Maior grupo de terra rara chinês é formado para impulsionar indústria

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] aquisição e a integração da empresa para formar o Grupo de Terra Rara do Sul da China foram autorizadas por um painel de especialistas, disseram as autoridades na quarta-feira.
O grupo foi estabelecido pelo Grupo de Terra Rara de Ganzhou, Grupo de Cobre de Jiangxi e Grupo de Terra Rara e Metais Raros de Tungsténio de Jiangxi em Abril de 2015 em Ganzhou, Província de Jiangxi, como parte das medidas para promover a integração de recursos ao integrar empresas para formar entidades maiores.
Segundo Li Zhuxing, vice-presidente de Grupo da Terra Rara de Ganzhou, o trabalho de fusão do grupo passou pela avaliação de especialistas durante uma conferência de inspecção organizada pela Comissão de Indústria e Tecnologia da Informação de Jiangxi na segunda-feira.
Com um investimento de mil milhões de yuans, o grupo realizou a fusão de 24 empresas de terra rara e formou uma cadeia industrial completa incluindo exploração, fundição, processamento, comércio e pesquisa.
O grupo impulsiona a capacidade de explorar 43.600 toneladas de terra rara crua por ano e fundir e separar 59.200 toneladas dos minerais anualmente.
Zhang Fengkui, funcionário da Associação de Indústria de Terra Rara da China, disse que a formação do grupo pode reestruturar a indústria e melhorar a eficiência da utilização de recursos.

Na frente

A China é o maior produtor e exportador de terra rara do mundo. Estima-se mesmo que cerca de 97% destas terras sejam produzidas na China mas a indústria tem uma série de problemas, tais como mineração ilegal, contrabando e falta de competitividade devido a fraca pesquisa e desenvolvimento. A exploração excessiva também causou danos ambientais mas, devido à diminuição das quantidades exportadas, outros países têm vindo a incrementar a extracção de terras raras.
Em 2011, o Conselho de Estado da China emitiu uma directriz para melhorar a gestão da indústria, incluindo o combate à mineração ilegal e o incentivo de fusões.
As terras raras ou metais de terras raras são um grupo relativamente abundante de 17 elementos químicos. As principais fontes económicas de terras raras são os minerais monazite, bastnasite, xenótimo e loparite e as argilas lateríticas que absorvem iões.
As suas propriedades químicas e físicas são utilizadas numa grande variedade de aplicações tecnológicas e estão incorporadas em supercondutores, magnetos e catalisadores, entre outros. Foram também muito usadas em tubos de raios catódicos para televisores e computadores.

1 Jul 2016

Hong Kong | Esperados 100 mil em marcha do aniversário da transição

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Frente Civil dos Direitos Humanos, que organiza a marcha anual em Hong Kong, pelo aniversário da transição para a China, a 1 de Julho, estima a participação de 100.000 pessoas na manifestação de sexta-feira, segundo a imprensa local.

A marcha vai ser liderada pelo livreiro Lam Wing-kee, que esteve desaparecido e regressou recentemente a Hong Kong, e por outros dois residentes da antiga colónia britânica – Ching Cheong e Lau Shan-ching – que no passado também estiveram presos na China, escreve a Hong Kong Free Press (HKFP).

Ligado a uma editora que publicava em Hong Kong livros críticos do regime chinês e sobre a vida privada de líderes chineses, Lam Wing-kee esteve oito meses detido e diz ter sido sequestrado por “forças especiais” do interior da China após ter passado a fronteira de Hong Kong para a cidade de Shenzhen no ano passado.

Ching Cheong foi detido em 2005 por cerca de mil dias por alegados crimes de espionagem enquanto trabalhava para o jornal de Singapura The Straits Times, e o ativista Lau Shan-ching foi preso em 1981, pelo período de dez anos, por ajudar activistas chineses na cidade de Guangzhou, acrescenta a HKFP.

“Os três trabalharam durante muito anos pela democracia, liberdade e direitos humanos, e foram encarcerados e privados das suas liberdades porque foram corajosos o suficiente para falar [contra o regime chinês]”, disse Jimmy Sham Tsz-kit, da Frente Civil dos Direitos Humanos.

Guerra ao número

O tema da marcha deste ano é “At war with 689” [Em guerra com o 689], em alusão ao número de votos com que o actual chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, foi eleito em 2012, escreve o South China Morning Post.

O chefe do Governo de Hong Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado por 1.200 membros, representativos dos vários setores da sociedade, dominado por elites pró-Pequim.

A China prometeu sufrágio directo nas próximas eleições para o chefe do executivo em 2017, mas condicionadas a uma triagem, ou seja, a população poderia escolher o seu representante máximo mas apenas entre o universo de candidatos escolhidos numa pré-seleção por um comité, uma reforma política que viria a ser chumbada pelo Conselho Legislativo de Hong Kong em junho do ano passado.

Uma marcha sai para as ruas anualmente na antiga colónia britânica a 1 de Julho, data da transferência de soberania de Hong Kong para a China.

Os manifestantes, que partem às 15:00 locais (08:00 em Lisboa) do Parque Victoria, na zona de Causeway Bay, até à sede do Governo, em Admiralty, vão também reivindicar o sufrágio universal, um plano de pensões de reforma universal, assim como a definição padronizada das horas de trabalho, e o fim de ‘elefantes brancos’ nos projectos de infra-estruturas da cidade.

No mesmo dia da marcha, os grupos ‘localists’ Hong Kong Indigenous, Hong Kong National Party e Youngspiration vão realizar uma concentração junto ao Gabinete de Ligação, pelas 19:00 locais.

Heróis dos livros

Estes grupos enaltecem o livreiro Lam Wing-kee como um herói, pela coragem em falar contra o regime chinês, e instam a população a aparecer e a agir contra “os raptos das pessoas de Hong Kong pelo Governo chinês”.

Antiga colónia britânica, Hong Kong foi devolvida à República Popular da China em 1997, sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que promete manter os sistemas sociais e económicos da cidade durante 50 anos, detendo o estatuto de Região Administrativa Especial.

Nos últimos anos têm aumentado os receios quanto à erosão das liberdades de Hong Kong, tendo o desaparecimento, no final de 2015, de cinco livreiros, que trabalhavam para a mesma livraria e editora, incluindo Lam Wing-kee, contribuído para o aumento dos receios.
 

30 Jun 2016

Paz no estreito de Taiwan é importante para segurança regional

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] manutenção da paz no estreito de Taiwan “representa uma parte muito importante na segurança regional”, independentemente do partido que governe a ilha, disse na terça-feira a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, em visita ao Paraguai.
“Independentemente do partido que esteja no poder em Taiwan, temos sempre um único e comum objectivo que é manter a paz e a estabilidade no estreito”, destacou Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista (PDP).
Nesse sentido, explicou estar “certa” de que todas as partes interessadas na manutenção da paz no estreito de Taiwan “vão ajudar, de uma outra forma”, a prosseguir esse objectivo.
“Todas as partes vão trabalhar de forma comum, tendo em conta que a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan representa os máximos interesses para todas as partes pertinentes”, afirmou a chefe de Estado.

Canais entupidos

Tsai Ing-wen, que se encontra de visita oficial no Paraguai até quinta-feira, também falou sobre a recente suspensão de comunicações oficiais entre Taipé e Pequim.
“Vamos continuar a dialogar com a China, apesar de neste momento, temporariamente, os canais de negociações oficiais se encontrarem interrompidos. Todavia, ainda existem outras opções de comunicação e diálogo”, disse.
Neste sentido, sublinhou que Taiwan vai utilizar todos os recursos disponíveis “para que essa diferença de posturas se possa manter no caminho da paz”.
A China justificou a sua decisão, anunciada no domingo, de suspender todas as comunicações com Taiwan com a recusa, por parte de Tsai Ing-wen de aceitar o chamado “Consenso de 1992”, que foi a base política das relações bilaterais nos últimos anos.
Ao abrigo do “Consenso de 1992”, as duas partes reconhecem que existe apenas uma China, mas cada um dos lados faz a sua própria interpretação desse princípio.
Taipé disse, em reacção, que irá manter as portas do diálogo abertas e fez um apelo para que “ambas as partes cooperem na protecção dos direitos e bem-estar” dos cidadãos de ambos os lados do estreito de Taiwan.
O anúncio da suspensão das comunicações teve lugar quando a Presidente de Taiwan viajava para o Panamá, onde participou, no fim de semana, na abertura da ampliação do Canal, donde seguiu depois para o Paraguai.
O Paraguai é o único país da América do Sul que mantém laços diplomáticos com o Governo de Taipé, e o primeiro país onde Tsai se desloca enquanto chefe de Estado, depois de ter tomado posse no passado dia 20 de Maio, numa cerimónia que contou com o Presidente paraguaio, Horacio Cartes.
A América Latina e o Caribe constituem o principal ‘bastião’ diplomático de Taiwan na sua disputa de soberania com a China, já que 12 dos 22 aliados diplomáticos da ilha pertencem a essa região do mundo, incluindo o Paraguai.

30 Jun 2016

Brexit | Díli em diálogo com Lisboa e Londres sobre luso-timorenses

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]imor-Leste está em contactos preliminares com as autoridades portuguesas e inglesas para acompanhar a situação dos luso-timorenses no Reino Unido, na sequência do referendo de saída da União Europeia, disse ontem o chefe da diplomacia timorense.
“Estamos em contacto com as autoridades inglesas sobre o processo que vai decorrer até 2018. E estamos em contacto com Portugal para ver quais são os passos, em caso de haver uma alteração da lei laboral na Inglaterra em relação aos cidadãos da UE”, disse Hernâni Coelho.
“Estamos a antecipar possíveis acontecimentos depois desta decisão do referendo. Mas neste momento ainda é cedo demais para especular sobre o que vai acontecer. Estamos em contactos preliminares, mas temos que ver como decorrem agora as negociações e se implementa esta decisão”, sublinhou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros timorense disse que os dados indicam que residam no Reino Unido cerca de 16 mil cidadãos portugueses naturais de Timor-Leste.

Remessas de peso

Anualmente milhares de timorenses, beneficiando da lei da nacionalidade portuguesa, deslocam-se ao consulado em Díli para obter nacionalidade portuguesa que usam, na maioria dos casos, para ir trabalhar para o Reino Unido.
As remessas que enviam para Timor-Leste, como ocorre com emigrantes timorenses noutros locais, são significativas para muitas famílias timorenses.
As contas do Governo indicam que os luso-timorenses no Reino Unido podem mandar em média para Timor-Leste cerca de 30% do seu salário, que rondará um valor aproximado de 2.000 dólares.
Isso implicaria que, mensalmente, chegariam a Timor-Leste remessas do Reino Unido de milhões de dólares, valor que Hernâni Coelho admite ser difícil estimar com certeza.
Mais claro, por exemplo, são os dados das remessas dos cerca de 2.000 trabalhadores timorenses que estão na Coreia do Sul – no âmbito de um programa bilateral – e que enviam para Timor-Leste anualmente entre 10 e 12 milhões de dólares.
Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido deve sair da UE, depois de o ‘Brexit’ (nome como ficou conhecida a saída britânica da União Europeia) ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira.
Logo na sexta-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a sua demissão, com efeitos em outubro, e os líderes da UE defenderam uma saída rápida do Reino Unido. O Conselho Europeu reúne-se na terça e quarta-feira em Bruxelas para analisar os cenários pós-Brexit.

30 Jun 2016

Editor adjunto da revista do Partido Comunista Chinês suicidou-se

Deprimido por causa dos embates ideológicos no seio do Partido, Zhu Tiezhi, de 56 anos, enforcou-se no parque de estacionamento do edifício da revista. As ligações a um antigo assessor, caído em desgraça, de Hu Jintao, podem também estar na origem da tragédia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] editor adjunto da revista do Partido Comunista da China (PCC) suicidou-se, informou ontem a imprensa chinesa, na qual circulam inúmeras hipóteses sobre as razões da morte, que incluem lutas políticas internas, liberdade de expressão e corrupção.
Zhu Tiezhi, 56 anos, reputado ensaísta das teorias do PCC e editor adjunto da publicação periódica Qiushi (“A busca pela verdade”) enforcou-se no parque de estacionamento do edifício que alberga os escritórios da publicação periódica do PCC, de acordo com informações publicadas ontem pelos órgãos de comunicação social chineses.
Segundo a revista Caixin, que cita um amigo da vítima, Zhu estava deprimido com os conflitos ideológicos no seio do partido entre reformistas e os defensores, cada vez mais virulentos, de uma linha conservadora.
Se o PCC não puder resolver os verdadeiros problemas, “os debates ideológicos tornar-se-ão conversas vazias e irão minar a confiança mútua entre o partido, o Governo que lidera e as pessoas”, disse, citando um artigo de Zu.

Cerco maior

Desde a chegada ao poder do Presidente chinês, Xi Jinping, no final de 2012, as autoridades restringiram o espaço para debate tanto no seio do partido como na sociedade em geral.
Zhu acreditava, porém, que, como académico, deveria preservar a sua integridade, a sua forma independente de pensar e as suas opiniões únicas, indicou a mesma revista, citando o amigo não identificado.
Mas, sublinha a Caixin, “essa preocupação não se coaduna com o apelo do partido para que os seus membros se unam atrás da linha do partido”.
O portal no Diário do Povo, órgão oficial do PCC, publicou no domingo um curto artigo sobre a morte de Zhu sem entrar, contudo, em detalhes sobre as causas para o suicídio, cometido no passado dia 25.
O texto foi visto por inúmeros órgãos de comunicação, mas a maioria apenas o referiu ontem.
Órgãos de comunicação social chineses no estrangeiro especularam que Zhu se matou em parte por causa das suas ligações a Ling Jihua, um antigo assessor do antecessor de Xi Jinping, Hu Jintao, caído em desgraça.
O antigo ‘braço direito’ do ex-Presidente chinês Hu Jintao foi acusado, em Maio, de ter aceitado subornos e obter ilegalmente segredos de Estado.
Ling Jihua, 59 anos, era uma figura proeminente política chinesa até ter sido expulso do Partido Comunista Chinês (PCC), acusado de “grave violação da disciplina” e de ter “trocado poder por sexo”.

29 Jun 2016

HK | Para CY Leung “não é realista” recomeçar a reforma política

O Chefe de Hong Kong recusa pensar em reforma política até ao final do mandato, ou seja daqui a um ano. “Não há tempo”, assegura o governante que garante Hong Kong como uma “sociedade plural” com “leis de difamação muito liberais” e, em relação ao “segundo sistema”, diz estar vivo e de boa saúde. Recandidatura? Ainda não decidiu

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]Y Leung, líder do Governo de Hong Kong, não pretende, no ano que lhe resta até ao fim do mandato, retomar o processo da reforma política, alegando que “não tem tempo”, “não é realista” e não há consenso na sociedade.
“Por mais que quisesse retomar o processo de desenvolvimento político, não acho que vá ter tempo nos próximos 12 meses e não acho que temos o consenso necessário na sociedade (…). Sei que Pequim não vai rever a Lei Básica, não é realista recomeçar o processo”, disse, em entrevista ao South China Morning Post.
Em 2014, Pequim avançou com uma proposta de reforma política que previa a introdução de voto universal para o líder do Governo, mas só depois de os candidatos (dois a três) serem pré-seleccionados por uma comissão de 1.200 membros, vista como próxima de Pequim.
A proposta, que esteve na origem do movimento Occupy Central, que durante 79 dias bloqueou as ruas da cidade, foi rejeitada pelo Conselho Legislativo.
Na mesma entrevista, CY Leung garantiu que Hong Kong permanece uma cidade plural e livre, apesar dos receios de um maior controlo de Pequim, particularmente após o caso dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceram, sendo meses depois conhecido que tinham sido detidos pelas autoridades da China.
“Somos uma sociedade plural. Permitimos que se façam todo o tipo de sondagens. Permitimos que as pessoas desenhem todo o tipo de cartoons. Temos leis de difamação muito liberais em Hong Kong. Não pomos pessoas atrás das grades porque atacam o chefe do executivo. É parte da vida em Hong Kong”, afirmou.
Apesar disso, e mesmo tendo em conta o caso dos livreiros, que gerou receios de uma ameaça ao princípio ‘Um país, dois sistemas’, o governante admitiu que a diplomacia com a China é feita com cuidado.
“Entre governos de países soberanos, as pessoas não usam uma diplomacia de megafone. O mesmo se passa com Hong Kong e a China. Não vou dizer se esta é a mais grave ameaça ao princípio ‘Um país, dois sistemas’. O principal é que quero expressar e transmitir as preocupações das pessoas de Hong Kong a Pequim e espero uma resposta de Pequim a essas preocupações”, disse.

Na China, sê chinês

Na segunda-feira, as autoridades de Pequim e Hong Kong concordaram em iniciar a discussão para melhorar o mecanismo de notificação recíproca lançado no ano 2000.
CY Leung frisa que o mais importante neste processo é “saber o mais rapidamente possível quando um residente de Hong Kong é detido numa jurisdição fora de Hong Kong”.
“Isso aplica-se a governos estrangeiros e deve também aplicar-se à China, porque temos dois sistemas diferentes. O que quero é um acordo semelhante ao que temos com jurisdições estrangeiras. O elemento chave é a notificação. Acho que as pessoas de Hong Kong têm noção de que quando estão fora de Hong Kong, se espera que cumpram as leis do país ou cidade de acolhimento”, afirmou.
Dos cinco livreiros que desapareceram entre Outubro e Dezembro do ano passado e só este ano reapareceram sob a custódia das autoridades chinesas, três foram detidos na China, um na Tailândia e outro, Lee Bo, em Hong Kong – a sua saída da cidade nunca foi registada num posto fronteiriço.
Na mesma entrevista, CY Leung diz ainda não ter decidido se quer concorrer a um segundo mandato.

29 Jun 2016

Brexit | Japão estuda ajudas até 88.000 milhões de euros

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo japonês estuda um pacote de ajudas que poderá alcançar até 10 biliões de ienes (88.000 milhões de euros) para mitigar os efeitos do “Brexit” sobre as empresas e a economia nipónica.
A medida foi debatida ontem no seio de uma reunião do Conselho de Política Económica e Fiscal em que participou o primeiro-ministro, Shinzo Abe, o ministro das Finanças, Taro Aso, e o governador do Banco do Japão (BoJ), Haruhiko Kuroda.
Segundo adiantou a agência Kyodo, esse pacote seria dotado com um montante de entre 5 e 10 biliões de ienes (entre 44.000 milhões e 88.000 milhões de euros), a ser aprovado após as eleições do Senado, no próximo dia 10 de Julho.
Contudo, alguns analistas financeiros ou membros do partido no poder (Liberal Democrata, PLD) insistiram que a verba deve ser muito maior para não comprometer o ritmo de recuperação da terceira economia mundial.

Juros baixos

O pacote de estímulo contempla mecanismos para mitigar os efeitos da valorização do iene – consequência mais imediata do “Brexit” – e o possível agravamento do ambiente empresarial para as companhias japonesas com operações no Reino Unido.
O pacote contempla, de momento, planos de financiamento com taxas de juro muito baixas para as pequenas e médias empresas através da estatal Corporação Financeira do Japão.
“Devemos tomar todas as medidas possíveis para prevenir todo o impacto negativo na economia nipónica, especialmente no que se refere às pequenas e médias empresas”, insistiu ontem o primeiro-ministro, após o encontro.
Também está a ser estudada a possibilidade de o Banco de Cooperação Internacional do Japão expandir as suas linhas de crédito em divisas estrangeiras para grandes empresas que operem fora do arquipélago.
Ao mesmo tempo, segundo as informações aventadas, aprovar-se-ão subsídios para empresas que não levem a cabo despedimentos, estando também em análise a eventual distribuição de vales de desconto para que os turistas que visitam o Japão não sofram com a grave valorização da moeda japonesa.
Com mais de 1.300 empresas em solo britânico (40% das quais manufactureiras), o Japão é o segundo maior investidor estrangeiro no Reino Unido, a seguir aos Estados Unidos.

29 Jun 2016

Polícias de Hong Kong e China discutem notificação recíproca

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]No seguimento dos livreiros desaparecidos, CY Leung, escreveu ao Governo central para reflectir a preocupação dos residentes. O resultado foi o início da discussão para melhorar o mecanismo de notificação mútua criado para salvaguardar os direitos dos residentes de ambos os lados da fronteira. Da China garante-se que o Segundo Sistema é respeitado mas Lam Wing-kee, um dos livreiros, disse ontem à polícia ter sido raptado

As autoridades de Pequim e Hong Kong concordaram em iniciar a discussão para melhorar o mecanismo de notificação lançado no ano 2000, informa a agência de notícias chinesa Xinhua.
De acordo com um comunicado do Ministério da Segurança Pública divulgado ontem, delegados de Hong Kong vão ser convidados para discutir questões relevantes.
Na semana passada, o Chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, escreveu ao Governo central para reflectir a preocupação dos residentes sobre o caso do desaparecimento de cinco livreiros ligados a uma editora que publicava livros proibidos no interior da China, e para propor a revisão do mecanismo de notificação entre as duas partes.
Desde Janeiro de 2000, quando o mecanismo de notificação recíproca assinado pelo Ministério da Segurança Pública da China e pelo Governo de Hong Kong entrou em vigor, ambas as partes aumentaram as comunicações sobre os casos de alegados crimes cometidos por residentes dos dois lados da fronteira, refere a Xinhua.
De acordo com o comunicado do ministério, um total de 6.172 residentes de Hong Kong colocados sob “medidas coercivas” no interior da China foi reportado à polícia de Hong Kong no final de 2015.
“Medidas coercivas” podem incluir intimação pela força, caução, prisão domiciliária, detenção e prisão, de acordo com a Procuradoria Popular Suprema (SPP).
No mesmo período, 6.934 residentes do interior da China que foram colocados sob “medidas coercivas” em Hong Kong foram reportados à polícia do interior da China.

Acusações de sequestro

O comunicado refere também que a polícia do interior da China tem respeitado o princípio “Um país, dois sistemas” e absteve-se de interferir com as actividades de aplicação da lei pelas autoridades de Hong Kong.
O mecanismo recíproco desempenha um papel fundamental na salvaguarda dos direitos dos residentes de Hong Kong e do interior da China, acrescenta o comunicado, que refere ainda a necessidade de melhorar o sistema que está em vigor há mais de uma década.
A informação surge no mesmo dia em que o livreiro Lam Wing-kee, que regressou a Hong Kong em meados deste mês, prestou declarações à polícia no território.
Dias depois do regresso a Hong Kong, Lam Wing-kee deu uma conferência de imprensa na qual disse ter sido sequestrado por “forças especiais” da polícia chinesa ao passar a fronteira para o interior da China, onde ficou detido durante oito meses, período durante o qual fez uma confissão que diz ter sido orquestrada pelas autoridades chinesas.

Desaparecimentos misteriosos

Lam Wing-kee, de 61 anos, é um dos cinco livreiros que desapareceram em circunstâncias misteriosas, entre Outubro e Dezembro de 2015. Os cinco livreiros trabalhavam na mesma editora de Hong Kong, conhecida por publicar livros sobre a vida privada de líderes chineses e intrigas políticas na cúpula do poder, os quais são proibidos no interior da China.
Três dos livreiros – Lam Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por – desapareceram quando se encontravam no interior da China.
Todos reaparecerem semanas mais tarde na China, sob tutela das autoridades chinesas, e surgiram na televisão estatal a assumir crimes, em confissões que familiares, amigos e associações de defesa dos direitos humanos desconfiam terem sido feitas sob coacção.
Gui Minhai – um cidadão com passaporte sueco – foi o primeiro dos cinco livreiros a desaparecer, durante uma visita à Tailândia, e é o único que continua detido.
Lee Bo desapareceu em Dezembro a partir do território de Hong Kong, sem que haja qualquer registo na fronteira com a China.

28 Jun 2016

Brexit | Li Keqiang apela ao esforço global

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) aumentou as incertezas no mercado global. Segundo o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, o mundo precisa de fazer esforços concertados para obter um método para promover a revitalização da economia global. Li proferiu estas palavras na Reunião Anual dos Novos Campeões, em Tianjin, na segunda-feira de manhã. Para o líder chinês, a Europa é um parceiro importante da China e Pequim continuará a manter a sua posição face à Europa e ao Reino Unido.
“Esperamos uma UE unificada e estável, bem como uma Grã-Bretanha estável e próspera”, disse o primeiro-ministro. Num mundo globalizado, todas as economias são altamente interdependentes, e, portanto, precisam de dar as mãos e avançar em conjunto, acrescentou.
A Reunião Anual dos Novos Campeões 2016, também conhecida por Fórum de Davos de Verão, realizada entre os dias 26 e 28 de Junho, tem como tema nuclear a “quarta revolução industrial e seu impacto transformacional”. Cerca de 1.700 políticos, empresários, académicos e representantes da imprensa de mais de 90 países participam do evento.

28 Jun 2016

Putin e Xi Jinping estreitam vínculos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo russo Vladimir Putin, de visita a Pequim, evidenciaram ontem os pontos de ligação e de cooperação entre os dois países, actualmente envolvidos num clima de tensão com o Ocidente.
“A Rússia e a China têm pontos de vista muito próximos ou praticamente idênticos sobre o cenário internacional”, declarou Putin, que está a realizar a quarta visita a Pequim desde que Xi Jinping chegou ao poder em 2013.
O líder do Kremlin acrescentou que discutiu com o seu homólogo chinês “o fortalecimento da luta global contra o terrorismo internacional”, a questão do programa nuclear da Coreia do Norte, a situação na Síria e no Mar do Sul da China.
“O Presidente Putin e eu concordamos que perante um contexto internacional cada vez mais complexo e em mutação que devemos redobrar os esforços para manter o espírito de parceria e de cooperação estratégica sino-russa”, afirmou Xi Jinping.
Moscovo e Pequim partilham interesses geopolíticos comuns, nomeadamente a oposição crescente em relação aos Estados Unidos, e votam juntos muitas vezes no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os dois países são membros permanentes deste órgão que detém poder de veto.

Jogada de cinquenta mil milhões

Alvo de sanções norte-americanas, mas também por parte da União Europeia (o seu principal comprador de petróleo), devido ao processo de anexação da península da Crimeia e ao envolvimento no conflito no leste da Ucrânia, a Rússia tem procurado novas soluções nos mercados na Ásia, principalmente com a China, com quem assinou em 2014 um importante contrato de gás.
Ontem, os dois países assinaram 30 acordos de cooperação, nomeadamente nas áreas do comércio e da energia.
Um desses acordos envolve um projecto de uma estrutura petroquímica no leste da Sibéria.
Segundo Putin, 58 contratos estão em discussão num valor global de cerca de 50 mil milhões de dólares, incluindo um acordo para a construção de uma linha de comboio de alta velocidade na Rússia.
Xi Jinping também garantiu uma maior cooperação entre os meios de comunicação social russos e chineses, de forma “a reforçar a influência” destes órgãos na opinião pública mundial.

27 Jun 2016

Pequim suspende comunicações com Taiwan

Como a presidente de Taiwan ainda não reconheceu o “consenso de 1992”, (onde as partes reconhecem apenas uma China), Pequim ‘desligou o telefone’. Tsai Ing-wen, que anda de visita às Américas, ainda respondeu

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês anunciou ontem que suspendeu todas as comunicações com Taiwan por entender que o novo Governo da ilha não respeita o designado “consenso de 1992”, que guiou as relações bilaterais nos últimos anos.
O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês afirma, num comunicado difundido pela agência oficial Xinhua, que tomou esta decisão porque a Presidente taiwanesa, a independentista Tsai Ing-wen, não reconheceu o “consenso de 1992” desde que tomou posse, a 20 de Maio.
No seu primeiro discurso no cargo, Tsai reconheceu que o encontro entre China e Taiwan em 1992 foi um “feito histórico”, mas não admitiu que tenha sido alcançado naquele momento um consenso ou que Taiwan faça parte da China, como exigia Pequim.
Ao abrigo do “consenso de 1992”, as duas partes reconhecem que existe apenas uma China, mas cada um dos lados faz a sua própria interpretação desse princípio.
Depois da guerra civil chinesa ter acabado, em 1949, com a vitória do Partido Comunista da China (PCC), o antigo governo nacionalista (Kuomintang) refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a identificar-se como governante de toda a China.

Taiwan é nossa

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a “reunificação pacífica”, segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau (“Um país, dois sistemas”). Porém, ameaça “usar a força” se a ilha declarar independência.
A posição de Pequim surge depois de na sexta-feira o Camboja ter extraditado para a China 25 taiwaneses acusados de fraude, apesar dos protestos de Taipé. Em Abril tinham já ocorrido episódios similares, quando o Quénia e a Malásia deportaram para a China 32 e 45 taiwaneses, respectivamente, elevando a tensão entre Pequim e Taipé, que chegou a considerar estarem causa “sequestros” de cidadãos da ilha.
A Presidente de Taiwan está fora da Formosa, por ter iniciado na sexta-feira uma viagem oficial ao Panamá, Paraguai e Estados Unidos da América. Apenas 22 países têm relações diplomáticas com Taiwan.

27 Jun 2016

Pequim sabe que Portugal aguarda mais investimento chinês

O IPIM levou a Lisboa e ao Porto 30 empresários do “Grupo 9+2” (nove regiões chinesas, Macau e Hong Kong) e o resultado provável será mais investimento chinês em Portugal, país que o embaixador chinês, Cai Run, considera uma “terra de maravilhas, dotada de excelente localização geográfica”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo português “está a aguardar” a participação de empresas chinesas em diversos sectores, segundo um comunicado do Instituto da Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) ontem divulgado.
O instituto levou na semana passada a Lisboa e ao Porto 30 empresários do designado “Grupo 9+2”, que engloba nove regiões chinesas, Macau e Hong Kong, que formam a Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas, para impulsionar “o intercâmbio e a cooperação”.
Na passagem por Lisboa, os empresários encontraram-se com o embaixador da China, Cai Run, que, segundo o mesmo comunicado, “sublinhou que o Governo português está a aguardar a participação das empresas chinesas nos sectores de energia, serviços financeiros, seguros, medicina, preservação da saúde, negócios marítimos, agrícola, infra-estruturas e cooperação na capacidade de produção”.
O embaixador incentivou, ainda, os empresários chineses a participarem no seminário de promoção do investimento em Portugal que terá lugar em Novembro e afirmou que considera Portugal uma “terra de maravilhas, dotada de excelente localização geográfica”.
Os empresários do “Grupo 9+2” estiveram num seminário com representantes de 30 empresas portuguesas e visitaram “empresas avançadas”, da área dos transportes e “negócios marinhos”, lê-se no mesmo texto.
Nesse seminário, o presidente do IPIM, Jackson Chang, “observou que Portugal e Macau têm profundas raízes históricas, sendo cada vez mais frequente a cooperação”, e revelou que em 2015 o comércio bilateral superou os 35 milhões de dólares norte-americanos, um aumento de 11,8%.

Oportunidades no Delta

Sempre segundo o mesmo comunicado, Jackson Chang lembrou que Pequim deu a Macau a missão de ser a ponte entre a China e os países de língua portuguesa, no âmbito da cooperação económica, e garantiu que a região está “a implementar com dinamismo” os designados “três centros” (de serviços comerciais para as pequenas e médias empresas chinesas e lusófonas; de distribuição de produtos alimentares da lusofonia; e para convenções e exposições das partes envolvidas).
“Existem boas razões para crer que foram já criadas condições para as empresas de Portugal, Macau e da Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas colaborarem estreitamente, com vista a explorar oportunidades de negócio”, lê-se no texto.
Noutro encontro, Jackson Chang convidou a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) a incentivar a organização de delegações de empresários portugueses para participarem na edição deste ano da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês) e no conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como “Fórum Macau”, que se realiza este ano, em Macau.
A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que foi criado o Fórum Macau, que tem um Secretariado Permanente e reúne ao nível ministerial de três em três anos.

27 Jun 2016

China |Governo incentiva investimento privado

Um estudo agora divulgado revela que a desaceleração económica, a redução de capacidade, a implementação insuficiente de políticas e dificuldades de financiamento têm emperrado o investimento privado mas Li Keqiang não quer nada disso e pediu a todos os níveis de governação para agilizarem o processo, pois só assim “será possível um crescimento económico estável”. Afinal de contas, o sector é responsável por 60% do PIB e 80% dos empregos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo chinês vai tomar uma série de medidas para incentivar o investimento privado no país, libertando ainda mais o potencial das empresas do sector privado.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu na quarta-feira aos departamentos dos governos central e locais que tomem acções concretas para impulsionar o investimento privado, depois de ouvir relatórios de uma investigação relacionada com uma reunião executiva do Conselho de Estado, presidida por Li.
Durante a reunião, o primeiro-ministro pediu ao governo de todos os níveis que prestem atenção aos problemas revelados na investigação, especialmente as dificuldades das empresas privadas de financiamento, assim como as taxas administrativas excessivas.
Keqiang enfatizou que o investimento privado é de importância crítica para a China manter um crescimento económico estável, garantir emprego e reformar a estrutura económica.

A pente fino

Uma missão nacional de inquérito sobre a desaceleração no investimento privado foi iniciada pelo Conselho de Estado há um mês, cobrindo 30 províncias e regiões.
Mais de 500 empresas foram envolvidas e mais de 10 mil questionários sobre a implementação das políticas de investimento privado foram distribuídos na pesquisa.
Os principais factores que causaram o declínio no investimento privado são: pressão de desaceleração económica, redução excessiva de capacidade, implementação insuficiente de políticas, e as dificuldades de financiamento das pequenas empresas privadas locais.
Durante a reunião, Li assinalou que tratar adequadamente das relações entre o governo e o mercado, além de aprofundar reformas, é vital para impulsionar o investimento privado.
“O governo deve cumprir com seus deveres, mas não deve abusar do seu poder”, disse.
Mais medidas devem ser divulgadas pelo Conselho de Estado para solucionar os problemas acima mencionados das empresas privadas, como melhorar o acesso ao crédito, aumentar o apoio institucional aos programas de parceria público-privada local (PPP), reduzir custos administrativos e ampliar ainda mais o acesso ao mercado.
O investimento privado tem desempenhado um papel vital no desenvolvimento económico da China nos últimos anos. Agora responde por 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, 80% dos empregos, mais de metade da receita de impostos, assim como 67% do investimento directo chinês no exterior.

24 Jun 2016

Deputado pró-democracia de Hong Kong acusado de corrupção

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado pró-democracia de Hong Kong, Leung Kwok-hung, também conhecido como “Cabelo Comprido”, foi ontem acusado de corrupção por, alegadamente, ter recebido pagamentos de um dos mais conhecidos magnatas da comunicação social da cidade.
Leung Kwok-hung, um activista da Liga de Social Democratas, foi detido e acusado de má conduta em cargo público pela Comissão Independente contra a Corrupção (ICAC, na sigla inglesa).
“Cabelo Comprido” é acusado de ter recebido 250 mil dólares de Hong Kong do fundador do jornal Apple Daily, Jimmy Lai, “relacionados com o seu cargo público”. Recorde-se que o jornal tem uma postura muito crítica de Pequim.
Leung disse à AFP que a sua detenção tem “um significado político”, acontecendo meses antes das eleições legislativas.
Conhecido pelo seu rabo-de-cavalo e por usar ‘t-shirts’ de Che Guevara, Leung tem sido uma presença desafiadora no Conselho Legislativo de Hong Kong desde que conquistou um assento em 2004.
“Sou uma conhecida figura da oposição em Hong Kong, pode haver algum tipo de significado político”, disse à AFP.
A detenção, acredita, “vai ter um grande efeito político”, tendo acontecido “mesmo antes das eleições” deste ano.
O democrata ainda não revelou se tenciona candidatar-se em Setembro.
Um comunicado do Governo indica que Leung, de 60 anos, foi acusado de “deliberada e intencionalmente” incorrer em má conduta ao não ter declarado que recebeu 250 mil dólares de Hong Kong de Lai entre Maio de 2012 e Junho de 2016.
“O caso surgiu de uma denúncia de corrupção”, diz o comunicado.
Leung foi libertado sob fiança e vai comparecer em tribunal na sexta-feira.

24 Jun 2016

Patentes | Nova arma para combater Apple e Samsung

Os fabricantes chineses de telefones inteligentes utilizam cada vez mais patentes como munição para atacarem as rivais Apple e Samsung. Gigantes como a Huawei, o ZTE Corp. e a Lenovo Group adquiriram patentes e fazem investimentos vultosos em pesquisa e desenvolvimento — esperam-se mais desafios jurídicos pela frente para a Apple e a Samsung, e não só na China

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Huawei, que tem a ambição de se tornar a maior fabricante de telefones inteligentes do mundo em cinco anos, processou a Samsung nos Estados Unidos em Maio, afirmando que a empresa sul-coreana violou 11 das suas patentes para telefones móveis. A Samsung informou que irá defender-se no processo, o primeiro confronto jurídico de um fabricante de telefones inteligentes chinês contra uma líder de mercado, o que vem reverter a ideia de que os fabricantes chineses estão no lado recebedor das disputas de patentes.
O ano passado, a Huawei, terceira maior fabricante de telefones inteligentes e líder mundial do mercado de equipamentos de telecomunicações, foi a empresa que mais fez registos de patentes internacionais sob o Tratado de Cooperação em matéria de Patentes, que facilita o registo para empresas em vários países, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, sediada em Genebra. Depois da Huawei, a fabricante de chips americana Qualcomm e a chinesa ZTE foram as que mais registaram patentes.

Guerra em curso

As patentes desempenham também um papel no sector mais rígido dos aparelhos móveis da China, que a Apple e a Samsung tentam desbravar, uma vez que os reguladores locais pressionam cada vez mais as empresas estrangeiras a actuar segundo as regras do Governo. Recorde-se que a Shenzhen Baili, uma pequena “startup” chinesa, conseguiu proibir na Justiça a venda do iPhone 6 e iPhone 6 Plus em Pequim, com base apenas numa patente de design que esta diz possuir no país.
A Apple contesta a alegação, que, segundo analistas e especialistas em leis, é uma indicação do clima político tenso do país. Mas, ao mesmo tempo, as suas rivais chinesas mais poderosas, como a Huawei, estão a desenvolver grandes esforços para adquirirem direitos de patentes e enfrentar as duas gigantes do sector.
“Vamos ver muito mais empresas chinesas a registarem patentes fora da China, e mais acordos e processos envolvendo patentes e tecnologia”, prevê Benjamin Bai, sócio da consultoria Allen & Overy LLP, de Xangai, que assessora empresas chinesas sobre estratégias de propriedade intelectual internacional.
A Huawei tem vindo a aumentar o portfólio de patentes principalmente através de investimentos elevados em pesquisa e desenvolvimento. Nos últimos cinco anos, investiu quase US$ 30 mil milhões em P&D. Só no ano passado, elevou em 46% o orçamento da área de pesquisa, para US$ 9,2 mil milhões, superando os US$ 8,1 mil milhões que a Apple investiu no seu ano fiscal mais recente. A Huawei tem agora 16 centros de P&D no mundo, incluindo EUA e Europa.

Ser maior

Quando a Lenovo comprou a Motorola Mobility, em 2014, num acordo de US$ 2,91 mil milhões, a fabricante chinesa de computadores pessoais citou as patentes da Motorola como um motivo para adquirir a empresa. Mas, mesmo com as patentes da Motorola, a empresa enfrenta dificuldades no mercado global de telefones inteligentes.
No caso da Huawei, a expectativa é vê-la fortalecer-se na guerra contra as suas rivais ocidentais ao investir mais em P&D. Só uma equipa de design de antenas para telefones inteligentes regista quatro ou cinco novas patentes todos os anos, segundo um empregado.
Quando a Apple lançou o iPhone 6S e o iPhone 6S Plus, no ano passado, a equipa desmontou os telefones e testou suas antenas dentro de quartos isolados para comparar com as antenas da Huawei. “Ainda estamos atrás da Apple, mas achamos que a diferença está a diminuir”, disse o funcionário da Huawei.

The Wall Street Journal

23 Jun 2016

China | Primeiro-ministro garante política monetária prudente

Li Keqiang está preocupado em manter a liquidez no mercado pelo que advoga uma política monetária prudente e uma política fiscal pro-activa. Para diminuir as diferenças regionais, o PM diz ainda aos bancos comerciais para melhorarem o serviço à economia real, em particular às pequenas e micro-empresas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang disse que o país continuará com uma política monetária prudente e uma política fiscal pro-activa, mantendo um crescimento razoável de crédito agregado, para melhor servir a economia real.
Li fez estas observações durante um seminário realizado na segunda-feira a propósito de visitas aos bancos Central, da Construção da China e Popular da China.
“A China deve manter a sua política monetária prudente, promover a coordenação da política monetária com a política fiscal pro-activa, tornar as políticas mais flexíveis e específicas, colocar ênfase no ajustamento preventivo de políticas e manter um crescimento razoável de crédito”, disse o governante.
Enquanto o sector financeiro da China tem apoiado o desenvolvimento económico, o crescimento económico global ainda é fraco e algumas regiões e indústrias no país enfrentam grandes dificuldades, assinalou.
Li disse que múltiplas ferramentas políticas devem ser usadas para manter a liquidez razoavelmente ampla, guiar as expectativas do mercado e criar um bom ambiente financeiro para lidar com os riscos e desafios e ainda promover um crescimento económico contínuo e estável.
O primeiro-ministro também pediu a implementação de políticas financeiras diferenciadas para apoiar a reforma estrutural no lado de oferta.
Os bancos comerciais devem melhorar o seu serviço à economia real, em particular às pequenas e microempresas, continuou.
Para servir melhor à economia real, o sector financeiro deve aumentar os apoios à agricultura, agricultores e áreas rurais, explicou.

Outras áreas

O primeiro-ministro destacou também o investimento privado e a nova economia, a logística, economia de energia, protecção ambiental e manufactura inteligente, como áreas que merecem mais apoio financeiro.
Li enfatizou ainda a importância da reforma sobre a eficiência do sector financeiro e a prevenção dos riscos.
Sobre a regulação financeira, o primeiro-ministro pediu melhor supervisão para o anormal fluxo transfronteiriço de capitais e o risco das operações financeiras via internet, com o objectivo de prevenir riscos sistemáticos ou regionais.

23 Jun 2016

Índia lança 20 satélites numa única missão     

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m foguetão com um número recorde de 20 satélites foi lançado ontem numa missão da agência espacial da Índia, que tem ganho uma grande parte do mercado espacial comercial.
O foguetão foi lançado do porto espacial de Sriharikota – no sul da Índia – com satélites dos Estados Unidos da América (EUA), da Alemanha, do Canadá e da Indonésia, a maioria numa única missão.
Grande parte dos satélites vai entrar em órbita para observar e medir a atmosfera da Terra, enquanto outros têm o objectivo de fornecer serviço para operadores amadores de rádio.
“Cada um destes pequenos objectos que foram lançados para o espaço vai ter a sua própria actividade, são independentes uns dos outros, e cada um deles vai viver uma vida maravilhosa por um período finito”, disse o Presidente da Organização de Investigação Espacial Indiana (ISRO), A. S. Kiran Kumar, ao jornal NDTV.
O negócio de lançar satélites comerciais para o espaço com um pagamento está a crescer à medida que telemóveis, internet e outros negócios, bem como países, procuram cada vez mais e melhores comunicações de alta tecnologia.

A baixo preço

A Índia está a competir com outros empresários internacionais para uma partilha cada vez maior desse mercado de lançamento de satélites, e é conhecido pelo seu programa espacial a preços ‘low-cost’.
O primeiro-ministro, Narendra Modi, apelidou o recorde de 20 satélites de “feito monumental”, apesar de ainda estar atrás do recorde de 33 satélites da Rússia em 2014 e de 29 satélites da NASA em 2015.
“O nosso programa espacial tem tempo e mostra mais uma vez o potencial transformativo da ciência e tecnologia na vida das pessoas”, escreveu Modi no Twitter.
No mês passado, a Índia lançou com sucesso o seu primeiro mini-veículo espacial depois de se ter juntado à corrida global para fazer foguetões reutilizáveis.
O veículo foi, segundo se disse, desenvolvido com um orçamento de apenas 14 milhões de dólares, uma fracção dos milhares de milhões de dólares gastos por outros programas espaciais de outros países.
Em 2013, a Índia enviou um foguetão sem tripulação para a órbita de Marte com um custo de apenas 73 milhões de dólares.
A missão bem-sucedida foi um grande orgulho na Índia, que ultrapassou a rival China ao tornar-se o primeiro país asiático a alcançar o planeta vermelho.

23 Jun 2016

China e Polónia com ligação ferroviária

Xi e Duda juntaram-se para esperar o comboio que agora liga a China à Polónia. Uma viagem de quase duas semanas que substitui mais de um mês por mar. Mais um passo no mapa “Uma Faixa, Uma Rota” e uma oportunidade para trincarem umas maçãs polacas, que a Rússia não quis e a China compra

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, e o seu homólogo polaco, Andrzej Duda, saudaram na segunda-feira a chegada a Varsóvia de um comboio de mercadorias chinês, simbolizando o reforço da cooperação económica entre os dois países.
Os dois estadistas assistiram lado a lado ao fim da travessia de 13 dias do China Railway Express, que partiu de Chengdu, capital da província de Sichuan.
Cerca de 20 comboios de mercadorias fazem semanalmente a viagem entre a China e a Polónia, transportado produtos electrónicos, alimentos, bebidas alcoólicas e peças para automóveis.
Lançada em 2013, a viagem demora entre 11 e 14 dias, uma fracção do tempo despendido pelo transporte marítimo, que é feito entre 40 e 50 dias.
Trata-se de uma das mais extensas ligações ferroviárias do mundo e faz parte da iniciativa chinesa “nova Rota da Seda”, um gigantesco plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste asiático.

Maçã polaca é boa

Especialistas consideram que Varsóvia quer utilizar a ligação para corrigir um crónico desequilibro na balança comercial, reforçando as exportações de produtos agrícolas, como leite, carne e maçãs.
A Polónia é o maior parceiro comercial da China no leste da Europa e, em 2015, as trocas comerciais somaram 15,2 mil milhões de euros, segundo dados oficiais chineses.
Xi e Duda mastigavam também uma rosada maçã polaca, à medida que o comboio chegava.
A Polónia, um dos maiores produtores de maçãs da União Europeia, tem sido gravemente afectada pela decisão da Rússia de proibir a importação de frutas do país, como retaliação às sanções impostas pela União Europeia a Moscovo, em 2014, devido à crise na Ucrânia.
Os acordos assinados durante a visita de Xi permitem ao país começar a exportar maçãs para a China.

Olhai para o BAAI

Xi Jinping urgiu ainda a Polónia a “tirar máximo proveito da sua posição como membro fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas” (BAAI).
Visto inicialmente em Washington como um concorrente ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), duas instituições sediadas nos EUA e habitualmente lideradas por norte-americanos e europeus, o BAAI acabou por suscitar a adesão de mais de vinte países fora da Ásia, incluindo Portugal.
Das grandes economias mundiais, apenas os EUA e o Japão ficaram de fora.
Referindo-se ao BAAI como o “maior fundo de investimentos do mundo”, o vice primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, disse aos jornalistas que Varsóvia está a discutir “investimentos enormes” com Pequim.
“É ainda cedo para dizer que chegamos a algum tipo de conclusão”, afirmou, revelando apenas que estão envolvidos “milhares de milhões”.
Lusa|HM

22 Jun 2016

Director de banco chinês suspenso após vergastar funcionários

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m vídeo com funcionários de um banco chinês a levarem vergastadas devido a má prestação numa sessão de treino tornou-se viral, despertando indignação popular e a suspensão do director do banco, avançou ontem a imprensa local.
O vídeo mostra oito empregados – quatro mulheres e quatro homens – alinhados num palco e a serem questionados pelo homem porque é que tinham ficado em últimos numa competição.
Depois de ter ouvido respostas como “falhei em superar-me a mim próprio” e “falta de coesão”, o director berra: “Preparem esses rabos!” e desata a bater-lhes com o que parece ser um espesso pau de madeira.
Uma das mulheres, que se tenta proteger com as mãos, é ordenada que as retire, e grita ao ser atingida.
Os jornais chineses citaram ainda empregados do Changzhi Zhangze Rural Commercial Bank, que pediram para não serem identificados, e que dizem que outros funcionários foram forçados a rapar o cabelo como castigo.
O vídeo suscitou reacções furiosas depois de ter sido colocado ‘online’ no domingo.
O instrutor “deve ser doente”, comentou um internauta no Sina Weibo, o Twitter chinês, afirmando que os trabalhadores apenas têm uma relação de contratado e contratador com o banco.
“Eles não são escravos dos tempos antigos”, afirmou.
Outro internauta acusou o homem de ser um pervertido e defendeu que os “funcionários têm dignidade”.
O Beijing Times avançou na terça-feira que altos quadros locais, incluindo o director e o chefe do Partido Comunista no banco, uma instituição de crédito rural em Changzhi, na província de Shanxi (norte), foram suspensos por terem falhado “em controlar o programa de treino”.
As autoridades locais exigiram também ao instrutor, contratado a uma consultora de Xangai, para que peça desculpas publicamente “pelo seu comportamento inapropriado”.
 

22 Jun 2016

Banco de investimento revê crescimento em baixa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] China International Capital Corp. (CICC), um dos principais bancos de investimento da China, reviu ontem em baixa a previsão do crescimento do país, em 2016, de 6,9% para 6,7%, segundo a agência oficial Xinhua.
O ajustamento “deve-se, sobretudo, a uma recuperação da economia mundial mais lenta do que o previsto”, afirmou a instituição, em comunicado.
A mesma nota refere que o índice de consumo deverá manter-se “estável”, enquanto “o investimento público deve crescer acima do investimento privado”.
Já as exportações continuarão “débeis” na segunda metade do ano, devido “a incertezas políticas na Europa e nos Estados Unidos da América”.
O CICC prevê ainda que a inflação se mantenha nos 1,9%, em 2016, com o índice de preços ao consumidor a registar uma tendência negativa nos próximos meses, antes de recuperar no final do ano.
“Nós mantemos a nossa previsão de que as taxas de juro não sofrerão mais cortes, em 2016, e reduzimos a previsão de cortes no coeficiente de reservas obrigatórias de quatro para um”, lê-se no comunicado.

21 Jun 2016

Hong Kong | Governo mostra preocupação no caso dos livreiros

Há muito se esperava que CY Leung dissesse alguma coisa sobre os livreiros raptados pela China. Finalmente, após Lam Chun-Win ter revelado à imprensa os pormenores do seu ordálio, o chefe prometeu rever o regime de notificações das autoridades da China às de Hong Kong e que, se for necessário, mandará funcionários acompanhar o caso no continente

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe do Executivo de Hong Kong falou ontem pela primeira vez sobre a detenção na China de um dos livreiros desaparecidos em 2015 e assegurou que vai transmitir a Pequim a sua preocupação com o sucedido.
Leung Chun-ying explicou que vai escrever ao Governo Central depois de Lam Wing-kee ter assegurado, na semana passada, que foi sequestrado por uma unidade de agentes chineses quando se encontrava em visita à cidade de Shenzhen e que foi detido durante oito meses, com todas as comunicações cortadas, informa a emissora pública RTHK.
Lam assegurou que foi forçado a assinar um documento em que prescindia de um advogado ou de contactar familiares e que também foi obrigado a gravar uma confissão falsa para ser transmitida na televisão, em que dizia que tinha feito chegar livros proibidos à China.
O Chefe do Executivo de Hong Kong, que regressou ontem de umas férias de nove dias, indicou também que será revisto o mecanismo através do qual as autoridades da China devem notificar as de Hong Kong sobre a detenção dos seus residentes noutras partes do país.
Caso seja necessário, Leung garantiu que enviará funcionários do seu Governo para seguir o caso na China.

Cuidado com a China

Lam foi libertado sob a promessa de que voltaria para entregar às autoridades chinesas um disco rígido com informação sobre os clientes da sua livraria, Causeway Bay. O livreiro decidiu não responder a esta exigência e optou por revelar, numa conferência de imprensa, as condições a que foi submetido durante os meses em que esteve detido.
CY Leung explicou que a polícia local contactou Lam e afirmou que será garantida a sua segurança. O livreiro recusou pedir asilo político noutros países, segundo informou o deputado Albert Ho.
Lam e outros quatro livreiros ligados à livraria Causeway Bay e à editora Mighty Current desapareceram entre Outubro e Dezembro do ano passado e reapareceram sob custódia das autoridades da China.
Quatro deles foram libertados, mas Gui Minhai, que também tem passaporte sueco, continua nas mãos das autoridades depois de ter desaparecido na Tailândia.
Numa entrevista ao South China Morning Post, Lam, o único que falou sobre o que aconteceu, disse que as autoridades chinesas planeiam condenar Gui entre Setembro e Dezembro deste ano e deixar os restantes “sem castigo”.
Tudo indica que o que está em causa são os livros em que a editora de Gui se especializava, com detalhes da vida privada dos líderes chineses, incluindo o Presidente Xi Jinping, sobre quem estava a ser preparado um relato sobre as suas amantes, segundo especialistas consultados pela agência de notícias Efe.

21 Jun 2016

Disputa de patentes ameaça Apple em Pequim

As ideias de expansão ilimitada da Apple na China sofreram mais um abalo. Depois da inibição aos serviços iBooks e iTunes Movies chega agora a proibição de vender Iphones 6 e 6S em Pequim, em virtude da queixa de uma pequena empresa de Shenzhen que acusa a Apple de… infracção de patentes. A decisão do tribunal é vista como mais um ataque às empresas ocidentais que operam no país

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Shenzhen Baili, uma “startup” chinesa pouco conhecida, conseguiu proibir a venda do iPhone 6 e iPhone 6 Plus da Apple em Pequim na Justiça, devido a uma patente do design do smartphone. A Apple informou na sexta-feira que entrou com pedido de recurso e, enquanto ele tramita, as vendas não serão afectadas.
A decisão é um exemplo dos desafios crescentes que as empresas ocidentais enfrentam na China, à medida que as empresas chinesas se transformam em concorrentes mais fortes e os reguladores aumentam a pressão para que as firmas estrangeiras se adaptem às regras de Pequim.
A empresa que desafiou a Apple, a Shenzhen Baili, é quase desconhecida fora da China e nem sequer tem um website. Shenzhen Baili parece ser outro nome para a Digione, startup de smartphones mais conhecida, parecida com a Xiaomi, que fabrica telemóveis baratos.
Não foi possível esclarecer a relação legal entre a Digione e a Shenzhen Baili, embora o mesmo homem, Xu Guoxiang, seja citado como presidente executivo das duas empresas e ambas apareçam nos documentos legais do caso. Xu foi director de marketing da fabricante chinesa Huawei Technologies antes de fundar a Digione em 2006, segundo a análise do seu perfil on-line.
Em 2013, a empresa chinesa de internet Baidu tornou-se a maior investidora da Digione, segundo duas pessoas a par do assunto. O apoio de uma das empresas de tecnologia mais poderosas da China pode ajudar a explicar como uma startup pouco conhecida foi capaz de ganhar um caso de propriedade intelectual contra uma das empresas de tecnologia mais avançadas do mundo. O fundador da Baidu, Robin Li, é representante do comité de consultoria política do governo central.

Proteccionismo pode influenciar

A Apple vai enfrentar uma batalha dura neste caso, disse Edward Lehman, advogado de patentes de Pequim, porque já fracassou na tentativa de invalidar a patente da Shenzhen em 2015.
O escritório de propriedade intelectual municipal de Pequim concedeu a ordem de retirada dos iPhones do mercado à Shenzhen Baili, que se aplica somente a Pequim, depois de decidir que o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus infringem sua patente, segundo comunicado do site do escritório datado de 19 de Maio. Não está claro quando é que o comunicado foi publicado on-line, pois apenas na semana passada foi detectado pelos média chineses. Uma recepcionista do escritório de propriedade intelectual de Pequim disse na sexta à noite que não havia ninguém disponível para responder a perguntas.
Steve Milunovich, analista do banco suíço UBS, disse, em nota, que os receios em relação à proibição são “provavelmente exagerados”, mas salientou os riscos que a Apple enfrenta a longo prazo. “O governo pode decidir a favor de fornecedores locais.”

O que é nacional é bom

Com o governo do presidente Xi Jinping, a China adoptou uma visão mais rigorosa sobre tecnologia e conteúdo. As empresas chinesas estão a aprender a tirar vantagens do sistema interno de patentes ainda em amadurecimento, reivindicando patentes mesmo que não tenham sido elas as primeiras a desenvolver a tecnologia, diz Erick Robinson, advogado especializado em patentes para a Ásia e Oceânia da firma de advocacia Rouse China. “Ainda é relativamente raro que empresas chinesas ataquem rivais ocidentais com sucesso, mas vamos ver cada vez mais isso acontecer.”
A decisão sobre as patentes é o mais recente desafio para a Apple na China, o seu maior mercado fora dos Estados Unidos. Depois de anos de crescimento rápido, as vendas de iPhones caíram na China no trimestre encerrado a 26 de Março, contribuindo para o primeiro declínio na receita trimestral da Apple em 13 anos. Em Abril, a China fechou os serviços iBooks e iTunes Movies da Apple, com os reguladores a afirmarem que não tinham as licenças necessárias, segundo fontes próximas.


Wall Street Journal

21 Jun 2016

China | Inédita aldeia democrática protesta por detenção do chefe

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilhares de manifestantes apelaram no domingo à libertação do chefe local na localidade chinesa de Wukan, que em 2012 elegeu o comité de aldeia através de eleições por sufrágio directo, após uma rebelião popular, numa experiência inédita na China.
Lin Zulian foi detido por alegado desvio de fundos públicos, dias após ter anunciado nas redes sociais que iria organizar uma petição ao governo local contra a apropriação ilegal de terras.
No domingo, os manifestantes percorreram as ruas da aldeia, exigindo a libertação de Lin, segundo descreve a imprensa chinesa.
Os manifestantes acreditam que as acusações contra Lin foram “fabricadas”, visando impedir a aldeia de avançar com a petição.
Com 15.000 habitantes, aquela localidade costeira do sul da China foi notícia em 2012, quando protagonizou uma das mais celebradas experiências democráticas da China.
Após uma rebelião popular, que culminou com a demissão dos líderes locais, acusados de corrupção, elegeu um novo comité de aldeia por sufrágio directo.
Lin Zulian, que encabeçou os protestos, foi nomeado chefe local com 6.205 votos, num total de 6.812 eleitores, substituindo um homem de negócios que era acusado de roubar terras para as vender a promotores. Em 2014, foi reeleito com 5.000 de 8.000 votos possíveis.

A culpa é dos estrangeiros

Em editorial, um jornal oficial do Partido Comunista da China (PCC) considera ontem que o caso de Wukan foi “politizado” por observadores estrangeiros, que o “associaram à democracia de base e às relações entre autoridades e o povo”.
“É uma visão simplista. O ponto crucial do problema em Wukan são as disputas em torno das terras e propriedade”, escreve o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, órgão central do PCC.
O jornal reconhece que os residentes em Wukan “não tinham confiança no comité anterior”, mas que “as disputas não podem ser resolvidas meramente através de meios democráticos”.
“As disputas em Wukan serão eventualmente resolvidas de acordo com a lei e apenas as exigências legítimas dos aldeões poderão ser atendidas”, defende.
Na China, um país onde o “papel dirigente” do PCC é um “princípio cardial”, só os comités de aldeia são escolhidos por sufrágio directo, em eleições competitivas.
Em Wukan, no entanto, até à rebelião de 2011, os membros do comité eram escolhidos pelos dirigentes comunistas, à porta fechada.

21 Jun 2016

Inquérito | Mais de 60% das famílias ricas chinesas querem emigrar

São ricos e sonham emigrar para Portugal, Estados Unidos ou Canadá. As restrições à fuga de capitais contornam-se muitas vezes recorrendo ao mundo offshore

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma pesquisa recente do Banco da China revelou que 60% dos chineses com uma fortuna superior a 1,3 milhões de euros (quase 12 milhões de patacas) estão no processo de emigrar ou a considerar fazê-lo. Estados Unidos da América e Canadá são os destinos de eleição, mas desde o início da crise na zona euro vários países europeus criaram programas destinados a atrair esta imigração “dourada”. Portugal não é excepção. Os cidadãos chineses compõem 87% dos estrangeiros que investem no âmbito da Autorização de Residência para Investimento (ARI) – os chamados vistos ‘Gold’ – instituída em 2012.
“Querem levar os filhos para fora daqui”, explicou à Lusa o advogado português Tiago Mateus, que presta em Pequim serviços de consultoria para investidores chineses. “Acima de tudo, procuram países sem poluição e com mais liberdades”, disse. No caso de Portugal, são ainda atraídos pela “hospitalidade dos portugueses”, o “livre acesso ao Espaço Schengen” e a “segurança”.
O abrandamento económico, a actual volatilidade no mercado financeiro e a campanha anti-corrupção actualmente em curso no país estimularam ainda mais o desejo de adquirir activos além-fronteiras. “Sentem-se agora mais seguros com o dinheiro na Europa”, disse Mateus.
No último ano e meio, o país asiático registou uma fuga de capitais privados recorde, estimada pela agência de ‘rating’ Fitch em um bilião de dólares. Pequim limita a quantia que pode ser transferida além-fronteiras, anualmente, por pessoa, a 50.000 dólares, mas existem formas (legais ou não) de contornar as restrições.
Segundo vários empresários ouvidos pela Lusa, pedir a familiares ou amigos para transferirem parte do dinheiro será a via mais utilizada. Um outro esquema recorre ao sistema financeiro Hong Kong, mais aberto e desregulado do que o da China continental. Através da subfacturação de bens exportados a partir do território ou da subvalorização das importações, é possível obter dinheiro extra em moedas estrangeiras junto dos bancos chineses. O capital é depois depositado em contas “offshore” registadas localmente, e a partir daí movimentado para qualquer parte do mundo.
Junto segue, mais tarde, a família, na procura por uma qualidade de vida que, na China, nem o dinheiro pode comprar.

Problemas de Terceiro Mundo

Na China, o êxodo de famílias abastadas para o ocidente é um fenómeno em crescimento, expondo as contradições de um país onde, apesar do sucesso económico ímpar, persistem problemas ‘terceiro-mundistas’ e um Estado autoritário. Durante as últimas três décadas, a economia chinesa avançou, em média, quase 10% ao ano, tornando-se a segunda maior do mundo.
No entanto, a corrupção, níveis de poluição, e escândalos de saúde pública terão aumentado ainda mais. As principais cidades do país, repletas de arranha-céus e equipadas com modernas infra-estruturas, são regularmente cobertas por um espesso manto de poluição. Fragilidades internas, como a recente descoberta de uma rede de venda ilegal de vacinas, parecem também obscurecer a rápida ascensão internacional do país.
Em 2008, ano em que Pequim acolheu uma memorável edição dos Jogos Olímpicos, por exemplo, a adulteração de leite infantil com melanina por 22 marcas locais resultou na morte de seis bebés e em 300 mil intoxicações. Perante estes paradoxos, a estagnação económica que afecta o ocidente parecerá um mal menor para as classes abastadas do país.

20 Jun 2016