Imobiliário | Bens da Jiayuan International vendidos por ordem judicial

A empresa que em 2017 comprou o terreno mais caro de sempre em Macau está em situação de incumprimento. Os tribunais de Hong Kong impuseram a venda de bens para saldar uma dívida superior a 100 milhões de dólares de Hong Kong

 

Um tribunal de Hong Kong declarou a venda de bens do Grupo Jiayuan International para pagar dívidas de 112,8 milhões de dólares de Hong Kong. A decisão contra a imobiliária responsável pela construção do projecto Ocean Hill, na Avenida Dr. Sun Yat-Sen na Taipa, foi conhecida na semana passada.

A obrigação de vender o património da imobiliária resulta de dois casos que decorriam nos tribunais da região vizinha relacionados com uma dívida de 112,8 milhões de dólares de Hong Kong, ligada à emissão de um empréstimo obrigacionista e respectivos juros. De acordo com a agência noticiosa Bloomberg, a reclamação da dívida deve-se a um único subscritor do empréstimo obrigacionista.

Os dois casos tinham sido tornados públicos em Junho do ano passado, e, na altura, o Grupo Jiayuan International afirmou que “segundo a informação disponível” os pedidos de insolvência não teriam “um impacto material ou significante nas operações ou na situação financeira” da empresa.

No entanto, desde essa data, e na sequência da crise financeira do sector imobiliário no Interior da China, que a situação de solvência do grupo tem sofrido uma rápida deterioração.

A Jiayuan International entrou no mercado de imobiliário de Macau em 2017, quando adquiriu pelo preço recorde de 3,51 mil milhões de dólares de Hong Kong dois terrenos na Taipa, na Avenida Dr. Sun Yat-Sen. A compra foi feita à Companhia de Fomento Predial San Kin Tai, na altura detida a 40 por cento por William Kuan, condenado a 18 anos de prisão no processo que em que foram também considerados culpados os ex-directores das Obras Públicas, Jaime Carion e Li Canfeng.

O projecto Ocean Hill, actualmente em construção, é composto por habitações e lojas. No total, os dois terrenos implicam uma área de 5.597 metros quadrados, o que significa que o negócio foi feito com o pagamento de 627,1 mil dólares de Hong Kong por metro quadrado.

Acções suspensas

Também desde o início de Abril, a transacção das acções da Jiayuan International na Bolsa de Hong Kong foi suspensa, medida que entrou em vigor depois de o grupo ter falhado a apresentação dos resultados financeiros, como exigido.

Os atrasos na publicação dos resultados foram explicados com três motivos: falta de mão-de-obra no departamento de contabilidade da empresa, falta de tempo dos directores da empresa, por estarem em curso negociações com credores, e ainda devido à mudança de auditora.

As dificuldades do Grupo Jiayuan International acompanham a tendência das construtoras do Interior, depois da grave crise financeira que começou a afectar o sector no ano de 2020.

Nesse ano o Governo Central começou a impor limites ao endividamento destas empresas, o que contribuiu para que várias atravessassem grandes dificuldades, como aconteceu com a Evergrande, Grupo Kaisa, Fantasia Holdings, ou Sinic Holdings.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários