Proibições de entrada em Macau sem motivação política, diz Wong Sio Chak

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Segurança de Macau afirmou ontem que as proibições de entrada no território, de que têm sido alvo nomeadamente deputados de Hong Kong, não têm motivações políticas nem decorrem em momentos potencialmente mais sensíveis.

“Não tem nada a ver com questões políticas. Nós cumprimos a lei”, afirmou Wong Sio Chak, ao ser questionado sobre as recentes proibições de entrada de Macau, mantendo a posição de não divulgar o número de recusas por se tratar de informação confidencial.

O impedimento de entrada em Macau acontece com alguma regularidade, com a grande maioria dos casos a serem tornados públicos pelos próprios visados, muitos dos quais políticos ou activistas da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK).

Esses casos ganham visibilidade em momentos considerados potencialmente sensíveis, como sucedeu, no início do mês, aquando da visita de três dias a Macau do presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhang Dejiang.

Durante a estada do ‘número três’ da China, pelo menos dois activistas pró-democracia foram expulsos sob a justificação de que representavam uma ameaça à segurança interna de Macau, segundo a imprensa de Hong Kong, que reproduziu os relatos dos próprios visados.

Trabalho diário

Estes casos antecedem uma série de proibições de entrada de que foram alvo figuras pró-democracia da antiga colónia britânica, incluindo conselheiros distritais e deputados, apesar de muitos terem afirmado que se deslocaram a Macau na qualidade de turistas e sem a intenção de realizar qualquer actividade política.

O secretário para a Segurança negou que a recusa de entrada no território seja algo que tem lugar aquando da realização de determina actividade ou num momento em particular, afirmando que as autoridades trabalham “todos os dias” com esse tipo de casos.

“Não é devido a nenhuma actividade ou situação”, frisou Wong Sio Chak, em resposta aos jornalistas, na conferência de imprensa do balanço da criminalidade do primeiro trimestre.

O secretário para a Segurança reiterou que a polícia tem o dever e obrigação de controlar as fronteiras, pelo que tem o direito de proibir a entrada de pessoas que “possam ameaçar a segurança de Macau” e/ou de as repatriar caso estejam já dentro do território, como sucedeu recentemente.

Esses impedimentos ocorrem à luz de “vários aspectos”, sublinhou Wong Sio Chak, apontando que podem ter lugar devido a “ameaça de terrorismo”, à prática de crimes ou “a actividades que violam a lei de Macau” ou por dizerem respeito a imigrantes ilegais.

“Cumprimos a maneira de actuar do exterior. Por que é que os outros países podem fazer isso e nós não?”, questionou, apontando que, nos últimos anos, o controlo de fronteiras tem sido “cada vez mais rigoroso” no mundo e que Macau não é excepção.

No segredo dos deuses

Independentemente da razão, o secretário para a Segurança continua a recusar divulgar quantas pessoas estão ou foram proibidas de cruzar a fronteira para Macau.

“Não vamos divulgar esses dados”, frisou, salientando que, nesse domínio, as autoridades actuam em linha com “as regras internacionais”.

Em Janeiro, em resposta escrita à agência Lusa, a Polícia de Segurança Pública (PSP) já tinha recusado facultar os dados relativos à recusa de entrada em Macau, sob o argumento de que eram confidenciais.

Durante o mandato do anterior secretário para a Segurança – que terminou em Dezembro de 2014 –, a PSP divulgou, a pedido dos jornalistas, estatísticas genéricas sobre o número de pessoas proibidas de entrar em Macau.

A proibição de entrada, sobretudo de políticos de Hong Kong, tem sido uma preocupação levantada nomeadamente pela União Europeia e Estados Unidos.

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Luiz Felipe
Luiz Felipe
23 Mai 2017 22:25

Notícias interessantes e de fácil entendimento.