Videovigilância | Creches ainda sem apresentar pedidos

O Instituto de Acção Social (IAS) continua sem receber pedidos, por parte das creches, para a instalação de câmaras de videovigilância, isto desde que arrancou o prazo para o pedido, a 19 de Setembro.

Segundo noticiou o jornal Ou Mun, o presidente do IAS, Hon Wai, lembrou que a instalação de câmaras de videovigilância não é obrigatória, sendo que alguns encarregados de educação não apresentaram este pedido. O responsável confessou ter esperança de vir a receber pedidos de instalação deste tipo de aparelhos, sendo que o mais importante, salientou, é obter o consenso junto dos pais das crianças.

Hon Wai acredita que não vai ser fácil obter consenso sobre esta matéria e a medida, uma vez que existem pais preocupados com o visionamento das imagens captadas pelas câmaras, pelo que o IAS vai continuar a estar disponível para acolher os pedidos.

Segundo o IAS, esta medida “tem por objectivo não só apoiar as creches a reforçar, uma vez mais, a segurança das crianças que as frequentam, avaliando, de forma mais objectiva, os serviços nelas prestados”, mas também “descortinar a realidade dos factos que deram origem ao acidente com crianças”.

Antes de avançar com este programa, o IAS pediu autorização à Direcção dos Serviços da Protecção de Dados Pessoais, a qual foi concedida. Além disso, foram também ouvidas “as opiniões do sector”, tendo sido definidas, com base nisso, “a respectiva implementação e as orientações relevantes”, destaca o IAS numa nota oficial.

Após apresentação do pedido de instalação por parte da creche, o IAS dispõe de 25 dias úteis para analisar o pedido, recusando-o ou aceitando-o. As creches podem depois instalar as câmaras “nas zonas de camas das crianças, nas zonas de actividades e nas zonas com funções análogas”.

21 Out 2025

Justiça | CE diz que há “leis claras” e ” eficientes” para atrair investidores

Ao falar, ontem, na XIII Conferência do Fórum dos Presidentes dos Supremos Tribunais de Justiça dos Países e Territórios de Língua Portuguesa, Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, defendeu como a estabilidade jurídica existente em Macau e as “vantagens do segundo sistema” ajudam a atrair investidores para o território

Macau “aproveita as vantagens do segundo sistema” e possui “leis claras que aumentam a confiança dos investidores”, bem como uma “justiça eficiente que garante o cumprimento de contratos”. Foi desta forma que Sam Hou Fai, Chefe do Executivo da RAEM, deixou ontem, num discurso, elogios ao sistema judicial e político do território, a propósito da realização da 13.ª edição da Conferência do Fórum dos Presidentes dos Supremos Tribunais de Justiça e Territórios de Língua Portuguesa, que decorreu em Macau.

O governante falou ainda da existência de “mecanismos alternativos de resolução de litígios que reduzem os custos de transacções, justiça e imparcialidade que consolidam a ligação entre os nossos povos”, sendo que Macau tem tido a capacidade de “realizar um desempenho de qualidade e de promover a ‘interligação jurídica, a confiança mútua a nível judiciário e benefícios mútuos para o Estado de Direito'”.

Sam Hou Fai destacou a realização, há 22 anos, da V Conferência dos Presidentes dos Supremos Tribunais de Justiça dos Países e Territórios de Língua Portuguesa, a primeira realizada na RAEM e que foi presidida por si mesmo, quando era presidente do Tribunal de Última Instância da RAEM, cargo que ocupou até ser eleito Chefe do Executivo.

O líder de Macau salientou que, no Fórum, a “RAEM passou de um novo membro para um participante e promotor activo, o que demonstra a salvaguarda firme da independência judiciária sob o princípio ‘um país, dois sistemas'”. O governante destacou ainda que o território “goza do poder judicial independente, incluindo o de julgamento em última instância, o que nos permite consolidar, dentro do enquadramento legal, o Estado de Direito”.

Além disso, existem “vantagens únicas” no facto de existir um sistema bilingue, pois permite a Macau ser “naturalmente a ponte entre a China e o mundo lusófono”.

A importância do Direito

A 13.ª edição desta Conferência teve como tema “O Direito e a Justiça como factor de aproximação dos povos e o seu desenvolvimento económico-social”. Sam Hou Fai salientou que “perante grandes mudanças, sem precedentes nos últimos cem anos, o que o mundo precisa é de diálogo e não de confronto, a cooperação e não a divisão”.

Neste sentido, é necessário “usar a certeza jurídica para contrariar as ‘variedades do mundo'” e também “usar a imparcialidade do sistema judicial para proporcionar garantias ao desenvolvimento socioeconómico”, devendo ainda “usar o carácter aberto do Estado de Direito para aproximar as nações e os países”.

Sam Hou Fai não esqueceu os sistemas comercial e de cooperação onde a RAEM se pretende mover, nomeadamente o universo dos países de língua portuguesa, que “abrangem a Ásia, a África, a Europa e a América Latina, com uma população de quase 300 milhões de pessoas”, enquanto a China “é a segunda maior economia global”. No que diz respeito ao projecto de construção da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau, composto por 11 cidades chinesas da província e as duas regiões administrativas especiais, “está em pleno desenvolvimento”, rematou Sam Hou Fai.

21 Out 2025

Cáritas | Recebidos mais de 3.500 pedidos de ajuda até fim de Setembro

O número de pedidos de apoio mostra uma tendência de estabilização nos últimos anos. E dada a falta de problemas “muito graves de pobreza”, a Cáritas Macau também estendeu o seu programa de apoio ao Paquistão e Bangladesh

A Cáritas Macau recebeu até ao final de Setembro 3.509 pedidos de apoio para o Banco Alimentar, afirmou ontem o secretário-geral da organização, indicando que os valores finais deste ano não se deverão afastar dos de 2024.

“Prevemos que [em 2025] ultrapasse os quatro mil, como no ano passado”, notou à Lusa Paul Pun Chi Meng, apontando que, em 2024, chegaram à organização humanitária 4.936 pedidos, que, por sua vez, representa uma queda de 2,5 por cento em relação a 2023 (5.065). Numa comparação anual, os primeiros nove meses de 2025 apresentam valores semelhantes aos verificados no mesmo período de 2023 e 2024: 3.589 e 3.596, respectivamente.

Ainda assim, verifica-se este ano uma ligeira descida, que poderá estar relacionada com a “existência de outros recursos de apoio” ou “maior facilidade em concorrer a habitação social”, observou Pun, dando a entender que o acesso mais fácil a casas públicas poderá aliviar as contas ao fim do mês.

O programa, dirigido a pessoas de baixo rendimento e financiado pelas autoridades, prevê que o apoio do Banco resulte no auxílio alimentar por um período de dez semanas, sendo que no prazo de 12 meses é possível fazer-se uma segunda solicitação. Entre os trabalhadores não-residentes, salientou Paul Pun, também há um grupo que recorre à organização de assistência social. No sábado passado, perto de mil pessoas receberam apoio na forma de cabazes alimentares.

Ajuda no Paquistão e Bangladesh

O secretário-geral da Cáritas explicou também que como Macau não enfrenta problemas “muito graves de pobreza”, a organização está a apoiar famílias desfavorecidas no Bangladesh e Paquistão, chegando a ajuda a 2.100 pessoas. Na semana passada, Pun regressou de Sylhet, cidade no nordeste do Bangladesh que tem visitado várias vezes desde 2023, ano em que a Cáritas Macau se envolveu num programa para a “melhoria da saúde e nutrição de crianças desfavorecidas”.

Com doações na ordem dos 15 mil dólares anuais, a ajuda já alcançou 400 pessoas, referiu o responsável. “Esperamos que, através da formação, ao nível de cuidados com os recém-nascidos, das mães, possam alcançar uma vida melhor”, apontou o secretário-geral da Cáritas Macau, notando ainda que, em cima da mesa está a possibilidade de disponibilizar recursos para a formação profissional de adolescentes que abandonaram a escola.

Há cerca de um mês, Paul Pun esteve também em Lahore, a segunda maior cidade do Paquistão, com perto de 14 milhões de habitantes e que foi afectada, nos últimos anos, por várias cheias.

O auxílio da Cáritas Macau ao programa “Educação informal e desenvolvimento de jovens e mulheres”, com a transferência de até 35 mil dólares anuais (cerca de 30 mil euros), já tocou a vida de 1.200 crianças e 500 adolescentes em Lahore, de acordo com o líder da organização humanitária.

“As crianças não têm escolas [nestes lugares]. Participam neste programa de educação informal para que tenham uma oportunidade de atingir os padrões e um dia possam entrar na escola”, referiu. Além de apoiar a educação de adolescentes – “sobretudo rapazes” – em áreas como a informática, o programa compreende ainda a formação de competências “por parte de jovens mulheres”.

À Lusa, Paul Pun referiu que a assistência internacional da Cáritas Macau chega “via vários canais”, nomeadamente através de doações e da organização Good Fortune Charity Shop, a empresa social da Cáritas Macau, que recolhe bens doados para venda beneficente.

20 Out 2025

Justiça | Portugal pode enviar novos juízes para Macau

Apesar de ter impedido a permanência no território de Carlos Carvalho e de ter mantido a incerteza sobre o futuro de Rui Ribeiro, que optou por voltar a Portugal, o Conselho Superior de Magistratura de Portugal garante abertura para enviar novos magistrados para a RAEM

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) afirmou que Portugal está disponível, caso Macau demonstre interesse, em enviar novos juízes. As declarações foram prestadas numa altura em que um magistrado português está prestes a abandonar a RAEM. O juiz Rui Ribeiro, do Tribunal de Segunda Instância, confirmou à Lusa, à margem de um evento público, que vai deixar Macau no final de Outubro, antecipando o fim da comissão, que terminava em Maio de 2026.

O magistrado sublinhou que as autoridades judiciais de Macau “fizeram tudo” para que mudasse de ideias, mas explicou que preferiu regressar já a Portugal face à incerteza sobre uma eventual renovação da licença especial por parte do Conselho Superior de Magistratura (CSM).

Com a partida anunciada de Rui Ribeiro, resta apenas nos tribunais de Macau um juiz português: Jerónimo Alberto Gonçalves Santos, presidente de tribunal colectivo no Tribunal Judicial de Base (TJB). O líder do STJ, João Cura Mariano, que por inerência preside também ao CSM, disse aos jornalistas que, durante uma visita a Macau, pretende saber se o território tem interesse em contar com magistrados portugueses.

“Vamos tentar ver o que é que realmente eles ainda conseguem transmitir de útil e se são necessários, porque se forem necessários, virão novos juízes”, garantiu aos jornalistas.

João Cura Mariano disse que esse seria um “assunto a discutir” nos encontros de ontem com a presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), Song Man Lei, e com Sam Hou Fai, líder do Governo de Macau e ex-presidente do TUI. “Acho que é muito útil, porque, sendo um antigo presidente do tribunal [Sam Hou Fai] terá consciência das necessidades que existem”, referiu o juiz conselheiro português.

Dificuldades nacionais

Mas o presidente do STJ sublinhou que a justiça portuguesa está com “alguma dificuldade em contribuir com juízes”, devido à falta de recursos humanos qualificados e com experiência. “Ainda agora retirámos um juiz que já cá estava há muitos anos e nós necessitávamos dele”, recordou João Cura Mariano.

Em 2024, o CSM rejeitou a permanência do juiz português do TJB Carlos Carvalho, que estava em Macau há 16 anos e tinha sido convidado pela Comissão Independente para a Indigitação dos Juízes do território a continuar por mais dois. O conselho não autorizou a renovação da licença especial de Carlos Carvalho e promoveu-o a juiz desembargador, com colocação no Tribunal da Relação.

Ainda assim, João Cura Mariano garantiu estar disposto a ajudar, “apesar das dificuldades que actualmente existem em Portugal no recrutamento de juízes”. O presidente do STJ sublinhou o exemplo de Timor-Leste, onde existem actualmente “muitos juízes portugueses a colaborar no sistema judiciário timorense”, porque “são muito necessários”.

O magistrado esteve em Macau para participar, no domingo, na 13.ª edição do fórum que junta presidentes dos Supremos Tribunais de Justiça dos países e territórios de língua portuguesa.

20 Out 2025

Pontes | Conselheiro sugere portagens e gera coro de críticas

No passado dia 10 de Outubro, Leong Chi Hang, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas, sugeriu a introdução do pagamento de portagens nas quatro pontes que fazem a travessia entre a península de Macau e a Taipa. A opinião gerou polémica nas redes sociais e até levou um ouvinte a ligar para o programa matinal do canal chinês da Rádio Macau

 

O conselheiro Leong Chi Hang, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas, defendeu numa reunião deste organismo, no passado dia 10 de Outubro, que se deveria pagar portagem nas quatro pontes que fazem a travessia entre a península de Macau e as ilhas.

Esta sugestão foi feita no período de intervenções antes da ordem do dia do referido organismo, tendo Leong Chi Hang, que também é vice-presidente da Associação Promotora para o Desenvolvimento da Comunidade da Taipa, defendido que é necessário o Governo melhorar e reformar o sistema de gestão das pontes devido aos frequentes engarrafamentos nestas infra-estruturas viárias.

“Sugiro que se crie um sistema de cobrança electrónica com portagens nestas quatro pontes, sendo que a cobrança seria feita conforme os diferentes períodos, veículos. Poder-se-ia acrescentar uma tarifa adicional em épocas com maior circulação”, disse.

Segundo Leong Chi Hang, o objectivo da cobrança de portagens seria equilibrar o fluxo dos veículos nas quatro pontes através do ajuste à cobrança dos valores, pois para algumas pessoas o aumento dos custos para atravessar a ponte de carro pode fazer com que optem mais pelo transporte público. Desta forma, dar-se-á prioridade aos transportes públicos e a deslocações mais amigas do ambiente.

Rastilho ateado

Esta opinião foi divulgada nas redes sociais durante a reunião do Conselho Consultivo, sobretudo em grupos de Facebook, o que gerou uma onda de opiniões críticas.

E a onda de contestação não se ficou pelas redes sociais: na sexta-feira um residente, de apelido Ma, ligou para o programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, a criticar esta medida, defendendo que, para aliviar a situação do tráfego nas pontes, deveriam simplificar-se os procedimentos para lidar com acidentes de viação.

“Não acho que seja uma sugestão viável [a cobrança de portagens], pois as pontes estão sempre com muito trânsito e ainda se defende uma cobrança adicional. Muitas vezes os engarrafamentos acontecem nas pontes não devido ao excesso de carros, mas sim à ocorrência de acidentes de viação. Porque é que não podemos simplificar os procedimentos à semelhança do que acontece no Interior da China?”, questionou.

Este ouvinte defendeu que “se [um acidente de viação] não envolver um processo penal, e bastar tirar fotografias ao acidente, os veículos envolvidos no acidente podem ser removidos do local” de forma mais rápida.

Ma queixou-se ainda do facto de Macau continuar a manter um sistema desactualizado para lidar com acidentes de viação, ainda que o território tenha adoptado, nos últimos tempos, soluções digitais, como a instalação de câmaras de videovigilância, que acabam por não ser bem aproveitadas para lidar com este tipo de casos.

20 Out 2025

AL | André Cheong promete presidência a cumprir expectativas

No início da nova legislatura, os deputados receberam “três expectativas” do Chefe do Executivo, uma das quais passa por “trabalhar em conjunto” com o Governo, mas também exercer as funções de fiscalização da lei

Ao desempenhar as funções de presidente da Assembleia Legislativa, André Cheong promete ter em mente as expectativas do Chefe do Executivo para os trabalhos do órgão legislativo. As declarações foram prestadas pelo novo presidente do hemiciclo, numa entrevista aos canais em chinês da TDM.

“Como presidente da Assembleia Legislativa sinto que o peso da responsabilidade é maior. Vou cumprir rigorosamente as disposições da lei e do regimento para desempenhar as minhas funções como presidente”, afirmou o novo presidente da AL, citado pelo Canal Macau. “Ao mesmo tempo vou ter em conta as três expectativas estabelecidas pelo Chefe do Executivo para a nova composição da Assembleia Legislativa, conduzindo bem a equipa nos trabalhos legislativos e no âmbito da fiscalização”, acrescentou.

André Cheong foi eleito presidente da AL na sexta-feira e contou com o voto de todos os deputados, incluindo do próprio. Foi a primeira vez, pelo menos desde 2019, que um deputado foi eleito presidente por unanimidade.

O presidente da AL pretende também implementar uma maior cooperação entre o Governo e os técnicos do hemiciclo. “Para as propostas de lei importantes relacionados com o bem-estar da população, o Governo necessita de um tempo de preparação considerável”, indicou. “Esperamos incentivar as equipas técnicas da AL a envolverem-se mais cedo na fase preparatória dos departamentos governamentais. Por exemplo, as discussões e os intercâmbios técnicos preliminares podem resultar numa comunicação técnica mais fluída, quando estas propostas de lei importantes estiverem a ser analisadas pela Assembleia Legislativa” apontou.

Três anseios

Após o início da nova Legislatura, na passada quinta-feira, o Chefe do Executivo promoveu um encontro com os deputados. Nesta ocasião, de acordo com a versão oficial, dado que o encontro decorreu à porta fechada, Sam Hou Fai disse aos legisladores que tem três expectativas para o funcionamento do hemiciclo. A primeira passa por “potenciar mais o papel de liderança da Assembleia Legislativa em termos políticos”, no que explicou ser um papel de promoção do nacionalismo e de manutenção da harmonia a longo prazo.

Em segundo lugar, pediu também aos deputados para “potenciar mais o papel da Assembleia Legislativa na elaboração da legislação e na fiscalização”, o que explicou implicar deputados a “trabalhar em conjunto com o órgão executivo” para criar e rever a legislação consideradas chaves para o Executivo, como a diversificação da economia.

Por último, foi pedido à AL que seja um “interlocutor fundamental” na recolha de opiniões da “opinião pública”, ao mesmo tempo que indicou esperar que os deputados orientem “a sociedade para formar um ambiente de discussão positiva, objectiva e racional” e “promover o mais amplo consenso social possível para apoiar o Governo da RAEM”.

19 Out 2025

São Januário | Implantado primeiro coração artificial em Macau

Realizou-se recentemente a primeira cirurgia de implantação de um coração artificial no Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) dos Serviços de Saúde (SS), em colaboração com a equipa de cirurgia cardiotorácica do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Jinan.

O procedimento foi realizado numa mulher de 68 anos que padecia de insuficiência cardíaca terminal, sendo que, segundo um comunicado dos SS, “a condição apresentada era complexa e a intervenção cirurgia desafiante”. Tratou-se “do primeiro procedimento cirúrgico de implantação de coração artificial totalmente levitado magneticamente, desenvolvido de forma autónoma no Interior da China”. A realização desta cirurgia no território representa para as autoridades “um progresso significativo na cirurgia cardíaca em Macau”.

Para os SS, “a conclusão com sucesso da primeira cirurgia de implante cardíaco artificial em Macau representa um avanço significativo no tratamento da insuficiência cardíaca terminal na região”, além de que este avanço tecnológico “preenche uma lacuna significativa no atendimento médico, oferecendo uma alternativa viável e segura para os pacientes que não são elegíveis para transplante cardíaco ou que não podem aguardar por uma intervenção cirúrgica”.

19 Out 2025

Incêndio leva a duas hospitalizações e retirada de 50 pessoas

Duas pessoas tiveram de ser internadas no Hospital Kiang Wu, depois de um incêndio ter deflagrado na noite de quarta-feira, no Edifício Si Keng, na Rua da Alegria. Além dos feridos, houve ainda a necessidade de retirar do edifício 50 moradores, de acordo com a informação divulgada ontem pelo jornal Ou Mun.

Os hospitalizados são dois residentes com cerca de 60 anos, um do sexo masculino e outro do feminino que terão apresentado sinais de indisposição, depois de terem inalado fumo do incêndio. Apesar da indisposição, apresentavam uma situação clínica considerada estável.

Os restantes moradores também conseguiram sair do edifício pelos seus meios e não apresentavam qualquer tipo de mal-estar ou lesão. As chamas começaram a deflagrar, por volta das 23h44, altura em que as autoridades foram alertadas para a situação. A chegada ao local, tanto do Corpo de Bombeiros (CB) como do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) aconteceu minutos depois, numa altura em que vários dos habitantes do edifício já se encontravam na rua.

No local, os bombeiros tiveram de subir até ao terceiro andar, onde o incêndio teve origem. O combate às chamas demorou alguns minutos. Os vestígios indicam que as chamas terão deflagrado junto a um vaso com flores, tendo depois chegado à sala de estar do apartamento no terceiro andar. Durante o combate ao incêndio, as autoridades cortaram ao trânsito durante vários minutos a Rua da Alegria e a Estrada do Repouso.

Os bombeiros utilizaram água para combater o incêndio, que resultou numa área queimada com 2,5 metros de comprimento e 1 metro de largura.

Das origens

Segundo o jornal Ou Mun, o CB suspeita que as chamas tenham tido origem num curto circuito de uma máquina de lavar a roupa, posicionada junto ao vaso com flores. Além da área queimada, também a máquina de lavar, um purificador, um ar-condicionado e outros aparelhos e bens ficaram destruídos.

De acordo com os dados mais recentes, nos primeiros seis meses do ano, o CB foi chamado a intervir em 406 fogos. Entre estes, os bombeiros tiveram de recorrer a mangueiras para extinguir as chamas em 85 ocasiões. Nos restantes 321 incêndios, as chamas foram extintas sem utilização de mangueira.
A informação oficial revelou também que 78 dos 406 incêndios tiveram origem em comida queimada.

17 Out 2025

Hengqin | Restaurante português abre do outro lado da fronteira

Chama-se “Vivo” e é um restaurante de gastronomia mediterrânica que abre portas amanhã em Hengqin. João Maria Pegado, um dos sócios do projecto e anteriormente ligado ao desporto, aposta agora na área da restauração e tem grandes expectativas face à procura turística do lado da ilha

Um restaurante de gastronomia mediterrânica abre oficialmente amanhã em Hengqin. Localizado no centro comercial Huafa, o restaurante Vivo é um projecto de dois portugueses que viram uma oportunidade de aproximar duas geografias – China e sul da Europa. Não se trata de culinária de fusão. Ainda assim convivem neste restaurante várias tradições: culinárias portuguesa, espanhola e italiana, preparadas por um chef de Xangai com matéria-prima chinesa.

“Estamos na China, queremos apostar em produtos frescos chineses”, diz à Lusa um dos sócios, João Maria Pegado. Tanto é que no menu não se encontra, para já, o tradicional polvo à lagareiro. Há que continuar a percorrer os mercados locais até encontrar o produto ideal, explica Pegado.

“Poderíamos ir a Macau buscar o polvo congelado, mas o nosso grande objectivo era trabalhar com produtos frescos na China. Em termos de custo, torna muito mais rentável, mas queremos também aproveitar e fazer esta fusão entre produtos chineses e pratos portugueses”, diz. O Vivo está em modo ‘soft opening’ desde 18 de Julho. E João Maria Pegado não se queixa do trajecto percorrido até aqui, apesar da dificuldade da língua.

Cada vez mais

À Lusa, Pegado diz que vai concorrer em breve aos apoios do Governo de Macau, numa altura em que as autoridades incentivam o investimento na Zona de Cooperação Aprofundada Macau-Guangdong, em Hengqin. E esta região atrai cada vez mais visitantes de Macau, refere o investidor. Nesta área gerida pelos dois lados da fronteira, já é permitida, por exemplo, a circulação de condutores de Macau, mediante pedido de licença, lembra Pegado.

Mas há outros atractivos: a gasolina é mais barata – “os carros de Macau vêm abastecer-se ao fim de semana, parecemos nós [portugueses] em Badajoz” – os supermercados mais em conta, mais espaço e mais áreas verdes. “Espaço aberto onde se pode relaxar sem se estar no meio da cidade. Essa é a grande razão que faz com que as pessoas troquem Macau por Hengqin ao fim de semana e às vezes até durante a semana, à hora do almoço”, reflecte.

Também Hengqin parece ser uma opção mais económica para os chineses que visitam Macau, onde, de acordo com dados referentes a Agosto, o preço médio de um quarto de hotel é 1.461 patacas. “Hengqin tem sido cada vez mais um ponto de concentração, de dormida, utilizado por muitos visitantes. Muitos dos prédios que foram feitos como escritórios, o Governo deu licenças (…) para se fazerem hotéis ao estilo de Airbnb [alojamento local]”, disse.

Hong Kong e Macau são, para já, origem do grosso dos visitantes do restaurante, mas João Maria Pegado espera também alcançar mais consumidores do interior da China. “Ainda há poucas pessoas que sabem o que significa [o conceito] mediterrânico”, salienta, referindo, no entanto, que, para muitos dos que visitaram o Vivo, a paella negra tem sido escolha recorrente.

A este prato juntam-se outras especialidades da casa, como arroz à pescador, camarões à guilho ou frango no churrasco, nomeia Pegado, que deixou uma carreira ligada ao desporto para se dedicar ao negócio da restauração.

“É especial”, assume. “Sentia que faltava um restaurante de comida ocidental, e que poderia ter sucesso nessa parte (…). Vivo em Hengqin há três anos e é um local que aprecio bastante, permite-me estar perto de Macau, cidade onde cresci e com a qual me sinto identificado”, conclui.

17 Out 2025

Macau | FMI corta previsão de crescimento para 2,6 por cento

Pela segunda vez este ano, o FMI fez uma revisão das previsões de crescimento para a economia de Macau. Em Abril, a previsão inicial de 7,3 por cento foi cortada para 3,6. Agora acredita-se que a expansão económica nem aos 3,0 por cento deve chegar

O Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que a economia de Macau vá crescer 2,6 por cento ao longo deste ano. A nova estimativa divulgada ontem, e citada pela Macau News Agency, significa uma revisão em baixa da previsão anterior, que apontava para uma expansão anual de 3,6 por cento.

Na primeira metade do ano, o território apresentou um crescimento anual de 2,8 por cento, no entanto, o IMF acredita que o ritmo está em desaceleração desde Julho. Os dados utilizados pelo FMI para fazer a estimativa assumem que a inflação ao longo deste ano deve fixar-se em 0,5 por cento, uma redução face à previsão anterior de 0,9 por cento.

A revisão das estimativas em baixa não fica limitada às previsões para este ano. Também o aumento anual do próximo ano foi revisto em baixa para 2,8 por cento. A estimativa anterior do FMI, de Abril, previa uma expansão de 3,5 por cento. No ano passado a economia de Macau cresceu 8,8 por cento.

Nos primeiros dez meses do ano, as receitas brutas do jogo, a principal actividade económica de Macau, apresentaram um crescimento anual de 7,1 por cento, para 181,34 mil milhões de patacas, quando antes tinha sido de 169,35 mil milhões de patacas. Contudo, as receitas durante a Semana Dourada, no início de Outubro, terão ficado abaixo das expectativas.

A expectativa do FMI fica aquém das previsões da Associação Económica de Macau, liderada pelo deputado Joey Lao, que aponta para um crescimento anual de 4,5 por cento.

Tendências opostas

A revisão em baixa pelo FMI das estimativas de expansão de Macau contrasta com o cenário em Hong Kong e no Interior. Na RAEHK, espera-se um aumento ao longo deste ano inferior ao registado na RAEM. Porém, a estimativa mais recente aponta para um aumento de 2,4 por cento, quando antes se esperava uma expansão de 1,5 por cento.

No Interior, as estimativas também são agora mais optimistas. Em Abril, era esperado um crescimento de 4 por cento da economia, que foi agora revisto para 4,8 por cento, acima dos níveis de Macau e Hong Kong.

Esta é a segunda vez este ano que as estimativas sobre a economia de Macau são revistas em baixa pelo FMI. Antes do início do ano, esperava-se uma expansão económica na ordem dos 7,3 por cento. Porém, em Abril, o valor foi cortado para 3,6 por cento. Na altura, Macau foi afectado, tal como o comércio mundial, pelo impacto da política de tarifas adoptada nos Estados Unidos.

17 Out 2025

Reformulação governativa | Chan Tsz King assume ter pouca experiência na área

O novo secretário para a Segurança, Chan Tsz King, assumiu ontem ter pouca experiência para o cargo que ocupa desde ontem, em substituição de Wong Sio Chak. “Para mim este é um desafio muito grande porque nunca tive contacto com a área de segurança e tenho uma experiência fraca neste âmbito”, disse, segundo declarações reproduzidas pela TDM. O novo secretário salientou a qualidade da equipa com que vai trabalhar, que tem “pessoal com experiência”, nomeadamente o director-geral dos Serviços de Alfândega e dos Serviços de Polícia Unitários.

De resto, Chan Tsz King salientou que “a questão da segurança nacional é muito importante para a sociedade de Macau”, esperando-se “desenvolvimentos a longo prazo e diplomas legais que estão a ser produzidos”.

Sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, para esta tutela, Chan Tsz King disse que já estão a ser preparadas. “Da minha parte o principal é ajustar-me a esta área e dominar os pormenores.”

Chan Tsz King foi comissário do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), entre os anos de 2019 e 2024, mas começou a carreira na função pública na qualidade de delegado do procurador do Ministério Público em 1997. Foi depois promovido ao cargo de procurador adjunto em Março de 2000, tendo sido destacado para exercer funções no Serviço do Ministério Público junto dos Tribunais de Segunda e Última Instâncias de Janeiro de 2012 a Dezembro de 2019.

O novo secretário para a Segurança nasceu em Hong Kong em 1970 e tem formação superior feita em Portugal, nomeadamente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa de Portugal, terminado em 1989, e um curso de Direito feito na Universidade Autónoma de Lisboa de Portugal em 1995.

MP | Tong Hio Fong fala “grande responsabilidade”

Tong Hio Fong, que assumiu ontem o cargo de Procurador do Ministério Público (MP) da RAEM, no âmbito da reforma governativa, agradeceu a “confiança do Governo Central e do Chefe do Executivo” no assumir de um cargo “importante e com grande responsabilidade”. O responsável adiantou ainda que vai “contribuir para o desenvolvimento da RAEM”, descrevendo o território um exemplo bem-sucedido da prática de um país, dois sistemas, sendo que “a estabilidade e prosperidade a longo prazo são assegurados pelo Estado de Direito”. Por sua vez, Tong Hio Fong disse que o MP “é uma instituição importante para defender o Estado de Direito, sendo responsável por defender a dignidade da lei, proteger os direitos dos cidadãos e combater as actividades ilegais”. Como Procurador, prometeu focar-se “no princípio do Estado de Direito, aplicar a lei de forma rigorosa e justa e reforçar a inspecção às actividades judiciárias”, bem como “aumentar a eficiência judiciária”.

Administração | Wong Sio Chak recolhe opiniões em mercados

Ao assumir uma vasta pasta, a da Administração e Justiça, Wong Sio Chak, ex-secretário para a Segurança, prometeu que, nas próximas semanas, irá auscultar as opiniões da população no que diz respeito ao funcionamento dos mercados. “Nos próximos tempos vou visitar as comunidades, em particular os mercados. Vou continuar a fazer isto [ouvir opiniões]. Os meios para acolher as opiniões do público estão sempre desimpedidos”, disse à imprensa.

Aos jornalistas, Wong Sio Chak agradeceu o trabalho realizado pelo seu antecessor, André Cheong, garantindo que vai agora focar-se em quatro áreas que entende serem prioritárias, tal como a reforma da Administração Pública, o reforço da construção de “Um país, dois sistemas”, a maior eficiência na governação e promover a integração na Grande Baía e na Zona de Cooperação Aprofundada de Hengqin.

“Independentemente dos serviços governamentais ou dos locais, é fácil aparecer maus hábitos, como sectarismo, burocracia ou actuações isoladas. Em Macau também acontecem estas situações e precisamos mudar isso. Precisamos facilitar a comunicação horizontal [dentro da Função Pública] e elevar a eficácia da cooperação”, acrescentou ainda.

Wong Sio Chak defendeu que é necessário “aumentar a capacidade do pessoal, explorar o seu potencial e aproveitar bem os talentos, optimizando a afectação de funcionários”. Desta forma, o governante considera que “é preciso criar mais acções de formação concretas, sobretudo na capacitação dos serviços”.

Wong Sio Chak, nasceu na província de Guangdong em 1968 e é licenciado em Direito pela Universidade de Pequim. Depois de uma longa carreira na Polícia Judiciária foi indigitado, em 2014, secretário para a Segurança.

17 Out 2025

Assembleia Legislativa | André Cheong eleito presidente por unanimidade

Cheong Weng Chon, Cheong Weng Chon e Cheong Weng Chon… foi o nome repetido pelos 33 deputados nos boletins de voto, inclusive do próprio, que confirmou a escolha do novo presidente da AL

“Tenho a vontade de assumir este cargo”, foi desta forma que André Cheong reagiu após ter sido eleito o novo presidente da Assembleia Legislativa. Mais tarde, o ex-secretário para a Administração e Justiça lembrou aos jornalistas que a nova sessão legislativa terá “novos deputados oriundos de diferentes indústrias” e que terá em conta “as experiências bem-sucedidas das últimas sete legislaturas”. “Espero que haja avanços no trabalho legislativo e de supervisão, para que a governação da RAEM seja feita com maior cooperação da Assembleia Legislativa (AL)”, acrescentou.

André Cheong disse também esperar que “os projectos e propostas de lei e as políticas [do Executivo] correspondam às opiniões da população e à esperança social através da AL, sendo esta uma plataforma importante”.

Na sessão de ontem, antes da eleição, José Pereira Coutinho, o deputado mais velho com 67 anos, foi responsável por conduzir os trabalhos do primeiro plenário, como tradicionalmente acontece. Falando exclusivamente em cantonês, o português propôs que os votos sobre o futuro presidente do hemiciclo fossem contados pelos deputados mais jovens Chan Lai Kei e Loi I Weng. A proposta foi aprovada por todos os deputados, depois de uma votação com o braço no ar.

Seguiu-se uma nova votação, secreta e com boletim de voto, para escolher o futuro presidente da Assembleia Legislativa. Um procedimento ordenado, com os deputados a levantarem-se de acordo com o lugar nas filas do hemiciclo, e em que apenas destoaram as dificuldades do futuro presidente em dobrar o boletim de voto, o que teve de fazer quando já estava à frente da urna, e depois de uma primeira tentativa falhada.

Terminada a votação, Chan Lai Kei e Loi I Weng leram o seu sentido de voto e o dos colegas e por 33 vezes foi repetido o nome Cheong Weng Chon, o que confirmou que aquele que era até ontem o número dois do Governo, enquanto secretário para a Administração e Justiça, seria o novo presidente do hemiciclo.

Consagrada a unanimidade, José Pereira Coutinho dirigiu-se ao agora deputado nomeado pelo Chefe do Executivo e perguntou-lhe se aceitava a nova posição: “Tenho a vontade de assumir este cargo”, respondeu André Cheong.

Resultados distintos

A votação de ontem marcou também uma diferença face ao que aconteceu em 2019 e 2021, quando Kou Hoi In foi eleito o presidente do hemiciclo.

Em 2019, Kou foi escolhido presidente a meio de uma Legislatura, depois de Ho Iat Seng ter abdicado da posição de deputado para concorrer a Chefe do Executivo. Nessa votação, quando o hemiciclo estava a funcionar apenas com 32 deputados, dado o lugar deixado livre por Ho, Kou foi eleito com 29 votos a favor, José Pereira Coutinho teve um voto e houve dois votos em branco.

Em 2021, Kou Hoi In foi reeleito, num parlamento que pela primeira vez tinha visto vários candidatos a deputados excluídos por motivos políticos. Ainda assim, e apesar de haver 33 votantes, Kou teve 32 votos, uma vez que José Chui Sai Peng também reuniu um voto.

Caso inédito

Em quase 25 anos da RAEM, esta é a primeira vez que um deputado estreante passa directamente para presidente da Assembleia Legislativa. Após a transição, Susana Chou foi eleita como presidente, mas tinha uma longa experiência como deputada, que acumulou durante a Administração Portuguesa. Desempenhou o cargo de presidente entre 1999 e 2009.

Saída do hemiciclo, a empresária foi substituída por Lau Cheok Vá, que tinha sido vice-presidente da AL entre 1999 e 2009. Antes disso, o ex-deputado dos Operários foi deputado entre 1984 e 1999, durante a Administração Portuguesa.

A situação mais próxima da de André Cheong é a de Ho Iat Seng. O ex-Chefe do Executivo foi eleito deputado pela primeira vez em 2009. E nessa altura foi votado como vice-presidente do hemiciclo. Contudo, o também empresário só chegou à presidência em 2014, após a saída de Lau Cheok Vá e depois de cumprir pelo menos um mandato como deputado.

Passado na Administração

Nascido em Pequim em 1966, e licenciado em Língua Portuguesa pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim e em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Macau, André Cheong tem um passado na Administração Portuguesa como Conservador da Conservatória do Registo Predial e de Director da Direcção dos Serviços de Justiça. Após a transição, assume o cargo de Director da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça entre 2000 e 2014, assumindo depois a liderança do Comissário contra a Corrupção de Dezembro de 2014 a Dezembro de 2019.

Em 2019, foi eleito secretário para a Administração e Justiça e de membro do Conselho Executivo, cargos que desempenhou até ontem.

Ho Ion Sang eleito vice-presidente

No dia de ontem, os deputados da Assembleia Legislativa procederam também à eleição do vice-presidente, escolhendo, por unanimidade, Ho Ion Sang, deputado eleito pela via indirecta e ligado aos Moradores de Macau. Si Ka Lon e Ella Lei foram escolhidos como primeiro e segundo secretários da AL, também com 33 votos cada. A escolha aconteceu depois do juramento e tomada de posse de André Cheong como presidente da AL, que presidiu à sessão.

17 Out 2025

Taiwan | Residentes seduziam pessoas para burlas

Foram detidos, esta segunda-feira, seis residentes suspeitos de estarem ligados a um grupo criminoso de Taiwan associado a burlas, e que terão recrutado nove residentes para extorquir dinheiro a vítimas. A investigação começou em Setembro do ano passado, sendo que a Polícia Judiciária ainda está a investigar os montantes envolvidos

 

A Polícia Judiciária deteve, esta segunda-feira, seis residentes de Macau alegadamente envolvidos com um grupo criminoso de Taiwan associado a burlas. Segundo noticiou o jornal Ou Mun, o caso começou quando a Polícia Judiciária (PJ) iniciou uma investigação após receber pedidos de ajuda de familiares de nove residentes de Macau desaparecidos.

As autoridades perceberam mais tarde que estes nove residentes tinham sido detidos pela polícia de Taiwan e condenados a penas de prisão de três a oito meses pela prática do crime de burla. O papel destes residentes foi o de receber e entregar o dinheiro extorquido às vítimas de burla, sendo que quatro destes residentes regressaram depois a Macau após cumprirem a pena. Estima-se que os nove residentes tenham recebido de milhares a dezenas de milhar de renminbis como pagamento para estas funções.

A PJ de Macau percebeu então que os nove residentes julgados em Taiwan terão sido recrutados pelos seis detidos desta segunda-feira, com promessas de salários elevados para a realização de actividades ilegais na antiga Formosa.

Montantes por calcular

A PJ percebeu também que dois dos seis detidos serão os autores principais do grupo criminoso de Taiwan, tendo recebido pagamentos ilegais de 1 a 3 por cento por cada montante de burla extorquido pelos nove residentes detidos em Taiwan. No entanto, a PJ disse precisar de investigar os montantes concretos recebidos por estes dois autores principais do crime, bem como a remuneração ilegal recebida pelos outros suspeitos. O caso foi encaminhado para o Ministério Público para posterior investigação, existindo suspeitas da prática de crime de associação criminosa.

16 Out 2025

Aeroporto | Expansão garante capacidade para 13 milhões de visitantes

Ainda antes do aumento da capacidade para passageiros, o aeroporto vai receber uma maior área de estacionamento das aeronaves, com o número de lugares a subir para 56 face aos actuais 36

 

Até ao final de 2030, o Aeroporto Internacional de Macau vai ter capacidade para receber por ano 13 milhões de passageiros. Os números foram apresentados por uma representante da Autoridade de Aviação Civil (AACM), na mais recente reunião do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, que ocorreu na segunda-feira.

O balanço da reunião foi feito ao jornal Ou Mun pelos conselheiros Li Yongjian e Ieong Weng Kuong, que citaram as respostas do encontro da AACM.

Segundo as explicações citadas, as obras de expansão estão em curso, depois de terem arrancado em Abril. A nova zona de estacionamentos deverá ficar terminada em 2028, o que vai fazer com que os lugares de estacionamento para aeronaves passem dos actuais 36 para 56 lugares, um aumento de 55,6 por cento.

Ao mesmo tempo, foi indicado que as estimativas apontam para que as obras de expansão fiquem totalmente terminadas em 2030, dentro de cerca de cinco anos, e que nessa altura o aeroporto vai ter capacidade para lidar com mais dois milhões de viajantes, face à capacidade actual de 11 milhões por ano.

No ano passado, o aeroporto recebeu 7,6 milhões de viajantes, menos dois milhões do que o recorde de passageiros, alcançado em 2019, ainda antes da pandemia, quando houve 9,6 milhões viajantes a utilizar a infra-estrutura. No entanto, o número parece ir apresentar uma nova redução. Entre Janeiro e Outubro deste ano, foram contabilizados cerca de 5,5 milhões de passageiros. No ano passado, nos primeiros dez meses, registaram-se de 5,7 milhões de passageiros.

Maior área

Com as obras em curso, a área total do aeroporto vai ser aumentada para 325 hectares, face aos actuais 177 hectares. Na reunião, os conselheiros abordaram ainda outras questões relacionadas com o aeroporto como os assuntos relacionados com a segurança e o transporte de passageiros entre o cais de embarque e os aviões.

Neste sentido, foi garantido aos conselheiros que face às actuais limitações no número de mangas de embarque disponíveis, que o transporte dos passageiros entre o cais de embarque e as aeronaves vai continuar a ser feito através de autocarros. Esse será também o meio utilizado para os futuros lugares de estacionamento dos aviões.

Durante o encontro, segundo Li Yongjian e Ieong Weng Kuong, houve ainda conselheiros a apelar para o desenvolvimento de mais instalações complementares do aeroporto, assim como uma especial atenção para que o centro de transportes esteja preparado para lidar com o fluxo de passageiros que acontece em eventos de grande dimensão, como os recentes jogos de pré-temporada em Macau da NBA.

16 Out 2025

Hainão | Aproveitar Macau para importar produtos lusófonos

Numa visita ao Fórum Macau, o governador Liu Xiaoming afirmou querer criar sinergias com a RAEM para que os produtos lusófonos consigam entrar no Interior

 

O líder da ilha de Hainão afirmou ontem que quer ajudar os produtos lusófonos a entrar no mercado chinês, defendendo sinergias com Macau e os países de língua portuguesa. O governador Liu Xiaoming apontou como meta “a construção de Hainão como núcleo entreposto para a entrada dos produtos dos países de língua portuguesa no interior da China”.

Liu falava durante uma visita às instalações do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum de Macau. Segundo o Fórum de Macau, o líder de Hainão pediu apoio à organização, também para ajudar as empresas da ilha “a aprofundar os conhecimentos sobre as regras dos mercados e os ambientes de investimento das nações lusófonas”.

De acordo com um comunicado, Liu defendeu a aposta em um “desenvolvimento sinérgico entre Hainão, Macau e os países de língua portuguesa” e lembrou que a ilha irá tornar-se um porto franco antes do fim do ano. A partir de 18 de Dezembro, os produtos importados que sejam processados em Hainão – com um valor acrescentado de pelo menos 30 por cento – podem entrar na China continental sem pagar taxas alfandegárias.

Aposta nas vantagens

Na segunda-feira, ainda antes da deslocação ao Fórum Macau, Liu Xiaoming teve um encontro com Sam Hou Fai. De acordo com um comunicado do Governo de Macau, Sam defendeu que pode haver “complementaridade de vantagens” entre o porto franco de Hainão e a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau.

Esta zona económica especial, gerida conjuntamente pela província de Guangdong e por Macau, foi lançada por Pequim e 2021 e abrange cerca de 106 quilómetros quadrados na ilha da Montanha, adjacente a Macau. A China estabeleceu Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003 e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.

O organismo integra, além da China, os nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, desde 2022, Guiné Equatorial. As exportações dos países de língua portuguesa para a China caíram 11,3 por cento, para 86,6 mil milhões de dólares nos primeiros oito meses do ano, de acordo com dados oficiais.

16 Out 2025

AL | Deputados tomam posse esta manhã

Os deputados da Assembleia Legislativa tomam posse esta manhã para o início da VIII Legislatura. O juramento está agendado para as 11h, na sala de reuniões do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

À tarde, para as 15h, está agendada a primeira sessão do Plenário da Assembleia Legislativa que vai servir para eleger os futuros presidente, vice-presidente, primeiro secretário e segundo secretário. Feita a reunião, haverá mais uma sessão de juramento, logo no mesmo dia, às 16h, e tomada de posse do presidente da AL. A sessão também decorre no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Na sequência da remodelação governativa, Wong Sio Chak e Chan Tsz King vão realizar a cerimónia de juramento e tomada de posse esta manhã, pelas 10h, na sede do Governo. Wong Sio Chak vai assumir as funções de secretário para a Administração e Justiça, enquanto Chan Tsz King vai ser o novo secretário para a Segurança. Na sessão das 10h, a primeira das três que vão ocorrer amanhã, está igualmente prevista a cerimónia de juramento e tomada de posse de Tong Hio Fong como Procurador da RAEM e dos novos membros do Conselho Executivo. A cerimónia não é aberta à população.

AMCM | Chan Kuan I nomeada para Conselho de Administração

Chan Kuan I foi nomeada vogal do Conselho de Administração da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). A medida entra em vigor na próxima segunda-feira, de acordo com um despacho de Sam Hou Fai, publicado ontem no Boletim Oficial. Licenciada em Comércio (Contabilidade) na Monash University da Austrália e com um mestrado em Administração Pública ministrado pela Peking University e Chinese Academy of Governance, Chan faz parte dos quadros da AMCM desde Agosto de 2001, embora com um interregno entre 2006 e 2009, quando desempenhou funções no Gabinete de Informação Financeira. Após o regresso à AMCM, a nova vogal desempenhou as funções de técnica, directora-adjunta e directora do Departamento de Supervisão de Seguros.

DSSCU | Chan Hoi Ieng nomeada subdirectora

Raymond Tam nomeou Chan Hoi Ieng, umas das assessoras do seu gabinete, como subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU). A nomeação foi revelada ontem através do Boletim Oficial. Chan Hoi Ieng é licenciada em Engenharia pela Universidade de Tsinghua e tem um mestrado em Administração Pública, pela Universidade de Peking. A nível profissional foi técnica superior entre Dezembro de 1999 e Novembro de 2016 no então Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Entre 2016 e 2022, desempenhou o mesmo tipo de funções nos Serviços de Alfandega, até Dezembro do ano passado, altura em que foi promovida a assessora. Também em Dezembro do ano passado, foi nomeada assessora do Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas. É agora escolhida para subdirectora da DSSCU.

16 Out 2025

DSAT | Chiang Ngoc Vai assume o cargo de director

Após quase 20 anos à frente da direcção responsável pelo trânsito, Chiang foi promovido ao topo da hierarquia. Desde Julho, que desempenhava as funções, como substituto, depois da saída de Lam Hin San

 

Após três meses como director substituto da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Chiang Ngoc Vai assumiu ontem a pasta a título próprio. A informação foi revelada através de um despacho publicado no Boletim Oficial, assinado por Raymond Tam, secretário para os Transportes e Obras Públicas.

Além dos três meses como director substituto, Chiang Ngoc Vai conta com uma carreira de quase 20 anos na DSAT, serviço em que ingressou pela primeira vez em 2008, logo para assumir as funções de subdirector. Desde essa altura, até Julho deste ano, Chiang manteve-se como subdirector e foi nessa condição nos últimos meses que assumiu as funções de director, após a saída do antecessor, Lam Hin San.

A promoção confirmada ontem, e o afastamento de Lam Hin San, mostram também uma ruptura de Raymond Tam com o passado, dado que o antecessor de Chiang tinha sido nomeado pelo anterior secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, merecendo a confiança deste durante cerca de 10 anos.

No despacho não são indicadas razões particulares para a nomeação, além do pro-forma a indicar que Chiang Ngoc Vai “possui competência profissional e aptidão para o exercício do cargo” e do currículo do nomeado. Como acontece nas nomeações em comissão de serviço, a escolha do secretário é válida durante o período de um ano.

Da engenharia

Em termos académicos, o despacho indica que Chiang Ngoc tem duas licenciadas em Engenharia Civil e em Ciência (Topografia Cadastral e Ordenamento do Território). As instituições de ensino das licenciaturas não são referidas.

A nível profissional, o director da DSAT conta com um longo percurso na Administração Pública, com mais de 30 anos. Chiang ingressou na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes em Outubro de 1990, desempenhado as funções de técnico.

Em Março de 1992, é promovido dentro da mesma direcção, para assumir as funções de chefe de sector. Ainda antes da transferência, em 1995, Chiang Ngoc Vai é novamente promovido internamente para assumir as funções de técnico superior e também de chefe de Departamento. Manteve-se nestas funções até 2008, durante mais 13 anos, altura em que nomeado para a DSAT.

16 Out 2025

Prostituição | Acção de cooperação policial detém 18 pessoas

Uma acção policial conjunta entre Macau, Hong Kong e Guangdong levou ao desmantelamento de um grupo de controlo de prostitutas, tendo sido detidas 18 pessoas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, oito das pessoas detidas são residentes de Macau. Foram interceptados, nesta operação conjunta, 58 prostitutas e 44 clientes.

O caso remonta a Maio, quando a Polícia Judiciária (PJ) iniciou a investigação, percebendo que havia várias prostitutas a procurar clientes através do mesmo website com alegadas ligações a um grupo criminoso com membros da província de Guangdong, Macau e Hong Kong.

Esta segunda-feira, teve início a operação policial conjunta, com detenções de suspeitos em várias cidades da China e nas duas regiões administrativas especiais. A PJ acredita que este grupo terá iniciado o negócio das prostitutas através do website em Janeiro deste ano, tendo sido feita publicidade a mais de 2500 prostitutas, que trouxeram um lucro de 750 mil renminbis. A PJ descreveu ainda que cada prostituta tinha de pagar ao grupo 300 renminbis para ter publicidade e, assim, atrair clientes.

15 Out 2025

JP Morgan | Semana Dourada com resultados abaixo do esperado

A passagem de dois tufões, a proximidade do Festival do Bolo Lunar e o Grande Prémio de Fórmula 1 em Singapura são indicados como os factores que afectaram negativamente a indústria do jogo

 

As receitas do jogo ficaram aquém do esperado durante a Semana Dourada e até Novembro a situação não deve melhorar. O cenário foi traçado pelo banco de investimento JP Morgan, no relatório mais recente assinado pelos analistas DS Kim, Selina Li e Lindsey Qian. De acordo com o conteúdo, divulgado pela Macau News Agency, as receitas no início de Outubro não “foram assim tão douradas”, com uma redução de cinco por cento em comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo os analistas, para a diminuição das receitas contribuíram os impactos do tufão Ragasa, que obrigou ao encerramento dos casinos durante algumas horas, e também do tufão Matmo, que apesar de não ter encerrado os locais de jogo levou a que os transportes fossem seriamente afectados. E também o facto de o Festival Lunar ter sido celebrado perto da Semana Dourada. Enquanto data de encontros familiares, o festival poderá ter contribuído para que os jogadores ficassem menos tempo nas mesas dos casinos.

No entanto, Macau também terá sofrido com a competição regional e a organização do Grande Prémio de Fórmula 1 em Singapura. Os analistas acreditam que o evento ocorrido entre 3 e 5 de Outubro contribuiu para afastar do território alguns dos maiores apostadores.

Face a estes fenómenos, a JP Morgan fez uma revisão das estimativas das receitas do jogo em baixo, apontando para um crescimento anual em Outubro de 3 a 6 por cento. A estimativa anterior apostava para um crescimento de 11 a 13 por cento, no que se esperava que fosse a melhor Semana Dourada desde os tempos da pandemia.

Sinal positivo

Apesar de reduzirem as estimativas, os analistas deixaram um sinal de confiança aos analistas no mercado do jogo de Macau: “Não estamos a atirar a toalha ao chão. Vemos estes factores como lombas no caminho e não como bloqueios, pelo que apesar de reduzirmos as nossas estimativas acreditamos no valor do mercado”, foi apontado.

Face a este contexto, os analistas acreditam que a valorização das acções dos casinos deverá apresentar fortes variações nas próximas semanas, até a indústria voltar a apresentar um crescimento de pelo menos 10 por cento. A JP Morgan acredita que esse crescimento deve acontecer a partir de Dezembro e durante o primeiro trimestre do próximo ano. Em Setembro, o sector do jogo arrecadou 18,3 mil milhões de patacas, mais 6 por cento face a Setembro do ano passado.

Em termos de receita bruta acumulada, os primeiros nove meses de 2025 registaram um aumento de 7,1 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo 181,3 mil milhões de patacas. Macau fechou 2024 com receitas totais de 226,8 mil milhões de patacas, mais 23,9 por cento do que no ano anterior.

15 Out 2025

Coimbra | Vice-reitor aponta China como factor de “certeza”

João Nuno Calvão da Silva afirma que a China é uma força da paz no mundo e que contribui como um factor “de certeza” na ordem internacional, numa altura em que existem “tantos factores de incerteza”, alguns dos quais provenientes do mundo ocidental

 

O vice-reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Nuno Calvão da Silva, considerou que a República Popular da China tem conferido “uma componente de certeza” no mundo actual, em contraste com os factores de incerteza que tem surgido “no mundo ocidental”. As declarações do vice-reitor para as Relações Externas e Alumni da UC foram prestadas à margem da cerimónia de abertura de uma conferência conjunta entre a Universidade de Macau (UM) e a UC.

Quando questionado sobre a crescente utilização do direito em áreas como o patriotismo, a segurança nacional e a convivência com o Estado de Direito, dadas a recente detenção de um ex-deputado e as exclusões cada vez mais frequentes de eleições, João Nuno Calvão da Silva destacou o papel assumido pela China no mundo actual.

“Na ordem internacional em que vivemos temos tantos factores de incerteza, mesmo de onde nós menos esperávamos, no mundo ocidental, por exemplo, que apraz-me registar essa componente de certeza que a República Popular da China vem conferido ao mundo”, afirmou o dirigente da UC, de acordo com o Canal Macau. “Também devemos salientar o cumprimento que tem feito com que seja possível à comunidade portuguesa continuar aqui, aos jornalistas fazerem as perguntas que entendem ao vice-reitor da Universidade de Coimbra, neste momento, e isso também tem a ver com o cumprimento desta matriz de um direito que foi esculpido por grandes juristas portugueses sobretudo da Universidade de Coimbra”, acrescentou.

Além 2049

De acordo com a Lusa, o académico “recusou-se a comentar questões políticas específicas”, mas destacou um grau de compreensão promovido pela China. “Como em tudo no mundo, a perfeição não existe. Mas é este grau de compreensão e este factor de certeza que a mim apraz registar e que continua a ser muito importante e para a aproximação das relações”, apontou. “Não apenas entre Portugal e a China, mas de todo o mundo de língua portuguesa e da República Popular da China, como factor inestimável de conteúdo para a paz na humanidade”, sublinhou.

João Nuno Calvão da Silva manifestou também a esperança de que Macau mantenha o legado jurídico português após os 50 anos de validade da Lei Básica e da Declaração Luso-Chinesa. “Depois de 2049, se [Macau] sai desse tratado internacional, deste período de transição, obviamente nós esperamos que este trabalho que foi sendo feito, as pessoas que vão sendo criadas, este capital humano, fique aqui com uma cultura jurídica em que este ADN de Portugal e de Coimbra se vá manter”, afirmou Calvão da Silva.

O vice-reitor para as Relações Externas e Alumni da UC explicou que actualmente existe um direito que “está a ser cumprido”, uma “Lei Básica” e um “conjunto de diplomas com uma matriz muito específica do direito português”.

“Em processo penal, (…) estamos a ter um cumprimento desse ordenamento jurídico, sabemos que até 2049 assim será, é assim que tem sido desde 1999”, considerou.

15 Out 2025

Diplomacia | Liu Xianfa pediu fim de “ataques” dos EUA à RAEM

O Comissário do MNE em Macau mostrou a sua insatisfação à cônsul-geral dos Estados Unidos em Hong Kong e Macau, Julie Eadeh, com os “chamados relatórios anuais” publicados pelos Estados Unidos sobre a RAEM que afirmou conterem “ataques e difamações”

 

O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, Liu Xianfa, apelou à cônsul-geral dos Estados Unidos em Hong Kong e Macau, Julie Eadeh, para acabar com “os ataques e difamações” contra Macau nos relatórios anuais. O pedido aconteceu durante uma chamada telefónica feita por Julie Eadeh a Liu Xianfa, a 10 de Outubro, de acordo com uma publicação na rede social Facebook, na página do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros na RAEM. Em Agosto, Julie Eadeh foi escolhida pelos Estados Unidos como a nova cônsul-geral em Hong Kong e Macau, sucedendo a Greg May.

Como parte das novas funções, e dado que a área de acção também inclui Macau, a representante americana fez uma “chamada telefónica de cortesia” a Liu Xianfa. Durante o telefonema, o comissário disse a Eadeh que espera que os Estados Unidos assumam um papel construtivo no desenvolvimento de Macau e que acabem os “os ataques e difamações”.

“O Comissário Liu apelou à parte norte-americana a acabar com os ataques e difamações contra Macau nos chamados relatórios anuais, a não comprometer a segurança e a estabilidade de Macau e a não impedir a prosperidade e o desenvolvimento de Macau”, consta no comunicado.

Em causa, estão os relatórios publicados anualmente pelo Departamento de Estado sobre direitos humanos, liberdade religiosa ou tráfico humano.

Liu Xianfa também terá indicado a Julie Eadeh a esperança de que ela “aja de forma a promover o intercâmbio e a cooperação entre Macau e os EUA” e que “desempenhe um papel construtivo no desenvolvimento estável, sólido e sustentável das relações entre a China e os EUA”.

Salvaguardar cooperação

De acordo com a versão do Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, durante a chamada telefónica, Julie Eadeh destacou que “o envolvimento e a cooperação com Macau no comércio, investimento e intercâmbio entre os povos são importantes para os EUA” e que ela vai desempenhar um “papel activo” para concretizar esse intercâmbio.

Julie Eadeh é licenciada em Ciências, pela Universidade do Leste do Michigan e tem um mestrado em Estudos Árabes Contemporâneos pela Universidade de Georgetown. Fez parte do Departamento de Estado dos EUA, até ingressar nos Serviços Consulares americanos em 2004.

Ao longo da carreira teve passagens por embaixadas no Médio Oriente, em países como a Arábia Saudita, Líbano ou Iraque. Em 2010, tornou-se cônsul-geral dos EUA em Xangai, lugar que ocupou até 2012. Também desempenhou funções de chefe da secção política do Consulado dos EUA em Hong Kong, que agora vai liderar.

15 Out 2025

Cooperação | Sam Hou Fai recebeu governador de Hainão

O líder do Governo de Macau e o Governador de Hainão discutiram a possibilidade de aprofundar a cooperação entre as duas regiões. Sam Hou Fai espera o apoio da região conhecida como o Hawai da China para diversificar a economia

 

O Chefe do Executivo destacou contar com o apoio de Hainão para criar mais oportunidades de desenvolvimento para a RAEM. A mensagem foi deixada durante um encontro entre Sam Hou Fai e Liu Xiaoming, governador da província de Hainão, que esteve de visita a Macau.

Segundo a versão do Governo de Macau sobre o encontro de segunda-feira, Sam Hou Fai e Liu Xiaoming “trocaram opiniões sobre o fomento da cooperação cultural e económico-comercial” entre as duas partes e discutiram “o reforço da articulação na promoção de actividades turísticas e de exposições e convenções”.

Na reunião, Sam Hou Fai disse a Liu Xiaoming que “a RAEM e a província de Hainão se situam na região do Grande Delta do Rio das Pérolas” e que têm “acesso ao vasto mercado do Interior do País, como também estão ligados ao mercado do Sudeste Asiático”.

O dirigente de Macau apontou também que Macau e Hainão têm mantido “um intercâmbio frequente e profundo, e uma base sólida de cooperação em áreas como no turismo, na cultura, nas exposições e convenções”. E sobre esta parceria Sam Hou Fai apontou que foram alcançados “resultados notáveis”.

Ganhos mútuos

O líder da RAEM afirmou ainda que desde que as partes começaram a apostar na “promoção conjunta do modelo de uma viagem de multi-destinos” que a cooperação subiu para um novo nível e está a gerar “ganhos mútuos”.

Sam também frisou que “através do incentivo à reciprocidade de fluxos turísticos, promover-se-á o desenvolvimento dinâmico da indústria turística de ambas as regiões, alcançando benefícios recíprocos”.

Durante o encontro, cuja duração não foi divulgada, o líder de Macau adiantou a Liu Xiaoming que a RAEM está a adoptar políticas de “diversificação adequada da economia, promovendo com total empenho um desenvolvimento socioeconómico de alta qualidade”. E, neste processo, o Chefe do Executivo afirmou esperar “contar com o grande apoio de Hainão, e através da cooperação pragmática entre as duas partes, aproveitar plenamente as vantagens de cada uma”. Sam Hou Fai prometeu também “explorar mais modelos de colaboração para criar oportunidades de desenvolvimento mais amplas” para Macau e Hainão.

Além de Sam Hou Fai representaram Macau no encontro o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, a chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Chan Kak, o director do Gabinete de Estudos de Políticas e Desenvolvimento Regional, Cheong Chok Man, e o director dos Serviços de Assuntos Administrativos da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, Cao Jin Feng.

15 Out 2025

Óbito | António Coelho morre com 77 anos, mas deixa legado na gastronomia portuguesa

O fundador do Restaurante António morreu no domingo em Macau, devido a problemas de coração. Para trás, deixa uma marca e um conceito inovador de promoção da comida portuguesa na Ásia

Um pai, um amigo e um dos grandes embaixadores da gastronomia portuguesa na Ásia. O chef António Coelho morreu no domingo, com 77 anos, devido a problemas de coração, mas deixa para trás um percurso profissional de quase 40 anos e uma influência que se faz sentir em vários restaurantes e cozinheiros de comida portuguesa em Macau.

Nascido em Portugal em 1948, o primeiro contacto de António Coelho com Macau aconteceu em 1970, quando teve de cumprir o serviço militar obrigatório de quatro anos. Após dois anos, a terra ficou na memória, mas o futuro cozinheiro optou por regressar à Europa.

Em Portugal, começa por trabalhar na Segurança Social, mudando, mais tarde, para num laboratório de análises clínicas. Foi nesta área que desenvolveu o gosto pela gastronomia, não pelo trabalho, mas pelos vários almoços e jantares em diferentes restaurantes. Cada vez mais interessado na cozinha, António decide empregar-se, em 1984, num restaurante, onde admitiu ter aprendido a cozinhar, de acordo com uma entrevista ao jornal South China Morning Post, de 2018.

Os primeiros anos da nova carreira de António Coelho são passados em Portugal, onde desempenha diferentes funções como gerente-administrador do restaurante Botequim do Rei ou director do departamento de restauração do Grande Hotel da Curia. Em 1996, tem a primeira experiência internacional, como director do departamento de restauração do Hotel Trópico, em Cabo Verde. A experiência prolonga-se um ano.

Criação de um legado

Regressado a Macau em 1997, António vai trabalhando durante 10 anos em diferentes espaços, como os restaurantes Frol de la Mar, Lusitano, Lisboa, tendo ainda uma breve passagem por Hong Kong, em 2002, no Restaurante Inn. No entanto, o passo decisivo para a sua afirmação como um dos chefs mais influentes de gastronomia portuguesa na Ásia surge em 2007, com a abertura do Restaurante António.

E o êxito que se seguiu não foi obra do acaso, como contou Edgar Rodrigues, chef que veio para Macau para trabalhar no lançamento do projecto: “O sucesso teve por base as receitas, a qualidade da comida, mas também o muito profissionalismo”, afirma Edgar Rodrigues, ao HM. “Ele estava muito atento aos clientes. Se houvesse um pedido de amêijoas à bolhão pato, ele tinha receitas diferentes adaptadas à nacionalidade. Por exemplo, os coreanos não gostam de coentros, a receita para eles não tinha coentros. Os clientes chineses gostam de pouco sal, eram servidos com pouco sal, e os locais gostam da receita mais tradicional. Num único prato havia várias formas de cozinhar, só para satisfazer os diferentes clientes”, recorda.

Também Cristiano Tavares, actualmente chef do restaurante Macalhau, veio para Macau para trabalhar no Restaurante António. Considera que o chef encontrou um posicionamento para a comida portuguesa que ainda hoje influencia outros restaurantes. “Acho que o sucesso se deveu à maneira de ser, era uma pessoa politicamente correcta, tinha uma forma de trabalho que agradava tanto a turistas chineses, coreanos como japoneses”, explicou Cristiano Tavares, ao HM. “Éramos um restaurante de rua com quatro ou cinco cozinheiros. Ele conseguiu fazer o que ainda hoje muitos restaurantes grandes não conseguem fazer. Hoje em dia há muitos restaurantes com comida portuguesa que que abrem em Macau, mas seguem o exemplo do que ele fez”, considerou.

Qualidade e espectáculo

Além da comida, os clientes Restaurante António deixavam seduzir-se pelo “espectáculo”. É esta a visão de Marcelino Marques, amigo de António e músico que durante vários anos animou as noites do espaço, com música tradicional portuguesa.

“A qualidade da comida fazia com que o espaço fosse popular. Ele tinha muito cuidado na escolha da comida e das bebidas servidas. Ia a Portugal escolher vinhos de várias regiões, como o Douro ou o Alentejo, todos com muita qualidade, que eram engarrafados com a marca António. As pessoas sabiam que não iam pagar pouco, não que fosse um espaço com preços de luxo, não era, mas a quantidade servida não era pouca”, recordou Marcelino Marques.

Todavia, o músico considera que o sucesso também se deveu a um conceito em que a refeição também era um espectáculo: “As pessoas gostavam de ouvir a música portuguesa, mas também de estar com o António. Ele era uma pessoa afável, grande e aparecia com aquela jaqueta branca com as bandeiras de Portugal, China e Macau e as pessoas gostavam da presença dele e pediam-lhe para tirar fotografias” conta. “Ele também abria uma garrafa champanhe com uma espada. Fazia toda uma cerimónia e as pessoas gostavam muito disto. Era um espectáculo e uma festa ver a rolha a voar da garrafa. Funcionava bem”, lembrou.

Marcelino Marques recorda que a comida e o espectáculo faziam com que o restaurante fosse muito famoso, principalmente entre turistas japoneses, coreanos e de Hong Kong. O músico revela que as marcações dos turistas nipónicos aconteciam com dias de antecedência. E para este factor também contribuiu o facto de António oferecer no final das refeições um cálice de vinho do porto, o que também levou ao reconhecimento da Confraria do Vinho do Porto.

O sucesso do Restaurante António fez com que o chef vendesse o espaço a um fundo de investimento, passando a embaixador do espaço. A ruptura com o fundo aconteceu em 2020, quando foi despedido sem justa causa. O caso acabou nos tribunais, com António a vencer a causa. Nos últimos anos, António assumiu a posição de chef executivo no Angela’s Café and Lounge, no Hotel Lisboeta.

Um pai, um amigo

Devido ao trabalho em Macau, António foi distinguido, em 2013, pelo Governo da RAEM com a Medalha de Mérito Turístico da RAEM. Também em 2015, recebeu a medalha de mérito das comunidades portuguesas do Governo Português. No entanto, para quem trabalhou com ele o mais importante foi a relação que ultrapassou o campo estritamente profissional.

“Ele teve um grande impacto em Macau e para mim foi como segundo pai. Quando vim para Macau não tive uma vida fácil e ele sempre me deu a mão”, confessou Rodrigues. “Foi sempre uma pessoa que esteve presente para mim. E sempre o encarei como um homem de ferro. Em tudo o que ele fazia havia ali uma grande vontade”, apontou.

Este é um sentimento partilhado por Cristiano Tavares. “O António é o meu pai em Macau. Ele trabalhou até ao último dia, sempre com seriedade, honestidade e integridade. É um exemplo para todos os chefs que estamos nesta área”, indicou.

Para Marcelino Marques a morte de António é a perda de um amigo. “O António foi a pessoa que me acolheu em Macau e era capaz de o fazer o mesmo com toda a gente. Ele era rigoroso e exigente, mas era uma pessoa excelente”, descreveu. “Toda a gente o conhecia. Era uma pessoa afável e recebia como ninguém”, completou.

14 Out 2025

Obras | Comerciantes da Rua dos Mercadores queixam-se de impacto

Apesar do planeamento e avisos antecipados do Governo, os comerciantes da Rua dos Mercadores consideram que as novas obras estão a afastar os clientes, levantar poeiras e a causar muito ruído

 

Os comerciantes da Rua dos Mercadores queixam-se de estarem a ser afectados pelas obras para a futura instalação de tubagens. Os trabalhos iniciaram-se na semana passada, mas as lojas relatam que já estão a sentir que os clientes evitam aquela zona.

Ao jornal Ou Mun, um comerciante de apelido Chao afirmou que por causa dos incómodos causados pelas obras os clientes não têm vontade de ir às lojas nem sequer de frequentar a zona. Chao criticou as obras devido ao barulho elevado e frequente, assim como devido à poeira levantada pelas escavações.

O comerciante também criticou a sinalética no local, e afirmou que alguns clientes ao passarem no local ficaram com a ideia de que as ruas estavam fechadas à circulação de peões.

Além da redução do número de clientes, as queixas visam o facto de os veículos terem deixado de poder circular na estrada. Com os veículos a descarregarem longe das lojas, é necessário carregar os materiais. No entanto, o processo implica que as portas das lojas fiquem abertas, o que faz com que a poeira das obras penetre nos espaços e acabe por afectar todo o interior.

Apesar de o Governo ter alargado alguns passeios, Chao confessou que o alargamento tem efeitos limitados na atractividade daquela rua, porque os passeios continuam a ser estreitos.

As obras em curso visam instalar condutas para, no futuro, passarem tubos de outros edifícios, sem haver necessidade de voltar a escavar a estrada. No entanto, Chao considera que a obra não se justifica porque não tem benefícios para os comerciantes, apenas inconvenientes. Por isso, o empresário espera que o Governo apoie financeiramente os negócios afectados: “Em vez de estarem a pedir desculpas e compreensão, dado que não temos outra escolha, prefiro que apresentam medidas de apoio”, afirmou.

Males por bem

As obras foram igualmente criticadas por um trabalhador de uma loja de apelido Cheong. Este funcionário indicou que os trabalhos incomodam os transeuntes, fazendo com que a circulação nos passeios seja mais difícil, além de ser feita com um barulho incessante, que se prolonga todo o dia, e com nuvens de poeira.

No entanto, Cheong considera que a obra pode ser aceitável se servir, como prometido pelo Governo, para reduzir o número de intervenções rodoviárias no local. Segundo o Governo, a execução das obras visa abrir e instalar as condutas para que no futuro seja possível fazer as ligações de tubagens e drenagem a quatro novos edifícios naquela área, sem necessidade de voltar a escavar as ruas.

14 Out 2025