Andreia Sofia Silva PolíticaTabaco | Casinos mostram estudo contra a proibição total As seis operadoras de Jogo e uma associação reuniram-se ontem com os deputados, tendo mostrado as conclusões de um estudo sobre o fim do fumo nos casinos, já divulgado. A consulta pública ao sector deverá continuar mais dois meses [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]estudo encomendado pelas seis operadoras de Jogo e feito pela consultora KPMG, no âmbito da revisão da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo, chegou ontem às mãos dos deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). O documento, já divulgado, revela o pedido de manutenção das salas de fumo por motivos económicos. A reunião de ontem decorreu com a presença de representantes das seis operadoras, da consultora KPMG e da Associação dos Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau. Chan Chak Mo, presidente da Comissão, admite que o sector continua a exigir ao Governo que mantenha as salas de fumo nos casinos. “Há um consenso quanto ao rumo de orientação de que Macau está a afirmar-se como um centro mundial de turismo e lazer e, como conclusão, esperam que na proposta de lei seja aditada uma norma que permita a criação de salas de fumo que satisfaçam alguns requisitos e para os jogadores poderem ter uma opção”, referiu. Uma das associações, a Associação dos Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau, chegou mesmo a propor salários mais altos para os funcionários que tenham de ser sujeitas ao fumo passivo. “A opinião é de manter as zonas para fumadores e não fumadores. Para aqueles que queiram trabalhar nas zonas de fumadores o salário deve ser proporcionalmente elevado. Falamos sobre a sujeição ao fumo passivo”, explicou Chan Chak Mo. Os representantes do sector disseram ainda aos deputados que podem surgir consequências económicas com o fim do fumo total nos casinos. Da sobrevivência “Foi afirmado que a competitividade é cada vez mais acesa em relação aos casinos de outras regiões. Noutros países as receitas aumentaram, mas em Macau as receitas caíram. Não sei se é por causa da política do Governo chinês para facilitar a sua saída para o exterior, é mais fácil deslocar-se à Coreia ou América, e temos de agir cautelosamente e avaliar quais os impactos para o sector dos casinos e para as nossas receitas”, disse Chan Chak Mo. “Essa política radical irá afectar a sobrevivência”, apontou ainda o deputado. “A obtenção do visto em Singapura e nas Filipinas é mais fácil e por isso essas pessoas vão jogar a essas regiões e isso vai afectar a economia, a sobrevivência das salas VIP e o emprego dos trabalhadores”, referiu o deputado. O processo de auscultação a associações continua hoje, com um encontro entre a 2.ª Comissão Permanente e a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). “Vão participar as associações dos sectores que vão sofrer o impacto dessa política”, frisou Chan Chak Mo, lembrando que o processo de consulta só deverá estar concluído daqui a um ou dois meses. De frisar que o estudo aponta que “as seis operadoras mostram um total apoio às medidas de controlo do tabagismo do Governo”, mas que a manutenção das salas de fumo “com uma ventilação própria podem ser uma alternativa à proibição total do fumo”.
Filipa Araújo Manchete PolíticaPortugal | Marco histórico na vida política com a queda do Governo Fez-se história em Portugal. Uma união da esquerda fez cair uma coligação de direita, eleita nas últimas legislativas. A batata quente está agora nas mãos de Cavaco Silva. Para Socialistas e Democratas locais este é um momento único da história política de país [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão foi uma surpresa. Há semanas que o Partido Socialista (PS), o Partido Comunista (PCP), o Bloco de Esquerda (BE) e os Verdes participavam em reuniões conjuntas para avançar com um acordo de coligação informal. Na terça-feira foi o dia. Assinados três acordos, “muito idênticos” entre a esquerda portuguesa, a moção de rejeição ao programa de Governo da coligação Portugal à Frente (PAF) avançou e reuniu 123 votos a favor e 107 contra. O Governo de Portugal, reeleito a 4 de Outubro, caiu. “Isto é um marco histórico. Em 40 anos é a primeira vez que tal acontece numa democracia. Um grupo, neste caso a coligação que ganha as eleições, é rejeitada pelo parlamento”, começa por defender, ao HM, Arnaldo Gonçalves, analista político, reforçando que em “democracia temos de nos habituar a estas coisas”. Um desacordo acordado Foram 11 os dias que a coligação dos democratas se aguentou no poder. Duas semanas que anteciparam, diz Arnaldo Gonçalves, uma “fase muito difícil para Portugal”. “Acredito que estão para vir momentos muito difíceis, acho que o acordo [da esquerda] está preso por arames, não nos dá qualquer segurança de estabilidade”, reforçou. Em causa estão três acordos assinados com os partidos de esquerda transformados num documento de 138 páginas. “Estes acordos dizem respeito ao primeiro ano de legislatura, a partir daí será analisado caso a caso. Ou seja, para quem conhece o comportamento comunista em 40 anos de democracia, e sobretudo do seu braço operacional que é a intersindical, vai perceber que isto será uma completa confusão”, defende, prevendo que o país entre num estado de “greves todas as semanas”, “manifestações na rua” e “números da economia a descer a pique”. Classificando-o com um programa “oportunista”, Arnaldo Gonçalves acredita ser um documento de “colagem de medidas que a esquerda copiou dos vários partidos para no fundo procurar fazer pontos na negociação”. Para Miguel Bailote, líder do Partido Social Democrata (PSD) de Macau, estes novos programas em nada se parecem com o programa inicial do PS. “Penso que grande parte do eleitorado do PS não votou nesta solução de António Costa. O programa político socialista não tem nada que ver com a maioria de esquerda”, defendeu. “É muito difícil o PS manter um programa com as políticas que o BE e o PCP vão pedir, parece-me que será um Governo muito frágil, mas o tempo o dirá”, indicou. Um acordo acordado Do outro lado do círculo está Tiago Pereira, líder do PS de Macau, que reforça o “marco histórico na política portuguesa”. “Isto é um sinal de maturidade da democracia em Portugal”, reforça. Um Governo do PS apoiado por partidos de esquerda, tal como classifica o líder socialista, vem romper a programa da direita que se baseava em “políticas de austeridade”. “O PS, PCP e BE encontraram pontos comuns para construir um entendimento de salvaguarda do estado social, a rescisão da política de austeridade, o crescimento económico e o combate ao desemprego”, defendeu. Questionado sobre a possível, ou não, instabilidade de um acordo a um ano, e não a quatro, Tiago Pereira assegura que é um procedimento “normal em democracia”. “Percebo o receio que existe a uma eventual queda do Governo a meio da legislatura, mas esse perigo não é maior do que aquele que existiria num Governo de coligação, como aconteceu à PAF em 2013, que quase caiu. Portanto a discussão durante a legislatura deve acontecer e deve acontecer de forma clara e transparente para que todos possa acompanhar”, argumenta. Juiz decide Onde é que se vai buscar o dinheiro para diminuir a despesa pública e aumentar as receitas é a pergunta que salta cá para fora. “Não vejo nenhum milagre a acontecer. É importante perceber que se não cumprirmos as responsabilidades internacionais seremos penalizados”, argumenta Arnaldo Gonçalves. Com a batata quentes nas mãos está agora o Presidente de República, Cavaco Silva, que tem à sua frente, segundo a Constituição Portuguesa, três caminhos possíveis: avançar com um Governo de Iniciativa Presidencial, manter um Governo de Gestão até novas eleições ou, simplesmente, não fazer nada, pois o seu mandato termina em dois meses e deixaria assim a decisão para o seu sucessor. Note-se ainda que, segundo a Revisão de 1982 à Constituição, a Assembleia da República, órgão com mais poder, não pode ser dissolvida nos primeiros seis meses de nomeação, ou seja, até ao segundo trimestre de 2016. “O Presidente da República não tem grande margem de manobra neste momento para constituir Governo de iniciativa presidencial nem prolongar o 20º Governo”, defendeu Arnaldo Gonçalves. Ainda assim, para Miguel Bailote, em caso de futuras eleições, e segundo as sondagens, existe de forma clara a possibilidade da coligação PAF voltar a ganhar. “Acredito nisso, as sondagens indicam [que se vai] nesse sentido”, sublinhou. “Terá de aceitar. Existem teorias sobre isto, várias. (…) Há sinais de que Cavaco Silva convide António Costa a formar Governo. Tudo indica que isso de facto irá acontecer. Não o fazer iria abrir uma crise política grave em Portugal e teria repercussões muito graves para o país, todos têm consciência disso”, remata. VOX POP | O diz o povo Joana Couto, realizadora “Não percebo a reacção de pessoas que conheço que não votaram na direita e agora estão com conversas cheias de repugnância. Há sempre a queixa de que é tudo a mesma coisa. Não estou nada alarmada com esta coligação [informal], acho que é bom experimentar uma coisa diferente. Claro que sinto alguma preocupação, não sei se a esquerda se aguenta uma legislatura, mas espero que não haja muitas discordâncias, principalmente pelo partido comunista.” Hugo Bandeira Maia, advogado Só poderia aceitar um Governo de esquerda se todos tivessem de acordo, não assim, com a existência de acordo feitos à pressa [com cada partido] e muito mal desenhados. Não posso concordar com isso. Na minha visão, este grupo da esquerda não se aguenta uma legislatura, irá cair em pouco tempo. Célia Boavida, consultora “Sou politicamente de esquerda, portanto estou contente que eles se tenham unido. Nunca fui a favor de regimes de direita, portanto sim, estou contente. Agora é preciso esperar pelas declarações do Presidente da República e perceber o que será o futuro. Não faço ideia de qual a decisão que poderá tomar, é sempre muito complicado. Ainda por cima quando as sondagens [em caso de eleições] indicam que a coligação de direita venceria outra vez. Vai ser difícil governar e tomar decisões, isso vai.” José Álvares, Advogado “A antítese entre os programas dos diferentes partidos que fazem parte deste entendimento de esquerda é tal que será impossível uma solução de governabilidade no nosso país. Tenho, sinceramente, medo que se coloquem em causa todas aquelas medidas que tão arduamente atravessámos durante estes quatro anos que durou este Governo de PSD/CDS. Acho que o maior exemplo desta alternativa de esquerda é a Grécia. Se as pessoas não querem abrir os olhos com os exemplos que já existem, então aí, não há nada a fazer”. Medidas para todos os géneros PS com PCP Descongelamento das pensões Redução do IVA na restauração de 23% para 13% Reposição dos feriados retirados Reversão dos processos de concessão/privatização das empresas de transportes terrestres Combate aos recibos verdes ilegais e ao abuso de estágios Vinculação dos trabalhadores docentes e não docentes das escolas Não admissão de qualquer novo processo de privatização PS com Verdes Revisão dos contratos de concessão Manutenção no sector público dos serviços de água Alargamento do sistema de estímulos fiscais às PME Assegurar transportes públicos, nomeadamente no interior e zonas rurais do país Criação de condições nas tarifas sociais que permitam o acesso de todos à água Actualização anual das pensões de acordo com a lei de 2006, suspensa desde 2010 Aumentar a produção e produtividade das fileiras florestais PS com BE Actualização das pensões e fim ao corte nominal Proibição das execuções fiscais Fim das concessões e privatizações Salário mínimo atinge os 600 euros [a quatro anos] Regularização dos falsos recibos verdes Reposição gradual dos salários da Função Pública [75% até ao terceiro trimestre de 2016] Anulação das concessões e privatizações dos transportes colectivos de Lisboa e Porto “Portugal é nova Grécia”, diz imprensa internacional “Europa treme perante uma nova Grécia”, dita o jornal alemão Die Welt na sua edição de ontem, imediatamente após a queda da coligação PAF no parlamento português. O periódico da Alemanha fala de quedas abruptas do PSI 20 na Bolsa de Valores durante a sessão de segunda-feira, à qual se junta uma subida dos juros. Para os analistas do Citi, citados pelo mesmo jornal, o acontecimento da passada terça-feira era já esperado: “Alertámos, no Verão, que Portugal podia ser a próxima Grécia”. O britânico The Guardian, por sua vez, fala de um acontecimento “sem precedentes” feita por uma “aliança impensável” há duas semanas. O periódico do Reino Unido faz a distinção entre os dois países. “Ao contrário da Grécia, onde lidera um partido de extrema esquerda, os Comunistas portugueses e o Bloco de Esquerda desempenham apenas um papel de apoiantes”, refere na edição de ontem. Já as publicações Daily Telegraph e Daily Mail falam de uma aliança “histórica”, mas de sinais de fragilidade relativamente às negociações entre a União Europeia e o país. No entanto, nenhum média estrangeiro saiu com manchete dedicada ao destronamento do governo liderado por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Actualmente, só Portugal se junta à Grécia em termos políticos. Apenas estes dois países são agora liderados por forças afirmativamente de esquerda.
Flora Fong PolíticaTrans-Pacífico | Pró democrata quer participação em parceria [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]g Kuok Cheong quer que o Governo se inclua no Tratado de Livre Comércio Trans-Pacífico (TPP, na sigla em Inglês), o acordo que permite eliminar taxas entre diferentes países para a comercialização de determinados bens e serviços. O deputado da ala democrata considera que Macau não devia perder a oportunidade de fazer parte do TPP, já que, diz, é uma “oportunidade de participação num parceria que não deve ser ignorada”. Numa interpelação escrita, Ng Kuok Cheong lembra que o acordo foi já assinado por 12 países, onde se incluem a Malásia, o Japão e o Vietname, e relembra que a China continental “não consegue reunir os critérios” para entrar no acordo, ainda que seja “a segunda maior economia do mundo”, mas diz que a RAEM “não deve ignorar a oportunidade”, já que tem condições para isso. “Macau não deve desvalorizar as próprias vantagens e condições espectaculares do acordo”, frisa na interpelação escrita entregue ao Governo. “O Governo de Macau concorda que a RAEM tem condições para entrar na parceria TPP, já que Macau tem implementada uma economia liberal? Os requisitos de participação passam pela eliminação do imposto aduaneiro que impede o comércio e investimento, o aumento da protecção ambiental e os direitos de trabalhadores. Comparando a situação de Macau [com outros locais], o Governo não considera que conseguimos entrar ou é preciso aperfeiçoar as condições?”, questionou. Ng Kuok Cheong quer ainda saber se o Governo já pensou na viabilidade de participar no acordo e eventualmente comunicou o plano ao Governo Central.
Andreia Sofia Silva PolíticaLAG | Chui Sai On exortado a apresentar medidas económicas Apesar de não esperarem novidades na apresentação das LAG para 2016, deputados e um académico acreditam que Chui Sai On terá de apresentar medidas que respondam à quebra das receitas e ao abrandamento económico [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]já daqui a uma semana que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, vai à Assembleia Legislativa (AL) apresentar mais um relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016. Apesar de serem poucas as expectativas colocadas em termos de apresentação de novas políticas por parte de deputados contactados pelo HM, é exigido a Chui Sai On medidas de resposta à quebra do sector do Jogo e de promoção ao emprego. “O Chefe do Executivo sempre teve a tendência para apresentar declarações e discursos das LAG de uma forma bastante genérica e abstracta”, começa por dizer o deputado José Pereira Coutinho. “As alterações importantíssimas que estão a decorrer no sector económico, do jogo, obrigam a que o Chefe do Executivo nos diga o que é que se pode fazer mais para além da criação da Comissão para a Construção de um Centro Mundial de Turismo e Lazer. É mais uma comissão, para além da Comissão de Desenvolvimento de talentos, percebemos que é muita laranja da qual se extrai pouco sumo. É nesse aspecto que ainda temos uma ténue esperança do que em termos de novidades e direcções para o futuro nos possa ser dito”, acrescentou o deputado. A deputada Kwan Tsui Hang, que vai apresentar ao Chefe do Executivo perguntas sobre a economia e o emprego, considerou ao HM que “há problemas no ambiente económico”, defendendo que é importante Chui Sai On apresentar respostas. “Devido à quebra da economia, poderemos ter problemas ao nível do emprego. Quero que o Chefe do Executivo esteja preparado para responder face ao desemprego dos residentes locais”, disse ainda. Para além disso, a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) acredita que Chui Sai On tem de apresentar medidas sobre a falta de terrenos e o seu aproveitamento. O HM contactou ainda o académico Larry So, que reitera a necessidade de novas políticas de reacção à quebra das receitas dos casinos. “Deveria apresentar medidas em relação à quebra das receitas do Jogo e o que vai ser feito para responder a isso. Será que conseguimos de facto diversificar a nossa economia?”, questionou. Música de sempre Sendo este o primeiro ano do segundo mandato de Chui Sai On, o último que cumpre como Chefe do Executivo, os olhos estão virados para as políticas que ainda não cumpriu e que terá de realizar até 2019. A habitação, a saúde e o sistema de transportes continuam, aos olhos dos especialistas, a ser os problemas que a população quer ver resolvidos. “Os residentes anseiam por algumas novidades, isto porque é um Governo que entrou em funções há quase um ano. E de facto os cidadãos não sentem as mudanças e expectativas desta mesma mudança. O facto é que os problemas estruturantes do passado mantém-se presentes, como a habitação, saúde, transportes ou a qualidade de vida das pessoas”, defendeu José Pereira Coutinho. Já Larry So não espera “nada de novo na apresentação do Chefe do Executivo”. “É o segundo mandato e há muito trabalho de casa que precisa ser terminado. Há medidas nas áreas da habitação e saúde que deveriam ser abordadas. A outra questão tem a ver com a legislação que tem de ser concluída, porque temos dezenas de leis que precisam de ser feitas nos próximos anos. Há muito trabalho por concluir antes do fim do mandato”, lembrou o académico, ex-docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM). “Na área da saúde vamos ter um novo hospital no Cotai, mas provavelmente vamos enfrentar mais atrasos no futuro. Mas podemos fazer algo a esse nível. Ao nível da habitação, acredito que não há muito mais que possa ser feito, mas penso que o Chefe do Executivo vai ser muito firme em termos da recuperação dos terrenos não aproveitados. Antes do mandato dele terminar poderemos ver novas casas, mas ainda está muito longe da procura. Ao nível do sistema de transportes temos muitos problemas e não sabemos se o Metro Ligeiro vai estar ou não pronto no próximo ano”, lembrou. O deputado Ng Kuok Cheong acredita que Chui Sai On “não vai fazer as coisas que são apresentadas no relatório”, e defende que o Chefe do Executivo deve apresentar “medidas para mais habitação pública e a recuperação dos terrenos desocupados. Quero medidas mais claras sobre o Metro Ligeiro e espero que todas as obras possam ser iniciadas no próximo ano”. Para o deputado democrata, o hemiciclo “deve fazer mais pressão quanto à supervisão dos trabalhos do Governo”.
Leonor Sá Machado PolíticaAdministração e Justiça | Foco em novo edifício dos tribunais e reformas Sónia Chan apresenta as LAG para a sua pasta já nos dias 23 e 24. As prioridades dividem-se: Pereira Coutinho ironiza a primazia dada aos pandas e pede rapidez na resolução de “disparates do passado”. O advogado Pedro Leal quer magistrados mais experientes e o campus de justiça o quanto antes [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, apresenta as Linhas de Acção Governativa (LAG) da sua pasta já nos dias 23 e 24 deste mês, somente oito meses depois de ter sido apresentado o plano para este ano. Contactado pelo HM, o deputado e presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) José Pereira Coutinho começou por ironizar o facto dos pandas terem sido uma prioridade. “Agora é altura de tratar dos seres humanos”, disse. Depois de empossada, Sónia Chan encarregou-se de resolver toda a celeuma que há meses assolou o facto de um dos pandas do parque de Seac Pai Van ter falecido. E assim foi. No entanto, segundo Pereira Coutinho, questões como a criação de um fundo para os reformados da Função Pública, a alteração dos trâmites de contratação dos Serviços de Administração Pública (SAFP) ou a reestruturação dos serviços públicos ficaram para segundo plano. Funcionários primeiro O deputado espera que estas LAG tragam mais novidades. É que, diz, “nada foi feito” pela dirigente até agora. Mais uma vez, Pereira Coutinho aponta o dedo àquela Secretaria que, diz, deveria actualizar o regime que diz respeito às regalias do pessoal aposentado da Administração. “A lei que foi promulgada em 2007 só contabiliza as diuturnidades a partir desta data, o que é manifestamente injusto”, lamentou. Questionado sobre os recentes anúncios de Sónia Chan relativos à fusão dos Serviços de Assuntos Jurídicos (DSAJ) com os Serviços de Reforma Jurídica e Direito Internacional (DSRJDI) e da entrega da proposta relativa ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), o presidente da ATFPM toca na ferida: “isso é tudo para resolver disparates do passado”. Pereira Coutinho referia-se ao trabalho desenvolvido pela ex-Secretária Florinda Chan. Irracionalidade à parte Já o professor do departamento de Administração Pública da Universidade de Macau (UM) Newman Lam diz que “ainda é cedo para falar de resultados” dos trabalhos da Secretária. É que “passou pouco mais de meio ano”, argumenta o académico. “Sónia Chan tem dito todas as coisas certas, mas ainda não se viu muito”, argumentou. Questionado sobre aquilo que gostaria de ver apresentado nas LAG do próximo ano, Newman Lam fala da conclusão do recrutamento centralizado, que teve início há dois anos, mas não há meio de ser finalizado. No entanto, o professor acredita que as próximas LAG da pasta de Sónia Chan terão um carácter “muito mais retórico” do que de acção. Kun Sai Hoi, director da Associação de Técnicos da Função Pública prevê que Sónia Chan dê ênfase à fusão de serviços da Administração, apoiando assim a previsão do director dos SAFP, Kou Peng Kuan. Kun considera que também a criação de órgãos municipais sem poder político estarão na agenda. Está em curso em estudo, mas o director quer mais: “Acho que é um trabalho muito importante e que deve ser calendarizado até para o ano”. Crucial é também, adianta, “proteger os funcionários públicos envolvidos na reestruturação dos serviços”, um dos trabalhos basilares de Sónia Chan. O representante espera ainda que o Governo pense mais nos funcionários básicos. No entanto, considera ser difícil criar um regime de actualização das remunerações por categorias, apontado num estudo das LAG de 2015. Para o director, é “irracional” que funcionários de escalões mais elevados possam ter uma percentagem de aumento de salário menor do que os de escalão mais baixo. Vira o disco e… Previsões são escassas, mas pedidos há muitos. É o caso da contratação de “magistrados experientes” do advogado Pedro Leal. Ao HM, lamenta que a Secretaria para a Administração e Justiça “continue tão relutante” quanto à ideia de recrutar mais pessoal. O jurista não acredita que esta questão chegue sequer a ser motivo de debate no hemiciclo. Pedro Leal fala, no entanto, de celeridade em resolver o assunto do Campus de Justiça, prometido ao sector de magistrados há vários anos. É de “solenidade” e “celeridade” que o advogado fala. Pedro Leal lamenta que apenas uma situação de “casa arrombada, trancas à porta” possa vir a resolver o problema. “Quando um réu que se sinta injustamente acusado vier no mesmo elevador do advogado de acusação e lhe fizer alguma coisa, o Governo apressa-se a mudar a situação”, disse. Inadmissível, disse ele “Sónia Chan devia mexer na Lei de Bases de Organização Judiciária. Não se percebe como é que até hoje não se reformulou toda a estrutura do TUI, que funciona com apenas três juízes, o que é inadmissível”, apontou Pereira Coutinho. O deputado está ao lado do advogado Pedro Leal na questão da criação do Campus de Justiça. “Não se percebe como é que, em termos de estruturas físicas, passaram tantos anos e com tanto dinheiro, ainda não tenhamos o Campus prometido pelo Governo”, argumentou. “É impensável que os tribunais continuem a funcionar em centros comerciais”, continuou Pereira Coutinho.
Flora Fong PolíticaFunção Pública | Fusão da DSRJDI e da DSAJ “quase concluída” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]fusão da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) e dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI) está quase pronta. Esta vai permitir uma forma de coordenar a produção legislativa por forma a evitar processos desnecessários, num trabalho que será feito em conjunto com a Direcção dos Serviços para a Administração e Função Pública (SAFP). A informação foi avançada no âmbito de mais uma edição do programa “Macau Talk”, no canal chinês da Rádio Macau, que contou com a presença de Kou Peng Kuan, director dos SAFP, e Diana Costa, directora substituta da DSAJ. “Estamos a criar um mecanismo de coordenação para a legislação, o que faz com que o organismo da justiça possa participar nos processos de elaboração das leis, por forma a evitar etapas desnecessárias”, confirmou Diana Costa. A responsável da DSAJ relembrou ainda que a produção de leis está actualmente a cargo de cada departamento público, e que, aquando da entrega das propostas de lei à DSAJ, estas podem não ser aceites caso sejam encontrados problemas. Tudo a andar Kou Peng Kuan, director dos SAFP, não avança com datas, mas assegura que este ano vai ser concluída esta reestruturação. O responsável garante que trabalhadores e chefias dos dois serviços vão receber o tratamento “adequado”. Já em relação aos trabalhadores, Kou Peng Kuan garante que não vão ser dispensados funcionários e tudo está a ser feito para evitar sobreposição de funções. A fusão dos dois organismos é uma das principais tarefas apontadas para este ano pela tutela de Sónia Chan, mas não são estes os únicos que vão sofrer alterações. “Nos próximos dois anos o Governo vai reorganizar mais de dez serviços públicos, incluindo a fusão da Comissão do Grande Prémio com o Instituto do Desporto. Kou Peng Kuan revelou ainda que em 2016 vai ser dado maior foco à melhoria do regime de avaliação de desempenho dos funcionários públicos, bem como dos processos administrativos. “Estamos a considerar o lançamento de um inquérito por parte de uma terceira instituição de ensino superior sobre a avaliação do desempenho dos funcionários públicos, onde iremos recolher as opiniões dos cidadãos”, disse o director dos SAFP. Quanto aos trabalhos administrativos, Kou Peng Kuan pretende criar vários critérios e um sistema de supervisão dos processos, para que a população conheça as diversas fases de andamento dos trabalhos.
Joana Freitas Manchete PolíticaRendas | Projecto de deputados vai a votos quinta-feira Tectos máximos para os aumentos das rendas, mais poder de fiscalização para o Governo face aos contratos e o cumprimento de dois anos de contrato. São estas algumas das sugestões deixadas por um grupo de nove deputados, encabeçado por Chan Meng Kam, que apresentou à AL um projecto de lei sobre o arrendamento [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Assembleia Legislativa (AL) vai analisar e votar um projecto de lei que pretende implementar um mecanismo legal de actualização de rendas e mais fiscalização. Marcada para quinta-feira, a sessão vai permitir a discussão e eventual aprovação de um diploma há muito esperado e apresentado por nove deputados, entre os quais o mentor do projecto, Chan Meng Kam. Um dos pedidos da nova lei – que pretende alterações ao Código Civil – é que as actualizações das rendas sejam feitas de acordo com o previamente combinado pelas duas partes e sempre “dentro de um coeficiente aprovado” previamente pelo Chefe do Executivo. Este tecto teria, então, em conta “a situação do mercado imobiliário e o índice dos preços ao consumidor”. Além disso, Chan Meng Kam, José Pereira Coutinho, Kwan Tsui Hang, Ho Ion Sang, Gabriel Tong, Song Pek Kei, Zheng Anting, Ng Kuok Cheong e Leonel Alves sugerem que o Governo tenha poder de fiscalização dos contratos de arrendamento. “Imigrantes ilegais, estrangeiros sem autorização de permanência e trabalhadores ilegais arrendam casas (…) e, perante este cenário, sugere-se que a autoridade pública possa intervir na celebração [do contrato]”, pode ler-se na Nota Justificativa. Os deputados querem ainda que seja literalmente cumprido o que está na lei actual: que os senhorios não possam fazer contratos menores do que dois anos. Mas pedem que, no caso das pequenas e médias empresas, os arrendamentos sejam válidos por três anos, de forma a que possam expandir os seus negócios. E os senhorios também Os deputados admitem que há casos “irrazoáveis” de subida de rendas e que muitos deles aconteceram dentro do prazo de vigência dos contratos, mas no projecto apresentado não são só os arrendatários que saem protegidos. Também os senhorios têm um capítulo dedicado a si, contra “arrendatários trapaceiros”, os que não cumprem o pagamento das rendas ou demoram a desocupar as fracções após o termo do contrato. Apesar de admitirem que estes casos podem ser resolvidos em tribunal, os deputados falam de gastos de dinheiro e tempo e pedem que, face às revogações de contratos, seja revogada a permissão de que os arrendatários possam terminar o contrato desde que avisem com noventa dias de antecedência. Assim, nenhuma das partes pode deixar de cumprir dois anos de arrendamento no caso das habitações. Mais ainda, o grupo pede que seja implementado um Centro de Arbitragem do Arrendamento, de forma a que “haja um mecanismo de arbitragem com vista a facultar mais uma opção para a resolução dos conflitos” e “simplificar o processo de resolução” dos litígios. Os deputados dão como justificação para a apresentação do projecto de lei o facto de não haver fixação oficial das rendas, “o que tem afectado o ambiente habitacional dos residentes e das PME”, mas também a antiguidade da lei actual. “O regime jurídico relativamente ao arrendamento de prédios urbanos em vigor encontra-se consagrado no Código Civil, que completou já 15 anos de vigência. Por esta razão, alguns dos seus articulados revelam-se obsoletos e desadequados face à rápida evolução do mercado de arrendamento registada nos últimos anos”, rematam. Em caso de aprovação da lei, esta só terá efeito nos contratos elaborados depois da sua entrada em vigor. A sessão plenária está marcada para as 15h00.
Flora Fong PolíticaChan Meng Kam quer saber como é que Governo poupa dinheiro [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Chan Meng Kam quer saber como é que o Governo supervisiona, de forma eficaz, a poupança das despesas desnecessárias e irracionais do Executivo agora que se avançou com medidas da austeridade. O deputado acredita que é necessário criar um regime claro para economizar dinheiro de forma contínua. Numa interpelação escrita, Chan Meng Kam recordou que desde Setembro deste ano que o Governo implementou, devido à queda das receitas brutas de Jogo, medidas de austeridade, que envolvem cerca de 1,4 mil milhões de patacas. No entanto, para o deputado, a poupança de 1,4 mil milhões de patacas “é apenas uma pequena parte da enorme despesa financeira do Executivo em todos os anos”, apontando em especial o que o Relatório sobre a Execução do Orçamento de 2014 mostrou: que as despesas gerais do Governo atingiram 67,1 mil milhões de patacas. Chan Meng Kam considera que a economia de Macau está em fase de ajustamento e as receitas financeiras “não parecem ser positivas” e diz esperar que também o Governo altere os seus hábitos de “gastar dinheiro como uma torneira de água que está sempre aberta”, sendo por isso necessário que a Administração faça bem os trabalhos de poupança. “Na sociedade de Macau têm existido algumas críticas ao Governo sobre o desperdício do cofre público, tais como as despesas de visitas, de aquisição de carros e de recepção. Como está a situação relativamente a estas despesas? Há margem para serem ainda mais economizadas?”, questionou. Além disso, embora o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, já tivesse afirmado que não é necessário implementar a próxima fase da austeridade, Chan Meng Kam acha que o Governo deve criar um regime claro de poupança, elaborando medidas a longo prazo, bem como introduzir uma avaliação de desempenho do uso do erário público.
Leonor Sá Machado PolíticaJogo | Avaliação intercalar pronta ainda este ano, prevê Lionel Leong [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, quer concluir a análise do estudo sobre a avaliação intercalar do Jogo – da responsabilidade da Universidade de Macau – ainda este ano. O referido documento, elaborado pelo Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da UM, foi entregue às entidades governamentais em Setembro passado. Já passaram dois meses, mas Lionel Leong argumenta que o estudo é “extenso” e a sua análise só deverá estar concluída no final do ano. “O Secretário revelou que o conteúdo do documento sobre a avaliação intercalar do sector do jogo entregue pelo Instituto de Estudos sobre a Indústria de Jogo da Universidade de Macau é extenso”, explica o Gabinete do Secretário em comunicado. “O Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças está a empenhar-se em analisar o mesmo, e espera que o trabalho de análise possa ser concluído dentro do corrente ano, para assim a versão final ser divulgada oportunamente ao público no fim deste ano ou no início do próximo ano”, acrescentou. Isso mesmo confirmou o Secretário na passada sexta-feira, à margem da tomada de possa da coordenador do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau, Cristina Morais. Lionel Leong revelou ainda que não está escolhida a pessoa que vai substituir o ainda director da Inspecção e Coordenação de Jogos, Manuel das Neves, pois “ainda existem alguns procedimentos administrativos que devem acontecer”. Quando seleccionada a pessoa, será do conhecimento público “o mais rápido possível”, mas na eventualidade de não existir ninguém que satisfaça as exigências do Governo, sobe ao pódio o actual subdirector do serviço, Leong Man Ion. Mobilidade saudável Além disso, o Secretário pronunciou-se sobre a mobilidade de pessoal na Função Pública, tarefa que tem sido levada a cabo desde a tomada de posse dos actuais Secretários. Lionel Leong garantiu que o bom funcionamento dos serviços não vai ser afectado. “Qualquer mobilidade de pessoal não deve afectar o funcionamento normal do Governo e os serviços públicos prestados”, esclarece o comunicado. Durante a mesma intervenção, o responsável foi questionado pelos media sobre o imposto sobre veículos e o plano de comparticipação pecuniária: “A posição do Governo é a de que o imposto é um meio importante para apoiar a política de transportes públicos”, começou por dizer. “Relativamente ao plano de comparticipação pecuniária, Lionel Leong reiterou que este sistema deve ter em conta, de uma forma geral, o saldo financeiro do ano e outros factores”, acrescentou. Além disso, o Secretário prevê que o saldo financeiro de 2015 seja positivo e que por isso mesmo seja possível continuar com a atribuição desta ajuda.
Andreia Sofia Silva PolíticaPS | Secção de Macau avalia preocupações dos portugueses [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]o contrário do que se possa pensar, a obtenção do Bilhete de Identidade de Residente (BIR) não é a principal preocupação da comunidade portuguesa residente em Macau. Isso mesmo mostram os resultados provisórios de uma sondagem online lançada pela Secção do Partido Socialista (PS) em Macau. Ao HM, Tiago Pereira, secretário-coordenador da secção, disse que a promoção do questionário visa definir futuras estratégias de actuação. “O objectivo do questionário é ter uma ideia clara das principais preocupações da comunidade portuguesa em Macau para estabelecer prioridades em relação aquilo que devemos fazer na secção junto do PS em Portugal, em Lisboa. É uma tentativa de sensibilizar o partido para esses problemas, por forma a podermos ter uma acção que de facto vá de encontro às necessidades prioritárias dos portugueses em Macau.” Questionado sobre se a sondagem está relacionada com os maus resultados que o partido teve pelo Círculo Fora da Europa, Tiago Pereira negou. “Não está relacionado com isso. É uma perspectiva nossa tendo em vista esse objectivo. Não tem a ver com os resultados das eleições, tem a ver com a actividade que queremos desenvolver.” Nas eleições para a Assembleia da República (AR) em Portugal, o PS obteve apenas, no Círculo Fora da Europa, 41 votos, ficando em terceiro lugar. O partido Nós! Cidadãos, com José Pereira Coutinho como candidato, liderou com 1237 votos, seguindo-se a coligação Portugal à Frente, composta pelo PSD e CDS-PP, com 57 votos. Português é o que mais preocupa Em primeiro lugar na lista de preocupações, surge a “Difusão da Língua e Cultura Portuguesas”, com 21,79% dos votos até então registados. Em segundo lugar surge a preocupação com os “Serviços Consulares”, nas áreas da renovação do Bilhete de Identidade, Cartão de Cidadão ou Passaporte, com 15,38% dos votos obtidos. Em terceiro lugar, com 15,38% de votos, surgem as “Obrigações Fiscais em Portugal”. Seguem-se as “Condições de regresso a Portugal”, com 15,38%, a “Pensão de Reforma em Portugal”, com 12,82% dos votos, os “Investimentos em Portugal (compra de casa)”, com 6,41%, seguindo-se dos “Investimentos portugueses em Macau e na China”, com 5,13%. A preocupação relativa à “Informação sobre a obtenção de BIR” é a penúltima da lista, com 3,85%. O “reconhecimento de habilitações” encerra os tópicos do inquérito com 3,85% dos votos.
Filipa Araújo PolíticaLAG | Jovens querem resoluções para a questão da habitação [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]abitação, trânsito e saúde são as áreas onde os jovens mais desejam mudanças no âmbito das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016. É o que aponta um inquérito promovido pela União Geral das Associações de Moradores (Kaifong), o qual também mostra que os jovens se preocupam mais com questões relacionadas com a economia e o emprego, em vez da cultura ou educação. O inquérito dos Kaifong mostra ainda que a “diferença entre as remunerações mensais e o preço dos imóveis é grande” e que os jovens “não têm esperança em comprar casa”, esperando que o Executivo construa mais edifícios com limite de preços nos apartamentos. Segundo o Jornal do Cidadão, foram questionados mais de mil jovens entre os 18 e 45 anos de idade para o inquérito intitulado “As esperanças dos jovens sobre as LAG 2016”. Dos inquiridos, 67% consideram que a habitação deve estar no topo das prioridades do Chefe do Executivo para as LAG, enquanto que 49% dos entrevistados estão mais preocupados com o trânsito. Já o sector da saúde representa 46,28% das respostas. Questões como o emprego, o desenvolvimento económico ou a inflação preocupam 30% dos inquiridos. Si Sao Kei, um dos membros do grupo que promoveu o questionário, disse que, analisando os inquéritos realizados nos últimos cinco anos, os jovens mostram-se cada vez menos preocupados com as áreas da educação e cultura. Para Si Sao Kei, isso deve-se à queda das receitas do Jogo e às influências económicas do exterior.
Flora Fong PolíticaChina e Taiwan | Macau é plataforma de trocas, dizem deputados à APN [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara os deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), Lei Pui Lam e Lau Ngai Leong, o primeiro encontro entre o presidente da China, Xi Jinping, e o de Taiwan, Ma YingJeou, revela-se como um momento histórico. Os dirigentes das duas regiões não se encontravam há 66 anos. Ambos consideram que Macau deve assumir-se como promotor das relações entre os dois lados do estreito. Ao Jornal Ou Mun, Lei Pui Lam disse considerar que mesmo que o encontro não tenha sido oficial, representa já um grande avanço nestas relações. Tem, na sua opinião, o objectivo de desenvolver a paz e até unificar os territórios. Lei Pun Lam diz que apenas encontros e conversas directas entre os dois líderes podem fazem progredir estas questões. O deputado considera que, para Macau, “é necessário compreender os resultados do encontro”, uma vez que o território deverá assumir uma posição enquanto promotor de desenvolvimento de paz, assim fortalecendo a imagem de Macau internacionalmente. Outro deputado de Macau à APN, Lau Ngai Leong, concorda com a posição de Lei, vendo o encontro entre os dirigentes como “impressionante”. O mesmo representante vê Macau como empenhado em ser uma plataforma de intercâmbio entre Taiwan e a China, sobretudo no que diz respeito ao aprofundamento da cooperação civil entre Macau, a Ilha Formosa e o interior da China. O também presidente do Conselho Regional de Macau para a Promoção de Reunificação Pacífica da China espera que o território de Macau continue a aproveitar as vantagens do regime político, localização, ambiente social e humanidade para reforçar a ponte de comunicação entre os dois lados.
Leonor Sá Machado PolíticaUber | Alexis Tam diz que prestação de serviço viola a lei [dropcap style=’circle’]E[/dropcap] mais uma vez, a Uber é tida como ilegal. Desta vez foi o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, a determinar que a prestação de serviço de transporte de passageiros pela empresa norte-americana viola a lei local. Alexis Tam, afirmou [no passado sábado] que não concorda com a prestação de serviços de transporte em veículos privados pela Uber, referindo que “viola a lei, portanto é ilegal”, pode ler-se num comunicado emitido pelo seu Gabinete. O mesmo responsável disse ainda que também o sector do Turismo está “de acordo” com a decisão de combater a actividade da Uber na cidade. “A posição do Governo e do sector turístico em relação aos serviços prestados pela Uber é unânime”, frisou. Tudo no seu sítio O argumento de Alexis Tam é que “Macau tem o seu próprio sistema legal e de transportes públicos”, pelo que “não deseja que o sector turístico” participe nos serviços de transporte de veículos privados. É que, aparentemente, “os veículos do sector apenas servirão para prestar serviços aos turistas e não à população”. A rejeição do Secretário vem juntar-se às dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, da Secretaria para os Transportes e Obras Públicas e dos Serviços de Turismo, cuja intenção é fazer frente à “ilegalidade” que o fornecimento deste serviço implica. “O sector turístico mantém com o Governo uma relação de cooperação, pelo que o governo apoiará cem por cento o sector. A prestação de serviços de transporte em veículos privados não deverá ser feita pelas agências de viagem, acreditando que o sector não irá participar nestes transportes”, reitera o comunicado do Gabinete de Alexis Tam.
Filipa Araújo PolíticaFórum Macau | Conferência Ministerial é prioridade para nova coordenadora [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois de Echo Chan abdicar do cargo de coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, ocupado por nove meses, é a vez de Cristina Morais assumir funções. Durante a cerimónia de tomada de posse, Cristina Morais explicou à comunicação social que a prioridade, para já, será a organização da próxima conferência ministerial, que acontece já em 2016. Sem avançar datas, a nova coordenadora adiantou ainda que os colóquios de cooperação serão também uma das preocupações e tarefas constantes. Com esperança no trabalho que aí chega, Cristina Morais assume que este é “um grande desafio”. Humildade e esforço “É preciso fazer um trabalho com muita humildade e apostar forte na função de relações públicas internacionais”, indica Rita Santos, uma das caras mais conhecidas do Fórum Macau. Baseando-se na sua experiência como coordenadora do Fórum, Rita Santos indica que a organização da conferência ministerial é “dos trabalhos mais difíceis”. “É preciso que a Cristina Morais trabalhe muito, porque é difícil”, indica, sublinhando que o trabalho não é uma novidade para a nova coordenadora. “A Cristina [Morais] trabalha no departamento de economia e tinha muito contacto, enquanto eu era coordenadora, com o Fórum e todo o trabalho que ele desenvolvia. Não é novidade para ela, agora terá que se dedicar mais, mas vai conseguir. A Cristina [Morais] é muito trabalhadora”, reforçou. Na ponta da Língua Ser trilingue é um dos “pontos mais fortes” da nova coordenadora. “A escolha [para a nova coordenadora] foi muito bem feita. O Secretário [para a Economia e Finanças] Lionel Leong escolheu bem. Dominar o mandarim, o inglês e o português é algo muito bom para quem ocupa este cargo que precisa de estar sempre em contacto com outras comunidades”, adicionou. Cristina Morais é a nova cara do Fórum Macau que deixa o departamento de Relações Económicas Externas da pasta de economia, lugar que ocupava desde 2009. Licenciou-se em Gestão de Empresas, pela Universidade de Washington e é mestre na mesma área, pela Universidade de Macau. Em 1991 ingressou na Direcção dos Serviços de Economia (DSE), e exerceu, por nomeação, funções como adjunta do Departamento do Comércio da DSE, assistente do Chefe da Delegação do Governo da RAEM em Bruxelas, chefe da Divisão do Comércio Externo da DSE, chefe substituta do Departamento do Comércio da DSE, chefe substituta do Departamento de Relações Económicas Externas da DSE, tendo sido promovida, em 2009, e assumido até à presente data, o cargo de chefia desse Departamento.
Hoje Macau PolíticaEUA | “Postura operacional” para responder a eventual agressão russa [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos adaptam a sua “postura operacional” para contrariar qualquer “agressão russa”, declarou sábado o secretário da Defesa norte-americano, Ashton Carter. “Adaptamos a nossa postura operacional e os nossos planos de emergência no trabalho que fazemos – nós próprios e com os nossos aliados – para dissuadir a Rússia de uma agressão e para contribuir para reduzir a vulnerabilidade dos nossos aliados e dos nossos parceiros”, afirmou Carter, durante um fórum sobre questões de defesa, na Califórnia (costa oeste dos Estados Unidos da América). O chefe do Pentágono acrescentou que Washington está a modernizar o arsenal nuclear e a investir em meios de alta tecnologia como drones (aparelhos não tripulados), bombardeiros de longo alcance, lasers, canhões electromagnéticos e guerra electrónica. Carter referiu novos meios militares “surpreendentes (…) que não podia descrever de momento”. “Actualizamos e aperfeiçoamos os nossos planos de dissuasão e de defesa tendo em conta as alterações de comportamento da Rússia”, afirmou Carter no mesmo fórum, que reuniu políticos norte-americanos e especialistas em defesa, na biblioteca Ronald Reagan, em Simi Valley.
Filipa Araújo PolíticaCondomínios | Comissão quer perceber intenção do Governo A 1ª Comissão da AL quer perceber qual a abrangência que a Lei da Actividade Comercial de Administração de Condomínios tem. Todas as administrações prediais ou apenas as administrações de condomínios estão contempladas é a grande pergunta ao Governo do grupo de trabalho [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois da aprovacão na generalidade da Lei da Actividade Comercial de Administração de Condomínios, na semana passada, em plenário da Assembleia Legislativa (AL), começou agora a análise na especialidade. “Foi só uma primeira reunião para análise”, afirmou Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, à saída de reunião com a 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, presidida pela deputada Kwan Tsui Hang. “O mais importante desta reunião, que aconteceu, foi perceber qual a intenção do Governo com a lei. Queremos saber qual a intenção legislativa, o Governo tem que esclarecer com o seu objectivo”, começou por indicar a presidente da comissão. Sem apresentar grande pormenores de discussão, Kwan Tsui Hang reforçou a necessidade de definir se a lei em causa irá abranger qualquer tipo de administração predial, mesmo que o proprietário do edifício seja apenas um, ou também as administrações de condomínio. “O Governo explicou que a lei foi criada para regular as administrações de condomínios. (…) A comissão tem opiniões diferentes. Porque é que não fazemos uma lei que abrange tudo?”, argumentou a presidente. Admitindo ainda o aumento do número de casos de conflitos de administração predial, o Governo mostrou-se, indica Kwan Tsui Hang, a conversar sobre a abrangência da lei. “Já margem para discussão, o Governo garantiu que sim”, rematou, indicando, que o mesmo confirmou que irá “decidir o âmbito da lei”. Com mais calma Outro assunto a ser debatido foi a retirada da cláusula que definia a caução prestada pelas empresa. “Durante o processo de consulta da proposta de lei, surgiram três tipo de caução (…) isto variava entre as 300 mil patacas e um milhão de patacas. O Governo afastou esta ideia”, indica. Para a deputada a opção de alterar a proposta quanto ao valor da caução faz todo o sentido. “Porque é que foi afastada? Porque iria afectar a imagem das empresas. Sabemos que a maioria são pequenas e médias empresas (PME)”, explica. Assim, com a nova lei, a caução está indexada ao número de fracções que a empresa possui. Opção esta que permite “eliminar a rotulagem e garantir o bom funcionamento”. Foi ainda discutido a definição do capital social mínimo. “Sabemos que grande parte destas empresas tem um capital social de 300 mil patacas e com esta lei o Governo vem definir um valor mínimo de 250 mil patacas. Tudo dependerá do número total de fracções”, indicou. Assim, quanto mais fracções tiver a empresa, mais capital social terá. “Mas ainda não alargámos o assunto com o Governo, para já o primeiro ponto é definir a intenção legislativa do Executivo”, reforça Kwan Tsui Hang. A comissão reúne-se novamente hoje à tarde para uma segunda reunião.
Filipa Araújo Manchete PolíticaFSS | Deputados rejeitam ideia de Ng Kuok Cheong A proposta de Ng Kuok Cheong em substituir o Regime de Garantias pelos descontos obrigatórios para o Fundo de Segurança Social por parte dos titulares de altos cargos não é bem aceite pelos deputados. São coisas que não se misturam e não é altura para isso, são alguns dos argumentos usados [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] ideia é simples: substituir o tão polémico Regime de Garantias pelo Regime de Previdência do Fundo de Segurança Social (FSS). Em termos práticos o Chefe do Executivo e os cinco Secretários da RAEM deixariam de usufruir do possível Regime de Garantias para descontarem de forma obrigatória para a Segurança Social, assegurando as suas possíveis reformas. A ideia, avançada numa interpelação, tem a assinatura do deputado Ng Kuok Cheong mas parece não agradar aos seus companheiros de plenário. A começar por Ella Lei que, ao HM, explicou que em momento algum se colocou a hipótese de substituição de um regime por outro. “Não há qualquer ideia nem da sociedade nem do Governo para que haja uma discussão sobre este tema. É apenas uma ideia do deputado Ng Kuok Cheong. Não se coloca esta hipótese”, argumentou a deputada. Para Ella Lei “há coisas mais importantes” para discutir neste momento, já para não falar que “actualmente o FSS já tem as suas regras e pontos definidos, ter que alterar e rever tudo isso não vale a pena”. Na eventualidade de efectivamente existir uma discussão a deputada é clara. “Então aí acho que é importante que todos participem. Pessoalmente ainda não pensei em tudo o que implica, não pensei em todos os pontos. Teria que pensar nisto”, diz, frisando, “mas não está em discussão, porque não me parece que valha a pena”. Obrigatório por agora Questionado sobre assunto, o deputado Lau Veng Seng separa os regimes de forma clara. “Para já é preciso tornar o sistema de descontos obrigatório e só depois disso estar feito é que se deve ou pode pensar noutras coisas”, defendeu, sublinhando que “ainda não é altura para se discutir isso”. Depois de regular o FSS como obrigatório, diz o deputado, terá de ser decidido se os titulares dos principais cargos também serão abrangidos por isso. “Ainda assim não acho que seja uma boa altura para estarmos a discutir sobre isso. É preciso avançar com outras coisas antes disso, é melhor não especular”, explicou ao HM. Para o deputado Si Ka Lon o objectivo da ideia avançada pelo também deputado é “boa” mas não tem força porque, segundo diz, “um regime não substitui o outro”. Mais aponta que Ng Kuok Cheong deveria ter apresentado mais pormenores da sua ideia, como por exemplo quais os valores que os titulares dos principais cargos teriam que descontar e qual a forma de contribuição dos mesmo. “A verdade é que a maioria dos titulares já têm a sua forma de poupança para as suas vidas futuras, e claro, para a segurança”, argumento. O facto de muitos dos titulares virem da função pública, em que faziam os seus descontos, é também um dos pontos mencionados pelo deputado. “Estes titulares já faziam os seus descontos, claro que nem sempre isto acontece, mas aí teria que se pensar noutra forma”, defende. Si Ka Lom considera errado achar que um regime pode vir a substituir o outro. “Uma coisa são os descontos e a reforma garantida pelo FSS, essa é a sua função. Outra coisa é o Regime de Garantias que pretende atribuir uma recompensa a quem ocupou um cargo principal depois do terminado o seu mandato. Não são iguais, são coisas diferentes”, argumentou, frisando que “mesmo que até se possam fazer descontos, não quer dizer que não se possa também receber o montante do Regime de Garantias”. Uma luz no fim Ainda assim, defende, pode ser possível uma discussão no futuro para perceber qual a ideia aprofundada de Ng Kuok Cheong. “Devem existir definições claras para o futuro”, rematou. A discordar da maioria está o deputado José Pereira Coutinho que afirma que “todos deviam descontar”, inclusive os próprios deputados. “Claro que concordo, e também acho que os deputados também deviam descontar. Há deputados que nunca foram nada para além de deputado, como vai ser no futuro? Eu concordo que deveria ser obrigatório, só posso concordar”, remata o deputado. A ideia de eliminar a “grande polémica que surgiu” relativamente ao Regime e reverter o lema de “quanto mais poder, mais regalias” parece ser difícil de convencer os deputados.
Flora Fong PolíticaSaúde | Deputada pede centro de transplante de órgãos A Comissão de Ética para as Ciências da Vida já definiu um protocolo para a questão do transplante de órgãos, mas Wong Kit Cheng pede agora um centro equipado para o efeito. Entre sins e nãos, o Governo garantiu, em Julho, que o novo hospital poderá integrar um local para o efeito [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Comissão de Ética para as Ciências da Vida já se decidiu sobre o protocolo a seguir no caso de morte cerebral, mas Wong Kit Cheng quer mais. A deputada pede, numa interpelação escrita, um centro de transplante de órgãos e a criação de uma campanha de sensibilização de doação voluntária de órgãos. Além disso, quer que o presente diploma seja calendarizado e que esse plano seja publicamente divulgado. A justificação é simples: Wong acredita que a decisão vem eliminar obstáculos relacionados com a necessidade de cirurgias de transplante de órgãos, mas quer um trabalho breve. No início da semana, a Comissão, que tem natureza de órgão consultivo, definiu o conceito e os critérios a adoptar em casos de morte cerebral de doentes. Segundo o Jornal Ou Mun, Wong Kit Cheng apontou que no território tem existido a necessidade de transplante de órgãos, mas nestes últimos 20 anos, o Governo só elaborou um quadro que regulamenta o regime de registo de doação e transplante de órgãos. Este apenas estabelece normas para a operabilidade dos órgãos. Assim, considera que definir os critérios de morte cerebral é um símbolo importante em relação ao transplante de órgãos no futuro em Macau. “Actualmente os pacientes que necessitam de transplante de órgãos só podem fazê-lo no estrangeiro”. De 2009 a 2014, apenas 23 doentes conseguiram, mas neste momento existem 500 pacientes a precisar de um novo rim e a percentagem de o conseguirem é ínfima”, indicou na interpelação. Wong Kit Cheng frisa que é necessário implementar um calendário da legislação em relação a leis e disposições sobre transplante de órgãos, esclarecendo a orientação de desenvolvimento deste serviço de saúde e formando os profissionais de saúde. Para ontem Embora o Governo tenha dito, no ano passado, que não tinha capacidade para suportar a existência de um centro de transplante de órgãos no território, os Serviços de Saúde (SS) vieram, em Julho passado, garantir que poderá mesmo ser criado um novo centro no Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. “No futuro Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas está prevista a existência de um centro de transplante de órgãos que se responsabilizará pela coordenação da actividade a respeito de transplantação de órgãos”, asseguraram os SS, numa resposta ao HM. A preocupação do hemiciclo com a doação e transplante de órgãos para os residentes da RAEM já não é nova. Tanto Si Ka Lon como Leong Veng Chai questionaram várias vezes o Governo sobre esta questão. “É difícil encontrar doadores vivos com vontade de assumir os riscos uma vez que, em consequência, as dificuldades de se realizar um transplante deste tipo são enormes”, escrevia Leong Veng Chai numa interpelação escrita de Janeiro deste ano. O deputado sublinhou ainda o peso nas finanças que acarreta um tipo de operação destas. No caso dos doentes da RAEM terem que ir até à China para efectuar um transplante, “todo o processo de tratamento médico poderá variar entre 400.000 e 500.000 patacas, um valor insuportável para famílias normais”, frisou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaChina e Taiwan reúnem pela primeira vez desde 1949 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s atenções do mundo focaram-se ontem na China e Taiwan, que anunciaram, pela primeira vez desde 1949, um encontro oficial, a decorrer no próximo sábado em Singapura. A reunião entre Xi Jinping e Ma Ying-Jeou, presidente de Taiwan e líder do partido Kuomitang, “marcará o inicio de uma comunicação directa” entre os dois países, segundo disse à Xinhua Zhang Zhijun, responsável pelo Gabinete para Assuntos de Taiwan no Conselho de Estado e no Comité Central do Partido Comunista chinês. Zhang Zhijun disse ainda que o encontro acontece “num momento importante para as relações” dos dois lados do Estreito de Taiwan, que alcançarão “um novo nível” com “mais espaço para o desenvolvimento”. O responsável acrescentou que o encontro “promoverá a comunicação e confiança mútuas entre as duas partes, ajudará a gerir conflitos e diferenças e consolidará uma base política comum”. Zhang disse ainda acreditar que o encontro entre Xi e Ma terá “amplo apoio” nos dois territórios e entre a comunidade internacional. Do simbolismo Ao HM, o académico da Universidade de Macau (UM) Jianwei Wang considera que o encontro “simbolicamente é muito significativo”, mas que representa sobretudo uma oportunidade de Ma Ying-jeou deixar “um legado político”, numa altura em que Taiwan está a poucos meses das eleições presidenciais e legislativas, agendadas para Janeiro de 2016. “As pessoas do continente podem achar que não faz sentido encontrar Ma, porque parece estar numa posição vulnerável, e vão achar que não é necessário reunir com ele. (Ma avançou para um encontro) para deixar um legado político com o seu mandato. Mas os líderes decidiram agarrar esta oportunidade. Ambos os lados viram a necessidade deste encontro”, apontou Jianwei Wang. Também o especialista em ciência política Eric Sautedé fala de uma ligação às eleições de Taiwan. “Este encontro é mais para o lado de Ma, porque do lado dos Kuomitang não há nada que possa ser negociado com a China. É (um encontro) mais para uso interno, já que Taiwan vai ter eleições a breve prazo. Para o lado da China é muito bem-vindo”, disse ao HM. Jianwei Wang não negou ainda o facto do encontro oficial poder visar questões económicas, já que, segundo a agência Bloomberg, Taiwan sofreu, pela primeira vez desde 2009, uma quebra consecutiva nas exportações durante oito meses, algo que gerou uma onda de pessimismo em toda a ilha. O anúncio do encontro entre Xi Jinping e Ma Ying-jeou trouxe ontem bons resultados à bolsa de valores de Taiwan, numa expectativa de fomento da economia local. Oposição já reagiu A oposição ao partido dos Kuomitang já reagiu. Segundo o jornal Taipei Times, Tsai Ing-wen, líder do Partido Democrata Progressista, criticou a forma como o anúncio do encontro foi feito. “Acredito que as pessoas em todo o país, como eu, ficaram muito surpreendidas. Um encontro de líderes dos dois lados do Estreito é um grande evento, que envolve a dignidade e os interesses nacionais de Taiwan, mas deixar o público tomar conhecimento dele de uma forma caótica e apressada serve apenas para danificar a democracia em Taiwan.” Cheng Yun-peng, porta-voz do mesmo partido, questionou a altura em que o anúncio foi feito. “Como é possível as pessoas não pensarem que é uma operação política com o objectivo de ter efeitos nas eleições?”, questionou. Eric Sautedé nega a possibilidade da China reconhecer Taiwan como um território independente. “Não, de forma nenhuma. É um passo em frente, mas muitas pessoas querem manter o status-quo, ainda que haja um significativo número de pessoas que procuram uma total independência.” Os Estados Unidos também já reagiram ao encontro, mostrando receio sobre os resultados de um encontro que poderá afectar as relações económicas com Taiwan. “Claro que acolhemos os passos que estão a ser dados pelos dois lados do Estreito de Taiwan para procurar reduzir as tensões e procurar melhorar as relações através do Estreito. Mas temos de ver o que vai sair de facto da reunião”, disse o porta-voz da Casa-Branca, Josh Earnest. “Haverá sempre a preocupação da parte dos Estados Unidos de que ambos os lados se movam demasiado rápido na normalização das suas relações, poderia acontecer o facto de Taiwan se tornar mais próxima da China e os Estados Unidos provavelmente não querem ver isso”, disse ao HM Jianwei Wang. A República da China, na ilha de Taiwan, foi proclamada após o final da guerra civil da China em 1949, quando as forças do Partido Nacionalista (Kuomintang) liderado pelo general Chiang Kai-shek se retiraram do continente chinês na sequência da vitória dos comunistas de Mao Zedong, que proclamou a implantação da República Popular da China. *Com agências noticiosas
Leonor Sá Machado PolíticaCondomínios | Gestão mais rígida. Responsabilidade nos proprietários [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] gestão das partes comuns do condomínio de edifícios torna-se mais restritiva e é agora da total responsabilidade dos proprietários. Estas decisões foram tomadas aquando da aprovação do Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomínio na generalidade. Ontem teve lugar a primeira reunião na especialidade da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que discute este diploma. Em causa, disse o presidente da Comissão, Chan Chak Mo, estão questões “complexas” que obrigam a uma discussão que vai gastar aos deputados “mais tempo”. Não se deve esperar por um consenso breve. Trata-se de uma lei avulsa, que assim se determinou por permitir uma maior maleabilidade no caso de ser necessário introduzir alterações. “Atendendo a que as definições constantes da proposta de lei (…) fazem desviar o regime jurídico da administração das partes comuns dos condomínios do princípio da autonomia privada, entendemos ser de considerar a sua transferência do espaço que lhe era reservado no Código Civil para lei avulsa”, lê-se no documento explicativo do regime. Ontem, Chan Chak Mo explicou que os assuntos mais complexos têm que ver com um dos regulamentos de afixação de publicidade nos prédios. Esta terá que passar pela Assembleia Geral (AG) de condóminos para ser aprovada, excluindo os rés-do-chão que alberguem loja ou outro tipo de estabelecimentos comerciais. Assembleia de decisões O presente diploma avulso vem definir que a responsabilidade pelo estado do condomínio recai sobre os proprietários das suas fracções, que por sua vez devem ser tomadas no seio das reuniões da Assembleia Geral. “A proposta de lei prevê que os próprios condóminos se responsabilizam pelas tarefas de administração das partes comuns do condomínio”, nota a justificação da proposta de lei. As AG dos condomínios deverão fazer uma primeira reunião onde devem ser “necessariamente” debatidos cinco assuntos: a eleição dos membros da AG, a aprovação do orçamento das despesas a efectuar nesse ano, a aprovação do nome que passa a designar a administração, a aprovação do regulamento e, finalmente, a aprovação do valor do seguro contra incêndios. Os membros da administração da AG devem ser definidos de três em três anos, uma vez que este foi o período de mandato estabelecido pela proposta. Núcleo alterado O quórum – número necessário para a constituição de uma assembleia – legalmente exigido foi reduzido e é agora definido em função do número de fracções do condomínio em questão. Se o volume for superior a 50 apartamentos, é obrigatória a participação de 10% do total do condomínio para a tomada de decisões. Se o número for inferior a 50, exige-se a presença de 20% do total dos proprietários. A mesma lei define ainda quais são os assuntos mais importantes e para os quais terão que estar presentes mais de 25% dos condóminos: exoneração de um dos membros da AG, aprovação das despesas a tirar do fundo comum de reserva e denúncia do contrato de prestação de serviços. A AG fica, a partir da entrada da lei em vigor, responsável pela administração do seu condomínio, deixando esta de estar sob tutela de uma empresa avulsa à propriedade. A relação entre as vontades dos proprietários e as decisões a tomar passa a ser mais estreita. Outro dos assuntos debatidos durante a reunião de ontem tem que ver com o fundo comum de reserva da AG. Este deve ser accionado sempre que for necessário fazer arranjos e reparar espaços comuns dos edifícios. A saída e entrada de dinheiro deste fundo é feita mediante aprovação dos membros da administração da Assembleia. “A contribuição para o fundo comum de reserva é no valor correspondente a, pelo menos, um décimo do valor global das despesas do condomínio, tendo em conta o respectivo orçamento aprovado”, refere a proposta.
Flora Fong PolíticaNg Kuok Cheong quer regime de previdência para Chui e Secretários [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hui Sai On e os cinco Secretários devem descontar, como todos os outros residentes, para a segurança social, aderindo ao regime de previdência do Fundo de Segurança Social (FSS). É, pelo menos, esta a sugestão que o deputado Ng Kuok Cheong deixa numa interpelação escrita ao Governo. No documento, justifica a premissa como solução para o problema do Regime de Garantias, que tanto deu que falar há cerca de um ano. O deputado pede que os governantes descontem, como a restante população, para o regime de previdência. Na mesma interpelação, pede que as indústrias culturais e criativas prefiram criar instalações em edifícios industriais, dando-lhes assim uma nova vida. Ng Kuok Cheong lembra que depois da retirada do “Regime de Garantia dos Titulares do Cargo de Chefe do Executivo e dos Principais Cargos a aguardar posse, em efectividade e após cessação de funções” da Assembleia Legislativa (AL), o Chefe do Executivo defendeu a necessidade de realizar consultas públicas antes do regime voltar a ser discutido. No entanto, para Ng Kuok Cheong, a fim de eliminar a grande polémica que surgiu há tempo e reverter o lema de “quanto mais poder, mais regalias” na função pública, o Chefe do Executivo e os titulares de principais cargos devem participar no regime de pensão de idosos do FSS. Esta medida serviria para que estes funcionários usufruíssem de uma pensão como todos os outros reformados usufruindo a segurança de reforma depois de aposentação em vez de criar o “regime de garantias”. Todos iguais, todos iguais “E se o Chefe do Executivo e os titulares de principais cargos quiserem criar um mecanismo e contribuir para o FSS, bem como para o regime de previdência central, juntamente com os outros residentes de Macau?”, questionou. Numa outra interpelação escrita, o deputado trouxe a lume o caso de um edifício industrial na Rua dos Pescadores para o qual foi aprovada a alteração do seu estatuto de uso comercial para habitacional. Tal causou, no entanto, polémica entre a sociedade. Há quem considere que o prémio de concessão é demasiado baixo, deixando uma grande margem ao construtor para lucrar. Ng Kuok Cheong quer que o Governo explique se a reutilização de edifícios industriais prioriza o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas, mas “não permita que os construtores alterem livremente o uso de edifícios sem limitar o preço de fracções para ganhar muito”, ou seja, destruindo a oportunidade de apoiar as indústrias. Além disso, Ng Kuok Cheong disse que existem construtores que consideram os edifícios industriais não são adequados para as indústrias culturais e criativas. No entanto, o deputado fala da inevitável realidade da oferta insuficiente de habitação económica, propondo que o Executivo imponha aos construtores um projecto fraccionado: parte do edifício a reutilizar seria de uso habitacional e outra parte, de comercial.
Hoje Macau PolíticaSaúde | Protocolo de contingência em grande escala assinado Foi ontem assinado um protocolo que em caso de emergência de saúde em grande escala irá permitir a Hong Kong, Macau e China unirem-se e trabalharem em conjunto. O momento foi marcado na 14ª reunião conjunta, em que Lei Chin Ion afirmou, ainda, que é preciso ter cuidado com o regulamento de transplante e registo de órgãos [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau, Hong Kong e China assinaram, ontem, um protocolo na área da pública que pretende criar um mecanismo de contingência, em grande escala. “O âmbito da cooperação abrange a comunicação em caso de emergências de saúde de grande escala e surtos de doenças transmissíveis; coordenações e cooperações conjuntas em resposta à emergência; cooperações e intercâmbios nas áreas técnicas e formativas assim como nas investigações científicas nesse âmbito”, apontou o director dos Serviços de Saúde de Macau, Lei Chin Ion, à Rádio Macau, durante a conferência de imprensa da 14ª reunião conjunta. Em cima da mesa estiveram ainda temas como a prevenção e controlo de doenças transmissíveis, os cuidados de saúde comunitários, o controlo do tabagismo, o fomento da medicina tradicional chinesa e a medicina convencional, discutidos pelas entidades de saúde de cada região. As autoridades garantiram assim o compromisso de entreajuda para a formação de profissionais, tendo Lei Chin Ion garantido o recrutamento de mais cem enfermeiros este ano. Órgão em cima da mesa Questionado sobre a regulação do transplante e registo de órgãos, Lei Chin Ion explicou que o assunto continuará a ser discutido pela Comissão de Ética para as Ciências da Vida. “Sabemos que o transplante de órgãos tem de ser um regime muito bem formulado, muito bem apresentado para regularizar todas as situações a fim de evitar o aparecimento de irregularidades. Por isso, temos de ter muita cautela e prudência na sua elaboração”, afirmou o director dos Serviços de Saúde, à rádio, admitindo que este é um assunto muito sensível para a comunidade chinesa e por isso é preciso ter cuidado na forma da sua regulamentação. “Já conseguimos um consenso e vamos agora preparar um projecto para que os serviços jurídicos façam o diploma legal”, rematou.
Flora Fong PolíticaGoverno promete estudar licenciamento de artistas de rua [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) garante que vai ponderar a criação de um regime de licenciamento para a actuação de artistas de rua. Numa resposta dada a Si Ka Lon, frisa que oferece oportunidades para a realização de espectáculos e para artistas de rua de Macau. Como? Através de convite para participações em actividades culturais. No entanto, também reconhece que é necessário estudar a eventual legislação desta prática, tão comum em países estrangeiros. O deputado Si Ka Lon sublinhou, numa interpelação escrita, que a maioria das actuações de rua têm de ser autorizadas e que existem muitos artistas do território que têm potencial mas só podem mostrar o seu talento em eventos formais, o que limita a sua evolução. Si Ka Lon questionou o Governo sobre se este poderá avaliar as experiências de territórios vizinhos em relação à legalização das actuações de rua através da emissão de licenças. O deputado pede ainda que seja criado um Centro para as Actuações de Rua para gestão dos assuntos relativos aos artistas de rua. Numa resposta, o director do IC, Guilherme Ung Vai Meng, afirmou que actualmente o Governo convida os artistas de rua locais para participar em actividades realizadas pelos serviços públicos, exemplificando com o caso da “Parada por Macau, Cidade Latina” e do “Workshop e Espectáculo de Mímica na Rua”, como forma de apoiar o seu trabalho. “O Governo vai continuar a realizar actividades diversificadas, oferecendo mais actividades e uma plataforma de espectáculos e de auto-aperfeiçoamento”, indicou. Ung Vai Meng disse ainda que a criação dum regime de licenciamento para espectáculos de rua e de um centro de gestão deve impulsionar o desenvolvimento criativo, cultural e da arte. No entanto, afirmou que o assunto envolve vários âmbitos, incluindo o jurídico, pelo que é necessário fazer um estudo avançado e uma análise aprofundada.
Flora Fong PolíticaMetro | Chan Meng Kam questiona atraso da decisão do segmento norte [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Chan Meng Kam quer saber a data de publicação da proposta para o segmento norte da linha de península de Macau do metro ligeiro, prevista para meio deste ano que termina. O deputado critica a posição do Governo e defende que se não existe um orçamento total do sistema, é porque muito está a falhar. Numa interpelação escrita, Chan Meng Kam defende que os problemas do metro ligeiro têm sido sistemáticos e que ainda não existe uma resolução concreta. A prorrogação das obras, o excesso de despesas e a disputa da proposta de três traçados do segmento norte da linha da península de Maçai, são alguns dos pontos mencionados pelo deputado. Palavras ditas Chan Meng Kam lembrou que o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, afirmou no início deste ano que o segmento norte poderia ser decidido na primeira metade do ano. No entanto, já estamos no final do ano e “o Governo não dá sinais de querer publicar uma decisão”, apontou. Chan Meng Kam criticou ainda o orçamento total do metro ligeiro, afirmando que este nunca poderá ser definido até o segmento norte estar decidido. “Quanto mais prorrogada a obra, mais aumento no orçamento terá. Porque é que o Governo não conseguiu publicar a decisão do segmento de acordo com a data prevista? Quando é que poderá ser publicado?”, questionou. O deputado citou ainda o relatório do Comissariado de Auditoria (CA) publicado no início deste ano, o qual apontou o atraso grave de quatro obras do segmento da Taipa do metro. Chan Meng Kam quer saber se a situação do atraso está aperfeiçoada e se o Executivo vai criar um mecanismo de informação de processo de obras para que a sociedade compreenda melhor toda a situação.