacina. “Temos mantido uma estreita comunicação com os fabricantes para tentar introduzir em Macau a vacina contra a varíola dos macacos”, foi referido na conferência de imprensa.
Pedro Arede Manchete SociedadeBurla | Negócio de relógios termina em desfalque mais de 9 milhões Uma residente de Macau foi detida por se ter feito passar pelo dono de uma relojoaria no WeChat e desfalcado uma cliente em mais de 9 milhões de patacas num negócio que envolveu 40 relógios A Polícia Judiciária (PJ) deteve na quarta-feira, uma residente de Macau, de 37 anos, suspeita de burlar uma mulher do Interior da China em mais de 9 milhões patacas, através de um negócio que envolveu a transação de 40 relógios. Em causa, está o facto de a suspeita se ter feito passar pelo dono de uma loja de relógios na Taipa, através do WeChat, para cancelar a entrega da totalidade da mercadoria previamente adquirida. De acordo com informações divulgadas ontem em conferência de imprensa pela PJ, o caso veio a lume quando a vítima decidiu apresentar queixa em Novembro de 2021. A vítima terá conhecido a residente de Macau em 2020, altura em que a terá ajudado a comprar, sem sobressaltos, um relógio de luxo por 20 mil patacas. Estabelecida a relação de confiança, a suspeita voltou a entrar em contacto com a suspeita em Outubro de 2021, revelando conhecer o dono de uma loja em Macau que estaria disponível para fazer um preço especial na compra de relógios. Perante a oferta, a vítima mostrou-se interessada e, desde logo, mostrou vontade de adquirir 40 exemplares. Apesar de o preço de cada relógio se situar entre as 100 mil e 1 milhão de patacas, a vítima prontificou-se a pagar a totalidade da encomenda através de transferência bancária e em dinheiro. Pouco tempo depois, tal como combinado, a vítima recebeu 21, dos 40 relógios que tinha comprado. Falar pelos dois No entanto, os restantes 19 relógios tardavam em chegar, levando a vítima a confrontar a residente de Macau sobre o atraso. Sem perder tempo, a suspeita criou um grupo de WeChat onde, para além das duas, estaria o dono da loja, que mais tarde, apurou a PJ, viria a tratar-se da própria suspeita. Nesse grupo, o falso dono da loja terá alegado “haver falta de stock” e que era preciso esperar mais um pouco. Ideia reforçada pela própria suspeita no grupo de WeChat, alegando ser “muito difícil arranjar” os relógios em questão. As desculpas arrastaram-se durante mais de um mês, até que a vítima resolveu viajar até Macau para visitar a loja pelo seu próprio pé. Ao confrontar o dono do estabelecimento, este mostrou-se surpreendido, disse que nunca foi adicionado a qualquer grupo de WeChat, mas admitiu que a suspeita é uma cliente habitual e que tinha comprado 21 relógios. Iniciada a investigação, a PJ apurou que o valor dos 19 relógios em falta era de 8,18 milhões de renminbis, ou seja, cerca de 9,6 milhões patacas. Seguindo no encalce da suspeita, a PJ dirigiu-se ao seu local de trabalho no NAPE e convidou-a a ir até à esquadra. Durante o interrogatório, a mulher admitiu que tinha fingido ser o dono da loja e que recebeu o dinheiro da vítima, mas recusou-se a dar mais informações. O caso seguiu ontem para o Ministério Público, onde a residente de Macau irá responder pelos crimes burla de valor elevado e falsificação informática. A confirmar-se a acusação, a suspeita pode ser condenada a uma pena de prisão de 2 a 10 anos pelo primeiro crime e até 3 anos pelo segundo.
Hoje Macau SociedadePS Macau acusa Solicitadores de discriminar emigrantes. OSAE responde O PS acusou a Ordem dos Solicitadores de impedir portugueses residentes na China de acederem às suas plataformas digitais, mas a organização, que justifica a medida com questões de segurança, diz que basta um email para obter acesso. Em comunicado, a secção de Macau do Partido Socialista diz ter tomado conhecimento de que a Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução (OSAE) de Portugal está a bloquear o acesso dos cidadãos que vivem na China, e em particular na Região Administrativa Especial de Macau, à plataforma www.e-leilões.pt. “Apesar de vários alertas e reclamações, a Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução não tem apresentado soluções que permitam aos cidadãos portugueses exercer o seu direito de aceder às suas plataformas estejam onde estiverem”, lamenta o partido, repudiando “de forma veemente” o comportamento daquela ordem. O comunicado sublinha que “outras plataformas semelhantes, como é o caso dos leilões da autoridade tributária não sofrem estes constrangimentos” e alerta que a restrição de acesso constitui, “no limite”, uma violação à Lei e pode mesmo suscitar impugnações legítimas dos atos praticados na plataforma. A secção de Macau do Partido Socialista insta por isso aquela ordem profissional a “resolver imediatamente o problema (…), garantindo assim a equidade que lhe é exigida como instituição de bem”. Da reacção Em resposta enviada à Lusa, a OSAE explica que restringiu o acesso à plataforma e-Leilões para os utilizadores que acedam desde fora de Portugal devido à “insegurança e ciberterrorismo”, acrescentando que o objectivo é “proteger os dados extremamente sensíveis geridos pela plataforma”. No entanto, afirma que está a dar “acesso aos utilizadores registados na plataforma e que acedem a partir de outro país, bastando, para isso, requerer essa mesma autorização, via email, para geral@osae.pt”. O e-Leilões.pt é uma plataforma desenvolvida pela OSAE para realização da venda de bens penhorados através de leilão eletrónico.
João Santos Filipe Manchete SociedadeWynn Macau | Recebido crédito de 500 milhões de dólares A concessionária diz ter uma situação financeira forte, mas pediu uma linha de crédito à empresa-mãe para fazer face a obrigações que eventualmente possam surgir A concessionária Wynn Macau comunicou ter recebido uma linha de crédito de 500 mil dólares americanos da empresa-mãe Wynn Resorts. O anúncio foi feito num comunicado de terça-feira à Bolsa de Hong Kong e noticiado ontem pelo portal GGR Asia. Segundo a explicação avançada, a linha de crédito vai servir para “apoiar o capital operacional no futuro e outras obrigações, se forem necessárias”. Além disso, a Wynn Macau considerou que o empréstimo mostra o compromisso com o mercado do jogo local. “Este acordo demonstra que ambas, Wynn Resort e a empresa [Wynn Macau], estão confiantes no crescimento de Macau a longo prazo, e a disponibilidade desta linha de crédito vem reforçar a posição da empresa, que já era forte”, foi declarado. A linha de crédito tem de ser integralmente paga dentro de 24 meses desde a data do acordo e implica juros de 4 por cento ano, sobre o montante efectivamente utilizado. Actualmente, a Wynn Resorts detém uma participação de 72 por cento na Wynn Macau, responsável pelos casinos Wynn Macau e Wynn Cotai. Com quebras A disponibilização da linha de crédito surge num ano extremamente difícil para a economia de Macau, mesmo quando a comparação é feita com o ano passado. Só nos primeiros cinco meses de 2022, as receitas dos casinos sofreram uma redução de 44 por cento face a 2021, um ano que já tinha sido muito marcado pela pandemia, com as receitas da indústria a caírem de 42,5 mil milhões de patacas para 23,8 mil milhões. Quanto à Wynn Macau, nos primeiros três meses, os dados mais recentes disponíveis, indicam que não passou incólume aos problemas. Segundo a empresa, as receitas de 417 milhões de dólares americanos sofreram uma redução de 28,4 por cento, para 298,4 milhões.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Cerca de 38,5% com depressão, ansiedade e insónias Estudo sobre impacto das restrições da covid-19 entre os residentes locais detectou uma outra patologia: anedonia, ou seja, “perda ou ausência de capacidade para ter prazer” Em tempo de restrições de controlo da covid-19, 38,5 por cento dos residentes apresentam sintomas de depressão. A conclusão faz parte de um estudo publicado em Maio, no Journal of Affective Disorders, com o título “Análise compreensiva de depressão, ansiedade, insónia e qualidade de vida entre os residentes de Macau durante a pandemia da covid-19”. O artigo foi realizado por 12 académicos, entre os quais Wei Bai e Zhao Yan-Jie da Universidade de Macau, e teve por base a informação recolhida entre 975 residentes locais, com mais de 18 anos, que permaneceram no território na maior parte do tempo. De acordo com os resultados obtidos, entre a amostra de 975 residentes, 38,5 por cento apresentava sintomas relacionados com depressão. Ao mesmo tempo, 28,8 por cento sofria de ansiedade e 27,6 por cento admitia sofrer de insónia, ou seja, dificuldade em adormecer e ausência de longos períodos de sono, por acordar frequentemente. As alterações económicas e sociais são apontadas como responsáveis pelos níveis apresentados. Segundo os autores, as restrições pandémicas “tiveram um impacto económico negativo em três quartos da população e directa ou indirectamente nos empregados dos casinos ou nos espaços de diversão”. É também explicado que as receitas do Governo foram igualmente afectadas pela menor actividade do sector do jogo. Do medo Os investigadores colocam também a hipótese de os níveis de sintomas detectados estarem relacionados com os receios da população. A dedução é feita com base em outros dois estudos, publicados em 2020. “Especificamente, a nossa investigação foi conduzida na presença da pandemia da covid-19, que contribuiu para uma maior dificuldade em adormecer e manutenção do sono devido a receios de infecção e à ansiedade que emanou das preocupações das perdas económicas”, foi apontado. O estudo aponta ainda que várias pessoas admitiram sofrer de anedonia, ou seja, “perda ou ausência de capacidade para ter prazer” e a viverem num estado persistente de tristeza. Os investigadores afirmam terem encontrado estes sintomas pela primeira vez, pelo que dizem ser uma consequência da pandemia e das respectivas medidas de combate.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIC | Casa da Literatura abre até finais de Setembro para promover leitura Além do projecto para incentivar a leitura, o Instituto Cultural apresentou ao Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural um plano de revitalização e ocupação das 10 vivendas de Mong Há, onde se esperam mais actividades culturais e de restauração Um novo espaço para promover a literatura de Macau em língua portuguesa e chinesa, fazer exposições, organizar eventos de intercâmbio e incentivar a população a ler mais. Foi desta forma que a presidente do Instituto Cultural, Deland Leong, apresentou ontem a Casa da Literatura, edifício que vai abrir até ao final de Setembro, na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida. “Vai ser um espaço sobre a história do desenvolvimento das obras literárias de Macau, quer em língua chinesa, quer em língua portuguesa, que terá apresentações sobre escritores famosos. Vamos ter livros, revistas sobre a literatura local e colectâneas de obras literárias”, revelou ontem Deland Leong. O projecto foi apresentado durante a reunião plenária do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural. “No segundo andar do edifício haverá uma sala diferente, para actividades relacionadas com a literatura de Macau, como o lançamento de livros novos, realização de palestras literárias, entre outras. Queremos que seja um espaço para a promoção da literatura”, vincou a responsável. As dez vivendas Ainda no plano de actividades do Instituto Cultural para este ano foi apresentado um projecto experimental para a ocupação de 10 vivendas de Mong Há, onde vão ser desenvolvidas actividades culturais, mas também de restauração, como forma de revitalização da zona. “Em três destas vivendas esperamos ter elementos artísticos e culturais, como exposições e outras actividades e ainda espaços para as famílias. Nas restantes sete vivendas, cabe aos requerentes apresentar propostas, podem ter elementos comerciais, por exemplo restaurantes, cafés, e ainda venda de produtos”, justificou a presidente do IC. Sobre o desenvolvimento das indústrias culturais no local, Leong admitiu que podem surgir dificuldades e que serão atribuídos subsídios aos projectos escolhidos. “Esperamos através da atribuição de apoios atrair o sector cultural para participar na exploração das vivendas. Ainda estamos a finalizar este projecto, mas na fase inicial vamos conceder apoio financeiro para o sector preparar a exploração das vivendas”, admitiu. A atribuição das vivendas será feita através de concurso público. A presidente do IC garantiu que os pormenores vão ser revelados mais tarde. Mais independência Apesar da promessa de apoios ao sector cultural, Deland Leong deixou uma mensagem para o futuro e avisou que a indústria vai ter de se tornar independente e crescer de forma sustentável. “Na sessão de hoje, os membros sugeriram que, neste momento relativamente mais difícil para o sector cultural, as empresas têm de ser mais criativas, mais inovadoras e pensar em planos para sobreviver”, adiantou Leong. “Achamos que se dependerem das suas ideias e negócios essa será uma forma sustentável de desenvolvimento, não podem estar sempre a depender do apoio financeiro do Governo”, alertou. “Esperamos que nos próximos 5 ou 10 anos consigamos constituir uma empresa cultural real”, vincou. A mesma posição foi vincada por Ieong Weng Fat, membro do concelho. “Nesta altura mais difícil em que não há turistas, as empresas culturais têm mais tempo para reflectir sobre o futuro. Têm de pensar porque esta indústria não pode depender sempre dos apoios do Governo. No futuro vai ter de depender das suas ideias”, argumentou.
João Santos Filipe Manchete SociedadePatrimónio | IC não apresentou queixa-crime por destruição de muralha A destruição de património classificado, como a muralha antiga da cidade, pode constituir crime de dano qualificado, mas tanto o Ministério Público como o Instituto Cultural não procederam ao apuramento de responsabilidades criminais. Por sua vez, a Polícia Judiciária afirmou que não podia responder sobre o assunto O Instituto Cultural (IC) admitiu não ter contactado o Ministério Público (MP) para o apuramento de responsabilidades criminais face à destruição da muralha antiga da cidade, um elemento classificado como património cultural. Ontem, no final do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Cultural, Deland Leong, presidente do IC, considerou que a prioridade é garantir a segurança dos residentes da zona afectada e aguardar por um relatório da Direcção de Serviços das Obras Públicas. “Sobre a protecção da muralha, o IC tem um papel tutelar. Em relação às obras, exigimos que a muralha fosse protegida, além da protecção da paisagem e de outros aspectos. Emitimos um parecer que tem de ser respeitado durante as obras”, começou por esclarecer a responsável do IC. “Temos de aguardar o resultado da investigação das Obras Públicas [sobre o incidente]. Só depois podemos saber a quem cabe a responsabilidade e o motivo que levou ao desabamento da muralha”, acrescentou. Segundo Deland Leong, o eventual apuramento de responsabilidades criminais “é um trabalho de segunda fase”, que só será ponderado depois da investigação das Obras Públicas. “Não estamos a negligenciar o problema, mas o importante é garantir a segurança dos residentes da zona. E agora a investigação está a ser feita pelos Serviços de Obras Públicas”, garantiu. Segundo o Código Penal da RAEM, “quem destruir, no todo ou em parte, danificar, desfigurar ou tornar não utilizável coisa pertinente ao património cultural e legalmente classificada” comete o crime de dano qualificado e pode ser punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias. A pena pode ser gravada para entre 2 a 10 anos de prisão. Sem investigação Face à destruição do património classificado, o HM contactou o MP para saber se tinha sido aberta uma investigação sobre o caso. Na resposta, através de correio electrónico, o cenário foi negado: “Até este momento, o Ministério Público não autuou uma investigação em relação ao assunto”. Por sua vez, a PJ afirmou que não poderia fornecer uma resposta ontem sobre a abertura de uma investigação, depois das questões terem sido colocadas na segunda-feira. Responsabilidades criminais à parte, Deland Leong afirmou que as obras de recuperação da muralha só deverão começar depois de serem concluídos os trabalhos actuais de consolidação das terras no local. Leong mostrou-se ainda muito confiante com a recuperação e afirmou que anteriormente houve um levantamento profundo da muralha, que permite um restauro fiel ao original. Solo em fuga O deslizamento de terras que destruiu um troço das Antigas Muralhas da cidade aconteceu na quinta-feira, num estaleiro de construção privado situado na Estrada de São Francisco. Nessa altura decorriam, pelo menos, duas obras nas imediações das muralhas. O deslizamento de terras afectou ainda os moradores do Edifício Ka On Kok, com detritos a entrar em algumas fracções. De acordo com as declarações da presidente do IC, após o deslizamento, o troço afectado tem um comprimento de 18 metros e abrange zonas de granito e muros de chunambo.
Pedro Arede Manchete SociedadeEconomia | Associação prevê crescimento “lento” no próximo trimestre À luz dos últimos indicadores e da complexidade do contexto internacional, a Associação Económica de Macau prevê que o crescimento do território seja “lento” nos próximos três meses. Apesar da diminuição das quarentenas e do alargamento do prazo dos testes, a elevada inflação e a confiança reduzida dos consumidores chineses colocam grande “incerteza e risco” ao ambiente económico de Macau A Associação Económica de Macau prevê que o crescimento económico do território nos próximos seis meses seja “lento”. Isto, perante os mais recentes indicadores económicos “pouco animadores”, o contexto internacional complexo, marcado pela subida galopante da inflação, e apesar dos recentes sinais de relaxamento fronteiriço do Governo, onde se inclui a diminuição das quarentenas para 10 dias e o alargamento do prazo dos testes de ácido nucleico para quem entra em Macau a partir de Guangdong. Além disso, de acordo com as perspectivas económicas da associação divulgadas na segunda-feira e citadas pelo jornal Ou Mun, o índice de confiança dos consumidores do Interior da China atingiu em Abril de 2022 o nível mais baixo desde o início da pandemia, tendo registado uma queda de 28,6 por cento em termos anuais. Facto com implicações directas na disponibilidade e na vontade que os turistas do Continente têm de vir e consumir em Macau. A Associação Económica de Macau aponta ainda para a queda anual de 24,2 mil milhões de patacas (3,5 por cento) do índice de liquidez (M2), que inclui o nível de poupanças e depósitos bancários dos residentes, entrando assim, pela primeira vez, no patamar de crescimento “lento”. Embora o número de visitantes a entrar em Macau tenha começado a aumentar a partir de Março, a subida representa apenas uma melhoria de cerca de 20 por cento em relação ao período antes da pandemia, onde outros indicadores como as receitas brutas de jogo, o valor das acções das concessionárias cotadas em bolsa e as taxas de ocupação hoteleira permanecem classificados com um nível “muito baixo”. Segundo o organismo, os únicos indicadores que permanecem num nível considerado “estável” são o Índice de Preços do Consumidor e o nível das importações de bens de consumo. Apesar disso, o indicador de sentimento económico de Macau entre Abril e Maio fixou-se, respectivamente, em 2,0 e 2,1 pontos, classificado como “deprimido”. Ao ritmo de Zhuhai Outra das ressalvas apontadas pela Associação Económica de Macau prende-se com a alteração verificada nos últimos meses relativamente à proveniência dos visitantes que chegam ao território. Segundo a associação, num universo de turistas já de si reduzido, 40 por cento dos que entraram em Macau nos últimos tempos residem habitualmente em Zhuhai. Além disso, se anteriormente cerca de metade dos turistas costumava pernoitar em Macau, no actual contexto, o número de visitantes que fica alojado em hotéis caiu para cerca de 30 por cento. Como sinais positivos para os próximos tempos, a associação vinca o alargamento do prazo dos testes de ácido nucleico para quem entra em Macau a partir de Guangdong de 48 horas para sete dias, a redução das quarentenas de 14 para 10 dias para quem vem de fora e o lançamento da terceira ronda do cartão de consumo. Apesar da previsível tendência de relaxamento nas fronteiras e aumento de turistas, o organismo aponta que o ambiente económico de Macau continuará marcado, a breve trecho, por muita “incerteza e risco”. “O elevado nível de inflação das economias desenvolvidas, o aperto das políticas monetárias e as tensões geopolíticas, têm levado à desaceleração da economia mundial e a quebras nas cadeias de fornecimento e de fluxos de capitais. Tudo isto se traduz em Macau, num ambiente económico repleto de incerteza e risco”, pode ler-se no relatório.