Xi Jinping em Lisboa em Dezembro antecipa ano da China em Portugal, diz ministro da cultura

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministro da Cultura afirmou em Macau que o Presidente chinês vai estar em Lisboa no início de dezembro, numa antecipação do ano da China em Portugal, países que celebram, em 2019, 40 anos de relações diplomáticas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já havia anunciado, em finais de junho, a visita de Estado de Xi Jinping no final do ano, uma “visita importante” e possível devido à “capacidade de diálogo e de entendimento” de ambos os países.

Hoje, Luís Filipe Castro Mendes precisou que a visita do líder chinês irá decorrer no início de dezembro, poucas semanas antes de arrancar, em simultâneo, o ano da China em Portugal e o ano de Portugal na China.

“Esperamos nessa altura ter uma manifestação cultural digna para receber o Presidente Xi Jinping”, disse aos jornalistas o responsável pela Cultura, presente em Macau para o “Fórum Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Entre as várias “manifestações culturais portuguesas na China e manifestações culturais chinesas em Portugal”, o ministro destacou, em fevereiro, “um evento muito especial para celebrar o ano novo chinês”, uma “festa muito popular em Lisboa”, que conta sempre “com muita adesão”.

Estão previstas, ainda, apresentações de companhias de bailado, concertos e exposições, cujo alinhamento o ministro discutiu, na quinta-feira, com o homólogo chinês, em Pequim.

“A reunião que tive ontem [quinta-feira] com o ministro da Cultura chinês serviu exatamente para acertarmos os nossos calendários, as nossas perspetivas e o nosso trabalho neste festival – no qual Macau terá, naturalmente, uma participação”, declarou.

No próximo ano, comemoram-se quatro décadas das relações diplomáticas entre Portugal e a China, mas também 20 anos do regresso de Macau à administração chinesa, uma “coincidência temporal e feliz”, considerou.

“São relações que se desenvolveram de uma forma extraordinária, temos hoje uma relação estreita a nível económico, ao nível do comércio, ao nível da ciência e ao nível da cultura, esta última que queremos mais presente na China” e vice-versa, disse.

Aqui, “Macau joga um papel de grande importância”, pois trata-se de “uma ponte natural entre estes dois países”, concluiu.

9 Jul 2018

Canídromo | Oito associações contra envio de galgos para o Interior da China

Nem mais um cão para o outro lado da fronteira. Com a aproximação da data de encerramento do Canídromo, a 21 de Julho, são cada vez mais as associações que vêm a público pedir que o Governo arranje uma solução para o problema e que os galgos não sejam enviados para o Continente

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]ito associações de protecção dos direitos dos animais juntaram-se para pedir ao Governo que impeça que os galgos do Canídromo sejam levados para o Interior da China. Numa conferência de imprensa realizada ontem, que contou com a presença do deputado Sulu Sou, as associações sublinharam também a necessidade de esterilizar os animais para impedir que sejam utilizados apenas para procriação.

“Estamos muito preocupados com a possibilidade dos cães irem para o Interior da China. O envio de galgos para o Continente não é uma solução nem deveria estar a ser considerado. No Interior da China não há uma protecção total dos direitos dos animais, há festivais para comer cães, há lutas ilegais, entre outras situações “, disse Xenia Estorninho, voluntária da Long Long Animals Asylum Home, ao HM.

“Se os cães forem para o Interior da China vai ser um pesadelo. Todos sabemos isso. É desta maneira que Macau trata os animais? Não devíamos estar apenas a pensar no dinheiro quando lidamos com esta questão”, acrescentou.

Na conferência de imprensa estiveram representantes de sete das oito associações, incluindo da Associação Protectora para os Cães Vadios de Macau, Long Long Volunteers Group, Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau, Long Long Animals Asylum Home, Dandelion Animal Protect Association Macau, Macau Animal Welfare Association e Macao Volunteer Association of Furry that wish a family — Furmily. As associações enviaram ainda cartas para o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), a 6 de Julho, a pedir que os cães não sejam enviados para o outro lado da fronteira e que o Governo se empenhe para encontrar outra solução que respeite o espírito da lei de protecção de animais.

“Não se percebe toda esta situação. O Canídromo já sabia que ia ter de encerrar há cerca de três anos. Mas estão a lidar com tudo à presa, mesmo os dias de adopção foram feitos à pressa. Não se percebe como é que lidam com esta questão de forma tão pouco séria”, considerou ainda a voluntária.

Quanto mais fala…

O deputado Sulu Sou foi um dos presentes na ocasião e também juntou a voz aos que estão preocupados com os destinos dos galgos.

“A empresa Yat Yuen teve mais de dois anos para preparar o plano para o futuro dos galgos e o que se está a passar é consequência da falta de acção deles. O IACM já devia ter definido um plano, uma vez que o da empresa não foi aprovado, com uma solução” disse Sulu Sou, ao HM.

“O Governo tem de assumir as suas responsabilidades. Na minha perspectiva o IACM devia manter os galgos, dentro do Canídromo, depois de 21 de Julho até encontrar uma solução. Mas claro que a empresa devia pagar as despesas”, frisou.

Sulu Sou criticou igualmente a postura evasiva de Angela Leong, directora executiva da empresa responsável pelos Galgos. Na sexta-feira, na Assembleia Legislativa, a deputada tinha dito que não queria responder a perguntas sobre o Canídromo porque levantam “questões inoportunas”.

“É normal que [Angela Leong] não responda às dúvidas que existem porque sempre que fala, as pessoas ficam ainda mais confusas com a posição da empresa Yat Yuen”, atirou.

9 Jul 2018

Explosão | Associação afirma que família de vítima mortal se queixa de falta de apoio

A família da vítima mortal da explosão num restaurante na Areia Preta queixa-se de falta de apoio por parte do Governo. Quem o diz é o vice-presidente da Aliança de Povo de Instituição de Macau, Chan Tak Seng que se reuniu com os pais da vítima duas vezes. De acordo com o responsável, as visitas do Governo foram só para tirar fotografias

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s familiares da vítima mortal da explosão que ocorreu na semana passada num restaurante na Areia Preta revelam que não têm tido qualquer apoio por parte do Governo. A denúncia é feita pelo vice-presidente da Aliança de Povo de Instituição de Macau, Chan Tak Seng ao Jornal do Cidadão em que o responsável refere que “na sequência da explosão do restaurante ao lado do Edifício Pak Lei, o Governo só enviou um representante do Instituto de Acção Social (IAS) para comunicar com a família da vítima sem ter prestado qualquer apoio”.

Chan Tak Seng apela a que o Executivo mude de atitude e pede que sejam mobilizados os meios necessários para a conclusão da investigação do incidente, que alegadamente teve origem numa fuga de gás. Além disso, dirigente associativo solicita o apoio económico aos familiares.

O responsável pela Aliança de Povo de Instituição de Macau revelou ainda que desde os acontecimentos do passado dia 3 de Julho, já visitou pessoalmente os pais da vítima mortal por duas vezes e sublinha a necessidade de apoio económico.

Chan Tak Seng explicou que se tratam de pessoas que perderam a capacidade de trabalho por motivos de doença e actualmente apenas contam com o filho para contribuir para a economia familiar.

Olha o passarinho

O responsável considera que após a ocorrência da explosão, as visitas do Chefe do Executivo, Chui Sai On e dos secretários do Governo serviram apenas para tirar fotos em frente do edifício e não para prestar condolências à família enlutada.

Entretanto, a investigação que se encontra a decorrer não tem qualquer data para terminar, uma situação que interfere com o funeral da vítima que não pode ser realizado até que o processo seja concluído.

De acordo com responsável, “a família está descontente por não receber nenhum apoio por parte do Governo” e Chan exige que o Executivo divulgue o resultado da investigação o mais rápido possível.

Explosão fatal

No passado dia 3 de Julho uma explosão num restaurante na zona da Areia Preta causou pelo menos seis feridos, três homens e três mulheres, de acordo com informação da PSP. O sinistro ocorreu por volta das 21h45. O acidente que aconteceu num restaurante no Edifício Pak Lei, terá tido na sua origem uma fuga de gás.

Um dos feridos teve de ser retirado dos escombros, onde tinha ficado preso após a explosão, que causou vários danos. Outro dos sinistrados ficou deitado na via pública em cima de vidros.

De acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), a vítima mortal tinha 34 anos e faleceu “devido a lesões graves nos órgãos e fracturas, também graves”.

Depois da explosão, o chefe substituto do departamento de segurança dos combustíveis do Corpo de Bombeiros (CB) Lam Chon Sang, apontou “Fórum Macau” da TDM que vai exigir a instalação de detectores de fuga de gás equipados com alrme sonoro nos restaurantes locais.

 

Saúde Pública | Maus cheiros devido a comida estragada

De acordo com um comunicado da Polícia de Segurança Pública (PSP), depois da explosão que ocorreu no restaurante na Areia Preta, surgiram maus cheiros na zona provenientes de comida estragada que se encontrava armazenada nos frigoríficos. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o Executivo já removeu os frigoríficos do restaurante e esterilizou a área de modo a que não efecte a saúde pública.

9 Jul 2018

Agências de emprego | AL preocupada com transmissão das licenças em caso de morte

Os deputados estão preocupados com a forma de transmissão da licença de funcionamento de uma agência de emprego no caso de falecimento do seu titular, uma vez que o herdeiro pode não reunir condições para continuar essas funções. Governo prometeu estudar a matéria e fazer alterações na proposta de lei de actividade das agências de emprego

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 3ª comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL) reuniu na sexta-feira para analisar a proposta de lei que regula a actividade das agências de emprego. De acordo com o deputado que preside à comissão, Vong Hin Fai, há preocupações do hemiciclo relativamente à forma como será transmitida a licença da agência em caso de morte do seu titular, uma vez que, no caso dos herdeiros serem funcionários públicos, não poderão operacionalizar uma agência de emprego. Há também a necessidade, aos olhos da lei, do novo titular da licença da agência ter “idoneidade moral”.

“Este caso pode acontecer no caso de ocorrer a morte de um dos sócios ou de um titular. Alertamos o Governo para a necessidade de prestar atenção a isto, pois um falecimento é uma questão muito complexa”, disse Vong Hin Fai.

Os deputados estão preocupados com questões práticas como, por exemplo, se a burocracia associada à transmissão da licença deve ser feita antes ou depois da morte do seu titular. Mas não só.

“Temos de respeitar o direito de sucessão. Se o pai é o titular da licença terá de ser examinada a idoneidade do herdeiro, porque este pode não reunir condições e pode haver a perda da licença. Se o herdeiro for funcionário público, não pode usufruir do direito de sucessão. O Governo prometeu fazer estudos sobre esta questão e disse que no novo texto de trabalho vai tentar resolver isto”, adiantou Vong Hin Fai.

Os deputados levantaram também a questão da necessidade de pagamento a dobrar das taxas caso a licença chegue ao fim do prazo ou seja cancelada, estando em causa uma situação de injustiça. “O cancelamento de uma licença de agências de emprego não confere o direito a ter o reembolso das taxas pagas. A maioria dos membros da comissão prestou atenção a este assunto, porque, caso a caducidade ou o cancelamento da licença não se puderem imputar ao titular da licença, as taxas serão ou não devolvidas?”, apontou o presidente da comissão.

Agências em suspenso

Outro ponto que ficou definido no encontro prende-se com o período de renovação da licença, uma vez que os deputados pretenderam saber qual o estatuto da empresa quando a sua licença chega ao fim mas o processo junto da Administração ainda está em curso. Esta questão está ausente do diploma em análise na AL. O Governo garantiu que, enquanto a agência de emprego aguarda pela renovação do documento, não pode abrir portas.

“Segundo a proposta de lei, os agentes devem apresentar um pedido de renovação da licença 45 a 90 dias antes do seu fim. Fora deste prazo há que pagar uma multa, e de acordo com a proposta de lei é o dobro do valor da taxa inicial. No caso do titular da licença apresentar o pedido de renovação da licença no último dia, o que vai acontecer à agência?. Ele tem o direito a renovar e paga o dobro, mas, e no dia seguinte? Isto porque o Governo precisa de tempo para aprovar a renovação da licença”, frisou Vong Hin Fai.

9 Jul 2018

Análise | O papel de Edmund Ho na vida política de Macau enquanto vice-presidente da CCPPC

Saiu do lugar de Chefe do Executivo em 2009, mas nunca deixou de estar presente na vida política de Macau. Edmund Ho não se intromete nas questões internas do Governo liderado por Chui Sai On, mas a última visita que realizou a Portugal mostra que está atento aos temas que vão marcar o futuro da RAEM. Analistas dizem que é o papel que, por ora, lhe cabe na qualidade de vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, lugar que poderá ser de Chui Sai On após 2019

 

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] tido como carismático, “um político sofisticado”, “inteligente”, que percebe o lugar que ocupa e como o deve fazer. Edmund Ho deixou de ser Chefe do Executivo da RAEM em 2009, mas a verdade é que não mais parou de estar ligado ao território que governou durante dez anos. Desde 2010 que o faz na qualidade de vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), cargo para o qual foi reeleito em Março deste ano.

Além de ter marcado presença nas cerimónias de celebração dos 15 anos de criação do Fórum Macau, estabelecido em 2003, Edmund Ho esteve em Portugal no mês passado, liderando uma comitiva que reuniu com entidades chave da economia portuguesa, como é o caso do Banco de Portugal e Bolsa de Valores de Lisboa. Isto numa altura em que se fala do desenvolvimento do sector financeiro em Macau, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Na capital portuguesa, Edmund Ho reuniu com o primeiro-ministro português, António Costa, e Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros.

Analistas encaram o papel do ex-Chefe do Executivo como um actor político que opera nos bastidores, a quem a China recorre para melhorar as suas relações diplomáticas com Portugal e os restantes países de língua portuguesa, dados os seus conhecimentos. Não interfere nas políticas locais, mas está atento e tem uma ligação próxima à capital chinesa.

“É uma personalidade importante para acompanhar os assuntos da RAEM, não propriamente em Macau mas em Pequim, onde tem excelentes relações e é um conselheiro objectivamente ouvido sempre que há orientações do presidente Xi Jinping e do Governo Central em relação a Macau”, defendeu Arnaldo Gonçalves, especialista em ciência política e relações internacionais e ex-assessor do Governo.

A última visita oficial protagonizada por Edmund Ho foi, por isso, mais uma cartada diplomática da China relativamente ao importante posicionamento de Portugal. Pequim “vê Portugal com um papel muito importante nas relações com os países de língua portuguesa, e percebe que não chega Macau para fazer essa triangulação. Portugal criou a CPLP, tem as relações históricas com esses países. Macau tem um papel importante mas limitado, dada a sua pequenez, a limitação de recursos e o afastamento geográfico em relação a esses países, à excepção de Timor-Leste”.

Neste sentido, Edmundo Ho serviu de peça-chave para “estimular as relações” entre os dois países. Na visão de Arnaldo Gonçalves, há aspectos que também contribuem para a importância que o ex-Chefe do Executivo ainda tem neste campo, sendo eles a sua personalidade, “a amizade que tem com várias pessoas ligadas ao Partido Socialista [actualmente no Governo português] e outros quadros portugueses de destaque”.

Camões Tam, analista político, considera que o papel que Edmund Ho tem vindo a desempenhar nos últimos anos “é normal” na qualidade de vice-presidente da CCPPC, além deste “ter a responsabilidade de ser o representante da China para lidar com assuntos externos com outros países”.

“Nos últimos dez anos, pelo que tenho observado, Edmund Ho tem estado mais ligado aos assuntos que ligam China e Portugal, tem a responsabilidade de ajudar a China a resolver os problemas que surjam com os países de língua portuguesa”, lembrou Camões Tam, que acrescentou que este assunto não compete à figura que lidera o cargo de Chefe do Executivo da RAEM.

“O actual Chefe do Executivo não tem nenhum poder para lidar com este dossier, não está sequer incluído nos poderes de que dispõe à luz da Lei Básica. Então não podemos afirmar que o ex-Chefe do Executivo ainda tem alguma influência nos assuntos políticos internos de Macau, porque só participa nos assuntos externos da China, sobretudo ligados a Portugal”, frisou o analista.

Gabinete de Ligação mais atento

Para Camões Tam, há outra entidade que estará mais próxima dos assuntos da Administração. O académico retrata Ho como “uma pessoa muito inteligente e que tem tido muito cuidado para não interferir em certas questões, sobretudo se dizem respeito a assuntos internos de Macau”. “Talvez o Gabinete de Ligação esteja mais ligado aos assuntos internos de Macau do que propriamente Edmund Ho. Pelo que sei, ele tem tido muito cuidado em não se envolver, porque sabe que não é a coisa certa a fazer neste momento, é um político muito sofisticado”, acrescentou.

Na perspectiva de Bill Chou, especialista em ciência política e docente da Universidade Chinesa de Hong Kong, a visita que Edmund Ho fez a Lisboa, em Junho, “não terá quaisquer implicações significativas para Macau”. “Do exemplo que temos com o primeiro Chefe do Executivo de Hong Kong, Tung Chee-Hwa, que teve uma posição de mediador entre a China e os Estados Unidos, ao estabelecer uma fundação para as relações entre os dois países, penso que Edmund Ho poderá ter um papel semelhante para a China, devido às suas ligações com Lisboa”, referiu ao HM.

Rita Santos, actual conselheira das Comunidades Portuguesas e ex-secretária-geral adjunta do Fórum Macau, é alguém que está habituada a cruzar-se com Edmund Ho em viagens oficiais desde que este é vice-presidente da CCPPC.

“Estas visitas são importantes porque também é importante ele aparecer nesta fase do campeonato tendo em conta as políticas de Macau, porque ele tem estado a acompanhar a evolução política sobretudo no que diz respeito ao papel de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. Foi ele que criou o Fórum Macau em 2003, e é normal que siga a evolução dessa plataforma”, defende a conselheira.

Neste tipo de visitas oficiais, seja em Portugal ou em qualquer outro país de língua portuguesa, “qualquer dirigente chinês é importante”. “O Gabinete de Ligação também participa nessas actividades. Não vejo uma interferência dele nos assuntos mas a sua presença serve para elevar a posição de Macau.”

Chui Sai On é o próximo

O actual posicionamento político de Edmund Ho explica-se também pelo papel que a própria CCPPC tem, uma vez que é um órgão de consulta do Governo Central e do Partido Comunista Chinês. Arnaldo Gonçalves lembra que foi um órgão que nasceu “aquando da revolução de 1949, para criar uma certa consensualização política com as personalidades que não eram comunistas”.

“No período de Jiang Zemin houve uma abertura do país ao capitalismo e a empresários e esse órgão foi potenciado para incluir pessoas que, na linguagem comunista, não são operários, não são da vanguarda da revolução, mas sim seus amigos, e que por isso não podem ser comunistas dada a sua origem social e classe. Nos últimos anos a CCPPC passou a ser usado como forma de passagem, através dos ex-Chefes do Executivo, das políticas do Governo Central para Hong Kong e Macau. Tung Chee-Hwa e Edmund Ho tiveram esse papel”, explicou Arnaldo Gonçalves.

Para o académico, a CCPPC é uma espécie de “gaiola dourada para antigos Chefes do Executivo”, e uma possibilidade de futuro para Chui Sai On depois de deixar o cargo de Chefe do Executivo.

“A posição de Edmund Ho nunca foi muito clara, porque é um dos muitos vice-presidentes do organismo. Pareceu-me sempre uma figura muito baça, muito institucional, muito apagada, porque sempre olhei para aquilo como uma gaiola dourada para reunir os antigos Chefe do Executivo. Prevejo que depois de 2019 Chui Sai On vá ser também vice-presidente da CCPPC, a menos que haja uma tragédia.”

Essa tragédia aconteceu a Donald Tsang, ex-Chefe do Executivo de Hong Kong, quando foi condenado a 20 meses de prisão por conduta indevida durante o período em que liderou o Governo da RAEHK.

Também Bill Chou acredita que o próximo passo político de Chui Sai On será a vice-presidência da CCPPC. “Penso que Chui Sai On será apontado como o próximo vice-presidente. Isto significa que Pequim consegue, assim, prevenir uma especulação desnecessária quanto ao estatuto de Chui Sai On e à política de Pequim para Macau”, frisou.

Camões Tam revela uma postura bem mais cautelosa face ao futuro de Chui Sai On depois de sair do Governo. “Tudo dependerá da decisão de Xi Jinping. [Chui Sai On] Talvez tenha alguma influência junto dos líderes do Governo Central, mas a decisão final será sempre de Xi Jinping. Só no próximo ano é que poderemos perceber, com maior clareza, qual será o próximo Chefe do Executivo de Macau”, lembrou.

9 Jul 2018

Explosão no edifício Pak Lei | Três pessoas continuam internadas

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês das seis vítimas da explosão do restaurante situado no Edifício Pak Lei ainda se encontravam ontem internadas, de acordo com o relatório das 17h, dos Serviços de Saúde.

A pessoa com fractura do fémur, que foi operada na quarta-feira, está estável e foi transferida para a enfermaria de ortopedia. A situação da pessoa com queimaduras de segundo grau em 25 por cento no corpo mantem-se inalterada.

Finalmente, a outra vítima internada tem ferimentos ligeiros e está sob observação neurológica. Por sua vez, um dos feridos que anteontem estava internado teve alta, após tratamentos médicos e ter sido observado no internamento.

6 Jul 2018

Grande Prémio | Circuito da Guia vai ser palco de prova de atletismo

A 65.ª edição do Grande Prémio vai ser celebrada com uma corrida para duas mil pessoas ao longo do percurso. Em relação aos motores, a organização desvalorizou o facto do motociclista Glenn Irwin, vencedor no ano passado, não querer voltar a correr no território

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] circuito da Guia vai virar uma pista de atletismo como forma de celebrar a 65.ª edição do Grande Prémio do Macau. A iniciativa foi revelada, ontem, pela Comissão Organizadora do evento que vai decorrer no dia 11 de Novembro, ou seja, no domingo que antecede a prova, que se realiza entre 15 e 18 do mesmo mês.

“É a primeira vez que o circuito da Guia recebe este tipo de actividade e de certeza vai atrair muitos residentes. Como é a primeira edição os destinatários vão ser os residentes e as inscrições vão estar limitadas a duas mil pessoas”, disse Pun Weng Kun, presidente do Instituto do Desporto e Coordenador da Comissão Organizadora. A corrida vai ter como nome Fun Run.

“Vai ser uma volta completa ao circuito, que tem uma distância de 6,2 quilómetros. Queremos que os participantes possam sentir pelos seus pés a atmosfera do Circuito da Guia”, acrescentou.

Durante a conferência de ontem, na Torre de Macau, a Comissão Organizadora assinou os contratos de patrocínio para a Taça GT e Taça de Carros de Turismo de Macau. Em relação à primeira prova, a Sociedade de Jogos de Macau vai pagar 4,06 milhões de patacas pelo contrato. Já a prova para carros de turismo rende 1,9 milhões de patacas e vai ser patrocinada pela empresa Food4U.

À imagem dos anos anteriores, o Grande Prémio volta a ter um orçamento na ordem dos 220 milhões de patacas. “Não há um aumento no orçamento porque adaptámos o evento ao orçamento disponível”, justificou Pun Weng Kun.

Também os preços para o evento já se encontram à venda e variam entre as 350 e 900 patacas, para os dias de provas. Para os dias de treinos livres, o preço é de 50 patacas.

Glenn Irwin de fora

Por outro lado, Pun Weng Kun desvalorizou o facto do motociclista Glenn Irwin ter declarado que não tem intenções de correr mais em Macau, até haver uma melhoria significativa da segurança. Em declarações à BBC, norte-irlandês, que foi o vencedor do ano passado, justificou que o acidente que vitimou Dan Hegarty, e que obrigou ao fim imediato da corrida, ainda está muito presente na sua memória.

“Não estamos preocupados [com os pilotos que não querem vir] porque durante o Grande Prémio sabemos que há muitos pilotos interessados em participar. Portanto, essa não é uma grande preocupação para comissão organizadora”, defendeu o coordenador da Comissão Organizadora.

“O Grande Prémio de Macau tem 65 edições e há sempre pilotos internacionais interessados em participar. Há muitos pilotos que consideram que o circuito é muito bom. Também há alguns que devido a algumas situações ou casos pessoais que não estão interessados em vir para Macau”, apontou.

Pun Weng Kun sublinhou ainda que a organização está sempre à procura de formas para aumentar a segurança e que o circuito tem recebido elogios das federações internacionais de automobilismo e motociclismo.

6 Jul 2018

Crime | Funcionário utilizava equipamento de escola para falsificar notas

Técnico de manutenção do equipamento informático da Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional é suspeito de utilizar a fotocopiadora da escola para falsificar notas de 500 patacas. O homem foi detido pela PJ e a DSEJ vai avançar para a suspensão

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m técnico de manutenção dos equipamentos informáticos da Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional é suspeito de ter utilizado a fotocopiadora a cores da instituição para imprimir nota de 500 patacas. O dinheiro era depois colocado a circular pelo funcionário, que utilizava as verbas no dia-a-dia e ainda no pagamento de serviços de prostitutas.

Foi através do pagamento com duas notas de 500 a uma prostituta que o homem de 28 anos foi descoberto. A mulher utilizou o montante para pagar uma conta num casino. Nessa altura, foi-lhe dito que as notas eram falsas. Mais tarde, a prostituta indicou à polícia que o homem de 28 anos tinha-lhe pago um serviço com as notas falsas.

Após este caso, a PJ desencadeou operações de investigação, foi à escola e apreendeu um conjunto de notas de 500 patacas falsas, que totalizava quase 300 mil patacas.

O homem é suspeito da prática do crime de contrafacção de moeda que é punido com pena de prisão que vai de 2 a 12 anos.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultural, Alexis Tam, afirmou que o Executivo não tolera comportamentos contrários à lei. “Quero salientar que o Governo tem padrões muito elevados em relação aos nossos funcionários públicos. Todos têm que seguir a legislação em vigor e conhecê-la profundamente. Não podemos deixar que surja nenhum caso nem que qualquer funcionário que se envolvam em práticas contrárias à lei”, sublinhou.

Alexis Tam explicou ainda que só teve conhecimento da situação momentos antes da reunião, depois de ter sido informado pelo director da Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pang Sak.

DSEJ queria suspensão

Quando os responsáveis falaram com a comunicação social, na manhã de ontem, o suspeito estava a ser questionado pela PJ. Na altura, a DSEJ já tinha instaurado um processo disciplinar e preparava-se para proceder à suspensão do indivíduo.

“Segundo a informação que conhecemos, ele aproveitou as alturas em que a biblioteca estava fechada e pedia ao segurança para entrar, com a justificação que precisava de fazer algum trabalho de manutenção. O segurança deixou-o entrar e terá sido nesses períodos que o eventual crime terá sido cometido”, contou Lou Pang Sak, director da DSEJ.

“Ainda hoje [ontem] vamos apresentar uma proposta ao superior hierárquico [Alexis Tam] para a suspensão. Ele é suspeito, mas mesmo que apenas seja suspeito, temos de prevenir a possibilidade de futuras ocorrências e temos de implementar as medidas preventivas. Vamos propor para aplicar esta medida cautelar”, acrescentou.

Mesmo assim, por prevenção, o funcionário de 28 anos ficou sem acesso às instalações da Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional, onde trabalhava desde 2014.

Ainda no que diz respeito ao Governo, o processo vai ser lidado de acordo com o Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública (ETAPM) que estabelece como pena máxima a demissão, caso se prove a conduta incorrecta.

 

Costa Nunes | Relatório até ao final do mês

O relatório da DSEJ sobre o alegado caso de pedofilia no Jardim de Infância D. José Costa Nunes está na fase de conclusão e deverá ser apresentado até ao final do mês, dentro do prazo anunciado anteriormente. A informação foi avançada, ontem, pelo director da DSEJ. “Estamos quase a terminar o trabalho para elaborar o relatório, vai ser apresentado até ao final do mês”, disse Lou Pang Sak.

Investigação | Caso Sam Yuk encerrado

As suspeitas dos alegados casos de abuso sexual na Escola Secundária Sam Yuk não se confirmaram e o caso foi encerrado. “Os estudantes sentiram-se inconfortáveis [com um contacto bastante próximo], mas não houve acções mais agressivas. De acordo com as informações que recebemos, não houve as práticas o publicadas pela comunicação social [abuso sexual]”, frisou. “Comunicámos aos professores que têm de ter muito cuidado face à relação e ao contacto com os estudantes”, acrescentou.

Pak Lei | IAS sem pedidos de apoio

Segundo o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, o Instituto para a Acção Sociais (IAS) não recebeu pedidos de apoio financeiro das famílias afectadas pela explosão de um restaurante no Edifício Pak Lei, na Areia Preta. “Neste momento, segundo a informação dos IAS, ainda nenhuma família pediu apoio financeiro. Mas claro que os Serviços de Saúde estão a prestar apoio em termos dos cuidados médicos para os doentes”, disse Alexis Tam.

6 Jul 2018

TDM | John Lai, administrador, absolvido do crime de abuso de poder

O Tribunal Judicial de Base absolveu John Lai, membro do conselho de administração da Teledifusão de Macau, de dois crimes de abuso de poder de que era acusado. A juíza entendeu que não se fez prova e que John Lai não causou quaisquer prejuízos à empresa

 

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]anteve o silêncio durante todo o processo e assim permaneceu na leitura da sentença. John Lai ouviu ontem a juíza do Tribunal Judicial de Base (TJB) absolvê-lo dos dois crimes de abuso de poder de que era acusado. A tese da acusação defendia que o administrador teria recorrido a serviços do motorista da empresa para a sua vida pessoal.

A acusação referia viagens feitas pelo motorista da TDM para ir buscar o pequeno-almoço, limpar e arranjar o carro particular de John Lai ou mesmo ir buscar encomendas à estação de correios de Coloane.

A juíza considerou que John Lai “não causou quaisquer prejuízos à TDM” neste aspecto, uma vez que a própria empresa não especifica o âmbito dos direitos e deveres dos administradores, razão pela qual nenhum crime foi imputado.

Sobre este ponto, a acusação sempre considerou que, de acordo com os Estatutos da TDM, só o presidente do Conselho de Administração tem direito a motorista privado. Durante as sessões de julgamento, o motorista em causa foi ouvido e admitiu a realização dessas tarefas, mas que tal era do conhecimento da direcção da empresa.

Victor Chan, director do Gabinete de Comunicação Social, referiu, na qualidade de testemunha, que as exigências dos administradores devem ser diferentes, uma vez que as suas principais tarefas são participar e assistir em reuniões. Já Frederico do Rosário, também administrador da TDM, considerou ser “anormal” este comportamento de John Lai, já que os recursos da estação de televisão não devem ser usados para interesses pessoais.

Contas acertadas

A acusação versava ainda sobre a alteração da data de um bilhete de avião para os Estados Unidos paga pela TDM. John Lei teria viajado em trabalho e pediu posteriormente para alterar a viagem, ficando mais uns dias no país em regime de férias. Contudo, também aqui a juíza considerou que não foi cometido qualquer crime, uma vez que a TDM também não criou regras específicas para estes casos. A sentença refere que John Lai poderá, nesta fase, acertar contas com a empresa, mas, de acordo com o Jornal Tribuna de Macau, a acusação afirmou que o administrador já terá pago a diferença do montante relativa a esse bilhete de avião.

A sentença adianta também que a direcção da TDM já teria conhecimento desta alteração antes da mudança das datas, não tendo existido quaisquer erros por parte da empresa.

O HM contactou Manuel Pires, presidente da Comissão Executiva da TDM, no sentido de obter um comentário sobre a decisão do TJB. Contudo, Manuel Pires, que chegou a ser arrolado como testemunha, não quis comentar factos anteriores à sua chegada ao cargo de presidente da comissão executiva, que aconteceu em 2014. Quanto ao impacto que do caso para a imagem da empresa pública de televisão, Manuel Pires remeteu os comentários para depois da análise da sentença.

6 Jul 2018

Instituto Cultural promete pagar despesas de reparação do Teatro D. Pedro V

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s responsáveis da Associação dos Proprietários do Teatro “D. Pedro V” reuniram ontem com o Instituto Cultural (IC) para chegar a acordo quanto ao pagamento das despesas relativas a reparações necessárias no edifício. Hoje estava agendada uma conferência de imprensa com o apoio da Associação Novo Macau (ANM), que foi cancelada depois do encontro com os responsáveis do IC.

Ma, membro da associação, referiu ao HM que os problemas encontrados no edifício “são muito graves”. “O IC já fez a sua promessa e por isso decidimos não fazer, por enquanto, a conferência de imprensa. Vamos ver o que eles vão fazer no futuro”, apontou.

“Alguns funcionários não denunciaram os problemas aos órgãos superiores por terem medo de cometer falhas. O IC admitiu que não tem feito o suficiente pela manutenção do teatro e referiu que tem havido falta de comunicação com os proprietários. Só queremos ver os problemas resolvidos”, acrescentou Ma.

O deputado Sulu Sou garantiu ao HM que a associação estará à espera de respostas do Governo há cerca de dois anos, apesar de existir, desde 2004, um acordo que determina que o IC tem a responsabilidade de custear obras e zelar pela manutenção do edifício.

“Os membros da associação contactaram-me para os ajudar a resolver alguns problemas que existem no teatro. Têm tido algumas complicações com o IC sobre a gestão do teatro e relativamente a problemas no edifício. Querem que o IC pague as reparações que são necessárias. Se olharmos para a parte de fora do edifício vemos algumas estruturas da CEM que estão bem perto do teatro. Este é um dos pontos com os quais os representantes da associação discordam e têm pedido ao IC que discuta com a CEM sobre este assunto, para que estas estruturas sejam removidas. Mas levou muito tempo ao IC a responder.”

A associação que é proprietária do edifício que alberga o Teatro D. Pedro V queixa-se ainda de problemas relativos à instalação de mais aparelhos de ar condicionado, que poderão danificar o edifício. Da parte da Novo Macau espera-se uma postura mais pró-activa do Governo. “O IC tem sido activo, mas às vezes atrasa-se nas respostas que dão para a resolução dos problemas”, rematou Sulu Sou.

6 Jul 2018

Câmaras | Wong Sio Chak já prepara videovigilância para novo aterros

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] videovigilância tem produzidos resultados “positivos” nas investigações criminais em Macau e o Governo já prepara planos para a instalação de mais câmaras de vídeo nos novos aterros. O anúncio foi feito, ontem, pelo secretário para a Segurança, na cerimónia de abertura da Exposição de Artesanato dos Reclusos e dos Jovens Internados 2018.

Segundo um comunicado do Governo, actualmente estão em funcionamento no território 820 câmaras de videovigilância, que foram instaladas em três fases diferentes. Ainda assim vão ser instaladas mais 800 câmaras, referentes à quarta fase do programa de videovigilância que deverão entrar em funcionamento até ao primeiro trimestre de 2020. Nessa altura, e contabilizando os actuais 30 quilómetros quadrados de Macau, o território vai ter uma média de 54 câmaras por quilómetro quadrado.

Contudo, os planos para a instalação dos sistema de CCTV em Macau não se ficam por aqui. As quinta e sexta fases já estão a ser elaboradas e têm como foco, essencialmente, os aterros e serão divulgadas “em tempo oportuno”.

O responsável pela segurança do território defendeu ainda que “o sistema de vigilância contribui significativamente para a investigação de casos criminais” e deu o exemplo de um roubo a uma joalharia, no início do ano. Neste caso, o suspeito foi identificado em menos de 24 horas, devido à captação de imagens. O secretário disse também acreditar que “o aperfeiçoamento do sistema poderá elevar ainda mais a eficácia da investigação de casos”.

Ao mesmo tempo, Wong Sio Chak recordou que para que o sistema possa ser utilizado é necessária “uma delegação de competências para o efeito” e que a recolha de informações vai ser feita “de acordo com a lei”.

Pak Lei à espera

O secretário abordou igualmente o caso da explosão dentro de um restaurante no Edifício Pak Lei, na Areia de Preta, e explicou que a investigação está a aguardar pelos depoimentos das vítimas.

“A Polícia Judiciária fez pesquisas no local e encontra-se actualmente a proceder aos trabalhos de investigação noutros aspectos. A par disso, como parte dos feridos ainda se encontra a receber tratamento hospitalar, a PJ não conseguiu, por enquanto, recolher os seus depoimentos, uma tarefa que tem de concluir para depois poder submeter o relatório de investigação ao Ministério Público”, explicou.

Em relação à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, Wong Sio Chak explicou que os equipamentos têm sido instalados na Zona de Administração da Ilha Fronteiriça Artificial e que os mesmos estão a ser experimentados. Porém, garantiu que assim que for necessário abrir a ponte, que os recursos humanos e materiais vão estar prontos.

6 Jul 2018

Silvestre de Almeida Lacerda, director-geral da Torre do Tombo: “Se não se conhece, não se ama”

O director-geral do Arquivo Nacional da Torre do Tombo está em Macau para participar hoje na inauguração da exposição no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. A mostra intitulada “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo” conta a história do território ao longo de cerca de 400 anos. De Portugal, Silvestre de Almeida Lacerda trouxe como presente um conjunto de imagens de Macau dos anos 30

[dropcap]O[/dropcap] que nos contam as Chapas Sínicas?
Contam-nos muitas histórias principalmente associadas a questões da administração desde o séc. XVI até aos finais do séc. XIX. Contam-nos as histórias sobre a jurisdição do trabalho desenvolvido pelas autoridades quer chinesas quer portuguesas, portanto de comunicação diplomática. Mas, sobretudo, trazem-nos o quotidiano local da altura, a criminalidade, com todos os aspectos da jurisdição e da fixação dos estrangeiros, com pirataria, naufrágios, etc.

Como eram as relações diplomáticas nos momentos iniciais da presença portuguesa em Macau?
No início do séc. XVI as relações passavam muito pela instalação da câmara de Macau, sobretudo ao nível do procurador ou ouvidor, e pela permanência de autoridades no território. Portugal podia ter o exército aqui e isso dava uma possibilidade significativa de permanência. Diria que, desde muito cedo, eram relações entre iguais em que há uma preocupação de quem administra os portugueses serem as autoridades portuguesas, e quem administra a comunidade chinesa serem as autoridades chinesas.

Como é organizar uma exposição com este tipo de peças?
Estamos a falar de tesouros. Acho que há aqui um factor particularmente feliz da colaboração entre o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e o Arquivo de Macau. Este foi o primeiro passo. Ao longo dos últimos três anos, temos vindo a desenvolver o trabalho de recuperação e de conservação dos documentos que estão na Torre do Tombo. Foi necessário preparar todo um trabalho de intervenção sobre o estado em que a documentação se encontrava, que era bastante frágil. Estamos a falar de documentos com 400 anos. Uma coisa muito interessante que aconteceu tem que ver com o suporte destas obras. Inicialmente todos os indícios apontavam para que fosse papel de arroz, mas não é. Entretanto, com esta colaboração foi possível descobrir que a base essencial é o bambu. Descobrimos isto com a colaboração de um dos técnicos aqui do Arquivo de Macau que esteve a estagiar  na Torre do Tombo e trouxe com ele conhecimento acerca dos vários tipos de papéis. Estes documentos foram primeiro classificados pela UNESCO como Memória da Ásia, em 2016, e só depois é que avançámos para a classificação como registo da Memória do Mundo da UNESCO. Dos 3700 documentos que fazem parte das Chapas Sínicas, estão cá apenas alguns. Originais trouxemos seis. São poucos mas são em grande formato, alguns têm quase três metros. São organizados tipo harmónio o que nos permite trazer uma caixa relativamente pequena em boas condições. Vêm todos associados a um aparelho, um datalogger, que nos permite monitorizar a humidade, a temperatura e mandar esses dados para Lisboa. O transporte foi feito à mão. Só não trazia as algemas agarrada a elas (risos). Foi um processo de exportação temporária destes documentos classificados como tesouros.

FOTO: Sofia Mota

Está à frente da Torre do Tombo, muitas vezes considerada como um espaço pouco acessível. Tem feito um trabalho que visa a desmistificação do secretismo do arquivo.
A Torre do Tombo tem 100 km de documentos. Muitos destes documentos já estão acessíveis através da internet. Neste momento, temos cerca de 30 milhões de imagens disponíveis que as pessoas podem fazer download gratuito.

Estamos a falar da democratização da história?
Sim, é preciso fazer com que as pessoas possam conhecer. Se não se conhece não há capacidade de amar. O amador é aquele que ama e não aquele que tem menos competências. E ama porque conhece. Esta forma de desmistificar as coisas é possível só através do conhecimento. Por exemplo, muitas das Chapas Sínicas já estão em boa resolução no nosso site e até se pode fazer reutilização da informação. Estas obras apresentam um aspecto muito curioso: temos a representação de desenhos que estão associados ao conteúdo dos documentos. São desenhos de artífices e com esta possibilidade de reutilização e quase de reinterpretação podemos ter uma ponte para arte. As artes plásticas e gráficas podem reutilizar este tipo de materiais. Esta é outra forma para tentar que as pessoas olhem para os documentos de arquivo. Não só como preciosidades, mas como objectos dos quais se podem apropriar. Alguns deles têm mesmo que ser apropriados.

Como por exemplo?
Estamos a falar, por exemplo, nos casos que pretendem obter uma dupla nacionalidade e em que o interessado tem ascendentes portugueses há três gerações. A Torre do Tombo tem um registo da população portuguesa desde 1543, depois do registo sistemático a partir do Concílio de Trento. Atendendo que a população portuguesa é 99 por cento católica, temos os registos de baptismo, casamento e óbito. A partir daí somos capazes de construir a nossa genealogia e justificar direitos. Temos também registos judiciais. Alguns mais emblemáticos como o caso do Alves dos Reis, do Zé do Telhado e de outros criminosos mais ou menos célebres. Também temos documentação dos notariados, ou seja, o registo de escrituras desde o séc. XVI. Os arquivos são vivos. Não há arquivo morto. Têm vida quer para a investigação, quer enquanto provas para as necessidades dos cidadãos

Quais são os temas mais procurados na Torre do Tombo?
Neste momento, em termos estatísticos, a documentação mais procurada nestes quilómetros de documentos é a documentação sobre a Inquisição. A Torre do Tombo tem os processos da Inquisição desde a sua constituição no séc. VI até à sua extinção no séc. XIX. Estamos a falar da Inquisição de Lisboa mas que também da que abrangia o Brasil e  a Ásia. Um caso muito curioso: temos panos da Índia associados a estes processos da Inquisição porque um familiar do Garcia da Horta foi preso e tentou passar essa informação. Para isso, ele utilizou como suporte um pano e com fumo negro escreveu que estava preso. Tentou passar essa informação que acabou por ser apanhada e ir junto ao processo como prova. Recentemente, e isto é uma novidade, foi-nos entregue o processo associado ao acidente de Sá Carneiro. Não está o avião (risos). Temos, noutros processos suportes musicais, poucos mas temos. Estou-me a lembrar do caso do Adriano Correia de Oliveira e do Zeca Afonso em que temos alguns vinis associados a isso. Ao contrário e na área da fotografia, temos milhões de imagens. Dos últimos números que apurámos estamos com cerca de 10 milhões de negativos de vidro, acetato, poliéster e alguns nitratos. Trouxemos para oferecer ao Arquivo de Macau um conjunto de 52 imagens de Macau que não estavam disponíveis, mas que digitalizámos para oferecer. São da antiga Agência Geral do Ultramar nos anos 30. Um conjunto interessante que acho que não era conhecido e que vai ficar cá para poder ser consultado e disponibilizado. Sobre o arquivo da PIDE, temos os processos individuais mas também temos a documentação da escola de polícia. Aqui uma das peças é um conjunto de mapas com o corpo humano. Isto significa que, cientificamente, era estudada a forma de torturar e de bater em pontos particularmente sensíveis e para que, nas visitas, não se verificassem nódoas ou marcas exteriores desta mesma tortura. Também temos, os artigos relacionados com a polícia política. Trata-se de documentação desde 1919, ainda da Primeira República em que os serviços de informação são criados a partir da reorganização de Sidónio Pais. É com ele que se estrutura um serviço que depois leva à prisão de quem canta o fado, nomeadamente fado subversivo. É a definição que nos aparece e que nós temos ao longo dos anos 20 e 30. Uma das características do fado em Lisboa era o chamado fado operário que era uma forma de expressão de sentimentos que não estavam de acordo com o exercício do poder. O próprio Rui Vieira Nery faz referências na história do fado a esta realidade e nós, na altura, fornecemos-lhe vários exemplos concretos de processos políticos de quem tinha sido preso por cantar fado subversivo.

Quais são os seu documentos preferidos?
Há um pelo qual tenho particular apreço. É o Apocalipse de Lorvão. Um manuscrito com os comentários dos beatos de Liébana que fica na zona das Astúrias. São um bocadinho heterodoxos em relação à igreja católica e estamos a falar do séc. XII, 1189. Há comentários ao Apocalipse, o livro da Bíblia, que são ligeiramente heterodoxos relativamente à forma como era olhada a religião católica. É um manual digamos, uma matriz, que depois se vai desenvolver na Península Ibérica. Candidatamos o Apocalipse do Lorvão a registo da memória do mundo conjuntamente com os nossos colegas espanhóis e fizemos um estudo sobre a circulação de manuscritos nesta altura, ou seja, sobre a circulação de conhecimento na Península Ibérica no séc. XII. É uma história particularmente significativa. Depois não posso deixar de falar da carta de Pedro Vaz de Caminha, ou seja do achamento do Brasil, mas para mim não é possível falar desta carta sem falar de uma outra, a do Mestre João que é um astrónomo e que desenha pela primeira vez o cruzeiro do Sul. A importância do cruzeiro do sul tem a ver com a orientação daquele hemisfério. No hemisfério norte fazemos a orientação pela estrela polar e no sul pelo cruzeiro do sul. Esta é a primeira vez que aparece um desenho feito por alguém que faz parte da mesma armada de Pedro Álvares Cabral. Na carta de Vaz de Caminha temos o contacto entre civilizações, que é a versão mais oficial e há também uma menos oficial que nos diz que esta carta é uma cunha, um pedido que ele faz ao rei para a libertação de um familiar preso em São Tomé.

E no que respeita a documentos mais contemporâneos?
O diário de Salazar. Está disponível online mas tem uma dificuldade, a letra não é fácil. Está a ser preparada a transcrição do diário com muitas notas de contextualização. Ele tomava nota da hora, e muitas vezes dos conteúdos das conversas que mantinha. É uma peça fundamental no estudo da história contemporânea. Além disso, há uma outra peça que é o processo da Casa do Luso da prisão de Álvaro Cunhal em 1949. Temos o processo judicial que está com abundante documentação do próprio arquivo comunista.

Como vê o papel da tecnologia digital quando falamos de arquivos nos tempos que correm?
Acho que o digital é uma oportunidade. A questão fundamental é esta: mudámos do pergaminho para o papel e já mudámos muitas vezes de suporte, mas enquanto no papel, pergaminho ou papiro eu tinha uma leitura directa e os nosso olhos são capazes de interpretar o medium utilizado, aqui tenho que ter um instrumento intermediário que me permita ter o acesso ao tal medium e esta intermediação tem que ser devidamente garantida Uma das questões essenciais que se coloca do ponto de vista do digital é a sua autenticidade, fidedignidade e confiança naquilo que tenho acesso. Naturalmente, que sempre houve falsificações, mas já há meios de identificar a sua maioria em suportes que conhecemos bem e não no digital que é relativamente recente. Neste momento há uma discussão a propósito do regulamento geral da protecção de dados. Acho que têm que ser realmente ponderados estes valores de privacidade mas acho que há questões que têm que ser devidamente estudadas e são essenciais do ponto de vista daquilo que é o acesso à informação. Temos de encontrar os mecanismos necessários para que a ideia não seja apagar conteúdos. Esta ideia do chamado direito ao esquecimento tem que ser enquadrada devidamente e temporalmente. Não posso apagar os meus registos pura e simplesmente porque a protecção e dados o prevê. O direito ao esquecimento é uma coisa que está no Tratado de Lisboa, que está na Base do Regulamento Geral da Protecção de Dados. Uma das discussões surgiu a propósito das Brigadas Vermelhas em Itália, que depois de se poderem eliminar dados surgiu um conjunto de dirigentes destas brigadas em posições de destaque. Do ponto de vista histórico isto é grave e esta foi uma das questões levantadas pelos directores dos arquivos de toda a União Europeia. Depois, na segunda versão do mesmo regulamento, já vem prevista, neste direito ao esquecimento, a excepção dos arquivos, dos fins de investigação e dos fins estatísticos para que não sejam apagados os registos, sendo que podem ser anonimizados durante um determinado período de tempo. Mas a ideia inicial seria apagar os registos. Não é uma discussão simples e tem que se ter algum cuidado.

O que é isto de ser o “guardião” da história ?
Além de ser uma responsabilidade muito significativa tem uma coisa fantástica: Temos uma equipa de gente que trabalha bastante bem e que gosta daquilo que faz. Temos duas componentes: um balcão aberto a  toda a gente, a única restrição é o limite mínimo de 18 anos e o estado de conservação dos documentos. A manipulação permanente dos documentos é também um facto de degradação. Portanto, gerir estas necessidades de, por um lado dar acesso e por outro ter em conta as questões de conservação, é um equilíbrio que se tem que manter. Mas também não faz sentido conservar se não tivermos acesso. Este é, provavelmente, o aspecto mais interessante do ponto de vista de quem tem a responsabilidade de gestão. Nós não fazemos história,  nós damos acesso.

6 Jul 2018

Rita Gomes, ou Wasted Rita, participa na exposição “AlterEgo” | Absolutamente irónica

Os seus trabalhos estão povoados de sarcasmo e ironia. Às vezes são uma expressão do que pensa sobre o mundo, outras são apenas um exercício “egoísta”. Em todas elas podemos conhecer as várias facetas de Rita Gomes. Ela é Wasted Rita, a jovem artista portuguesa admirada por Madonna. Wasted Rita está em Macau para participar na “AlterEgo”, exposição que reúne 27 artistas chineses e de língua portuguesa

 

Falemos desta exposição. Tem algumas referências ou críticas ao jornalismo que se faz hoje em dia e também a Donald Trump. É uma crítica aos tempos modernos, à sociedade contemporânea?

Vou dar um bocado de contexto: estas duas exposições na Taipa [nas Casas Museu da Taipa] estão inseridas no tema Globalização. Durante a pesquisa pensei no tipo de coisas que existem em todo o mundo e as que poderia comentar, não criticar. Pensei em seres humanos, nas questões existencialistas que nos são inerentes e depois fui um bocado influenciada pelo turismo massivo que está a começar a existir na Europa, e provavelmente na Ásia também. Fui influenciada pelas lojas de lembranças e quis fazer uma falsa loja de lembranças mas tendo o existencialismo como tema, e não o turismo, a cidade. Sim, abordo muito os temas mas mais a nível individual, da existência, da ansiedade, de procura, significado, do que propriamente o jornalismo ou o Trump, embora essas coisas estejam incluídas.

É a sua visão sobre essas questões.

Sim. O meu trabalho é sempre a minha visão sobre o que quer que esteja a falar.

Considera que o seu trabalho é muito intimista e que revela muito de si?

Estava a pensar nalguma peça nesta exposição que não seja intimista e não me lembro, por isso sim, acho que tudo é bastante eu. Como são tantos bocadinhos de eu, acabas por não perceber grande coisa, ficas só confusa. Eu ficaria confusa porque lanço muita informação sobre mim, e muitas vezes contraditória. 

Participa nesta exposição colectiva. O que acha da experiência de estar numa exposição que junta artistas de língua portuguesa e também chineses?

Essa experiência só está a começar agora, porque só agora é que estão a chegar os outros artistas. Cheguei muito cedo porque tenho uma exposição que acaba por ser a solo, então precisei de mais tempo, mas ainda não estive com ninguém, a não ser pessoas que já conhecia.

Esperava esta oportunidade de vir expor em Macau?

Não, de todo. Mas eu também não espero nada do que me acontece na vida. Vou vivendo e às vezes acontecem coisas fixes e eu fico “wow, que giro”. 

Em 2015 recebeu um email de Bansky e a partir daí tudo mudou. Acha que a sua carreira tem tido um percurso surpreendente?

Não foi bem a partir do convite do Bansky. Já antes fazia bastantes exposições em Lisboa e na Europa, mas sim esse convite trouxe uma credibilidade e procura pelo meu trabalho um pouco mais forte. Mas não penso muito no meu percurso, tento não fazer isso. Se calhar penso nisso no último dia do ano mas arrependo-me. Não quero muito estar a pensar no meu percurso, o que é que já fiz e o que vou fazer, porque isso cria uma pressão além daquela que eu já tenho em mim, de viver todos os dias e tentar estar bem. Não preciso dessa pressão, vou só tentando apreciar o que acontece e divertir-me com as oportunidades que tenho.

Disse numa entrevista que ainda não tinha chegado à conclusão se é artista ou ilustradora, uma vez que a sua formação de base é na área do design. Já tem mais certezas relativamente ao que é como profissional?

Não, mas espero nunca ter, porque acho que estar sempre aberta a explorar tantos suportes diferentes e maneiras de expressar é o que me faz também continuar a ter vontade de fazer coisas e de criar. Sim, acho que tudo isto se pode englobar, de uma forma muito geral, na ideia de artista plástica, mas muito do trabalho que fiz para esta exposição está ligado ao design gráfico. Rótulos e pressão é uma coisa que eu não quero colocar em mim própria. 

Consegue explicar o seu processo criativo, do momento em que começou a desenhar e percebeu aquilo que queria de facto fazer?

Comigo, a maior parte das vezes, é precisamente ao começar a fazer algo que começo a ter ideias. Daí que o meu trabalho tem muitos erros e muitas coisas apagadas, porque todo o meu processo criativo sou eu a fazer na altura uma ideia que estou a ter e vou sempre mudando de ideias. É uma coisa bastante ansiosa e acho que a maior parte das pessoas não consegue lidar muito bem [com isso]. Não artistas, mas galeristas, pessoas que estão envolvidas no processo não conseguem perceber muito bem.

É difícil explicar aquilo que está a fazer? Já aconteceu não ser compreendida?

Espero acabar um trabalho e depois as pessoas se quiserem perceber percebem, se não, não interessa. Não estou a tentar que toda a gente perceba. Não faz parte de mim fazer propaganda para as pessoas perceberem tudo o que eu estou a fazer.

Tem uma obra que diz “Girls just want to cum and have fundamental rights and then cum again”. Tem como objectivo ser interventiva na sua expressão artística?

Tenho o objectivo de criar coisas que me ajudam a compreender e a transmitir a minha compreensão do mundo. Isso acaba por fazer com que as minhas obras chamem a atenção para assuntos actuais. Também só costumo usar no meu trabalho coisas que estão a acontecer no mundo, é muito um trabalho diário do que acontece. Tenho esse objectivo mas também não o tenho. Acho que acaba por ser isso, mas o objectivo principal é estar só a desanuviar coisas. O meu objectivo principal se calhar é bastante mais egoísta, mas se o resultado final não tivesse um significado para as outras pessoas, se não fosse importante para um público já teria desistido de passar mensagens.

Fez uma exposição em Lisboa em Outubro, com o título “As happy as sad can be”, que expressa o facto de que nem todos nós temos de estar sempre felizes. Está em Macau, com uma exposição ligada ao tema da globalização. Que outros temas quer explorar?

Esta exposição também aborda muito o existencialismo, a depressão e a ansiedade, precisamente por ser uma coisa global. Como disse quis abordar duas coisas que fossem globais, as lojas de turismo e o existencialismo. Não gosto muito de falar do que ainda não está completamente confirmado. Mas nesse intervalo também fiz uma instalação de um falso funeral do patriarcado em Roma, com uma coroa de flores, velas e uma instalação sonora e imagens de Donald Trump e outros elementos feministas. 

Quando acabou o curso não queria ser designer e os seus pais disseram-lhe para ser independente. Ao fim de uns anos está a construir uma carreira internacional. Foi surpreendente?

Para os meus pais foi de certeza (risos). A primeira vez que fui a Paris lembro-me do meu pai estar no carro, levar-me ao aeroporto e perguntar-me se aquelas pessoas eram mesmo galeristas, se não me iam roubar. Foi uma surpresa enorme para eles e para mim também. Mas também não me consigo imaginar a fazer outra coisa.

Até a Madonna elogiou o seu trabalho.

É. Não tenho muito a dizer sobre isso. É só surreal. Há coisas que acontecem que são indescritíveis e que eu nunca pensei que fossem acontecer. Tipo o Bansky e a Madonna. Se me dissessem que aquela cantora que estava a cantar na MTV ia comprar trabalhos meus e que ia elogiar-me eu ia achar que não era possível, que queria outra pessoa. 

Acha que trouxe algo de diferente ou inovador?

Não sei, nunca pensei nisso. Não acho que isso de ser inovador seja assim tão importante, até soa a uma coisa de alguém que é empreendedor.

Aliás, já defendeu não ter muito jeito para a gestão da sua carreira em termos de finanças e imagem. Deixa que as coisas andem ao seu rumo.

Sim, às vezes se calhar demais. (risos). Às vezes poderia aproveitar muito mais a vida, às vezes não tenho uma exposição e deixo que nada aconteça, e deixo-me cair por caminhos perigosamente negros, e depois preciso de algo para me puxar. Acho que qualquer pessoa que trabalha como freelancer lida com isto.

Calculo que ainda não tenha tido muito tempo para conhecer Macau, porque acaba hoje de montar a sua exposição, mas acha que é um lugar que a vai inspirar para os próximos trabalhos?

Qualquer sítio que não seja “white people related” é tudo o que eu quero neste momento. Falo da Ásia e de outras culturas que na Europa não são tão conhecidas. 

Porquê o nome Wasted Rita?

Essa é uma história muito triste do fim de uma relação de quatro anos, com um jovem que só me fez mal, e eu vivia na sombra dele. Além disso, tinha estudado num colégio de freiras e era uma pessoa muito tímida, sem qualquer poder de dar opiniões. Estava a acabar a faculdade e queria ser eu. A palavra Wasted é absolutamente irónica.

5 Jul 2018

Diplomacia | Ministro português da Cultura em vista oficial a Macau

O ministro da cultura português, Luís Castro Mendes, chega amanhã a Macau para participar no fórum cultural entre a China e os países lusófonos. O evento insere-se no “Encontro em Macau”, festival de artes e cultura, que traz ao território trabalhos de artistas internacionais

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, viaja esta semana até Macau para participar num fórum cultural entre a China e os países lusófonos, que tem procurado, através da língua e da cultura, intensificar o intercâmbio entre as partes envolvidas.

O responsável pela pasta da Cultura vai estar presente, amanhã, na abertura da exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo”, um conjunto de documentos em chinês que retrata a cooperação entre as autoridades chinesas e portuguesas em Macau durante a dinastia Qing (1693-1886).

As Chapas Sínicas – assim chamadas devido ao carimbo que era colocado na correspondência – compreendem um total de 3.600 documentos, referentes ao período entre 1693 e 1886, e fazem parte do acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. No ano passado, foram inscritas no registo da memória do mundo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).

A partir de sábado, 102 destes documentos vão estar patentes em Macau, sendo que 35 foram traduzidos, na época, do chinês para português.

Diversidade bilateral

A inauguração antecede a abertura oficial do Fórum Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa, no sábado, durante a qual se esperam intervenções do ministro e de outros oradores.

Nas palavras do Instituto Cultural de Macau (IC), este fórum “dedicado à diversidade” contribui para o “intercâmbio e a cooperação cultural sino-portuguesa”, e está integrado num evento ainda maior: Encontro em Macau – festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

A 1.ª edição do encontro arrancou na terça-feira com a projecção, no Centro Cultural, do filme “Ira de Silêncio”, última obra do realizador chinês Xin Yukun.

A primeira longa-metragem do cineasta português Manoel de Oliveira, “Aniki-Bóbó”, e o documentário “Douro, Faina Fluvial” vão encerrar o alinhamento do festival de cinema, que conta com um total de 24 filmes e 23 sessões de projecção, de acordo com o IC.

Além do Festival de Cinema e do Fórum Cultural, O “Encontro em Macau” organiza ainda, durante o mês de Julho, uma exposição anual de artes e um serão de espetáculos.

5 Jul 2018

ANIMA | Contrabando é a única hipótese para venda de galgos no continente

Há lojas no interior da China a vender galgos de Macau, noticiou o Jornal Tribuna de Macau. Albano Martins, presidente da ANIMA, acredita que, se os animais forem de facto da RAEM, só podem ter sido contrabandeados. Entretanto, Delfina To Sok I, do conselho de administração do IACM, disse que o Governo nada pode fazer antes do dia 21 de Julho, data em que Yat Yuen tem de abandonar o terreno

 

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] uma situação pouco clara que deixa muitas dúvidas ao presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA), Albano Martins. O Jornal Tribuna de Macau noticiou ontem que há lojas de animais da China a vender galgos, alegadamente oriundos de Macau, por milhares de renmimbis, dependendo da condição dos animais. Só uma loja diz ter na sua posse 23 galgos, mas não explicou como obteve.

Em declarações ao HM, o presidente da ANIMA garante que podemos estar perante um caso de contrabando. “O número de galgos que está a ser colocado à venda é maior do que o número que foi avançado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), relativo às pessoas do continente que tinham adoptado, apenas 15. Se eles saíram para a China, saíram sem licença de importação, de certeza absoluta, e terão sido contrabandeados. Os galgos podem também estar a ser vendidos como se fossem de Macau e serem da China. A última hipótese é que podem estar a vender galgos que ainda não chegaram ao continente.”

Albano Martins defende, contudo, que estamos perante “uma situação muito confusa”. “Os cães não deviam lá estar, porque é preciso uma licença de importação que não é dada a animais que sejam de estimação, como galgos. Se é verdade [a venda de galgos de Macau], significa que os animais foram contrabandeados, porque não há autorização de entrada desses animais como sendo de estimação”.

Na visão do presidente da ANIMA, as autoridades deveriam verificar já o verdadeiro paradeiro dos galgos que estão a ser anunciados para venda online, apesar do IACM ter anunciado que, até ao próximo dia 21, nada pode fazer em relação aos animais, que são propriedade do Canídromo até essa data.

“Era importante saber que animais são, para saber como é que eles saíram de Macau. Mesmo que um adoptante tenha vendido a outra pessoa, as autoridades podem tentar chegar ao traficante. É muito simples de apanhar, a não ser que o Canídromo tenha dado animais fora desse controlo.”

IACM desconhece transfusões

Ontem, à margem de uma reunião da Assembleia Legislativa (AL), Delfina To Sok I, membro do conselho de administração do IACM, adiantou que as autoridades desconhecem os casos de galgos que terão sido usados para transfusões de sangue em clínicas veterinárias.

“Não temos dados sobre a utilização dos animais para procriação, nem para transfusões. Talvez os forneçamos mais tarde”, disse apenas. Apesar disso, o Canídromo chegou a ser alvo de uma inspecção sobre a possibilidade de se realizar procriação com galgos. “Desde que entrou em vigor a lei da protecção dos animais que temos inspeccionado não só o Canídromo como todos os locais em Macau. Fomos lá fazer inspecções”, frisou Delfina To Sok I.

“Neste momento, a responsabilidade de escolher o destino dos cães e o proprietário é do Canídromo. Neste momento, não devemos ter grande intervenção. Só vamos intervir a partir de 21 de Julho, que é o momento da caducidade do contrato da concessão. Só aí é que vamos poder falar sobre o aspecto”, acrescentou a responsável do IACM, que deixou bem claro que não há qualquer margem de manobra para a extensão do contrato de concessão do terreno.

Uma farsa

A denúncia de que há galgos à venda na China partiu da deputada Agnes Lam, que já entregou uma interpelação escrita a pedir a intervenção do Governo sobre o futuro dos animais. A administradora do IACM garantiu que há soluções pensadas mas que não podem ainda ser divulgadas publicamente.

Entretanto, o Canídromo disse que recebeu 127 pedidos de adopção, o que, para Albano Martins, é prova de que os 650 formulários entregues pela ANIMA foram ignorados.

“Isto deixa muito mal o Canídromo nesta fase final e só vem confirmar que não é uma entidade suficientemente responsável para conduzir esta campanha até ao fim em prol dos animais. Também deixa mal as autoridades de Macau, que não controlam nada e deixam fazer exactamente o que querem. Ainda por cima anunciam online que vão vender animais de Macau num número bastante superior aos animais que saíram. Isso significa que aquela adopção foi mesmo uma farsa”, concluiu Albano Martins.

5 Jul 2018

Residência | FAOM quer normas definidas e investigações na atribuição de BIR

Deputados ligados à FAOM afirmaram ontem, em conferência de imprensa, que são necessárias políticas claras para aceitação de pedidos de residência por investimento. Quando à residência para técnicos especializados, Ella Lei quer que esta categoria incida apenas sobre “talentos raros”

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) quer que os pedidos de residência por investimento e por título de técnico especializado sejam investigados. Em causa estão as denúncias dadas a conhecer recentemente pelo relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). O documento revelou negligências por parte do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM) no que respeita à aceitação de pedidos de residência.

Ella Lei ressalvou que na origem dos problemas registado está, acima de tudo, a falta de políticas claras. A deputada dá exemplos: “A lei não define claramente em que termos é que se pode considerar um investimento relevante para que possa ser atribuída residência”.

Na conferência de imprensa de ontem, em que também participaram outros três deputados ligados à FAOM, Leong Sun Iok, Lam Lon Wai e Lei Chan U, Ella Lei explicou ainda que, apesar de existirem instruções internas relativas aos valores de referência, que rondam investimentos de um montante mínimo de certa de 13 mil patacas, resta saber se este montante é relevante. Por outro lado, alerta, há casos fraudulentos com referência a outros montantes e em que o IPIM não cumpriu os requisitos exigidos antes de aprovar os pedidos.

Raridades

No que respeita aos pedidos de residência tendo em conta o cargo de técnico especializado, Ella Lei considera que só devem ser aprovados quando se tratarem de “talentos de elite, difíceis de encontrar na região”.

A deputada considera que os requisitos exigidos são “demasiado leves” tendo em conta que as condições se limitam a ter uma licenciatura, um contrato de trabalho e um salário dentro da média local. Para Ella Lei é inaceitável que pessoas que apenas apresentaram o certificado do ensino secundário tenham visto os seus pedidos de residência aprovados pelo IPIM.

O deputado Lam Lon Wai considerou que o Governo deve investigar os pedidos registados nos últimos sete anos, para esclarecer se constam casos em que estão envolvidas irregularidades.

5 Jul 2018

Fong Soi Kun | Chefe do Executivo aceita decisão do Tribunal de Segunda Instância

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo não vai recorrer da decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que aceitou a providência cautelar para que o ex-director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos receba a pensão por completo, até haver uma decisão final sobre a sanção que lhe foi aplicada, após a passagem do tufão Hato.

“O Chefe do Executivo, após consulta jurídica, não questiona os fundamentos do Acórdão do Tribunal de Segunda Instância que decidiu a suspensão de eficácia requerida pelo Senhor Fong Soi Kun”, afirmou o Gabinete do Porta-Voz, em comunicado.

 

5 Jul 2018

Zona A precisa de mais estruturas complementares na primeira fase de construção, defendem deputados

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados da comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas entende que as estruturas complementares à habitação pública prevista para a zona A dos novos aterros, devem estar prontas antes da fase inicial de ocupação das habitações. A ideia é sugerida no relatório de acompanhamento da situação das obras dos novos aterros e do seu planeamento.

O plano urbano da zona A prevê a construção de dois mercados na área norte que se inserem na primeira fase do plano de construção de habitação pública. Esta primeira fase abrange oito lotes de terreno, sendo que setes são destinados à construção de sete mil fracções e apenas um, às execução de um mercado “onde se prevê a edificação em cima do mesmo de algumas instalações sociais”, refere o documento.

De acordo com o Governo, a construção do “Bairro das Escolas” enquanto estrutura de apoio também não irá “esperar pela conclusão da 2º, 3º e 4º fases dos planos de habitação pública destinado àquela zona”.

No entanto, para a comissão estas medidas podem não ser suficientes. Os deputados argumentam com a lição que se deveria ter tirado depois dos problemas revelados pelo projecto de Seac Pai Van.

Segundo o relatório da comissão, a primeira fase de ocupação do projecto de habitação pública exige instalações complementares para satisfazer as necessidades de sete mil famílias, o que em termos de número de habitantes pode corresponder a mais de 20 mil pessoas.

Neste sentido, e com a planta ainda por elaborar, os deputados sugerem que o Executivo tenha em conta um melhor aproveitamento das áreas de rés-do-chão dos edifícios destinados a habitação para “aí haver instalações de comes e bebes e de lazer, além da construção dos respectivos mercados ou outros centros comerciais”.

O objectivo, refere o documento, é “facilitar a vida da população, criar uma vida de lazer e promover o desenvolvimento de PME”.

Reuniões crescentes

Os trabalhos referentes às plantas da primeira fase do plano de habitação pública para a zona A dos novos aterros tiveram início no ano passado e precisam agora de análise por parte do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) num processo que pode ser moroso e contribuir para mais atrasos. Neste sentido, a comissão sugere que seja encurtado o espaço de tempo entre as reuniões do CPU.

O Governo, por seu lado, concorda com a sugestão e mostra disponibilidade na convocação de reuniões destinadas especificamente à discussão das plantas de condições urbanísticas de habitação pública.

Ainda de acordo com o Governo “uma vez emitida a planta de condições urbanísticas, poder-se-á então, de imediato, divulgar a calendarização para a concepção e as obras”.

5 Jul 2018

Metro Ligeiro | Atraso na lei pode atrasar entrada em funcionamento da infra-estrutura

O Governo insiste que o Metro Ligeiro vai entrar em funcionamento em 2019. Mas para que isso aconteça é necessário que os processos legislativos sejam concluídos atempadamente. De acordo com a comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas, a inexistência de uma proposta de lei a este respeito e os atrasos na criação da empresa de gestão do projecto podem resultar no atraso na circulação do metro ligeiro

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados da comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas temem que os atrasos do processo legislativo sobre a lei do sistema de transporte do Metro Ligeiro (ML) impeçam a entrada em funcionamento da estrutura, prevista para 2019.

A informação é dada pelo relatório da comissão de acompanhamento. “Quanto ao ponto da situação do processo legislativo relativo às respectivas leis e regulamentos, por enquanto, [os elementos do Governo] não avançaram à comissão nenhuma calendarização para o referido efeito”, lê-se no documento.

No entender dos deputados da comissão, os regimes jurídicos que vão regulamentar o ML devem estar em articulação com o funcionamento da própria empresa. No entanto, a ausência de datas para finalizar as leis e criar a empresa de gestão pode comprometer a entrada em funcionamento do transporte.

A consulta pública referente ao regime jurídico da lei do sistema de transporte de ML terminou em Abril do ano passado. Em Julho foi publicado o relatório e produzido um ante-projecto da proposta de lei que foi entregue para análise aos serviços técnicos. O documento, refere a comissão, tem sido alvo de constantes aperfeiçoamentos pelo que não tem ainda uma versão para ser apresentada e votada na generalidade na Assembleia Legislativa.

Empresa atrasada

Simultaneamente, e dada a necessidade de criação de uma empresa com fundos públicos responsável pela exploração do ML, o Governo apontou que “iria envidar todos os esforços para criar a empresa de exploração do sistema até ao segundo trimestre deste ano”. A meta já foi ultrapassada e, até agora, não existe informação acerca da criação da referida empresa.

Entretanto, e de acordo com o mesmo documento, o Governo “aclarou” que a linha da Taipa vai mesmo entrar em funcionamento no próximo ano, apesar das ligações a Seac Pai Van e à península de Macau não terem ainda datas apontadas. De acordo com o Executivo, não será com certeza para o próximo ano.

Problemas sem solução

A comissão apontou também alguma preocupações quanto à sustentabilidade financeira do projecto dada a sua dependência exclusiva da venda de bilhetes de transporte. Para os deputados seria uma mais valia a instalação de estabelecimentos comerciais dentro das estações de metro. Mas, “segundo a explicação do Governo, tendo em conta a limitada área de construção de terreno, já não há, nesta fase solução”, refere o relatório.

O Executivo admite que “vai enfrentar grandes desafios e dificuldades aquando do seu funcionamento”, até porque se trata de uma situação em que não há rendimentos comerciais, “a que acrescem ainda os elevados custos com a reparação e manutenção do ML com a contratação de pessoal”, admite.

 

 

Metro para todas as ocasiões

De acordo com o relatório da comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas relativo ao Metro Ligeiro (ML), há deputados que sugerem o funcionamento destas infra-estrutura nos dias de tufão. “Em Macau enquanto cidade turística que funciona 24h por dia e sob qualquer condição climatérica, é já muito comum ver os cidadãos terem de ir trabalhar nos dias de tufão e assim sendo [os deputados] propuseram às autoridades para ponderar a manutenção dos serviços do ML nos dias de tufão”, lê-se. Segundo o mesmo documento, caso seja impossível assegurar este transporte, há elementos da comissão que pediram ao Executivo para ponderar a continuidade da circulação de autocarros. Em resposta, o Governo argumenta que “por razões de segurança, em situações desnecessárias, os cidadãos não devem fazer deslocações nos dias de tufão”. O Executivo salienta ainda o facto dos seguros poderem não abranger os acidentes ocorridos nestes dias de mau tempo, por isso, nem o ML nem autocarros públicos circulam quando é içado o sinal 8 de tufão.

5 Jul 2018

Acidente | Troca de botija de gás na origem de explosão mortal na Areia Preta

Uma mulher morreu e quatro pessoas continuam internadas, três em estado grave, na sequência do acidente no restaurante do Edifício Pak Lei. Wong Sio Chak prometeu uma investigação ao caso, mas o IACM refere que na última inspecção ao estabelecimento, em Maio, tudo estava dentro da legalidade

 

[dropcap style≠’circle’]“S[/dropcap]into que o meu coração está emaranhado”. Foi desta forma que Chu, pai da vítima mortal, reagiu à tragédia causada pela explosão do restaurante no Edifício Pak Lei, na terça-feira à noite. Em declarações aos meios de comunicação de língua chinesa, ontem de manhã, o homem revelou que estava em casa, quando a polícia tocou à campainha e lhe disse que a sua filha era uma das envolvidas na explosão. Quando chegou ao Centro Hospitalar Conde São Januário foi informado que a sua filha tinha morrido.

Eram 21h45 de terça-feira, quando a mulher local de 34 anos, mãe de um rapaz, circulava no corredor do Edifício Pak Lei de acesso aos elevadores de prédio. Foi nesse momento, que do outro lado da parede, onde fica o restaurante, se deu a explosão que lhe causou ferimentos graves, nomeadamente várias facturas e rebentamento de órgãos internos. Apesar de ter sido levada para o hospital ainda com vida, acabou por não resistir aos ferimentos.

Ainda em declarações à comunicação social, Chu sublinhou que a filha não tinha tido qualquer responsabilidade no acidente, que tinha sido uma vítima e que tinha uma vida bem organizada e em família. O pai da mulher de 34 anos frisou também que a filha tinha sido muito trabalhadora e que se tinha dedicado a organizar a sua vida logo após a conclusão dos estudos universitários. 

Por outro lado, Chu reconheceu ter sido apanhado completamente de surpresa pelo sucedido e estar a atravessar uma fase caótica. O pai da vítima mortal informou igualmente os repórteres que está a ser acompanhado por assistentes sociais disponibilizados pelo Governo.

 

Três feridos graves

Além da vítima mortal, há ainda mais três feridos graves que têm entre 34 e 54 anos. Segundo o comunicado do Centro Hospitalar Conde São Januário, uma das pessoas sofreu uma fractura do fémur e foi operada ontem, de urgência. Outra ficou em estado grave e apresenta queimaduras de segundo grau em 25 por cento do corpo. Neste momento, está internada na Unidade de Cuidados Intensivos. Finalmente, a terceira pessoa ferida está internada sobre observação permanente na sequência dos vários cortes que sofreu no corpo.

A juntar à vítima mortal e os três feridos graves houve ainda três feridos ligeiros, dos quais um está internado. De acordo com as informações oficiais, a maior parte dos ferimentos das pessoas que tiveram alta eram essencialmente “contusões superficiais”. Contudo, um dos feridos ligeiros precisou de ficar internado devido a uma concussão.

Troca de botija na origem

Segundo o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, as investigações iniciais apontam para que na origem do acidente tenha estado a troca negligente de uma botija de gás e a instalação incorrecta da mangueira de fornecimento. “De acordo com as averiguações preliminares do Corpo de Bombeiros suspeita-se que a fuga de gás ocorreu durante a substituição de botijas de gás, devido à falta de cuidado”, afirmou, de acordo com um comunicado do Governo.

O secretário, que fez uma visita ao local e às vítimas no hospital, prometeu também averiguar o que realmente se passou. “A investigação do caso será liderada pelo Ministério Público, com o objectivo de apurar responsabilidades e no sentido de se verificar se houve violação da lei”, acrescentou.

Última Inspecção em Maio

No entanto, as investigações preliminares apontam para que o restaurante estivesse a operar dentro da legalidade. Segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, o espaço tinha mesmo sido inspeccionado há cerca de dois meses, em Maio.

“De acordo com os dados disponíveis neste momento, o estabelecimento possui a devida licença para operar e apenas tinha quatro botijas de gás, o que cumpre os requisitos da lei. Em termos da segurança, o limite máximo são quatro botijas e o estabelecimento estava dentro do limite”, explicou Delfina To Sok I, Administradora do Conselho de Administração IACM, aos jornalistas, à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa.

“A última inspecção ao restaurante tinha acontecido em Maio deste ano. Na altura, estava tudo em conformidade com as exigências”, acrescentou.

Ainda de acordo com Delfina To a última revisão da lei aconteceu em 2016, quando o número de botijas de gás autorizado nos restaurantes foi aumentado de dois para quatro. Contudo, existe a possibilidade de haver uma reunião com o Corpo de Bombeiros para discutir a instalação em restaurantes de tecnologias que permitam detectar prematuramente possíveis fugas de gás.

Delfina To informou também que são conduzidas inspecções com regularidade e que o IACM tem cerca de 100 agentes para o efeito, um número considerado suficiente por agora: “O problema não são as multas [impostas durante a fiscalização], o que é necessário é implementar tecnologias e aumentar a sensibilidade dos proprietários para este aspecto”, frisou.

Visitas ao local

Após a ocorrência do acidente foram vários os governantes que fizeram visitas ao hospital e ao local. O primeiro a chegar ao CHCSJ, em nome do Executivo, foi Wong Sio Chak, que foi acompanhado por Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SSM).

Em conversa com os feridos, o secretário para a Segurança exprimiu as “mais sentidas condolências” e prometeu que o Governo “vai disponibilizar todo o apoio necessário às famílias”.

Também Lionel Leong, secretário para a Economia e Finanças, foi ao local do acidente e prometeu ajuda a todos os comerciantes afectados pela destruição causada pela explosão. Os afectados foram logo identificados durante a manhã de ontem e poderão pedir ajuda à Divisão de Apoio às Actividades Industriais e Comerciais da Direcção de Serviços de Economia.

Ainda durante o dia de ontem as autoridades distribuíram panfletos com indicações para que residentes e comerciantes saibam como utilizar em condições de segurança equipamentos com gás.

 

Condolências | Chui Sai On enviou carta a família enlutada

O Chefe do Executivo enviou uma carta à família enlutada a manifestar “a profunda consternação pelo sucedido” e “expressou os seus pêsames”. A informação foi avançada pelo Governo, que não revelou se Chui Sai On se mostrou disponível para se encontrar com os familiares da vítima, ou qual a razão de não o ter feito, apesar da família da vítima mortal ter estado, ontem, no local do acidente.

Também Chui Sai On esteve, por volta das 15h de ontem, na Areia Preta a visitar o Edifício Pak Lei, onde aconteceu a explosão. A visita foi feita sem que tivesse havido qualquer anúncio à comunicação social.

Segundo o comunicado do Governo, durante a deslocação ao norte da cidade, depois da visita de Wong Sio Chak, o Chefe do Executivo mostrou “preocupação quanto a eventuais impactos causados pelo incidente no dia-a-dia dos habitantes da zona” e deu instruções às autoridades “para se empenharem também nos trabalhos de garantia da segurança dos residentes”.

Chui Sai On foi depois ao hospital Conde São Januário. Na unidade hospitalar, garantiu aos “estar atento ao estado de saúde e à recuperação dos feridos” e desejou-lhes “as rápidas melhoras”. Porém, o Chefe do Executivo não esteve com a pessoa que apresenta queimaduras de segundo grau em 25 por cento do corpo, devido ao risco de infecções do ferido.

Reunião do Governo

Além das visitas, Fernando Chui Sai On convocou uma reunião entre os departamentos governamentais para discutir o caso. Segundo o comunicado do Governo, o líder da RAEM terá dado instruções para que o caso fosse investigado com a maior brevidade possível e de forma adequada.

Depois pediu o acompanhamento da “situação dos feridos e dos familiares da vítima mortal, prestando-lhes todos os tratamentos médicos de que necessitem”.

Chui Sai On insistiu também na necessidade de trabalhar na prevenção de futuros casos e permitir à população seguir com a rotina.

 

Estrutura | Risco de desabamento afastado

Apesar da explosão do Edifício Pak Lei ter sido sentida por vários moradores, a estrutura não está em risco de ruir. A afirmação foi feita ontem por Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), após uma visita ao local. Segundo, Li Canfeng, apesar de ontem terem sido colocados pilares temporários para suportar a estrutura, tanto os pilares da construção original como a infra-estrutura não apresentam risco de colapso.

 

Chan Chak Mo apela a maior vigilância

O deputado e empresário Chan Chak Mo, responsável por vários restaurantes, defende que é necessário uma maior vigilância na manutenção de equipamentos com gás. “Os donos dos restaurantes deviam estar mais alerta para a necessidade de tomar as medidas de segurança necessárias na utilização de gás, fornos, e estes tipo de equipamentos”, disse Chan Chak Mo. “A manutenção regular é muito importante e quando se causa este tipo de danos eles afectam os bens do restaurante, mas também empregados e a população. Neste caso, morreu mesmo uma pessoa”, acrescentou.

 

Gás | Fuga de monóxido de carbono na Horta e Costa

Foi detectada, ontem às 01h, uma fuga de monóxido de carbono numa fracção do Edifício Wa Fai Kuok, na Avenida Horta e Costa. Após o alarme instalado na casa de banho do proprietário ter disparado, o homem chamou de urgência as autoridades. Esta é a segunda vez, em pouco mais de um mês, que a fracção em causa tem problemas, apesar do esquentador ser termoeléctrico e não a gás. Na primeira ocorrência, o homem sentiu-se mal disposto e teve de ser transportado para o hospital. Foi por essa razão que mandou instalar o detector do monóxido de carbono. Segundo as investigações iniciais, a entrada de gases deve ter acontecido pelo exaustor da fracção ligado ao exaustor público e de gases residuais de outras fracções.

5 Jul 2018

Turismo | Visitantes regressam a casa satisfeitos com Macau

A relação entre residentes e visitantes é o aspecto mais negativo do turismo local, de acordo com um estudo recente. Mesmo assim, as pessoas do continente regressam a casa com uma imagem positiva e mostram-se disponíveis para recomendar aos amigos uma visita a Macau

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] maior parte dos turistas vindos do Interior fica satisfeita com a visita ao território e tem tendência para aconselhar Macau como destino aos amigos e conhecidos. Esta é uma das conclusões de um estudo elaborado, no mês passado, por Ivan Ka, da Cidade Universidade de Macau, Yide Liu, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, Dong Lu, da Universidade de Chengdu e Michael Hitchcock, da Universidade de Londres. O trabalho tem como título “A influência do meio boca a boca na escolha de destinos turísticos”.

Através de um total de 422 questionários feitos em alguns dos principais pontos turísticos da RAEM, os inquiridos foram desafiados a classificar diferentes aspectos numa escala de 1 a 7, em que o valor mais baixo corresponde a “discordo fortemente” e o valor mais elevado significa “concordo fortemente”.

Segundo os resultados apurados, o aspecto que teve uma média mais elevada foi a predisposição das pessoas para contarem a amigos, familiares e conhecidos coisas positivas sobre Macau, que alcançou um pontuação média de 5,925, na escala de 1 a 7 pontos.

Os serviços foram uma das áreas que mais impressionaram os visitantes dos continentes. A frase “Em geral, os serviços de turismo oferecidos em Macau são de qualidade elevada” conseguiu uma pontuação uma média de concordância de 5,930 pontos. Na mesma linha, a premissa de que a oferta de serviços de turismo em Macau face ao Interior da China é superior em todos os aspectos, alcançou uma concordância média de 5,922 pontos.

Os turistas destacaram igualmente o sentimento de segurança que sentiram nas ruas da RAEM. A frase “não me sinto preocupado com o crime em Macau” teve um consenso de 5,759 pontos, enquanto que o sentimento de segurança face à existência de violência e ataques terroristas somou 5,889 pontos e 5,878 pontos, respectivamente.

Poucos sorrisos

A área que teve uma classificação mais negativa foi a relação entre residentes e turistas. Mesmo assim obteve uma pontuação suficiente para ser considerada positiva. A frase “Os residentes de Macau são amigáveis com os turistas” teve uma pontuação de 4,951 pontos, ao mesmo tempo que o aspecto “Os residentes de Macau estão disponíveis para interagir com os turistas” acumulou uma média de 5,026 pontos.

“Os resultados da análise mostra que a percepção de segurança tem efeitos significativos tanto na satisfação geral com a viagem como nas recomendações feitas boca a boca”, sublinhas os investigadores. “Conclui-se que a relação entre residentes e turistas e a percepção de segurança são factores importantes para o crescimento sustentado como destino turístico”, é acrescentado no estudo.

4 Jul 2018

Trânsito | Ponte faz disparar especulação com matrículas duplas em Hong Kong

Em Macau ainda não há casos registados, mas na região vizinha começou a corrida às matrículas duplas com acesso à ponte. Se o preço original era de 960 dólares de Hong Kong, agora há quem as revenda por 600 mil dólares

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s matrículas para a circulação de veículos na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau estão a ser especuladas no território vizinho e, em alguns casos, chegam a valer 600 mil dólares de Hong Kong. Um valor exorbitante face ao preço original de venda que é 960 dólares de Hong Kong. A informação foi avançada, ontem, numa reportagem da Central News Agency (CNA), agência ligada ao Governo de Taiwan.

Segundo os regulamentos da ponte, as matrículas duplas emitidas para a circulação Hong Kong e a Província de Cantão vão ter acesso à infra-estrutura, durante um período experimental de dois anos. São estas matrículas que estão agora a ser especuladas.

Casos semelhantes foram noticiados pelo jornal TaKungPao, de Hong Kong, que contou que, apesar da ponte ainda não estar a funcionar, já foram detectados casos de especulação na compra deste tipo de matrículas.

Os Serviços de Viagem da China em Hong Kong (China Travel Service) é a entidade responsável pelos pedidos de matrículas duplas para as duas regiões. Contudo, a oferta deste tipo de matrículas é limitada e a emissão de novos pedidos está suspensa, depois de ter sido alcançada a quota máxima.

É por esta razão que os preços das matrículas dispararam até 600 mil dólares de Hong Kong na região vizinha, porque além do acesso à Província de Guangdong permitem igualmente o acesso à ponte.

Por 410 mil dólares

São também várias as agências que anunciam online e nas ruas os serviços para ajudar os residentes de Hong Kong a comprar as placas metálicas “mágicas”. Por exemplo, um homem entrevistado pela CNA, que trabalha no sector de restauração e dos táxis, revelou que comprou três matrículas, cada uma com por 410 mil dólares. Agora o seu objectivo passa por vender as matrículas quando os preços voltarem a subir novamente. Enquanto aguarda pela valorização, aproveita para poder conduzir em Guangdong e mesmo na ponte, assim que esta abrir.

Outro indivíduo explicou à CNA que na origem da especulação galopante está o facto das autoridades terem limitado a emissão de matrículas nesta fase inicial. Segundo a entrevista existe um desfasamento demasiado grande entre a procura e oferta das matrículas duplas.

Esta não é a primeira vez que a situação se regista em Hong Kong. Em Agosto do ano passado, quando ainda havia a expectativa de que a ponte pudesse começar a funcionar no final de 2017, os Serviços de Viagem da China em Hong Kong tiveram mesmo de emitir um aviso contra fraudes a explicar que não existiam agências subcontratadas para autorizar os pedidos de circulação.

Ao contrário da RAEHK, em Macau as matrículas duplas com o Continente não tem quotas para circular na ponte.

4 Jul 2018

Deputado pró-democrata Sulu Sou voltou ontem à Assembleia Legislativa

[dropcap style≠’circle’]À[/dropcap]s 10h15 da manhã de ontem Sulu Sou recebeu a notificação da Assembleia Legislativa (AL) a informar que a sua suspensão estava terminada. “A AL notifico-me de que tinha recebido o documento do tribunal a confirmar que o meu caso estava fechado”, disse aos jornalistas depois da reunião da terceira comissão da qual já fez parte. “Foi uma emergência para mim, porque foi apenas 15 minutos antes da reunião”, disse.

Mas o deputado já estava na AL desde as 9h30 e “já tinha preparado o material para discussão do tema em sede de comissão na noite anterior”, apontou Sou.

A satisfação por voltar ao trabalho legislativo era visível, até porque se sentiu bem-vindo no regresso a funções. “Gostei de ver que houve deputados que se mostraram satisfeitos com o meu regresso. Penso que o presidente Vong Hin Fai já sabia, até antes de mim, do meu regresso porque quando entrei não o notei surpreendido”, revelou. Mas o deputado não pensou apenas nos colegas aquando do seu regresso às lides legislativas. “Penso que muitos dos meus apoiantes ficaram contentes com esta notícia de última hora”, afirmou.

Transparência em vista

Ao saber que podia regressar ao trabalho, Sulu Sou partilhou um vídeo no Facebook em que mostrou o percurso, agora já no exercício das suas funções, do seu gabinete à sala de reuniões da 3ª comissão permanente.

O deputado, que antes da suspensão, defendia a abertura das reunião de comissão ao público para uma maior transparência reafirmou ontem esta posição. “Espero que um dia possa transmitir ao vivo estas reuniões”, até porque a “AL sempre pediu ao Governo transparência  e nós ainda temos muito espaço para melhorar a nossa transparência também”, sublinhou.

Hoje Sulu Sou entrega um pedido de debate na AL numa iniciativa conjunta com o deputado José Pereira Coutinho. “Vou cooperar com o deputado Coutinho no que respeita ao pedido de debate acerca da construção do crematório e espero que possamos submeter o debate em conjunto”, rematou.

4 Jul 2018

Explosão em restaurante na Areia Preta resulta num morto e seis feridos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma explosão num restaurante na zona da Areia Preta causou ontem pelo menos seis feridos, três homens e três mulheres, de acordo com informação da PSP. O sinistro ocorreu por volta das 21h45. À hora de fecho do HM e segundo o jornal Ou Mun que cita fontes oficiais, uma das mulheres já ter mesmo morrido devido a ferimentos sofridos.

O acidente aconteceu num restaurante no Edifício Pak Lei, na Avenida do Hipódromo, e na origem terá estado uma fuga de gás. Os bombeiros e a polícia chegaram rapidamente ao local e começaram de imediato a transportar os feridos para o Centro Hospitalar Conde São Januário. Um dos feridos teve mesmo de ser retirado dos escombros, onde tinha ficado preso após a explosão, que causou vários danos. Outro dos sinistrados ficou deitado na via pública em cima de vidros. Na operação estiveram envolvidos pelo menos 40 operacionais, assim como várias viaturas. A Avenida foi cortada ao trânsito para que as operações de salvamento pudesse decorrer dentro da normalidade.

Além dos feridos, foram ainda muitos os danos causados pelos pedaços de vidro que foram atirados para a via. Vários carros e motas estacionados no local, ou que passavam na via na altura do acidente, foram atingidos por vidros.

GCS

Durante as operações de salvamento os bombeiros colocaram dois pilares amovíveis para suportar a estrutura, uma vez que os danos no edifício ainda estavam por apurar, à hora de fecho do HM.

À hora do acidente eram vários os residentes que estavam em casa, pelo que a explosão foi sentida por muitas pessoas. Por isso, foram vários os residentes que se apressaram a partilhar as imagens do local nas redes sociais, minutos após o acidente, com relatos de que tinham sentido o prédio a estremecer e ouvido um barulho muito alto.

Três pessoas continuam internadas

De acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), a vítima mortal tinha 34 anos e faleceu “devido a lesões graves nos órgãos e fracturas, também graves”. Três pessoas continuam internadas no Centro Hospitalar Conde de São Januário. “Uma devido a fractura do fémur e será alvo de uma cirurgia urgente, o seu estado clínico é considerado grave; outra sofreu queimaduras de 2º grau em cerca de 25% do corpo e está internada na Unidade de Cuidados Intensivos; a terceira pessoa internada sofreu diversos cortes, o seu estado clínico é considerado, também, grave e está internada para observação”, apontam os SSM. Entretanto três feridos tiveram alta “após tratamento a feridas ligeiras, sendo que a maior parte são contusões superficiais”.

GCS

O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, e o comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, Ma Io Kun, deslocaram-se ao hospital para visitar os feridos. Os dois dirigentes também realizaram uma visita ao local onde decorreu a explosão.

 

Notícia actualizada esta manhã com as informações disponibilizadas pelos Serviços de Saúde

4 Jul 2018