Função Pública | Associação desapontada com aumento salarial

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa não está satisfeita com o nível de aumento salarial dos funcionários públicos. A inflação está alta, dizem, e os aumentos não lhes vão dar mais poder de compra.
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, anunciou na apresentação do Relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) de 2016 que vai aumentar o valor do índice salarial da Função Pública das 79 para as 81 patacas. O director Cheong Kuok In e o secretário-geral da Associação, Li Kong Weng, apontaram  ao Jornal Ou Mun que o aumento não faz sentido, quando actualmente a inflação atinge os 4,93%. O aumento da remuneração da Função Pública, recorde-se, foi de apenas 2,25%.
Os membros da Associação consideram que o Governo não está a considerar a “perda do poder de compra” devido à inflação.
A Associação fala ainda em insatisfação face ao atraso da criação do mecanismo de mediação das queixas de funcionários públicos. Cheong Kuok In lamenta a ausência de detalhes e aponta mesmo que o recente suicídio de Lai Man Wa poderá estar relacionado com a ausência desse mecanismo.
 Apesar de considerar um factor positivo o aumento do subsídio de residência para os funcionários da Função Pública, os responsáveis da Associação dizem-se denegridos “por alguns deputados”.
“Há sempre espaço de melhoria em todos os trabalhos, mas a nossa equipa contribui muito para a sociedade e isso deve ser apontado”,  rematou.  
 

1 Dez 2015

Agnes Lam: “Há muito receio dos acontecimentos de Hong Kong”

A activista e professora Agnes Lam confessa-se aliviada com a queda das receitas do Jogo. Para ela, a reforma política não vai acontecer devido ao receio de um Occupy Leal Senado

Comecemos por falar das Linhas de Acção Governativa. Já dois Secretários e o Chefe do Executivo apresentaram os seus planos de governação para o próximo ano. Que balanço faz?
Penso que se limitaram a dar continuação ao trabalho das últimas LAG. Parece-me que estão retidos em alguns problemas que não sabem como resolver. Há novos desafios, como as mudanças na economia. Este ano dedicaram-se a fazer com que as pessoas se sintam bem e descansadas, assegurando-as de que nada lhes vai faltar. Para isso inventaram já uma série de novos termos para apelidar a situação, como “período de ajustamento”. Isto parece uma coisa inovadora e positiva, mas a noção é de que vai continuar a descer. É óbvio que o Governo ainda não arranjou uma forma de colmatar a queda do Jogo. Há anos que dependemos desta indústria e nunca se fez nada para descobrir outras fontes de rendimento. Não é possível fazer nascer uma nova indústria do zero, portanto a ideia é acalmar as pessoas.

Mas trata-se só de uma continuação do ano anterior?
Mais ou menos. Houve uma coisa que me chamou a atenção: Chui Sai On enfatiza planos a longo prazo e penso que faz isso para dar a entender que é um bom planeador. Está basicamente a apresentar planos de dez e cinco anos, uma estratégia que nunca aconteceu em Macau. Nem com Edmund Ho, nem com a Administração portuguesa.

Será à imagem de como se governa na China?
Não sei se a ideia vem mesmo de Chui Sai On, mas julgo que também tem que ver com a necessidade que o CE tem de ter a certeza de tudo, fazendo uma série de estudos e consultas. Por outro lado, Macau também está a entrar numa fase em que começa a ter que pensar nas suas políticas de governação em relação à China. Antes, o Governo Central mencionava Hong Kong e Macau em duas ou três fases durante o anúncio do plano quinquenal da China. Agora, Macau está a ser incluído nesta apresentação. E isto é uma coisa à qual aqui não se está a prestar atenção.

E devia-se?
Sem dúvida. Se formos incluídos nos programas de desenvolvimento nacionais, temos que saber como é que a China nos perspectiva. E isso parte de todos nós, a forma como queremos que a China nos veja. Como é que a nossa voz vai ser ouvida pelo Governo Central e como é que optamos por definir Macau?

Como é que isso poderia ser feito?
Temos uma sociedade predominantemente chinesa, mas é ideologicamente diferente da China, mais adaptável. A nossa natureza terá que se integrada no plano quinquenal porque, mesmo que não queiramos, isso vai acontecer. É irrealista pensar o contrário.

As pessoas devem ficar preocupadas com essa inclusão?
Não diria preocupante. A inclusão é boa porque sabemos que não estamos sozinhos, que o mercado está sempre presente e que temos um alicerce. Até porque não temos a capacidade para sermos independentes. Estamos com e na China e a ideia é: “como é que podemos desenvolver-nos e contribuir para o crescimento do país, mantendo a nossa identidade?”

O que é preciso fazer?
Temos que seguir a tendência, criando um mecanismo para que o Governo realmente ouça a população e as nossas opiniões possam realmente chegar ao Governo Central. Precisamos de melhores formas de comunicação, além dos já existentes grupos de trabalho e de ligação. Há reuniões frequentes, mas têm que ver com negócios, acordos de cooperação, comércio… Não passa disso. O plano quinquenal é já a forma de governar na China, é normal. Mas todos os anos, a Conferência Consultiva Política do Povo China, juntamente com os representantes de Macau no Partido Comunista têm uma série de trabalhos para desenvolver a cada 12 meses, do plano a cinco anos. A estrutura aqui é clara.

E em Macau?
Não é. Falta um mecanismo que divida o anúncio das políticas e depois as desenvolva.

Faz sentido ter um plano quinquenal em Macau?
Para mim, qualquer planeamento faz sentido, até porque define metas e ajuda a completar objectivos. O problema é que os planos a cinco anos de Macau e da China são ligeiramente diferentes. No continente acontece numa vertente de crescimento económico, continua a forte componente comunista. Aqui não. Não estou contra um plano quinquenal, mas temos que perceber como o aplicar.

Como é que pode ajudar Macau?

Veja-se o objectivo de criar um Centro Mundial de Lazer e Turismo. A ideia, no plano, deve ser então atingir uma série de objectivos concretos como a redução de carros até um certo número… No entanto, o que se está a fazer é criar slogans de incentivo, mas nada de específico. Neste momento, estamos a ir no sentido oposto à criação deste Centro.

O que quer isso dizer?
Se se quer mesmo um Centro de Lazer, é preciso fazer com que a cidade seja um local bom para viver e visitar. Até mesmo na baixa. É preciso que as pessoas se sintam confortáveis, mesmo com a cidade cheia de turistas e isso acontece por todo o mundo. Adoro andar, por exemplo, mas há muita gente na rua e tento ir de autocarro, mas estão todos cheios. Acabo por pegar no carro para me deslocar, mas também me tira tempo, porque estou imenso tempo presa no trânsito. É disto que falo, da dificuldade em nos mexermos.

Mas o Governo defende que está já a diversificar a economia…
Ainda não chegámos aí. Constroem-se casinos e hotéis de luxo que ficam cheios e onde as pessoas dormem, mas depois saem dali e têm o quê? O Governo está preocupado com a queda das receitas, mas esta diminuição é completamente irrisória. É perfeitamente possível diminuir 10% das receitas e continuar a ganhar.

Acredita que a qualidade de vida vai piorar?
Sinto-me aliviada com a queda das receitas, porque as pessoas precisam que alguma coisa negativa aconteça e lhes abra os olhos. Assim vão perceber que o Governo não pode continuar a gastar as receitas em recursos valiosos, como são os terrenos. Tudo é despendido nos casinos e esta queda é uma alerta de que o Jogo não vai crescer para sempre. Aqui critica-se pouco porque as pessoas precisam do dinheiro que vem do Executivo.

As pessoas deviam questionar mais?
Sim. Não é bom que as pessoas pensem assim, principalmente quando pensamos na origem do dinheiro que financia os casinos: muito vem de oficiais chineses e é claro que um dia estas regalias vão ter fim. Se o dinheiro viesse de pessoas normais, o esquema de entretenimento era diferente, um sistema mais ligeiro, com bares, pequenos espaços de Jogo, mas nada desta envergadura. Até porque nunca investimos efectivamente na melhoria da qualidade de vida.

Em que aspectos?
Saúde, para começar. Outra das coisas é o trânsito… Preocuparam-se tanto em gastar dinheiro com semáforos e agora há demasiados.

Como ex-candidata a deputada da AL, concorda com a ideia defendida por alguns deputados, de que deviam existir mais assentos directos?
Sem dúvida. Essa devia ser a tendência seguida. E para tornar o sistema legislativa mais saudável, 50% dos assentos deviam ser de voto directo para fazer com que a voz popular chegasse mais facilmente. Antes era contra a ideia de deputados nomeados pelo Governo, mas fui mudando a minha opinião porque compreendo que estes podem ser úteis. No entanto, o sistema de nomeações deveria servir para proteger os interesses dos portugueses e do Governo, mas não se vê isso. É preciso nomear macaenses, portugueses, minorias… Neste momento só há profissionais de construção, do sector privado comercial. O Executivo tem que pensar se querem lá pessoas que fazer realmente alguma coisa: nomeiam-se pessoas que nos façam fazer boa figura, não má.

Sónia Chan já anunciou que não vai fazer seguir para a frente com a reforma política. Concorda?
Não, de forma alguma. Penso que deviam estar já a preparar-se para fazer isto e não percebo como não se está a fazer. Acho que há muito receio dos acontecimentos de Hong Kong. O Occupy Central fez com que as pessoas tivessem medo de ir com a ideia para a frente, pensando que as pessoas que as pessoas de Macau também se podem rebelar. O Governo não sabe lidar com isto.

Terá a decisão de Sónia Chan tido origem em ordens do Governo Central?
Acredito que sim. Esta questão já ficou determinada pela China, como tendo que ser primeiramente aprovada na sede. Nada será aprovado aqui sem ter sido primeiro na China.

Acha que em Macau há capacidade para isso?
Não. Simplesmente não a temos, até porque ninguém que aconteça nada semelhante.

Ainda três Secretários têm as suas LAG para anunciar. O que espera ouvir?
Penso que os sectores da Cultura e da Educação até estão no bom caminho, que se conseguiu resolver as questões do património cultural e do tipo de educação. Há é uma questão que gostava de ver melhorada: não se está a prestar a atenção devido aos problemas das crianças. Temos vários casos de abandono escolar e não se percebe porquê… Se se trata de falta de inteligência, problemas familiares ou até psicológicos. Conheço jovens que acabaram por ser diagnosticados com dislexia e outros problemas, mas era visto pelos professores como sendo mal-comportados e desatentos. Não há um sistema de monitorização destes problemas. Para Raimundo do Rosário, espero que se mantenha na linha de transformar os terrenos revertidos em habitação pública.

Na passada sexta-feira, vários deputados lamentaram que a implementação do salário mínimo estava a sobrecarregar os proprietários. Alguns querem mesmo que o Governo ajude a suportar os custos. Como vê esta situação?
O Executivo subsidia quem ganha menos de 4000 patacas. Quem ganhava menos que isso está agora a ganhar umas 6000 patacas. Mesmo que se dupliquem os salários, os proprietários não precisam de pagar o dobro, tem é que haver uma gestão dos dinheiros já entregues. Temos que simplesmente passar por esta fase para as pessoas entenderem que merecem ter um salário mínimo. Trata-se de ser humano.

30 Nov 2015

LAG Economia e Finanças | Como sair do círculo vicioso?

Da dependência do Jogo para o futuro. Que caminhos? Lionel Leong deu algumas pistas. Que carecem de nitidez

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s hostilidades abriram com uma questão algo perturbante, da lavra do deputado Tsui Wai Kwan: “Parece-me que o Secretário [Lionel Leong] só está preocupado com as convenções. Pois bem… e as exposições?”. Assim abria o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG), pasta de Economia e Finanças. Prometia…
“O Secretário fala muito das convenções para promover o desenvolvimento [de Macau]. Isto quer dizer que vai dar prioridade às convenções. Mas o que é que isto significa? Há motivos para dar prioridade as convenções? Tenho a sensação que as exposições estão em segundo lugar”, argumentava o deputado, algo desiludido com as preferência do Secretário.
Em resposta, Lionel Leong garantiu que não. Até porque não existe um conceito de convenções sem exposições, que as duas estão ligadas e por isso qualquer plano que o Governo tenha para as convenções, terá para as exposições. “Damos muita importância as convenções, preocupamo-nos como é que podemos desenvolver este sector. Antes tínhamos alguns obstáculos, por exemplo, de hardware, para a realização das convenções em que mais de 60% eram realizadas sempre no mesmo sítio. Tudo estava concentrado”, explicou o Secretário, frisando que o Governo deve aproveitar os espaços que tem, incluindo nas cadeias hoteleiras.
“As convenções estão relacionadas com as exposições, não podemos separar. Com uma dinâmica entre estes dois elementos, podemos dinamizar a vinda de visitantes”, argumentou.
Estas novas visitas, indicou Lionel Leong, poderão “gostar e considerar Macau como um sítio de bom ambiente, com várias oportunidades de comércio e por isso vão interiorizar a vontade de expor aqui os seus próprios produtos e comercializá-los”. “Até podem querer marcar reuniões com os empregados ou a equipa e escolher Macau como destino”, reforçou, frisando “o maior poder de compra” que estes visitantes carregam consigo.
O Secretário caracterizou este sector como um lugar de grande peso para a economia local, sendo por isso necessário todo o empenho da sua equipa na sua promoção e melhoria.

PLP| uma arma mal usada

Passado este momento sui generis, Lionel Leong foi questionado sobre o papel de Macau como uma plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP). Sem hesitar, o Secretário tornou clara a importância desta função: “A plataforma com os PLP é muito importante, com isto podemos conseguir bons resultados”, defendeu.
Quanto ao movimento lusófono em Macau, o Secretário garantiu que são precisas mais “actividades neste sector para depois se definirem objectivos e estruturar, para se conseguir promover”.
Um grupo de trabalho presidido pelo próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On, que reunirá membros de vários pastas, tais como os Serviços de Alfândega ou dos Assuntos Sociais e Cultura, é uma ideia que Lionel Leong está a trabalhar. No fundo, um grupo que se dedique à promoção da Lusofonia como chamariz aos investidores de China Continental.
“Vamos convidar os países lusófonos a desenvolver um projecto para a China (…) queremos apostar nos elementos dos PPL, criando uma semana dinâmica”, indicou o Secretário, sublinhando que o “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial de Macau terá um papel fundamental na promoção das características dos PLP em zonas do interior da China. “Queremos criar bolsas de contacto directo para que os empresários tenham mais conhecimento e percebam mais do mercado lusófono. Assim seremos uma plataforma”, rematou.
Será também feito um pedido aos PLP relativamente à protecção ambiental, ainda segundo o Secretário. “Vamos convidar os PLP para trazerem mais tecnologia, para estabelecer ou organizar contactos entre empresários de protecção ambiental destes países com a China”, explicou.

IPIM e medicina tradicional no mundo

Durante as suas respostas aos deputados, Lionel Leong afirmou ainda que o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM) vai abrir uma representação no Brasil e em Portugal para divulgar e abraçar uma cooperação de promoção dos produtos dos PLP.
“Pretendemos contratar contabilistas e advogados para prestarem serviços de consultadoria, finanças e direito, em relação ao Brasil e Portugal. Assim os investidores conseguirão obter os serviços adequados”, explicou.
A Medicina Tradicional Chinesa é também uma das preocupações do Secretário, que a quer no mundo. Segundo afirmou, este ramo da medicina poderá ser a rampa de lançamento de muitas empresas para os mercados estrangeiros, sejam “na Europa ou até nos Estados Unidos da América”. Uma aposta no Parque Científico e Industrial de Medicina, tornando-o num grande foco de investimento poderá levar a esta expansão. Incluindo os medicamentos, rematou.
“Além da missão que já apresentámos, vamos tentar que as empresas que entram no Parque possam criar a sua própria industrialização e ao mesmo tempo que atraiam pequenas e médias empresas para investir na Medicina Tradicional Chinesa. Assim podemos sair de Macau para o mundo”, indicou.
Sessões de apresentação é um dos objectivos de Lionel Leong, que também pretende industrializar a própria Medicina Tradicional Chinesa. “Vamos estudar a melhor maneira para sermos conhecidos no mundo, vamos convidar médicos para participar nas sessões”, acrescentou, frisando que esta é uma medida a “longo prazo, portanto não vai ser rápido”.

Fundo com todos

Ainda durante a sessão de debate das LAG, Lionel Leong esclareceu que o Executivo irá “desenvolver o Fundo de Desenvolvimento e Investimento com a participação dos cidadãos, quando se puder garantir a segurança do investimento”. “Claro que os residentes de Macau podem participar no fundo”, afirmou, respondendo ao deputado Vitor Cheung Lup Kwan sobre a participação popular no projecto.
Assim, continuou o Secretário, o Governo irá desenvolver este fundo contando com a participação dos residentes de Macau que estejam interessados. “Vai haver um retorno pequeno, mas é normal, depois é maior. Com tempo, quando pudermos garantir a segurança dos investimentos [dos residentes], vamos aceitar a participação dos cidadãos”, explicou.
Quanto ao mercado do petróleo, questionado pela deputada Wong Kit Cheng, Lionel Leong garantiu que o Governo irá estudar mais sobre a situação. “A gasolina representa 97,3% do volume de importação e o gás butano 92,6%. Isto vem da China [continental]. Temos um grupo de trabalho que está a estudar sobre os preços do consumo e temos estado a estudar a nova situação dos produtos alimentares para que possamos ter uma oferta e uma estabilidade dos preços de consumo. Vamos estudar e acompanhar”, rematou Lionel Leong.

As ideias de Lionel Leong

• Aposta nas convenções e exposições
•Relações com PLP
– Grupo de Trabalho transversal para dinamizar relações
– IPIM em Portugal e no Brasil
– Aposta na protecção ambiental
• Industrializar e comercializar Medicina Chinesa no mundo
• Participação dos residentes no Fundo de Desenvolvimento e Investimento

30 Nov 2015

Inspecção de Jogos | Leonel Alves questiona estrutura orgânica

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante a sua intervenção na sessão de debate das Linhas de Acção Governativa (LAG), o deputado Leonel Alves questionou o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, quanto à estrutura orgânica da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), regulamentada desde 2003, sem alteração até agora. Tendo em conta o “novo ciclo dos Jogos” e quase passados 15 anos o deputado questiona a pouca adequação da mesma estrutura. “Como vai evoluir esta estrutura de jogos?”, questionou o deputado, aproveitando também para pedir a Lionel Leong explicações quanto ao futuro e estrutura orgânica do Gabinete de Informação Financeira (GIF), inicialmente criado com para uma duração de três anos.
O Secretário admitiu que o Governo, e a sua equipa, concordam que o “DICJ merece uma melhoria para que os trabalho possam efectuar bem as suas funções”, sendo que o “pessoal da área de direito também deve ser reforçado”.
Melhorias informáticas necessárias foram ainda apontadas pelo próprio Secretário, porque ainda hoje “se utiliza a presença de trabalhadores quando se poderiam introduzir novas tecnologias e melhorar o trabalho”.
“Quando conseguirmos ter estes profissionais e melhorias podemos efectuar um ajustamento à DICJ”, explicou o Secretário.
Relativamente o GIF, Lionel Leong foi claro: em quanto o GIF não realizar o exame perante a organização internacional sobre branqueamento de capitais e combate ao terrorismo – que acontecerá no próximo ano – a equipa e a estrutura não serão mexidas. “Antes disso não vamos fazer nada, só depois do exame internacional é que saberemos se o órgão internacional também pretende que a RAEM disponha de uma unidade financeira permanente. No fim do exame vamos colocar em hipótese a reformulação”, apontou.

30 Nov 2015

Ng Kuok Cheong |Mecanismo para salário mínimo não é realizável

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong questionou o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, sobre a promoção de um salário mínimo geral, incluindo todos as profissões. O deputado defende que há necessidade deste salário – que agora contempla apenas empregados de limpeza e seguranças – se tornar universal, através de “mecanismo fiáveis” para que não causar “impactos na sociedade”.
Ng Kuok Cheong relembrou a promessa do Governo, em Janeiro passado, de criar um “mecanismo dinâmico” de apoio às pequenas e médias empresas (PME) na implementação dos regime do salário mínimo. “Até agora não temos nada”, frisou o deputado, questionando quais os planos do Governo para a criação do tal mecanismo.
Em resposta, Lionel Leong sublinhou a vontade de “apoiar de uma forma maior os trabalhadores que têm um salário muito baixo”, para que, “possam ter um salário razoável”. Daí, justifica, o Governo ter avançado com um salário para os empregados da área de segurança e limpeza.
“Nós próximo três anos, queremos que esta medida seja abrangente para todos, achamos que é muito importante ter um salário mínimo. Estou muito atento a este assunto”, reforçou o Secretário.
Perante o mecanismo dinâmico citado por Ng Kuok Cheong, Lionel Leong indicou que o Governo tem mantido relações estreitas, de contacto constante, com diferentes associações e pessoas para que estas conheçam as condições necessárias.
“Convidámos o Instituto de Habitação (IH) para que este possa fornecer os dados às pessoas e aos interessados, como os patrões para saberem a lei. (…) Temos falado com as Obras Públicas, estamos atentos ao pessoal efectivo. Perguntamo-nos se este pode ser afectado após o lançamento do salário mínimo. Se isso acontecer, vem contrariar o nosso objecto. Achamos que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) tem que falar com o IH para estarem atentos a toda esta situação”, respondeu.
Perante a resposta dada pelo Secretário, Ng Kuok Cheong considerou haver muita coisa para explicar, sendo que, pela explicação de Lionel Leong, o “mecanismo dinâmico” está longe de acontecer e, parece-lhe muito pouco “realizável”.

30 Nov 2015

Com receitas abaixo dos 20 mil milhões, medidas de austeridade serão mantidas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, garantiu que as medidas de austeridade, activadas em Setembro passado, serão para manter, caso as receitas mensais dos casinos se fixarem abaixo dos 20 mil milhões de patacas no próximo ano.
“Se as receitas ficarem abaixo dos 20 mil milhões, avançamos com medidas de austeridade. Temos esta meta para as nossas receitas em 2016. Se forem abaixo disso, as medidas de austeridade vão continuar”, disse o Secretário, no segundo dia de debate das Linhas de Ação Governativa (LAG) para o próximo ano.
(Em Setembro, o Executivo anunciou a entrada em vigor das medidas de austeridade, que na realidade pouco têm que ver com as medidas aplicadas na Europa. Em concreto, desde 1 de Setembro, todos os serviços públicos e organismos especiais passaram a congelar 5% das despesas orçamentadas para a aquisição de “artigos para o funcionamento diário dos serviços ou de bens consumíveis” e 10% do orçamento para investimento (sem incluir o Plano de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração, o chamado PIDDA). Este plano de contenção entrou em vigor depois de os casinos terem registado receitas de 18 mil milhões de patacas em Agosto, abaixo do limite fixado pelo Executivo de 20 mil milhões de patacas. O Governo esperava, assim, poupar cerca de 1,4 mil milhões de patacas em 2015.)
O Secretário garantiu que se as receitas voltarem a ficar abaixo do mesmo limite, em 2016, voltam a aplicar-se estas medidas. “Esta contenção foi feita para reduzir as despesas do Governo”, frisou, indicando que se aplica a “vários itens”, como “missões oficiais, festas, feitura de impressos ou publicidade”.

Poupança alerta

Lionel Leong alertou para a necessidade de cautela nos gastos, afirmando que “este tipo de ciclo de descida” do PIB “normalmente demora dois anos”. No entanto, garantiu que há “dinheiro suficiente para fazer face a todos os aspetos e continuar com mecanismos a longo prazo de regalias sociais”, referindo-se à reserva financeira.
As receitas dos casinos estão em queda há mais de um ano e o PIB do território desceu 25,4% em termos reais no primeiro semestre do ano. Durante a apresentação das LAG para 2016, no passado dia 17, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, avançou com uma previsão, que o próprio apelidou de conservadora, de receitas brutas dos casinos de 200 mil milhões de patacas em 2016, numa média mensal de 16 mil milhões.
De acordo com esta estimativa, e segundo a proposta de lei de orçamento para o próximo ano, o Governo espera arrecadar, em 2016, 70 mil milhões de patacas em impostos diretos sobre as receitas brutas do jogo, menos 16,6% do que aquilo que prevê o orçamento retificativo para este ano (84 mil milhões de patacas).

30 Nov 2015

LAG | Empregadas domésticas são tema de destaque

As empregadas domésticas e a agências de trabalho estão na mira do Governo. Muito questionado sobre o futuro, Lionel Leong garante que a sua equipa está atenta a situação e prevê mudança para breve

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]erminado o segundo dia de apresentação das Linha de Acção Governativa (LAG) da secretaria da Economia e Finanças, da responsabilidade de Lionel Leong, a situação da contração das empregadas domésticas voltou a ter bastante destaque.
Para a deputada Chan Hong “Macau precisa de alterar os diplomas relacionadas com a protecção e contratação de empregadas domésticas”. Na visão da deputada, a qualidade do serviços em causa deixa muito a desejar e é preciso garantir um bom serviço.
Chan Hong aproveitou o momento de debate com o Secretário Lionel Leong para saber se o Governo está a acompanhar a situação e qual o trabalho que tem realizado relativamente às agências de trabalho, mecanismo utilizado para a contratação da empregadas domésticas.
A deputada Song Pek Kei voltou, uma vez mais, a insistir na necessidade do Governo assumir uma posição perante a situação actual das agências de trabalho.
Em resposta, Lionel Leong indicou que o Govenro “já ouviu a população que também mostrou a sua preocupação quanto à qualidade do serviço”. “Queremos melhorar o serviços de gestão e importação de empregadas domésticas. E vamos melhorar todo o mecanismo quanto ao número de contingência, duração de trabalho, etc”, afirmou o Secretário.
Durante a apresentação das suas directrizes de governação, e respondendo às perguntas colocadas pelos deputados, Lionel Leong afirmou ainda que o Governo pretende criar uma “nova forma de contratação de empregadas domésticas”.
A contratação, indicou o Secretário, corresponde à forma de contratação nominativa. Forma esta que traz “vantagens e desvantagens”.
“Por exemplo, só quando [a empregada doméstica] entra no território é que é activo o visto de trabalho. Isto vai permitir perceber melhor”, indicou, frisando que neste momento as empregadas domésticas, com visto de turista ou de trabalho, “entram e saem [do território] e não possível controlar”.
“É preciso criar novas regras para a fiscalização. Mas como sabemos, uma moeda tem sempre duas faces”, argumentou o representante do Governo.
A deputada Song Pek Kei insistiu para a necessidade de Lionel Leong levar acabo a revisão das leis que regulamento as agências de trabalho e as contratações de empregadas domésticas.
Lionel Leong disse estar atento à necessidade de revisão, apesar de neste momento estar em cumprimento com a lei, o Secretário adiantou que o Governo tem mantido um contacto estreito com a parte laboral e a patronal para que se possa melhorar o cenário actual. Relativamente ao regulamento das agências de trabalho, Lionel Leong, adiantou que é possível que seja entregue uma proposta de lei no primeiro trimestre do próximo ano.
“Se há erros, [as agências de emprego] vão ser punidas (…) ao longo do ano tivemos quatro casos de atribuírem trabalho a vistos turistas”, indicou ainda o Secretário.

Lugar para todos

A deputada Chan Hong fez ainda referência aos portadores de deficiência. “Há falta de recursos humanos”, argumentou, explicando que existindo esta carência é uma oportunidade para “os portadores de deficiência terem mais oportunidades em encontrar trabalho”.
Para a deputada é preciso que o Governo esteja atento e a trabalhar para proteger os direitos deste tipo de trabalhadores, ajudando-os com, por exemplo, isenções fiscais e outras medidas fiscais.
“O Governo precisa de ajudar estes portadores de deficientes para que eles sejam contratados”, alertou, questionando Lionel Leong sobre a existência de uma “calendarização do trabalho”.
“Eles também têm direitos, temos de ajudar estes deficientes a ter um emprego”, rematou.
Pela voz do director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, surgiu a garantiu de mais descontos fiscais, “acumulação de descontos”, às empresas, casos estas pretendam recrutar um maior número de portadores de deficiência. O director avançou ainda que estas isenções ficais podem ultrapassar as 62 mil patacas no imposto complementar.

30 Nov 2015

LAG 2016 |Poupança, iniciativas criativas e cooperação com PLP na mira

Lionel Leong assume que a conjuntura interna e externa vai ser “muito complexa” para o próximo ano e por isso quer organizar a sua pasta apostando na poupança e na cooperação entre a China e os PLP sem esquecer o desenvolvimento de mais indústrias predominantes

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, admitiu que para o ano de 2016 está prevista uma “conjuntura interna e externa muito complexa e em constante evolução, com intensificação da pressão concorrencial regional”. O responsável assume que os factores que têm afectado o desenvolvimento económico do território se vão manter, ainda que assegure que o “profundo ajustamento” na economia criou as “condições adequadas para a diversificação”.
“Estamos numa fase de ajustamento – não é uma fase má para a sociedade, pelo contrário. Devemos saber como agarrar bem esta oportunidade de ajustamento do nosso tecido económico, fazermos com que toda a gente ganhe com este cenário”, afirmou o Secretário.
As declarações surgiram durante o discurso de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, que decorreu ontem em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL). Lionel Leong explicou quais os objetivos a colocar em prática durante o próximo ano.
“No próximo ano, daremos continuidade ao prosseguimento escrupuloso do espírito do presidente Xi Jinping (…), partindo do posicionamento traçado em torno da construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer e da Plataforma de Serviços para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Iremos reforçar o planeamento global e coordenar a concepção dos respectivos projectos”, discursou o Secretário.

Ponto por ponto

Da lista de metas a cumprir, Lionel Leong iniciou com a “prestação de apoio às iniciativas criativas e estímulo ao dinamismo”, defendendo que a criatividade é a “força motriz” que conduz ao desenvolvimento, sendo a inovação um “elemento fulcral para sustentar o desenvolvimento continua da economia de Macau”.
Assim o Governo irá “adoptar uma postura pragmática” e “promover conceitos criativos”, recorrendo ao programa Internet+, tornando-o um “motor impulsionador de ideias inovadoras” que permitam estimular o aparecimento e a criação de novas indústrias.
Os serviços públicos da área da Economia e Finanças, afirmou, terão também que accionar “por iniciativa própria” uma reforma e optimização dos serviços prestados, para que possam ser criadas novas ideias.
Os jovens e as pequenas e médias empresas (PME) continuarão a ocupar um lugar de destaque nas preocupações da equipa de trabalho. Lionel Leong indicou que o Governo irá dar atenção e apoio necessários para que estas PME possam encontra a direcção do crescimento.
O estímulo à elevação da qualidade, divulgando a confiança, construindo em conjunto uma “Macau com qualidade e com confiança” é a segunda meta definida pela equipa de Lionel Leong. Para atingir esta meta, o Secretário considera ser crucial a aposta nos próprios recursos humanos.
“Assim sendo (…) iremos estreitar a cooperação com o sector empresarial e as entidades associativas, no sentido de encorajar os trabalhadores dos diferentes sectores a participar nas acções de formação profissional direccionadas e exames de certificação profissional específicos, conforme as suas próprias necessidades, procurando, deste modo, elevar a competitividade dos mesmos para que possam ser promovidos vertical e horizontalmente na sua carreira profissional”, defendeu.

Jogo, indústrias e cooperações

Uma avaliação global – com base nos estudos da revisão intercalar no sector do Jogo – às legislações em vigor ficou também prometida pelo Governo. Esta avaliação, indicou o Secretário, irá permitir dar conta da situação operacional do sector e o ponto de situação da execução das directrizes internas relativas aos promotores do Jogo, permitindo ainda avaliar e aperfeiçoar os regimes jurídicos e mecanismos de fiscalização do sector.
Será também exigido às operadores do Jogo o aumento “dos elementos não Jogo”, para enriquecer os conteúdos turísticos e do próprio sector através de projecto integrados de turismos de grande dimensão.
“Exigiremos que as operadores de Jogo adoptem – medida defendida já em 2015 – a modalidade de ‘grandes empresas impulsionam as pequenas’, para incentivar as micro e PME a instalarem actividades nos seus complexos turísticos”, referiu.
A promoção do desenvolvimento de mais indústrias predominantes está também em destaque na lista de tarefas do Governo. Lionel Leong garantiu que irá promover o desenvolvimento das convenções e exposições, dando prioridade à “realização de conferências, passando o foco de atenção centrada na qualidade em detrimento da quantidade”.
Caberá também o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) coordenar todos os trabalhos relacionados com o desenvolvimento das actividades de convenções e exposições, aperfeiçoando os diversos planos de apoios.
Será ainda criada uma nova subunidade orgânica no IPIM, para se focar exclusivamente aos trabalhos económicos e comerciais relativos aos países lusófonos, dando continuidade à aposta no aumento da promoção na cooperação económica e comercial entra a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP).
“As plataformas físicas de exibição de produtos alimentares dos PLP, instaladas em Macau e no interior da China, irão ser interligadas com a plataforma online no sentido de prestar serviços online e offline para os empresários interessados. Ao mesmo tempo iremos dar prosseguimento aos trabalhos relativos à formação de profissionais bilingues, de língua chinesa e Português”, adiantou.

No poupar é que está o ganho

O aceleramento da construção do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa está também na lista de Lionel Leong, assim como o apoio e promoção do Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau na Ilha da Montanha.
“Da poupança nasce o sucesso, do luxo resulta o fracasso” é o lema que Lionel Leong quer seguir. Para o Secretário, é preciso poupar. “A poupança das despesas, a prudência financeira e o melhor aproveitamento de cada centavo do erário público são deveres do Governo da RAEM independentemente das boas ou más circunstâncias”, defendeu, frisando a necessidade de priorizar o reforço na gestão das finanças públicas e no empenho na elevação da rentabilidade dos recursos.
“Iremos reforçar a construção do sistema jurídico em relação ao regime orçamental e ao regime tributário, procurando que seja concluído, com a maior brevidade possível, o processo legislativo da nova Lei do Enquadramento Orçamental e fiscalizando rigorosamente a utilização do erário público dentro das nossa competências, no pressuposto de não afectar o bem-estar da população”, indicou.
A reserva financeira, disse, será gerida de forma mas rigorosa seguindo-se pelo principio da segurança e eficácia”, garantiu ainda.

29 Nov 2015

LAG 2016 |Lionel Leong quer jovens empreendedores e inovação em cima da mesa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, afirmou, ontem, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016 que os jovens e a inovação no desenvolvimento e diversificação da economia de Macau são uma prioridade de trabalho no próximo ano.
Defendendo uma necessidade de apoio ao jovens empreendedores, Lionel Leong afirmou que esta faixa etária é de facto a actriz principal da reforma e inovação. Depois de ouvir a apresentação do seu discurso, os deputados Mak Soi Kun, Ho Ion Sang e José Chui Sai Peng não se pouparam nas apreciações e perguntas ao Governo sobre a situação dos jovens.
Para Mak Soi Kun é necessário apostar nos jovens empreendedores, de acordo com a leis vigentes. José Chui Peng quis que o Governo explicasse de que forma é que os apoios monetários aos jovens têm melhorado a economia e têm fomentado o interesse dos jovens empreendedores. A criação do Centro de Incubação de Negócios para os Jovens foi também questionada quanto à sua utilidade pelos deputados.
Em resposta, Lionel Leong indicou que é preciso abandonar a ideia de que os jovens só precisam do apoio monetário por parte do Governo. “Tenho falado com vários jovens, tenho ouvido e eles estão preocupados com vão ter o seu espaço e como vão conseguir vender os seus produtos. O nosso plano de apoio aos jovens não é só a atribuição do dinheiro, há por trás disso uma coisa mais importante. Antes de receber o dinheiro, os jovens são chamados para formações para que lhes sejam incutidos conhecimentos sobre as necessidades dos mercados, noções sobre contabilidade, sobre o regime fiscal e até de marketing”, indicou o Secretário.
Para Lionel Leong é importante existir esta formação, este apoio do Governo e também a troca de experiências, seja de sucessos ou insucessos, para que os jovens percebam os erros que não podem cometer.
“Vamos intervir mais”, garantiu aos deputados o Secretário, frisando, uma vez mais, que para além do dinheiro, os jovens precisam de “perceber que alguém lhes reconhece, aceita e admite os seus projectos. No futuro vamos continuar a aproveitar os apoios e programas que temos para integrar com os jovens”, garantiu.

Inovação em acção

O deputado José Chui Sai Peng questionou ainda o Governo sobre os meios de promoção do empreendedorismo. “É preciso inovação e diversificação do empreendedorismo”, anotou.
Também o deputado Ma Chi Seng apontou o dedo a um empreendedorismo sem inovação em que todos os novos negócios seguem um modelo, sem grande variedade.
Lionel Leong apontou que a inovação, muito defendida pelo Governo, não diz respeito apenas ao jovens empreendedores, mas também às lojas tradicionais de Macau e às pequenas e médias empresas (PME).
“Todos, todos, têm de ter uma mentalidade inovadora. A inovação não é apenas para os jovens, é para todos, para as lojas tradicionais, para as PME. Claro, o Governo tem de ter uma cooperação com os serviços de tecnologias, claro que sim. Uma cooperação que permita prestar serviços in loco”, afirmou.
O Secretário adiantou ainda que o Centro de Transformação e Transferência de Tecnologia terá que assumir uma postura de responsabilidade na introdução da aposta na inovação na economia e no desenvolvimento de Macau.
“Queremos proporcionar um serviços especializado e de qualidade, o centro vai ficar encarregue disse”, garantiu, frisando a clara tendência do “comércio electrónico” e a necessidade das PME nessa vertente.

29 Nov 2015

LAG 2016 | Lionel Leong admite preços chocantes de rendas pagos pelo Governo

O Secretário para a Economia e Finanças diz ser chocante os valores pagos pelo Governo pelas rendas dos serviços públicos, mas não dá soluções para já. Leong não dá números, mas o HM sabe que são cerca de 600 milhões anuais, feitas as contas já em Maio deste ano

Com Joana Freitas

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ionel Leong admitiu ontem que os preços das rendas pagas pelo Executivo para os serviços públicos são elevados. O montante despendido pelo Executivo em rendas para estes espaços, espalhados por diversos sítios, foram motivo de questões levantadas pelo deputado Chan Meng Kam, durante a apresentação das LAG do Secretário para a Economia e Finanças. O deputado quis saber se o Governo poderia tornar pública a lista de gastos para o arrendamento dos espaço e apresentou a sugestão de se construírem edifícios que acolhessem provisoriamente estes órgãos. A resposta do responsável não tardou.
“Os serviços públicos pagam rendas muito elevadas todos os anos. Também eu sinto muito o preço das rendas, fico muito chocado com estes montantes gastos no arrendamento”, começou por indicar o Secretário, que relativamente à publicação dos valores das rendas pagas, apresentou algumas reticências.
“Eu, como Secretário, tenho que estar ciente destes valores, mas relativamente à publicação destes valores acredito que isto possa, ou até não, afectar o mercado do arrendamento. Será que vão subir? Será que vão descer? É preciso ouvir a sociedade porque a divulgação dos dados pode trazer algum impacto”, defendeu.
Relativamente à construção de edifícios específicos para os serviços públicos, apesar de Lionel Leong ter clarificado que esse assuntou não era contemplado pela sua pasta, “do ponto de vista financeiro”, o Secretário admite que faz mais sentido ter “edifícios permanentes” que é, aliás, o que o Executivo quer.
“Assim limitamos as quantias gastas no arrendamento em apartamentos ou edifícios no mercado privado, assim como poupamos nos custos das mudanças”, indicou, adiantando que este tipo edifícios permanentes irão permitir o controlo “melhor dos gastos do próprio erário público”.
Caso não exista a possibilidade de se construírem edifícios permanentes, a solução dos provisórios “não é a pior solução”, diz. É possível adoptar a medida, assegura, mas não para já.

600 milhões por ano

Apesar de não querer apontar números, conforme o HM avançou em Maio deste ano, o Governo paga cerca de 600 milhões por ano em rendas para mais de meia centena de espaços de serviços públicos. Dados fornecidos ao HM pela Direcção dos Serviços de Finanças indicavam que, mensalmente, 48,1 milhões de patacas eram pagas por rendas. A maioria dos espaços estão em prédios privados, com o Macau Square e o China Plaza a serem os espaços mais requisitados. Em 2009, o Comissariado de Auditoria aconselhava o Governo a fazer precisamente estes prédios para que não houvesse estas despesas.

29 Nov 2015

Caso Dore | Lesados queixam-se de investigação em frente à Assembleia Legislativa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s investidores na empresa de junkets Dore voltaram a manifestar-se pela perda do dinheiro “depositado” na sala VIP do Wynn, que sofreu um desfalque após o desvio de dinheiro alegadamente levado a cabo por uma funcionária da empresa. Os investidores consideram “injusto” que o Governo ainda não tenha resolvido a questão, mas que tenha já anunciado uma revisão à lei para impedir este tipo de investimento, que, recorde-se, é ilegal.
“Procuramos justiça” era o slogan que se podia ler no cartaz colocado em frente à Assembleia Legislativa, com os investidores a reivindicarem a recuperação do dinheiro que, no total, poderá ascender aos 500 milhões de dólares de Hong Kong.
O porta-voz queixou-se ao HM que a empresa assumiu que o dinheiro das vítimas era o que tinha sido desviado e descartou a responsabilidade para a trabalhadora que desviou o dinheiro, “fazendo de conta que nada aconteceu e continuando a operar a sala VIP”.
Os manifestantes pediam ajuda ao Governo e ao Gabinete de Ligação do Governo Central, criticando ainda as investigações das autoridades.
“Desde Setembro até agora, já passaram dois meses mas não há nenhuma resposta depois de nos termos queixado a vários serviços públicos. No âmbito da lei, o depósito de dinheiro não é legal, mas a situação já existe há mais de dez anos nas salas VIP de Macau, é um segredo público que o Governo não desconhece, porque é que não controlou isso antes e só agora quer a revisão da lei? É tarde demais, já aconteceu o caso. Como vamos resolver isso?”, questionou.

29 Nov 2015

Administração | Executivo e instituição chinesa já formaram 6000 funcionários

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Governo local e o Instituto Nacional de Administração da China – especializado na formação de pessoal do Estado – celebram este mês o seu 20º aniversário, celebrando com o anúncio da formação de mais de seis mil funcionários de Macau. O intuito, explicou a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, é preparar estes profissionais para a evolução social da região. Para Sónia Chan, os trabalhadores da Administração são “executores das políticas do Governo da RAEM” e devem continuar a ter formação contínua ao longo da carreira para responder à evolução social. Para a líder, a ideia destes cursos de formação é permitir que os funcionários públicos tenham oportunidade para conhecer mais sobre Macau, a China, os sistemas de governação e as políticas nacionais do país e da região. “Mediante a formação, os funcionários públicos de Macau puderam elevar as capacidades gerais, nomeadamente conseguiram ter um conhecimento melhor, generalizado e aprofundado, sobre a realidade do país, as políticas nacionais, o desenvolvimento social no interior da China, entre outros aspectos”, disse. Sónia Chan mostrou-se ainda confiante numa cooperação mais estreita com o Instituto. “Espero que na base da cooperação existente entre ambas as partes, o âmbito de cooperação seja alargado e aprofundado, para que o trabalho de formação produza resultados ainda mais satisfatórios”, finalizou a Secretária.

29 Nov 2015

LAG 2016 | Pedida revisão dos junkets e lista negra

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Zheng Anting pediu ao Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, uma “revisão profunda à legislação dos promotores do Jogo”, para se conseguir uma maior fiscalização ao sector. Durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG), o deputado defendeu que o Governo deve estar atento e tomar uma acção para a estabilidade das próprias operadoras de Jogo.
No mesmo momento, Zheng Anting pediu a Lionel Leong que fosse criada uma lista negra com os dados dos jogadores que de forma consciente actuam de forma ilegal. Esta lista, defendeu, irá permitir criar um sistema de segurança para as promotora de Jogo.
Em resposta, Lionel Leong indicou que tal lista nunca poderá ser feita sem garantir o respeito e cumprimento da Lei da Protecção de Dados Pessoais e só uma conversa com o gabinete competente poderá permitir perceber se é possível ou não isso acontecer.
“Não podemos, não nos atrevemos a fazer este trabalho sem prudência, temos de consultar o gabinete para perceber se é possível”, indicou. “Quanto às revisão das leis, queremos ajudar, queremos que o sector do Jogo venha a desenvolver-se de forma saudável, estamos a melhorar progressivamente o regime de fiscalização e de funcionamento do promotores”, respondeu o Secretário ao deputado.
Lionel Leong indicou ainda que a sua equipa de trabalho irá aproveitar a revisão intercalar às seis operadoras de Jogo, tal como o Chefe de Executivo defendeu durante a apresentação, na semana passada, para perceber a realidade de cumprimento ou não das mesmas.
Sobre a base de 3% de aumento das mesas de Jogo, imposta pela Governo e questionada pelo deputado, Lionel Leong garantiu que vai manter a política.
“Não vamos mudar esta política, é esta a base que autorizámos”, apontou, frisando que o Governo utiliza “estratégias e políticas para encaminhar o funcionamento do sector do Jogo, como por exemplo, os elementos não Jogo”. O mais importante, diz, é que as mesas existentes consigam contribuir para Macau “ser um Centro de Turismo e Lazer”.

29 Nov 2015

LAG 2016 | Lionel Leong não está preparado para a pasta que tem, dizem deputados

Sem novidades, sem preparação e sem noções de Administração. É assim que Pereira Coutinho carateriza o discurso de apresentação das LAG de Lionel Leong. Chan Meng Kam considera que há falta de detalhes

Com Flora Fong

[dropcap style=’circle’]“L[/dropcap]ionel Leong não disse nada de especial, nada. As introduções que ele fez são abstractas.” Foi assim que José Pereira Coutinho, deputado presente na apresentação das Linhas de Acção Governativa do Secretário para a Economia e Finanças, caracterizou o discurso. Chamando aos esclarecimentos de Leong apenas “um passeio pelo parque”, Pereira Coutinho diz que o Secretário ocupa um cargo em “que é preciso muita coragem” e que, apesar de ser um bom economista, “não percebe nada de Administração Pública”.
“O discurso de Lionel Leong demonstra uma clara falta de conhecimentos na área de Administração Pública, em como fazer que os serviços públicos da sua dependência possam de facto ajudar a resolver os problemas dos residentes de Macau”, indicou.
Das setes páginas apresentadas por Lionel Leong, Pereira Coutinho diz que pouco ou nenhum sumo útil se extrai.
“O que o Secretário apresentou hoje faz-nos compreender que o próprio, à partida, tem enormes dificuldades em compreender como funciona a máquina administrativa”, argumentou.
A falta de experiência na área é apontada como a maior causa de falta de respostas por parte do Governo. “Sei que ele tem dificuldades porque nunca trabalhou na Função Pública, não foi preparado para o cargo. Isto não lhe tira os conhecimentos que tem na área da Economia, porque é um empresário. Mas isto não chega. Esperamos muito mais deste Secretário”, argumentou.
Também o deputado Chan Meng Kam ficou bastante insatisfeito com o que o Secretário apresentou durante o seu primeiro dia de LAG. Para o deputado, Lionel Leong não deu as respostas que eram necessárias, deixando que alguns assuntos ficassem sem resposta ou pendentes.
Um exemplo claro dessas não respostas foram as rendas dos serviços públicos.
“O Secretário revelou que o orçamento da renda dos serviços públicos para o próximo ano será de 1,1 mil milhões de patacas, mas não apresenta qualquer pormenor. Pareceu-me que não estava disponível para falar mais sobre este assunto, que não quis falar mais e não consigo perceber porque é que não respondeu melhor às perguntas. Talvez não tenha tido tempo suficiente, conforme defendeu. Mas pergunto-me se será mesmo verdade que o Governo tem rendas mais caras que as empresas privadas. Questiono-me sobre isso. Será que é verdade? Não percebo”, argumentou o deputado.
Também sem respostas ficou a questão colocada sobre o preço do petróleo praticado pelos comerciantes de forma conjunta. Questão, diz, muito injusta para os cidadãos de Macau, tendo influências no dia-a-dia da sociedade.
“O Governo tem consciência deste problemas, sabe que está por resolver e que só dele depende a resolução do mesmo”, frisou.

Um pasta problemática

Para o deputado Leong Veng Chai, o Secretário fez bem o seu trabalho de casa e “preparou bem as informações para o debate”, sendo que o Leong Veng Chai como uma “pessoa muito energética”.
No entanto, o deputado considera que esta é uma pasta que tem várias dificuldades em serviços diferentes. “Cada serviço, cada área da pasta, tem os seus problemas e é difícil o Secretário conseguir debater todas as ideias e todos os problemas”, defendeu.
Na sua visão, o mais difícil de resolução do que Lionel Leong tem nas mãos, é a “questão dos trabalhadores não residentes (TNR)”, seja em caso de despedimentos por parte dos empregadores sem justa causa, ou até no pagamento de salários. “Acho que relativamente aos despedimentos dos empregadores sem justa causa, vejo que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) não consegue proteger os empregados despedidos”, apontou.
Leong Veng Chai avançou que são inúmeros os pedidos de ajuda por parte dos TNR que tem recebido, depois destes tentarem falar com os empregadores e ainda assim terem sido despedidos. O deputado considera que o Governo, neste caso a equipa de Lionel Leong, tem um trabalho a fazer, mas que até agora nada fez ou nada apresentou.

Tiro ao alvo

Tudo muito vago, é a análise que faz Melinda Chan à apresentação das LAG por Lionel Leong. “Há muitos assuntos a resolver, e até percebo as metas que o Secretário quer atingir, só não consigo entender como é que ele vai atingir essas metas, porque ele também não explica”, analisou a deputada, acrescentando que Lionel Leonel precisa de ser “muito mais claro relativamente ao caminho a percorrer”.
Para a deputada Wong Kit Cheng muitas respostas ficaram por responder. “O Secretário tem de responder de forma mais específica e profunda às questões apresentadas pelos deputados, em vez de fazer o que fez hoje, ou seja só falar no âmbito geral”, rematou.
A apresentação das LAG continua hoje, sendo que Lionel Leong irá responder a novas questões dos deputados.

29 Nov 2015

Parto com dor

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e boas intenções, dizem, está o inferno cheio, mas eu gosto de boas intenções. Para que o mundo mude, é preciso que alguém queira que as coisas aconteçam; melhor será se a intenção de evolução for boa. É por isso que não alinho no coro de quem condena com veemência as intenções de Alexis Tam para a área da Saúde, por serem demasiado ambiciosas ou anunciadas antes do tempo. São boas as intenções do secretário e há já alguma evolução, dizem, pelo menos ao nível estético, no plano funcional. É positivo que, num Governo que objectivamente não é alvo de avaliação popular, alguém avance com promessas para que se crie um compromisso.
Acontece que as boas intenções de Alexis Tam esbarram no tempo e no espaço que Macau não tem. O tempo foi perdido nos anos que se deixaram passar sem que houvesse qualquer preocupação de modernização, de ampliação dos serviços e de melhoria de resposta a uma população cada vez maior e também em crescente grau de exigência. Este desperdício de anos não é uma mera impressão – o erro foi assumido, ao vivo e a cores, por Lei Chin Ion, o homem que, nestes quase 16 anos da RAEM, ou foi director do hospital público ou foi, como ainda é, director dos Serviços de Saúde.
O espaço que Alexis Tam não tem não é de ordem física: é, digamos, de natureza tradicional ou, se preferirem, de cariz histórico, de matriz cultural, de características sociais profundamente enraizadas. A decisão vem de longe, mas mantém-se forte e foi recentemente reiterada: quem manda entende que o Hospital Kiang Wu, instituição privada dada à beneficência, deve ser apoiado financeiramente pelo Governo. Há vários modelos de transferência do erário da RAEM para o piedoso Kiang Wu, que tanto vai buscar dinheiro à Fundação Macau, como vai buscar ao orçamento do próprio hospital público.
Em terra de muito dinheiro, não me choca que se ajudem as beneméritas instituições – apesar de serem muito pouco caridosas as contas que o hospital privado de Macau cobra a quem passa lá umas noites. O que me indigna é que, à custa do espaço que o Kiang Wu foi conquistando – pelos tratamentos que dá e que não existem no São Januário, pelas instalações que tem e que faltam ao São Januário, pela formação que proporciona e que não há no São Januário –, se tenha ignorado a importância de um hospital público condigno.
Ao princípio, quando as coisas começaram a correr mal na saúde, eram meia dúzia de portugueses mal habituados que batiam o pé – vinham de longe, de um país que, apesar da falta de dinheiro, se pode gabar ainda hoje de um serviço público de excelência. Não é segredo para ninguém que, nalguns corredores, os portugueses – e alguns jornalistas nos quais me incluo – eram conhecidos por serem particularmente aborrecidos, por cometerem o imperdoável pecado da pergunta. Ainda não perderam o título.
Era assim ao princípio, mas deixou de ser só assim: porque a população de Macau passou a ter menos dinheiro para deixar em filantrópicas instituições prestadoras de cuidados de saúde, virou-se para o serviço público que, não sendo gratuito, é mais comedido na hora de apresentar a factura. As queixas – algumas injustificadas, muitas justificadas – começaram a crescer. E os jornalistas que não eram conhecidos por serem chatinhos juntaram-se ao grupo dos muito aborrecidos que fazem perguntas.
Esta semana, uma ouvinte do canal chinês da Rádio Macau aproveitou a presença do director dos Serviços de Saúde no programa de antena aberta da emissora para dar a voz e contar a sua história: teve um filho no São Januário e não correu bem. Deixaram-lhe placenta lá dentro. Teve um problema com a sutura. Teve de se submeter a uma intervenção cirúrgica para corrigir o que não correu bem. Teve um processo doloroso. Queixa-se de ter sido tratada com fracos modos por quem a atendeu. Teve um filho e ter um filho não foi a melhor coisa que lhe aconteceu.
Sei de fonte certa que esta mulher não é um caso único – e qualquer jornalista consegue, sem grande esforço e em meia dúzia de horas, redigir uma colectânea de problemas hospitalares na especialidade clínica que mais alegria deveria dar a quem entra no São Januário. Vistas as coisas, é das poucas salas onde se vai por não se estar doente – está-se ali porque se está a gerar vida, esse acontecimento que deveria ser festivo, bonito, indolor e inesquecivelmente bom. É um desejo mundial: não importa o contexto étnico ou cultural das mulheres que ali estão.
Sem espaço para inverter desejos maiores do que o dele, resta a Alexis Tam pegar no pouco que tem (porque o São Januário e os centros de saúde, sendo muito, são pouco) e, sem pretensões de querer vencer o imbatível, apostar num projecto modesto, mas de excelência, ao melhorá-lo naquilo que faz mesmo falta: melhores equipamentos, melhores tratamentos, pessoas mais bem formadas, pessoas com mais tempo para se dedicarem às pessoas que ali vão parar, gestores que saibam mesmo o que andam a fazer e, já agora, garantir que as mensagens que se passam cá para fora são de uma irrepreensível honestidade. Para que a história da mulher que ligou para a rádio e todas as outras parecidas sejam a excepção e não a regra. Para que as promessas sejam mais do que um compromisso.

29 Nov 2015

Prana – “Raiva”

“Raiva”

Raiva é amor mal canalizado
É uma prenda enfim
Que ofereço só a mim
E aceito com agrado

Raiva é saudade de tudo o que nunca foi teu
É um tesouro achado
Que estimo e que guardo
Como se fosse meu

E não tens de a esconder
Quando ela vem
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também

E a raiva não dá murros
Não dá turras nem pontapés
Quem a tem sempre a experimenta
Dos 8 aos 80 e de lés a lés

Porque a raiva não é feia
Não é crime nem é pecado
É uma fogueira ao frio
Uma santa com feitio um bocadinho ao lado

E não tens de a temer
Quando nada corre bem
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também
Porque a raiva só é má
Quando a alma é má também

Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!
Deixa toda a tua raiva em mim!

E se caso com a alma
Não distingo o mal do bem
Guarda longe essa raiva
Antes que mates alguém
Guarda longe essa raiva
Antes que mates alguém

Prana

MIGUEL LESTRE / JOÃO FERREIRA / DIOGO LEITE

26 Nov 2015

Eleições | Alterações de 2012 foram “falsa reforma”, acusa deputado

Au Kam San voltou a fazer menção à reforma política e ao sufrágio universal, considerando um “disparate” a justificação económica para que não se avance na Lei Eleitoral

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Au Kam San voltou a pôr as garras de fora ontem, pedindo que a reforma política fosse levada a cabo. Para o deputado da bancada democrata, as alterações à Lei Eleitoral levadas a cabo em 2012 foram uma completa “falsa reforma” pois apenas aumentaram o número de assentos na AL, mas não ajudaram, diz, a implementar um sistema democrático.
Au Kam San voltou a trazer a lume a justificação dada pela Secretária para a Administração e Justiça para a não realização da reforma, que disse, na passada segunda-feira, durante o debate das Linhas de Acção Governativa, que esta não poderia ter lugar porque dava azo a instabilidade social, acrescentando que o clima económico não era o mais favorável.
“Disse ainda que uma alteração a curto prazo seria desfavorável para a estabilidade do sistema político. Segundo esta lógica, depois da reforma de 2012, já não são possíveis mais alterações. Isto é um absoluto disparate”, atirou Au Kam San.
O deputado chega mesmo a justificar o seu pedido pela reforma política citando a Assembleia Popular Nacional (APN): “continuar a promover gradualmente o desenvolvimento do sistema política da RAEM”. Esta directriz da APN, assegura Au, não vem em nada contrariar o seu pedido.
“Muito pelo contrário, só com a vontade de progredir é que se consegue equilíbrio social e estabilidade nos diversos sectores, incluindo no sistema político”, continuou.
A opinião de Au Kam San vem assim juntar-se à dos dois especialistas políticos e activista ontem contactados pelo HM. Nenhum deles considera plausível a justificação da crise económica para a não realização da reforma política, acreditando mesmo que a decisão está relacionada com os acontecimentos que tiveram lugar em Hong Kong, conhecidos como Occupy Central, quando milhares de pessoas se juntaram em manifestações e acampamentos para pedir a mudança do sistema político, onde existisse um sufrágio universal verdadeiro.

26 Nov 2015

São Januário | Wong Kit Cheng critica despedimento de funcionários da limpeza

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara Wong Kit Cheng, a melhoria da qualidade dos serviços públicos passa pela responsabilização de quem comete erros. A deputada baseia-se no episódio de abandono de ficheiros clínicos na via públicos por funcionários dos Serviços de Saúde. A deputada argumenta que o despedimento dos trabalhadores culpados “não é a mais racional” das soluções, já que não afecta quem realmente interessa: os dirigentes que, por dois meses, não detectaram qualquer anomalia.
“Isto demonstra falta de iniciativa dos dirigentes na fiscalização e na salvaguarda da concretização das instruções e demonstra que tudo depende do sentido de responsabilidade e da consciência de cada trabalhador quanto ao seguimento das instruções para tratamento de documentos com dados pessoais”, critica.
Além disso, Wong Kit Cheng diz que esta prática vem contrariar a afirmação do Governo de que existem regimes eficazes de fiscalização. A deputada pede então que se aperte o cerco às práticas dos trabalhadores da Função Pública, que apenas dá importância “aos problemas depois destes acontecerem ou serem descobertos pelo Comissariado da Auditoria”.

26 Nov 2015

População dá nota “média” a deputados directos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados directos à Assembleia Legislativa (AL) receberam nota “média” num inquérito realizado pela Associação Nova Visão de Macau sobre o nível de satisfação dos deputados. Segundo um comunicado, o deputado José Pereira Coutinho é o deputado “mais conhecido”, mas Ng Kuok Cheong obteve a classificação mais alta.
Em termos de popularidade, os entrevistados deram 90 pontos (de zero a 100) ao desempenho de Pereira Coutinho, enquanto que Chan Meng Kam obteve 89 pontos. Kwan Tsui Hang recebeu 87 pontos, seguindo-se na classificação a deputada Angela Leong, Ng Kuok Cheong e Au Kam San.
No entanto, na nota dada ao desempenho dos deputados directos, Ng Kuok Cheong e Au Kam San ocupam os primeiros dois lugares, com 68 e 67 pontos respectivamente. Os deputados Zheng Anting, Wong Kit Cheng e Song Pek Kei são os três deputados menos conhecidos pelos residentes entrevistados.
De entre 837 residentes entrevistados em Novembro, 49% considera que o desempenho geral no hemiciclo este ano foi “médio”, sendo que 16% acha que o desempenho dos deputados foi “satisfatório”, enquanto que 5% se mostrou “muito insatisfeita”.
Esta foi a segunda vez que a Associação Nova Visão de Macau realizou este inquérito, sendo que, face ao ano passado, o nível de satisfação aumentou apenas 1%, enquanto que o nível de insatisfação subiu 3%.
Para a associação, este tipo de inquéritos tem um valor de referência para os deputados directos, para que consolidem os trabalhos de promoção e de comunidade, por forma a serem mais aceites pela população.

26 Nov 2015

Eleições | Alterações de 2012 foram “falsa reforma”, acusa deputado

Au Kam San voltou a fazer menção à reforma política e ao sufrágio universal, considerando um “disparate” a justificação económica para que não se avance na Lei Eleitoral

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Au Kam San voltou a pôr as garras de fora ontem, pedindo que a reforma política fosse levada a cabo. Para o deputado da bancada democrata, as alterações à Lei Eleitoral levadas a cabo em 2012 foram uma completa “falsa reforma” pois apenas aumentaram o número de assentos na AL, mas não ajudaram, diz, a implementar um sistema democrático.
Au Kam San voltou a trazer a lume a justificação dada pela Secretária para a Administração e Justiça para a não realização da reforma, que disse, na passada segunda-feira, durante o debate das Linhas de Acção Governativa, que esta não poderia ter lugar porque dava azo a instabilidade social, acrescentando que o clima económico não era o mais favorável.
“Disse ainda que uma alteração a curto prazo seria desfavorável para a estabilidade do sistema político. Segundo esta lógica, depois da reforma de 2012, já não são possíveis mais alterações. Isto é um absoluto disparate”, atirou Au Kam San.
O deputado chega mesmo a justificar o seu pedido pela reforma política citando a Assembleia Popular Nacional (APN): “continuar a promover gradualmente o desenvolvimento do sistema política da RAEM”. Esta directriz da APN, assegura Au, não vem em nada contrariar o seu pedido.
“Muito pelo contrário, só com a vontade de progredir é que se consegue equilíbrio social e estabilidade nos diversos sectores, incluindo no sistema político”, continuou.
A opinião de Au Kam San vem assim juntar-se à dos dois especialistas políticos e activista ontem contactados pelo HM. Nenhum deles considera plausível a justificação da crise económica para a não realização da reforma política, acreditando mesmo que a decisão está relacionada com os acontecimentos que tiveram lugar em Hong Kong, conhecidos como Occupy Central, quando milhares de pessoas se juntaram em manifestações e acampamentos para pedir a mudança do sistema político, onde existisse um sufrágio universal verdadeiro.

26 Nov 2015

Administração | Pereira Coutinho e Ho Ion Sang querem mobilidade e benefícios

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante a sua intervenção de ontem na Assembleia Legislativa (AL), Ho Ion Sang optou por questionar o Governo acerca de uma maior aposta na formação de formação dos funcionários públicos. Para o deputado, a mobilidade vertical viria melhorar de forma significativa a eficiência do serviço público.
Ho Ion Sang criticou a escassez de processos de mobilidade, afirmando mesmo que esta “não é frequente”, expondo alguns números no hemiciclo: “de 2005 a 2014 a média foi de 474 pessoas e é por isso que cada serviço público está virado para si próprio, havendo falta de comunicação sobre a mobilidade vertical”.
A falta de comunicação, critica Ho Ion Sang, faz com que haja “coisas sem que haja pessoas para as fazer e pessoas sem nada para fazer”, disse, defendendo o fomento da mobilidade horizontal.
O Governo deve reforçar a formação dos funcionários públicos e as exigências aumentaram, explica o deputado, devido às mudanças da economia local. “[Queremos] um Governo capaz de prestar serviços”, pediu ontem.
Também José Pereira Coutinho voltou a insistir na “criação de um mecanismo de apreciação imparcial” do desempenho dos funcionários públicos. Além disso, o deputado pede que seja facilitada a categorização de pessoal e que se aumentam os salários das classes de trabalhadores mais baixas.
Ademais, pede que sejam pagas “diuturnidades” aos trabalhadores da Administração ao invés de tal ser feito em regime parcial. A atribuição de benefícios aos funcionários públicos é um dos assuntos em que Pereira Coutinho mais tem insistido. Na mesma interpelação, frisa ainda aquilo a que chama uma “intenção” do Governo em construir habitações para os seus trabalhadores, pedindo que mais pessoas possam usufruir da atribuição.

26 Nov 2015

Orçamento | Aprovado diminuição de 14%. Deputados criticam acréscimo de despesas

Em 2016, o Governo calcula gastar mais 1,5% do que até ao final deste ano, devido ao investimento em projectos. Ainda assim, o orçamento será menor em 14% do que em 2015, devido à queda das receitas do Jogo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]orçamento da RAEM para 2016 vai cifrar-se nos 103,2 mil milhões de patacas, o que representa uma diminuição de 14 mil milhões face ao ano corrente. A razão é simples: as receitas do Jogo sofreram uma queda e por isso o Executivo estima arrecadar cerca de 70 milhões de patacas através do imposto especial sobre o jogo, ou seja, menos 14 mil milhões quando comparando com o valor conseguido este ano.
No entanto, o valor da despesa será em um milhão de patacas mais elevada do que aquela prevista no orçamento de 2015, ficando-se pelos 85 mil milhões. A justificação dada pelo Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, tem que ver com os investimentos planeados.
Durante a sessão de perguntas na sessão plenária de ontem, o deputado Ng Kuok Cheong quis ter em mãos a especificação das tranches a pagar pelo Plano de Investimentos (PIDDA) – que financia obras públicas e outros investimentos – durante este ano. “Quando ao PIDDA, queria saber: se em 2016 temos 16 projectos e muitos custam mais de 500 milhões de patacas, será possível saber quanto é que vai ser pago e em que altura?”, perguntou Ng Kuok Cheong ao Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong.

Crise das despesas

Três dos deputados presentes questionaram-se acerca do aumento da despesa do Executivo, justificando que a crise económica deveria forçar o Governo a cortar nas despesas e não a aumentar. O deputado Au Kam San usou da palavra para questionar a necessidade do aumento da despesa governamental nas contas do próximo ano.
“Porque é que as despesas vão subir, se temos que conter?”, questionou-se Au Kam San. O deputado lamenta que o Executivo possa gastar mais do que o indicado e que não tenha de dar satisfações à AL. Já Song Pek Kei citou a nota justificativa da apresentação do Orçamento da RAEM para 2016 para lembrar que a prática comum em época de austeridade é cortar nos investimentos. “No orçamento do próximo ano não estou a ver a introdução de quaisquer ajustamentos, o que quer dizer que o Governo vai cortar no investimento em obras públicas?”, questionou.
José Pereira Coutinho aproveitou para lembrar que a Função Pública adoptou recentemente a política de substituir a comunicação de serviços públicos em papel para formato electrónico. Este método, explica, deveria servir para poupar, mas o orçamento dita exactamente o contrário. “Com a queda das receitas, é necessário termos contenção das despesas e por isso não percebo como é que nas despesas gerais continuamos a ter um aumento”, começou por dizer.
“O nosso plano tem como objectivo o serviço electrónico e não percebo esta nova política de, em 2016, comparando com as despesas gerais, temos este aumento no orçamento”, lamentou Pereira Coutinho. Assim, junta-se mais um deputado às vozes que pediram a Lionel Leong que esclarecesse esta matéria.
Aos deputados, Lionel Leong respondeu que a crise será vencida através de três pilares: “dependemos dos investimentos, exportação e consumo para manter a vivacidade da nossa economia (…) o novo orçamento do PIDDA está em concordância com a nova proposta da Lei Orçamental”, assegurou.

Um tecto para todos

Um local onde todos os serviços públicos possam concentrar-se, dando assim vazão a todos os locais dispersos que actualmente ocupam pela cidade. Esta é a sugestão de Ella Lei, Ng Kuok Cheong e Pereira Coutinho. A deputada afirma que o número de aluguer de espaços para estes funcionários “aumentou 69%” só este ano. A isto, soma a necessidade de reparações a estes mesmos locais, cujos custos recaem também sobre o erário público.
Lionel Leong admitiu estar aberto à criação deste mesmo edifício, ainda que seja necessário saber onde e quando poderá este ser construído. “Entendemos que a construção de um edifício para todos os serviços públicos é um bom investimento e contribui para um melhor controlo da nossa situação financeira”, anunciou o Secretário. “Temos que entrar em contacto com os serviços competentes para saber qual a área necessária exactamente, o terreno não pode ser demasiado grande”, esclareceu. A ideia surgiu devido ao gasto avultado que o arrendamento de espaços de trabalho e armazéns representa para o Executivo.

Lei do Enquadramento Orçamental em debate para o ano

A Lei do Enquadramento Orçamental vai estar pronta para debate na AL para o ano. Essa foi a ideia deixada ontem pelo director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, durante a sessão plenária. “Recebemos cerca de 410 opiniões de associações e estamos a finalizar alguns estudos para depois dar a conhecer esse relatório (…) as opiniões estão mais relacionadas com a execução e transparência do orçamento e a população apoia esta nova lei do enquadramento orçamental, onde não há grandes alterações”, começou o director por informar. “Vamos ter em conta certos pontos e em termos de funcionamento, vamos continuar a melhorar e após melhoramento técnico, vai entrar em processo legislativo para ser debatida em 2016 na AL”, anunciou Iong Kong Leong.

CAM | Mais de 86 milhões já foram reembolsados ao Governo

A Sociedade de Aeroporto de Macau – CAM já reembolsou ao Executivo cerca de 86 milhões de patacas dos 17 mil milhões que este emprestou para a construção do aeroporto. O número foi anunciado por um responsável dos Serviços para os Transportes e Obras Públicas numa resposta a Pereira Coutinho, que questionou ontem o Governo sobre quanto é que a Sociedade de Aeroporto de Macau – CAM já devolveu. “O Governo já sabe que a CAM já começou a reembolsar os 16,4 mil milhões, tendo sido já devolvidos 86 milhões”, disse o responsável.

26 Nov 2015

Zheng Anting fala em esquecimento de Regime de Protecção Ambiental

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Zheng Anting quer saber quando será tornado público o calendário para a implementação do Regime de Avaliação do Impacto Ambiental. Numa interpelação escrita, o deputado questionou a eficácia da Lista Classificativa dos Projectos de Construção que precisam de se sujeitar à avaliação do impacto ambiental, assim como as instruções de elaboração do relatório de avaliação, medidas sugeridas pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) para os anos de 2013 e 2014.
Zheng Anting relembra que o Chefe de Executivo, Chui Sai On, afirmou, durante as Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2015, que o Governo iria realizar uma consulta pública sobre a definição de um regime de avaliação sobre o impacto ambiental, algo que até ao momento não aconteceu.
“Os cidadãos ainda não receberam nenhuma notícia sobre a tal consulta pública”, argumentou. “Em que ponto está o trabalho de estabelecimento do regime e quando é que o Governo vai realizar a consulta pública sobre o regime de avaliação?”, perguntou, querendo ainda saber se a DSPA já recebeu as avaliações ao impacto ambiental das medidas que avançou para os dois últimos anos. “A direcção fez muitas exigências ao projecto de Pearl Horizon, a sua avaliação do impacto ambiental foi emendada muitas vezes nos últimos três anos e isto influenciou o processo de projecto”, exemplificou, adiantando que é preciso que o Governo se explique.
Apesar da falta de leis e diplomas para a avaliação do impacto ambienta, rematou o deputado, a DSPA tem exigido muito aos projectos, por isso, é de direito dos cidadãos saber que medidas é que o Governo tem para garantir que os projectos não vão ser afectados e, ao mesmo tempo, o território conseguirá tornar-se ambientalmente eficiente.

25 Nov 2015

Leonel Alves pediu informatização dos tribunais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado indirecto Leonel Alves pediu ontem ao Governo que implemente a informatização dos tribunais, a par do fomento do chamado governo electrónico. “Como se sabe em Portugal a informatização dos tribunais já existe há mais de uma década e em Macau não há nada em relação a esse respeito. Continuamos a enviar as peças processuais manualmente para o tribunal, tudo isso leva tempo e é pouco amigo do ambiente. Parece-me que Macau não pode deixar o comboio. Não sei se é responsabilidade do Governo ou do gabinete do Tribunal de Última Instância (TUI), mas a falta de uma definição tem acarretado muitos prejuízos. (É uma medida que) não está nas Linhas de Acção Governativa (LAG) de 2016, mas é uma necessidade haver medidas para a informatização dos serviços na área dos tribunais”, apontou no segundo dia de debate sobre as LAG para a área da Administração e Justiça.
A Secretária da tutela, Sónia Chan, prometeu analisar o assunto em sede própria. “Quanto ao funcionamento interno já transferimos (essa responsabilidade) para o gabinete do TUI e do procurador (do Ministério Público), e claro que vamos transmitir a sua opinião aos serviços competentes”, frisou.
Na sua intervenção, Leonel Alves chamou ainda a atenção para a necessidade de fomentar a publicação de obras sobre Direito de Macau, bem como a dinamização da compreensão do sistema jurídico local.
“Talvez os Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) possam preencher uma lacuna que se sente, que é a ausência da divulgação sobre o Direito de Macau. Macau tem um mercado pequeno e se os académicos apenas se dedicarem à produção de obras não vão sobreviver, então a responsabilidade tem de ser do Governo. Alguma atenção tem de ser dada quanto à política de divulgação do Direito, da maneira como deve ser interpretado o Direito de Macau. Por essa via o nível dos nossos juristas deverá atingir outro patamar daqui a cinco ou dez anos”, defendeu o deputado indirecto.
Leonel Alves considerou que tal facto se deve à história recente do ensino do Direito de Macau nas universidades locais. “É um problema que sentimos quanto ao nível de conhecimentos dos juristas da Administração e de Macau em geral. Isso tem a ver com a historia de Macau, o Direito só começou a ser ensinado há pouco tempo, e tudo isto tem 10 ou 15 anos. Além dos cinco códigos temos muita legislação produzida depois de 1999, mas os estudantes, advogados, juristas e magistrados, conhecem toda esta legislação?”, questionou.

25 Nov 2015