Economia | Li Qiang pede fim de “politização” em reunião com Von der Leyen

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, apelou à União Europeia para não “politizar nem transformar em questões de segurança” as divergências comerciais e de investimento, num encontro com a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen.

Li recordou que tanto a reunião de Julho, em Pequim, entre os dois líderes e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, como a cimeira China – União Europeia então realizada serviram para alcançar consensos, que agora devem ser postos em prática, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

O governante chinês considerou que a relação bilateral se manteve ao longo de cinco décadas, apesar das mudanças internacionais, graças ao “diálogo fluido” e à procura de soluções para as diferenças.

Li defendeu que Bruxelas cumpra os compromissos de manter abertos os mercados de comércio e investimento e reiterou a rejeição de Pequim a que divergências económicas sejam transformadas em instrumentos políticos ou de segurança. “China e UE devem centrar-se nos interesses comuns e ampliar a cooperação em benefício de ambas as partes”, afirmou, segundo a nota divulgada pela Xinhua.

Von der Leyen salientou que, como duas das principais economias do mundo, a União Europeia e a China têm a responsabilidade de reforçar o diálogo, “aumentar a compreensão mútua” e avançar na cooperação em áreas como o comércio, o investimento, o ambiente e a luta contra as alterações climáticas.

O encontro decorreu num contexto de tensões comerciais, marcado pelas tarifas aplicadas por Bruxelas a veículos eclétricos chineses e pelas investigações contra produtos agroalimentares europeus, questões que em Julho impediram um maior avanço político na cimeira de Pequim.

26 Set 2025

Tarifas | China pede a empresas que evitem guerras de preços nos EUA

A China apelou às suas empresas que operam nos Estados Unidos para evitarem prolongar guerras de preços, num sinal da vontade de Pequim em preservar a trégua comercial alcançada com Washington. O ministro do Comércio, Wang Wentao, transmitiu a mensagem num encontro em Nova Iorque com representantes de 10 empresas chinesas de sectores como comércio electrónico, telecomunicações e componentes automóveis, segundo um comunicado divulgado ontem pela tutela.

Wang recordou que os dois países “alcançaram uma série de consensos importantes após várias rondas de consultas económicas e comerciais” e disse esperar que as empresas “compreendam a situação e respondam positivamente”.

O ministro apelou ainda à rejeição da chamada “involução interna e externa”, termo usado na China para descrever uma competição excessiva que resulta de sobrecapacidade e que leva a esforços desmedidos com retornos decrescentes. Em Julho, o Partido Comunista Chinês já tinha assumido o compromisso de reforçar o controlo sobre sectores com excesso de capacidade e regular práticas de governos locais na atracção de investimento.

As declarações de Wang reflectem a tentativa de manter em curso a melhoria das relações com Washington, mas também o reconhecimento dos riscos associados à escalada das exportações para outros mercados. Durante a guerra comercial com os EUA, as exportações da China para Índia, África e Sudeste Asiático aumentaram de forma significativa, suscitando receios de impactos negativos nas indústrias locais.

Em Nova Iorque, Wang prometeu que a China “se empenhará em estabilizar a cooperação económica e comercial sino-americana, salvaguardar firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas e criar um bom ambiente para a cooperação mutuamente benéfica entre empresas dos dois países”.

26 Set 2025

Clima | Xi Jinping anuncia compromissos na luta contra crise global

O presidente chinês anunciou hoje novos compromissos do país na luta contra a ruptura climática global, incluindo reduzir as emissões de gases com efeito de estufa entre 7 a 10 por cento até 2035, em relação aos números actuais.

“A China vai reduzir as suas emissões líquidas de gases com efeito de serra no conjunto da sua economia de 7 a 10 por cento em relação ao nível do pico”, que ainda é desconhecido, mas pode ser atingido este ano, disse Xi Jinping, na sua intervenção, transmitida por vídeo, na cimeira sobre o clima que decorre na ONU. “A transição verde e de baixo carbono é a tendência da nossa época”, sustentou. “Se bem que alguns países actuem contra ela, a comunidade internacional deve manter o seu rumo”.

Até hoje, a China nunca se tinha comprometido com um número exacto de curto ou médio prazo. Agora atribui-se como meta alcançar a neutralidade carbónica até 2060 e promete que o seu máximo de emissões será alcançado antes de 2030, o que parece estar em vias de conseguir já em 2025, graças ao sucesso da fileira solar e das viaturas eléctricas.

Entre os novos compromissos chineses para o horizonte 2035 estão também o aumento da parte das energias não fósseis no consumo total de energia acima de 30 por cento. A Agência Internacional de Energia quantificou a parte das renováveis em 12 por cento no ano de 2021. Outro compromisso é o de multiplicar por seis a capacidade instalada de energia eólica e solar, em relação a 2020, para chegar a 3.600 GW, acima dos 1.400 GW de hoje.

Xi mencionou ainda o crescimento dos veículos eléctricos e a extensão do mercado de carbono e da superfície florestal. “Estes objectivos representam os melhores esforços da China, segundo as exigências do Acordo de Paris. Atingir estes objectivos precisa de esforços rigorosos da China, bem como de um ambiente internacional aberto e de apoio”, acentuou.

Uma réplica

A organização ambientalista Greenpeace considerou ontem que as novas metas climáticas da China para 2035 “ficam aquém” dos objectivos globais, embora admita que a descarbonização efectiva do país possa avançar além do apresentado por Pequim.

“A meta para 2035 oferece poucas garantias de manter o planeta seguro, mas o esperançoso é que a descarbonização real da economia chinesa provavelmente exceda o que está no papel”, afirmou Yao Zhe, conselheira de políticas globais da Greenpeace East Asia. Segundo a especialista, “a quantidade de energia eólica e solar que está a entrar na matriz energética” sustenta essa expectativa.

Em comunicado, a ONG sublinhou que a actual expansão das renováveis e o papel da China em soluções para transições energéticas noutros países estabelecem uma “base” para um “eventual reforço” das metas.

“No fim de contas, os factos falam mais alto do que as palavras. Mas sinais políticos firmes e consistentes são um catalisador insubstituível”, disse Yao, acrescentando que “os avanços empresariais e tecnológicos, por si só, não bastam” e defendendo a utilidade de objectivos orientadores, tanto para a transição interna como para a acção climática global.

A Greenpeace apelou a Pequim para “manter a porta aberta” a ajustar as metas “com bastante prontidão”, alertando que “esperar outros cinco anos será demasiado tarde”. Este mês, organizações como a própria Greenpeace tinham já assinalado que o avanço das renováveis e da electrificação está a reconfigurar o sistema energético da China, o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa.

Entre 2015 e 2023, a utilização de combustíveis fósseis no consumo final caiu 1,7 por cento, enquanto a procura eléctrica aumentou 65 por cento. Só na primeira metade de 2025, a capacidade eólica cresceu 16 por cento e a solar 43 por cento, e no ano terminado em Junho a soma de ambas superou pela primeira vez a produção hídrica, nuclear e de bioenergia combinadas, segundo relatórios da Greenpeace e da organização Ember.

De acordo com a Ember, a redução prevista do uso de combustíveis fósseis na China, combinada com a expansão global das tecnologias limpas favorecida pela descida de custos, “pode inclinar a balança” para um declínio estrutural da procura mundial de carvão, petróleo e gás.

A respectiva tréplica

A China afirmou ser “o país mais determinado, enérgico e eficaz do mundo” no cumprimento das metas de redução de emissões, após o anúncio de novos objectivos climáticos feito pelo Presidente Xi Jinping na ONU.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Guo Jiakun destacou em conferência de imprensa que “é a primeira vez que a China propõe uma meta absoluta de redução de emissões, abrangendo toda a economia e todos os gases com efeito de estufa”.

Segundo Guo, “a determinação e as acções da China para enfrentar activamente as alterações climáticas tornaram-na constantemente o país mais decidido, enérgico e eficaz no cumprimento dos seus compromissos”. “Continuaremos a defender o conceito de uma comunidade com futuro partilhado para a humanidade e a fazer todos os esforços para implementar os nossos objectivos”, acrescentou.

O porta-voz citou Xi Jinping, que, numa mensagem em vídeo dirigida à cimeira do clima realizada à margem da Assembleia Geral da ONU, admitiu que cumprir as metas “representa um esforço árduo para a China” e exige “um ambiente internacional sólido e aberto”. “Estamos dispostos a cooperar com todas as partes para promover a cooperação internacional em matéria de alterações climáticas e impulsionar a implementação plena e eficaz do Acordo de Paris”, disse Guo.

26 Set 2025

Procurados 124 desaparecidos em Taiwan após super tufão Ragasa

Equipas de socorro estavam ontem a tentar estabelecer contacto com 124 pessoas desaparecidas em Taiwan após o transbordamento de um lago, devido à passagem do super tufão Ragasa, a mais poderosa tempestade registada no planeta em 2025. O Centro de Resposta a Desastres taiwanês, citado pela agência de notícias oficial CNA, indicou que todos os desaparecidos têm moradas registadas na região de Hualien, no leste da ilha.

As equipas de busca, incluindo bombeiros, militares e socorristas especializados, estão a realizar verificações porta-a-porta com o objectivo de estabelecer contacto com todos os residentes ao longo do dia. Pelo menos 14 pessoas morreram no leste de Taiwan, na sequência do transbordamento de um lago natural que inundou a cidade de Guangfu, consequência das intensas chuvas provocadas pelo super tufão Ragasa.

O comandante adjunto do Centro, Hsiao Huan-chang, explicou que a torrente de água está tão saturada de lama que “os veículos mal conseguem chegar”, o que exigiu “a mobilização de um grande número de militares, polícias e bombeiros”. O corpo de bombeiros local explicou que, das 14 vítimas mortais, a maioria eram idosos que viviam no rés-do-chão dos edifícios de Guangfu, o município mais afectado pelas inundações.

De acordo com as autoridades locais, o transbordamento do lago ocorreu na tarde de terça-feira, quando a barragem natural do afluente do riacho Matai’an cedeu e libertou um grande fluxo de água carregada de lama e detritos. A enchente destruiu uma ponte sobre um riacho e inundou rapidamente o centro urbano de Guangfu, onde várias ruas ficaram submersas até o nível dos telhados em algumas áreas.

Imagens divulgadas pela comunicação social local mostram moradores a subir aos telhados e veículos à espera de auxílio enquanto a água cobre grandes áreas do município.

Ordens de evacuação

Horas antes, as autoridades tinham alertado que o lago natural, localizado na localidade vizinha de Wanrong, poderia transbordar, o que levou a ordens de evacuação, limpeza do leito e reforço da vigilância. O condado de Hualien está entre os mais afectados pelas chuvas associadas à passagem do super tufão Ragasa, que manteve em alerta grande parte do sudeste da China e de Taiwan.

25 Set 2025

Filipinas | Novo ciclone tropical a caminho após passagem do Ragasa

O ciclone tropical Bualoi ganhou ontem força ao deslocar-se em direcção às Filipinas, onde deverá chegar amanhã, três dias depois do super tufão Ragasa ter causado, pelo menos, 10 vítimas mortais no arquipélago

 

O Bualoi estava ontem a 815 quilómetros a nordeste da ilha de Mindanau, no sul do mar das Filipinas, com rajadas de vento até 105 quilómetros por hora, informou a agência meteorológica do arquipélago, PAGASA. A PAGASA disse que o ciclone continuará a intensificar-se” e “poderá atingir o estatuto de tufão antes de atingir a região de Bicol”, no centro das Filipinas, na tarde de sexta-feira.

Depois de atravessar o arquipélago, o ciclone Opong, como é conhecido nas Filipinas, deverá seguir em direcção à capital, Manila, acrescentou a agência, no mais recente boletim. Para já as autoridades das Filipinas emitiram apenas o aviso mínimo para ventos fortes na região central de Visayas. No entanto, as aulas presenciais continuaram ontem suspensas em várias províncias do norte do país, ainda devido ao impacto da passagem do super tufão Ragasa, na terça-feira.

A passagem pelas Filipinas do Ragasa, a mais poderosa tempestade registada no planeta em 2025, causou pelo menos dez mortos, de acordo com o último balanço divulgado ontem pelas autoridades do arquipélago. O anterior balanço do Conselho Nacional de Redução e Gestão de Riscos de Desastres das Filipinas apontava para quatro vítimas mortais e 11 feridos devido a inundações e deslizamentos de terra no norte do país.

Sete pescadores afogaram-se depois de um barco ter virado, devido a ondas altas e ventos fortes, ao largo da cidade de Santa Ana, no norte da província de Cagayan (nordeste). As autoridades provinciais reportaram a existência de outros cinco pescadores desaparecidos na sequência do incidente, ocorrido na segunda-feira.

Quase 700 mil pessoas foram afectadas pela passagem do super tufão Ragasa pela ilha de Luzon, incluindo 25 mil residentes que se protegeram em abrigos de emergência do governo.

Chegada a terra

Quase 1,9 milhões de pessoas foram realojadas na província de Guangdong, no sul da China, que faz fronteira com Hong Kong e Macau, informou a televisão estatal chinesa CCTV. Tanto a China continental como as duas regiões administrativas especiais chinesas elevaram esta madrugada o nível de alerta para o mais elevado. Hong Kong registou 56 feridos enquanto em Macau foram apenas seis feridos.

A agência meteorológica chinesa previu que o super tufão atingirá a costa entre as cidades de Taishan e Zhanjiang entre a tarde e a noite de ontem. Escolas, fábricas e serviços de transportes públicos foram suspensos em cerca de uma dezena de cidades no sul da China. Os tufões são fenómenos meteorológicos recorrentes no sudeste da China, em Taiwan e nas Filipinas durante o Verão e o Outono, quando as águas quentes do Oceano Pacífico levam à formação de ciclones.

25 Set 2025

Ucrânia | Pequim alega posição imparcial sobre guerra após críticas

A China afirmou ontem que a sua posição sobre a guerra na Ucrânia é “objectiva e imparcial”, após o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter pedido a Pequim e Washington que pressionem Moscovo a aceitar um cessar-fogo.

“O nosso país sempre foi aberto e transparente relativamente à crise ucraniana”, declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, em conferência de imprensa. Segundo o diplomata, desde o início do conflito, “a China manteve uma posição objectiva e imparcial, insistindo em promover a paz e o diálogo”. “Todas as partes envolvidas têm consciência disso”, acrescentou.

Na terça-feira, Zelensky apelou em particular à China e aos Estados Unidos para que exerçam a sua influência sobre Moscovo com vista a forçar um cessar-fogo que ponha fim à guerra, que já dura há três anos e meio, perante a incapacidade da ONU em condicionar o rumo do conflito.

Durante uma sessão do Conselho de Segurança dedicada ao tema, o chefe de Estado ucraniano afirmou que “a Rússia depende por completo da China”. “Se a China realmente quisesse parar esta guerra, poderia obrigar Moscovo a acabar com a invasão, porque sem a China a Rússia de Putin não é nada. Porém, com demasiada frequência, a China mantém-se distante e em silêncio, em vez de procurar a paz”, acusou.

25 Set 2025

OMC | China abdica de tratamento especial como país em desenvolvimento

A China vai abdicar do tratamento especial que recebe enquanto país em desenvolvimento nas negociações “presentes e futuras” no seio da Organização Mundial do Comércio, anunciaram ontem fontes oficiais em Pequim

 

A decisão foi confirmada pelo vice-ministro do Comércio e representante para o Comércio Internacional da China, Li Chenggang, durante uma conferência de imprensa, após ter sido antecipada pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, à margem da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

Li Chenggang lamentou o “recente ressurgimento do proteccionismo e do unilateralismo”, criticando em particular “a imposição arbitrária de tarifas por parte de um certo país”, numa alusão aos Estados Unidos. Segundo Li, a “autoridade e eficácia das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) estão a ser colocadas à prova e os interesses de um grande número de países em desenvolvimento estão a ser gravemente prejudicados”.

Neste contexto, a decisão da China de renunciar ao tratamento especial que lhe cabe enquanto país em desenvolvimento “representa um passo significativo no firme compromisso do país com a defesa do sistema multilateral de comércio e a implementação activa de iniciativas globais de desenvolvimento e governação”, disse o responsável.

“Apesar disso, a China continua a ser o maior país em desenvolvimento do mundo. O seu estatuto e identidade enquanto tal não mudaram”, sublinhou Li, acrescentando que Pequim “continuará a defender o sistema multilateral de comércio e a participar plena e profundamente na reforma da OMC e na adaptação das regras económicas e comerciais internacionais”.

Sinal claro

Na mesma ocasião, o director do Departamento de Assuntos da OMC do Ministério do Comércio Han Yong afirmou que a decisão da China “vai criar novas oportunidades e um novo impulso para a cooperação económica e comercial global”. Segundo Han, o anúncio “envia um sinal claro para que os principais países assumam as suas responsabilidades e para que todas as partes trabalhem em conjunto com solidariedade e cooperação”.

“A OMC precisa urgentemente de uma reforma para desempenhar melhor o seu papel”, defendeu Han, que destacou o multilateralismo como “a única opção viável para enfrentar os desafios globais”. A directora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, reagiu à decisão numa publicação na rede social X, considerando tratar-se da “culminação de muitos anos de trabalho árduo” e felicitando a China pela “iniciativa neste domínio”.

Nos últimos anos, países como os Estados Unidos têm criticado o tratamento preferencial concedido a grandes economias como a chinesa, devido ao seu estatuto de país em desenvolvimento, que permite maior flexibilidade na imposição de tarifas ou na concessão de subsídios às indústrias nacionais.

O anúncio das autoridades chinesas surge num contexto de tensões comerciais crescentes a nível global, após a guerra de tarifas desencadeada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, no passado mês de Abril.

25 Set 2025

Shenzhen suspende comboios, voos e aulas devido ao supertufão Ragasa

A cidade de Shenzhen vai suspender o tráfego ferroviário e aéreo e encerrar as escolas a partir de hoje, perante a chegada iminente do supertufão Ragasa, que ameaça ser o mais potente do ano no sul da China. As autoridades locais anunciaram que todas as escolas primárias, secundárias e jardins-de-infância permanecerão encerradas entre hoje e quarta-feira, enquanto o aeroporto internacional deixará de operar hoje a partir das 20h.

Os comboios com partida ou destino para Shenzhen, uma metrópole com mais de 17 milhões de habitantes, serão progressivamente cancelados a partir do meio-dia de hoje, estando a retoma das operações prevista apenas para quinta-feira. Cerca de 400 mil pessoas estão a ser evacuadas preventivamente de áreas de risco, indicaram ainda as autoridades da cidade.

Ragasa, que atingiu a categoria de supertufão no domingo, poderá tornar-se o ciclone mais severo a atingir Shenzhen desde 2018, com ventos até 260 quilómetros por hora e precipitação acumulada de 300 milímetros, o que levou à ativação de mecanismos de emergência adicionais. Especialistas alertaram para riscos acrescidos devido à coincidência com marés altas, elevando a ameaça de inundações em zonas baixas.

Em toda a província de Cantão, incluindo cidades do delta do rio das Pérolas como Zhuhai, Dongguan ou Zhongshan, e ainda Hong Kong e Macau, estão a ser adotadas medidas semelhantes de suspensão de aulas, atividades laborais e transportes. Até à tarde de segunda-feira, as autoridades marítimas tinham ordenado o regresso a porto de mais de 10 mil embarcações e a suspensão de quase 400 rotas de navios, além do reforço das infraestruturas portuárias e rodoviárias.

A China mantém activada uma resposta nacional de emergência, com o destacamento de mais de 30 mil operacionais para assegurar o fornecimento de bens essenciais e prestar apoio em eventuais operações de resgate. Ragasa é a 18ª tempestade tropical formada este ano no Pacífico e deverá tocar terra na quarta-feira na costa central ou ocidental da província de Cantão, antes de perder intensidade à medida que avança para o interior.

A actual temporada de tufões na China já foi marcada por episódios como Wipha, que causou fortes chuvas e evacuações no sul do país, e Wutip, que afetou mais de 180 mil pessoas na província de Guangdong após um atraso superior a dois meses face ao início habitual da época, atribuída por especialistas a padrões anómalos de alta pressão e alterações no regime das monções.

23 Set 2025

Reino Unido e França advertem Israel sobre possíveis retaliações

Depois de ter reconhecido o Estado da Palestina este domingo, o Reino Unido veio alertar Israel sobre qualquer retaliação. O governo francês seguiu a mesma linha, antecipando o discurso de Macron.

A ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Yvette Cooper, alertou ontem o Governo israelita contra qualquer retaliação ao reconhecimento do Estado da Palestina pelo Reino Unido, nomeadamente a anexação de mais território na Cisjordânia. “Deixei claro ao secretário de Estado israelita que eles não deveriam fazer isso, e também deixei claro que a decisão que tomamos é a melhor maneira de respeitar a segurança de Israel e dos palestinianos”, disse Yvette Cooper, em declarações à emissora pública BBC.

Cooper está em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde participará na conferência internacional sobre a solução de dois Estados, promovida pela França e pela Arábia Saudita. “Trata-se de proteger a paz, a justiça e, fundamentalmente, a segurança do Oriente Médio. Continuaremos a trabalhar com todos na região para alcançar isso. O mais fácil seria recuar e dizer: ‘Bem, é muito difícil’.

Mas achamos que isso está errado, depois de termos visto tanta devastação, tanto sofrimento”, disse a governante.
Cooper não especificou quando espera que o Consulado do Reino Unido em Jerusalém se torne uma embaixada, indicando que permanecerá como tal até que um processo diplomático seja estabelecido com a Autoridade Palestiniana.

No domingo, o Reino Unido reconheceu oficialmente o Estado da Palestina. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, momentos depois de a Austrália e o Canadá comunicarem a mesma decisão. “Hoje, para reavivar a esperança de paz e de uma solução de dois Estados, declaro claramente, como primeiro-ministro deste grande país, que o Reino Unido reconhece oficialmente o Estado da Palestina”, anunciou Keir Starmer, numa declaração através de vídeo publicada nas redes sociais.

“Perante o crescente horror no Médio Oriente, agimos para manter viva a possibilidade da paz e de uma solução de dois Estados. Isto significa um Israel seguro e protegido ao lado de um Estado palestiniano viável”, afirmou o chefe do Governo britânico.

Despertar tarde

Também no domingo, numa declaração na missão portuguesa junto às Nações Unidas, em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, anunciou que Portugal reconheceu formalmente o Estado da Palestina. O ministro deixou um forte apelo ao cessar-fogo, à libertação dos reféns e ao restabelecimento da ajuda humanitária em Gaza. “Hoje, dia 21 de Setembro de 2025, o Estado português reconhece oficialmente o Estado da Palestina”, anunciou o chefe da diplomacia portuguesa.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, também deverá reconhecer o Estado palestiniano durante a conferência desta segunda-feira.
Outros países que deverão fazê-lo são Bélgica, Malta, Luxemburgo (membros da União Europeia), Andorra e São Marino, segundo a presidência francesa.

O Governo francês também vai responder com extrema firmeza se Israel tomar medidas de retaliação, como o encerramento da sua embaixada, devido ao reconhecimento do Estado Palestiniano, declarou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot. “Se tais medidas forem tomadas, responderemos com extrema firmeza. Espero que não chegue a esse ponto (…). Não é de forma alguma do interesse deles [israelitas]”, declarou Barrot à rádio TF1.

23 Set 2025

Diplomacia | Duarte Bué Alves é novo embaixador de Portugal em Díli

O novo embaixador de Portugal em Timor-Leste, Duarte Bué Alves, entregou ontem as cartas credenciais ao Presidente timorense, que classificou a parceria entre os dois países como um “pilar fundamental para o desenvolvimento” nacional. “A parceria entre Timor-Leste e Portugal é um pilar fundamental para o desenvolvimento do nosso país.

Valorizamos profundamente o apoio de Portugal e esperamos trabalhar com o embaixador Alves para aprofundar a nossa cooperação em áreas críticas e reforçar, ainda mais, o laço único entre os nossos povos”, afirmou José Ramos-Horta, num comunicado divulgado à imprensa.

No comunicado, o chefe de Estado timorense reafirmou o compromisso de Timor-Leste em fortalecer as relações com Portugal e também com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Após a cerimónia de entrega de cartas credenciais, o novo embaixador de Portugal teve um encontro com José Ramos-Horta, seguindo-se a cerimónia militar de boas-vindas durante a qual foram tocados os hinos dos dois países.

Duarte Bué Alves, que não prestou não declarações à imprensa, passou pelas embaixadas de Portugal em Luanda e Bruxelas, ocupou funções como representante adjunto de Portugal na delegação permanente da OCDE, em Paris, e antes da sua nomeação para Timor-Leste, exercia funções de cônsul-geral de Portugal em Manchester.

“O apoio indispensável de Portugal em sectores críticos como a educação, a justiça e a defesa, aliado a um diálogo político consistente ao mais alto nível, torna Portugal um dos parceiros internacionais mais vitais e sustentáveis de Timor-Leste”, acrescentou a Presidência timorense.

23 Set 2025

Seul apoia diálogo entre Coreia do Norte e EUA mas mantém objectivo de desnuclearização

A Coreia do Sul expressou ontem a disposição em apoiar um eventual diálogo entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, reiterando embora o compromisso com a desnuclearização da península.

“O Governo continuará a apoiar o diálogo entre os Estados Unidos da América (EUA) e a Coreia do Norte e continuará a trabalhar por uma península sem armas nucleares e em paz”, disse um funcionário do gabinete presidencial à agência de notícias local Yonhap, sob condição de anonimato.

As declarações respondem ao discurso proferido pelo Presidente norte-coreano, Kim Jong-un, na Assembleia Popular Suprema, este fim-de-semana, onde afirmou ter “boas recordações” do Presidente norte-americano, Donald Trump, e sugeriu que poderia reabrir contactos com Washington, se a questão da desnuclearização fosse descartada.

As palavras de Kim Jong-un reacenderam as expectativas de um possível encontro surpresa com Trump em torno da visita do inquilino da Casa Branca à Coreia do Sul para a cimeira da APEC, no final de Outubro. Embora seja improvável que Kim Jong-un viaje para a Coreia do Sul, os líderes poderão encontrar-se na Zona Desmilitarizada (DMZ) que divide as duas Coreias, tal como fizeram em 2019, durante o primeiro mandato de Trump.

Por outro lado, o Ministério da Unificação sul-coreano disse ontem que não busca hostilidades com a Coreia do Norte. “O Governo da Coreia do Sul reafirma o seu respeito pelo regime norte-coreano, não procurará qualquer forma de unificação por absorção nem participará em qualquer acto hostil”, afirmou o porta-voz daquele ministério, Koo Byoung-sam.

Copia e pasta

No seu discurso, Kim Jong-un descartou qualquer interacção com Seul e classificou a unificação das duas Coreias como “desnecessária”, apesar dos gestos de reconciliação do governo do Presidente sul-coreano, Lee Jae-myung.
Jong-un criticou ainda as políticas de desnuclearização gradual de Lee Jae-myung, que considerou serem “cópias exactas” das medidas fracassadas dos seus antecessores.

23 Set 2025

Filipinas | Rajadas de quase 300 km/h e mais de 10 mil pessoas retiradas

O leste asiático prepara-se para a passagem do super tufão Ragasa, que atingiu ontem o norte das Filipinas com ventos violentos. Em Luzon, as autoridades anteciparam “fortes inundações e deslizamentos de terra”

 

De acordo com o Serviço Meteorológico das Filipinas, os ventos sustentados no centro da tempestade chegaram ontem aos 215 quilómetros por hora, com rajadas de até 295 quilómetros por hora, enquanto o Ragasa atravessava o Estreito de Luzon. Mais de 10 mil pessoas foram retiradas em todo o arquipélago, e escolas e edifícios governamentais foram encerrados em Manila e em 29 províncias.

O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., assegurou que todas as agências governamentais estavam “em alerta para prestar assistência em qualquer lugar, a qualquer hora”. As autoridades locais alertaram para “fortes inundações e deslizamentos de terra” no norte da ilha principal de Luzon.

“Acordei com o vento forte. Batia nas janelas e fazia um barulho como o de uma máquina em funcionamento”, descreveu Tirso Tugagao, residente na cidade costeira de Aparri, no norte do país. O Ragasa foi ganhando intensidade à medida que se aproximava do norte das Filipinas, até atingir as Ilhas Babuyan,, segundo a Agência Meteorológica do arquipélago (PAGASA).

Nestas ilhas, as mais setentrionais das Filipinas e habitadas por cerca de 20.000 pessoas, as autoridades meteorológicas emitiram o alerta máximo por ventos fortes, prevendo danos materiais significativos e uma “situação potencialmente muito destrutiva para a comunidade”.

Tudo em suspenso

Além das Ilhas Babuyan, o super tufão, conhecido como Nando no país, trouxe ventos fortes e chuvas torrenciais ao alcançar as zonas do norte da ilha de Luzon, a mais populosa e onde se localiza a capital do país, Manila. “Um total de 3.284 famílias, ou 10.061 pessoas, foram evacuadas preventivamente no norte e centro de Luzon devido à ameaça do supertufão”, indicou ontem o Conselho para a Gestão de Desastres (NDRRMC), que na véspera ordenou o realojamento de pessoas em zonas vulneráveis a inundações e avalanches.

O gabinete do Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., também anunciou a suspensão das aulas e do funcionamento dos departamentos governamentais, excepto os responsáveis por tarefas de emergência, durante ontem em mais de 30 províncias, incluindo Manila.

Além disso, mais de uma dezena de voos com rotas nacionais foram cancelados devido ao risco que o Ragasa representa, enquanto a navegação foi proibida nas zonas de maior risco. As Filipinas sofrem cerca de vinte tufões e tempestades tropicais por ano, especialmente na estação das chuvas, que geralmente começa em Junho e termina em Novembro ou Dezembro.

No ano passado, o país asiático sofreu uma avalanche invulgar de seis tempestades tropicais consecutivas em menos de um mês, que causaram pelo menos 164 mortos. Esta série de ciclones afectou cerca de dez milhões de pessoas, segundo as autoridades do país asiático, e obrigou à evacuação de mais de 650.000 residentes de zonas de risco.

23 Set 2025

Diplomacia | Li Qiang pede papel “construtivo” do Congresso dos EUA

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, pediu ontem a uma delegação de congressistas norte-americanos que o Congresso desempenhe um papel “construtivo” na promoção das relações entre a China e os Estados Unidos da América (EUA), informou o Governo chinês.

Li Qiang expressou a expectativa de que o Congresso norte-americano “encare corretamente os laços com a China”, promova os intercâmbios e a cooperação e ajude a impulsionar “a amizade bilateral e o desenvolvimento comum”, segundo um comunicado do Conselho de Estado (Executivo).

A delegação dos EUA é liderada por Adam Smith, o principal membro democrata da Comissão de Defesa da Câmara dos Representantes. A intervenção de Smith durante o encontro não foi detalhada pelas autoridades chinesas.

O primeiro-ministro destacou que China e EUA são “duas potências com grande influência global” e que a manutenção de uma relação estável e sustentável serve “os interesses comuns das duas partes” e responde “às expectativas da comunidade internacional”.

Li reiterou ainda que Pequim está disposta a trabalhar com Washington com base no “respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação vantajosa para ambos os países”, e manifestou confiança de que os EUA contribuirão para “recolocar os laços bilaterais no rumo certo”.

23 Set 2025

Médio Oriente | China diz que Gaza “pertence ao povo palestiniano”

O Governo chinês defendeu ontem que Gaza “pertence ao povo palestiniano e é parte inalienável do seu território”, em plena ofensiva israelita contra o grupo islamita Hamas, apelando a um cessar-fogo imediato para aliviar a crise humanitária.

O porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun declarou em conferência de imprensa que “é urgente promover um cessar-fogo integral em Gaza” e pediu aos países com maior influência sobre Israel que “assumam com seriedade as suas responsabilidades e garantam a verdadeira implementação do princípio de que os palestinianos governem a Palestina”.

“Devemos defender firmemente a solução de dois Estados, fomentar um maior consenso internacional e rejeitar qualquer acção unilateral que fragilize os seus alicerces”, afirmou o porta-voz, sublinhando ainda que “a paz não se pode alcançar pela força” e que a violência “não pode comprar segurança”. Guo acrescentou que a China “está disposta a apoiar firmemente a justa causa do povo palestiniano para restabelecer os seus legítimos direitos nacionais e realizar esforços incansáveis por uma solução pronta, integral, justa e duradoura para a questão palestiniana”.

Comentando o recente reconhecimento do Estado da Palestina por países como o Reino Unido ou o Canadá, o porta-voz destacou que “a rápida finalização do conflito e o estabelecimento de uma paz duradoura são aspirações partilhadas pelos povos da Palestina, de Israel e do Médio Oriente, e também uma prioridade absoluta para a comunidade internacional”.

23 Set 2025

China | Lançada campanha online para combater incitamento à violência

A Administração do Ciberespaço da China lançou ontem uma campanha de dois meses para eliminar conteúdos e práticas em linha que “alimentam confrontos entre grupos”, “espalham pânico ou ansiedade”, “promovem a violência” e “amplificam discursos pessimistas”.

Segundo um comunicado oficial, a medida será aplicada em redes sociais, plataformas de vídeos curtos e transmissões em directo, com revisão de temas, listas de tendências, sistemas de recomendação, comentários e mensagens sobrepostas durante a reprodução de conteúdos.

O plano dá prioridade à repressão de “incitação à confrontação” entre grupos, referindo casos em que temas da actualidade são usados para associar, de forma forçada, identidade, origem ou género a determinados comportamentos com o objectivo de estigmatizar. Também menciona acções coordenadas de fãs ou adeptos para “insultar, desqualificar ou apresentar denúncias em massa”.

O organismo indica ainda que pretende eliminar conteúdos que “espalham pânico ou ansiedade”, como alertas falsos sobre desastres, emergências ou operações policiais, divulgação de alegada “informação privilegiada” e rumores sobre economia, finanças, políticas públicas ou questões sociais.

A campanha visa igualmente “teorias da conspiração”, o uso de perfis fictícios de “mestres” ou “especialistas” para vender cursos ou produtos com promessas ligadas ao emprego, educação ou relações pessoais. O regulador ordena ainda a remoção de vídeos encenados com lutas físicas, imagens violentas, maus-tratos a animais ou automutilação, bem como conteúdos que “embelezem” a violência através de edição com recurso a inteligência artificial.

A operação pretende também conter a “amplificação de discursos pessimistas”, incluindo a repetição de ideias como “estudar e trabalhar é inútil”.

23 Set 2025

Hong Kong | Aeroporto prevê encerramento recorde devido ao tufão Ragasa

O Aeroporto Internacional de Hong Kong vai suspender operações durante 36 horas a partir de hoje à noite, devido à aproximação do super tufão Ragasa, tornando-se o encerramento mais longo da história recente da infra-estrutura, anunciaram ontem as autoridades locais

 

Durante 36 horas, a partir de hoje à noite, o Aeroporto Internacional de Hong Kong irá suspender todas as operações devido ao super tufão Ragasa, naquela que será o encerramento mais longo da história do aeroporto da região vizinha. Segundo a companhia aérea Qantas Airways, a suspensão começa às 20h de terça-feira e termina às 08h de quinta-feira. A medida, de carácter preventivo, visa evitar episódios de congestionamento como o registado em Outubro de 2023, durante o tufão Koinu, quando mais de 10.000 passageiros ficaram retidos no aeroporto após o cancelamento inesperado de voos.

Citado pela agência EFE, um porta-voz da Autoridade Aeroportuária de Hong Kong indicou que estão em vigor planos de contingência para segurança em pista, operações de voo, assistência a passageiros e transporte terrestre, estando a situação a ser monitorizada de perto. A instituição garantiu que irá fornecer actualizações à medida que a tempestade evoluir.

De acordo com o Observatório Meteorológico local, Ragasa apresenta ventos sustentados de 230 quilómetros por hora junto ao centro, equivalendo a um ciclone de categoria 4. O fenómeno ameaça tanto a população de 7,5 milhões de habitantes como infra-estruturas críticas, incluindo o aeroporto de Chek Lap Kok, que regista em média 1.100 movimentos de aeronaves e 190.000 passageiros por dia. Com o encerramento, estima-se que mais de 350.000 passageiros sejam afectados em apenas um dia e meio.

Bater recordes

A Cathay Pacific, principal transportadora aérea do território, informou que isentará de penalizações as alterações de bilhetes previstas entre hoje e quinta-feira. O plano de contingência inclui ainda a reprogramação de voos de longo curso para minimizar o impacto nas ligações internacionais.

Fontes do sector citadas pela EFE disseram que várias aeronaves de aviação executiva serão transferidas para aeroportos seguros no Vietname e para a terminal de Clark, nas Filipinas. O encerramento supera o registado em Setembro de 2023, quando o aeroporto suspendeu operações durante 20 horas devido ao super tufão Saola.

23 Set 2025

Estado da Palestina | Marcelo afirma “pleno apoio” ao reconhecimento

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou ontem que a decisão do Governo de reconhecer o Estado da Palestina tem o seu “pleno apoio” e pretende “abrir ainda uma hipótese” à solução de dois Estados.

“Tem o pleno apoio do Presidente da República, que tem sido a posição portuguesa, que é defender a moderação para que essa fórmula [de dois Estados, de Israel e da Palestina] seja possível, e afastar-se dos radicalismos que se opunham a que a fórmula fosse possível”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em Nova Iorque, onde chegou para participar na 80.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

O chefe de Estado referiu que o Governo, que remeteu para domingo a declaração formal de reconhecimento da Palestina, “é órgão competente para formalmente tomar a decisão”, mas conduziu este processo “em permanente ligação com o Presidente da República, e certamente tomando em consideração as recomendações da Assembleia da República”.

Pela sua parte, disse que “acompanhou o processo todo, que concordou com o andamento do processo, quer do ponto de vista de Portugal, quer de um conjunto de países com a liderança da França e da Arábia Saudita, que tiveram um papel importante nesse processo, aliás, muito enquadrado pelas Nações Unidas ou no quadro também de reuniões aqui”.

Sem querer falar nesta altura da possível reacção de Israel, o Presidente da República enquadrou esta questão como “um problema de consciência”.

22 Set 2025

Fronteiras | Tailândia acusa Camboja de violar cessar-fogo

O exército da Tailândia voltou ontem a acusar o Camboja de violação do acordo de cessar-fogo assinado entre ambos os países asiáticos após o conflito fronteiriço que ocorreu em Julho e que provocou meia centena de mortos.

“Verificou-se que as forças militares cambojanas continuam a fazer diversas acções que constituem violações do acordo de cessar-fogo em vários aspectos”, declarou a instituição tailandesa, citando o recurso a minas antipessoais.

As Forças Armadas tailandesas denunciaram igualmente o uso de população civil como ‘escudo’, incluindo mulheres e crianças e monges budistas, por parte dos responsáveis do Camboja, em parcelas do território que estão em disputa entre os dois países.

No início da semana, militares tailandeses dispararam balas de borracha e lançaram gás lacrimogénio “em legítima defesa” contra cidadãos cambojanos, “armados com paus de madeira”, a fim de dispersarem o ajuntamento de pessoas, alegadamente hostis.

As autoridades de Phnom Pen lamentaram que a Tailândia use “a força para ficar com mais território” e que 23 civis tenham ficado feridos no último incidente, numa floresta, que ambas as partes reclamam como parte do seu território.

No dia 28 de Julho, Banguecoque e Phnom Penh assinaram na Malásia um cessar-fogo relativo ao confronto armado, embora ambas as partes se tenham depois acusado mutuamente de violar o acordo.

22 Set 2025

Filipinas | Evacuação de localidades com aproximação de tufão

As Filipinas ordenaram ontem a evacuação de localidades no norte do país, temendo derrocadas de terra e inundações com a aproximação do tufão Ragasa. O tufão está a intensificar-se rapidamente e deverá atingir terra nas ilhas pouco povoadas de Batanes ou Babuyan amanhã à tarde, segundo a agência meteorológica filipina.

No centro da tempestade, os ventos sopraram ontem a 185 quilómetros por hora, com rajadas que atingiram os 230 Km/hora. Os responsáveis locais “não devem perder tempo a retirar famílias de zonas perigosas”, anunciou o secretário da Administração Interna Jonvic Remulla.

Em Taiwan, as autoridades declararam que cerca de 300 pessoas serão retiradas de Hualien.
John Grender Almario, um especialista em meteorologia, disse, em conferência de imprensa, que são esperados deslizamentos de terra e “inundações graves”, em regiões do norte da ilha principal das Filipinas, Luzon.

Fortes chuvas são prováveis noutras zonas de Luzon, embora Manila, onde milhares de pessoas se reuniram ontem para protestarem contra projectos de infra-estruturas anti-inundações fraudulentos, deva ser, em grande parte, poupada.

Todos os anos, pelos menos 20 tempestades ou tufões atingem ou aproximam-se das Filipinas. As regiões mais pobres do país são geralmente as mais afectadas. Segundo os cientistas, as alterações climáticas provocam fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes e mais intensos em todo o mundo.

22 Set 2025

Manila | Milhares protestam contra corrupção em projectos anti-cheias

Milhares de pessoas reuniram-se ontem na capital das Filipinas, Manila, em protesto contra a corrupção, quando decorrem investigações a projectos milionários de controlo de cheias que nunca foram concluídos ou são de baixa qualidade

 

Cerca de 13 mil pessoas reuniram-se ontem de manhã no Parque Luneta. “Se há orçamento para projectos-fantasma, porque é que não há orçamento para o sector da saúde?”, questionou Aly Villahermosa, uma estudante de enfermagem de 23 anos que classificou o desvio de fundos públicos como “verdadeiramente vergonhoso”.
Teddy Casino, presidente da Bagong Alyansang Makabayan, uma aliança de organizações de esquerda, exigiu a devolução dos fundos e que os responsáveis sejam condenados a penas de prisão. “As pessoas estão a sair à rua e a expressar a sua indignação na esperança de pressionar o governo a fazer realmente o seu trabalho”, explicou.

O Presidente Ferdinand Marcos Jr. pediu que os protestos sejam pacíficos. Esperava-se uma multidão ainda maior para o final do dia de ontem, numa rua que ficou conhecida pelos protestos que depuseram Ferdinand Marcos, pai do actual presidente, em 1986.

O escândalo já tinha levado milhares de estudantes a manifestarem-se na cidade de Quezon, em 12 de Setembro. Mais de dois mil jovens vestidos de negro protestaram na universidade da cidade de Quezon, de acordo com os dados do conselho estudantil citados pela emissora filipina ABS-CBN.

Investigações em curso

Os protestos ocorridos nas Filipinas foram organizados numa altura em que se regista indignação no país sobre projectos multimilionários de controlo de cheias, mas que se revelaram inexistentes ou de baixa qualidade.
Ferdinand Marcos Jr. ordenou em Agosto uma investigação sobre os projectos. De acordo com o ministro das Finanças, Ralph Recto, os projectos causaram prejuízos de 1,771 mil milhões de euros ao erário público nos últimos dois anos.

A organização não governamental de defesa do ambiente Greenpeace sugeriu um valor próximo dos 15,3 mil milhões de euros.

Marcos criou um órgão independente para rever os contratos atribuídos pelo Departamento de Obras Públicas e Estradas das Filipinas. O Senado, a câmara alta do parlamento filipino, está também a conduzir uma investigação sobre o assunto, marcada por alegações de corrupção contra dois senadores.

As cheias são um fenómeno frequente nas Filipinas, sobretudo devido aos tufões, fenómenos meteorológicos recorrentes durante o Verão e o Outono, quando as águas quentes do oceano Pacífico levam à formação de ciclones.

22 Set 2025

Faixa de Gaza | China pede “cessar-fogo abrangente”

O chefe da diplomacia da China defendeu a urgência de um “cessar-fogo abrangente” na Faixa de Gaza para travar rapidamente a “actual catástrofe humanitária”, no meio de uma ofensiva de Israel no enclave palestiniano.

“Os países que têm uma influência especial sobre Israel devem assumir seriamente as suas responsabilidades, e o Conselho de Segurança das Nações Unidas e as agências humanitárias também devem cumprir as suas obrigações”, disse Wang Yi.

Em declarações divulgadas no sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês acrescentou que os planos de Israel para controlar a Cidade de Gaza e acelerar a invasão da Cisjordânia “violam gravemente as normas do direito internacional”.

Tais acções “colocam em risco a ‘solução de dois Estados’ e minam directamente a estabilidade do Médio Oriente”, alertou Wang, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua. “A história tem demonstrado repetidamente que a segurança deve ser partilhada. Nenhum país pode construir a sua própria segurança com base na insegurança de outros países”, observou o ministro.

No sábado, ataques do exército israelita na Faixa de Gaza, a maioria na Cidade de Gaza, mataram mais de 70 pessoas, de acordo com um balanço compilado em morgues de hospitais por jornalistas do enclave e partilhado numa plataforma conjunta.

Uma comissão independente da ONU, relatores de direitos humanos, organizações não-governamentais e um número crescente de países descreveram como genocídio a ofensiva militar israelita, que já matou 65.200 pessoas, incluindo 19 mil crianças.

22 Set 2025

Trump anuncia encontro com Xi em Outubro na Coreia do Sul e visita China em 2026

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na sexta-feira que vai reunir-se com o homólogo chinês, Xi Jinping, no final de Outubro, na Coreia do Sul e que visitará a China “no início do próximo ano”.

O anúncio foi feito após uma conversa telefónica entre os dois líderes, que também aprovaram um acordo sobre o futuro da rede social TikTok.

“A conversa foi muito boa, voltaremos a falar por telefone, agradecemos a aprovação do TikTok e ambos estamos ansiosos por nos encontrarmos na APEC!”, escreveu Trump na rede Truth Social, referindo-se à cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC).

Esta foi a segunda conversa telefónica entre os líderes desde o regresso de Trump à Casa Branca, num contexto de tensões comerciais após a imposição de tarifas adicionais sobre produtos chineses.
Trump afirmou que a rede social “tem um valor tremendo” e argumentou que os EUA “têm esse valor nas suas mãos”, justificando que será o país a aprovar.

As autoridades norte-americanas têm levantado preocupações sobre a entrega de dados ao Governo chinês e sobre o controlo do algoritmo da rede social. Apesar dos avanços, continuam em aberto questões como restrições à exportação de tecnologia, compras chinesas de produtos agrícolas norte-americanos e o combate ao fentanil.

Positiva e construtiva

De acordo com a agência oficial Xinhua, Xi sublinhou que Pequim e Washington “podem alcançar o sucesso mútuo e a prosperidade partilhada, beneficiando ambos os países e o mundo”, pedindo aos EUA que criem “um ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório” para as empresas chinesas.

Xi considerou a conversa “pragmática, positiva e construtiva” e sublinhou a importância das relações China-EUA. “Para concretizar esta visão, ambos os lados devem encontrar um meio-termo e procurar o respeito mútuo, a coexistência pacífica e a cooperação vantajosa para ambas as partes”, disse Xi, acrescentando que Pequim e Washington “podem continuar a gerir adequadamente as principais questões do relacionamento bilateral e procurar resultados vantajosos para ambas as partes”.

22 Set 2025

Hong Kong | Retiradas 6.000 pessoas devido a bomba da 2ª Guerra Mundial

As autoridades de Hong Kong ordenaram no sábado a retirada de seis mil pessoas de 18 edifícios na zona de Quarry Bay, após terem descoberto uma bomba da Segunda Guerra Mundial, “totalmente operacional”

 

O objecto, descoberto a dez metros de profundidade na tarde de sexta-feira, foi considerado operacional e de alto risco pelos especialistas em desmantelamento da polícia, que começaram a trabalhar no desactivamento da bomba antes das 23h de sábado, limite estabelecido para a conclusão da evacuação.

A bomba de 1,5 metros de comprimento, contendo 227 quilos de explosivos e possivelmente lançada por uma aeronave dos Estados Unidos durante a guerra, foi descoberta durante obras de construção. Os polícias e os grupos de apoio comunitário da área notificaram rapidamente os residentes dos edifícios próximos, incentivando-os a abandonar os apartamentos e a procurar abrigo em áreas protegidas.

A operação, liderada pela Unidade de Desactivação de Artilharia da Polícia, começou às 02h de sábado, para tentar desmontar o dispositivo e provocar uma explosão controlada num prazo de 12 horas. Após a conclusão da operação, as estradas adjacentes, que foram bloqueadas por precaução, foram reabertas e permitir o regresso dos deslocados.

Para proteger o público e agilizar a evacuação, os bombeiros mobilizaram dois veículos de emergência, duas unidades médicas e um centro móvel de assistência a vítimas.

O chefe interino da polícia de Hong Kong para o sector leste, Lo Shui-sang, disse que os agentes têm também equipamento de combate a incêndios e tecnologia robótica prontos para apoiar a operação. Henry Lai, representante do Departamento de Assuntos Internos, confirmou que 35 grupos de assistência locais estão a colaborar na operação, com apoio adicional do distrito de Wan Chai, e que foi providenciado transporte para transportar os afectados para espaços comunitários e alojamento temporário.

Passado desenterrado

Em 2018, foram descobertos três artefactos semelhantes em Wan Chai, onde um projéctil de peso idêntico exigiu 20 horas de trabalho e a retirada de 1.250 pessoas.

Estes incidentes, embora esporádicos, evidenciam as dificuldades de uma cidade como a antiga colónia britânica, onde a incessante urbanização regularmente traz de volta à superfície relíquias de conflitos passados.
Documentos históricos registam intensos bombardeamentos aliados desde 1942 – após o Japão ter conquistado Hong Kong no Natal de 1941 – com um ataque devastador em 1945 que deixou centenas de vítimas e inúmeras munições não detonadas.

Os especialistas alertam que o ‘boom’ imobiliário pode revelar mais vestígios nesta região, marcada pelo passado colonial e pelos conflitos do século XX.

22 Set 2025

Inteligência artificial | Huawei anuncia que lançará em 2026 novo ‘chip’

A tecnológica chinesa Huawei prevê lançar no primeiro trimestre de 2026 um novo processador de inteligência artificial, o Ascend 950PR, no âmbito dos esforços da China para reduzir a dependência de semicondutores estrangeiros. O calendário do novo componente foi anunciado ontem, durante a conferência anual Huawei Connect, em Xangai, onde a empresa destacou que o ‘chip’ terá memória avançada para processamento de dados em larga escala.

Citado pelo jornal local Yicai, o presidente rotativo da companhia, Eric Xu, disse que o 950PR integra uma nova série de processadores Ascend, que inclui também os modelos 950DT, 960 e 970, a lançar nos próximos três anos.

O anúncio surge numa altura em que Pequim intensificou o apoio à indústria nacional de semicondutores, em contexto de tensões tecnológicas com Washington. A Administração do Ciberespaço da China, principal regulador da Internet no país, ordenou recentemente a grandes empresas como ByteDance ou Alibaba que suspendessem encomendas de processadores da norte-americana Nvidia concebidos especificamente para o mercado chinês, noticiou esta semana o Financial Times.

Fontes citadas pelo jornal britânico referiram que os reguladores chineses acreditam que os processadores desenvolvidos na China já oferecem um desempenho comparável ao dos produtos da Nvidia autorizados para venda no país.

19 Set 2025