Sarah Henna Macau | Traços de felicidade

Sarah Leong despertou para as tatuagens feitas com henna há cerca de cinco anos e, desde então, é esta actividade que ocupa os seus dias. Faz tatuagens a pedido para vários eventos e clientes, e também organiza workshops. Para Sarah, desenhar com henna representa mais do que uma simples expressão cultural

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s tatuagens feitas com henna já se popularizaram um pouco por todo o mundo, sendo um dos símbolos que mais facilmente é reconhecido como fazendo parte da cultura indiana. Henna é um pó que vem das cascas de árvores e que serve não apenas para fazer tatuagens indolores, podendo ser utilizado em produtos de beleza e roupas.

Sarah Leong apaixonou-se quase de imediato por este produto, tendo desenvolvido as suas técnicas de forma espontânea. Hoje gere a actividade através da sua página de Facebook, intitulada “Sarah’s Henna Macau”, aceita os mais diversos pedidos dos clientes e também é mentora de workshops que ensinam outras pessoas a desenhar com henna, seja no corpo ou em objectos.

Ainda assim, Sarah diz que aquilo que faz não é um negócio. “Quando comecei só queria partilhar o meu trabalho através do Facebook, e nada mais, por forma a mostrar a cultura de henna às pessoas de Macau. Isto porque o mais importante do trabalho com henna é fazer com que mais pessoas conheçam este tipo de arte. Macau é o local ideal para que existam diversas culturas”, explicou ao HM.

A primeira vez que Sarah tentou fazer um desenho deste tipo recorreu a um eyeliner, utilizado para realizar a maquilhagem comum. Mas depressa começou a experimentar os instrumentos tradicionais.

“Comecei a desenhar com henna em 2012 mas, nessa altura, desenhava com uma caneta de eyeliner e ajudava a fazer maquilhagens para dançarinos. Eu própria sou dançarina de Bollywood e sempre tive um interesse pelos elementos da cultura indiana.”

Nessa altura, fazer desenhos com henna era apenas um divertimento. Até que, um ano depois, tudo mudou. “Em 2013, tive a oportunidade de fazer um curso de henna em Macau e foi a primeira vez que fiz trabalhos com um cone [um dos materiais utilizados para fazer as pinturas]. Ainda me lembro de como estava entusiasmada com isso e, depois de três horas de aula, comecei a praticar sozinha”, recordou.

“Foi bom ter conseguido um logótipo, então criei a minha página, mas apenas por divertimento. Mas depois os meus amigos incentivaram-me a desenvolver mais os trabalhos de henna e a começar, de facto, um negócio. As pessoas começaram a descobrir que desenhava com henna e aí comecei a criar produtos diferentes com padrões”, apontou.

Uma forma de meditação

Sarah é provavelmente uma das poucas pessoas em Macau que faz este tipo de trabalho. A ideia é sempre alargar horizontes e conhecimentos nesta área. “Tento conhecer diferentes artistas que trabalham com henna em Taiwan ou em Hong Kong. Através da henna posso também conhecer várias pessoas e ouvir as suas histórias. Todas essas coisas fizeram-me começar a trabalhar com henna”, contou.

Para a artista, este não é um simples trabalho artístico, mas sim algo que mexe com a mente. “A henna não tem apenas a ver com cultura e arte. Quando seguro um cone é, para mim, uma altura em que me sinto relaxada, então considero a henna como a minha forma de meditação. É por isso que eu gosto tanto de henna, e sinto que desenhar faz parte do meu corpo e da minha vida.”

O grande conceito por detrás de uma tatuagem feita com henna é a busca da felicidade. Sarah faz todo o tipo de padrões, consoante aquilo que o cliente procura.

“Cada vez que falo com um cliente discutimos no sentido de encontrar o melhor padrão. Claro que também aceito algumas ideias prévias e muitas vezes crio um padrão só para essa pessoa. Digo sempre que, se as pessoas acreditam no meu trabalho, então vêm ter comigo. Mas, com base na cultura indiana, desenho na maioria flores, folhas… Tem tudo que ver com a natureza e sempre com uma ligação ao estilo indiano”, explicou a artista.

Tratando-se de um tipo de tatuagem que não causa dor, ao contrário das tatuagens normais, Sarah garante que “as pessoas podem escolher padrões diferentes e ter sensações diferentes”.

“A henna não é apenas para os casamentos e coisas mais tradicionais, mas também pode ser utilizada em moda e por pessoas que gostam de tatuagens de forma temporária”, disse a artista.

“Há pessoas que gostam de ter uma tatuagem antes de irem de férias e essa tatuagem pode fazer das suas férias algo diferente. Nesse período de tempo, sentem como se tivessem uma tatuagem verdadeira”, concluiu.

26 Abr 2017

Sentidos, empresa de decoração | “As nossas peças são cheias de cores”

Já é mais fácil ter um pedaço de Portugal dentro de casa. Os produtos da Sentidos, feitos com algodão e cortiça, levam a qualquer lugar a sardinha portuguesa ou as fachadas célebres das casas portuguesas. A dar os primeiros passos no mercado local, a Sentidos não pretende ficar por aqui

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão se tratam de simples peças decorativas. Contam histórias e remetem-nos para um lugar e um tempo. São assim os produtos da Sentidos, uma empresa de decoração recém-criada em Macau que quer levar um bocadinho de Portugal à casa de cada um, de uma maneira original.

Ao HM, Inês Fernandes, fundadora do projecto, conta como tudo começou: “O processo da criação da Sentidos surgiu com a verificação da falta de produtos genuínos e de qualidade portuguesa em Macau. A nossa ideia é trazer e apresentar esses mesmos produtos, mas apenas focados nos tecidos”. 

Sentidos “é a imagem de marca” da empresa, que define “o que os produtos são”. É uma palavra que remete para a saudade, o “encanto dos tecidos e produtos” ou ainda a naturalidade “com que a Sentidos cria as suas peças”.

“Pensámos em trazer cada pedaço de Portugal estampado nos tecidos, como é o caso do casario da Ribeira do Porto, as janelas de Lisboa, o bairro de Alfama, os azulejos portugueses”, explicou a mentora do projecto.

A empresa aposta numa forma diferente de fazer os produtos. “Cada peça produzida pela Sentidos é pensada ao pormenor. As peças são criadas em Portugal e em Macau. As fronhas que fazemos são todas diferentes, mesmo sendo o mesmo padrão de tecido. Isso faz com que cada pessoa que compre uma fronha tenha sempre uma peça exclusiva”, frisou Inês Fernandes.

Para já, a empresa disponibiliza apenas almofadas e candeeiros, sendo que recorre apenas a “tecidos feitos com cem por cento algodão, e mais recentemente, a cortiça”.

“Ainda estamos numa fase inicial e, neste momento, temos apenas estes produtos, que são muito procurados. As nossas peças são cheias de cores, o que dá uma vivacidade e originalidade a cada casa, loja, restaurante ou escritório. Todas elas expressam cada produto típico ou tradição de Portugal”, acrescentou Inês Fernandes.

Mais parcerias

Num território onde a cultura portuguesa é, na sua maioria, mostrada através da gastronomia e do vinho, a chegada de produtos decorativos é uma novidade. Foi a pensar nesse nicho de mercado que a Sentidos surgiu.

“De facto não é comum [a existência deste tipo de negócio]. Tudo tem corrido bem e a aceitação do público tem sido fantástica. Já chegámos mesmo a ter pessoas interessadas nos produtos da Sentidos que não residem em Macau.”

A fundadora do projecto considera ainda que, no território, “é muito difícil encontrar uma decoração original, de qualidade e a bom preço”. “Foi esta dificuldade que a Sentidos sentiu”, apontou.

Actualmente com presença na loja O Santos, na Taipa, a Sentidos pretende expandir horizontes. “A parceria com a loja ‘O Santos’, foi logo de início o nosso objectivo, pois também eles estão à procura de peças e produtos originais. Gostaríamos de fazer parcerias com instituições e orfanatos para que, por cada peça que comprem, esse valor possa ser remetido para essas parcerias”, referiu Inês Fernandes.

Novos produtos na calha

Inês Fernandes garante que a Sentidos não fica por aqui em termos de imaginação e criatividade. “Estamos numa fase de processo de quadros, carteiras para homem, malas para mulher, as mantas de cama ou sofá, toalhas de mesa. Muito mais produtos virão”, promete.

“Temos produtos padrão, mas também disponibilizamos ao nosso cliente um trabalho personalizado. Quem desejar um candeeiro de dimensão maior, uma fronha maior ou de outra forma que não a quadrada basta pedir-nos. Podemos fazer também cortinas, almofadas para parapeitos de janelas. Basta darmos asas à nossa imaginação”, remata Inês Fernandes.

19 Abr 2017

Terra Drip Bar | “Queríamos qualquer coisa nova”

Os aficionados do café já conhecem o espaço Terra, bem perto do Teatro D. Pedro V. Para quem gosta da bebida e vive na zona da areia preta, o Terra Drip Bar é a solução para momentos bem passados com imagens e música à sua volta

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o centro da península o espaço é pequenino, e, quando está cheio, quase que dá para contar os clientes pelos dedos das mãos. É assim o café Terra, localizado perto do Teatro D. Pedro V. Apesar do espaço reduzido, os proprietários sempre quiseram mostrar algo mais do que servir café e refeições, tendo, desde o início, promovido alguns concertos de jazz e exposições de artistas locais.

Com o Terra Drip Bar, aberto recentemente na zona da areia preta, o objectivo é continuar a promover todas essas actividades culturais e de lazer, mas de uma forma mais abrangente. “Esta segunda loja tem quase o dobro do tamanho em relação à loja que temos junto ao teatro D. Pedro V, para que possamos fazer coisas diferentes em termos de exposição de fotografias ou concertos”, contou Kenny, proprietário, ao HM.

Um concerto com o músico português de jazz José Eduardo, no próximo domingo, entre as 20h00 e as 22h00, é a prova de que o Terra Drip Bar veio para trazer coisas novas. “Vamos tentar que ele venha uma vez por ano”, explicou Kenny.

O Terra Drip Bar deverá, portanto, seguir a linha do que tem vindo a ser feito nos últimos meses em termos de promoção da cultura local, nas suas várias vertentes. A título de exemplo, o café Terra já foi palco de um concerto promovido pela Associação Promotora de Jazz de Macau, bem como de uma exposição da artista Sandy Leong Sin U.

“Há cada vez mais colaboração entre cafés e artistas locais, e cada vez mais cafés estão a tornar-se em plataformas para novos artistas mostrarem o seu trabalho”, disseram, à data da inauguração do evento, os responsáveis pelo café Terra.

A concepção do Terra Drip Bar foi, também ela, pensada e estruturada de forma diferente, para que o espaço pudesse chegar a uma clientela um pouco diferente daquela que frequenta o café localizado no centro de Macau.

“Esta segunda loja faz parte da segunda fase do nosso projecto. Abrimos em colaboração com uma empresa de design, chamada Plano B, porque queríamos fazer algo diferente.”

Café e cerveja

Apesar do nome, o Terra Drip Bar não irá funcionar durante a noite e apenas terá a cerveja como bebida alcoólica disponível, sem esquecer as refeições ligeiras já disponíveis como as saladas ou as pizzas. A falta de recursos humanos obrigou os proprietários a fazer escolhas.

“Numa primeira fase abrimos do meio-dia às 20h00 apenas para servir café e cervejas. Não temos recursos humanos suficientes e no início não conseguimos estar abertos à noite.”

Kenny deseja que o Terra Drip Bar seja um sítio onde o café, a bebida principal da casa, não deixe ninguém descontente. “A segunda loja está localizada numa zona residencial e queremos chegar às pessoas que vivem aqui. Esperamos que possam ter café de qualidade aqui no nosso espaço, e não café de má qualidade. Abrimos na zona da areia preta porque queríamos tentar qualquer coisa nova, num lugar novo.”

Espalhar a marca

Com a abertura de um segundo espaço, Kenny tem o sonho de transformar a marca Terra numa pequena cadeia de cafés por todo o território, sem esquecer um lugar próprio para o seu tratamento.

“Depois desta loja estamos a planear abrir um negócio de torrefacção de café, para torrarmos os nossos próprios grãos de café. Claro que esperamos poder abrir mais lojas em locais diferentes, para podermos chegar a pessoas diferentes”, frisou.

Terra Drip Bar

La Cité Bloco 4, bairro da Areia Preta

Macau

12 Abr 2017

Anihelp | Pronto socorro animal

No ano passado foi fundada a Anihelp, um projecto de amor e devoção que acode a animais abandonados, ou em risco. A associação nasceu num jantar de amigos voluntários na Cruz Vermelha que resolveram estender o grau de acção do seu altruísmo a todos os seres vivos

[dropcap style≠’circle’]“P[/dropcap]rocuramos sempre ajudar as pessoas, o que é importante, mas pouca gente ajuda os animais e eles também têm direitos”. As palavras são de David Tai, vice-presidente da Associação de Salvamento de Animais de Macau, mais conhecida por Anihelp. A organização trabalha na linha da frente no socorro a animais em situação de abandono, ou de perigo. A associação começou com muito poucos meios, de uma forma espontânea, da vontade de dois amigos fazerem algo pelos animais de Macau, David Tai e Oscar Choi, o presidente da associação. Eram ambos voluntários na Cruz Vermelha de Macau e decidiram alargar o espectro da solidariedade que devotam à comunidade a toda a bicharada.

“No início não tínhamos nada, ninguém nos ajudava, pagávamos tudo do nosso bolso”, conta David. Tudo começou com a criação de uma página de Facebook onde, recebem denúncias e alertas de casos de abandono, ou maus tratos. Em primeiro lugar recolhem os animais e depois procuram um novo dono que lhe dêem uma vida nova.

A Anihelp deu os primeiros passos, no final de 2015, até que no ano passado Oscar Choi decidiu que o melhor seria registar a associação na Direcção dos Serviços de Identificação de Macau e abrir uma conta bancária para receber donativos.

Hoje em dia contam com 12 voluntários para fazer salvamento, a página de Facebook tem quase 6500 amigos e já resgataram mais de 200 animais.

O vice-presidente da Anihelp lembra-se vividamente do primeiro salvamento. “Enviaram-nos uma mensagem de Facebook a dizer que estava um hamster abandonado na rua na Areia Preta”, recorda. Acorreram ao local e encontraram o bicho numa gaiola, com um pouco de comida. O primeiro passo foi levá-lo a um veterinário para aferir da sua saúde e, em seguida, procurar quem estivesse interessado em dar uma segunda oportunidade ao hamster. E assim foi.

David recorda o sentimento de satisfação de ao menos ter ajudado um animal em situação de perigo, mas sempre com a noção de que havia muito trabalho pelo frente.

Linha SOS

Para já, a Anihelp não tem uma casa onde albergar os animais resgatados. É uma despesa incomportável para uma associação desta dimensão, além de que, o seu funcionamento é essencialmente online. Ainda assim, alguns voluntários levam animais para casa, enquanto não aparecem novos donos que os adoptem, ou até serem entregues a outras associações como a ANIMA e a MASDAW. Apesar de não terem um espaço têm um automóvel que funciona como ambulância, devidamente equipada para recolher animais da rua.

David, que trabalha como interprete e tradutor, não esconde que no futuro talvez fosse interessante ter uma casa, mas para já é impraticável.

A Anihelp tem ambições muito pragmáticas. Uma delas é angariar mais voluntários para que a cobertura seja mais eficaz. “Acontece nos dias úteis receber uma mensagem e não poder responder imediatamente”, perdendo-se o cariz de “primeira resposta”.

Outra das visões da associação é a criação de uma linha SOS 24 horas para socorro de animais. “Estamos em contacto com a CTM para fazer uma hotline”, revela David.

A maioria dos animais que a Anihelp ajuda são cães e gatos, mas chegam-lhes às mãos todo o tipo de bicharada, desde hamsters, pássaros, tartarugas.

Uma das situações que mais impressionou David Tai foi um incidente que começou com uma chamada da MASDAW. A responsável pela associação suspeitava que numa construção pudessem estar a cozinhar cães. Os dois amigos foram até ao local, pularam uma cerca e foram seguindo os latidos até encontrarem três cães adultos e seis cachorros pequenos.

O sítio tinha condições péssimas para ter animais. Encontraram uma pessoa da obra que negou ser o dono dos animais, enquanto tinha uma panela com água a ferver ao lume. Depois de alguma resistência do trabalhador da construção, e de mencionar que não podiam levar os animais e que estes serviam para proteger o local, os dirigentes da Anihelp perguntaram se cozinhavam cães. O trabalhador afirmou não ter nada a ver com o assunto e deixou os activistas levarem sete dos cães, que a MASDAW veio a acolher.

David ficou chocado. “Sei que na China muitas pessoas comem cães, mas afinal em Macau também, fiquei horrorizado”, conta.

5 Abr 2017

Loja do Caffé | Uma bica online

Não é fácil encontrar um bom café expresso em Macau. Porém, há um negócio que colmata essa lacuna com toda a comodidade e à distância de um click. A Loja do Caffé distribui, ao domicílio ou onde lhe der mais jeito, cápsulas da Delta

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] origem deste negócio nasce de uma plataforma maior, centrada nas tecnologias da informação. Artur Pereira, director executivo de uma empresa ligada à informática, reparou que havia em Macau um nicho comercial por preencher no que toca a vendas online. É assim que surge a Loja do Caffé, como alavanca para um conjunto de outras marcas que o empresário pretende implementar em lojas na Internet.

O presente materializou-se a partir de uma experiência passada. Artur já havia sido representante da Delta Cafés em Angola. Juntando a isso, a visão de que havia uma falta de oferta no sector das vendas online fê-lo unir pontes onde antes havia margens separadas.

Mesmo fora do âmbito da muito latina bica, “em Macau existem poucos lugares com café de qualidade”. Nesse aspecto, o empresário entende que o negócio não se deve limitar ao expresso, daí a sua estratégia passar pela adaptação da marca Delta a café americano, ou latte. “Vamos ter máquinas que fazem isso, para chegarmos mais longe, além do mercado da saudade do português que vive cá”, explica.

A ideia é fazer chegar ao público chinês, mais adepto do chá, o produto que faz mover o Ocidente. “Vamos lançar várias campanhas para o consumo do café e usar a loja online como âncora para mais tarde abrirmos mesmo espaços físicos”, revela Artur Pereira.

Outra novidade da abordagem da Loja do Caffé será levar o seu produto directamente aos clientes, com uma agressiva campanha de vendas de porta a porta.

“É o melhor café do mundo e se a pessoa aceitar e assinar aqui, amanhã tem uma máquina”, revela Artur Pereira, quanto à estratégia a seguir.

Um pouco à semelhança da venda de produtos de telecomunicações em Portugal, o empresário imagina uma frota de funcionários a vender máquinas de café e cápsulas de porta em porta. “É uma experiência nova, que acho que faz sentido, com um enorme potencial, até porque em Macau há condomínios muito concentrados”, explica. Artur Pereira vê, sem dificuldades, uma equipa a percorrer prédios a grande velocidade, organizando pequenos eventos de demonstração que criem “um glamour em torno da marca”.

Copy & paste

Primeiro era o café, depois vieram os outros produtos. Este podia ser o evangelho da Loja do Caffé.

Com uma empresa-mãe na área das tecnologias da informação, Artur Pereira reparou que em Macau não há uma grande tradição de compras online de uma forma organizada, principalmente de marcas “premium”.

“Não é um mercado ainda habituado ao consumo através da Internet”, esclarece. Enquanto na Europa se fazem muitas compras na ‘web’, principalmente em segmentos promocionais, onde as lojas online vendem o dobro das suas congéneres físicas, Macau é um mercado relativamente virgem neste sentido.

Para já, Artur pretende apenas ganhar a confiança do mercado de forma a preparar-se para lançar outros produtos. A ideia é que se os consumidores se habituarem a comprar café através do site da Loja do Caffé, irão comprar outras coisas.

“Vão surgir novidades, que serão lançadas quando tivermos um pouquinho mais de visibilidade”, conta. Nesse sentido, “a Loja do Caffé é apenas um balão de ensaio”, um prenúncio que aí virá. A adesão do público ainda não é muito grande, mas é um segmento comercial que requer a criação de um hábito. Uma vez criada a apetência para comprar pela Internet, Artur pretende expandir a ideia. Assim sendo, prepara-se para representar 12 marcas através de outras lojas online dedicadas, exclusivamente, a uma marca. Entre elas, uma loja de meias italianas.

Para o empresário, um dos maiores desafios será educar o mercado para a qualidade dos seus produtos, uma vez que terá “marcas conhecidas a preços promocionais”, algo que representa uma vantagem para o vendedor quando não tem de suportar os custos de manter uma loja física aberta.

“Temos de discernir muito bem entre o verdadeiro e o falso, fazer uma boa gestão de comunicação, para não corrermos o risco de sermos confundidos com cópias oriundas da China”, releva.

Para já, o mercado vai sendo desbravado por um produto de reconhecida qualidade: os cafés Delta.

29 Mar 2017

Food Truck, espaço de pronto-a-comer | “Quis ir buscar receitas antigas”

Pedro Esteves orgulha-se de ter aberto a primeira roulotte de Macau que vende a típica bifana portuguesa. É certo que o veículo foi instalado dentro de uma loja comum, mas o engenho não roubou o lado tradicional dos petiscos portugueses

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omer uma bifana ou um cachorro quente enquanto se bebe uma cerveja é comum em Portugal, sobretudo em feiras, festivais ou concertos. Em Macau, não há roulottes, nem a legislação permite a existência desse tipo de negócios nas ruas. Ainda assim, Pedro Esteves, há muito ligado ao sector da restauração, não desistiu da ideia. Assim que encontrou uma loja para arrendar, descobriu-a na Rua dos Ervanários, soube que tinha o local certo para fundar a Food Truck Company.

“Há muito tempo que queria ter uma roulotte na rua, mas isso não existe aqui. Então tive a oportunidade de abrir essa roulotte dentro de uma loja, tive de arrendar a loja para poder desenvolver o conceito. Temos bifanas, couratos, entremeadas, só produtos portugueses. Gostava que a lei mudasse e que fossem permitidos vendedores ambulantes, para podermos fazer isto na rua”, contou ao HM.

Com a casa aberta apenas há algumas semanas, Pedro Esteves já nota o sucesso da sua ideia. “O negócio está a correr bem, tanto em termos de locais, como de turistas.” Apesar disso, muitos estranham que a Food Truck Company seja algo totalmente diferente de um café ou restaurante.

“As pessoas de Hong Kong conhecem, mas as pessoas de Macau não percebem bem o que é isto, se é uma carrinha a sério. É verdadeira, mas não tem motor. Esta é a primeira roulotte em Macau, está é dentro de uma loja.”

Os petiscos são muitos e variados. “Não há cá a nossa bifana, e a minha bifana é a mais parecida possível à bifana portuguesa. Uma simples costeleta de porco como as que fazem aqui não tem nada que ver. Vou fazer também hambúrgueres vegetarianos”, conta Pedro Esteves que, para já, é o único a gerir o negócio, a atender clientes e a trabalhar atrás do balcão.

“Estou com problemas de mão-de-obra e quero ter locais. Não tenho mais ninguém para me ajudar e não é fácil fazer tudo. Tenho de tratar das compras, confecção da comida, atendimento ao público. É por isso que estou a fazer uma pré-abertura”, disse.

Mas nem só de comida se faz este espaço. Isto porque o local onde funciona a Food Truck Company tem ainda expostos trabalhos do fotógrafo António Mil-Homens.

Os petiscos de sempre

Na carrinha improvisada há petiscos para todos os gostos, sem esquecer as cervejas, o café português e o chá chinês. “Quem entra aqui é como se estivesse a entrar dentro da cozinha”, assume Pedro Esteves.

“A nossa gastronomia tem muita coisa por explorar. Nunca vi ninguém a fazer couratos em Macau. Quis ir buscar receitas antigas. Queria fazer uma casa de petiscos também, e aí ia buscar petiscos como morcela com ananás, peixinhos da horta, coisas que temos na nossa gastronomia que não existem em Macau. Porque pratos como arroz de pato ou amêijoas toda a gente tem”, defende.

Esta não é a primeira vez que Pedro Esteves se aventura no mundo dos tachos e panelas. Há vários anos em Macau, o português já foi gerente de um restaurante português e chegou mesmo a viver na China, em Cantão.

“No ano passado tive um projecto em São Lázaro, para fazer uma espécie de Bairro Alto, queria fazer um festival de caracóis também, mas a ideia acabou por não ir para a frente. Acabei por abrir apenas um supermercado, mas em São Lázaro, na altura, as coisas ainda estavam mortas e decidi fechar, pois iria perder dinheiro. Fiquei desempregado quase um ano e encontrei este negócio. Estou a começar do zero”, diz.

Na Food Truck não há mesas nem cadeiras, os clientes encostam-se ao balcão enquanto o cozinheiro pega na frigideira e prepara os petiscos que se comem à mão, com a ajuda do guardanapo. Em Macau ainda restam alguns vendilhões de comida, mas as regras mandam que, quem compra, pegue no ta-pao e vá conversar para outras paragens. Na Food Truck, tal como mandam os costumes portugueses, fica-se à conversa entre uma ou outra cerveja.

> Food Truck Company, Rua dos Ervanários,  N.º31 (ou Rua Nossa Senhora do Amparo, N.º 26)
22 Mar 2017

Bar Celona, Tapas and Rice | Da Catalunha a Macau

O Bar Celona, Tapas and Rice traz a Macau os sabores catalães. Dos petiscos característicos ao arroz único da região, o espaço aberto desde 2015 tem contado com casa cheia e orgulha-se da sua exclusividade

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se Bar Celona, Tapas and Rice e é o espaço pensado para trazer os sabores da Catalunha ao Oriente. A ideia partiu do proprietário, António Guijarro, natural de Barcelona. António esteve sempre ligado à hotelaria e a vinda para Macau teve na origem um convite enquanto consultor de restauração. “Após uma passagem pela Austrália vim ao território fazer consultadoria no âmbito da abertura de um hotel. Já na altura a ideia era a mistura de conceitos que fundissem cozinhas.”

Perante a diversidade do território, António Guijarro pensou em fazer algo mais. “Queria fazer alguma coisa que pudesse contribuir para o movimento e política da diversidade de oferta turística em Macau”, diz ao HM.

Se, por um lado, já era um território dotado de uma grande variedade de restaurantes de diferentes géneros e todos “muito bonitos”, Barcelona ainda não tinha um lugar na península. “Os espaços que encontrei iam da cozinha portuguesa à local e passavam por muitos tipos de cozinha do ocidente. No entanto, Barcelona tem características gastronómicas únicas e queria fazer a minha contribuição particular”.

Com o caminho percorrido desde a abertura do Bar Celona, em 2015, António Guijarro “esqueceu” os obstáculos que entretanto teve de ultrapassar e preserva as alegrias que, afirma, têm sido muitas, especialmente no que diz respeito à receptividade por parte da população local.

“Os locais têm sido incríveis desde a nossa abertura. O espaço é muito bonito e temos contado com casa cheia permanentemente”, afirma satisfeito. Os clientes podem ser famílias ou grupos de amigos com idades entre os 20 e os 50 anos, que querem comer bem e passar um bom bocado. “Cerca de 60 por cento dos nossos clientes são locais”, diz.

As aplicações de turismo ajudaram no sucesso do lugar e é através delas que chegam muitos visitantes dos mais diversos lugares. “Temos turistas da Coreia, Japão e Singapura que procuram um restaurante de primeira qualidade.”

Para o proprietário, a grande adesão deve-se também ao crescente número de turistas que tenta fugir aos casinos. “É um espaço que faz parte do desenvolvimento de Macau. A localização, na zona da Areia Preta, também confere uma maior proximidade à verdadeira Macau, o que agrada a muitos visitantes.”

Arroz catalão

Apesar de as tapas serem a especialidade, António Guijarro explica que o sucesso do Bar Celona se deve a muito mais do que isso. Deve-se ao todo. “Penso que as pessoas que nos visitam não o fazem apenas pelas tapas, mas principalmente por apreciarem todo um produto que nos propomos oferecer e que faz parte da cultura do próprio espaço.”

Do todo fazem parte os alimentos que, na sua maioria, são importados “e de grande qualidade”. A razão, aponta, “é não ser possível encontrar, deste lado do mundo, produtos semelhantes. Não têm a mesma intensidade e prezamos manter os sabores originais”. A ideia é manter uma cozinha típica, clássica e autêntica.

Mas o Bar Celona – Tapas and Rice não oferece só os petiscos, e a opção pelos pratos de arroz nada tem que ver com a presença oriental, muito pelo contrário. O arroz, aqui, é específico da Catalunha e, segundo o proprietário, dotado de um sabor único. “A Catalunha produz e tem uma forma de cozinhar o arroz também única. O cereal, cultivado entre o mar e as montanhas, não se encontra em mais parte nenhuma do mundo”, explica. “Temos uma grande variedade de arroz que misturamos com outros produtos. Por exemplo, temos como especialidade o arroz de lagosta, que é um prato que aqui não existe”.

Para o futuro, António Guijarro vê a expansão. A ideia é exportar a marca para as maiores cidades asiáticas. “Já estamos a pensar em Hong Kong, Singapura, Taipé e Zhuhai”, remata.

15 Mar 2017

House of Beijo, loja de vinhos e conservas | Douro, um amor tardio

Natural de Hong Kong, Gordon Yue já importava vinhos de vários países, mas o sabor do néctar português não o fascinava. Um convite à região do Douro mudou tudo. Há dois anos abriu a House of Beijo, loja de vinhos, conservas e produtos de cosmética, por ser uma palavra que apela ao amor e à felicidade, juntamente com um copo na mão

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão foi amor à primeira vista. Até há quatro anos, Gordon Yuen não conseguia encontrar um único vinho português de que gostasse. “Sempre achei que o sabor era uma porcaria. De verdade. Naquela altura, quando vinha a Macau e tentava provar algum vinho, todos tinham um mau sabor”, contou ao HM.

Um convite para ir à região do Douro acabou por mudar a sua percepção sobre os produtos e, hoje, a loja que Gordon Yuen possui na Calçada do Amparo, em Macau, obteve o nome graças a uma das zonas com mais história em termos de produção de vinhos. House of Beijo, ou Casa do Beijo, roubou o nome ao vinho “Quinta do Beijo”.

“Recebi um convite para ir ao Douro, então pensei ‘nunca estive em Portugal e tenho aqui uma viagem grátis, com tudo pago’. Foi a primeira vez que fui ao Douro. Havia uma prova de vinhos e achei o vinho incrível. Não conhecia nada sobre aquela região, e comecei a partir daí a adorar esse vinho e a promovê-lo”, contou ao HM.

As viagens a Portugal começaram a ser uma constante. “Vou ao Douro, a Lisboa, a várias zonas produtoras de vinho. Mas continuo a achar que o vinho do Douro é o melhor.”

O português é que vende

Durante a entrevista, Gordon Yuen foi à estante buscar uma garrafa de “Quinta do Beijo”, enquanto degustava um copo de vinho de outra nacionalidade. A razão? As fracas vendas dos vinhos franceses, americanos ou espanhóis na loja, e o sucesso do vinho português junto dos turistas.

“Se abrisse a loja de novo não escolheria esta localização e levava a maioria dos vinhos para Hong Kong, à excepção dos portugueses e do vinho do Porto. São os melhores. Todos os clientes que chegam aqui, sejam da China, de Taiwan ou da Coreia, só procuram vinhos portugueses. Não sabem que há vinhos franceses ou italianos. Compram três e quatro garrafas. Os outros fazem-me perder tempo, acabo por ser eu a bebê-los”, apontou.

O sabor das conservas

Além das estantes cheias de garrafas de vinho, a House of Beijo tem também várias conservas, um sucesso junto de quase todos os turistas que por ali passam. Gostam da qualidade do produto, do sabor do peixe com os vários temperos. Há também produtos de cosmética para a pele e cabelo, vindos de França e feitos com ingredientes naturais.

Voltando ao vinho, Gordon Yuen assegura que, na hora de vender para casinos e hotéis, é o vinho francês que acaba por ser sinónimo de qualidade e elegância dentro de um copo. “Quando os clientes vão jogar procuram mais esses vinhos”, aponta, referindo que a culpa é da falta de estratégia de marketing por parte dos portugueses. “O vinho francês é mais conhecido. O vinho português é muitas vezes considerado um vinho barato e nem todos os clientes VIP gostam. Um vinho francês é quase sempre considerado muito bom.”

Os entraves

Com as portas abertas há dois anos, e com o negócio de importação a correr sobre rodas em Hong Kong, Gordon Yuen explica que o volume de vendas na House of Beijo poderia ser maior.

“Tenho de dizer que a localização desta loja não é a ideal, porque não há muita gente a passar por aqui. Está um pouco aquém das minhas expectativas. Se abrisse de novo não escolhia esta localização”, referiu.

Gordon Yuen falou ainda dos entraves que podem existir na relação empresarial com os produtores portugueses. “Em Portugal, o estilo de vida é considerado mais importante do que o negócio. Se eu disser que quero este e aquele produto, dizem-me: ‘ok, está acordado’, mas três meses mais tarde continuo a não ter a minha encomenda. Não é fácil fazer negócio, sobretudo na área dos vinhos. Precisam de ter grandes encomendas para enviar aos importadores, para não ser tão caro, e precisamos de esperar.” Tudo isto é dito com o sorriso de quem ultrapassa as diferenças culturais na hora de negociar.

8 Mar 2017

Sofi Handmade – Artesanato | Fong Mei I, proprietária

Sofi Handmade é a marca criada por Fong Mei I. A jovem de Macau vê na concepção de acessórios uma paixão e já tenciona passar o conhecimento a outros. Para já, tem as peças disponíveis nas várias feiras de artesanato do território, e em lojas em Macau e na Taipa

 

[dropcap]F[/dropcap]ong Mei I tem 26 anos e é a responsável pela pequena empresa de artesanato Sofi Handmade. O negócio é a tempo parcial para a recém licenciada em língua e literatura chinesa, mas é fruto de um gosto pessoal pelo trabalho feito com as mãos.

Foi mesmo a paixão pelo artesanato que levou Fong Mei I a deixar o emprego a tempo inteiro de modo a ter mais espaço para esta actividade alternativa. “Há uns anos tinha um emprego mas queria dedicar-me mais ao artesanato. Agora estou a trabalhar a tempo parcial e tenho mais flexibilidade de horários”, refere ao HM.

O tempo é fundamental, não só para a produção dos objectos, mas também para a sua comercialização. “Agora, tenho mais disponibilidade para participar em actividades que envolvam o artesanato e a participação em feiras relacionadas”, menciona a jovem local.

O interesse pelo artesanato e pela criação de objectos únicos data de 2012, altura em que começou a “aprender sozinha algumas técnicas através da visualização de vídeos na Internet”. O resultado foi a produção de acessórios, essencialmente brincos, colares e pulseiras recorrendo à utilização de metal, missangas e cristais.

A actividade da Sofi Handmade começou timidamente e como resposta a um convite de amigos. “No início de 2015 comecei a criar objectos mas, naquela altura ainda não tinha a minha própria marca. Foi através do convite de uns amigos que queriam participar numa feira local de artesanato promovida pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM)”, recorda. A responsável pela Sofi Handmade fez algumas peças que acabaram por ser vendidas e decidiu criar a sua própria marca.

Satisfeita com o desenvolvimento da actividade e com a aceitação do público, a artesã classifica as suas peças como “bonitas”. Os clientes são essencialmente jovens do sexo feminino. “A maioria dos meus clientes são meninas que gostam de se vestir bem”, afirma. No entanto, o mercado tende a alargar. Com a crescente participação em feiras locais, a artesã tem constatado que, cada vez mais, os interessados nas suas peças vão desde crianças a adultos “com mais de 50 anos”.

Fong Mei I revela ainda que o negócio está a crescer e os seus produtos já têm espaço fora das tendas. “Já tenho peças em duas lojas onde apresento as minhas criações em regime de consignação, a Binshu Studio em Macau e a Youth Works, na Taipa”, diz.

Para o desenvolvimento do projecto, a proprietária considera fundamental os apoios que o Governo de Macau tem vindo a conceder ao sector do artesanato. “A feira promovida pelo Instituto Cultural, no Tap Seac, é muito importante”, afirma. “É ali que mais vendo e onde ganho grande parte das minhas receitas”. A razão, afirma, prende-se com o facto de ser um local em que passa muita gente de diferentes origens. “O certame integra artesões de regiões diferentes. Além de Macau existem feirantes de Hong Kong, Malásia, Cantão e da Coreia do Sul. É a maior actividade de criatividade cultural”, explica.

O negócio vai de vento em popa e Fong Mei I vê o futuro com bons olhos. Além da produção, a jovem local quer agora lançar-se no ensino das suas artes. “Vou continuar a participar nas actividades e quero realizar workshops para ensinar este ofício.”

 

 

 

 

1 Mar 2017

“O Santos, loja portuguesa” | Dos enlatados ao galo de Barcelos

Um dos mais famosos restaurantes portugueses na vila da Taipa emprestou o nome, e apenas isso, ao espaço “O Santos, loja portuguesa”. O projecto de Joana Fonseca e da Vino Veritas quis concentrar num só local tudo o que Portugal tem para oferecer de bom

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]um cantinho da vila da Taipa, todas as regiões de Portugal estão concentradas numa só. O projecto “O Santos, loja portuguesa” permite-nos ir de Norte a Sul e descobrir as iguarias, os vinhos e as lembranças vindos do outro lado do mundo.

Joana Fonseca é uma das proprietárias, ao lado da empresa de importação Vino Veritas, e conta que o uso do nome do restaurante “O Santos” se deveu à longa amizade que mantém com Santos Pinto, o proprietário da tasca alentejana.

“O restaurante e a loja são negócios diferentes e independentes. A loja adoptou o nome “O Santos” porque já é um nome estabelecido na vila da Taipa, então decidimos procurar o Santos e ver se nos emprestava o nome. Temos uma relação especial com ele e, estando aqui na vila da Taipa, achámos que seria o nome mais correcto”, explicou Joana Fonseca ao HM.

A loja, aberta recentemente ao público, pretende ter uma mostra diversificada do que é genuinamente português. “Temos souvenirs, como o galo de Barcelos, as imagens da Nossa Senhora de Fátima. Temos também um andar só dedicado a vinhos, onde as pessoas podem ter um atendimento personalizado.”

A ideia inicial para o arranque do projecto foi o facto de os produtos portugueses existirem em toda a parte, mas estarem dispersos em lojas e restaurantes. “Muitas vezes, as pessoas procuram produtos portugueses na vila da Taipa e o que acaba por acontecer é que está tudo muito espalhado. As pessoas não têm noção da gama de variedade de produtos que existem. Achámos então que seria boa ideia concentrar tudo no mesmo sítio e seria uma boa maneira de promover produtos portugueses em Macau.”

Olaria e bordados

Joana Fonseca frisa que há mais ideias para dinamizar a oferta de produtos. “Ainda estamos à procura de fornecedores e de produtos diferentes que ainda não existam em Macau. No futuro, vamos ter um terceiro andar que será dedicado apenas a artesanato e produtos portugueses ao nível dos bordados, cerâmicas, olaria. Coisas que sejam artesanato português e que representem as diferentes regiões em Portugal”, adianta.

“Neste momento estamos ainda a fazer um estudo de mercado e a tentar perceber o que as pessoas procuram em Macau. Temos outras ideias nas quais estamos a trabalhar, para trazer, por exemplo, biscoitos tradicionais e mel. Há uma gama de produtos que queremos ter aqui”, explicou uma das mentoras do projecto.

O sucesso das conservas

Além dos habituais vinhos e queijos, as conservas de peixe têm feito sucesso no mercado chinês, sendo bastante procuradas por turistas. Na loja “O Santos” essa procura também se faz notar. “Uma das coisas que vendemos melhor são as conservas portuguesas”, refere Joana Fonseca.

Ainda assim, “temos vendido um pouco de tudo”, adianta a empresária. “Quem tem mais interesse nos produtos são pessoas de Hong Kong e Macau, mas também temos pessoas da China e do Japão à procura de vinhos. O turista vai directamente ao galo de Barcelos ou às conservas e é mais nisso que temos apostado e também vendido.”

Com presença apenas na vila da Taipa, o objectivo é que, no futuro, a península também possa ter a sua loja de produtos portugueses. “Neste momento vamos ver como corre a experiência na vila da Taipa, e qual a receptividade das pessoas em Macau e dos turistas. Mais tarde a extensão a Macau poderá ser uma possibilidade”, afirma Joana Fonseca, que garante que não é objectivo vender produtos da gastronomia macaense, apesar da ligação que existe a Portugal.

“O objectivo da loja é mesmo concentrar-se em Portugal e nos produtos que o país tem para oferecer, além de o promover através dos seus produtos. Não há tanto a ideia de estabelecer uma ligação com os produtos macaenses”, remata.

22 Fev 2017

Rui Carreiro trouxe marca Fátima Lopes para Macau

Fátima Lopes chega a Macau pela mão de um seu conhecido: o multifacetado Rui Carreiro. O açoriano vende pequenas quantidades de sapatos da estilista portuguesa, principalmente a clientes mais fiéis. Um negócio de proximidade a meio mundo de distância da linha de produção

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] venda dos sapatos da marca Fátima Lopes são como um pequeno rumor, que passa de boca em boca. É assim que funciona o negócio do açoriano de gema, “com sotaque”, Rui Carreiro. Relação directa com os clientes que, normalmente, são amigos, ou conhecidos. Quando interrogado sobre como caracteriza os fregueses, garante que “quem procura os sapatos da Fátima tem muito bom gosto”. A clientela é variada, um pot-pourri social. Tanto pode ser a senhora que trabalha num escritório, uma dona de casa, uma bailarina, passando pela empregada de bar e restauração. Por vezes, o boca a boca chega a desconhecidos. “Vendi três pares de sapatos a três australianas que estavam cá de passagem. Já me ligaram a perguntar quando tenho mais”, conta.

Rui é um homem dos sete ofícios e a venda de sapatos não é algo que faça como fonte primária de rendimentos, assim como o acolhedor salão de cabeleiro onde corta cabelos, que encara como hobby. Trabalha principalmente como wigmaster em espectáculos que passam por Macau e que o levam a viajar mundo fora.

Quando se soube que vendia sapatos de Fátima Lopes, o pequeno stock que tinha voou das prateleiras. Rui não tem uma sapataria, mas compra pequenas remessas de calçado da estilista portuguesa. Da mesma forma, não tem uma loja de roupa, mas é bem capaz de “daqui a uns meses ter dez camisas de homem para vender”. A ideia é colmatar pequenas necessidades dos clientes, até porque a oferta neste sector de negócio é limitada em Macau, na óptica do açoriano.

Tesouros de nicho

“O meu foco aqui é ter produtos portugueses, se for açoriano tem prioridade, como é lógico, via verde, não pára na portagem”, explica Rui. Como seria espectável, os sapatos tiveram grande aceitação. “Vendi-os logo na primeira semana, o que não é de estranhar porque já os trouxe a pensar no cliente final.”

Neste momento, prepara-se para fazer mais uma encomenda da próxima colecção, nos mesmos moldes, uma pequena remessa. “Como digo sempre, não é para massas, mas para um reduzido nicho de mercado, porque Macau é pequeno para um volume de negócio maior.” Não é essa a prioridade de Rui Carreiro, que vê na massificação uma perda de identidade, um “copy paste”, uma repetição ao estilo do fast food, o que poderia representar a “perda do nicho de mercado”. Além disso, a venda a retalho poderia retirar ao açoriano o prazer de “viajar e trazer algo novo, excitante”.

Senhora de Fátima

“Conheço a Fátima há algum tempo porque trabalhei em moda em Portugal.” Rui trabalhou como manequim, travou conhecimento com Fátima Lopes em Lisboa e também privou com a estilista enquanto produtor da Moda Açores. A relação nasceu daí, começou como profissional, mas tornou-se um pouco mais pessoal. “Normal quando dois ilhéus estão a viver em Lisboa. Não é como ser emigrado, estás dentro do mesmo país, mas tens falta das tuas raízes, falta-te também um bocadinho de colo e a Fátima, digamos, foi também um amparo”, recorda.

Foi assim que nasceu o pequeno negócio dos sapatos, de uma forma casual e amigável. Na última vez que Rui esteve em Lisboa encontrou-se com a estilista, que tinha relançado a linha de calçado. Almoçaram, puseram a conversa em dia, e Rui regressou a Macau com dez pares de sapatos. “Achei-os muito bonitos, essa é uma característica que tenho, não vendo nada que não goste.”

Quanto ao crescimento da marca Fátima Lopes em Macau, Rui não consegue prever o futuro. “Isso depende se fico em Macau, ou não. Estou cá há sete anos, que é aquele período em que a relação pode passar a ser ralação”, explica humorado. De qualquer forma, é uma marca que se vende a ela própria. A estilista tornou-se uma referência internacional, “até mais no exterior, do que propriamente em Portugal. Ela já está na China, conseguiu entrar agora, está na Austrália, Europa e nos Estados Unidos”.

Vem aí a próxima colecção e Rui venderá, novamente, um número limitado de pares. A ideia do açoriano é ir adocicando os clientes com pequenas preciosidades, ir buscar modernidade à tradição lusa e trazer magia a um punhado de fregueses.

15 Fev 2017

John Rocha é autor do projecto Eurasian Food Journey, sobre gastronomia macaense

Gosta de comer e adora cozinhar. No regresso aos sabores da infância, John Rocha, um euro-asiático de Hong Kong, decidiu que tinha chegado a hora de partilhar as receitas que vai cozinhando com quem as quiser experimentar. Há uma página no Facebook, um blogue e aulas de gastronomia macaense

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] filho de pai português e de mãe chinesa, nado e criado em Hong Kong. “Cresci numa família bilingue e fui influenciado tanto pela cultura ocidental, como pela cultura asiática”, conta John Rocha ao HM. Consultor de gestão de marcas, decidiu investir, há um par de meses, num projecto pessoal ligado à gastronomia macaense. Criou um blogue e uma página no Facebook, meios que servem para partilhar as receitas que vai experimentando. Pelo meio há também pratos portugueses.

John Rocha decidiu acabar com a ideia de que as receitas de família apenas a ela pertencem. Explica que tem centenas de pratos para experimentar e dar a conhecer ao mundo. Há um regresso aos sabores da infância, aos tempos em que era miúdo e comia os pratos confeccionados pela avó.

“Lembro-me de ser muito pequeno e de a minha família organizar festas – a primeira comunhão, a comunhão solene, baptismos, aniversários e, claro, ceias de Natal. Recordo-me de ver todos aqueles bolos e sobremesas, diferentes dos que eram servidos nas festas dos meus colegas de escola, a maioria deles chineses”, diz.

Das memórias da infância fazem também parte as idas semanais ao Club Lusitano, em Central, depois da missa de domingo. “Comia umas tostas de queijo, galinha e o famoso minchi”, elenca. Com a avó era frequentador habitual de uma loja em Kowloon onde a família encomendava bebincas e chilicotes.

“Foi assim que descobri a comida macaense. E, claro, a minha avó adorava cozinhar”, explica John Rocha. “Era demasiado novo para perceber de que tipo de gastronomia se tratava, só mais tarde é que percebi. A cozinha macaense tem muito que ver com a família, cada uma tem a sua versão de minchi.”

Panelas virtuais, panelas reais

O minchi serve de exemplo para o projecto que já está lançado e que quer expandir nos próximos tempos. “Espero que o meu blogue possa ajudar pessoas que têm algo em comum e que sirva como espaço de partilha, com diferentes receitas para o mesmo prato”, diz. “Neste momento, estou a cozinhar com base nas receitas da minha família e também a partir de receitas que fui encontrando. Gosto muito de fazer isto.”

A ideia da partilha surgiu da utilização das redes sociais. “Como muitas outras pessoas, usava o Instragram e publicava fotografias das minhas fotos. De repente, no ano passado, percebi que não era isso que me dava mais gozo.” Foi então que decidiu “dizer adeus ao mundo das selfies” e começar a publicar conteúdos que “pudessem ser interessantes e terem algum valor para os outros”. Em Dezembro, criou o blogue sobre a viagem gastronómica euro-asiática que quer dar a conhecer ao mundo.

John Rocha tem também algumas preocupações de natureza histórica. “Espero poder ajudar a documentar a gastronomia macaense, que faz parte da história. E, quem sabe, talvez esta iniciativa possa ajudar ao reencontro de amigos que perderam o contacto ou de familiares separados por milhares de quilómetros.” Resumindo, “o Eurasian Food Journey é sobretudo acerca de ligações, pessoas que criam laços através do prazer da cozinha e da partilha.”

Além das fotografias e receitas que John Rocha tem vindo a disponibilizar, a iniciativa deste residente de Hong Kong vai ter uma dimensão mais real: aulas de gastronomia macaense.

“Não estavam nos meus planos”, salienta, vincando que não faz disto profissão. “Como gosto muito de cozinhar, inscrevi-me num curso de cozinha italiana. Estava a falar com a chef acerca do meu contexto familiar e, um dia, ela convidou-me a fazer alguns pratos macaenses”, explica. A professora de cozinha italiana gostou e convidou-o para dar algumas aulas. “Como não faço isto com fins lucrativos, acordámos que parte daquilo que os alunos pagam vai para instituições de caridade aqui em Hong Kong.”

O curso arranca em Março. “As aulas vão ser dadas em cantonês porque espero poder contribuir para que a comunidade local fique a conhecer a gastronomia portuguesa e macaense.” Na lista de pratos de John Rocha não faltam a bebinca de leite e os chilicotes.

8 Fev 2017

Café Sab8 | Sandra Barros, proprietária

No coração do antigo Bazar, há um espaço que pega na tradição dos sabores de Macau e dá-lhes um twist moderno. No remodelado Pátio Chôn Sau, o Cafe Sab8 é uma opção para uma refeição, ou apenas para um café e um pastel

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uem atravessar o Pátio Chôn Sau encontra os graffitis modernos mas, agora, completamente tomados de assalto pela decoração para o ano novo chinês. Depois do festim de cor, é possível que a visão seja tentada por um pequeno café/restaurante que convida quem passa a entrar: o Cafe Sab8. Aí, prepare-se para regalar o olfacto e o paladar num verdadeiro festim para os sentidos.

Se resistir ao minchi de carne picada e arroz, dificilmente poderá passar as tartes de bacalhau e sardinha. Se sobrar espaço, a torta de laranja é uma das mais populares sobremesas do restaurante à qual é difícil resistir. Estes são os pratos com maior saída do estabelecimento.

Sandra Barros, dona e mentora do Sab8, conta-nos que “procurou trazer a cozinha macaense para a modernidade”, isto porque considera que “esteve estagnada durante demasiado tempo”. A ideia foi dar-lhe um toque contemporâneo para a encaixar melhor no mercado actual e tornar os pratos tradicionais macaenses mais apelativos para as novas gerações.

A localização não podia ser mais propícia à fusão do moderno e do tradicional. O Pátio Chôn Sai é muito trendy, cheio de lojas de design e decoração com um toque vanguardista. Este pequeno oásis de modernidade fica situado numa das zonas comerciais mais antigas de Macau. A 50 metros de distância pode-se comprar um gelado de coco num barracão ou passear pelas lojas tradicionais que vendem antigo mobiliário chinês. Também se podem encontrar inúmeras barraquinhas de rua a vender toda a espécie de iguaria chinesa. É como se um pequeno reduto moderno estivesse a desafiar o tradicionalismo circundante.

Sandra sempre gosto de cozinha, as experiências com paladares e cheiros cresceram com ela. “Quando tinha 10 ou 11 anos, adorava ir ao mercado e cozinhar o que comprava”, conta. No entanto, a vida não a aproximou logo da restauração. Primeiro veio a formação na área económica. Depois de estudar gestão, onde teve a oportunidade de trabalhar numa cadeia de cafés de Macau, decidiu aprender pastelaria. Durante esse processo de formação, frequentou um estágio onde fez mais de 300 horas na cozinha de vários hotéis. Apaixonou-se e assim começou a aventura, que culminou com a inauguração do Sab8 em Agosto de 2015.

Atmosfera confortável

“A ideia era criar um espaço com uma atmosfera relaxada, simples, e acolhedora”, revela Sandra Barros. Quem entra no café é recebido com um sorriso hospitaleiro e um jazz suave. Apesar de não ser um espaço amplo, é confortável, mesmo para um cappuccino, ou uns aperitivos. Neste capítulo, aconselha-se um copo gelado de vinho verde Pássaros, um néctar que mistura as castas alvarinho e trajadura, da região vitivinícola de Monção/Melgaço, de preferência acompanhado por uma tarte de bacalhau.

O Sab8 está localizado numa zona turística, apesar de relativamente escondida pela Rua de Nossa Senhora do Amparo. Ainda assim, os principais clientes são “turistas e, também, pessoas locais que trabalham nas imediações, como Leal Senado e San Ma Lo”, revela a dona. Quem entra, normalmente, sai satisfeito. Para Sandra, esse é o grande objectivo. “Quero que os clientes sejam felizes no café, comer é uma parte tão importante na vida das pessoas, que é um prazer poder proporcionar essa satisfação a alguém”, confessa.

Para que tudo corra bem, Sandra Barros tem em atenção todos os detalhes, para manter tudo em ordem no café. A cozinha limpa e organizada, o chão imaculado, tudo no seu devido lugar. Estas são as partes chatas de gerir a operação de um café/restaurante. Por outro lado, há que garantir que os ingredientes são frescos através de um rigoroso controlo de qualidade. Este é o equilíbrio necessário para que nos chegue um prato a fumegar à mesa. Bom apetite.

25 Jan 2017

T-O-W | O moderno no coração do antigo

Em pleno zona do antigo Bazar, existe um pequeno oásis de modernidade, o Pátio de Chôn Sau. Aí podemos encontrar a loja T-O-W, onde os acessórios de escritório e casa ganham uma outra vida e cor

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]scondida pela Rua de Nossa Senhora do Amparo, numa zona tradicionalmente comercial, cheia de edifícios pouco coloridos e repletos de fuligem, encontramos a T-O-W. Encontramos se procurarmos, mas a descoberta vale a pena. A loja é uma mina de modernidade, de estética trendy no coração de um bairro tradicional chinês. Para quem passeia pela zona, encontrar o pátio onde fica a loja pode ser uma mudança de cenário demasiado abrupta.

“Esta é a zona comercial mais antiga de Macau, a primeira, e a nossa ideia é renovar e dar uma nova energia ao sítio, rejuvenescê-lo”, diz Eurico Ao, director criativo da loja. A T-O-W é um dos estabelecimentos que abriram no Pátio de Chôn Sau, numa atmosfera colorida, com grafittis nas paredes e lojas com produtos mais típicos de grandes cidades mundiais, como Nova Iorque, Londres ou Hong Kong.

Quem lá entra parece estar num museu de design para utensílios de casa e escritório. Tudo muito colorido, divertido, decorativo, mas funcional. Podemos encontrar quadros e alguns objectos curiosos de decoração, assim como comprar gadgets que farão com que quem nos visite pergunte: “Onde arranjaste isso?”.

Os artigos variam entre caixas para lentes de contacto que são joaninhas, sabonetes em forma de caveira mexicana, canetas de espião que escrevem com tinta que só é perceptível quando atingida com raios UV. Também se pode encontrar um robot que faz infusão de chá, um porta fita-cola em forma de tractor, borrachas que parecem bigodes, ou amendoins. Enfim, as possibilidades são tantas quanto a imaginação permite.

“Temos um pouco de tudo, são produtos divertidos, dinâmicos. Os preços são acessíveis, perfeitos para prendas de aniversário, ou quando se quer comprar algo divertido para animar um amigo”, explica Eurico. Nove meses depois da inauguração, o director criativo do espaço confessa que o negócio corre bem. “Os produtos que vendemos aqui são fáceis de comercializar, aliás, basta ver a primeira reacção de quem entra na loja, que é sorrir.” Além disso, o lojista tenta acompanhar o cliente, guiá-lo pelos diferentes artigos, como se fosse uma visita a um museu de design em que se podem comprar peças.

É frequente que quem visite a T-O-W já conheça muitos dos produtos de revistas de gadgets, ou através da Internet. A loja também vende a famosa cerveja artesanal IPA, assim como uma longa variedade de abre-garrafas, de todas as formas e feitios.

Clientela jovem

“A T-O-W é uma loja moderna, atrevida, mas dirigida a todo o tipo de idades, diria que é para o cliente com um espírito jovem”, explica Eurico Ao.

Quem entra no espaço é bombardeado por cores e um conjunto de formas que normalmente não são associados a utensílios de casa ou escritório. Para o director criativo do estabelecimento, é difícil escolher um produto que se destaque entre os mais vendidos. “As vendas são muito bem distribuídas, equilibradamente, mas, talvez, a caneta de espião.”

A T-O-W é um pouco a síntese do ambiente que se vive no Pátio de Chôn Sau, um pequeno quarteirão trendy, com cafés, lojas de decoração, lojas de noodles. Tudo muito colorido, jovial, com um fortíssimo componente contemporâneo, apesar do contexto local ser tradicional e cinzento.

Portanto, é natural que este tipo de espaços seja mais atractivo para quem vem de fora. Não é de estranhar que Eurico Ao considere que a loja é concebida, ou mais bem entendida, para quem tenha um background europeu, ou norte-americano. Neste contexto, é natural que a maioria da clientela seja de Hong Kong, também com bastantes sul-coreanos e taiwaneses. Curiosamente, o estabelecimento tem passado um pouco ao lado dos locais o que, para Eurico, só pode ser explicado pelo “espírito um pouco mais conservador”.

18 Jan 2017

Get Shape, roupa desportiva | “Queremos atingir o público chinês”

A Get Shape é uma marca de roupa desportiva que vem do Brasil e que chegou a Macau pela mão de Cácio Borges Inhaia. Desde há três anos para cá que as roupas fazem sucesso, existindo planos para a expansão em Hong Kong e na China

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]oje em dia não basta fazer desporto, há que fazê-lo também com estilo. Foi a pensar nessa tendência que o brasileiro Cácio Borges Inhaia resolveu trazer a marca brasileira “Get Shape” para Macau há três anos. O negócio tem estado a correr tão bem que há até planos para a sua expansão para além das fronteiras da RAEM.

“Quando a marca chegou a Macau, a ideia era vender as roupas apenas na loja de depilação brasileira ‘We love wax’. Mas como a marca está a registar um grande fluxo de vendas, estamos a pensar em expandir e vender para Hong Kong e China”, contou o importador ao HM.

Cácio Borges Inhaia garante que os clientes sentem de imediato a diferença das roupas. “Ao início não reagem, mas depois o que acontece é que, em vez de levarem uma peça, levam muitas mais. A malha e o corte brasileiro são muito bons. Além de proporcionarem conforto, são peças que ajudam a definir a silhueta, o que faz com que sejam diferentes daquilo que se conhece, não só na Europa, como também em Macau.”

A ideia de trazer a representação da marca para Macau partiu da vontade de mostrar o que de diferente existe no mercado do outro lado do mundo. “Hoje em dia temos uma gama de produtos para tentar atingir o público chinês e os estrangeiros que cá vivem. Achamos necessário trazer algo novo para Macau, para além do que existia, baseado num conceito um pouco retro. Quisemos trazer um design completamente novo, tanto no que respeita ao corte e às malhas de confecção, como aos estampados”, explicou Cácio Borges Inhaia.

“Estamos a fazer uma nova campanha publicitária e a montar o catálogo para este ano, que já contém colecções para o Verão e o Inverno. A ideia é, com isto, entrar de cabeça no mercado chinês. No início vamos à procura de lojas e ginásios para que possamos tentar chegar directamente ao público-alvo, que são as mulheres”, disse ainda o responsável.

Cácio Borges Inhaia garante que os seus produtos prometem aliar o conforto ao lado estético. “Umas calças de ganga não terão o mesmo conforto de umas leggings. As nossas malhas são de elastano que, por serem de elástico, dão muito conforto e são práticas de usar. Como é um design brasileiro, são confortáveis e encaixam bem no corpo, acabando por corrigir algumas imperfeições, como estrias ou celulite.”

O responsável garante que esta junção melhora o estado de espírito de quem usa estas roupas. “Quem veste fica em forma, molda o corpo e também o estado de espírito, porque a pessoa se sente bem vestida, fica mais bem disposta e com uma maior auto-estima.”

A China e o desporto

É certo que a moda há muito que entrou no mundo do desporto, mas só recentemente é que a China aderiu a essa tendência. Para Cácio Borges Inhaia, trata-se de um “mercado pouco misto”, com uma gradual abertura.

“Sinto que vamos lentamente introduzindo e mostrando novos conceitos, e os chineses estão à procura de novidades de outros mercados. É uma coisa boa para um país que esteve tanto tempo fechado ao mundo, e agora está a ter esta oportunidade de aceder a coisas e conceitos novos.”

Apesar de considerar a moda desportiva retro, Cácio Borges Inhaia nota um aumento da prática de desporto. “Os hábitos desportivos estão a crescer cada vez mais. Temos o Crossfit e maratonas também. Este é já um mercado forte no estrangeiro e isso começa a reflectir-se por cá, não apenas para melhorar a saúde, como também a aparência”, rematou.

11 Jan 2017

Juice Ga, empresa de sumos naturais: “Acredito cem por cento nos meus produtos”

 

Há três anos no mercado, a Juice Ga está prestes a reinventar-se como empresa local de fornecimento de sumos naturais em casinos e empresas. Vem aí a distribuição de sumos à porta de casa, a fazer lembrar o extinto hábito de entrega de garrafas de leite

 

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]uito antes de Macau receber a moda dos sumos naturais e programas de desintoxicação através dos alimentos, já Vincent Ma tinha a ideia de abrir um negócio nesta área. Tudo se deveu à sua experiência na Califórnia, nos Estados Unidos, onde fez os estudos superiores.

“Criei a empresa em 2014 e decidi apostar neste negócio porque vivi uma temporada nos Estados Unidos, em Los Angeles, e passei por várias empresas. Queria trazer essa cultura para Macau, porque não havia uma grande diversidade na altura. Queria apostar em bons produtos, saudáveis, e queria trazer isso para cá.”

Nascia assim a Juice Ga, que fabrica os seus sumos num espaço localizado na Areia Preta e que começou por fazer o fornecimento a casinos e hotéis. Mas a ideia é ir além disso: depois de um período menos bom em termos de vendas, Vicent Ma quer apostar na entrega de sumos em casa.

“Antigamente as empresas distribuíam as garrafas de leite à porta de casa. Estou a tentar lançar um projecto semelhante, mas com sumos. Queremos que muitas famílias de Macau comecem o seu dia com um bom copo de sumo”, contou ao HM.

Completamente natural

Numa altura em que há várias empresas e restaurantes de comida natural em Macau, o que torna diferente a Juice Ga? Vincent Ma garante que é o facto de todas as frutas e legumes serem biológicos.

“Fazemos sumos de pressão, com uma tecnologia diferente em relação às outras empresas. Temos sumos cem por cento naturais, sem adição de açúcar ou de água, usamos frutas e vegetais cem por cento naturais também. Temos planos detox próprios, em que a pessoa não come mais nada e apenas bebe os sumos para desintoxicar o organismo. É um tipo de dieta muito popular nos Estados Unidos e que ajuda o funcionamento do organismo”, conta.

Todas as receitas são preparadas por um nutricionista. “Acredito cem por cento nos meus produtos, porque são totalmente naturais, sem conservantes. Estou a tentar apostar numa maior diversidade de produtos para fazer os nossos sumos. Trabalhamos com uma nutricionista para criar sumos que sejam equilibrados em termos de calorias, com a dose certa para cada pessoa consumir diariamente”, adiantou Vicent Ma.

Apesar deste tipo de programas detox serem cada vez mais populares, a verdade é que a Juice Ga teve de passar por uma reestruturação recente, com um olhar mais atento ao mercado local.

“O negócio tem sofrido altos e baixos, não tem estado muito bem ultimamente. Estamos a tentar analisar o mercado de novo, porque não utilizamos quaisquer conservantes nos nossos produtos e penso que os preços que praticamos são algo elevados. Mas, neste momento, o mercado continua a aceitar os nossos produtos. Depois da nossa redução de preços em Dezembro, para metade do valor, o mercado está lentamente a aceitar os nossos produtos. Dezembro foi um mês muito importante para nós”, acrescentou.

Depois de fornecer bebidas para a indústria do turismo, a Juice Ga pretende ter uma visão mais abrangente do mercado. “A economia decresceu e muitas empresas começaram a cortar em alguns produtos. Então começámos gradualmente a passar do fornecimento da indústria hoteleira para todo o mercado. Neste momento apenas fornecemos alguns cafés, estamos mais focados no mercado no geral”, rematou o empresário.

 

 

Edifício industrial Chong Fong Bloco 1

Rua Doca dos Holandeses nº 75 84

Macau

4 Jan 2017

#Matters, marca de joalharia | Pedras com estilo

 

Clara Yung já tinha uma paixão por roupa antiga quando decidiu criar a sua própria marca de joalharia. A #Matters pretende trazer algo de novo a quem usa as jóias da marca, que não passa apenas pelo estilo

 

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão fios debruados a ouro com pedras que pretendem transmitir algo de novo a quem as usa. São clássicas mas, ao mesmo tempo, contemporâneas. É assim a #Matters, marca de joalharia criada por Clara Yung. Esta não foi a primeira incursão de Clara Yung no mundo do estilo e beleza: é proprietária da Old Town Vintage, uma loja de roupa localizada junto ao Bairro de São Lázaro que vende peças antigas, que fazem lembrar os anos 60, 70 ou 80.

A joalharia da #Matters é vendida no mesmo espaço e pretende ser um complemento a este tipo de roupa. “Criei esta marca porque tinha a intenção de criar as minhas próprias jóias, para que pudessem coincidir com a minha loja de roupas vintage [Old Town Vintage]. A marca foi criada na Primavera do ano passado”, conta.

Com a marca surgiu ainda um website para a divulgação das jóias que, diz a designer, “tem recebido muitas reacções por parte das pessoas”. “Estou também à procura de oportunidades no envio de joalharia por encomenda”, conta Clara Yung ao HM.

Com uma paixão por este tipo de trabalho artesanal, Clara Yung quis criar algo único e com qualidade, diferente do que se vende por aí ou do outro lado da fronteira. “Sou uma apaixonada por cristais e cheguei à conclusão de que a maioria das pulseiras ou colares feitos com cristais são bastante rudimentares. Queria ter as minhas próprias pulseiras e colares, e por isso comecei a desenhar as minhas jóias.”

Os colares e pulseiras da #Matters são, assim, feitos com peças em ouro. “Uso fio em ouro e pedras em ouro para criar uma pulseira. Adoro criar pulseiras com pedras feitas ao estilo japonês, adicionando um toque mais europeu.”

Transmitir energia

Clara Yung tem uma noção diferente do papel que as jóias devem ter para quem as compra. Não basta comprar porque uma jóia é bonita ou tem um valor elevado, há que transmitir algo. Foi essa ideia que levou ao nome dado à marca.

“Decidi pôr o nome ‘#Matters’ porque é uma palavra que significa substância. São coisas que estão ao nosso alcance e nas quais podemos tocar, mas têm, ao mesmo tempo, um lado espiritual. Não quero apenas que os meus clientes melhorem o seu estilo com os meus produtos, também quero que se melhorem a si mesmos enquanto pessoas, ao nível da mente e da auto-confiança, para que possam obter energia a partir dos cristais”, explica a criadora.

Apesar de ambas as marcas de Clara Yung estarem localizadas num dos espaços icónicos de Macau, a Old Town Vintage e a #Matters são sobretudo negócios online, cuja venda de faz através de um contacto prévio.

 

#Matters
Rua de Manuel Arriaga 64-A
Macau
28 Dez 2016

Castelbel Macao | Do Porto com classe 

Desde o passado fim-de-semana que existe uma loja no território da marca Castelbel, uma saboaria do Porto que ganhou fama – e clientes – por causa da qualidade e da apresentação dos produtos que disponibiliza. A marca já era vendida em Macau, mas tem agora uma ‘flagship’ no centro da cidade

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á coisa de um ano, a empresa Futura Clássica começou a trabalhar com uma saboaria portuguesa que tem uma enorme projecção no estrangeiro: a Castelbel. A marca tem os sabonetes como ponto de partida, mas oferece uma gama de produtos diversificada. No passado fim-de-semana, passou a ter uma ‘flagship’, no centro de Macau, num pátio a poucos minutos a pé das Ruínas de São Paulo.

“Começámos a trabalhar com a Castelbel há cerca de um ano. É uma marca com uma diversidade de produtos grandes, consistente na sua qualidade e na forma como se apresenta”, explica Margarida Vila-Nova, sócia da Futura Clássica. “Criámos uma relação muito próxima desde o primeiro dia”, recorda. Cedo surgiu a possibilidade de a empresa de Macau ser a distribuidora exclusiva da Castelbel no território “e cedo nos rendemos à marca, quer pela sua apresentação, quer pela sua qualidade”.

Localizada no Grande Porto, a Castelbel começou a actividade no final de 1999, na altura com apenas nove trabalhadores. A empresa começou por se dedicar ao fabrico de sabonetes artesanais, destinados exclusivamente ao mercado dos Estados Unidos. Entretanto, a marca foi crescendo e hoje tem 150 funcionários.

“Uma das características da Castelbel é que quase todo o staff que desenvolve novos produtos, e procura novas combinações, tem formação em química”, relata Vila-Nova. “Juntou-se uma equipa de químicos experientes e capazes que desenvolvem maravilhosos sabonetes, mas também gel de banho e creme de corpo, e foram desenvolvendo uma linha para casa, extremamente completa, desde saquetas aromáticas a papel de gaveta”, diz.

O lado inovador de uma marca de apresentação clássica é um dos aspectos que atrai a empresária e actriz. “A marca está prestes a registar a patente das suas saquetas porque descobriu que a cortiça portuguesa é um absorvente de perfume com características altamente especiais. Absorve cerca de 20 por cento mais do que qualquer saqueta habitual que encontramos à venda na prateleira de uma loja”, conta. “Diariamente reinventam-se, tentando superar os seus limites”, nota a sócia da Futura Clássica.

História de uma surpresa

A loja no Pátio de Chon Sau surgiu depois de a marca ter estado vários meses à venda em vários pontos do território, da Mercearia Portuguesa de Margarida Vila-Nova a lojas numa das operadoras de jogo do território. “De dia para dia, as vendas tornaram-se surpreendentes.” Surgiu o desafio para a abertura de um espaço dedicado exclusivamente aos produtos da Castelbel e aconteceu uma parceria entre a Number 81 e a Futura Clássica.

“As vendas todos os dias subiam. Começámos a expandir a marca, a fazer crescer a gama e os produtos disponíveis. Não foi só um sucesso, mas também uma verdadeira surpresa, porque já há muito tempo que não via um caso assim”, conta a empresária.

A ‘flagship’ no centro da cidade tem a gestão da Number 81, sendo que a Futura Clássica fornece a gama de produtos à loja. “É uma forma de termos uma montra da marca que representamos em Macau, uma forma de atrair clientes, de fidelizá-los à marca e de continuarmos a traçar caminho aqui”, afirma.

Margarida Vila-Nova pensa já no próximo passo a dar: o desenvolvimento no território de um serviço que a Castelbel presta, o “private label”. Da fábrica portuguesa saem sabonetes e outros produtos para as mais diversas marcas. “Oitenta por cento da facturação é através do ‘private label’. A Zara Home em Espanha é desenvolvida pela Castelbel – todas as velas, difusores e sabonetes que encontramos à venda saem da fábrica da Castelbel em Portugal”, contextualiza Margarida Vila-Nova. “Têm feito produtos para museus, para galerias, para acontecimentos oficiais, empresas privadas e casamentos, de modo que gostaria de estender a Macau este serviço de ‘private label’, tão forte em Portugal”, diz, acrescentando que “faz todo o sentido aqui, porque vem ao encontro do mercado”.

Apesar de ser uma marca de luxo, a empresária entende que oferece produtos acessíveis. “Comparativamente com outras marcas do mesmo segmento, a relação qualidade-preço é razoável, e a Castelbel que oferece alternativas.” Vila-Nova dá um exemplo: quando um difusor acaba, não vai para o lixo, porque podem ser adquiridas recargas.

Além dos Estados Unidos, Espanha, Inglaterra, Alemanha e Austrália são os principais pontos de exportação da marca. A Futura Clássica quer agora fazer de Macau um ponto importante no mapa da empresa portuense.

14 Dez 2016

Oh Mcdonald Farm, horta biológica | “Tudo o que planto dou aos meus amigos”

Em Março deste ano, Lavínia Che quis experimentar algo novo e, no terraço do seu prédio, começou a fazer pequenas plantações e a criar uma horta. Apesar de se tratar de um passatempo, sem fins lucrativos, Lavínia Che gostaria de, um dia, levar o seu projecto às escolas

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma terra onde não há plantas novas a nascer, mas apenas pedaços de cimento, surgiu, em Março, um projecto novo. Lavínia Che decidiu aproveitar o terraço do prédio onde vive e criou uma pequena horta, onde planta sementes que trouxe de vários lugares. A “Oh Mcdonald Farm” existe, para já, sem fins lucrativos, mas a ideia é que venha a servir a comunidade onde se insere.

Ao HM, Lavínia Che contou que tudo começou com uma tradicional canção infantil. “Queria tentar alguma coisa que nunca tivesse feito antes na minha vida. Em Macau temos pouco espaço. Ainda não é um negócio, aquilo que planto dou depois a amigos. O nome veio da canção que todos conhecemos, a canção “Old Macdonald has a farm”, que ouvimos desde crianças, mas talvez a maior parte de nós nunca tenha feito nada disto. E com isto podemos juntar as pessoas para poderem aprender mais, para cultivarem alimentos. Assim as pessoas sabem de onde vem a comida que ingerem. A maior parte das crianças não sabe de onde vêm os alimentos”, contou.

Apesar de ser um projecto individual sem grandes dificuldades, a verdade é que Lavínia Che encontra desafios com o material para criar a sua horta. “Eu e uns amigos tínhamos umas estufas e tínhamos de decidir o que fazer com elas. Tínhamos o espaço e decidimos começar a cultivar. Mas o maior problema que tenho é com a terra, pois tenho de ir a Hong Kong comprá-la. Depois, é muito pesada, pelo que tenho de contratar uma empresa que a traga para Macau. O meu quintal é num sétimo andar, num terraço, e tenho de contratar alguém para me ajudar a trazê-la para casa. É um problema.”

Se a terra para cultivo vem de Hong Kong, as sementes e plantas surgem de vários lugares do mundo, conforme as experiências pessoais de Lavínia. “Tenho manjericão da Tailândia e de Itália, e estou com umas sementes que trouxe da Austrália. Ainda estamos a pensar nas melhores maneiras de cultivar e de colher o que plantamos. Ainda não estamos estáveis nesse sentido. Não temos experiência e, por exemplo, agora temos muitas plantas que não estão boas. O nosso plano é primeiro estabilizar.”

Pensar nas escolas

Apesar de se tratar de um projecto raro, a verdade é que Lavínia Che já conhece algumas pessoas que começam a aproveitar de outra forma os terraços dos seus prédios. “Sei de pessoas que estão a fazer o mesmo, mas não os conheço. Seria interessante mais pessoas investirem neste tipo de agricultura em Macau. No fundo, a produção dos próprios alimentos é o sentido da vida. Na agricultura é isso que nós fazemos. Devíamos pelo menos saber como fazer isso. Com os problemas que o planeta atravessa, é bom ter conhecimentos neste sentido.”

Uma possível ligação às escolas, por forma a ensinar os mais pequenos a perceberem a origem daquilo que comem, é um projecto que Lavínia Che gostaria de ver realizado. “Já pensei nisso. Há uma quinta maior em Coloane e penso que a escola deve considerar levar os alunos para essa quinta. O terraço é parte pertencente a todos os residentes do prédio, mas gostaria de trazer os alunos aqui também, apesar de não ser fácil.”

A venda parece estar, por enquanto, posta de parte, mas a troca de produtos pode também ser uma possibilidade a ter em conta. “Não tinha pensado em vender as plantas, mas tive a ideia de, no caso de conseguir uma colheita diversificada, poder trocar com outros produtos, numa espécie de comércio de troca.”

7 Dez 2016

Le Petit Chef, escola de cozinha | “As crianças gostam de actividades de adultos”

A funcionar numa creche, na Taipa, a “Le Petit Chef” pretende ensinar os mais novos a fazer comida a sério, e a preparar doces e refeições para toda a família. Há muito que Andreea Apostol desejava estabelecer o projecto em Macau, algo que só foi possível em parceria com outro estabelecimento de ensino

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma época em que cada mais se consome comida rápida mas, ao mesmo tempo, se tenta combater o consumo de açúcar em excesso, Andreea Apostol decidiu apostar em algo inovador. Oriunda da Roménia, a chef de cozinha investiu num negócio próprio: ensina os mais pequenos a cozinhar refeições leves, saudáveis e divertidas. A “Le Petit Chef” funciona na creche Ze Ai e tem actualmente 15 alunos, divididos por turmas que vão, no máximo, até aos 12 anos de idade.

Ainda assim, esta escola de culinária está aberta a todas as idades. “Esta escola não é apenas para crianças. Se tivermos adolescentes ou adultos interessados nas nossas aulas também iremos organizar aulas para eles”, contou ao HM Andreea Apostol.

A mentora da escola de cozinha em ponto pequeno conta como tudo começou. “Uma escola de cozinha não é uma ideia nova para mim. Há alguns anos no meu país, a Roménia, tive este tipo de negócio, um clube para crianças que oferecia muitas actividades. Disponibilizávamos aulas de culinária.”

A ideia deste negócio passa também pela mudança de hábitos e promoção de uma melhor forma de comer. “As crianças gostam de cozinhar, porque estamos numa fase de criação de chefs, porque é altura de ignorarmos a comida rápida, porque é bom para toda a gente ter o mínimo de conhecimento sobre cozinha. Eu própria gosto de cozinhar, sou chef de cozinha, gosto de crianças e penso que essa é a combinação perfeita para formar uma escola.”

O problema da renda

Apesar de o projecto estar há muito na sua cabeça, Andreea Apostol não o pôde concretizar de imediato. “Os problemas com as rendas nunca deixaram o meu sonho concretizar-se. Até que um dia recebi uma mensagem de Ellen Ho, gestora da creche Ze Ai, que me perguntou se estava interessada em colaborar com ela na criação de uma escola de culinária. Viu o meu trabalho no Facebook e ela própria tem um negócio de confecção de bolos em casa, intitulado ‘Macau Sweet Ideas’. Deve ter gostado do meu trabalho, daí ter-me convidado para ser professora de culinária na ‘Le Petit Chef’.”

Na página oficial do projecto pode ver-se que as crianças aprendem a fazer de tudo um pouco, desde pequenos queques a sanduíches ou até pratos mais elaborados. No final de um minicurso de cinco dias, a família é convidada a provar tudo aquilo que os seus rebentos prepararam.

“Na última classe os nossos pequenos chefes mostram aos pais tudo o que aprenderam na escola de cozinha e preparam os pratos para eles. Terminamos uma sessão para os mais pequenos sobre fruta, enquanto os pré-adolescentes aprenderam a fazer pequenos-almoços saudáveis.”

Para Andreea Apostol, aprender a cozinhar está longe de ser uma tarefa aborrecida ou antiquada. “As crianças gostam de fazer actividades de adultos, e cozinhar é uma delas. Ensinar as crianças a cozinhar é uma poderosa experiência de aprendizagem e aprender a cozinhar pode ser muito divertido. As crianças vão aprender tudo o que implica a preparação de refeições, vão aprender que a comida simplesmente não acontece do nada”, conclui.

A funcionar na Rua Cidade de Braga, a “Le Petit Chef” funciona apenas aos sábados entre as 9h e as 18h, a pensar numa oferta diferenciada para a ocupação dos tempos livres dos mais novos. A escola começa agora a mostrar o seu trabalho junto da comunidade, já que, este sábado, vão ser vendidas bolachas de gengibre feitas pelos mais novos no primeiro Mercado de Natal realizado no Albergue SCM. Todos os lucros irão reverter para acções de caridade.

Morada

Rua Cidade de Braga n.º 490
Aberta aos sábados, das 9h às 18h

30 Nov 2016

iHome Macau, empresa online de decoração: “Queremos vender produtos de qualidade”

Christy Ieong tirou partido da nacionalidade chinesa para começar a comprar produtos do outro lado da fronteira e montar um negócio que se distingue pelos baixos preços praticados. Juntamente com o namorado, a fundadora da iHome Macau quer tornar a decoração das casas da cidade mais bonita, mas com custos acessíveis

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] iHome Macau recuperou algo que está na memória de todos, do tempo em que o yuan valia bem menos do que a pataca e ir a Zhuhai fazer compras era um passatempo para muitas famílias. A pensar nos tempos modernos, a iHome Macau pegou nessa ideia e colocou-a online: porque não ir buscar produtos ao continente e vendê-los em Macau? Assim começou o projecto.

“Encomendamos os produtos da China e vendemos online para os clientes em Macau. Queremos manter os preços baixos porque vemos que as lojas em Macau vendem produtos muito caros, com uma qualidade muito baixa. Então queremos fazer o contrário: vender produtos de qualidade com preços mais baixos”, contou ao HM Christy Ieong, co-fundadora do projecto.

Christy Ieong, que tem outro trabalho, numa operadora de jogo, acredita que este negócio poderá satisfazer as necessidades daqueles que querem comprar bom, bonito e barato, estando aqui tão perto de um grande mercado como é a China.

“Eu e o meu namorado percebemos que a maioria das lojas não tem bons produtos e que os funcionários não são educados, não atendem os clientes como deveriam atender. O serviço não é bom e os preços são elevadíssimos.”

O arranque oficial deu-se em Setembro e a época natalícia será, sem dúvida, a aposta da iHome Macau para entrar a sério no mercado, ainda que esta seja uma empresa que apenas funciona online. Ieong não tem planos para a abertura de um espaço físico.

“Começámos o negócio no mês passado e já tivemos os nossos primeiros clientes. Para já, temos alguns produtos de Natal e talvez teremos de esperar para que as pessoas comecem a decorar as suas casas, porque até agora ainda não tivemos uma adesão massiva. Gostaria de arrancar com o negócio mais a sério no Natal, com a encomenda de produtos, e se tudo isto se tornar lucrativo gostaria de apostar noutro tipo de produtos para a casa.”

É tudo verdadeiro

O comércio online tem sofrido um verdadeiro boom na China e a verdade é que poucos passam sem as conhecidas plataformas de comércio. Apesar dos problemas que muitas vezes este tipo de vendas acarreta, como os enganos feitos aos clientes em termos de preços e qualidade, Christy Ieong garante que na iHome Macau tudo é verdadeiro.

“Colocamos algumas fotografias no Facebook e depois os clientes encomendam através de mensagens privadas. O cliente só paga quando vir o produto. Todas as fotografias são verdadeiras, o cliente não tem de se preocupar com a falsidade do produto ou com a falta de qualidade.”

Nos próximos meses, a iHome quer tornar-se, tal como o nome indica, numa plataforma online em que todo o tipo de encomendas para a casa será possível, estando disponíveis para todas as carteiras.

“Depois do Natal podemos vender produtos como almofadas, coisas que habitualmente temos nas nossas casas, nas salas de estar ou na cozinha. Muitos dos supermercados e lojas que vendem estes produtos cobram preços elevados e com pouca variedade em termos de cores e formas.”

Um olhar pela página da iHome pela rede social Facebook permite perceber que já há alguns clientes interessados nos produtos. Para já, estão apenas disponíveis todos aqueles produtos que fazem parte do nosso imaginário natalício, como meias do Pai Natal, bolas para decorar a árvore, tapetes e bonecos de decoração. Para os adquirir, basta fazer um comentário ou deixar uma mensagem privada. A iHome Macau garante entregas gratuitas para compras superiores a duas mil patacas, tanto para a península, como para a Taipa. O cliente paga em dinheiro quando recebe aquilo que encomendou.

23 Nov 2016

CriaMacau, projecto de marketing: “Saber comunicar é o pilar de tudo”

Este projecto embrionário nasceu nos corredores da Universidade de Macau e pretende desenvolver no mercado o chamado “marketing de guerrilha” junto de empresas locais. A ideia correu tão bem na prática que poderá continuar fora do meio universitário

 

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á muito que as empresas usam redes sociais como o Facebook, o Youtube ou o Instagram para fazerem publicidade aos seus produtos e serviços, mas a CriaMacau entende que isso já não chega. Para que o público faça a sua opção em prol daquilo que a marca pretende, é preciso inovar. E é aí que a CriaMacau quer trabalhar.

Criado em Setembro, este projecto é uma iniciativa de quatro académicos ligados ao mestrado em Comunicação e Novos Media da Universidade de Macau (UM). Bruna Pickler explicou ao HM como tudo funciona. “A CriaMacau é um espaço onde abordamos o conceito muito pouco falado de marketing de guerrilha. Explicamos as melhores ideias criativas, as que não correram tão bem, a diferença do que se faz em cada parte do mundo.”

Além disso, “é também um canal onde pretendemos criar alguma ligação com o público, daí termos a nossa página aberta a todos aqueles que nos quiserem questionar sobre o tema e ao mesmo tempo disponíveis para ajudar quem pretenda melhorar a sua visibilidade junto do público”, disse ainda Bruna Pickler.

Para a académica, “as marcas precisam de chegar aos consumidores e os canais tradicionais estão sobrecarregados”. “Há cada vez mais uma completa cegueira para os anúncios a que todos estamos habituados. É a pensar nisso que pretendemos compilar as acções mais disruptivas e inspirar todos os que por aqui passam”, acrescentou Bruna.

Ajudar as PME

A CriaMacau foi criada a pensar também nas dificuldades sentidas pelas Pequenas e Médias Empresas (PME) no seu dia-a-dia, já que muitas vezes as dificuldades em pagar uma renda acabam por pôr uma estratégia de marketing em segundo plano.

“Foi com essa intenção que a página foi criada, para descobrir o que os pequenos negócios locais precisam, o que falta para que essas empresas se desenvolvam melhor. Auxiliamos com alternativas criativas. Acreditamos que as acções de baixo custo podem trazer benefícios para qualquer negócio que precise de ampliar resultados. Isto é válido para Macau e para o resto do mundo. Saber comunicar é o pilar de tudo”, defendeu Bruna Pickler.

Depois, o marketing pode ainda chamar a atenção para várias questões sociais. “Percebemos que Macau tem muito foco na indústria do entretenimento e algumas questões sociais ficam de lado. Com o marketing de guerrilha, podemos gerar acções que beneficiam as grandes e pequenas empresas integrando a comunicação com projectos sociais e culturais. E é isso que queremos ensinar aos utilizadores.”

Continuar no mercado

A CriaMacau é apenas um projecto universitário com existência através de uma página na rede social Facebook, mas poderá ser bem mais do que isso. Apesar dos seus membros ainda estarem a avaliar a viabilidade do projecto, há uma forte possibilidade de a CriaMacau se transformar numa empresa a operar no mercado.

“Com o decorrer da página temos percebido que pode ir além do âmbito universitário. Gostamos da pesquisa exploratória, de andar na rua à procura do exemplo mais básico, e por isso, e dependendo do avanço do projecto, será para continuar.”

A gestão de páginas nas redes sociais poderá ser um ponto de partida, sendo que muitos dos que trabalham na CriaMacau já estiveram ligados a empresas estrangeiras. “Alguns dos membros da CriaMacau trabalharam individualmente com projectos de marketing de diferentes empresas de todo o mundo. Este é um projecto muito jovem e ainda estamos à procura de negócios locais em Macau, ou então de gestores que queiram contactar-nos para desenvolverem um projecto de marketing”, concluiu. O projecto da CriaMacau poderá ser conhecido na página www.facebook.com/criamacau.

16 Nov 2016

Mini Education Center: Encaixar o desporto na vida

O Mini Education Center é um estúdio de desporto que aposta em aulas de exercício funcional, um tipo de treino que visa explorar as capacidades básicas pessoais. O criador do projecto, Kid Ng, procura incorporar a nova tendência de exercício físico na vida quotidiana das pessoas de Macau

 

Chama-se exercício funcional e é hoje uma das tendências mais populares no plano de treino físico, mas em Macau a ideia parece ainda não estar a ter muita atenção. Kid Ng, jovem nascido e criado no território, introduziu este recente modelo de treino para Macau com a criação do Mini Education Center, pretendendo disponibilizar aos amantes de desporto – de todas as idades, profissionais ou amadores – cursos de exercício modernos e dinâmicos integrados com exercícios funcionais.

O treino funcional é considerado um método de trabalho mais dinâmico do que os treinos convencionais, caracterizado por conjugar diferentes capacidades físicas num único exercício. Os movimentos no treino trabalham a força muscular, a flexibilidade, o condicionamento cardiorrespiratório, a coordenação motora e o equilíbrio. Assim, o foco passa de um grupo muscular isolado para todo o corpo.

Apesar dos muitos benefícios trazidos pelo treino, há riscos de lesões. “Será melhor contar sempre com a supervisão de um especialista”, explica Kid Ng, referindo que o centro prefere oferecer treinos com turmas pequenas, constituídas, no máximo, por dez alunos, de modo a assegurar a comunicação e a supervisão. “Damos prioridade à qualidade, em vez da quantidade,” diz. “Guiamos os participantes para que sintam a alegria de fazer exercício e assim entenderem, nesta sociedade ocupada, a importância e os benefícios que os exercícios podem trazer, deixando-os coexistir com a vida.”

Kid Ng investiu na decoração do centro, para que esteja em consonância com a filosofia do tipo de treino que ali se disponibiliza. Quando se entra no espaço, nota-se logo que a concepção do local pretende criar a atmosfera de “exercício incorporado com a vida”, diferente dos ginásios ou estúdios de exercício mais comuns. A zona de serviço, junto à entrada, está equipada com um bar, uma televisão, dardos e bebidas, para que os clientes possam ouvir música ligeira, enquanto conversam com os amigos ou trocam dicas e experiências com outros amantes de desporto.

Pagar para suar

Kid Ng acredita que em Macau uma consciência social cada vez maior em relação aos benefícios do exercício: as pessoas procuram formas de diversão mais saudáveis, mas ainda se notam bastantes reticências em relação ao pagamento de aulas deste género.

“Provavelmente deve-se às medidas desportivas ou medidas de aprendizagem oferecidas pelo Governo, que fazem com que os eventos desportivos ou arrendamento das instalações desportivas sejam gratuitos ou a preços muito baixos, o que faz com que as pessoas não queiram pagar para fazer exercício”, refere. Para tentar dar a volta a este problema, o responsável pelo centro pediu a integração dos cursos no Programa de Aperfeiçoamento Contínuo dos Serviços de Educação e Juventude, para que os residentes possam utilizar o subsídio dado pelo Governo.

Além das turmas pequenas, o centro também oferece a possibilidade de se fazerem turmas em cooperação com companhias e organizações, para que os trabalhadores possam, através do exercício, procurar combater o stress. Kid Ng explica que esta modalidade é já uma alternativa às empresas que querem enriquecer o pacote de benefícios dos seus empregados.

Além disso, o Mini Education Center disponibiliza treino gratuito para os atletas profissionais locais, por considerar que, em Macau, são poucos os recursos dados a quem faz desporto de competição. Kid Ng espera poder, deste modo, contribuir para o desenvolvimento do desporto local.

 

Mini Education Center

Rua de Francisco António N. 167, Edf. Tak Yip, R/C D, Macau

 

9 Nov 2016

Putajanai, loja de bolos alemães: “Vinte camadas de dedicação”

Foi no Japão que o patrão da Putajanai se inspirou para trazer até Macau a primeira confeitaria exclusivamente dedicada à confecção da variedade do bolo assado alemão baumkuchen. Com preços entre as 18 e as 20 patacas a responsável da loja espera que cada vez mais clientes conheçam um produto único na RAEM, mas já bastante conhecido nas regiões vizinhas

[dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]aumkuchen é uma variedade alemã de bolo assado no espeto que nasceu em 1807, e que actualmente é muito popular no Japão.

O baumkuchen é feito aplicando-se camadas finas e homogéneas de massa de pão-de-ló. Cada camada deve dourar antes que uma nova seja acrescentada. Quando o bolo é removido e fatiado, cada camada é separada da seguinte por uma linha dourada, assemelhando-se aos anéis de crescimento de um tronco de árvore seccionado. Um baumkuchen típico é composto de 15 a 20 camadas de massa.

Laura Ng, responsável da loja, garantiu que se alguma vez visitou o Japão, certamente já ouviu este nome. “Os nossos baumkuchen são assados repetidamente com vinte camadas de bolo e imensa dedicação.” Como a sua aparência é muito parecida com moedas, os japoneses vêem-no como uma representação de sorte, de riqueza, e possui também o significado de votos de perfeição. “Somos a primeira confeitaria que trouxe este conceito de produtos para Macau, juntamente com os seus bons votos,” admitindo que antes da abertura da loja, nunca viu nenhum estabelecimento a vender este tipo de produto.

Não é pastel de nata

Alguns tipos de baumkuchen da PUTAJANAI são enchidos com creme ou geleias, tornando os bolos muitos parecidos com os pastéis de nata. Para evitar que os clientes se confundam com este símbolo de Macau, o patrão decidiu dar o nome de “PUTAJANAI 不是葡撻” à loja, cujo nome em chinês significa literalmente “não é pastel de nata”, enquanto o nome em língua estrangeira é  a transliteração de japonês com o mesmo significado.

Como os chineses também são relativamente supersticiosos e gostam da cultura tradicional, a responsável espera que com o significado auspicioso o bolo vá ganhando fama gradualmente.

Foi numa viagem ao Japão que o dono da loja, que pessoalmente também adora cultura tradicional japonesa, se inspirou para criar a loja. As influências nipónicas estão à vista. O design do interior é decorado com muito elementos japoneses, mas também foi adicionando o seu próprio estilo. “A nossa porta é porta deslizante de estilo japonês, mas é feita de vidro em vez da madeira tradicional. Embora o interior seja de tom escuro de estilo japonês, o mobiliário como os armários que usamos são modernos.”

Os trabalhadores da loja aprenderam a fazer o bolo no Japão e as máquinas que utilizam são importadas do país.

Entretanto, admitiu, que como esta sobremesa ainda é relativamente nova para as pessoas de Macau, embora em Hong Kong, no Japão e em Taiwan conheçam muito bem este tipo de bolo, em Macau o reconhecimento ainda é limitado. “Se calhar por causa disso, temos reparado que muita gente não se atreve a comprar. Portanto tentamos divulgar os nossos produtos e o seu contexto aproveitando as promoções online e dentro da loja também deixamos as pessoas provar.”

Uma pedaço pequeno custa entre 18 e 22 patacas e uma fatia maior cerca de 80 patacas. A responsável garantiu que o preço é relativamente baixo quando comparado com regiões vizinhas como o Japão e Hong Kong, mas para os clientes que não conhecem o produto é possível que os considerem caros.

Orientação clara

Laura Ng admitiu que para as confeitarias de Macau é difícil dedicarem-se a um único produto. “Abrir uma confeitaria aqui em Macau é fácil, o que é difícil é dar a conhecer aos clientes as técnicas profissionais e únicas para fazer as sobremesas e a singularidade dos produtos. Quando se fazem as sobremesas, não se pode querer fazer todos os tipos, na minha opinião é mais importante fazer bem um produto, e depois gradualmente acrescentar outros novos.”

Laura Ng não teve muitas dificuldades com o valor da renda, mas admitiu problemas em encontrar mão-de-obra, sobretudo de pessoas experientes e que se dedicam a um tipo específico de bolo. “Portanto, gastamos sempre bastante tempo para formar os nossos funcionários.”

PUTAJANAI

Travessa do Matadouro, nº6 – Macau

26 Out 2016