Hoje Macau Manchete SociedadeAnálise | Indústria do jogo vai ter de se habituar a lucros menores Especialistas do sector disseram à Lusa que a indústria do jogo em Macau vai ter de se habituar a viver com menos lucros, mesmo num futuro sem as restrições e impacto causado pela pandemia de covid-19 O director executivo da empresa especializada em jogo 2NT8, Alidad Tash, estimou que os lucros dos casinos caíram para cerca de metade do que se registava antes da pandemia, mas ressalvou que também terão pela frente menos riscos. “Penso que o negócio dos casinos continuará a ser rentável. Não tanto como antes, mas ainda assim, um lucro saudável. E a boa notícia para os casinos é que eles gastaram milhares de milhões de dólares a construir luxuosas estâncias integradas. No futuro, não estarão a gastar tanto em novas infra-estruturas. Portanto, o risco é menor. Dito de outra forma, terão menos lucro do que antes, mas também com menos risco”, sintetizou. Apesar do desaparecimento dos ‘junkets’, “Macau continuará a ser o melhor destino para os jogadores chineses”, sustentou. “Isto porque Macau é chinês. Eles não se encontram numa terra estrangeira. Os restaurantes são autênticos, os comerciantes falam cantonês, como a sua língua materna, e também podem falar mandarim. Este não é o caso quando os jogadores chineses vão para a Coreia, Filipinas, Vietname”, explicou, quando questionado sobre uma possível aposta da indústria do jogo em outros países asiáticos. Contudo, Alidad Tash prevê que os grandes apostadores chineses “não poderão vir com a mesma frequência”, confrontados com “maiores dificuldades em trazer grandes quantidades de dinheiro para Macau ou qualquer outro destino”. A questão é que, fundamentou, “os ‘junkets’ costumavam ser um dos maiores facilitadores para levar dinheiro ilegalmente para fora da China” continental, porque Pequim “limita quanto dinheiro por cidadão pode sair das suas fronteiras”. Resumindo, com os ‘junkets’ fora de circulação, “os grandes apostadores vão visitar e jogar menos vezes em Macau, e com menos dinheiro por viagem”. Planear o amanhã Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix, sublinhou o impacto do desaparecimento do mercado VIP devido a uma repressão sobre o ‘marketing’ que lhe era dirigido e saída de capitais, a par de uma nova política mais restritiva na passagem de vistos por parte de Pequim, visível no último ano. Factos que indiciam que os potenciais retornos futuros “serão mais desafiantes e menos lucrativos”. Até porque, explicou, “os custos de ‘marketing’ e promoção destinados aos segmentos de massa sempre atraíram baixos retornos em relação ao que era desembolsado”. Dito isto, frisou, Macau “tem de avançar para a atracção de turistas de outras jurisdições que não a China”, mas para o fazer “é necessário mais do que meras palavras por parte das autoridades locais”, salientando que “o défice de especialização está a aumentar, à medida que cada vez mais competências estrangeiras estão a ser empurradas para fora de Macau”. Ben Lee lamentou que isso aconteça, sobretudo quando “é preciso agora planear o futuro” e em que a indústria do jogo vive o seu pior momento em Macau, uma vez que “é provável” que as receitas brutas de Julho “sejam ainda mais baixas do que o mínimo anterior de 716 milhões de patacas em Junho de 2020”. As concessionárias têm acumulado desde 2020 prejuízos sem precedentes e o Governo tem sido obrigado a recorrer à reserva extraordinária para responder à crise, até porque cerca de 80 por cento das receitas governamentais provêm dos impostos sobre o jogo.
Pedro Arede Manchete SociedadeServiços públicos | Reabertura limitada e apenas com marcação prévia Os serviços públicos reabrem hoje de forma condicionada, sendo necessário efectuar marcação prévia online ou por telefone. Até à próxima sexta-feira, os horários serão reduzidos, o número de trabalhadores não pode ultrapassar 50 por cento e apenas estarão disponíveis serviços de carácter urgente A partir de hoje e até à próxima sexta-feira os serviços públicos reabrem de forma condicionada, disponibilizando somente alguns serviços de carácter urgente ou inadiável e acolhendo apenas utentes com marcação prévia. Além disso, de acordo com a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (DSFP) e as orientações definidas pelo Chefe do Executivo para o chamado “período de consolidação”, o número de trabalhadores de cada serviço não deverá ser superior a 50 por cento do total e os interessados devem efectuar uma marcação prévia online ou por telefone. Quanto à Direcção dos Serviços de Identificação (DSI), estarão em funcionamento, de forma limitada, os serviços de atendimento do Edifício China Plaza e no 3º andar do Centro de Serviços da RAEM das Ilhas. Já a área da DSI do 2.º andar do Centro de Serviços da RAEM, na Areia Preta, estará encerrada. Em comunicado, a DSI apela ainda ao público para não ter “pressa” de requerer o Bilhete de Identidade de Residente para recém-nascidos e utilizar sempre que possível os quiosques de auto-atendimento. Para o tratamento de documentos, os utentes devem tirar senha ou fazer marcação prévia no website da DSI. Em casos urgentes, aconselha-se a chamada directa para os números 28370777 ou 28370888. Também os Correios permitirão o acesso limitado aos seus serviços, num total de nove postos abertos ao público (incluindo a estação central) até sexta-feira, onde poderá ser levantada correspondência registada após a recepção do respectivo aviso. Durante o período de consolidação, a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT) vai efectuar a distribuição da correspondência postal, incluindo a entrega de correspondência registada. O Serviço de Correio Rápido (EMS) aceita o envio de objectos postais e reinicia a distribuição postal. A meio gás Em relação aos postos de atendimento do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), de frisar que o Edifício de Serviços de Migração, no Pac On estará aberto para o público tratar de assuntos como o prolongamento autorização de permanência, casos de extravio dos documentos ou o levantamento do Certidão Individual de Movimentos Fronteiriços. Para o efeito, os interessados devem fazer marcação prévia através do website do CPSP ou ligar para o número 28725488. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) irá prestar “serviços externos limitados” relacionados com cartas de condução, veículos e inspecções de novos veículos. Os requerimentos podem ser efectuados na área de atendimento da Estrada de D. Maria II, Centro de Inspecções de Veículos Automóveis no Cotai e Centro de Inspecções de Motociclos em Macau, após marcação prévia no website da DSAT. Quanto à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), a maioria dos serviços está disponível online, embora os pedidos de subsídio de desemprego e de trabalhadores não-residentes possam ser feitos de forma presencial, mediante marcação prévia. O Fundo de Segurança Social (FSS), Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Instituto do Desporto (ID), Instituto Cultural (IC), os Serviços de Justiça (DSAJ) e outros serviços públicos estarão também a funcionar de forma limitada, apenas com alguns balcões de atendimento e mediante marcação prévia. Nos tribunais apenas os processos considerados urgentes serão julgados.
Hoje Macau Manchete PolíticaAL | Aprovada lei das escutas, uma das “mais rigorosas” do mundo Foi aprovada a lei que concede à polícia o direito de pedir às operadoras de telecomunicações todos os dados dos utilizadores durante uma investigação criminal. Wong Sio Chak sublinhou que a intercepção de comunicações só acontece com autorização de um juiz e que a lei é uma das “mais rigorosas” do mundo. Coutinho admitiu reservas e votou contra alguns artigos, juntamente com Che Sai Wang A Assembleia Legislativa (AL) aprovou na sexta-feira, na especialidade, o regime jurídico de intercepção e protecção de comunicações. A nova lei passa a prever que as autoridades tenham o direito de pedir às operadoras de telecomunicações, todos os dados dos utilizadores no decorrer da investigação criminal, à excepção do conteúdo das comunicações. Naquela que foi a segunda sessão plenária realizada por videoconferência, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, apontou que a nova lei das escutas é uma dos mais rigorosas do mundo, apesar de admitir que há espaço para melhorias. Sobre as reservas apontadas por alguns deputados ao nível da privacidade dos dados dos cidadãos, o secretário vincou que, à luz do novo diploma, existem garantias suficientes e que os dados só podem ser requisitados pelas autoridades, com a autorização de um juiz. No entanto, admitiu que há sempre espaço para introduzir melhorias. “Há sempre margem de melhoria em todos os regimes. Não há nenhum regime perfeito a 100 por cento, mas esta proposta de lei é uma das mais rigorosas a nível mundial”, disse segundo a TDM-Rádio Macau. Recorde-se que, quando o “Regime jurídico da intercepção e protecção de comunicações” foi anunciado pela primeira vez, Wong Sio Chak justificou a importância da lei com o facto de a “segurança do Estado estar a tornar-se cada vez mais urgente” e ainda com a necessidade de “acompanhar a evolução dos tempos”. Para o Governo, o actual regime, que vigorava há mais de 24 anos, estava desactualizado, havendo necessidade de responder ao desenvolvimento tecnológico das comunicações e à complexidade crescente da actividade criminosa. Limites e garantias Durante o plenário da passada sexta-feira, o novo regime despertou, segundo a agência Lusa, “muitas reservas” ao deputado José Pereira Coutinho, que apelou à “tolerância zero em intercepções abusivas”. “Com muitas reservas e muitas dúvidas” quanto à aplicação futura da nova lei das escutas, José Pereira Coutinho votou contra “alguns artigos”, à semelhança do companheiro de bancada Che Sai Wang. Os dois deputados da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) votaram contra, por exemplo, o artigo que estabelece uma excepção à notificação de pessoas prejudicadas pela intercepção de comunicações, se isso perturbar as finalidades do inquérito ou da instrução. Também recebeu luz vermelha dos dois deputados a cláusula que define que “os órgãos de polícia criminal podem pedir aos operadores de telecomunicações e aos prestadores de serviços de comunicações em rede” determinados registos de comunicações “sem prévia autorização judiciária”, no caso de haver razões para crer que “os registos de comunicações relacionados com o crime são susceptíveis de servirem de prova e a demora possa representar grande perigo para bens jurídicos de valor relevante”. “Igualmente votámos contra (…) por considerar que Macau é um meio muito pequeno, os meios de comunicação são excelentes. Nunca houve problemas e dificuldades no contacto com os magistrados judiciais pelo que não se justifica tal urgência”, justificou. Do lado do secretário para a Segurança, foi ainda justificada a excepção de proibir a intercepção de comunicações entre o arguido e o seu defensor, com o facto de tal ser prática comum a nível mundial. “Não sei o que posso esclarecer mais sobre esta matéria. Isto é um princípio básico a nível mundial. A maior parte dos países também procede desta maneira. Caso a norma seja violada, a proposta de lei prevê sanções disciplinares”, disse segundo a TDM-Canal Macau. Durante a declaração de voto, Coutinho relembrou o artigo 32.º da Lei Básica, que estabelece que “a liberdade e o sigilo dos meios de comunicação dos residentes de Macau são protegidos pela lei”. “No futuro, resta-nos depositar a esperança e a confiança nos magistrados judiciais, para que haja um rigoroso e integral controlo judicial neste novo regime, prevenindo-se e impondo-se tolerância zero em intercepções abusivas”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTestes | Governo deixa cair medida obrigatória para nacionais das Filipinas As autoridades de saúde anunciaram ontem que os residentes e não-residentes de nacionalidade filipina vão deixar de estar sujeitos a testes diários obrigatórios à covid-19, uma medida que gerou polémica desde que foi anunciada na quinta-feira. Os testes rápidos diários vão manter-se até ao fim do mês No espaço de três dias, o Governo mudou de postura em relação à obrigatoriedade de os residentes e não-residentes de nacionalidade filipina realizarem testes de ácido nucleico diários, por serem considerados um grupo-chave. Depois do anúncio feito na quinta-feira, as autoridades anunciaram ontem que portadores de passaportes filipino e trabalhadores de gestão de condomínios deixam de estar sujeitos a testes. “Os trabalhadores de gestão de propriedades e trabalhadores filipinos deixam de pertencer a grupos-chave e, a partir de hoje [domingo] não têm de se submeter a teste de ácido nucleico diário. Mas como pertencem aos grupos das pessoas que saem de casa para trabalhar, têm de fazer um teste a cada dois dias”, referiu Leong Iek Hou, médica do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus. A medida gerou bastante polémica, com reacções de residentes, do deputado Ron Lam U Tou e de associações representativas da comunidade filipina em Macau (ver texto secundário). As autoridades anunciaram ontem a intenção de criar mais postos de testagem ao ar livre, reduzindo os postos em recintos fechados, a fim de garantir maior conveniência. “Os postos estão instalados perto das casas das pessoas, e queremos criar mais para melhor dividir as pessoas, a fim de evitar aglomerações. Já pedimos às entidades de exames e testes que elaborem um plano para ver como vão funcionar no futuro”, foi dito na conferência. Serão publicados “em breve” os modelos de funcionamento destes postos. Em relação aos testes rápidos, a população geral de Macau continua obrigada a fazê-los diariamente, pelo menos, até 31 de Julho. Presos sem saída Outro dos assuntos abordados na conferência de imprensa de ontem foi a clarificação de limites concretos às restrições que ainda vigoram durante o período de consolidação, por exemplo, se pessoas de idade avançada podem descansar um pouco em bancos de jardim ou noutros locais na rua. “As pessoas que não têm necessidade de sair devem permanecer em casa. Mas como passaram muito tempo em casa, agora podem sair para passear. Se estiverem cansadas devem voltar para casa, pois haverá risco [de infecção] caso se concentrem nas ruas”, afirmou Leong Iek Hou. No caso das saídas para jogar no casino, “devem ser cumpridas as regras de prevenção, mantendo distância” social. Em relação à gestão em circuito fechado no Estabelecimento Prisional de Macau (EPM), foi referido que os reclusos não podem sair da ala do edifício onde foram colocados para fazer outro tipo de actividades ou exercício físico. “Os reclusos não saem das alas, mas o EPM tem acompanhado a sua saúde mental. Cada recluso pode ter um tempo ao telefone para falar com os familiares. Caso haja necessidade os psicólogos e assistentes sociais podem intervir”, afirmou a representante do centro de coordenação de contingência. Sobre os custos da adjudicação do serviço de fiscalização dos hotéis em quarentena ao hospital da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, as autoridades voltaram a prometer avançar valores numa fase posterior. Antes da revogação, a exigência de testes NAT diários a filipinos causou polémica O anúncio da obrigação de todos os portadores de passaporte das Filipinas fazerem testes de ácido nucleico diariamente provocou de imediato reacções, que se prolongaram durante o fim-de-semana. Antes da revogação anunciada ontem, o HM recolheu algumas reacções, como a do advogado Paulo Carochas, que entendeu tratar-se de uma medida discriminatória e violadora não apenas dos princípios de direitos fundamentais constantes na Lei Básica como ainda do princípio da igualdade e da proporcionalidade constante no Código do Procedimento Administrativo. “Trata-se de uma medida mal pensada pelo Governo, que chocou muitos residentes de Macau”, defendeu. “A justificação das autoridades de Macau é de que dez por cento dos infectados, desde o início da pandemia, são de nacionalidade filipina. Impõe-se a pergunta: quem são os outros 90 por cento? Qual a percentagem dos portugueses, dos chineses? É uma medida claramente desproporcional.” O deputado Ron Lam U Tou e uma associação acusaram também o Governo de discriminação racial. Ron Lam U Tou defendeu que a decisão violava o princípio da prevenção e controlo, além de se tratar “simplesmente de uma restrição tão simples e brutal relativa à etnicidade que pode também violar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, que se aplica a Macau”. A presidente da União Progressista dos Trabalhadores Domésticos, Jassy Santos, também considerou a medida de racista e questionou a sua lógica. “É racismo e discriminação (…) Se o Governo é sério, porquê apenas os passaportes filipinos? Será que isto significa apenas que espalhamos o vírus? Porque é que o vírus só se propaga através do titular do passaporte”, perguntou. Medidas sem nexo O economista José Félix Pontes também se mostrou contra a polémica medida. “Será que não se quer reconhecer publicamente que a propagação dos casos de infecção no seio dos filipinos tem mais a ver com a sua situação precária de alojamento, devido aos baixos salários e valores descontrolados das rendas, factores que os forçam a viver nessas condições?” Além disso, lembrou que muitos filipinos vivem com pessoas de outras nacionalidades, quer em contexto de trabalho ou pessoal. “Há o facto indesmentível de que, em centenas de apartamentos, residem e convivem filipinos com pessoas de outras nacionalidades. Nestes casos, os cônjuges ou empregadores não são consideradas pessoas de contacto próximo e não deveriam ser também submetidos a testes diários?”, inquiriu. Sem casos na comunidade No sábado foram detectados cinco casos positivos nas zonas vermelhas e hotéis de quarentena durante a fase de gestão e controlo, sem que tenham sido encontradas infecções na comunidade pelo segundo dia consecutivo, anunciaram ontem as autoridades de saúde. Desde 18 de Junho, a contabilidade totalizava 1.810 casos de covid-19. Até às 08h de ontem as autoridades acompanhavam 22.899 indivíduos, 3.543 pessoas de contacto próximo, 12.380 indivíduos com os mesmos itinerários dos casos confirmados, 1.360 indivíduos de contactos próximos por via secundária, 253 contactos gerais e 786 acompanhantes. Ontem foi ainda divulgado que mais 32 pessoas infectadas tiveram alta, num total de 445 desde o início do surto. Estaleiros | Trabalhadores submetidos a testes diários Os trabalhadores da construção civil que trabalhem em estaleiros de obras estão, desde ontem, sujeitos a testes diários de ácido nucleico, mas isso não será condição para irem trabalhar. O anúncio foi feito no sábado pela médica Leong Iek Hou, que justificou a medida com a necessidade de “reforçar a monitorização da situação de saúde dos estaleiros e dos seus trabalhadores”. “Vamos considerar os operários dos estaleiros como grupo-chave. Com o início do período de consolidação os estaleiros vão retomar as obras e, para reforçar a monitorização de saúde nos estaleiros e dos seus trabalhadores, estes passam a ser incluídos no grupo-chave (…) a partir de 24 de Junho [ontem] têm de fazer o teste de ácido nucleico diário. No entanto, devem prestar atenção que o teste de ácido nucleico diário não é considerado como condição para irem trabalhar e, por isso, os trabalhadores não têm de se deslocar com urgência para fazer o teste antes do trabalho”, explicou. Crime | Apanhado sem máscara, carta de condução em moto roubada Um homem de 30 anos vai ser acusado de vários crimes, após ter sido apanhado a conduzir uma mota sem máscara, violando assim as medidas de prevenção da pandemia. Contudo, viria a revelar-se o menor dos seus delitos, dado que o suspeito não tinha carta de condução, estava a conduzir na Ponte Nobre de Carvalho (onde é proibida a passagem de motas) e a mota tinha sido roubada. “Detectámos uma mota (…) a circular no sentido Macau-Taipa (…) e, após a investigação, concluímos que se trata de um residente de Macau de 30 anos de idade que pegou numa mota que tinha a chave na ignição. O suspeito guiou esta mota que não lhe pertencia para ir passear e, durante a sua utilização, não utilizou a máscara. Por isso, violou a lei (…) de prevenção e controlo de doenças transmissíveis e (…) o código penal por furto de veículo. Além disso, não tinha cartão de condução”, explicou no sábado Lei Tal Fai do CPSP, segundo a TDM-Canal Macau. Por osmose Desde ontem, que as zonas circundantes às zonas vermelhas passaram a ser definidas como zonas amarelas. O anúncio foi feito no sábado e implica que os moradores das novas zonas amarelas tenham de fazer testes de ácido nucleico no primeiro, segundo, terceiro, quinto e sétimo dia desde que a zona for assim definida. Segundo a TDM-Rádio Macau, na mesma ocasião foi também definido que as pessoas que habitam na zona das Portas do Cerco e do Mercado do Iao Hon, estão obrigadas a fazer, desde ontem, a fazer testes de ácido nucleico durante três dias consecutivos. Com Lusa
Hoje Macau Manchete SociedadeHá imigrantes em Macau a sobreviver da doação de alimentos, dizem associações Associações de Macau disseram à Lusa que há trabalhadores imigrantes com graves carências de bens de primeira necessidade que sobrevivem apenas da doação de alimentos, devido à perda de salários. “Na verdade, não sei como vamos sobreviver, mas pedimos comida uns aos outros, cada grupo [comunitários filipino] dá assistência alimentar”, disse a presidente do Sindicato Progressivo dos Trabalhadores Domésticos em Macau, Jassy Santos, na semana em que os trabalhadores se encontram sob licença sem vencimento, situação que deverá terminar amanhã. Outra associação filipina, a Aliança Comunitária Filipina, disse que os trabalhadores receiam não ter salário suficiente para pagar as despesas de subsistência até ao próximo mês. “Precisamos de pagar o arrendamento da casa e contas de eletricidade”, para além da alimentação, disse o presidente, Hazhel C. Mamamngon, que recebeu mais de 200 pedidos de ajuda durante o confinamento parcial, além do apoio a mais de 60 imigrantes isolados num hotel, a cumprirem quarentena obrigatória. Hazhel C. Mamamngon revelou também que os trabalhadores filipinos estão igualmente a pedir ajuda financeira e alimentar através de organizações governamentais, tais como o Consulado Geral das Filipinas, a Oficina do Trabalho Estrangeiro das Filipinas e a Administração do Bem-Estar dos Trabalhadores Estrangeiros (OWWA) ao longo do confinamento. De acordo com a OWWA, os trabalhadores filipinos que apresentam sintomas à covid-19 e que necessitam de hospitalização ou isolamento podem beneficiar da assistência financeira da agência Covid After Care no valor de 200 dólares. Contudo, Jassy Santos disse que a assistência das autoridades filipinas é insuficiente, e criticou a OWWA por nem todos poderem receber os benefícios. “Não é suficiente. (…) Eles não deram a comida suficiente. (…) “Sim, há uma ajuda de 200 dólares, mas só para os mais afectados”, sublinhou. Ambas as associações filipinas receberam queixas de que alguns empregadores não estão a fornecer alimentos a empregados domésticos que vivem nas suas casas e alguns são obrigados a trabalhar horas extraordinárias sem pagamento. Pobres e mal pagos Entretanto, o Sindicato dos Trabalhadores Migrantes Indonésios (UTMI) indicou que está a recolher donativos para ajudar pessoas em necessidades da sua comunidade. “Os nossos principais doadores são os nossos amigos, que ainda têm emprego, alguns indonésios que vivem aqui, organização muçulmana indonésia, alguns amigos e associações locais”, disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Migrantes Indonésios, Yosa Wari Yanti, observando que o Governo indonésio ainda não prestou ajuda: “Telefonei para o consulado indonésio em Hong Kong, mas, até agora, ainda nenhuma acção”. Uma associação que representa a comunidade muçulmana também se organizou para prestar apoio. “Há alguns que são afectados por este bloqueio parcial (…) e nós organizamos comida para eles em restaurantes seleccionados, que tenham comida ‘halal’, sendo que os números de não-residentes que precisam de ajuda devido à ausência de pagamento do ordenado está a aumentar”, observou um membro da comunidade muçulmana, Bilal Khalil. “Estamos a tentar o nosso melhor para ajudar todas as comunidades, mesmo (…) não-muçulmanas”, esclareceu Bilal Khalil. Segundo dados da UTMI, um trabalhador doméstico recebia entre 3.000 e 5.000 patacas por mês. Com a actual escassez de mão-de-obra, o salário mensal terá aumentado para valores entre 4.000 e 6.000 patacas, quando o rendimento mensal médio da população empregada é 16.000 patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeConsolidação | Negócios que vão continuar a meio gás fazem contas à vida Os negócios que vão continuar encerrados, em regime de take-away ou a funcionar online durante o período de consolidação fazem contas à vida para se manterem à tona, e há mesmo quem considere fechar portas. A perda de clientes portugueses e chineses que abandonaram Macau é a cereja no topo do bolo das dificuldades A transição do confinamento parcial para o período de consolidação, que começa amanhã, fará pouca diferença para a instrutora de yoga Rita Gonçalves, que fundou há quase 8 anos o Yoga Loft na zona do Largo de Senado, espaço que permanecerá fechado. As expectativas de abertura caíram por terra na quarta-feira quando foi publicado no Boletim Oficial o despacho do Chefe do Executivo que dá conta da abertura dos espaços comerciais que estão na via pública, mantendo-se o encerramento de negócios como ginásios, cinemas, parques ou espaços fechados de entretenimento. Os centros de explicações continuam a funcionar online. “Tem sido complicado”, confessou Rita Gonçalves ao HM. “No meu caso, os professores só recebem quando dão aulas, imagine se eu tivesse de pagar salários. Gostava de ver a situação gerida de forma diferente e deveríamos aprender a viver com o vírus. Preferia voltar ao período que tínhamos antes, sem usarmos máscara o tempo todo e com as coisas abertas. Não consigo exercer a minha actividade com aquela máscara”, declarou. Fernando Sousa Marques, que gere o restaurante Macau Gourmet Café&Bistro junto ao edifício dos CTT, também no Leal Senado, estima já ter perdido cerca de 800 mil patacas mantendo o regime de take-away. “A maior parte das empresas que fazem este serviço só funcionam em Macau [na península], se fossem para a Taipa tinha mais negócio, porque há mais estrangeiros.” O empresário do sector da restauração lamenta que na conferência de imprensa do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus não tenham ficado esclarecidos pontos sobre as licenças sem vencimento ou os apoios prometidos para os salários de trabalhadores. “Se houver esse apoio será excelente, e assim conseguirei manter [o negócio]. Não consigo pagar salários e já dei comida aos meus empregados. Servia uma média de 60 a 70 almoços por dia e até ao final do mês não deverei ter grande movimento”, disse. Fernando Sousa Marques destaca ainda a inflação que tomou conta da economia local, o que torna a sobrevivência dos negócios num desafio ainda maior. “Antes comprava carne de porco a 90 patacas o quilo, hoje compro a 200. Como faço pratos depois com lucro?”, questiona, acrescentando que desistir não está no seu vocabulário. “Não pondero fechar, mas sim mudar o conceito, apostar em pratos mais baratos, para acompanhar a economia.” Susana Diniz, fundadora de um centro de formação que aposta em clubes de leitura em português para crianças, já tinha o Verão preparado com actividades pedagógicas, mas mais uma vez terá de mudar os planos. “Tenho algumas aulas online, mas não é a mesma coisa. Começamos a perder forças para aguentar tudo isto. O Verão é sempre uma boa altura, por causa das férias. Diria que vou perder cerca de 100 mil patacas este mês e em Agosto.” A curto prazo, Susana Diniz pretende manter o centro a funcionar online. Todas as terças-feiras, são organizadas sessões de cinema online, e às quintas-feiras o foco é a leitura. “O regime online não dá para suportar as despesas mensais. Estou a tentar manter um jogo de cintura para ver se vai dar, esperando pelo regresso das aulas em Setembro.” Clientes a ir embora Além dos negócios que se mantêm a meio gás, junta-se outro ingrediente explosivo para quem tenta sobreviver financeiramente: os clientes habituais que já deixaram Macau de vez devido às restrições impostas no território. “O mais complicado não é estar fechada há um mês, mas ver as pessoas a partirem. Os negócios estão a perder clientela, porque deixa de ser vantajoso estar cá. Desde o princípio do ano, já disse adeus a sete alunas regulares, não apenas portuguesas, mas também chinesas, com cerca de 50 anos que decidiram deixar o trabalho e ir para Inglaterra.” Fernando Sousa Marques assinala dificuldades semelhantes no seu restaurante. “Notam-se menos clientes portugueses e é uma pena, mas já estavam a ir embora [antes do surto]”. Por estes dias, manter negócios em Macau é um permanente jogo de sobrevivência. Rita Gonçalves pondera deixar de jogar. “Já estou a equacionar [fechar o Yoga Loft] juntamente com a minha família. Tal como outras pessoas, estamos a ver mais possibilidades. Se o meu marido for despedido ficamos numa situação complicada e será difícil. Se tiver de fechar continuarei com a minha vida, pois sei fazer muitas coisas. Não tenho medo de sair para Portugal ou Singapura”, rematou.
Pedro Arede Manchete SociedadeCovid-19 | Nacionais filipinos obrigados a testes diários A partir de hoje, todos os nacionais das Filipinas estão obrigados a fazer testes diários à covid-19. Segundo a médica Leong Iek Hou, a medida é explicada devido “à sua cultura”, que implica muitos encontros e visitas e ao facto de representarem 10 por cento dos casos confirmados. Pessoas que vivem ou estiveram nas redondezas da Rua de São José, Rua da Praia do Manduco, Jardim Camões e Rua da Barca serão submetidos a testes durante três dias Residentes ou não, a partir de hoje e por tempo indeterminado, todos os portadores de passaporte das Filipinas estão obrigados a fazer um teste de ácido nucleico diário. Segundo as autoridades de saúde, tomando como referência apenas a nacionalidade, os cidadãos filipinos que estão no território foram considerados um novo “grupo-chave” por haver “mais riscos de infecção” por covid-19. As empregadas domésticas que estão a pernoitar em casa dos patrões também terão de fazer os testes diários. “Vamos considerar todas as pessoas de nacionalidade filipina como um grupo-chave, porque verificámos que há mais riscos de infecção entre este grupo de pessoas, registando maior proporção de infecção. Por isso, para uma intervenção precoce (…) exigimos que todas as pessoas portadoras de passaporte filipino efectuem testes de ácido nucleico diariamente a partir de 22 de Julho [hoje]”, começou por anunciar ontem, Leong Iek Hou, Chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis. Questionada sobre as razões na base da decisão, a responsável justificou que tal se deve ao facto de 10 por cento do total de 1.795 casos confirmados desde o dia 18 de Junho, dizerem respeito a pessoas de nacionalidade filipina. Quando questionada se a medida não poderia ser considerada discriminatória e geradora de constrangimentos desnecessários a uma classe, já de si, mais vulnerável, Leong Iek Hou não respondeu directamente, mas frisou que não se podem correr riscos durante a fase de consolidação que começa amanhã. Além disso, a médica referiu que “devido à sua cultura”, os nacionais filipinos promovem “mais encontros e visitas” entre si, implicando um maior risco de transmissão da doença. “De acordo com os novos casos detectados, especialmente na comunidade, muitos deles são de nacionalidade filipina e até são residentes de Macau. Se calhar, devido à sua cultura, fazem muitos encontros e visitas entre eles. Entre 1.795 casos confirmados, 171 casos são de pessoas com nacionalidade filipina, pelo que (…) há um elevado risco de transmissão de covid-19 entre este grupo. Por isso, queremos reforçar a testagem entre estas pessoas. Neste período de consolidação, queremos unir esforços para detectar os grupos de maior risco”, apontou. Além de todos os nacionais filipinos, fazem parte dos chamados grupos-chave, que terão de fazer testes diários, trabalhadores que prestam serviços de limpeza, seguranças, pessoal do sector da restauração e da administração de condomínios e condutores de transportes públicos. Vê por onde andas Durante a conferência de imprensa foi ainda anunciado que todas as pessoas que habitem, trabalhem ou tenham permanecido, desde a passada segunda-feira, durante mais de 30 minutos nas zonas envolventes à Rua de São José, Jardim Camões, Rua da Praia do Manduco e Rua da Barca, terão de fazer testes de ácido nucleico durante três dias seguidos. “Classificámos algumas novas zonas-chave. Todas as pessoas e trabalhadores que tenham estado nestas zonas precisam fazer um teste de ácido nucleico durante três dias consecutivos (…), ou seja as pessoas que moram, trabalham ou qualquer pessoa que tenha circulado nestas zonas durante mais de meia-hora a contar do dia 18 de Julho, precisa, a partir de 22 de Julho [hoje], de fazer um teste de ácido nucleico durante três dias seguidos”, explicou Leong Iek Hou. Segundo a médica, estima-se que o universo em causa seja de 20.000 pessoas para a área da Rua de São José e de cerca de 15.000 para a zona do jardim Camões, não havendo isenções para grupos vulneráveis. Detido por ir à praia O chefe da Divisão de Ligação de Assuntos Policiais e Relações-Públicas dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), Cheong Kin Ian, revelou ontem que foi acusada mais uma pessoa suspeita de violar a lei de prevenção da pandemia, elevando assim para 29 o número de acusações desde 11 de Julho. Em causa, está um homem que decidiu guiar o seu veículo até à praia “sem justificação”. “Desde 11 de Julho, já fizemos 29 acusações devido à violação da lei de prevenção e controlo de doenças transmissíveis. Hoje [ontem] houve mais um caso de acusação. Em causa está um arguido que guiou o seu carro até uma zona de praia sem justificação”, disse Cheong Kin Ian. No decorrer do dia de ontem, foram feitos 929 avisos até às 15h. 12 novos casos No quarta-feira, Macau registou 12 novos casos de covid-19, elevando para 1.795 o total de infectados registados desde o dia 18 de Junho. Segundo o Centro de Coordenação, dos 12 novos casos confirmados, 11 foram registados em zonas vermelhas ou hotéis de quarentena e apenas um foi detectado na comunidade. O caso comunitário foi encontrado durante a testagem em massa. Até às 08h de ontem, foi feito o acompanhamento de 22.353 pessoas. Confirmada sexta morte O médico adjunto da direcção do Hospital Conde de São Januário, Lei Wai Seng anunciou ontem a sexta morte associada à covid-19 desde o início do surto. Trata-se de um idoso não vacinado contra a covid-19, com 93 anos e portador de uma doença crónica. “Um homem de 93 anos faleceu hoje [ontem] por volta das 03h da madrugada devido a várias complicações (…) no sistema respiratório. Este homem não tinha qualquer vacina”, apontou. No seguimento do anúncio, Lei Wai Seng fez referência à situação de Hong Kong para lembrar que a maior parte dos casos mortais no território vizinho, dizem respeito a pessoas não vacinadas contra a doença.
Pedro Arede Manchete SociedadeSands com prejuízo de 422 milhões de dólares no segundo trimestre A Sands China anunciou um prejuízo de 422 milhões de dólares no segundo trimestre do ano, mais do dobro das perdas registadas no mesmo período do ano passado. O presidente do grupo considera que a saída da maioria dos promotores de jogo de Macau vai permitir “recuperar espaço de jogo” que pode ser usado para explorar novas vertentes premium do jogo de massas A operadora de jogo Sands China anunciou, na quarta-feira, um prejuízo de 422 milhões de dólares americanos (cerca de 3.41 mil milhões de patacas) no segundo trimestre do ano, ou seja, mais do dobro das perdas registadas no mesmo período de 2021. Segundo dados consultados pela agência Lusa, no primeiro trimestre do ano passado, a Sands China contabilizou um prejuízo de 166 milhões de dólares, mas o cenário também é negativo quando comparado com o trimestre anterior deste ano, altura em que a operadora registou perdas de 336 milhões de dólares. Além disso, o desempenho da Sands China nos primeiros três meses de 2022 já se tinha relevado pior do que o do último trimestre de 2021 e do que aquele verificado em igual período do ano passado. Recorde-se que, em 2021, a Sands China registou um prejuízo de 1,05 mil milhões de dólares, a reboque da contínua redução de visitantes do Interior da China e devido às restrições impostas devido à pandemia de covid-19. Durante a videochamada para anunciar os resultados do grupo, Robert Goldstein, presidente e CEO da Las Vegas Sands, começou por dizer, segundo o portal GGR Asia, que espera a chegada de dias melhores “em breve”, com um “aumento considerável” de visitantes a chegar Macau. Janela de oportunidade Acerca das transformações profundas que o sector do jogo está a enfrentar, empoladas pela nova legislação que prevê que cada promotor de jogo só possa exercer actividade com uma concessionária, Robert Goldstein aponta que, na verdade, a perda de margem de manobra dos junkets pode traduzir-se em novas oportunidades de lucro através da conversão do espaço de jogo, anteriormente destinado ao jogo VIP, em mais áreas de exploração de vertentes premium do jogo de massas. “Estamos felizes por recuperar estes espaços [dedicados ao jogo VIP]”, começou por dizer. “O negócio dos promotores de jogo, nunca duvidámos, sempre foi desafiante em termos da gestão das margens de lucro. Estou grato por termos recuperado este espaço que podemos agora reorganizar e reaproveitar. Considero que esta movimentação poderá acrescentar todo o tipo de oportunidades para a vertente de massas, premium de massas e vertente premium por si só. Para mim, esta é uma transição muito valiosa que se pode traduzir em maiores margens de lucro”, apontou Goldstein segundo o portal GGR Asia. Sobre o concurso público para a atribuição de concessões de jogo, o presidente da Las Vegas Sands aplaudiu a forma como o Governo tem gerido o processo e considera que “a maioria dos receios foram dissipados”. “Estamos muito satisfeitos com a clareza transmitida pelo Governo. O processo está a decorrer muito bem e acho que muitos dos receios iniciais levantados por algumas pessoas foram eliminados. Considero que as operadoras estão satisfeitas com a forma como tudo está a decorrer (…) e estamos esperançosos de que vamos alcançar um desfecho positivo”, referiu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaApoios financeiros | Governo não vai além do limite máximo de rendimentos de 600 mil patacas Estão aprovados os planos de apoio financeiro de 20 mil milhões de patacas para empresas e famílias que lidam com a crise gerada pela pandemia. Governo vai manter limite máximo de rendimentos em 600 mil patacas, mas não irá além desse montante. Deputados dizem que muitas profissões vão ficar de fora A Assembleia Legislativa aprovou ontem uma nova alteração ao Orçamento deste ano tendo em conta as duas rondas de apoio, de dez mil milhões de patacas cada, destinadas a famílias e empresários. O Executivo prevê que o auxílio chegue aos destinatários a partir de Agosto. A votação contou com 91 por cento de votos favoráveis, na lei aprovada uma sessão plenária realizada por videoconferência. O Orçamento para este ano será, assim, reforçado em 35,1 mil milhões de patacas retirados da Reserva Financeira, com 14.560 mil milhões de patacas a tapar o buraco deixado pelas receitas públicas apuradas com o imposto especial sobre o jogo entre Janeiro e Julho. Dos apoios ficam de fora os residentes que obtiveram ganhos anuais, em 2020 e 2021, superiores a 600 mil patacas. Recorde-se que o Governo anunciou o aumento do limite máximo de rendimentos para atribuir apoios de 480 mil para 600 mil patacas. “A fim de garantirmos um uso racional dos fundos públicos, não vamos aumentar o montante além de 600 mil patacas”, disse Iong Kong Leong, director dos Serviços de Finanças, que explicou que haverá outras medidas adicionais, como o cheque pecuniário, entre outros. Logo no início do surto, a 19 de Junho, foram anunciados apoios no valor de dez mil milhões de patacas, onde se inclui um pacote de sete medidas como a devolução do imposto domiciliário aos sectores industriais e comerciais, a isenção do imposto de turismo e apoios a taxistas para fazer face ao aumento do preço dos combustíveis. Estão incluídas também ajudas a profissionais liberais e lojas e estendido o prazo para pequenas e médias empresas (PME) devolverem o montante dos empréstimos concedidos pelo Governo. Até 31 de Dezembro de 2023 pagam apenas juros. No passado dia 3 de Julho, o Governo alargou os apoios a profissionais liberais. O “Plano de apoio pecuniário aos trabalhadores, aos profissionais liberais e aos operadores de estabelecimentos comerciais” prevê que os residentes, que trabalhem por conta de outrem, e que tenham tido um rendimento anual, em 2020 e 2021, até 600 mil patacas, recebam 15 mil patacas anuais. Os profissionais liberais contribuintes do imposto profissional do segundo grupo, que tenham declarado rendimentos inferiores a 240 mil patacas no ano passado, recebem entre 15 mil e 300 mil patacas. O valor é calculado com base nos dez por cento da média dos custos operacionais destes profissionais entre 2019 e 2021. É ainda atribuído aos operadores de espaços comerciais entre 30 mil e 500 mil patacas, calculados com base em dez por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021. Neste caso, é necessário ter declarado lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021. Muitos deputados questionaram a mudança no limite máximo dos apoios, alegando a exclusão de algumas profissões. Leong Sun Iok alertou para o facto de as profissões liberais serem diferentes em termos de rendimentos, exemplificando com os guias turísticos. “Foram muito penalizados pela pandemia, e dizem que 15,000 patacas não são suficientes para aliviar as necessidades. Há muitos desempregados, este apoio não é suficiente.” Os deputados José Pereira Coutinho e Ron Lam U Tou defenderam a criação de moratórias para famílias que têm empréstimos bancários. “Sem essas medidas, como podemos apoiar estas medidas?”, questionou Ron Lam U Tou. O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, frisou que “80 por cento dos locais beneficiam das medidas”. Fluxo contínuo Cumprindo a tradição legislativa, à aprovação esmagadora das leis juntam-se as habituais críticas, desta vez por se recorrer demasiadas vezes à Reserva Financeira para colmatar a quebra nos impostos do jogo. “Parece que a Assembleia Legislativa (AL) é uma máquina ATM. Este ano é a segunda vez que fazemos uma alteração ao Orçamento. Depois de tantas vezes não teremos mais dinheiro no cofre”, acusou o deputado José Pereira Coutinho. “Houve uma dedução das receitas do Governo e teremos de recorrer à Reserva Financeira, o que é bastante preocupante. Como podemos usar o erário público de forma racional e alargar as fontes de receitas?”, questionou Ip Sio Kai. Lei Wai Nong, adiantou que o dinheiro da Reserva Financeira deve ser usado nestes casos extremos. “Temos de ter suporte financeiro para implementar as medidas em prol da população. A 19 de Junho lançámos um plano de apoio, mas, entretanto, enfrentamos novas mudanças. Temos de usar o erário público para resolver estes problemas e depois tudo poderá voltar à normalidade.”
Hoje Macau Manchete PolíticaGoverno da RAEM repudia relatório dos EUA sobre tráfico humano A inclusão de Macau na lista negra do relatório anual do Departamento de Estado dos EUA sobre tráfico humano, motivou o Gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak a emitir uma nota onde considera “inaceitável” a tomada de posição norte-americana. Segundo o secretário para a Segurança, as críticas feitas por Washington são “presunçosas” e “preconceituosas” e não reflectem com veracidade a situação real de Macau. Isto, tendo em conta que, apesar do impacto da pandemia de covid-19, Macau tem seguido a lei do “combate ao crime de tráfico de pessoas” e as estratégias internacionais nos últimos dois anos, tendo conseguido manter o número de ocorrências “num nível baixo o nulo”. “A situação de Macau nunca foi fielmente retratada ao longo dos anos, nos relatórios dos EUA. O lado americano continua a fazer julgamentos presunçosos e preconceituosos sobre a aplicação das leis e do sistema judicial de Macau, com a sua habitual falta de conhecimento sobre a situação real de Macau. Isto é lamentável e enfurecedor”, pode ler-se na nota. Além disso, Wong Sio Chak apontou ainda que, através das suas observações acerca da situação de prevenção e controlo do tráfico humano em Macau, o Governo norte-americano procura “confundir a comunidade internacional”, através de “pressupostos subjectivos e interpretações tendenciosas” que pretendem “obliterar os esforços feitos por Macau”. Continuar a trabalhar Ainda assim, pode ler-se no comunicado, o Governo assegura que “irá continuar a trabalhar com todos os sectores da comunidade para prevenir e controlar o tráfico humano e proteger os legítimos interesses dos seus residentes” e reforçar os mecanismos de cooperação internacional. Segundo o portal France 24, o relatório do Departamento de Estado da Casa Branca aponta que Macau não providenciou, pelo terceiro ano consecutivo, “qualquer serviço ou apoio a vítimas de tráfico humano”. Além de Macau, também o Vietname, Camboja, Brunei e Bielorrússia fazem agora parte da lista negra do tráfico humano que consta no relatório, juntando-se à repetente Malásia.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHabitação | Surto expôs más condições dos prédios antigos Os edifícios San Mei On e Kat Cheong, na zona norte da península, estão selados há algumas semanas por terem sido decretadas zonas vermelhas. Os edifícios apresentam sinais evidentes de degradação e más condições de saneamento e higiene. Arquitectos ouvidos pelo HM afirmam que o surto evidenciou um problema de décadas: o da má habitação Por estes dias, o lixo acumulado nas áreas comuns do edifício San Mei On, no bairro do Iao Hon, na zona norte da península de Macau, foi amplamente noticiado e alvo de comunicados das entidades públicas. O prédio, com cerca de cinco décadas de construção e designado como zona vermelha, está selado há quase um mês, apresenta sinais evidentes de degradação e falta de manutenção. Situações que agravam as condições de habitabilidade e segurança de quem está “preso” em casa, muitas vezes sem possibilidade de assegurar o distanciamento físico. Dois arquitectos ouvidos pelo HM defendem que o surto de covid-19 veio evidenciar as más condições de habitabilidade nas zonas mais antigas do território. “A maximização do rendimento em detrimento de tudo o resto foi sempre uma prática comum em Macau”, defende André Ritchie. “Acrescenta-se a isso uma atitude geral de desinteresse pela manutenção dos edifícios, o que resulta em quarteirões inteiros com condições de habitabilidade muito pouco dignas.” O arquitecto macaense não tem dúvidas de que factores como a falta de espaço, má higiene e pouca salubridade dos prédios “favorecem a propagação do vírus”, circunstâncias que acabam por afectar particularmente as classes mais baixas e vulneráveis. “O caso do edifício San Mei On não se limita à arquitectura e ao desenho urbano. A classe menos favorecida da população vê-se obrigada a residir nessas condições, sendo escassas as alternativas economicamente viáveis. Famílias numerosas, às vezes contando até três gerações, partilham apartamentos de área reduzida para tal. A alta densidade urbana regista-se não só à escala macro, mas também dentro de casa”, frisou. Tudo ao molho A situação tem-se agravado nos últimos dias, com os moradores a queixarem-se de falhas na gestão do surto e de informações vagas quanto à continuação do confinamento. Por outro lado, entidades como o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) têm apontado o dedo a quem lá vive, atribuindo a responsabilidade pela falta de higiene e excesso de lixo doméstico nas áreas comuns a quem está fechado em casa. Os moradores têm defendido que deveriam ter sido colocados num hotel para fazer a quarentena, como aconteceu no ano passado, ideia com a qual o arquitecto Mário Duarte Duque concorda. “A gestão da pandemia deveria estar a corrigir essas situações quando isso passou a ser um factor de risco para a saúde pública”, disse. Isto porque estão em causa “moradores que pagam renda por cama a proprietários ou arrendatários”, sendo que “presentemente muitos seguram os seus postos de trabalho sem vencimento”. O arquitecto ressalva que existe um “número máximo legal” de habitantes por apartamento, consoante a tipologia, que acaba por ser ultrapassado constantemente. “A gestão do surto pandémico não teve em conta as situações de grande parte da população trabalhadora não-residente, que habita em fogos convertidos em dormitórios. São situações que não deveria ser uma preocupação porque não deveriam estar a acontecer em prédios habitacionais”, concluiu o arquitecto. Além da má qualidade dos prédios, acresce ainda o problema dos esgotos. Exemplo disso foi o incidente ocorrido na terça-feira, quando o IAM foi chamado para limpar esgotos num restaurante junto ao edifício Kat Cheong.
Pedro Arede Manchete SociedadeViolência doméstica | Assegurado apoio económico e abrigo face a aumento de casos Questionado sobre o aumento de casos de violência doméstica durante a pandemia, o Governo respondeu que a lei tem mecanismos para garantir o acolhimento temporário e apoio económico e judiciário urgente “independentemente da qualificação penal” dos actos. Num cenário em que a revisão legal não parece estar em cima da mesa, o IAS promete “acelerar” aprovação de pedidos de ajuda Alertado pela deputada Wong Kit Cheng para o aumento do número de casos de violência doméstica que tem surgido a reboque da pandemia de covid-19 e para as limitações que a lei vigente oferece em termos de execução de medidas de protecção, o Instituto para a Acção Social (IAS) garante que a legislação que está em vigor desde 2016, detém mecanismos suficientes para ajudar as vítimas deste tipo de casos. Recorde-se que, de acordo com os dados do próprio IAS citados por Wong Kit Cheng, em 2021 registaram-se 81 casos suspeitos de violência doméstica, representando um aumento significativo para mais do dobro, em comparação com o total de 38 casos registados em 2020. Além disso, numa interpelação enviada ao Governo, a deputada alerta para o facto de ser “cada vez mais notória a forma como a situação económica de Macau está a ser afectada pela epidemia” e como isso se traduz no aumento de pedidos de ajuda relacionados com conflitos familiares e violência doméstica. Perante as preocupações de Wong Kit Cheng, o IAS garante que a actual lei da violência doméstica permite às vítimas recorrer a um acolhimento temporário, e receber apoio económico e judiciário urgente, mesmo que o caso não tenha formalmente resultado numa acusação. “Nos termos das disposições da Lei de violência doméstica, a intervenção do IAS ou de outras entidades públicas em situações de violência doméstica, ou em situações de risco, ocorre independentemente da qualificação penal dos actos em causa”, pode ler-se na resposta assinado pelo presidente do IAS, Hon Wai. Além disso, é apontado, mesmo nos casos suspeitos de violência doméstica podem ser aplicadas as “diversas medidas de protecção e de apoio” previstas na Lei da Violência Doméstica tais como, acolhimento temporário em instalações de abrigo, assistência económica de urgência, apoio judiciário urgente, acesso gratuito a cuidados de saúde, assistência no acesso ao ensino ou ao emprego, aconselhamento individual e familiar e prestação de aconselhamento jurídico. Apoio instantâneo Sobre o apoio económico destinado às vítimas de violência doméstica, o IAS assegura ainda que estão previstos vários cenários e que tudo fará para “acelerar” o processo de avaliação e aprovação dos pedidos de ajuda. “Pelo facto de a vítima não ter emprego ou não poder trabalhar temporariamente devido às lesões que a violência doméstica lhe causou (…) o IAS irá seguir os procedimentos adoptados para o tratamento de casos, no sentido de acelerar o processo de avaliação e aprovação do respectivo pedido de assistência económica de urgência, com vista a ajudar a vítima ou sua família a atravessar as dificuldades”, aponta o IAS. De frisar ainda que em 2021, além da violência conjugal, ocorreram 30 casos de violência contra crianças, uma fatia de 37,1 por cento. Sobre o perfil profissional dos agressores, 34,6 por cento não tem rendimentos, enquanto que 35,9 por cento está “inactivo”. Sobre o nível de ensino, 27,2 por cento tem o ensino secundário completo. Desde 2016, a violência doméstica é um crime público, o que significa que qualquer pessoa fora do contexto familiar pode alertar as autoridades se observar uma situação de violência e o processo crime não depende de queixa. No entanto, em 2021, apenas 3,7 por cento dos casos foram apresentados por pessoas externas às ocorrências.
Pedro Arede Manchete PolíticaImigração ilegal | Infracções caíram de 2.313 para 372 desde 2015 Entre 2015 e 2021, o número de imigrantes ilegais interceptados anualmente em Macau caiu de 2.313 para 372. Segundo o Gabinete do secretário para a Segurança, os dados mostram que foram alcançados “resultados significativos” graças à aposta no combate ao contrabando, utilização de tecnologia e criação do Mecanismo de Prevenção Conjunto com o Interior da China Em resposta a interpelação escrita de Ella Lei, o Gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, rejeitou a preocupação demonstrada pela deputada em relação à eficácia das acções de combate à imigração ilegal e respondeu com números. Segundo o Governo, desde 2015, ano da criação do Mecanismo de Prevenção Conjunto com o Interior da China, o número de imigrantes ilegais interceptados anualmente diminuiu, progressivamente, de 2.331 para 372, em sete anos. A única excepção em relação à tendência, foi registada em 2019. “Desde a criação do Mecanismo de Prevenção Conjunto, o número de imigrantes ilegais interceptados anualmente entre 2015 e 2021, foi de 2.313, 1.553, 1.061, 814, 1.016, 611 e 372, diminuindo ano após ano, à excepção de 2019, altura em que se verificou um ligeiro aumento”, pode ler-se na resposta assinada pelo chefe do Gabinete, Cheong Ioc Ieng. De acordo com a explicação apresentada por escrito, os números registados ao longo dos últimos sete anos são demonstrativos dos “resultados significativos” e do sucesso da estratégia de combate ao crime e à migração ilegal levadas a cabo nos últimos anos. Nomeadamente, é apontado, a bem-sucedida aposta no combate ao contrabando, que tem sido “um dos principais alvos das operações regulares” das forças de segurança. Recorde-se que na interpelação escrita enviada ao Governo, Ella Lei disse que a ocorrência frequente de situações de imigração ilegal e contrabando por via marítima e terrestre coloca uma “certa ameaça à ordem publica” e que as autoridades deviam, por isso, “rever e aperfeiçoar, de forma abrangente, os trabalhos de fiscalização nas fronteiras e de prevenção conjunta. Mais nunca é demais Em resposta a Ella Lei, o chefe do Gabinete de Wong Sio Chak revelou ainda que entre 1 de Janeiro de 2021 e os primeiros quatro meses de 2022, os Serviços de Alfândega (SA) detectaram 38 casos de imigração ilegal, que resultaram na detenção de 96 imigrantes ilegais, incluindo 16 cabecilhas, que providenciavam o serviço de passagem fronteiriça. É ainda deixada a garantia de que, as forças de segurança irão “intensificar as patrulhas”, optimizar o tratamento de informação, fazer bom uso das novas tecnologias para aumentar o espectro da vigilância e ainda, reforçar a cooperação com as autoridades das regiões vizinhas. Sobre o caso de um residente de Macau, taxista de profissão, e um cidadão chinês que ajudaram um contrabandista a regressar ao Interior da China através do muro do Campus da UM, o gabinete de Wong Sio Chak afirma que foi “instalado um sistema de alarme por fibra óptica” para notificar de imediato os SA, caso seja detectada alguma infracção. “A Universidade de Macau instalou um sistema de alarme de fibra óptica no muro do Campus, de modo a que, caso sejam detectadas passagens clandestinas, os SA serão imediatamente notificados. Além disso, foi estabelecido um mecanismo de troca de informações regular entre a Alfândega, a UM e a polícia de Guangdong”, pode ler-se na resposta.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCovid-19 | Período de consolidação mantém pedido para ficar em casa O período de consolidação vai mesmo arrancar no sábado e prevê a abertura de espaços comerciais virados para a rua, mas as autoridades mantém o apelo para ficar em casa, à excepção de saídas para trabalhar ou comprar bens necessários que não apenas comida. Animais já podem ir à rua junto à zona de residência. Restaurantes permanecem em regime de take-away Foi ontem publicado no Boletim Oficial o despacho assinado pelo Chefe do Executivo que dá conta do arranque, a partir deste sábado, do chamado período de consolidação, que determina um relativo alívio das restrições pandémicas. No entanto, as autoridades continuam a apelar à população para ficar em casa, à excepção dos empregados que não podem trabalhar remotamente. Uma diferença que salta à vista em relação ao período de confinamento parcial é de natureza semântica. A palavra “essencial” é trocada por “necessário”. Apesar da aparente abertura a interpretações subjectivas, as autoridades deram alguns exemplos para diminuir as “zonas cinzentas” do que é permitido. Assim sendo, as saídas para comprar bens necessários, que não apenas comida, ou para ir ao barbeiro e cabeleireiro, são permitidas. Os espaços comerciais nas vias públicas, incluindo bancos, abrem portas com horário normal, mas em centros comerciais mantém-se encerradas por não estarem asseguradas as condições de higiene e saúde pública. Os estabelecimentos que vão poder abrir ao público devem seguir regras determinadas, como desinfectar os espaços, “principalmente superfícies e objectos tocados com frequência”. Os trabalhadores com código vermelho estão impedidos de voltar ao serviço, os que puderem trabalhar remotamente serão encorajados a fazê-lo. Por exemplo, os centros de apoio pedagógico complementar particular ou instituições educativas particulares só podem operar online. Além disso, os empregadores só vão poder contar nos estabelecimentos com metade dos funcionários que “devem usar máscaras KN95 ou de padrão superior, o máximo possível durante o período de trabalho ou quando estiverem em locais fora de casa, após a saída do trabalho”, indicaram as autoridades numa lista de orientações. Comer em casa Durante a conferência de imprensa foi ainda reiterado que os restaurantes vão continuar a servir refeições apenas em regime de take-away e que as empregadas domésticas devem continuar a pernoitar nas casas dos patrões. Uma das grandes questões era saber se os espaços de jogo voltariam a abrir, realidade que se confirma, apesar de condicionada. Como tal, os casinos podem voltar a operar. Porém, antes de abrirem portas, é exigida uma desinfecção geral e apenas 50 por cento dos funcionários podem voltar aos postos de trabalho, tal como nos outros estabelecimentos. Foi ainda exigido que durante refeições, os trabalhadores estejam sozinhos, para corrigir problemas verificados no passado recente de contágios verificados nos refeitórios. No outro lado do espectro, vão permanecer encerrados ginásios, cinemas, teatros, parques, bares, piscinas e demais recintos fechados de entretenimento. Relativamente aos passeios de animais na rua, cuja proibição foi uma das medidas mais polémicas do período de confinamento parcial, podem voltar a realizar-se, mas apenas junto à zona de residência e com os donos protegidos pelas máscaras KN95. Barba e cabelo Na conferência de imprensa de ontem do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus, foram especificadas algumas situações em que se pode sair. “Os homens que têm o cabelo grande podem finalmente cortá-la, têm essa necessidade, mas as mulheres podem atar o cabelo. Caso as crianças necessitem de canetas ou tintas, os pais podem ir à loja comprar esses materiais. Quem precisar de comprar roupas novas pode sair, mas não devem passear na rua”, especificou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. “Se uma pessoa está chateada em casa e quer sair um bocado, nessa circunstância não convém. O princípio geral do despacho foca-se nas saídas necessárias. As pessoas que não se juntam a outras e usam máscara podem ter uma certa liberdade nas suas actividades, não somos inimigos dos residentes e não queremos que as deixem de fazer. Tudo tem uma razão”, acrescentou a governante. Relativamente à prática desportiva, “se o cidadão achar que tem essa necessidade de sair e fazer desporto, achamos que pode fazê-lo”. “Porém, não convém correr com máscara por questões de saúde, e por isso não podem correr em certos circuitos”, acrescentou Elsie Ao Ieong U. Alívio relativo Em relação aos transportes públicos, o uso dos autocarros deixa de estar depende da autorização especial, mas será necessário mostrar o código de saúde verde à entrada. O director dos Serviços para os Assuntos do Tráfego, Lam Hin San revelou que o número de frequências diárias de carreiras vai aumentar, para evitar elevada concentração de passageiros. Além disso, a rede de transportes irá operar 83 carreiras, como no período antes do confinamento parcial. No entanto, a lotação no interior das viaturas não deve ultrapassar os 60 por cento. As autoridades decretaram ainda novas regras para a realização de testes de ácido nucleico a grupos especiais. Trabalhadores de restaurantes, condutores de autocarros, pessoal de segurança e de limpeza, por exemplo, serão testados a cada dois dias, enquanto que as pessoas inseridas nos grupos chave serão testadas todos os dias, entre os dias 24 e 29. Quanto à população geral, nos dias 30 e 31 deste mês será realizada uma nova ronda de testes em massa. “Se a situação pandémica continuar controlada pondera-se uma maior flexibilidade das medidas. Esperamos poder retomar rapidamente a nossa vida normal. O princípio geral é ficar em casa se não tiverem de ir trabalhar”, disseram as autoridades. Desde o dia 11 de Julho, os agentes policiais fizeram 608 avisos a pessoas que saíram de casa e foram deduzidas 28 acusações por violação da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis. Máscaras | Começa hoje distribuição para crianças entre 3 e 8 anos Começa hoje um novo plano de fornecimento de máscaras destinado apenas a crianças entre os 3 e 8 anos (nascidas entre 22 de Julho de 2013 e 19 de Agosto de 2019). Até 19 de Agosto, as “máscaras infantis estão disponíveis para ser adquiridas nas 55 farmácias convencionadas dos Serviços de Saúde”, indicou ontem o Centro de Coordenação de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Nesta nova ronda não serão disponibilizadas máscaras para adultos O acesso é determinado pela data de nascimento do bilhete de identidade, devendo os pais deslocar-se às farmácias convencionadas com o original do Bilhete de Identidade de Residente de Macau da criança. Toneladas do dia O Instituto para os Assuntos Municipais informou que entraram ontem em Macau 357 porcos para o mercado de consumo e cerca de 280 toneladas de legumes e verduras. Segundo a Sociedade do Mercado Abastecedor de Macau Nam Yue, deram entrada ontem em Macau, através do Mercado Abastecedor, cerca de 153 toneladas de fruta e 760 mil ovos. 18 casos na terça-feira Na terça-feira foram encontrados 18 novos casos positivos de covid-19, anunciou ontem o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Ao longo das 24 horas de terça-feira, foram detectados 13 casos nas zonas de código vermelho e hotéis de observação médica, duas infecções de contactos próximos, dois casos positivos nos testes massivos e grupos alvo, e uma infecção na comunidade. Desde 18 de Junho, Macau somou 1.783 casos acumulados. Até às 08h de ontem, as autoridades de saúde “efectuaram o acompanhamento de 22.100 indivíduos”, entre contactos próximos, pessoas com o mesmo itinerário de casos confirmados, contactos por via secundária e acompanhantes.
Pedro Arede Manchete SociedadeTNR | Confinamento motivou pedidos de ajuda de mais de 400 indonésios O agravamento da situação económica devido ao confinamento parcial de Macau, levou mais de 400 trabalhadores indonésios a recorrer à linha de apoio da União de Trabalhadores Migrantes da Indonésia para pedir ajuda financeira. Yosa Wari Yanti aponta que a maioria dos trabalhadores está “assustada” por não ter rendimentos há um mês e pela possibilidade de perder o emprego O arrastar do actual surto de covid-19 ao longo de um mês e o encerramento de todas as actividades não essenciais desde 11 de Julho, levou mais de 400 pessoas a pedir ajuda à União de Trabalhadores Migrantes da Indonésia (UTMI). Em causa, revelou a presidente da associação, Yosa Wari Yanti, estão casos de trabalhadores que em dificuldades de subsistência por terem ficado sem rendimentos devido ao confinamento, problemas com a renovação de vistos de trabalho devido ao encerramento dos serviços públicos e pedidos de ajuda relacionados com a implementação de medidas anti-epidémicas. Para fazer face ao aumento de solicitações, potenciados pelo surto iniciado a 18 de Junho e a imposição do confinamento parcial, a União de Trabalhadores Migrantes da Indonésia criou uma linha telefónica, disponível 24 horas por dia, para reforçar o apoio aos trabalhadores do país. Contas feitas, desde 6 de Julho, a associação já recebeu mais de quatro centenas de pedidos de ajuda. “Desde 6 de Julho, recebemos cerca de 400 pedidos de ajuda através da nossa linha de apoio. Destes, cerca de 200 deixaram de ter rendimentos por estarem impedidas de ir trabalhar e os outros 200 foram dispensadas, viram o seu contrato terminado e estão impossibilitadas de arranjar novo trabalho”, começou por explicar Yosa Wari Yanti ao HM. “Após três semanas, muitas empregadas domésticas, deixaram de ir trabalhar a pedido dos empregadores e estão a enfrentar ainda mais dificuldades financeiras. Isto porque, mesmo antes do confinamento já muitas empresas começaram a fechar ou a oferecer menos trabalho, devido à pandemia. Por isso, estamos a enfrentar grandes dificuldades financeiras. Temos de pagar rendas e comprar comida para sobreviver e não temos rendimentos, que, normalmente, são já de si, extremamente baixos. Esta situação surgiu de repente e não temos reservas preparadas para aguentar muito mais tempo”, acrescentou. Entre os 400 pedidos de ajuda, além de empregadas domésticas, estão também funcionários de empresas de limpeza, restaurantes e hotéis. Perdidos na tradução Outra das dificuldades a que a linha de apoio da UTMI tem procurado dar resposta prende-se com as constantes mudanças no que respeita às medidas de combate à pandemia anunciadas pelo Governo. Até porque muitos dos trabalhadores não falam inglês ou qualquer uma das duas línguas oficiais de Macau. “Muitos dos que nos ligam querem saber quais são as novas medidas do Governo, porque a informação oficial é apenas transmitida em chinês, português e inglês e muitos indonésios não sabem falar inglês. Por isso, temos de ser nós a explicar-lhes as medidas do Governo e a transmitir-lhes essas informações”, apontou. Devido à necessidade crescente, Yosa Wari Yanti reiterou que a linha de apoio da UTMI está disponível 24 horas por dia e que os cerca de 15 membros que compõem a equipa da associação, estão constantemente a traduzir e a publicar nas redes sociais os anúncios do Governo. “Com a entrada em vigor de novas medidas de um dia para o outro, muitas pessoas acabam por nos ligar a pedir ajuda e conselhos sobre aquilo que devem ou não fazer. Além disso, estamos sempre a traduzir as informações mais importantes para indonésio e a publicá-las na nossa página de Facebook para que, ao acordar, as pessoas possam perceber o que devem fazer”, disse. O adensar de pedidos de ajuda levou a UTMI a solicitar auxílio ao Consulado Geral da Indonésia em Hong Kong. No entanto, as autoridades do país mostraram-se apenas receptivas a ajudar aqueles que pretendem voltar à Indonésia e não em relação ao envio de apoio financeiro e bens alimentares para ajudar os nacionais que estão em Macau. “Apesar de não termos muito para dar, o que estamos a fazer é ajudar com aquilo que podemos. No ano passado, conseguimos dar bens alimentares a quem nos pediu ajuda a cada duas semanas, mas agora apenas conseguimos ajudar com algum dinheiro, pois estamos a falar de 400 pessoas”, partilhou Yosa Wari Yanti.
Pedro Arede Entrevista MancheteGina Rangel: “Nunca houve problemas como hoje” Fundadora da Ludwig’s Legacy, associação dedicada à protecção dos animais, e membro influente da comunidade macaense, Gina Rangel questiona a competência das autoridades para tomar decisões “exageradas”, que colocam em risco a saúde de pessoas e animais. Sobre a comunidade macaense, aponta que “tem de ter a coragem” de lutar por Macau e ser frontal na relação com o Governo Tendo vários cães e enquanto fundadora de uma associação de protecção dos animais, como tem encarado os constrangimentos impostos pelo confinamento parcial de Macau? Tem sido uma absoluta frustração, porque os meus cães não conseguem fazer as necessidades em casa. Mesmo que lhes ponha fraldas é impossível. Além disso, é preciso dizer que, em Macau, as pessoas com uma certa idade, como eu, já passaram por outras doenças graves como a cólera, febre tifoide e varíola e conseguimos sobreviver, com as devidas precauções, claro. Depois de ter passado por isto tudo, devo dizer que nunca houve semelhante exagero [como agora]. Estas medidas são absolutamente desproporcionais e, passados dois anos [com a mutação do vírus e o acesso às vacinas], a covid-19 não passa de uma forte gripe, muito mais transmissível que as primeiras estirpes. Em princípio, não mata ninguém e, dada a alta transmissibilidade, o facto de o Centro de Coordenação de Contingência dizer que quer chegar aos zeros casos, é utópico. Em nenhum lado isso foi possível e, hoje em dia, já ninguém fala da gripe, tudo é covid-19. Até parece que as pessoas deixaram de morrer de cancro ou de outras doenças. As medidas que interferem com a normalidade da vida dos cidadãos devem ser proporcionais e estas não são. Como tem sido a logística de cuidar dos animais quando é proibido sair de casa para os passear? Tenho três filhotes, com 15, 10 e 7 anos. Já fui apanhada quatro ou cinco vezes pela polícia quando os fui passear. Quando eles passam, assumo a situação e aproximo-me para falar a bem. Se calhar eles também não têm prazer em estar a fazer isto e alguns também têm animais, mas têm de obedecer a estas regras desproporcionais. As autoridades têm certamente coisas mais importantes para fazer. Também nesse sentido, médicos e enfermeiros que estão aí nos centros dos testes em massa, andam muito cansados. Conheço o caso de uma pessoa que durante dois ou três dias trabalhou 16 horas diárias, para dar apoio às testagens. Por isso, além de o Centro de Coordenação não se interessar pelo bem-estar dos animais, tem de ter em consideração o bem-estar da população de Macau. Para eles é fácil, mas será que trabalham assim tantas horas como os outros que andam aí? O que pode ser feito para ultrapassar esta situação? Acho que é preciso insistir com o Governo sobre esta questão, porque eles não querem saber dos animais. Pergunto mesmo: será que algum dos representantes que estão na conferência de imprensa tem animais em casa? Julgo que não. Gostam de animais? De certeza que não. Além disso é preciso dizer que, segundo o Centro de Controlo de Doenças dos Estados Unidos, os animais praticamente não podem ser infectados com covid-19 ou transmitir a doença. A percentagem de transmissão é quase nula. Garanto que nenhum dos representantes do Governo procurou averiguar essa questão a fundo. Fruto desta situação, alguns dos animais acabam por ficar desesperados, porque não aguentam mais tempo sem fazer as suas necessidades. Tenho amigos que me contam que os animais aguentam mais de 10 horas sem fazer as suas necessidades e isto não é saudável. Até podem morrer. Tanto veterinários, como nas petições que começaram a circular, já se falou que impedir os animais de ir à rua só faz mal. Nas sociedades que respeitam verdadeiramente os direitos dos animais nunca foi proibida a saída dos cães durante os confinamentos. O meu lema é “viver e deixar viver”, mas quando alguém, agride os direitos dos que não têm voz, ou seja, idosos, bebés e animais, sinto-me na obrigação de reagir. O prolongamento do confinamento parcial veio piorar ainda mais a situação… Sim, estou muito preocupada. O prolongamento do confinamento parcial e a intransigência em relação aos passeios dos cães demonstrou, uma vez mais, a ignorância do Governo em não querer saber mais sobre a baixa transmissibilidade da covid-19 nos animais. Isto só mostra que não gostam de animais. Será que querem matar todos os cães de Macau? Depois de a população demonstrar descontentamento em relação à medida, o Governo não voltou atrás e o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, que eu considero muito inteligente, não deu qualquer resposta quando foi questionado. Não se percebe porque não querem ajudar os animais. Podiam simplesmente dizer que os animais podem sair por um curto período de tempo só com os donos, mas as pessoas não se podem juntar. Ou seja, se duas pessoas que vão passear os cães se encontram na rua, isto é considerado perigoso, mas quando vamos fazer os testes em massa, onde estão centenas de pessoas, deixa de o ser. Outra questão são os animais que estão em edifícios classificados como zonas vermelhas. Será que o canil do IAM tem espaço para todos? Além disso, será que estas restrições todas não vão fazer com que as pessoas acabem por abandonar animais? O canil é pequeno, não tem espaço suficiente e tem animais que estão à espera de ser adoptados, sendo provável que acabem por ser abatidos de forma a arranjar espaço para outros que pretendem ir para lá e têm de pagar pela sua estadia. Está surpreendida com a forma como o Governo tem comunicado com a população? Sim, ultimamente fiquei desconcertada quando, passados dois anos, a médica [Leong Iek Hou], veio ensinar as pessoas a desinfectar as compras e a limpar os legumes e as hortaliças. Tenho 70 anos e, desde que sou gente, lembro-me que, sempre que as nossas empregadas chegavam a casa das compras, a primeira coisa a fazer era limpar tudo, até porque, nessa altura, não havia frigorífico. Agora, passados dois anos, vêm ensinar estes cuidados de saúde à população? Para mim, isto demonstra incompetência. Além disso, pelo que tenho ouvido nas conferências de imprensa, hoje em dia, a qualidade dos serviços de tradução deixa muito a desejar. Numa altura em que é essencial informar as várias comunidades de Macau sobre as medidas a adoptar, torna-se necessário aumentar a qualidade das traduções. Se pessoas como eu ficam confusas por não perceber o que está a ser traduzido, isso é um factor de ansiedade que não ajuda à manutenção da calma e do espírito de cooperação que todos temos de ter para ultrapassar este momento difícil. Tendo vivido sempre em Macau, como considera que a população, em geral, e a comunidade macaense, em particular, está a atravessar esta fase? Sinceramente tenho tido pouco contacto com as pessoas, mas tenho amigos de todas as etnias. O que digo neste momento é que a maioria das pessoas de Macau, em particular os macaenses têm de ter a coragem de se expressar. Reforço que, quando digo macaenses, incluo as famílias chinesas de Macau. Eles amam Macau tanto quanto os macaenses, no sentido estrito da palavra. Muitos deles dependem dos apoios do Governo, como os próprios jornais, aliás. Eu entendo essa parte, mas impressiona-me que se ande a dar o “amén” a tudo o que o Governo faz. Nunca esperei ver a comunidade macaense assim. Hoje em dia, temos cá muitas pessoas que nada sabem de Macau e que vêm só para trabalhar e, portanto, ninguém quer saber. Ou seja, vão andando enquanto há comida e o Governo lhes dá subsídios. Estes eu ainda percebo, mas a comunidade macaense… não devíamos lutar pela nossa terra e pela nossa história? Já passámos por tanta coisa. No entanto, nunca houve problemas como os de hoje. A comunidade macaense tem de ter a coragem de se expressar. Não precisamos de fazer demonstrações ou sair à rua, basta cada qual dizer a verdade ao Governo e eles hão-de perceber que estão a exagerar. À luz do que tem acontecido ao longo do confinamento, acha que o Governo não se interessa pela saúde mental da população? Sinceramente, acho que sacrificam a vida das pessoas para além daquilo que é razoável e necessário. Com o arrastar das proibições é a sanidade mental que fica afectada. Há suicídios na comunidade, mas já se viu alguém do painel da conferência de imprensa a falar disso? Volto ao que disse atrás, não existe um bom equilíbrio entre prós e contras em termos das medidas a aplicar e acabam por ser desproporcionais.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeJogo | 2022 pode acabar com perdas de 800 milhões de dólares A correctora Morgan Stanley estima que as concessionárias de jogo podem chegar ao fim deste ano com quebras de EBITDA na ordem dos 800 milhões de dólares, quando as expectativas eram mais positivas no início do ano. As receitas brutas do segmento de massas no primeiro semestre do ano caíram quase 40 por cento O confinamento parcial decretado pelas autoridades está a mudar novamente as regras do jogo em relação aos resultados dos casinos para este ano. Segundo um relatório da correctora Morgan Stanley, citado pelo portal Macau News Agency, os casinos deverão chegar ao final do ano com um EBITDA [lucros antes de impostos, amortizações, juros e depreciações] negativo de 800 milhões de dólares americanos. Inicialmente, as previsões apontavam para um cenário de EBITDA positivo de 991 milhões de dólares americanos no final do ano. Porém, a realidade o panorama da indústria do jogo fui revisto em baixa, com as estimativas a apontarem para quebras das receitas do jogo a cair a rondar sete mil milhões de dólares americanos este ano, face aos 11 mil milhões de dólares americanos de receitas do jogo de massas registadas no ano passado. “Acreditamos que as receitas do jogo de massas em 2022 serão piores do que em 2021 devido à ocorrência de surtos ocasionais de covid-19 e aos confinamentos decretados na China e Macau em 2022. Também esperamos que uma total abertura das viagens aconteça apenas a partir do segundo trimestre de 2023”, estima a Morgan Stanley. Dinheiro deitado fora O relatório da Morgan Stanley dá ainda conta do panorama de falta de liquidez que as operadoras estão a atravessar. Num cenário de zero receitas, as perdas podem representar uma hemorragia financeira de 2,2 mil milhões de dólares americanos “A capacidade de liquidez da maior parte das operadoras suporta perdas de dinheiro (incluindo despesas de capital) por menos de dois anos. A Sands e a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) podem suportar [esta situação] por apenas 15 e 9 meses, respectivamente, enquanto a Wynn Macau, MGM China e Melco Crown suporta entre 19 a 20 meses. A Galaxy suporta 27 meses”, descreve o documento. Entretanto, a Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicou que as receitas brutas do jogo nos primeiros seis meses de 2022 foram de 19,44 mil milhões de patacas, valor que representa uma quebra anual de 38,1 por cento.
Nunu Wu Manchete PolíticaBairro do Iao Hon | Deputado Ron Lam envia carta ao Governo O edifício San Mei On pode deixar de ser zona vermelha no sábado depois de quase um mês selado. As queixas de moradores levaram Ron Lam a enviar uma carta à secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. O deputado pede explicações sobre a actuação das autoridades no velho edifício e exige maior coordenação governamental A forma como as autoridades têm gerido o surto de covid-19 no edifício San Mei On, no bairro do Iao Hon, levou o deputado Ron Lam U Tou a enviar uma carta a Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. Uma vez que o edifício pode deixar de estar classificado como zona vermelha a partir deste sábado, o deputado pede medidas concretas para esse processo. Na carta, Ron Lam U Tou cita críticas de moradores pela forma como as autoridades têm lidado com o surto no prédio, além de referirem que apenas se realizaram quatro rondas de testes de ácido nucleico no local. As condições de habitabilidade do edifício foram também referidas. “Se o Governo não consegue manter a ordem no edifício deveria encaminhar os moradores para fazerem a quarentena num hotel, tal como aconteceu no ano passado, ao invés de manter as pessoas fechadas em casa sem a previsão de um prazo, alimentando receios de virem a ser infectadas”, lê-se na carta enviada às redacções. Desde 29 de Junho que o edifício San Mei On está classificado como zona vermelha, uma vez que surgem sempre novos casos de covid-19, tornando-se no prédio que mais tempo esteve selado pelas autoridades sob a classificação de zona vermelha. “Os moradores desta zona estão preocupados por não conhecerem um prazo para o fim do confinamento, mas temem também casos de infecção na família, situações que agravam o enorme stress psicológico e físico”, acrescentou o deputado. Vários problemas Na carta enviada à secretária, o deputado faz ainda referência aos moradores das restantes zonas vermelhas, que também criticam a actuação das autoridades de saúde. “Apesar de o Governo afirmar que organizou as rondas de testes para que os moradores evitem o risco de infecção, a verdade é que quase todos os moradores se afirmam que a organização dos testes tem sido confusa. Não só não foi cumprido o calendário anunciado, como as pessoas esperavam sempre entre a entrada do prédio e o quarto andar. Alguns não foram informados de que tinham de fazer teste, outras tinham feito antes, e houve ainda pessoas encaminhadas para o Centro Hospitalar Conde de São Januário por não terem feito teste.” Para Ron Lam, estes exemplos mostram como os diversos departamentos públicos que lidam com este processo não comunicam e cooperam de forma efectiva, pois “os erros só se repetem se o Governo não melhora [a actuação]”, defendeu. Neste sentido, o deputado sugere que a própria secretária lidere a gestão das zonas vermelhas. Recorde-se que a situação do surto no edifício San Mei On tem gerado alguma controvérsia, nomeadamente sobre a questão da limpeza e da colocação de toneladas de lixo nas zonas comuns, com as autoridades a responsabilizarem sempre os moradores. Na segunda-feira foi referido que, até domingo, tinham sido recolhidas nove toneladas de lixo do prédio. O Instituto para os Assuntos Municipais apontou responsabilidades aos moradores e apelou para não saírem de casa ou deitarem grandes quantidades de lixo no prédio.
Pedro Arede Manchete PolíticaPeríodo de consolidação deve durar duas semanas e começar no sábado O período de consolidação, que se seguirá ao confinamento parcial de Macau, deve começar no sábado e durar duas semanas. A confirmar-se, as autoridades admitem reabrir algumas actividades comerciais e industriais durante este período, mas os detalhes, incluindo a situação dos casinos, ainda é incerta. Zonas vermelhas voltam a ser definidas a partir de um caso positivo num edifício Caso não haja novos casos comunitários, o chamado período de consolidação que se seguirá ao confinamento parcial de Macau terá início no sábado e pode vigorar durante duas semanas. Apesar de ainda não haver detalhes concretos acerca dos moldes em que a população será enquadrada durante esse período, a médica Leong Iek Hou admitiu ontem que algumas actividades comerciais e indústrias poderão ser reactivadas, mas reiterou que o regresso à normalidade não será para já. Até porque se perspectivam no horizonte mais testagens em massa e outras medidas de prevenção. “Nos nossos planos preliminares prevemos que o período de consolidação decorra durante duas semanas. No entanto, pode variar consoante a evolução epidemiológica”, começou por dizer, na habitual conferência de imprensa de actualização da pandemia. “Estamos a fazer preparativos [para entrar nesta fase], esperando que, no sábado, possamos entrar no período de consolidação. Agora, se, efectivamente vamos conseguir atingir esse objectivo, isso irá depender da evolução epidemiológica. Com base nos 10 novos casos registados ontem [segunda-feira], dos quais três foram detectados na comunidade, esperamos que os casos comunitários possam continuar a diminuir, contribuindo assim para se chegar ao período de consolidação. Inevitavelmente, durante o período de consolidação, não iremos gozar da mesma normalidade que já tivemos no passado e alguns estabelecimentos continuarão encerrados. Ao mesmo tempo, a população terá que se sujeitar aos testes de ácido nucleico. Os pormenores serão anunciados posteriormente”, explicou. Questionada sobre se, durante o período de consolidação, os casinos poderão voltar a abrir portas ou se deixa de ser obrigatório utilizar máscaras do tipo KN95, Leong Iek Hou foi evasiva, mas admitiu que “parte das actividades comerciais e industriais será reiniciada” e que, naturalmente, isso irá contribuir para aumentar a circulação de pessoas. Consequência que, segundo a médica, irá obrigar as autoridades a “adoptar novas medidas para identificar eventuais casos de infecção”. “A senhora secretária Elsie Ao Ieong já reuniu com os serviços competentes e, assim que estiverem definidos planos detalhados e os respectivos critérios, estes serão anunciados de imediato”, acrescentou. No ar ficou ainda a dúvida acerca do levantamento da proibição de passear animais domésticos na rua, com o chefe substituto da Divisão de Relações Públicas do CPSP, Lei Tak Fai, a dizer também que os moldes do período de consolidação irão ser anunciados posteriormente. Mudança de planos Dado que o controlo do surto entrou numa fase crítica, durante a conferência de imprensa foi ainda revelado que os critérios de definição das zonas vermelhas foram alterados, bastando agora um caso positivo para ditar o encerramento total de um edifício. Recorde-se que até agora, um edifício passava a ser definido como zona vermelha, a partir da detecção de casos positivos em dois agregados familiares. “Estamos a tentar atingir o objectivo de zero infecções (…) e, por isso, queremos implementar as medidas que nos permitam detectar todos os casos possíveis e fazer com que todas as pessoas que imponham algum risco, estejam sob o nosso controlo. Por isso, agora, segundo a nossa classificação de risco, caso seja detectado um caso comunitário num edifício, este passa a ser definido como zona vermelha”, começou por explicar Leong Iek Hou. “Nesta fase de combate à pandemia não podemos afastar qualquer possibilidade de infecção e, se houver um caso confirmado cuja fonte é desconhecida, poderá haver transmissão rápida (…) e, por isso, precisamos de tomar medidas mais rigorosas”, justificou. 10 novos casos No segunda-feira, Macau registou 10 novos casos de covid-19, elevando para 1.765 o total de infectados registados desde o dia 18 de Junho. Segundo o Centro de Coordenação, dos 10 novos casos confirmados, sete foram detectados em zonas vermelhas ou hotéis de quarentena e três na comunidade. Entre os casos comunitários, um é resultantes de contactos próximos, um foi encontrado durante a testagem em massa e grupos alvo e um “noutros grupos (…) encontrados na comunidade”. Até às 08h de ontem, foi feito o acompanhamento de 21.764 pessoas. Janelas indiscretas Questionada sobre se os moradores dos edifícios classificados como zonas vermelhas, devem ou não abrir janelas, a médica Leong Iek Hou apontou que tal depende da “circulação de ar fresco” do local, dado que se uma estiver virada para um espaço fechado, tal pode implicar riscos de transmitir a doença. “O raciocínio é muito simples. Se a janela está virada para um espaço fechado, ou seja, sem ar fresco e virada para os pátios (…) é aconselhável não abrir as janelas porque este ar não é fresco (…) e por isso implica um risco. Mas se as portas ou janelas estão viradas para um espaço aberto, com ar fresco, então podem abrir”, explicou. Mais uma acusada O chefe substituto da Divisão de Relações Públicas do CPSP, Lei Tak Fai revelou ontem que foi acusada mais uma pessoa suspeita de violar a lei de prevenção da pandemia, elevando para 28 o número de acusações desde 11 de Julho. Em causa, está uma mulher de 50 anos que terá circulado na via pública sem máscara. “Hoje [ontem], o número de acusações subiu para 28, devido ao caso de uma mulher de 50 anos que estava a circular sem máscara na rua do Lu Cao. Fizemos a respectiva acusação e o caso será encaminhado ao Ministério Público”, disse Lei Tak Fai. Foi ainda revelado que, no decorrer do dia de ontem, foram feitos 660 avisos até às 15h.
Hoje Macau China / Ásia MancheteInundações na China fazem pelo menos doze mortos Pelo menos doze pessoas morreram este fim de semana devido às inundações e chuvas torrenciais registadas nas províncias chinesas de Sichuan (sudoeste) e Gansu (noroeste), informou a imprensa estatal. Em Sichuan, pelo menos seis pessoas morreram no domingo e outras 12 estão desaparecidas, depois de as chuvas terem provocado “inundações repentinas” que deixaram ainda cerca de 1.300 pessoas desalojadas, segundo a televisão estatal CGTN. Na cidade de Longnan, pertencente à província de Gansu, registaram-se mais seis mortes e 3.000 pessoas foram retiradas, indicou o mesmo meio de comunicação. Nas últimas semanas, outras partes da China, como a província de Hunan, sofreram inundações que deixaram dezenas de mortos e mais de um milhão de desabrigados. No verão passado, inundações na província central de Henan, causadas por chuvas de intensidade inédita em décadas, submergiram bairros inteiros e estações do metro, causando mais de 300 mortes. O governo da cidade de Zhengzhou, capital de Henan, e outras agências locais foram considerados pelas autoridades centrais “culpados de negligência e abandono do dever” e acusados de terem “ocultado ou atrasado informações sobre os mortos e desaparecidos no desastre”, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua. Song Lianchun, meteorologista do Centro Meteorológico Nacional, afirmou: “Não podemos dizer que um evento climático extremo seja causado diretamente pelas alterações climáticas, mas, a longo prazo, o aquecimento global causa um aumento na intensidade e na frequência de tais eventos”.
Hoje Macau China / Ásia MancheteChina pede aos bancos que apoiem sector imobiliário A China pediu aos bancos que concedam mais crédito às construtoras do país que enfrentam dificuldades, devido ao crescente número de proprietários que recusam pagar a prestação dos imóveis, agravando a crise de liquidez no setor. Proprietários de habitações na China, cuja obra ficou inacabada devido à situação precária das construtoras, estão a recusar pagar as prestações dos imóveis, disseram fontes do setor. “A lista [de projetos afetados] duplicou nos últimos três dias”, apontaram, num relatório, analistas do banco de investimento norte-americano Jefferies, estimando um défice para as construtoras em 388 mil milhões de yuans. As pré-vendas são a maneira mais comum na China de vender imóveis. A recusa em pagar as prestações é particularmente preocupante, porque ameaça também o sistema financeiro. O regulador instou os bancos, no domingo, a “atender às necessidades de financiamento razoáveis dos negócios imobiliários”. É essencial “fazer um bom serviço de atendimento ao cliente […] para honrar contratos, cumprir compromissos e proteger os legítimos direitos e interesses dos compradores”, sublinhou o regulador bancário e de seguros, citado pela imprensa estatal. O setor imobiliário e a construção pesam mais de um quarto no PIB (Produto Interno Bruto) da China e foram um importante motor do crescimento económico do país nas duas últimas décadas. Para reduzir os níveis de alavancagem no setor, no ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70 por cento na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor. Nos últimos meses, as construtoras Sunac e Shimao tornaram-se as mais recentes construtoras chinesas a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cujo passivo supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal. A crise da Evergrande, a maior construtora da China, está a penalizar indiretamente os seus concorrentes, com os compradores a mostrarem-se cada vez mais relutantes em investir em imobiliário. As incertezas ligadas à covid-19, que pesam na renda das famílias, também estão a afetar o setor. A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteFilipe Souza preparava-se para correr com um novo Audi no TCR Asia No final da pretérita edição do Grande Prémio de Macau, Filipe Souza não sabia se iria continuar ou se colocaria um ponto final na sua carreira de duas décadas no automobilismo. Porém, o “bichinho dos automóveis” foi mais forte e o piloto macaense decidiu continuar e no início do ano até tinha grandes planos para a temporada de 2022. Isto, até pandemia lhe ter trocado as voltas. Filipe Souza estava decidido a disputar o TCR Asia, competição que este ano apenas disputa corridas em solo chinês, e até tinha garantido um dos novos Audi RS 3 LMS TCR que vieram para o continente asiático. O novo carro do construtor de Ingolstadt, que foi apresentado na Ásia no Grande Prémio de Macau do ano passado, dava garantias a Souza de finalmente ter uma viatura capaz de ombrear com os carros oficiais das marcas chinesas Lynk & Co e MG. Contudo, o destino quis outra coisa e o recente confinamento parcial de Macau colocou a época de Filipe Souza, e de muitos outros pilotos da RAEM, em dúvida. “Faltam duas semanas para o início da temporada, mas com esta situação, acho que vai ser muito difícil participar na primeira prova ou até mesmo na maioria das provas do campeonato”, afirmou o experiente piloto do território ao HM. “O meu novo carro já chegou ao Circuito Internacional de Guangdong, mas não tenho como testá-lo ou realizar uma preparação mínima para a nova temporada”. “Este ano está a ser pior que 2020 e 2021”, reconhece Filipe Souza que na primeira metade do ano viajou até Zhuzhou para tomar conhecimento da pista que abre a temporada do TCR Asia em 2022. Além das restrições de viagens e dos sucessivos adiamentos das provas, Filipe Souza antevê “que o clima económico vai piorar e que para os pilotos de Macau vai ser mais difícil encontrar os imprescindíveis apoios”. Perante este cenário de indefinição, Filipe Souza escusa-se a fazer previsões sobre o que será a sua temporada desportiva, mas espera, pelo menos, “realizar algumas provas na China ainda este ano, e claro, o Grande Prémio de Macau, se houver.” Macau e Wuhan no calendário Pelo segundo ano consecutivo, o Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC na sigla inglesa) correrá em conjunto com o campeonato TCR Asia, num calendário que engloba sete eventos. A temporada, se a pandemia permitir, arranca com uma jornada de quatro corridas em quatro dias no Circuito Internacional de Zhuzhou, na Província de Hunan, de 27 a 31 de Julho. Em Agosto e Setembro, o campeonato prevê duas provas em Xangai, uma no pequeno circuito de Tianma e outra no circuito de Fórmula 1, que, entretanto, reabriu após praticamente quatro meses encerrado. Em Outubro, a competição de velocidade mais popular da República Popular da China regressa a Zhuzhou antes do muito antecipado retorno ao circuito citadino de Wuhan. O traçado citadino da província de Hubei, que chegou a fazer parte do calendário da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR, tem estado em “banho-maria” desde a sua última edição em 2019. Por fim, o binómio CTCC/TCR Asia tem a sua prova final de temporada agendada para o 69º Grande Prémio de Macau, de 17 a 20 de Novembro.
Pedro Arede Manchete PolíticaSurto | Deputados defendem confinamento parcial e pedem mais apoios Apesar do profundo impacto do confinamento parcial na economia, os deputados Si Ka Lon, Ngan Iek Hang, Ho Ion Sang e Leong Hong Sai defendem que o Governo deve insistir na erradicação do surto, aplaudem os ajustes nas medidas de apoio e pedem mais ajuda para sectores específicos. A Associação Comercial diz que o confinamento é uma “faca de dois gumes”, com efeitos letais na economia Com o prolongamento do confinamento parcial de Macau por mais cinco dias, deputados ouvidos pelo jornal Cheng Pou concordam com a estratégia do Governo de procurar eliminar, a todo o custo, as fontes de transmissão do vírus que ainda persistem na comunidade. Isto, apesar de se mostrarem “preocupados” com a situação económica do território, que tem levado muitos a ficar temporariamente sem rendimentos, ou até, a perder o emprego. Para o deputado Si Ka Lon, a rápida propagação da variante BA 5.1. da estirpe Ómicron, tornou a tarefa de prevenir e combater a pandemia “complexa e desafiante”. No entanto, defende que “o surto deve ser estancado”, de modo a permitir a “estabilização da economia”. Nesse sentido, e apesar de admitir que a população está a dar sinais claros de cansaço, Si Ka Lon acredita que, com a ajuda do Governo Central, através da reabertura das fronteiras com o Interior da China será possível “aliviar a pressão social”, restabelecer o fluxo de pessoas entre as regiões e “impulsionar a recuperação económica de Macau”. “Espero que a população tenha confiança e paciência (…), de modo a injectar energia positiva na comunidade e trabalhar com o Governo para controlar a pandemia e contribuir para a eficácia do confinamento parcial”, disse ao jornal Cheng Pou. Sobre a revisão das medidas de apoio no valor de 10 mil milhões de patacas, Si Ka Lon considerou positivo que o Governo tenha tido em consideração as opiniões da população para aumentar o espectro de beneficiários. Contudo, acrescenta, o Governo deve ponderar também a introdução de novos apoios direccionados especificamente às pequenas e médias empresas e aos sectores do turismo e das convenções. Também os deputados Ngan Iek Hang, Ho Ion Sang e Leong Hong Sai mostraram concordância com a estratégia de combate epidémico do Governo e defenderam a introdução de mais medidas de apoio à população, direccionadas a sectores específicos. Além disso, os três deputados querem que o Executivo anuncie “de forma antecipada”, as orientações para a reabertura das actividades económicas. Por último, Ngan Iek Hang, Ho Ion Sang e Leong Hong Sai defendem que o Governo deve criar uma linha de apoio telefónico para prestar apoio psicológico à população, severamente afectada pelo arrastar da pandemia e os seus efeitos económicos. Dor lancinante Apesar de aplaudir os bons resultados alcançados pelo Governo com a implementação do confinamento parcial de Macau, o presidente da Associação Comercial de Macau, Frederico Ma Chi Ngai, considera que a medida agora estendida até sexta-feira é “uma faca de dois gumes”, que está a ter um “efeito letal” na economia. “A medida de confinamento parcial é uma faca de dois gumes. O fecho dos negócios por mais uma semana, significa mais tempo sem rendimentos e em que as empresas continuam a ter de pagar rendas e dívidas. Mesmo que a dor seja de curto prazo, não deixa de ser uma dor que chega ao coração”, disse Frederico Ma Chi Ngai. O responsável deseja, por isso, que o Executivo continue a ouvir as preocupações das empresas do território e que adicione ao pacote de apoio financeiro, novos benefícios a pensar nos sectores do retalho, turismo, publicidade e convenções. O objectivo passa por providenciar uma “transfusão de sangue” em termos de capital, às empresas que estão a sofrer há quase três anos. Plenário online | Revisão orçamental votada na quinta-feira Na próxima quinta-feira, a Assembleia Legislativa (AL) irá realizar uma sessão plenária online, que inclui na agenda a discussão e votação na generalidade das alterações ao orçamento necessárias para contemplar o pacote de apoios à população no valor de 10 mil milhões de patacas. Da ordem do dia, faz ainda parte a discussão e votação na generalidade da proposta de lei de alteração à lista de doenças transmissíveis e a discussão e votação na especialidade da proposta de lei do Regime Jurídico da Intercepção e Protecção de Comunicações. Recorde-se que no passado dia 7 de Julho, o deputado José Pereira Coutinho adiantou ao HM que uma sessão plenária online estava a ser preparada, pela primeira vez, através de uma simulação a partir de casa, de uma reunião com intervenções antes da ordem do dia, recorrendo à plataforma Zoom com tablets fornecidos pelo Governo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPandemia | Período de consolidação pode chegar na próxima semana O Governo pretende atingir o período de consolidação na próxima semana, o que poderá aliviar as medidas restritivas e o fim do confinamento parcial. A médica Leong Iek Hou referiu que será necessário “um baixo número de casos,” mas “se a situação epidémica mudar, o resultado será diferente” Macau poderá estar a um passo do fim do confinamento parcial na próxima semana e a chegada ao chamado período de consolidação. Esse é o desejo demonstrado pelas autoridades, numa altura em que o território regista um total de 1,755 casos, com apenas oito casos encontrados na comunidade no último balanço diário. No entanto, na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia realizada ontem não foi referido o número exacto de casos necessário para atingir esse patamar. “Queremos entrar no período de consolidação na próxima semana, mas queremos ter um número baixo de casos na comunidade. Se a situação epidémica mudar, o resultado será diferente”, adiantou a médica Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus. A responsável frisou que a entrada no período de consolidação “não depende só do número de casos”. “Temos, neste momento, oito casos na comunidade de dois grupos diferentes, o que pode representar oito fontes de infecção com diferentes graus de risco. É difícil definir um número exacto [de casos]”, acrescentou. O período de consolidação será marcado pelo “regresso gradual à normalidade”, embora se mantenham os testes em massa e as restrições nas fronteiras. Na prática, “serão restringidas as actividades realizadas, em coordenação com outras medidas de controlo epidémico”. Entretanto, o representante dos Serviços de Polícia Unitários afirmou que até às 15h de ontem tinham sido feitos 542 avisos a pessoas que saíram de casa. Desde o primeiro dia de confinamento parcial, 11 de Julho, 27 pessoas foram julgadas por crimes ao abrigo da lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis. Tratamentos continuam Depois de o ex-deputado Sulu Sou ter tornado públicas algumas queixas de grávidas e mães sobre a alegada suspensão de exames e tratamentos médicos, foi ontem indicado que o Centro Hospitalar Conde de São Januário continua a fazer exames no serviço de obstetrícia, assim como a atender situações de urgência de grávidas e gravidezes de risco. O médico Tai Wa Hou adiantou que, em média, cerca de 1000 pessoas não realizam o teste em cada ronda de testagem em massa. Há casos de pessoas que deixam o território e que, para isso, utilizam outro documento diferente do que apresentam no código de saúde. Após o primeiro contacto de aviso, “normalmente aparecem para realizar o teste”, disse o médico. Ontem foi também anunciado que o Hospital da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) está a inspeccionar os hotéis de quarentena e irá apresentar um parecer às entidades hoteleiras e aos Serviços de Saúde a identificar lacunas. A inspecção foi feita, por exemplo, no hotel Parisian, que neste momento tem 35 casos positivos e 17 pessoas em quarentena. Em relação aos 1.755 casos positivos, as autoridades revelaram que 19 por cento não estão vacinados, enquanto 3,1 por cento tem apenas a primeira dose. Até ontem encontravam-se internados no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane 30 idosos diagnosticados com covid-19, e com outras doenças associadas, mas sem pneumonia associada à doença. Entre os internamentos, constam também crianças que não foram vacinadas. Senhas a funcionar Dados do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) revelam que o sistema de senhas para entrar em mercados, e controlar o fluxo de pessoas, levou à redução de 25 por cento de clientes desde o dia 11 de Junho. Toneladas de lixo O Instituto para os Assuntos Municipais afirmou que, até ontem, foram recolhidas nove toneladas de lixo no edifício San Mei On, que está situado numa zona vermelha. Por sua vez, no edifício Kat Cheong foi removida uma tonelada de lixo em três dias. O IAM indica que “uma grande quantidade de lixo continua a ser encontrada nos espaços comuns do bloco 2 dos edifícios San Mei On e Kat Cheong, mais precisamente nas escadas e átrios”. Assim sendo, a entidade liderada por José Tavares apelou aos moradores para não deixarem sacos de lixo doméstico nas zonas comuns. Mais uma vez é atribuída aos moradores a responsabilidade sobre os problemas ambientais verificados no edifício, tendo sido referido que estes não devem “deitar lixo nos corredores, escadas e átrios” ou “descartar móveis e grandes electrodomésticos nos espaços comuns do edifício”. 500 técnicos para testes Três entidades responsáveis pela realização dos testes em massa contrataram, por intermédio da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), 500 técnicos, destes 200 são não-residentes. As autoridades dizem seguir os critérios de contratação do Interior da China, com base no plano de controlo e prevenção da pandemia, que exige “formação nas áreas da biosegurança e técnicas de colheita” e um exame antes de iniciarem funções. Há ainda 200 médicos do sector privado a trabalhar nos laboratórios de testes. No entanto, técnicos que trabalham na recolha de mostras queixaram-se ao ex-deputado Sulu Sou que os contratos não mencionam salários e benefícios, não definem horários de trabalho nem a identificação da empresa que os contrata. Além de se sentirem usados, os técnicos dizem que há diferenças de tratamento entre locais e não-residentes, pois estes últimos têm alojamento, transporte e refeições. Corredor para idosos nos bancos O vice-presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau, Lei Kit Fong, defendeu a criação de um corredor especial para idosos que necessitem de ir ao banco levantar a reforma ou dinheiro, pois, devido ao confinamento, alguns residentes estão a ficar sem dinheiro pagar despesas diárias. Segundo a imprensa chinesa, a maioria dos idosos costuma ter dinheiro físico em casa e não sabe usar plataformas electrónicas de pagamento. 22 novos casos No domingo, Macau registou 22 novos casos de covid-19, elevando para 1.755 o total de infectados registados desde o dia 18 de Junho. Segundo o Centro de Coordenação, dos 22 novos casos confirmados, 14 foram detectados em zonas vermelhas ou hotéis de quarentena e oito encontrados na comunidade. Entre os casos comunitários, quatro são casos resultantes de contactos próximos, dois foram encontrados durante a testagem em massa e nos grupos alvo e dois “noutros grupos (…) encontrados na comunidade”. Até às 08h de ontem, foi feito o acompanhamento de 21.378 pessoas.