Exposição | Preciosidades assinalam 20 anos do Museu de Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Museu de Macau inaugura na próxima sexta-feira uma exposição para assinalar o seu 20.º aniversário. A mostra, intitulada “Conjunto de Preciosidades”, divide-se em seis secções: “Pinturas de Lingnan”, “Pinturas de Viajantes Europeus”, “Estilo e Vida”, “O Carácter Multicultural de Macau”, “Olhar Retrospectivo” e “Espaço Educativo”.

Em comunicado, o Instituto Cultural  (IC)destaca que a exposição de colecções, que vai estar patente até 24 de Fevereiro, evidencia “o intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente ao longo de mais de quatrocentos anos”, patente nos traços das heranças culturais chinesas e ocidentais em obras de arte, em bens de uso quotidiano, ou ainda nos legados de personalidades como Gao Jianfu, George Chinnery e André Auguste Borget que partilham uma indelével ligação a Macau. De modo a permitir ao público compreender melhor a colecção de relíquias culturais do Museu de Macau, a exposição contará ainda com uma exibição multimédia e uma zona educativa.

Já no próximo dia 27 de Outubro tem lugar uma palestra temática sobre as pinturas da exposição de colecções, proferida pelo director do Museu de Arte de Macau, Chan Kai Chon. Durante o período da exposição, vão realizar-se ainda workshops (a 20 de Outubro, 24 de Novembro e 15 de Dezembro), cujas inscrições podem ser feitas através do portal do IC.

26 Set 2018

Tap Seac | Colectiva de Artes Visuais inaugura amanhã

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] inaugurada amanhã, pelas 18h30, na Galeria do Tap Seac, a Exposição Colectiva das Artes Visuais de Macau. Para a mostra, organizada pelo Instituto Cultural (IC) foram seleccionadas 80 obras de um universo de 291 recolhidas, entre as quais “O Quarto da Série de Murais” de Lam Un Mei, que conquistou o grande prémio do júri e o prémio juventude.

O prémio de obra excelência foi atribuído ainda a “Cidade Miniatura” de Vong Vitorino, “Orientando” de Lei Ka Ieng, “Barco I, Barco II” de Leong Wai Lap, “Sentimentos Contraditórios – Sensação de Afastamento, Sensação de Fluidez” de Chan Ka Ian, “Série Fantasias de Erros Robóticos” de Ho Wai Leng, e a “Cidade dos Sonhos” de Sam Kin Hang. Também a “Pairar” de Route Arts Macau, “Notícias Locais J1” de Leong Fei In, e “Colecção de Imagens (90 Peças de Tralha)” de Wong Weng Io.

A exposição fica patente até 18 de Novembro na Galeria do Tap Seac e na Galeria de Exposições Temporárias do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) entre as 10h e as 21h, incluindo nos feriados. A entrada é livre.

26 Set 2018

Exposição | Fotógrafo Jorge Simões prepara projecto sobre Macau

O fotógrafo português Jorge Simões, curador da Book-Hop, a primeira exposição de livros de artista no território, que inaugurou ontem, tem na calha um projecto com Macau como pano de fundo

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] um projecto que se encontra na gaveta, mas que pode em breve vir a conhecer a luz o dia. Macau surge como pano de fundo e a fotografia como meio. Jorge Simões, fotógrafo português, está de regresso ao território, onde, além da curadoria da exposição que o trouxe de volta, procura dar continuidade a um trabalho que iniciou em 2012.

“Na altura, vim a Macau também a propósito de uma exposição e aproveitei a minha vinda para fotografar e fazer também o meu trabalho pessoal enquanto artista”, contextualizou Jorge Simões ao HM. A cidade despertou-lhe os sentidos e, mesmo sem estar preparado para essa missão, não deixou de capturar momentos, atraído pela “envolvência de uma cultura completamente diferente”, do clima, às pessoas, aos cheiros.

“Acabou por ir acontecendo durante o tempo que estive aqui porque fui conhecendo os sítios, as pessoas e isso depois levou-me a querer fotografar cada vez mais”, sublinhou Jorge Simões que pretende aproveitar o regresso para dar “continuidade ao trabalho”, conferindo-lhe uma maior proximidade, com enquadramentos mais fechados e sobretudo rostos. “Estava a pensar em mais fotografias de ‘close ups’, de pessoas”, realça.

“Cada indivíduo vê as coisas à sua maneira, [pelo que] as minhas fotografias retratam o meu olhar. Eu vejo os cheiros, as pessoas, a arquitectura, a construção, a massificação e também o consumismo – que em Macau é notório –, os casinos, a luxúria, os brilhos, as luzes. Tudo isto é impressionante”, observa o fotógrafo português.

Livro de artista

Já “pronto a sair a qualquer momento” tem um livro de artista que, por motivos óbvios, não se encontra patente na exposição que inaugurou ontem na Casa Garden. Isto apesar de essa faceta ter ficado “sempre para trás” devido à crescente procura pela produção de exposições, à qual se dedica há 20 anos.

“Cada vez mais sou procurado pelos artistas para ajudar na produção e montagem de exposições, o que ocupa grande parte do meu tempo e quase não deixa espaço para o meu trabalho de artista”, afirmou, lamentando de “alguma forma” que assim seja. “É um pouco limitativo em termos criativos” mas, “por outro lado, é muito bom e gratificante quando conseguimos ajudar outras pessoas a desenvolverem os trabalhos que queriam e não conseguiriam fazer sozinhas”. Não obstante, reconhece que, no fundo, cada exposição acaba por reflectir o seu trabalho e, naturalmente, a criatividade nela exposta.

A Macau trouxe então a Book-Hop que figura como a segunda edição da exposição de livros de artista, a seguir à realizada em Coimbra, mas que não deverá ser a última. “Entretanto já recebi um convite para fazer a terceira, também em Portugal”, adiantou.

A Book-Hop, que pretende divulgar o livro de artista enquanto obra de arte independente, conta também com a curadoria do designer Paulo Côrte-Real, o qual ficou responsável pela selecção de artistas locais, onde se incluem nomes como Rui Rasquinho, Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Francisco Ricarte e João Miguel Barros.

26 Set 2018

FIMM | Ópera “L’Elisir D’Amore” sobe ao palco do CCM na sexta-feira

É já na próxima sexta-feira que arranca o Festival Internacional de Música de Macau (FIMM). “L’Elisir D’Amore”, ópera em dois actos do compositor italiano Gaetano Donizetti, tem as honras da grande abertura

[dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]oi em Milão, no ano de 1832, que “L’Elisir D’Amore” se estreou em palco. Desde então correu mundo, tornando-se uma presença frequente em casas de ópera de renome internacional. A obra intemporal do compositor italiano Gaetano Donizetti (1797-1848) chega agora a Macau, integrada no FIMM, quando se assinalam os 170 anos da sua morte.

A trama gira em torno do amor que tudo supera – desde os interesses materiais às diferenças de classe social. A ópera, em dois actos, composta em apenas seis semanas, centra-se num jovem camponês (Nemorino) que se apaixona por uma rica e bela proprietária de terras, que o atormenta com a sua diferença (Adina). Nemorino convence-se de que uma poção mágica o poderá ajudar na conquista do seu amor e, com a chegada à aldeia do sargento Belcore que pede Adina em casamento, empenha todas as suas economias num frasco de elixir do amor, que adquire ao charlatão Dulcamara.

O segundo acto começa com Nemorino a implorar a Dulcamara um elixir mais potente, face à iminência da assinatura do contrato de casamento entre Adina e Belcore. Em troca, sem dinheiro para pagar, o jovem camponês aceita alistar-se no exército de Belcore. Dulcamara conta a Adina o que se passa com Nemorino, e esta acaba por ganhar consciência do amor que o protagonista lhe devota, entregando-lhe o papel que o resgata do serviço militar e admitindo que o amará para sempre. Nemorino vem a herdar uma fortuna, de um falecido tio, e Dulcamara vangloria-se dos poderes do seu elixir que, além do amor, trouxe riqueza ao jovem camponês que acaba por casar-se com Adina.

Um elenco de luxo

“L’Elisir d’Amore” – que vai subir ao palco do Centro Cultural de Macau na sexta-feira e no domingo – é uma produção da Ópera de Zurique. Com duração de duas horas e 45 minutos, incluindo um intervalo entre os dois actos, é interpretada em italiano, com legendas em chinês, português e inglês. O tenor Arturo Chacón-Cruz, aluno de Plácido Domingo, e a aclamada soprano Laura Giordano, dão vida às personagens de Nemorino e de Adina.

A ópera conta com a mestria visual do célebre encenador alemão Grischa Asagaroff que a viu pela primeira vez no início dos anos 1980, numa famosa produção em Hamburgo. Com efeito, seria preciso uma década para voltar a contactar com “L’Elisir d’Amore” e apaixonar-se de imediato, com a famosa ária “Una furtiva lagrima”, uma das razões que o levou a aceitar o desafio de encenar a obra.

“Esta produção em Macau, com uma grande orquestra [Orquestra de Macau, dirigida pelo maestro austríaco Ralf Weikert], um coro famoso [Coro Lírico Siciliano] e um maravilhoso elenco de grandes cantores e actores, mostrará ao grande compositor Donizetti por que, passados 186 anos, a sua ópera continua a ser um êxito intemporal”, observou o encenador num encontro com a imprensa, que teve lugar na sexta-feira. “Estou muito feliz por poder mostrar ao público [de Macau] uma das minhas produções preferidas”, complementou Grischa Asagaroff.

O preço dos bilhetes para “L’Elisir d’Amore”, o espectáculo de abertura do FIMM, oscila entre 300 e 600 patacas.

25 Set 2018

Macau acolhe pela primeira vez Exposição Internacional Asiática de Filatelia

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] 35.ª Exposição Internacional Asiática de Filatelia inaugura hoje em Macau, reunindo coleccionadores de selos de 23 países e regiões, que vão competir em diferentes categorias. A mostra, que decorre até segunda-feira no Venetian, conta com mais de mil quadros expositores, tem ainda 40 ‘stands’ de administrações postais e comerciantes filatélicos do estrangeiro.

Um dos pontos fortes da Exposição Internacional Asiática de Filatelia é a área de selos raros, onde estão expostas oito colecções emprestadas pelo Museu Nacional de Correios e Filatelia da China, descritas como “muito raras”. São exemplos o trio de selos “Grande Dragão”, os primeiros selos postais da China, cuja emissão é considerada “um símbolo importante do início dos correios/filatelia da era contemporânea, e o “Manuscrito de R.A. de Villard”, um funcionário alemão das Alfândegas Marítimas em Xangai, que contém “os primeiros esboços de design de selos da dinastia Qing”.

Para assinalar o primeiro certame filatélico internacional a ter lugar em Macau, a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT) preparou três emissões filatélicas dedicadas ao evento. A primeira, lançada a 1 de Março, ilustra a vida quotidiana de Macau, enquanto a segunda, uma etiqueta postal, a ser apresentada hoje – no dia da abertura – tem o edifício-sede dos CTT como protagonista. Já a terceira emissão, composta por um conjunto de quatro selos e um bloco que ilustram festividades tradicionais de Macau, é lançada no domingo, nas vésperas precisamente de uma das festas mais características: a do Bolo Lunar.

Há também uma carteira temática com três conjuntos de produtos filatélicos alusivos ao evento, que reúne emissões da mesma série. Definida como uma “valiosa lembrança para colecção”, vai ser posta à venda na segunda-feira pelo preço unitário de 120 patacas.

Mó de baixo

A filatelia constitui uma importante fonte de receita dos CTT, como sublinhou ontem a sua directora, Derby Lau, à margem da conferência de apresentação da exposição, embora reconhecendo que actualmente atravessa um período menos bom em Macau. “É uma fonte financeira forte”, mas “já não é tanto como antigamente”, indicou, dando conta de que em 2016, por exemplo, as receitas provenientes da filatelia eram três vezes superiores. “Actualmente, [o peso nas receitas] não chega a 20 por cento”, afirmou, ressalvando, porém, que tal depende do “ciclo do mercado da filatelia”. “A filatelia tem um ciclo de mercado – com picos altos e baixos – e, nesta altura, consideramos ser baixo”, observou Derby Lau, para quem as emissões comemorativas podem jogar a favor de Macau, ajudando a despertar mais interesse por parte dos coleccionadores de selos.

21 Set 2018

Entrevista | Carlos Braz Lopes, criador de “O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”

Tudo começou por ser uma brincadeira. Mas quis o destino que uma tentativa gorada para reproduzir outra iguaria se transformasse em “O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”. O seu criador, Carlos Braz Lopes, está em Macau para dar a provar este bolo, hoje, no Clube Militar às 18h30

[dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]omo apareceu o “Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”?
Tive um restaurante em Lisboa de cozinha tradicional portuguesa. Estávamos no ano de 1987, quando o panorama era muito diferente do que é hoje em dia. Nessa altura, resolvi fazer uma viagem entre Londres e Paris para ver o que por ali se andava a fazer com a intenção de vir a introduzir alguma coisa na oferta desse restaurante. Quando resolvemos escolher as sobremesas, além do tradicional leite creme, tínhamos de ter, como acontecia em todos os restaurantes, uma sobremesa de chocolate. Lembrei-me que tinha comido uma coisa em Paris que me chamou a atenção pela textura: era um bolo de chocolate com merengue e mousse. Aliás, basicamente, é esta conjugação que fazia a diferença deste bolo para os outros. Achei que era interessante. Não tenho formação em pastelaria mas sempre fui curioso, desde os tempos da faculdade onde estudei gestão. Mas como sou um bocadinho pretensioso, achei que chegava a Lisboa e ia conseguir fazer aquele bolo. É evidente que nunca consegui fazer igual. Masdei a provar a vários amigos o que fiz e eles acharam que estava bom. Acabei por fazer o bolo para servir no restaurante. Na altura, só se chamava bolo de chocolate.

Como se transformou no melhor do mundo?
As pessoas começaram a perguntar por esta sobremesa e a pedir para guardar uma fatia caso estivesse disponível. O bolo começou a ser um sucesso porque era realmente diferente. Mais tarde, abri uma loja que se chamava “Cozinhomania” onde se vendiam utensílios e se faziam cursos de cozinha. Como já tinha uma cozinha lá instalada, comecei a fazer o bolo. As pessoas entravam na loja e perguntavam porque é que cheirava a chocolate. Eu respondia que estava a fazer um bolo. As pessoas perguntavam se o bolo era bom e eu respondia que era o melhor do mundo. Foi assim que apareceu o melhor bolo de chocolate do mundo, que, no fundo, era apenas uma brincadeira. As encomendas começaram a surgir e a aumentar e pensei que tinha ali um negócio “sem saber ler nem escrever”. Na altura, já tinha uma pequena equipa para me ajudar a confeccionar, mas não era ainda o meu negócio permanente.

FOTO: Sofia Mota

Como justifica o sucesso?
Há aqui vários factores. As pessoas que queriam fazer encomendas tinham de telefonar 48h antes para garantir o bolo. Não era um serviço fácil mesmo para o cliente. Acabei criar uma imagem à volta do bolo que dava a sensação de que era uma coisa difícil de conseguir e de que era um produto feito, personalizadamente, para aquele dia e para aquele cliente, o que acabou por lhe dar uma certa mitologia. O negócio nasceu completamente impensado mas depois acabou por funcionar a meu favor, desde o nome ao processo de aquisição. Mais tarde, verifiquei que o nome foi aquilo que me dizem ser “um golpe de marketing extraordinário”. Qualquer loja do mundo que abra com este nome chama sempre alguém a entrar, por estar irritado com o nome, por achar graça ou para testar. Já lá vão 16 anos desde que abri oficialmente “O melhor Bolo de Chocolate do Mundo”. Tive sorte.

Tenho a sorte de ter visto negócios que me despertaram a atenção e que na altura não existiam em Portugal. Às vezes, acho que as pessoas saem do país à procura de novas oportunidades de negócio e quando regressam acabam por fazer coisas que já existem. Isto não quer dizer que não tenham sucesso, mas a luta é mais difícil. No meu caso, apareci como pioneiro na loja de produtos e cursos de cozinha. Tanto este negócio como “O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”, por serem novidade, fizeram com que depois a cobertura dos media também mostrasse interesse por eles, o que ajudou muito.

Actualmente, é um produto espalhado por todo o mundo.
Sim, já estamos no Brasil, em Espanha, na Austrália, em Angola e, talvez, estejamos no Kuwait em breve.

Podemos dizer que o gosto pelo chocolate é universal?
Sim, o gosto por chocolate é universal. Por exemplo, a Ásia já conhece há muito tempo a pastelaria que se faz na Europa. Aqui não se usa tanto açúcar, mas mesmo assim, num período de Natal em que vendi pontualmente para o Japão, este bolo foi um sucesso. Quem vive na Ásia também já viaja muito mais e começa a provar sabores que não se conheciam tanto. Um exemplo disso é que grande parte dos países asiáticos já têm pastelarias francesas.

21 Set 2018

Fotografias de Edgar Martins em exposição de obras feitas por presidiários

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]ma série de fotografias do português Edgar Martins integra uma exposição de trabalhos feitos por presidiários patente ao público desde ontem no centro de artes Southbank Centre, em Londres.

“I’m Still Here” é a 11.ª exposição produzida pela Fundação Koestler, que promove programas artísticos nas prisões e apoia mais de 3.500 pessoas no sistema criminal para aprenderem novas competências e exprimirem-se de forma criativa. As obras de arte em exposição, entre as quais pinturas, esculturas ou textos, foram produzidas por criminosos, reclusos em hospitais prisão e presidiários que participaram nos Prémios Koestler 2018.

A exposição “I’m Still Here”, no Southbank Centre em Londres, mantém-se até 4 de Novembro. Edgar Martins nasceu em Évora, cresceu em Macau, vive actualmente em Bedford, no Reino Unido, e o seu trabalho tem vindo a ser exposto e premiado internacionalmente.

20 Set 2018

Hong Kong prepara-se para a exposição Fine Art Asia 2018

A Fine Art Asia 2018 está de regresso a Hong Kong, mais uma vez com uma segunda exposição intitulada Ink Asia 2018. As duas mostras decorrem entre 28 de Setembro e 2 de Outubro e, além da exibição de peças dos mais variados meios e épocas, o público pode apreciar obras de artistas ocidentais como Francis Bacon

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]ma das maiores feiras internacionais de artes regressa ao Hong Kong Convention and Exhibition Centre. Face à dimensão do certame, é altamente aconselhável aos apreciadores e colecionadores de arte que reservem na agenda o final deste mês. Entre os dias 28 de Setembro e 2 de Outubro, a Fine Art Asia 2018, que decorre ao mesmo tempo que a Ink Asia 2018, promete marcar a época de exposições e o mercado artístico da região. Ambas as mostras serão inauguradas para um público selecto no próximo dia 28, com direito a visita VIP antecipada, abrindo ao público geral no dia seguinte.

Agendadas para a época alta artística de Hong Kong, que coincide com alguns dos mais prestigiados leilões marcados para o mesmo local das exposições, a Fine Art Asia e a Ink Asia promete atrair uma vasta gama de especialistas, conhecedores e colecionadores de arte, assim como potenciar a sensibilidade de compradores asiáticos para uma abordagem mais ocidental.

A mistura harmoniosa de oriente a ocidente pode ser aferida pelas obras que serão expostas, com um leque temporal de 5 mil anos de história cultural que passa pelas antiguidades, joalharia, trabalhos em prata, impressionismo, modernismo, arte contemporânea, fotografia, etc.

A Ink Asia, lançada em 2015, é a primeira feira de artes no mundo a dedicar-se a trabalhos contemporâneos de “ink art” e é hoje considerada uma plataforma internacional de referência na divulgação de novos artistas e visões contemporâneas desta forma artística.

Casas de renome

Quanto às galerias que se vão fazer representar na feira de artes, destaque para a Rossi & Rossi (Londres/Hong Kong), que oferece ao público a possibilidade de viajar por raras pinturas budistas e hindus, assim como esculturas e objectos ritualísticos chineses, indianos e da região dos Himalaias.

A representar aquilo a que poderia chamar de plataforma artística temos a Jorge Welsh Works of Art, sediada em Lisboa e Londres, que traz a Hong Kong peças de porcelana chinesa. A galeria de Jorge Welsh também participou na edição do ano passado da Fine Art Asia. À altura, o galerista referiu que o evento “tinha uma forte representação de merchants de arte de todo o mundo, com peças de elevada qualidade, leilões, palestras e exposições que marcam o calendário artístico asiático como um dos mais importantes eventos”.

A Rasti Chinese Art expõe antiguidades e quadros em tinta da China, enquanto a Yewn apresenta inovadoras peças de joalharia contemporânea inspiradas nas dinastias imperiais chinesas. Ambas as galerias terão a logística facilitada uma vez que estão sediadas em Hong Kong.

Os galeristas de Londres vão marcar uma presença forte na Fine Art Asia 2018. A casa Gladwell & Patterson, traz trabalhos das correntes em que se especializou: o impressionismo e a pintura moderna de mestres europeus e britânicos. Enquanto a casa Tanya Baxter Contemporary apresenta uma mostra baseada no arte contemporânea britânica do pós-guerra, onde se inclui o quadro “Seated Figure” do mestre Francis Bacon.

Fotogramas afinados

Com um vasto leque de nacionalidades de artistas, galerias e meios artísticos, as feiras de artes que se avizinham visam não só facilitar negócios mas também o encontro entre civilizações. “Criámos uma plataforma profissional para o mercado de artes em Hong Kong, que procura promover a troca cultural entre o oriente e o ocidente”, refere em comunicado o director da Fine Art Asia, Andy Hei. Também conhecido como um dos principais vendedores de mobiliário antigo chinês de Hong Kong, Andy Hei adianta ainda que “a Fine Art Asia 2018 e a Ink Asia 2018 oferece o ambiente ideal para as galerias internacionais se darem a mostrar aos coleccionadores asiáticos”. Este ano, a mostra apresenta ainda, pelo terceiro ano consecutivo, uma secção dedicada à fotografia. A Boogie Woogie Photography Agency é a responsável pela curadoria e selecção de trabalhos fotográficos, que variam entre o antigo e o contemporâneo, de galerias de todo o mundo.

20 Set 2018

Exposição | Book – Hop vai mostrar livros de artista na Casa Garden

[dropcap style≠‘circle’]B[/dropcap]ook – Hop é o nome da primeira exposição de livros de artista em Macau. Com curadoria de Paulo Côrte-Real e Jorge Simões, a iniciativa pretende dar a conhecer o livro de artista enquanto obra de arte independente. A mostra é inaugurada a 25 de Setembro na Casa Garden.

A primeira exposição de livros de artista em Macau vai ter lugar a partir do próximo dia 25 na Casa Garden. O evento conta com a curadoria do fotógrafo português Jorge Simões e o designer local Paulo Côrte-Real.
O projecto pretende divulgar “acima de tudo, o livro de artista enquanto obra de arte, isoladamente” começa por contar o co-curador Paulo Côrte-Real ao HM. 
Na Book – Hop vão estar livros com um máximo de 300 edições. Côrte-Real explica: “Consideramos que este número de exemplares de um livro ainda se pode integrar dentro do livro de artista”. São obras produzidas pelos próprios autores que “não são comerciais”. A ideia é que, “esse livro, mesmo que tenha 300 exemplares, possa ser considerado uma obra de arte assim como acontece com as serigrafias ou com a fotografia que são produzidas em séries limitadas”, acrescenta. No entanto, aqui, em vez de a obra ir para a parede, como uma pintura, vai para uma mesa e é um livro.
Além de pretender dar a conhecer o objecto, a Book – Hop pretende ainda que esta obra abra portas para outros trabalhos dos artistas incluídos, ou seja “por via dessa obra de arte conhecemos os artistas que estão por detrás deste livro e o que estão a fazer”, completa o curador.

Toque delicado
Mas, explorar um livro implica uma relação com o mesmo, uma interactividade que, tratando-se de uma obra de arte, requer certos preceitos. Na Casa Garden vão estar livros protegidos e outros que podem ser devidamente manuseados e prontos a serem explorados. 
“Há artistas que não querem que os livros sejam manuseados e então temos de os colocar dentro campânulas”, refere o curador. No entanto, a maior parte dos livros expostos vão ter os seus conteúdos acessíveis. “Vamos ter umas luvas, o público vai interagir com a obra e as pessoas folheiam”, explica.
Entre os exploráveis e os intocáveis a exposição vai contar com cerca de 50 obras.

De Coimbra para Macau
Paulo Côrte-Real assume a curadoria com Jorge Simões, este último o mentor de uma primeira edição do Book – Hop em Coimbra no Centro de Artes Visuais. Depois da edição em Portugal, os curadores escolheram uma série de livros que queriam trazer a Macau. Por cá, o também designer, escolheu artistas locais para o evento. “O meu critério aqui teve como base o conhecimento que tinha do trabalho dos artistas locais”, conta Paulo Côrte-Real. 
Talvez por isso seja natural que a representação de artistas chineses não tenha correspondido às expectativas do curador. “Conheço um bocadinho menos o percurso dos artistas chineses de cá, daí não estarem tão presentes. Portanto, convidei aqueles que sei que têm trabalhos nesta área”, diz.
Entre os artistas locais vão estar expostos livros de Rui Rasquinho, Carlos Marreiros, Konstantin Bessmertny, Francisco Ricarte e João Miguel Barros. “Acho que consegui ir buscar uma boa amostra e que junta o trabalho de ilustradores, artistas plásticos, arquitectos e fotógrafos”, comentou satisfeito. 

De auxiliar a estrela
O livro de artista não é uma novidade e tem sido um meio adoptado pelos próprios, normalmente para acompanhar as exposições. Mas, cada vez mais, este objecto se assume como independente, como obra por si só, ao ponto de integrar actualmente um lugar de destaque dentro do universo da arte contemporânea, considera Paulo Côrte-Real. “Por exemplo, agora no Porto há um galerista, o Mário Centeno, que está a abrir uma galeria onde vai dedicar um espaço só a livros de artista”, conta.
Na Europa, o livro de artista é uma forma de expressão a que muitos criadores se dedicam e que motiva a atenção das galerias. Em Macau, o Book – Hop é o primeiro evento deste género. “Os artistas até têm os seus livros porque acabam por os ir construindo à medida que vão fazendo o seu trabalho mas não imaginam muitas vezes que isso também possa ser exposto”, aponta.
Além do público, esta exposição pretende ainda chamar a atenção para os próprios criadores, sendo que “as pessoas vão começar a ter mais cuidado e, quando fazem os seus esboços, vão pensar que também podem fazer daquilo uma obra de arte”, refere o co-curador.
Mas há excepções por cá: “O Rui Rasquinho já sabe perfeitamente o que está a fazer e já faz isso há algum tempo como se pode ver nos trabalhos que tem apresentado nas últimas exposições que fez”. 
Outros artistas fazem o livro como suporte para as exposições mas ainda não o consideram, muitas vezes, uma obra. “O objectivo da exposição também é esse, mostrar aos artistas o que pode ser e incentivá-los a fazer”, sublinha.
Esta é a primeira iniciativa do género mas a ideia é que  não seja a única. “Vamos agora mostrar e dar a conhecer e se tudo correr bem, vamos continuar a promover o livro de artista com outros eventos “, rematou Paulo Côrte-Real.

19 Set 2018

Justiça belga rejeita extradição de rapper espanhol

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] justiça belga rejeitou ontem o pedido de extradição para Espanha do rapper Valtonyc, condenado a três anos e meio de prisão por escrever letras de músicas a elogiar grupos terroristas e a insultar a família real.

O rapper, cujo nome verdadeiro é José Miguel Arenas Beltran, deveria entregar-se voluntariamente às autoridades espanholas em Maio para cumprir a sentença, mas fugiu para a Bélgica. Um dos seus advogados, Simon Bekaert, disse ontem que “o juiz decidiu que não haverá extradição e descartou as três acusações”. Os advogados explicaram aos jornalistas, à saída do tribunal, que as acusações da justiça espanhola não têm equivalência na lei belga. “Estou satisfeito, feliz”, disse o rapper à imprensa.

A justiça espanhola emitiu um mandado internacional de captura a 24 de Maio. Nas letras das suas canções, o rapper aborda o assassínio de membros do Governo, da família real e dos partidos de direita. O rapper, que está exilado na Bélgica e vive nas proximidades de Gant, sempre justificou que as letras das canções pretendiam “chocar a consciência das pessoas” e não atacá-las fisicamente. “Depois de assistir a [filme] ‘Kill Bill’, vocês vão começar a cortar a garganta das pessoas com uma catana? Não, as pessoas entendem que é arte e isso é tudo”, disse.

18 Set 2018

Filme português interactivo estreia-se em Macau

Macau estreia de 24 de Setembro a 2 de Outubro um projecto de produção de um filme interactivo em que os espectadores são chamados a intervir, em tempo real, na narrativa do filme, tornando-os protagonistas e coautores

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] filme é intitulado “Cadavre Exquis” e faz parte do projecto “Os Caminhos que se Bifurcam”, da autoria do investigador Bruno Mendes da Silva, vice-coordenador do Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve.

O filme, que conta com um guião e a ‘voz-off’ de Vítor-Reia Batista, vai concorrer a festivais internacionais e será exibido em 2019, em Portugal, em vários espaços expositivos, informou ontem a organização.

A produção do filme, que inclui uma ‘masterclass’ a 26 de Setembro aberta à comunidade também na Universidade de São José, em Macau, é da responsabilidade de Maria Paula Monteiro. Esta é a segunda aposta da produtora em Macau, depois do filme sobre a vida e obra de Camilo Pessanha intitulado de “PeSanlé – O Poeta de Macau”.

“É uma honra ajudar a contribuir para a educação científica em instituições académicas em Macau, que se debruçam sobre a investigação inovadora na área dos estudos artísticos e culturais, o caso da Universidade de S. José”, sublinha o mentor do projecto e também realizador de “Cadavre Exquis”, Bruno Mendes da Silva, citado num comunicado da organização. “Devo dizer que estou muito entusiasmado com a produção deste filme, o primeiro do género em Macau. É um desafio fantástico para alguém que, como eu, já trabalhou nesta cidade”, acrescenta o investigador.

Parceria algarvia

O filme junta 11 parcerias com a Universidade do Algarve, à cabeça das quais estão a Universidade de São José, o Instituto Cultural de Macau e a Creative Macau.

A produtora e fundadora da ART 8 Macau, Maria Paula Monteiro, diz que o objectivo do filme passa por “ampliar o espaço de desenvolvimento” em áreas como arte digital, tecnologia e comunicação associada ao cinema, em Macau, aproveitando o intercâmbio da produção, dos produtores artísticos e do conhecimento científico.

18 Set 2018

Fundação Oriente | Exposição de porcelanas da China até ao próximo dia 21

A Fundação Oriente inaugurou ontem uma exposição que tem as porcelanas da China do século XVI até ao XVIII como protagonista. A mostra, do antiquário Luís Alegria, segue depois para Hong Kong e para Pequim

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]para as porcelanas da China do século XVI até ao XVIII que se voltam os holofotes da exposição patente desde ontem e até ao próximo dia 21 na Fundação Oriente. A mostra, composta por mais de 200 peças, chega pelas mãos do antiquário português Luís Alegria, considerado um dos maiores especialistas na área.

Cada peça conta uma história e Luís Alegria, no ramo há 38 anos, descreve-as todas minuciosamente, das origens até às características que as tornam verdadeiras preciosidades. A mais valiosa peça da exposição é um conjunto de cinco vasos de porcelana. Luís Alegria explica porquê: “É uma ‘garniture’ para decorar o fogão de sala de um palácio francês que tem a particularidade de reproduzir uma francesa com os trajes exóticos de 1680, retratadas em gravuras dos irmãos Bonnart enviadas na época do rei Luís XIV para a China, onde foram copiadas para decorar estes vasos de porcelana.

É uma coisa única, porque não há referência nenhuma de nada europeu no século XVII”. O conjunto – da propriedade de um português – está à venda por 850 mil euros. Outra ‘garniture’ também feita para França, datada do período de Yongzheng (1723-1735) da dinastia Qing, chama a atenção. Em vez do azul e branco, a decoração é em tons “ruby-ground”, existindo um conjunto igual no Museu Metropolitano de Nova Iorque, explica Luís Alegria.

Em exposição encontram-se variados tipos de peças de porcelana que remontam a diferentes períodos da dinastia Ming (1368 e 1644) e Qing (1644 a 1912). “As mais antigas em decoração azul e branco são as da dinastia Ming. Na época de Kangxi também há bastante, mas tem outras muito interessantes da família verde que foram encomendadas por França – onde começou esse gosto que acabou por ser copiado por outros países”, salienta o antiquário do Porto. Já na época dos imperadores Yongzheng (1723-1735) e Qianlong (1736-1795) ganha destaque a a decoração da chamada “família rosa”. As primeiras do tipo aparecem no reinado de Yongzheng, indica Luís Alegria, realçando as suas características: “São peças muito detalhadas, com um desenho muito miúdo e delicado a toda a volta e a porcelana muito fina e até quase transparente em alguns casos”. Foi, com efeito, na época de Qianlong que ocorreu “uma explosão enorme da decoração ‘família rosa’, que inundou Portugal e outros países”, com diferentes motivos, desde brasões, a figuras, animais ou barcos, representados com as bandeiras dos países que encomendaram as peças.

A “muito importante” vitrine das figuras e animais é, aliás, a próxima paragem da visita guiada. “São talvez as peças mais raras destas dimensões e só existem em grandes colecções”. São do século XVIII – todas do período Qianlong – à excepção de uma e de um par de papagaios, as quais remontam à época de Kanxing. “Há coleccionadores que só coleccionam bichos e só pássaros, pelo que é talvez das colecções mais importantes do mundo porque são coisas muito difíceis de encontrar”, sublinhou.

O biombo para Macau

Mas nem só de porcelanas se compõe a exposição. A ocupar uma parede inteira encontra-se um imponente biombo em tom encarnado que, diz Luís Alegria, “terá sido feito para Macau”. O biombo, encomendado por Portugal, representa a vida de S. Domingos de Gusmão (1170-1221), fundador da Ordem dos Pregadores (Dominicanos) e encontra-se escrito em português. “É muito raro encontrar um conjunto completo, mesmo em museu, porque normalmente falta um painel, por exemplo, ou então são aqueles biombos com motivos chineses normais, mas não é o caso”, realçou o antiquário.

Também possivelmente feito para Macau foi um jarrão “muito especial” que tem as insígnias da Ordem dos Agostinhos, lado a lado com elementos chineses, como os guardiães do templo. “É uma peça É com uma história extraordinária e praticamente desconhecida nesta época, porque é a primeira vez que se vê uma peça destas do período Kangxi”, explica Luís Alegria.

Já na zona dos brasonados ganha protagonismo “uma peça única encomendada para o bispo do Porto. Em causa figura uma terrina que o antiquário português estima ser a única que se encontra fora do Museu Soares dos Reis. Mas a grande particularidade – enfatiza – tem que ver com o facto de ser “a única encomenda de uma cópia da porcelana de Sèvres”. “Os portugueses normalmente mandavam certas peças para os chineses copiarem e eles copiavam coisas ao gosto de cada país. A porcelana francesa de Sèvres era muito requintada naquela época, porque tem um verde muito especial que só os franceses conseguiam fazer. Os chineses conseguiram copiar esta porcelana e esta cor e fazer uma coisa extraordinária. É um serviço muito valioso de facto”, explica Luís Alegria.

Na mesma vitrina figuram diversos brasonados portugueses, também considerados “muito importantes”, bem como peças variadas da Companhia das Índias Holandesa, entre outros com motivos europeus, nomeadamente de teor religioso (com o retrato da ressurreição e ascensão de Cristo, por exemplo). “Quase todas estas peças vêm reproduzidas em livros e eu tenho aqui um dossiê com a cópia dos livros que mostram essas peças, o que é uma garantia para as pessoas”, realça o antiquário do Porto.

Também “muito raros” são os “refrescadores de copos e garrafas”, porque “estamos a falar do século XVII”, enaltece Luís Alegria. Logo ao lado surge uma “importantíssima” cruz processional italiana, “uma verdadeira peça de museu”, que remonta ao século XV. Outra preciosidade é um par de floreiras da transição de Yongzheng para Qianlong. “Estou há 38 anos no ramo e é a primeira vez que vejo um par intacto, porque normalmente, dado que eram usadas para acolher vasos grandes ou árvores, aparecem partidas. Estão perfeitas”, enfatiza.

Mobiliário português

A exposição também inclui móveis, destacando-se os que integraram o espólio de dois reis de Portugal. Luís Alegria destaca, em primeiro lugar, o par de mesas D. José I (1750-1777). “Foi uma encomenda única. Não se conhece mais nenhuma em Portugal. Estas mesas, chamadas mesas de encosto, em pau santo, têm um duplo tampo, pelo que funcionam também como mesa de jogo, porque uma das pernas rebate e deita para assentar”. Já junto à entrada da exposição figura uma mesa do tempo do seu antecessor. “Deve ser a melhor que existe em Portugal pelas suas proporções. É uma peça excepcional, também toda em pau santo”, indica Luís Alegria. De acordo com o antiquário trata-se de uma verdadeira preciosidade, dado que, na sequência do terramoto de 1755, do espólio do tempo de D. João V (1706-1750) restou apenas o que estava fora de Lisboa.

A mostra inclui ainda outras peças de mobiliário, como cómodas iguais às que existem em palácios reais franceses, contadores (uma espécie de escrivaninha de viagem), candelabros ou quadros. A esmagadora maioria das peças foi encomendada à China, mas há excepções. É o caso de uma tapeçaria encomendada a Bruxelas para a família Mascarenhas em Portugal, para o palácio que existe em Benfica, explica. “Existe outra no Museu Nacional de Arte Antiga. É uma peça catalogada, referenciada no património português e uma das muito poucas a Bruxelas de tapeçarias com armas portuguesas”.

Os pioneiros

Grande parte das peças foram encomendadas por Portugal – aliás o primeiro a introduzir a porcelana da China na Europa. Assim, explica Luís Alegria, as peças da dinastia Ming “são muito importantes e raras”, dado que foram as primeiras que os portugueses trouxeram da China”. O antiquário dá o exemplo de uma peça na forma de elefante que figura como uma espécie de cantil de porcelana. Em paralelo, há provas no livro do Museu de Istambul de que “fomos os primeiros inclusive a ter peças brasonadas na época Ming”, complementa, referindo-se às peças com armas dos Almeidas. “Há tradição das peças de porcelana brasonadas, mas não desta época”, frisa.

Todas as peças, grande parte na mão de particulares, estão para venda, com os preços a oscilar entre 2.000 e 850.000 euros.
Esta mostra figura como a primeira grande exposição de Luís Alegria em Macau. Embora trazido ao Venetian, em 2014, uma mostra de pintura moderna, o antiquário entende que “não foi uma grande referência”. Não só porque o local não era o adequado, como o espaço era diminuto. “Em Hong Kong convenceram-nos a vir fazer, mas não tinha nada a ver connosco”, observa.

“Queria fazer uma coisa diferente porque gosto muito de Macau e queria ver se funcionava de forma a vir todos os anos”, adianta Luís Alegria. Porquê Macau? “Porque em Macau e na China não há nada disto”, responde, sem hesitações, o antiquário. “Estas peças eram peças de exportação, está tudo na Europa, mas os chineses têm começado a tentar recuperar o seu património, dado que, na sequência de Mao Tsé Tung, a China ficou vazia da sua história”. “Em particular, os museus – e eu vendo para vários chineses –andam à procura de coisas importantes feitas pelos chineses. Há um crescente interesse tanto de museus como de particulares”, sublinha.

É, aliás, por essa razão que Luís Alegria vai expor, a 20 de Outubro, pela primeira vez na China, depois de uma passagem por Hong Kong, onde já esteve. “Vamos dar-nos a conhecer, chegar directamente aos particulares, sem passar pelos comerciantes”, realça o antiquário.

“Vamos levar o que não for vendido em Macau e em Hong Kong. Há peças para todos os preços. Não é preciso ter uma fortuna incalculável para se comprar uma peça da Companhia das Índias, mas claro que existem outras que não são para qualquer um”, observa.

Luís Alegria, nascido numa família de coleccionadores, participa regularmente nas mais importantes feiras de arte, como a Feira de Arte e Antiguidades da European Fine Art Foundation (TEFAF), em Maastricht, na Holanda, uma das maiores do mundo.

14 Set 2018

Obra de António Lobo Antunes vai ser publicada na editora francesa Pléiade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] obra completa de António Lobo Antunes vai ser publicada na Pléiade, uma prestigiada coleção francesa pertencente à editora Gallimard, que integra raros autores vivos e apenas um português, Fernando Pessoa, disse à Lusa a editora do escritor.

A Pléiade é uma casa editorial francesa, fundada em 1931, que “reúne as maiores obras do património literário e filosófico francês e estrangeiro”, segundo a informação constante do ‘site’ oficial desta editora.

A notícia da escolha de António Lobo Antunes para integrar esta coleção considerada de luxo e restrita, da qual faziam parte, até agora, apenas três autores vivos – Mário Vargas Llosa, Milan Kundera e Philippe Jaccottet – e um único português – Fernando Pessoa – foi recebida hoje à tarde pela editora portuguesa de António Lobo Antunes.

Em declarações à Lusa, Maria da Piedade, contou que recebeu, “há instantes, um telefonema da editora francesa de António Lobo Antunes” e da agente que trata dos direitos para as publicações internacionais da obra do autor.

“Para a editora é muito importante. Não há notícia melhor”, ainda para mais quando se avizinha a publicação, dentro de um mês, do mais recente livro de Lobo Antunes, “A última porta antes da noite”, disse.

“A entrada na Pléiade é o que de melhor há em termos de literatura internacional, em termos de prestigio internacional, só o Nobel se equipara”, considerou.

Maria da Piedade destacou ainda que a extensão da obra de Lobo Antunes implica um “trabalho longuíssimo de revisão”, pelo que a sua escolha pela editora francesa se reveste ainda de maior importância, porque, para escolher uma obra tão trabalhosa, tem mesmo de ser considerada extraordinária.

“É preciso um grande empenhamento da Gallimard para publicar a obra do Lobo Antunes, porque é uma obra muito vasta. São 30 livros”, declarou.

13 Set 2018

Exposição | “Fotossíntese”, de Tang Kuok Hou, chega a Lisboa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]artista de Macau Tang Kuok Hou tem patente a sua exposição “Fotossíntese” na galeria de arte “Arte Periférica”, em Lisboa, onde estará disponível ao público até ao próximo dia 2 de Outubro. Esta exposição já foi mostrada em Macau em locais tão distintos como o Café Terra e o espaço “Anim’Arte Nam Van”, tendo o fotógrafo explicado ao HM as ideias por detrás da criação.

“Esta exposição é sobre luzes artificiais, é um trabalho que comecei a expor há três anos. Desta vez combinei luzes artificiais com o ambiente em redor e também pessoas”, contou.
Assumindo-se como um amante do artificialismo, Tang Kuok Hou referiu ainda que “as luzes revelam algo interessante, como um espectáculo que se mostra às pessoas. Grande parte das minhas fotografias não contêm pessoas, mas acabamos por descobri-las na cidade. Essa é a grande ideia por detrás do meu projecto”.

O artista ganhou o Prémio Fundação Oriente / Artes Plásticas 2017 atribuído pela Fundação Oriente. “A galeria Arte Periférica, em colaboração com a Fundação Oriente Macau proporciona ao artista a realização de uma exposição individual na galeria contribuindo para a promoção da obras destes artistas em Portugal”, aponta um comunicado.

13 Set 2018

Fogo-de-artifício | “Super tufão” adia participação de concorrente português

Um “super tufão”, que deverá atingir Macau este fim-de-semana, obrigou ao adiamento da terceira etapa do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício que incluía a participação de um concorrente português com um espectáculo inspirado no fado

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]etapa de sábado previa a participação de dois competidores, franceses e portugueses, mas por razões de segurança, devido à passagem do “super tufão” Mangkhut, o evento foi adiado, anunciaram ontem as autoridades de Macau.

O Mangkhut, actualmente localizado na parte noroeste do Oceano Pacífico, continua a mover-se em direcção a oeste, prevendo-se um impacto significativo na costa meridional da China durante o fim-de-semana.

A organização ainda está a definir uma nova data para a realização da etapa inicialmente prevista para a noite de sábado, mas tudo depende da evolução do tufão, explicou, em conferência de imprensa, um responsável da consultora técnica do evento, a Pirotécnica Minhota, Francisco Carneiro.

O espectáculo imaginado pelo Grupo Luso Pirotecnia será “100 por cento português”, adiantou na mesma conferência de imprensa o representante da empresa, Vítor Machado, sublinhando que, além do tema e da selecção musical, também todo o material é ‘made in’ Portugal.

Vítor Machado afirmou que este era um desafio, uma vez que “a China tem uma grande tradição pirotécnica”, pelo que para a competição deste ano decidiram investir “numa viagem de sonoridades” que vai “desde os clássicos, como Amália [Rodrigues]” e António Zambujo, até ao Fado In Bossa e aos Beat Bombers Remix, passando por artistas como Rodrigo Leão e Camané, Pedro Abrunhosa, Dulce Pontes, Deolinda e, inclusive, os Gaiteiros de Lisboa.

O Grupo Luso Pirotecnia conta no currículo com importantes primeiros prémios conquistados em competições internacionais, nos Estados Unidos, República Checa, Alemanha e França. A empresa portuguesa, que soma participações neste evento desde 1999, vai competir no maior concurso de fogo-de-artifício de Macau, cujo orçamento é de 2,2 milhões de euros.

Depois do Hato

A 29.ª edição do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício teve início em 1 de Setembro e deverá terminar em 1 de Outubro, Dia Nacional da China, na baía em frente à Torre de Macau, uma das torres mais altas do mundo.

No concurso competem dez equipas: Filipinas, Coreia do Sul, Japão, Bélgica, França, Portugal, Alemanha, Áustria, Itália e China. A 29.ª edição estava para se realizar em 2017, mas a passagem por Macau daquele que foi o pior tufão nos últimos 53 anos obrigou ao cancelamento do evento.

“No ano passado já tinha feito a apresentação da 29.ª edição do Concurso, mas por causa do tufão Hato o concurso foi cancelado pela primeira vez”, lembrou a directora dos Serviços de Turismo de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes, na apresentação do concurso, em Julho.

13 Set 2018

Membro da banda russa Pussy Riot internada por possível envenenamento

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma das activistas da banda russa Pussy Riot foi hospitalizada em estado grave devido a um possível envenenamento, noticiaram órgãos de comunicação russos.

A rádio Ekho Moskvy e o portal de notícias digital Meduza relataram na quarta-feira que Pyotr Verzilov está a receber assistência desde o dia anterior.

Segundo estes órgãos, outro elemento da banda de punk, Veronika Nikulshina, os sintomas da sua companheira das Pussy Riot incluem a perda de visão e da capacidade de falar.

Nikulshina disse que Verzilov está a ser tratada na unidade de toxicologia de um hospital da capital russa, Moscovo, o que indicia um eventual envenenamento.

Verzilov, Nikulshina e duas outras ativistas estiveram detidas durante 15 dias por perturbarem a final do campeonato mundial de futebol, que decorreu na Rússia, em julho.

As jovens, vestidas com uniformes da polícia, correram para o campo, interrompendo por momentos o jogo entre as seleções da França e da Croácia.

As Pussy Riot disseram que estavam a protestar contra os abusos cometidos pelas forças policiais na Rússia.

13 Set 2018

Livro inédito de poemas de Vasco Graça Moura, quatro anos após a sua morte

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uatro anos após a morte do poeta e ensaísta Vasco Graça Moura, a Quetzal edita um livro inédito com poemas para fados intitulado “A puxar ao sentimento: Trinta e um fadinhos de autor”.
Com a publicação deste livro, que chega amanhã, dia 14, às livrarias em Portugal, a editora pretende perpetuar a memória de “uma das grandes vozes da poesia e da literatura do nosso tempo” e, ao mesmo tempo, homenagear o fado, contribuindo para “abrir (ainda mais) as suas portas”.

“Marcados pelo seu génio melancólico e pleno de ironia”, este livro inclui fados inéditos de Vasco Graça Moura, que já havia escrito alguns fados para intérpretes como Mísia, Kátia Guerreiro ou Carminho.

Vasco Graça Moura foi um autor de vasta obra poética, ensaística e ficcional, bem como tradutor e divulgador das literaturas clássicas, como é o caso das “Rimas” de Francesco Petrarca, “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, “Os Sonetos de Shakespeare”, ou as “Elegias de Duíno e Os Sonetos a Orfeu”, de Rainer Maria Rilke, todos editados na Quetzal.

Vasco Graça Moura foi galardoado com o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do Pen Clube (1993), o Grande Prémio de Poesia da APE (1998) e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (2004). Em 2007, recebeu o Prémio Vergílio Ferreira e o Prémio de Poesia Max Jacob Étranger.

13 Set 2018

Moda Lisboa e Portugal Fashion unem-se para criar nova semana da moda portuguesa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova semana da moda portuguesa acontece em outubro e junta, pela primeira vez, a Moda Lisboa e o Portugal Fashion na organização, deixando de haver dois eventos de moda “dessincronizados”, avançou à Lusa fonte oficial.

A nova semana da moda portuguesa surge como uma versão ‘beta’, uma espécie de estágio ainda de desenvolvimento, com o primeiro fim de semana a ser da ModaLisboa, em Lisboa, e o fim de semana seguinte do Portugal Fashion, no Porto, e “com ambas as equipas a ter um esforço coordenado”, avançou à Lusa Adelino Costa Matos, presidente da Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE), entidade organizadora do Portugal Fashion.

“A perspetiva futura é que exista uma semana da moda nacional e que tem eventos no Porto e em Lisboa. E tentarmos durante a semana ter potencialmente eventos conjuntos que possam tornar isso numa semana da moda portuguesa e não dois eventos de moda, de alguma forma, dessincronizados”, acrescentou Adelino Costa Matos.

Em entrevista à Lusa, no âmbito da assinatura de um protocolo assinado hoje em Matosinhos, distrito do Porto, entre o Portugal Fashion e a ModaLisboa, o presidente da ANJE explica que o modelo vai estar em construção.

“Uma questão importante nisto tudo é unirmos esforços no aspeto de não estarmos a investir nos mesmos locais, nas mesmas datas, ou seja, tentarmos rentabilizar ao máximo o investimento que fazemos de forma coordenada”, explicou aquele responsável.

No protocolo hoje assinado entre o presidente da ANJE e a presidente da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, é intenção das associações coordenarem estilistas, organização dos eventos e outras atividades, com o objetivo de “criar escala”, “massa crítica” e “criar valor”, sendo que neste momento as medidas para realizar uma nova semana de moda portuguesa ainda não estão fechadas.

“Está tudo em discussão e coordenação, sendo que há uma ou duas questões mais práticas que vamos já executar na próxima edição” e que vai “servir como uma versão ‘beta’ para o futuro, para nos entendermos, nos coordenarmos e trabalharmos em conjunto e a partir daqui cada vez mais termos esforços superiores”, acrescentou.

Segundo Adelino Costa Matos, mais do que ver se corre bem, é preciso “começar a trabalhar”.

“São duas associações que estiveram de alguma forma separadas durante 20 anos e que agora têm uma intenção clara de trabalhar em conjunto e esta primeira versão será uma ótima oportunidade de trabalhar e percebermos em que áreas somos mais fortes e criar mais valor trabalhando em conjunto”, realçou.

O primeiro-ministro, António Costa, deu hoje os parabéns à ModaLisboa e ao Portugal Fashion por terem conseguido assinar um protocolo de cooperação para a promoção, nacional e internacional, da moda portuguesa após duas décadas a trabalhar de forma individual.

“Verifico com muita satisfação que hoje já não é preciso pensar, sonhar. [O protocolo de cooperação] é hoje uma realidade (…). Muitos parabéns e muito obrigado por este acordo”, declarou António Costa, durante a cerimónia de assinatura, que decorreu esta tarde na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.

António Costa, que classificou numa primeira vez o acordo como um “casamento” para depois chamar o protocolo de “início de namoro assinado”, sublinhou que aquele documento é “muito importante para o país”, designadamente para ajudar a alavancar as exportações portuguesas até 2030, cuja meta traçada é chegar aos 50% do Produto Interno Bruto.

12 Set 2018

Pintura | Joaquim Franco apresenta “The wave and other poems” em Hong Kong

Joaquim Franco dedica grande parte da mostra “The wave and other poems” a trabalhos que têm como foco o mar e a sua importância. A exposição está patente na Galeria Nido, em Hong Kong, até dia 23 de Setembro

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]he Wave and other poems” é nome da exposição do artista local Joaquim Franco que está patente na Galeria Nido em Hong Kong até ao próximo dia 23 de Setembro.
A mostra divide-se em dois momentos. Um primeiro constituído pela instalação “The Wave” seguido pela exibição quadros sob o tema “Other Poems”.

A primeira parte dos trabalhos apresentados por Joaquim Franco é uma instalação, “uma grande onda”, segundo a descrição do próprio. Mas não é uma onda qualquer, é uma instalação que tem uma mensagem de alerta para o problema do plástico e da crescente poluição que afecta, nomeadamente, os oceanos. “Esta instalação é uma onda de plástico que invade a galeria e que pretende representar metaforicamente a forma como o plástico está a invadir os oceanos”, apontou o artista ao HM.

Esta preocupação com o ambiente, em especial com a poluição das águas do mar, é um assunto que diz pessoalmente respeito ao artista e que tem origem na sua infância. “Sou da Ericeira, que fica mesmo virada para o mar, e por isso tenho esta ligação profunda ao oceano”, explicou.

Por outro lado, “é importante alertar as pessoas para o que se impõe que é um menor uso do plástico e a modificação do nosso comportamento em relação e este material para irmos acabando por o deixar de usar com esta intensidade”, sublinhou.

A ideia para a instalação partiu de um quadro produzido para uma exposição na Casa Garden, que se chamava “Oceano”, em que a presença do plástico apareceu pela primeira vez. “Mais tarde, entrei no atelier e encontrei uma série de sacos no chão. Foi quando me lembrei que este material tanto invade os oceanos como o estúdio onde trabalho, como os quadros que faço”, apontou.

Ainda dentro deste primeiro momento expositivo estão integradas duas pinturas: “O Oceano Atlântico” e o “Oceano Pacífico”, “numa onda que traz o plástico ao longo do espaço e passa por estes dois quadros”, referiu.

Homenagem a Cousteau

O segundo momento expositivo é referente “aos outros poemas” e é preenchido por vários quadros do artista. Também aqui se nota a presença do oceano, nomeadamente em três obras inspiradas em Jacques Cousteau. Um deles intitulado “O mundo do silêncio”, nome inspirado no livro homónimo do explorador francês. “Faço uma homenagem à sua vida porque foi alguém que se dedicou aos oceanos. Fez um estudo sobre a Antártida e conseguiu junto das Nações Unidas que aquela zona não fosse explorada”, revela o artista quanto às referências que recolheu para o trabalho. Um segundo quadro, “Calypso”, é o nome do barco do cientista.

A mostra patente na região vizinha tem ainda outra obra de inspiração oceânica, mas também ligada à infância do artista e que tem que ver com castelos de areia. “Aqui, a metáfora tem de ver com a ilusão que é associada a este tipo de construção”, referiu.
Para o artista, a presença de Cousteau nestas obras não foi um acaso. “Todos os sábados, quando era miúdo, havia na televisão um programa dele e o facto de o ver acabou por se tornar uma rotina tão importante para mim como a de ir à praia”, acrescentou.

As restantes obras são quadros que retratam “outros poemas como o amor ou as relações entre as pessoas.”

12 Set 2018

Primeira gravação conhecida de David Bowie valeu 45 mil euros em leilão

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira gravação conhecida de David Bowie, que na altura tinha 16 anos e era vocalista da banda The Konrads, foi vendida esta terça-feira num leilão na Grã-Bretanha por cerca de 45 mil euros.

A Omega Autions, especialista em leilões relacionados com a música, disse que o leilão foi “frenético”, por uma gravação que remonta a 1963. O registo foi descoberto este ano num sótão.

A música, intitulada “I Never Dreamed”, foi gravada num estúdio em 1963, quando o grupo pediu a David Bowie, então conhecido pelo seu nome verdadeiro David Jones, que a cantasse.

Esboços promocionais feitos por David Bowie, na época um desconhecido, fotografias e documentos do grupo também foram vendidos por 19.235 euros, enquanto um poster do grupo The Konrads, também de 1963, valeu 6.737 euros, disse a casa de leilões.

David Bowie deixou a banda e apenas seis anos depois, em 1969, atingiu o sucesso com a música “Space Oddity”.

Bowie morreu em 10 de janeiro de 2016, dois dias depois de lançar o seu último álbum, “Blackstar”, por ocasião do seu 69.º aniversário.

12 Set 2018

“Extinção”, video-instalação de Salomé Lamas, tem estreia no Museu do Chiado, em Lisboa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] nova vídeo-instalação “Extinção”, o mais recente projeto de Salomé Lamas, sobre a problemática das fronteiras na actual Rússia, vai ter estreia nacional no dia 20 de setembro, no Museu do Chiado, em Lisboa.

De acordo com o sítio ´online´ do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, a nova obra ficará patente até 25 de novembro e tem curadoria de Emília Tavares.

O mais recente filme de Salomé Lamas “aborda a problemática das fronteiras na atual Rússia e o latente conflito que algumas destas regiões mantêm, sob o peso da história da ex-URSS”.

A obra, de acordo com um texto do museu, acaba por tornar-se um documento sobre a construção da identidade coletiva e o confronto com a crescente vaga de nacionalismos.

O filme decorre na região da Transnistria, “um dos países mais pobres da Europa, onde, através de um mosaico de elementos ficcionais e reais, lidos por Kolya, é revelada a ´guerra surda´ que o regime autocrático de Putin tem implementado na região, sob a estratégia da ´guerra sem guerra´ e da ´ocupação sem ocupação´”.

Salomé Lamas estudou cinema em Lisboa e Praga, artes visuais em Amesterdão, e é doutoranda em arte contemporânea em Coimbra.

O seu trabalho tem sido exibido tanto em contextos artísticos como em festivais de cinema tais como Berlim, Museo Arte Reina Sofia, Museu do Chiado, DocLisboa, Cinema du Réel, Visions du Réel, MoMA, Guggenheim Bilbao, Harvard Film Archive, Jewish Museum de Nova Iorque, Fid Marseille, Viennale, Culturgest, Centro Cultural de Belém, Hong Kong Film Festival, Museu de Serralves, Tate Modern, entre outros.

Lamas recebeu diversas bolsas, tais como a Gardner Film Study Center Fellowship da Universidade de Harvard, Fundação Botin, Fundação Rockefeller – Bellagio Center, Fundação Calouste Gulbenkian, Festival Sundance e Fundação Bogliasco. Colabora com a produtora O Som e a Fúria e é representada pela Galeria Miguel Nabinho, em Lisboa.

12 Set 2018

Arte | AFA apresenta “0 – Obras de Wong Weng Io”

“O – Obras de Wong Weng Io” é a exposição da artista local que vai ser inaugurada no próximo dia 17 de Setembro nas instalações da associação Art for All (AFA)

 
[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ong Weng Io, também conhecida como Yoyo, questiona através dos seus trabalhos “o relacionamento e o impacto mútuo entre a existência humana, informação, tecnologia, dados pessoais, inteligência artificial e robótica”, refere a apresentação do evento. De acordo com a organização, “0 – Obras de Wong Weng Io” traz à AFA uma reflexão da vida quotidiana que pode ser comparável “à infinita futilidade de Sísifo na mitologia grega”.

Para o efeito, a artista recorre às sequências numéricas que se apresentam em repetições infinitas.

A exposição é composta por 365 obras em acrílico feitas a partir de fotografias que imitam o movimento dos dedos humanos no ecrã dos telemóveis. É nestes movimentos e na sua transposição que mostra o que mais prende as pessoas no dia-a-dia. Numa actividade constante, sem início nem fim, naquilo a que chama de “zero”.

“É o começo e é o fim. É zero e é infinito ao mesmo tempo. É como se [estes movimentos] fizessem parte de um jogo de dominó, sendo que aqui é um jogo que nunca tem um verdadeiro começo”, aponta a AFA. A exposição estará patente até 8 de Outubro.

11 Set 2018

Dia Nacional | Acrobacia chinesa marca aniversário da RPC em Macau

O 69º aniversário da República Popular da China celebra-se em Macau com um espectáculo tradicional que tem a acrobacia como ponto central. “Arco-íris sobre a Rota da Seda” vai ser apresentado a 30 de Setembro e 1 de Outubro no Fórum de Macau pela Companhia de Artes Acrobáticas de Shaanxi

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]rco-íris sobre a Rota da Seda” é o espectáculo acrobático que vai assinalar em Macau o 69º aniversário da República Popular da China, nos próximos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro.

A iniciativa do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na R.A.E.M e do Instituto Cultural traz ao território a Companhia de Artes Acrobáticas de Shaanxi. O objectivo é “dar a conhecer as artes cénicas chinesas tradicionais”, refere o comunicado oficial.

De acordo com a organização, “o espectáculo acrobático ‘Arco-íris sobre a Rota da Seda’ irá levar o público numa viagem através do tempo em busca de culturas europeias e asiáticas”. A apresentação conta a história de uma caravana comercial chinesa que lutou por estabelecer a Rota da Seda, na sua era dourada, durante o reinado da dinastia Tang. Com a viagem dos acrobatas, é dada a conhecer a cultura “inclusiva desta dinastia no seu auge e a Rota da Seda como uma rota de comércio e amizade”, aponta a mesma fonte.

Acrobacias alternativas

Ao contrário dos espectáculos acrobáticos tradicionais, “Arco-íris sobre a Rota da Seda”, não se limita à exibição de excelência de movimentos e vai mais longe: conta toda uma história em que os movimentos são acompanhados de música e dança, e em que os intervenientes envergam um guarda roupa que muda consoante o contexto. O evento que marca o Dia Nacional é apresentado em três a actos: “Chang’an Dinâmica”, “Fantasia no Campo de Neve”, “Dunhuang Hipnotizante”, “Destino Conjugal na Pérsia” e “Apaixonante Roma”.

“Arco-íris sobre a Rota da Seda” foi reconhecido com os prémios Projecto Clássico da Arte Contemporânea de Shaanxi, o Prémio para Melhor Performance no 1º Festival Internacional de Artes da Rota da Seda e no 7º Festival de Artes da Província de Shaanxi com a designação do maior Projecto Cultural Nacional de Exportação 2015-2016.
O programa terá lugar no Fórum de Macau pelas 20h dos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro. Os bilhetes já se encontram à venda na Bilheteira Online de Macau.

11 Set 2018

Governo brasileiro cria medidas para gestão dos museus

O Governo Federal brasileiro publicou hoje duas medidas provisórias para promover uma alteração no modelo de gestão dos museus e estabelecer uma parceria com a iniciativa privada para captação de recursos.

O anúncio surge cerca de uma semana depois de um incêndio ter destruído grande parte do acervo do maior museu de História Natural e Antropologia da América Latina, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, fundado por D. João VI de Portugal, e que era o mais antigo e um dos mais importantes museus do Brasil.

O Governo brasileiro pretende criar a ABRAM – Agência Brasileira de Museus, instituição sem fins lucrativos para gerir instituições museológicas e os seus acervos, e que vai ter sob a sua alçada a reconstrução daquele museu, devendo, para isso, constituir um fundo patrimonial para arrecadar receitas.

Contudo, o Museu Nacional continua a ser parte da estrutura da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Segundo uma nota de imprensa, a ABRAM será constituída sob a forma de serviço social autónomo, integrando entidades que não estão vinculados à administração pública, mas que são colaboradoras do Estado.

Entre as competências desta agência, está o desenvolvimento e execução de programas e ações que viabilizem a preservação, a promoção e a sustentabilidade do património museológico brasileiro, aumentando a sua capacidade de captação de recursos públicos e privados, através de parcerias com entidades nacionais e internacionais.

Acresce a execução de ações de segurança e proteção de acervos, com medidas para conservação, reforma e reconstrução de instalações existentes.

Sob a alçada da administração da ABRAM estão já instituições como o Museu da Abolição, o Museu Imperial, o Museu da Inconfidência e o Museu Nacional de Belas Artes.

Quanto a recursos financeiros, esta agência conta, além de recursos públicos, com receitas decorrentes de parcerias com entidades nacionais e internacionais, doações, legados e rendas decorrentes da prestação de serviços.

A segunda medida provisória publicada estabelece um marco regulatório para a captação de recursos privados, para apoiar instituições ligadas à educação, ciência, tecnologia, pesquisa e inovação, cultura, saúde, meio ambiente, assistência social e desporto, diz a nota.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro foi destruído pelas chamas na noite de 02 de setembro. O edifício tinha sido residência da família real portuguesa e da família imperial brasileira.

Entre as peças do acervo estavam a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Pedro I, e o mais antigo fóssil humano encontrado no país, batizado de “Luzia”, com cerca de 11.000 anos.

11 Set 2018