Tribunal | Alvin Chau diz que apostas ilícitas são recorrentes em Macau

Alvin Chau, ex-CEO do grupo Suncity que está a ser julgado por suspeita da prática dos crimes de burla e branqueamento de capitais, disse ontem em tribunal que as apostas ilícitas acontecem com frequência em Macau, na forma de “apostas paralelas” ou “multiplicadas”, em que uma aposta dita formal, ou registada, representa apenas uma parte do real montante gasto em apostas privadas nas salas VIP. A ideia, com esta prática, é evitar o pagamento de taxas sobre essa receita, adiantou.

Segundo o portal Macau News Agency (MNA), Alvin Chau garantiu aos juízes que esta prática “acontece em quase todos os casinos em Macau, incluindo nas salas VIP operadas pelos junkets e aquelas que são directamente geridas pelos operadores de jogo”.

“Tal começou a acontecer mesmo antes da criação do grupo Suncity. Provavelmente antes da transição. É um lugar-comum. Acontece todos os dias”, frisou o primeiro arguido do processo. Esta prática, referiu ainda, acontece quando nas salas VIP se juntam grupos com mais de dez pessoas, compostos por jogadores e diferentes representantes de promotoras de jogo. “Muitas vezes os funcionários [nos casinos] podem dispersar os grupos se houver muita gente nas pequenas suites, e podem perguntar aos jogadores o que estão a fazer, e eles vão dizer apenas que são amigos”, salientou Alvin Chau.

O arguido foi questionado sobre uma possível intervenção de agências neste processo, mas Chau disse apenas “que é difícil” que isso aconteça, uma vez que apenas está em causa “um entendimento verbal entre jogadores e representantes dos junkets”.

Sem aviso

Nas declarações prestadas no segundo dia de julgamento, Alvin Chau apontou ainda o dedo ao regulador, a Direcção da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), ao referir que a entidade nunca disponibilizou materiais promocionais que informem os jogadores de que as apostas paralelas não são legais em Macau.

A acusação do Ministério Público fala de empresas ligadas à Suncity que geriam estas apostas, tendo sido revelado em tribunal um documento com regras a cumprir pelos funcionários sobre este tipo de apostas. O documento, segundo a MNA, tinha o logotipo da Suncity.

Alvin Chau, que desde o primeiro dia de julgamento nega todas as acusações que lhe são imputadas, voltou a recusar também o envolvimento da empresa que liderou. “As apostas debaixo da mesa não faziam parte do negócio da Suncity, e ninguém da nossa empresa tinha direito a autorizar este tipo de apostas”.

Acusado de operar apostas online e via telefone [em que uma pessoa funciona como intermediário na aposta], Alvin Chau disse que o grupo Suncity deixou de operar apostas via telefone em 2016, após esta acção ter sido banida em Macau, tendo continuado este tipo de operação nas Filipinas. “A Suncity apenas esteve envolvida no negócio das apostas telefónicas, mas não nas apostas online”, frisou.

20 Set 2022

Cartões de crédito | Mensagens de amigos levam a burlas

Pelo menos duas pessoas foram apanhadas num esquema onde o chamariz era um sorteio numa plataforma de compras online, publicitado por mensagens de contas em redes sociais de amigos. De acordo com informação veiculada pela Polícia Judiciária, a estratégia tinha como objectivo reconhecer dados pessoais.

Para se habilitarem a receber o prémio inexistente, foram solicitadas às vítimas informações sobre cartões de crédito e códigos de verificação. Depois de a vítima ter verificado que o seu cartão de crédito fora usado várias vezes, ligou ao amigo com quem pensava estar a falar e apercebeu-se que teria caído numa burla.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, as autoridades policiais tomaram conhecimento de outras pessoas cujos perfis em redes sociais foram pirateados e de contactos semelhantes a pedir dados bancários. Até ao momento, não foram feitas detenções, mas as autoridades continuam a investigar os casos.

20 Set 2022

Queixa contra maus-tratos em creche na Areia Preta

Uma encarregada de educação apresentou queixa na polícia contra uma creche situada na Areia Preta e acusa uma trabalhadora da instituição de actos de violência contra o filho que chegou a casa com uma mão deslocada. A situação foi denunciada ontem e resultou num comunicado do Instituto de Acção Social que afirmou estar “muito preocupado”.

Segundo a denúncia, a criança começou a frequentar a creche no ano passado e no início tudo corria bem. Contudo, em duas situações diferentes, em Dezembro e Março, a menor chegou a casa com feridas na cara. A mãe confrontou a creche, que disse que os ferimentos tinham resultado da interacção com as outras crianças.

No entanto, a 13 deste mês, a situação atingiu outras proporções. Nesse dia, a criança chegou a casa e, ao contrário do habitual, não tinha fome nem vontade de brincar, o que fez com que a encarregada de educação decidisse levá-la ao médico.

Na clínica, o médico pediu à mãe que levasse a criança para o hospital, para fazer um raio-X, porque a mão estava inchada, e sempre que era tocada causava dor. No Hospital São Januário, o Raio-X confirmou que a mão estava deslocada, o que levou a que fosse necessário tratamento para colocá-la no sítio.

Pressão alta

Após o diagnóstico, a encarregada de educação contactou a creche e exigiu esclarecimentos, tendo sido ignorada. Nos dias seguintes, foi à creche e abordou diferentes educadoras e assistentes, que lhe garantiram que não tinha acontecido nada de especial à criança. Foi ainda avançada a hipótese de a lesão ter sido causada por uma postura pouco correcta da criança, durante o período da sesta.

As explicações não convenceram a mãe que exigiu ter acesso às imagens de videovigilância. Contudo, inicialmente, só lhe foi garantido o acesso a quatro segmentos das imagens. Revoltada, confrontou a directora da escola ameaçando chamar imediatamente a polícia. Só assim teve acesso às gravações integrais.

Segundo a mulher, na gravação integral é possível ver uma das assistentes, num acto de violência, a levantar a criança por uma mão, até esta ficar totalmente suspensa no ar. A mãe acredita ter sido nesta altura que a mão foi deslocada, porque após este acto, a criança começou a chorar e as imagens mostram que deixou de conseguir agarrar objectos com aquela mão. Apesar do choro, a mãe diz que a criança foi ignorada pelas educadoras e assistentes.

Confrontado com o caso, o IAS afirmou que vai auxiliar nas investigações da polícia e declarou fazer inspecções às creches regularmente.

20 Set 2022

Covid-19 | Validade de testes para sair de Macau passa para 7 dias

As autoridades de saúde anunciaram ontem que a validade do teste de ácido nucleico para sair de Macau para o estrangeiro passou de 48 horas para sete dias. A medida aplica-se aos voos para Singapura e Taiwan

 

Macau alargou à meia-noite de ontem, de 48 horas para sete dias a validade do teste negativo da covid-19 exigido a quem apanha um voo na RAEM. O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus dos Serviços de Saúde (SSM) anunciaram ontem a medida, que também se aplica aos voos para Singapura e Taiwan.

Ao contrário de Taiwan, que ainda impõe a todas as pessoas que chegam à ilha uma quarentena de três dias num hotel designado para o efeito, Singapura permite a entrada de visitantes sem quaisquer restrições.

O comunicado do centro refere ainda que deixa de ser necessário qualquer teste para quem viaja para a região vizinha de Hong Kong, através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Hong Kong não impõe quarentena a quem chega a Macau, porém, quem entrar na RAEHK, através dos programas “Come2hk Scheme” ou “Return2hk Scheme”, terá de apresentar agora o certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo, no prazo de 72 horas após a data da amostragem, exigido pelas autoridades de Hong Kong.

Voos interiores

No que toca aos voos para a China continental, o território irá também exigir um teste negativo realizado no máximo sete dias antes da partida. No entanto, o comunicado sublinha que algumas regiões da China têm requerimentos mais apertados, que podem ir até à exigência de um teste realizado 24 horas antes da partida.

Macau segue a política de zero casos, apostando na testagem massiva da população e em confinamentos para evitar a propagação dos casos de covid-19. Ao contrário do que acontece para quem entra pela fronteira com a China continental, quem chega do estrangeiro ou de Hong Kong continua a ser obrigado a cumprir uma quarentena de sete dias num hotel, seguido de três dias de “autovigilância médica” que pode ser feita em casa.

20 Set 2022

Linguista João Veloso é o director do departamento de português da UM

João Veloso, académico ligado ao Centro de Linguística da Universidade do Porto (UP) e docente na Faculdade de Letras da mesma instituição, é o novo director do departamento de português da Universidade de Macau (UM). Rui Martins, vice-reitor da UM, confirmou esta segunda-feira, à TDM Rádio Macau, a contratação que era esperada há meses, em declarações sobre o arranque de um novo ano lectivo.

Na página curricular de João Veloso, disponível no website da UP, confirma-se que o académico está desde Julho com uma licença especial para o exercício de funções em Macau, e que termina a 30 de Junho de 2024.
Académico com agregação obtida em 2010 na UP, João Veloso é doutorado em Linguística pela UP. É especialista em diversas áreas de investigação da língua portuguesa, tal como a Fonologia e Linguística Comparada, entre outras.

No lugar de Dora

Há muito que a UM se deparava com dificuldades para contratar um director para o departamento de português, tendo em conta a impossibilidade de os estrangeiros entrarem no território devido à pandemia.

Dora Nunes Gago havia assumido estas funções em Julho de 2020 e admitiu, em entrevista ao HM, um ano depois, não querer continuar no cargo. “Não gostaria de continuar no lugar”, assumiu, tendo apontado que uma das grandes mais valias do departamento de português na UM era a investigação. Dora Nunes Gago disse ainda que a UM “tem estado no bom caminho” relativamente às respostas que o ensino superior tem de dar em matéria de cooperação regional.

O departamento de português foi anteriormente liderado por nomes como Fernanda Gil Costa, entre 2012 e 2016, e Yao Jingming, poeta, tradutor e académico.

20 Set 2022

Sector das ourivesarias espera atrair turistas de fora de Guangdong

Apesar da relativa retoma desde o último surto, a Associação das Ourivesarias de Macau queixa-se da falta de variedade de turistas, só vêm de Guangdong, e da queda da taxa de câmbio do yuan em relação ao dólar, que afasta consumidores chineses

 

Apesar de a validade dos testes de ácido nucleico para quem entra em Zhuhai vindo de Macau ter passado para 48 horas, a Associação das Ourivesarias de Macau gostaria de ver a validade dos testes aumentar para sete dias. Foi o que afirmou o presidente da associação, Kenny Lee Koi Ian, acrescentando que a medida poderia tornar o destino Macau mais atractivo para turistas de outras províncias, além de Guangdong.

“Numa altura em que é pouco conveniente viajar, o número de turistas que entram em Macau diminuiu bastante. Actualmente, a larga maioria dos nossos clientes é da província de Guangdong. Gostávamos de receber turistas de outras províncias”, indicou ontem o dirigente.

Desde o fim do último surto, entre o início de Agosto e este mês, Kenny Lee Koi Ian considera que o volume de negócios do sector das ourivesarias recuperou para cerca de 60 por cento do negócio verificado no mesmo período do ano passado.

Outra questão que tem prejudicado as ourivesarias, prende-se com a queda da taxa de câmbio do renminbi em relação ao dólar norte-americano, o que torna o preço em patacas menos apetecível para os visitantes do Interior da China. O representante do sector afirmou ontem que a relação cambial teve uma consequência “inevitável” no consumo, porém, a queda recente do preço do ouro acabou por compensar a inflação.

Nós no horizonte

Encarando o que resta de 2022, Kenny Lee Koi Ian deposita o seu maior desejo na estabilidade pandémica, que pode significar a recuperação do sector. “A segunda metade do ano é a época alta dos casamentos. Portanto, estamos optimistas para o resto do ano, em especial já para o período da Semana Dourada, assim como Natal e Ano Novo”, apontou o responsável e dono da Seng Fung Jewellery, no centro de Macau.

A Associação das Ourivesarias de Macau diz que o sector procura baixar o preço dos seus produtos para atrair mais negócio, um dos métodos passa por cortar intermediários na importação de ouro para a RAEM. Como tal, o sector tem procurado fornecedores em Shenzhen em vez de comprar através de um intermediário de Hong Kong, estratégia que pode criar vantagens regionais para Macau.

Kenny Lee Koi Ian indicou ainda que está a negociar com as autoridades alfandegárias do Interior da China os procedimentos para exportação de ouro reciclado e outros materiais produzidos na China.

Está em curso até amanhã uma inspecção à pureza do ouro vendido pelas lojas associadas, um acção desenvolvida pela Associação das Ourivesarias de Macau e a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico.

20 Set 2022

Agosto com quebra anual de turistas na ordem dos 19%

O número de visitantes em Macau no mês passado foi de 331.397 visitantes, o que representa um aumento de 3.295,8 por cento face a Julho deste ano. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), tal aumento deve-se ao “alívio das medidas restritivas nos postos fronteiriços Zhuhai-Macau no início de Agosto”, depois de um mês de fronteiras fechadas. No entanto, em termos anuais, houve uma quebra do número de turistas em 19 por cento.

Os dados mostram ainda que, em Agosto, o número de turistas foi de 177.640, um aumento de 17,5 por cento, mas o número de excursionistas foi de 153.757, uma quebra de 40,4 por cento. Os turistas ficaram uma média de cinco dias em Macau, um aumento, em média, de 1,5 dias em termos anuais. Tal deve-se ao facto de “alguns turistas terem prolongado até Agosto a sua saída de Macau por causa do anterior impacto gerado pela pandemia”.

Relativamente à origem dos visitantes, os cidadãos do Interior da China continuaram a dominar, tendo sido 290.138, mais 21,5 por cento em termos anuais, dos quais 124 mil tinham visto individual. O número de turistas oriundas das nove cidades da Grande Baía foi de 184.535, dos quais 38,9 por cento viajaram de Zhuhai. Os números de visitantes de Hong Kong e de Taiwan corresponderam a 36.205 e 4.384, respectivamente.

Entre Janeiro e Agosto, Macau recebeu 3.806.263 visitantes, menos 25,8 por cento face ao período homólogo do ano passado. Os números de excursionistas, 2.341.772, e de turistas, 1.464.491, decresceram 6,5 e 44,2 por cento, respectivamente.

20 Set 2022

FSS | Pedido de pensão para idosos disponível online

Os residentes habilitados a pedir pensão para idosos podem fazê-lo desde ontem através da aplicação para telemóvel “Conta Única de Macau”, informou o Fundo de Segurança Social (FSS). O sistema calcula “automaticamente o montante da pensão a receber pelo requerente, de acordo com as suas situações reais”.

O beneficiário “só precisa de fornecer os dados da conta bancária e fazer o reconhecimento facial para concluir o pedido”, operação que dispensa a deslocação ao posto de atendimento.

O FSS indica que os beneficiários “com idade igual ou superior a 65 anos, ou igual ou superior a 60 anos mas inferior a 65 anos, quer a inscrição no regime da segurança social feita antes 2011 (antigo regime) ou depois de 1 de Janeiro de 2011 (novo regime), desde que tenham efectuado, pelo menos, sessenta contribuições mensais e tenham residência habitual na RAEM há, pelo menos, sete anos, podem requer a pensão para idosos na aplicação para telemóvel ou na página electrónica Conta Única”.

20 Set 2022

Restaurantes com quebras de negócio acima de 70%

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o sector da restauração teve, em Julho, uma quebra de 71,4 por cento no volume de negócios, em comparação com o mês de Julho do ano anterior. Destaque para os restaurantes de comida japonesa e coreana, que registaram quebras no negócio na ordem dos 85,6 e 83,1 por cento, respectivamente.

Entre Junho e Julho deste ano, a quebra foi de 52,5 por cento no sector da restauração, sendo que os volumes de negócios dos restaurantes chineses e dos restaurantes japoneses e coreanos baixaram 73 e 71,7 por cento, respectivamente. A DSEC aponta que estes dados se devem ao impacto gerado pela pandemia na economia.

Relativamente ao comércio a retalho, em Julho, “o volume de negócios dos retalhistas entrevistados baixou 82 por cento em termos anuais”, com destaque para uma perda de 96,3 por cento no volume de negócios dos artigos de couro, e de 95,6 por cento no comércio de relógios e de joalharia. No entanto, os supermercados tiveram um volume de negócios superior a 28,7 por cento face a Julho do ano passado.

Agosto melhor

Quanto às expectativas sobre o volume de negócios, a maioria dos proprietários da restauração e dos retalhistas entrevistados prevê que o volume de negócios relativo a Agosto aumente face a Julho, “dado que, no final de Julho, não se detectaram novos casos de infecção na comunidade”.

Sobre o sector dos restaurantes, “80 por cento dos entrevistados projectou um crescimento em termos mensais do volume de negócios de Agosto, com destaque para as proporções dos proprietários dos restaurantes japoneses e coreanos, assim como dos proprietários dos estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canjas, que atingiram 91 e 88 por cento, respectivamente”.

A DSEC adianta ainda que “cerca de 13 por cento dos proprietários da restauração antevêem decréscimos mensais no volume de negócios para Agosto”.

Na realização do “Inquérito de Conjuntura à Restauração e ao Comércio a Retalho”, foram recolhidas 229 amostras do ramo da restauração e 161 do ramo do comércio a retalho, correspondentes a cerca de 53,5 e 70,6 por cento das respectivas receitas dos ramos em 2019.

19 Set 2022

Caso Suncity | Alvin Chau nega todas as acusações de que é alvo

Arrancou ontem o julgamento do caso Suncity, tendo Alvin Chau, ex-CEO do grupo, negado todas as acusações de que é alvo por parte do Ministério Público. Chau disse em tribunal que o grupo lidava com centenas de milhares de clientes e que não tinha necessidade de recorrer a apostas ilícitas

 

Alvin Chau, antigo director-executivo do maior angariador de apostas VIP do mundo, o grupo Suncity, negou ontem todas as acusações no início do julgamento em Macau por associação criminosa e branqueamento de capitais. Na sessão, apenas estiveram presentes os sete arguidos que tinham ficado em prisão preventiva, com os restantes ausentes ou julgados à revelia.

Chau, de 48 anos, disse “nunca” ter participado no crime de exploração ilícita de jogo, nem através de apostas feitas por telefone nem através da Internet. O arguido disse mesmo ter “aconselhado” um conhecido a não se envolver nesse tipo de actividade.

Já o advogado de Chau, Kuong Kuok On, defendeu não ter existido o crime de exploração ilícita de jogo, uma vez que as apostas electrónicas ou por telefone eram legais nas Filipinas até 2019.

Embora o Ministério Público (MP) de Macau tivesse, aquando da detenção de Chau, em Novembro, dito que a investigação da Polícia Judiciária só detectou a existência de um grupo criminoso em 2019, a sessão de ontem revelou que as escutas ao empresário tinham começado já em 2014.

Segundo a TDM Rádio Macau, Alvin Chau acusou o quinto arguido do processo, Chong Chi Kin, de ser o possível responsável pelas apostas paralelas, uma vez que, já antes da pandemia, o grupo Suncity lidava com centenas de milhares de clientes, pelo que não tinha necessidade de recorrer a estas operações. Esta resposta foi dada ao representante da Wynn, assistente no processo.

Alvin Chau foi confrontado com diversas mensagens escritas e de voz que servem de eventual prova do seu envolvimento nestas actividades ilegais, mas o responsável disse não se recordar do conteúdo.

Na sessão de julgamento, foi ainda abordada a alegada existência de uma empresa na China que serviria para branquear capitais. A acusação do MP dá conta que esta empresa foi criada para referir projectos imobiliários como forma de cobrança de dívidas ou linhas de crédito para clientes. A TDM Rádio Macau noticiou que Alvin Chau admitiu em tribunal ter criado uma empresa na China, mas que esta prestava um “serviço legítimo na gestão de activos”. Alvin Chau volta hoje a ser ouvido em tribunal a partir das 14h45.

Perdas gigantescas

O MP acredita que o grupo criminoso, alegadamente liderado por Chau, levou a Administração a perder cerca de 8,26 mil milhões de dólares de Hong Kong em receitas fiscais desde 2013. No pico das operações, a Suncity tinha cerca de 4.800 funcionários, uma lista de 60 mil clientes, sobretudo na China continental, e recebia em média mais de 100 jogadores VIP por dia, revelou ontem Alvin Chau.

O TJB decidiu, na sexta-feira, separar todos os pedidos de indemnização civil feitos por quatro operadores de jogo, por prever que poderiam “procrastinar gravemente o processo” criminal. O julgamento de 35 associados de Alvin Chau em Wenzhou, na província de Zhejiang, no leste da China, terminou em 12 de Agosto, com todos os arguidos a declararem-se culpados, anunciou o MP da cidade chinesa, na rede social WeChat. A polícia de Wenzhou disse que Chau terá aliciado, no total, 80 mil apostadores do continente.

A detenção do empresário e a saída da Suncity do negócio das salas VIP atingiram de forma muito significativa a indústria do jogo de Macau. O número de licenças de promotores de jogo em Macau emitidas para este ano pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos caiu de 85 para 46.

19 Set 2022

Shenzhen | Incidente em central nuclear sem consequências

Os Serviços de Polícia Unitários de Macau foram informados no domingo de uma ocorrência na Central Nuclear de Ling Ao, em Shenzhen. Segundo as autoridades, o incidente não afectou a segurança da estrutura, nem o ambiente em redor. Apesar de registar vários incidentes operacionais, a central foi reconhecida internacionalmente como a mais segura do mundo

 

O Gabinete da Comissão de Gestão de Emergência Nuclear da Província de Guangdong informou as autoridades de Macau de um incidente operacional verificado no sábado na Central Nuclear de Ling Ao em Shenzhen. O organismo do Interior avisou no domingo os Serviços de Polícia Unitários, ao abrigo do “Acordo de cooperação no âmbito da gestão de emergência de acidentes nucleares da Central Nuclear de Guangdong”.

Segundo a informação veiculada pela comissão de gestão de emergência, durante uma inspecção regular periódica realizada no sábado, “os operadores detectaram a activação inesperada de um dos motores diesel de emergência da linha A da unidade 4 da Central Nuclear de Ling Ao (O motor diesel de emergência tem como função principal o abastecimento de energia de emergência, encontrando-se geralmente no estado “hotstandby”)”.

Após a inspecção, foi verificado que o gerador a diesel e o sistema de abastecimento de energia de emergência estavam normais. “Os operadores pararam o gerador a diesel e restauraram-no ao estado inicial”. Segundo as autoridades, durante estas operações, a unidade nuclear manteve-se sempre em condições de segurança.

Sem interrupção

Segundo a Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES) e os regulamentos de segurança nuclear, a ocorrência detectada no sábado foi classificada como um incidente operacional de nível 0 (a INES classifica os incidentes nucleares em níveis de 1 a 7), ou seja, não foi categorizado como um incidente, mas um desvio que tem de ser corrigido.

As autoridades de Guangdong garantiram que a ocorrência não afectou o funcionamento e a segurança da central, nem a saúde do pessoal operacional, da população e do ambiente adjacente à central.

A Central Nuclear de Ling Ao começou a operar em 1994, foi a infra-estrutura que marcou o arranque da aposta da China na energia nuclear e primeira central no Interior da China a produzir nível de energia superiores a um milhões de kilowatts.

Enquanto parte operacional da Estação Nuclear da Baía de Daya foi reconhecida em 2020 pela Associação Mundial de Operadores Nucleares como a estrutura mais segura do mundo.

19 Set 2022

Lusofonia | Fórum sobre infra-estruturas discute cooperação

Um fórum sobre investimento e construção de infra-estruturas, que decorre este mês em Macau, vai ter um evento paralelo dedicado à cooperação entre a China e os países de língua portuguesa.

O 13.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas (IIICF) vai decorrer em 28 e 29 de Setembro, disse no domingo o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM).

O IIICF terá dois fóruns principais e oito paralelos, incluindo um dedicado ao tema “Reforço da cooperação sino-lusófona nas infra-estruturas para promover a recuperação do sector das PME” (pequenas e médias empresas).

Este fórum irá reunir profissionais da China continental e Macau para “promover a inovação” e “explorar as oportunidades de construção de novas infra-estruturas verdes, inteligentes e integradas”, disse o IPIM, na mesma nota.

O IIICF vai contar com a presença de “mais de 1.300 elementos da elite política, empresarial e académica na área das infra-estruturas provenientes de todo o mundo”, incluindo vice-ministros chineses e representantes de empresas estatais e grandes empreiteiros chineses, garantiu o IPIM.

O IIICF será realizado “principalmente” de forma presencial e “complementado” por actividades ‘online’, sublinhou o instituto.

A 14 de Setembro, o embaixador chinês em Lisboa, Zhao Bentang, defendeu a existência de “grande potencial” para projectos bilaterais nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e em Timor-Leste.

Durante a conferência “A Cooperação Empresarial Luso-Chinesa em Mercados Terceiros”, realizada em Portugal, o diplomata apontou como alvos as infra-estruturas, energia, finanças e seguradoras.

19 Set 2022

Covid-19 | Assistentes sociais em Macau lidaram melhor com o stress

Um estudo comparou a resistência dos assistentes sociais de Macau e do Interior da China ao stress acrescido pela pandemia e concluiu que na RAEM a resistência dos profissionais foi maior

 

Os assistentes sociais de Macau mostraram melhor resistência para lidarem com o trabalho e stress acrescidos pela covid-19 em comparação com os colegas no Interior. A comparação faz parte de um estudo publicado este mês, na revista British Journal of Social Work, que contou com a participação de Tang Ning, chefe do departamento de assistentes sociais da Universidade de São José.

Com o título “Stress Laboral dos Trabalhadores Sociais durante a Pandemia da Covid-19: Uma comparação entre o Interior da China e Macau”, os autores concluem que “os assistentes sociais do Interior, de uma forma geral, relataram maior stress causado pelo trabalho do que os congéneres [de Macau]”.

Segundo a explicação do estudo, o facto de a pandemia ter sido “mais grave” no Interior, com “restrições e regulamentos muito rigorosos e, ao mesmo tempo, caóticos” pode ter levado a que os trabalhadores do Interior se mostrassem mais vulneráveis face à pressão.

No pólo oposto, os investigadores traçam um cenário diferente na RAEM, em que o Instituto de Acção Social (IAS) orientou de forma clara os assistentes sociais e profissionais do sector. “Em Macau, o IAS fez parte das equipas constituídas pelo Governo para fornecer aos assistentes sociais instruções específicas e participar directamente nos trabalhos de combate à covid-19”, é indicado na conclusão. “Em grande parte, estas instruções garantiram que os assistentes sociais entenderam sempre quais eram as suas funções”, é acrescentado.

A vantagem da idade

Outro dos factores que o estudo indica como possíveis contribuições para a maior resistência local está relacionado “em parte” com a idade e experiência no posto de trabalho. “Os resultados mostram que, em comparação com os assistentes sociais de Macau, há uma maior probabilidade de os assistentes do Interior serem mais jovens, solteiros, terem um curso profissional, em vez de um curso superior, e contarem com menos tempo de trabalho na linha da frente”, é explicado.

Ao longo da investigação, é também concluído que o facto de os assistentes sociais contarem com supervisão activa contribui para a diminuição do stress, além de maior certeza face aos papéis que têm de desempenhar. Contudo, neste campo, os investigadores concluíram que o ambiente no Interior da China e em Macau não mostra disparidades significativas para ter impacto na forma como os assistentes sociais se sentiram durante os períodos mais intensos de combate à pandemia.

Além da chefe do departamento de assistentes sociais da Universidade de São José participaram ainda no estudo Sun Fei, da Universidade Estadual do Michigan, nos EUA, Zhang Donghang, da Universidade Cidade de Macau, Charles Leung, da Universidade Baptista de Hong Kong e Gao Xiang, da Universidade de Ciências e Tecnologia de Huazhong, em Wuhan.

19 Set 2022

Tribunal separa pedidos de indemnização no processo penal da Suncity

O volume de trabalho, coincidência temporal com o mega-processo das Obras Públicas e atitudes dilatórias de alguns advogados levaram os magistrados que vão julgar o processo Suncity a pedir a separação dos pedidos de indemnização civil das acusações de cariz penal.

A notícia avançada ontem pela TDM – Rádio Macau tem como base a decisão do colectivo do 2.º Juízo Criminal do Tribunal Judicial de Base, que notificou as partes e Ministério Público na passada sexta-feira.

Na decisão judicial, os magistrados defendem que “para evitar que a parte civil deste processo procrastine a parte criminal (podemos prever que o pedido de indemnização civil vai procrastinar gravemente o processo)”, “depois de considerar as vantagens e desvantagens, o tribunal, separa todos os pedidos civis deste processo”.

O colectivo acrescentou às justificações o facto de ter “em mãos” outro mega-processo de julgamento dos ex-directores dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Li Canfeng e Jaime Carion.

A decisão foi tomada “tendo em consideração que há 21 arguidos neste processo (Suncity), sete deles estão presos, há mais do que 100 testemunhas, 70 volumes de processo principal e quase 300 volumes de apenso, e o presente tribunal trata simultaneamente do processo do ex-director de DSSOPT, também com 21 arguidos neste processo, três deles estão presos e também tem mais do que 100 testemunhas, 120 volumes de processo principal e 500 volumes de apenso, o período de prisão preventiva dos dois processos é próximo.”

Outras partes

Recorde-se que além dos crimes imputados a Alvin Chau e companhia, o Governo e quatro operadas de jogo (Wynn, SJM, Venetian e MGM) pediram indemnizações, processo de natureza civil.

O despacho judicial assinado pela juíza Lou Ieng Ha acrescenta ainda que “de acordo com a evolução do presente processo, muitos advogados não manifestam uma atitude de cooperação suficiente, muito deles ainda requerem a prorrogação da audiência do presente caso (mesmo que saibamos que muitos arguidos estão presos), por isso, podemos prever que o tratamento dos dois casos urgentes pelo presente tribunal vai ser tardado”.

O tribunal justifica ainda que “como o horário da audiência do presente tribunal está apertado, e tendo em conta a corrente situação e a dificuldade do arranjo de audiência (o presente tribunal tem de tratar de dois casos enormes e que o período de prisão preventiva é próximo), não podemos prorrogar mais para condescender a parte do procedimento civil deste processo”.

19 Set 2022

DSEC | Menos trabalhadores no comércio por grosso e a retalho

No fim do segundo trimestre deste ano, o número de trabalhadores na área do comércio por grosso e a retalho, teve uma quebra de 2,1 por cento para 61.924 trabalhadores, face ao trimestre homólogo de 2021. Os números foram revelados na sexta-feira, no âmbito dos resultados do inquérito às necessidades de mão-de-obra e às remunerações referentes ao segundo trimestre de 2022.

Apesar desta redução, a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) indica que houve um aumento de um por cento, no número de pessoas a trabalhar na área do comércio a retalho, ou seja, 39.765 profissionais.

Além da diminuição de trabalhadores face ao ano passado, também os salários baixaram.
Em Junho de 2022, a remuneração média, excluindo as participações nos lucros e os prémios, dos trabalhadores a tempo inteiro era de 13.990 patacas, no que representou uma redução de 3,5 por cento, em termos actuais.

A tendência da redução dos ordenados foi comum a outras áreas, o que a DSEC explicou com o surto de 18 de Junho. “Em termos gerais, a remuneração média dos trabalhadores a tempo completo em Junho de 2022 baixou, dado que a situação pandémica ocorrida em meados de Junho fez com que nalguns ramos um grande número de trabalhadores ficasse de licença sem vencimento”, pode ler-se no comunicado.

Na área dos seguranças, também houve uma queda face ao período homólogo para 13.098 trabalhadores, menos 1,4 por cento em termos anuais. Os salários caíram 1,1 por cento em termos anuais, para 12.750 patacas.

No polo oposto, nos transportes, armazenagem e comunicações houve um crescimento dos trabalhadores, para 13.914, ou seja, 1,2 por cento, com os salários a caírem 4 por cento para 20.200 patacas por mês.

19 Set 2022

APOMAC | Suplemento de pensão leva a acusações de “discriminação”

Jorge Fão considerou que a medida de entrega de um suplemento extra da pensão de reforma deveria abranger todos os reformados, mesmo aqueles fora de Portugal, e recordou que entre 2011 e 2016 os cortes atingiram todos

 

A Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) defendeu o alargamento a todos os reformados do suplemento extra de meia pensão. A posição foi tomada depois de o Governo português ter anunciado o pagamento de um suplemento extra com a pensão, a ser entregue em Outubro, que deixa de fora os pensionistas que vivem fora de Portugal. Esta opção é vista como discriminatória.

“Isto é muito injusto para connosco. Até chega a ter alguma dose de discriminação”, afirmou Jorge Fão, presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), à Lusa.

Jorge Fão lembrou que todos os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações portuguesa, incluindo os que vivem no estrangeiro, sofreram cortes devido à Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), imposta pelo Estado português entre 2011 e 2016.

“O Governo deve alargar [o suplemento extra] a todos os reformados em todas as latitudes, porque quando cortou também cortou a todos. Se cortou a todos, então também deve pagar a todos”, defendeu o dirigente.

A 5 de Setembro, o primeiro-ministro português António Costa, no âmbito do pacote de medidas lançadas para combater a inflação, anunciou que os reformados vão receber um suplemento extra equivalente a meio mês de pensão pago de uma só vez em Outubro, para mitigar o impacto do aumento do custo de vida no rendimento.

No entanto, a resolução aprovada em Conselho de Ministros deixa de fora pessoas com pensões acima de 12 Indexantes de Apoios Sociais, ou seja, acima de 5.260 euros brutos mensais, assim como aposentados que vivam fora de Portugal.

Outro lado da moeda

Jorge Fão admitiu que a inflação em Macau, 1,38 por cento em Julho, é bem menor do que a registada em Portugal, 8,9 por cento em Agosto, mas lembrou que os reformados que vivem no território têm sofrido com a desvalorização do euro face à moeda local, a pataca.

Segundo dados da Autoridade Monetária de Macau, o euro estava sexta-feira a negociar a 8,08 patacas, longe do valor de 10,03 patacas registado no início de 2018. “No mínimo perdemos 20 por cento devido à taxa cambial”, lamentou Jorge Fão.

O pedido foi feito em duas cartas enviadas a António Costa e ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, na terça-feira. Jorge Fão disse acreditar que vivam na região chinesa cerca de dois mil reformados da antiga administração portuguesa de Macau, sendo que “algumas centenas” são membros da APOMAC.

19 Set 2022

Turismo | Sector espera 30 mil visitantes diários nos feriados

O número de visitantes durante os feriados da Semana Dourada pode chegar a 30 mil por dia, pelo menos, assim espera presidente da Associação de Indústria Turística, Andy Wu. O representante deu como pista os dados da Direcção dos Serviços de Turismo que indicaram que na sexta-feira passada entraram em Macau mais de 23 mil visitantes, o maior volume de entradas desde o último surto de covid-19. Em declarações ao jornal Ou Mun, Andy Wu confessou que o volume de turistas surpreendeu o sector.

Como nos últimos meses a origem das pessoas que visitam Macau se restringiu, principalmente, à província de Guangdong, o dirigente associativo acredita que com a pandemia estabilizada na RAEM e na província vizinha o número de entradas diárias pode manter-se acima das 20 mil.

Também o regresso do concurso internacional de fogo-de-artifício é visto por Andy Wu como uma forma de atrair turistas de Guangdong, uma. Vez que a organização de festas e actividades de grupo com muitas pessoas continuam severamente condicionados no Interior da China.

Quanto ao futuro a curto-prazo do sector, o dirigente espera boas notícias até ao fim do ano sobre as restrições impostas pelo combate à pandemia. Wu mencionou as declarações do director-geral da Organização Mundial de Saúde que apontou à proximidade do fim da pandemia, e a primeira visita de Xi Jinping ao exterior, como sinais do possível alívio das medidas de prevenção da pandemia em 2023.

19 Set 2022

Análise | Trunfos e fraquezas da nova candidata a concessão de jogo

A entrada na corrida por uma concessão de jogo de uma empresa ligada ao Genting Group foi a grande surpresa do dia de entrega de propostas. A maior vocação para resorts dirigidos para famílias e elementos não-jogo é vista como um trunfo. Para os analistas da Nomura, a questão está entre começar do zero um novo estilo de resort ou adaptar os existentes

 

A entrada em cena da GGM S.A. na corrida às novas concessões de jogo em Macau marcou o dia de entrega de propostas para o concurso público. A empresa ligada ao Genting Group e ao magnata malaio Lim Kok Thay trouxe ao processo um novo fôlego, que está a gerar muitas reacções e leituras.

Os analistas do banco de investimento Nomura realçam que a concorrente começa numa posição de desvantagem, uma vez que pouco se sabe ainda sobre a estrutura exacta da accionista da GGM S.A., mas que o grupo traz ao concurso novas valências que podem ser úteis face ao contexto que a indústria enfrenta actualmente.

“A Genting tem como trunfo a vasta experiência em resorts integrados destinados a uma clientela familiar, rumo que o Governo da RAEM quer para a indústria, privilegiando a diversificação que desloque o actual foco excessivo no jogo das actuais concessionárias”, indicaram os analistas, numa nota divulgada na quarta-feira à noite.

Os observadores realçam que apesar de as actuais concessionárias terem capacidade para se adaptar a uma nova realidade, que retire ênfase ao factor jogo, isso irá implicar alterações físicas aos seus resorts.

“Como novo operador, a GGM pode conceber um resort de raiz que corresponda às novas prioridades do Executivo de Macau, ao contrário dos operadores actuais que conceberam as suas propriedades para os velhos tempos do jogo VIP. A nova concorrente pode também adaptar-se em termos orçamentais a um índice de despesas de capital mais baixo, adequando-se a volumes de receitas brutas de jogo estruturalmente inferior” ao verificado até antes da pandemia, apontam os analistas, citados pelo portal Inside Asian Gaming.

Pedras no caminho

A Nomura destaca como um dos principais desafios da GGM S.A. a potencial dificuldade em convencer os investidores do Genting Group sobre as potencialidades do mercado de jogo da RAEM.

“Pensamos que os investidores da Genting Malaysia e da Genting Berhad podem encarar a entrada no concurso público de forma negativa por duas razões. A primeira prende-se com a incerteza em relação à recuperação da indústria do jogo de Macau, devido à política de covid zero que reduziu drasticamente as receitas brutas dos casinos. Cremos que existem poucas esperanças de que as restrições de combate à pandemia aliviem, como aconteceu no resto do mundo”, é indicado.

A segunda preocupação, que os observadores consideram mais forte, é que alguns investidores da Genting Malásia (e consequentemente o grupo) podem não se sentir confortáveis com o mercado de Macau e a incerteza que isso acarreta, principalmente tendo em conta o investimento feito na área de influência da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Além disso, a perspectiva de um grande compromisso de investimento depois de dois anos de contas apertadas devido à pandemia e do aumento das dívidas pode desagradar aos investidores mais conservadores.

Por sua vez, os analistas da JP Morgan destacaram a recente falência do Genting Hong Kong como um “mau presságio” para as chances de a nova candidata ganhar uma concessão em Macau. Além das hipóteses, ou falta delas, da GGM S.A., os especialistas da JP Morgan consideram improvável que alguma das seis concessionárias actuais perca a licença de jogo.

“Lufada” de ar fresco

Carlos Lobo, analista de jogo, considera que a entrada da GMM, ligada à Genting, no concurso público de atribuição das concessões do jogo é uma “lufada” de ar fresco no sector. As declarações foram prestadas à Rádio Macau. Apesar desta lufada, o analista não vê o interesse da Genting como uma surpresa, uma vez que esta não é a primeira vez que a empresa malaia concorre a uma licença de jogo no território.

Carlos Lobo defendeu também que apesar de as seis operadoras terem um histórico de grandes investimentos no território, que irá ser frisado nas propostas, a entrada de uma nova concorrente pode ditar mudanças no panorama do jogo. As propostas apresentadas por GMM S.A.,Wynn Resorts (Macau), S.A., Venetian Macau S.A., Melco Resorts (Macau) S.A., SJM Resorts, S.A., MGM Grand Paradise S.A. e Galaxy Casino, S.A. vão ser abertas esta manhã, pelas 10h, no 21.º andar do Edifício China Plaza.

16 Set 2022

Semana dourada | Medidas de entrada serão analisadas “de forma dinâmica”

As autoridades de saúde não planeiam alterar as medidas de entrada em Macau tendo em conta a chegada da Semana Dourada, mantendo-se os prazos de validade dos testes. Sobre a posição da OMS, que indicou que a pandemia poderá estar perto do fim, o Governo não dá sinais de mudar de estratégia

 

Aproxima-se o período de feriados da Semana Dourada, em finais deste mês e princípios de Outubro, e mesmo com as expectativas de ligeira recuperação no sector do turismo, o Governo não dá mostras de relaxar as medidas de entrada no território. “Vamos manter as medidas inalteradas. Falta algum tempo para a Semana Dourada e vamos continuar a avaliar a situação de forma dinâmica”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus. Desta forma, mantém-se os prazos de validade dos testes necessários para entradas e saídas entre Macau e a China.

O que também se mantém inalterada é a postura das autoridades em relação à pandemia, mesmo que Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), tenha dito que o fim da pandemia poderá estar próximo.

“Os Serviços de Saúde (SSM) e o Governo observam de forma estreita a avaliação da OMS em relação à pandemia. Acompanhamos de perto as orientações e medidas aplicadas no Interior da China. O que está a ser feito em Macau tem a ver com a nossa realidade”, adiantou a mesma responsável.

Na quarta-feira o director-geral da OMS declarou que “na semana passada, o número de mortes semanais por covid-19 foi o mais baixo desde Março de 2020”. “Nunca estivemos em melhor posição para acabar com a pandemia. Não estamos lá ainda, mas o fim está próximo”, acrescentou.

Sobre o caso de contacto próximo detectado num hotel em Zhuhai, e que levou ao fecho do edifício, os SSM dizem estar em contacto permanente com as autoridades da cidade vizinha e que se houver residentes de Macau envolvidos irão informar a população.

O que é ser positivo

Na conferência de imprensa de ontem as autoridades admitiram ainda ter alterado, na última sexta-feira, os valores CT, associados à carga viral, que definem se uma pessoa está infectada com covid-19 ou se está “negativa”. Se antes o valor de CT abaixo de 38 significava que a pessoa estava com covid-19, agora, para ser considerado positivo o valor de CT tem de ser inferior a 35.

“Em todos os casos, locais ou importados, é usado este critério. Quem tiver um valor de CT inferior a 35 está positivo terá quarentena estendida. Com mais de 35 significa que a infecção não foi recente e a quarentena não tem de ser prolongada [fica mais dois dias para fazer testes]. Na altura, definimos o valor 38 para decidir se a pessoa infectada ia para o hotel ou isolamento médico. Mas ao longo do tempo percebemos que muitas pessoas apresentavam o valor CT de 35, que se mantinha aquando da realização dos dois testes, o que significa um caso sem grande risco de transmissão na comunidade. Na sexta-feira passada decidimos que, quando o valor CT se mantém, não é necessário prolongar a quarentena”, revelou ontem a representante dos Serviços de Saúde, Wong Weng Man.

16 Set 2022

Trabalho | Estudo indica que 70% dos jovens estão pessimistas

Um estudo realizado pela Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau sobre a Gig Economy mostra que cerca de 70 por cento dos jovens entre os 14 e 18 anos encara com pessimismo a entrada no mercado de trabalho. O emprego a tempo parcial e freelance são vistos com bons olhos

 

A Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau revelou ontem em conferência de imprensa o resultado de um estudo sobre a chamada Gig Economy, o conceito que engloba formas alternativas de emprego como prestação de serviços avulsos a apps, trabalhos freelancer e a tempo parcial. Os inquiridos foram jovens de Macau com idades compreendidas entre 14 e 18 anos.

Uma das conclusões mais significativas e reveladoras prende-se com a óptica que os jovens têm da entrada no mercado de trabalho. O responsável do estudo, Leong Chon Kit, considera que o Governo devia ter em atenção os adolescentes prestes a entrar no primeiro emprego. “Cerca de 70 por cento dos entrevistados estão pessimistas sobre as perspectivas de emprego. Realço que este estudo foi realizado antes de o último surto de covid-19 atingir Macau, por isso acredito que o sentimento de pessimismo se deve ter agravado ainda mais”, indicou o responsável.

Independentemente das preferências e vocações profissionais, cada vez mais jovens trabalham como freelancers, a tempo parcial ou com contratos de curto-prazo. Uma tendência que a Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau entende deixar os jovens mais desprotegidos em termos de direitos laborais por falta de actualização dos regimes legais para a nova realidade.

Entre os inquiridos, apenas 26,1 por cento afirmou não querer trabalhar em empregos da chamada Gig Economy, enquanto 47 por cento disse estar disposto a aceitar a nova tendência.

Prós e contras

O estudo revela alguns resultados que demonstram conflitos geracionais, como, por exemplo, o facto de 48,2 por cento dos inquiridos achar que a nova realidade permite o acesso a boas oportunidades de emprego, ao mesmo tempo que 54,9 considera que as ofertas de trabalho não correspondem às expectativas da família.

A associação descreve que a própria pandemia veio alterar o mercado de trabalho, injectando elementos de imprevisibilidade e precariedade. Por exemplo, aumentaram as vagas para distribuidores de take-away e de influencers e outras oportunidades de marketing e vendas através das redes sociais. Todos empregos dirigidos a mão-de-obra mais jovem e à vontade com a linguagem da internet.

A associação defende que o Governo deve analisar a nova realidade laboral trazida pela Gig Economy e falar com trabalhadores destes sectores. Aliás, uma das críticas enumeradas pela Nova Juventude Chinesa é que uma fatia considerável desta economia fica de fora das estatísticas da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

O estudo foi realizado entre o fim de Maio e o início de Junho, antes do último surto de 18 de Junho. Foram recolhidas 805 respostas válidas.

DSEDJ | Estudo sobre juventude esperado no próximo ano

A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento de Juventude (DSEDJ) espera que os resultados da “Investigação Social dos Indicadores Sobre Juventude em Macau 2022” sejam conhecidos na primeira metade do próximo ano. A revelação foi feita ontem na segunda reunião plenária deste ano do Conselho de Juventude, presidida por Kong Chi Meng, director da DSEDJ. Este estudo é realizado a cada dois anos, está a decorrer entre este mês e Novembro, com a realização de várias entrevistas a jovens nas ruas de Macau e ainda questionários realizados online. A informação recolhida será utilizada como referência do Governo na formulação das políticas destinadas à juventude.

16 Set 2022

Operadoras do jogo entregaram propostas dentro do prazo estabelecido

Todas as actuais seis empresas com autorização para explorarem casinos em Macau apresentaram propostas de participação no concurso público de atribuição das novas concessões. O prazo para a participação no processo que vai escolher as concessionárias para os próximos 10 anos terminou ontem, pelas 17h45, com a apresentação de sete propostas.

Após a Wynn Resorts (Macau), S.A. ter apresentado a proposta na terça-feira, ontem foi a vez das empresas Venetian Macau S.A., Melco Resorts (Macau) S.A., SJM Resorts, S.A., MGM Grand Paradise S.A. e Galaxy Casino, S.A. na sede da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Às actuais operadoras juntou-se uma outra proposta, identificada como GMM S.A., ligada ao empresário Lim Kok Thay. Lim é o líder do grupo Genting, da Malásia, que explora casinos e que na RAEM está ligado ao edifício Resort World Macau, em construção na Rotunda Ferreira do Amaral.

Antes da entrega, uma senhora identificada como Chan, acompanhada pelo advogado Bruno Nunes, explicou que Lim Kok Thay não compareceu devido à pandemia. “Ele queria vir a Macau, mas como tem muitos negócios, não teve condições para vir”, afirmou Lim.

Trabalho de 20 anos

Na altura da entrega da proposta, o vice-presidente do Grupo Galaxy, Francis Lui, recordou o trabalho da subconcessionária nos últimos 20 anos. “Fizemos muito trabalho de preparação [para esta proposta]. Nos últimos 20 anos, sentimos que em todos os aspectos, económico, comunitário, em termos de investimento, treino dos jovens e responsabilidade social, cumprimos de forma satisfatória”, afirmou Lui, de acordo com o GGR Asia. “Por isso, gostávamos de ter a hipótese para continuar a contribuir para o desenvolvimento de Macau”, acrescentou.

Por sua vez, Pansy Ho, co-presidente da MGM China, que esteve presente no acto da entrega, disse estar “confiante” no valor da proposta apresentada. “Começámos os trabalhos de preparação da proposta há cerca de um ano”, justificou.

Também Lawrence Ho, presidente da Melco, esteve presente na entrega da proposta, mas não prestou quaisquer declarações. Antes disso, havia emitido um comunicado: “Gostava de agradecer ao Governo de Macau esta oportunidade. A nossa proposta reforça o compromisso com Macau e aprofunda a diversificação da economia”, declarou Ho. “Estamos ansiosos para assumir um papel de liderança em parceria com o Governo de Macau e executar a sua visão”, foi acrescentado. O acto de abertura das propostas está agendado para sexta-feira, pelas 10h, no 21.º andar do Edifício China Plaza.

15 Set 2022

Jogo | Ligações com a Suncity “tramam” The Star Entertainment

A The Star Entertainment foi considerada sem idoneidade para explorar casinos em Novas Gales do Sul, na Austrália, num relatório publicado pela Comissão Independente do Jogo. O documento dado a conhecer na terça-feira feira faz várias as menções ao empresário Alvin Chau e ao grupo Suncity.

De acordo com o portal GGR Asia, o relatório indica que “na segunda metade de 2019, apesar de tudo o que era conhecido pelas empresas do universo The Star sobre a Suncity e o senhor Chau não houve avaliações de risco adicionais sobre as ligações com a Suncity e o senhor Chau”, pode ler-se no documento.

Em causa, está um outro relatório que focou as relações entre a Crown, empresa do jogo australiana, as ligações com o grupo promotor de jogo em Macau e as crescentes suspeitas de actividades de lavagem de dinheiro. “Nestas circunstâncias, foi totalmente indesculpável e inconsistente com as obrigações das operadoras de casino de avaliarem os riscos de infiltrações criminosas e de actividades lavagem de dinheiro”, é acrescentado no relatório sobre a The Star Entertainment.

A empresa foi assim considerada, nas condições actuais, sem idoneidade para estar focada, ou sequer associada, à exploração de qualquer casino em Novas Gales do Sul. Contudo, o relatório não indica que medidas devem ser tomadas para que a empresa possa continuar a operar.

15 Set 2022

ADM | Associação “paralisada” com novos critérios da Fundação Macau 

A cantina da Associação dos Macaenses deveria reabrir este mês, mas tal não será possível. Eventos como a festa de Natal vão obrigar a uma ginástica orçamental e a planos de gestão alternativos. Miguel de Senna Fernandes, presidente, diz que os novos critérios de subsídios definidos pela Fundação Macau vieram baralhar os planos da direcção

 

Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM), diz que a entidade está “paralisada” devido, em parte, aos novos critérios de atribuição de subsídios a associações definidos pela Fundação Macau (FM).

O facto de terem sido feitos cortes financeiros e de o montante ser definido consoante o número de actividades realizadas está a limitar o alcance que a ADM pode ter.

A reabertura da cantina, um dos espaços mais frequentados pela comunidade macaense, mas não só, não tem data para voltar a abrir portas, desde que os funcionários rescindiram contrato em Abril deste ano e deixaram Macau.

Entretanto, contratar tornou-se quase impossível devido à falta de dinheiro e de recursos humanos.
“A ADM está parada por causa das restrições e há muitas limitações que se impuseram. A cantina ficou completamente estagnada e vamos procurar reabri-la. Neste momento ainda não há condições porque não tem sido fácil a contratação de pessoas porque não há dinheiro. Logo que haja condições financeiras para a contratação, obviamente que a cantina não vai parar. Talvez no início do próximo ano [possa reabrir], mas nem quero apostar numa data.”

Sim às actividades

A ADM está, assim, apostada na realização de diversas actividades, nomeadamente vários eventos de Chá Gordo até ao final do ano, entre outras. “Até ao fim deste ano a ADM vai apostar em várias actividades, dentro das condições mínimas que tem, para merecer este atendimento da FM. Ficamos praticamente paralisados em vários eventos do exterior, como a Festa de Natal ou de S. João, sem pessoal não vamos conseguir realizá-los. Estamos limitados em tudo o que envolva confecção de comida.”

A realização da festa de Natal, algo habitual para muitas associações locais, está também em risco. “Vamos ver se conseguimos fazer a festa de Natal, porque precisamos de pessoal e mais apoio. Já não temos dinheiro para essa festa e vamos ter de arranjar uma solução minimamente comportável para os sócios e que cubra as despesas mínimas, como a própria refeição e a banda”, disse Miguel de Senna Fernandes.

15 Set 2022

FAOM | Cerca de 80% forçados a não trabalhar durante surto

Um inquérito realizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) conclui que cerca de 80 por cento dos inquiridos foi obrigado a não trabalhar durante o último surto de covid-19, que teve início a meio de Junho.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, 78 por cento dos entrevistados disseram que o empregador suspendeu o funcionamento, enquanto 40 por cento diz ter recebido metade do salário habitual. Por sua vez, 37 por cento dos trabalhadores entrevistados ficou em licença sem vencimento no mesmo período.

Destaque ainda para o facto de 57 por cento dos entrevistados entender que o único factor que pode melhorar a situação de emprego é normalizar a passagem transfronteiriça entre Macau e o Interior da China. O inquérito foi realizado em Agosto e contou com 3.462 respostas válidas. Os responsáveis pelo inquérito sugerem que o Governo atribua a cada residente mais oito mil patacas em cartão de consumo, além de criar um sistema de apoio a residentes obrigados a não trabalhar, bem como a melhoria da sua formação profissional.

14 Set 2022