Ex-funcionários de empresa de Taiwan acusados de venderem segredos

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]inco antigos funcionários de uma empresa de nanotecnologia de Taiwan foram formalmente acusados de roubar tecnologia e levá-la para a China, em violação da Lei que protege os segredos comerciais, anunciou ontem a Agência Nacional da Polícia.
Trata-se de três ex-empregados da empresa Hsin Fang Nano Technology, incluindo um ex-director com o apelido Chen e um chefe de secção de produção apelidado Yu, e dois dos seus sócios, anunciou a polícia em comunicado.
“Este assalto causou prejuízos económicos de cerca de 2.600 milhões de dólares taiwaneses. Instámos o Governo a que tome medidas para impedir o roubo de propriedade intelectual a empresas taiwanesas”, disse o presidente da empresa, Chang Jen-hong.
Hsin Fang é um fabricante de máquinas de moer utilizadas para produzir nanopartículas ultrafinas para uso em produtos farmacêuticos, cosméticos, electrónicos para consumo, alimentos saudáveis, revestimentos contra a radiação, armamento e outras aplicações industriais.
A investigação foi iniciada em 2014, após ter sido conhecido que Chen, Yu e outros antigos funcionários, apoiados por sócios comerciais, criaram uma nova empresa em Taiwan, a Unicat Nano Advanced Materials & Devices Technology Co., que foi transferida pouco depois para a cidade chinesa de Chongqing.
A investigação aponta que a tecnologia utilizada pela Unicat se baseia na roubada pelos antigos empregados da empresa taiwanesa Hsin Fang, informou a polícia.
O presidente da Hsin Fang afirmou, entretanto, que este não é um caso isolado e que existe uma grande actividade de espionagem industrial em Taiwan, em que taiwaneses cooperam com chineses para transferir ilegalmente tecnologia para a China.
“O Governo tem que fazer algo a esse respeito, porque o roubo de propriedade intelectual vai prejudicar gravemente a indústria de tecnologia de Taiwan”, afirmou.

29 Jul 2016

China | Três pessoas punidas por “espalhar rumores” sobre inundações

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]rês pessoas em Xingtai, na província chinesa de Hebei, foram punidas por “espalhar rumores”, sobre a enchente que na semana passada devastou aquela cidade, revelou ontem a imprensa estatal.
Segundo um comunicado emitido pelas autoridades locais, um homem, identificado como Hou, esteve detido cinco dias por ter comentado num fórum ‘online’ que as inundações foram causadas pela descarga intencional de água de vários reservatórios.
A mesma nota acrescenta que uma mulher de 30 anos, com o apelido Shan, vai sofrer um “castigo administrativo”, por ter afirmado no Wechat (o Whatsapp chinês), que mais de 700 pessoas morreram.
Uma outra mulher, de 27 anos, foi condenada a “formação jurídica” também por “exagerar” o número de mortos.
Todos admitiram ter deliberadamente espalhado informações falsas, “que dificultaram os esforços das autoridades no combate às inundações e ameaçaram a estabilidade social”, lê-se no comunicado.

Polémica na net

As enchentes que devastaram Xingtai foram consideradas as piores das últimas duas décadas, tendo afectado 20 milhões de pessoas e causado grandes prejuízos.
Cem pessoas continuam desaparecidas.
O governo local afirmou, no domingo passado, que o desastre se deveu às chuvas intensas e não a uma descarga intencional de água de um reservatório, como foi anteriormente noticiado.
Os rumores levaram a fortes reacções entre os internautas chineses.
“Foi descarga; eu sou local e vi com os meus olhos. Não ouçam sempre o que o Governo diz”, lê-se num dos comentários difundidos no Weibo, o Twitter chinês, enquanto outros afirmam tratar-se apenas de um rumor.
Cinco funcionários foram suspensos por não cumprirem com o seu dever durante a enchente.
No conjunto, as chuvas torrenciais que atingiram a China, na semana passada, provocaram quase 300 mortos.
Fonte do Ministério dos Assuntos Civis da China admitiu aos jornalistas que as inundações expuseram falhas nos mecanismos de resposta das cidades e várias deficiências e lacunas na planificação urbanística, sistemas de drenagem e gestão pública.
O alto número de mortos terá ainda ficado a dever-se à negligência de alguns funcionários, construções ilegais em canais secos e um sistema de alerta ineficaz, apontou.
 

29 Jul 2016

Governo chinês admite que inundações expõem deficiências

[dropcap style=’circle’]I/dropcap]nundações em várias partes da China na semana passada expuseram falhas nos mecanismos de resposta das cidades e várias deficiências e lacunas na planificação urbanística, sistemas de drenagem e gestão pública, assumiu um responsável do Governo.
Yang Xiaodong, representante do Ministério dos Assuntos Civis da China, culpou ainda a negligência de alguns funcionários, as construções ilegais em canais secos e um sistema de alerta ineficaz pelo alto número de mortos em Hebei (província vizinha de Pequim), desde a semana passada.
Pelo menos 130 pessoas morreram em Hebei e outras 110 estão desaparecidas, entre as quais várias crianças.
No conjunto, as chuvas torrenciais que atingiram a China, na semana passada, provocaram quase 300 mortos e desaparecidos e desalojaram centenas de milhares de habitantes, segundo as autoridades.
Desde Junho, o número de mortos na China devido a inundações, tufões, tornados e deslizamentos de terras ascende a 833, enquanto outras 233 pessoas continuam desaparecidas.
Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, Yang assegurou que se trata do número de vítimas mais alto desde que uma sequência de desastres naturais atingiu o país em 2011.
As autoridades locais revelaram “uma lamentável falta de conhecimento sobre como prevenir inundações, ao permitir a construção em rios e canais secos, enquanto muitas casas não foram construídas de forma a resistir às chuvas fortes”, afirmou Yang.
Entre as cidades mais afectadas pelas chuvas consta Wuhan, Nanjing, Hefei, Pequim e Xian, conhecida pelo Exército de Terracota, uma colecção de esculturas que representa os soldados de Qin Shi Huang, o primeiro imperador da China.
Esta última está em alerta máximo devido às chuvas intensas que se registam desde domingo.
Apesar do Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano e Rural da China ter emitido directrizes em 2014 para a renovação do sistema de drenagem das cidades e a construção de novas estradas com materiais porosos, que pudessem absorver a maior quantidade de água possível, os desastres repetiram-se este ano.
Pelas contas do Ministério dos Assuntos Civis, 14 milhões de pessoas foram afectadas pelas inundações.

28 Jul 2016

Greenpeace denuncia danos em floresta Património da Humanidade

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]organização de defesa do ambiente Greenpeace denunciou ontem os danos causados por três projectos de exploração mineira numa floresta considerada Património da Humanidade, na província de Yunnan, no sudoeste da China.
A Greenpeace referiu que os três projectos estão a explorar recursos na região dos “Três rios paralelos de Yunnan”, considerada Património da Humanidade pela UNESCO, por se tratar de um dos sítios do mundo com mais biodiversidade.
Em comunicado, os ecologistas asseguram que a localização daquelas minas, no município de Shangri-La, no nordeste de Yunnan e próximo do Tibete, se trata de uma “violação directa” à regulação da UNESCO e dos compromissos assumidos pelas autoridades locais.
A Greenpeace advertiu ainda que, no total, 24 projectos mineiros estão a danificar zonas de Yunnan catalogadas como florestas intactas – largas extensões com pouca presença humana e onde vive uma grande variedade de espécies.
“Sendo o país com o segundo maior número de sítios considerados como Património da Humanidade pela UNESCO, e com mais ainda pendentes, a China deve assegurar ao mundo que pode proteger de forma efectiva áreas de importância global”, afirmou o responsável da Greenpeace sobre oceanos e florestas da China, Rashid Kang.
Só Itália tem mais locais classificados como Património da Humanidade.
Segundo um estudo da Greenpeace, realizado através de visitas ao terreno e com recurso a imagens de satélite, 490.000 hectares de floresta intacta desapareceram na China, entre 2000 e 2013, a metade na região de Yunnan.
As explorações mineiras foram responsáveis por metade da desflorestação.
 

28 Jul 2016

EUA dizem não querer provocar um confronto no Mar do Sul

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse ontem que os EUA não querem criar um “confronto” no Mar do Sul da China e pediu moderação a Pequim e a Manila nas disputas territoriais na região.
“Instamos as partes a actuarem com moderação e a trabalharem para reduzir tensões”, disse Kerry em Manila, num conferência de imprensa com o seu homólogo filipino, o ministro dos Negócios Estrangeiros Perfecto Yasay.
Kerry elogiou a actuação do Governo das Filipinas após a divulgação, a 12 de Julho, da sentença do Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA), com sede em Haia, que deu razão a Manila numa disputa territorial no Mar do Sul da China com Pequim.
“A forma responsável e ponderada como as Filipinas responderam (…) foi muito importante”, disse o chefe da diplomacia dos EUA, que visitou ontem o país asiático onde se encontrou com o novo Presidente filipino, Rodrigo Duterte.
A China disse não aceitar a sentença do tribunal internacional, que considerou “ilegal”. Foram as Filipinas que recorreram àquela instância, tendo aplaudido a sentença.
“A decisão em si é vinculativa, mas nós não estamos a tentar criar um confronto. Estamos a tentar criar uma solução que tenha em conta os direitos estabelecidos na lei”, disse Kerry.
Washington “mantém uma postura firme em relação à protecção de direitos, liberdades e uso ilegal de espaços aéreos e marítimos definidos pela lei internacional”, acrescentou.
Na terça-feira, Estados Unidos da América, Japão e Austrália instaram a China a aceitar a sentença do TPA.
Os chefes da diplomacia dos três países (John Kerry, Fumio Kishida e Julie Bishop) divulgaram um comunicado conjunto em que expressam “forte apoio ao estado de Direito” e instam a China e as Filipinas “a respeitar” a sentença daquele tribunal, “que é final e vincula legalmente” os dois países.
Os três defenderam a liberdade de trânsito aéreo e marítimo no Mar do Sul da China e criticaram a construção de “postos fronteiriços” e de uso militar na região.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e os seus homólogos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) acordaram um comunicado conjunto na segunda-feira em que se comprometem a resolver as disputadas no Mar do Sul da China de forma pacífica e “amistosa” e a assinar o mais depressa possível um “código de conduta” para evitar conflitos.
Numa conferência de imprensa, Wang Yi reiterou a recusa da China em aceitar a sentença do tribunal internacional e assegurou que os ministros da ASEAN lhe disseram que a organização não tomará partido nesta disputa entre Pequim e Manila, apesar de as Filipinas serem um dos membros fundadores da organização.
A ASEAN foi fundada em 1967 e integra a Birmânia, Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietname.
 

28 Jul 2016

Índia | Aprovado trabalho infantil em negócios familiares

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]parlamento indiano aprovou uma emenda à lei de 1986 que regula o trabalho infantil, que foi muito criticada por políticos e organizações não-governamentais por fomentar o trabalho entre as crianças nos negócios familiares.
A nova “Lei do Trabalho Infantil (proibição e regulamentação)” foi aprovada na tarde de terça-feira na câmara Baixa (Lok Sabha) depois de uma sessão de quase seis horas com um debate aceso por parte dos deputados que se opõem à emenda.
A lei original proibia aos menores de 14 anos trabalhar em 83 tipos de profissões consideradas perigosas, depois desta emenda nenhuma criança nessa faixa etária poderá trabalhar, a não ser em negócios familiares, mas sem restringir as áreas, o que causou polémica.
“Se aprovarmos esta lei seremos cúmplices de fomentar o trabalho infantil na Índia”, assegurou durante o debate o deputado Dushyant Singh Chautala, do partido regional Indian National Lok Dal (INLD).
Entretanto, a intervenção mais impressionante foi a de Varun Gandhi, deputado pelo partido governamental Bharatiya Janata (BJP) – impulsionador da emenda -, filho da ministra do Desenvolvimento da Criança e da Mulher, Maneka Gandhi.
“Não se trata de aprender novas capacidades, fazem contra a sua vontade e é um tipo de escravidão”, disse o deputado, neto da ex-primeira-ministra indiana Indira Gandhi, em relação ao trabalho infantil em empresas familiares.
Várias organizações não-governamentais de apoio à infância como a internacional Save the Children ou a indiana Bachpan Bachao Andolan (BBA, Movimento para Salvar a Infância), do prémio Nobel da Paz Kailash Satyarthi, que também expressou o seu repúdio à nova lei.
A Save the Children opõe-se a essa emenda porque, segundo a ONG, o objectivo final deveria ser “a proibição absoluta do trabalho infantil” e a BBA qualificou a aprovação de terça-feira “uma oportunidade perdida para milhões de crianças”.
Com cerca de 50 milhões de crianças trabalhadores, a Índia é o país no mundo com maior incidência de trabalho infantil, cifra que foi reduzida em 10 milhões nos últimos anos, segundo a BBA.
O Governo indiano, por seu lado, assegurou que essa queda foi maior, ao passar de doze milhões de menores explorados que o país registava em 2004 para cinco milhões na actualidade.

28 Jul 2016

Japão | Ataque com faca a centro de deficientes deixa duas dezenas de mortos

Satoshi Uematsu decidiu tirar a vida a 19 pessoas e esfaquear mais de duas dezenas. O jovem tinha defendido anteriormente que o Japão deveria permitir a eutanásia e que o seu desejo era que os deficientes desaparecessem deste mundo. As doenças mentais são “altamente estigmatizadas” no país

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]caso está a chocar o Japão e não é para menos. Um ataque levado a cabo por um jovem de 26 anos foi considerado como o mais letal desde a II Guerra Mundial: pelo menos 19 pessoas morreram e 20, entre 45, ficaram gravemente feridas. As vítimas não só eram deficientes mentais que habitavam num centro de apoio, como viviam num centro onde o perpetrador tinha trabalhado.
Satoshi Uematsu entrou armado com uma faca no Centro Tsukui Yamayuri En, eram 2h30 da manhã no país nipónico. O jovem de 26 anos tinha trabalhado precisamente no Centro, localizado na cidade de Sagamihara, um subúrbio de Tóquio, e com capacidade para 150 utentes. Uematsu entregou-se à polícia depois do ataque e declarou-se culpado. Mas também explicou o que o fez tirar a vida a 19 pessoas e ferir mais de 40.
“As vidas das pessoas com múltiplas deficiências são extremamente difíceis e, por isso, o meu objectivo é conseguir um mundo em que essas pessoas possam receber eutanásia, com o consentimento do seu tutor”, escreveu o homem numa carta entregue a um deputado em Fevereiro. No documento, Satoshi Uematsu manifestava ainda a intenção de “matar 470 deficientes pelo bem do Japão”, segundo as autoridades locais.
A carta levou a que as autoridades alertassem para o risco de um incidente destes ter lugar. O homem foi, então, submetido a testes médicos e internado num hospital psiquiátrico, por ser considerado perigoso. A 2 de Março teve alta, após 12 dias de internamento, porque os psiquiatras concluíram que tinha melhorado e que já não representava perigo. As autoridades não tinham voltado a receber queixas relacionadas com o seu comportamento.
Antes disso, Satoshi Uematsu tinha trabalhado no Centro Tsukui Yamayuri En, de onde se despediu em Fevereiro do ano passado, três anos depois de ter sido contratado.

Premeditado?

O jovem, que não tinha antecedentes criminais ou de qualquer tipo de delinquência, entregou-se à polícia depois do crime, confessando que seria melhor que “os deficientes desaparecessem deste mundo”. Ao todo, as autoridades japonesas confirmaram a morte de 19 pessoas e falam em 45 vítimas de ferimentos – metade delas com lesões graves. As vítimas mortais tinham entre “os 18 e os 70 anos”. Dez eram homens, nove mulheres.
Uematsu, carregava consigo uma saca com facas e outros objectos afiados, alguns com marcas de sangue. A polícia, até ao fecho desta edição, ainda procurava uma justificação formal para o ataque, mas o desejo manifestado pelo jovem – de que o Governo japonês deveria permitir a eutanásia para os deficientes – é, quase de certeza, o motivo que levou ao ataque.
O jovem forçou a entrada no espaço através de uma janela, que partiu com um martelo.
O porta-voz do Governo japonês, Yoshihide Suga, considerou o “incidente extremamente trágico e chocante”, depois de ter descartado ligações ao terrorismo islâmico. O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, lamentou a morte dos deficientes e afirmou que tem de “se procurar a real causa deste crime”, comprometendo-se a que “o Governo vai esforçar-se por isso”.
Não é ainda claro se Uematsu agiu pela ideia de misericórdia ou por preconceito. Se, por um lado, o jovem defendia a eutanásia dos deficientes “se autorizada”, por outro, declarações de que queria que os deficientes desaparecessem deste mundo e mensagens na sua conta do Twitter dão a ideia de um ataque premeditado. “Não sei se é certo, mas devo actuar. Fui aconselhado a reformar-me voluntariamente, mas poderei vir a ser preso, de qualquer forma”, escreveu em dois posts nas redes sociais, em Fevereiro deste ano. Na terça-feira, uma nova nota chegou à sua conta do Twitter: “pela paz no mundo, meu lindo Japão” fazia acompanhar-se de uma “selfie escura”, como assegura a imprensa japonesa.

Quando o sol não nasce para todos – Pessoas com doenças mentais são “altamente estigmatizadas” no país

Apesar de não se saber se o caso de ontem está ligado ao preconceito, relatórios sobre a saúde no país do sol nascente mostram que a doença mental ainda é altamente estigmatizada no Japão. Um documento de 2013 a que o HM teve acesso, intitulado “Review of Mental Health in Japan”, indica isso mesmo.
“Apesar do conhecimento sobre as doenças mentais, estudos mostram que, no geral da população japonesa, apenas algumas pessoas aceitam que estes doentes possam recuperar. Uma personalidade fraca é muitas vezes tida como a base para as doenças mentais e, mais do que isso, a maioria das pessoas mantêm uma distância grande dos indivíduos com doenças mentais”, pode ler-se. japan-attack
Além da socialização – e convém referir que doenças como a depressão são consideradas maleitas mentais -, mais de 60% dos japoneses diz que nunca empregaria uma pessoa com este tipo de problema. Quase 80% dos profissionais considera que as pessoas com doenças mentais não têm capacidades para viver sozinhas e o estigma, refere o jornal Japan Times num artigo sobre o caso, é ainda maior porque também a população opta pelo internamento destes doentes “demasiado cedo”.
“O estigma face às doenças mentais é enorme no Japão, não é o pior do mundo mas é muito elevado. No Japão, as pessoas que são doentes mentais são-no, aos olhos da população, não por factores biológicos, mas porque as pessoas é que não querem mudar, são más e têm uma personalidade fraca.”

Tabus e demónios

É um tabu discutir a doença, afirma o relatório, até porque o japonês é visto como um cidadão que tem de contribuir para a sociedade e que tem, por isso, um certo valor.
Kazuhiro Soda, um realizador de renome na área do documentário no Japão, pegou precisamente nestas questões. O próprio realizador “mudou a sua forma de pensar sobre a doença”, explica o Japan Times.
“Mudou a minha imagem. Pensamos neles como pessoas demoníacas, assustadoras. Mas, durante um período de tempo, fui um deles e não era um monstro”, disse, admitindo que tinha sofrido de depressão.
Um estudo do Ministério da Saúde japonês indica que, pelo menos, 24% da população sofre de doenças mentais. Ainda assim, a vergonha persiste e, consequentemente, a taxa de suicídio entre estas pessoas é “extremamente alta”.

O pior, mas não o único

Assassinatos em massa são algo raro no Japão, relembra a imprensa nipónica. Contudo, e apesar de considerado um dos países mais seguros do mundo, o país do sol nascente já foi testemunha de alguns ataques mortais com recurso a armas brancas. Em 2001, oito crianças morreram e 19 ficaram feridas, quando um homem entrou à força na sua escola. Em 2008, sete pessoas são mortas por um homem que não só lançou um camião contra elas, na rua, como as esfaqueou a seguir. Num autocarro, em 2010, um homem desempregado decidiu vingar-se, esfaqueando dez pessoas.

 

27 Jul 2016

Pequim pressionado a reconhecer sentença de tribunal de Haia

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stados Unidos da América, Japão e Austrália instaram ontem a China a aceitar a sentença do Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, que deu razão às Filipinas numa disputa territorial no Mar do Sul da China.
Os chefes da diplomacia dos três países (John Kerry, Fumio Kishida e Julie Bishop) divulgaram um comunicado conjunto em que expressam “forte apoio ao estado de Direito” e instam a China e as Filipinas “a respeitar” a sentença daquele tribunal, “que é final e vincula legalmente” os dois países.
Kerry, Kishida e Bishop participaram ontem nas reuniões multilaterais da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na capital do Laos, e reuniram-se na segunda-feira.
Os três defendem a liberdade de trânsito aéreo e marítimo no Mar do Sul da China e criticam a construção de “postos fronteiriços” e de uso militar na região.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e os seus homólogos da ASEAN acordaram um comunicado conjunto na segunda-feira em que se comprometem a resolver as disputadas no Mar do Sul da China de forma pacífica e “amistosa” e a assinar o mais depressa possível um “código de conduta” para evitar conflitos.
Numa conferência de imprensa, Wang Yi reiterou a recusa da China em aceitar a sentença do tribunal internacional e assegurou que os ministros da ASEAN lhe disseram que a organização não tomará partido nesta disputa entre Pequim e Manila, apesar de as Filipinas serem um dos membros fundadores da organização.
John Kerry, Fumio Kishida e Julie Bishop condenaram, por outro lado, o teste nuclear de os ensaios de mísseis da Coreia do Norte nos últimos meses e instaram o regime de Pyongyang a acatar as resoluções das Nações Unidas sobre a proliferação de armas.
Além disso, apelaram à Coreia do Norte para respeitar os direitos humanos.
A ASEAN foi fundada em 1967 e integra a Birmânia, Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietname.

27 Jul 2016

Hong Kong | Jornalistas condenados por publicações proibidas

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ois jornalistas de Hong Kong ligados a revistas sobre política foram condenados a prisão na China, sob a acusação de gerirem um negócio ilegal, a mesma aplicada a cinco livreiros da cidade que estiveram desaparecidos durante meses.
Os dois jornalistas, ambos detidos em 2014, são o editor Wang Jianmin, 62 anos, condenado a cinco anos e três meses de prisão, e o director Guo Zhongxiao, 40 anos, condenado a dois anos e três meses. Ambos se declaram culpados num tribunal em Shenzhen no ano passado, escreve ontem o jornal de Hong Kong South China Morning Post.
O advogado de Guo Zhongxiao disse que o seu cliente será libertado no próximo mês, após cumprir a pena.
Wang e Guo têm bilhetes de identidade de Hong Kong, mas viviam em Shenzhen quando foram presos.
A acusação disse que a sua empresa de ambos, a National Affairs Limited, registada em Hong Kong, ganhou sete milhões de dólares de Hong Kong com a publicação de duas revistas – a New-Way Monthly e a Multiple Face – e que as receitas provenientes dos leitores chineses ascendiam a 66.000 yuan da receita total.
A defesa alegou que as publicações eram impressas em Hong Kong e as cópias enviadas apenas para oito pessoas na China, todos amigos do editor.
A mulher de Wang, Xu Zhongyuan, que ajudou a enviar cópias das revistas por correio, e um ‘freelance’ que colaborava com a revista, Liu Haitao, declararam-se culpados de operarem um negócio ilegal perante o mesmo tribunal.
Xu foi sentenciada a um ano de prisão, suspensa por dois anos, e Liu condenado a dois anos de cadeia, suspensa por três anos.
O advogado de Xu disse ontem que os quatro afirmaram que “iriam aceitar o veredicto do tribunal e que não iriam recorrer”.
A presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong, Sham Yee-lan, considerou a sentença um ataque à liberdade de expressão, publicação e imprensa em Hong Kong porque as duas revistas eram impressas na cidade.
“As penas de prisão são muito pesadas. As publicações eram, de facto, impressas em Hong Kong por empresas registadas aqui”, afirmou. “Parece que o Governo chinês intensificou a repressão contra estas publicações”, disse.
Sham disse ainda que o Governo de Hong Kong tem a responsabilidade de oferecer apoios aos dois jornalistas, cidadãos de Hong Kong.

27 Jul 2016

Animais | Diversões turísticas na Ásia levam ao sofrimento de milhares

China e Tailândia são dois dos lugares na Ásia onde mais animais sofrem por serem atracções turísticas. Ingenuidade ou puro esquecimento fazem de todos nós contribuintes para que continuem as fotografias com tigres e passeios em elefantes e, consequentemente, os abusos e maus tratos a animais. Está na altura de riscar alguns desejos da sua lista

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]otografias com macaquinhos vestidos com lantejoulas. Passeios nas costas de elefantes, selfies com ursos polares no meio de centros comerciais ou aquela imagem de um turista sentado num templo com tigres enormes ao lado.

São várias as formas de entretenimento com animais que são toleradas na Ásia, com a China e a Tailândia no topo dos locais com atracções. Mas sabe qual é o preço para que turistas como nós possam ter uma fotografia com animais presos em cativeiro? Maus tratos, sofrimento, doenças e malformações e, às vezes, a própria vida. É este o preço que pagam os animais confinados a circos, gaiolas ou correntes.

Só abriu em Janeiro deste ano, mas é já considerado um dos “zoos mais tristes do mundo”. O Grandview Aquarium, em Cantão, alberga 500 espécies diferentes de animais, incluindo do Árctico. Mas fica num centro comercial, sem luz natural e onde as jaulas são “demasiado pequenas”. A ideia de criar o espaço? Permitir selfies com animais raros e providenciar ao público espectáculos de entretenimento.

Torturas expostas

Urso polar num centro comercial em Guangzhou
Urso polar num centro comercial em Guangzhou

Dois ursos polares, seis baleias-beluga jovens, dois lobos do Árctico e cinco leões marinhos fazem as delícias dos visitantes no Grandview Aquarium. Mas o oposto não é real: o facto do local não ser um santuário, mas um zoo, leva a problemas que podem já ser notados nos animais.

“Sofrem de negligência, maus tratos, falta de estimulação e falta de luz natural. Os espaços pequenos não permitem que façam os movimentos normais que fariam na Natureza”, pode ler-se num relatório da Animals Asia.

O fundador do Grandview Aquarium é a Haichang Ocean Park Holdings, um dos maiores operadores de parques aquáticos do continente. Espectadores, alguns sem saber, relatam que os animais estão a sofrer de uma doença conhecida como “zoochosis”, um comportamento típico de animais em cativeiro, onde os movimentos são tão repetidos que se tornam únicos, invariáveis e sem qualquer função útil para a criatura.

“Os leões marinhos e as baleias nadam em círculos nos seus pequenos tanques e os ursos, raposas e lobos raspam as unhas nas paredes, enquanto andam para a frente e para trás no mesmo sentido. Muitos animais em cativeiro desenvolvem este comportamento anormal e neurótico, porque são literalmente levados à loucura por causa do local onde estão confinados. Animais marinhos em cativeiro morrem, normalmente, mais cedo do que no seu habitat natural”, explica a Animals Asia, uma das maiores organizações do mundo de protecção animal.

Os ursos polares ainda sem nome que habitam no local são a maior atracção para quem quer tirar selfies. Vídeos e imagens mostram os animais num pequeno quadrado de cimento pintado de azul: a maioria das vezes, os ursos estão deitados com a cara no chão de cimento – para que possam escapar ao calor de Cantão -, ou a tentar fugir de turistas que dão murros nos vidros para chamar a atenção dos animais.

“Os pobres dos ursos não têm por onde escapar. Nenhum local para se esconderem das pessoas a tirar fotografias”, frisou Dave Neale, director do departamento de Bem-Estar Animal da organização. “Eles precisam de espaço, para correr, para subir, para caçar… para andar.”

Depois da morte do “urso polar mais triste do mundo” – o Arturo, preso num zoo da Argentina – os ursos desta infra-estrutura aqui ao lado já são considerados uma substituição. E o problema é que parecem haver sempre substitutos.

O erro de não pensar

O Grandview Aquarium é, como muitos outros aquários que servem de zoo, uma “prisão” para animais a quem estão a ser negados os direitos de viver num habitat natural para prazer dos humanos. Mas, como muitos outros sítios, não é o único a chamar a atenção.

Recentemente, diversos mosteiros budistas na Tailândia começaram a ser investigados, depois de um dos mais populares templos do país ter sido acusado de tráfico de vida selvagem e maus tratos: mais de uma centena de tigres viviam no local. Mais de 40 crias foram encontradas congeladas.

Ao retirarem os tigres do templo, as autoridades tailandesas foram confrontadas pela população, que queria proteger os tigres e pensava que o local para isso era o templo. Esse é, de acordo com organizações internacionais pelos direitos dos animais, um dos maiores problemas. É que, enquanto turistas, muita gente não pensa que por trás de um belo exemplar de tigre que posa para uma foto, estão inúmeros casos de maus tratos e de injecção de drogas aos animais.

“É um erro, um acto cruel, que não nos apercebemos do que estamos a fazer. Pagamos para tirar fotos com um tigre, ou para andar de elefante ou para ver macacos a dançar e golfinhos a saltar. Quase 110 milhões de pessoas visitam anualmente atracções relacionadas com a vida selvagem. Mas a maioria não se apercebe o abuso que pode estar por trás desses momentos mágicos. Às vezes, uma vida de sofrimento”, realça um relatório de Junho deste ano da World Animal Protection. A organização estima que, pelo menos, 550 mil animais selvagens sofram às mãos de pessoas que têm como intuito atrair turistas – e isto só falando em espaços registados, com infra-estruturas.

No relatório da organização, a World Animal Protection fez uma lista (ver em baixo) das dez atracções mais mortíferas com e para os animais. Uma delas é precisamente a selfie com o tigre.

“As crias são retiradas da mãe cedo, para que se habituem a fotografias e poses durante horas a fio. São normalmente mantidos em jaulas com chão em cimento ou correntes.”

Contribuintes para o mal

Os ursos bebés são acorrentados pelo pescoço para aprenderem a andar em duas patas
Os ursos bebés são acorrentados pelo pescoço para aprenderem a andar em duas patas

Como qualquer pessoa a viver na Ásia, também o leitor deve ter visitado a Tailândia, destino típico para um passeio às costas de um elefante. No local, pode até nem ter pensado para aquilo que estava a contribuir. A World Animal Protection explica.

“Para que os elefantes aceitem dar boleias às pessoas, são retirados às mães em bebés e passam por um terrível processo conhecido como ‘the crush’, que envolve mantê-los em jaulas minúsculas e fechadas ou prendê-los com correntes nos pés, para que só se mexam quando mandados. Dor severa é constantemente infligida no animal, com ganchos de metal na cabeça e, nos parques, evita-se que desenvolvam relações sociais uns com os outros.”

Os elefantes são criaturas conhecidas por sentirem dor pela perda de um membro da família, imporem o luto entre eles e fazerem parte de uma sociedade.

Os macaquinhos que dançam, às vezes vestidos e maquilhados, nas ruas de Guilin, por exemplo, são outros dos animais que mais sofrem por causa do turismo.

“Os macacos mais jovens são treinados de forma agressiva e dolorosa, para que andem e se comportem como humanos. São mantidos em correntes e, quando não estão a dançar, servem para fazer poses para tirar fotografias. Ao crescer, a corrente começa a ficar enfiada na própria carne do macaco”, relata a World Animals Protection.

Infames circos

Deixando de parte os animais que anualmente são mortos para comida de forma cruel, os festivais de carne de cão ou as tradições que existem apenas para infligir sofrimento, há ainda outra atracção mundial que envolve abusos a animais. São os circos: local de diversão para uns e de desespero para outros.

Uma investigação recente da PETA Asia and Pacific na cidade de Suzhou, na China, é prova disso mesmo. A organização registou algumas das cenas num vídeo impróprio para os mais sensíveis. O HM viu algumas das imagens – ursos e tigres em gaiolas desapropriadas ou animais acorrentados pelo nariz são apenas algumas delas. As outras mostram animais em agonia, aos gritos.

“Visitámos dez circos diferentes e locais de treino de animais só nessa cidade, que tem mais de 300 circos. Os abusos e maus tratos são de uma escala massiva. Crias de ursos são acorrentadas pelo pescoço à parede durante horas, para que aprendam a andar em duas patas. São espancados quando não fazem os truques e, quando acabam o espectáculo ou já estão velhos demais para performances são deixados 24 sob 24 horas fechados em gaiolas”, pode ler-se no relatório da PETA.

Macacos, tigres, elefantes, ursos, lamas e até cães de grande porte e porcos são as estrelas deste filme de terror. “Um dos macacos foi acorrentado aos cornos de uma cabra e forçado a fazer o pino enquanto a cabra subia a uma escada.

Circos como estes não acontecem apenas na China, com Singapura, México e até a Grécia a figurarem na lista de locais com estes espectáculos. Por cá, contudo, muitos dos circos não têm sequer autorizações necessárias para manter os tigres, que são protegidos sob a lei chinesa. Quando os tigres são considerados velhos demais para executar truques, são mortos para serem usados em tratamentos de medicina tradicional.

O que fazer?

animaisO desejo de estar perto de um exemplar da vida selvagem é comum entre turistas, especialmente aqueles que são amantes dos animais. Muitos nem sabem sequer que estão a contribuir para maus tratos – por exemplo, um estudo da World Animal Protection mostra que 80% de mais de 50 mil críticas deixadas em sites sobre locais de vida selvagem são positivas – e também é verdade que há locais que são santuários para os animais.

Então, como saber quando visitar um local? A World Animal Protection é peremptória: nunca pague para ver animais como atracção. “Todos os bilhetes comprados neste sentido apoiam uma indústria cruel. Não interessa se não gosta de animais, se sabe dos maus tratos de que são alvo deve optar por não ir.”

Quase de certeza que cada um de nós já montou um elefante, tirou uma foto com um leão ou foi a um qualquer parque aquático. Agora, antes de lá voltar, lembre-se de analisar bem se vai ver um santuário ou se vai pisar um espaço que maltrata as suas principais estrelas quando as cortinas se fecham.

“Os animais não são actores, nem palhaços de circo. Mas milhares deles são treinados forçosamente para fazer truques, depois de viagens de longas horas confinados em caixas e separados das famílias. Queremos um mundo onde os animais selvagens possam estar na Natureza, onde pertencem. Mas uma das grandes barreiras para que tal aconteça é o turismo global. Mais de 13 mil animais foram salvos [em 2015] de condições abusivas e transferidos para santuários, onde não há espectáculos, nem interacções com turistas”, recorda a World Animal Protection. Alguns desses santuários até lhe abrem as portas, para poder observar os animais, de longe. Em segurança para si e para eles.

As dez piores distrações

1 – Passeios de elefante
2 – Fotografias com tigres
3 – Brincadeiras com leões
4 – Ursos em exposição
5 – Fotografias e passeios com tartarugas (especialmente em vias de extinção)
6 – Performance de golfinhos, focas e leões-marinhos (perseguidos no habitat natural e confinados a jaulas e piscinas que diminuem a sua esperança de vida em mais de metade)
7 – Performance de macacos
8 – Visitas a quintas com gatos-almiscarados (usados na produção de café)
9 – Encantamento de serpentes
10 – Quintas de crocodilos (onde são forçados a reproduzir-se para que haja pele suficiente para roupas e malas e onde são mortos pela carne)

Petições online
Leia e informe-se sobre as condições de alguns animais em cativeiro. Se concordar, pode assinar petições contra o abuso e maus tratos em sites como petaasia.com, worldanimalprotection.org, animalsasia.org, wwf.org
26 Jul 2016

General do Exército chinês condenado a prisão perpétua

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]general aposentado Guo Boxiong, vice-presidente do organismo máximo militar da China entre 2003 e 2013, foi ontem condenado a prisão perpétua por ter aceitado subornos, anunciaram os tribunais militares, através da agência oficial Xinhua.
Guo, vice-presidente durante uma década da Comissão Militar Central, foi o responsável do posto mais alto do Exército a ser condenado na China, tendo sido privado dos seus direitos políticos para a vida e despojado do título de general, segundo a sentença, na qual foi igualmente ordenada a apreensão dos seus bens.
O alegado dinheiro e bens obtidos ilegalmente por Guo, de 74 anos, foram confiscados e devolvidos aos cofres públicos, refere a sentença do julgamento, celebrado à porta fechada e em segredo, como acontece com frequência na China em muitos processos a figuras políticas influentes acusadas de fraude.
No processo, a Procuradoria militar acusou Guo de “abusar da sua posição para ajudar na promoção de terceiros, aceitando quantidades extremamente grandes de dinheiro”.
“Guo aceitou os subornos “pessoalmente e através da sua família”, acrescentou a acusação, numa informação tornada pública em Abril, mês em que a imprensa de Hong Kong cifrava em 12,3 milhões de dólares o dinheiro obtido ilicitamente pelo ex-general, a troco de promoções de oficiais militares.
Outro vice-presidente da Comissão Militar Central na época em que Guo era um dos responsáveis, Xu Caihou, também foi investigado por corrupção e ficou detido à espera de julgamento mais de um ano, tendo falecido de cancro no ano passado, antes de ir a julgamento.
 

26 Jul 2016

China encerra vários portais de notícias

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China fechou vários portais de notícias “online”, acusados pelas autoridades de noticiarem e publicarem, de forma independente, artigos sobre temas considerados sensíveis, informou ontem a imprensa estatal.
Os principais órgãos “online” em língua chinesa, incluindo o Sina, Sohu, Netease e iFeng, encerraram alguns sites com informação de carácter político e social, e contas nas redes sociais, após Pequim ter “criticado duramente” a “grande quantidade de acções destes órgãos que violam as leis e regulamentos”, informou o jornal Beijing News.
Estes jornais “publicaram uma grande quantidade de notícias reunidas e editadas por eles próprios”, causando “um impacto particularmente mau”, afirmou, citando fonte não identificada do departamento.
Estes portais vão ser também multados, acrescentou a mesma fonte, sem revelar mais detalhes.

Condicionados

Os jornalistas dos órgãos “online” chineses geridos por grupos privados podem apenas cobrir eventos desportivos e da área do entretenimento, enquanto nos temas mais sensíveis estão autorizados apenas a difundir peças produzidas por órgãos estatais, como a agência oficial Xinhua.
Alguns destes jornais, contudo, formaram as suas próprias equipas de jornalistas de investigação ou fontes de informação, recorrendo muitas vezes a vídeos e registos independentes.
O Partido Comunista Chinês (PCC), que não tolera oposição ao seu poder, exerce um restrito controlo sobre os órgãos de comunicação, enquanto um poderoso aparelho de censura apaga comentários difundidos “online”.
Vários órgãos de comunicação estrangeiros estão bloqueados no país.
Desde que o actual Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013, a pressão repressiva aumentou.
Em Fevereiro passado, Xi apelou à imprensa chinesa para se focar em “notícias positivas” e “exprimir a vontade do Partido e proteger a sua unidade e autoridade”.
Só no segundo trimestre de 2016, o Governo encerrou ou revogou a licença de 1.475 “sites” e encerrou mais de 12.000 contas em redes sociais, numa onda de repressão sobre a “informação online ilegal”, revelou na semana passada a Administração para o Ciberespaço da China.

26 Jul 2016

‘Brexit’ | China não pode salvar mundo de abrandamento

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]economia mundial não pode depender apenas da China para o salvar de um abrandamento provocado pelo ‘Brexit’, afirmou sexta-feira o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, nas vésperas do país acolher um encontro entre os ministros das Finanças do G20.
Representantes dos governos e chefes dos bancos centrais das 20 maiores economias do mundo reuniram-se este fim de semana no sudoeste da China, com o impacto da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) como um dos principais assuntos na agenda.
Segunda maior economia do mundo, logo a seguir aos Estados Unidos, a China tem sido o motor da recuperação global desde a crise financeira de 2008, graças a um massivo pacote de estímulos lançado por Pequim.
Investidores de todo o mundo mostram-se, contudo, apreensivos face ao abrandamento da economia chinesa, enquanto o resultado do referendo no Reino Unido intensificou os riscos e instabilidade.
“É impossível carregar o fardo de todo mundo nos nossos ombros”, afirmou Li Keqiang, após um encontro, em Pequim, com responsáveis de seis organizações económicas internacionais, incluindo o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O FMI previu esta semana que a incerteza criada pela saída do Reino Unido da UE irá resultar no abrandamento da economia mundial no próximo ano.
Numa actualização das suas previsões, realizada em Abril, o FMI reviu a previsão de crescimento da economia global para este e o próximo ano em menos 0,1 por cento, para 3,1% e 3,5%, respectivamente.
“O falhanço em definir claramente a relação futura entre o Reino Unido e a União Europeia irá adicionar incerteza e diminuir a confiança”, afirmou o FMI num relatório enviado, na quinta-feira, aos ministros das Finanças do G20.
“E, se não for bem gerida, a transição da China poderá aumentar a volatilidade na trajectória base da economia mundial”, acrescentou.
Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo dos últimos 25 anos.

25 Jul 2016

China | Mais de 126 mortos devido a chuvas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de mortos por causa das chuvas da última semana na China subiu para 126 e cerca de 250 mil pessoas estão isoladas na província de Hubei devido às inundações, segundo os dados oficiais mais recentes.
As chuvas no centro e norte da China afectaram mais de 680 mil pessoas em Hubei, onde dez localidades ficaram inundadas e 250 mil habitantes da cidade de Tianmen continuam isolados, revelam as mesmas informações.
Uma equipa de 500 militares e mil civis foi enviada para Tianmen para tentar resgatar e dar assistência às pessoas isoladas.
Na província de Hebei, que rodeia Pequim, o número de mortos confirmados ascende a 114, havendo outras 111 pessoas desaparecidas. Há mais 12 mortos e seis desaparecidos na província de Henan.
A resposta das autoridades chinesas a esta situação causou protestos em vários pontos do país por ter sido considerada tardia e insuficiente, segundo relatam as agências de notícias internacionais.
Numa conferência de imprensa no sábado, as autoridades de Xingtai, localizada 400 quilómetros a sul de Pequim e onde chegou a haver confrontos entre os habitantes e forças de segurança, pediram desculpa pela “resposta desadequada” ao temporal, destacando que estas chuvas foram “as piores” registadas na região desde finais da década de 1990.
Meios de comunicação social oficiais somaram-se às críticas ao Governo local, com o Global Times a publicar um editorial em que considera que o desastre que se vive no norte da China é “uma combinação de catástrofe natural e erro humano”, reprovando a atitude das autoridades locais.
O jornal lembra o que aconteceu há quatro anos em Pequim, quando as chuvas causaram dezenas de mortos e o Governo local, como agora, foi muito criticado pela falta de previsão.
Todos os anos, durante a época das chuvas na China, que começa em Maio, surgem críticas sobre a falta de transparência das autoridades, que se opõem a divulgar avisos.

25 Jul 2016

China | Alcançados importantes êxitos na área da saúde, diz OMS e BM

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China alcançou importantes êxitos na área da saúde, nas últimas décadas, mas deve continuar a reformar o sector, segundo um estudo conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS), Banco Mundial (BM) e o Governo chinês.
Jim Yong Kim, presidente do BM, destacou as alterações no sistema de incentivos financeiros ou a liberalização da indústria dos medicamentos, como medidas que “provaram ser eficazes”.
O estudo, realizado nos últimos dois anos, dá nota positiva ao programa que a China lançou em 2009 e que visa construir um sistema que dependa mais dos cuidados básicos de saúde e menos dos hospitais. saude medicamentos médico
No documento aponta-se ainda que, apesar dos êxitos da China, que conseguiu tirar mais de 600 milhões de pessoas da pobreza e cobrir a quase totalidade da sua população com seguros de saúde, o país depara-se com novos desafios.
O envelhecimento da população e o aumento das doenças não contagiosas, como o cancro, os diabetes ou as doenças do coração, supõem “a maior ameaça para a saúde da população chinesa”.
Estas doenças são exacerbadas por comportamentos de elevado risco, entre os quais fumar, uma estilo de vida sedentário, consumo de álcool ou a degradação do meio ambiente, assinala o estudo.
O responsável do BM enalteceu os esforços da China para combater a poluição e considerou que o compromisso do país asiático para reduzir as emissões de dióxido de carbono é o “mais ambicioso do mundo”.
“Observo uma alteração nas prioridades na China, desde 2013”, acrescentou Jim Yong Kim, numa referência aos níveis de poluição recordes que então se registaram em Pequim, e assegurou que a “China está agora a avançar muito rápido”.
O estudo recomenda ainda o país asiático a reformar os hospitais públicos e a continuar com o sistema de incentivos, premiando os centros que alcancem melhores resultados, e que permita ao sector privado competir em condições iguais ao sector público.
 

25 Jul 2016

Pequim apela à UE para acabar com “antiquada” investigação ‘antidumping’

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Ministério do Comércio da China apelou hoje à União Europeia (UE) para que deixe de utilizar o seu “antiquado” método de investigação ‘antidumping’, já que considera que este contraria o protocolo da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Num comunicado difundido através da agência oficial Xinhua, o ministério apela a que no final deste ano a UE abandone o actual método, utilizado para investigar a possível concorrência desleal de produtos chineses que chegam à Europa.
A posição do ministério surge pouco após a Comissão Europeia (CE) ter anunciado que não concederá o estatuto de “economia de mercado” à China, mas que irá propor alterações na legislação, para cumprir com as suas obrigações perante a OMC. comércio electrónico compras vendas alibaba
A comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, afirmou que a CE vai propor “uma nova metodologia ‘antidumping’ que capte as distorções no mercado relacionadas com a intervenção estatal em países terceiros”.
Pequim considera que o método actual usa os custos de produção de “países terceiros”, para calcular o valor dos produtos em países que não são considerados “economias de mercado”, (entre os quais a China), o que permite à UE cobrar altos impostos.
+O ministério recordou também que todos os membros da OMC devem guiar-se pelas normas, “sem ter em conta os padrões locais e outros factores, como o excesso de capacidade industrial”.
A China quer que a OMC reconheça o estatuto do país como “economia de mercado”, apesar da oposição da UE e das indústrias europeias, que acusam Pequim de praticar “dumping” (vender os seus produtos abaixo do custo de fabrico).
O reconhecimento pleno da “economia de mercado” da China retira poderes aos outros países ao nível das acusações de “dumping” e abarcaria alterações nos procedimentos impostos às exportações chinesas para a UE.
As interpretações sobre as normas da OMC para a China são também alvo de diferendo.
Pequim considera que cumpridos os quinze anos desde o seu ingresso na OMC, o país deve ser considerado como uma “economia de mercado”, enquanto a UE considera que a China não cumpre com os parâmetros daquele estatuto.

25 Jul 2016

Pequim apela a Republicanos dos EUA para parar com acusações

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China apelou ontem ao Partido Republicano dos EUA para que “deixe de fazer acusações infundadas” contra o país, depois de conhecido o programa adoptado durante a convenção que nomeou Donald Trump candidato às presidenciais norte-americanas.
“Esperamos que as partes implicadas deixem de fazer acusações infundadas contra a China e de interferir nos nossos assuntos domésticos”, sublinhou em comunicado Lu Kang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.
Trump reiterou a sua opção em “impor os interesses norte-americanos nas relações comerciais com a China e rasgar em pedaços o Acordo Trans-Pacífico de Cooperação Económica (TPP)”, negociado durante o Governo de Barack Obama. donald trump
“Todas as facções políticas dos EUA deviam ver o desenvolvimento da China de forma objectiva e racional e entender correctamente os assuntos que emergem nas relações bilaterais”, afirmou Lu.
O porta-voz criticou igualmente o Partido Republicano por ter acusado a China em assuntos relacionados com Taiwan, o Tibete e o Mar do Sul da China. E apelou à promoção de um “crescimento estável nas relações entre a China e os Estados Unidos da América, para que sirvam os interesses dos dois países e a paz e o desenvolvimento da região Ásia-Pacífico e do mundo”.
“Ambas as partes deveriam seguir a direcção certa”, disse.
 

22 Jul 2016

Investimento directo no exterior aumentou 58,7%

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s empresas chinesas investiram 580.280 milhões de yuan no exterior, entre Janeiro e Junho deste ano, um aumento de 58,7%, face ao mesmo período de 2015, consolidando a posição da China como investidor externo.
O valor – equivalente ao resgate económico acordado em 2011 entre o Governo português e a “troika” – supera o investimento directo estrangeiro na China, que no primeiro semestre aumentou 5,1%, em termos homólogos, fixando-se nos 441.670 milhões de yuan.
Os dados do Ministério do Comércio chinês detalham que, só em Junho, o investimento feito pela China além-fronteiras subiu 44,9%, face ao mesmo mês de 2015, para 100.170 milhões de yuan.
No mesmo mês, o investimento directo estrangeiro no país asiático fixou-se em 98.200 milhões de yuan, um crescimento homólogo de 9,7%.
Citado pelo jornal oficial Shanghai Daily, o porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Shen Danyang, considerou que “a estrutura do investimento está a melhorar”.
Pequim tem encorajado as empresas do país a investir além-fronteiras, como forma de assegurar matérias-primas e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica.
Nos últimos anos, Portugal tornou-se um dos principais destinos do investimento chinês na Europa, logo a seguir ao Reino Unido, Alemanha e França, num montante que já ultrapassou os 10.000 milhões de euros, segundo fontes portuguesas.
A China é a segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, e a maior potência comercial.
 

21 Jul 2016

Chuvas intensas colocam norte em alerta

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s chuvas intensas que desde o início da semana atingem o norte da China têm deixado cidades inundadas e paralisado os transportes públicos, levando as autoridades a decretar os níveis de alerta mais altos.
Na província de Hebei, as chuvas causaram pelo menos um morto e oito desaparecidos, na terça-feira, segundo avançou a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.
Os serviços meteorológicos locais decretaram, entretanto, o nível de alerta vermelho, o mais alto de uma escala com quatro cores. No condado de Cixian, o nível de precipitação chegou a atingir os 500 milímetros (mm).
Em Shijiazhuang, capital de Hebei, 13 passagens subterrâneas encontram-se inundadas.
Na província de Shanxi, noroeste do país, as chuvas atingiram na terça-feira quase todas as cidades e condados, segundo a Xinhua, que cita as autoridades locais.
Em Taiyuan, a capital de província, o valor médio de precipitação fixou-se em 114,4 milímetros (mm), causando inundações e trânsito congestionado nas estradas principais.
Na província vizinha de Shaanxi, várias ligações ferroviárias foram também suspensas ou estavam atrasadas.
Em Pequim, a chuva cai incessantemente desde do início de terça-feira e os serviços meteorológicos prevêem que se mantenha nos próximos dias.
Fotografias colocadas nas redes sociais dão conta de estradas e estações de metro da capital completamente inundadas. As autoridades decretaram, entretanto, o nível de alerta laranja, o segundo mais alto, aconselhando as populações a prevenirem-se contra possíveis inundações e deslizamento de terras, lama e rochas.

21 Jul 2016

Pequim defende quotas na exportação de matérias-primas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China defendeu a legalidade das quotas que mantém na exportação de matérias-primas, considerando que estas cumprem com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), depois da denúncia feita terça-feira pela Comissão Europeia (CE).
Num comunicado difundido pela agência oficial Xinhua, o Ministério do Comércio chinês justifica a limitação da venda de certos recursos a outros países com a necessidade de proteger o meio ambiente.
A CE, por sua vez, considera que se trata de uma prática comercial “desleal”, que restringe o acesso a matérias-primas “essenciais” para as indústrias europeias.
É a terceira vez que a CE pede a intervenção da OMC num caso envolvendo restrições às exportações chinesas e, desta vez, as matérias-primas em questão são a grafite, o cobalto, cobre, chumbo, crómio, magnésio, talco, tântalo, estanho e antimónio.
A comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, assegurou, em comunicado, que as duas últimas sentenças da OMC consideraram que as restrições chinesas vão “contra as normas do comércio internacional”.
A CE considera que as quotas impostas pela China “distorcem o mercado” a favor das empresas chinesas e em detrimento das empresas e consumidores europeus.
O Ministério do Comércio chinês já fez saber que tratará deste caso “adequadamente e de acordo com o procedimento da resolução de disputas da OMC”.
Segundo Bruxelas, o valor das exportações chinesas envolvendo os produtos referidos ascende a cerca de 1.200 milhões de euros.
O porta-voz do Ministério chinês do Comércio, Shen Danyang, criticou na terça-feira o crescente proteccionismo, numa conferência de imprensa anterior à denúncia feita pela CE.
Shen atribuiu o proteccionismo ao aumento de queixas contras as práticas comerciais da China. Só na primeira metade do ano foram iniciadas 65 investigações contra o país asiático, por 17 países e regiões, um aumento de 66%, face ao mesmo período do ano passado.
A maioria das investigações refere-se a casos de dumping (venda abaixo do preço de mercado) e subsídios atribuídos pelo Governo chinês a empresas do país.

21 Jul 2016

Revista liberal encerra após mudanças na direcção

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revista chinesa Yanhuang Chunqiu, que está associada à ala liberal do Partido Comunista Chinês (PCC), encerrou após Pequim ter imposto despedimentos e troca dos membros da direcção, informou ontem um jornal de Hong Kong.
Fundada em 1991 por membros da ala reformista do PCC, a Yanhuang Chunqiu destacava-se pelo seu apoio à democracia constitucional e artigos que contrariavam a versão oficial sobre épocas controversas, como a Revolução Cultural (1966 – 1976).
Segundo o South China Morning Post, que cita um comunicado emitido por um editor daquela publicação recentemente despedido, Du Daozheng, a revista foi ordenada a deixar de difundir as causas dos despedimentos e trocas na direcção que reflictam a “menor tolerância para com reformistas e liberais”.
A directiva terá sido imposta pelo ministério chinês da Cultura através da Academia Nacional de Artes da China, que supervisionava aquela publicação.
“Qualquer publicação com o título Yanhuang Chunqiu não terá nada a ver [com a antiga linha editorial]”, lê-se na nota de Du, que foi despedido com o argumento de ser “muito velho”.
Du, de 93 anos, era a principal figura da revista e chegou a ser chefe da Administração Geral da Imprensa e Publicação, o órgão de censura do Governo chinês.
O antigo jornalista afirma que a revista “representava as reformas dentro do Partido e o liberais que fazem parte da estrutura do poder”, e que uma das suas posições mais progressivas era “urgir o PCC a avançar com as reformas políticas”.

20 Jul 2016

VIH | Fugas de informação sobre portadores viola “direitos fundamentais”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]fuga de informação com a identidade de vários portadores do VIH na China violou os seus “direitos fundamentais”, considerou ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS), após ser noticiado que centenas de infectados foram burlados.
No total, 313 portadores do vírus foram contactados por pessoas que se apresentaram como funcionários do governo a oferecer subsídios em troca de informações sobre as suas contas bancárias, informou um jornal chinês.
Os burlões usavam a informação para extrair dinheiro das suas contas, enquanto aqueles que identificaram que se tratava de fraude foram ameaçados de que os seus dados seriam publicados ‘online’.
A China registou vários casos de ostracismo contra pacientes com VIH/sida, pelo que a divulgação das informações seria particularmente sensível.
Os estrangeiros infectados não conseguiam, até 2010, obter vistos para entrar no país, enquanto o mercado de trabalho chinês exclui portadores do vírus.

Sem protecção

Em Dezembro passado, mais de 200 pessoas assinaram uma petição para expulsar da aldeia uma criança de oito anos infectada, lançando o debate sobre este estigma.
“Trataram-me pelo nome e sabiam o meu número de identificação, empresa, endereço, estado civil e até quando me foi diagnosticado e o hospital onde vou”, contou ao Southern Weekly um portador da doença.
A OMC condenou a fuga de informação como uma violação dos direitos dos pacientes e avisou que o caso pode dissuadir as pessoas de serem sujeitas a testes e aceder a tratamentos ou serviços preventivos.
“A confidencialidade das pessoas e informações sobre a saúde de alguém que procura serviços médicos para o VIH deve ser protegida”, afirmou em comunicado.
As autoridades de saúde da China afirmaram, entretanto, que já reportaram o caso à polícia e actualizaram a sua tecnologia de encriptação.
“A informação pessoal de pessoas infectadas com VIH/ sida é protegida pela lei”, escreveu o Centro para o Controlo de Doenças e Prevenção da China em comunicado, apelando ao combate contra este crime.
 

20 Jul 2016

Mar do Sul | Pequim vai realizar exercícios militares

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]equim vai fechar o acesso a parte do Mar do Sul da China para exercícios militares, disseram ontem responsáveis políticos, depois de um tribunal internacional ter decidido contra as suas reivindicações naquelas águas.
Uma área ao largo da costa leste da ilha província chinesa de Hainan vai sediar os exercícios militares, a realizar entre terça e quinta-feira, informou a Administração Marítima da China no seu portal, acrescentando que a entrada “foi proibida”.
A área de mar está a alguma distância das ilhas Paracel e ainda mais das ilhas Spratly, sendo ambos os arquipélagos reivindicados por Pequim e outros estados vizinhos.
Na semana passada o Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, deu razão às Filipinas, que, em Janeiro de 2013, denunciaram Pequim por ter começado a ocupar áreas do Mar do Sul da China que as Filipinas consideram parte da sua zona económica exclusiva.
A decisão, que surge então três anos depois de um processo judicial que Pequim boicotou ao recusar participar, também beneficia outros países da região, como o Vietname, dado que também disputam parte das estratégicas águas do Mar do Sul da China.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todo o Mar do Sul da China, com base numa linha que surge nos mapas chineses desde 1940 e tem investido em grandes operações nesta zona, transformando recifes de corais em portos, pistas de aterragem e em outras infra-estruturas.
 

19 Jul 2016

Polícia indiana procura homens acusados de segunda violação de estudante

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma estudante indiana foi hospitalizada depois de ter sido violada por um grupo de homens, incluindo alguns que já a tinham violado há três anos, disse ontem um responsável policial.
A polícia do estado de Haryana (norte) procura cinco homens, acusados de terem raptado a jovem de 21 anos no exterior da universidade que frequentava. A vítima foi drogada e violada num veículo, acrescentou Pushpa Khatri, responsável da polícia de Haryana.
A estudante, que pertence à casta dos ‘dalit’ (anteriormente conhecida como intocáveis), foi encontrada na quarta-feira inconsciente, num arvoredo que ladeia uma auto-estrada neste estado limítrofe de Nova Deli.
A vítima identificou os cinco agressores, dois dos quais se encontravam em liberdade condicional a aguardar julgamento pela violação desta mesma mulher em 2013, disse Pushpa Khatri.
“Ela identificou os cinco acusados e dois estão implicados na violação desta estudante, no distrito de Bhiwandi, em 2013”, indicou.
“Criámos várias equipas para deter os acusados”, acrescentou.
A família da vítima acusou os cinco homens de ter sido ameaçada dias antes da agressão, declarando que os atacantes tinham exigido que a queixa pela violação de 2013 fosse retirada.
“Os acusados ameaçaram-nos permanentemente para encontrar um compromisso. Chegaram a oferecer dinheiro. Mas nós recusámos”, disse o irmão da vítima ao diário Hindustan Times.
A família afirmou também ter sido obrigada a mudar-se para outro distrito, Rohtak, depois da violação de 2013 devido ao assédio de que era alvo.
No domingo, membros da casta dos ‘dalit’ organizaram pequenas manifestações de protesto em Rohtak para exigir justiça.
A violação de uma estudante por um grupo de homens num autocarro de Nova Deli, em 2012, tornou pública a violência a que estão sujeitas as mulheres na Índia.
O caso de 2012, que resultou na morte da jovem, levou ao agravamento das punições pelo crime de violação.
Oficialmente, em 2014 foram registadas 36.735 violações, mas o número real continua a ser muito superior, de acordo com os especialistas, uma vez que a condenação das vítimas trava a apresentação de queixas contra os agressores.

19 Jul 2016