João Santos Filipe Manchete SociedadeJP Morgan | Outubro com as receitas mais altas em seis anos Embora o crescimento das receitas de jogo na Semana Dourada esteja abaixo das expectativas iniciais, o banco de investimento acredita que a cifra de 23 mil milhões de patacas vai ser atingida Em Outubro, as receitas dos casinos deverão atingir 23 mil milhões de patacas, o valor mais alto desde o mesmo mês de 2019. As estimativas foram feitas pelo banco de investimento JP Morgan, tendo em conta as receitas da principal indústria de Macau nos primeiros dias da Semana Dourada. De acordo com o relatório do JP Morgan, citado pelo portal GGR Asia, as receitas brutas do jogo atingiram 5,5 mil milhões de patacas nos primeiros cinco dias do mês, o que representou uma média diária de 1,1 mil milhões de patacas. “Foi a melhor Semana Dourada em mais de cinco anos”, pode ler-se no relatório citado, que vem assinado pelos analistas DS Kim, Selina Li e Lindsey Qian. Apesar deste aspecto, os analistas reconhecem que os números ficaram um pouco abaixo das expectativas iniciais para este mês: “o crescimento anual parece relativamente moderado, com um aumento de 3 por cento em relação à base (muito) elevada do ano passado, ficando alguns pontos abaixo das nossas expectativas e das expectativas do mercado, que apontavam para um crescimento médio de um dígito”, foi justificado. O crescimento das receitas abaixo das expectativas não é encarado como preocupante para a JP Morgan, porque a semana dourada de 2025 tem mais um dia de feriado do que a semana dourada do ano passado. Por isso, os analistas acreditam que a procura vai continuar forte na segunda semana de Outubro. Expectativas mantidas Os analistas acreditam que a procura vai continuar forte na segunda semana de Outubro, com as receitas diárias a atingirem 750 milhões de patacas, um crescimento de cerca de 15 por cento face ao ano passado. Na segunda semana de Outubro, é assim esperada uma quebra de 30 por cento em comparação com a primeira semana. Esta redução é mais ligeira do que aconteceu no ano passado, quando a quebra das receitas da primeira para a segunda semana chegou aos 40 por cento. “A nossa projecção para o mês permanece inalterada por enquanto, com as receitas brutas do jogo a atingirem 23 mil milhões de patacas, o valor mais elevado em seis anos, crescendo entre 11 por cento e 13 por cento em relação ao ano anterior”, foi indicado. Os analistas do banco afirmaram também esperar que a tendência de crescimento dure até ao próximo ano, com “um crescimento sustentado de dois dígitos das receitas brutas do jogo até, pelo menos, ao primeiro trimestre de 2026”.
Hoje Macau Manchete SociedadePorto / Kevin Ho | Emitido alvará de construção para “Torre do JN” A Câmara do Porto emitiu a 30 de Janeiro um alvará de construção para dar início à obra da adaptação da torre do Jornal de Notícias (JN) em hotel, respondeu a autarquia à Lusa, mas as obras ainda não avançaram. De acordo com o município, o alvará, emitido no início do ano, serve para “obras de demolição, ampliação e alteração para adequar a preexistência a hotel”. O edifício foi vendido em 2018 pela Global Media à sociedade Authentic Empathy. Desde 2020, pertence apenas a uma das sociedades que a constituíam, a Magnetic Pocket, gerida pelos empresários de Macau Lei Ka Kei e David Siu, gerentes da Burgosublime, cuja empresa-mãe é a sucursal portuguesa da KNJ, de Kevin Ho, recentemente eleito deputado. O processo da transformação da torre já tem uma década e remonta a 2015, quando deu entrada nos serviços de urbanismo do município um Pedido de Informação Prévia (PIP) para reconverter aquele espaço numa unidade hoteleira com mais de 200 quartos, processo esse que obteve um despacho favorável em Março de 2016 e que “foi sucessivamente revalidado”. O projecto de arquitectura do futuro “Hotel Jornal” foi entregue ao colectivo Oporto Office for Design and Architecture (OODA). De acordo com o ‘site’ do atelier de arquitectura, o painel de azulejos na fachada da torre, da autoria do escultor Charters de Almeida, será mantido e vai ser demolida uma parte do edifício que fica junto à Estação da Trindade. Os jornalistas saíram deste espaço em Julho de 2023. Os trabalhadores do JN e do desportivo O Jogo mudaram-se para um edifício na Rua do Monte dos Burgos, na Prelada, e os da TSF para um espaço na Boavista. A torre, da autoria do arquitecto Márcio Freitas, foi a terceira redacção dos trabalhadores daquele jornal, que se mudaram para estas instalações em 1970.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGastronomia | Estudo fala na “subvalorização” do restaurante Fernando Em “Restaurante Fernando: Um Estudo de Caso sobre Autenticidade Culinária e Património Cultural”, José Ferreira Pinto, docente da Universidade Cidade de Macau, chama a atenção para uma “subvalorização”, por parte das autoridades, do valor cultural do restaurante, destacando a manutenção da identidade do espaço José Ferreira Pinto, docente na área do turismo da Universidade Cidade de Macau (UCM), acaba de publicar um estudo de caso sobre o Restaurante Fernando na plataforma académica CABI Digital Library, intitulado “Restaurante Fernando: Um Estudo de Caso sobre Autenticidade Culinária e Património Cultural”, alertando para a falta de reconhecimento cultural deste espaço por parte das autoridades. “Para os decisores políticos e programadores de destinos, o [restaurante] Fernando representa um activo subutilizado”, tendo em conta que é um “activo que contribui para a identidade global de Macau e proporciona um modelo de turismo sustentável”. É ainda explicado que “apesar do estatuto icónico entre os habitantes locais e visitantes internacionais, o Restaurante Fernando não foi formalmente reconhecido pelas instituições oficiais de turismo ou cultura como um dos principais expoentes da marca de destino de Macau”, mas a verdade é que tem “uma influência inegável” nestes campos. “Há casos documentados de viajantes que voam para Macau apenas para jantar no Fernando antes de regressarem aos seus países de origem, uma prova da sua atracção magnética e valor simbólico”, é acrescentado. Desta forma, “reconhecer e apoiar estas instituições poderia melhorar as estratégias de ‘branding’ dos destinos e promover ligações mais profundas entre os visitantes e o local”, é referido. No mesmo estudo de caso, destinado a estudantes universitários e operadores do sector, refere-se que “o Restaurante Fernando é um exemplo convincente de como a autenticidade, quando cultivada de forma cuidada e consistente, pode transcender tendências comerciais e tornar-se numa instituição cultural”. O Fernando existe desde 1986 em Coloane, junto à Praia de Hac-Sá, sendo desde então um ponto de passagem quase obrigatório para muitos turistas e residentes. Este estudo foi realizado com base “numa combinação de observação etnográfica, conversas qualitativas e evidências documentais”, sendo que em 15 meses foram feitas mais de 20 visitas ao restaurante “para interagir com funcionários, clientes, o proprietário do restaurante e o gerente do restaurante”. Através de “conversas informais, mas sistemáticas”, abordaram-se temas como as “percepções sobre autenticidade, fidelidade do cliente e pressões comerciais”. Resistir às crises Outro ponto destacado neste estudo de caso é o facto de o restaurante ter resistido a várias crises ao longo da sua existência. “A perseverança do [restaurante] Fernando durante crises económicas, pandemias e mudanças na dinâmica do turismo oferece uma poderosa lição de resiliência. A sua recusa em comprometer a identidade do restaurante em favor da modernização preservou um espaço que parece intemporal e emocionalmente fundamentado.” Assim, o autor considera que a manutenção do restaurante tradicional “desafia a lógica dominante da inovação constante na hotelaria e no turismo, sugerindo que a consistência e a fidelidade cultural podem ser igualmente, se não mais, valiosas”. No tocante ao futuro deste espaço gastronómico bastante conhecido, são deixadas perguntas a que só o próprio Fernando poderá responder: “Deve continuar a resistir à modernização em favor da preservação do espírito original, ou adaptar-se às novas tendências da hotelaria e formalizar a sua marca para atrair públicos mais jovens e mercados internacionais?”
João Santos Filipe Manchete PolíticaSuicídio | Administração deixa de publicar dados Após, em 2024, o número de suicídios ter atingido o valor mais elevado desde que há registos, os Serviços de Saúde estão desde o segundo trimestre do ano sem apresentar dados sobre o fenómeno. A TDM avança que houve pelo menos 40 suicídios entre Abril e Outubro, mas o número real deve ser superior ao contabilizado Os Serviços de Saúde (SS) deixaram de publicar dados sobre o número de suicídios, uma estatística que costumava ser divulgada trimestralmente. A sonegação dos dados surge depois de em 2024 o valor de suicídios ter sido o mais elevado de sempre no território. Além de não terem publicado os dados do segundo trimestre, que tendo como referência o ano anterior deveriam ter sido publicados em Agosto, os SS também terão ignorados vários pedidos feitos pelo Canal Macau sobre a compilação desta estatística. A emissora pública revela que desde Abril apresentou vários pedidos junto dos SS para perceber os motivos do atraso da divulgação dos dados, mas há meses que é ignorada pelo organismo liderado por Alvis Lo. A nova tendência para lidar com as estatísticas de saúde aconteceu também poucos meses depois de Sam Hou Fai ter assumido o cargo de Chefe do Executivo. Esta é uma postura totalmente diferente da adoptada pelos seus antecessores, quando os números eram considerados informação pública. No primeiro trimestre do ano, foram divulgados 18 casos de suicídio, o que aparentava indicar uma redução de quatro ocorrências em relação ao período entre Janeiro e Março de 2024. Nesse ano registou-se um total de 90 suicídios, o maior registo desde 2003. No entanto, desde 2021 que se assistia a um crescimento sucessivo do número anual de suicídios, sem que a tendência se invertesse, apesar de as autoridades prometerem regularmente estar a prestar atenção à situação. Cerca de 40 mortes Face à ausência de estatística, o Canal Macau recorreu às mensagens partilhadas pela Polícia Judiciária para tentar calcular o número de suicídios. As mensagens da PJ apresentam desafios na recolha de informações porque muitas vezes classificam os casos simplesmente como “descoberta de cadáver” sem indícios suspeitos de crime, o que nem sempre permite fazer a distinção entre suicídio ou uma morte ligada às condições de saúde da vítima. Apesar destes desafios, o Canal Macau contabilizou as mensagens em que ficou claro que as mortes se deveram a casos de suicídio e indica que desde Abril até Outubro houve pelo menos 40 pessoas a colocar fim à vida. Todavia, o número real deverá ser mais elevado. As idades das vítimas não foram apuradas pela emissora, porque a PJ deixou de divulgar as idades, utilizando, ao invés descrições genéricas, como meia idade, um termo que pode abranger pessoas com mais de 30 anos e até aos 65 anos. Ainda assim, a TDM adianta que a maioria das vítimas era de “meia idade”. Registaram-se 10 casos com jovens e um caso com uma menor. Entre as vítimas de suicídio, também surgem alguns casos de idosos. Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCCAC | Subcomissário suspeito de abuso de poder O suspeito terá utilizado o posto de trabalho para atravessar centenas de vezes a fronteira com a família, quando não estava a trabalhar, através de um canal interno destinado aos funcionários Um subcomissário do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) está a ser investigado pela prática do crime de abuso de poder. Em causa, está o facto de o agente ter utilizado os seus poderes para atravessar a fronteira, muitas vezes acompanhado da família, pelos canais internos dos trabalhadores, de forma a evitar as complicações dos canais normais para residentes e turistas. A informação foi divulgada na sexta-feira pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que aponta que o subcomissário é “suspeito de ter abusado do seu poder, por várias vezes” de forma a “entrar com a sua família em Macau através do posto de migração que estava sob o seu comando”. Além de utilizar com a família os canais internos para os funcionários, o CCAC indica que o subcomissário também exigia “aos seus subordinados para tratarem das formalidades de passagem nas fronteiras, por forma a contornar os procedimentos normais de controlo aduaneiro no posto fronteiriço”. A situação das passagens ilegais durou cerca de quatro anos, entre 2020 e 2024, com o subcomissário a ter “aproveitado o seu cartão de identificação policial para aceder ao canal interno destinado aos funcionários na zona interdita, onde foram procedidas as formalidades respeitantes à passagem fronteiriça”. “Além disso, aquando da entrada na RAEM, evitava passar pela zona de inspecção aduaneira, ignorando as formalidades de inspecção aduaneira, as medidas de controlo de migração e a ordem da passagem fronteiriça da RAEM”, foi revelado. Caso no Ministério Público “O referido subcomissário é suspeito da prática do crime de abuso de poder previsto e punido pelo Código Penal, tendo o caso sido encaminhado para o Ministério Público e comunicado ao CPSP”, foi divulgado. O crime de abuso de poder está previsto no artigo 347.º do Código Penal e prevê uma pena de prisão de três anos, que também pode ser de multa. É um crime que implica mostrar que o agente teve benefício com a conduta ou que causou danos. Com a nota de imprensa em que revelou o caso, o CCAC apelou aos agentes para serem rigorosos e não terem quaisquer expectativas de poderem violar a lei sem serem apanhados. “O CCAC reitera que os trabalhadores da função pública, particularmente os agentes da autoridade, devem ser mais rigorosos na sua auto-disciplina e não devem desafiar a lei, na esperança de não serem apanhados”, foi comunicado.
Hoje Macau Manchete SociedadeMetro | Novo recorde de passageiros em Setembro No mês passado, registou-se uma média diária de 30.600 passageiros a utilizar o Metro Ligeiro de Macau. É o valor mais elevado desde que os bilhetes começaram a ser pagos. Na comparação com Setembro do ano passado, o número de passageiros mais do que duplicou O Metro Ligeiro de Macau registou, em média, cerca de 30.600 passageiros por dia em Setembro, o número mais elevado desde que o meio de transporte começou a cobrar tarifas, disse na sexta-feira a operadora. De acordo com dados oficiais, a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, a média de passageiros aumentou 10,9 por cento, em comparação com Agosto, e mais que duplicou em relação ao mesmo mês de 2024. O metro ligeiro foi inaugurado a 10 de Dezembro de 2019 e esse mês continua a deter o recorde, com uma média diária de 33 mil passageiros. Nessa altura, as viagens foram gratuitas como forma de festejar o início das operações deste meio de transporte. Em Fevereiro de 2020, com o início da cobrança de tarifas e a detecção dos primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus em Macau, a média diária de passageiros caiu para 1.100. O metro ligeiro voltaria a registar este valor mínimo em Julho de 2022, mês em que a cidade esteve em confinamento durante duas semanas devido a um surto de covid-19. Ligação à Montanha Em Dezembro, começou a operar a extensão do metro ligeiro de superfície que liga Macau à vizinha Ilha da Montanha, com 2,2 quilómetros. Um mês antes, foi inaugurada a linha que vai até Seac Pai Van, um bairro de Coloane onde o governo construiu 60 mil apartamentos de habitação pública. O metro ligeiro arrancou com apenas uma linha, que circulava só na ilha da Taipa, com uma extensão de 9,3 quilómetros e 11 estações, com uma frequência de 10 a 15 minutos, durante quase 17 horas diárias. A ligação do metro até à Barra, no sul da península de Macau, através do piso inferior da ponte Sai Van, começou a operar em Dezembro de 2023. Com a extensão do metro ligeiro, as autoridades prevêem que o volume de passageiros atinja 137 mil pessoas por dia, em 2030. O Governo lançou no final de 2022 os concursos para a concepção e construção da Linha Leste do metro ligeiro, que fará a ligação ao norte da península de Macau, onde se situa a principal fronteira com a China continental. Na quarta-feira, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam Vai Man, afirmou que o Governo está a planear a extensão do Metro Ligeiro com a construção da Linha Oeste, que vai passar pelo Porto Interior. Este bairro é regularmente afectado por inundações. Sobre este aspecto, Raymond Tam sublinhou que “é necessário considerar e proceder a um planeamento e estudo de uma série de factores que integram infra-estruturas de prevenção de inundações, arruamentos periféricos, ordenamento e paisagismo”. O metro ligeiro sofreu significativas derrapagens financeiras, bem como nos prazos de execução. A primeira linha, prometida durante mais de uma década, custou 10,2 mil milhões de patacas.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMatmo | Quarto tufão em cinco semanas causou um ferido O sinal número 8 de tufão esteve içado durante cerca de 11 horas, entre as 02h e as 13h de ontem. Além de um ferido, a queda de um andaime de bambu do Edifício Dª. Julieta Nobre de Carvalho levou a que várias estradas fossem encerradas O tufão Matmo passou a mais de 300 quilómetros de Macau, mas causou um ferido e a queda de um andaime no Toi San obrigou a que algumas vias públicas tivessem de ser encerradas. Estas foram duas das nove ocorrências registadas pelo Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) durante aquele que foi o quarto tufão a afectar o território em cinco semanas e que levou a que o sinal número 8 de tufões estivesse içado durante cerca de 11 horas, entre as 02h e as 13h. Os pormenores sobre os ferimentos causados a um cidadão não foram revelados, mas a ocorrência foi declarada ao COPC pelos Serviços de Saúde e pelo Hospital Kiang Wu, onde a pessoa terá sido tratada. A passagem do tufão ficou igualmente marcada pela queda de um andaime de bambu na fachada do Edifício Dª. Julieta Nobre de Carvalho. A ocorrência fez com que o viaduto em frente desse prédio tivesse de ser encerrado temporariamente. Como consequência foram igualmente encerrados de forma temporária um troço da Rua Nova de Toi San, a ligação do cruzamento entre a Avenida de Artur Tamagnini Barbosa e a Avenida do Conselheiro Borja, até ao cruzamento entre a Avenida de Artur Tamagnini Barbosa e a Rua de Lei Pou Chon. Entre as estradas encerradas, encontrava-se também o troço do cruzamento entre a Avenida de Artur Tamagnini Barbosa e a Rua Central De Toi San até ao cruzamento entre o Istmo de Ferreira do Amaral e a Rua Central De Toi San. A queda do andaime foi incluída nos dados oficiais sobre as ocorrências durante o tufão, com as autoridades a registarem um total de três casos de remoção de andaimes ou objectos em estaleiros caídos, ou que ameaçavam cair, para as vias públicas. No entanto, o maior número de ocorrências esteve relacionado com a remoção de reboco, reclames, janelas, toldos ou outros objectos em risco de queda, com sete ocorrências. Registaram-se também três casos de remoção de construções, candeeiros ou árvores em risco de queda ou derrubadas. A passagem do Matmo levou ainda a que nove pessoas tivessem de recorrer aos centros de acolhimento de emergência disponibilizado pelo Instituto de Acção Social (IAS). Nunca visto O mais recente tufão a afectar o território ficou igualmente marcado por uma estreia. Pela primeira vez desde que foi inaugurada a Ponte Macau manteve-se aberta ao trânsito, apesar do sinal número 8 de tufão estar içado. O anúncio de que o tabuleiro central da ponte ia permanecer aberto com o sinal número 8 de tufão foi divulgado na sexta-feira, através do Boletim Oficial. A velocidade da travessia em caso de tufão está limitada a 60 quilómetros por horas. Com esta infra-estrutura aberta ao trânsito, os condutores passam a ter mais uma alternativa para circularem entre Macau e a Taipa em caso de tufão. Além da Ponte Macau, é igualmente possível circular no tabuleiro inferior da Ponte Sai Van. Em relação aos transportes, a Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) revelou que 51 voos foram afectados pelo tufão, com 18 a serem cancelados, 26 a registarem atrasos e sete a sofrerem alterações nos horários. Explicações e registos Com o sinal número 8 de tufão a ser substituído, as autoridades emitiram um comunicado a justificar que a distância não é o único motivo tido em conta quando se içam os sinais mais elevados. “Em termos gerais, os ventos mais intensos verificam-se nas proximidades do centro de uma tempestade tropical. Assim, quanto mais perto do centro, maior a probabilidade de se registarem ventos fortes (equivalentes a um sinal 8) ou ainda mais intensos”, foi explicado. “Contudo, na realidade, a intensidade do vento gerada por uma tempestade tropical é influenciada por diversos factores, incluindo a estrutura da circulação, a interacção entre sistemas meteorológicos e as diferenças na direcção do vento”, foi acrescentado. Sobre o Matmo, foi indicado que a “ampla extensão dos ventos fortes foi suficiente para afectar a região” e que as “rajadas intensas associadas às bandas de chuva resultaram em ventos que, durante o período do sinal 8, continuaram a atingir ou a ultrapassar o nível 8 em áreas abertas e nas pontes”. “Deste modo, a distância não pode ser o único critério a ser considerado para determinar a necessidade de emitir sinais de tufão”, foi frisado. Os SMG informaram ainda que esta foi a 12.ª tempestade tropical a afectar Macau este ano, um registo que só encontra paralelo em 1974. Estas tempestades fizeram com que o sinal número 8 fosse içado pela quarta vez no mesmo ano, o que só tinha acontecido em 1993, 2008 e 2022. Cheias desmentidas Ontem, circularam nas redes sociais imagens de cheias na zona do Patane. Contudo, as autoridades emitiram um comunicado a indicar que as imagens foram captadas durante o tufão Ragasa, que passou por Macau no mês passado. “Em relação a um vídeo online que alega graves inundações na zona de Patane, o CPSP confirmou no local que não há inundações neste momento. O referido vídeo foi filmado durante a passagem da tempestade tropical Ragasa, que atingiu Macau recentemente. O COPC apela ao público a evitar criar e espalhar rumores, uma vez que tais actos podem constituir crime”, foi apelado. “O COPC está a monitorizar de forma contínua a situação da cidade e esclarece que foram verificadas pequenas inundações na zona do Porto Interior esta manhã, que já recuaram”, foi adicionado.
Hoje Macau Manchete PolíticaComerciantes alertam para consequências do fecho de casinos-satélite Empresários disseram à Lusa que o encerramento dos casinos-satélite ameaça a sobrevivência de sectores económicos que deles dependem, como as casas de penhores e o comércio de luxo. As ruas das zonas ZAPE e NAPE, outrora animadas por jogadores, estão a ficar desertas. “As casas de penhores nestas áreas vão simplesmente fechar ou mudar-se. Não vejo outra solução”, disse à Lusa o presidente da Associação Geral dos Penhoristas de Macau, Alexander Wai Kai Leung. Está previsto que, pelo menos, nove dos 11 casinos satélite da cidade cessem operações até 31 de Dezembro, prazo final de um período de carência de três anos concedido para acordos entre os operadores dos espaços de jogo e os concessionários sob os quais funcionavam. Entre os casinos-satélite localizados nas áreas da ZAPE e NAPE contam-se o Casa Real, o Fortuna, o Kam Pek, o Landmark, o Legend Palace e o Waldo. A Lusa tentou contactar os hotéis que albergam estes espaços, mas nenhum dos seus colaboradores soube indicar qual será o futuro do local após o encerramento. O Grand Emperor serve de exemplo: o casino fechou há três anos e as instalações permanecem vazias até hoje. “Se os casinos fecharem, o impacto para nós é significativo. O nosso sustento depende dos jogadores”, salientou Leung, expressando ainda a esperança de que os casinos-satélite permaneçam abertos. Carta de intenções A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) disse à Lusa que “pretende atrair visitantes” para a área da ZAPE para apoiar o comércio local. Entre as medidas para o fazer incluem-se a realização de eventos, o melhoramento da paisagem urbana e a oferta de pacotes especiais dirigidos aos espetadores de concertos, que incluam ‘vouchers’ de compras e bilhetes para museus. Empresários como Leong mantêm-se, não obstante, cépticos. O presidente da associação das casas de penhores questiona estas medidas, considerando-as mesmo inúteis para as casas de penhores. “A nossa indústria depende dos jogadores como seus principais clientes. Podem atrair pessoas para jantar na rua, mas não vejo como é que isso nos beneficia”, disse, acrescentando que sente que o sector tem sido “marginalizado pelas autoridades, que consideram o negócio de ‘alto risco’ para branqueamento de capitais”. De acordo com a associação, existem cerca de 25 casas de penhores na área da ZAPE e NAPE. A ameaça estende-se para além das casas de penhores. Montras de lojas como a do Grupo In Vo Chong exibem barbatanas de tubarão, ‘whisky premium’ e Moutai, cativando uma clientela abastada. O proprietário, Lok Chi Lai, secretário-geral adjunto da Associação dos Comerciantes de Ninhos de Andorinha de Hong Kong e Macau, reconhece os esforços do Governo para aumentar a afluência de outras pessoas que não os frequentadores dos espaços de jogos. Porém, disse à Lusa, estas iniciativas “não conseguem atrair clientes de alta gama para consumir”, apenas atraem “jovens para tirar fotografias”, esclarecendo que existem mais de 40 estabelecimentos deste género nas duas áreas da cidade. “Quem vem para jogar está disposto a comprar bens de luxo a preços mais elevados para oferecer. Sem estes clientes, o futuro não parece assim tão risonho”, disse Lok. Por outro lado, acrescentou, promover oferta hoteleira situada na ZAPE e na NAPE também é ineficaz porque “os hotéis aqui são antigos (…), e os clientes de alta gama preferem ficar nos hotéis de cinco estrelas em Cotai”.
Hoje Macau Manchete PolíticaAMCM | Reguladores de Macau e Cabo Verde reforçam cooperação O novo acordo foi assinado na quinta-feira e anunciado no dia seguinte. A assinatura decorreu durante a 12.º edição do Encontro de Governadores dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa, na Cidade da Praia A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) anunciou ter assinado um novo acordo para “aprofundar a cooperação” em matéria na supervisão financeira com o banco central de Cabo Verde. O regulador financeiro disse que o protocolo com o Banco de Cabo Verde abrange o “combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo, a cooperação técnica, a formação de quadros profissionais”. De acordo com um comunicado, o acordo cobre ainda “a supervisão e o intercâmbio relativos a serviços financeiros emergentes, com o objectivo de salvaguardar em conjunto a segurança e a estabilidade dos respectivos sistemas financeiros”. O documento foi assinado na quinta-feira, durante a 12.º edição do Encontro de Governadores dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa, realizado na capital de Cabo Verde, Praia. A reunião, que decorreu à porta fechada incluiu intervenções de governadores e representantes dos bancos centrais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste assim como do Banco Central dos Estados da África Ocidental e do Banco dos Estados da África Central. “Esta iniciativa simboliza um aprofundamento da cooperação e intercâmbio entre as duas instituições no domínio da supervisão financeira,” acrescentou a AMCM. “Este novo acordo foca-se particularmente na colaboração em matéria de supervisão prudencial, estabelecendo um quadro específico para a cooperação entre a AMCM e o Banco de Cabo Verde,” acrescentou o regulador. Desde 1999 A AMCM assinou o primeiro acordo de cooperação e assistência técnica com o Banco de Cabo Verde em 1999. Em Setembro de 2024, durante a segunda Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais e dos Quadros da Área Financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que decorreu em Macau, o regulador financeiro de Macau anunciou que iria actualizar o protocolo com a institução homóloga de Cabo Verde. A AMCM já celebrou acordos de cooperação bilateral com 12 autoridades de supervisão financeira de oito países de língua portuguesa.
João Luz Manchete PolíticaTráfico humano | Governo em “forte oposição” a relatório norte-americano O Governo da RAEM voltou a reagir com repúdio a um relatório do Departamento de Estado da Administração Trump, desta vez sobre tráfico humano. O documento salienta que desde 2021 não houve condenações de traficantes, enquanto o Executivo denuncia preconceitos e “interferência grave e expressa nos assuntos internos da RAEM” “Este ‘relatório’ denegriu a RAEM e contém afirmações difamatórias e arbitrárias relativas aos frutos notáveis obtidos pela RAEM, pelo que o mesmo não tem nenhuma credibilidade. Os EUA têm elaborado, ano após ano, relatórios com informações falsas relativas às questões de tráfico de pessoas, numa tentativa de lançar a confusão na sociedade internacional, constituindo uma interferência grave e expressa nos assuntos internos da RAEM. Por estas razões, as autoridades de segurança repudiam veementemente este “relatório” e demonstram fortemente a sua insatisfação”. Foi desta forma que o Governo de Sam Hou Fai reagiu a mais um relatório elaborado pelo Departamento de Estado norte-americano sobre tráfico humano, publicado na segunda-feira. A forte oposição do Executivo local foi tornada pública na terça-feira ao fim do dia, com o Governo a referir que o documento “está repleto de preconceitos políticos e juízos subjectivos, além de ignorar os factos objectivos”. O facto, evidenciado pelo departamento liderado por Marco Rubio, de que Macau raramente condena suspeitos envolvidos em tráfico humano, ou identifica vítimas, é justificado pelos “esforços conjuntos” do Governo e da sociedade de Macau. “Os crimes relacionados com o tráfico de pessoas têm sempre registado uma baixa percentagem ou uma percentagem quase nula, o que demonstra que Macau é uma das cidades mais seguras do mundo”, realça o Governo. O valor da palavra O organismo que pertence à Administração Trump reconhece que o Governo de Macau “deu alguns passos para combater o tráfico humano, nomeadamente investigando um potencial caso, treinando pessoal e organizando seminários em escolas para aumentar a consciencialização para o tema”. Porém, “os esforços gerais de aplicação da lei contra o tráfico e de protecção às vítimas continuaram inadequados”, é indicado. O relatório destaca também que as autoridades da RAEM consideraram no passado que o consentimento inicial da vítima ou a sua “associação voluntária” com um traficante constituíam provas suficientes para demonstrar que não tinha ocorrido um crime de tráfico”. Essa postura, segundo o Departamento de Estado, faz com que as autoridades tratem os casos de tráfico como outros crimes e enfraquece os esforços de identificação das vítimas. São também realçados relatos de observadores que apontaram a falta de legislação abrangente contra o tráfico na China afectou negativamente a capacidade das autoridades de Macau de conduzir operações conjuntas, algo que provocou um “impacto desproporcional” no combate ao tráfico humano, uma vez que as “vítimas exploradas em Macau eram predominantemente do Interior da China”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPortugal | Sam Hou Fai visita deverá acontecer até Junho do próximo ano O Chefe do Executivo destacou que a visita oficial a Portugal é “bastante importante” para o desenvolvimento de Macau, e que tem esperanças que a deslocação aconteça logo no início de 2026 O Chefe do Executivo prevê realizar a visita oficial a Portugal na primeira metade do próximo ano, depois do adiamento de Setembro. A meta temporal foi traçada na quarta-feira, à margem das cerimónias do 76.º aniversário da implantação da República Popular da China. “Eu tenho comunicado com o Primeiro-Ministro Montenegro, e quando ele veio a Macau disse-lhe que o meu desejo era que a minha primeira visita ao exterior fosse a Portugal”, afirmou Sam Hou Fai, de acordo com o Canal Macau. “Agora estamos a preparar as novas Linhas de Acção Governativa, mas, espero que a visita possa ser realizada no princípio do próximo ano. Só depois é que vamos planear as visitas aos outros países”, acrescentou. As Linhas de Acção Governativa deverão ser apresentadas na Assembleia Legislativa a partir de Novembro, até Dezembro, e constituem o plano de governação para o próximo ano. O Chefe do Executivo destacou ainda a importância da visita para a RAEM, por considerar que é uma forma de promover o desenvolvimento. “[A viagem] é de uma acção bastante importante para o nosso desenvolvimento e estou convicto que se possa realizar no primeiro semestre do próximo ano”, vincou. Visita adiada Inicialmente, a visita oficial de Sam Hou Fai a Portugal, que incluía uma passagem por Espanha, estava agendada para o período entre 16 e 23 de Setembro. Todavia, a poucos dias da deslocação, o Executivo anunciou o adiamento, sem que tivesse sido avançada uma justificação oficial ou uma nova data. “A visita foi adiada e não há ainda data de quando será realizada”, afirmou na altura fonte do Gabinete de Comunicação Social (GCS), citada pela Agência Lusa. No entanto, o jornal Plataforma revelou que o adiamento da deslocação terá estado relacionado com a agenda do Primeiro-Ministro de Portugal. Entre 9 e 12 de Setembro, Luís Montenegro realizou uma visita à China e ao Japão, e o programa do itinerário no país nipónico terá levado as autoridades portuguesas a considerar que seria mais oportuno receber o líder do Governo de Macau noutra ocasião. No entanto, quando se deslocou a Macau, entre 9 e 10 de Setembro, Luís Montenegro foi recebido por Sam Hou Fai, num encontro que decorreu à porta fechada na sede do Governo. Caso a visita não tivesse sido adiada, os dois teriam realizado dois encontros em pouco mais de uma semana.
Hoje Macau Manchete PolíticaAL | André Cheong promete utilizar experiência para maior ligação com Governo O futuro deputado André Cheong prometeu utilizar a sua experiência para implementar uma “interacção benéfica” entre o poder Executivo e o Legislativo. As promessas foram deixadas à margem das celebrações do dia nacional. “Vou utilizar a minha experiência para promover a interacção benéfica entre o Executivo e o Legislativo, contribuindo assim para os trabalhos da Assembleia Legislativa”, afirmou André Cheong. Por outro lado, o ainda secretário afirmou que irá contribuir para o hemiciclo, independentemente de ser nomeado presidente da Assembleia Legislativa: “O presidente da Assembleia da Legislativa vai ser eleito entre os deputados. Qualquer que seja o lugar que vou assumir, vou dar o meu melhor contributo”, destacou. O secretário revelou ainda que com a nomeação para a AL vai deixar a posição no Conselho Executivo, em que é membro e porta-voz, e na comissão de desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada. Administração | Wong vai seguir os objectivos do antecessor Após assumir a pasta da Administração e Justiça, a partir de 16 de Outubro, Wong Sio Chak prometeu seguir as prioridades definidas pelo antecessor, André Cheong. “O secretário André Cheong já definiu claramente as medidas das próximas linhas de acção governativa. Portanto, em primeiro lugar, vou impulsionar estas orientações e metas definidas pelo secretário André Cheong”, afirmou Wong Sio Chak, na quarta-feira, em declarações aos jornalistas. “Entre as prioridades está a reestruturação, com o objectivo de simplificar a Administração. Depois queremos elevar a capacidade dos funcionários públicos. Espero que possam ser lançadas medidas nesse sentido. O aumento da eficiência da Administração também é prioridade para o futuro”, acrescentou. Segurança | Chan Tsz King confiante antes de assumir pasta O Procurador da RAEM e futuro secretário para a Segurança, Chan Tsz King, está confiante nas suas capacidades para assumir a nova posição. “De facto, o Ministério Público e a Segurança têm trabalhos semelhantes. Ambos têm a responsabilidade de assegurar a estabilidade e ordem social. Temos de colaborar e cooperar permanentemente. Os trabalhos destinam-se sempre a assegurar a estabilidade social”, afirmou Chan, citado pelo Canal Macau. “Estou confiante que me vou adaptar e integrar rapidamente na equipa da pasta da Segurança, dados os vários anos de experiência que acumulei no Ministério Público, no Comissariado Contra a Corrupção, bem como na cooperação com os colegas”, acrescentou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaRemodelação | Sam Hou Fai defende mais cooperação com AL O Chefe do Executivo justificou a nomeação do ainda secretário André Cheong como deputado, com a necessidade de implementar “uma maior comunicação” entre o órgão Executivo e Legislativo e “responder às expectativas da sociedade” Sam Hou Fai explicou a nomeação como deputado do ainda secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, com a necessidade de aumentar a comunicação entre o Executivo e a Assembleia Legislativa. As justificações foram apresentadas na quarta-feira, à margem da cerimónia oficial de comemoração do 76.º da implantação da República Popular da China. “Um dos pontos importantes na minha ponderação, foi promover no futuro uma maior cooperação entre o órgão executivo e legislativo, para que também haja uma maior comunicação para responder às expectativas da sociedade”, afirmou Sam, citado pelo Canal Macau. “O órgão legislativo tem a competência de legislar, mas também de inspeccionar e supervisionar o Governo. Ao longo deste ano tenho reparado que todos esperam que os órgãos administrativos e legislativos possam não só cumprir as suas competências, mas também que tenham uma comunicação e cooperação mútua”, acrescentou. De acordo com a remodelação do Governo apresentada no início da semana, a partir de 16 de Outubro, André Cheong vai passar a ser deputado. O seu cargo vai ser ocupado por Wong Sio Chak, que era até agora o secretário para a Segurança. Ao mesmo tempo, Chan Tsz King, Procurador da RAEM, vai passar a liderar a tutela da segurança. Reforço da cooperação Momentos antes das declarações aos jornalistas, Sam Hou Fai tinha abordado as alterações ao nível da nomeação dos deputados no discurso da cerimónia. O líder do Governo afirmou estar a adoptar “uma abordagem inovadora e uma determinação reformista” para “reforçar o exercício […] das funções dos órgãos administrativo, legislativo e judicial” e “aprofundar a sua interacção construtiva, em prol da criação de um ambiente mais favorável às reformas e desenvolvimento de Macau”. O Chefe do Executivo sublinhou ainda que Macau tem um regime político “com predominância do poder executivo”. As declarações fizeram eco do discurso na Assembleia Legislativa, em Maio deste ano, de Xia Baolong, director do Gabinete das Autoridades Centrais para os Assuntos de Hong Kong, que defendeu uma maior cooperação entre a Assembleia Legislativa e a Administração, dada a predominância do poder Executivo. Xia também afirmou na altura que a relação entre o poder Executivo e Legislativo não pode ser entendida da mesma forma que o Ocidente interpreta a separação de poderes.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteLinguística | Publicado estudo baseado numa viagem a Macau no século XIX A académica Anabela Leal de Barros acaba de publicar um estudo linguístico que incide sobre a viagem do padre Miranda e Oliveira, ligado à Congregação da Missão, a Macau em 1825. Com laivos de história, são revelados detalhes sobre o português da época e de Macau. O livro será apresentado no Centro Científico e Cultural de Macau na próxima quarta-feira “Viagem de Lisboa para Macau – 1825” é o título da mais recente obra editada pela Grão-Falar, da autoria da académica da Universidade de Minho Anabela Leal de Barros. O livro faz uma análise crítica e interpretativa ao português da época deixado no manuscrito do pároco José Joaquim de Miranda e Oliveira, sacerdote da Congregação da Missão. Esta documentação está à guarda do Arquivo Distrital de Braga. Porém, a obra não desbrava apenas o português da época, revelando outros detalhes históricos de Macau, da Ásia e de uma viagem marítima. Segundo contou Anabela Leal de Barros ao HM, a obra é “o mais fiel possível à ortografia do manuscrito”, até à data praticamente desconhecido. Neste diário de viagem, o padre Miranda e Oliveira “revela enorme curiosidade diante de todas as novidades e vai partilhando connosco os seus nomes nas línguas do mundo que as baptizaram, começando pela nossa”. É dessa forma que explica situações como “o enjoo marítimo, realidade ainda relativamente desconhecida e fortemente invasiva nas embarcações”, naqueles tempos. O padre nomeou ou definiu “os mangalhões, as toninhas, as caravelas, os feijões-frades, os voadores, as albacoras — toda a sorte de aves e de peixes que ao longo da viagem se admirou, pescou ou provou”, ou ainda os “fenómenos meteorológicos com os nomes locais – cacimba, samatra, tufão”. Há também detalhes sobre os “hábitos culturais como a masca, buio em indonésio; às seges filipinas, os berloches, e à classe dominante dos camisolas, bem como às sômas, embarcações chinesas”. A embarcação partiu de Lisboa em Abril de 1825 e demorou-se nas Filipinas, chegando a Macau a 23 de Outubro. Descreve-se a chegada “à ilha de Caó” e no dia seguinte “ao Colégio de S. José”, a “uma cidade com ‘um magnífico porto de comércio’, situada ‘em uma península assaz agradável’, com ‘boas águas’ e ‘famosos edifícios à europeia'”. Variedades linguísticas Na obra editada pela Grão-Falar há, por exemplo, “histórias ricas como a das Orvalhadas de S. João, do Caldeirão de Frei Junípero ou do hábito de os mareantes gritarem ‘Refresca S. Lourenço!’ para que o vento sopre, sendo esse o significado aqui de ‘refrescar'”. Há também “alusões à própria variedade linguística”, pois “em vários momentos se refere a comunicação com estrangeiros feita em latim, em território indonésio-holandês e filipino-espanhol; o ensino particular do inglês nas Filipinas por membros da Congregação da Missão; o pouco conhecimento e uso do espanhol, mesmo em Manila, e a variação do próprio tagalo, língua em que o sacerdote se preocupa em deixar registada a Ave-Maria”. Antes de chegar a este relato de viagem, Anabela Leal de Barros já andava nos meandros da investigação deste tipo de manuscritos, deparando-se com a história de outro sacerdote, “o maior sinólogo português, Joaquim Afonso Gonçalves, que viajara da mesma casa de Rilhafoles da Congregação da Missão para Macau em 1812”. Segundo a autora, este pároco “dedicou os últimos vinte e nove anos da sua vida à missão de evangelização na China, e em particular à investigação e ensino do chinês no Colégio de S. José em Macau”. Em toda a sua vida, “este transmontano escreveu mais de cinco mil páginas de gramáticas e dicionários em português, latim e chinês, expressamente dedicados aos seus alunos do Colégio, sete impressos na sua tipografia e pelos menos dois manuscritos”. Depois, em 2017, António Lázaro, do Departamento de História da Universidade do Minho, e director do Instituto Confúcio, disponibilizou a Anabela Leal de Barros “uma lista de referências a manuscritos do Arquivo Distrital de Braga sobre Macau e a China”. Iniciou-se, então, uma “viagem” que culminou na edição deste estudo. “Este livro é o primeiro fruto de um projecto meu de edição e estudo de manuscritos inéditos de literatura de viagens cujo objectivo principal é exactamente esse: contribuir para a valorização e consolidação da micro-história dos Descobrimentos e da memória da história, entre os séculos XV-XIX”. Acompanhado em viagem José Joaquim de Miranda e Oliveira demorou cerca de sete meses a chegar a Macau, partindo de Lisboa a 1 de Abril de 1825, e chegando a Oriente a 24 de Outubro do mesmo ano. Partiu no navio Vasco da Gama com mais três padres da congregação: João da França de Castro e Moura, Jerónimo José da Mata e José́ Ferreira da Silva. Segundo Anabela Leal de Barros, “o manuscrito não parece ter sido passado a limpo pelo próprio autor, atendendo ao tipo de variação ortográfica e de gralhas e emendas que apresenta”, tendo sido, provavelmente, “trasladado, para salvaguarda de cópias, por algum membro macaense do Colégio, já que o português de Macau, no século XIX, tinha características compatíveis com certos traços, estranhos num sacerdote chegado de Portugal, ainda que jovem”. Este diário de viagem “termina no próprio dia da chegada a Macau, com a brevíssima apresentação da cidade e do colégio, ficando já clara a perspectiva católica da época diante do culto chinês dos antepassados e sem se deixar de chamar a atenção para os meros cinco mil cristãos no conjunto dos 40 a 50 mil habitantes da cidade”. Hostilidades políticas José Joaquim de Miranda e Oliveira descreve como o bispo de Macau não recebeu a comitiva, o que é “suficiente para nos conduzir ao contexto hostil em que se achavam os lazaristas, defensores do liberalismo, o que levara Joaquim Afonso Gonçalves, poucos anos antes, a refugiar-se nas Filipinas, tendo o colégio ficado desfalcado de dois dos seus mestres”. Além disso, “ao longo da viagem o sacerdote não deixa de narrar todos os momentos em que vai realizando a sua missão diária, com a administração dos sacramentos, a reza de responsos e a celebração de missas, mas sobretudo regista a notável falta de sacerdotes que revelam os povos cristianizados, em particular em Batávia, actual Jacarta, onde a comunidade de origem portuguesa, de mais de um milhar de pessoas, contava apenas com um velho padre”. Nestes relatos revela-se ainda a preocupação de “recordar os primeiros mártires franceses da Congregação na tentativa de evangelização de Madagáscar e de relatar a presença de frades e padres das diversas congregações, de Cabo-Verde às Filipinas, onde estes são reconhecidos como mais importantes para a solidez do domínio espanhol do que o seu exército”. Segundo Anabela Leal de Barros, o relato aludiu também, em Java, “aos luteranos e maometanos, bem como às religiões da China e, em Manila, à perseguição dos cristãos (referindo o ‘jantar’, ou seja, almoço com um chinês cristão, ‘e como tal perseguido’)”. Miranda e Oliveira terá tido “uma conduta muito diplomática e convivial, assegurando o estabelecimento e manutenção de relações cordiais entre as várias ordens e igualmente com os governadores e potências estrangeiras em presença, dos holandeses aos espanhóis, que visitam em todas as paragens”. Um projecto em curso Nestes anos, era uma aventura perigosa viajar de barco, enfrentando-se “os povos antropófagos, a pirataria, as doenças dos embarcadiços e as epidemias”, uma “visão perfeitamente cinematográfica” já descrita n’Os Lusíadas, de Luís de Camões. Quem embarcava nestas viagens também se via só, “individualmente e num pequeno navio pouco mais que uma casca de noz, diante de um mar infindo, durante meses, em tempos nos quais era comum vários passageiros não chegarem ao destino, ou não regressar sequer um navio de uma esquadra completa”. No relato de Miranda e Oliveira “não há grandes novidades” face a relatos anteriores, mas “somos inteirados das principais dificuldades das viagem marítima para a Ásia no século XIX: as pedras existentes ainda antes da Torre de Belém, que causavam não poucos naufrágios; e o enjoo, que merece mesmo definição para os muitos leitores que nunca haviam posto os pés num barco, e a propósito do qual se refere a facécia do capitão aconselhando as senhoras enjoadas a subir à tolda e a trabalhar, por ser o melhor remédio”. Há ainda “o episódio do homem caído ao mar da charrua que os acompanhou em parte da viagem, que não conseguiram salvar — uma morte a que todos estavam tão expostos, como refere o narrador”. Destaca-se também outra potencial peripécia em viagens deste tipo, “o encontro com navios que, não hasteando de imediato qualquer bandeira, ou hasteando-a sem dar confiança de verdadeira, conduziam imediatamente à decisão de acender os morrões e abrir fogo, o que bem traduz a dimensão da pirataria e os receios que impunha”. Essencialmente, “a personagem principal das viagens marítimas era o vento”, o que levou o ainda “jovem sacerdote” a “evocar por duas vezes os versos camonianos da tempestade”. Depois da chegada a Macau, Miranda e Oliveira partiu para o seu posto em Nanquim, “numa viagem comparativamente mais demorada que a primeira, recebido pelos cristãos a custo e secretamente”. “Diante de perseguições” acaba por sucumbir “aos perigos e enfermidades da terra firme, aos 31 anos, longe de todos os seus confrades, logo a 1 de Novembro de 1828, apenas dois anos depois de ter descrito a difícil despedida da sua família espiritual, em Lisboa”. “Tiveram mais longevidade os seus companheiros de viagem, um dos quais viria a ser Bispo de Macau e o outro, de Pequim e do Porto”, destaca Anabela Leal de Barros.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteHui So-ying, protagonista do filme “Ah Ying”: “Representar é ser-se humano” Em 1983, o cinema de Hong Kong, pela lente de Allen Fong, revelou “Ah Ying”, um filme que retrata a vida dura de uma menina que vende peixe no mercado e sonha ser actriz. Essa menina era Hui So-ying e “Ah Ying” inspirou-se na sua vida. O HM conversou com a actriz à margem da “Making Waves – 2ª Mostra do Cinema de Hong Kong”, que decorreu este fim-de-semana em Lisboa Como se envolveu no projecto deste filme? A principal razão pela qual me envolvi neste filme foi porque o meu professor de teatro faleceu. Por isso, senti que precisava de fazer algo para o homenagear, porque foi ele que me ensinou a representar. Então tentei ser actriz. Posteriormente, quando [o realizador] Allen Fong me conheceu, achou a minha história de vida interessante, acabando também por conhecer alguns dos meus familiares. Aí perguntou se eles estavam também interessados em participar no filme, o que levou a que muitos deles acabassem por entrar também no projecto. O filme mostra também o ambiente em que o meu professor vivia, é um retrato de experiências e histórias vividas por mim e pelo meu professor. O filme retrata a vida de Hong Kong naqueles tempos. Como se preparou para a personagem? A beleza deste filme está muito relacionada com as colaborações que se fizeram, nomeadamente na fotografia e nos figurinos. Foram precisas muitas colaborações para criar a beleza que existe no filme. Foi um trabalho árduo assumir a personagem [de Ah Ying], porque a história foi concebida para descrever algumas das minhas experiências passadas, e foi isso que o realizador quis fazer. Mas isso foi difícil para mim, porque havia algumas coisas que não queria enfrentar, mas tive de o fazer. Claro que depois percebi que, no fundo, não era nada, e até me senti aliviada depois de terminar as filmagens. Pensando se a história era uma forma de arte ou a realidade, quando estava a representar, tive de entrar na situação do momento porque, de facto, o episódio [real] já tinha passado, mas tive de voltar a ter certos sentimentos durante a representação. Como actriz, foi um grande teste. “Ah Ying” é considerado um dos grandes filmes da chamada “Nova Vaga” do cinema de Hong Kong. Durante a rondagem, esperava o sucesso do filme? Não pensei nisso, mas em todo o projecto achei que Allen Fong era um realizador muito ousado, porque nunca tinha sido feito um filme deste género em toda a história do cinema de Hong Kong. É uma espécie de “docudrama”, e ele teve a força e coragem para inovar na forma de filmar, o que, para a época, era inédito. Qual foi o grande desafio que enfrentou neste filme? Foi ter de regressar ao meu antigo eu. Havia coisas que não queria enfrentar e tive de as enfrentar novamente, com o mesmo sentimento que tinha naquela altura. Entre 1983 e a actualidade passaram muitos anos. Olhando para trás, qual o significado que este filme teve para si, como pessoa e actriz? Na verdade, depois de ver o filme, vi-o apenas como uma história. Para mim representar é ser-se humano, todos os dias são uma actuação. O filme retrata a vida de Hong Kong nos anos 80 e ganhou uma versão restaurada. O que pensa que este projecto pode trazer a um público mais jovem que veja o filme hoje? Este ano o filme foi exibido várias vezes, e faço sempre a mesma questão, se as pessoas não compreendem o filme ou se acham que ele não consegue ser imersivo o suficiente. Na verdade, tendo em conta a minha experiência, a maioria dos espectadores mais jovens responderam que não é assim, que o filme é bastante real. Não me parece que este filme esteja ultrapassado ou fora de moda só porque os tempos progrediram ou a sociedade mudou. Não acho isso. “Ah Ying” encerrou, em Lisboa, a segunda edição de “Making Waves – Mostra de Cinema de Hong Kong”. Como se sente por ver este filme exibido em Portugal? Achei interessante. Nunca pensei que o filme pudesse ser exibido nesta mostra, não sei se foi pelo facto de haver uma cópia restaurada. Antes desta nova versão era mais difícil exibi-lo. O público pode ver um filme que mostra as relações familiares vividas nos anos 80, e penso que aí o filme pode ser imersivo [na temática], quando aborda conflitos familiares, porque todos têm uma família. Vendo o filme podem questionar-se como é a relação com os seus familiares. Claro que também espero que tenham aprendido mais coisas sobre Hong Kong. Mas, apesar de este filme se passar na década de 80, foca-se muito nas relações familiares e interpessoais. Há algum episódio das filmagens que a tenha marcado? Em todo o filme houve vários momentos, mas aquele que me deixou maiores impressões foi a última cena, da entrevista, em que estava a falar para uma cadeira, mas era como se estivesse a falar com o meu professor. Quando vejo esta cena novamente fico sempre comovida, porque o meu professor já faleceu, mas tudo isso ainda me impressiona bastante.
Hoje Macau Manchete SociedadeDroga | Apreendidos 31 milhões de patacas em canábis A Polícia Judiciária (PJ) anunciou ontem a maior apreensão de canábis de sempre do território, avaliada em mais de 31 milhões de patacas. De acordo com uma conferência de imprensa, os estupefacientes foram apreendidos no domingo, no Aeroporto Internacional de Macau, e a operação levou à detenção de três homens, dois da Malásia e um de Hong Kong. A operação teve como base informação recebida pela PJ sobre a existência de um grupo de traficantes de droga que pretendia entrar com canábis proveniente da Tailândia em Hong Kong, através de Macau. No entanto, para tentar não levantar suspeitas, os indivíduos voaram para Macau a partir da Coreia do Sul. As autoridades esperaram que os três homens aterrassem e que levantassem a bagagem. Os suspeitos actuaram de forma separada, mas quando receberam as respectivas bagagens foram interceptados pela polícia. Na bagagem de dois suspeitos foram encontrados 16 e 40 embalagens com cabeças de canábis, num total de 31 quilos, com um preço de mercado de 31 milhões de patacas. Os dois homens da Malásia admitiram a prática dos factos e afirmaram terem recebido cerca de 19 mil patacas para servirem de mulas. O terceiro homem, que não foi apanhado com droga na bagagem, apesar de ser suspeito de monitorizar os outros dois, recusou colaborar na investigação. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCasa do FC Porto | Sede com ordem de despejo e rendas em dívida A Casa do Futebol Clube do Porto Macau-China está a ser alvo de uma acção de despejo por falta de pagamento de várias rendas. A informação consta num anúncio de despejo do Tribunal Judicial de Base. Recorde-se que, desde Fevereiro, a entidade vinha sofrendo dificuldades financeiras São quase 79 mil patacas de dívidas, quer em rendas em atraso, quer em pedidos de indemnização. A Casa do Futebol Clube do Porto Macau-China está a ser alvo de uma acção de despejo pelo atraso no pagamento de rendas. A informação consta num anúncio do Tribunal Judicial de Base (TJB) publicado na imprensa, e que justifica esta acção de despejo “na falta de pagamento da renda por um período superior a três meses”. Recorde-se que em Fevereiro deste ano a Casa do FC Porto de Macau pediu donativos nas redes sociais para lidar com as despesas associadas às cheias que ocorreram na sede e que levaram ao encerramento da cantina em Janeiro. Já nessa altura, a associação falava em “enormes prejuízos” que colocavam em causa a “capacidade de cumprir com os compromissos financeiros” da entidade. O HM contactou Diana Massada, presidente da associação, que garantiu que irá contestar a acção. “O senhorio deve-nos dinheiro dos prejuízos causados por falhas estruturais da fracção”, adiantou ao HM. A responsável alega que tem sido arrendada “uma fracção sem condições para o fim a que se destinava”, que era a “sede da associação com serviço de cantina”. Patacas e mais patacas No anúncio publicado nos jornais, lê-se que a Casa do Futebol Clube do Porto de Macau-China, situada no número 16 na Travessa de São Domingos, tem agora os prazos legais para contestar a acção de despejo. É exigido o pagamento de 40.815 patacas das rendas não pagas de Fevereiro, Março, Abril e Maio deste ano, bem como o pagamento de indemnização “igual ao montante das rendas referentes aos meses de Fevereiro, Março e Abril de 2025, por o atraso ser superior a 30 dias”, isto num total de 32.508 patacas. É também exigido à associação o pagamento de 5.418 patacas relativo “a metade do montante da renda referente ao mês de Maio de 2025, por o atraso ser, à data da propositura da presente acção, superior a 8, mas inferior a 30 dias”. A Casa do FC Porto deve ainda suportar os custos relativos “às rendas vincendas até ao despejo da ré [Casa do FC Porto] e efectiva restituição do locado aos autores [da acção, os proprietários] livre de pessoas e bens”, mais juros. A Casa do FC Porto deve ainda suportar as custas judiciais, tendo direito a apoio judiciário. A primeira inundação a afectar a sede da associação aconteceu a 19 de Janeiro, mas voltou a ocorrer uma segunda vez. “Infelizmente, os responsáveis pelas obras não efectuaram correctamente as reparações necessárias e após já termos a sede quase pronta para a reabertura sofremos nova inundação”, foi relatado nas redes sociais. O fecho da cantina, que originava algumas receitas para a entidade, levou a “enormes prejuízos, porque não só afectou as nossas receitas, como originou enormes perdas de comida, gastos extraordinários para tentar reabrir, e colocou em risco a nossa capacidade de cumprir com os compromissos financeiros, nomeadamente o pagamento de salários”, foi referido.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTurismo | Esperados 1,2 milhões de visitantes na Semana Dourada As autoridades acreditam que a 3 e 4 de Outubro o número de visitantes diários chegue a 150 mil. Samuel Tong, economista e membro do Conselho Executivo, acredita que a semana dourada e as semanas seguintes vão trazer uma nova dinâmica à economia local As autoridades estimam que na semana dourada, que decorre entre 1 e 8 de Outubro, Macau receba cerca de 1,2 milhões de turistas. Os números foram revelados ontem, através de uma conferência de imprensa do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), liderada pelo comissário Lam Keong. De acordo com Lam, é esperada uma média de 150 mil visitantes por dia, com as previsões a apontarem para que os dias 3 e 4 de Outubro sejam os mais movimentados. As autoridades esperam, assim, dias muito movimentados um pouco por todas as fronteiras para Macau. Por sua vez, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, a directora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, estimou que na semana dourada a ocupação média dos hotéis atinja 90 por cento. A responsável também explicou que o pico esperado de visitantes não vai levar o Governo a fazer com uma revisão da estimativa de cerca de 39 milhões de turistas ao longo deste ano. Por sua vez, Samuel Tong, presidente do Instituto de Gestão de Macau e membro do Conselho Executivo, afirmou que a semana dourada é um dos vários eventos que vão decorrer até ao final do ano e que vão levar à aceleração da actividade económica. Em declarações ao jornal Ou Mun, Tong destacou que eventos como a semana dourada, os Jogos Nacionais, o Grande Prémio de Macau, o Festival da Gastronomia e o Natal geram o aumento do consumo. Factores favoráveis Com cerca de 90 por cento dos turistas vindos do Interior da China e Hong Kong, Samuel Tong explicou que as perspectivas de consumo são mais positivas, devido ao que afirmou serem os bons desempenhos das bolsas do Interior da China e de Hong Kong. Como o Índice Shanghai atingiu o ponto mais alto dos últimos dez anos e o Índice Hang Seng o ponto mais alto dos últimos quatro anos, Samuel Tong considera que a situação económica na região apresenta melhorias e que essa realidade se vai traduzir num maior consumo. O economista espera que o sector de vendas a retalho e de viagens em Macau seja beneficiado com o que considerou ser a nova realidade económica, que não se enquadra na recessão dos últimos três anos. Quanto à procura interna, Samuel Tong elogiou o Governo devido ao Grande Prémio do Consumo, um programa de atribuição de vales de desconto que considerou estar a gerar mais consumo nos bairros residenciais. Segundo Tong, a medida vai contribuir para melhorar a saúde financeira das pequenas e médias empresas. O economista também defendeu que muitos residentes locais investem na Bolsa de Hong Kong e que, por isso, é esperado que os ganhos dos investidores se traduzam no aumento do consumo em Macau.
João Santos Filipe Manchete PolíticaRemodelação | Wong Sio Chak substitui André Cheong que foi nomeado deputado Numa escolha inesperada, Sam Hou Fai nomeou André Cheong como deputado da Assembleia Legislativa. Os fundamentos da escolha não foram anunciados pelo Chefe do Executivo, mas se o secretário não for escolhido como presidente do hemiciclo enfrenta uma despromoção André Cheong vai ser exonerado de secretário para a Administração e Justiça e assumir um dos lugares dos sete deputados nomeados pelo Chefe do Executivo na Assembleia Legislativa (AL), a partir de 16 de Outubro. A informação foi revelada ontem, através do Boletim Oficial, num dia que ficou marcado pela primeira remodelação de sempre na RAEM por motivos políticos logo no início de um mandato. O lugar deixado vago por André Cheong vai ser ocupado por Wong Sio Chak, que actualmente desempenha as funções de secretário para a Segurança. Por sua vez, a tutela da segurança vai passar a ser liderada por Chan Tsz King, Procurador da RAEM, cargo que ocupa desde Dezembro de 2024. Em relação às mexidas nos lugares ocupados pelos titulares dos altos cargos políticos, destaca-se ainda a nomeação de Tong Hio Fong como Procurador da RAEM, que vai deixar a presidência do Tribunal de Segunda Instância. As movimentações foram aprovados por Pequim, que, de acordo com a Lei Básica, tem as competência para nomear e exonerar os titulares dos altos cargos na RAEM: “O Conselho de Estado decide […] sob a indigitação e proposta do Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau, Sam Hou Fai: a nomeação de Wong Sio Chak, como Secretário para a Administração e Justiça, Chan Tsz King, como Secretário para a Segurança, e Tong Hio Fong, como Procurador do Ministério Público, sendo exonerados [André] Cheong Weng Chon, do cargo do Secretário para a Administração e Justiça, Wong Sio Chak, do cargo do Secretário para a Segurança, e Chan Tsz King, do cargo do Procurador do Ministério Público”, pode ler-se no documento oficial das autoridades centrais, que foi ontem traduzido e publicado no Boletim Oficial. Total surpresa Ao HM, Miguel de Senna Fernandes, advogado e ex-deputado, considerou que a remodelação anunciada ontem, e principalmente no que diz respeito à nomeação de André Cheong, foi inesperada. “Surpresa, total surpresa”, afirmou poucas horas depois do anúncio. “Não contava com a saída dele da equipa governamental, porque a sua presença no Governo parecia estável. Estamos a falar de uma pessoa de quem não se podia dizer que tivesse a posição tremida no Governo”, justificou. Miguel de Senna Fernandes acredita que a mudança faz assim parte de uma nova “visão” de Sam Hou Fai para a governação, e não afasta que André Cheong possa ser um forte candidato a assumir a presidência da AL. “Ele pode estar em vias de assumir o cargo [de presidente da AL]. Todavia, há outros nomes pesados na Assembleia Legislativa, como o deputado Ho Ion Sang, afecto aos Moradores de Macau. É um forte nome”, apontou. “Outro nome muito forte é o de Chui Sai Peng. São dois grandes nomes”, destacou. Ainda assim, Miguel de Senna Fernandes acredita que há obstáculos num eventual caminho de André Cheong para a presidência do hemiciclo. “Ele é um novato na Assembleia Legislativa porque nunca foi deputado. Nunca se viu nele um perfil de deputado. Mas também ainda não é claro o que esta mudança significa. Se for para ele assumir a presidência, é preciso contar com os outros dois nomes”, considerou. Um nome forte na AL Por sua vez, Jorge Fão, ex-deputado e presidente da Assembleia-Geral da APOMAC – Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau, considera que a mudança é benéfica para o hemiciclo, e que André Cheong tem uma experiência governativa que pode ser importante para a condução dos trabalhos. “Ele é um entendido em matérias legislativas, tem experiência na área da justiça, como secretário, foi director dos Serviços dos Assuntos de Justiça, tendo ocupado outros cargos, por isso eu acho que nas funções na Assembleia Legislativa pode conduzir melhor os processos legislativos”, defendeu Jorge Fão, ao HM. “Agora há muitas pessoas jovens na Assembleia Legislativa que não sabem bem como o Governo funciona. E o funcionamento da Assembleia Legislativa é muito mais simples do que o funcionamento do Governo. Tendo lá um ex-secretário, ele pode sempre ajudar a Assembleia Legislativa. Acho que a nomeação foi pensada nessa lógica”, destacou. Fão considera André Cheong como um forte candidato à presidência da AL, opinando que caso este cenário não se confirme, o ainda secretário vai enfrentar uma despromoção na carreira. “Ele tem hipóteses de ser o próximo presidente da Assembleia Legislativa. Talvez haja duas ou três pessoas com essa hipótese, mas estando na Assembleia Legislativa eu acho que o André Cheong é uma das pessoas com melhores hipóteses [de ser presidente]”, afirmou. “Se ele não for presidente da Assembleia Legislativa, esta nomeação é uma despromoção”, indicou. Segundo Fão outra das possibilidades para a presidência, embora de forma mais remota, é Ip Sio Kai, deputado eleito pela via indirecta. “Claro que há outras hipóteses, como o homem forte do Banco da China, o deputado Ip Sio Kai. Mas não costuma ser um homem da economia naquele lugar [de presidente da AL]”, apontou. “Nada impede que possa ser um homem da economia, mas não vejo outros nomes muito bem preparados”, descreveu. Os deputados votam entre si o presidente do hemiciclo, o que deverá acontecer a 16 de Outubro, quando se iniciar a nova legislatura. Caminho aberto para Wong? Em relação ao novo lugar de Wong Sio Chak no Governo com a pasta da Administração e Justiça, e face à saída do Executivo de André Cheong, Senna Fernandes acredita que pode abrir o caminho a uma futura liderança da RAEM. “Quanto ao secretário Wong Sio Chak está aberta uma bem possível sucessão, mais tarde, no cargo de Chefe do Executivo”, afirmou. “Pelo menos é o que instintivamente me vem à cabeça. Numa lógica meramente especulativa, havia dois nomes na equipa governativa com potencialidades de serem chefes do Executivo. […] Mas, com a saída de André Cheong ficamos com Wong Sio Chak no Governo com o perfil mais próprio, e não sei se este é o melhor termo, de poder um dia vir a suceder ao Dr. Sam Hou Fai”, frisou. Mudanças pouco usuais As alterações anunciadas ontem pelo Governo não foram justificadas nem houve uma posição oficial sobre as mesmas. No entanto, esta foi a primeira vez que um Governo em funções, neste caso há menos de um ano, sofre alterações tão profundas, devido ao facto de um secretário deixar o Executivo por opção política. Até agora, todas as alterações por motivos político tinham acontecido no final e início de novos mandatos dos diferentes Chefes do Executivo. A única excepção a esta tendência verificou-se em 2006, quando Ao Man Long, então secretário para os Transportes e Obras Públicas, foi exonerado do cargo, depois de ter sido detido face a acusações de corrupção. Os deputados nomeados por Sam Hou Fai Os Novos Deputados André Cheong Weng Chon (59 anos) Licenciado em Direito Secretário para a Administração e Justiça Lei Wun Kong (51 anos) Licenciado em Direito Advogado Chao Ka Chong (49 anos) Mestrado em Tecnologias da Informação Presidente da empresa Boardware Intelligence Technology Ltd Lam Fat Iam (50 anos) Doutorado em História Director da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Politécnica de Macau Wong Ka Lon (46 anos) Licenciado em Gestão de Empresas Presidente da Associação de Transmissão ao Vivo de Macau Kou Ngon Seng (42 anos) Doutorado em Gestão de Empresas Director do Departamento de Desenvolvimento de Infra-estruturas da Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau Transitam da Legislatura Anterior Kou Kam Fai (61 anos) Doutorado em Gestão Director da Escola Secundária Pui Ching De saída Cheung Kin Chung Pang Chuan Wu Chou Kit Chan Hou Seng Quem é quem na remodelação? Cargo: Secretário para a Administração e Justiça Wong Sio Chak (57 anos) Percurso Académico Licenciado e Doutorado em Direito pela Universidade de Pequim Curso de Direito, Língua e Cultura Portuguesa na Universidade de Coimbra Curso de Introdução ao Direito de Macau na Universidade de Macau Curso de Formação de Magistrados Percurso Profissional Técnico-superior na Directoria da Polícia Judiciária Auditor Judicial dos Tribunais e dos Serviços do Ministério Público Delegado do Procurador do Ministério Público Subdirector da Polícia Judiciária Director da Polícia Judiciária Procurador-Adjunto do Ministério Público Secretário para a Segurança Cargo: Secretário para a Segurança Chan Tsz King (55 anos) Percurso Académico Curso de Língua e Cultura Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Licenciado em Direito na Universidade Autónoma de Lisboa de Portugal Curso de Formação de Magistrados Judiciais e do Ministério Público Percurso Profissional Delegado do Procurador do Ministério Público Comissário contra a Corrupção Procurador do Ministério Público Cargo: Procurador do MP Tong Hio Fong (52 anos) Percurso Académico Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Macau Curso de Formação de Magistrados do Centro de Formação de Magistrados de Macau. Percurso Profissional Adjunto-técnico de informática da Direcção dos Serviços de Finanças Formando do Curso de Formação de Intérpretes-Tradutores da Direcção dos Serviços de Assuntos Chineses de Macau Adjunto-técnico especialista do Alto Comissariado Contra a Corrupção e a Ilegalidade Administrativa Juiz do Tribunal de Competência Genérica de Macau Juiz presidente do Tribunal Colectivo dos Tribunais de Primeira Instância Presidente dos Tribunais de Primeira Instância Juiz do Tribunal de Segunda Instância Presidente do Tribunal de Segunda Instância Nota: a informação oficial apenas indica o ano de nascimento dos nomeados. A idade apresentada assume que todos já celebraram o aniversário em 2025
João Luz Manchete PolíticaGoverno em “firme oposição” a Washington sobre ambiente de investimento O Governo da RAEM manifestou ontem “forte desagrado e firme oposição” ao “Relatório Anual sobre o ambiente de investimento por País relativo ao ano de 2025” publicado na sexta-feira pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América. O Executivo liderado Sam Hou Fai afirma que o documento “contém comentários não sustentadas por factos sobre o desenvolvimento económico e político” de Macau, “incluindo alegações infundadas sobre as melhorias introduzidas pela RAEM no seu regime eleitoral e na Lei relativa à defesa da segurança do Estado”. O departamento da Administração Trump liderado por Marco Rubio começa por indicar que, no que diz respeito ao ambiente para investimentos, o “Governo de Macau mantém uma economia transparente, não discriminatória e de mercado livre”, e que o Executivo local “está empenhado em manter um ambiente favorável aos investidores”. No entanto, acrescenta que “as empresas estrangeiras citam a constante escassez de trabalhadores qualificados, resultado da dependência da cidade do turismo e dos jogos de azar, como uma das principais restrições às suas operações e expansão futura”. Neste capítulo, o Departamento de Estado destaca a prioridade dada a trabalhadores locais, porém critica algumas políticas basilares da RAEM. No documento é também realçado que “o sistema jurídico de Macau baseia-se no Estado de Direito e na independência do poder judicial” e que “as empresas estrangeiras e nacionais registam-se ao abrigo das mesmas regras e estão sujeitas ao mesmo conjunto de leis comerciais e de falência”. Porém, o Departamento de Estado refere que o esforço do Governo para alcançar o objectivo de diversificar a economia, dependente do jogo, obtiveram resultados mínimos. Também a aposta no papel de Macau enquanto plataforma de comércio e serviços entre a China e os países de língua portuguesa é referida. “A China também orientou Macau a tornar-se uma ‘plataforma de serviços de cooperação comercial e empresarial’ entre a China continental e os países de língua portuguesa (PLP). O comércio directo entre Macau e os PLP continua a ser marginal, representando apenas 0,9 por cento do volume total de comércio de Macau, que foi de 17,6 mil milhões de dólares em 2024”, foi referido. O Executivo liderado por Sam Hoi Fai respondeu afirmando que o papel de Macau “como plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa é cada vez mais reconhecida por todas as partes”. As jóias da coroa Apesar dos reconhecimentos do organismo norte-americano em relação ao desenvolvimento económico, ambiente de negócios, regime fiscal e medidas de incentivo ao investimento, o Governo considera que “as conquistas e progresso” conseguidos pela RAEM “não podem ser apagados por tal relatório dos Estados Unidos da América”. Na análise do Departamento de Estado, saltaram à vista críticas às alterações às leis que regulam as eleições do Chefe do Executivo e dos deputados da Assembleia Legislativa, assim como a legislação de salvaguarda da defesa do Estado. No primeiro conjunto de leis, o Governo da RAEM respondeu aludindo às eleições de 14 de Setembro. O eleitorado exerceu plenamente os seus direitos democráticos e participou entusiasticamente na votação. “A afluência às urnas atingiu um recorde com mais de 175.000 votantes, o que representa uma taxa de participação de 53,35 por cento. Isto demonstra plenamente que o regime eleitoral da Assembleia Legislativa revisto ganhou o apoio e o reconhecimento dos residentes em geral”, foi indicado em relação à reforma legal que estabeleceu o recente princípio “Macau governado por patriotas”. Em relação à legislação para salvaguardar a segurança do Estado, o Executivo de Sam Hou Fai contra-ataca e refere que, “na realidade, “os Estados Unidos já promulgaram, há muito tempo, uma série de leis rigorosas em matéria de segurança nacional e abusam frequentemente da sua jurisdição extraterritorial”. “Em vez de fazerem uma auto-reflexão, os EUA criticam unilateralmente os outros, demonstrando um clássico duplo padrão e hipocrisia. Os Estados Unidos são um importante parceiro económico da RAEM. Esperamos que a parte americana se abstenha de politizar as questões económicas, cesse as manobras políticas e se concentre em acções que conduzam ao desenvolvimento estável das relações económicas e comerciais bilaterais”, concluiu o Executivo da RAEM.
Hoje Macau Manchete SociedadeTufões | Especialistas avisam para necessidade de reforçar preparação Vários académicos destacam que o facto de não ter havido mortos durante a passagem do super tufão Ragasa se deveu aos mecanismos de protecção civil, implementados depois dos grandes tufões de 2017 e 2018 Após o super tufão Ragasa, a mais poderosa tempestade registada no planeta em 2025, especialistas disseram à Lusa que Macau e Hong Kong têm de aprender a viver num mundo de constantes inundações e clima extremo. O Ragasa obrigou as duas regiões administrativas especiais chinesas a manterem o alerta máximo de tufão – nível 10 – durante mais de dez horas, um novo recorde histórico. As autoridades tinham alertado que este super tufão poderia trazer condições comparáveis ao Mangkhut, que em Setembro de 2018 provocou danos estimados em 4,6 mil milhões de dólares de Hong na antiga colónia britânica, e ao Hato, considerado o pior tufão em mais de 50 anos a atingir Macau, que em 2017 causou dez mortos e 240 feridos no território. O impacto do Ragasa foi muito menor. Em Hong Kong, houve cerca de 100 pessoas feridas, 1.220 árvores caídas e mais de mil voos cancelados. Em Macau, as inundações atingiram 1,51 metros, mas apenas foram registados sete feridos. Yau Yung, professor da Universidade Lingnan, em Hong Kong, defende que não foi sorte, mas sim “adaptação estrutural”. Faith Chan Ka Shun, professor na Universidade de Nottingham Ningbo, diz que a ausência de mortes foi “uma vitória”, que se deve a melhorias no sistema de alertas e na preparação da protecção civil. “Desta vez prepararam-se muito cedo, mais de 12 horas [antes da passagem do Ragasa]. As pessoas podiam decidir perder dinheiro porque pararam o trabalho, as escolas e tudo o mais”, sublinhou o académico nascido em Hong Kong. Perdas nos casinos Em Macau as autoridades encerraram os casinos durante 33 horas. As operadoras terão perdido 880 milhões de patacas em receitas, quase 5 por cento do previsto para Setembro, estimou Jeffrey Kiang, analista da consultora CLSA, citado pelo portal de notícias GGRAsia. Ainda antes da passagem do Ragasa, o líder do Governo de Macau já mostrava optimismo, apontando para a implementação de planos de evacuação para as zonas baixas e a realização anual de exercícios. Sam Hou Fai sublinhou ainda a entrada em funcionamento de estações elevatórias de águas pluviais e projectos de esgotos, que “melhoraram significativamente” a capacidade de drenagem e prevenção de cheias. Yau Yung admitiu que seria possível “realmente projectar uma cidade para a tornar à prova de inundações”, construindo “infra-estruturas em grande escala”, como os quebra-mares que protegem a cidade italiana de Veneza. Mas, com grande parte de Macau praticamente ao nível do mar, um sistema em larga escala “pode não ser eficaz nem economicamente viável”, avisou o especialista em planeamento urbano. Aproveitar o mar Por outro lado, sublinhou Faith Chan, tornaria mais difícil à população usufruir do mar, parte da história e cultura de ambas as cidades. O professor de ciências ambientais recordou que há zonas de Macau e Hong Kong onde as inundações são crónicas durante a estação chuvosa, entre Maio e Setembro, mesmo sem tufões. Por isso, Chan defendeu que faz mais sentido construir infra-estruturas para mitigar o impacto das cheias, nomeadamente tanques subterrâneos para armazenar águas da chuva. O especialista em gestão sustentável de inundações deu o exemplo dos Países Baixos, onde parques de estacionamento são desenhados com espaço para desviar a água pluvial. Yau Yung defendeu que incluir tanques para a água da chuva deveria ser “um requisito obrigatório” para qualquer edifício a ser construído em Macau e Hong Kong. “Claro que iria custar algum dinheiro, mas, na verdade, os benefícios podem compensar o investimento a médio prazo. Eu diria que é um bom negócio”, acrescentou o especialista em cidades inclusivas.
Hoje Macau Manchete SociedadeTrânsito | Acidente provoca seis feridos na Ponte da Amizade Um acidente ocorrido no sábado, envolvendo quatro viaturas na Ponte da Amizade, que circulavam no sentido Taipa-Macau, resultou em seis feridos ligeiros. De acordo com o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), citado pelo canal de rádio da TDM em língua chinesa, as investigações preliminares indicam que o condutor de 21 anos da última viatura não controlou a velocidade e embateu na viatura da frente, provocando uma colisão em cadeia. O residente de Macau foi alvo de uma acção judicial. O CPSP, que registou a acidente por volta das 19h30 de sábado, confirmou que os seis feridos, condutores e passageiros dos outros veículos, sofreram ferimentos ligeiros. Os serviços de socorro confirmaram que as vítimas, todas residentes de Macau, apresentavam escoriações, contusões e lacerações. Foram transportadas para o hospital conscientes e em estado estável. Os condutores envolvidos realizaram o teste de álcool, com resultado negativo.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | Inflação atinge valor mais elevado desde Janeiro Em Agosto, os preços da comida e das bebidas não alcoólicas foram os principais responsáveis pela inflação. No entanto, o preço das rendas e das hipotecas também estão a subir A inflação acelerou em Agosto para o nível mais elevado desde Janeiro, foi sexta-feira anunciado, num mês em que o índice de preços no consumidor voltou a cair no Interior da China. O índice subiu 0,27 por cento em Agosto, em termos homólogos, mais do dobro do valor registado em Julho (0,11 por cento), e o valor mais elevado desde Janeiro (0,57 por cento), segundo dados oficiais. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a aceleração da inflação deveu-se sobretudo aos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (mais 0,44 por cento). O custo das refeições adquiridas fora de casa subiu 1,54 por cento. Os gastos com rendas ou hipotecas de apartamentos subiram 0,84 por cento e 0,56 por cento, respectivamente, ainda antes de a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) ter aprovado, em 18 de Setembro, a primeira descida da taxa de juro desde o final de 2024. A Assembleia Legislativa do território aprovou, em Abril de 2024, o fim de vários impostos sobre a aquisição de habitações, para “aumentar a liquidez” no mercado imobiliário, defendeu na altura o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. Em recuperação Com a recuperação do número de visitantes, a região registou uma subida de 19,1 por cento no preço da joalharia, ourivesaria e relógios, produtos populares entre os turistas do Interior da China. Na direcção oposta, o custo das excursões e hotéis para viagens ao exterior de residentes de Macau aumentou 8,29 por cento, enquanto os gastos com educação e seguros subiram 1,27 por cento e 1,34 por cento, respectivamente. No Interior da China, de longe o maior parceiro comercial de Macau, o IPC voltou cair 0,4 por cento em Agosto, em termos homólogos, o quinto mês de deflação no último meio ano. A deflação reflecte debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. O dado surpreendeu os analistas, que previam uma contracção dos preços de 0,2 por cento, depois do índice ter ficado inalterado em Julho, pondo fim a quatro meses consecutivos de queda. O índice de preços no produtor, que mede os preços à saída da fábrica, caiu 2,9 por cento em Agosto, assinalando o 35.º mês consecutivo de contracção, apesar de representar uma melhoria face à descida de 3,6 por cento registada em Julho. Na vizinha região de Hong Kong, a inflação subiu ligeiramente, de 1 por cento, em Julho para 1,1 por cento, em Agosto.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTelevisão | Documentários sobre pensamento de Xi exibidos em Macau A partir de 13 de Outubro será transmitida a série documental “Paixão de Xi Jinping pela Cultura” na TDM e TV Cabo Macau, bem como nas plataformas digitais de vários jornais chineses. Será também exibida a série “Apresentação e Interpretação do Pensamento Económico de Xi Jinping”, ambas produzidas pelo China Media Group O público de Macau vai poder ver, a partir do dia 13 de Outubro, dois documentários sobre o pensamento do Presidente Xi Jinping na TDM e demais meios de comunicação social chineses. Ad duas produções do China Media Group, intituladas “Paixão de Xi Jinping pela Cultura” e “Apresentação e Interpretação do Pensamento Económico de Xi Jinping”, foram ontem apresentadas em Macau, com a presença de diversos dirigentes políticos, incluindo Sam Hou Fai, Chefe do Executivo. A série “Paixão de Xi Jinping pela Cultura”, com dez episódios, cada um com 28 minutos, será transmitida na TDM e TV Cabo Macau SA, com transmissões posteriores nas plataformas multimédia dos jornais chineses Ou Mun (Macau Daily), Tai Chung Pou, Jornal do Cidadão, Hou Kong Daily e no Lotus Times. Por sua vez, a “Apresentação e Interpretação do Pensamento Económico de Xi Jinping”, com 14 episódios, já teve a sua primeira exibição ontem, podendo ser vista na TDM até ao dia 9 de Novembro, tanto na televisão como no website e app de telemóvel. O evento de estreia destas produções aconteceu ontem no Complexo do Fórum Macau e contou com um discurso do Chefe do Executivo. Sam Hou Fai disse que estes documentários servem “para incentivar o envolvimento, compreensão e implementação do pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era entre os compatriotas em Macau e os povos de todo o mundo”. Novo acordo assinado Na mesma sessão, foram assinados “cinco acordos-quadro” entre o Governo e o China Media Group, nomeadamente o “Acordo-quadro para aprofundar a cooperação estratégica entre o China Media Group e o Governo da RAEM”, o “Acordo-quadro sobre a cooperação na indústria cinematográfica entre a Administração Estatal de Cinema da China e a Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura”. Foram também firmados os acordos “Carta de intenções para a cooperação entre a Comissão Organizadora da Zona de Competição de Macau da 15ª edição dos Jogos Nacionais e da 12ª edição dos Jogos Nacionais para Pessoas Portadoras de Deficiência, e ainda a 9ª edição dos Jogos Olímpicos Especiais Nacionais e o China Media Group”. Inclui-se ainda “o acordo sobre a transmissão integral do Canal de desporto CCTV-5 entre o China Media Group e a TDM e o acordo-quadro de parceria estratégica entre a estação Ásia-Pacífico do China Media Group e Universidade de Macau”. Sam Hou Fai explicou que o documentário “Paixão de Xi Jinping pela Cultura” tem conteúdos sobre “a essência do Pensamento de Xi Jinping sobre a cultura”, relatando “histórias autênticas da valorização e do compromisso do Senhor presidente Xi para com a transmissão do património cultural e o seu desenvolvimento”. Os dois documentários compilam, segundo o discurso de Sam Hou Fai, “o estudo teórico” em torno do pensamento do Presidente, “ajudando o público a compreender” os seus ensinamentos. Sam Hou Fai disse ainda que estes “são os primeiros documentários televisivos a expor o pensamento económico de Xi Jinping, nos quais se analisam meticulosamente os principais discursos do Senhor Presidente e as transformações e conquistas históricas alcançadas sob a sua orientação no desenvolvimento económico da China durante a nova era”.