Amamentação | Governo promete 68 salas até fim do ano

Os Serviços de Saúde anunciaram a abertura de 68 salas de amamentação, bem como nova legislação para estender a medida a todos os serviços públicos. A notícia foi avançada durante a cerimónia de entrega de louvores para a promoção de aleitamento materno, no sábado passado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té ao final de 2016, o Governo pretende criar 68 salas de amamentação em 15 serviços da tutela do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. O anúncio foi feito pelo director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, durante a entrega de louvores a entidades envolvidas na promoção de aleitamento materno. O responsável fez saber também que será criada legislação no sentido de regulamentar a criação de salas obrigatórias em todos os serviços e entidades públicas, como aliás tinha já sido referido no hemiciclo.
Com estas medidas, os SS esperam inspirar o sector privado e incentivar as instituições não-governamentais a fazer o mesmo. As medidas vão “no sentido de se criar um ambiente mais favorável para as mães que amamentam”, referiu Lei Chin Ion, citado num comunicado. A título de exemplo, o director dos SS referiu ainda que “todos os Centros de Saúde já possuem uma sala de amamentação (…) e que muitas entidades cívicas já implementaram medidas para apoiar as trabalhadoras e residentes que amamentam, disponibilizando espaços ou tendo criado salas de amamentação”.
Segundo informações dos SS, em 2015 nasceram em Macau 5700 bebés entre os quais 5100 (cerca de 88%) foram amamentados por leite materno e mais de 630 (cerca de 11%) foram amamentados exclusivamente com leite materno durante quatro ou mais meses. Para o Governo, estes números evidenciam que as políticas desenvolvidas no sentido da promoção do aleitamento materno estão a obter resultados positivos, uma vez que, em 2013, as mães que amamentavam situavam-se nos 55%.
Ainda assim, o Governo diz ser necessário desenvolver mais actividades de forma a apoiar e dar atenção às mães trabalhadoras que ainda possam sentir dificuldades para conseguir amamentar os seus filhos.
Durante a cerimónia para a entrega de louvores, que contou com a parceria da Associação de Amamentação de Macau e de diversas mães, a presidente da Associação afirmou que “a promoção activa dos SS no apoio ao aleitamento materno tem permitido um aumento constante da taxa de amamentação”. A responsável acredita, por isso, que a “divulgação das directrizes dos equipamentos e de gestão da sala de amamentação irá permitir que mais serviços públicos possam melhorar as actuais salas de amamentação, incentivando que mais empresas privadas possam seguir o exemplo”.

8 Ago 2016

Lam Heong Sang quer Lei Laboral com regime de compensação de feriados

Feriados que calham ao fim-de-semana, dias que deveriam ser de direito ao descanso e patrões que marcam folgas em dias de feriado. Lam Heong Sang quer ver estes problemas resolvidos, para que os trabalhadores de todos os sectores possam gozar dos dias a que têm direito. A revisão da Lei Laboral é o que está em falta, diz o deputado, que pede mais rapidez

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]sobreposição dos feriados obrigatórios e dos dias de descanso semanal faz com que muitos empregados não consigam gozar de todas as feriados legais devidos. Quem o diz é Lam Heong Sang, que quer saber quando é que o Governo vai acabar com o processo da alteração da Lei das Relações de Trabalho e entregar a proposta.
Entre muitas das outras mudanças, está também a ser analisada a alteração ao diploma face aos dias de feriado e fins-de-semana que se sobrepõem. Como relembra o vice-presidente da Assembleia Legislativa (AL), numa interpelação escrita, no próximo ano vai haver três dias de feriados obrigatórios que coincidem com sábados e o “apelo da população quanto à compensação dos feriados legais é forte”.
No ano passado, o Governo já lançou o processo da alteração da Lei das Relações de Trabalho, diploma que enfrenta agora as sessões de análise do Conselho Permanente de Concertação Social. O deputado quer, então, saber quando é que a questão vai ser resolvida.
Segundo a actual legislação, cada empregado possui um total de 52 dias de folgas anuais, dez dias de feriados obrigatórios e seis dias de férias. Cada empregado pode gozar no total de 68 dias de férias legais. Contudo, como aponta na sua interpelação oral, Lam Heong Sang diz que muitos empregados têm revelado que o descanso semanal coincide com os feriados obrigatórios. Ainda há empregadores que deliberadamente marcam o descanso semanal nos dias de feriados obrigatórios, diminuindo os feriados legais que os empregados deveriam gozar.
O deputado refere ainda que, para os funcionários públicos, quando os feriados oficiais coincidem com os sábados ou domingos, por despacho do Chefe do Executivo vai-se aprovar tolerâncias de ponto para recompensar. Este ano, por exemplo, há oito dias. No próximo ano serão sete. Os trabalhadores “esperam que esta prática para compensar os feriados possa ser promovida”, diz Lam Heong Sang, a fim de assegurar que os empregados de outros sectores também possam gozar de todos os feriados oficiais.

8 Ago 2016

Angola | Uma crise sem fim à vista, num país onde a China recebe milhões

Angola, um país onde cerca de 70% da população vive com menos de dois dólares por dia. É na venda do petróleo e nos chamados “petrodólares” que assenta a economia do segundo maior produtor do “ouro negro” em África. O preço do barril caiu, os petrodólares não entram nos cofres e a crise instala-se. Não há divisas, não há bens e a miséria continua a ser só de alguns, enquanto o povo, na sua maioria, não se apercebe do que se passa

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]O salário que mingou, a comida que aumentou o preço, de ano para ano…” Podiam ser apenas as palavras das músicas do angolano Paulo Fores, que ao ritmo local do semba, descreve as “coisas da terra”. Mas o tema, que era de há muito, continua mais que actual. Angola está em crise económica, social e humana.
O HM quis saber o que é viver neste momento naquela que ainda há poucos anos era uma economia promissora e que se vê agora a braços com uma crise económica agravada. Da falta de alimentos nos supermercados, à inflação que muda de hora a hora, passando pela falta de divisas para poder comprar o que vem de fora, o cenário é de preocupação pelos que por lá ganham a vida e que sentem na pele o estado das coisas. Mas, paralelamente à crise financeira, está uma outra, caracterizada por um medo geral e o não querer falar do país onde se vive.
Ao HM as respostas de “não falo” foram várias e foi no anonimato que se conseguiu ouvir o relato de um país “sem eira nem beira”, como descreveu ‘L’, um dos inquiridos que lá vive há mais de dez anos e que, “por segurança”, também prefere não se identificar.

Fonte que secou

Em 2014, 70% das receitas fiscais de Angola tiveram por base o petróleo. Um ano depois, o rácio não foi além dos 36,5%. Os números são fornecidos pela agência Lusa face à projecção do governo angolano, que tem por base a quebra continuada da cotação internacional do crude. No segundo maior exportador africano do ouro negro, é o petróleo e a recente ausência dos chamados “petrodólares” a causa de riquezas e desgraças e a culpa é da baixa do preço do barril. angola
Para quem lá vive, a descida de preços do petróleo é efectivamente uma das grandes causas, mas não é só. ‘R’, de 40 anos, um português a trabalhar neste país subsariano, afirma que o “caos” se deve ao facto de não ter sido feita “uma almofada financeira” capaz de evitar que, em momentos destes, as divisas não fossem abaixo. Por outro lado, refere, é a “má gestão aliada à corrupção que está na base do regresso dos tempo difíceis”.
Para ‘J’, também português e que trabalha na capital angolana, o petróleo não é justificação para tudo. “Há gente que se está a aproveitar desta situação de crise”, afirma. A opinião é ainda partilhada por José P., fotógrafo angolano que fala com aflição e tristeza do estado das coisas.
“O petróleo, aliado à má gestão, à má distribuição da riqueza, à corrupção e à ausência de estratégias políticas / económicas que dotassem o país de capacidade para tornear os problemas resultantes da queda dos preços nos mercados internacionais” é a razão da crise. “Uma ineficaz ou inexistente política para a tão propalada diversificação económica são, se calhar, a justificação para o estado em que nos encontramos”, diz ainda, acrescentando que “em tempo de crise há quem se aproveite e muito da situação e que com a especulação enriqueça de um dia para o outro”. É que esta, como descreve, não é uma crise de todos nem para todos.

Acabaram os petrodólares

“Petrodólares” é a gíria usada para classificar os montantes que entram no país com a venda do barril de crude. Baixa o preço, baixam os “petrodólares”. E neste momento o país está sem divisas. “Não há dinheiro” para pagar os bens de primeira necessidade que entram em navios de contentores e aqueles que antes se acumulavam junto ao porto de Luanda são agora “cada vez menos”.
Um país que não produz e que depende em muito das importações apresenta agora as prateleiras dos supermercados cada vez mais vazias e quando há comida, já se começam a ver anúncios de racionamento. “Um litro de leite por cliente” avista-se um pouco por todo o país, “isto quando o há”, como ilustra ‘R’.
De há dois anos a esta parte muito mudou por este país africano. “O custo da comida aumentou muito e há zonas que já nem há”, como afirma ‘J’, enquanto compara o actual estado da Luanda ao que encontrou na sua chegada. “Existirem bens essenciais até existem, mas a preços que são muito elevados” num lugar onde uma laranja importada pode custar 15 dólares.
‘R’ trabalha entre a cidade de Ndalatando e a capital, Luanda. O tempo em viagem entre ambas pode ir até às cinco horas e, se em Luanda até há bens, apesar de racionados e a “preços impensáveis”, naquela cidade de província as prateleiras já começam a aparecer mais vazias e muitos dos produtos que até agora faziam parte do dia a dia dos supermercados tendem a escassear na sua maioria. E nem a preços altos, existem.
“Chega ao ponto de se racionarem as garrafas de água que cada cliente pode levar. Em Ndalatando já não existe carne também”, o que obriga a viagens à capital para que possa ser levada comida para casa.
Já ‘L’, que vive no sul do país diz que “os preços nos mercados mudam de manhã para a tarde, a oferta/variedade é cada vez menor, excepto no Shoprite (cadeia de supermercados angolanos), pois as mercadorias dessa rede vêm por terra, a partir da Namíbia”. “Mas, aproveitam-se e possuem preços pornográficos. Começa a haver racionamento de pão, leite, óleo e sal”, remata.

E o povo?

A diferença de classes é óbvia e oscila entre o petróleo e os diamantes e a farinha de mandioca. A “crise só afecta a alguns” e para R “a população angolana sempre esteve habituada à miséria porque nunca lhes foi dado mais, sentindo-se satisfeitos com a forma como vivem visto não conhecerem outras soluções”. Metaforicamente, ‘L’ afirma que “quem sempre comeu funge, funge continuará a comer”, referindo-se à base alimentar do país baseada numa mistura de água com farinha de mandioca ou de milho, que dá a ilusão de fome saciada e “barriga cheia”. E no futuro, a situação “só vai piorar”.
‘Y’, advogada filha da terra, com cerca de trinta anos, vive na capital. Na sua opinião, a população no geral “nem sequer sabe de muito do que se passa no país”, pois “é preciso mais educação e formação para que as pessoas tenham noção da miséria em que vivem”.
Já José P. baixa os braços ao falar de um povo que “vive um dia após outro, sem sonhos sem perspectivas, sem futuro” enquanto as crianças brincam nas várias lixeiras a céu aberto e que voltam a invadir a capital.
Mas há lugar para a esperança inevitável para quem ali nasceu e ‘Y’ mostra que, no fundo, ainda há uma pequena luz que poderia iluminar o futuro da terra do Kwanza, se o país passasse a investir em si próprio e a ter em conta os outros recursos de que dispõe”. Para a advogada, a solução está no “apostar na produção da agricultura e na agropecuária”, sendo que o país tem fontes de rendimento que não estão a ser usadas da melhor maneira. “Existem muitos recursos que não estão a ser explorados.”

Não há

A saúde sempre foi um sector delicado quando se fala do sector público de Angola, mas “os hospitais de Luanda estão a ficar sem capacidade de resposta devido a surtos de malária e de febre amarela”, como afirmou o Ministro da Saúde de Angola em Março passado.
“Em Luanda, o Hospital Pediátrico David Bernardino, a unidade sanitária especializada no tratamento de crianças, chegou a registar 25 mortes por dia. Faltava um pouco de tudo naquela unidade sanitária desde luvas, seringas, agulhas e diversos materiais gastáveis essenciais para salvar as dezenas de crianças que acorriam àquela unidade hospitalar”, afirma o site de notícias dedicado aos países lusófonos “voaportuguês”. Ainda assim, a situação de emergência não foi declarada.
As campanhas para a vacinação contra a febre amarela, por exemplo, inundam as rádios entre kizombas e kuduros. Mas não há vacinas. Como afirmam declarações anónimas feitas no início deste ano por uma médica que integra a equipa dos Médicos do Mundo. Residente numa província no norte do país, ‘M’ afirma que as vacinas que ali chegam são destinadas aos profissionais de saúde. “Não há mais” e as pessoas que se tentam dirigir aos centro de saúde não conseguem ser vacinadas. Com o medo da epidemia instalado já circulam no mercado paralelo “tubinhos com líquidos variados” que são vendidos à população a preços exorbitantes enquanto vacinas, sem “dó nem piedade”.
O HM entrou em contacto com o Consulado Geral da República de Angola em Macau, mas não obteve resposta até ao final da edição.

Negócio da China – Mais de meia centena de obras atribuídas a empresas chinesas

Não é estranho atravessar os arredores de Luanda e passar por quilómetros de estrada que, não fosse a alternância com os capimzais, poderia ser confundida com uma qualquer estrada na China. Numa das ligação de Luanda à cidade de Viana, os anúncios que denominam as empresas que por ali habitam e os painéis publicitários estão numa língua só expressa em caracteres. É a China que ali vive e é uma área da China para a China.
De empresas de construção, a agências de publicidade e anúncios de venda de areia ou cimento, tudo é escrito em Mandarim e o alvo são as empresas do Império do Meio, que muito tem investido no país.
De acordo com a agência Lusa, e relativamente aos dados mais recentes datados de Junho de 2016, o governo angolano adjudicou a empresas chinesas, por despachos do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, 24 obras em várias áreas, por 1,26 milhões de dólares financiados pela Linha de Crédito da China (LCC).

Meninas a fazer farinha de mandioca (Foto de Sofia Mota)
Meninas a fazer farinha de mandioca (Foto de Sofia Mota)

A informação consta de 15 despachos presidenciais com data de 7 de Junho e mais nove de 8 de Junho, aos quais a Lusa teve acesso e que adjudicam as empreitadas a empresas chinesas, ainda que prevendo a subcontratação de algumas empresas angolanas.
Acrescem outras 30 obras para construção de linhas de transporte de electricidade para quase meio milhão de casas, redes de abastecimento de água ou reparação de estradas, em várias províncias do país, igualmente ao abrigo da LCC e adjudicadas a empresas chinesas na última semana de Maio por 1,898 milhões de dólares.
Até à data foram 54 as empreitadas adjudicadas pelo governo angolano a empresas chinesas, no âmbito da LCC e que ascendem já a mais de 3,2 mil milhões de dólares.  
Os concursos foram limitados “por prévia qualificação” das empresas, no âmbito desta linha de financiamento.
A Lusa noticiou a 21 de Janeiro que a LCC vai financiar 155 projectos em Angola com 5,2 mil milhões de dólares, a executar por empresas chinesas, estimando o governo angolano a criação de quase 365 mil empregos.
 No plano operacional da LCC, elaborado pelo governo angolano com as obras a realizar pelas empresas chinesas ao abrigo deste financiamento, o sector da energia e águas lidera, em termos dos montantes a investir, entre nove sectores, com 2,1 mil milhões dólares alocados para 34 projectos.
 O sector da construção, incluindo a reabilitação de estradas, contará com 33 projectos, mobilizando 1,6 mil milhões de dólares.
 A educação concentra o maior número de projectos, num total de 55, sobretudo a construção de escolas, num investimento global de 374 milhões de dólares. O documento é acompanhado por uma lista com 37 empresas chinesas “recomendadas para o mercado angolano”, ao abrigo da LCC.

8 Ago 2016

Emigrantes | Consulado garante salvaguarda de dados pessoais

A imprensa portuguesa indica que o fornecimento de dados pessoais de cidadãos portugueses no estrangeiro está suspenso, enquanto se aguarda por um outro parecer, mas o Consulado em Macau garante que nada será fornecido sem autorização dos residentes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Secretaria de Estado das Comunidades terá já mandado suspender a possibilidade de serem fornecidos dados pessoais dos cidadãos portugueses no estrangeiro. Ainda assim, o Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong assegura que não tem por hábito dispensar estes dados sem autorização.
Um artigo da imprensa portuguesa dava na sexta-feira conta que, desde o dia 1 de Agosto, é possível serem disponibilizados o nome, a morada, o telefone e até número do cartão de cidadão de portugueses a residir no estrangeiro. O jornal “O Observador” indicava que o acesso aos registos sobre qualquer emigrante inscrito num consulado português é livre, podendo qualquer pessoa pedir estes dados junto dos serviços consulares do país ou região onde o cidadão se encontre, excepto nos casos em que o emigrante tenha dado indicação expressa de querer manter os seus dados confidenciais.
A decisão teria resultado num parecer da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), publicado em inícios de Junho e que passou a ser posto em prática no dia 1 de Agosto, de acordo com o que a Secretaria de Estado das Comunidades garantiu ao jornal. Contudo, uma notícia deste fim-de-semana do jornal “Público” assegurava que os consulados que facultarem dados pessoais dos emigrantes a terceiros arriscam-se a serem multados ou mesmo a cometerem um crime. O diário citava a Comissão Nacional da Protecção de Dados e a Secretaria de Estado das Comunidades, que “veio dizer que tinha mandado suspender a disponibilização dos dados dos emigrantes, uma vez que estava à espera de um parecer da Comissão”.

Tudo vedado

Ao HM não foi possível confirmar a situação, devido à impossibilidade de contactar tanto a Secretaria em Portugal, como os conselheiros portugueses em Macau. Ainda assim, o Consulado-Geral português em Macau assegura que, seja qual for a situação, não vai fornecer dados.
“No que diz respeito aos pedidos referenciados, nomeadamente em situações de ‘pedidos de paradeiros de cidadãos portugueses residentes ou localizados no estrangeiro, apresentados por particulares, na sua maioria familiares e amigos, que pretendem saber a sua morada e contactos, pelas mais variadas razões’, é nossa prática e procedimento comum consultar primeiramente o cidadão inscrito em causa informando-o do pedido que recebemos. Só no caso de concordância do mesmo é que fornecemos os seus contactos e, regra geral, o correio electrónico, a terceiros”, pode ler-se numa nota colocado na página do Consulado e confirmada ao HM pelo chanceler Ricardo Silva.
O responsável confirmou ainda que os dados só são pedidos juntos do Consulado onde o cidadão estiver registado, o que significa que, no caso dos portugueses registados em Macau, o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal também não pode ceder os dados se o cidadão não deu autorização cá no território para que tal aconteça.
Ainda que o Consulado garanta que não é costume ceder os dados, os responsáveis avisam que os cidadãos poderão enviar um email para macau@mne.pt para impedir que tal aconteça.
As informações sobre a nova circular são escassas, desde logo começando pelo facto do parecer que dava autorização ao fornecimento dos dados não estar sequer disponível online. A cedência dos dados viria na sequência de “diversos pedidos” de familiares e amigos, “maioritariamente”, sobre o paradeiro de alguns portugueses, mas também poderá servir, por exemplo, para a instauração de processos judiciais.

8 Ago 2016

Água | Pedidos “incentivos” para qualidade nos privados, mas Macau não tem padrão

Macau continua sem um padrão a ser seguido pelos donos de prédios privados para garantir a qualidade da água que sai das torneiras. Beber de lá, sim, mas só se fervida. Entretanto, representantes de Conselhos Consultivos vão pedindo ao Governo mais incentivos para que o problema possa ser resolvido. Até porque Macau não tem um laboratório privado para eventuais pedidos de análise

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]embros do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Norte pediram ontem ao Governo “incentivos” para que a qualidade da água nas habitações privadas seja garantida. Mas, o facto de não se conseguir estabelecer um padrão a seguir por proprietários e empresas faz com que beber água da torneira seja ainda uma acção a evitar.
Numa reunião com a Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), Lam U Tou, membro do Conselho, instou o Executivo a fazer mais do que ao que está ao seu alcance para garantir que a água que sai das torneiras seja minimamente potável.
O responsável sugeriu que a RAEM tome como referência o plano “Quality Water Supply Scheme for Buildings – Fresh Water”, de Hong Kong. O projecto permite que os prédios que nele participam possam fazer regularmente análises da água, de forma a que o abastecimento de água secundário atinja os padrões de qualidade definidos pela Organização Mundial de Saúde para a água sob gestão pública. Como a manutenção dos canos é “a principal forma de tal acontecer”, como se pode ler no site que apresenta o esquema, os donos dos prédios que aderirem ao plano podem pedir incentivos monetários para manutenções. Em contrapartida, se cumprirem a qualidade, os prédios recebem certificados que têm como intuito “aumentar a confiança” dos moradores face à água que lhes corre no corpo e para o copo.

Padrão desconhecido

Apesar da água que entra em Macau – e que vem, na sua quase totalidade, de Zhuhai – ser supervisionada e testada pelo Governo, que tem que cumprir padrões de qualidade específicos, não há qualquer lei em Macau que obrigue o Governo ou a Sociedade de Abastecimento de Águas (SAAM) a responsabilizar-se pela água que corre nas habitações privadas.
A água que chega às torneiras dos prédios que não são de habitação pública não é sujeita a qualquer regulação e se é apropriada ou não para beber vai depender da vontade dos proprietários do prédio. Até porque, como explica Tiago Wong ao HM, não há um padrão que os privados tenham de seguir.
“A nossa responsabilidade cinge-se até à rede pública. A responsabilidade de garantir a qualidade da água [nos prédios] privados é dos proprietários. E não há regulamento sobre como o Governo, ou a SAAM, pode garantir a qualidade da água dentro dessas áreas privadas”, começa por dizer o responsável da DSAMA e membro do Grupo de Trabalho para a Construção de Uma Sociedade Economizadora de Água. “Ainda não há qualquer referência sobre critérios ou padrão sobre a água da torneira dos privados e neste momento não é fácil criar um padrão ou lei para esses prédios.”
Um dos problemas que Tiago Wong aponta para a inexistência desse padrão é a necessidade de recolher dados sobre outros locais do mundo “para perceber primeiro como é que se pode estabelecer” essa medida. O outro é que é “difícil chegar a um consenso”: se o Governo definir um padrão muito alto, defende, é difícil para as empresas de gestão de prédios ou proprietários individuais atingirem-no. Se, por causa disso, o padrão for mais baixo também acaba por não merecer a confiança suficiente da população de que a qualidade está garantida.

[quote_box_left]“Ainda não há qualquer referência sobre critérios ou padrão sobre a água da torneira dos privados” – Tiago Wong, responsável da DSAMA[/quote_box_left]

Promoções e pouco mais

Como recorda Lam U Tou, e como o próprio Executivo admite, o Governo consegue garantir que a água potável atinja os critérios mundiais no momento em que chega de Zhuhai e entra em Macau. Na Estação de Tratamento de Águas Residuais “é garantida” a dessalinização e a limpeza. Mas esta água tem um outro percurso pela frente: do reservatório do Governo para o reservatório dos edifícios privados.
E, se bem que alguns prédios, segundo um representante de empresas de gestão predial que preferiu não ser identificado, até tenham os reservatórios dos prédios limpos, os canos não estão.
Essas canalizações, que são da responsabilidade dos proprietários, estão “enferrujadas, corroídas e cheias de bactérias”, como frisa o representante e como a própria SAAM expressou num relatório de contas lançado em Abril deste ano.
Numa visita a um prédio na Taipa, o HM conseguiu comprovar isso mesmo. E, como referiu o responsável desse edifício ao HM, existe a intenção, em alguns edifícios, de substituir as canalizações, mas isso é “um trabalho infindável, especialmente se os prédios forem altos”.
Tiago Wong alinha na mesma opinião. “Por exemplo, se os prédios forem até seis andares, normalmente, o abastecimento de água é directo da rede pública e não faz mal [beber]. O problema são os prédios altos e os canos.”
Lam U Tou quer que o Governo entre em acção, ainda que, na falta de leis, o Executivo não possa obrigar os proprietários a reparar canos e a fazer limpezas dos reservatórios. Então, o que pode fazer, agora, o Governo?

Tiago Wong, aqui no reservatório em Coloane
Tiago Wong, aqui no reservatório em Coloane

A questão das habitações públicas está salvaguardada, como relembra Tiago Wong e como já referiu publicamente Susana Wong, directora da DSAMA, aquando escândalo de chumbo na água que atingiu os prédios públicos em Hong Kong. O Instituto de Habitação (IH) conseguiu chegar a acordos com os gestores das fracções de habitação pública, para que a água que sai das torneiras nos prédios de habitação seja minimamente potável.
Para os que ficam fora da rede de habitação pública, Tiago Wong explica ao HM a solução que o Governo apresenta, para já: promoções e formação técnica. “Agora é o que podemos fazer, prestar informações e formação técnica para melhorar os conhecimentos sobre a manutenção do sistema dentro dos edifícios privados, ajudar a que tenham mais formação para ajudar a que mantenham as boas condições e usem os materiais adequadas [para a construção de reservatórios ou canalizações].
No caso destes prédios privados, como exemplificam ao HM, as taxas de condomínio não contam com a reparação das canalizações: são custos adicionais, que às vezes até obrigam ao aumento da taxa de condomínio em casos onde os prédios querem mesmo reparar as tubagens.

Bebe o chá

Na reunião de ontem do Conselho Consultivo, Choi Tat Meng, membro do grupo, revelou que a intenção do encontro foi pedir ao Governo que impulsione ainda mais a formação de técnicos e que estabeleça também um regime de licença profissional para estes profissionais, de forma a assegura que os reservatórios são bem limpos. O Governo, diz, precisa de tempo.
Para já, portanto, cabe ao público preocupar-se com esta situação. Mas, e se quiser fazer análises à água que tem em casa? Essa pode ser uma situação complexa, porque Macau não tem um laboratório privado para análise.
“Se quiser fazer a verificação sobre a qualidade da água tem de ir para Hong Kong ou outro local. Não há qualquer laboratório da empresa que possa fazer a análise à agua, só o do IACM ou da SAAM, mas não é privado. Não há capacidade para isso, o que é um problema. Os recursos financeiros também podem ser um problema, porque é preciso pagar”, frisa Tiago Wong ao HM.
O IACM explica ao HM que, caso exista uma queixa por parte de um cidadão relativamente à qualidade da água de um edifício privado, o laboratório envia pessoal para verificar as condições do abastecimento de água. E “caso se observe uma situação anormal, o laboratório irá recolher uma amostra da água para análise.”
Mas o responsável da DSAMA alerta: se todos os residentes fizessem isso, o IACM não teria capacidade para tratar do problema. “Se houvesse capacidade, eles fariam”, assegura.
Lam U Tou apela por isso ao público para ter esta consciência e alertar também os proprietários dos prédios privados para o problema. Para já, beber água da torneira só se fervida ou depois de filtrada. Chá, como apurou o HM, é sempre a saída preferida.

E a engarrafada?

Por um preço como 35 patacas consegue comprar um garrafão de cinco litros de água. Mineral, de marca chinesa e com um rótulo onde se pode ler “inspeccionado”, este tipo de garrafões de água é um dos mais comummente utilizado por escritórios e locais públicos. Mas não existe, na realidade, qualquer selo de qualidade que garanta a qualidade do produto.
Questionado sobre o assunto, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) assegura, ainda assim, a fiscalização.
“Para garantir a segurança da comida, o Centro de Segurança Alimentar tem continuamente fiscalizações de rotina dos alimentos vendidos em Macau, onde se inclui a água engarrafada”, explica ao HM o IACM. “Desde 2014 que o Centro recolheu mais de 224 amostras de garrafões desta água para análises microbiológicos, químicos e de sensibilidade. As amostras incluem diferentes marcas e embalagens.”
De acordo com o IACM, nos testes está incluída a despistagem do E. Coli, a presença de cloro, cianeto, tetracloreto de carbono, nitrato, nitrito e permanganato.
“Até agora, todos os resultados foram satisfatórios e o Centro vai continuar a monitorizar a segurança da água engarrafa. Se houver qualquer anomalia, tomaremos logo acções”, promete ainda o instituto, que não dá, contudo, detalhes sobre a possibilidade de criação de um selo de qualidade.

Revisão de Regulamento de Drenagem em 2017

Tiago Wong, da Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, garantiu ao HM que o organismo está a preparar a revisão do Regulamento de Drenagem de Águas Residuais, sendo que “uma proposta vai ser entregue em 2017”. O regime existe desde 1996, como relembrou Lam U Tou, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Norte. O responsável pede, por isso, que o Governo actualize o padrão para a qualidade de água e implemente ainda critérios para assegurar a qualidade “dos tubos de água recém-construídos”.

Sabia que…

A capacidade efectiva dos reservatórios locais é de 1,9 milhões de metros cúbicos de água? E que esta pode satisfazer apenas nove dias de consumo local?

Quase toda a água de Macau é importada e a sua origem é o Rio Xi?

Números

63,4 mil metros cúbicos de água são consumidos anualmente em Macau. Desta, 43% é consumida em casa
96% da água é importada de Zhuhai

Mais infra-estruturas a caminho

Para o próximo ano, segundo a DSAMA, será concluído mais um tubo para o transporte de 200 mil metros cúbicos de água por dia. Este vai ligar Macau e Guangdong, possibilitando o transporte da água directamente da Ilha da Montanha para a Taipa e Coloane. Já em 2018, o Governo prevê a conclusão das tubagens que vão ligar Pingang, em Zhuhai, à estação de transferência que se localiza em Guangchang. Depois a água vai entrar em Macau através das Portas do Cerco. O tubo vai ter um comprimento de 20 km e a quantidade de água transportada por dia conseguirá atingir um milhão de metros cúbicos.

5 Ago 2016

SMG | Pereira Coutinho pede ao Executivo investigação a chefias

Uma petição que contraria os valores adiantados pelos SMG e avança com denúncias de mau funcionamento no interior do serviço foi entregue ontem ao Executivo. Para Pereira Coutinho, é necessário clareza e investigação quanto a actos ilegais que se passam por quem anuncia o tempo

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho pediu ontem uma investigação “profunda” ao funcionamento dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), para que se perceba claramente “como funcionam os serviços e quais as suas responsabilidades”. O deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) entregou ontem ao Governo uma petição a fazer o pedido. O documento, dirigido a Chui Sai On, vem na sequência da polémica gerada na sinalização do tufão Nida. Mas não só: também o funcionamento interno do organismo é alvo do documento.
Já na noite de anteontem, Pereira Coutinho diza, em declarações ao telejornal da TDM, que nunca “viu uma cidade tão revoltada como a que se pronunciou nos últimos dias contra um serviço público”. Segundo o deputado, a petição considera o “erro cometido” relativo à sinalização de tufão, mas contém em anexo uma tabela que regista ventos de 83km/h e que “são documentos internos que nunca vieram a público não fazendo parte do conhecimento geral”.
Recorde-se que os SMG afirmam a existência de ventos de até 60km/h, sendo que as medições que Pereira Coutinho apresenta “poderiam dar origem” ao içar do sinal oito.
Para Pereira Coutinho, o que se passou com a situação da sinalização do Nida está claramente associado às pressões das operadoras de Jogo. “Quando o director de serviços vem dizer publicamente que não sofre pressões é porque as sofre”, afirma o dirigente da ATFPM, enquanto ilustra que se este tomar uma decisão capaz de afectar a seis operadoras é o seu lugar que está em causa. “É óbvio que o director vai pensar duas vezes antes de içar o sinal 8”, por pensar nas repercussões no seu posto de trabalho, ataca Pereira Coutinho.

Uma cabeça não é Ciência

A decisão de içar o sinal 3 partiu de “uma só tola”, afirma o deputado, referindo-se ao director dos SMG, Fong Soi Kun. Pereira Coutinho defende que é necessário que exista uma discussão alargada para que seja dado um fundamento científico para este tipo de decisões. Se não existiu, diz, é um problema grave que reflecte a “ponta de um iceberg”.
E o deputado continua, acusando Fong Soi Kun de não estar presente nas reuniões diárias do serviço que dirige. Apesar de, em resposta, Fong Soi Kun ter já dito que não tem obrigatoriedade de frequentar a totalidade das reuniões, para Pereira Coutinho é necessário que “pelo menos” exista o registo em acta do que foi tratado, visto ser “nestes encontros diários que é debatido o estado do tempo para o dia seguinte”.
Por outro lado, é ainda essencial que haja um registo detalhado e público dos ventos que se fazem sentir na região, considera o deputado, que esclarece que tal não acontece desde 2011, o que até impede a possibilidade de realização de estudos académicos que possam que querer abordar a média de ventos da RAEM.

Crime?

Problemas vindos de trás

Apesar destes problemas de funcionamento já se arrastarem “há uns anos”, o facto da situação não ser visada antes é “porque aquando da direcção por António Viseu ainda havia muita competência”. Mas, desde que este se aposentou, parece “que esta subdirectora não está a dar conta do recado e o próprio Fong Soi Kun há muito tempo que deixou de assumir a responsabilidade no que toca a classificação de tufões e tem algumas dificuldades em ter rédeas na matéria”.
A subdirectora Leong Ka Cheng é acusada de não chamar as pessoas pelo seu nome, mas sim pelos índices salariais que recebem, o que o deputado considera “inadmissível e indigno” enquanto forma de tratamento dos funcionários públicos. Estas situações não são conhecidas de modo a terem seguimento legal adequado porque os serviços “gostam de tratar destes assuntos dentro de quatro paredes”, afirma José Pereira Coutinho.

Desculpas para inglês ver

Em reacção ao pedido de desculpas à população realizado ontem pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário e de Fong Soi Kun (ver texto ao lado), Pereira Coutinho comenta que desculpas não chegam e que as declarações de promessas de melhoramento do sistema de comunicação foram “para inglês ver”. Será entregue a Raimundo do Rosário um pedido de mais acção face aos SMG.

Trabalhadores pedem investigação do CCAC

Um grupo de trabalhadores do sector do Jogo entregou uma carta no Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) a pedir uma investigação aos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, avança a Rádio Macau. Os funcionários alegam que houve “má gestão” e querem saber qual foi a razão para o sinal 8 de tempestade não ter sido içado.

5 Ago 2016

DSEJ | Sistema de avaliação uniforme para alunos em consulta pública

Apesar do decréscimo da taxa de repetentes nas escolas do ensino não superior, a DSEJ avança com a uniformização da avaliação aos alunos. O projecto para a reforma do regime estará em consulta pública até ao final de 2016

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Executivo vai lançar um novo regime de avaliação de alunos, que está marcado para ir a consulta pública até ao fim do ano, garante a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). A iniciativa está aliada à taxa de reprovação dos alunos do ensino não superior que, ainda que tenha registado uma quebra nos últimos anos, sempre foi alta.
Agora, o regime de avaliação dos alunos tem o objectivo de regular os diferentes padrões utilizados na avaliação de cada escola do território, que ascende, neste momento, a mais de 120. A criação de um só padrão de avaliação para substituir os muitos existentes traz algumas novidades.
A comissão especializada para o regime de avaliação dos alunos e constituída pelo Conselho de Educação para o Ensino Não Superior concluiu, após análise de vários casos, que é necessário impulsionar esforços num sistema diversificado, ao invés do que tem sido feito e em que o foco está num sistema de avaliação sumativo baseado nos resultados obtidos pelos alunos em provas escritas.
Uma sugestão é uma proposta que elimine a possibilidade de chumbo dos alunos durante a escolaridade primária. Para o quinto e sexto ano está em aberto a fixação de uma taxa de estudantes repetentes não superior a 4% e 8% respectivamente.
A DSEJ já está no processo da elaboração dos documentos consultivos e preparação dos trabalhos, de modo a que a consulta pública seja realizada antes do final de 2016.
Em resposta a uma interpelação escrita de Chan Meng Kam, que questiona o Governo acerca das medidas para resolver o problema de alta taxa de repetência e que alerta para a existência em Macau de mais de 120 padrões de avaliação, a DSEJ não parece, contudo, concordar com o deputado. O organismo afirma até que é esta diversidade de sistemas de avaliação que tem contribuído para a diminuição da taxa de alunos repetentes pelo que se constata que “obteve resultados efectivos”, como afirma a entidade.
Em 1999/2000, a taxa de repetição nas escolas primárias, secundárias gerais e secundárias complementares foi de 7,3%, 15,6% e 7,6% respectivamente. Em 2013/2014, a percentagem no ensino primário caiu para 2,5%, sendo que no primeiro ao quarto ano não se registaram chumbos em parte das escolas. A taxa da escola secundária geral foi de 8,5%, e da secundária complementar de 3,4%, indica a DSEJ que vai, contudo, avançar com o plano uniforme.
O desenvolvimento dos currículos também tem lugar a alterações. Devido ao Quadro de Organização Curricular da Educação Regular o ano lectivo passou de um mínimo de 180 dias para 195. A iniciativa tem como objectivo diminuir o número de aulas diárias dos alunos dando aos pupilos mais tempo para entender os conteúdos que vão aprendendo.

5 Ago 2016

ONU denuncia aumento das execuções na campanha anti-droga nas Filipinas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s Nações Unidas denunciaram ontem o “preocupante” aumento de execuções de alegados traficantes e toxicodependentes nas Filipinas, numa campanha que já causou centenas de mortos desde Maio passado, informou ontem a imprensa local.
Segundo uma contagem da emissora ABS-CBN, 810 pessoas morreram desde 10 de Maio – um dia depois das eleições gerais – no âmbito da guerra contra as drogas iniciada pelo novo Presidente do país, Rodrigo Duterte.
Destas, 496 morreram em operações policiais e 240 foram executadas por homens armados não identificados. Foram ainda encontrados outros 74 cadáveres com letreiros que os acusavam de serem traficantes.
O director executivo da agência da ONU contra a Droga e o Crime (UNODC), Yury Fedotov, condenou “o aparente apoio às execuções extrajudiciais” que estão a ocorrer naquele país.
Fedotov classificou como uma “violação de direitos e liberdades fundamentais” a campanha contra a droga de Duterte, que na campanha eleitoral prometeu matar milhares de delinquentes e toxicodependentes para acabar com a criminalidade no país nos primeiros seis meses de mandato.
“Este tipo de respostas são contrárias às disposições das convenções internacionais de controlo de drogas, não servem para trazer justiça e não ajudam a assegurar que toda a gente viva com saúde, paz e dignidade, segurança e prosperidade”, acrescentou Fedotov.

Para cumprir

O representante da UNODC afirmou que a organização está preparada para ajudar as Filipinas a “levar à justiça traficantes de droga com as garantias legais que estão em linha com as normas e padrões internacionais”.
Apesar das críticas de vários organismos internacionais, Duterte garantiu em Julho que não vai ceder no empenho de matar todos os envolvidos no narcotráfico.
Nessa mesma intervenção, sobre o estado da Nação, acrescentou que já tinham sido detidas mais de 3.600 pessoas relacionadas com as drogas e que 120 mil toxicodependentes se tinham entregado às autoridades.
O novo Presidente, empossado a 30 de Junho, goza de grande popularidade nas Filipinas e as mais recentes sondagens indicam que 91% dos entrevistados confiam em Duterte, a percentagem mais elevada obtida por chefe de Estado do país.

5 Ago 2016

SMG | Prevista revisão do sistema de chuvas, mas não de tufões

Há um medidor de vento avariado na Ponte da Amizade, indicaram ao HM os SMG, que dizem estar a ponderar a reclassificação das chuvas fortes. Quanto ao sistema de tufões, fica como está

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo quer melhorar o sistema de emissão do sinal de chuvas intensas, mas não tem intenção de rever o procedimento de medição de tufões. É o que diz Fong Soi Kun, numa resposta à deputada Wong Kit Cheng e ao HM, onde também é confirmada a avaria de um medidor de vento e algumas dificuldades em previsões mais acertadas.
A deputada questionava os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) sobre as medidas de melhoria na classificação do tempo, evocando “três falhas” só nos primeiros cinco meses do ano e criticando “as faltas de precisão”.
Na resposta, sobre as chuvas, o director dos SMG indica que o organismo está a estudar “os dados de precipitação e a rever a situação do sinal de chuva intensa nos últimos anos, a fim de melhorar o sinal de chuva intensa”.
Os SMG indicam revelam ainda que “tem em conta a necessidade social e de desenvolvimento de técnicas meteorológicas, a fim de prestar um melhor serviço meteorológico à população”. A ideia é que, frisa, todos os sectores sociais se possam preparar atempadamente “para responder ao mau tempo”, sendo que está mesmo a ser repensada a viabilidade de “reclassificação do sinal de chuva intensa”.
Em Hong Kong, Taiwan e interior da China o sinal de chuvas intensas tem vários níveis, algo pedido para o território pela deputada.

E o vento?

Wong Kit Cheng interrogava também os SMG sobre novos equipamentos a introduzir. O HM também quis saber se o organismo tenciona fazer algum tipo de revisão ao sistema depois de, em 2006, o mecanismo de Hong Kong – no qual Macau se baseia – ter sido alterado devido a incidentes. A resposta não foi muito elucidativa, mas indica que não será feita qualquer alteração.
“O sistema de Macau não sofreu, de momento, qualquer alteração pois na sua globalidade os dois sistemas são muito parecidos. Isto é, existem poucas diferenças entre ambos.”
Que o sistema é semelhante, a Novo Macau já tinha referido nesta terça-feira, dia em que entregou uma carta aos serviços dirigidos por Fong Soi Kun a pedir esclarecimentos sobre o facto de não ter sido içado o sinal oito de tufão. Mas a Associação pró-democrata também mencionava a existência de uma revisão no sistema da RAEHK “por incidentes”. Ao que o HM conseguiu apurar, esses incidentes dizem respeito à introdução de um sistema que alerta para a mudança da velocidade do vento de dez em dez minutos, algo que falta a Macau.
Já à deputada, Fong Soi Kun, que respondeu a 28 de Julho, diz existirem novos “wind-profiler” e radiómetros, “destinados à detecção da variação do vector do vento e humidade” e que ajudam nas chuvas intensas e em casos de tufão. Mas o director fala também em limites e “dificuldades grandes” face à previsão quantitativa do tempo “referente a hora e locais específicos”.
Os SMG admitem também na resposta ao HM que há um – entre os 15 medidores de vento em Macau – danificado. “Está localizado na parte sul da Ponte da Amizade. Todos os outros estão em bom estado de conservação e por esse motivo fazem uma avaliação válida”, garantem os serviços.

Mais deputados ao ataque

Ainda no rescaldo do tufão Nida, foram vários os deputados que ontem criticaram os SMG, por “não terem um critério claro de lançamento de sinais e pela sua hesitação”. Ho Ion Sang e Ella Lei juntam-se aos que já expressaram a opinião na terça-feira para “exigir uma auto-avaliação” dos serviços.
O deputado Ho Ion Sang diz que os SMG não conseguiram proporcionar dados meteorológicos correctos e que a sua explicação não foi aceitável. Já Ella Lei fala em falta de critérios e questionou o serviço sobre “se as instalações estão a funcionar bem e se reflectem a actual situação metrológica”.
Pereira Coutinho não exclui a “possibilidade de conluio entre comerciantes e oficiais do Governo e exige a intervenção do Comissariado contra a Corrupção”, tendo marcada para hoje a entrega de um pedido de investigação.

4 Ago 2016

Tabaco | Pedida revisão da lei para regular cigarros electrónicos

Numa altura em que se revê a Lei de Controlo do Tabagismo, a Associação Geral das Mulheres vem pedir ao Governo que não se esqueça de incluir mais regras para limitar o consumo dos cigarros electrónicos. Isto porque, defende, mais jovens recorrem a este produto

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Geral das Mulheres quer que a revisão da Lei do Controlo do Tabagismo inclua mais regulação dos cigarros electrónicos. O pedido do ramo da Associação que se responsabiliza pelos assuntos juvenis surge depois de um estudo que mostra que o consumo deste tipo de produto aumentou entre os mais novos em Macau.
Loi Yi Weng, presidente da Associação da Juventude de Fu Lun, da Associação Geral das Mulheres, frisou ao jornal Ou Mun que a necessidade de regulação dos cigarros electrónicos já foi sentida por “28 países da União Europeia”, em Maio deste ano, quando passaram a incluir o produto na legislação que proíbe o seu consumo por menores, ou em determinados locais. Actualmente, Macau prevê impedir a sua venda, mas a responsável considera que é necessário que o território proíba mesmo o seu consumo e importação, principalmente agora que os deputados têm em mãos a revisão a Lei de Controlo do Tabagismo. Loi Yi Weng diz que esta é uma “lacuna que tem de ser preenchida”, a fim de prevenir os efeitos negativos que estes cigarros trazem aos jovens.
A revisão actualmente em curso face a este diploma está relacionada com a proibição total de fumar nos casinos, bem como de publicidade ao produto. A questão dos cigarros electrónicos foi referenciada pelo Governo quando, no ano passado, apresentou a proposta aos deputados. O Executivo queria proibir este meio alternativo ao cigarro comum em locais destinados a utilização colectiva, assim como proibir a sua venda, apesar de não incluir a importação.
“Neste momento não estamos a limitar, seja para consumo próprio ou não, a importação de cigarros electrónicos. Apenas limitamos a venda. Mas não se pode também consumir o cigarro electrónico nos locais determinados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já confirmou que o cigarro electrónico não serve para a abstenção do fumo – contém nicotina entre outros produtos maléficos. Pode fazer mal à saúde do próprio fumador e o fumo em segunda mão também afecta a saúde dos outros”, esclareceu, em Junho de 2015, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion.
Recentemente, conforme disse Chan Chak Mo ao HM, os deputados pediram clarificação relativamente ao próprio consumo do cigarro electrónico.

Estudos que gritam

A Associação das Mulheres citava um estudo dos Serviços de Saúde (SS), que mostra que o consumo de cigarros electrónicos cresceu entre os jovens.
“Evidencia que a taxa de consumo de tabaco de jovens em 2015 diminuiu cerca de 3%, mas aponta que os números de consumo cigarros electrónicos se aproximou gradualmente do consumo de tabaco comum”, frisa a responsável.
Loi Yi Weng defende que, com a entrada em vigor da lei, o aumento de imposto sobre o tabaco, a educação e promoção já se verificou uma queda constante na taxa de consumo de tabaco entre os jovens, mas o facto da actual lei não regular a importação não agrada à responsável.
“Não é difícil encontrarem-se lojas que vendem estes produtos do Taobao, o que tem atraído mais jovens a comprar e consumir. O que se deve ter atenção é que entre os jovens existem mal-entendidos sobre o consumo destes cigarros, porque muitos consideram que não se vai desenvolver dependência, ou vai-se ajudar a deixar o hábito. Mas a OMS já revelou que não tem esse efeito. A maioria dos cigarros electrónicos consiste em nicotina e substâncias provocadoras de cancro que fazem mal à saúde e meio ambiente”, frisa.
A Associação pede, por isso, a consideração do Governo face à possibilidade da proibição da entrada destes produtos.

*por Angela Ka

4 Ago 2016

Cinema | Filme de José Drummond chega a trienal alemã

O filme de José Drummond “Kiss me, and you will see how important I am” está de viagem para Berlim. A apresentação por terras alemãs decorre amanhã, a convite da curadora Christine Nippe. O filme será parte integrante da rubrica “A sense of self”, espaço inserido na Trienal Transart de Berlim

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Trienal Transart de Berlim decorre durante o mês de Agosto e conta nesta edição também com o se faz por Macau. A representação local viaja através da obra de José Drummond, artista local, com a projecção do filme “Kiss me, and you will see how important I am”. Decorre nos Uffer Studios enquanto parte da rubrica “A sense of self”.
O filme retrata um encontro desconexo e momentâneo entre duas pessoas, como avança a apresentação no anúncio de selecção do filme. Um encontro falhado, onde há uma perda ilusória de equilíbrio e uma melancolia inerente para mostrar que a beleza também pode ser encontrada em expressões de crueldade e de dor. É do absurdo do momento do encontro e do imaginário das duas personagens que acompanham a película que se desenrola uma viagem que “prende o espectador” aos meandros de um labirinto que se pretende de amor.
O sentimento de derrota vai aparecendo e fazendo-se sentir, num crescendo lento com o desvendar de que cada um de nós é o responsável pela sua catástrofe pessoal ilustrada por um vazio “súbito” e profundo.

Quem somos?

O filme de Drummond integra a selecção da rubrica destinada à reflexão sobre os aspectos que interrogam a identidade. A questão do “quem sou eu” é um fundamento existencial que acompanha a humanidade desde sempre e, nos dias que correm, é um conceito dirigido ao ego que se pensa, se diz e se concretiza. A resposta ao “quem somos” e as formas como é percebido o meio circundante estão intimamente ligadas e é nesta interacção que o papel dos média, da fotografia, vídeo e da própria internet contêm uma função contemporânea essencial.
Na rubrica “A sense of self” serão apresentados dez trabalhos em vídeo, que ilustram os processos narrativos de diferentes formas de abordar o “eu” e a identidade. Estarão presentes trabalhos que vão de abordagens românticas ou aventureiras ao frenesim urbano.
De entre os artistas seleccionados, acompanham José Drummond nomes como Eli Cortinas, Jonathan Goldman, Kate dela RHEE, Sanja Hurem, Richard Jochum, Ahmed Mohsen Mansour, Christine Schulz, Jana Schulz e Suzan Tunca.

Prata da casa

José Drummond é um artista e curador residente em Macau. O director do VAFA (Festival Internacional de Vídeo-arte de Macau) é mestre em Práticas Criativas pelo Instituto Transart de Nova Iorque e Universidade de Plymouth do Reino Unido. Já foi por duas vezes seleccionado para o Sovereign Asian Art, tendo na edição deste ano chegado aos nomes finalistas. Representante de Portugal na
Bienal de Valência, Drummond conta com bolsas de estudo de diversas entidades, entre as quais a Fundação Oriente, o Centro Nacional de Cultura de Portugal e o Instituto Cultural. O seu trabalho tem corrido mundo e já foi exibido em Macau, Hong Kong, China, Taiwan, Coreia do Sul, Tailândia, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Hungria e EUA.

4 Ago 2016

UM | Descoberta “ajuda a entender” influência da Ciência Ocidental na China

Um estudo recentemente descoberto por um professor da UM pode dar um novo entendimento sobre como a Ciência Ocidental foi introduzida na China durante a Dinastia Ming. O documento foi descoberto na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ntónio Vasconcelos de Saldanha, professor da Universidade de Macau (UM), descobriu um documento que poderá ajudar a perceber como é que Ciência Ocidental chegou à China. A recente descoberta foi anunciada durante uma conferência na Universidade de Tubingen, na Alemanha, e remete para um diário pessoal do jesuíta Sabatino Ursis.
Este padre foi um dos sucessores do Padre Matteo Ricci, geógrafo, cartógrafo e cientista renascentista italiano que esteve em Macau e que era considerado uma importante figura da corte na dinastia Ming. Sabatino Ursis trabalhou em parceria com Matteo Ricci e chegou mesmo a escrever um livro em Chinês.
O manuscrito recém descoberto reforça como Sabatino Ursis discutia já problemas práticos e questões teóricas relacionadas com a Hidrologia e a gestão hídrica na sua obra. Aliás, o mesmo já tinha publicado em Pequim, em 1612, um tratado dedicado ao tema, intitulado “Hydromethods of the Great West”. Na altura, a divulgação foi patrocinada por “importantes figuras da dinastia” Ming, como indica um comunicado da UM, tendo mesmo um prefácio de Xu Guangqi – importante figura no intercâmbio cultural – antes de ser apresentado ao imperador Wanli.
Segundo a UM, este estudo pode dar uma perspectiva mais abrangente de como os padres jesuítas influenciaram a introdução dos conhecimentos científicos ocidentais deste lado do mundo.

De Portugal para cá

Este manuscrito pertencia aos arquivos jesuítas em Macau, mas encontrava-se agora caído no esquecimento na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa, onde foi redescoberto e identificado pelo professor António Vasconcelos de Saldanha.
O académico é especialista na História de Macau e da Companhia de Jesus, na China. O seu trabalho está a ser desenvolvido em associação com outros projectos de pesquisa “importantes e inovadores”, como indica a UM, sobre Ciência, Tecnologia e Medicina na dinastia Ming.
Os jesuítas são tidos como uma referência no mundo das ciências e na divulgação de artigos científicos. Existem nomes sobejamente conhecidos, como é o caso de João Rodrigues, na área da Geografia, e Manuel Dias com o estudo “Uma explicação da Esfera Celestial”, datado de 1615. H.M.

4 Ago 2016

Impressão a 3D | Revolução que começou há mais de 30 anos

Foram criadas há mais de 30 anos, mas só agora estão a saltar para as luzes da ribalta. As impressoras 3D vêm com um carimbo de “revolução”, em descobertas que estão, essencialmente, a ajudar a melhorar a nossa vida. Em Londres, abriu esta semana o primeiro restaurante que recorre a impressão 3D

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ode pensar que as impressoras 3D chegaram agora, mas o facto é que estes objectos que começam a tornar a nossa vida mais fácil foram inventados já na década de 1980. Esta técnica de impressão está a revolucionar a indústria permitindo a criação rápida de chocolates e brinquedos, de casas e próteses, entre tantos outros produtos. Mas aquilo que aparenta ser uma tecnologia revolucionária completa, este ano, 32 primaveras.
O que fez as impressoras 3D ascenderem à ribalta? Apesar da longa existência destes engenhos, a revolução aconteceu devido especialmente aos preços e à evolução dos aparelhos. A lentidão e imperfeição não ajudavam à utilização dos mecanismos na indústria e os equipamentos e produtos caros restringiam a criação: artigos simples eram a opção, apenas para completar grandes construções.
Mais de três décadas depois, contudo, a tecnologia parece estar ao alcance do mercado, tendo aumentado a sua concorrência: de pequenas peças, passa-se agora a imprimir produtos inteiros, com algumas grandes marcas a prever que mais de 20% dos seus produtos sejam exclusivamente fabricados recorrendo a estas impressoras, segundo estudos de mercado e diversas notícias internacionais.
Ainda ontem, foi notícia a abertura do primeiro restaurante exclusivamente dedicado à comida feita a 3D (ver texto ao lado). Mas as invenções sucedem-se e podem ser mais úteis do que nunca.

As jóias, o carro e a casa

Em 2011, vestidos da holandesa Iris van Herpen figuraram entre as 50 melhores invenções da revista americana Time. A estilista utilizou computador e impressora para criar roupa, sapatos e acessórios, mas já há quem venda biquínis e peças feitas com nylon, vidro, acrílico e até cerâmica.
O mesmo tem acontecido com carros: em 2011, o Urbee foi lançado como o primeiro automóvel cuja carroçaria foi feita em 3D. Areion, um carro de corrida feito por um grupo de estudantes de engenharia belgas, foi o seguinte, podendo atingir uma velocidade até 140km/h. As impressões servem ainda para o fabrico de peças antigas, para carros que já não estão à venda. impressão 3d
As casas foram também alguns dos itens que, assim que a evolução se deu, integraram a lista de produtos a fabricar por estas impressoras. Enrico Dini foi, de acordo com a revista Superinteressante do Brasil, um dos pioneiros, quando em 2007 criou uma mega-impressora 3D que usa areia e cola à base de magnésio para fazer casas. Não há nada de cimento, aço ou metal na obra, com a máquina – A D-Shape – a conseguir fazer casas em quatro vezes menos o tempo necessário normalmente. As ideias são inúmeras e podem passar por construir abrigos para sobreviventes de catástrofes e casas para população mais pobre.
Comida é outra das grandes apostas, com algumas impressoras pioneiras a conseguir imprimir bombons de chocolate, nozes e avelãs. Agora, um novo mundo se abre com restaurantes dedicados especialmente a este tipo de cozinha.

Na sala de operações

Próteses, ossos, tecidos e até órgãos têm sido os bens mais falados recentemente no que à impressão a 3D diz respeito. Como relembra o jornal O Globo, os profissionais da área da Saúde, em particular, têm sido os mais rápidos a adoptar esta tecnologia, como uma forma de reduzir custos e melhorar os resultados. Os objectivos passam, por exemplo, por acabar de vez com a necessidade de transplantes.
Implantes e próteses foram dos primeiras a ser fabricados. Mas há quem esteja já de olho na produção de tecido humano e órgãos.
Anthony Atala, da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, nos EUA recriou em laboratório a bexiga de sete voluntários, portadores de um grave defeito congénito. Segundo a Superinteressante, Atala usou células das próprias bexigas dos pacientes, injectou-as num molde e voltou a colocá-las nas pessoas. A experiência teve sucesso e a ideia é avançar com a criação de rins.
A complexidade dos órgãos ou tecidos humanos criou um impasse. Mas a pergunta “como pôr a funcionar algo que é vivo?”, foi rapidamente respondida por uma equipa da Universidade de Harvard, que desenvolveu um método que permite a construção de tecidos formados por múltiplos tipos de células e com estrutura vascular. “A construção de grandes órgãos ainda está distante”, mas a evolução aponta para este sentido.
Bio-impressão é o nome dado à técnica de impressão 3D que reproduz partes do corpo, como veias, cartilagens e pele. “A impressão 3D já provou o seu valor ao recriar uma variedade de tecidos anatomicamente idênticos aos naturais”, diz Michael Renard, vice-presidente da Organovo, empresa responsável pela criação da primeira bioimpressora 3D, em 2010. “Em pouco tempo, esses tecidos vivos funcionais poderão fazer a diferença no estudo de patologias ainda pouco conhecidas e, principalmente, na avaliação da eficácia e segurança de drogas ainda em fase de testes”, prevê, de acordo com a revista Superinteressante. A tendência é que a bio-impressão acabe também com a utilização de ratos, coelhos e outros animais nas investigações clínicas.

Pais babados

A criação da primeira impressora 3D é atribuída a Charles “Chuck” Hull, em 1984, mas uma investigação mais a fundo remete-nos para alguns anos antes. Em 1981, o japonês Hideo Kodama, do Instituto Industrial de Investigação de Nagoya foi pioneiro na criação de um modelo sólido idêntico ao que, três anos depois, Chuck Hull cria, em conjunto com a estereolitografia, que permite a criação de modelos 3D recorrendo a dados digitais.
Poucos anos depois, Chuck Hull funda a 3D Systems Corp. e patenteia a sua criação. A empresa, que abriu portas à comercialização do produto, continua como uma das líderes de mercado actualmente.

E o futuro?

O que nos fazia querer estar a viver no futuro foi, afinal, um processo evolutivo que começou há mais de três décadas. Com base na invenção de Nagoya, Hull criou uma nova máquina e é com base nesta sua invenção que mais e mais investigadores se juntam ao processo de continuar a simplificar a impressão tridimensional.
Mas, se enquanto a evolução é vista com bons olhos por uns, há outras criações que deixam alertas, mesmo que sem intenção. Como em todas as histórias, há um lado negro da impressão a 3D: “Liberator” é exemplo disso -uma arma de fogo completamente funcional, que utiliza balas reais e cuja “receita” está disponível na internet.
Mas, os materiais já não se limitam ao plástico e a produção em massa está a bater à porta, bem como a utilização destas impressoras na casa de cada um de nós. Nas escolas. Nos hospitais. E em tantos outros lados. Para o bem e para o mal.

Londres abre primeiro restaurante

Em Londres abriu o primeiro espaço a servir exclusivamente pratos confeccionados a partir de uma impressora 3D. A notícia é avançada pelo Público, que explica que o Food Ink recorre pura e simplesmente à técnica de impressão a três dimensões para confeccionar toda a sua comida. Todo o processo acontece em frente aos clientes e, de acordo com a empresa, até os próprios talheres e mobília do restaurante foram construídos através de máquinas de impressão 3D.
Segundo o Público, os ingredientes chegam em tubos e a impressora só consegue produzir sob a forma de uma pasta. Caviar de azeite, sobremesas de chocolate, biscoitos, ou humus são as possíveis opções do menu, com a cozinha a contar com a experiência de arquitectos, engenheiros, designers, artistas e “inventores e entusiastas de indústria e tecnologia”, afirma a empresa fundada por Antony Dobrzensky e Marcio Barradas.
O restaurante quer passar por cidades como Berlim, Dubai, Seul, Roma, Tel Aviv, Barcelona, Paris, Amsterdão, Toronto, Nova Iorque, Las Vegas, Tóquio, Singapura e Los Angeles. Segundo alguns especialistas citados pelo Le Monde, há quem acredite que a impressão de comida em três dimensões poderá ser uma das soluções no combate às crises alimentares e fome.

Como funciona?

Modelo: antes de se criar um objecto, é preciso ter um modelo digital, que pode ser desenhado a 3D com um programa que, depois, o divide em diferentes camadas.

Material: É aplicada uma fina camada da matéria-prima derretida sobre uma plataforma no interior da impressora. A matéria-prima, que pode ser resina ou plástico, por exemplo, endurece e forma a base do objecto, sendo depois sucessivamente colocadas mais e mais camadas do mesmo material.

Produto: Com a sobreposição das matérias-primas, o objecto começa a formar-se. A impressão pode levar de poucos minutos a algumas horas e há até máquinas que, após a criação do produto, passam-no por uma fase de polimento

Sabia que…

A primeira réplica de um coração em 3D ajudou, em Março, ao planeamento de uma cirurgia num bebé de nove meses?
A impressão em 3D é utilizada em diversos filmes para a produção de acessórios e decoração?
A Estação Espacial Internacional tem uma impressora 3D a bordo para substituir eventuais partes danificadas de forma mais rápida, mas também para comida?
Há uma impressora 3D no mercado (a Photonic Professional GT) que é capaz de criar objectos tão finos quanto um cabelo humano?

4 Ago 2016

Nida | “Ventos de baixa intensidade” levaram a sinal mais baixo, dizem SMG

* com Angela Ka e Cláudia Tang

O impacto que os SMG pensaram que o tufão Nida iria ter em Macau fez os serviços alertar para a possibilidade de se içar o sinal 8. Um alerta que, afinal, estava errado, como admitiu o Governo. É que, para o território, bastou o sinal 3, garantiu ontem Fong Soi Kun, assegurando que os dados foram “científicos”. Polícia e bombeiros não tiveram mãos a medir

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante mais de 24 horas o tufão Nida fez o tempo mudar em Macau, mas nem a chuva intensa, os ventos fortes e a quase impossibilidade de atravessar pontes e estradas, como muitos testemunhos demonstraram, levou a que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) içassem o sinal 8 de alerta de tufão, como aconteceu em Hong Kong e na China. A justificação dada pelos serviços é de que em Hong Kong os ventos “eram de intensidade significativamente mais forte” e Zhuhai, onde também foi içado o sinal 8, “tem parâmetros de classificação diferentes” dos de Macau, o que leva Fong Soi Kun a dizer que “não se deve comparar com a China”. tufão nida
O director dos SMG convocou ontem uma conferência, depois da manifesta contestação popular face à ausência de sinal elevado no território. Fong Soi Kun até admitiu erros na sinalização do tufão, mas não relativamente ao sinal 8: as imagens de satélite pouco nítidas e um erro na localização do tufão foram justificações dadas pelo director para o facto dos SMG terem indicado que o sinal 8 poderia ser elevado. Algo que, para Fong Soi Kun, afinal não era preciso. “Quando vimos as imagens com nitidez resolvemos não aumentar o sinal.”
Os ventos não ultrapassaram, segundo os SMG, intensidade entre os 40 km/h e os “60 e poucos km/hora”, tendo havido rajadas que andaram à volta de 90km/h. “O sinal 3 compreende intensidade que vai até aos 110 km por hora”, avisou Fong Soi Kun. Medidas que, segundo o responsável, não apresentam “qualquer perigo para a circulação na RAEM”.

Casos “isolados”

Confrontado com as imagens que circularam na internet de pessoas em apuros a conduzir motociclos na ponte da Amizade, Fong Soi Kun afirma que o sistema de classificação de perigosidade só “reflecte de um modo geral o que vai acontecer no território e alguns pontos são mais perigosos que outros”. Compete às pessoas, frisou, gerirem a sua própria segurança.
Também o HM questionou um condutor sobre por que decidiu conduzir a sua mota se o sinal 3 estava içado. A resposta foi simples: “quando saí de casa, na minha zona, não se notava o perigo que era e tinha mesmo de chegar ao trabalho cedo. A minha namorada avisou-me que era impossível apanhar autocarros e foi por isso”, referiu Jony Leong ao HM, acrescentando que tentou apanhar táxi mas que estes estavam a cobrar tarifas mais altas.
Diversos vídeos entretanto postos a circular nas redes sociais mostram condutores de motociclos a ser empurrados com a força do vento, na ponte. Quase não aguentam as motas, alguns deles mesmo caindo ao chão.
Foram também muitos os cidadãos que ligaram ao programa Macau Talk do canal chinês da Rádio Macau, a queixar-se por ter de ir trabalhar com o tempo como estava de manhã: ou porque os autocarros estavam cheios, ou porque os guarda-chuvas não aguentavam, ou porque os próprios veículos em que seguiam ficaram em risco na travessia da ponte.
“Os motociclistas não conseguiam atravessar a ponte. O vento soprava e eles iam caindo ao chão”, contou um ouvinte do programa.
A contestação popular foi sentida em força, com algumas pessoas a contactar não só os SMG, como a imprensa e as associações civis.
“Fiquei surpreendido com o facto de não terem içado o sinal. Surpreendido não é bem a palavra, porque esta não é a primeira vez que Macau não iça o sinal superior de tufão mesmo que Hong Kong o faça. Mas estava de facto muito vento, mais do que noutros casos em que o sinal estava mais alto”, refere António Silva ao HM.
O residente indica que esteve “mais de meia hora” à espera do autocarro com a esposa, ontem de manhã, e o cenário não era favorável. “Os guarda-chuvas não sobreviveram, como de costume, e havia montes de caixotes do lixo, tabuletas, árvores e [sinais] das obras a voar e pelo meio da rua, mesmo em frente ao Jockey Club.”

Científico

No programa Fórum Macau houve também quem considerasse que não se pode decidir o sinal de acordo com o “sentimento pessoal” e que se deve acreditar na análise dos aparelhos profissionais. Fong Soi Kun também pediu o mesmo.
O responsável sublinhou ontem que a decisão de não içar o sinal 8 foi baseada “na ciência, nos dados e no conhecimento [dos SMG], sem ser de forma nenhuma influenciada pelo jogo”. 13686760_1130590526999808_7496862080255834209_n
Desde ontem à tarde que o Nida se começou a afastar de Macau. As autoridades não chegaram a elevar o alerta, mantendo hasteado o sinal 3 desde o final da tarde de segunda-feira. Durante a madrugada e manhã não foram realizados voos no aeroporto, tendo sido cancelados ou adiados para a tarde de ontem, tendo acontecido o mesmo com as ligações marítimas entre Macau, continente e RAEHK, que foram interrompidas pelas 20h00 de segunda-feira, levando a que pessoas ficassem a dormir nos terminais.
O tufão tocou terra às 03h35 de ontem na Península de Dapeng, na cidade de Shenzhen, em Guangdong. Mais de 220 voos a partir dos aeroportos das cidades chinesas de Guangzhou, Shenzhen e Zhuhai foram cancelados antes da chegada do tufão, segundo o portal de notícias Sohu.
Cerca de dois mil trabalhadores envolvidos na construção da ponte que vai ligar Hong Kong, Macau e Zhuhai foram retirados, segundo a Xinhua. Na zona do Delta do Rio das Pérolas, o tufão é tido como “o pior desde 1983”.

Novo Macau e deputadas pedem explicações

A Associação Novo Macau exigiu ontem, numa carta entregue aos SMG, explicações para os residentes. A Associação diz que recebeu várias queixas e pede esclarecimentos sobre a forma como funciona o sistema de alerta de tufão. Também duas deputadas escreveram ontem ao Governo.
Para a Associação, os SMG só forneceram as últimas velocidades do vento que se fez sentir sem ter sido apresentado um gráfico ou informações adicionais sobres possíveis mudanças. O grupo quer, por isso, saber quais os critérios para içar o sinal de tufão e como é que é determinada “a velocidade dos ventos”. A Novo Macau diz mesmo que o sistema, baseado no de Hong Kong mas sem ter sofrido a revisão que o da região vizinha sofreu em 2005, talvez precise de ser revisto.
A carta solicita ainda que os SMG respondam a um cidadão que terá entrado em contacto com os serviços e que lhe foi dito por “um funcionário dos SMG que os serviços estavam prontos para içar o sinal 8, mas que, lamentavelmente, não recebeu indicações no mesmo sentido dos seus superiores hierárquicos”.
Melinda Chan pede também explicações e exige que seja dada aos residentes uma listagem detalhada dos critérios e fundamentos científicos que estão na base da classificação de sinal 3.
Já Angela Leong refere que já não é a primeira vez que os SMG fazem “uma previsão do tempo que não estava em conformidade com a situação exacta”. A deputada considera que os residentes não têm confiança nos aparelhos dos SMG, que custam “milhões” ao Governo, e diz que o organismo necessita de fazer uma auto-avaliação para perceber se está a tomar as decisões correctas.

Hong Kong parado

Hong Kong continuou parada depois de as autoridades terem içado um alerta de nível 8 que fechou escolas e serviços públicos e cancelou as ligações marítimas e aéreas, na segunda-feira. As ruas de Hong Kong estavam ontem de manhã desertas, com alunos e funcionários públicos em casa, a Bolsa de Valores encerrou o dia todo e muitos autocarros e comboios operaram, mas com serviços limitados. O sinal oito foi içado pouco depois das 16h00 de segunda-feira e foi alterado para o número três ontem, depois das 13h00. Ventos de 151 quilómetros por hora foram registados durante a noite, com as autoridades a alertarem para a possibilidade de inundações ou derrocadas. Mais de 150 voos foram cancelados na noite de segunda-feira e cerca de 200 voos levantaram ontem, num aeroporto que costuma operar mais de mil. Em toda a cidade, mais de 200 pessoas procuraram refúgio nos abrigos do Governo. Mas alguns dos fãs mais dedicados do jogo Pokemon Go equiparam-se com impermeáveis para continuar a caçar monstros durante a tempestade.

Quatro ilegais salvos do mar

Os Serviços de Alfândega salvaram ontem quatro imigrantes ilegais do mar. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, os quatro foram resgatados pelo barco de patrulha da Alfândega na noite do tufão. Às 21h00, os barcos dos SA encontraram um barco que estava a afundar-se devido ao Nida. Os três homens e a mulher que seguiam no barco já tinham caído ao mar e, depois do resgate, os SA descobriram que os quatro eram imigrantes ilegais do interior da China. Um deles é de Henan e será a segunda vez que tenta entrar ilegalmente em Macau. O caso já está a ser seguido pelo Ministério Público.

Quando o telefone toca – Residente portuguesa queixa-se ao HM

“Escolhi o vosso jornal como porta-voz da minha indignação e de outras pessoas que conheço por esta noite terem içado o sinal 3. Primeiro porque o tufão foi realmente forte. Já estou há muitos anos em Macau e sei identificar perfeitamente. Lá em casa dormimos mal e falei com outras pessoas que me disseram o mesmo. [Depois as pessoas tiveram de se] deslocar para o trabalho com condições terríveis, atendendo nomeadamente ao facto de neste momento existirem imensas obras a decorrer, pelo que podia ter havido objectos e pedras a obstruir ou mesmo a cair. (…) Houve pessoas que tiveram que utilizar motociclos na ponte e sei de um caso específico que a pessoa teve que parar várias vezes devido às rajadas.
Há imensas coisas que podem ser postas em causa por não ter sido içado o sinal 8. (…) Já houve ainda um caso em que houve um sinal 10 em Hong Kong e nós que estávamos muito mais perto não tivemos o mesmo sinal. Já na altura disseram que isto tem a ver com a força dos casinos.
Agora a questão que eu coloco é: é menos importante a segurança das pessoas? Os interesses dos casinos são mais importantes? Não está em causa o ir ou não ir trabalhar mas sim as condições em que as pessoas o fizeram. (…) Nós sabemos quais são as razões. Com um sinal 8 os acessos são fechados e os pagamentos são maiores e há muita gente a dizer isto.
Outro factor a ter em conta é o facto de agora a escolas estarem fechadas e por isso não havia crianças para transportar e então pronto, fica o sinal 3. Foi uma grande irresponsabilidade por parte dos serviços competentes. Tiveram muita sorte por não ter havido alguma caso grave de acidentes.”

Números:

32 objectos que caíram (inclui janelas, publicidade, etc)
26 árvores caídas
7 acidentes rodoviários
4 vítimas de acidentes que deram entrada nos hospitais
3 inundações
1 painel de ferro deitado abaixo pelo vento
1 incêndio

3 Ago 2016

Arrendamento | Revisão ao Código Civil quer expandir poder do tribunal

Aumentar a competência do Juízo de Pequenas Causas Cíveis para acelerar as acções de despejo é uma das propostas em cima da mesa na revisão do Código de Processo Civil que está a ser feita pelo Governo. Não há qualquer data para a apresentação de uma proposta, mas Sónia Chan está cautelosa face à eliminação da possibilidade de recurso

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revisão ao Código do Processo Civil (CPC) que está a ser levada a cabo pelo Governo quer expandir os poderes do Juízo de Pequenas Causas Cíveis. Como já foi anteriormente noticiado pelo HM, sobre o aumento das rendas nada será feito pela Administração, que deixa o assunto a cargo dos deputados que apresentaram o projecto de lei da Alteração do Regime Jurídico de Arrendamento previsto no Código Civil. Mas um dos artigos a ser revisto no CPC está de facto relacionado com os arrendamentos, ainda que no que às acções de despejo diz respeito.
“O Governo tem vindo a desenvolver para o efeito os trabalhos de revisão, cujos principais objectivos incluem a simplificação e o aumento da eficácia processual”, indica a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) numa resposta ao HM.
Conforme avançado em Março, a ideia é tornar o processo mais eficiente, permitindo “ao locador interpor, de forma ainda mais fácil e acelerada, o processo de acção de despejo e aperfeiçoar o regime de comunicação”. A questão da falta de pagamento das rendas é comum no território, de acordo com o que tem vindo a ser defendido por deputados, e uma das formas de simplificar a acção de despejo será, então, alargando os poderes do tribunal.
“As orientações de melhoria [na revisão do CPC] incluem a simplificação dos processos judiciais e o aumento da eficácia processual, como por exemplo a ampliação da competência do Juízo de Pequenas Causas Cíveis, para se deixar que as acções de valor mais baixo possam ser distribuídas e tratadas através de um processo mais conveniente”, pode ler-se numa resposta a uma interpelação escrita de Zheng Anting, assinada por Li Canfeng, director da DSAJ.
Alterações feitas em 2004 ao CPC e à Lei de Bases de Organização Judiciária vieram permitir que as acções de despejo que consistem na falta de pagamento da renda e não sejam superiores a 50 mil patacas possam ser julgadas por um tribunal singular.

Recurso é preciso

Segundo o CPC é admissível o recurso da decisão do tribunal, como forma de “concretizar o direito de habitação dos moradores das fracções afectadas pelas acções de despejo”. Mak Soi Kun tinha questionado o Governo sobre a necessidade de existirem estes recursos, tendo salientado que poderão atrasar as questões. Mas, numa resposta ao deputado, Sónia Chan deixou um alerta.
“É necessário tomar uma atitude prudente e imparcial quanto à apreciação da ideia da eliminação do direito de recurso em nome de aceleração da marcha dos processos”, frisa a Secretária para a Administração e Justiça.
Sobre um calendário para a apresentação de uma proposta de revisão, o Executivo nada adianta. A DSAJ assegura ao HM que já fez uma primeira consulta ao sector e que o próximo passo, após análise das propostas que os operadores jurídicos e judiciários apresentaram e a auscultação da opinião do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica, é “definir as orientações e o âmbito da revisão”, para se elaborar “uma proposta concreta”.

3 Ago 2016

Toi San | Habitação pública construída a partir de Julho de 2017

O concurso para a construção da nova habitação pública em Toi San arranca no final deste ano e as obras começam a partir do terceiro trimestre de 2017. O prédio que deveria estar pronto em 2013 atrasou-se devido a problemas com o solo, que agora contam com especialistas para os resolver

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]A obras de habitação pública em Toi San deverão começar em 2017, depois de um concurso público novo ser lançado ainda este ano. A notícia é avançada pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI), numa resposta a uma interpelação escrita de Chan Meng Kam.
A situação de Toi San já se arrasta há mais de cinco anos. A habitação pública deveria estar concluída em 2013, mas o projecto original incluía três andares subterrâneos, algo que criou impacto nos edifícios antigos vizinhos. Face a diversas questões dos deputados sobre os atrasos, o GDI respondia já no ano passado que se deviam a problemas inesperados com o solo, mas também com conflitos com a própria construtora do projecto, que poderiam chegar até a tribunal.
Agora, o GDI anuncia novos desenvolvimentos, que passam também pela alteração do projecto, que já começou em Janeiro deste ano, devido a medidas de segurança.
“Actualmente estão a ser promovidos, de acordo com o calendário, os diversos trabalhos destinados ao lançamento de um novo concurso público, previsto para o final de 2016. Os trabalhos de execução da empreitada estão previstos para o terceiro trimestre de 2017”, refere o Gabinete, numa resposta assinada por Tomás Hoi, coordenador substituto.
A zona da Rua Central de Toi San, estreita e com grande aglomerado de casas, fez o GDI desistir da construção de cave no edifício que vai nascer. E vai também obrigar a que sejam feitos trabalhos de “preparação geotécnica”, que contam com especialistas da área.
“Dadas as circunstâncias [do projecto] e da sua periferia, o empreendimento deve ser executado de forma técnica, pragmática e prudente, razão pela qual [o edifício] não terá cave. Além disso, antes de iniciar a execução da obra, vai incumbir-se uma entidade independente para proceder à recolha e análise de dados geológicos do terreno e da sua periferia”, frisa o GDI, explicando que o objectivo é melhorar o planeamento dos trabalhos da próxima fase e também minimizar ao máximo o impacto sobre os edifícios em redor do prédio que vai nascer. O solo vai ser preparado antes sequer das fundações serem inseridas.

Custos e mercado

No mesmo documento, Tomás Hoi indica ainda que o mercado que actualmente existe no local vai ser transferido, algo que está a ser coordenado com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), mas sobre o qual o responsável não se alargou nos detalhes.
No início deste ano, o Governo anunciou a concessão da alteração do projecto de habitação pública de Toi San à JPC Consultadoria de Arquitectura Limitada. O serviço custou ao Governo 8,89 milhões de patacas, que serão pagos até 2019. Os últimos dados do Instituto de Habitação apontavam para atrasos com cerca de outras oito obras de habitação pública além da de Toi San, onde se incluía Mong Há e Fai Chi Kei.

3 Ago 2016

Droga | Teste escolar obrigatório não é solução, dizem agentes sociais

O sector dos assuntos sociais parece ser unânime: testes obrigatórios de despistagem de droga nas escolas pode ser mais negativo do que positivo. A solução apontada está na promoção de actividades de lazer promotoras de uma vida sem drogas, algo defendido também pelo IAS

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]estes obrigatórios ao consumo de droga nas escolas não é a resolução mais eficaz para diminuir os casos, considera o Instituto de Acção Social (IAS). O organismo diz que a solução pode ter mais efeitos negativos do que positivos e agentes sociais ouvidos pelo HM partilham da opinião.
Paul Pun, responsável da Caritas, vê como mais produtivo o investimento de tempo e recursos na prestação de serviços auxiliares do que na detecção de consumos de estupefacientes nas escolas. Ao HM, Paul Pun disse que não é adequado impulsionar o teste de drogas obrigatório nas escolas porque as instituições poderiam, ao invés disso, aproveitar o tempo para prestar formação a professores e funcionários no sentido destes detectarem sinais de consumo.
“Quando há alguém a tentar equilibrar-se ou que vá à casa de banho frequentemente, os funcionários podem, por exemplo, aproximar-se dos alunos e perguntar o que se passa”, afirma o responsável da Cáritas. “É necessária sim, uma observação cuidadosa e evitar ignorar as reacções dos alunos” para que se proceda à informação aos pais e a quem de direito, “de modo a promover um acompanhamento posterior adequado.”
O responsável considera que a realização de actividades de lazer em vez da “caça à droga” é mais eficaz porque é nestas actividades que os possíveis consumidores podem “encontrar motivações que evitem os consumos”.

Não ao rótulo

Vong Yim Mui, directora do IAS, tinha reforçado, à margem de uma actividade contra a droga, que o organismo não vai impulsionar o teste de droga obrigatório nas escolas, assunto que se levantou porque Hong Kong já promove este exame. O director-geral da Associação dos Assistentes Sociais, Ng Wan Fong, considera que é importante acompanhar a situações dos jovens. E como Macau é um território pequeno, nomeadamente quando comparado com a região vizinha, lança um alerta se o teste fosse implementado: correr-se-ia o risco de “etiquetar” e estigmatizar alunos que possam ter contacto com estupefacientes e com isso trazer efeitos mais negativos que positivos.
Ng Wan Fong revelou ainda ao HM que, embora os casos de consumo de droga pelos jovens da RAEM sejam cada vez mais “escondidos”, o teste deve ser considerado com muito cuidado. “Muitos exemplos das regiões vizinhas já nos mostraram que o teste obrigatório não tem grande efeito e por isso, a meu ver, a promoção de recursos e a maior formação do sector educativo será mais eficaz” afirma o director.

*por Angela Ka

3 Ago 2016

Deputado pede lei que obrigue a declaração de interesses “directos e indirectos”

Não chega só o diploma que obriga à declaração de bens patrimoniais, é preciso ter uma lei que obrigue juízes, altos cargos e deputados a indicar se têm algum tipo de vínculo a empresas, se servem como consultores ou se têm familiares interessados em casos que estão a analisar, diz Pereira Coutinho

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau deveria ter uma lei que obrigasse à declaração de interesses por parte de quem ocupa altos cargos no Governo, nos tribunais e na Assembleia Legislativa (AL). É o que diz José Pereira Coutinho, que vai pedir ao Executivo um diploma nesse sentido.
A ideia do deputado é simples: que quem ocupa cargos no tribunal, no hemiciclo e nos departamentos do Executivo seja não só obrigado a declarar bens patrimoniais, como interesses que possa ter “directa ou indirectamente”.
“Tanto em Hong Kong, como em Taiwan, como em quase todos os países asiáticos e europeus existe [uma lei] assim. Menos em Macau. Por isso é que acontecem casos em que, tanto a Fundação Macau, como os Secretários, em vez de se absterem de tomar decisões, por interesses directos ou indirectos, ou até familiares, tomam decisões que levantam problemas”, refere Pereira Coutinho ao HM.

Separar as águas

Macau aprovou em 2013 o Regime Jurídico da Declaração de Bens Patrimoniais e Interesses, um diploma que Pereira Coutinho considera diferente do que está a pedir agora. Para o deputado, apesar da declaração que aparece na página o Comissariado contra a Corrupção indicar uma parte de “interesses”, o preenchimento desta coluna não é exactamente sinónimo que todos os interesses, directos e indirectos, apareçam. E Pereira Coutinho dá exemplos.
“A declaração de interesses de que falo tem a ver com as entidades com quem se trabalha, por exemplo como consultor, ou escritórios de advocacia, ou quais as empresas a que estamos ligados, para que haja maior transparência”, defende. “Veja-se o caso de António Costa, [primeiro-ministro] em Portugal. Sai uma lista do escritório de advogados onde ele é consultor. Devia poder-se saber se é consultor de algum tipo de empresa, se tem empresas quem é que são as pessoas que detêm determinadas percentagens, se é sócio de alguma empresa de advogados”, explica ao HM. pereira coutinho
Pereira Coutinho diz que, com a obrigatoriedade de declaração destes interesses, “quando a AL ou os tribunais estão a decidir casos de terras, por exemplo, poderia saber-se imediatamente se essas pessoas [que tomam ou contribuem para as decisões] têm interesses nos casos que estão a analisar”. Se declarar que existe um interesse antes, já se sabe posteriormente que essa pessoa tem de abster-se.
Para o deputado não chega os actuais regulamentos internos que permitem aos altos cargos fazer isso, como foi o caso de Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, numa sessão do Conselho do Planeamento Urbanístico, a que preside: o responsável saiu da sala antes que fosse analisado um projecto onde tinha participado antes de ser Secretário. Exemplo que, frisa Pereira Coutinho, não foi seguido por Chui Sai On, Chefe do Executivo, aquando da atribuição de um subsídio de cem milhões de yuan à Universidade de Jinan. “Ninguém sabia que [o líder do Governo] era também membro da Universidade, ao mesmo tempo que é da Fundação Macau, até ele decidir dizer que era”, atirou o deputado. Chui Sai On chegou a aprovar a doação como presidente do Conselho de Curadores, mesmo que a Fundação Macau tenha assegurado que outros membros do Conselho que eram também da Jinan saíram da sala.
“A lei actual não obriga a que sejam descritos os interesses directos ou indirectos, nomeadamente acções. Estou a falar de mencionar tudo a que a pessoa está ligada, não só ao nível patrimonial, que cinge-se mais a valores monetários, bens móveis e imóveis, ou outros bens.”
Pereira Coutinho diz ainda que a lei deveria obrigar a que estas declarações acontecessem não só durante o desempenho das funções, como antes da tomada de posse. “E ainda que acrescentem outros que, eventualmente, possam vir a aparecer durante o cargo. A sociedade tem o direito de saber quem é quem e o que está a defender.”
O deputado não vai, para já, apresentar qualquer projecto neste sentido, mas assegura que vai “exigir” que o Governo o faça por si próprio.

2 Ago 2016

CPCS | Wong Kit Cheng pede limite para discussões e mais eficiência

A deputada está cansada de ter se esperar anos para chegar a uma conclusão sobre assuntos que merecem, diz, ser tratados rapidamente. Pede um prazo limite para as discussões do Conselho Permanente de Concertação Social, de forma a que se saia do lugar

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ong Kit Cheng não está satisfeita com o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS). A deputada critica o grupo por passar anos a discutir as mesmas questões sem chegar a qualquer conclusão.
Numa interpelação escrita, Wong Kit Cheng alerta para a necessidade de se aumentar a eficiência do CPCS no que diz respeito aos problemas discutidos na sua sede, como é o caso da revisão da Lei das Relações Laborais e como foi a questão do salário mínimo.
A deputada refere as grandes mudanças que Macau tem vindo a sofrer nestes anos e relembra que muitos sistemas jurídicos e leis têm de ser modificados conforme as situações actuais, especialmente os casos que envolvem os direitos e interesses laborais. Mas, como estes casos têm de ser discutidos primeiramente pelo CPCS e depois de um acordo é que podem ser entregues à Assembleia Legislativa (AL), essas mudanças não acontecem quando deviam. Wong Kit Cheng pede, por isso, um prazo limite para um assunto ser tema no seio do grupo.
“O Governo vai considerar criar um prazo limite para as discussões do CPCS, fazendo com que se melhore a eficiência face às modificações jurídicas que servem mais rápido as necessidades dos cidadãos e da sociedade?”, questionou.

Exemplos a gosto

A deputada fala em “atrasos bastantes graves”, que exemplifica com informações do site do CPCS: a discussão da proposta de lei sobre o Regime do Trabalho a Tempo Parcial, a da alteração da Lei das Relações de Trabalho e a da Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes, a alteração da legislação respeitante às agências de emprego e cumprimento das normas internacionais do trabalho da Convenção da ONU, entre outros, já aparecem no seu Planos de Actividades desde 2013. Dando outro exemplo, Wong Kit Cheng frisa que, desde 2013, já surgiu a discussão do aumento do montante das contribuições para o Regime da Segurança Social, algo que ainda nem sequer obteve consenso.
Wong Kit Cheng relembra que, apesar de existirem organizações de carácter consultivo, constituídas por representantes do Governo, das associações patronais e das associações de trabalhadores, o Governo é quem tem de dar o primeiro passo para eliminar a discordância. Caso contrário, refere, as opiniões divergentes vão sempre fazer com que nunca haja acordo.
“O Governo não foi capaz de realizar essa função. Como é que os responsáveis do Governo no CPCS vão esforçar-se para conseguir reduzir os desacordos?”, indagou a deputada.

* por Cláudia Tang

2 Ago 2016

Saúde | MTC ganha adeptos mas ainda é “preciso mais”

Medicinas tradicionais de todo o mundo ganham terreno nos países ocidentais e a Medicina Tradicional Chinesa não é excepção. Mas o trabalho ainda tem que ser muito e transformar Macau numa plataforma de transmissão de conhecimentos é algo importante mas ainda longínquo, diz um profissional da área

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Medicinas tradicionais e ocidentais podem e devem ajudar-se mutuamente.” É esta a opinião do deputado e médico Chan Iek Lap. As declarações são feitas ao HM depois de Macau ter recebido mais um colóquio sobre cooperação no domínio da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) nos Países de Língua Portuguesa. O médico e deputado considera que a promoção da MTC nestes países é viável, mas alerta que há uma necessidade efectiva de partilha de informação com os países do Ocidente.
Os resultados já conseguidos com a MTC são efectivos, mesmo no tratamento de doenças crónicas, e a investigação científica na área é prova disso. Por outro lado, e se Portugal pensa neste momento na inclusão da MTC na medicina comum, Macau enquanto plataforma é uma circunstância que Chan Iek Lap vê como “muito positiva”, mas que não chega. “É necessário investir muito mais esforços” nesse sentido, refere ao HM. “Se calhar ainda é difícil para outros países [ocidentais] aceitarem o convívio com a MTC.”

Portas entreabertas

Já há muitos países do Ocidente a mostrar cada vez mais abertura às técnicas da MTC, com a abertura de cada vez mais clínicas especializadas no tratamento de doenças através de técnicas deste tipo de medicina nos mais diversos cantos do mundo, dos quais se destacam o Canadá ou a França.
Mas a forma como a própria MTC passa a existir é algo também a ter em atenção, adverte Chan Iek Lap. Isto, porque esta medicina já conta com uma história com cerca de cinco mil anos.
“Vem do conhecimento popular que foi transmitido de geração em geração. É necessário ainda o constante aperfeiçoamento desse conhecimento de modo a dar cada vez mais contributos válidos para o aumento do conhecimento e da promoção da MTC.”
A medicina tradicional da China que tem vindo a ganhar adeptos e terreno no meio ocidental é uma área interpretativa desta própria medicina, que parte dos sinais dados pelo doente.
“Após observar a situação de saúde interna do doente este é encaminhado para o melhor tratamento”, explica Chan Iek Lap. “Na medicina ocidental são necessários equipamentos muito complexos, enquanto que para nós os instrumentos aos quase recorremos são mais simples e viáveis”, afirma, dando o exemplo da acupunctura que, como precisa de agulhas, a faz ser também mais viável em determinados contextos, passando a ser um instrumento a ter em conta seja onde for.
O médico destaca ainda o crescimento do número de especialistas de origem africana que têm, cada vez mais, vindo para a China realizar os seus estudos.

À procura da plataforma

Entre 18 e 31 de Julho, em Macau, teve lugar o colóquio sobre cooperação neste domínio. O evento, que contou com a presença de pessoas de renome na área da saúde, teve como objectivo principal a disponibilização de uma plataforma aos participantes dos diferentes países para aprendizagem e intercâmbio, como afirma a organização, o Fórum Macau, em comunicado de imprensa.
O colóquio serviu “para melhorar o conhecimento dos Países de Língua Portuguesa sobre o desenvolvimento da cooperação entre a China continental e Macau” no que respeita à medicina tradicional chinesa, sendo que é destacado o posicionamento da RAEM enquanto plataforma privilegiada entre os PLP e a China continental, até pela construção do futuro Parque Científico e Industrial de MTC na Ilha da Montanha.
No âmbito de uma visita a este mesmo parque, liderada por Wu Zhen, vice-director da Administração de Alimentação e Drogas da China, foi dado a conhecer o interesse de 46 pequenas e médias empresas em ingressar no parque, estando de momento a ser processados os trabalhos de entrada.

2 Ago 2016

UM | Curso de Verão de Português atrai 400 alunos

Cada vez mais são os jovens interessados em frequentar os cursos de Verão de Língua Portuguesa da Universidade de Macau. A edição deste ano trouxe 390 alunos de todo o lado e o programa, pelas suas características, tende a continuar e a crescer, 30 anos depois de ter sido criado

[dropcap styçe=’circle’]O[/dropcap]s cursos de Verão dedicados à Língua Portuguesa existem na Universidade de Macau (UM) há 30 anos. Foram “um dos filhos mais velhos da instituição”, como afirma Ana Nunes, coordenadora da iniciativa, e este ano juntam cerca de 400 alunos vindos de todo o mundo.
“É um curso de sucesso”, expressa a coordenadora com orgulho e um sorriso. Na sua maioria, os participantes são jovens vindos da China continental, mas não só. Contam-se ainda com “muitas pessoas” da Coreia do Sul e há quem venha de Timor, Hong Kong, Austrália, Estados Unidos, Tailândia e mesmo Áustria para passar cerca de três semanas das férias estivais em Macau a consolidar os conhecimentos de Português e ir um pouco mais além na língua de Camões, que traz consigo uma carga cultural indissociável.

Além da língua

Apesar de ser um curso de Língua Portuguesa, parece ser o que a língua traz associado que mais atrai os participantes. A curiosidade pela cultura lusa aparenta ganhar pontos e constituir um factor de peso na decisão de frequentar os cursos da UM.
“Para mim é importante conhecer a cultura portuguesa”, diz ao HM Rui, um jovem chinês de 20 anos e que vem de Pequim. Já vai no terceiro ano de presença neste curso e considera que “Macau é o laço entre a China e o mundo lusófono e aqui há ainda uma mistura interessante de culturas”, sendo esta formação de Verão uma forma de aceder a essas culturas.
Já Ana vem da Universidade de Xi’An e já conhecia Macau, mas é a primeira vez que frequenta o curso. Depois de três vindas à RAEM, e considerando que por cá “o ar é bom para aprender Português”, a jovem resolveu aperfeiçoar a língua este Verão. Mas não só. “É [também] uma possibilidade de encontro com pessoas de outros lados do mundo, um lugar mais internacional e mais aberto”, frisa, acrescentando que como a Língua Portuguesa é oficial, Macau é o “melhor sítio para estudar Português”.

Coordenadora do programa
Coordenadora do programa

As características deixadas pelos portugueses são também notadas pelos jovens estudantes.
“A arquitectura e outros traços que encontramos em Macau são símbolos históricos que nós devemos conhecer e respeitar e que nos ajudam a entender o que dizemos e aprendemos”, frisa Ana.

Amigos lusitanos

“Durante a minha presença neste curso não só aperfeiçoei a língua, como aprendi coisas que não sabia relativamente à cultura portuguesa”, afirma com entusiasmo estampado no rosto Amado de Jesus dos Santos. O jovem de Timor sente que este curso vai além da língua e que inclui conhecimentos fundamentais para quem a estuda. “Aprendi ainda um pouco da História, o que ajuda a entender a língua e a cultura”, afirma ao HM.
O curso que junta gente com várias formas de expressão une os participantes numa língua só, factor também muito apreciado por Amado. “O convívio com outros colegas de curso em que a única forma de comunicar é o Português”, visto ser a língua comum para comunicar com os colegas chineses, é também uma mais valia que o curso acaba por proporcionar.
“Temos que falar Português uns com os outros para nos entendermos”, remata o jovem, que vê nesta única forma de comunicação uma das grandes vantagens que leva desta experiência.
Macau foi uma surpresa em que “tudo é completamente diferente”, mas é através da Língua Portuguesa que se reúnem pessoas de vários países para se concentrarem, aprenderem e aprofundarem em conjunto. É também um espaço e partilha de ideias e tudo em Língua Portuguesa.

Professores que encantam

A escolha de Macau não foi ao acaso. Fala-se em Pequim, Xi’An e Xangai neste curso e, para os alunos chineses, nada como estar num local onde o Português integre os idiomas oficiais para promover os seus conhecimentos linguísticos. Por outro lado, e dada a sua particularidade multicultural tanto nos estudantes como nos professores, o curso da UM parece atrair os participantes à repetição.
“Aqui os professores ensinam de uma maneira diferente que nos permite compreender outras coisas e ter muitas traduções para a mesma expressão”, afirma Rui, que diz que o curso tem uma vertente prática muito boa.
“Em Pequim raramente temos oportunidade de fazer interpretação simultânea e aqui temos aulas em que o fazemos, o que é muito bom principalmente para um estudante que aprende a língua por três anos”, afirma, antes de deixar o HM e ir a correr para a aula de Português avançado. Rui já está pela terceira vez a passar o Verão na UM.
Os professores são também referidos pela qualidade e dedicação por Sammy, jovem estudante que vem de Xangai e fala um Português perfeito.
“É uma boa oportunidade para aprofundar conhecimentos com o convívio com os professores nativos. [Os professores] vão além do estudo de textos. Ensinam-nos a contextualizar os conteúdos, a ver para além deles e a saber interpretar de outra forma”, afirma a aluna com um sorriso. “Contexto cultural, político e social são temas que passam pelo curso e que nos ajudam muito porque na China as aulas de Português são dadas em Chinês e não desenvolvemos tanto a língua.”
Mas a chegada até aqui é também uma oportunidade de entrar em contacto com outras realidades que não se vivem no continente. A possibilidade de debate acerca do mundo contemporâneo em liberdade e no ambiente de aula é uma novidade para Afonso, que vem também de Xi’An.
“Aqui temos Youtube”, afirma em tom de brincadeira, ao mesmo tempo que diz que “os professores são sábios e com muitos conhecimentos acerca de aspectos diferentes”, conferindo a esta experiência pedagógica um factor “muito produtivo”.
“Discutimos sobre tópicos da sociedade contemporânea como por exemplo a eutanásia, censura ou regimes autoritários”, diz. Coisa que não se passa no continente. Para Afonso, a possibilidade de se expressar é “muito positiva”.
As visitas agendadas pela UM para dar a conhecer Macau aos estudantes estivais também são uma mais valia. “Dá a oportunidade de ver coisas de outros lados”, afirma Afonso, e concretamente de Portugal e “assim compreendemos melhor a língua que estamos a aprender”.

Mas porquê?

A origem das motivações para o estudo da Língua Portuguesa é diversa e varia conforme os estudantes. Entre alunos de origem chinesa e um timorense que optaram por aprender o domínio do idioma de Pessoa, a poesia ficou mais para traz, mas não foi esquecida. Mas, e à semelhança da realidade, são as perspectivas de emprego e “ganhar muito dinheiro” que movem as ambições dos futuros homens e mulheres que ali estão.
Rui vê no exercer da profissão de intérprete um descanso económico e, para isso, tenciona no final da licenciatura ir para Portugal tirar o grau de mestrado. Já Ana considera que “é uma língua muito procurada na China” e pretende ser colega de profissão de Rui, por “se poder ganhar muito dinheiro”. Afonso quer utilizar a língua que escolheu por ser umas das mais faladas no mundo, para vir a ser empresário de ligação comercial entre a China e os países de expressão portuguesa.
Mas há quem tenha outros sonhos. O poder desfazer barreiras linguísticas capazes de aproximar culturas é o sonho de Sammy. A aluna quer ser professora de modo a poder fazer parte da “aproximação entre culturas”, afirma com convicção a jovem de 20 anos.
Dar azo à boa tradição lusa de grandes escritores está no horizonte de Amado. O jovem timorense sonha em ser tradutor e escritor, por serem profissões com uma “função socialmente importante”.
Lola, que ainda dá os primeiros passos na língua, escolheu o Português pela sua beleza e origem histórica e espera poder ter portas abertas para ir para a Europa. É de lá quem vêm os filmes e livros que mais gosta e não descura o objectivo de poder vir a trabalhar nos média e, quem sabe, em Portugal.

Futuro que não passa ao lado

A aprendizagem do Português é vista com bons olhos não só pelos que frequentam o curso, mas por quem os orienta. É uma possibilidade de futuro promissor, como afirma Ana Nunes.
“Se um aluno, neste momento, souber falar Inglês, Português e Chinês terá muitas portas abertas no mundo actual e eles têm noção disso.”
Sabendo Português, o leque de saídas profissionais também se pode alargar visto proporcionar uma oportunidade de escolha. “Podem ficar na China ou escolher com facilidade outro destino.”

De vento em popa

O curso vai bem e de boa saúde e “é para manter”, afirma com satisfação Ana Nunes. Faz este ano 30 anos e nasceu após cinco anos da abertura da UM. Não é uma formação estática e todos os anos é alvo de aperfeiçoamento, sendo que há condições para aumentar o número de alunos, visto as instalações da UM o permitirem e apesar do trabalho que implica, como refere a coordenadora.
Quanto aos custos que implica para os alunos, “os preços são pensados tendo em conta que estamos a falar de jovens estudantes”, sendo que o valor de cerca de 5700 patacas para os alunos estrangeiros inclui “tudo”: alojamento, alimentação, material didáctico e ainda despesas relacionadas com visitas de estudo na RAEM.
Os alunos locais têm benesses, com o pagamento da propina a ficar a cargo da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. Neste momento, 390 alunos frequentam o curso.

2 Ago 2016

Óbito | Morreu Moniz Pereira, o “pai” do atletismo português

Foi no passado domingo que o mundo do desporto ficou mais pobre. O professor Mário Moniz Pereira morreu aos 95 anos de idade. Homem carismático e de personalidade forte, como é caracterizado, deixou um enorme legado no mundo do desporto, onde durante anos ganhou e deu a ganhar

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ascido em Lisboa no seio de uma família abastada, cedo percebeu que a vontade de praticar desporto lhe corria no sangue. Em criança, o quintal da família servia para imaginar e sonhar campeonatos de corridas e de salto, mas à medida que crescia, o quintal tornou-se demasiado pequeno. Contrariando o avô, e então patriarca da família, inscreveu-se no Instituto Nacional de Educação Física onde acaba por ficar a leccionar durante 27 anos, influenciando gerações e gerações de atletas.
Mário Moniz Pereira era um atleta multifacetado e um apaixonado por música. Um homem que o mundo vê agora partir.

Atleta de múltiplas faces

Durante o serviço militar, Mário Moniz Pereira continuou a praticar desporto e aí destacou-se nas modalidades de equitação, tiro, esgrima e natação. A vida militar não o apaixonou e regressou à vida civil para cumprir uma carreira no mundo do desporto, com especial destaque no atletismo.
Moniz Pereira tornou-se sócio do Sporting em 1922, mas só em 1939 integra o clube, desta feita como praticante de ténis de mesa. Mais tarde ingressa na equipa de atletismo, ginástica, ténis e hóquei em patins. Estamos então na década de 40.
O voleibol deu-lhe também muitas alegrias e trouxe-lhe a glória ao sagrar-se Campeão Nacional nas temporadas de 1953-1954 e 1955-1956, esta última acumulando com o cargo de treinador. Aqui tornou-se também Seleccionador Nacional e Presidente da Comissão Central de Árbitros e foi árbitro internacional no Campeonato do Mundo de Paris, realizado em 1956.
Entre 1970 e 1971 foi Preparador Físico da equipa de futebol do Sporting, tornando-se Campeão Nacional no primeiro ano e vencendo a Taça de Portugal no segundo. Como homem multifacetado que era, foi também preparador físico da Selecção Nacional.
O atletismo foi sem dúvida a modalidade em que mais se destacou não só pelos títulos que conquistou, como pelos atletas que influenciou e pelos títulos que ajudou a conquistar para Portugal. Mas, como todos os grandes, também Moniz Pereira teve um percurso pessoal: tornou-se campeão universitário de Portugal no triplo salto e treinador da equipa do Sporting em 1946. Conquistou 30 campeonatos nacionais de pista masculinos, 24 campeonatos de pista femininos, 33 campeonatos Nacionais de Corta Mato masculinos e 12 taças dos Clubes Campões Europeus da mesma modalidade.

Fotografia de Gonçalo Lobo Pinheiro
Fotografia de Gonçalo Lobo Pinheiro

A sua faceta de “fazedor de campeões” é talvez uma das suas características mais vincadas. A vontade de fazer crescer o atletismo português e arrecadar medalhas, deram-lhe a força e a coragem de apostar em nomes fortes e fazê-los suar e vingar. Falamos de Álvaro Dias, Domingos Castro, Aniceto de Simões, Hélder de Jesus, Carlos Lopes, Fernando Mamede, Dionísio de Castro. E a sua presença foi sentida por tantos outros mais.
“Todos os sonhos, todos os caminhos, todos os passos que dei, ao professor Moniz Pereira eu agradeço a confiança e a motivação. O meu ídolo de todos os tempos. Descanse em paz professor e obrigada por tudo”, referiu Sandra Teixeira, vencedora de 1500m nos Jogos da Lusofonia de Macau em 2006, ao HM.
Naíde Gomes, ex-atleta olímpica e campeã mundial de salto em comprimento, também expressa condolências, agradecendo ao professor: “por tudo o que deu ao nosso atletismo e ao nosso Sporting. Obrigada por ter acreditado em mim. Descansa em paz professor Moniz Pereira. Obrigada”, frisou.

Momentos inesquecíveis

O “professor” ficará na história do desporto português e sobretudo na do atletismo, por inúmeras razões, apesar de umas serem mais visíveis que outras. É o caso de momentos inesquecíveis, como o Recorde Mundial dos dez mil metros conseguido por Fernando Mamede, em 1984.
Os três campeonatos de Corta Mato conquistados por Carlos Lopes, a Medalha de Ouro na Maratona Olímpica de Los Angeles e a primeira medalha olímpica do atletismo português conquistada também por Carlos Lopes, em 1976, nos Jogos de Montreal, são também momentos altos do atletismo português que ficam gravados na memória.
Mário Moniz Pereira sabia o que queria e não poupava esforços nem exigências aos seus atletas. O professor ficou conhecido por impor disciplina e não tolerar atrasos durante os treinos. Disciplina e rigor eram as palavras de ordem. Tanto que há quem atribua a sua ausência a problemas no desporto português.
“Estou no Rio de Janeiro e esta noite não consegui dormir porque a notícia da morte do professor deixou-me muito triste. Sabemos que pela idade avançada isso poderia acontecer a qualquer hora, mas é sempre difícil. Será uma grande perda. Aliás a grande crise do nosso meio fundo/fundo masculino tem muito a ver com o afastamento dele e também do Professor Fonseca e Costa. Espero que saibamos aproveitar todo o legado que ele nos deixou”, disse ao HM Rita Borralho, vencedora da Corrida de São Silvestre de Macau em 1981.

Foto de Gonçalo Lobo Pinheiro
Foto de Gonçalo Lobo Pinheiro

“Foi-se o Homem mas para trás fica um legado que é toda uma modalidade e todos aqueles que tocou e deu um lugar na História do Desporto Nacional”, acrescentou Marco Fortes, atleta olímpico e vencedor do lançamento do peso nos Jogos da Lusofonia de Macau em 2006.

A paixão pela música

O que muitos desconhecem é a veia artística do professor e pai do atletismo português. O gosto pela música, em especial pelo Fado, levaram-no a compor várias músicas para grandes fadistas portugueses. “Valeu a Pena”, “Fado varina”, “Rosa da Madragoa”, “Rosa da noite” e “Não me conformo” são alguns dos temas, que se destacam entre muitos outros. E é nesta área que também há quem o relembre.
“Há o Mário, amigo de mil histórias que nós ouviamos com muita atenção e divertimento. Também há o professor Moniz Pereira, este, um exemplo para os portugueses, espero, e para o mundo do atletismo. Neste momento todos o conhecem, todos têm histórias com ele. Sempre será assim. Agora que vai ficar nas nossas memórias, isso vai. É impossível não ser assim. Ou então, somos mesmo ingratos e não gostamos de homens bons”, frisou ao HM Paulo de Carvalho, músico, que desejou ao professor “uns bons Jogos Olímpicos”.
Moniz Pereira participou em 12 jogos olímpicos e quase que como uma ironia do destino, partiu em véspera do início dos jogos do Rio. Com 95 anos, morreu no domingo.

Homenagens multiplicam-se

“O Sporting CP lamenta informar a morte do professor Mário Moniz Pereira, com 95 anos, pelo qual está de luto. O professor Mário Moniz Pereira é o símbolo máximo do ecletismo do Sporting CP e do desporto nacional. O clube endereça as mais sentidas condolências à família e amigos”, Comunicado do Sporting nas redes sociais

“Vai com o sentimento de dever cumprido, ao longo de muitos anos, por acreditar no trabalho e nas pessoas com quem trabalhou e nas pessoas que lhe eram muito próximas”, Carlos Lopes, ex-atleta

“Foi um homem muito importante para mim. Considerava-o um segundo pai. Esteve sempre comigo nos bons e nos maus momentos. E nuns e noutros tratou-me sempre da mesma maneira. Fez de mim recordista mundial dos 10 mil metros”, Fernando Mamede, ex-atleta

“[Partiu] um homem bom, cujo exemplo reforça ainda mais a vontade” [dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos]”, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República

“Uma máquina de fazer campeões”, Bruno de Carvalho, presidente do Sporting CP

“Obrigado por tudo o que deu ao Desporto e em particular ao Atletismo. Ficará sempre na nossa história verdadeiro mestre. Espero que tenha deixado os seus ensinamentos. Descanse em paz Sr. Atletismo”, Sara Moreira, campeã da Europa de Meia-Maratona em 2016, ao HM

Condecorações

Em 1976 e 1984 – Medalha de Mérito Desportivo
Em 1980 – condecorado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique
Em 1984 – condecorado com a Ordem de Instrução Pública
Em 1985 – galardoado com a Medalha de Mérito em ouro e nomeado Conselheiro da Universidade Técnica de Lisboa
Em 1988 – galardoado com a Ordem Olímpica
Em 1991 – condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique
Em 2000 – o Sporting atribuiu-lhe o Leão de Ouro com Palma, que é o mais alto galardão do clube, contando ainda com o prémio Stromp na categoria Técnico Amador de 1964
Em 2015 foi distinguido com o prémio Leões Honoris Sporting, na categoria Honra especial.
Fez parte da Comissão de Honra do Centenário do Sporting Clube de Portugal, do qual era o sócio número dois e desempenhou funções também como dirigente do Sporting. Começou como Secretário Técnico, depois como Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras e também como vice presidente com o pelouro das modalidades. Ficou até 26 de Março de 2011, acompanhando todo o processo que ficaria conhecido como o Projecto Roquete.

Sabia que…

Moniz Pereira acompanhou 12 Jogos Olímpicos, cinco Campeonatos do Mundo, 13 Campeonatos da Europa, 15 Taças da Europa, 22 Campeonatos do Mundo de Corta Mato e 18 Taças dos Clubes Campeões Europeus de Corta Mato na qualidade de técnico, jornalista e seleccionador de atletismo?

2 Ago 2016

Jogo | Pedida lista negra para clientes violentos

Os ataques a funcionários do jogo têm-se sucedido e, por isso, é preciso uma lista negra que impeça jogadores irados de voltar a entrar nos casinos. É o que pede a Associação de Empregados das Empresas de Jogo, a quem se junta Zheng Anting para dizer que há muitos ataques que ficam nas sombras

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Empregados das Empresas de Jogo apelou à criação de uma lista negra para os clientes que causaram problemas e foram violentos com funcionários dos casinos. A ideia é impedir que estes jogadores, que não são poucos de acordo com a Associação, deixem de poder entrar nos casinos novamente.
O apelo surge depois de ter sido conhecido um caso de uma croupier violentada por um jogador na semana passada. Mas surge não só porque o caso não é único, como também porque tem vindo a aumentar a gravidade destas situações, como refere Choi Kam Fu, presidente da Associação.
“Cuspir na cara nem é mau. Às vezes ameaçam bater ou mostram armas aos funcionários. A situação está a ficar mais grave e é preciso mais atenção”, frisou aos jornalistas numa conferência de imprensa onde foram denunciados mais casos.
A conferência contou com uma croupier de apelido Chio, que trabalha num casino na zona da ZAPE, e que foi agredida por um cliente que perdeu dinheiro. Estava “zangado”, diz a mulher, e descarregou na funcionária, algo comum para estes trabalhadores cujo dia-a-dia é feito “de insultos” quando os clientes perdem dinheiro, como referiu Choi Kam Fu.
O responsável da Associação disse que, só este ano, houve seis casos de violência para com empregados do jogo, número confirmado pela Polícia Judiciária que assume ter feito quatro detenções relacionadas com este problema em sete meses entre as seis queixas apresentadas.

Quem ajuda?

Choi Kam Fu pede ajuda à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos para a criação da lista negra, porque considera que é preciso salvaguardar os direitos dos trabalhadores. Já o director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) indicou apenas que as operadoras de Jogo têm a responsabilidades de denunciar estes casos à polícia, porque o organismo não tem poder para investigar os casos. Wong Chi Hong disse ao Jornal Ou Mun que o organismo pode receber as queixas e encaminhá-las, mas nada mais.
A Direcção de Jogos já assegurou que vai ter em conta a implementação de medidas para ajudar estes trabalhadores, mas nada avançou sobre uma lista negra. Zheng Anting, deputado, também apelou ao Governo para criar um sistema para garantir a segurança dos empregados de jogo, até porque “algumas operadoras dizem aos empregados para não denunciar os casos de ataques à PSP, devido à protecção da imagem das empresas”.
O deputado diz mesmo que alguns empregados foram punidos pelas empresas porque denunciaram os ataques. Zheng Anting concorda, por isso, com a sugestão de Choi Kam Fu e diz que o Governo tem a responsabilidade de criar um sistema novo para garantir a segurança dos empregados de jogo, a fim de proteger a sua dignidade profissional.

1 Ago 2016

Novo Macau | PSP acusa associação de desobediência civil

A Novo Macau está acusada de desobediência civil por ter alegadamente bloqueado a entrada da AL na entrega de uma petição. A acusação é da PSP, que já passou o caso para o Ministério Público

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Novo Macau vai ser acusada de desobediência pela Polícia de Segurança Pública (PSP) por ter entregue uma petição em conjunto com cartazes com a figura de Chui Sai On. As autoridades asseguram ter já enviado uma gravação sobre o caso ao Ministério Público (MP).
Segundo a publicação Macau Concealers, pertencente à Associação, a PSP acusa a Novo Macau de desobediência por causa da actividade da última quarta-feira na Assembleia Legislativa (AL), onde uma dezena de membros do grupo entregou uma petição sobre a doação da Fundação Macau à Universidade de Jinan. A Novo Macau escolheu entregar o documento na AL nesse dia devido à presença de Chui Sai On, que se encontrava no plenário a responder a perguntas e respostas dos deputados.
A Novo Macau assegura que tinha já previamente combinado com os assessores da AL para a entrega da petição quando as autoridades decidiram intervir. Mas a PSP diz que, das duas associações que nesse dia entregaram uma petição à AL, só a outra é que cumpriu as orientações dos funcionários da AL e da PSP.
A PSP acusa a Novo Macau de ter infringido as regras depois desta ter decidido juntar-se em frente ao hemiciclo com cartazes com a cara de Chui Sai On, mas também porque “o grupo se encontrou na porta da AL, bloqueando-a”. A PSP diz que “vários agentes e funcionários da AL aconselharam os membros da Novo Macau para escolher um representante para entregar a petição”, mas que a Associação não aceitou e, depois da entrega, ficaram à porta, “influenciando gravemente os outros que queriam entrar e sair da AL”.
Devido à grande quantidade de gente no local, dada a presença de Chui Sai On, a PSP terá empurrado os membros desta Associação para os passeios, uma “medida que durou 25 minutos”. A acusação partiu daqui.

Contraditório

A Macau Concealers assegura, entretanto, que a Associação cumpriu as orientações da AL, entregando a petição na hora combinada e estando apenas a tentar entrar na AL depois da entrega, quando a porta estava aberta a todos os participantes e jornalistas e depois dos funcionários do hemiciclo terem recebido a petição e os cartazes.
Na semana passada, a Novo Macau já tinha emitido uma declaração a criticar as acções da PSP, por achar que esta interveio ilegalmente na comunicação da Associação com a AL, o que levou que fossem criados obstáculos no exercício de liberdade e de democracia. A liberdade de expressão foi outros dos alvos da Associação, que acusou a PSP de intervir nas entrevistas do grupo democrata com os média.
A acusação de desobediência da Novo Macau surge depois da líder da Associação dos Pais com Filhos Maiores ter sido condenada a três meses de cadeia com pena suspensa, precisamente pela mesma acusação da Novo Macau e também com a presença de Chui Sai On no hemiciclo.

1 Ago 2016