Pedro Arede Eventos MancheteLusofonia | Miguel de Senna Fernandes diz que festival vai acontecer em Outubro Miguel de Senna Fernandes garante não haver indicações por parte do Governo para que o Festival da Lusofonia não se realize no próximo mês. Para o membro da organização, apesar da repetição do formato “económico” do ano passado, é “fundamental” que a festa aconteça para aliviar uma população confinada “há muito tempo” Tudo indica que o Festival da Lusofonia estará de regresso já no próximo mês às Casas-Museu da Taipa. De acordo com Miguel de Senna Fernandes, um dos membros da organização do evento, apesar do novo surto de covid-19 registado em Macau no início de Agosto, não há indicações por parte do Governo para que o evento não se realize ou sejam tomadas medidas anti-epidémicas adicionais. “Até este momento, por parte do Governo não há indicações em contrário, por isso tudo indica que a festa vai acontecer e o número de bancas vai continuar a ser a mesmo”, começou por dizer Miguel de Senna Fernandes ao HM. “Acho que tudo vai continuar. Tal como no ano passado, conseguimos levar avante o Festival da Lusofonia e este ano esperamos que aconteça a mesma coisa, apenas com público e artistas locais”, acrescentou. O também Presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses acredita que, tal como aconteceu em 2020, a edição deste ano vai ser um “sucesso”, apesar das restrições impostas devido à pandemia, que obrigam a que, tantos os visitantes como artistas, sejam exclusivamente locais. “No ano passado também estivemos sujeitos às medidas anti-epidémicas, mas depois a festa acabou por vencer e o pessoal esteve muito à vontade. Apesar de tudo, considero que a edição do ano passado foi um sucesso. Esperemos que este ano o mesmo aconteça e que, apesar das restrições ainda vigentes, possamos ter um número bastante bom [de visitantes] para que o ambiente seja efectivamente de festa”, apontou. Contudo, para Senna Fernandes, a edição de 2021 do Festival da Lusofonia será mais “económica” devido período de contenção financeira que o território está a atravessar. “Não sei como é que as restrições se vão reflectir nas barraquinhas que cada associação vai ter, até porque estamos em época de contenção de custos e há restrições de financiamento que podem afectar, por exemplo, as decorações e a aquisição de coisas. Portanto vai ser preciso fazer alguns sacrifícios”, admitiu. Pão para a boca Para Miguel de Senna Fernandes, apesar das restrições financeiras e da manutenção do mesmo formato, “mais limitado”, a realização do Festival da Lusofonia é “fundamental” para uma população confinada “há muito tempo”. “Tudo indica que o Festival da Lusofonia vá acontecer mas vai ser uma festa mais económica. Ainda bem que vai acontecer. Muitas vezes não é uma questão de termos ou não dinheiro, porque a festa continua. Estamos há muito tempo confinados e julgo que é fundamental que a festa aconteça. O resto é peixe na rede”, partilhou com o HM. Sobre a imposição de mais restrições que obriguem, por exemplo, a diminuir o número de bancas presentes no evento, Miguel de Senna Fernandes acredita que tudo irá decorrer como na edição do ano passado. “Acho que o novo surto não vai levar a mais arranjos especiais. Há um entendimento, embora não tenhamos conversado sobre isto, e é quase certo que todas as associações, pelo menos aquelas que costumam estar presentes no festival, vão ter a sua barraquinha e fazer o melhor possível para que a festa seja festa. Portanto não vai haver uma diminuição do número de barraquinhas, pelo menos não há indicações nesse sentido”, acrescentou o organizador.
João Luz EventosTelevisão | Nicole Kidman interrompe produção de “Expats” e deixa RAEHK Nicole Kidman saiu de Hong Kong depois de uma disputa com a realizadora da série “Expats” e retornou à Austrália entre relatos de queixas relativas às condições em que a produção estava a ser conduzida. A estrela de “The Hours” e “Eyes Wide Shut” tem regresso marcado a Hong Kong para Novembro Quando no mês passado Nicole Kidman foi avistada em Mong Kok a filmar no meio da característica azáfama da zona, começava a ganhar forma a polémica que haveria de estalar. A estrela australiana ficou isenta de cumprir a quarentena a que normalmente estão obrigadas as pessoas que entram em Hong Kong. Contornada a questão, Kidman voltou este fim-de-semana ao radar mediático com a notícia de que teria deixado “temporariamente” Hong Kong depois de alegados desentendimentos com a realizadora Lulu Wang durante a rodagem da série “Expats”, para a plataforma de streaming Amazon Prime Video. A actriz, que também é produtora executiva da série, terá entrado em rota de colisão com a realizadora devido a opiniões divergentes, acrescidas com um alegado desconforto com as condições de trabalho no local das filmagens. Meios de comunicação de Hong Kong, citados pelo The Standard, indicam que Nicole Kidman não se conseguiu adaptar ao ambiente de filmagens, que implica a rodagem de cenas à vista de todos os transeuntes. Facto agravado pela ausência de locais para descansar isolada de multidões. A actriz pediu uma licença de dois meses para interromper o projecto e regressou à Austrália. O The Standard adianta que a actriz deverá seguir para o Reino Unido para filmar “Aquaman” e “Lost Kingdom”, antes de regressar a Hong Kong para terminar “Expats”. Filhas e enteadas Os média de Hong Kong reportaram que Nicole Kidman abandonou Honk Kong num jacto privado no domingo. Porém, a sua chegada ainda agita águas. A decisão do Governo de Carrie Lam de permitir que a actriz contornasse a quarentena obrigatória para entrar em Hong Kong gerou polémica, levando as autoridades a endereçar o assunto e a explicar que Kidman reunia as condições de isenção, mas que continuaria a acompanhar a situação para assegurar que todas os requisitos de prevenção sanitária fossem respeitados. A polémica levou mesmo à intervenção de Edward Yau Tang-wah, secretário do Comércio e Desenvolvimento Económico, defendeu a isenção Kidman de quarentena obrigatória como uma decisão que equilibrou a ajuda à actriz e o controlo da pandemia. Importa referir que foram concedidas isenções a um total de cinco membros da equipa de produção. A dispensa implicou que Kidman se sujeitasse a pelo menos três testes de ácido nucleico nas primeiras duas semanas que esteve em Hong Kong, apresentasse um itinerário seguido ao longo da produção, limitasse as deslocações ao mínimo, apenas para trabalho, e sem usar os transportes públicos. Desde que chegou a Hong Kong, Nicole Kidman esteve hospedada numa casa no Peak, uma das zonas mais caras da cidade. Nas últimas semanas, a actriz foi avistada a filmar numa escola primária no Peak, num edifício em Sai Wan e no mercado de rua da Fa Yuen Street em Mong Kok. A série “Expats” é baseado no romance “The Expatriates”, de autoria de Janice Y. K. Lee. Protagonizada por Kidman, com Jack Huston e Sarayu Rao, segue “as vibrantes vidas de uma comunidade expatriada que se mantém muito próxima, onde a riqueza é celebrada, as amizades intensas, mas reconhecidamente temporárias, e as vidas, mortes e casamentos são eventos públicos”, adiantou Jennifer Salke, presidente da Amazon Studios.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Thetiredeyes, a banda que mistura diversos contextos musicais Chamam-se Thetiredeyes [Os olhos cansados] e contam com oito músicos que trouxeram consigo a paixão por vários géneros musicais. Desta forma, nasceu um projecto de uma banda eclética, que tem agora como objectivo actuar nas próximas edições dos festivais de música de Beishan, em Zhuhai, e Hush! em Macau Há um novo grupo musical no território onde a fusão de géneros musicais é palavra de ordem. Os Thetiredeyes [Os olhos cansados] formaram-se o ano passado depois de uma série de encontros improváveis mas, sobretudo, de uma enorme vontade de pessoas diferentes se juntarem a criar música. A história é contada ao HM por Monic Kei, pianista e directora musical. “Thetiredeyes é uma banda de fusão composta por oito elementos que são músicos entusiastas e com diferentes contextos que não se fartam de géneros musicais como o R&B, Neo Soul, Hip Hop e Pop”, começou por dizer. Monic vivia em Boston, nos EUA, na mesma altura de Amanda, uma das vocalistas do grupo formada no Berkeley College of Music, mas só se conheceram em Macau em Agosto do ano passado quando actuavam em bares do território. Mais tarde, iriam juntar-se a Kabi [baixista], para formarem um trio de jazz. “Além de tocarmos como duo queríamos tocar juntas com mais pessoas, mas não queríamos traçar um género musical específico. Como ambas tínhamos formação musical clássica, queríamos encontrar músicos que estivessem habilitados a ler notações, possuíssem bons tons e técnicas, ao mesmo tempo que trouxessem uma amplitude de géneros musicais e uma mentalidade aberta.” Além da ligação a Amanda e Kabi, Monic conhecia Matthew, um brasileiro baterista há 15 anos. “Ele foi o primeiro baixista que conheci quando era jovem e fiquei feliz por nos reunirmos anos depois e podermos tocar música juntos. Depois o Matthew trouxe consigo o seu melhor amigo Lao Seng Fat para a banda.” Lao Seng Fat é formado pela Academia de Música Contemporânea de Pequim e toca essencialmente jazz e géneros musicais clássicos. Depois de actuarem no LMA, os projectos do grupo passam por subirem aos palcos dos festivais de música de Beishan, em Zhuhai, e Hush!, em Macau, ainda sem data marcada para acontecer. Base no improviso Monic Kei confessou também que as músicas dos Thetiredeyes têm como base principal o improviso “com arranjos de orquestra”. Do grupo, faz parte ainda o músico local Patrício Manhão, que toca Ewi. Formado no Conservatório de Macau, é uma músico multi-instrumentista que, além do Ewi, toca ainda clarinete, saxofone, bateria e piano. Patrício Manhão “trabalha de forma activa em teatro e produção artística”, contou Monic. A banda tem a portuguesa Rita Martins como vocalista, que também está ligada ao projecto musical Darkroom Perfume. Yaya, outra das vocalistas, canta também no grupo “A Little Salt”, sendo “uma vocalista de jazz muito experiente, tendo actuado mais de 500 vezes em toda a Ásia”, descreveu Monic Kei. Os Thetiredeyes são ainda compostos pela teclista Monic Chen, de Hong Kong, que teve uma vasta experiência como compositora e a fazer arranjos musicais na Ásia e América do Norte, além de participar em diversos projectos na mesma área. Monica Chen formou-se na Universidade de Boston, tendo estudado piano e improvisação no conservatório de New England. “O foco da sua música é uma obsessão e compromisso pela expansão das possibilidades musicais e expressivas do piano. Ela tem um estilo eclético que inclui o clássico, avant-garde, pop, free jazz e música de improvisação”, aponta a pianista e directora musical do grupo.
Pedro Arede EventosFRC | Fotografia aérea em exposição a partir de segunda-feira Em conjunto com a Associação de Fotografia Aérea de Macau, a Fundação Rui Cunha (FRC) organiza a partir da próxima segunda-feira uma mostra fotográfica dedicada a imagens captadas por drones, pelos céus de Macau e outras cidades da Região da Grande Baía. A iniciativa conta, no total, com 36 fotografias captadas por 17 membros amadores da associação que enveredaram por este tipo de imagens para promover o “desenvolvimento da arte e tecnologia da fotografia aérea”. “O desafio é promover o desenvolvimento da arte e tecnologia da fotografia aérea, e criar uma plataforma de comunicação e de intercâmbio artístico e cultural para a impulsionar um interesse crescente nesta actividade”, pode ler-se na nota oficial da exposição. Também na segunda-feira, pelas 16h00, será realizada uma palestra em cantonês, sobre o tema “Como fazer fotografia aérea popular e segura”. O evento conta com os oradores Andre Hong e Eric Ho e pretende ser uma plataforma de partilha de experiências e conhecimentos, não só sobre as técnicas de fotografia aérea, mas também os regulamentos em vigor em Macau e nos territórios vizinhos afectos à utilização de drones. “Macau é uma plataforma de intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente. É também membro da Região da Grande Baía, onde muitos entusiastas de fotografia aérea costumam morar e viajar. Esperamos que, por meio desta exposição, mais cidadãos e turistas possam entender e vivenciar as características e belezas de cada uma destas cidades”, revela a Associação Fotografia Aérea de Macau. A exposição pode ser vista na FRC até ao próximo dia 14 de Setembro. A entrada é livre.
Pedro Arede EventosArte Macau | Pintura e escultura gigantes em exibição Uma pintura alusiva a Macau com 26 metros de comprimento criada pelo estúdio de Pequim “Drawing Architecture Studio” e uma escultura em bronze de Su Xinping já podem ser vistas na Praceta da Arte do Centro Cultural de Macau Integrada na Bienal Internacional de Artes de Macau 2021, já se encontram expostas na Praceta da Arte do Centro Cultural de Macau (CCM), duas obras de Arte Pública de grandes dimensões que prometem proporcionar uma experiência visual “única” a quem passa. Desenvolvida pelo estúdio de Pequim “Drawing Architecture Studio”, a pintura de grandes dimensões “Aprender com Macau” promete, tirando partido dos seus 26 metros de comprimento e 13 metros de altura, retratar marcos locais de Macau através de cores vivas e linhas simples. “Esta pintura combina linhas simples e cores ricas, para, com base na arquitectura e nas observações da rotina diária de Macau, esboçar um panorama totalmente original da região, retratando diversos marcos locais de características únicas e, sobretudo, a imagem de uma cidade vivaz e dinâmica, em homenagem à sua cultura local”, pode ler-se numa nota do Instituto Cultural. Inspirada no impacto que a indústria do jogo tem vindo a ter no desenvolvimento da arquitectura e paisagem de Macau e na vida diária dos seus habitantes, a obra pretende também ensaiar “novas ideias para a concepção urbana do século XXI”. Na pintura, que acaba por ser um “mega panorama” da cidade, é possível ver vários edifícios icónicos, como o Grand Lisboa, projectados na tela, recorrendo ao que o IC designa por “linguagem representativa da axonometria arquitectónica icónica”. A pintura “Aprender com Macau” pode ser apreciada até 30 de Novembro na parede exterior de Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. Mãos do infinito A poucos metros de distância, no centro da Praceta de Arte do CCM, duas gigantescas mãos encontram-se, num aperto que tende a parecer infinito. “Encontro” é uma escultura de bronze da autoria do artista da China, Su Xinping, que assume a forma de um par de mãos gigantes, procurando criar a imagem da “monumentalidade da montanha” e explorar a sensação de infinidade. Para tal, a obra socorre-se de uma “representação expressiva com dimensões surreais” e “uma observação em perspectiva sugerida de baixo para cima”. “Com esta obra, a intenção do artista passa por proporcionar aos espectadores, por meio de uma experiência visual única, uma sensação de infinito que se estende a partir do artefacto e assimilar um encontro com o mundo espiritual extraído da realidade mundana”, aponta o IC. Até atingir o seu estado final, “Encontro” evoluiu a partir de uma série de esboços que foram gradualmente ganhando tridimensionalidade e que se assumem como uma representação de “um mundo em constante fractura e reunião”, potenciado por uma noção temporal e espacial “deslocada”. A escultura “Encontro” pode ser vista Praceta de Arte do CCM até ao dia 29 de Novembro. Aproveitando o balanço, de recordar que, não muito longe dali, quem apreciar as duas obras de rua, pode aproveitar a ocasião para visitar, no interior do CCM até 17 de Outubro, a terceira secção da Exposição Principal da Arte Macau. Sob o tema “Avanços e Recuos da Globalização”, a exposição inclui obras de vários artistas que idealizam “cenários de desafio, dilema, hesitação, ilusão e ansiedade”, que a Humanidade tem vindo a enfrentar à medida que tendência da globalização se adensa, em conluio com o “tempo de desespero” provocado pela pandemia de covid-19. Aeroportos, globos terrestres, sistemas de navegação, satélites, imagens aéreas e mensagens partilhadas nas redes sociais durante o período pandémico, são alguns dos tópicos que deram o mote para a exploração artística da exposição.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Festa no LMA presta homenagem a Lee ‘Scratch’ Perry A carreira do músico e produtor jamaicano Lee ‘Scratch’ Perry, que trabalhou com artistas incontornáveis como Bob Marley e The Clash, será passada em revista amanhã no LMA. É esperada uma noite de ritmos quentes, com uma sessão de DJ apropriada para amantes de reggae e dub Falecido no passado domingo, o influente músico e produtor jamaicano Lee ‘Scratch’ Perry será recordado amanhã no LMA com um DJ Set, a partir das 22h. Esta será uma homenagem a um nome fundamental da cultura jamaicana, conforme disse ao HM Rui Simões, ligado à organização do evento. “Era um personagem engraçado e curioso e achei que se poderia fazer alguma coisa. Ele abriu um estúdio e todos os artistas jamaicanos passaram pelas mãos dele, como o Bob Marley.” Lee ‘Scratch’ Perry era alguém “meio excêntrico”, um artista que aliava as peculiaridades da sua personalidade à música. Perry foi também um dos artistas responsáveis pela invenção do dub, daí a sua enorme influência em criadores ligados a outros estilos musicais, como o Pop Rock, Ska e Punk. “Tem uma obra gigante, com centenas de discos gravados. Tornou-se um personagem de culto”, frisou Rui Simões. O nome histórico do reggae e dub faleceu com 85 anos no hospital, tendo a sua morte sido destacada por vários meios de comunicação social e inclusivamente por governantes da Jamaica. “Será sempre lembrado pelo seu contributo exemplar para a fraternidade da música. Que a sua alma descanse em paz”, afirmou o chefe do Governo jamaicano, Andrew Holness, numa mensagem publicada na rede social Twitter. O jornal Jamaican Observer noticiou que Perry morreu no hospital Noel Holmes, na localidade de Lucea, perto do local onde nasceu. A causa da morte não foi adiantada. O primeiro-ministro jamaicano citou o trabalho do artista, nascido Rainford Hugh Perry, com bandas incontornáveis como Bob Marley and the Wailers, The Congos, Adrian Sherwood e os norte-americanos Beastie Boys. O “Salvador Dalí” da música Ao longo de mais de sessenta anos de carreira, o artista nascido Rainford Hugh Perry ajudou a criar o reggae como estilo musical e produziu centenas de discos de artistas como Max Romeo, Junior Murvin, Bob Marley and the Wailers ou The Congos. Colaborou com muitos outros grupos e músicos não jamaicanos, como os norte-americanos Beastie Boys, os seminais The Clash, o produtor britânico Adrian Sherwood ou o grupo de electrónica inglês The Orb. Em nome próprio ou com a sua banda, The Upsetters, lançou dezenas de discos marcados pelo seu estilo de produção, com técnicas de estúdio que criou e que deram o seu cunho a todo um subgénero do reggae conhecido como dub, assente em remisturas ou releituras instrumentais de temas existentes. O guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, declarou à revista Rolling Stone em 2010 que Perry era “o Salvador Dalí da música”. “Ele é um mistério. O mundo inteiro é o seu instrumento. Tem mesmo que se ouvir”, afirmou o músico britânico. O pioneiro do hip-hop Afrika Bambaataa também declarou que foi o som de Perry que inspirou os criadores do género. Nascido numa zona rural da Jamaica, Lee ‘Scratch’ Perry relevou as suas humildes origens, nascido numa família pobre, numa entrevista em 1984 ao semanário musical britânico New Musical Express. O músico recordou que quando saiu da escola “não havia mais nada para fazer senão trabalhar no campo”. “Era um trabalho muito, muito duro. Eu não gostava daquilo. E comecei a jogar dominó. Com isso, treinei a minha mente e aprendi a ler as mentes dos outros, o que se revelou eternamente útil para mim”, afirmou o músico. A festa no LMA começa às 22h e a entrada é grátis. Com Lusa
Pedro Arede EventosCinema | Festival de Cut que chega em Dezembro recebe obras locais Programado para Dezembro, o Macao Films & Videos Panorama está a aceitar filmes produzidos em Macau até 25 de Setembro. Segundo a directora de operações da CUT, Rita Wong, são esperados mais de 50 trabalhos locais, dos quais será feita uma selecção a exibir juntamente com películas distinguidas em Hong Kong, Taiwan e da China Desde que deixou os comandos da Cinemateca Paixão, é a primeira vez que a CUT organiza em nome próprio, o Macao Films & Videos Panorama. Apesar de ainda não ter datas fixas, o festival, que conta com o apoio do Instituto Cultural (IC) e está programado para o início de Dezembro, assume-se uma vez mais como plataforma de exibição de obras locais do sector cinematográfico. “Acho que na última década, os produtores locais têm crescido e desenvolvido muito as suas apetências graças aos vários subsídios do Governo e ao trabalho independente que têm feito. Por isso, considero ser muito importante existir esta plataforma para exibir as suas obras”, começou por dizer Rita Wong ao HM. Para a directora de operações da CUT, apesar da visível evolução dos últimos anos, “ainda existe a necessidade de criar esta plataforma destinada aos produtores locais e ao seu trabalho”, até porque é uma fórmula que permite aos filmes de Macau “atravessar fronteiras” e ser vistos por realizadores e produtores profissionais de outras geografias. O período para submeter trabalhos começou na segunda-feira e estende-se até 25 de Setembro, sendo esperada a recepção de “mais de 50 filmes” realizados em Macau. A amostra servirá de base para criar uma selecção de filmes locais a exibir na secção “Local Indies Force” do festival. Para Rita Wong, os filmes de estudantes e recém-licenciados são os mais aguardadas e que criam maior expectativa. “Estou muito expectante relativamente às obras que vão chegar, porque sempre que temos este tipo de iniciativa acabamos por ser surpreendidos, especialmente por parte de estudantes e recém-licenciados locais ou que estão a frequentar cursos no estrangeiro. Têm sempre surpresas guardadas para nós porque, além das iniciativas do IC, desenvolvem habitualmente outros trabalhos a título pessoal. Por isso estamos à espera de grandes surpresas”, partilhou Rita Wong. A selecção dos filmes que irão compor a lista final da secção local ficará a cargo de Joyce Yang, curadora veterana de Hong Kong que trabalha há largos anos com a CUT. “Convidámos a Joyce Yang para que ela possa ver como é que os produtores e realizadores de Macau estão a trabalhar actualmente e dê conselhos sobre o produto das obras locais”. As obras locais concorrem ainda ao “Grande Prémio do Júri”, que irá atribuir ao filme seleccionado um montante de 10.000 patacas. O melhor filme local será escolhido por um painel de júris composto por realizadores de Hong Kong, Taiwan e China, Do bom e do melhor Para além da secção “Local Indies Force”, o Macao Films & Videos Panorama inclui ainda sessões exclusivamente dedicadas às obras produzidas e recomendadas pelas universidades do território. O objectivo, segundo Rita Wong, passa por auscultar novas tendências e promover o intercâmbio entre alunos e realizadores locais. “Vamos convidar as universidades a recomendar os melhores trabalhos audiovisuais produzidos ao longo do ano para serem exibidos no festival. Criámos esta secção porque queremos saber o que aí vem. Estas sessões vão ser gratuitas e, através delas, pretendemos criar algumas dinâmicas de intercâmbio entre alunos e realizadores”, explicou. Outra secção será dedicada à exibição de filmes que fizeram parte do cartaz de festivais de cinema do Interior da China , Taiwan e Hong Kong e que contam igualmente com a curadoria de Joyce Yang. Apesar de não ter adiantado que títulos irão ser exibidos em Macau, Rita Wong assegura que o que aí vem é “muito bom”. “Estou ansiosa por ver os filmes de Taiwan, Hong Kong e da China que serão seleccionados para o nosso festival. São todos filmes muito bons e devem ser vistos em Macau e servir de modelo. Já os vi e são trabalhos muito bons”, rematou.
João Santos Filipe EventosFotografia | António Leong expõe na Associação Católica Cultural Retratar a beleza do catolicismo no quotidiano de Macau e a integração na cidade. Foi este o desafio lançado a António Leong pela Associação Católica Cultural, que o escolheu para uma exposição que marca a inauguração da nova sede A beleza dos detalhes do quotidiano e da integração do catolicismo em Macau foram os pontos de partida para uma viagem fotográfica que culminou na exposição “Descoberta da Beleza da Vida Diária”, de António Leong. A mostra estará patente até ao final de Setembro na nova sede da Associação Católica Cultural de Macau, na Rua Formosa. Em exibição desde Junho, o fotógrafo admite que o grande objectivo das fotografias escolhidas foi mostrar a beleza dos símbolos da religião. Nesse sentido, a exposição multiplica-se em três, com a exibição de um conjunto de fotografias diferentes a cada mês da exposição. “O objectivo passa por, através das fotografias, mostrar os diferentes aspectos e detalhes das igrejas em Macau e a integração do catolicismo na cultura local”, explicou António Leong, em declarações ao HM. O artista procurou captar os melhores ângulos de espaços que reflectem não só a beleza arquitectónica e decorativa, mas também com o património histórico. “Por exemplo, a segunda série [de fotografias da exposição] foi tirada dentro do Seminário de São José, um dos espaços mais importantes durante os séculos XVII e XVIII para a formação e educação do catolicismo em Macau”, justificou. Apesar das fotos serem de António Leong, a ideia para a exposição partiu da Associação Católica Cultural de Macau, que desafiou o fotógrafo a contribuir para o evento que celebra a inauguração da nova sede. “A associação mostrou interesse nas minhas fotografias, após ter visto o meu perfil no Facebook. Depois, começámos a discutir [sobre o conceito para a exposição] e a ‘Descoberta da Beleza na Vida Diária’ e foi algo que se tornou comum e arrancámos com o projecto”, partilhou. Viagem histórica Que imagens transmitem melhor para o artista e para a associação a beleza em Macau no dia-a-dia? Segundo António Leong, a escolha exigiu reflexão das partes envolvidas, e implicou mostrar diferentes aspectos da religião. “Tivemos uma longa conversa sobre quais as igrejas que devemos mostrar durante estes três meses. No final, decidiu-se que seriam a Igreja da Penha, Igreja de São José e Igreja de São Lourenço, porque em termos de imagem apresentam mais detalhes e mostram diferentes aspectos do catolicismo em Macau”, revelou. Para António Leong, a possibilidade de fotografar diferentes igrejas foi também uma viagem de descoberta da ligação entre Macau e o catolicismo. “Só depois de participar neste projecto tomei conhecimento das relíquias e monumentos que existem em Macau”, admitiu. Apesar do teor religioso da exposição, Leong confessa que não é crente. Porém, este não é o primeiro contacto com a igreja: “Fui educado desde a infância numa escola católica, por isso teve uma influência imensa na minha vida”, reconhece. António Leong não afasta o lugar que o divino ocupa no seu trabalho e explica parte do seu processo de criação através das palavras de Ansel Adams, célebre fotógrafo americano do século passado: “Às vezes vou parar a sítios no momento em que Deus está pronto para ter alguém a carregar no botão da máquina”, cita.
Hoje Macau EventosBienal de Macau | Novas obras “espalhadas” pela cidade A Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau voltou a ocupar o espaço público com obras de artistas internacionais. Uma dela é a escultura do artista tailandês Gongkan, intitulada “Tenho Saudades Tuas”, exposta no espaço Anim’Arte Nam Van. A peça do tailandês “procura estimular, na realidade de hoje em dia, marcada por metamorfoses constantes e frenéticas, a pró-actividade e a coragem das pessoas para romperem com as limitações físicas, espaciais ou de outra natureza, e para escolherem quem querem amar”. Este conceito “estabelece a correspondência com o tema da exposição principal”, além de promover “uma reflexão sobre o presente e discussões sobre a procura da felicidade”. O público pode também visitar “Barca Solar”, do artista egípcio Moataz Nasr, um trabalho que estará patente no Largo do Pagode da Barra. Outra obra destacada pelo Instituto Cultural é “Aprender com Macau”, um mega panorama da cidade da autoria do Drawing Architecture Studio (China). A obra foi colocada no mural exterior do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau e visa “registar e homenagear a cultura local de Macau, inspirando-se nas observações da vida diária e recreativa da cidade”.
João Luz EventosCinemateca Paixão | Filmes de acção asiática preenchem cartaz de Setembro As artes marciais vão continuar a dominar o cartaz da Cinemateca Paixão ao longo de Setembro, com uma variedade de filmes de realizadores de todo o mundo, com particular incidência nos cineastas asiáticos. Hoje é exibido “The Master”, de Xu Haofeng, amanhã é a vez de “Zu: Warriors from the Magic Mountain”, do realizador Tsui Hark O ciclo “A sombra da katana, armas, espadas – Festival das Artes Marciais, Samurai e Filme Ocidental” continua a ser a tónica cinematográfica do cartaz da Cinemateca Paixão, enchendo o ecrã da casa dos filmes de acção e violência ao longo do mês de Setembro. No meio de um vasto cartaz, com muitos filmes já esgotados, o HM divulga as sessões para as quais ainda há bilhetes à venda. Hoje, às 19h, é exibido “The Master”, uma megaprodução de 2015, da autoria do chinês Xu Haofeng. A narrativa gira em torno da longa e sangrenta ascensão de um homem à posição de mestre de artes marciais de wing chun, um conceito moderno baseado no tradicional wushu originário do Sul da China. Até conseguir permissão para abrir uma escola de artes marciais, o protagonista, interpretado pelo aclamado actor Liao Fan, terá de treinar um aprendiz capaz de derrotar nove mestres de outras escolas. Amanhã, às 15h, é a vez de “Zu: Warriors from the Magic Mountain” tomar conta do ecrã da Cinemateca Paixão, sessão que é repetida a 8 de Setembro, às 19h, para quem não gostar de filmes de kung fu à hora de matiné. Lançado em 1983, esta pérola do cinema de Hong Kong, realizada por Tsui Hark, foi uma influência enorme para John Carpenter conceber o clássico “Big Trouble in Little China”, com Kurt Russell, Kim Cattrall, Dennis Dun e James Hong no elenco. “Zu: Warriors from the Magic Mountain” é um filme difícil de caracterizar, com elementos sobrenaturais, fantasia, artes marciais e comédia transversais a toda a narrativa, que se centra nas desventuras de um desertor do exército que tenta escapar da Montanha de Zu que, por acaso, está cheia de vampiros que encaram o militar como um banquete com pernas. A sobrevivência do protagonista, interpretado por Yuen Biao, é garantida pela intervenção do mestre Ding Yan, desempenhado por Adam Cheng, a conhecida estrela do canto pop e actor da TVB. Do Japão à Indonésia Como um cocktail feito apenas com bebidas com mais de 40.º graus de álcool, “Sukiyaki Western Django” é um cruzamento bombástico entre Quentin Tarantino, Sergio Leone e Akira Kurosawa. A película, realizada pelo japonês Takashi Miike, que chegou às salas de cinema em 2007 é exibida no dia 5 de Setembro, às 15h. O filme começa com a chegada de um pistoleiro a Yuta, uma cidade dividida por dois gangues em guerra. Depois de ignorar os convites de ambos os clãs, o pistoleiro acaba em casa de uma mulher que lhe conta como a cidade, em tempos próspera, se degradou com o embate violento dos dois gangues. A partir daqui “Sukiyaki Western Django” transforma-se num misto entre “Cães Danados” e “Os Sete Samurais”. Nos dias 7 e 15 de Setembro, sempre às 19h, a Cinemateca Paixão exibe “The Fate of Lee Khan”, um clássico de Hong Kong, realizado por King Hu, que alia artes marciais a narrativas repletas de magia e fantasia. A acção desenrola-se durante os anos de declínio da Dinastia Yuan, quando Lee Khan, um general mongol, e a sua irmã Wan’er tentam obter informações tácticas das forças rebeldes que combatem. É com essa missão que chegam a uma estalagem na província de Shaanxi. Seguindo uma toada mais calma do que “Sukiyaki Western Django”, “The Fate of Lee Khan” desenrola-se ao ritmo muito próprio, com cenas de luta a surpreenderem o espectador e a terminarem tão rapidamente como começaram, dando espaço a intriga e crescimento das personagens pelo meio. Filme sobre filmes Finalmente, destaque para um filme distinguido em festivais de cinema asiáticos como o Festival de Cinema Asiático Vesoul, Festival de Cinema Asiático de Hong Kong, Festival de Cinema de Taipei e no Festival Internacional de Cinema de Busan, para nomear alguns. No dia 8 de Setembro, às 21h, e às 16h30 de 18 de Setembro, é exibido “Garuda Power: The Spirit Within”, um documentário que explora a história pouco conhecida do cinema de acção indonésio. Desde o nascimento da indústria cinematográfica na Indonésia, entre os anos 20 e 30 do século passado, o documentário do realizador Bastian Meiresonne atravessa os altos e baixos do sector, até chegar a “The Raid”, um filme de acção que mereceu aclamação global. O cartaz da Cinemateca Paixão inclui outros filmes, muitos deles com sessões esgotadas, com este tipo de filmes em exibição a ocupar a programação de Setembro.
João Luz EventosGrand Lisboa Palace | Abraço entre Oriente e Ocidente através da arte Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Ung Vai Meng, Eric Fok, Denis Murrell e Cai Guo Jie foram os artistas locais escolhidos para embelezar os principais espaços públicos do novo Grand Lisboa Palace, no Cotai. Trabalhos de grandes dimensões dão o toque final no resort, constituindo a maior colecção de obras de arte comissionadas a criadores de Macau Os espaços amplos e sumptuosos que constituem as artérias principais do novo Grand Lisboa Palace estão repletos de quadros de grandes dimensões da autoria de artistas locais, naquela que é a maior colecção de arte comissariada a criadores de Macau por uma concessionária de jogo. Simbolicamente, entre o lobby Este e Oeste, a fluidez entre espaços é composta por peças dos artistas locais Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Ung Vai Meng, Eric Fok, Denis Murrell, Cai Guo Jie e ainda uma peça de 3,6 metros por 4,5 metros da autoria de Ambrose So, o vice-presidente da administração da SJM Holdings Ltd. O executivo, que abriu recentemente a joia da coroa do grupo no Cotai faz parte do grupo de ilustres locais que através da arte cruzam civilizações, culturas e épocas no Grand Lisboa Palace, com a peça “Humility Scroll”. O trabalho combina influências portuguesas e chinesas, através da caligrafia e azulejo pintado à mão à moda lusa. Ambrose So debruçou-se sobre o 15.º capítulo do Yi Jing, o Livro das Mutações, um texto clássico considerado um dos mais antigos e importantes livros de filosofia chinesa. O trecho escolhido é um tratado sobre a essência da virtude e humildade e está simbolicamente situado no centro dos dois lobbys . Atrás do balcão de check-in do lobby Oeste, um painel de gravura em metal da autoria de Eric Fok dá as boas-vindas aos hóspedes. “Paradise – Grand Lisboa Palace” retrata um jardim movimentado, repleto de figuras singulares num cenário de fantasia, com uma composição arquitectónica que evoca o Grand Trianon, incorporado no Palácio de Versailles. O uso do metal como veículo para a inspiração de Eric Fok é uma referência temática ao antigo papel de Macau no comércio da prata. O jovem criador de Macau foi comissariado também para uma peça que se encontra exposta defronte para o balcão de check-in do lobby Este, intitulado “Paradise – Ships on the Oriental Coast”, um painel tríptico composto por azulejos de porcelana portuguesa pintados a azul. Dividido em três partes, a obra retrata com bastante detalhe, a era das descobertas, quando Macau se posicionou no centro do mundo, como um importante porto de trocas comerciais e culturais entre Oriente e Ocidente. No centro do tríptico, Eric Fok desenhou o Grand Lisboa Palace, ladeado por representações que evocam tempos idos, com o Rio das Pérolas repleto de embarcações de um lado, e do outro a alegre azáfama da Macau antiga, onde estão retratadas pessoas nas ruas, perto da igreja e com a aparição misteriosa de um elefante e uma girafa, com o casario ao fundo. Encontros nas telas Um dos traços característicos dos trabalhos de Konstantin Bessmertny é a profusão representações iconográficas e a atenção dada ao detalhe. As duas telas do artista local, expostas frente a frente na entrada para os elevadores lobby Este, chamam-se “E. meets W.” e “W. meets E.”. Especialmente concebidas para o Grand Lisboa Palace, as duas obras comunicam entre si as formas como o Oriente é visto pelo Ocidente e vice-versa, num diálogo marcado pelas cores vivas, pelas representações conceptuais com o traço bem-humorado de Bessmertny e pela profusão de detalhes que, à primeira vista, podem escapar ao olhar menos atento. Exemplo disso, é o retrato de Homer Simpson que só fica perceptível a quem vê a obra do lado esquerdo do quadro, numa alusão a “The Ambassadors” de Hans Holbein, um clássico quadro do período renascentista. A tela que representa a forma como o Oriente é percepcionado pelo Ocidente tem no centro um colorido festival fantasmagórico de templos luxuriantes, jardins plenos de exotismo, padrões e paisagens que evoca requinte, espiritualismo, calma meditativa e cerimónia. O reverso da medalha, é um labirinto de vinhas, castelos, evocações monárquicas, personagens históricas e iconografia pop. A tarefa de absorver todos os detalhes das telas de Konstantin Bessmertny parece requerer um ou dois dias de férias para que nada escape no magnífico puzzle visual que contrapõe os dois postos cardeais, onde o sol nasce e se põe. Glória e serenidade Os trabalhos comissariados a Carlos Marreiros tocam-se no tema/conceito, mas distanciam-se nas formas de expressão que o artista escolheu para se expressar. “Glória” é composta por dois paneis de azulejos tradicionais portugueses que ilustram a fantástica viagem de Macau entre o século XVI e os dias de hoje. O primeiro painel retrata o encontro inicial entre chineses e portugueses, a curiosidade e o mistério que a confluência trouxe às duas partes, com a representação onírica da troca de prendas entre os dois lados a acontecer no ar, com a rural e velha Macau em pano de fundo. O segundo painel, celebra o contínuo aprofundar dos laços entre as comunidades em Macau, com simbolismos culturais, jurídicos e um retrato surrealista de Stanley Ho a andar de bicicleta. Todos os personagens e elementos simbólicos pairam sobre uma cidade cosmopolita, com uma narrativa urbana detalhada que retrata a evolução de Macau ao longo de quase 500 anos. Atrás do balcão de check-in do lobby Este do Grand Lisboa Palace, a visão é dominada pela explosão de cores de “Sereno Amanhecer de Amanhã”, um quadro que é um hino à união entre a arquitectura portuguesa e a arquitectura do Sul da China. As duas matrizes que formam o núcleo da obra são as influências que moldaram Macau enquanto cidade orgânica que funde as duas concepções numa vibrante e, ainda assim, serena e natural paisagem. Contrariando a normal noção de equilíbrios, Carlos Marreiros retrata elementos naturais como montanhas, borboletas e vegetação, em cima de edifícios num lado do painel. Enquanto que no outro, os elementos misturam-se numa paisagem idílica onde ficam eternizados marcos arquitectónicos da cidade como o antigo e carismático Hotel Lisboa, simbolizando o início da prosperidade de Macau; a Torre de Macau, a trazer o desenvolvimento e transição a REAM; e o Grand Lisboa, erguendo-se entre montanhas douradas no centro distante. Na recepção do Lobby VIP do Grand Lisboa Palace figuram duas imponentes telas abstractas de autoria de Cai Guo Jie. A arte abstracta também domina a entrada e interior do lounge do lobby oriente com duas peças de Denis Murrell. Outro dos destaques artísticos da colecção que acrescenta brilha ao novo resort é o painel intitulado “Auspicious Stars Shining Over Macao” de autoria de Ung Vai Meng. A obra tridimensional, composta por folha metálica recortada na forma das Ruínas de São Paulo assente em calçada portuguesa e elementos de azulejo simbolizando conchas do mar, forma um mosaico que evoca as restantes obras presentes nos balcões de check-in, tornando as entradas auspiciosas e as despedidas memoráveis.
Pedro Arede EventosMúsica | Rosanna Ip leva canto lírico à Fundação Rui Cunha Natural de Macau, a soprano lírica Rosanna Ip irá protagonizar um recital no próximo sábado, onde serão interpretados clássicos de compositores como Mozart, Debussy ou Brahms. A artista local, que espera seguir uma carreira profissional no mundo da música, anseia ainda que mais pessoas de Macau possam conhecer o bel canto Integrado na série “Os Sons da Praia Grande”, a galeria da Fundação Rui Cunha acolhe a partir das 17h00 do próximo sábado, um recital de música lírica interpretado pela soprano local, Rosanna Ip. Acompanhada ao piano por Vicky Tong, do programa do “Recital de Voz com Rosanna Ip” fazem parte peças de compositores clássicos como Wolfgang Amadeus Mozart, George Frideric Handel, Robert Schumann, Hugo Wolf, Claude Debussy, Reynaldo Hahn, Roger Quilter, Ernest Charles, Johannes Brahms e Johann Strauss II. Contactada pelo HM, Rosanna Ip mostrou estar empolgada com o espectáculo do próximo sábado, esperando que o evento seja uma oportunidade para que “mais pessoas de Macau possam conhecer e compreender o que é o bel canto”, nome da técnica vocal de tradição italiana em que se inspira e que esteve em voga entre o final do século XVII e o século XIX. Sobre a forma como a música começou a fazer parte da sua vida, a soprano lírica nascida em Macau revelou que, após ter integrado o Coro de Crianças do Instituto Cultural de Macau, acabou por prosseguir os estudos musicais na área através aulas de canto vocal, quando rumou ao Canadá para frequentar o ensino secundário. “Mudei-me para o Canadá para prosseguir os estudos do ensino secundário quando tinha 16 anos. Foi aí que comecei a ter aulas de canto lírico. Depois juntei-me a um grupo chamado “Candesca” e viajámos para Nova Iorque para fazer algumas actuações”, partilhou. A experiência além-fronteiras, que contou ainda com uma formação de prática vocal em Londres com a conceituada professora de Voz e Piano, Teresa Cahill, motivou Rosanna Ip a alcançar novos patamares ao nível do canto lírico. “Ao juntar-me ao grupo e ao fazer digressões musicais, tive a oportunidade de participar em muitos espectáculos e actuar no mesmo palco que outras artistas. Isso inspirou-me muito a trabalhar para chegar a um patamar mais elevado”, apontou Rosanna Ip. Desafios no horizonte De regresso a Macau, em 2019 Rosanna Ip decidiu ingressar na Hong Kong Academy of Performing Arts para frequentar uma formação de quatro anos orientada pela Professora Nancy Yuen, responsável pelo Departamento de Estudos Vocais. Embora admita não ser tarefa fácil, após concluir o programa de estudos que está a frequentar, a artista não tem dúvidas de que o próximo objectivo passará por fazer da música uma profissão a tempo inteiro. “Acho que não é fácil ter uma carreira profissional em Macau na área da música, mas também não digo que seja impossível. No entanto, sem dúvida que há mais oportunidades fora de Macau, até porque existem mais Casas de Ópera. Em Macau, o que podemos fazer é limitado e, por isso, quero trazer e partilhar esta cultura [do bel canto] para Macau”, começou por dizer. “Após concluir os meus estudos em Hong Kong, quero ter uma carreira profissional na área da música. Vou dar o meu melhor para que isto possa ser o meu sustento principal e para haja sempre música ao longo de toda a minha vida”, acrescentou.
Andreia Sofia Silva EventosBienal de Macau | “Botânica”, a obra de Vasco Araújo que olha para o passado colonial Vasco Araújo, artista plástico português, participa na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau” com a peça “Botânica”, que mais não é do que uma ironia ao antigo passado colonial do Ocidente e aos chamados “zoos humanos”, quando nacionais dos países colonizados eram expostos como se de espécies exóticas se tratassem Realizada entre os anos de 2012 e 2014, “Botânica” é uma série de obras realizada pelo artista plástico português Vasco Araújo que mais não é do que uma representação irónica daquilo que o homem branco fez aos naturais dos países colonizados. Três das doze peças que compõem “Botânica”, que usa materiais como a fotografia e madeira, podem agora ser vistas na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau”, inserida na secção “Labirinto da Memória de Matteo Ricci”. Esta, descreve “o olhar do Ocidente sobre a China, reescrito e subvertido ao longo de 500 anos”. Ao HM, Vasco Araújo, natural de Lisboa, cidade onde ainda vive e trabalha, diz ter ficado “surpreendido” com o convite do curador da bienal, Qiu Zhijie. “Botânica” não é mais do que “umas mesas atravessadas por fotografias dos jardins botânicos de Portugal”, bem como por imagens de arquivo “relacionadas com todas as exposições que se chamavam ‘Zoos Humanos’, feitas pela Europa fora e EUA, que traziam pessoas das ex-colónias, de vários países, e as expunham como se fossem animais”. O título desta peça é irónico porque “tal como foram construídos os jardins botânicos com espécies exóticas e vindas de todas as antigas colónias, faziam-se estas exposições para mostrar [as pessoas] e para exercer o poder em termos de dominação”. Vasco Araújo afirma fazer sempre uma crítica “a essa situação que, na realidade, tem repercussões até hoje, de racismo e por aí fora…”. Uma vez que o tema principal da bienal é a globalização, o artista plástico português considera que “faz todo o sentido” expor “Botânica” em Macau. “[O curador] falou da questão da globalização e de como este assunto ainda hoje nos afecta a nível positivo e negativo. Estas peças falam sobre isso. [A ideia] de império e das colónias era replicar o que se fazia na Europa, em África, América do Sul e Ásia, pelo que faz todo o sentido [expor esta obra].” O artista recorda que, apesar de Macau ter feito parte do império colonial português, “se calhar na China não há tanto a noção do que foram os impérios coloniais europeus”. Questão de poder “Botânica” já esteve exposta em lugares como Lisboa e Londres, e é muito mais do que uma obra que olhe exclusivamente para o império colonial português. Temas como o colonialismo e história são, aliás, temas muito presentes na obra de Vasco Araújo. “O que me interessa aqui é o jogo de poder, como construímos a nossa identidade não só enquanto nação, país ou continente, mas também como pessoas. Como exercemos o poder e como é desenvolvida essa relação de superioridade – inferioridade?” Terão sido estes os elementos que, na visão do artista, despertaram o olhar do curador. “As peças não são especificamente sobre Portugal nem sobre o colonialismo português. Os ‘Zoos Humanos’ foram um movimento internacional do final do século XIX, princípio do século XX, que durou até aos anos 60 desse século. O que dizemos hoje sobre a globalização, o facto de perdermos a identidade, já vinha desde o passado, são repercussões de coisas que [aconteceram]”, apontou o autor. Vasco Araújo confessa que expor numa mostra desta natureza constitui sempre um desafio por comparação a uma mostra individual, pois numa bienal “são as minhas peças em confronto com as peças de outros artistas, há um diálogo maior”. O artista é licenciado em escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e tem ainda um curso avançado em artes plásticas. Esta é a primeira vez que expõe em Macau, depois de ter exposto, há dois anos, em Xangai.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Espaço celebra 18 anos com exposição sobre a pandemia Fundado há 18 anos como um projecto “pioneiro”, o espaço Creative Macau inaugura no próximo sábado uma exposição que marca o seu percurso, mas que também olha para o presente. “Open – Close – Open” reúne trabalhos de 33 artistas com as emoções em torno da pandemia a constituírem o tema principal Quando, há 18 anos, o tema indústrias criativas era praticamente inexistente em Macau, abrir o Creative Macau – Centro para as Indústrias Criativas constituiu, sobretudo, um projecto “pioneiro”. Lúcia Lemos é, desde o primeiro dia, directora de um espaço que já organizou 226 exposições individuais e colectivas, com mais de seis mil trabalhos expostos, e que juntou mais de 70 mil pessoas. Além disso, o Creative Macau tem organizado, nos últimos anos, o festival de curtas-metragens Sound and Image Challenge – Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, que recebe películas do todo o mundo. A 12.ª edição, agendada para Dezembro deste ano, acontece desta vez no Teatro Capitol. Para marcar o seu aniversário, o espaço Creative Macau inaugura, no próximo sábado, 28 de Agosto, a exposição “Open – Close – Open”, que se dedica, sobretudo, a olhar para os tempos actuais de pandemia. Um total de 33 artistas locais responderam ao desafio colocado por Lúcia Lemos, com alguns deles a apresentarem obras inéditas. “Os trabalhos são bastante variados e vão desde a joalharia, instalação, ou pintura, ao design gráfico e desenho”, contou ao HM. A directora do Creative Macau escolheu o tema que remete para o abrir e fechar de espaços e actividades por se estar a viver um período de “incertezas” em virtude da pandemia da covid-19. Um olhar pelas obras vai permitir observar estes altos e baixos emocionais que todos vivemos. “São estas incertezas que provocam um certo desequilíbrio em todas as áreas da sociedade. Assistimos ao facto de as pessoas sentirem altos e baixos de uma crise provocada pela pandemia. Nem todos os trabalhos são novos, há uns que foram desenvolvidos sem este propósito [da pandemia], mas que vão de encontro a ele. Há uma ou outra obra que visualmente tem uma mensagem muito directa, enquanto que existem outras obras com mensagens mais abstractas”, acrescentou. Espírito de sempre Com a pandemia, o espaço Creative Macau deixou de poder apostar tanto na vertente de formação, com a realização de seminários e workshops, para se focar apenas nas exposições. Mas o objectivo inicial mantém-se, assegura Lúcia Lemos. “Quando abrimos foi uma coisa pioneira, completamente diferente, mas o espírito continua a ser o mesmo, o de existir liberdade para as pessoas trazerem trabalhos, e de convidar novos artistas e profissionais.” No entanto, “as pretensões que tínhamos de levar os bons trabalhos para fora de Macau não é mais possível, pois o orçamento é agora ainda mais pequeno, há limitações”. Já o panorama das indústrias criativas, “mudou mesmo muito” 18 anos depois. “Os criativos locais continuam a ter muito apoio do Governo, mas agora as ajudas são mais a título colectivo e menos a título individual, porque provavelmente assim será mais produtivo e rentável. Por isso é que há a bienal, o festival das artes. Há mais projectos governamentais que depois chamam as pessoas e os grupos, mas sempre numa base de projectos. Isso também é interessante, embora para nós seja uma novidade.” Directora do Creative Macau há 18 anos, Lúcia Lemos confessa que já tem nomes pensados para a substituir. Mas primeiro pretende fechar ciclos pessoais. “É evidente que não vou ficar para sempre [como directora]. Tenho alguns nomes pensados para me substituir, mas não os posso revelar porque nem sequer apresentei a minha carta de demissão, digamos assim. Vou fazer isso a breve prazo, mas ainda tenho coisas a concluir, para fechar um certo ciclo”, concluiu. A inauguração de “Open – Close – Open” acontece no sábado às 17h30. A mostra está patente até ao dia 30 de Setembro.
Andreia Sofia Silva EventosCartoon | Rodrigo de Matos semi-finalista em concurso organizado em Itália O cartoonista Rodrigo de Matos, colaborador dos jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal, é um dos 56 semi-finalistas do concurso “Libex 2021”, organizado em Itália. O cartoon, inédito, mostra um olhar sobre a questão do politicamente correcto e da “cultura do cancelamento” A caneta usada pelo jornalista é a aquela que, ao mesmo tempo, corta a sua mão. Foi esta a metáfora usada por Rodrigo de Matos, cartoonista dos jornais Ponto Final e Expresso, para participar na terceira edição do concurso internacional “Libex 2021”, organizado em Itália e dedicado exclusivamente a cartoonistas profissionais. Rodrigo de Matos, que foi convidado a concorrer, está entre os 56 semi-finalistas, sendo que os dez finalistas do concurso só serão conhecidos no início do próximo mês. Este ano o tema da iniciativa é a “cultura do cancelamento e o politicamente correcto”, tendo o cartoonista optado por um inédito para chamar a atenção para o que se passa em todo o mundo. “Esta questão do politicamente correcto, da limitação da linguagem e das visões políticas é um problema mundial. Há uma bifurcação muito grande na sociedade. Esta é uma tendência que se observa em que tudo o que nos cerca acaba por levar a um duelo que é de extremismo político”, aponta. Rodrigo de Matos considera que a pandemia da covid-19 só veio tornar mais evidente esse cenário. “Na situação actual da covid-19, que é uma questão essencialmente científica, em que as decisões deveriam ser tomadas sempre com critérios científicos, vemos que a actuação das pessoas tem sido muito política.” Sem saber o que os outros concorrentes apresentaram a concurso, Rodrigo de Matos diz não pensar muito em ganhar. “É bom [estar entre os semi-finalistas] sobretudo num concurso que não é aberto a cartoonistas amadores. A maior parte dos participantes são nomes conhecidos nos seus países, e só estar entre esses convidados já diz alguma coisa.” Chamas de criatividade O ano passado Rodrigo de Matos também chegou ao grupo dos 55 semi-finalistas com um cartoon publicado no Ponto Final que versava sobre as celebrações de Tiananmen em Macau. Este ano a opção de levar um cartoon inédito a concurso foi algo natural. “Normalmente concorro com coisas já publicadas, mas estive a verificar os meus desenhos e, com este tema, e eram todos muito presos a um tema muito específico e à notícia em si. Não tinham uma leitura tão abrangente sobre este assunto.” Rodrigo de Matos confessa que a pandemia da covid-19 lhe trouxe uma nova visão criativa. “Sempre que ocorrem coisas assim no mundo, fora do normal, são pequenas centelhas que acendem a chama da criatividade. São coisas que despertam sempre o nosso olhar crítico para o que se passa à nossa volta, e de facto tem sido um período [produtivo]. Há muita coisa para fazer cartoons e situações que merecem a nossa veia crítica”, referiu. Para o concurso “Libex 2021” foram convidados 160 cartoonistas de um total de 55 países.
Pedro Arede EventosFRC | Pintura e caligrafia de Lee Chau Peng em exibição até 28 de Agosto Até ao próximo dia 28 de Agosto, a Fundação Rui Cunha acolhe a exposição “A Lua de Outono Brilha Sobre o Lago de Lingnan” do pintor local Lee Chau Peng. A mostra inclui 40 obras de pintura e caligrafia do artista que passam para tela, a paz e a harmonia de elementos naturais da pintura chinesa como flores, pássaros e árvores As cores brotam delicadas em sintonia com as flores que parecem surgir à sorte da ramagem pálida, mas sólida, da vegetação onde pousam os pássaros. Quando tinha sete anos de idade, Lee Chau Peng, apaixonou-se pela caligrafia e pintura tradicional chinesa por influência do pai, que lhe ensinou a esboçar os primeiros traços. Desde então, não mais parou de apurar as técnicas que lhe permitiram retratar ao longo do tempo através da caligrafia e da pintura, tópicos como flores, pássaros, peixes, insectos e paisagens. “Quando era criança, o meu pai ensinou-me muito sobre a pintura chinesa e isso foi muito importante para a minha carreira. Desde logo, fiquei muito interessado e, por isso, comecei a aprender como desenhar flores com o meu pai. Na escola e mais tarde continuei a cultivar esse gosto pela pintura e por aprender a pintar sobre estes tópicos, tendo procurado sempre aprender com artistas que ficaram famosos por pintar flores”, apontou Lee Chau Peng ao HM. Cinco décadas depois do início da sua carreira artística, o calígrafo e pintor local que é também Presidente da Associação de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau, vai expor pela 18.ª vez o seu trabalho. Desta feita, até ao próximo dia 28 de Agosto, a Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe a exposição “A Lua de Outono Brilha Sobre o Lago de Lingnan”, que inclui 40 peças de pintura com caligrafia de Lee Chau Peng. Assumindo que ao longo da carreira tem “trabalhado arduamente” para que as flores e a natureza que aparecem nos meus trabalhos fossem “o mais perfeitas possível”, a mostra patente na FRC reflecte a influência de Lee Chau Peng enquanto discípulo do estilo artístico da Escola de Pintura de Lingnan. Nos trabalhos é possível que o estilo de pintura do artista se centra especialmente em peónias, flores de lótus, árvores de bambu, crisântemos, e pequenos pássaros. Num comunicado, artista ressalva ainda ser uma “grande honra” que a exposição decorra no mesmo ano em que se comemora o 100.º aniversário da fundação do Partido Comunista da China, permitindo servir o propósito de amar Macau e a China ao mesmo tempo que se promove a educação artística e se une a comunidade de calígrafos e pintores locais. Missão sagrada Numa nota oficial alusiva à inauguração da exposição que decorreu ontem na FRC, um dos alunos de Lee Chau Peng frisou que o artista tem levado a cabo a “missão sagrada” de promover a pintura e a caligrafia chinesa e ajudar os artistas especializados na matéria, a “realizar os seus sonhos”, naquilo que considera ser uma “jornada de amor”. O mesmo aluno lembra também que, ao longo dos anos, o Presidente da Associação de Artes, Pintura e Caligrafia de Macau já realizou mais de 150 actividades de divulgação de pintura e caligrafia chinesa, um pouco por todo o Sudeste Asiático e que, durante mais de 10 anos, ensinou a sua arte em locais como a Universidade de Macau, a Associação Taoísta de Macau, o Grupo Nam Kwong e a Igreja Anglicana de Macau. Nascido em 1959, Lee Chau Peng começou a sua carreira como designer de interiores, formado pelo Instituto de Design e Indústria de Hong Kong. O percurso académico levou-o depois para o mundo do design e da gestão de negócios. Seguiu para a Canadian Public Royal University, onde fez um Master of Business Administration, e passou ainda pela Princeton University, onde obteve um PhD em Filosofia de Gestão, e pela Renmin University of China, para uma graduação em Administração de Empresas. Aos 62 anos, Lee Chau Peng é licenciado e praticante de Medicina Chinesa desde 1999.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteGrande Prémio de Macau | Associação promove nova exposição em Outubro Entre 27 de Outubro e 13 de Novembro vai ter lugar uma nova exposição de trabalhos artísticos sobre o Grande Prémio de Macau. A entidade promotora da mostra, a Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, enviou ontem uma nova carta ao Governo sobre o pedido de classificação do circuito da Guia como Património Mundial da UNESCO Chama-se “O Circuito da Guia como Património Mundial da UNESCO” e é o tema da nova exposição organizada pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Circuito da Guia de Macau, agendada para os dias 27 de Outubro a 13 de Novembro na galeria Ritz, no Largo do Senado, sede da Direcção dos Serviços de Turismo. Ao HM, José Luís Estorninho, presidente da direcção, adiantou que os detalhes ainda estão a ser ultimados, sendo que este ano a mostra deverá contar com cerca de 20 artistas. Esperam-se trabalhos na área das artes plásticas e visuais, incluindo fotografia. “Tem sido um sucesso. Mas temos ainda de ver os apoios que vamos ter, porque estamos numa fase de pandemia e as coisas estão um pouco incertas”, referiu. A associação promoveu também, há dois anos, uma exposição de carros ao ar livre, que deverá repetir-se novamente este ano, bem como a realização de uma palestra sobre o Grande Prémio de Macau e a importância histórica do Circuito da Guia. Devido à pandemia, este evento deverá acontecer online. Silêncio total Foi em 2018 que a associação entregou um pedido, junto do Governo, para que o Circuito da Guia seja classificado como património mundial pela UNESCO. Mas até à data não houve qualquer resposta das autoridades, o que obrigou a entidade a entregar ontem uma nova carta ao Instituto Cultural. José Luís Estorninho assume que esta será uma luta difícil. “Há muitos concorrentes para a classificação por parte da UNESCO e não é fácil, Macau não é exclusivo. Entregamos hoje [segunda-feira] uma nova carta ao Governo para sabermos o ponto de situação do nosso pedido. Esta decisão não cabe apenas a Macau, mas também às autoridades de Pequim.” No comunicado ontem divulgado na sua página de Facebook, a associação voltou a frisar que “o prestigiado circuito citadino da Guia é uma referência internacional associado ao Grande Prémio de Macau, considerado como o maior evento automobilístico de Macau e um dos maiores do mundo”. Na mesma nota, é referido que a proposta feita ao Executivo “tem naturalmente a ver com o valor histórico do circuito da Guia enquanto palco do maior evento automobilístico do género no mundo, com relevante importância no que respeita ao seu contributo no desenvolvimento turístico e económico da cidade de Macau”.
Andreia Sofia Silva EventosDesign | Exposição em Lisboa revela projectos locais feitos nos últimos 20 anos “Here and There” [Aqui e Ali] é o nome da exposição que estará patente até Janeiro do próximo ano na Roca Lisboa Gallery. Com curadoria de James Chu e Emanuel Barbosa, a mostra revela trabalhos de marcas e empresas locais ligadas à arquitectura e ao design, como é o caso da Lines Lab, Soda Panda ou Macau Design Center, entre outras A evolução do design feito em Macau nos últimos 20 anos pode agora ser vista em Lisboa no espaço Roca Lisboa Gallery. “Here and There” [Aqui e Ali] é o nome da mostra que, ao mesmo tempo, celebra os 35 anos de existência da Associação de Design de Macau, fundada pelo artista macaense António Conceição Júnior e actualmente presidida por Chao Sio Leong. A mostra conta com a curadoria de Emanuel Barbosa, da Associação Cultural Portuguesa (ACPT) e James Chu, director do Macau Design Center, duas entidades que há muito colaboram uma com a outra. Ao HM, Emanuel Barbosa falou de uma mostra “eclética” onde entram nomes como a Lines Lab, ligada ao design de moda, Soda Panda, LBA – Architecture & Planning, atelier de arquitectura de Rui Leão e Carlotta Bruni, entre outras entidades. “É uma selecção muito eclética porque mostra um bocado de tudo. É uma representação muito grande dos sócios das empresas e da associação. Cobre arquitectura, design de interiores, de produto, design gráfico, multimédia. [A exposição] é interessante por causa disso”, disse. A primeira vez que os designers de Macau viram o seu trabalho exposto em Portugal foi em 2019 na Casa do Design de Matosinhos, no norte do país. Mas agora impôs-se a necessidade de expor na capital portuguesa. Se no início o design local contava com inspiração portuguesa, as coisas mudaram muito nos últimos anos, confessa Emanuel Barbosa. “Nota-se uma evolução muito grande. Com o mercado chinês, e também [devido à proximidade] com Hong Kong, os estúdios de Macau estão com muito trabalho e com uma dinâmica enorme, por isso é importante vermos em Portugal esse crescimento. Há 20 anos o design em Macau era muito influenciado pelo que se passava em Portugal. Agora já não é o caso, e isso torna a exposição muito interessante.” Para Emanuel Barbosa, o design feito no território apresenta características muito próprias, graças a esta mistura de culturas de que Macau é feito. “As influências são as mesmas um pouco por todo o mundo, mas estando Macau tão próximo da China nota-se que o trabalho desenvolvido é muito próprio, porque nem é design chinês nem é aquele que costumamos ver no mundo ocidental. Faz uma ponte entre as duas coisas.” Que futuro? James Chu adiantou que a preparação para esta exposição teve início em 2019, por ocasião do 20º aniversário de transferência de soberania de Macau, mas a pandemia fez adiar o projecto para este ano. “Com o apoio do Instituto Cultural queríamos ter a oportunidade de mostrar o design feito nos últimos 20 anos em Portugal. Como curador posso dizer que é sempre importante manter a troca cultural entre Macau e Portugal, e através do design conseguimos encontrar ainda influências da cultura portuguesa, o que faz com o que nosso design seja diferente daquele que é feito noutras cidades chinesas.” Além de olhar para o passado, esta mostra quer também perspectivar o futuro e o caminho que os designers locais ainda têm de percorrer. Para James Chu, esta “não é uma questão para ser pensada apenas pelos designers, mas também para merecer a atenção do Governo, educadores e políticos. Não tenho uma resposta, mas acredito que eles tenham as suas próprias opiniões”, frisou. Citado no catálogo da exposição, Chao Sio Leong, presidente da Associação de Design de Macau, lembrou que esta iniciativa contém “trabalhos representativos das empresas de design de Macau nos últimos vinte anos”. “Portugal é o berço da cultura, arte e vida de Macau que se integra com harmoniosamente a cultura nativa tradicional Chinesa. Esta é a vantagem diferenciadora de Macau e fazemos questão de continuar perto dos nossos amigos portugueses para partilhar as nossas conquistas”, acrescentou. A exposição abriu portas no passado dia 29 de Julho e estará patente até Janeiro do próximo ano.
João Luz EventosArtes gráficas | Estúdio de Xangai ilustra erradicação da pobreza Com inspirações milenares e bênção política, o estúdio Fusion Era, sediado em Xangai, apresenta um projecto de dimensões continentais. “Out of Poverty: Not One Less” é um conjunto de vibrantes de ilustrações que retrata paisagens das várias províncias chinesas e grupos étnicos. A vasta colecção de trabalhos tem sido promovida extensivamente na internet como uma pérola patriótica e um exemplo da vivacidade artística da Geração Z Do velho se faz o novo, a fórmula que não tem prazo de caducidade transmite a ideia por detrás de uma onda artística que bebe inspiração no passado pictórico e no presente político. Com raízes plantadas na clássica pintura chinesa do século XII da Dinastia Song, o colectivo de Xangai Fusion Era lançou-se numa odisseia gráfica: retratar os 56 grupos étnicos chineses e 34 províncias. Pegando na subtil evocação do clássico “Ao longo do rio durante o Festival Qingming”, as animações digitais do estúdio Fusion Era atribuem uma forma moderna à representação dos povos e paisagens chinesas, enaltecendo a erradicação da pobreza no país e os magníficos feitos do Partido Comunista da China (PCC). Aliando a linguagem digital das novas gerações à mensagem oficial e à promoção do patriotismo, as animações digitais têm sido amplamente partilhadas na internet desde o início das celebrações do centenário do PCC. Os novos meios de expressão artística, com prevalência para formatos digitais, deram voz a uma geração de novos criadores chineses, que não precisam de incentivo extra para integrar mensagens patrióticas nas suas obras. Um bom exemplo disso é Li Tianzhi, um dos ilustradores que criou a série “Out of Poverty: Not One Less”. Um dos pontos fulcrais do portfolio do ilustrador de 26 anos até este projecto era trabalhos focados na estética e preservação de monumentos e edifícios antigos chineses. Em declarações ao portal Sixth Tone, Li explica que desde a infância é “fascinando pela diversidade geográfica, paisagística e étnica da China”. Foi, portanto, um processo natural que o conduziu à representação do sucesso da campanha de erradicação da pobreza na China, através das montanhas e rios do país. Além disso, o jovem destaca a inspiração retirada da teoria das “duas montanhas”, de Xi Jinping, que realça o reflexo positivo que as políticas ambientais têm na economia. O capítulo dedicado à província de Yunnan é para Hu Muyang, um dos fundadores da Fusion Era, motivo de orgulho do mega projecto de grafismo digital. A região, situada na região montanhosa do sudoeste da China, é, desde há muito, uma das mais pobres do país. A estrela da ilustração que representa Yunnan é Zhang Guimei, uma proeminente pedagoga que fundou a primeira escola grátis para raparigas oriundas de famílias desfavorecidas. “Ela é uma figura sensacional, sofreu muitas angústias e dificuldades, a história da sua vida emociona qualquer um”, contou o artista às Sixth Tone. Porém, em vez se focar no passado trágico de Zhang, que ficou órfã quando era criança e viúva ainda nova, o trabalho do grupo de Xangai retrata-a como um ser maior que a vida, a pairar entre as nuvens, olhando com um sorriso vitorioso e benevolente a paisagem idílica de Yunnan. Aos quatro ventos Criado em 2019, às portas da pandemia, o estúdio Fusion Era colaborou com empresas de audiovisual da Europa e dos Estados Unidos e museus chineses. No entanto, o coronavírus obrigou a equipa a trabalhar a partir de casa e a partir para uma abordagem mais direccionada para uma mensagem pública. Em declarações ao Shanghai Daily, Hu Muyang admitiu que acolheu também a missão de contrariar rumores e narrativas, vindas do ocidente, sobre a China. “Queríamos que o mundo ouvisse vozes realmente chinesas e insistimos em mostrar a cultura e sociedade chinesa vistas pelos olhos dos jovens chineses da Geração Z”, conta. O lançamento de “Out of Poverty: Not One Less” foi amplamente divulgado e disseminado por tudo o que é rede social, em especial na China, incluindo através de uma campanha de vários influencers, onde também se contaram estrangeiros. Além disso, a epopeia digital foi acompanhada por um jogo de “caça ao tesouro” e por um longo tema de hip-hop elogiando a nova e crescente força da China, intitulado “100%”, lançado com pompa e circunstância na plataforma de transmissão de música NetEase Cloud Music. O jovem ilustrador conta que foram tidos em conta inúmeros exemplos de “estudantes que finalmente conseguiam sair das suas cidades natal, em zonas remotas e desfavorecidas, movidos puramente por vontade, para fazerem exames de acesso ao ensino superior”. “Agora que eliminarmos a pobreza, quero transmitir a alegria e orgulho daqueles que regressam às suas terras de origem sem receio de regressarem à pobreza. É a isso que chamamos revitalização rural”, afirmou Hu ao Shine, publicação em inglês do Shanghai Daily.
Andreia Sofia Silva EventosBienal de Macau | Konstantin Bessmertny desvenda representações das suas obras Nas três obras que tem expostas na “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, Konstantin Bessmertny criou representações e labirintos onde um dos elementos é o contraste das culturas portuguesa e chinesa. Com uma carreira que o destaca como um dos mais relevantes artistas locais, Bessmertny elogia a grande qualidade das obras expostas nesta bienal Impelido a descrever as suas obras, Konstantin Bessmertny hesita e acaba quase sempre a dizer que cabe a cada um tirar as suas próprias conclusões. Relativamente às três obras que tem expostas na edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, o artista russo, radicado há décadas no território, fala de trabalhos cheios de labirintos e representações, não só das suas ideias, como do sítio que há muito o acolheu. A “Grand Finale”, exposta nas Oficinas Navais nº1, é, para Konstantin Bessmertny, “um dos trabalhos mais interessantes” que já fez. A obra retrata uma “mesa limpa depois de uma refeição de comida cantonense, com oito pessoas, mulheres e homens”. O quadro é uma alegoria, conforme afirma o próprio artista, que funciona quase como um “drama psicológico, em que vemos as caras e como se relacionam entre si”. Há ainda o quadro “The League of Journeyers to the East”, que funciona “quase como uma instalação”. “Tentei fazer um labirinto complexo de algumas descoberta e ideias”, disse ao HM. “É difícil descrever o que está na pintura, mas posso dizer que é esse labirinto complexo, com muitas mensagens. Com este quadro, desafio o observador a compreender o que está por detrás.” A obra alberga também dois “jogos famosos”, muito populares nos séculos XVIII e XIX, e o tema da geometria, além das referências a personagens históricas. Com a obra “Babel Lisboa”, Bessmertny explora o que tem servido de base à sociedade de Macau desde a sua fundação: a permanente interligação entre as culturas portuguesa e chinesa. “Uma das coisas que ao início me levou a fazer esta pintura foi tentar compreender esta palavra, ‘Lisboa’, e de como se relaciona com as pessoas que não conhecem Macau, ou que não conhecem a Lisboa em Portugal, mas também as que conhecem ambas. É como um labirinto de ideias, mas penso nas pessoas que têm uma introdução a ambas as culturas, portuguesa e chinesa.” Neste quadro, “podem reconhecer-se partes que sugerem Lisboa, como casino e hotel, com detalhes sobre as mesas de jogo, mas há também Lisboa, a capital portuguesa”. “Para mim Lisboa não é apenas sobre as pessoas de Macau, mas é também Portugal, e os casinos. Então tentei meter todos estes elementos juntos”, frisou. Trabalhos “brilhantes” Konstantin Bessmertny olha para esta edição da Bienal como “uma das iniciativas mais importantes ao nível da arte contemporânea”, sendo que os trabalhos expostos no Museu de Arte de Macau, por exemplo, são “simplesmente brilhantes” e seguem “padrões internacionais”. “Nas próximas edições da Bienal pode haver um crescimento, mas já é bom o suficiente do ponto de vista artístico. Pode, de facto, atrair para cá os verdadeiros amantes da arte”, acrescentou. Recordando que Macau já teve uma bienal de arte nos anos 90, quando nenhum território na Ásia organizava eventos culturais deste género, Konstantin Bessmertny considera que esse facto deveria ter sido relembrado pelos organizadores. O artista defende ainda que o território pode equiparar-se a Veneza, uma vez que existem vários espaços para exposições com a possibilidade de organizar percursos pedestres para quem gosta de arte. “Em meados de Maio, ou em Outubro, [os visitantes] poderiam receber um mapa, que passasse pelos casinos no Cotai e por todos os espaços de exposição que existem em Macau. Trabalho com Hong Kong e sei o quão difícil é encontrar bons espaços de exposição. Macau tem muitos mais espaços e podemos ter eventos de arte de larga escala muito facilmente. Mas não quero sugerir ou criticar. Se me perguntarem, darei uma lista de ideias”, referiu. Em relação à pandemia, Konstantin Bessmertny considera que levou todos a olhar mais para o mundo da arte, mas não só. “As pessoas de Macau não divergem das de outros locais [na sua relação com a arte]. Mas vejo que, em termos gerais, as pessoas estão presas, passam mais tempo em casa, e passam a apreciar mais a natureza, por exemplo. As pessoas que nunca prestaram atenção à arte começam a ir mais vezes ao museu. É parte de uma experiência de abertura, de fazer coisas que nunca experimentamos. Ficar muito tempo num só lugar leva-nos a inventar coisas novas, a questionar, a abrandar. Penso que isso é um benefício para a humanidade, e não apenas para Macau.”
João Luz EventosMarionetas | “A Lagartinha Muito Comilona” estreia amanhã no CCM O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau recebe a partir de amanhã, até domingo, a clássica peça de teatro infantil de marionetas “A Lagartinha Muito Comilona”, com produção da companhia Shanghai Troupe. No total, vão ser apresentados 10 espectáculos, com 75 marionetas em palco Ao eclodir do ovo, uma fome imensa apoderou-se da pequena e muito esfomeada lagartinha. O que se segue é uma grande farra de comida e uma vida de transformação que alimenta a imaginação da pequenada há gerações. “A Lagartinha Muito Comilona”, a partir do livro infantil de Eric Carle lançado em 1969, chega amanhã a Macau para 10 sessões de teatro de marionetas no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau. Amanhã e sexta-feira, as sessões estão marcadas para as 14h45 e 19h30, com duração de 45 minutos (sem intervalo). No sábado e domingo as sessões estão marcadas para as 11h, 14h45 e 17h. “A Lagartinha Muito Comilona” chega assim a Macau, em formato de teatro de marionetas, com produção da Shanghai Troupe e dirigida por Pipi Kao, a partir da peça criada por Jonathan Rockefeller internacionalmente galardoada. A companhia de Xangai leva a palco 75 divertidas marionetas, que incluem a lagartinha comilona, o urso castanho, o sapo verde e feliz, o gato rechonchudo, o belo cavalo-marinho, entre outros. Ganhar uma dimensão Num dia, aparentemente como noutro qualquer, Eric Carle mudou para sempre o paradigma dos livros didácticos infantis ao usar um perfurador numa pilha de papéis. A imagem dos buracos nas folhas transportou Carle para um mundo de fantasia, tendo como protagonista uma minhoca chamada Willi. A editora do autor norte-americano sugeriu-lhe que trocasse a minhoca por uma lagarta. Carle exclamou: “que se transforma numa linda borboleta”. Nascia assim um best-seller, publicado pela primeira vez em 1969, que a determinada altura se dizia vender um exemplar por minuto. O livro foi traduzido em pelo menos 40 línguas, incluindo chinês, holandês, francês, espanhol, alemão, japonês, italiano, português, sueco, russo e hebraico. Ao longo dos anos, “A Lagartinha Muito Comilona” tem sido usado por professores do ensino básico e pais como material de ensino auxiliar, particularmente eficaz para aprender a contar. Com quase 50 milhões de cópias vendidas, “A Lagartinha Muito Comilona” ganhou uma dimensão extra e foi adaptado para teatro. Uma das adaptações mais conhecidas, da autoria de Jonathan Rockefeller, é a que chega amanhã ao Centro Cultural de Macau.
Andreia Sofia Silva EventosDança | “Home, Sailing Home” recorre às artes para contar a história do Porto Interior Todos os fins-de-semana, até ao próximo dia 15, a praça Ponte e Horta, na zona do Porto Interior, é palco de performances artísticas que, recorrendo à dança e ao teatro, contam a história de uma das zonas mais icónicas do território. Chloe Lao, da Associação de Dança Ieng Chi, fala de um projecto que acontece em parceria com o CURB – Centro para a Arquitectura e Urbanismo [dropcap]C[/dropcap]hama-se “Home, Sailing Home” e é uma iniciativa cultural da Associação de Dança Ieng Chi que, através das artes performativas de rua, pretende contar a história daqueles que chegaram a Macau e se foram estabelecendo um pouco por acaso. Todos os fins-de-semana, a partir das 17h, na praça Ponte e Horta, o público é convidado a seguir o percurso traçado por seis bailarinas, em que uma assume o papel de personagem principal. Ao HM, Chloe Lao, responsável pelo projecto e ligada à Associação de Dança Ieng Chi, falou de uma iniciativa desenvolvida em parceria com o CURB – Centro para a Arquitectura e Urbanismo, situado no atelier e espaço de exposições Ponte 9, do arquitecto Nuno Simões. Neste local vai também estar patente uma instalação artística. “Focámo-nos no século passado, entre os anos 30 e 60, e sobre as vivências na zona do Porto Interior. Nesse período havia muitas pessoas vindas da China, Hong Kong e de outros países da Ásia que chegavam a Macau pelas mais diversas razões. A população cresceu imenso, e muitos dos nossos avós vieram para Macau nessa altura.” O nome da iniciativa remete para as vivências de quem chegou de barco com alguma bagagem, alguns fugindo até da guerra, e acabou por ficar uma vida inteira. “‘Home, Sailing Home’ remete para a ideia [dos que chegavam e] inicialmente achavam que iam estar aqui apenas por um determinado período de tempo, mas que acabaram depois por ficar.” Mas Chloe Lao, que trabalhou como coreógrafa no passado, quis também contar as histórias das mulheres que vieram para as fábricas. “Mostramos ainda o lado das mulheres trabalhadoras que contribuíram muito para o desenvolvimento da indústria manufactureira em Macau. A história é essencialmente como os nossos pais e avós contribuíram com o seu trabalho, e com toda a sua vida, numa ligação com o mar.” Para este espectáculo a equipa realizou entrevistas com pessoas mais idosas que chegaram a Macau nesta altura. “O guião é um consolidar das histórias da velha geração”, frisou Chloe Lao. Para miúdos e graúdos A entrada para os espectáculos, que se dividem por quatro zonas diferentes, é gratuita, sendo que os mesmos decorrem todos os sábados e domingos pelas 17h até ao próximo dia 15. O público tem sido composto por velhos e novos, que se revêem nas histórias que os pais contam em casa. “A maior parte das pessoas que assistem aos espectáculos são mais velhas, que têm aqui [zona do Porto Interior] o seu dia-a-dia. Esta zona tinha também muitas lojas de incensos e os mais velhos têm muitas memórias dos seus tempos de juventude, acabando por partilhar ideias do que viveram aqui quando eram mais novos. Estas pessoas trazem também os mais novos que compreendem estas histórias, que são muito próximas das suas vidas.” Relativamente ao público de uma geração mais recente, as reacções são de satisfação. “Mesmo as crianças ficam contentes porque se identificam com as histórias que os pais lhes contaram. Então as reacções que recebemos é que as histórias reflectem os seus tempos de juventude. Estabelecemos uma ponte comunicacional com eles”, adiantou Chloe Lao. Para a responsável por este projecto, contar as histórias do Porto Interior através da dança “é uma forma mais poética” de o fazer, e que leva as pessoas a “compreenderem melhor” o que as bailarinas tentam transmitir através dos seus corpos e expressões.
Hoje Macau EventosMúsica | Lançado videoclipe de “Primavera”, que integra álbum de Maria Monte Já pode ser visto no YouTube [https://youtu.be/WR_QF2sMwVI ] o novo videoclipe da música “Primavera”, que integra o projecto discográfico “Laços”, de Maria Monte. Lançado em diversas plataformas digitais, “Laços” é um EP produzido pelo músico João Caetano, nascido no território e actualmente a residir em Londres. “Primavera” é um tema que “invoca a esperança em tempos de pandemia”, mas “Laços” tem também músicas como “Macau” que invoca, “de forma ardente, a cidade poética” e “Concha”, que vagueia entre “a paixão e o vazio de uma relação de amor”. Segundo uma nota de imprensa, “todos os temas combinam as nuances emocionais que impactam as cidades de Lisboa e Macau com uma densidade rítmica correspondente”. Além da colaboração de João Caetano, este EP conta também com a participação de músicos de jazz a viver em Londres e de Karme Caruso. Maria Paula Monteiro, verdadeiro nome de Maria Monte, integrou várias formações musicais no passado, tendo trabalhado com nomes como António Emiliano, Ramon Galarza, Paulo Pedro Gonçalves, Pedro Ayres de Magalhães, e bandas como os Delfins e Sétima Legião. Adoptou o nome Spunky e lançou o single “Latino-Americano” com produção de José Maria Côrte-Real. Maria Paula Monteiro colaborou ainda com o projecto Zanzibar, que incluiu nomes como Tito Paris, Dalu e Fernando António, tendo lançado o álbum “Terra de Ninguém”. Em Agosto de 1987 foi lançado o single “Boys And Girls”, novamente com produção da Nice Tan Productions. A cantora participou no Festival da Canção 1993 mas manteve sempre o seu vínculo a Macau, ao participar em duas colectâneas de música como cantora. Gravou para a Valentim de Carvalho, Polygram (agora Universal) e EMI.
Andreia Sofia Silva EventosArte Macau | “Intertwine”, o pavilhão que também olha para o futuro É hoje inaugurado, às 18h, o pavilhão de bambu construído pelos finalistas do curso de arquitectura da Universidade de São José. O projecto “Intertwine” integra a edição deste ano da Bienal Internacional de Arte de Macau e, além de recorrer a uma técnica tradicional de construção em bambu, traz também inovação e um olhar sobre o futuro O campus da Universidade de São José (USJ), na Ilha Verde, recebe hoje um novo pavilhão inteiramente construído em bambu pelos alunos finalistas do curso de arquitectura. “Intertwine” celebra não só as técnicas tradicionais de construção de andaimes em bambu no sector da construção civil mas acrescenta-lhe ainda técnicas inovadoras, conforme contou ao HM o arquitecto Nuno Soares, coordenador do projecto. “Todos os anos, desde 2013, que fazemos um pavilhão de bambu em que são usadas as técnicas tradicionais juntamente com novas técnicas digitais e a criatividade dos nossos alunos. Neste caso, o exterior do pavilhão entrelaça-se com o interior e é usado um material tradicional, mas cria-se uma forma e existência especial muito dinâmicas, fluídas e inovadoras.” O projecto “Intertwine” integra a edição deste ano da Bienal Internacional de Arte de Macau, algo que para Nuno Soares constitui uma boa oportunidade para os alunos mostrarem aquilo que valem antes de integrarem o mercado de trabalho. “Este é o último projecto antes de se licenciarem, e queremos que saiam em grande e que acabem o curso com um projecto de excelência. Este tem grandes dimensões, [é feito] com uma técnica construtiva original e é o momento em que os alunos conseguem fazer o projecto do início ao fim num curto período de tempo, uma vez que normalmente os projectos de arquitectura demoram meses a ficarem concluídos.” Pátio com céu “Intertwine” não é mais do que um pátio onde, quando se entra, se vê o céu. Além de já integrar uma exposição, a ideia é que este pavilhão possa também receber outro tipo de eventos. “Temos uma chamada para projectos onde diferentes organismos dentro da USJ e da comunidade à volta podem fazer eventos. Não queremos que seja uma escultura mas sim um espaço usado pela comunidade académica e envolvente. Estamos a convidar a cidade para entrar no campus da USJ e trocar ideias com a comunidade académica”, explicou o arquitecto. Nuno Soares considera o “Intertwine” “aliciante”, uma vez que permite “olhar para uma técnica que todos conhecemos no nosso quotidiano e ver que pode ser usada para criar uma arquitectura inovadora ou pode ser levada para o futuro”. Para o arquitecto, construir com bambu é recorrer “a um elemento do passado que tem muito futuro ainda”. Mas há também uma ideia de sustentabilidade em torno deste pavilhão, uma vez que “o bambu vai continuar a ser usado depois”. “Há também uma mensagem de reutilização e de sustentabilidade, e que é uma das marcas do curso de arquitectura”, adiantou. O pavilhão de bambu “Intertwine” pode ser visitado ou utilizado pela comunidade até ao dia 28 de Setembro de segunda-feira a sábado das 9h às 19h.