Diana do Mar Manchete PolíticaAL | Juíza oriunda de Portugal inicia hoje funções como assessora A partir de hoje, a Assembleia Legislativa (AL) conta com uma nova assessora. Uma contratação que vem aparentemente contradizer as afirmações de Ho Iat Seng que, aquando da não renovação dos contratos de Paulo Cardinal e Paulo Taipa, relativizou o impacto da sua saída, ao garantir que o quadro de juristas chegava e bastava [dropcap]M[/dropcap]aria José da Costa Machado, juíza desembargadora em Portugal, inicia hoje funções como assessora da Assembleia Legislativa (AL). A contratação, por um período de dois anos, avançada ontem pela Rádio Macau, tem lugar poucos dias depois da saída de Paulo Cardinal e Paulo Taipa, a 31 de Dezembro. O alargamento do quadro da assessoria jurídica vem contrariar as palavras do presidente da AL, Ho Iat Seng, que desvalorizou o impacto da saída dos dois experientes juristas, afirmando que o hemiciclo não só tinha “pessoal suficiente”, como de “qualidade”. No final do ano, a AL contava com 24 profissionais (dos quais nove assessores, seis técnicos agregados e nove técnicos superiores) e, em Setembro, Ho Iat Seng garantiu que a AL não tinha planos para contratar a breve trecho, apesar de ter ressalvado que essa possibilidade não estava posta de parte no futuro, se a mesa da AL assim o entendesse. Rejeitadas razões de cariz político ou relacionadas com a nacionalidade e dado que a competência profissional de Paulo Cardinal e de Paulo Taipa nunca foi colocada em causa, nunca ficaram esclarecidas as dúvidas quanto aos fundamentos que estiveram efectivamente na base da decisão de dispensa dos dois juristas. Dúvidas que para os deputados Pereira Coutinho e Sulu Sou continuam a persistir. Acentuar das dúvidas “Então se a AL pretende substitui-los é porque eles não deviam ter sido dispensados”, observou o Pereira Coutinho, ao HM, insistindo na “má decisão” tomada pela AL de não renovar os contratos dos dois juristas, cuja “experiência e conhecimento não se compra com dinheiro e faz falta à AL”, onde há, a seu ver, “um grande défice de assessores jurídicos”. “Os juristas não têm mãos a medir face ao volume de trabalho”, apontou o deputado. Sulu Sou partilha da mesma opinião: “Há muitas dúvidas relativamente à dispensa dos dois juristas” e “o argumento do presidente [de que o quadro de assessores jurídicos era suficiente] é muito estranho, porque eles têm trabalhado cada vez mais”. “Devia exigir mais e mais profissionais para garantir que a qualidade legislativa não vai ser reduzida”, sustentou o deputado, para quem a contratação da juíza a Portugal figura como uma “boa notícia”. “Espero que as novas pessoas possam trazer mais diversidade de opiniões. Ela pode não estar familiarizada com Macau – isso é verdade –, mas todas as pessoas novas precisam de um período de adaptação, pelo que esse não será um grande problema”, complementou. Embora ressalvando não ter condições para “ajuizar” a nova contratação, por desconhecer o seu currículo e experiência profissional, realçando que o importante é que seja “competente” e “ética”, Pereira Coutinho fez referência ao factor do conhecimento da realidade local. “Não sei qual é o conhecimento que ela tem de Macau. Os advogados, por exemplo, têm uma formação adicional em Direito de Macau, e as funções na AL carecem de enorme experiência da realidade local”, sublinhou. Nenhum dos dois deputados estava a par da contratação de uma nova assessora jurídica. Apesar de Pereira Coutinho reconhecer que “não é costume” os deputados serem informados a respeito, defende que tal faria sentido: “Por uma questão de respeito, devíamos ser informados do que está a acontecer”. Longa carreira Quem é a nova assessora? Maria José da Costa Machado começou a carreira na magistratura há mais de 30 anos, exercendo funções em vários tribunais de competência genérica, principalmente no Algarve, até ser promovida, em 2011, a juíza desembargadora, inicialmente em Coimbra e desde 2012 em Lisboa, para onde foi transferida a seu pedido. Pelo meio foi vogal do Conselho Superior de Magistratura (2004-2007). Há sensivelmente um ano, Maria José da Costa Machado foi notícia em Portugal por ter pedido escusa como relatora num recurso interposto pelo ex-ministro português, José Sócrates, no âmbito da Operação Marquês. Segundo a imprensa, a juíza alegou que a percepção pública sobre a sua proximidade ao Partido Socialista (PS) poderia colocar em causa a imparcialidade de uma futura decisão. Antes, a magistrada tinha ficado conhecida por ter sido a relatora do acórdão que absolveu a ex-ministra da Educação do Governo de José Sócrates. Uma decisão polémica, que remonta a Dezembro de 2015, que reverteu a pena de prisão de três anos e meio a que havia sido condenada pela alegada prática do crime de prevaricação. Dois anos antes também esteve em foco pela sanção disciplinar que lhe foi aplicada por ter violado a norma que proíbe os magistrados judiciais da prática de actividades político-partidárias de carácter público. Em causa, acções de campanha eleitoral nas autárquicas de 2013 em que garantiu ter participado apenas na qualidade de mulher de Fernando Anastácio, então candidato à Câmara Municipal de Albufeira e actual deputado do PS. Foi-lhe aplicada a pena de advertência não registada, que constitui um mero reparo, figurando como a mais baixa prevista no estatuto disciplinar dos juízes.
Hoje Macau PolíticaPereira Coutinho defende mais campanhas de alerta sobre respeito a polícias [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho defende a necessidade do Executivo fazer mais campanhas para alertar as pessoas sobre a necessidade de respeitarem os agentes da polícia e de cumprir as leis do trânsito. É este o conteúdo de uma interpelação escrita do deputado, que reagiu desta forma ao caso do agente que disparou um tiro para o ar, à entrada do casino Galaxy. O legislador considera que é preciso fazer mais para que os cidadãos respeitem os agentes da autoridade do território. Ao HM, Coutinho disse ainda que a interpelação aborda a entrada de 35 milhões de visitantes em Macau e questiona se há capacidade para receber um número tão elevado.
João Santos Filipe PolíticaSecretário Wong Sio Chak elogia polícia que disparou arma O secretário negou a suspensão do polícia que disparou à porta do casino Galaxy e não deixou de criticar a segurança do espaço. Por outro lado, admite que os agentes precisam de estar equipados com gás pimenta [dropcap]W[/dropcap]ong Sio Chak saiu ontem em defesa do agente que disparou um tiro para o ar, à entrada de um casino, na sequência de uma resposta agressiva por parte de três homens que tinham sido advertidos por estarem a fumar num local proibido. O secretário para a Segurança negou ainda que haja necessidade de suspender o agente, que disse ser “muito corajoso”. “O agente policial é muito corajoso, por isso não precisa de ser suspenso de funções. Mas, para garantir o descanso psicológico foi colocado num serviço de logística. Assim vai ter tempo para recuperar [da situação]”, afirmou Wong Sio Chak, ontem, à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa. “Concordo que estamos a falar de um assunto que não pode ser desvalorizado. Mas todos sabem que o agente naquela situação não tinha outra escolha, teve de tomar uma decisão e é aceitável que tenha utilizado a arma”, acrescentou. Quanto aos procedimentos internos, Wong explicou que foi aberta uma investigação, um procedimento normal quando os agentes disparam tiros, mas que o agente tem formação e sabe como agir nestas situações. Por isso, defende o secretário, não há questões de maior a serem consideradas até à conclusão do procedimento interno. O responsável admitiu também que não há uma previsão sobre a data da conclusão da investigação. Ao mesmo tempo, Wong Sio Chak reconheceu falhas no sistema de reforço dos agentes, uma vez que o polícia estava sozinho perante três indivíduos, sem que tivessem chegado outros agentes. O secretário reconheceu a necessidade de reavaliar a situação. “Queremos reavaliar os mecanismos de apoio aos agentes. Temos de saber como actuar quando os agentes estão ocupados a responder às situações e não podem pedir ajuda. Por isso, esta tarde [ontem], o Corpo de Polícia de Segurança Pública, a Polícia Judiciária e a Direcção de Serviços de Assuntos de Justiça vão ter uma reunião”, revelou. Wong Sio Chak considerou também que os seguranças do casino deviam ter prestado um auxílio melhor ao agente, quando este estava a tentar impor a ordem aos três clientes do espaço. Gás pimenta Outra questão deixada em aberto foi a possibilidade de todos os agentes terem consigo sprays de gás pimenta. “Há sete ou oito anos que é permitida a utilização de gás pimenta. Num caso urgente em que não podem utilizar o cassete, nessas alturas devem utilizar o spray”, reconheceu Wong. “Já discuti este assunto […] todos os agentes devem ter um spray de gás pimenta consigo”, apontou. Por outro lado, Wong Sio Chak recusou a ideia de não estarem a ser tomadas as medidas necessárias para combater a criminalidade dentro dos casinos. “Aumento o número de recursos humanos, implementei um maior número de fiscalizações, há uma avaliação trimestral do crime para adaptar as políticas da criminalidade”, defendeu-se. “Só entre Janeiro e Setembro do ano passado o reforço das medidas de fiscalização nos casinos resultou na detenção de 855 pessoas, que depois foram enviadas para a China”, exemplificou. Foi na madrugada de sexta-feira que um agente da PSP disparou um tiro para o ar, à entrada do casino Galaxy, perante os avanços agressivos de três homens. Em causa esteve uma ordem do agente para que os indivíduos não fumassem num local onde era proibido. Os jogadores não gostaram de ser advertidos e avançaram sobre o agente. Pensões | À espera de estudo Confrontado com o caso de uma mulher de 68 anos que morreu envenenada por monóxido de carbono numa pensão ilegal, no domingo, o secretário para a Segurança diz que é preciso esperar pelo estudo do Governo para saber se a melhor solução é a criminalização das pensões ilegais. “O Chefe do Executivo já pediu a Sónia Chan [secretária para a Administração e Justiça] que faça um estudo sobre a criminalização. […] Agora vamos aguardar pelos resultados”, disse Wong, ontem. O secretário voltou ainda a afirmar que as autoridades estão comprometidas a 100 por cento com o combate a este fenómeno. A criminalização das pensões ilegais foi uma questão que dividiu o Governo, com Wong Sio Chak contra e Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, a favor. Sulu Sou | Opinião bem-vinda No domingo, o deputado Sulu Sou defendeu que o Governo devia suspender a revisão da lei sobre escuta de comunicações por falta de “consenso”. Ontem, Wong Sio Chak considerou que a opinião do deputado pró-democrata é bem-vinda, mas que o futuro sobre este diploma vai depender do relatório da consulta pública. “Fizemos uma consulta e agora estamos a analisar as respostas e a preparar o relatório, para apresentar ao público. As decisões sobre o diploma vão depender dos resultados da consulta”, afirmou o secretário para a Segurança.
Hoje Macau PolíticaTaiwan | Chui Sai On diz que Macau quer contribuir para a “reunificação pacífica” [dropcap]O[/dropcap] chefe do Governo de Macau, Chui Sai On, afirmou ontem que o território deve incentivar o desenvolvimento das relações entre Pequim e Taiwan, no sentido de contribuir para a “reunificação pacífica” da China. “A cidade tem de cumprir o desejo de Xi Jinping [Presidente chinês]”, declarou Chui Sai On, numa palestra por ocasião dos 40 anos da ‘Mensagem aos Compatriotas de Taiwan’, que reuniu diversos sectores sociais, de acordo com um comunicado. Neste sentido, o chefe do Governo de Macau afirmou que a região administrativa especial chinesa vai empenhar-se na cooperação comercial com Taiwan influenciar “o sucesso da concretização do princípio ‘Um País, Dois Sistemas'”. “Os resultados reflectem que este princípio consegue garantir a defesa de ‘um só país’ e a exploração de benefícios do segundo sistema”, ou seja, a China apoia Macau “ao mesmo tempo que o território mantém um alto grau de autonomia e vantagens geográficas”, defendeu Chui. Por último, o governante fez uma retrospectiva das relações entre Macau e Taiwan, ressaltando os intercâmbios nas mais diversas áreas, e garantiu que o território vai continuar a “desempenhar o seu papel de ponte e a fazer o intercâmbio entre os dois lados do estreito”.
Diana do Mar PolíticaXinhua destaca contributos de Ma Man Kei para reforma e abertura da China [dropcap]A[/dropcap] agência Xinhua dedicou ontem um artigo a Ma Man Kei, destacando os contributos do empresário para a política de reforma e abertura encetada pela China há 40 anos. Um dos exemplos figura como o Hotel Xinqiao, na capital chinesa, cuja construção foi fruto da cooperação entre o também vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) e representantes dos sectores industrial e comercial de Macau e de Hong Kong na década de 1950. Um projecto realçado “não só [porque] melhorou a eficácia da capacidade turística de Pequim”, como “também servia então como um dos mais importantes espaços para as actividades relacionadas assuntos externos da China”, diz o texto. “Ma Man Kei empenhava-se com paixão enorme no desenvolvimento da China”, salienta a agência oficial chinesa, ao elogiar o investimento no Delta do Rio das Pérolas designadamente em pontes, que deu “força” à política de reforma e abertura da China, bem como à modernização do país em termos gerais. Neste âmbito, refere, por exemplo, o distrito de Nanhai, na província de Guangdong, donde era natural o empresário que morreu em 2014, mencionando as campanhas de angariação de fundos para escolas, pontes e estradas. A Escola Secundária Nanhai, o Hospital Popular de Nanhai e a Universidade Jinan, entre outros estabelecimentos, também tiveram apoios de Ma Man Kei, aponta o mesmo artigo. Já em Macau, a Xinhua sublinha que Ma Man Kei apoiou “activamente” as pequenas e médias empresas e fomentou o desenvolvimento industrial de Macau, enquanto presidente da Associação Comercial de Macau, um cargo que exerceu por um longo período de tempo. “Em Macau, Ma Man Kei tem uma reputação muito alta no sector comercial e é respeitado e valorizado pela sociedade”, realça. A agência oficial chinesa alude ainda ao papel de Ma Man Kei durante o processo de transferência do exercício de soberania, na qualidade de vice-presidente da Comissão de Redacção da Lei Básica e da Comissão Preparatória da RAEM, nas quais tinha “um volume enorme de trabalho”. “No pico [das negociações] deslocou-se a Pequim muitas vezes por mês, o que era duro, na medida em que na altura já tinha mais de 70 anos”.
João Santos Filipe PolíticaCibersegurança | Conteúdo de comunicações não vai ser monitorizado O Governo vai saber em tempo real o volume dos dados dos utilizadores das redes de comunicação, mas não vai aceder aos conteúdos. Segundo o Executivo, é como ver quanto água passa num cano, sem se poder ver a cor da mesma [dropcap]O[/dropcap] Governo prometeu aos deputados que a Lei da Cibersegurança apenas vai permitir monitorizar a quantidade dos dados dos utilizadores, mas nunca o conteúdo, de forma a respeitar a privacidade da população. A explicação foi dada à Primeira Comissão Permanente da Assembleia Legislativa pelo secretário para a Segurança e foi revelada por Ho Ion Sang, deputado que preside a este grupo de trabalho do hemiciclo, encarregue de analisar na especialidade a Lei da Cibersegurança. “O Executivo disse preto-no-branco que só vai monitorizar em tempo real o fluxo de dados e não vai armazená-los. Houve um compromisso verbal e esperamos que possa ser transposto para o articulado da lei, com vista a dissipar as preocupações dos residentes”, disse Ho Ion Sang, após a reunião de ontem de manhã. O deputado citou depois a analogia utilizada pelo Governo em relação à forma como vai ser feita a monitorização dos dados. “Por exemplo, é como um cano de água, vai ser monitorizado o volume da água, mas não se vai saber qual é a cor da água que passa”, clarificou. Mas caso o Governo não cumpra com a promessa e volte atrás na palavra, Ho apontou que os deputados vão alertar para essa situação no parecer da comissão, ou seja o relatório que é elaborado no final da análise das leis na especialidade. “Se no futuro houver uma decisão diferente, vamos colocá-la no parecer da comissão”, frisou. Ao controlar o fluxo dos dados o Centro de Alerta e Reposta Incidentes de Cibersegurança, organismo criado com a nova lei, vai procurar valores suspeitos, ou seja se há uma quantidade de dados anormal a circular e tentar perceber se esses valores são motivados por um ataque. Pedido de lista Ontem foi feita a primeira reunião entre os deputados e o Governo sobre a futura Lei da Cibersegurança. Neste encontro, os deputados pediram ao Executivo que apresente uma lista com o nome das entidades que ficam abrangidas pelo novo diploma e as entidades que ficam de fora. Apesar de haver orientações gerais sobre as entidades abrangidas, os deputados querem ter uma lista para não haver dúvidas. Ainda em relação ao Centro de Alerta e Reposta a Incidentes, o funcionamento vai ser definido posteriormente através de um regulamento administrativo, mas os deputados deixaram o desejo que as orientações principais fiquem definidas nesta lei. Sobre este aspecto Ho Ion Sang afirmou que o secretário mostrou estar disponível para aceitar a sugestão dos deputados.
João Santos Filipe PolíticaDeputado quer secretário na AL a explicar caso do Edifício do Bairro da Ilha Verde [dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou quer que o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, vá à Assembleia Legislativa explicar o caso da substituição das portas corta-fogo no Edifício do Bairro da Ilha Verde. A proposta de debate sobre as 269 portas que vão custar aos cofres da RAEM 40 milhões de patacas foi revelada na sexta-feira. “As explicações do Governo não são satisfatórias e não respondem às dúvidas nem às várias críticas da população sobre o desperdício dos fundos públicos. Em particular, o preço de cada porta chocou não só a população, mas também os profissionais do sector”, escreveu, em chinês, Sulu Sou na proposta de debate. Em Dezembro foi revelado que o Edifício do Bairro da Ilha Verde ainda não tem licença de ocupação porque além dos danos causados ao edifício pelos tufões Hato e Mangkhut, as portas corta-fogo instaladas em 2012 não cumprem os requisitos de segurança. No entanto, a situação só foi identificada em Outubro do ano passado. O Governo vai assumir a despesa e pagar 40 milhões de patacas por 269 portas, o equivalente a 150 mil patacas por unidade. O pró-democrata critica o preço e cita artigos da imprensa em língua chinesa: “De acordo com os meios de comunicação social, os operadores do sector e especialistas neste tipo de portas consideram o preço de substituição no Edifício do Bairro da Ilha Verde é ‘elevado’ e ‘não vale a pena’”, pode ler-se no documento do deputado da Associação Novo Macau. Revisão do regulamento Além das portas de 40 milhões, o deputado defende igualmente a necessidade de reformular o Regulamento de Segurança Contra Incêndios, que está em vigor desde 1995, ou seja há 24 anos. Neste sentido, Sulu Sou recorda que desde 2003 que se fala da necessidade de rever o diploma, sem que tenha havido avanços. Uma situação que espera que possa ser actualizada. “A proposta do de debate de interesse público visa clarificar o contexto do incidente das portas do Edifício do Bairro da Ilha Verde, em particular o custo e a quantidade de portas substituídas, para que a população possa ter uma explicação clara do Governo. Além disso, vai permitir uma melhor promoção da revisão do Regulamento de Segurança Contra Incêndios”, justifica. O membro mais novo da Assembleia Legislativa pede ainda o apoio de todos deputados para este debate.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaDeputado Sulu Sou pede suspensão do processo legislativo sobre escutas O deputado Sulu Sou solicita ao Governo a suspensão da proposta de lei sobre a intercepção de comunicações. De acordo com Sou trata-se de um regime que não reúne consenso e que necessita de um mecanismo concreto e eficaz para monitorizar a acção das autoridades. O objectivo é evitar as escutas ilegais [dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou pede ao Executivo a suspensão do processo legislativo acerca da proposta sobre a intercepção de comunicações. A razão, aponta o pró-democrata em interpelação escrita, é evitar conflitos. Em causa está aquilo que o deputado considera não ter um consenso social relativamente à legislação e que foi patente durante a consulta pública que terminou em Novembro de 2018. De acordo com Sulu Sou “ainda há grandes divergências na sociedade sobre a monitorização do comportamento policial relativamente ao uso legal de escutas”, refere Sou. Apesar das garantias já dadas pelo secretário da Segurança nesta matéria, Sulu Sou não está convencido. Recorde-se que em Novembro Wong Sio Chak afirmou que quem for visado por uma escuta ilegal vai poder pedir uma compensação, reiterando que todo o processo passa sempre por um juiz que, após aprovar as escutas, emite dois despachos – um dirigido à polícia e outro para a companhia de telecomunicações – sendo que ambos têm contas a prestar. Mas para o deputado pró-democrata, “na prática não existe um mecanismo de monitorização claro e forte para garantir que os poderes de intercepção de comunicações dados à polícia não sejam mal utilizados”, lê-se na interpelação de Sou. Sobrecarga de trabalho Por outro lado, a dependência da ordem judicial que o regime prevê para que as escutas sejam aprovadas e monitorizadas, vai ser mais um assunto nas mãos dos magistrados que se encontram já com trabalho a mais e recursos humanos a menos. “Além de uma grande quantidade de trabalho judicial, receio que seja difícil aos juízes acompanharem todos os casos de monitorização de intercepção de comunicações “, diz. Mais, para Sou, o juiz não pode, objectivamente, admitir que as palavras da polícia sejam factuais sendo impossível garantir a veracidade das evidências. Acresce ainda o facto de, segundo o deputado, “ser também impossível monitorizar constantemente a polícia de modo a verificar se as autoridades excederam ou não as autorizações que lhes tenham sido concedidas para a instalação de escutas”. Dada a delicadeza desta matéria, a falta de consenso da população e o facto de o mecanismo de monitorização das escutas policiais ainda não se apresentar de forma clara e concreta, Sulu Sou sugere ao Executivo a suspensão do projecto legislativo acerca do regime de intercepção de comunicações. Por outro lado, o mandato de Chui Sai On termina este ano e o deputado considera desnecessário avançar com leis que suscitem dúvidas.
Hoje Macau PolíticaEmpréstimos ilegais | Song Pek Lei lança alerta [dropcap]A[/dropcap] deputada Song Pek Kei, ligada ao empresário Chan Meng Kam, quer saber que medidas que estão a ser tomadas pelo Executivo para combater o fenómeno dos empréstimos ilegais. A legisladora mostra-se preocupada com a prática, que no passado ocorria principalmente nos casinos, mas que agora se torna mais comum na vida da população. A nível de exemplo, Song Pek Kei aponta que há cada vez mais anúncios de empréstimos ilegais em candeeiros, paragens de autocarros e em paredes de edifícios. Ao mesmo tempo, Song acusa a prática de estar ligada a vários cidadãos do Interior da China, e questiona o Executivo sobre os mecanismos disponíveis para lidar com casos que têm origem no outro lado da fronteira.
Sofia Margarida Mota PolíticaProfessores | Au Kam San pede políticas contra despedimentos injustos [dropcap]O[/dropcap] deputado Au Kam San pede ao Governo que crie mecanismos para dar garantias profissionais aos professores e lhes assegure a manutenção da carreira. Para Au, trata-se de uma condição indispensável, não só à qualidade do ensino como à sua independência. Em interpelação escrita o deputado lamenta a facilidade com que os professores em Macau podem ser despedidos. O resultado é o receio de não conseguir manter uma profissão capaz de fornecer subsistência. Este ambiente de insegurança reflecte-se no declínio da qualidade do ensino. “Enquanto houver situações em que os professores possam ser dispensados injustamente e a qualquer momento, é-lhes difícil reflectir verdadeiramente na sua independência e autonomia”, aponta o deputado. Por isso, defende Au, cabe o Governo introduzir um mecanismo que impeça o despedimento injusto destes profissionais de modo a garantir a promoção do ensino. De acordo com o deputado pró-democrata, “a educação é um importante projecto social, e o sucesso ou o fracasso do trabalho educacional depende de educadores” que têm que permanecer autónomos no desempenho das suas funções.
Diana do Mar PolíticaArbitragem | Deputados pedem ao Governo para clarificar nova figura de mediador [dropcap]A[/dropcap] 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) pediu ao Governo para clarificar o conceito de mediador no âmbito da proposta de lei da arbitragem. Em causa uma figura que vai ser criada através de outro diploma, mas que o articulado, em análise em sede de especialidade, leva já em linha de conta. “Esperamos que [o conceito] possa ser esclarecido na proposta de lei”, a par com o das figuras de árbitro e de conciliador, afirmou o presidente da 1.ª Comissão Permanente da AL, revelando estarem a ser actualmente preparadas “regras para a mediação”, a serem plasmadas, no futuro, noutra proposta de lei. Ho Ion Sang falava aos jornalistas na sexta-feira, após uma reunião com membros do Executivo durante a qual deputados viram esclarecidas as suas dúvidas e “o Governo prometeu melhorar as insuficiências”. No encontro, discutiu-se uma dezena de artigos, entre os quais o do impedimento, que dita que quem exerceu a função de mediador no litígio não pode depor como testemunha ou ser convocado como perito, estando a faltar apreciar outros tantos, esperando-se que o Executivo apresente depois uma nova versão de trabalho. Tecnicidades à parte, há “um consenso” entre Governo e deputados de que o diploma deve entrar em vigor “o mais rapidamente possível”. Não só porque “Macau está atrasado”, mas também porque a nova era assim o exige. “No futuro, Macau vai integrar o desenvolvimento do país”, pelo que “esperamos que os litígios comerciais e civis possam ser resolvidos através da arbitragem”, sublinhou o presidente da 1.ª Comissão Permanente da AL, insistindo que tal vai permitir aliviar “a pressão dos tribunais” e permitir reduzir o tempo de resolução dos diferendos.
Diana do Mar Manchete PolíticaDirigentes juntos para “transmitir e aprender espírito do discurso” de Xi Jinping Titulares dos principais cargos de Macau participaram na sexta-feira numa sessão para se “transmitir e aprender o espírito do discurso” do Presidente, Xi Jinping, pelos 40 anos da reforma e abertura da China [dropcap]C[/dropcap]asa cheia na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental na sexta-feira para assistir a uma sessão convocada pelo gabinete do Chefe do Executivo. A ‘aula’ centrou-se nas palavras do Presidente chinês, Xi Jinping, pelo 40.º aniversário da política de reforma e abertura da China. A sessão para “transmitir e aprender o espírito do discurso” de Xi teve como objectivo “dar a conhecer, de forma mais precisa aos titulares dos principais cargos e directores dos serviços públicos do Governo da RAEM o espírito e estratégia principal da nova era da reforma e abertura nacional”, diz um comunicado oficial divulgado no mesmo dia. Segundo a mesma nota, o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, fez referência a “vários e importantes discursos” de Xi Jinping, a propósito e falou das “novas teorias e solicitações” apresentadas pelo líder chinês, descrevendo as “excelentes perspectivas de desenvolvimento da reforma e abertura e reconhecendo e elogiando o papel activo e grande contributo dos compatriotas da RAEM”. Neste sentido, o Chefe do Executivo destacou, durante o seu discurso, a necessidade de os dirigentes “aprenderem e implementarem o espírito de tão importante discurso” e de “juntos agarrarem as oportunidades e trabalharem com entusiasmo e empenho para a nova era de reforma e abertura”, de acordo com a mesma nota oficial. Chui Sai On, que voltou a abordar o significado de que se reveste “o sonho do renascimento grandioso da Nação Chinesa” e a falar dos quatro desejos de Xi para Macau, insistiu que a RAEM deve participar e apoiar cada vez mais o desenvolvimento do país nas diversas vertentes. Neste ponto, falou da importância de “se estar consciente da defesa do regime político, da soberania, segurança e interesses nacionais”, defendendo ser preciso “melhorar a implementação da Constituição e da Lei Básica”. “Ao mesmo tempo, o Governo precisa de elevar a sua capacidade de governação e a sua credibilidade”, diz o comunicado. A nota centra-se no discurso de Chui Sai On, muito semelhante, aliás, ao proferido pelo 19.º aniversário do estabelecimento da RAEM, a 20 de Dezembro, desconhecendo-se se foi a única actividade.
Sofia Margarida Mota PolíticaJockey Club | Concessionária pretende investir até 4,5 mil milhões de patacas O Jockey Club tinha dito que iria investir 1,5 mil milhões de patacas na sua restruturação mas resolveu abrir cordões à bolsa. Agora a concessionária admite investir entre 3,4 e 4,5 mil milhões. O plano de restruturação apresentado à comissão de acompanhamento para os assuntos das terras e concessões públicas inclui a construção de dois hotéis [dropcap]O[/dropcap] Jockey Club pretende investir entre 3,5 a 4,5 mil milhões de patacas na sua restruturação de modo a rentabilizar o espaço exclusivamente destinado a corridas de cavalos e que viu a concessão renovada por mais 24 anos apesar dos prejuízos. A informação foi dada ontem pela presidente da comissão de acompanhamento para os assuntos das terras e concessões públicas, Ella Lei. A empresa inicialmente adiantou que iria investir 1,5 milhões de patacas, mas alargou o montante destinado à criação de novas estruturas que incluem agora a construção de dois hotéis, revelou Lei. As obras vão ser feitas em quatro fases, sendo que a primeira tem início marcado para o ano de 2020 e inclui a criação de um parque na zona central da pista de corridas com “zonas verdes, instalações desportivas, campos de ténis, etc”, apontou. Vai também constar desta fase a construção e um viaduto que liga a estação do metro ligeiro, situada exactamente em frente do hipódromo, às instalações do Jockey Club e a construção de restaurantes e de zonas comerciais para o público em geral. Já mais exclusivas serão as estruturas destinadas à segunda fase de obras marcada para o período entre 2022 e 2025. Aqui está prevista a construção instalações exclusivas aos membros e que incluem zonas verdes e escritórios. Para a terceira fase de trabalhos, a ser executada entre 2023 e 2026, está planeada a construção de um parque temático e de uma escola de equitação. Por último, entre 2024 e 2026 o Jockey Club pretende construir duas unidades hoteleiras uma destinada a aparthotéis e outra a um hotel de duas estrelas, a ter lugar em dois prédios de dez e de 16 pisos. De acordo com Ella Lei, os projectos vão ter que ser aprovados pelas obras públicas e têm que incluir estudos de impacto ambiental e de tráfico. Por outro lado, Lei admite que pode ser necessário rever as condições de concessão para que a construção destas unidades possa avançar. Entre as estruturas a ser construídas está também um parque com 800 lugares de estacionamento. Tudo na normalidade De acordo com responsável da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, Paulo Martins Chan, estas estruturas vão de encontro ao que era conhecido. “Basicamente são os projectos já anunciados anteriormente, nomeadamente a renovação e algumas partes do Jockey Club e há outras novas construções”, afirmou á saída da reunião da comissão em que também marcou presença. A restruturação consta da adenda ao contrato de concessão renovado por mais 24 anos “e será em breve publicada em Boletim Oficial”, disse. Em caso de incumprimento, imputável ao Jockey Club, o contrato prevê a sua revogação ou suspensão, acrescentou. Rendas contraditórias No que respeita ao pagamento da renda pelo Jockey Club, compromisso que não tem mantido, Paulo Martins Chan confirmou que, este ano a concessionária terá que cumprir com as suas responsabilidades e pagar 15 milhões de patacas. No entanto, de acordo com o orçamento para 2019, o Governo apenas admite a entrada de receitas no valor de 1000 patacas correspondentes às rendas do Jockey Club. Martins Chan justifica a disparidade dos números com a utilização de uma técnica contabilística. “É uma técnica de contabilização. No ano de 2018 houve a dispensa do pagamento de renda, mas actualmente não estamos a ver razão para que [o Jockey Club] seja dispensado de renda nos próximos tempos até porque houve uma uma injecção de capital pelo que isso não vai acontecer”, apontou. Mas parece que o pagamento dos 15 milhões de patacas não é certo pelo que o Governo optou por estabelecer no orçamento a previsão de um valo mínimo de 1000 patacas. “Tivemos a cautela de colocar no orçamento mil patacas para que possamos contar com elas no futuro, é uma técnica contabilística”, sendo que “no ano passado, não houve renda e não se sabe o que vai acontecer no futuro”, acrescentou. Entretanto, o Jockey Club continua o pagamento da dívida ao Governo que pretende finalizar nos próximos três anos, com prestações mensais de 4,17 milhões de patacas. Neste momento a dívida totaliza 112 milhões de patacas. Para os deputados da comissão de acompanhamento o Governo concedeu “uma grande margem para o pagamento da dívida”, disse Ella Lei.
João Santos Filipe PolíticaDeputado dos Operários quer relatório de trabalhos para reduzir impacto de obras [dropcap]O[/dropcap] deputado Leong Sun Iok quer saber que medidas estão a ser tomadas pelo Governo para evitar que o crescimento de 35 por cento no número de obras de grande dimensão nas estradas afecte mais o trânsito. É este o conteúdo de uma interpelação escrita da legisladora da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), com a data de 28 de Dezembro e divulgado ontem. “O trabalho de grande dimensão vai ser maior no próximo ano. Em particular, vias como Avenida do Almirante Lacerda ou Rotunda da Amizade vão sentir um grande impacto. Que medidas específicas vão ser tomadas para reduzir o impacto? Será que o Executivo vai considerar facilitar as restrições da construção à noite em certos locais para acelerar os procedimentos?”, questiona o deputado. Leong Sun Iok sugere também que a haja uma implementação efectiva da flexibilização dos horários da função pública, como acontece durante o Grande Prémio de Macau, para evitar os congestionamentos de grande dimensão das horas de ponta. “Os trabalhadores de escritório são alguns dos grupos que mais se deslocam durante as horas de ponta. No passado foi dito que seria implementado um sistema de horário flexível para efectivamente reduzir a pressão sobre o trânsito nas horas de ponta. Qual é o andamento dos trabalhos nos diferentes departamentos? E que planos existem para continuar a optimizar e de forma contínua este mecanismo?”, pergunta. Já em relação ao transporte de alunos, o deputado da FAOM defende que deve ser estudado um mecanismo para juntar as carrinhas de diferentes escolas, quando os percursos são semelhantes, para reduzir o número destes veículos circular. “Será que o Governo pode assumir os trabalhos de coordenação entre os horários das escolas do primeiro e segundo ciclos, com o objectivo de reduzir o número de deslocações das carrinhas escolares nas horas de ponta? E será que pode ser estudado um mecanismo para que uma carrinha seja utilizada por alunos de diferente escolas?”, é interrogado. No mesmo documento, o legislador recorda o relatório do Comissariado de Auditoria (CA) de Maio de 2017, que lançou fortes críticas ao Grupo de Coordenação e Gestão de Obras Viárias por falhar nas suas tarefas. Entre as falhas apontas, constava o facto de não haver qualquer coordenação entre planos de obras para as mesas zonas das estradas da cidade. Leong Sun Iok quer agora saber que trabalhos foram implementados para mudar a situação identificada pelo CA. “Como é que o Governo melhorou os mecanismo existentes de coordenação de obras para alcançar o objectivo de coordenar e supervisionar os trabalhos de escavação nas estradas e assegurar que o impacto é reduzido?”, pergunta.
Andreia Sofia Silva PolíticaAdministração Pública | Funcionários questionam regras de acesso ao mestrado [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde dá conta das queixas apresentadas por alguns funcionários públicos relativamente às condições de acesso no novo curso de mestrado em Administração Pública, decretado por despacho da secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan. “Muitos trabalhadores, ao terem tido conhecimento do regulamento, ficaram tristes e descontentes e vieram queixar-se ao nosso gabinete de atendimento dos cidadãos, alegando que estão a ser discriminados por não dominarem uma das línguas oficiais ou por não terem o grau de licenciatura do interior da China.” Além disso, “alguns deles já se inscreveram no curso de mestrado em Administração Pública nas universidades locais”. Os mesmos funcionários públicos consideram que as regras de acesso ao mestrado violam a Lei Básica “no aspecto da instrução”, uma vez que os impedem “de serem considerados no futuro quadros qualificados do Governo da RAEM com consequentes prejuízos para as suas carreiras profissionais”. Na sua interpelação, o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) questiona o Executivo sobre o facto deste exigir “como primeiro e principal critério [de acesso] a detenção de um grau académico equivalente ao grau de licenciatura do Interior da China, em detrimento dos graus de licenciatura das universidades locais, tais como a Universidade de Macau e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau que ministram cursos semelhantes”. Dados relativos ao ano de 2017, e referidos na interpelação, mostram que estas duas universidades formaram 292 mestres, sendo que “muitos deles são trabalhadores da Função Pública”.
João Santos Filipe PolíticaAL | Ho Iat Seng e Sulu Sou em confronto sobre alterações a leis Deputado da Novo Macau queria propor mudanças às propostas de lei do Governo sobre habitação económica e social, mas Ho Iat Seng exigiu-lhe autorização do Chefe do Executivo. Caso está em fase de recurso, dentro da Assembleia Legislativa [dropcap]O[/dropcap] presidente da Assembleia Legislativa e o deputado Sulu Sou estão envolvidos num novo diferendo. O caso foi revelado pelo deputado ligado à Associação Novo Macau e em causa está o facto de Sulu Sou ter a intenção de propor alterações às leis da habitação económica e habitação social, nomeadamente no que diz respeito às idades de candidatura. Ho Iat Seng entende que as alterações envolvem a acção do Governo e que, segundo as regras da AL, o deputado precisa do consentimento do Executivo. “Como órgão representativo, a Assembleia Legislativa tem de participar na definição das políticas. Por isso, mostrei a intenção de propor alterações às leis [da habitação social e económica], para que fosse a Assembleia a decidir a política que deve ser adoptada”, começou por explicar Sulu Sou, num comunicado emitido ontem. “No entanto, o Presidente decidiu que como esta alteração afecta a política do Governo, que primeiro preciso do apoio do Chefe do Executivo. Não concordo com a decisão e o diferendo está agora na fase de recurso”, revelou. Sulu Sou justifica a sua posição com artigo 101.º do Regimento da Assembleia Legislativa, ou seja do documento que define o funcionamento do órgão legislativo. Segundo este artigo, “a iniciativa da lei pertence aos Deputados e ao Governo da RAEM”. Porém, há excepções que condicionam e impedem as alterações propostas pelos dos membros do hemiciclo em algumas áreas. Neste caso concreto da habitação, segundo a versão de Sulu Sou, Ho Iat Seng terá evocado o artigo que define que em matérias ligadas à política do Governo, que a proposta de alteração necessita de autorização por escrito do Chefe do Executivo. Esta não é uma situação inédita, por exemplo no documento em que se discutiu um mecanismo de controlo das rendas, a medida, que depois foi chumbada, só pode ser proposta com autorização de Chui Sai On. Face a este diferendo, Sulu Sou recorreu para o próprio Ho Iat Seng. Mais tarde, se o recurso for negado, poderá fazer o mesmo para a Mesa da Assembleia Legislativa, órgão constituído pelo presidente da AL, vice-presidente, Chui Sai Cheong, e secretários, Kou Hoi In e Chan Hong. Todavia, enquanto aguarda pelo resultado do recurso, Sulu Sou avançou com o pedido de consentimento de Chui Sai On. “Apesar de não concordar que as alterações necessitam a aprovação do Chefe do Executivo, uma vez que defendo que é o papel da AL debater e votar as propostas, estou a tentar ter o consentimento do Chefe do Executivo para as alterações”, reconheceu. Idade e residência Em relação às alterações desejadas, no que diz respeito à habitação social –casas arrendadas a preços baixos a pessoas em situação de carência económica – o deputado sugere que a idade mínima para a candidatura permaneça nos 18 anos de idade. A nova medida sobe o limite para os 23 anos. Outra opção do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, que merece contestação da Novo Macau prende-se com o facto da nova lei impedir que estudantes a tempo inteiro possam pedir uma habitação social. A associação defende a abertura deste tipo de casas também a estudantes. Já no que diz respeito às habitações económicas – casas vendidas pelo Governo com preços mais baixos para a chamada classe média que não consegue ter uma habitação própria –, Sulu Sou defende que a idade mínima de candidatura devem ser os 18 anos. O Governo sugere a idade mínima de 25 anos. Ainda em relação a este diploma, o deputado defende que só os agregados em que metade dos membros sejam residentes permanentes se possam candidatar. Segundo a proposta da Novo Macau, num agregado com duas pessoas, uma tem de ser residente permanente. Já nos casos em que há três residentes, dois têm de ser permanentes. As duas propostas já foram aprovadas na generalidade e estão agora a ser debatidas na primeira comissão da AL.
João Santos Filipe PolíticaDeputada Wong Kit Cheng pede aumentos salariais para patrulhas das águas marítimas [dropcap]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng quer saber se o Governo vai aumentar os salários dos trabalhadores que fazem o patrulhamento das águas marítimas do território. Numa interpelação escrita, divulgada ontem, a legisladora ligada à Associação Geral das Mulheres defende que o aumento da zona marítima de Macau vai fazer com que os trabalhadores do sector tenham de fazer mais e trabalhar durante mais horas. Por este motivo, Wong alerta para a necessidade de compensar, com aumento de salários e outros benefícios, o incremento nas tarefas e horas de trabalho. “Será que a Administração vai considerar aumentar subsídios e actualizar os salários ao nível do pontos no futuro, de forma a fazer subir o moral dos trabalhadores, aumentar o nível de retenção de profissionais e atrair outros talentos?”, questiona. Na base desta preocupação da Wong está o facto da Direcção de Serviços para os Assuntos Marítimos e de Água só terem 130 profissionais para fazer o patrulhamento de toda a costa, o que considera ser um número limitado para os 85 quilómetros quadrados de águas marítimas. Wong foca igualmente as qualificações destes profissionais, que diz terem aumentado face ao passado, com agentes Macau a ter cada vez mais agentes qualificados. No entanto, segundo a deputada, este aumento não tem sido compensado ao nível dos pagamentos. Ao mesmo tempo, há receios sobre a escassez de oportunidades para subir na carreira, muito devido à falta de comunicação com os directores. Em relação a este aspecto, Wong diz que é necessário criar um canal de comunicação. Finalmente, além do pedido de salários mais elevado, a legisladora sugere igualmente a contratação de mais profissionais para as funções.
Hoje Macau PolíticaIAM | Sulu Sou quer data para eleição do conselho consultivo [dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou solicitou ao Chefe do Executivo para que avance com uma data para a eleição dos membros do Conselho Consultivo do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), que entrou em funções no passado dia 1 de Janeiro, noticiou a Rádio Macau. Em interpelação escrita, o deputado pró-democrata lamenta a opção “irrazoável” do Governo de não permitir eleições para os membros do conselho consultivo, optando pela sua nomeação pelo Chefe do Executivo. Sulu Sou diz mesmo “que o desenvolvimento da democracia municipal em Macau tem estado do lado errado da História”, aponta a mesma fonte. O deputado propõe também que o Executivo abra ao público as reuniões do conselho consultivo e de eventuais grupos de trabalho, bem como permita a transmissão em directo desses mesmos encontros, para viabilizar a partilha de informações com os cidadãos.
Sofia Margarida Mota PolíticaIAM | José Tavares promete mais contacto com a população A direcção do novo Instituto para os Assuntos Municipais tomou posse esta terça-feira numa cerimónia em que o presidente José Tavares salientou a intenção de promover um maior contacto com a população. No mesmo dia foi lançada a plataforma digital que permite aos residentes darem as sua opiniões [dropcap]O[/dropcap]s membros do Conselho de Administração do novo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) tomaram posse no primeiro dia do ano numa cerimónia em que o presidente, José Tavares, salientou a intenção de promover a aproximação da população. “O IAM irá reforçar o contacto com os cidadãos e os representantes dos bairros comunitários”, afirmou, de acordo com um comunicado oficial. Esta aproximação será feita, disse, “ através da realização de actividades de grande escala durante as quadras festivas, com vista a criar uma plataforma comunitária enriquecedora das actividades culturais, desportivas e recreativas dos cidadãos”. Tavares afirmou ainda que o novo IAM vai reforçar a sua função de consulta nos domínios da cultura, das actividades recreativas e da salubridade pública, comprometendo-se reforçar o trabalho interdepartamental. Opinião aplicada No mesmo dia foi também apresentada a nova plataforma digital do novo instituto que vem substituir o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Chama-se “IAM em Contacto” e vai disponibilizar aos residentes a possibilidade de darem as suas opiniões 24 horas por dia, “num contacto imediato”. O objectivo é acelerar o contacto entre a população e a instituição, sendo que basta o acesso a um computador ou a um telemóvel para que o acesso ao IAM possa ser concretizado. As opiniões podem ser emitidas em quatro áreas: “higiene ambiental”, “jardim, espaços verdes e zonas de lazer”, “equipamentos e instalações” e ainda “segurança alimentar” e podem ainda ser dadas através de diferentes meios. A plataforma permite o envio de mensagens de texto, de imagem e de mensagem de voz, estando disponível em três línguas: chinês, português e inglês. Por outro lado, o IAM promete responder às opiniões emitidas num prazo de 24 horas aos casos relativos a “higiene ambiental” e “segurança alimentar”. Também no dia em que foi oficialmente criado, o IAM contou com a primeira reunião plenária do novo órgão consultivo que o compõe – o Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais. Recorde-se que se trata de um órgão composto membros nomeados pelo Chefe do Executivo e que é presidido por António José Dias Azedo.
João Santos Filipe PolíticaGabinete de Ligação | Novo director quer que Macau perceba e contribua proactivamente para a economia nacional [dropcap]P[/dropcap]ara melhor implementar o princípio de “Um País” e tirar as vantagens dos “Dois Sistemas”, Macau precisa de perceber e aprofundar o seu papel no âmbito do desenvolvimento do país. A mensagem, muito ligada aos 40 anos da abertura da economia chinesa, foi deixada pelo novo director do Gabinete de Ligação do Governo Central, Fu Ziying, no lançamento do ano que começou. “A chave para assegurar o desenvolvimento futuro, nesta nova era, é ter uma compreensão profunda do papel que Macau pode assumir na reforma e abertura do País, para melhor concretizar o princípio ‘um País’ e aproveitar todos os benefícios do ‘segundo sistema’”, escreveu o novo responsável do Gabinete de Ligação, que sucedeu a Zheng Xiaosong. O responsável deixou também algumas indicações sobre as responsabilidades que o Governo Central espera que a RAEM assuma, nomeadamente “contribuir para uma maior abertura” da economia nacional, “integrar-se no desenvolvimento nacional”, “participar nas práticas governativas nacionais” e ainda procurar “de forma mais proactiva” novos caminhos alternativos para o desenvolvimento económico. É em relação à diversidade da economia, que é defendido que as iniciativas Um Faixa, Uma Rota e da Grande Baía são duas grandes oportunidades e que podem ajudar a concretizar a construção da política “Um Centro, Uma Plataforma”. Esta última política surge como uma das soluções para alcançar a diversificação da economia do território, além do sector do jogo. Na mensagem de ano novo, Fu recordou ainda as palavras recentes do presidente Xi Jinping, quando o líder da nação considerou que Hong Kong e Macau continuam a ter um estatuto especial, com vantagens únicas, e que podem continuar a desempenhar um papel insubstituível. Por outro lado, o responsável do Gabinete de Ligação mostrou confiança n os sentimentos patrióticos: “Acreditamos que ao longo deste novo ano, um vasto número de compatriotas de Macau vai continuar a promover o amor patriótico por Macau e a tradição gloriosa de implementar de forma precisa e compreensiva a política ‘Um País, Dois Sistemas’”, é antevisto. Finalmente, Fu Ziying voltou a prometer o apoio do Governo Central ao Governo de Macau e ao Chefe do Executivo, “na gestão da RAEM” de acordo com a lei.
João Santos Filipe PolíticaAno Novo | Chui Sai On quer sociedade unida no amor à pátria durante o 20º ano da RAEM Chefe do Executivo antevê ano de celebrações e quer que a sociedade se una para “difundir os valores tradicionais do patriotismo”. Chui Sai On considerou também que no ano passado a vida da população registou “melhorias” [dropcap]O[/dropcap] ano de 2019 vai ser de festa, devido às celebrações do 20.º aniversário da transição da soberania, e o Chefe do Executivo quer todos os sectores da sociedade a transmitir os valores do Amor pela Pátria, para a construção de “um lar mais belo”. Foi esta a principal mensagens divulgada por Chui Sai On, na segunda-feira, na habitual mensagem de ano novo. “Hoje é o primeiro dia do ano que assinala o 20.º aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau. Nesta data de especial significado, quero, em nome do Governo da RAEM e no meu próprio, expressar as mais calorosas saudações festivas e desejar um Bom Ano Novo a todos os residentes”, começou por dizer o Chefe do Executivo, que cumpre o último ano do mandato. Depois de fazer um resumo dos trabalhos realizados ao longo de 2018, Chui Sai On deixa a mensagem sobre o que espera dos cidadãos para 2019: “Este ano em que celebramos o 70.º aniversário da implantação da República Popular da China e o 20.º aniversário do retorno de Macau à Pátria, marca uma fase crucial, e todos os sectores da sociedade devem manter-se unidos e difundir os valores tradicionais do patriotismo e do amor por Macau, construindo em conjunto um lar mais belo”, defende. “Devemos, ainda, envidar esforços incansáveis em prol do reforço da capacidade global de Macau, impulsionar o progresso dos diversos empreendimentos e promover a implementação estável e duradoura do princípio ‘um país, dois sistemas’”, acrescentou o líder do Governo. Ainda em relação ao novo ano, Chui compromete-se com o posicionamento de Macau como “Centro Mundial de Turismo e Lazer” e “Plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa”. População melhor Chui Sai On considera igualmente que o Governo cumpriu em 2018 os objectivos e que a vida da população da RAEM está melhor. “No ano que passou, a sociedade permaneceu estável em todos os aspectos, as finanças públicas mantiveram-se sólidas, a economia continuou a crescer, a taxa de desemprego manteve-se num nível baixo, as condições de vida e o bem-estar da população registaram melhorias”, frisou. Em relação à análise dos trabalhos área-a-área, destaque para a segurança, área em que segundo o líder do Governo da RAEM se continuou a aplicar as disposições constitucionais. “Criámos a Comissão de Defesa da Segurança do Estado, aperfeiçoando, assim, o sistema e o mecanismo da segurança nacional”, é indicado. Na mesma mensagem, o líder da RAEM agradece ainda o amor do Governo chinês pelo território. “Estamos gratos ao Governo Central pelo seu amor por Macau e iremos aproveitar as oportunidades da reforma e abertura na nova era para nos integrarmos no desenvolvimento nacional”, aponta.
João Santos Filipe PolíticaEspecial 2018 | Assembleia Legislativa: O ano da crispação [dropcap]A[/dropcap] ferro e fogo. Foi desta forma que se iniciou o ano na Assembleia Legislativa, com os deputados Vong Hin Fai e Kou Hoi In a utilizarem um projecto de resolução para enviarem uma mensagem para os tribunais: as decisões de suspensão e perda de mandatos dos deputados são políticas e não podem ser analisadas pelos tribunais. Em causa estava a decisão de Sulu Sou de levar a sua suspensão para a Justiça. Mais do que um acaso isolado, o episódio foi o princípio de uma nova fase no hemiciclo, em que até os deputados ligados aos Operários desafiaram o Governo. Foi no meio de várias críticas e acusações de interferência na justiça que Vong e Kou – dois dos principais condutores do processo de suspensão de Sulu Sou – tiveram aquela que terá sido uma das maiores derrotas das suas carreiras. O projecto acabou mesmo retirado, entre acusações de “desespero” face à condução do processo de suspensão, porém, o mote estava dado para o que seria a Assembleia Legislativa com a entrada de Sulu Sou. Com o legislador mais novo a sofrer derrotas nos tribunais e afastado do hemiciclo, o ambiente voltou à monotonia do ano anterior. Mas o fim do julgamento e o regresso do deputado ao hemiciclo, em Julho, voltou a mostrar a mostrar que as coisas estão mudadas. Entre a facção pró-sistema, com o apoio de todos os deputados nomeados pelo Chefe do Executivo, é notória a existência de uma estratégia concertada de ataque e descredibilização do deputado pró-democrata. O maior exemplo foi proporcionado quando Vong Hin Fai apresentou uma queixa ao presidente da AL, porque Sulu Sou utilizou a expressão “Casa do Lixo”, para se referir ao órgão legislativo. Apesar dos vários ataques, Sulu Sou não deixará de ter muitos motivos para estar satisfeito com o desenrolar do ano. O pró-democrata representa o voto de protesto de uma sociedade jovem que é ignorada pelo crescimento económico e que sabe que não é ouvida pelo Governo. Sem alternativas, vira-se para o deputado que representa o anti-sistema. Neste sentido, a intolerância serve mais para reforçar o sentido do voto dos eleitores de Sulu Sou do que efectivamente o descredibilizar. Por outro lado, para os mais desconfiados, a postura da facção pró-sistema não pode deixar de levantar uma outra dúvida: será que, tendo em conta o que se passa em Hong Kong, Sulu Sou vai ser impedido de concorrer às próximas eleições? Ou será expulso antes disso? Clima de medo Se o conflito entre a fracção tradicional e Sulu Sou pode ser visto exclusivamente numa lógica política entre diferentes fracções, o momento de maior choque na Assembleia Legislativa chegou com a dispensa dos dois assessores jurídicos portugueses Paulo Taipa e Paulo Cardinal. A decisão apanhou a maior parte das pessoas de surpresa e resultou em várias reacções de apoio ao profissionalismo e à experiência dos dois assessores. Na Assembleia Legislativa ninguém duvida da qualidade do trabalho dos dois e mesmo Ho Iat Seng não conseguiu ser coerente. Num primeiro momento, afirmou que seria feita uma reestruturação interna e que os assessores iam ter a oportunidade de seguirem um futuro profissional diferente. Mas, mais tarde, deu o dito por não dito, ficando a faltar uma explicação clara. Nos bastidores, fala-se de caça às bruxas e demissões motivadas pelas posições dos assessores durante o processo de suspensão de Sulu Sou. Segundo esta versão, Paulo Taipa e Paulo Cardinal terão tido visões jurídicas contrárias ao que Ho Iat Seng queria ouvir e pagaram o preço. Como acontece nestas coisas, a história só se vai saber mais tarde. Mas, nos momentos de incerteza, o vazio é ocupado pelo medo. E entre os assessores portugueses ninguém podem levar a mal que a mensagem apreendida seja a seguinte: na dúvida, ou se tomam posições pró-sistema ou se fazem as malas. Será este o melhor ambiente para que a AL produza leis com a qualidade exigida? Não me parece. Teatro para a TV O ano que passou serviu igualmente para mostrar a incapacidade de grande parte dos deputados eleitos pela via directa para fiscalizar o Executivo. O Governo, principalmente o secretário Lionel Leong, já mostrou que não vai explicar a situação do empréstimo a fundo perdido à Viva Macau. Os deputados fizeram várias questões e nunca tiveram respostas satisfatórias. Houve vários legisladores que se mostraram descontentes, mesmo entre os pró-sistema. Claro que as perguntas sem repostas e a alegada “frustração” mais não são do que espectáculo político para as câmaras. Quando há um assunto que o Executivo parece não estar disponível para esclarecer, era expectável que fosse feita uma audição, que fossem chamados à AL governantes e ex-governantes para dizerem preto-no-branco os motivos do empréstimo sem garantias. Mas uma posição destas envolvia que os deputado desafiassem o Governo, mas por “uns meros milhões” não há coragem. No hemiciclo prefere-se fechar os olhos a tudo o que levanta suspeitas, ao mesmo tempo que se pratica uma expressão de choque para ser utilizada quando é revelado mais um caso mediático. A peça de teatro é velha e vem sendo praticada há muitos anos. Neste capítulo, parte da responsabilidade também tem passado pelos deputados, que se demitem das suas funções. E após cada escândalo, quando deputados como Au Kam San fazem um mea culpa e assumem parte da responsabilidade, outros, como Mak Soi Kun sentem-se muito ofendidos por terem o seu trabalho questionado. Uma situação recorrente e que este ano não foi alterada. FAOM com fartura Finalmente, 2018 terminou com um confronto muito pouco esperado entre os quatro deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) contra o Executivo. Em causa estava a intenção de Chui Sai On implementar a política “três em quatro”, ou seja um mecanismo para que três em quatro feriados obrigatórios fossem gozados em dias de feriados não-obrigatórios, sem qualquer pagamento extra das empresas e patrões. Ao contrário do que tem sido habitual, os deputados da FAOM não se esconderam da luta política, defenderam o seu eleitorado tradicional e no final somaram uma vitória.
Diana do Mar PolíticaEspecial 2018 | Governo: A construção da grande muralha [dropcap]S[/dropcap]e não reparou, em 2018, Macau começou a construir uma “grande muralha”, com tijolos de diplomas para proteger uma terra segura. Mas porquê se a criminalidade violenta tem uma taxa reduzida, se não há motivos para alarme nem tão pouco para elevar o nível de alerta relativamente a atentados? Pergunto eu e provavelmente o leitor. Desde logo porque os factos aparentemente contradizem a catadupa de iniciativas legislativas anunciadas pela Segurança, uma tutela que normalmente passa despercebida, desde que o cenário seja de paz – e tem sido. Contudo, a um ano do fim do mandato do actual Governo, conquistou um protagonismo ímpar relativamente às demais tutelas, particularmente pela rapidez com que passou das palavras aos actos. A Primavera trouxe os primeiros sinais, com o secretário para a Segurança a expressar a vontade de elaborar diplomas complementares à Lei relativa à Defesa da Segurança do Estado, em vigor desde 2009, mas nunca aplicada. Em consonância, foi criada a Comissão de Defesa da Segurança do Estado que juristas não só colocaram em causa como a compararam a uma “polícia política”. Mas, como diz o povo, o primeiro milho é para os pardais, porque a segurança nacional tornar-se-ia o centro do universo político, figurando num sem número de diplomas a elaborar ou a rever. Foi o que sucedeu com a proposta de alteração à Lei de Bases da Organização Judiciária, da tutela da Administração e Justiça. O diploma, actualmente em análise em sede de comissão na Assembleia Legislativa (AL), faz uma distinção entre magistrados de primeira e de segunda, ao afastar os estrageiros dos processos relacionados com a segurança do Estado. Contudo, o pacote securitário estaria longe de estar completo. Seguiu-se a proposta de lei da cibersegurança (também na AL), a do regime jurídico de intercepção e protecção de comunicações (cuja consulta pública terminou a 9 de Novembro), estando ainda na calha o regime de prevenção, investigação e repressão dos crimes de terrorismo e actos conexos. Reforço de poderes As polícias também viram repentinamente os seus poderes aumentados e as estruturas e competências alargadas, estando prevista ainda uma subunidade da Polícia Judiciária (PJ) responsável pela recolha e investigação de casos relacionados com a segurança nacional. A guarita tem sido reforçada a olhos vistos. Basta pensar nas câmaras de vigilância introduzidas nas fardas dos agentes, nas que cercam as ruas e becos da cidade ou nos planos de dotar parte como sistema de reconhecimento facial. Um conjunto que, no seu todo, levanta sérios receios de que liberdades e garantias sejam beliscadas, pondo em xeque a máxima de que quem não deve não teme e a olho nu generalizadas preocupações de que 2049 chegue mais cedo. Salvou-se em 2018 a resposta da Protecção Civil ao tufão Mangkhut que mostrou efectivamente que o Governo aprendeu a lição do Hato que, um ano antes, expôs as fragilidades de toda uma estrutura que encontrou no então director dos Serviços de Meteorologia o único bode expiatório. A pró-actividade da tutela liderada por Wong Sio Chak também cobriu esta área, designadamente com a elaboração de uma proposta de Lei de Bases da Protecção Civil que, entre outros, introduz o crime de falso alarme social, agravando a moldura penal para quem propagar falsos rumores durante desastres, em mais uma medida de tolerância zero, passível de condicionar a liberdade de expressão e de imprensa e que surpreendentemente apenas encontra sustento em “um ou dois” casos ocorridos durante a passagem do tufão Hato. Sensatez q.b. Já na área da Administração e Justiça, destaque para a alteração à lei da utilização e protecção da bandeira, emblema e hino nacionais e para o bom senso que vingou com o recuo na intenção de penalizar quem não ouvir a “Marcha dos Voluntários” de pé e para a alteração à Lei de Bases da Organização Judiciária que finalmente passa a prever recurso judicial para os titulares dos principais cargos – depois de Ao Man Long e Ho Chio Meng não terem tido essa possibilidade. Uma medida naturalmente bem-recebida que peca por ser tardia e por manter o Chefe do Executivo privado de tal direito. 2018 ficou ainda marcado pelos preparativos para o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), órgão municipal sem poder político que, a 1 de Janeiro, vai substituir o IACM, lamentavelmente constituído sem recurso a eleições directas. Como seria de esperar, entre os 25 nomeados para o Conselho Consultivo do IAM não foram escolhidas vozes dissidentes, mas apenas alinhados com o sistema. Este foi ainda o ano do projecto do governo electrónico que, embora ainda numa fase incipiente, deu os primeiros passos concretos, estando, no entanto, por colmatar falhas graves no âmbito de uma cidade que aspira ser inteligente, como o não reconhecimento dos meios de comunicação social ‘online’. No domínio dos Assuntos Sociais e Cultura, o ponto negativo vai para o aumento das taxas de parto a cobrar pelo hospital público a trabalhadoras não residentes que passaram a pagar nove vezes mais. Ao nível do turismo, continuamos a rebentar pelas costuras, perto de alcançar o recorde de 35 milhões de visitantes e claramente para lá da capacidade do território. De positivo surgem apenas o facto de o projecto da Biblioteca Central ter sido finalmente adjudicado ou o lançamento do Registo para Doação de Órgãos. Na Saúde, em concreto, além da criação da Academia Médica, também pouco mais há a relevar, continuando a não haver um calendário para a abertura do segundo hospital público nem tão pouco um orçamento global da obra. Em causa uma infra-estrutura intrinsecamente ligada à tutela de Raimundo do Rosário que, a par com o metro ligeiro, tem sido uma dor de cabeça para as Obras Públicas. Os transportes também estiveram em foco em 2018, com o Governo a ver-se obrigado a ceder em diversas frentes. Se, por um lado, foi sensato ao deixar cair a proposta de introduzir tarifas mais caras para trabalhadores não residentes nos autocarros públicos, por outro, não se compreende por que aceitou reduzir (e muito) o valor de sanções previstas na proposta de lei sobre os táxis. Ao contrário do que é normal a Economia e Finanças foi uma das tutelas com mais polémicas do ano, desde logo devido ao empréstimo aparentemente irrecuperável à falida Viva Macau, passando pela postura opaca relativamente à prorrogação do contrato para a exploração das corridas de cavalos por – nada mais nada menos – do que 24 anos e meio, interpretada como uma espécie de prémio de consolação, pela retirada, no mesmo ano, do terreno do Canídromo. Lionel Leong, putativo candidato a Chefe do Executivo, viu-se ainda a braços com um raro diferendo entre o Governo e a ala laboral em torno da transferência do gozo de feriados obrigatórios, acabando por ser obrigado a recuar na chamada proposta “três em quatro”, com a lição de que há garantias mínimas a cumprir quando estão em causa os direitos dos trabalhadores os quais não deixariam de ser afectados só porque os dias de feriados seriam pagos. De fora para dentro Já olhando para o desempenho do Chefe do Executivo, 2018 não trouxe nada de novo, com os discursos de Fernando Chui Sai On a centrarem-se principalmente no fora que é cada vez mais dentro ou, por outras palavras, no projecto de integração da Grande Baía. No plano interno, a política continuou a ser a de distribuir apoios financeiros sem grandes medidas estruturais, com “batatas quentes” a serem deixadas para quem vier a seguir, estando a contagem decrescente em curso. Exemplo disso mesmo é o facto de, a um ano de cumprir o segundo e último mandato, ter encomendado ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) um estudo sobre 73 terrenos, cuja concessão foi declarada caducada. Isto porque o CCAC tem de apresentar recomendações que servirão de base para resolver o problema dos terrenos, no entanto, pelo andar da carruagem, essa hercúlea tarefa deve sobrar para o próximo Governo. Já completamente lamentável foi o facto de Chui Sai On ter sido peremptório (algo raro) ao afirmar que não vai avançar com uma proposta de lei sindical, falhando em cumprir uma responsabilidade prevista na Lei Básica e em pactos internacionais, sem esperar pelo resultado do estudo encomendado a propósito. Nada de inesperado, na verdade, se pensarmos que nunca referiu a intenção de regulamentar o artigo 27.º da Lei Básica desde que chegou ao poder há nove anos.
António de Castro Caeiro PolíticaA aposta [dropcap]N[/dropcap]um dos seus pensamentos mais conhecido, Pascal propõe uma aposta para a pergunta se Deus existe ou não. A argumentação de Pascal pode ser classificada como pragmática, porquanto se trata de apresentar as razões benéficas para se acreditar que Deus existe. Não se pode evitar a decisão. Temos de nos resolver por necessidade. O reconhecimento do “rapport” entre nós e o Senhor. É o ser a acreditar que faz a diferença vital para a vida de cada um na sua singularidade: uma “living option”. Escolher Deus implica-nos na vida no seu todo. Não há outra escolha porque “há uma meta infinita para a existência humana e que vale infinitamente a pena”. O modo de alcançar essa meta obriga a mudar de vida, a decidirmo-nos por um “modo de vida que possa levar-nos à felicidade infinita” (ibid.). Querer o vínculo é o supremo acto de liberdade, do ponto de vista humano. De que se abdica? A que se renuncia? “A tudo o que esta vida pode oferecer”. A escolha aponta à transcendência, convida-a a entrar, expõe-nos ao possibilitante. A escolha é inexorável e escatológica: Que Deus existe implica um reconhecimento de si na possibilidade mais extrema e radical que pode haver. Apenas ao reconhecer-se a si como susceptível de Deus se reconhece os outros na sua própria liberdade para Deus. É de Deus a assomar no horizonte que se potencia esta possibilidade, verdadeira modificação da imanência pela transcendência. Ao revelar-se Deus, revela-se, de algum modo, a Sua natureza na graça e a sua natureza infinita: no amor. E como se manifesta este amor? O que é ser a amar? Primeiramente, há o reconhecimento de uma renúncia. Perdemos, com certeza, na aposta, no investimento. E o ganho é incerto. Não sabemos, como nenhum jogador sabe, se ganhamos – se perdesse e soubesse que perdia sempre de antemão, jamais jogaria. É o elemento de incerteza que o faz jogar. O risco é motivador e abre um espaço de manobra que não é despiciendo. Mas a renúncia não é um comportamento negativo? Não abrimos mão de qualquer coisa, às vezes até de alguém? Ficar com qualquer coisa implica sempre, para nós, abandonar certas outras coisas. A renúncia não é, assim, apenas negativa. Ela é por mor de qualquer coisa. Só podemos ter uma hipótese, quando se dá a ocasião, o custo de oportunidade. Para ter uma coisa precisamos de abdicar de outra ou de outras. De que nos fala Pascal? “Il faut renoncer à la raison” (“É necessário renunciar à razão”). É preciso ser louco. É na loucura que se resguarda a vida. Resguardar a vida diz-nos, aqui, que a não arriscamos. Antes arriscamos a razão para nos resguardarmos na vida. O sentido desta vida é “um ganho infinito” (“gain infini”). O ganho infinito pela sua qualificação transforma o nada da perda numa perda de nada. Ao permanecer na loucura, que renuncia à razão, cria-se uma tensão em direcção ao infinito. Nessa permanência, inundada de infinito, anula-se o finito e o nada. Se somos obrigados a apostar, somos também obrigados a renunciar, a arriscar (“hasarder”). É a isto que estamos forçados: e eu não estou na liberdade, não tenho nunca um momento de sossego. No momento de renúncia da razão, ganha-se a loucura do amor de Deus. A troca não é de géneros. Não há troca por troca. O sentido desta permuta não poderá ser nunca compreendido do ponto de vista ôntico. Primeiro, porque não se sabe, na cotação de valores, que preço tem uma coisa se não há um preço para quem abdica do que abdica e para o que ganha. Depois, porque a troca, aqui, não é comercial, mas assenta no sentido do ser do humano. Compreendemos a abdicação como o sacrifício a fazer para nos podermos dedicar a qualquer outra coisa. A recusa pode ser em vista de uma entrega. O sentido do ser é o da finitude. Este pode ser enunciado assim: não podemos ter tudo e, para termos alguma coisa, temos de abrir mão de qualquer outra coisa. Temos sempre de fazer escolhas. A dificuldade consiste nisto. Que o que quer que renunciemos estará sempre connosco. Temos sempre de ter a força para renovar os votos, temos sempre de suportar o que preterimos. Somos sempre o que escolhemos ter e o que escolhemos não ter ou não pudemos escolher. Somos sempre o que escolhemos ser e o que, com essa escolha, não pudemos ter sido. A situação que Pascal cria é paradoxal: É preciso apostar: “Sim, mas eu tenho as mãos atadas e a boca muda. Forçam-me a apostar, e eu não existo na liberdade, não me soltam. E eu sou feito de uma tal maneira que eu não consigo acreditar. Que quereis vós que eu faça?” Contrariamente, “a impotência para acreditar … vem das paixões”. A situação que Pascal cria nega duplamente a liberdade. Por um lado, é-se obrigado a apostar, não temos a liberdade de não apostar, de poder não apostar. Por outro, e contrario, encontro-me na impotência de acreditar. Qual é motivo deste non possum ontológico, condicionado pela finitude constitutiva da nossa facticidade? A impossibilidade de acreditar (“impuissance à croire”) resulta das nossa paixões e do divertimento vão. Não importa aqui caracterizar exaustivamente o sentido das paixões e do divertimento em Pascal. O assunto é central no seu pensamento. Não podemos deixar, por outro lado, de caracterizar os fenómenos aqui em causa. É deles que, uma vez renunciados, resulta a possibilidade da aposta. Isto é, há uma incompatibilidade entre uma vida orientada pelo sentido que as paixões constituem e a fé. Há uma incompatibilidade entre o divertimento, que nos faz divergir e afastar de nós e de Deus em nós e da concentração no si de cada um de nós. As paixões são caracterizadas como fazendo guerra interior, intestina, na alma, à razão (29, 514), como perturbadoras, domáveis, mas que nos impelem para fora de nós (“nous poussent au-dehors”, 176), os inimigos do homem. Portanto, o que cria a incapacidade. O divertimento tem também esta orientação para fora de nós. É o divertimento que neutraliza a sensibilidade à morte (33). O que neutraliza a sensibilidade à morte é o que anula a capacidade de percebermos a finitude temporal e ontológica. A nossa própria condição finita depende da ideia da morte: que não podemos ter tudo, que não podemos ser tudo. É a ideia de morte que nos abre para a possibilidade da eternidade: cheia de sentido e salvação ou com sentido nenhum, a maldição do dia-a-dia dos condenados, a miséria do nada de nada, do para sempre em que nada acontece. É pela anulação do divertimento e das paixões que podemos ter a liberdade para ser quem se é em Deus, com Deus e por Deus.