Barcos-dragão | Regatas internacionais em Junho

A edição deste ano das regatas internacionais de barcos-dragão de Macau, em Junho, vai ter um número máximo de 2.700 participantes, incluindo da China continental, foi ontem anunciado.

“Estamos a discutir com equipas do interior da China, eles também esperam que seja possível vir a Macau novamente”, disse o director do Instituto de Desporto de Macau, Pun Weng Kun, em conferência de imprensa. As regatas, que vão decorrer entre 12 e 14 de junho, vão ter seis provas.

No dia 13 decorrem as regatas para pequenas embarcações, e no dia seguinte, dia do festival dos barcos-dragão, será a vez das grandes embarcações, num total de seis provas, indicou a organização.

24 Mar 2021

Automobilismo | Cancelamento do GP seria doloroso para a indústria local

Além de ser um grande evento internacional de elevada importância para o Turismo local, o Grande Prémio de Macau também tem uma enorme influência na pequena, mas vibrante, indústria ligada ao automobilismo da região da Grande Baía. Um eventual cancelamento do maior cartaz desportivo de carácter anual da RAEM seria infausto para os intervenientes, mas não fatal para a indústria

 

A província de Guangdong é um dos maiores polos da indústria ligada aos desportos motorizados na República Popular da China. É do outro lado das Portas do Cerco que estão localizados o circuito de Zhuhai, o primeiro circuito permanente construído no país, e o circuito de Guangdong (Zhaoqing), que servem de base para as dezenas de pequenas e médias empresas que fazem mover o desporto. Sendo o Grande Prémio de Macau o evento mais importante do sul da China, este é uma locomotiva de referência para o desenvolvimento e sustento de muitas empresas da região.

“O Grande Prémio é muito importante para as equipas que estão envolvidas e para todos nós que fazemos vida disto. 2020 foi um ano difícil, com muito poucas corridas, tanto na China Continental, como em todo o continente asiático. O facto de termos tido o Grande Prémio no ano passado foi uma ajuda”, esclareceu ao HM, Rodolfo Ávila, que combina as suas actividades de piloto profissional, com o cargo de director desportivo da Asia Racing Team, uma das mais fortes equipas com base operacional em Zhuhai e com múltiplas passagens pelo Grande Prémio de Macau nas corridas de GT, Fórmulas e Turismos.

O piloto Rui Valente, um conhecedor da realidade das equipas sediadas no circuito dos arredores de Zhaoqing, partilha da mesma opinião. “Sem o Grande Prémio de Macau, esta malta deixava de facturar como seria naturalmente, pois não vinha cá ninguém. Seriam carros parados, sem pilotos para andar neles, transportadoras sem nada para transportar, mecânicos e equipas sem trabalho fora do continente, fornecedores de pneus, combustível, tudo em contentores. Seria com certeza um ano sem muitos renminbis para muitos”, explicou ao HM.

Para além de ser uma montra internacional altamente respeitada, a prova que se realiza tradicionalmente no terceiro fim de semana de Novembro no Circuito da Guia reveste-se de real importância, não só para equipas e pilotos, como para uma vasta panóplia de provedores e prestadores de serviços que flutuam na órbita das corridas de automobilismo.

“O Grande Prémio é um fim de semana só, mas gera entusiasmo e serve como alavanca para a realização de outros eventos. Antes do evento, há corridas de apuramento e preparação, treinos privados e uma série de preparativos que proporcionam o sustento a uma série de empresas e pessoas que não têm outro meio de sobrevivência sem ser as corridas”, refere Rodolfo Ávila.

Preparadas para o impacto

Por estarem no topo da pirâmide, as equipas locais seriam as primeiras a sentir o forte impacto de um possível cancelamento do evento. Contudo, com o crescente nas duas últimas décadas do profissionalismo no desporto neste ponto do globo, estas foram diversificando as suas actividades para outras competições e outras áreas de negócio para não ficarem tão dependentes de um só evento.

“Se o Grande Prémio de Macau fosse cancelado, teria certamente um impacto financeiro nas equipas participantes”, reforçou ao HM, Paul Hui, o chefe de equipa da Teamworks, a equipa que venceu a Taça de Macau de Carros de Turismo por uma série de vezes e a Corrida da Guia em 2020. “Contudo, a maioria das equipas serão capazes de navegar num cancelamento de curto termo. As maiores equipas diversificaram os seus fluxos de receitas estabelecidos no seu modelo de negócios. As equipas locais serão capazes de utilizar a sua flexibilidade para compensar a falta de diversidade. Em suma, um cancelamento de curto termo irá afectar as equipas, mas não irá danificá-las de forma permanente”.

Rui Valente refere também que a anulação do evento da RAEM “não seria terminal para a grande maioria das equipas”, isto porque, nos tempos que correm, “muitas ainda têm as corridas da China e agora tu tens muitos campeonatos”.

Importância da Grande Baía

O Grande Prémio de Macau representa o cartaz desportivo internacional mais antigo na região da Grande Baía, que para além do território e da RAE de Hong Kong, inclui nove outras cidades da província de Guangdong – Jiangmen, Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan e Zhaoqing. Desde 2018 que há no programa do Grande Prémio uma corrida destinada aos pilotos da Grande Baía, mas a integração do evento na estratégia da região deverá acentuar-se nos próximos anos.

“O Grande Prémio de Macau deve ir para além de ‘Macau’, mas posicionar-se para servir como evento especializado situado na região da Grande Baía, ajudando a apoiar as indústrias relacionadas com o apoio e desenvolvimento automóvel e performance”, afirma Paul Hui. “Mas claro, eu não sei se a indústria automóvel faz parte das indústrias-alvo para a estratégia da região da Grande Baía.”

18 Mar 2021

Covid-19 | Qatar vai vacinar toda a caravana de Moto GP

O Estado do Qatar vai vacinar toda a caravana do Mundial de Moto GP antes do arranque do campeonato, em 28 de março, anunciou o promotor da competição.

“Tendo implementado de forma acelerada o seu processo de vacinação, o Estado do Qatar está em condições de oferecer a todos os membros do ‘paddock’ o acesso à vacina contra a covid-19”, lê-se no comunicado da Dorna, empresa promotora do Campeonato do Mundo de velocidade.

No mesmo comunicado, a Dorna recorda que a parceria com o Qatar remonta a 2004 e que o país recebe duas rondas do campeonato mais os treinos de pré-temporada, que decorrem até domingo.

“Para assegurar a saúde e a segurança de toda a caravana enquanto estão no Qatar e nas suas contínuas viagens pelo mundo esta temporada, o Governo do Estado do Qatar ofereceu acesso às vacinas da covid-19”, explicita ainda o mesmo documento. O Mundial de MotoGP arranca em 28 de março, precisamente naquele Estado dos Emirados Árabes Unidos.

12 Mar 2021

GP | FIA marca Taça do Mundo de F3 no cartaz internacional

O Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA), realizado na passada sexta-feira em Genebra, determinou a colocação da Taça do Mundo FIA de Fórmula 3, no Circuito da Guia, no calendário internacional de provas de 2021. Contudo, esta decisão ainda não é a confirmação que haverá Grande Prémio de Macau este ano.

É possível ler no comunicado publicado pela federação internacional que: “A Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA foi confirmada no Calendário Desportivo Internacional e está agendada para ter lugar a 21 de Novembro de 2021, em Macau, China (sujeito a contrato com o promotor)”.

A data da 68.ª edição do Grande Prémio de Macau já era conhecida, pois a prova consta do calendário de 2021 da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR. Todavia, as autoridades locais ainda não decidiram se o evento, que nunca foi interrompido desde 1954, irá acontecer este ano. O Governo da RAEM ainda estará a analisar a evolução da pandemia na Europa para depois tomar uma decisão. Ao contrário de 2020, o evento deste ano não terá qualquer contrato em vigor com promotores internacionais.

O calendário do Campeonato de Fórmula 3 da FIA de 2021 encaixa na realização da habitual corrida de fim de época em Macau, embora a última prova do campeonato esteja agendada para o fim de semana de 23 e 24 de Outubro em Austin, nos Estados Unidos da América. Perante este cenário, os carros terão que viajar de avião directamente para Macau, o que irá impedir, muito provavelmente, que as equipas realizem testes de preparação para a prova.

Recorde-se que no ano passado, pela primeira vez desde 1983, a tradicional corrida de Fórmula 3 não se realizou no Circuito da Guia, tendo sido substituída por uma prova do Campeonato da China de Fórmula 4. A corrida, que marcou a estreia da Fórmula 4 em Macau, foi ganha por Charles Leong da RAEM.

Em Novembro do ano passado, Jean Todt, o presidente do organismo que tutela o automobilismo, afirmou que gostaria de ver novamente as três Taças do Mundo a serem decididas nas ruas de Macau em 2021. No entanto, do primeiro Conselho Mundial da FIA deste ano não saiu qualquer observação sobre a Taça do Mundo de GT da FIA, que poderá, ou não, ser realizada na RAEM. Na pretérita edição, a Taça GT Macau realizou-se com a participação de vários concorrentes do Campeonato da China de GT, competição que já revelou o seu calendário para este ano, constando novamente Macau como prova de encerramento de temporada.

Vencedor das motas em 2017 quer voltar

Se houver Grande Prémio de Motos de Macau em 2021, o vencedor da fatídica edição de 2017 não esconde que se tiver uma oportunidade regressa à prova. Glenn Irwin foi declarado vencedor na corrida de 2017, que foi interrompida à sétima volta devido ao acidente fatal na Curva dos Pescadores do inglês Dan Hegarty. O piloto da Irlanda do Norte disse numa entrevista recente à publicação News Letter que hoje se sente mais confiante em regressar ao desafiante circuito citadino do território.

Esta mudança de atitude do vencedor de 2017, que voltou a elogiar o evento e a pista, segundo o próprio, deve-se também ao envolvimento de Stuart Higgs e Mervyn Whyte na co-organização da corrida. O Grande Prémio de Motos de Macau não se realizou no ano passado devido à falta de quórum, visto que grande parte dos pilotos considerou inviável a quarentena obrigatória à chegada a Macau.

8 Mar 2021

Ex-motoclista Mike Silva é a favor de uma academia para jovens locais

O Grande Prémio de Macau de 2020 foi o primeiro em cinquenta e três anos sem corridas de motos no programa. Para o retirado piloto local Mike Silva, que nos anos 1970s e 1980s venceu por várias ocasiões no Circuito da Guia, os tempos agora são outros e para trazer novos talentos locais para motociclismo são precisas várias iniciativas com apoio das entidades oficiais

 

Antes da presença habitual de pilotos provenientes de Portugal no Grande Prémio, algo que aconteceu pela primeira vez em 1986, existiam dois pilotos lusófonos que somavam vitórias nas corridas de motos do Grande Prémio: Belmiro Aguiar de Macau e Mike Silva de Hong Kong. Se o macaense cedo se dividiu entre as corridas de duas e quatro rodas, o português residente na antiga colónia britânica teve uma longa carreira no motociclismo, incluindo participações em vários grandes eventos internacionais, como Ilha de Man TT, North West 200, Grande Prémio da Malásia, Grande Prémio de Penang, para além de provas nas Filipinas, Tailândia e Hong Kong.

O Grande Prémio de Macau de Motos nasceu em 1967 e quatro anos depois, em 1971, foi realizada a primeira corrida de apoio para motos, chamada de “Corrida de Motocicletas (Handicap)”. Esta tradição de ter mais que uma corrida de motos no programa durou até 2003, ou 2007 se contarmos com as cinco edições da corrida das scooters.

O ano passado, quando ficou claro que as estrelas internacionais de “Road Racing” não iriam visitar Macau, a possibilidade de realizar uma corrida de motos para os pilotos da região não terá sido sequer colocada em cima da mesa.

Estas corridas de suporte permitiam aos pilotos das motos locais ganharem experiência no Circuito da Guia antes de competirem com os “gigantes” no Grande Prémio de Motos. Com a regulamentação da prova a apertar, a presença dos pilotos locais das motos no evento desapareceu. Aqui e ali, ouvem-se vozes a pedir que estas corridas se voltem a realizar. Mike Silva considera que “seria bom”, mas admitiu ao HM que “é algo que não acontece há muito tempo. Penso que actualmente não haverá um número suficiente de novos e bons pilotos, de Macau e de Hong Kong, para fazer uma boa corrida”.

O ex-piloto português, que corria com a licença desportiva de Hong Kong, acredita que “talvez existam bons pilotos nas provas de mini-motos de Macau – pilotos oriundos de Hong Kong, de Macau e da China – e alguns que correm em provas no circuito de Zhuhai. Contudo, num circuito de estrada difícil e de elevadas velocidades como o Circuito da Guia, o desafio é totalmente diferente”.

Mudam-se os tempos…

Retirado das lides, o ainda residente de Hong Kong reconhece que os tempos mudaram e o risco dos desportos motorizados é agora visto doutra forma pela sociedade. “As gerações mais novas são mais protegidas pelas suas famílias e têm menos desportos e hobbies perigosos à sua disposição”.

Por outro lado, a evolução espectacular da tecnologia, aliada aos progressos feitos em termos de segurança, trouxe consigo uma outra realidade. “O custo da preparação das motos de corridas é hoje muito mais oneroso, comparado com o que era antes”.

Academia para jovens era um bom começo

Com os critérios de selecção a serem ainda mais rigorosos, desde 2012 que não há pilotos de motociclismo da RAEM no Circuito da Guia. Para contornar este cenário que não deverá sofrer alterações nos próximos anos, Mike Silva considera que é preciso implementar uma série de iniciativas com o aval do poder de decisão.

“Seria necessário o apoio dos organismos oficiais, como a HKAA ou o AAMC, apoio dos importadores de motos e bons patrocinadores”, explica Mike Silva. “Uma Academia de Corridas de Motociclismo para jovens talentos deveria ser montada. Uma classe de 300cc e organizado um troféu monomarca, similar à Asia Talent Cup, em vários e diferentes circuitos, permanentes ou citadinos”.

“Uma Academia de Corridas para a nova geração de pilotos seria benéfico”, reconhece o ex-piloto do Grande Prémio de Motos de 1975 a 1985. “Deve existir um objetivo de fazer com que alguns dos melhores pilotos locais participem e ganhem em campeonatos ou séries internacionais de renome”.

Currículo invejável

Mike Silva foi uma presença habitual nas corridas de suporte de motos do Grande Prémio de Macau entre 1974 a 1989. O motociclista português venceu a Corrida de Iniciados em 1974 e depois de três subidas ao pódio na corrida dos Seniores, Mike Silva voltou a vencer no Circuito da Guia em 1981, precisamente na corrida dos Seniores. No seu currículo ainda consta um nono lugar à geral no Grande Prémio de Motos, em 1981, e um terceiro lugar na corrida de Superbikes, também conhecida por Corrida de Motociclos Senior, de 1987.

“O Circuito da Guia é o meu favorito. É a minha corrida caseira”, relembra o ex-piloto da Suzuki e Yamaha. “Todos os anos no final do Grande Prémio, não podia esperar pelo ano seguinte. Alguns anos, nem toquei na mota durante o ano todo, devido compromissos no trabalho e família, mas tão ansioso de voltar a pilotar e correr de mota em Macau que lá ia eu. Era incrível”.

5 Mar 2021

Campeão chinês de futebol interrompe actividade

O Jiangsu FC, actual campeão chinês de futebol, anunciou este domingo ter suspendido as actividades em todas as equipas, devido aos graves problemas económicos no grupo Suning, que detém o clube.

Em comunicado publicado na rede social Weibo, a equipa confirmou não ser capaz de cumprir as regras para fazer a inscrição na liga chinesa de futebol, cujo prazo terminou este domingo, assim como na Liga dos Campeões asiática, devido a “factores incontroláveis”.

O Jiangsu FC refere que tentou nos últimos seis meses encontrar um novo dono, que tomasse conta do clube e da dívida, que originou atraso no pagamento dos salários aos jogadores durante a última temporada. Todas as equipas do clube, incluindo a feminina e os escalões jovens, são afectados por esta suspensão da actividade do Jiangsu FC, que continua em busca de um comprador.

Caso não surjam ofertas para a compra ou ajuda governamental, o grupo Suning teria de ceder o clube de forma gratuita caso algum interessado assumisse a dívida ou fechar o Jiangsu FC. Nas últimas semanas, o grupo Suning, que tem uma participação maioritária no Inter de Milão, tem sido notícia pelos graves problemas económicos que o afectam.

1 Mar 2021

Autor de Macau faz livro de banda desenhada sobre o Grande Prémio

Para aqueles que seguem de perto o desporto automóvel local, a banda desenhada “Heróis do Circuito” já faz parte da grande família do automobilismo de Macau. MP Man é o Jean Graton de Macau e espera que através do seu trabalho a nona arte receba no território a atenção e o devido crédito que merece.

Apaixonado pelas histórias aos quadradinhos e confesso devoto pelos desportos motorizados, é do lápis deste residente de Macau que nasceram as bandas desenhadas “Escola de Polícia” e “Heróis do Circuito”, sendo que esta última transpõe os heróis do Circuito da Guia para a “BD”.

“Eu gosto de banda desenhada desde criança, e comecei a aprender quando tinha cerca de dezasseis anos”, explicou MP Man ao HM. “Gosto muito de carros, gosto de conduzir e também adoro ver os desenhos animados japoneses, como o ‘Initial D’. Tenho esta habilidade de desenhar, espero desafiar-me a mim próprio, criando histórias com as pessoas de Macau. Espero que uma banda desenhada autêntica possa ser reconhecida em todos os círculos e Macau também possa ter uma banda desenhada de alta qualidade”

Há menos de cinco anos, a banda desenhada era apenas um entretém, mas a partir de 2017 tudo mudou. “Em 2017 e 2018, publiquei uma banda desenhada inspirada nas forças de seguranças, chamada Escola de Polícia 1 e 2. Em Novembro 2019, publiquei a primeira banda desenhada sobre as corridas desenhada por um local, chamada Heróis do Circuito 1”, relembra o desenhista. “Na altura, colocámos à venda nos quiosques e nas lojas que vendem miniaturas de automóveis, assim como em cinco lojas da Digital Hang Seng. Devido ao longo tempo de produção, o lançamento do Heróis do Circuito 2 que estava planeado para 2020 deverá ser agora publicado até ao final da primeira metade deste ano”.

Reconhecimento como objectivo

Ainda apenas disponível na língua chinesa, apesar do autor fazer questão de ter o título em português na capa de todos os seus livros, MP Man acredita que o seu trabalho poderá ajudar outros artistas locais a se afirmarem nesta área.

“Espero que as minhas bandas desenhadas consigam chamar a atenção de entusiastas de todos os sectores da sociedade e que o que é feito em Macau possa avançar”, afirma.

“As bandas desenhadas das corridas, e não só, não estão apenas disponíveis no Japão. Macau também pode produzir produtos de alta qualidade”.

A RAEM tem feito uma aposta grande nas indústrias criativas nos últimos anos e MP Man quer dar o seu contributo: “Espero que as pessoas fiquem a saber que estas são bandas desenhadas de Macau. O Heróis do Circuito é uma banda desenhada cuja marca pertence às pessoas de Macau. Esse é o meu objectivo”.

Mas afinal quando é que o Heróis do Circuito 2 chega às bancas? “O lançamento do segundo número está agendado provisoriamente para antes do mês de Abril.” E quantos mais livros vêm ai? “Isso não está decidido, mas eu continuarei a desenhar enquanto existirem leitores para apoiar, o “Heróis do Circuito” não irá terminar”.

Outras oportunidades

A criatividade do artista local abriu-lhe novas oportunidades, dentro e fora da RAEM. “O Heróis do Circuito irá cooperar com eventos de eSports e irá realizar algumas competições este ano”. Por outro lado, MP Man tem produzido decorações para carros de corrida da vida real, incluindo alguns que participam no Grande Prémio de Macau, como o McLaren 570S GT4 com que o veterano Leong Iok Choi correu na última Taça GT Macau.

“Através dos meus trabalhos, tive contacto com vários pilotos e equipas que me deram o seu apoio. Desde 2018 que tenho vindo a trabalhar nesta área. Nos últimos três anos, fiz as decorações para a equipa World Motor Racing e por causa disso, a marca Heróis do Circuito tem sido reconhecida por amigos da indústria dos desportos motorizados”.

Mas as iniciativas em redor dos seus livros não se ficam por aqui. “No Museu do Grande Prémio de Macau, que deverá abrir este ano, haverá um mural com ilustrações minhas na área aonde estarão os carros de GT”, salienta com algum orgulho, sem esquecer que “também fizemos uma cooperação na China para lançar uma miniatura (ndr: Mercedes AMG GT-R 1/18 e 1/43) que está a ser comercializada”.

Heróis do Circuito

Para quem não teve a oportunidade de se cruzar com esta banda desenhada, aqui fica um pequeno resumo feito pelo autor: “O primeiro número é a história do campeão de F3 de 2000, o André Couto, e a corrida com Michael Ho, o primeiro piloto chinês a participar nas corridas de F3. O protagonista da manga, que é uma personagem imaginária, chama-se Siu Fung. Ele trabalha numa garagem. Todas as noites vê passar os carros a acelerar na sua rua. Mais tarde, acaba por ser influenciado por outros pilotos e decide participar oficialmente nas corridas, onde se irá tornar num verdadeiro herói.

Há a participação de pilotos reais e imaginários, o que é bastante interessante. No segundo número, o Billy Lo Kai Fung irá juntar-se. O André Couto não irá aparecer neste segundo número. Temos que esperar pelo terceiro, até porque ele é o ídolo do personagem principal. Espero que mais pilotos se queiram juntar à banda desenhada no futuro”.

24 Fev 2021

Kimi Räikkönen | Em 2000 foi recusado, hoje seria algo extraordinário

Dos vinte pilotos que perfazem a grelha de partida do mundial de Fórmula 1 de 2021, apenas dois não participaram no Grande Prémio de Macau e um deles não o fez porque não foi aceite à partida. Contudo, quem rejeitou a sua participação na altura sempre disse que, quando este deixasse a Fórmula 1, gostaria de o convidar para um dia correr no Circuito da Guia. A oportunidade ainda não surgiu, mas poderá estar para breve.

Estávamos no ano 2000 quando Kimi Räikkönen se sagrou campeão britânico de Fórmula Renault. Mesmo sem ter qualquer experiência na Fórmula 3, Steve Robertson, o seu “manager” da altura, queria que o jovem de 21 anos participasse no Grande Prémio. “O ‘manager’ do Räikkönen pediu-me um convite para a prova e disse-me: ‘aponta aí as minhas palavras, ele vai estar na Fórmula 1 no próximo ano’. Na altura não acreditei nele. Era algo improvável e uma cantilena que ouvimos dezenas de vezes”, dizia frequentemente Barry Bland, o mentor da Fórmula 3 em Macau, quando questionado qual era o piloto mais promissor que um dia lhe tinha “escapado”.

Steve Robertson sabia o que dizia. Um mês antes do Grande Prémio de Macau, no circuito italiano de Mugello, Räikkönen testara pela Sauber, tendo impressionado a equipa suíça. Apesar de ter sido logo contratado, a Sauber quis manter o seu novo piloto em segredo, até porque havia dúvidas se a FIA lhe daria a Super-Licença que o autorizaria a participar nos Grande Prémios em 2011. Barry Bland, o homem que geriu os destinos da Fórmula 3 no território de 1983 a 2015, reconhecia que “apesar de provavelmente me arrepender de não o ter convidado, ele não se qualificava para um convite, mas não deixa de ser uma pena”. O inglês acreditava que “um dia que ele deixe a Fórmula 1, pode ser que tentemos convencê-lo a correr connosco. Não será fácil, quem sabe…”

Infelizmente, Barry Bland, que faleceu em Julho de 2017, não teve essa oportunidade. Räikkönen continua a bater recordes de participações na categoria máxima do automobilismo e quando a temporada de 2021 arrancar a 28 de março no Bahrein, o piloto nórdico vai para o seu 331º Grande Prémio de Fórmula 1. Todavia, “Iceman” sabe que o seu percurso na Fórmula 1 está a chegar ao fim e não rejeita aventurar-se noutras disciplinas do desporto automóvel.

Depois da Fórmula 1

Quando perdeu o seu lugar na Ferrari, no final do ano 2009, o campeão do mundo de 2007 decidiu deixar o “Grande Circo” para experimentar os ralis, cumprindo duas temporadas do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) e realizando duas excursões em competições da norte-americana NASCAR. Em 2012, o finlandês regressou à categoria rainha do automobilismo com a Lotus F1 Team, para voltar à Ferrari em 2014, onde completou cinco épocas consecutivas antes de rumar à Alfa Romeo Racing.

Numa entrevista dada à revista holandesa “Formule 1”, o piloto de 41 anos abriu um pouco o livro do que quer fazer no pós-F1: “Há uma série de coisas engraçadas que posso fazer, mas não penso nelas até terminar com a Fórmula 1. Não sei se será ralis, NAScAR ou algo completamente diferente”.

Questionado se gostaria de participar nas 24 Horas de Nurburgring, uma das provas principais das corridas de GT, com o seu grande amigo e compatriota Toni Vilander, Räikkönen não negou que isso “poderia ser divertido”, sorrindo, algo raro no piloto nórdico, mas relembrando que “há muitas coisas giras para fazer”. Pois bem, pode ser que lhe tome o gosto pelas corridas de GT e que duas décadas depois os astros se alinhem…

Raras excepções

Diz a história que Alan Jones foi o único campeão do mundo de Fórmula 1 que regressou ao Circuito da Guia para conduzir numa outra corrida que não a do Grande Prémio. O campeão do mundo de 1980 voltou ao território para alinhar na Corrida da Guia de 1987, aceitando o convite da Toms Toyota para conduzir um dos Toyota Supra (MA70). Infelizmente, a presença de Jones foi curta, pois abandonou à sétima volta com um problema no turbo do seu carro.

É muito raro ver um piloto de Fórmula 1 a regressar ao Grande Prémio de Macau, até porque nem sempre as regras o permitiram. Em 1985, o português César Torres conseguiu o então presidente da FISA, Jean-Marie Ballestre, a retirar a proibição da vinda de pilotos de Fórmula 1 a Macau. E logo nesse ano, a organização conseguiu convencer o francês René Arnoux, que havia sido despedido da Scuderia Ferrari, a aventurar-se na corrida. Sem qualquer experiência de Fórmula 3 no seu currículo, o ex-campeão europeu de F2 qualificou-se a meio da tabela e terminou em sexto no cômputo das duas mangas.

O último piloto ex-F1 que quis correr em Macau foi Nelson Piquet Jr em 2016. Todavia, o piloto brasileiro, que até tinha um acordo com a equipa Carlin para estar à partida da corrida de Fórmula 3, foi barrado pela FIA. Segundo o então Presidente da Comissão de Monolugares da FIA e agora responsável máximo da Fórmula 1, Stefano Domenicali, a participação de Nelsinho ia “contra o espírito da categoria”.

18 Fev 2021

GP | Contrato para o mundial de MotoE não impede André Pires de vir a Macau

André Pires, o único piloto luso que preenche os requisitos para participar no Grande Prémio de Motos de Macau, irá tornar-se este ano no segundo português a alinhar no mundial de velocidade em motociclismo, depois de Miguel Oliveira, e será o primeiro a tripular motas eléctricas. Contudo, a tradicional vinda à Macau no mês de Novembro não está em causa

 

Na passada sexta-feira, numa cerimónia curta e cumprindo todas as medidas sanitárias e de distanciamento necessárias, André Pires foi oficialmente apresentado como piloto da Avintia Esponsorama. É com a equipa de Andorra com a qual vai alinhar na próxima Taça do Mundo MotoE, competição realizada em conjunto com algumas etapas do mundial MotoGP e que utiliza em exclusivo as Energica EGP Corsa, motos de propulsão eléctrica que vão para a sua terceira temporada no mais elevado patamar do motociclismo mundial.

“Estou muito contente pela oportunidade que me dá a equipa Avintia Esponsorama para correr no campeonato do mundo. É um sonho tornado realidade que me faz muito feliz. Vou tentar aprender e dar o máximo para obter os melhores resultados e ser competitivo por mim, pela minha equipa e pelos meus patrocinadores”’, revelou o piloto de Vila Pouca de Aguiar no decorrer da cerimónia realizada no centro do Principado.

A Taça do Mundo MotoE é o primeiro campeonato global realizado em exclusivo com motos de propulsão eléctrica construídas em Itália pela Energica. O modelo utilizado é o Ego Corsa que reclama 163 cavalos de potência máxima e 270 km/h de velocidade máxima. Dezoito pilotos de todo o mundo irão discutir o terceiro ano da competição, que terá sete provas no seu calendário e dois testes de pré-temporada.

Macau em Novembro

Apesar de embarcar neste novo projecto com todo o afinco, o piloto português, que foi campeão nacional de 125cc em 2011, de Superstock 600 em 2012 e de Superbikes em 2014, planeia regressar em Novembro à RAEM para o 54º Grande Prémio de Motos de Macau, caso a prova se realize.

“Este contrato com a equipa apenas é para mundial de MotoE”, começou por explicar ao HM André Pires, esclarecendo que “não tenho nenhum tipo de cláusula que não me permita correr noutros campeonatos ou provas.”

André Pires fez a sua estreia no Circuito da Guia em 2013, ano em que obteve a sua melhor classificação, um 13º lugar, e desde aí tem sido presença assídua no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. A confirmar-se a prova de motociclismo deste ano, esta será a oitava participação de André Pires no Grande Prémio de Motos de Macau, o que o tornará o piloto português com mais presenças nesta corrida.

“Tenho que me manter activo e por isso Macau está nos planos para Novembro. Espero estar à partida da prova do Grande Prémio para acabar o ano em grande”, disse ao HM um dos poucos pilotos de motociclismo que no passado estava disposto a cumprir a quarentena obrigatória de catorze dias para participar no evento.

Um sonho

Para cumprir o sonho de correr no mundial, André Pires disse à agência Lusa que provavelmente irá deixar o emprego a tempo inteiro. “É um campeonato do mundo, com um nível de exigência muito grande, pelo que terei de me dedicar a tempo inteiro à preparação”, afirmou. O objetivo para esta sua estreia numa disciplina diferente do motociclismo passa por “aprender” e “tentar ser o melhor dos oito estreantes” do campeonato.

Um dos poucos apoios com que conta para esta aventura é o do município de onde é natural, mas acredita que “é possível” encontrar parceiros que o apoiem. “Se não conseguir patrocínios, vou ter de por o dinheiro do meu bolso e hipotecar tudo, a casa, o carro, o cão, tudo, mas não quero perder esta oportunidade”, frisou à agência Lusa.

8 Fev 2021

GP Macau vai (e tem que) caminhar para um futuro sustentável

Ainda não é certo quando será realizada a 68ª edição do Grande Prémio de Macau, mas uma coisa é certa, se no fim de semana de 18 a 21 de Novembro a Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR realizar a sua prova final no Circuito da Guia, como está escrito no calendário internacional da FIA, então será aberto um novo capítulo no evento – a estreia dos biocombustíveis.

A organização da WTCR anunciou na passada sexta feira que os carros da WTCR serão alimentados pela primeira vez por uma gasolina especial com 15% de componentes renováveis. Estes componentes não-fósseis são derivados do bioetanol produzido através da celulose e biomassa lenhosa, assim como de combustível bio-sintético (totalmente renovável). “A nomeação da P1 Racing Fuels como fornecedor oficial de gasolina da WTCR é um importante primeiro passo em direcção ao uso de um combustível 100% sustentável no campeonato, como delineado no roteiro de implementação que temos definido para a introdução dos biocombustíveis na WTCR”, disse Alan Gow, o presidente da Comissão de Carros de Turismo da FIA.

Apesar de ser uma novidade numa prova como o Grande Prémio de Macau, o uso de biocombustíveis no desporto não é novidade, como relembrou ao HM o engenheiro macaense Duarte Alves, que em Inglaterra “já em 2006 corríamos com um Aston Martin DBRS9 que usava E85 (85% de etanol). E em 2007, quando estive nos EUA, com um Aston Martin Vantage GT2, este também usava E85. No entanto, obrigava-nos a ter um depósito de combustível muito maior e a utilizar pressões mais altas no sistema de injeção. Julgo que, em termos de balanço ‘ecológico’, era complicado, pois utilizava 30% mais de combustível em termos de volume. Na altura, não pegou muito porque a tecnologia ainda estava nos seus primórdios e os custos que implicava não a justificam”.

Com a indústria automóvel em plena transformação, o automobilismo não escapará à tendência e, por ser um alvo fácil, está rapidamente a passar das palavras aos actos. A questão da sustentabilidade energética e da produção de gases que contribuem para o efeito de estufa são uma preocupação para a FIA. Por isso, não é por acaso que assistimos a um crescente de novos campeonatos com carros eléctricos, enquanto que as principais competições apostam em sistemas híbridos – F1, WRC, WEC, etc – e outras tecnologias mais amigas do ambiente.

O hidrogénio é a aposta futura para os organizadores do Dakar e de Le Mans. Por seu lado, a F1, que pretende chegar à neutralidade carbónica em 2030, acredita que a gasolina sustentável, sobretudo os “e-fuels” – que recorrem ao carbono presente na atmosfera para sintetizar petróleo – serão o futuro da indústria automóvel e do automobilismo, uma vez que, no limite, haverá um circuito fechado que não acarretará um aumento de dióxido de carbono para a atmosfera.

Não há marcha-atrás

Para Duarte Alves, o responsável pelo carro vencedor da classe principal das Thailand Super Series no ano passado e do Audi que terminou em segundo na Taça GT, o Grande Prémio de Macau precisa de olhar atentamente para esta questão ambiental se quiser conservar a relevância no panorama internacional. “Sem dúvida que Macau também deveria ter pelo menos uma categoria destas que promovam um futuro sustentável. Isto, se realmente quiser estar à frente e ser uma referência como evento a nível mundial”.

Por outro lado, Duarte Alves acredita que “juntar o legado do Grande Prémio a tecnologias ecológicas será um bom argumento para dar uma boa imagem do evento”, referindo, que do outro lado da moeda, “há sempre um problema a ultrapassar que neste caso são os elevados custos que implicam às equipas e obviamente a disponibilidade de equipamento ou carros”.

Os sistemas híbridos ou célula de combustível (hidrogénio) são por agora inacessíveis em massa, enquanto que os carros eléctricos de competição pecam pela autonomia ou têm ainda limitações técnicas que impossibilitam a sua utilização num circuito tradicional, como o Circuito da Guia. Já os biocombustíveis têm no seu custo actual o maior entrave, mas permitem manter a base dos sistemas de combustão actual e até o som do roncar dos motores, uma das críticas principais dirigidas às corridas com carros eléctricos pelos adeptos mais conservadores do automobilismo. Uma coisa é certa, a gasolina tal como a conhecemos tem os dias contados.

Igual nas motas

A aplicação de energias sustentáveis na categoria de duas rodas não será muito diferente daquela que está acontecer nas quatro rodas, basta lembrar que a Ilha de Man TT tem há vários anos uma categoria exclusiva para as motas eléctricas, a “TT Zero”. Em 2018, Michael Rutter disse ao HM que acreditava que uma moto de TT seria capaz de completar as 12 voltas do Grande Prémio de Motos. Sobre a possibilidade de no futuro a corrida combinar na mesma corrida as motos convencionais, com as motos eléctricas, Rutter, um também vencedor na “TT Zero”, afirmou que tal cenário não é de todo inconcebível.

“Definitivamente, isso não seria impossível, dependendo da gestão da potência e da velocidade por volta (das motas eléctricas). Mas só experimentando no circuito de Macau é que seria realmente possível perceber a diferença por volta destes dois tipos diferentes de motos”, explicou ao HM o britânico sobre algo que provavelmente um dia poderá ser avaliado. “A maior diferença de uma moto eléctrica para uma moto com motor a combustão é o ‘feeling’ que tens da mota”, esclareceu o veterano natural de Stourbridge. “Principalmente quando aceleras. Não há o atraso habitual, não tens de esperar (que a potência seja entregue à roda). Não consegues pôr a roda traseira a patinar”.

1 Fev 2021

Automobilismo | Rui Valente subiu ao pódio em Guangdong

Rui Valente deu início à temporada desportiva de 2021 da mesma forma como terminou a época de 2020, subindo ao pódio. O primeiro piloto de Macau a correr no ano 2021, terminou na terceira posição da geral, vencendo a sua classe, na prova de abertura do “GIC Challenge”, realizada durante o fim de semana no Circuito Internacional de Guangdong.

O veterano piloto português alinhou na primeira das dez corridas de uma hora que compõem a competição organizada pelo segundo circuito permanente da Província de Guangdong. Depois de ter arrancado do quarto lugar da grelha de partida, Rui Valente rapidamente ascendeu à segunda posição, posição essa que parecia confortável na posse do representante da RAEM, mas infelizmente a mecânica do seu tradicionalmente fiável Honda Integra DC5 traiu-o já ao cair do pano.

“Eu andei em segundo durante toda a corrida, mas a doze minutos do fim a bomba de gasolina ou os filtros pregaram-me uma partida”, esclareceu Rui Valente ao HM. “O carro começou a falhar nas (mudanças) altas, pois a gasolina falhava e o velhinho Type R começou a fazer birra” e o piloto do DC5 nº14 não conseguiu fazer mais do que levar o carro em ritmo lento até à bandeira de xadrez. “Resultado, fiquei sem o segundo lugar batido por um outro Honda”, lamentou o piloto de matriz portuguesa de Macau há mais tempo no activo.

Apesar do terceiro lugar da geral, Rui Valente subiu ao lugar mais alto do pódio entre os concorrentes da categoria do seu Honda; carro que ainda ostenta no tejadilho o autocolante da sua última corrida no Circuito da Guia, em 2013. O piloto de Macau já pensa na próxima corrida, “que em princípio será em Março, pois em Fevereiro não há nada devido ao período festivo”.

A prova foi ganha pelo KTM X-BOW GT4 de Chan Shien Shang, o mesmo carro que terminou no segundo lugar na edição passada da Taça GT – Corrida da Grande Baía.

Depois do terceiro posto na categoria 1600cc Turbo, na última edição da Taça de Carros de Turismo de Macau, Rui Valente vê ainda margem de progressão no seu MINI Cooper S e vai aproveitar os meses que antecedem à maior prova do ano – o Grande Prémio de Macau – para preparar condignamente o carro inglês. Neste momento, o Cooper S está a recuperar das mazelas sofridas no passado mês de Novembro na RAEM, até porque as datas para as corridas de apuramento para o Grande Prémio ainda não são conhecidas.

Nos últimos dois anos, Rui Valente fez questão de tirar do descanso ex-rivais de outros tempos e este ano espera fazer o mesmo. Ricardo Lopes, Belmiro Aguiar e José Mariano da Rosa – pilotos que escreveram várias páginas do desporto automóvel local nas últimas quatro décadas – tiraram o fato e o capacete do armário e participaram ao lado de Rui Valente em provas de maior duração no circuito dos arredores da chinesa continental de Zhaoqing. Ricardo Lopes e Belmiro Aguiar assistiram à prova de Rui Valente “in loco”, enquanto José Mariano Rosa ficou retido em Macau por motivos pessoais.

Este ano, segundo Rui Valente, “o plano passa por fazermos mais provas, de seis e quatro horas de duração, que não contam para o GIC Challenge”. Obviamente, o incansável Honda Integra DC5 será o “cavalo de batalha”.

26 Jan 2021

Tóquio 2020 | COI convicto de que os Jogos vão realizar-se e sem plano B

O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI) mostrou-se convicto de que os Jogos Olímpicos Tóquio2020 vão decorrer no próximo verão, garantindo que não existe um plano B para a realização da competição.

“Não temos, neste momento, qualquer razão para acreditar que os Jogos Olímpicos de Tóquio não começarem em 23 de julho no estádio Olímpico de Tóquio”, afirmou Thomas Bach em entrevista à agência de notícias nipónica Kyodo.

Bach garantiu que todos estão “comprometidos” com a realização dos Jogos na data prevista, afirmando que “é por isso que não existe qualquer plano B”.

A cerca de seis meses do início dos Jogos, a realização da competição, adiada para o verão de 2021 devido à pandemia, volta a ser questionada devido ao aumento do número de casos e mortes por covid-19, que levou o governo de Tóquio a reinstaurar o estado de emergência.

Na quarta-feira, o diretor executivo do comité organizador dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 garantiu que “não está em discussão” um cancelamento da competição devido à pandemia de covid-19, admitindo a possibilidade de a realizar sem público.

“A realização dos Jogos é o nosso caminho, não discutimos outro”, disse Toshiro Mutu, em entrevista à agência noticiosa francesa AFP, garantindo que o cancelamento da competição, que deverá decorrer entre 23 de julho e 08 de agosto, não está a ser equacionado.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, assegurou que o país continua comprometido em realizar os Jogos Olímpicos Tóquio2020 no verão, apesar do número crescente de casos de covid-19 no mundo.

Em 08 de janeiro, o Japão decretou um novo estado de emergência, em vigor em 11 das 47 prefeituras do país, nas quais está concentrada mais de metade da população e perto de 80% dos contágios contabilizados. Devido à pandemia de covid-19, que já provocou pelo menos 2.058.226 mortos em todo o mundo, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio2020 foram adiados para o verão de 2021.

22 Jan 2021

Tóquio 2020 | Primeiro-ministro japonês garante realização apesar de nova vaga da pandemia

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, garantiu hoje que o Japão continua comprometido em realizar os Jogos Olímpicos Tóquio2020 no verão, apesar do número crescente de casos de covid-19 no mundo. “Vamos preparar os Jogos, como prova de que a Humanidade ultrapassou o novo coronavírus”, disse Suga, num discurso de abertura de uma sessão parlamentar.

A mensagem, de resto, tem sido a que o governo japonês repete quando questionado sobre o tema, mesmo face a uma terceira vaga da pandemia de covid-19 que o país asiático, bem como outros territórios mundiais, enfrenta atualmente.

Segundo o governante, serão adotadas “todas as medidas possíveis” para prevenir o contágio para que se brinde “à esperança e à coragem em todo o mundo” ao celebrar a competição, que deveria ter acontecido no verão passado, mas foi adiada devido à pandemia para o período entre 23 de julho e 08 de agosto deste ano.

O Comité Organizador disse hoje à agência noticiosa France-Presse que o número de atletas nas cerimónias de abertura e encerramento devem ser reduzidos e, segundo o jornal japonês Yomiuri Shimbun, o Comité Olímpico Internacional (COI) espera que o número não supere os seis mil atletas, bem abaixo dos 11 mil previstos para o evento.

A redução dever-se-á, nomeadamente, às restrições ao número de dias que os atletas poderão passar na Aldeia Olímpica, que passará a ter em permanência apenas atletas que vão competir num prazo máximo de cinco dias, saindo, o mais tardar, dois dias depois de competirem.

O arranque de Tóquio2020 está agendado para 23 de julho, daqui a pouco mais de seis meses, com as questões e dúvidas a levantarem-se cada vez mais quanto à capacidade de realizar um evento desta envergadura em pleno período pandémico.

O porta-voz do Governo, Katsunobu Kato, já tinha reforçado no domingo que os preparativos continuam, embora a opinião pública japonesa seja favorável a novo adiamento ou ao cancelamento, segundo sondagens recentes.

Na última semana, o ministro com a pasta da reforma administrativa e regulatória, Taro Kono, disse que o futuro dos Jogos podia seguir “em qualquer direção”, tornando-se no primeiro membro do executivo de Suga, que chegou ao cargo em setembro de 2020, a colocar a realização em dúvida.

Já o antigo vice-presidente do COI Kevan Gosper sugeriu no domingo que as Nações Unidas fossem consultadas sobre a realização, ou cancelamento, do evento, numa entrevista à cadeia televisiva ABC.

Em 08 de janeiro, o Japão decretou um novo estado de emergência, em vigor em 11 das 47 prefeituras do país, nas quais está concentrada mais de metade da população e perto de 80% dos contágios contabilizados.

Cerca de 40% dos mais de 320 mil casos e 4.500 mortes atribuídas à covid-19 foram confirmadas no último mês, com Tóquio a revelar hoje ter registado 1.204 novos positivos, o segundo valor mais alto a uma segunda-feira.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.022.740 mortos resultantes de mais de 94,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

18 Jan 2021

Dakar | Leiriense mantém viva a tradição sino-portuguesa no automobilismo

Terminou na sexta-feira passada, em Jeddah, o rali Dakar 2021, a prova rainha de Todo-o-Terreno que já não percorre o trajecto de Paris à capital senegalesa, mas este ano disputou-se ao longo de 8000 quilómetros, divididos por 12 etapas, inteiramente na Arábia Saudita. A dupla portuguesa Ricardo Porém/Jorge Monteiro, a única nos automóveis, chegou com sucesso ao fim da prova, com a particularidade de o ter feito ao volante de um carro de uma marca chinesa, seguindo uma tradição

 

Ao volante de um Borgward BX7 DKR Evo, um carro que foi construído na Holanda há dois anos, tendo como base o Mitsubishi Racing Lancer, a dupla portuguesa terminou a prova na 20.ª posição da geral. “Estamos naturalmente satisfeitos com o resultado alcançado. A Wevers Sport e a Borgward Rally Team prepararam-nos uma viatura que conseguiu superar uma prova como o Dakar sem um único problema mecânico nos mais de 8,000 quilómetros de corrida, sendo que todos os problemas que o Borgward sentiu, fruto da dureza das etapas, foram prontamente resolvidos por esta equipa fantástica que me acompanhou na prova”, disse o piloto de Leiria.

Com mais de quarenta e quatro horas de competição, a edição 2021 do rali Dakar foi vencida nos automóveis pelo francês Stéphane Peterhansel (MINI), enquanto que o argentino Kevin Benavides (Honda) tornou-se o primeiro sul-americano a vencer nas motas. A representação chinesa esteve particularmente bem nos automóveis, com os três BAIC oficiais a terminarem a prova classificados na 13ª, 14ª e 15ª posições da geral, com a dupla Binglong Lu/Wenke Ma a serem os melhores iniciados na prova. O buggy SMG pilotado por Wei Han, a maior estrela do todo-o-terreno chinês e que conta com o apoio do maior construtor automóvel privado chinês, a Geely, terminou no 18º lugar.

O rali Dakar é das poucas provas internacionais em que os construtores de automóveis chineses se aventuram com regularidade. O Borgward BX7 DKR foi construído como ferramenta promocional a pensar na prova, isto quando a marca alemã falida em 1961 foi ressuscitada pela Foton Motor, uma subsidiária do BAIC Group. O objectivo era vender 800,000 viaturas por ano, mas este nunca foi concretizado. Após mais de 4 mil milhões de yuans de prejuízo e de ter feito um investimento inicial da mesma ordem, a Foton decidiu vender dois terços da sua participação à Ucar, uma empresa chinesa de partilha e aluguer de curta duração de automóveis.

O construtor fundado em 1929 concentra agora a maior parte das suas vendas na China, onde terá vendido 5,000 unidades na primeira metade de 2020. Na Europa apenas tem uma concessionária no Luxemburgo. O escritório central na Alemanha fechou portas e o projecto do SUV eléctrico terá sido cancelado. O facto do fundador da Ucar, Charles Zhengyao Lu, estar a ser investigado pelos negócios da Luckin Coffee, não abona a favor do futuro da marca.

O resultado de Ricardo Porém com certeza não irá mudar o futuro da Borgward, mas pelo menos deixou um registo positivo de uma marca chinesa entre os adeptos e entusiastas europeus.

Outros feitos

Apesar da curta história da indústria automóvel chinesa no automobilismo, a verdade é que a combinação “carro chinês-piloto português” tem dado bons resultados. Com mais de uma década e meia de participações no Dakar, a primeira, e única até aqui, etapa vencida por um carro chinês aconteceu em 2014 pelas mãos de um piloto português. Carlos Sousa venceu a primeira etapa da 33ª edição do rali Dakar, quando este ainda se disputava na América do Sul, ao volante de um Haval da Great Wall Motors, um feito nunca mais igualado.

Os pilotos portugueses de Macau também têm dado um contributo precioso para o sucesso das marcas chinesas no desporto. Rodolfo Ávila foi vice-campeão do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) pela SAIC Volkswagen e foi vice-campeão do Campeonato TCR China com o único carro da categoria construído na China Interior, o MG6 XPower TCR. André Couto venceu a sua única prova do CTCC também com um SAIC Volkswagen, enquanto que Helder Assunção conquistou a Taça da Corrida Chinesa do 64ª edição do Grande Prémio de Macau, um troféu monomarca para os Senova D50 “Made in China”.

18 Jan 2021

Futebolista japonês Kazuyoshi Miura renova com o Yokohama aos 53 anos

O futebolista japonês Kazuyoshi Miura renovou por uma época o contrato com o Yokohama FC, preparando-se, aos 53 anos, para disputar a 36.ª temporada como profissional, anunciou o clube nipónico.

Em comunicado divulgado pelo Yokohama FC, o avançado, que completa 54 anos em fevereiro, garantiu que a sua paixão e vontade de jogar futebol “não param de crescer”.

‘King Kazu’ tornou-se o futebolista mais velho a jogar na liga japonesa em setembro de 2020, quando alinhou no encontro com o Kawasaki Fontale (3-2), com 53 anos, seis meses e 28 dias.

O avançado, que começou a carreira aos 15 anos, no Brasil, e se prepara para disputar a 36.ª época como profissional, foi o primeiro japonês a alinhar na liga italiana, e soma 91 internacionalizações e 55 golos marcados ao serviço da seleção do seu país.

11 Jan 2021

Adiamento do GP China abre portas ao GP Portugal

O mais que provável adiamento do Grande Prémio da China de Fórmula 1 deverá permitir o regresso da principal categoria do automobilismo pelo segundo ano consecutivo a Portugal em 2021

 

A incerteza quanto ao início da temporada deste ano do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 continua. Com a corrida da Austrália, em Melbourne, que deveria ser a prova de abertura de temporada, praticamente adiada devido às condicionantes criadas pela pandemia da COVID-19, as dúvidas quanto à realização da prova chinesa na data inicialmente prevista, 11 de Abril, foram crescendo ao longo das últimas semanas, parecendo uma inevitabilidade o seu adiamento.

Yibin Yang, o responsável pela Juss Event, a empresa que tem os direitos de promoção da Fórmula 1 na República Popular da China, confirmou no sábado à imprensa local que “temos estamos em contacto [com a F1] via videoconferência quase todas as semanas. Apesar do calendário se manter intacto, penso que é altamente incerto que a [nossa] corrida de F1 tenha lugar na primeira metade do ano, em Abril”. Para o responsável chinês, o objectivo da organização que lidera é “trocar a data original para a segunda metade do ano e apresentamos formalmente o pedido e esperamos transferir [o evento] para a segunda metade do ano.”

Caso a Formula One Management (FOM) concorde em adiar as provas da Austrália e da China, depois do Grande Prémio do Bahrein, marcado para o último fim-de-semana de Março, apenas o Grande Prémio de Espanha está confirmado, a 9 de Maio, uma vez que o fim-de-semana de 25 de Abril – quando se deveria realizar a prova do Vietname – está também em aberto, dado o desinteresse em que caiu o evento prometido a Hanoi. Isto obriga a que a FOM encontre soluções para garantir um arranque de época sustentado, sendo o Autódromo Internacional do Algarve, em Portugal, e o circuito italiano de Imola as opções em cima da mesa para que se cubra o hiato entre o Bahrein e Espanha.

De acordo com o calendário que anda a circular, a temporada terá o seu início em Sakhir, a 28 de Março, seguindo-se o Grande Prémio de Portugal a 11 de Abril, na data da prova da China, e o Grande Prémio de Emilia Romagna, a 25 de Abril, para quando estava prevista a ronda do Vietname. Tanto a Austrália como a China esperam poder realizar os seus eventos na segunda metade do ano, o que poderá criar ainda mais alterações no calendário, dado que, com vinte e três provas previstas para este ano, são poucos os fins-de-semana livres para um novo reagendamento.

Reagendamento complicado

Embora tenha um número de casos diários francamente melhor que a média mundial, a República Popular da China continua bastante fechada ao resto do mundo. Uma série de eventos desportivos marcados para os primeiros meses do ano foram cancelados ou adiados, como os campeonatos de recinto coberto da Associação Asiática de Atletismo em Hangzhou, previstos para o mês de Fevereiro, o Campeonato do Mundo de Atletismo Indoor, agendado para Nanjing, que tinha sido programado para Março de 2021, foi adiado para Março de 2023, ou a prova do Campeonato FIA de Fórmula E que seria disputada a meio de Março nas ruas de Sanya.

Apesar da vontade do organizador em realizar o evento do Circuito Internacional de Xangai na segunda metade do ano, a última palavra será das entidades oficiais da cidade. “Tudo depende do plano do governo da cidade. Se colocamos todos os eventos internacionais na segunda metade do ano, a cidade ficará sobrelotada. Para a realização de eventos em sucessão, são necessários recursos públicos em massa, como polícia e secretarias de saúde. Se tivermos que acolher todos os maiores eventos na segunda metade do ano, iremos enfrentar falta de recursos públicos, assim como conflitos em termos de marketing entre eventos”, explicou Yibin Yang.

O ano transacto foi bastante negativo para os desportos motorizados no país da Grande Muralha, tendo todas as competições internacionais sido canceladas, incluindo a prova do mundial de Fórmula 1. O 67º Grande Prémio de Macau foi o único evento de automobilismo internacional a ser realizado em território chinês em 2020 e o imponente Circuito Internacional de Xangai realizou apenas uma corrida em todo o ano, neste caso a “ Porsche Sports Cup China” para clientes da marca de automóveis de luxo germânica.

11 Jan 2021

Automobilismo | Mak Ka Lok explica a aposta na Taça da Grande Baía

Mak Ka Lok é um dos pilotos há mais tempo no activo no automobilismo de Macau, fazendo parte de uma geração praticamente extinta de pilotos que começaram nas “corridas ilegais” e transitaram para o automobilismo via Grande Prémio no final da década de 1980s. Anos passaram desde a estreia nas pistas em 1988, mas a vontade de acelerar continua intacta, com a particularidade do experiente piloto de matriz chinesa ter sido um dos pioneiros da Taça GT – Corrida da Grande Baía, conceito que elogia

 

A competição para carros de GT menos desenvolvidos, que teve o seu berço em Macau e reúne carros da categoria GT4 e Lotus do antigo troféu monomarca, foi criada a pensar nos pilotos da região da Grande Baía, mas também permite a participação de pilotos de outras paragens da China Interior, assim como de Taiwan. Com carros a custarem entre um e dois milhões de patacas, mas já a saírem de fábrica prontos a competir, sem por isso necessitarem de mais transformações, a Corrida GT – Taça da Grande Baía tem cativado vários pilotos locais. Mak Ka Lok vê na estabilidade dos regulamentos e na desnecessidade de investimentos de vulto na evolução das viaturas como principais trunfos para apostar nesta categoria.

“Desde o início da minha carreira no automobilismo, que a maior parte dos meus carros de corrida eram modificados por mim, com a excepção dos carros com que competi nas provas do WTCC. Percebi que, se continuasse por esse caminho, isso não me iria trazer melhores resultados, porque as modificações requerem orçamentos altos e eu não tinha os apoios suficientes”, explicou Mak Ka Lok ao HM a sua escolha. “Quando descobri no primeiro ano da Taça da Grande Baía que esta seria organizada com os Lotus Exige e com uma regulamentação monomarca, em que todos os carros seriam iguais, eu sabia que essa era a minha oportunidade, pois não tinha que me preocupar com despesas inesperadas. Portanto, decidi agarrar a oportunidade e finalmente consegui uma pole-position e finalizar em terceiro lugar.”

O Lotus Exige tem sido a aposta de Mak Ka Lok, um carro que cumpre a regulamentação GT4, mas pode alinhar nas provas locais da Taça Grande Baía. O veterano piloto da RAEM reconhece que o carro da marca britânica “está muito longe da comparação de desempenho com os carros GT4 oficiais”, mas elogia a sua “base de regulamento de troféu monomarca”, muito mais em conta para os pilotos com orçamentos mais limitados. “Também tenho que admitir que adoro carros com tracção traseira. É o meu estilo de condução favorito”, afirma o piloto que completou três décadas a conduzir carros de Turismo antes de transitar para os pequenos GT.

GP tem que continuar

Enquanto o Governo da RAEM se prepara para decidir o futuro da 68ª edição do Grande Prémio de Macau, o influente piloto da comunidade chinesa considera que o evento é uma mais valia para o território e que, independentemente da evolução da pandemia fora de portas, este deve cumprir a tradição de nunca ter sido interrompido nos mais de sessenta anos de história.

“Penso que, independentemente do estado do vírus, o Grande Prémio de Macau deve avançar. Isto porque o evento é um cartão de visita de Macau. Precisamos de relançar a economia do turismo de Macau assim que a COVID-19 esteja terminada”, diz Mak Ka Lok. “O evento está agendado para o fim de 2021. Ainda temos muito tempo para ver como a pandemia se irá desenrolar. De certeza que somos capazes de fazer um Grande Prémio melhor do que em 2020”.

Parar ainda não

Tal como a temporada de 2020, aquela que agora vai iniciar-se não será fácil para os pilotos, devido às limitações da circulação de pessoas e à expectável diminuição de verbas provenientes de patrocinadores. “Eu continuo positivo quanto a 2021. Os piores tempos já passaram”, admite com um óbvio optimismo Mak Ka Lok. “A vacina estará disponível em breve, mas não sei se o Grande Prémio voltará ao normal ou se será semelhante a 2020. Eu planeio participar em alguns eventos na China para preparar melhor Macau”, realça o sétimo classificado da Taça GT – Corrida da Grande Baía, ele que teve problemas eléctricos na sua viatura no evento do passado mês de Novembro.

Na sua já longa carreira destacam-se as quatro participações na Corrida da Guia, todas elas pontuáveis para o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCC), a última vez em 2017, quando conduziu o seu carro favorito: “o Lada Vesta TC1, que me trouxe a volta mais rápida que alguma fiz ao Circuito da Guia (2 minutos 34 segundos)”. E ao fim de estes anos todos, parar ainda não está na agenda. “Eu tenho pensado sobre isso. Decidirei quando não for mais competitivo em pista, então aí irei parar”. Enquanto essa chamada do destino não chega, venha a próxima corrida.

8 Jan 2021

“E-racing” | Corridas virtuais ganham o seu evento na RAEM

Num ano atípico, a temporada de automobilismo em Macau não terminou com o habitual Grande Prémio Internacional de Karting, que este ano não se realizou, mas sim com o primeiro grande torneio de “sim racing” organizado na RAEM

 

Para aqueles que não estão familiarizados com o fenómeno, o “sim racing” (ou “e-racing”) é a modalidade dos e-sports, ou desportos electrónicos, que engloba as corridas de carros que têm por base simuladores de automóveis, que conseguem reproduzir praticamente tudo o que acontece num verdadeiro carro de competição. Um simulador é diferente das corridas de videojogos e consolas, pois estas não conseguem reproduzir estes efeitos. Estes simuladores, a um nível menos complexo, são usados há muito tempo pelas equipas de Fórmula 1.

O GBA Sim Racing Grand Prix (SRGP) ficará para a história como o primeiro grande evento de “sim racing” organizado em Macau. Com 500 mil yuans de prémios monetários, o dobro que ofereceu o Grande Prémio de Macau este ano, este torneio, que usou a plataforma Assetto Corse, foi lançado em meados de Outubro em Jiangmen, Guangzhou, Zhuhai, Hong Kong e Macau, tendo só a eliminatória de Zhuhai reunido mais de quinze mil participantes “online” e “offline”. No anfiteatro do “The House of Dancing Water”, no City of Dreams, realizaram-se as pré-finais e a grande final. Durante quarenta minutos, ou dezoito voltas ao Circuito da Guia virtual, os dezoito finalistas, todos ao volante do mesmo carro (Audi R8 GT3), discutiram o triunfo. Yin Zheng de Pequim veio à Grande Baía levar a melhor sobre Zheng Zhaojie de Shenzhen e Huang Kuisheng de Guangzhou.

A selecção dos pilotos de Macau para a final foi feita no local, com uma corrida de qualificação para os vinte mais rápidos nas voltas de selecção e que apurou os três representantes do território. E do trio da RAEM, o melhor na decisiva corrida foi Filipe Veloso Chan que acabou na quarta posição, deixando uma boa imagem dos praticantes do território. “Temos jogadores com muito potencial em Macau e espero que haja mais participantes em torneios de e-racing no futuro”, disse Filipe Veloso Chan no final do evento.

Com o apoio de várias entidades de peso de Guangdong, a competição foi transmitida em directo em plataformas online da CCTV e da iQiyi Sports, aguçando assim o apetite de muitos que perderam esta oportunidade e que não quererão perder uma próxima. Até porque a promessa do sucesso deste ano é para repetir para em 2021.

Razões para repetir

Este evento não contou com a colaboração da Associação SimRacing Macau-China, que apesar de tudo se manteve atenta ao que foi realizado. Para o piloto das corridas de carros de Turismo locais, Sabino Osário Lei, que começou o seu trajecto desportivo nas corridas virtuais, este evento foi um sucesso e o interesse que gerou em seu redor é merecedor de uma repetição. “Macau é uma cidade especial, onde se incluí o Circuito da Guia e sua história, portanto como é que não poderia existir um evento de ‘sim racing’ aqui?”, interrogava-se o também participante do primeiro SRGP do território. “É algo novo para Macau. Honestamente, não sabia que o evento ia ser tão grande, só me apercebi da sua dimensão quando cheguei ao City of Dreams. Fui ver a corrida final e os lugares sentados estavam todos ocupados, até eu tive que ficar de pé para ver a corrida”, afirmou ao HM.

Lawrence Ho, o CEO da Melco, em comunicado, reconheceu o porquê desta aposta: “O turismo desportivo é um segmento chave do turismo actual, com mais e mais pessoas a viajarem pelo mundo para participar. Os e-sports são um desporto emergente com um grande potencial”.

Mais próximo do real

As provas de simuladores viram a sua exposição mediática crescer abruptamente com a pandemia de COVID-19. Com os circuitos fechados e campeonatos parados, os pilotos profissionais, como as estrelas de Fórmula 1 Max Verstappen ou Charles Leclerc, viraram-se para o “sim racing”, trazendo toda atenção mediática e dos fãs consigo. Contudo, esta já era uma actividade em crescimento por todo o mundo, com uma cada vez maior proximidade ao mundo real, proximidade essa que começa também a acontecer na Ásia.

A SRO Motorsports Group, co-organizadores da Taça do Mundo de GT da FIA no Grande Prémio de Macau e do GT World Challenge Asia, organizou o seu primeiro campeonato virtual, um exemplo seguido pela FRD Sports de Hong Kong que fez o mesmo com o Campeonato Asiático de Fórmula Renault e o troféu Renault Clio. A proximidade entre o virtual e o real nunca esteve tão perto e até as equipas com base em Zhuhai seguem a tendência. A Champ Motorsport organizou o primeiro torneio do género na cidade vizinha, a Absolute Racing vai participar na competição virtual World eX e a Asia Racing Team fez este ano uma parceria com a equipa virtual Team Squadios.

“O nosso foco claro é continuar a interagir com uma nova geração de jovens fãs do automobilismo”, explica Rodolfo Ávila, o Chefe de Equipa da Asia Racing Team. “A acessibilidade que o ‘sim racing’ oferece uma nova entrada no mundo das corridas para apaixonados das corridas e novos fãs. Espero que esta parceria (com o Team Squadios) nos ajude a ligar o ambiente virtual com o desporto na vida real na China e na região da Ásia-Pacifico”.

30 Dez 2020

GP Macau | FIA e organizadores na expectativa quanto a nova edição

À margem das comemorações do 21º aniversário da RAEM, a secretária Elsie Ao Ieong esclareceu que Macau mantém a intenção de realizar o Grande Prémio no próximo ano, apesar de nenhuma decisão ter sido tomada a esse respeito. Enquanto o Instituto do Desporto está a terminar o relatório sobre o Grande Prémio da edição deste ano, para que as autoridades competentes tomem a decisão se o evento, que nunca foi interrompido em 67 anos de história, se realizará ou não em 2021, as organizações internacionais vão planeando o ano que aí vem, aguardando uma definição de Macau

 

Apesar do contexto de pandemia, as normas de segurança e sanitárias impostas pela FIA e seus associados durante os eventos permitiram a realização da maior parte das competições em 2020. Porém, ninguém espera um 2021, mais fácil, a começar por Jean Todt, o Presidente da FIA. “A temporada acabou e não começamos a nova a partir de uma folha branca. Ainda existem confinamentos e o vírus continua cá. A próxima metade de 2021, na minha opinião, não será normal. Fizemos progressos, estamos à espera da vacina, e isso será bom para todos no planeta.

Penso que nos próximos dias podemos ver muitas mudanças nos potenciais calendários”, disse o dirigente francês.
A data do 68.º Grande Prémio já está reservada no calendário internacional, no fim de semana de 20 e 21 de Novembro, mantendo a tradição com mais de sessenta anos de se colocar de pé o evento no terceiro fim de semana do penúltimo mês do ano. Do último Conselho Mundial da FIA do ano de 2020 não saiu qualquer decisão de vulto respeitante a Macau. No comunicado emitido pela federação internacional, o território aparece apenas mencionado uma vez, no calendário provisório da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR), como prova de encerramento da temporada. O formato da prova de Macau também foi dado a conhecer, com dois treinos livres, uma sessão de qualificação dividida em três secções e duas corridas (n.d.r: em vez de três corridas como nas duas edições anteriores).

Jean Todt deixou claro, no mês passado, que queria ver novamente as três Taças do Mundo a serem decididas nas ruas de Macau no próximo ano. Como dizia recentemente Trevor Carlin, proprietário da equipa de F3 com o mesmo nome, para as equipas da disciplina de monolugares foi um Novembro “muito estranho, sem ter que apanhar o ‘jetfoil’ de Hong Kong para Macau”. O calendário do Campeonato de Fórmula 3 da FIA de 2021 encaixa na realização da habitual corrida de fim de época entre nós, embora a última prova do campeonato esteja agendada para o fim de semana de 23 e 24 de Outubro em Austin. Perante este cenário, os carros terão que viajar de avião directamente dos Estados Unidos da América para Macau, o que irá impedir, muito provavelmente, que as equipas realizem testes de preparação para a prova.

A Taça do Mundo de GT da FIA, cujas cinco edições tiveram palco em Macau, também não foi anunciada, mas esta é uma competição que a federação internacional apenas costuma revelar informação mais tarde no ano. Apesar de existirem vontades para deslocalizar a prova para um circuito convencional, preferencialmente na Europa, no calendário de provas da SRO Motorsport Group enviado às equipas, onde se destaca o campeonato GT World Challenge Asia, há uma menção a Macau “por confirmar”. Questionado pelo HM sobre um eventual regresso, Benjamin Franassovici, o coordenador para a Ásia da influente empresa de Stéphane Ratel, o “pai das corridas de GT” nos últimos vinte e cinco anos, disse que “tivemos bons tempos com equipas e pilotos de topos. Portanto, nunca dizemos nunca a um regresso a Macau com a Taça do Mundo…”

Por outro lado, o Campeonato da China de GT, competição que mais concorrentes providenciou à Taça GT Macau este ano, incluindo o vencedor Leo Ye Hongli, já tem um calendário provisório para a temporada vindoura. O HM teve acesso a este documento, que ainda não é público, e onde Macau aparece como a sexta e última corrida da época. É de recordar que a organização chinesa revelou o ano passado um acordo de dois anos para competir no Circuito da Guia. Neste calendário, a prova que antecede Macau será a homóloga a realizar no circuito citadino de Wuhan, evento que este ano não avançou devido à pandemia.

Motas em maus lençóis

Após um ano para esquecer, em que nenhuma das suas corridas principais teve lugar, o calvário do motociclismo de estrada poderá prolongar-se em 2021. Com a crise sanitária por resolver no “velho continente”, o Governo da Ilha de Man achou por bem cancelar a Ilha de Man TT, prova que estava marcada de 29 de Maio a 12 de Junho. A Southern 100, a Classic TT e o Grande Prémio de Manx, três outros eventos que se realizam anualmente durante o Verão nesta dependência da coroa britânica, não estão ainda garantidos que se realizem. Na Irlanda, a North West 200, inicialmente marcada para meados de Maio, e que é o maior evento ao ar livre do país, deverá ser adiada para os meses de Verão, enquanto o futuro do Grande Prémio de Ulster continua em risco.

Michael Rutter e John McGuinness, dois veteranos de Macau, já expressaram publicamente a sua consternação com a situação actual. O Grande Prémio de Motos de Macau arrisca-se a regressar à posição ingrata que ocupou este ano, onde foi a única prova grande de estrada a poder ser realizada. Infelizmente, a 54ª edição da mais importante prova de motociclismo da actualidade em território chinês não teve lugar este ano, pois não foi possível reunir um número mínimo aceitável de participantes, após vários intervenientes se terem recusado a aceitar os catorze dias de quarentena impostos pelas autoridades de saúde, uma medida que visava proteger a população. A única boa notícia é que a Ilha de Wight, a sul de Portsmouth, quer organizar um evento em Outubro, mas por outro lado, poderá ter impacto na logística e transporte do material para Macau.

28 Dez 2020

Automobilismo | Luciano Lameiras tem-se afirmado nas corridas locais na última década

Apesar de discreto, tanto dentro, como fora da pista, Luciano Castilho Lameiras tem sido um dos principais intervenientes nas corridas de carros de Turismo de Macau, tendo obtido resultados bastante interessantes nos últimos nove anos. Depois de ter subido ao pódio no 66.º Grande Prémio de Macau, o piloto de 32 anos tem como grande objectivo um dia lá regressar

Ao volante de um Mitsubishi Evo9, Luciano não conseguiu repetir o feito de 2019, onde inscrito na classe “1950cc e Acima” da Taça de Carros de Turismo de Macau, a exemplo deste ano, terminou na terceira posição da categoria. “Tive algumas contrariedades este ano. Na primeira sessão de treinos obtive a primeira posição, mas depois disso o carro teve alguns problemas”, revelou o piloto ao HM. “Este ano houve duas corridas, com a melhor volta das duas sessões de treinos livres e da qualificação a determinar a posição de partida. Portanto, no sábado ainda arranquei do terceiro lugar e mantive a posição durante três voltas. Depois disso, o motor começou a ter o problema de sobreaquecer e a única forma era abrandar o ritmo. O resultado de sábado não foi bom e tive de arrancar de trás para a corrida de domingo”.
Contudo, no domingo, a sorte voltou a não estar do seu lado, terminando na décima sétima posição, a duas voltas do carro vencedor, “pois tive um pequeno acidente e tive de vir às boxes para reparar o carro. Foi um ano infeliz, mas espero ter melhores resultados no próximo ano”. Mas o piloto da SpeedHeart Racing Team consegue tirar positivos do fim-de-semana desportivo mais importante da temporada: “O meu companheiro de equipa obteve um bom resultado e fiquei feliz por isso”, referindo-se ao triunfo à geral de Wong Wan Long.

Limites da realidade

Com o ano 2021 à porta, Luciano não tem planos para realizar muito mais provas do que aquelas que sejam necessárias para se qualificar para o maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. E “dar uma perninha” no estrangeiro? “Talvez não, desta vez, mas em 2021, as provas de qualificação do Grande Prémio de Macau serão num novo circuito na China, o Circuito Internacional de Zhuzhou”, o que, a concretizar-se, será uma novidade em relação ao tradicional binómio Circuito Internacional Zhuhai-Circuito Internacional de Guangdong.
O objectivo para a próxima temporada, e para um futuro próximo, é “voltar a terminar numa posição do top-3 outra vez em Macau”. Ciente das suas limitações, Luciano não sonha com participações futuras nas corridas de GT ou na Corrida da Guia. “Não há muito dinheiro disponível para trocar de carro. Nas corridas actuais, o nosso carro ainda está relativamente aperfeiçoado e tem uma vantagem larga”, esperando poder utilizar nas provas locais a sua actual viatura ainda “nos próximos três anos”.

Bilhete de entrada

A oportunidade de entrar no pequeno mundo das corridas de automóveis de Macau surgiu quando um amigo mais velho tinha um carro atractivo para venda, estávamos nós em 2012. “Ele tinha um Nissan Z33 Fairlady de corridas que nesse ano ninguém usou. Ele não queria desperdiçá-lo e por um preço muito baixo tentou apoiar-me. E assim comecei. Se não tivesse aparecido aquela oportunidade, talvez nunca tivesse a chance de correr no circuito de Macau”.

Tal como a grande parte dos iniciados nestas andanças, Luciano sofreu das mesmas e conhecidas dificuldades crónicas de quem opta por um desporto pouco acessível, enumerando por esta ordem os obstáculos que encontrou: “primeiro, dinheiro, segundo, a falta de experiência, e por fim, em terceiro, a falta de apoio de alguns membros da família”. Este último obstáculo já foi ultrapassado, reconhecendo o piloto que “habitualmente as pessoas pensam que as corridas de automóveis são muito perigosas”.
Para além do automobilismo, Luciano também tem outra grande paixão. Como grande aficcionado da pesca desportiva, é um dos organizadores da Taça de Macau da pesca do robalo.

19 Dez 2020

Automobilismo | Jerónimo Badaraco acredita que circuito no Cotai seria uma mais valia

Jerónimo Badaraco foi o único piloto lusófono a subir ao lugar mais alto degrau do pódio no 67.º Grande Prémio de Macau. O piloto macaense não tem planos para desacelerar, embora a próxima temporada ainda esteja por definir, e acredita que a construção de um circuito em Macau iria facilitar a entrada de novos talentos no desporto motorizado

Aos comandos de um Chevrolet Cruze da Son Veng Racing Team, “Noni” teve uma corrida autoritária e venceu sem contemplações a categoria ‘1600 Turbo’ da Taça de Carros de Turismo de Macau, cortando a linha de meta na quarta posição da geral na decisiva corrida de domingo. “É um circuito onde me sinto sempre bem, no início achava que não ia ter ritmo. Mas depois da primeira corrida habituei-me bem e o ritmo surgiu. Estava muito confiante”, afirmou o piloto macaense ao HM logo após a corrida de 12 voltas.

Três semanas após o maior evento de automobilismo do Sudoeste Asiático, e único disputado num circuito citadino na Ásia em 2020, sobre os planos para próxima temporada, o piloto da RAEM diz que “ainda é muito cedo para ter qualquer decisão, também muito dependerá dos patrocinadores e como a minha equipa quer preparar a próxima temporada. Talvez tente correr na classe ‘1950cc e Acima’ ou TCR”.

Esta não foi a primeira vez que Jerónimo Badaraco venceu nas ruas do território, pois na sua estreia no automobilismo, em 1999, triunfou contundentemente na última edição da Taça do Automóvel Club de Portugal, uma corrida destinada aos pilotos locais. Com mais de duas décadas no desporto, “ainda não penso em parar. É difícil dizer se isso vai acontecer cedo ou tarde. Como ainda tenho andamento para subir ao pódio, é pouco provável parar já. Talvez um dia, quando achar que não consigo lutar por lugares do pódio. Nessa altura veremos se é tempo para parar!”

As corridas de automobilismo de Macau vivem um momento de transição, esperando-se uma alteração de regulamentos técnicos em 2022, e, por conseguinte, de carros. Apesar da Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) nunca publicamente ter revelado qual o caminho a seguir pela competição que está sob a sua alçada, tudo indica que dentro de dois anos haverá a esperada mudança.

“Acho que eles vão mudar para carros e regulamentos da categoria TCR”, acredita Badaraco, que no entanto, realça que na sua opinião deveriam manter os carros das actuais classes ‘1600 Turbo’ e ‘1950cc e Acima’ para que assim houvesse uma maior variedade de carros e de corridas no Grande Prémio de Macau”.

Circuito no COTAI era o ideal

 Tal como vários outros pilotos da RAEM, “Noni” tem-se aventurado pontualmente ao longo destas últimas duas décadas em provas internacionais. Contudo, continua a faltar talento local nos grandes palcos do desporto. “Primeiro de tudo, acho que nos falta um circuito para treinar, realizar testes com os carros e assim criar jovens pilotos com mais facilidade”, explica o experiente piloto de carros de Turismo. “É muito difícil para os jovens começarem no automóvel cá no território. O custo da qualificação para o Grande Prémio de Macau é muito elevado, porque temos de fazer pelo menos quatro corridas de qualificação na China, com carros muito modificados”.

Apesar do Circuito Internacional de Zhuhai distanciar a apenas uma hora de carro das Portas do Cerco, a verdade é que o transporte e desalfandegamento dos carros, equipamento e material de Macau para o circuito da cidade vizinha, como para o mais distante Circuito Internacional de Guangdong, tem um custo demasiado elevado nos orçamentos anuais dos pilotos e equipas.

“Não é uma má ideia de construir um circuito no Cotai”, explica Badaraco. “Ter um circuito no Cotai não quereria dizer que não continuaríamos a ter uma vez por ano as corridas no Circuito da Guia, pois como toda gente sabe, o Circuito da Guia é um circuito histórico. Podemos organizar corridas locais com carros que custam menos, menos modificações, como por exemplo os carros com que corremos no passado, como o Honda DC5 ou o FD2, que ainda estão a correr nas corridas locais de Tailândia, Malásia e até no Japão! Assim seria mais fácil para lançar pilotos jovens com talento e com menos custos! Também teríamos mais vantagem para arranjar patrocinadores, fazer mais corridas locais e ser mais competitivos para correr em provas internacionais”.

A ideia de construir um circuito permanente em Macau não é um assunto recente, aliás, foi uma matéria inicialmente debatida nos tempos da administração portuguesa. Na segunda metade dos anos 1980s e nos primeiros anos da década de 1990s, este foi um assunto falado por várias vezes na imprensa, pois na altura Bernie Ecclestone e a FIA, por intermédio de Max Mosley, gostariam de ver o território ultramarino sob administração portuguesa no calendário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. O assunto só esmoreceu quando em 1996 se ergueu o Circuito Internacional de Zhuhai.

“Se tivermos um circuito novo, talvez possamos convidar equipas de F1 ou de Moto GP para vir cá fazer testes das máquinas ou organizar corridas de mais alto nível cá em Macau. Com corridas de mais alto nível até podemos trazer mais turistas e até dá para aumentar o prestígio de Macau no automobilismo. E até podemos organizar ‘track days’ para os residentes darem umas voltinhas, em segurança, com os seus carros privados”, conclui Badaraco.

Jerónimo Badaraco, piloto

11 Dez 2020

Automobilismo | Delfim Mendonça Choi quer tentar a WTCR

[dropcap]N[/dropcap]uma altura em que escasseiam novos valores do automobilismo de Macau nos palcos internacionais, Delfim Mendonça Choi tem intenções de fazer a sua estreia na Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) em 2021 e quiçá em mais provas internacionais da categoria TCR.

Tendo-se estreado em 2017 nas corridas de carros de Turismo, Delfim nunca escondeu que a maior ambição na sua carreira desportiva passa por um dia “vencer uma corrida no Grande Prémio de Macau”, no entanto, agora a prioridade é outra. “Em princípio, para o ano vou correr na corrida da WTCR em Macau”, explicou o piloto macaense ao HM. “Este ano, eu queria correr na Corrida da Guia com um Audi RS 3 LMS TCR, igual ao do Filipe Souza, mas o meu chefe de equipa disse que como é um carro com volante à esquerda, e requer mais prática, pediu-me para o conduzir apenas no próximo ano”.

Tal como todos os pilotos do território, devido às limitações nas viagens para o estrangeiro e dos constrangimentos financeiros, Delfim reconhece que planear a próxima temporada desportiva não é uma tarefa simples, no entanto, há uma coisa que o piloto da RAEM tem em mente para 2021: “Antes de Macau talvez vá à China correr na WTCR para me familiarizar com o carro da categoria TCR”. Outra possibilidade será fazer corridas do “TCR China ou do TCR Ásia, mas ainda não está definido”.

Uma coisa é certa, Delfim vai trocar o volante do seu habitual Mitsubishi Evo9 por um Audi RS 3 LMS TCR, também preparado pela SLM Racing Team, equipa que este ano colocou em pista o carro de Ng Kin Veng na Corrida da Guia. A escolha do Audi deve-se à “melhor condução” do carro germânico que no Grande Prémio foi em pista o único a conseguir rivalizar directamente com os Lynk&Co e MG oficiais.

Edição 2020 não muito feliz

Candidato a um dos três lugares do pódio na Taça de Carros de Turismo de Macau, na categoria “1950cc ou Superior”, a 67ª edição do Grande Prémio de Macau não correu de feição ao ex-campeão do AAMC Challenge. “Correu muito mal, foram três dias em que o meu carro teve problemas”, relembra o piloto do Mitsubishi Evo9 preparado pela SLM Racing Team. “Este ano, estava muito concentrado na obtenção de um bom resultado, mas o carro não me ajudou nessa tarefa”.

Depois de ter sido o décimo primeiro mais rápido no cômputo dos treinos livres e qualificação, Delfim apenas cumpriu três voltas na Corrida de Qualificação e desistiu na corrida de domingo ao fim de nove. “O motor estava sempre em altas temperaturas. Não conseguimos resolver o problema e no sábado meti um outro motor, mas voltamos a ter o mesmo problema, o que foi muito mau”.

Para o ano, se a pandemia em curso assim o permitir, Delfim vai medir forças com os melhores pilotos de carros de Turismo da actualidade. Obviamente, o desafio que tem pela frente é enorme, mas provavelmente é isso de que Macau precisa, de jovens pilotos que arrisquem a sair da sua zona de conforto.

3 Dez 2020

GP Macau | Charles Leong não sabe se vitória o levará mais longe

[dropcap]H[/dropcap]á uma semana Charles Leong Hon Chio arrancava para o fim-de-semana que o tornaria o segundo piloto de Macau a vencer a prova principal do Grande Prémio de Macau. Após ter conquistado um dos troféus mais cobiçados do automobilismo internacional, o jovem piloto da RAEM está bastante cauteloso no que respeita às expectativas do seu futuro no automobilismo.

Depois de duas participações no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3, Leong fez prevalecer o seu estatuto de favorito, dominando os acontecimentos praticamente durante todo o pretérito fim-de-semana, com a excepção do primeiro treino-livre, onde um problema na suspensão do seu Mygale M-14 Geely o impediu de ser o mais rápido. O ex-campeão da China de Fórmula 4 e da Ásia de Fórmula Renault não cedeu à pressão, vencendo a corrida do final da tarde de domingo por meio segundo de avanço sobre o conterrâneo, e igualmente experiente nestas andanças, Andy Chan.

Questionado pelo HM sobre qual a sensação após o feito alcançado na sua corrida caseira, Leong confessou que “foi fantástico, não sei como descrever, porque o sentimento é como um sonho… mas aconteceu. Foi muito bom!”.

Para o piloto de 19 anos este sucesso tem um sabor ainda mais especial, pois a quatro meses do Grande Prémio não tinha nada sólido para regressar à prova. Devido à pandemia, Leong esteve onze meses afastado das pistas e caso a Fórmula 3 tivesse corrido no território, as probabilidades de voltar a conduzir no Circuito da Guia este ano eram muito reduzidas devido à impossibilidade de testar antes.

Num passado não muito distante, uma vitória no Grande Prémio de Macau era meio bilhete para a entrada no mundial de Fórmula 1. Nas duas últimas décadas, quase todos os vencedores da prova rainha do cartaz desportivo da RAEM passaram ao lado de uma carreira no “Grande Circo”, tendo apenas o japonês Takuma Sato, vencedor em 2001, e o brasileiro Lucas di Grassi, vencedor em 2005, sido os únicos a ganhar um Grande Prémio de Macau e a competir na Fórmula 1 a tempo inteiro. Embora a vitória na tradicional prova de monolugares continue a abrir portas no automobilismo, Leong não sabe qual o impacto que terá a sua vitória no primeiro Grande Prémio de Macau de Fórmula 4.

“Para ser honesto, não tenho a certeza, porque devido à COVID-19 tudo é imprevisível”, reconhece conscientemente Leong. “Provavelmente irá ajudar um pouco, mas de um modo geral, não estou seguro quanto ajudará mais tarde”.

Mais dúvidas que certezas

Nos últimos anos, Leong tem sido a aposta da RAEM nos desportos motorizados, mas sem grandes hipóteses de progresso, a sua carreira desportiva estava prestes a ficar estagnada. Num território onde a probabilidade de encontrar no sector privado um forte apoio para continuar a competir ao mais alto nível no estrangeiro é reduzida, o amparo das entidades governamentais relevantes acaba por ser vital. Todavia, Leong tem dúvidas que Macau o posso ajudar muito mais.

“Não tenho a certeza se este feito vai ajudar ou não. Vamos a ver se vão querer continuar a apoiar-me, pois este apoio requer também o apoio de outras pessoas, da população em geral”, admite Leong. “Lembro-me que quando recebi o apoio do governo, que não era suficiente, houve pessoas de outros desportos que se queixaram dos apoios dados ao automobilismo. Não é também fácil para eles apoiarem-me. E agora já não têm mais o programa para jovens atletas para mim, porque é apenas para praticantes sub-18, o que acho que não é ideal, portanto, não faço ideia do que irá acontecer”.

Num mundo idílico, Leong, que continua empenhado na sua vida académica, continuaria a subir degraus na pirâmide do automobilismo, objectivo que o próprio não esconde. “Espero continuar a minha jornada em monolugares, porque fórmulas são aquilo que eu sempre quis conduzir, portanto se tivesse que escolher uma disciplina, seria a Fórmula 3”, afirma o piloto que começou a competir nos monolugares em 2016.

Devido à crise sanitária mundial em curso, não se espera um 2021 mais fácil para o automobilismo que o ano que agora caminha para o fim. Portanto, mais do que qualquer outro seu antecessor, para Leung capitalizar deste triunfo vai precisar que todos os astros se alinhem e daquela estrelinha da sorte que acompanham sempre os campeões.

26 Nov 2020

Óbito | O mundo despede-se de Maradona, o maior futebolista de todos os tempos

Diego Armando Maradona morreu na quarta-feira. A estrela da selecção argentina faleceu em casa no seguimento de um ataque cardíaco, depois de ter sido hospitalizado no início do mês. O mundo inteiro reagiu com pesar e o Governo argentino decretou três dias de luto oficial. Aos 60 anos, desaparece uma lenda que ficará para sempre na história do futebol mundial

 

[dropcap]O[/dropcap] dia de ontem começou com a notícia da morte de Maradona, o mago do futebol que atingiu a eternidade ainda em vida, multiplicando pelo mundo inteiro mensagens de profundo pesar.
Diego Armando Maradona morreu esta quarta-feira, na sua casa, avança o jornal argentino Clarín. A confirmação da morte foi também dada pelo seu agente e amigo Marias Morla à agência espanhola EFE.

Ao longo do dia de ontem, milhares de adeptos emocionados acorreram ao palácio presidencial, a Casa Rosada, para se despedirem de el pibe de oro, o menino de ouro, numa cerimónia transmitida para todo o mundo.

Quem andou por Buenos Aires ontem à tarde pensou que a Argentina tivesse voltado à primeira fase do confinamento como forma de combater o coronavírus. De repente, o país ficou num silêncio espesso como se o tempo tivesse parado. Uma dor como se todos os argentinos tivessem perdido um parente próximo em comum. Nas portas dos clubes por onde Maradona passou como jogador ou como técnico, o silêncio era recortado por alguma oração e pelo pranto contido que se transformava em lágrimas quando se tentava explicar o que se sentia.

“Primeiro pensei que fosse uma mentira quando recebi uma mensagem com a notícia. Depois, pensei que, se fosse verdade, ele poderia sair como numa finta, como sempre fez com os adversários. Desta vez, ele não conseguiu fintar. Estou destruída”, diz à Lusa, entre lágrimas, Patricia Ortiz (46) na porta do Boca Jrs, clube do qual Maradona era adepto e que foi o trampolim para a sua carreira internacional. Patricia leva um ramo de flores e um rosário. “Vamos sentir saudades. Será a nossa lenda”, afirma.

À porta do Boca Jrs, os fãs foram chegando aos poucos. Os carros passavam como numa procissão improvisada. De quando em quando, o silêncio era interrompido por um aplauso.

“Ele foi lendário por onde passou aqui na Argentina e no mundo, mas, com o Boca, teve uma relação especial, de amor. Aqui ele era o Diego do povo”, acrescenta Diego Moreno (30) cujo nome foi uma homenagem do pai ao jogador.

“É verdade. Ele não jogava pelo dinheiro. Era por amor ao futebol. Foi o maior e o mais humilde de todos. Um dos poucos que jogava pelo que sentia”, destaca Delia (62), que enaltece as conquistas de Maradona, apesar da carreira reduzida pelas drogas.

O antigo capitão da selecção argentina, que actualmente era treinador do Gimnasia de la Plata, foi hospitalizado no dia 2 de Novembro devido a anemia e desidratação, apresentando igualmente estado depressivo. Os exames a que foi submetido revelaram a presença de um hematoma subdural.

Depois de sair do hospital, foi noticiado que Maradona terá dado entrada numa clínica de reabilitação para tratamento à dependência ao álcool.

A par do brasileiro Pelé, que completou 80 anos em Outubro, Maradona é considerado um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos com uma carreira marcante com passagens pela selecção argentina, com a qual conquistou o Campeonato do Mundo, e no Nápoles onde levou a equipa italiana aos melhores resultados da sua história, incluindo a conquista de duas ligas italianas, as únicas do palmarés do clube, e uma Taça UEFA.

Enquanto treinador, o argentino teve o ponto alto da carreira quando orientou a selecção do país durante dois anos, tendo alcançado os quartos de final do Mundial2010, na África do Sul, competição em que foi derrotado pela Alemanha (4-0).

Foi pelo seu papel em levar ao Nápoles à glória em Itália que o astro argentino foi homenageado na cidade italiana em 2017, recebendo o título de cidadania honorária.

Mais alta é a queda

A vida de Diego Maradona foi marcada por muitos problemas de saúde decorrentes da sua vida de excessos.
Em 2000, teve um ataque cardíaco, após uma overdose de drogas, durante umas férias em Punta del Este, no Uruguai, a que se seguiu um longo processo de cura em Cuba. Em 2004, numa altura em que pesava mais de 100 quilos, sofreu outro enfarte em Buenos Aires, e chegou a ser submetido a uma cirurgia de estômago para perder peso.

A vida desportiva daquele a quem “os argentinos tudo perdoam”, nascido a 30 de Outubro de 1960 num bairro pobre dos subúrbios de Buenos Aires chamado Villa Fiorito, iniciou-se aos nove anos, no Cebollitas, e prosseguiu aos 15 no Argentino Juniores.

Quatro anos passados, e já como campeão mundial sub-21, Maradona juntou-se ao Boca Juniores, clube com o qual conquistou o seu primeiro título de campeão, em 1981.

Um ano depois, e após participação na primeira de quatro fases finais de um Mundial (Espanha82), o jogador transferiu-se para o FC Barcelona, clube onde apenas venceu uma Taça do Rei, frente ao eterno rival, o Real Madrid. Espanha marcou também a lesão mais grave na carreira do argentino. Fractura do tornozelo esquerdo, provocada pelo defesa Andoni Goikoetxea, do Atlético de Bilbau. Corria o ano de 1983. A lesão afastou-o dos relvados durante mais de três meses.

Esta primeira etapa espanhola ficou também assinalada por uma hepatite, logo no ano da chegada à Catalunha, doença que o impediu de jogar por três meses. Se a isso se juntar a expulsão no Brasil-Argentina no Mundial82, a passagem pelos estádios espanhóis ficou aquém daquilo que se esperava da estrela argentina.

Vida napolitana

A “maldição espanhola” levou o Nápoles a contratar Maradona em 1984. A opção italiana veio a revelar-se um misto de “céu e inferno” para o jogador.

Em Itália, levou o Nápoles, pela única vez na sua história, a sagrar-se por duas vezes campeão: 1987 e 1990. Ganhou ainda uma Taça UEFA (1989), uma Taça de Itália (1987) e uma Supertaça italiana (1991).
Inspirado pelos ares de Itália, Maradona carregou a selecção argentina até ao segundo título mundial (depois do Argentina78), ao vencer a Alemanha na final do México86, por 3-2. Nesse torneio ficou célebre o episódio da “mão de Deus”, lance assim definido pelo próprio, para justificar o golo marcado com a mão frente à Inglaterra nos quartos de final, jogo ganho pelos sul-americanos, por 2-1.

Numa entrevista ao jornal Daily Mail, o antigo guarda-redes inglês, Peter Shilton, afirmou que o astro argentino foi “o maior jogador contra o qual alguma vez jogou”, mas reforçou: “O que não gosto é que ele nunca tenha pedido desculpa”. “Em nenhum momento admitiu ter feito batota, ou que gostaria de pedir desculpa (…) Em vez disso, usou a sua expressão ‘mão de Deus’. Não foi justo”, afirmou. “Parece que tinha grandeza, mas infelizmente não tinha desportivismo”, observou. Shilton, de 71 anos, admitiu que a sua vida “está há muito ligada à de Diego Maradona”, mas não da maneira de que teria gostado. O antigo guarda-redes inglês lamentou a morte de Maradona e enviou as condolências à família.

Do relvado às clínicas

Quatro anos depois do México96, de novo liderada por Maradona, a Argentina repetiu a final do Mundial (Itália90), afastando os anfitriões nas meias-finais (1-1, 4-3 nas grandes penalidades). Mas os alemães desforraram-se e venceram o torneio (1-0 na final).

Apesar da fase italiana ser a mais vitoriosa na sua carreira, foi também, para muitos, o período em se deixou enredar pelo consumo de droga (cocaína). Foi expulso do Nápoles, em 1991.

A saída de Itália levou-o de novo a Espanha, para uma época sem história no Sevilha (1992/93). Daí rumou à Argentina para jogar pelo Newell’s Old Boys (1993/94), regressando ao Boca Juniores (1995/97), onde terminou a carreira, com 37 anos.

Pelo meio, ficou uma passagem efémera pelo Mundial EUA94, onde Maradona teve um controlo antidoping positivo (efedrina). Isso valeu-lhe a expulsão da prova e posterior castigo de um ano, aplicado pela FIFA.

Ao longo da vida submeteu-se a vários tratamentos de desintoxicação de droga, o mais famoso dos quais, em 2000, quando passou uma temporada em Cuba, onde surgiu publicamente ao lado de Fidel Castro.
Maradona regressou aos palcos mediáticos ao assumir o comando técnico da selecção argentina (manteve uma permanente tensão com a imprensa), levando a equipa até aos quartos de final no Mundial2010, na África do Sul, eliminada pela Alemanha (4-0).

Após este desaire, e apesar do apoio dos adeptos argentinos, Dieguito, El Pibe de Oro, El Diez ou Pelusa – nomes pelos quais é carinhosamente tratado na Argentina – abandonou a selecção das Pampas.
A federação argentina chegou a propor a retirada da camisola 10 do equipamento oficial, em homenagem a Diego Armando Maradona.

País em lágrimas

“Por ocasião da morte de Diego Armando Maradona, o Presidente decreta três dias de luto nacional a partir desta data”, disse a Presidência da Argentina, num breve comunicado.

Alguns minutos depois, o chefe de Estado argentino usou a sua conta na rede social Twitter para expressar gratidão pelos momentos de “felicidade” que o jogador deu ao povo do seu país. “Levaste-nos ao ponto mais alto do mundo. Fizeste-nos imensamente felizes. Foste o maior de todos. Obrigado por teres existido, Diego. Vamos sentir a tua falta, por toda a vida”, escreveu Alberto Fernández, que também divulgou uma foto na qual aparece a abraçar Maradona.

Em declarações à rádio, o chefe de Estado recordou mais tarde que em Fevereiro passado se encontrou com Maradona, com quem falou, “durante muito tempo”, sobre futebol. “Sempre resgatei o melhor dele, o genuíno, o original. O que ele não gostava, dizia; e o que gostava, também dizia”, recordou Fernández.

O Presidente disse que guarda memórias “indeléveis” do antigo jogador de futebol, à época em que representava a equipa de Argentinos Juniors, clube do qual o Presidente argentino é adepto.
“Sentimos que éramos os mais fortes do mundo com Diego. É uma perda horrível”, acrescentou Fernández.

Por sua vez, a ex-Presidente e actual vice-Presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, expressou a sua tristeza pelo falecimento do ex-jogador argentino. “Muita tristeza … Muita. Um grande deixou-nos. Adeus, Diego. Amamos-te muito. Um grande abraço aos seus familiares e entes queridos”, escreveu a ex-Presidente na sua conta de Twitter.

26 Nov 2020