Honect, empresa de marketing digital | Estratégias online

Foi há dois anos que Ignacio Valls se aventurou no mundo digital por conta própria. A Honect providencia serviços de marketing digital, criação de websites e elaboração de planos de marketing para as empresas utilizarem nas redes sociais. O trabalho é, na sua maioria, feito para as Pequenas e Médias Empresas

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]um mundo que é um rodopio, a imagem externa de qualquer empresa conta. Sobretudo se esta imagem existir nas inúmeras plataformas online actualmente disponíveis.

Depois de uma experiência na China, Ignacio Valls veio para Macau e percebeu, pouco tempo depois de trabalhar numa empresa de marketing, que muito ainda havia a fazer nesta área. Daí até investir no seu próprio negócio, mas virado para o mundo digital, foi um passo. Nascia a Honect.

“Percebi que não há muitas empresas que façam marketing digital, ainda é tudo feito offline, com a impressão de folhetos, por exemplo”, começou por contar ao HM. “Não há muitas opções e também percebi que há muitas empresas de Macau a deslocarem-se a Hong Kong para procurarem este tipo de serviço, como a gestão de redes sociais ou a criação de planos de marketing digital.”

Hoje a Honect disponibiliza quatro tipo de serviços, que vão desde a elaboração de planos de branding para empresas, à promoção em redes sociais como o Facebook ou o Instagram. Ainda assim, as características do tecido empresarial local levam a que a Honect seja mais procurada para determinado tipo de serviços.

“Em Macau focamo-nos sobretudo na área da criação de websites e no marketing concebido especificamente para as redes sociais. Trabalhamos muito com empresas que operam na área de comidas e bebidas, como restaurantes e empresas de importação e exportação.”

As PME acabam por constituir a maioria dos clientes. “A maioria das grandes empresas procuram este tipo de serviços fora de Macau, em Hong Kong por exemplo.”

Falta de criatividade

Apesar de existir no mercado há dois anos, a Honect continua a funcionar quase como começou: com colaboradores à medida das necessidades.

“Somos uma equipa pequena, com alguns designers. Depende sempre do projecto que temos em mãos.”

Desde que a Honect abriu portas, Ignacio Valls confessa ter visto poucos desenvolvimentos na área do marketing digital, sobretudo ao nível da criatividade e inovação.

“Penso que há falta de criatividade nesta área. Aqui há sobretudo o marketing que é feito offline, e depois o marketing digital faz-se apenas recorrendo ao Facebook.”

A situação é bem diferente na China, país onde o comércio vive um ritmo de desenvolvimento alucinante e onde tudo funciona online, inclusivamente sistemas de pagamento.

“Na China há muita inovação, é um país com muito comércio e criam-se novas formas de fazer marketing. Aqui é necessária uma maior criatividade.”

A Honect garante que disponibiliza serviços a preços simpáticos, tendo em conta a pequena dimensão da maioria das empresas do território. O estabelecimento da confiança junto do cliente é o mais importante.

“Queremos construir uma relação de confiança com os nossos clientes e eles não querem deixar os nossos serviços. Providenciamos serviços que conseguem suportar financeiramente”, rematou Ignacio Valls.

8 Nov 2017

Tokyo Horror Experience | Arlindo Neves, promotor

[dropcap]B[/drocpap]em no espírito da época, o Tokyo Horror Experience transporta os visitantes para um dia numa casa assombrada. Uma experiência só para aqueles com estômago forte e que aguentem emoções extremas.

Quem não criticou mil vezes a forma como os personagens dos filmes de terror andam às arrecuas, aumentando as possibilidades de tropeçar e ficar vulnerável ao ataque que vem do escuro? Ou a histeria que apaga qualquer rasto de racionalidade essencial à sobrevivência numa cenário aterrador? Até dia 12 de Novembro, no Galaxy Broadway (2/F), pode testar as formas de sobrevivência num contexto que só conhecemos, felizmente, da ficção.

A possibilidade é proporcionada pela Tokyo Horror Experience, uma companhia de eventos que tem um largo conhecimento de mais de uma década no que toca a meter os cabelos de pé. No Japão o número de visitantes aproxima-se da barreira de um milhão de visitantes.

A visita divide-se em duas partes, a “Japanese Ruin” e “Kominka”, que se estendem por uma área de cerca de um quilómetro quadrado.

Arlindo Neves é um dos promotores do evento e faz parte de um grupo de jovens que comprou a licença à empresa japonesa para poder proporcionar às gentes de Macau momentos que ficam na memória. Isto apesar de já haver uma pequena casa dos horrores no Fishermans Wharf há alguns anos.

“É a primeira vez que se traz uma casa de horrores desde género do estrangeiro para Macau, além disso existe uma falta experiências interactivas por cá”, conta. O promotor acrescenta ainda que o objectivo é “proporcionar aos visitantes momentos diferentes, num sítio interessante, para que possam desanuviar depois do trabalho ou no fim-de-semana”.

Ai, que susto

Quem embarcar nesta aventura terá um verdadeiro desafio para os sentidos num cenário escuro e assustador. O teste sensorial dá-se ao nível do olfacto, visão e tacto ao ponto de fazer os mais destemidos tremer da cabeça aos pés.

A narrativa decorre num cenário que tem como pano de fundo as ruínas de um sanatório japonês que, sem surpresas, está assombrado.

A ideia é escapar com vida e desvendar as pistas sempre sugestivas de forma a encontrar respostas para o bizarro caso de Sakura, uma menina desaparecida em circunstâncias misteriosas deixando para trás apenas um enorme mistério por deslindar. A resolução destes mistérios cabe, claro está, aos visitantes.

Quanto às expectativas, Arlindo Neves conta que tem “como público alvo jovens adultos e adolescentes, estudantes do secundário e universitários”.

O Tokyo Horror Experience espera atrair muitos turistas oriundos de Hong Kong e do Interior da China para bons momentos de terror. O promotor adiantou ainda que “o objectivo é trazer mais eventos internacionais para Macau, de forma a atrair visitantes de fora”.

Não é a primeira vez que Arlindo Neves traz para a RAEM uma experiência deste género, ainda este ano promoveu o evento Rilakkuma, baseado num cartoon japonês, realizado no Fisherman’s Wharf durante o Verão. No futuro prepara-se para trazer uma exposição intitulada “Crayon Shin Chan”, igualmente originária do Japão.

A segunda experiência, “Kominka” leva o visitante numa viagem no tempo regredindo um século até à Era Taisho, onde o visitante pode apreciar a arquitectura ancestral do Japão.

Este tipo de acontecimentos requer uma preparação meticulosa não apenas ao nível dos cenários, mas também no que toca aos actores. Nesse sentido, a própria Tokyo Horror Experience empenha-se no recrutamento de pessoas para as experiências em Macau. Além disso, veio um maquilhador japonês emprestar o seu know-how à equipa.

As visitas decorrem com grupos de quatro a seis pessoas que mergulham no ambiente escuro e repleto de mistérios por resolver.

Uma experiência única e perfeita para celebrar o Halloween e para quem tiver estômago e nervos de aço.

1 Nov 2017

Pilates House Macau Association | Exercício para todos

Cecilia Ma viveu nos Estados Unidos e em Xangai até perceber que, de todos os exercícios que experimentou, o Pilates era o mais completo. Decidiu voltar para a sua terra natal e fundar a Pilates House Macau Association para partilhar esta prática

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Pilates promete corrigir a postura, melhorar a respiração e o equilíbrio. Com o recurso a bolas específicas ou a fitas, os músculos exercitam-se e vão ao lugar, proporcionando uma incrível sensação de bem-estar aula após aula.

Cedo Cecília Lam percebeu que era este o seu caminho. Saiu de Macau e foi para os Estados Unidos, onde estudou. A vida daria muitas voltas até decidir regressar ao local onde nasceu para fundar a Pilates House Macau Association.

“Estudei nos Estados Unidos e regressei para Macau, mas não gostei do ambiente aqui, por isso é que deixei Macau durante uns anos e mudei-me para Xangai. Adoro Pilates e foi lá que comecei a fazer a minha formação como professora”, contou ao HM.

A criação da associação surgiu como um projecto pessoal, mas também como uma forma de atrair os outros para esta prática física.

“Quis regressar para as minhas pessoas e foi por isso que criei esta associação, para promover o Pilates e o exercício físico junto das pessoas de Macau.”

O estúdio funciona há muito pouco tempo e tem, por enquanto, poucas professoras e alunos. Não há programas ou aulas específicas, existindo, sim, uma partilha de conhecimentos e de técnicas. As aulas podem ser em grupo ou individuais, através do pagamento de uma mensalidade, como em qualquer ginásio.

“Não temos programas específicos. As pessoas que gostam de Pilates participam em aulas de grupo e partilhamos os exercícios e as técnicas. Também fazemos workshops.”

Prática para todos

Ainda nos Estados Unidos, Cecilia Ma experimentou um pouco de tudo para manter uma vida saudável. “Faço exercício desde a escola secundária, o que significa que faço exercício há mais de dez anos. Pratiquei vários tipos de desportos, fiz Bootcamp, yoga, mas acho que o Pilates é mais importante porque tem muitos benefícios.”

A fundadora da Pilates House Macau Association não tem dúvidas de que o Pilates é adequado para todas as idades e para pessoas com problemas de saúde muito específicos. Ajuda a emagrecer, mas os benefícios vão muito além disso.

“Posso praticar Pilates até ser velha, e aqui temos pessoas com 80 anos que ainda fazem Pilates. É um exercício muito seguro e que pode ser praticado por um longo período de tempo. É bom para corrigir a má postura e não é fácil contrair lesões”, explicou.

“Se olharmos para a história do Pilates, vemos que os mestres têm cerca de 80 anos”, acrescentou.

Pouco popular

Se no resto do mundo o Pilates tem sido uma prática desportiva para muitos, em Macau ainda não é muito popular, garante Cecilia Ma.

“Em Macau as pessoas não praticam muito, mas na China é muito popular. O Pilates começou a ser muito conhecido nos anos 70, mas depois dos anos 90 todas as estrelas de Hollywood começaram a adorar e a fazer Pilates, e rapidamente se tornou muito popular no ocidente. Nos últimos dez anos a popularidade estendeu-se à China, Hong Kong e Coreia, mas não chegou ainda em Macau.”

Cecilia Ma gostaria de abrir mais espaços, mas assume que tem vindo “a enfrentar muitos problemas”. Acima de tudo, a criadora deste estúdio de gostaria de chamar mais jovens não só para esta prática mas para a adopção de um estilo de vida onde o desporto é importante.

“Fala-se muito na diversificação, mas os jovens continuam a ir para os casinos. Gostava que pensassem além disso. Gostava de ajudar as pessoas a ter estilos de vida mais saudáveis”, rematou.

25 Out 2017

Laltrapiza | Giuseppe Piepoli, proprietário: A verdadeira pizza italiana

Pizzarias há muitas, mas a Laltrapiza garante que é a verdadeira, O restaurante que abriu recentemente nas Portas do Cerco traz a Macau ingredientes e receitas originais. A pizza não é excepção e, de acordo com o proprietário, Giuseppe Piepoli, é garantia de originalidade

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]izzarias não faltam no território. Agora um restaurante dedicado à gastronomia italiana e que queira trazer a Macau os verdadeiros sabores do país é o objectivo da Laltrapiza.

A ideia partiu do proprietário, Giuseppe Piepoli, que já tendo negócios na área da importação e exportação resolveu usar a mais-valia para trazer produtos para Macau, e abastecer o seu restaurante. O resultado: um espaço gastronómico em que todos os ingredientes vêm de Itália. “Queremos manter a pizza na sua versão real”, disse ao HM.

Como italiano que é, a ideia é tentar promover os produtos do seu país e, mais importante na Laltrapizza, é dar a conhecer a qualidade dos mesmos. “Os nossos fornecedores são dos melhores e queremos dar a conhecer o melhor que há em Itália e na sua gastronomia”, diz.

Além da clássica Pizza, o novo espaço situado na zona das Portas do Cerco tem uma carta variada em que não faltam pratos de massa, de peixe e de carne, tudo “made” in Itália.

A rainha da casa

A Pizza, a rainha do espaço, é feita como antigamente, onde nasceu. Sem pressas, na Laltrapiza a receita original é seguida a preceito. “A pizza precisa de mais de seis horas de descanso para a massa levedar e nós seguimos esse processo”, diz Giuseppe Piepoli.

A ideia é conseguir uma massa extremamente leve, crocante e deliciosa. “Decidimos optar por este método porque é uma coisa também diferente e não é utilizada no mercado. É 100 por cento italiana”. Outro dos segredos para o sucesso está na originalidade dos produtos. “Importamos a totalidade dos produtos, desde o queijo mozzarella ao próprio tomate e fazemos o nosso pão. O presunto de parma o salame, tudo o que pomos na pizza é importado de Itália. Queremos manter a pizza na sua versão original e colocá-la no mercado local de Macau”, salienta o proprietário.

Por outro lado, trazer os produtos para Macau não representa uma dificuldade. “Como estou associado a uma firma de importação é fácil trazer até cá os melhores produtos de Itália”, conta. “Aqui fazem-se pizzas que não lembram a ninguém e que na minha opinião, enquanto italiano, não seriam sequer comestíveis”, explica Giuseppe Piepoli.

Culturas que impulsionam

A existência de várias culturas no território pode ser uma alavanca para o sucesso desta pizzaria. Por outro lado, “a comida italiana é já internacionalmente reconhecida, até porque é uma gastronomia de alta qualidade e as pessoas gostam muito da forma italiana de cozinhar.”

“Achamos que os chineses estão disponíveis para vir comprar os nossos produtos porque são frescos e pela sua qualidade. Acreditamos que em todo o lado, mesmo em Macau, as pessoas gostam da comida italiana”, refere o proprietário.

Em contrapartida, o que o mercado local oferece está longe de corresponder ao que se faz em Itália. “Há alguns restaurantes que supostamente são italianos, mas são geridos por chineses. Têm massa carbonara, lasanha e às vezes mesmo pizza, que quando uma pessoa experimenta consegue dizer que não é comida italiana”, esclarece para diferenciar o seu Laltrapiza.

Em Macau há desafios específicos a serem superados. “Um dos principais tem que ver com os recursos humanos e ter garantida a quota para a importação de trabalhadores não-residentes. Tivemos de esperar cinco meses”, ilustra.

Mas o negócio continua e apesar de não ser um espeço com preços económicos, não dispensa a qualidade. “Os nossos preços podem ser mais caros do que noutros locais, mas isso também se explica com a importação dos produtos”, diz.

As promoções já fazem parte do quotidiano com preços especiais para estudantes. O objectivo é fidelizar os clientes.

18 Out 2017

Rethink Coffee Roasters, franchising | Andrew Chang, criador

Andrew Chang chegou a trabalhar num banco, até que decidiu apostar num negócio cem por cento local. Em regime de franchising, a Rethink Coffee Roasters quer abrir espaços em todo o território, à semelhança das grandes cadeias de cafés que existem no mundo

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]eber café em copos com o símbolo azul e branco ainda não é algo comum de se ver, mas é esse o objectivo de Andrew Chang. Fundador da Rethink Coffee Roasters, Andrew quer estabelecer por toda a Macau cafés com esta marca em regime de franchising, à semelhança do que já acontece com marcas mundialmente conhecidas, como a Starbucks ou a Tom n Tom, oriunda da Coreia do Sul.

Para já, a Rethink Coffee Roasters tem apenas um espaço no NAPE. “Ainda somos um micro negócio, mas esperamos conseguir fazê-lo”, explicou Andrew Chang ao HM. “O nosso primeiro café franchise deverá abrir no final deste ano, ou no início do próximo ano, se as coisas correrem bem.”

“O nosso principal objectivo é promover um café local de Macau. Sabemos que há muitos locais que adoptam franchises de cafés vindos de fora, o que não tem problema. É normal numa cidade multicultural”, explicou o criador deste negócio, que deseja que as pessoas optem por beber cafés Made in Macau.

“As pessoas gostam muito dos franchises de fora, da Coreia do Sul, Taiwan, ou mesmo a Starbucks, dos Estados Unidos. O meu objectivo não é ter um franchise, mas antes promover uma marca de café local, um negócio local. Se possível, gostaria que o franchise pudesse chegar a um nível internacional”, adiantou.

Apesar de querer expandir a marca, Andrew Chang não impõe o negócio a potenciais interessados.

“Não faço grande promoção, não digo que sou o melhor em Macau para as pessoas que queiram fazer parte do franchise. Acho que os clientes que adoram o nosso café, se gostarem mesmo vão sugerir-nos essa possibilidade. É essa a nossa estratégia.”

Do banco para o café

Andrew Chang já gostava de beber café e não chá, uma bebida mais tradicional da cultura chinesa, com 14 anos. Cresceu, fez os estudos superiores na área da economia e dos números, trabalhou num banco. Aí começou o seu interesse por esta arte de servir e fazer café.

“Realizei várias acções de formação ligadas ao café, em Macau, Hong Kong e mesmo em Taiwan e nos Estados Unidos. Viajei através do mundo para conhecer melhor o café. Adoro café.”

O trabalho na banca depressa o aborreceu. “Quando trabalhava no banco ficava sentado nove horas. E era isso. Mas no café tenho de ficar as nove horas em pé.”

“Sou licenciado em economia, por isso um trabalho no sector bancário é algo natural. Mas nunca parei de estudar e envolver-me nos passatempos. Porém nessa altura, considerei que não poderia ter este emprego até ao resto da vida. Por outro lado, sentia que se tivesse um negócio e pudesse ter um café que seria mais feliz”, acrescentou o fundador da Rethink Coffee Roasters.

Andrew considera que esta foi uma “mudança radical” na sua vida, e que teve de começar do zero até se tornar num empresário.

“Mesmo que uma pessoa perceba de café não é suficiente. É preciso saber como gerir um negócio. Por isso, antes trabalhei em vários estabelecimentos para ganhar essa experiência, para saber mais sobre os cafés.”

Desafios do dia-a-dia

Andrew Chang enfrenta as dificuldades que qualquer empresário de pequena dimensão tem neste território. “Os custos das rendas face às pessoas que passam na rua dos espaços arrendamos é muito elevado. Não é como em Hong Kong, onde se paga uma renda alta, mas há muita gente a passar nas ruas. Isto torna o negócio muito mais complicado.”

Além disso, a marca tem ainda de lidar com o facto da cultura do café, em Macau, “não ser muito madura o que faz com que o negócio seja muito mais difícil.”

“Servimos cafés muito específicos, ou seja com uma qualidade muito elevada. Por outro lado, importamos o café, mas somos nós que o torramos. Isto é uma grande diferença. Escolhemos os grãos, e depois servimos aos nossos clientes. Fazemos venda a retalho e por grosso. Controlamos toda a qualidade do café”, explicou o mentor deste projecto, que considera que este facto é uma mais valia da marca.

“Ao contrário de outros, não nos limitamos a importar o café já torrado. Nós gostamos de controlar o processo. Isto faz com que sejamos diferentes”, concluiu.

11 Out 2017

“Enxins”, loja de produtos de beleza naturais | Cheiros de Taiwan

Shampôs e amaciadores, sabonetes, óleos essenciais e difusores. Todos estes produtos são naturais na Enxins, marca criada por Yves Wu. Em Macau já existem várias lojas que mostram o que de melhor se faz na Ilha Formosa em termos de produtos de beleza

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cabelos parecem ficar mais macios e brilhantes sem químicos, a casa cheira melhor e transmite uma enorme sensação de tranquilidade, que nos leva a ignorar o caos da cidade e o stress do dia-a-dia. A pele fica brilhante e os cheiros são reais, sem ponta de artificialidade.

Nos últimos anos a utilização de produtos de beleza naturais, sem a adição de químicos, tem-se revelado cada vez mais uma tendência.

Em Macau, a “Enxins” apareceu no mercado há cerca de quatro anos pela mão de Yves Wu e vende não só produtos de beleza naturais, como champôs, sabonetes ou cremes, mas também produtos para a casa.

Vindo de Taiwan, o fundador desta marca, que já tem várias lojas no território, afirma sempre ter usado produtos feitos à base de ervas.

“Estes produtos faziam parte do meu estilo de vida em Taiwan antes de vir para cá. Sempre usei este tipo de produtos nos últimos anos. Gosto dos aromas e dos cheiros, dão-me uma sensação mais espiritual. Contudo, quando cheguei, percebi que havia poucas lojas a vender este tipo de materiais e há quatro anos decidi arrancar com esta marca”, contou ao HM.

Yves Wu assume ter investido neste negócio “para trazer para Macau produtos que possam ter consigo, ou transmitir, um sentido de Oriente, com ingredientes naturais à base de ervas, a sua principal componente”.

O fundador da marca quer que os clientes compreendam a forma como os produtos que vende são produzidos, sem químicos ou outros ingredientes falsos.

“A razão para ter criado a ‘Enxins’ em Macau está relacionada com um sentido de responsabilidade. Vem da necessidade que sentimos de informar as pessoas sobre a natureza dos produtos, de que forma são feitos e quais os métodos utilizados no processo de fabrico.”

Felicidade em qualquer lugar

Questionado sobre o produto que é mais procurado pelos clientes, Yves Wu explica que são os difusores de óleos essenciais ou aromas para dar um bom cheiro à casa.

“Os difusores de óleos e aromas são os produtos mais procurados pelas pessoas. Estas procuram qualquer coisa que lhes dê mais tranquilidade em casa ou no escritório.”

Esta procura está directamente relacionada com os principais objectivos da “Enxins” enquanto marca. “O mais importante é o uso de aromas que façam cada cliente ficar mais feliz, em qualquer hora e em qualquer lugar.”

Se em Macau só agora é que se começa a verificar uma maior procura por aquilo que é natural, em Taiwan esse mercado já existe há muito.

“As pessoas de Taiwan usam diferentes tipos de ervas e alimentos para fazer produtos naturais, como o gengibre. Há muitas diferenças em relação aos produtos de marcas ocidentais. E a maior parte dos chineses conhecem os benefícios das ervas.”

Para Yves Wu, “o uso de produtos naturais já é uma tendência mundial, porque não existe muita confiança nos produtos que são vendidos nos supermercados. Desconhecemos por completo a composição desses produtos”.

O criador da “Enxins” conseguiu implementar uma pequena e média empresa num mercado de pequena dimensão, mas, ainda assim, sofreu e ainda sofre com os desafios ligados a um negócio desta natureza.

“Em Macau é difícil contratar empregados e é difícil mantê-los no mesmo emprego durante muito tempo”, assegura.

27 Set 2017

Libélulas Healthy Blend, óleos essenciais | Gotas de bem-estar

Instrutora de Pole Fitness, Sandi Manhão descobriu os benefícios dos óleos essenciais quando começou a ter tonturas. Daí à abertura de um negócio próprio, em parceria com uma amiga, foi um passo. Dois anos depois, o grupo Libélulas Healthy Blend, distribuidor dos óleos da Young Living Macau,  existe online e promete benefícios em casos de ansiedade ou alergias

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] uso de óleos essenciais para curar patologias tão diferentes como a ansiedade ou simples alergias tem vindo a ser cada vez mais frequente em Macau, mas não só. Há cerca de dois anos, Sandi Manhão decidiu ela própria apostar neste negócio online depois de ter descoberto os benefícios sozinha.

“Sou instrutora de Pole Fitness. Durante muito tempo, quando fazia pole, tinha tonturas bastante violentas e tinha de tomar comprimidos para as tonturas e náuseas. Até que um dia me falaram no óleo essencial Hortelã-Pimenta. Experimentei e fiquei maravilhada com os resultados. Resolveu-me o problema, nunca senti nenhum efeito secundário e consegui voltar à minha vida normal”, contou ao HM.

Daí até à criação do grupo “Libélulas Healthy Blends” na rede social Facebook foi um passo. No início o grupo tinha só dez participantes e visava apenas discutir os benefícios. Hoje tem 900 pessoas a discutir o assunto na rede social e tornou-se um dos representantes e distribuidores dos óleos essenciais Young Living Macau.

Sandi Manhão não consegue precisar um preço médio para a venda dos óleos essenciais, pois tudo depende das suas propriedades. “A venda dos óleos da Young Living é feita online e todos têm preços diferentes. Um óleo de Limão tem um preço muito abaixo do de um de Alfazema, por exemplo.”

“Para determinar a qualidade e o preço de um óleo essencial, temos de nos preocupar com três características cruciais: pureza, grau e integridade”, frisou ainda.

Com base nos pedidos dos clientes, a instrutora de Pole Fitness conta que são muito procurados óleos essenciais que possam curar casos de stress e insónias.

“Outras pessoas optam por fazer os seus próprios produtos, sem toxinas e mais naturais, principalmente quando têm filhos”, adiantou.

Diferentes e iguais

Por norma, um óleo essencial aplica-se na zona do pescoço ou do nariz, para dar uma sensação quase imediata de bem-estar. Contudo, também pode ser usado para trazer um melhor ambiente à casa.

“Cada óleo essencial possui propriedades químicas específicas. Uns ajudam a combater o stress e a ansiedade, outros são regeneradores ou protectores da pele, outros descongestionam as vias respiratórias. As possibilidades são infinitas”, explicou Sandi Manhão.

Ainda assim, “nem todos os óleos essenciais são iguais”. “Se quisermos ter o beneficio terapêutico teremos de seleccionar óleos de boa qualidade, não adulterados por substâncias químicas (o que é bastante comum nos óleos comercializados), devem ser de produção orgânica e 100 por cento puros, tendo passado por testes rigorosos e controlo de qualidade desde a produção ao engarrafamento”, acrescentou.

Sandi Manhão alerta para o facto da maior parte dos óleos que são vendidos em lojas terem apenas aromas sem que ofereçam “os mesmos benefícios terapêuticos e medicinais”.

A mentora também utiliza os óleos essenciais “como alternativa saudável aos produtos comuns de limpeza da casa e aos produtos de beleza e de higiene pessoal”. “Substituem a minha farmácia convencional e ainda posso utilizá-los de forma versátil na culinária.”

Muita procura

Além da rápida expansão da venda de óleos essenciais no território, sobretudo através de grupos online, estes também têm vindo a ser procurados um pouco por todo o mundo.

“Há uma procura generalizada, embora alguns países estejam mais avançados nesta área, como os Estados Unidos e Hong Kong. Na última década surgiu a tendência para uma aproximação mais holística e natural ao nosso dia-a-dia.”

O uso de óleos está, assim, associado à procura de estilos de vida mais saudáveis, algo que se tornou moda.

“Estamos mais conscientes da poluição do ambiente, da contaminação dos alimentos com pesticidas e da composição dos produtos de limpeza e higiene com ingredientes tóxicos e nocivos. Há uma maior procura de alimentos biológicos, produtos orgânicos e medicinas alternativas e na sequência disso, os óleos essenciais voltaram a ser procurados e como que redescobertos.”

Para Sandi Manhão, qualquer pessoa, independentemente do seu estilo de vida, pode usar óleos essenciais.

“Não temos de ser aromaterapeutas para usar óleos essenciais nas nossas casas, basta colocar umas gotinhas no difusor para podermos melhorar a qualidade do ar. A difusão de óleos essenciais, além de proporcionar um ambiente agradável, ainda nos pode ajudar a relaxar ou a ter um sono mais tranquilo”, concluiu.

20 Set 2017

Zen by Maquette | Meggie Chiang, proprietária

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]briu há dois meses na Estrada de Lou Lim Yeok, na Taipa. É o Zen by Maquette, um espaço de calma que pretende ter sabores deliciosos e saudáveis.

Maquette era o nome do restaurante que Maggie Chiang teve, durante quatro anos, no local onde é agora o Zen. Foi uma altura em que que se dedicou a servir refeições requintadas inspiradas na cozinha francesa e italiana. A ideia que era representada pelo nome Maquette, era a de uma metáfora ao que a proprietária tinha em mente acerca do que era conceber pratos. A Maquette mantém-se mas agora deu lugar ao Zen. O Zen by Maquette abriu há dois meses e simboliza algumas mudanças. “Senti que tinha chegado a uma nova etapa da minha vida e da minha carreira, e que era tempo de fazer um balanço”, conta Maggie Chiang ao HM.

O Zen by Maquette foi o resultado e representa “a mudança de ambiente, das pessoas e da própria cultura que Macau vai sofrendo.

O novo nome foi escolhido porque evoca o equilíbrio. Inspirado na cultura chinesa do Yin e Yang simboliza “o lugar de equilíbrio em que é possível encontrar paz”. “É também um tipo de filosofia que me faz muito sentido e que integro na vida e que coloco na própria comida”.

Na prática, o conceito está em todo o lado do pequeno restaurante da Estrada Lou Lim Yeok.

“Na comida tento sempre ter dois aspectos em mente. Por um lado quero que as pessoas sintam que estão a comer algo de delicioso, e por outro quero que esse produto tenha as nutrientes necessários”, começa por dizer a proprietária.

Como exemplo, o Zen by Maquette usa o pão de pizza para fazer wraps, mas não é um pão qualquer. “Neste caso, somos nós que fazemos o pão com farinha de trigo integral. Não usamos bacon mas usamos carne e acrescentamos muitos vegetais”, diz. O objectivo é não fazer uma mudança muito radical nos hábitos da população, mas, aos poucos, ir alterando algumas tendências.

O mesmo acontece com os doces. Os bolos são feitos numa padaria que pertence a Maggie Chiang e são, diz, saudáveis. Para que não haja enganos, a proprietária apresenta o bolo de chá verde que não tem que manteiga e é feito com claras de ovo. “É uma escolha muito dietética”, aponta.

O objectivo, diz, “é fazer refeições que as pessoas possam comer todos os dias. É comida casual mas nutritiva e saudável”

Zen em todo o lado

O espaço é pequeno, mas iluminado e amplo. A razão é ter sido cuidadosamente pensado tendo em conta a conceito que lhe dá nome. “Quando pensei em Zen, o equilíbrio tinha também de ser sentido no próprio restaurante, além da comida”. Até porque “é também acerca da arte de viver, de se estar em paz”.

Para o efeito foi contratado um designer de interiores que ajudasse Meggie Chiang a ter um lugar onde estivessem representados equitativamente os cinco elementos associados à filosofia chinesa. Para a proprietária, esta é a filosofia pela qual rege a vida e que pretende que seja  “fonte de calma” para os clientes”.

Hábitos mudados

Para a Meggia Chiang as pessoas em Macau estão habituadas a comer muita comida de rua. A razão, aponta, é por ser um produto fácil. No entanto, “não é nutritiva, nem saudável”, refere. “Apesar de ainda haver muito a fazer no que respeita a equilíbrios, mesmo na comida, este é um começo”, e é por isso que, considera, os seus produtos são um meio termo, “não são vegan, para não ser radical, mas podem agradar a todos de forma muito saudável”.

No Zen by Maquette, os clientes podem “disfrutar de bons produtos e sentirem-se satisfeitos, não só com o sabor mas também com o seu corpo por saberem que lhe fizeram bem”. “Espero que cada vez mais gente possa aproveitar este tipo de satisfação”, sublinha.

Com dois meses de trabalho, o balanço é muito positivo. “A maioria dos clientes voltam e temos cada vez mais gente nova e mais famílias. O feedback que temos dos clientes antigos também é bom e até gostam mais desta forma casual de comer do que a mais requintada, do restaurante anterior”.

6 Set 2017

Zombie Tuna, agência de marketing | Uma ajuda aos pequenos negócios

O projecto é embrionário e acaba com uma lacuna no mercado: a falta de uma empresa com estratégias de marketing para as Pequenas e Médias Empresas. Tito Rafael está radicado em Macau há pouco tempo e quer trazer criatividade aos pequenos negócios

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á passou por Londres e Pequim, onde trabalhou depois de ter concluído um MBA na Porto Business School, em Portugal. Em Macau há pouco tempo, Tito Rafael quer partilhar a sua experiência no marketing criativo, tendo criado a Zombie Tuna.

“Tive sempre a trabalhar na área do marketing nos últimos sete anos”, começou por contar ao HM. “Vim parar a Macau porque a minha esposa veio trabalhar para cá. Depois vi que tinha oportunidade de criar uma coisa nova e fazer algo de raiz.”

Nesta fase a Zombie Tuna existe apenas na sua casa e não emprega qualquer pessoa, mas Tito Rafael já tem planos e alguns contactos para começar.

“Quis criar uma nova agência mais focada no marketing criativo, de forma a conseguir chegar a clientes mais pequenos e não às grandes empresas de Macau. Há uma oportunidade aqui, sobretudo por ser um meio pequeno, de fazer diferente e promover negócios mais pequenos”, contou ao HM.

A ideia é “optimizar os clientes que trabalhem localmente”, num território que, por hábito, costuma procurar estratégias de marketing em Hong Kong.

“Apercebo-me de que há uma tendência de olhar sempre para Hong Kong como o sítio de reserva onde se pode ir buscar tudo. Na verdade Macau é auto-suficiente em muitas coisas. Agências de marketing, nos termos do que quero fazer, não existem.”

Tito Rafael aponta o foco para clientes com poucos recursos financeiros através de plataformas digitais.

“Quero propor uma série de serviços que englobem a definição da estratégia do negócio, passando pelo design e pelas redes sociais. A ideia é vender serviços de consultadoria para promover o negócio nas plataformas digitais, disponibilizar serviços de consultadoria e know-how”, adiantou Tito Rafael.

O objectivo é que as PME “tenham a possibilidade de, mesmo com valores baixos, chegar ao mercado e expandi-lo”.

“Queremos ajudar as pessoas a desenvolver estratégias locais para o negócio crescer”, acrescentou o marketeer.

Obstáculo linguístico

A trabalhar sozinho nesta fase, Tito Rafael considera que o chinês é, por enquanto, um entrave na expansão da Zombie Tuna, mas não deverá sê-lo para sempre.

“A língua pode ser um entrave, sem dúvida. A ideia é, no futuro, abranger o cantonês. Já estou a trabalhar numa nova versão do site para que seja multilingue. Conforme vou expandindo a empresa espero encontrar uma pessoa, para a área comercial, que seja bilingue e que possa estabelecer os contactos.”

Antes de enveredar por esta aventura, Tito Rafael já tinha tido duas experiências de trabalho no território, que o fizeram perceber o funcionamento do mercado.

“Fui-me apercebendo de algumas lacunas no mercado. Lacunas que são relativamente fáceis de resolver e foi aí que pensei que poderia fazer qualquer coisa para atingir o objectivo de fazer algo diferente.”

A empresa ainda agora começou a criar uma imagem nas redes sociais, e a ideia é ir crescendo com o tempo.

“Estamos mesmo numa fase embrionária. Ainda estou a usar a minha casa. Quanto aos clientes estou a estabelecer os primeiros contactos. A ideia está a ser posta em prática e agora é esperar para ver o que podemos fazer pelas pessoas”, concluiu.

30 Ago 2017

In Portuguese Food, restaurante | Mostrar as origens

Aberto há quatro anos, o restaurante In Portuguese Food mudou a oferta de pratos e contratou, há um ano, um novo chefe de cozinha. Herlânder Fernandes garante que quem janta e almoça no restaurante pode agora experimentar pratos portugueses ainda mais tradicionais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] pão que é servido à mesa não é congelado e sai directamente do forno do restaurante. As sobremesas são feitas por quem ali trabalha e o objectivo diário é servir pratos que se poderiam comer em Portugal, sem que se notem os muitos quilómetros que separam o país de Macau.

É esta a promessa do In Portuguese Food, um restaurante de comida portuguesa localizado na Taipa que mudou de chefe de cozinha há um ano. Ao HM, Herlânder Fernandes explicou como se processou esta mudança, visível até no próprio menu.

“Há cerca de um ano vim trabalhar para aqui e mudámos um pouco o restaurante. Neste momento estamos a fazer a verdadeira comida portuguesa, mais tradicional”, apontou o chefe de cozinha, que lembrou mesmo a importância do nome do espaço.

“O restaurante chama-se ‘In Portuguese’ e, como tal, deve ser comida tradicional. Não tem lógica servir comida portuguesa que fuja às suas raízes.”

Herlânder Fernandes garantiu que não há uma intenção de desenvolver novos projectos nos próximos meses.

“Para já não temos intenção de inovar pois mudámos o menu recentemente, há cerca de quatro ou cinco meses. Estamos a tentar manter o que estamos a construir”, apontou.

Com pratos bem conhecidos do público, o “In Portuguese Food” tem apenas uma receita de bacalhau de assinatura que, no entanto, vai buscar influência ao que já se faz em Portugal.

“Trabalhamos com um pouco de tudo. Temos o polvo à lagareiro, o arroz de marisco, temos também os pasteis de bacalhau, que são feitos aqui, tal como as queijadas de leite ou as amêijoas à bulhão pato”, explicou.

Herlânder Fernandes garante que os clientes têm mostrado o seu agrado, não só pessoalmente como também nas redes sociais. “Temos tido um feedback positivo, as pessoas têm gostado de tudo. Tem sido muito bom.”

Desafios da mudança

Num território onde existem vários restaurantes portugueses, com mais ou menos anos de existência, há ainda espaço para a abertura de novos espaços.

“Há condições para continuar, porque apesar de haver muita oferta não deixa de existir muita procura”, defendeu Herlânder Fernandes, que antes de passar pelo “In Portuguese Food” esteve ainda num outro restaurante português.

Habituado a cozinhar com colegas portugueses, Herlânder Fernandes teve de passar por um processo de adaptação, pois muitos dos seus colegas são filipinos.

“No inicio não foi fácil e tem de se ensinar tudo, mas a partir do momento em que aprendem…temos de perder algum tempo e ser persistente.”

No “In Portuguese Food” o desafio foi “encontrar os produtos adequados a estes pratos”. “Tive de adaptar o sal para não deixa a comida demasiado salgada para o gosto asiático. A partir do momento em que as coisas ganham um padrão é fácil trabalhar.”

Apesar dos desafios, o chefe de cozinha garante que o trabalho no território tem sido enriquecedor. “Estou em Macau há dois anos e a experiência tem sido enriquecedora. É bom estar a mostrar a nossa comida a pessoas que não estão habituadas a comê-la e ter de adaptar a comida ao paladar de quem está a comer. Os chineses não têm tanta tolerância ao açúcar e sal.”

Não à inovação

Herlânder Fernandes tem uma visão mais tradicional daquilo que deve ser a oferta de gastronomia portuguesa em Macau. Esta deve ser o mais fiel possível às origens, porque “não estamos num sítio onde se possa inovar muito”.

“Estamos fora do nosso país. Com a comida portuguesa podemos fazer coisas diferentes, mas nós aqui temos de mostrar a essência da comida portuguesa. Se inovarmos não estamos a mostrar isso, estamos a fazer uma desconstrução e a dar o nosso toque. E não é isso que nos compete.”

Para o chefe de cozinha, “não tem lógica ter um restaurante português que vá servir comida diferente. O português vem aqui comer e procura recordações, procura um bacalhau como comia em casa. É isso que faz um restaurante ter sucesso”, rematou.

23 Ago 2017

Joy of Living Cafe | Lai Meng Hoi, proprietária

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Joy of Living Café nasceu do sonho de irmãs que partilhavam o prazer de cozinhar e a satisfação em saber receber. Com um menu com alguma inspiração japonesa, o espaço oferece tranquilidade mesmo no meio da confusão da Estrada do Repouso

Quem entra no Joy of Living Cafe é recebido por um sorriso amplo e uma atmosfera tranquila. Música suave e um menu variado que imprimem uma certa calma à casa, apesar de estar situada na movimentada Estrada do Repouso. Mesmo com as obras que a rua tem sofrido, dentro do espaço reina a total serenidade.

A ideia de abrir um café já vinha de longa data. Ao leme do Joy of Living está Lai Meng Hoi e as suas irmãs, que conta que, na família, já havia um profundo prazer em cozinhar antes de pensarem em se lançarem num projecto de restauração.

“Começámos a ter o hábito de partilhar os nossos pratos com família e amigos, acho que veio daí o sonho de abrir um café em Macau”, conta Lai Meng Hoi. Mesmo em casa era notório o prazer que as irmãs sentiam em servir pessoas.

A dona do estabelecimento conta que ela e as irmãs chegaram a ter algumas experiências de trabalho em empresas da indústria hoteleira. Apesar de não terem acumulado muita experiência profissional na área, a dona explica que desde sempre contaram com o apoio dos pais e também com algum auxílio divino. “Sou cristã e rezei muito, até que concretizámos o sonho.”

O Joy of Living tem um menu fortemente inspirado na gastronomia japonesa. “Viajámos muito por várias zonas do Japão em busca de inspiração, também para percebermos como é que os restaurantes apresentam os seus pratos, no fundo fomos coleccionando as ideias deles”, conta.

A ementa do café tem influência nipónica, mas não apresenta pratos tradicionalmente japoneses. “Misturamos muita coisa, pode dizer-se que fazemos uma gastronomia de fusão”, explica Lai Meng Hoi.

Do Japão para Macau

As grandes estrelas do menu são o Taco Rice, que as irmãs foram buscar à cozinha tradicional de Okinawa. Outro dos destaques são os churros, uma iguaria que Lai Meng Hoi acha que pouca gente em Macau experimentou, mas que é absolutamente obrigatória. “Os churros que fazemos são um pouco diferentes do estilo europeu, a nossa interpretação é um pouco ao estilo japonês e cozinhamos com gelados”, revela a dona do café.

No que diz respeito à clientela, Lai Meng Hoi conta que o Joy of Living tem muitos fregueses oriundos de Hong Kong devido à exposição que teve em revistas da região vizinha. De resto, os clientes do café são famílias, alguns portugueses e muitos jovens, principalmente locais.

Quem frequenta o café pode tomar o pequeno-almoço a qualquer hora e deliciar-se com uma vasta gama de chocolates quentes. À disposição dos gostos mais gulosos existe uma oferta variada de bagels caseiros com, por exemplo, bacon ou ovos mexidos e cogumelos, assim como panquecas com gelado.

O Joy of Living tem uma atmosfera muito pacífica, com uma janela a todo o comprimento com vista para a Estrada do Repouso e uma decoração minimalista onde sobressaem as citações da Bíblia nas paredes. Uma manifestação decorativa da fé das donas.

Em relação ao tipo de ambiente que quiseram criar no espaço, Lai Meng Hoi explica que “a atmosfera, tal como o nome do café indica, é de partilha de felicidade e sabores”. Esse é o derradeiro objectivo de quem recebe no Joy of Living: fazer com que as pessoas se sintam contentes e em casa. Uma missão que cumprem com simpatia e comida de qualidade, com boa apresentação e a preços acessíveis.

Estrada do Repouso, nº 74

16 Ago 2017

Happy Paws Pet Shop | Sam Leong, proprietário

E se os cães e gatos de Macau pudessem ter acesso a spa e hotel? Pois bem, já podem. Os serviços são prestados pela recém-inaugurada Happy Paws Pet Shop, na Taipa. Além de uma loja comum, a Happy Paws vem dar alguns mimos que estavam em falta no território

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi a constatação de algumas faltas nas muitas lojas de animais do território que levou Sam Leong a abrir a sua. Mais do que uma loja vulgar de produtos para os seres de quatro patas, a Happy Paws Pet Shop é um lugar para “acarinhar os animais e proporcionar-lhes serviços variados”, conta o proprietário, Sam Leong.

Cuidados de higiene, serviço porta a porta, abrigo e – a cereja no topo do bolo – massagens terapêuticas e hotel são os serviços que a Happy Paws Pet Shop tem ao dispor, além dos produtos do costume que têm as lojas deste segmento.

De acordo com Sam Leong, os cuidados com os animais, no território, têm vindo a aumentar. Uma economia em ascensão pode ser a razão que leva os donos a terem cada vez mais atenção com o bem-estar dos bichos, considera. “À medida que a economia em Macau prospera, há mais pessoas que estão dispostas a proporcionar melhores condições de vida aos seus animais de estimação”, aponta.

O resultado vê-se na procura de serviços mais diversificados, sendo que “a massagem e o treino começaram a registar uma grande adesão”.

O treino de animais é um dos cartões-de-visita da nova loja na Taipa. Mais do que ensinar os animais a obedecer, é conseguir comunicar com eles e, desta forma, estabelecer uma relação. “O factor mais importante do treino é colocarmos o nosso coração fora de nós”, diz o proprietário. “É muito importante que os donos se coloquem no lugar dos seus cães e pensem na forma como deveriam ser tratados, no carinho que gostariam de receber e como gostariam de se entender”, afirma.

Um hotel especial

A partir de agora, as férias dos donos podem ser também um momento de qualidade para os animais. O serviço de hotel da Happy Paws Pet Shop tem dois tipos de quartos para diferentes bolsos e preferências. Há o chamado quarto padrão, que, mais barato e mais pequeno, garante espaço e qualidade. “O nosso padrão engloba casotas maiores e melhores do que muitas que se podem ver em estabelecimentos do género”, garante o proprietário. Já os quartos VIP são “meticulosamente decorados e com uma área que poderia acolher dois ou três animais”.

Porque a vida dos animais não é só feita de sono, e dada a sua necessidade de movimento, a Happy Happy Paws Pet Shop tem “uma área de lazer onde os bichos podem movimentar-se, conviver e brincar”.

Mais ainda. De modo a dar um atendimento personalizado a cada hóspede, antes da estadia é feita uma recolha de dados pormenorizada. O objectivo, afirma Sam Leong, é conseguir atender às necessidades específicas de cada bicho.

A saúde também não é esquecida e, de acordo com o proprietário, a loja está a ultimar um acordo com uma clínica local.

Para já, a Happy Paws Pet Shop está preparada para receber apenas cães e gatos, sendo que, no futuro, Sam Leong pretende alargar o leque de clientes.

A responsabilidade que acarreta ter um animal de estimação não é para ser esquecida. Sam Leong pretende, com o projecto, contribuir para a educação dos donos de animais de Macau. “Evitar os abandonos e alertar para as responsabilidades associadas ao ter um animal são áreas em que pretendemos intervir”, remata.

9 Ago 2017

Honest Pizzeria | Tik Man Yuen, sócio-gerente

 

Quem gosta de pizzas à americana tem um novo restaurante na zona velha da Taipa. Apesar da ementa estar ainda em criação, as pizzas de massa fina de frango e alho e meat lovers são já um sucesso

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]sta comida é um exemplo da universalidade gastronómica, que ultrapassa fronteiras e se torna global. A pizza é algo que há muito tempo não se confina a Nápoles, em particular desde que atravessou o Atlântico em direcção à América do Norte. É desta universalidade servida em fatias que é feita a curta história da Honest Pizzeria.

O restaurante nasceu da vontade de três amigos que passaram parte das suas vidas no exterior e que depois de voltarem a Macau sentiram falta de algo: comer uma fatia grande de pizza, à moda de Nova Iorque, com massa fina e crocante, longe das apropriações da comida rápida.

Assim sendo, a Honest Pizzeria começa na amizade entre amigos que se tornam sócios: um viveu em São Francisco, outro estudou na Austrália e Tik Man Yuen cresceu em Toronto, no Canadá. “Nós sentimos falta deste tipo de pizza, estávamos habituados àquelas grandes fatias, à americana, e não havia nada disto em Macau”, conta Tik Man Yuen.

Comer a iguaria era sempre uma frustração, nunca correspondia às expectativas “no sabor e em tudo o resto”. “Decidimos que seria algo que podíamos fazer, se ninguém o faz por que não nós?”, interroga-se o sócio-gerente. E assim começou a Honest Pizzeria, numa série de conversas no ano passado, até abrir as portas à experiência no dia 1 de Junho. Tik Man Yuen adianta que a abertura oficial do restaurante está prevista para o final de Agosto, ou início de Setembro.

Para já, a popularidade da pizzaria vai crescendo com base na palavra passada, sendo que as pizzas mais populares entre a clientela são a pizza de galinha e alho, a pizza aloha e a pizza meat lovers.

Esta é uma das comidas mais famosas do mundo, é muito difícil encontrar uma pessoa que nunca tenha comido uma fatia. Daí a aposta na qualidade como forma de surpreender a clientela. “Acho que não há por cá muitas pessoas que tenham comido uma pizza como a nossa”, teoriza Tik Man Yuen, que recorda um episódio com uns turistas do Interior da China. “Ficaram impressionados com os tamanhos das fatias, nunca tinham visto nada assim, experimentaram e gostaram muito”, conta.

Palavra a palavra

Desde que a Honest Pizzeria abriu em fase experimental, mesmo com a falta de promoção, o negócio tem corrido bem. “Os clientes vão passando a palavra, o que significa que a nossa pizza é de qualidade, que supera as expectativas”, explica Tik Man Yuen.

Com a abertura oficial no horizonte, a Honest Pizzeria ainda está em fase de acerto de ementa, em fase de experimentação e estudo para actualizar a oferta. “Estamos a tentar perceber onde podemos melhorar e estamos a estudar a forma de incorporar ingredientes orientais nas nossas pizzas”, conta o sócio-gerente. Os donos da Honest Pizzeria conhecem o mercado onde estão e o gosto asiático pelo peixe e marisco; assim sendo, pizzas com estes sabores encontram-se em fase de testes.

Porém, esta é uma pizza eminentemente ocidental. “Os nossos clientes têm, sobretudo, um background no Ocidente não são necessariamente caucasianos, ou portugueses, mas são como eu, cresceram fora”, elabora o gerente.

A clientela local, assim como os turistas, também tem experimentado a ementa da Honest Pizzeria e denotado a diferença para as pizzas dos restaurantes de comida rápida e pizzas congeladas.

O restaurante tem uma atmosfera descontraída, relaxada, com música para acompanhar a refeição. É um sítio que pretende transmitir algum cosmopolitismo, indo de encontro às experiências do trio de donos.

Quem quiser provar a ementa da Honest Pizzeria, basta dar uma saltada à zona antiga da Taipa. Para aqueles que preferem degustar uma pizza com um filme, ou simplesmente no recanto do lar, existe um serviço de entregas disponível.

2 Ago 2017

Roomage 30 | Carr Che, gestora do espaço

 

Ao lado da Igreja de São Francisco Xavier há um sítio que multiplica possibilidades. Roomage 30 congrega as funções de uma loja, café, galeria de arte, espaço para workshops, concertos, feiras improvisadas. Basicamente é um sítio onde coolness e criatividade florescem

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número em Roomage 30 representa a percentagem dos lucros que o espaço doa para caridade, ou seja, 30 por cento. Este é um dos cartões-de-visita de um daqueles locais que nasce espontaneamente da criatividade de uma juventude inquieta. Tudo começou há dois anos quando um grupo de amigos iniciou o projecto com a cooperação da Caritas, que cedeu o espaço.

“Trabalhámos juntos para criar um espaço novo, com novos elementos, com capacidade para organizar exposições e vender produtos locais com bom design”, explica Carr Chen, uma das pessoas que gere a Roomage 30. Além das valências elencadas, o local também se destina a receber exposições de fotografia, workshops com os mais variadíssimos conceitos, feiras da ladra.

Outra dos aspectos primordiais do sítio é ser um porto de abrigo para quem se interessa por arte urbana. “Roomage 30 é um espaço também para os criadores de street art e para diferentes tipos de manifestações artísticas”, explica Carr Chen. Uma das pessoas no cerne do espaço é Pat Lam, mais conhecido por Pibg Gantz, o nome com que assina grafittis. Como não podia deixar de ser, a presença do graffiter torna o espaço numa paragem obrigatória para os aficionados das expressões artísticas urbanas.

“O mais importante para a street art é ter um ambiente, um local onde possa ser criada”, comenta a gestora. Carr Chen acrescenta ainda que em Macau existem poucos sítios onde este tipo de arte pode ser posto em prática. “Estamos dedicados a lutar por mais paredes e espaços para criar street art”, explica.

Número 30

O local tem uma dinâmica muito imprevisível e fluida. Tanto pode organizar um concerto, como ceder o espaço a uma marca. É o que acontece actualmente. De momento, a Roomage 30 acolhe uma pop-up store, um conceito comercial baseado no improviso e no comércio inesperado. O local está entregue a uma marca de roupa local chamada Mr. Stockman. Este é outro dos objectivos do espaço, oferecer uma casa a designers, criadores e marcas locais. “Esperamos no futuro poder partilhar instalações com um bom designer local e dar a conhecer o seu trabalho ao nosso público”, projecta Carr Chen.

Uma ideia que começou pequena, com uma clientela basicamente local, começa a chegar a um universo mais alargado. A pequena exposição que a Roomage 30 teve em meios de comunicação de Hong Kong e da China Continental deu-lhe visibilidade que tem atraído alguns turistas.

A Roomage 30 tem no nome um compromisso. Dos lucros apurados, 30 por cento reverte para instituições de caridade apoiadas pela Caritas de Macau.

“Sentimo-nos muito agradecidos por estarmos envolvidos neste aspecto de caridade”, explica a gestora do espaço. Carr Chen tem noção de que o montante das contribuições que reverte a favor da Caritas pode não ser avultado; ainda assim, é algo que merece o esforço e a dedicação total da equipa da Roomage 30.

Não admira que quem lá trabalhe se sinta realizado, apesar da azáfama que o espaço implica. Nesse aspecto, os fins-de-semana representam os picos de actividade da Roomage 30, principalmente quando é organizado algum evento especial, como uma feira improvisada ou uma exposição. “Durante os dias de semana, o espaço é bastante acolhedor e tranquilo”, revela Carr Chen.

O aspecto filantrópico, a consciência social e a vitalidade criativa são aspectos nucleares no conceito do espaço. Revestida de um grande componente social, cultural e solidária, a Roomage 30 é um ponto de encontro de várias valências de uma instituição que promete ser uma pequena referência na cultura local. É uma casa para uma geração que vive da criatividade que se esconde nas margens da cultura, ao mesmo tempo que fomenta um forte sentimento de comunidade.

26 Jul 2017

Art Habitat, aulas de ballet | Dançar por amor à arte

Tudo começou com o espectáculo Zaia, mas depressa se estendeu a todo o território. Anna Kizlyuk Acconci é professora de ballet e dança desde que se lembra de ser gente. Hoje ensina crianças, adolescentes e adultos, e só lamenta que não haja um ensino mais profissional desta forma de expressão artística

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]nna Kizlyuk Acconci criou a Art Habitat em 2011, quando o espectáculo Zaia, da companhia canadiana Cirque du Soleil, estava no território. Bailarina profissional desde criança, Anna dava aulas aos bailarinos da companhia. Quando o espectáculo fechou portas, a responsável pelo Art Habitat virou-se para a cidade e para aqueles que também queriam aprender, de forma profissional, a forma mais clássica de dança.

Sem um espaço físico, a Art Habitat funciona com aulas particulares e também em escolas e jardins-de-infância. Tudo depende dos interessados e das marcações que são feitas.

“Acredite ou não, recorri à numerologia e astrologia, através de uma amiga da minha mãe, para ver qual seria o nome mais bem-sucedido para a minha empresa. Troquei emails com ela durante quase um mês, até que o nome final estivesse confirmado”, contou Anna ao HM.

Hoje dá aulas a bebés, a crianças e a adolescentes até aos 18 anos de idade. Há também aulas para adultos que começam agora a interessar-se pelo ballet.

Até agora, o negócio parece estar a correr de feição. “Tenho alguns pais que comentam e dão-me um feedback positivo, no sentido que preferirem o meu método em relação a outros. Isto porque nas minhas aulas não temos só brincadeira e jogos o tempo todo. As crianças aprendem e não estão apenas a brincar toda a aula.”

Anna explica que tenta misturar o melhor de dois mundos, ou seja, a brincadeira e o lado sério de uma forma de dança exigente, que pede disciplina e concentração.

“Tento combinar o divertimento com a dança, numa prática saudável que mistura o lado clássico da escola russa, chamado método vaganova, e que é mais apropriado para os pequenos alunos. Para as crianças mais velhas há uma maior estrutura e as aulas são dadas num ambiente mais restrito e com mais disciplina, onde há a ideia de que nunca se pode desistir. Este é um dos objectivos mais importantes para qualquer arte, sobretudo o ballet”, adiantou a mentora da Art Habitat.

Uma paixão desde criança

Anna Kizlyuk Acconci tinha um ano de idade quando começou, de forma espontânea, a querer dançar como as bailarinas profissionais. “A minha paixão pelo ballet começou muito cedo. Segundo a minha mãe, começou quando tinha um ano de idade. Estava a ver um espectáculo de ballet na televisão e de repente comecei a imitar as bailarinas. Partia os meus chinelos ao meio, porque só queria andar em bicos dos pés.”

Com cinco anos, Anna começava a ter as primeiras lições de ballet para começar a praticar como uma bailarina profissional a partir dos nove anos. Começou então uma carreira que dura até aos dias de hoje.

Em Macau, a criadora da Art Habitat lamenta que a dança clássica não seja levada a sério. “Os pais não consideram o ballet ou estilos de dança mais contemporâneos como uma verdadeira carreira que os seus filhos podem seguir. Não surpreende que as únicas aulas existentes sejam dadas por associações de dança, mas que são apenas como hobbie e divertimento, e não para aprender a dançar como uma profissional. Há uma mentalidade pequena.”

O lado sério da dança

No futuro, Anna “gostaria de ver mais interesse em aprender dança da forma correcta”. “Foi aí que comecei e fui obtendo mais experiência e conhecimento para transmitir aos meus alunos, após ter passado por várias escolas de ballet”, lembra.

Ainda assim, a professora considera que os pais dos seus alunos têm consciência da importância da sua prática. “O facto de os pais inscreverem os seus filhos nas aulas só significa que sabem o quão importante são para o seu desenvolvimento, e não apenas físico.”

Apesar de a Art Habitat estar cheia de alunos de todas as idades, Anna defende que é muito difícil abrir um espaço físico. “O maior desafio é ter as portas abertas num local permanente ou numa escola. Financeiramente é um grande peso e as rendas em Macau são um grande problema. Sem o apoio do Governo é verdadeiramente difícil operar um negócio na área das artes”, conclui.

19 Jul 2017

Le César, Taipa Velha | Os pratos estão lançados

Beber um café pela manhã ou tomar o pequeno-almoço no Le César, na Taipa, passou a ser um hábito de muitos que cá vivem. Diogo Geraldes abriu agora um segundo espaço na zona da Taipa Velha, mais virado para a restauração. Lá podem encontrar-se pratos portugueses que ainda ninguém provou cá

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á 13 anos que o Le César funciona junto ao Parque Central da Taipa e foi um dos poucos espaços que disponibilizou o típico café português, quando beber café estava longe de ser um hábito comum em Macau.

O negócio cresceu e, recentemente, Diogo Geraldes, proprietário, decidiu abrir um restaurante com o mesmo nome na zona da Taipa Velha. Lá poderão provar-se as iguarias do costume, como é o caso da francesinha, mas há também novidades, como o arroz de robalo com amêijoas.

“Temos a cozinha genuína portuguesa, temos alguns pratos que a maior parte dos restaurantes portugueses já tem. Temos alguns pratos novos. Que eu saiba, ainda não estão a ser feitos em Macau”, contou o responsável ao HM.

O novo restaurante é “amplo”, com capacidade para 60 pessoas. Habituado a servir sobretudo locais, Diogo Geraldes vira-se agora para um tipo de clientela diferente: os turistas que todos os dias passeiam num dos lugares mais populares do território.

“É um novo desafio, também em termos de visibilidade. São públicos-alvo diferentes. No café a nossa clientela é 99 por cento de residentes de Macau, enquanto neste novo espaço, devido à sua localização, vamos com certeza, e já estamos a receber, bastantes turistas de todas as nacionalidades.”

Ainda assim, a curiosidade leva a que muitos dos habituais frequentadores do Le César acabem por almoçar ou jantar no novo espaço.

“Um espaço de referência”

Diogo Geraldes recorda o início de um negócio que já fez história e que faz parte do dia-a-dia de quem cá vive. “O Le César já tem bastantes anos e é um espaço de referência, sem dúvida”, considerou.

“Temos grupos de portugueses e até chineses que só vão lá para comer a francesinha. Temos um grupo de clientes portugueses que, de há uns anos para cá, almoçam lá só por causa das francesinhas. É um espaço de referência não só para quem vive na Taipa, mas para toda a comunidade portuguesa e até de estrangeiros, incluindo chineses”, acrescentou o proprietário.

Quanto ao projecto original, ou seja, o café que abriu portas em 2004, mantém-se igual, apesar das obras realizadas há alguns meses. “A filosofia e o projecto continuam os mesmos”, defendeu Diogo Geraldes.

Há espaço para todos

Com a abertura de mais um restaurante com comida portuguesa, o responsável considera que o conceito está longe de se esgotar no mercado da restauração.

“A maior parte dos restaurantes portugueses em Macau são de sucesso e têm clientelas boas, e isso mostra que o conceito está longe de estar saturado. Há uns meses vi um estudo de uma revista que mostrava que os turistas têm bastante motivação para experimentar a gastronomia local. Os chineses não vêm a Macau para comer comida chinesa. Desde que os projectos sejam de qualidade e tenham mérito, há ainda espaço para alguma restauração portuguesa”, frisou.

Além de servirem os pratos mais típicos, os restaurantes portugueses que abriram portas no território souberam inovar na oferta ao cliente, defendeu.

“É difícil fazermos uma gastronomia tal e qual se faz em Portugal, porque em Macau não há muitos produtos. Tem havido alguma inovação, no princípio tínhamos o conceito das sardinhas e frango assado, mas hoje já temos restaurantes a fazer coisas completamente diferentes”, rematou Diogo Geraldes.

5 Jul 2017

Nflorist | O incrível mundo das pétalas

Está de portas abertas há quatro anos e chegou com a promessa de produtos diferentes. A Nflorist rompe com a tradição local das floristas. O investimento foi feito na inovação, em designs mais arrojados e ofertas diversificadas. Sempre com o delicioso perfume das flores

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uando a primeira loja abriu as portas, Macau nunca tinha visto nada assim. O mundo das flores respondia a métodos tradicionais, com ramos e coroas pouco diferenciados. Os mentores da Nflorist tinham visto outras coisas lá fora e decidiram abrir um espaço com “estilos diferentes”.

Quatro anos depois, a ideia provou ser bem-sucedida e o território mostrou que tem um mercado suficiente para este tipo de negócio. Na Nflorist há flores para todos os gostos, mas a aposta no design é visível: procura-se sobriedade para deixar respirar as pétalas. Este lado inovador já permitiu criar uma pequena cadeia de lojas: a Nflorist tem três espaços comerciais em diferentes pontos da cidade.

I Seong Lao é a responsável pelo estabelecimento principal e explica como funciona esta florista diferente. “Os nossos produtos são feitos por designers de Taiwan que se responsabilizam pelas fases de design e produção. Cada obra é produzida à mão pelos floristas”, afirma.

Na Nflorist abre-se espaço também à criatividade dos consumidores, que podem dizer o que pretendem. “Tratamos dos pedidos dos nossos clientes com todo o carinho e tentamos fazer o melhor com o nosso profissionalismo”, garante I Seong Lao.

Os anos de funcionamento das várias lojas permitiram perceber quem é o público-alvo: pessoas entre os 20 e os 45 anos. Para o facto contribuirá o estilo em que apostou a Nflorist, mas também serem estas as gerações “mais activas em termos sociais”, justifica a gerente.

À semelhança do que acontece no Ocidente, também no Oriente as flores ocupam um lugar central em momentos decisivos da vida, do nascimento à morte. Oferecem-se flores às mulheres que acabaram de ter filhos, às namoradas, aos estudantes recém-formados. As flores servem ainda para celebrar datas tradicionais como o Festival da Lua e para assinalar, com pompa e visibilidade, a entrada em funcionamento de novos negócios. Usam-se flores nas cerimónias religiosas, nos casamentos, em festas. Homenageia-se quem parte com pétalas.

I Seong Lao explica que, independentemente da ocasião e do objectivo, as flores frescas são as mais procuradas na Nflorist. “Têm um significado positivo, cheio de energia. É algo directo e natural.” O mundo das flores é riquíssimo, “existem imensas opções e variedades, são muito atractivas”.

Frescas e eternas

Em relação a planos para o futuro, I Seong Lao espera que a o negócio possa continuar a expandir-se pelo território, com a abertura de novos espaços. A gerente não tece comentários sobre a satisfação com o volume de vendas, preferindo abordar o assunto de outro prisma.

“Uma loja de flores é um local onde se transmite felicidade e amor aos outros. Esperamos oferecer o melhor serviço possível aos clientes. Quando regressam à loja com um sorriso ou nos trazem notícias felizes é um grande incentivo ao nosso funcionamento”, declara.

Outro objectivo da Nflorist é garantir que, de vez em quando, há novos produtos para oferecer a quem entra no espaço comercial. Entre ramos convencionais e arranjos gigantes de rosas, há plantas para venda e até jardins portáteis, como o “Bottle Garden”.

“Neste dia-a-dia ocupado, queremos transmitir uma nova energia aos clientes”, diz I Seong Lao. “O Bottle Garden tem um sistema ecológico aperfeiçoado. Os clientes só precisam de pôr água uma vez por semana para terem esta beleza natural perto deles. Esperamos conseguir incutir a beleza e a energia a quem ama plantas como nós.”

As flores à venda na Nflorist chegam de vários países, incluindo destinos distantes como o Quénia e a Colómbia. Mais perto, Taiwan é uma das principais fontes de plantas.

Na loja é ainda possível comprar flores eternas, oriundas do Japão. “Colaboramos com a empresa japonesa Earth Matters, para garantir a melhor qualidade desse tipo de flores”, sublinha a gerente. Submetidas a um processo químico no momento em que são colhidas, as flores eternas podem manter o aspecto durante meses ou anos. “Mas nós não limitamos as fontes dos nossos materiais”, ressalva I Seong Lao. “Esta diversificação é que permite satisfazer as diferentes necessidades dos nossos clientes.”

Nflorist
Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, 92
Wan Yu Villas Ground floor & Attic I
Macau
28 Jun 2017

“I Want Coffee” | A arte do café latte

Porque o café não é todo igual e porque a arte pode estar associada à estética da apresentação do latte, Chris Ip abriu o “I Want Coffee”. Servir um produto bonito e saboroso, ter opções para comer e ainda poder dar formação na decoração dos latte são os objectivos deste recente café do território

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] “I Want Coffee” não é mais um café em Macau. É um espaço onde a perícia e a arte se juntam para decorar o café, nomeadamente o latte. O gosto pela actividade começou, para o proprietário Chris Ip, quando foi convidado, há cerca de dois anos, para dar uma ajuda a um amigo. Na altura, com funções administrativas, teve o seu primeiro trabalho em que lidava com café.

O contacto fez m que começasse a explorar os desenhos que poderiam ser feitos nas várias bebidas derivadas e, não tardou, estava tornar as chávenas “mais bonitas”. “Descobri um novo interesse”, diz.

Do interesse à profissionalização foi um pulo. Autodidacta, Chris Ip dedicou-se à visualização de tutoriais do You Tube e foi aperfeiçoando a sua arte. Pouco tempo depois era concorrente assíduo nas competições que se dedicam a destacar os melhores neste sector.

No entanto, ainda sem espaço próprio, e a trabalhar para outrem, os conflitos com a chefia começaram a surgir. “O meu chefe apoiava-me na participação de concursos, no entanto percebi que quando pedia autorização para ir não se mostrava satisfeito. O resultado foi tomar a decisão de abrir o meu próprio café”, conta.

Em Maio do ano passado materializou o desejo e abriu um pequeno espaço dedicado exclusivamente à venda de cafés e lattes para fora. “A ideia era que as pessoas que fossem passando aproveitassem para parar e comprar a bebida que depois levariam com elas”, refere.

Insatisfeito, o projecto que tinha em mãos ficava longe do que ambicionara. “Aplicar os conhecimentos que tinha naquilo a que chamo de arte do latte e desenvolvê-los não era possível”, diz, enquanto explica que “era muito difícil fazer os desenhos num copo de plástico que era de imediato fechado e levado”. Por outro lado, era um espaço com pouco conforto em que “as pessoas não tinham onde se sentar a saborear o seu café”.

Em conversa com amigos, o proprietário do “I Want Coffee” foi aconselhado a investir noutro tipo de espaço. “Resolvi aceitar as sugestões que me foram dando e em Março consegui abrir este”, afirma satisfeito.

Ir mais longe

Mas o “I Want Coffee” não se fica pelo menu de comidas e bebidas personalizadas. Dos serviços prestados, consta a realização de cursos de formação na “arte do latte”. Para o proprietário é uma área que representa uma grande vantagem e um investimento naquilo que considera uma actividade a ser desenvolvida.

A ideia do “I Want Coffee” é, para Chris Ip, ajudar no fomento da cultura do café e das suas bebidas associadas e, acima de tudo, desmistificar alguns preconceitos que encontra no território. “As pessoas pensam que os cafés com desenhos não são tão bons, tão deliciosos, mas acredito que sou capaz de fazer um café bonito e que, ao mesmo tempo, tenha todo o sabor que os clientes pretendem ter nesta bebida”, afirma.

Por questões de sobrevivência, o “I Want Coffee” aposta também em refeições e noutros bens alimentares, até porque “seria muito difícil manter a casa aberta se não tivesse este tipo de opções”.

A “obrigatoriedade” não significou, no entanto, limitações ao menu. Da carta constam saladas, pastas, muitas especialidades de pastelaria e sobremesas.

As maiores dificuldades que sente com o novo negócio têm que ver com algumas diferenças que o território tem relativamente a outras regiões vizinhas, nomeadamente no que respeita à cultura do próprio café. O proprietário explica: “Em Macau, as mudanças são muito lentas. As pessoas pensam que os cafés que fazemos são iguais àqueles que se vendem nos estabelecimentos tradicionais de comida chinesa e não percebem a diferença”.

Para o futuro, Chris Ip quer continuar a investir na área da formação para “atrair mais jovens para o sector e, desta forma, contribuir para um maior conhecimento do produto e da actividade de desenhar no latte”.

21 Jun 2017

Bohome Macau, loja online de decoração | Em busca do espírito boémio

Na Bohome Macau vendem-se tapeçarias e mantas com padrões étnicos, tapetes de ioga, bijutaria e outros produtos de decoração. Jenny Ongoco criou, há quatro meses, a loja que funciona apenas online. Transmitir o espírito livre e boémio com cada produto é o objectivo

[dropcap style≠’circle’]“T[/dropcap]udo começou com uma inspiração.” É desta forma que Jenny Ongoco descreve o arranque da Bohome Macau, uma loja online dedicada a produtos decorativos com um toque diferente. Há quatro meses que a fundadora deste projecto espalha o chamado espírito boémio com os produtos que vende, e que são tão variados como tapeçarias para a casa ou tapetes pensados para a prática de ioga na praia.

“O nome da loja vem de boémio e obviamente combinei essa palavra com a palavra ‘casa’ [home]. Está presente o chamado espírito boémio, associado à mãe natureza e a um certo espírito livre que lhe está associado”, descreveu Jenny Ongoco.

É a pensar na liberdade que a fundadora da Bohome Macau tenta manter os preços baixos. As vendas são feitas através da página oficial do Facebook, mas há sempre uma mensagem a transmitir em cada encomenda.

“Acredito que os nossos produtos são símbolos do bem-estar, que nos fazem lembrar todos os dias das coisas que são verdadeiramente importantes. Ajudam-nos a ser espíritos livres, a sermos cuidadosos connosco, com os outros e com a natureza que nos rodeia.”

O começo foi feito sem expectativas, mas a verdade é que, menos de meio ano depois, o negócio parece estar a correr bem. “Há quatro meses que temos este negócio e comecei sem qualquer expectativa. Fiquei muito surpreendida com a recepção que tivemos, tem sido muito boa. Muitas pessoas em Macau têm dentro de si um espírito livre!”, aponta.

Preços ainda mais baixos

Fiel ao espírito da Bohome Macau, Jenny Ongoco garante que o objectivo é baixar ainda mais os preços. “Neste momento estamos a trabalhar com os nossos fornecedores, esperando que os preços possam baixar um pouco mais”, diz.

“Por norma, uma pessoa boémia não está focada na saúde e pensa em si como um ser individual que vai contra as regras tradicionais da sociedade. Esta pessoa deseja explorar o mundo da música e da literatura, sem esquecer as artes visuais. Simplesmente abraça uma atitude de livre pensamento e evita a visão típica e tradicional de como a vida deve ser vivida”, explica Jenny Ongoco.

“Esta é uma das razões pelas quais eu mantenho os preços o mais baixo possível, pois quero que sejam produtos acessíveis a todos”, acrescenta a fundadora da Bohome Macau.

Em busca da paz interior

Jenny Ongoco tem a sua própria definição do que é ser boémio: alguém que não segue padrões sociais e tem, sobretudo, um espírito livre face ao que a sociedade determina.

“Todos os nossos produtos são inspirados neste estilo boémio e acredito que colocar um produto destes nas casas vai trazer uma energia positiva. Estes produtos serão um símbolo da natureza dentro das suas casas. É daqui que a minha inspiração vem. Quero que todos tenham um pouco do espírito boémio dentro de si.”

Jenny Ongoco assinala que o território não é conhecido por actividades ao ar livre ou pelo grande contacto com a natureza. A ideia é, através dos produtos da Bohome Macau, transmitir alguma paz e tranquilidade a cada cliente.

“Macau não é conhecido pelas actividades naturais ou pela existência de uma natureza em abundância. Uma das minhas inspirações é partilhar este espírito [livre e boémio] com o maior número possível de pessoas”, defendeu.

“Vivemos numa cidade que anda muito depressa e onde todos estão sempre a trabalhar. Muitas pessoas perdem a ligação ou o toque com as coisas que são mais importantes, como a família, o próprio bem-estar ou a natureza. Estamos demasiado focados em ganhar dinheiro, comprar materiais caros, e aí perdemos o rumo das coisas que verdadeiramente importam”, concluiu Jenny Ongoco.

14 Jun 2017

Macau, Let´s Go | Cultura para todos

São estrangeiros, têm como língua comum o inglês, gostam de actividades culturais e não entendem o idioma local. Foi com esta situação em mente que surgiu a “Macau, Let´s Go”. O objectivo é dar a conhecer a “movida” da cidade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] “Macau Let´s Go” é uma iniciativa de três amigos que querem dar a conhecer ao território o que nele se faz. A ideia, para já, é constituir uma plataforma de divulgação e, assim, preencher uma lacuna na comunicação dos eventos locais. O objectivo é fazer chegar à comunidade estrangeira que vive no território os eventos que vão tendo lugar.

“A ideia da ‘Macau Let´s Go’ apareceu muito naturalmente”, conta Jacques Schurr, um dos mentores da plataforma. “Estávamos os três – eu a minha mulher Suryana Masse e um amigo comum, Michaël Borg – a falar sobre Macau e da dificuldade que sentíamos em encontrar eventos no território. Queríamos ter acesso a iniciativas de cariz cultural em que as pessoas se pudessem encontrar, e falar um pouco de arte e de cultura”, recorda o responsável.

Aliada à presença nos eventos, está o encontro destas pessoas e a possibilidade de conhecer mais gente na terra onde agora trabalham e vivem. “Para conseguir concretizar esta ideia resolvemos começar por ter esta página em que divulgamos informações sobre Macau”, diz Jacques Schurr .

A iniciativa, que começa com a criação de uma página no Facebook, está para já numa fase muito inicial. “Tentamos saber os eventos que estão a acontecer e colocamos na página, em inglês.” No entanto, faz parte dos planos para o futuro uma evolução no sentido de, um dia, poder produzir eventos, sendo que, para já, Jacques Schurr diz ainda não saber que tipo de actividades poderão ser feitas. Mas, afirma, “a ‘Macau Let´s Go’ que contribuir para a dinâmica cultural local”.

A língua que separava

A criação da “Macau Let´s Go” não se prende com a falta de divulgação dos eventos locais, mas sim com a língua em que são divulgados. “Não é que não exista divulgação suficiente no território. Mas não é à nossa maneira, e não é através de uma língua que entendamos”, explica o responsável.

“Não somos chineses, não somos portugueses. Somos de vários países. Se soubéssemos chinês, se calhar seria diferente. Esta plataforma é para pessoas como nós”, diz. “Podemos não ser muitos mas vivemos aqui, fazemos parte da população e gostamos de ver coisas”, reitera.

Para se fazer entender melhor, Jacques Schurr exemplifica: “Ainda agora, nas corridas dos barcos-dragão, tínhamos alguma informação em inglês, mas foi um pouco difícil para nós e para pessoas que conhecemos ter informação concreta acerca de quando e onde eram realizadas, porque a maior parte da informação estava em chinês”.

Para facilitar as traduções, Suryana Masse, também criadora da plataforma, já começou com aulas de chinês e a “Macau Let´s Go” conta com a ajuda da sua professora para traduzir conteúdos.

Quanto ao português, a “Macau Let´s Go” tem a colaboração de amigos. “São pessoas que trabalham connosco, que nos traduzem as coisas e, mais do que isso, nos mantêm informadas acerca do que vem em língua portuguesa. São elas que nos ajudam, por exemplo, com as notícias dos jornais e da televisão.”

Uma terra com algum movimento

Macau não tem um “vida louca”, o que para Jacques Schurr não é de estranhar. “É um território pequeno e temos de ter esse factor em consideração”, diz. Esta é uma característica que faz com que o território não tenha tantas exposições quando comparando, por exemplo, com Hong Kong. No entanto, Jacques Schurr tem constatado que as pessoas têm mostrado um interesse crescente e “há cada vez mais gente a querer mais para Macau e a querer ver coisas”, pelo que “cabe a Macau oferecer mais propostas”.

“Pessoalmente, e tendo em conta as minhas preferências, gostava de mais oferta no que respeita ao cinema e à fotografia.” Quando se fala da “Macau Let´s Go”, as portas estão abertas para a divulgação de todo o tipo de acontecimentos. “Qualquer que seja a actividade que tire as pessoas de casa é bem-vinda”, sublinha Jacques Schurr.

7 Jun 2017

Foto Man Cheong | Recordar é viver

Apesar de timidamente, Macau começa a mostrar interesse pela fotografia analógica. Foto Man Cheong é a loja de Denim Chou que pretende manter viva a técnica e assegurar a venda de câmaras para os interessados

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]enim Chou tem 32 anos e podia ser apenas mais um proprietário de uma das muitas lojas de fotografia do território. Mas não. Denim Chou quer que a Foto Man Cheong seja diferente e que promova a fotografia como era feita em outros tempos.

Apesar de vender câmaras e toda a panóplia de acessórios digitais, a Foto Man Cheong dedica-se também à fotografia analógica.

Para o proprietário, que herdou do pai o negócio e o gosto pelas imagens, a fotografia é uma forma de viver outra vez. “As imagens que fazemos são uma forma de recordar, por exemplo, os sítios por onde passámos. São também uma maneira de matar as saudades de sítios por onde andámos e de manter as experiências vividas na memória”, conta ao HM.

Uma das especialidades da Foto Man Cheong é a venda de modelos antigos de máquinas fotográficas. No entanto, a preferência nem sempre foi uma escolha fácil. “Actualmente não há muita gente que se dedique à fotografia analógica e ao uso de rolo, mas insisto na importação deste tipo de equipamento, tanto de câmaras normais como de polaróides e lomos”, conta.

A crença de que a disponibilização destes produtos funcione como motivação para a sua utilização é um dos intuitos de Denim Chou. “Penso que a venda deste tipo de máquinas pode voltar a fazer renascer o gosto pela fotografia analógica e trazer a moda de volta”, explica.

Trazer o sucesso

Se um pouco por todo o mundo o fenómeno do regresso ao analógico se faz sentir, já em Macau a tendência não parece ser a mesma. No entanto “em Hong Kong há muitas lojas que se dedicam ao analógico e à lomografia, e tenho esperança que, pela proximidade, o panorama em Macau também mude”, revela.

O sucesso de vendas é, sem dúvida, a Polaróide. Depois de quase cair no esquecimento as imagens instantâneas ganharam vida. O formato quadrado da clássica máquina Palaróide foi transformado pela Fuji em formatos para “todos os gostos”. “Os clientes são cada vez mais para este tipo de equipamentos”, diz.

Apesar do negócio estar estável, Denim Chou ainda não está satisfeito. “Macau ainda não tem um mercado suficientemente grande e não há muita gente interessada em fotografia analógica”. No entanto, o proprietário da Foto Man Cheong não pretende baixar os braços.

Denim Chou recorda outros tempos em que o filme era ainda o rei da imagem e a sua gradual saída da vida das pessoas. “Quando a fotografia digital começou a ter relevo, as pessoas que revelavam fotos também diminuíram muito. Tornou-se tudo mais fácil e barato com a fotografia digital”, diz.

No entanto, “o analógico deu um passo em frente neste sentido”, considera. “Agora, as pessoas também podem fotografar em filme, digitalizar e depois escolher as suas imagens”. Esta possibilidade tem também sido um incentivo para o crescimento do negócio.

Para Chou o regresso do gosto pelo filme vem da sua particularidade visual. “O rolo tem uma imagem diferente e a qualidade também é diferente”, diz. “As pessoas identificam de imediato a diferença entre fotografias analógicas e digitais”. Com a lomografia, por exemplo, há efeitos especiais que podem ser conseguidos, e esta tem sido uma das motivações para a crescente aquisição deste tipo de câmaras.

“A maioria dos clientes da Foto Man Cheong está neste nicho de mercado e são estudantes do ensino secundário”, diz Chou. A razão é, não só a crescente popularidade deste tipo de fotografia, mas também  o baixo custo das câmaras”.

31 Mai 2017

Daily Fit | Menu feito à medida

Refeições saudáveis, com os nutrientes necessários e um sabor verdadeiro. É esta a proposta do Daily Fit. Um serviço de take away e entregas ao domicílio que garante um menu criado por um nutricionista, dedicado aos que não têm tempo para uma dieta equilibrada

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Daily Fit é o mais recente serviço local que se dedica à entrega de refeições saudáveis. Aberto desde 28 de Abril, a ideia de criar um “restaurante ao domicílio” de refeições equilibradas e cheias de sabor resultou de uma constatação básica do proprietário Pavlo Lysenko.

“Chegámos à conclusão de que muitas vezes é difícil para as pessoas terem disponibilidade para preparar as suas refeições. As razões são várias, mas uma das mais relevantes é o facto de não terem conhecimentos reais acerca de nutrição e de programas alimentares que incluam uma dieta equilibrada”, conta ao HM.

Por outro lado, na generalidade, as “pessoas não sabem como cozinhar refeições completas que as mantenham saudáveis e que preservem o sabor dos alimentos”, defende.

O serviço fornecido pelo Daily Fit é também uma forma de dar tranquilidade aos clientes. “Aqui as pessoas não têm de se preocupar com nada e podem estar em qualquer lado, em casa ou a trabalhar, que têm a garantia de uma refeição completa”, diz Pavlo Lysenko.

A maior parte das pessoas “não tem de ter tempo para cozinhar e, desta forma, não tem de ir às compras”. O serviço de entrega funciona tanto em Macau, como na Taipa.

Para já, o Daily Fit ainda é só um serviço de entrega ao domicílio e take away mas, no futuro, Pavlo Lysenko pretende abrir um pequeno espaço ao público onde as pessoas se possam sentar e comer.

Alimentos na balança

A criação dos menus é feita com a supervisão de um nutricionista. É o profissional que prepara as refeições e que escolhe os seus ingredientes. “Cada refeição é cuidadosamente preparada e são estabelecidas as quantidades mais correctas de ingredientes, de modo a garantir a devida nutrição. Temos o cuidado de estabelecer as quantidades certas de calorias e de proteínas que têm de estar numa refeição completa e saudável”, explica Pavlo Lysenko.

Aqueles que pretendem resultados físicos concretos, como a perda de peso, podem contar com um serviço de refeição personalizado, de modo a que consigam o seu objectivo de forma mais eficaz. “Também temos refeições feitas à medida para aqueles que têm algum objectivo concreto e que, para isso, precisam de um menu específico”, diz.

Neste sentido, o Daily Fit disponibiliza um menu de dieta que “pode ser de uma semana, duas ou mais”, dependendo do tempo que é pedido e em que ajustam, com o apoio do nutricionista, a quantidade de carboidratos e de gorduras.

Actualmente, o menu diário para o público em geral é constituído por nove refeições. São refeições gerais que podem constituir um almoço ou jantar. De momento, as opções de pequeno-almoço ou lanche ainda não estão disponíveis, mas a ideia é que, num futuro próximo, o serviço inclua todos os momentos diários dedicados à alimentação.

Já está disponível uma opção vegetariana e em breve existirá também uma opção vegan. As refeições podem ainda ser acompanhadas com molhos que em nada prejudicam a linha, até porque “são feitos com ingredientes naturais e não processados, não é usado nenhum produto instantâneo”.

As refeições andam entre as 60 e as 80 patacas e há descontos para quem fizer encomendas especiais. “As pessoas podem, por exemplo podem pedir um quilo de peitos de frango grelhado e armazenar em casa”, explica Pavlo Lysenko.

No primeiro mês de trabalho, os clientes que têm recorrido ao Daily Fit são diversificados. “Temos clientes muito diferentes: desde aqueles que são frequentadores assíduos de ginásio e usam as nossas refeições para manter um estilo de vida mais saudável ao que usam os nossos menus como parte do seu plano de dieta. Depois, temos muitas pessoas que trabalham maioritariamente em escritórios do território e que querem apenas ter uma refeição saudável e saborosa, mas não têm tempo para a fazer”, refere.

24 Mai 2017

Take a Break Café | Pausa com menu variado

Na Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida há um restaurante com opções para todos os gostos. Quem quiser uma refeição ligeira, uma sobremesa ou simplesmente um café encontra ali solução para o seu apetite. O Take a Break Café é um convite a uma pausa no centro da cidade

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o lado do Jardim Lou Lim Ioc, existe um restaurante com janelas que contornam uma esquina e convidam quem lá passa a entrar. A acompanhar a atmosfera tranquila do jardim vizinho, o Take a Break Café é um espaço onde apetece sentar, fazer uma pausa, respirar e espreitar o menu, enquanto o rebuliço de Macau acontece ali ao lado.

A dona do restaurante, Houi Lou, esclarece que o estabelecimento “não é um café, mas um restaurante onde os clientes podem encontrar todo o tipo de comidas”. Há variedade na oferta para todos os gostos, desde pho, pratos de arroz, massas, pizzas, gelados, saladas, por aí fora. A gerente do espaço destaca como preferidos dos clientes as omeletes, os hambúrgueres da casa e as pizzas. Outras opções, para quem não estiver com preocupações com dietas, são os batidos de fruta e waffles com gelado.

A profusão da oferta do menu e o cuidado na qualidade dos pratos confeccionados são duas apostas de Houi Lou, que preferiu não se focar “numa gastronomia específica de um país”. Aliás, nesta diversidade de menu, a gerente vê um reflexo de Macau.

Esta não é a primeira experiência de Houi Lou no ramo da restauração, depois de uma experiência falhada com uma casa dedicada exclusivamente a sobremesas. A gerente considera um risco abrir um restaurante apenas com um tipo específico de oferta, dirigido a apenas um determinado tipo de cliente, algo que pode resultar em Hong Kong, ou na Coreia, mas não em Macau.

Entre os pratos oferecidos, Houi Lou destaca ainda as pizzas de base fina, que têm bastante saída.

A clientela do Take a Break Café é tão variada quanto o menu. “Aparecem por aqui estudantes, famílias com crianças, pessoas mais velhas, turistas”, conta Houi Lou.

Novos “breaks”

A gerente do Take a Break ambiciona abrir novos espaços mas, como muitos comerciantes em Macau, sente na pele o custo de manter o negócio aberto. “A renda provoca muita pressão”, conta. Houi Lou gostava de abrir um segundo espaço no território mas, devido aos elevados preços das rendas, pondera se não será mais viável fazê-lo no Interior da China.

Depois de seis meses aberto, o Take a Break Café tem uma clientela estável, uma característica que não se estende ao menu. A dona do restaurante gosta de mudar o leque de pratos oferecidos, mudando-o de dois em dois meses, acrescentando novidades que substituem os pratos com menos saída. A busca do menu perfeito e os elevados standards de qualidade da comida confeccionada são as duas prioridades para Houi Lou. Outra das preocupações da dona do espaço é proporcionar um ambiente descontraído a quem se senta à mesa do Take a Break.

Com um aspecto muito “clean”, o restaurante oferece uma panóplia de pratos, com uma selecção variada de saladas e espetadas. Porém, a sua imagem de marca são os gelados e os hambúrgueres. A atmosfera é convidativa, dando um certo ar de “dinner” americano que parece agradar a clientes de todas as idades.

Quer o apetite esteja virado para uma refeição mais pesada, uma sobremesa, café, ou apenas beber umas cervejas no centro da cidade, o Take a Break é uma opção para uma pausa num ambiente tranquilo, bem no coração da cidade.

17 Mai 2017

Cat Cave Cafe | Bebe um chá, leva um gato

Há um espaço comercial em Macau que pretende ser mais do que um negócio. De portas abertas há dois anos, o Cat Cave Cafe recebe gatos abandonados e tenta encontrar-lhes um novo dono

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão é um café temático, que tenha apostado em felinos como elemento decorativo ou de atracção. Os gatos estiveram na origem do café e Ivy Lei, proprietária do espaço, reconhece que os animais até podem funcionar como um chamariz, mas a ideia é bem diferente. “O meu objectivo era fazer com que as pessoas percebessem que é fácil conviver com gatos. O café funciona como um canal para a adopção”, conta ao HM.

Foi a pensar nos animais abandonados – sobretudo nas crias que andam pelas ruas – que Ivy Lei abriu, em 2015, o Cat Cave Cafe, na zona do Lilau. A maioria dos gatos chega ao espaço com poucos dias de vida. “São trazidos por clientes e por pessoas que sabem que nós os acolhemos. Pedem-nos ajuda. E aqui ficam até serem adoptados.”

A dona do estabelecimento não entra em números, mas acredita que, por causa do seu projecto, há hoje menos felinos nas ruas de Macau. E porque proporcionou um espaço onde humanos e gatos podem ter contacto, acabou com mitos e receios.

“Há clientes que não tinham experiência com gatos em casa e, depois de terem passado pelo café, decidiram adoptar um”, conta. “Depois, tenho também clientes que perderam o medo. Foram lá com amigos e ficaram a gostar deles de gatos.”

Os animais que não são adoptados recebem dos clientes festas e uma atenção que não teriam se estivessem na rua. O espaço, composto por duas salas diferentes, convida a estar – não é um local para um café ou um chá a correr. A maioria dos clientes gosta de gatos, claro está. “Vêm aqui sobretudo famílias com crianças, idosos e casais”, descreve a proprietária.

A jovem empresária garante que o facto de haver felinos que se espreguiçam em sofás e pedem mimos aos clientes não é um problema. Ainda assim, já presenciou um ou outro episódio menos agradável. “De vez em quando, acontece haver pessoas que se assustam e gritam, o que é desconfortável para os outros clientes”, diz.

Pouca gente, pouco dinheiro

Além de bebidas, o Cat Cave Cafe serve refeições: do menu fazem parte pizzas, pastas, saladas e sobremesas. Ivy Lei assume que não há um prato especial – os clientes que lá vão com frequência, “duas ou três vezes por semana”, gostam sobretudo de brincar com os animais que dão vida ao espaço.

Agora com 31 anos, a empresária decidiu abrir o café depois de ter levado um gato para casa. Os cafés com felinos entraram na moda nas cidades e o Cat Cave Cafe veio provar que, nalguns aspectos, Macau não foge à regra.

Com dois anos de trabalho, Ivy Lei confessa que é mais difícil cuidar dos animais do que tratar do funcionamento normal de um café. A principal dificuldade vem do custo que os gatos implicam: além da alimentação e dos brinquedos, há as vacinas e a medicação. “As despesas podem chegar às 800 patacas por gato”, contabiliza.

Apesar de o Cat Cave Cafe ser um sucesso no que diz respeito aos gatos que já saíram das ruas, as finanças ditam outra realidade. Ivy Lei explica que, ao fim-de-semana, o estabelecimento tem bastante movimento mas, durante a semana, “está mais vazio”.

Os gatos são um motivo de atracção para quem gosta de felinos mas, continua a proprietária, “há muita concorrência entre cafés em Macau”. De cada vez que abre um espaço novo, o facto reflecte-se no dinheiro que entra em caixa. O Festival de Gastronomia, organizado anualmente na rotunda junto à Torre de Macau, também significa uma quebra no negócio.

Ivy Lei depara-se ainda com outra dificuldade, partilhada pela grande maioria dos pequenos e médios empresários do território: a falta de recursos humanos. “É muito difícil recrutar pessoal por causa das quotas”, desabafa. O sistema de protecção à mão-de-obra local limita a importação de trabalhadores e não é fácil encontrar, entre os residentes de Macau, quem queira um emprego num café. “Estabelecimentos como este não conseguem garantir o número suficiente de trabalhadores. Por isso, é difícil manter as portas abertas.”

Os problemas que vão surgindo não fazem com que Ivy Lei pense em desistir. “Vou lutar para continuar a ter o café, não tenho qualquer outro projecto em mente”, explica. Feitas as contas, o balanço é positivo: “Tudo isto contribui para que haja cada vez mais pessoas a adoptar animais”. Mais gatos em casa, menos gatos abandonados.

 

 

Cat Cave Cafe

Rua de Inácio Baptista

Edifício Hou King (bloco I), r/c A

Macau

10 Mai 2017